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A Gestão do Conhecimento na
Distribuição de Aço
A Inteligência Competitiva aplicada à empresa
Juresa Industrial de Ferro Ltda.
Autores:
Adriano Ribeiro, Gabriel Felzenszwalb, Joana Rabello
Projeto de fim de curso
UFRJ/COPPE/CRIE – MBKM 3
novembro de 2001
UFRJ/COPPE/CRIE – MBKM 3 A Gestão do Conhecimento na Distribuição de AçoProjeto de fim de curso Adriano Ribeiro, Gabriel Felzenszwalb, Joana Rabello
I. Introdução 2
Em memória de
Edna do Marco Paschoal
André de Carvalho Braga
UFRJ/COPPE/CRIE – MBKM 3 A Gestão do Conhecimento na Distribuição de AçoProjeto de fim de curso Adriano Ribeiro, Gabriel Felzenszwalb, Joana Rabello
I. Introdução 3
Agradecimentos
Gostaríamos de agradecer a todos as pessoas que colaboraram direta e indiretamente
para o desenvolvimento desse trabalho. Na realidade, essas pessoas são as mesmas que
contribuíram para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional ao longo de nossas vidas:
nossos familiares, amigos, e professores que nos ensinam tanto todos os dias.
Especialmente ao Professor Ericksson Rocha e Almendra pelos cinco anos de
paciência (muita paciência) e dedicação, pelo apoio a todos os nossos projetos, pelo
companheirismo e por ter batizado nossa empresa. Gostaríamos apenas de fazer uma
ressalva: não agradecemos as listas de exercício.
Com o mesmo carinho agradecemos a Elisabeth Gomes e Marcos Cavalcanti pelas
oportunidades que têm nos proporcionado, pelos ótimos momentos e debates que tivemos
nesse último ano.
Finalmente, a nossos pais e irmãos Miriam e Israel Felzenszwalb, Roseane da Costa
Faria e João Carlos Rabello, Paulo Nicácio Ribeiro e Maria Isabel Gomes, Valéria Regina Silva,
Vivian Felzenszwalb, Emília Faria, Paulo Victor Gomes Ribeiro, Silvia Renata Gomes Ribeiro.
Graças a eles, somos quem somos.
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I. Introdução 4
Índice
A Gestão do Conhecimento na Distribuição de Aço
A Inteligência Competitiva aplicada à empresa Juresa Industrial de Ferro Ltda.
I. Introdução.............................................................................................7 II. A Nova Sociedade ...............................................................................8
1. A Gestão do Conhecimento: Inteligência Competitiva...................................... 8 1.1 Conceito............................................................................................................................................... 8 1.2 Objetivos.............................................................................................................................................. 8 1.3 Vigilâncias............................................................................................................................................ 9 1.4 Metodologia ......................................................................................................................................... 9
2. O modelo B-Web................................................................................................. 11 2.1 Definições do modelo ........................................................................................................................ 11 2.2 Tipologia da B-Web ........................................................................................................................... 13
III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação....................15 1. O setor de Distribuição de Aço ......................................................................... 15
1.1 O que é a Distribuição de Aço? ......................................................................................................... 15 1.2 Distribuição e Economia do Conhecimento: situação atual............................................................... 20 1.3 Os desafios e as oportunidades para a Distribuição ......................................................................... 21 1.4 Distribuição e Economia do Conhecimento: o futuro......................................................................... 22
2. O e-business na indústria de aço...................................................................... 23 2.1 Os produtores .................................................................................................................................... 23 2.2 Os distribuidores................................................................................................................................ 27 2.3 Considerações do e-business na Distribuição de Aço ...................................................................... 29
3. Estudo de caso: Juresa ..................................................................................... 31 3.1 Juresa por Juresa .............................................................................................................................. 31 3.2 A necessidade do modelo B-Web ..................................................................................................... 35 3.3 Processo de mudança ....................................................................................................................... 37 3.4 Situação atual .................................................................................................................................... 39
IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço .....................46 1. Análise Estratégica de um distribuidor: Juresa Industrial de Ferro............... 46
1.1 Modelo das cinco forças de Porter .................................................................................................... 46 1.2 Fatores Críticos de Sucesso.............................................................................................................. 52 1.3 Principais desafios e oportunidades da Juresa ................................................................................. 53 1.4 Identificação dos capitais-chave........................................................................................................ 56
2. A Inteligência Competitiva na Juresa ............................................................... 59 2.1 O monitoramento do ambiente de negócios...................................................................................... 59 2.2 O relacionamento com clientes ......................................................................................................... 66 2.3 Planejamento da Unidade de Inteligência Competitiva ..................................................................... 68
3. O lado humano ................................................................................................... 68 3.1 Importância do fator humano em Gestão do Conhecimento ............................................................. 68 3.2 Capital intelectual para Juresa .......................................................................................................... 68 3.3 Garantindo o funcionamento da Unidade de Inteligência Competitiva.............................................. 68
V. Conclusão..........................................................................................68 VI. Bibliografia .......................................................................................68
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I. Introdução 5
Índice de figuras Figura II-1 – Tipos de B-Webs (Fonte: Capital Digital – dominando o poder das redes de negócios) ............................. 13 Figura III-1 – Consumo aparente de aço bruto ................................................................................................................. 16 Figura III-2 - Distribuição do consumo aparente de aços planos...................................................................................... 18 Figura III-3 - Distribuição do consumo aparente de aços longos...................................................................................... 18 Figura III-4 - Rota do aço .................................................................................................................................................. 19 Figura III-5 - Surgimento dos primeiros sites para o e-commerce da siderurgia .............................................................. 24 Figura III-6 – Empresas estabelecidas voltadas para o desenvolvimento do e-commerce da distribuição de aço do Brasil
................................................................................................................................................................................. 28 Figura III-7 - Fachada da unidade Ipiranga, em São Paulo .............................................................................................. 31 Figura III-8 - Site institucional da Juresa, desenvolvido pela Netmedia ........................................................................... 32 Figura III-9 - Manuseio de chapas no estoque da Juresa, seu principal produto ............................................................. 33 Figura III-10 - Uma das bancadas de corte em operação ................................................................................................ 34 Figura III-11 – Diretoria da Juresa, os tomadores de decisão .......................................................................................... 35 Figura III-12 - Site de e-commerce da Juresa, desenvolvido pela iMetais.com ............................................................... 36 Figura III-13 - Login no sistema ........................................................................................................................................ 40 Figura III-14 - O cliente faz a busca do produtos de seu interesse .................................................................................. 41 Figura III-15 - No resultado da busca o cliente seleciona as quantidades ....................................................................... 41 Figura III-16 - No rodapé do site, informações sobre a carreta de compra ...................................................................... 42 Figura III-17 - A Carreta de Compras................................................................................................................................ 42 Figura III-18 - Última etapa ao fechamento da compra .................................................................................................... 43 Figura III-19 - Fechamento da compra e geração de seu número ................................................................................... 44 Figura III-20 – Minhas compras dá o histórico das compras na Juresa Virtual ................................................................ 44 Figura III-21 - Pedido de compra virtual do usuário.......................................................................................................... 45 Figura III-22 - Execução do logout do sistema ................................................................................................................. 45 Figura IV-1 – Modelo das cinco forças de Porter.............................................................................................................. 47 Figura IV-2 – Análise SWOT da Juresa segundo André Zinn. ......................................................................................... 53 Figura IV-3 – Fluxograma de funcionamento da ferramenta de auxílio à venda da Juresa ............................................. 68
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I. Introdução 6
Índice de tabelas Tabela II-1 – Tipos de B-Webs (Fonte: Capital Digital – dominando o poder das redes de negócios) ............................ 14 Tabela III-1 – Desafios e oportunidades da Economia do Conhecimento para a distribuição de aço.............................. 21 Tabela III-2 – Considerações para a distribuição de aço.................................................................................................. 30 Tabela III-3 – Principais fatores para a mudança na Juresa ............................................................................................ 38 Tabela IV-1 – Necessidades de informação da Juresa, sem a análise dos compradores ............................................... 62 Tabela IV-2 – Aspectos de classificação de informação para a Juresa ........................................................................... 64 Tabela IV-3 – Fontes de informação da Juresa................................................................................................................ 65 Tabela IV-4 – Especificação do sistema de auxílio à venda da Juresa............................................................................ 68 Tabela IV-5 – Produtos da Unidade de Inteligência Competitiva ..................................................................................... 68 Tabela IV-6 – Perfil do analista de informação segundo o CRIE...................................................................................... 68
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I. Introdução 7
I. Introdução
Sempre que mudanças muito drásticas tomam de assalto a sociedade grandes
oportunidades e desafios surgem. A revolução digital – a informática e as novas tecnologias de
comunicação – trouxe à tona uma nova realidade social, cultural, organizacional e até política.
As organizações tiveram que se adaptar a esta nova realidade onde tudo acontece muito
rápido e onde todos estão mais expostos. Esta nova realidade onde uma alta capacidade de
processamento de dados, uma alta capacidade de transmissão de dados e a constante
pesquisa e inovação por parte de profissionais e cientistas ditam um novo ritmo e abrem novas
portas. Como mecanismo de sobrevivência no mundo dos negócios, a empresa precisa
identificar seus pontos fortes, seus pontos fracos, monitorar o ambiente em que vive e tirar o
maior proveito de seus relacionamentos com os outros elementos deste mundo.
O espaço para as empresas que agregam pouco valor na cadeia produtiva, como a
distribuição tradicional de aço, está ameaçado. Estas organizações podem ser ultrapassadas
por outras, mais ágeis, mais inteligentes ou simplesmente sucumbir pela união dos pontos da
cadeia que intermedia.
Este trabalho tem como objetivo propor a transposição da distribuição de aço do
modelo atual para uma nova forma de se fazer negócios, aproveitando as oportunidades e
lidando com as armadilhas e desafios deste setor na nova sociedade. Uma das premissas
desta análise é evitar o espírito de utopia que contagiou muitas organizações na revolução da
informação. Isto é, as características, as barreiras culturais, os hábitos sedimentados e as
propostas de valor atuais, que ainda hoje apresentam retorno, devem ser respeitados. Isso não
quer dizer que mudanças não devem ser feitas e que práticas negativas não devam ser
abandonadas. Nossa proposta é um processo que utilize os valores que serão sempre válidos
na atividade de distribuição de aço e transforme aqueles que se tornaram inadequados, com
olhos no futuro.
O distribuidor de aço Juresa Industrial de Ferro Ltda. é o caso prático que adotamos
como suporte para nossa discussão. Dentre as diferentes abordagens de gestão do
conhecimento, a ferramenta que julgamos mais adequada para promover a integração da
Juresa e desta nova realidade é a inteligência competitiva.
Inicialmente, apresentaremos os conceitos que definem a sociedade do conhecimento,
construindo o cenário dessa análise. Em seguida, faremos o estudo do setor de distribuição de
aço neste cenário, usando a Juresa como objeto de estudo. Por fim, estruturaremos a solução
de inteligência competitiva para a Juresa, como exemplo de uma via de ganho de
competitividade podendo ser explorada pelo setor como um todo.
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II. A Nova Sociedade 8
II. A Nova Sociedade
1. A Gestão do Conhecimento: Inteligência Competitiva
1.1 Conceito
O Capital Ambiental, como sabemos, é constituído por fatores que não podem ser
controlados pelas organizações e sim monitorados. São fatores políticos, econômicos, sociais,
culturais que interferem direta ou indiretamente nos negócios das organizações.
A Inteligência Competitiva é exatamente a ferramenta para gestão desse capital. Ela
monitora esses fatores através da coleta de dados disponíveis ao público ou não. Em seguida
organizando esses dados, muitas vezes aparentemente desconexos, transformando-os em
informação. A informação analisada e contextualizada transforma-se em conhecimento do
ambiente de negócios, que servirá de base para tomada de decisão e posicionamento
estratégico da organização. Larry Kahaner no livro “Competitive Intelligence” definiu:
“Inteligência Competitiva é um processo de coleta sistemática e ética de informações
sobre as atividades de seus concorrentes e sobre às tendências gerais dos ambientes de
negócios, com o objetivo de aperfeiçoamento da posição competitiva da sua empresa”
A partir dessa ferramenta, é possível aperfeiçoar a posição competitiva da organização
baseada na diferenciação de produtos e processos e não na redução pura e simples de preço
que, quando não baseada na melhoria de eficiência, é extremamente danoso para o mercado.
1.2 Objetivos
Os objetivos do monitoramento e análise do ambiente de negócios da empresa são de
proteção às fraquezas e ameaças e potencialização das forças e oportunidades.
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II. A Nova Sociedade 9
1.3 Vigilâncias
Para alcançar os objetivos estratégicos é preciso definir as áreas e assuntos a serem
monitorados, as vigilâncias do ambiente de negócios que são divididas em:
• Vigilância Social: dados e informação sobre a infra-estrutura social, mão de obra,
segurança da região;
• Vigilância Econômica: dados e informação sobre linhas de financiamento,
impostos, incentivos fiscais, concorrentes atuais e potenciais, clientes,
fornecedores, mercado de trabalho;
• Vigilância Política/Legal: dados e informação sobre leis, decretos,
relacionamento com órgãos do governo;
• Vigilância Tecnológica: dados e informação sobre Pesquisa Básica / Aplicada ;
Novos Produtos / Serviços/ Processos; Novos Materiais e Sistemas de
Informação
1.4 Metodologia
Baseamos nosso estudo na metodologia de Inteligência Competitiva desenvolvida pelo
Centro de Referência em Inteligência Empresarial – CRIE/COPPE/UFRJ e que contempla cinco
etapas:
1. Identificação das necessidades de informação
2. Coleta de informações
3. Tratamento e análise das informações
4. Disseminação
5. Avaliação de resultados
Para a primeira etapa, é necessário fazer a análise do ambiente de negócios. Devem
ser definidos o negócio da empresa, sua missão e sua visão, os Fatores Críticos de Sucesso -
FCS, e principais vigilâncias do ambiente. O conceito de FCS foi criado por Robert Daniel em
1961 e revisitado por John Rockart em 1978-9.
“Número limitado de áreas nas quais os resultados, se adequados, assegurarão o
desempenho competitivo bem sucedido das empresas. São as áreas onde as coisas têm que
funcionar para o negócio florescer”.
Essas quatro tarefas auxiliam na identificação das necessidades de informação e
constituem a primeira etapa do ciclo de IC. Assim, a partir da estratégia estabelecida pela
empresa define-se as necessidades de informação e as vigilâncias a serem monitoradas. Nesta
etapa, é fundamental participação das pessoas que demandam informações para tomada de
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II. A Nova Sociedade 10
decisão na empresa através de entrevistas qualitativas, onde são definidas as questões chave
que serão respondidas pelo sistema de IC através da confecção de produtos adequados.
Começa então a segunda etapa do processo de IC que é a coleta de informações. É
preciso identificar e avaliar as fontes de informações relacionando-as com as respectivas
vigilâncias.
A origem das fontes pode ser externa como jornais, discursos dos governantes, ou
interna como dados vindos de análises internas ou uma pesquisa de opinião. O conteúdo pode
ser oriundo de fontes primárias, fatos inalterados vindos diretamente das fontes, como clientes,
consultores, fornecedores, ou secundárias, que fornecem a informação de base para apoiar os
insights que são obtidos das fontes primárias, como relatórios de analistas, livros. A estrutura
pode ser formal ou textual, isto é, informação estruturada, ou informal, geralmente externa às
organizações. Finalmente, a informação deve ser classificada em nível de confiabilidade
podendo ser de “alto risco“, “confiança subjetiva“ e “altamente confiável“. Temos então a
transformação de dados em informação.
A terceira etapa é o tratamento e análise da informação. Depois de reunidas as
informações serão analisadas e cenários serão construídas a partir elas, isto é, constroem-se
hipóteses: o que aconteceria se essas informações tornassem-se realidade. A terceira etapa se
encerra com suposições mais concretas e a própria comprovação em alguns casos. Temos
então a transformação das informações em conhecimento. Esse conhecimento será revertido
em inteligência quando resultar em uma ação estratégica.
Para que uma ação ocorra é necessário que o conhecimento gerado pela Inteligência
Competitiva seja disseminado, sendo essa exatamente a quarta etapa desse ciclo. Na
disseminação, seja através de relatórios customizados, comunicações pessoais, apresentações
ou e-mails, os executivos responsáveis pelas decisões recebem o produto gerado pela
Inteligência Competitiva, podendo a partir daí utilizá-lo. O processo só se consolida
efetivamente se esses resultados são utilizados pelos tomadores de decisão. Caso isso não
ocorra, a organização absorveu conhecimento mais não o concretizou em inteligência.
Na última e quinta etapa os usuários da IC avaliam o conhecimento disseminado
verificando a relevância frente às necessidades reais da empresa. Essa avaliação pode ser
feita diretamente através de pesquisas de satisfação pontuais ou indiretas, através da
mensuração dos resultados econômicos obtidos com as decisões tomadas com a inteligência
desenvolvida.
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2. O modelo B-Web
2.1 Definições do modelo
O modelo B-Web é um modelo de negócios que se utiliza de colaboradores interligados
em rede, hoje a Internet, para construir valor para cada um. Idealmente cada parceiro opera em
sua competência essencial, isto é, fazendo o que faz melhor. Esse mecanismo traz a esse
formato leveza, baixo custo, capacidade de inovação e de rápida adaptação às oscilações no
ambientes de negócios. Por ser um modelo que aborda de maneira ampla os vários tipos de e-
business será utilizado nesse estudo como principal ferramenta de análise dos novos modelos
de negócios na web.
As B-Webs são formadas por redes de pessoas e empresas que podem colaborar em
determinado momento e competir em outro. As formações são fluidas e dependem do
momento do mercado. A fluidez dessa rede, quando bem gerida, traz enorme agilidade para as
B-Webs.
Essa proposta quebra com valores da economia industrial onde a estrutura da
organização é extremamente hierarquizada e verticalizada. Os produtores de papel, por
exemplo, possuíam desde da floresta até as lojas para venda do papel, passando pela fábrica
de embalagem. Ford possuía seringais para produzir a borracha dos pneus do Ford T e frotas
marítimas para escoar a produção.
A interação entre empresa e colaboradores também era muito restrita principalmente à
medida que se caminhava para a base da pirâmide. As trocas de informações com clientes
eram praticamente inexistentes, os produtos eram arremessados no mercado e a única opção
do cliente era comprar o que estava sendo oferecido ou simplesmente não comprar. Na Era
Industrial, a tônica estava na produção e consumo de massa.
A proposta do modelo B-Web é de uma organização mais fluida com fronteiras menos
definidas, focada no cliente e na inovação. Idealmente, pelo modelo B-Web a organização seria
auto-organizada, isto é, com hierarquia inexistente.
Além disso, o objetivo de uma B-Web é agregar o máximo de valor a seus produtos e
serviços, entregando-os aos seus clientes e recebendo em troca informações que
retroalimentem esse processo.
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As principais características de uma B-Web são:
1- Infra-estrutura de Internet: A estrutura B-Web se utiliza da Internet para
comunicações entre os participantes e para transações comerciais,
cortando dessa maneira os custos dessas transações,
2- Inovação da proposta de valor: Esta estrutura se caracteriza por trazer uma
nova proposta de valor que tende a tornar obsoleta a maneira original de
execução daquela atividade;
3- Mecanismo de capacidade multiempreendimento: Por esse mecanismo as
B-Webs se desenvolvem fundamentadas em contribuições das empresas
parceiras. Os líderes das B-Webs dependem dos parceiros para maximizar
o retorno sobre o capital investido;
4- Cinco classes de participantes: Uma B-Web tem normalmente cinco
classes de colaboradores:
• Clientes: clientes trocam valor com a B-Web, recebendo e doando;
• Provedores de conteúdo: são os responsáveis pela construção de
valor em si que serão entregues ao mercado: produtos, serviços,
informações;
• Provedores de serviços comerciais: agilizam o fluxo do negócio,
inclusive as transações e a gestão financeira, a segurança e a
privacidade, a gestão da informação e do conhecimento, a logística
e a entrega, e os serviços que definem as regras de funcionamento
da B-Web;
• Provedores de infra-estrutura: são responsáveis pelas
comunicações e pela computação, pelos registros eletrônicos e
físicos;
5- Coopetição: Os participantes das B-Webs cooperam e competem uns com
os outros.
6- Centrada no cliente: Em vez de apenas fazer e vender, as B-Webs se
concentram no valor para o cliente. Elas cultivam relacionamentos mútuos
e atendem às necessidades dos clientes individuais no ponto da
necessidade;
7- O contexto reina: O provedor de contexto gere os relacionamentos com os
clientes e coordena as atividades de criação de valor de todo o sistema;
8- Regras e padrões: Os principais participantes conhecem e aderem às
regras do compromisso da B-Web;
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II. A Nova Sociedade 13
9- Embebida em conhecimento: os participantes da B-Web trocam uma
variedade de dados, informações e conhecimento.
Nas B-Webs, o Capital de Relacionamento tem importância ímpar. Como vimos esse é
um modelo onde todos os atores do jogo corporativo contribuem para a integração de valor.
Mas ao mesmo tempo em que essa pode ser uma relação rica e sinérgica quando todos estão
presentes gerando experiências benéficas para todas as partes, pode ser também desastrosa
caso não se estabeleça fidelidade, confiança e simpatia entre as partes.
Dessa maneira o Capital de Relacionamento é promovido à espinha dorsal de todo
esse processo. A capacidade da organização de criar, desenvolver e nutrir sua rede de
relacionamentos com fornecedores, clientes, colaboradores, parceiros e até concorrentes vai
mais do que influenciar em seus resultados, vai determina-los, já que a contribuição de cada
uma dessas partes é peça fundamental na cadeia de valor da B-Web.
2.2 Tipologia da B-Web
Nem todas as B-Webs são iguais. Elas se diferenciam pela maneira que constroem e
entregam valor ao mercado. É interessante notar que normalmente quando uma organização
migra do modelo tradicional para um modelo B-Web, ela muda a maneira de produzir valor para
seus clientes, sendo exatamente essa mudança de modelo de negócio a responsável pela
vantagem competitiva da migração. Na realidade, encontramos tanto modelos que reproduzem
exatamente um tipo de B-Web, como também negócios que combinam mais de uma delas
reunindo assim características dos vários tipos. Don Tapscott, David Ticoll e Alex Lowy
investigaram algumas centenas de casos e classificaram as B-Webs no livro Capital Digital –
dominando o poder das redes de negócios. Utilizaremos nesse projeto o modelo por eles
proposto:
Ágora
Agregação
RedeDistributiva
Aliança
Cadeia deValor
Auto-organizada
Hierárquica
Integração de valor
Figura II-1 – Tipos de B-Webs (Fonte: Capital Digital – dominando o poder das redes de negócios)
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II. A Nova Sociedade 14
Como vemos no modelo os tipo de B-Webs são Ágora, Aliança, Cadeia de Valor, Rede
Distributiva e Agregação. O que as diferenciam é o nível de auto-organização em
contraposição a uma estrutura hierárquica e o quanto integram de valor em seus processos,
isto é, o quanto agregam de benefícios para o cliente final em suas operações. Abaixo temos
um panorama geral das características de cada tipo de B-Web:
Ágora Agregação Cadeia de Valor
Aliança Rede Distributiva
Tema
Principal
Precificação
dinâmica
Seleção e
Praticidade
Integração do
processo
Criatividade Alocação/
distribuição
Proposta
de Valor
Liquidez –
converter os
bens em um
preço desejável
Otimização da
seleção,
organização,
preço, praticidade
da parceria e
atendimento
Design e entrega
de um produto ou
serviço integrado
que atenda a um
conjunto
específico de
necessidades do
consumidor
Colaboração
criativa para
uma meta
compartilhada
por uma
comunidade
de
contribuintes
Facilita o
intercâmbio e a
entrega de
informações,
bens e serviços
Papel do
Cliente
Player do
mercado
Comprador Propulsor de
valor
Contribuinte Remetente/
beneficiário
Foco do
Conhecim
ento
-Timing
-Informação do
mercado
-Segmentação de
mercado
-Ofertas do
fornecedor
-Atendimento
-Inovação
-Gestão da
cadeia de
suprimentos
-Comunidade
-Criatividade
-Padrões e
papéis
-Otimização da
rede
-Visibilidade e
transparência
Processo
Principal
-Descoberta do
preço
-Formação de
parceria
-Design do
produto
-Inovação -Distribuição
Tabela II-1 – Tipos de B-Webs (Fonte: Capital Digital – dominando o poder das redes de negócios)
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 15
III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação
1. O setor de Distribuição de Aço
1.1 O que é a Distribuição de Aço?
a. A economia e o aço
O aço é fator básico no processo de desenvolvimento de um país e a ele se acha
estreitamente ligado. O desenvolvimento econômico, fundamentado na industrialização e
baseado no modelo metal-mecânico teve no aço o seu insumo por excelência.
O grau de maturidade do mercado de produtos siderúrgicos é função tanto da taxa de
crescimento industrial, quanto do grau de industrialização dos países consumidores.
Economias que ainda não atingiram sua maturidade industrial, como a brasileira,
mexicana e argentina, encontram-se na fase de crescimento em que há intensidade no
emprego de produtos de aço.
Cabe registrar, porém, a ocorrência de certo declínio de intensidade de consumo: vale
dizer de utilização de menos aço em veículos, em projetos de prédios e pontes por causa dos
aços mais leves que resultam das novas tecnologias e por causa da substituição do aço por
outros materiais como materiais poliméricos, compósitos, e outras ligas metálicas como as de
alumínio e magnésio.
Desde crise estrutural, iniciada nos anos 70, e no processo de globalização que
provocou a internacionalização do setor, a siderurgia vem reagindo ao desafio de se tornar
uma atividade altamente competitiva.
Os clientes vêm exigindo qualidade e produtos cada vez mais aprimorados, sob a
forma de revestimentos e tratamentos metalúrgicos, o que implica em processamentos
posteriores à produção. Surge uma geração de aços menos densos, mais resistentes
mecanicamente, de maior ductilidade e com maior resistência à corrosão. Na Figura III-1, um
gráfico explicitando o consumo aparente de aço no mundo. Entende-se por consumo aparente,
o consumo do aço produzido nas usinas mais as importações menos as exportações em cada
país.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 16
Figura III-1 – Consumo aparente de aço bruto
b. O mercado brasileiro de aço
O mercado de aço tem mostrado comportamento inconstante desde a década de 60.
Os períodos de relativa prosperidade da década de 1960 e o desenvolvimento na década de
1970 induziram produtores a superestimar o crescimento do mercado, com hipóteses
excessivamente otimistas a respeito da futura intensidade do consumo de aço.
A aceleração do processo de industrialização, ocorrida então, evidenciou a
necessidade de se dispor no país de uma indústria de base forte, capaz de atender à demanda
crescente de insumos. Como conseqüência, a década de 1980 foi particularmente crítica para a
siderurgia brasileira diante das novas capacidades postas em marcha no período, como fruto
dos investimentos anteriores, coincidindo com a retração do mercado.
O consumo de aço per capita que havia alcançado 124 kg em 1980 chegou a cair ao
nível de 70 kg em 1983. A queda atingiu todos os subsetores da siderurgia que recorreram à
exportação. Em 1981, as exportações representaram 18% das vendas totais das usinas e
atingiram 58% em 1992.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 17
O Brasil se tornou o maior exportador líquido mundial de aço em 1991. Em 1992 e
1993 ficou em segundo lugar. O recorde foi obtido em 1993 com 12,2 milhões de toneladas, no
valor de US$ 3,6 bilhões. O esforço impulsionador da exportação ocorreu muito antes da
abertura da economia brasileira em 1990 e contribuiu para que o aço brasileiro ficasse exposto
à competitividade internacional. Foi o primeiro momento da reestruturação da siderurgia
brasileira, que buscou eficiência e produtividade para enfrentar um mercado internacional de
preços extremamente deprimidos.
As principais usinas siderúrgicas nacionais são:
Fabricantes de produtos planos:
• Acesita;
• CSN;
• CST;
• Cosipa;
• Usiminas;
Fabricantes de produtos longos:
• Açominas;
• Belgo;
• Gerdau;
• Mannesmann;
• Sideraço.
Os produtores siderúrgicos nacionais são representados pelo Instituto Brasileiro de
Siderurgia, o IBS.
c. A Distribuição de Aço
Os principais setores consumidores de aço são:
Automobilístico;
Agrícola/Rodoviário;
Eletroeletrônico;
Mecânico;
Construção civil;
Utilidades domésticas e
comerciais;
Embalagens e recipientes;
Naval;
Processadores para a cadeia
produtiva;
Ferroviário;
Distribuidores e
Revendedores e
Outros (petrolífero e outros
que não se enquadram nos
itens anteriores)
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 18
A Figura III-2 e a Figura III-3, a seguir, mostram como é feita a distribuição do consumo
aparente do aço.
Figura III-2 - Distribuição do consumo aparente de aços planos
Figura III-3 - Distribuição do consumo aparente de aços longos
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 19
O aço é comercializado através de vendas diretas aos consumidores finais (indústrias
de transformação), indústria de semi-elaborados e aos distribuidores.
Os distribuidores de aço funcionam como canal de escoamento para atendimento aos
mais diversos consumidores – pequenas e médias empresas - que não têm condições de se
abastecerem diretamente nas usinas.
Os distribuidores de aço estão situados em todos os pontos do território nacional e se
identificam como empresas com capital suficiente para manter estoque regulador. Funcionam
como bolsão de fornecimento para os pequenos/médios consumidores de aço e suprem falhas
de fornecimento das usinas.
Nas décadas de 70 e 80, o setor de distribuição pôde operar com preços livres
assegurados por margens razoáveis de comercialização. Dessa forma, vários deles decidiram
concorrer, sem sucesso, no processo de privatização das empresas siderúrgicas de planos, na
expectativa de assegurar acesso regular às fontes de abastecimento.
A partir da privatização nos anos 90, observou-se rápida transformação no mercado. O
fim do controle de preços e a abertura econômica reduziram a margem da rede distribuidora e
houve necessidade de diminuir custos e aumentar investimentos para atuar como centros de
serviços adicionais.
Merece um registro especial a tendência de terceirização de processos a que grandes
consumidores finais de produtos de aço aderem. Com isso, passam a exigir a presença dos
chamados processadores de aço, entidades que vão bem mais além do simples corte.
Blanqueamento de formas irregulares, estampagem de peças, soldagem de blanks, serviços
just-in-time são algumas novas exigências que demandam pesados investimentos e desafiam a
distribuição e os centros de serviço existentes, implicando uma nova concepção de formação
de estoques com responsabilidade pela linha de produção do consumidor final.
Figura III-4 - Rota do aço
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 20
Alguns dos principais distribuidores de aço são:
Arbed;
Armco
Benafer;
Comercial Gerdau;
Cosinox;
Detasa;
Fasal;
Ferraço;
Frefer;
Inal;
Juresa;
Kofar;
Multiaços;
Pires do Rio;
Rio Negro;
Tetraferro;
Zamprogna.
1.2 Distribuição e Economia do Conhecimento: situação atual
O setor de distribuição de uma forma geral é um setor conservador, pouco habituado a
mudanças, onde a forma de relacionamento cliente/fornecedor permanece igual, ou muito
parecida, há anos. Isso porque o produto comercializado é um produto de baixo valor
agregado, sem mudanças tecnológicas disruptivas, como o setor de telecomunicações, e
pouquíssimas alterações em suas propriedades.
Este setor tem menores investimentos em pesquisa e desenvolvimento do que outros
mais intensivos neste aspecto, como o setor de informática e o químico/farmacêutico. Isto é,
estamos diante de uma indústria pouco habituada a mudanças e principalmente à introdução
de novas ferramentas tecnológicas que não sejam ligadas diretamente à produção.
Sendo assim, atualmente a grande maioria das empresas do ramo, está bastante
atrasada, em relação a empresas de outros setores, na utilização do conhecimento como
quarto fator de produção. As operações de gestão de conhecimento, como a introdução de
ferramentas de inteligência competitiva e a prática do constante monitoramento do ambiente de
negócios, são consideradas a frente do tempo para este setor.
A probabilidade de um empresário destinar boa parte de seu volume de investimento
para o incentivo destas práticas é pequena, frente à vontade de aplicar em bens de maior
liquidez, ou até mesmo em expansão de suas unidades industrias, aquisições e fusões.
Outro fator que prejudica a entrada da economia do conhecimento na distribuição de
aço, é a formação e mentalidade dos profissionais que dirigem as empresas deste ramo. A
maioria apresenta as características necessárias para o desenvolvimento de práticas de
compartilhamento de informações e geração de conhecimento. Esta discussão será feita em
IV.3.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 21
Sendo assim atualmente, diante destes fatores principais, investimentos em gestão do
conhecimento não é prioridade para a maioria dos empresários do aço, seja por falta de
informação ou por satisfação com os resultados do modelo atual.
1.3 Os desafios e as oportunidades para a Distribuição
A briga pelo mercado de consumidor de aço é vencida basicamente pela melhor
relação preço e prazo de entrega. São muitos os grupos consumidores da distribuição de aço.
Eles formam uma base de aproximadamente 80.000 clientes potenciais consumidores.
Com o advento tecnológico, a tentativa da incorporação da gestão do conhecimento
pode ser a melhor solução para empresariado do aço na busca por novos mercados e na
corrida contra a concorrência, afinal temos exemplo claros de outros mercados e setores, já
citados, que utilizam a gestão de informação como arma nesta batalha comercial, e que
conseguem resultados rápidos e expressivos.
O grande desafio para o distribuidor é conseguir implementar ferramentas de gestão de
conhecimento, a um custo proporcional a sua capacidade de retorno, tendo em vista as
peculiaridades do mercado de distribuição de aço. O empresário precisa ter a clareza da
relação custo-benefício para a realização deste investimento, evitando a aquisição de, por
exemplo, módulos com recursos desnecessários.
Desta forma, o distribuidor consegue se inserir no contexto na nova economia e pode
ser muito beneficiado no futuro, com uma capacidade de retorno de investimento razoável.
Os desafios e oportunidades para a distribuição com a difusão da Economia do Conhecimento
Desafios Aquisição de ferramentas de gestão de conhecimento levando
principalmente em conta o custo de oportunidade e a relação
custo-benefício.
Oportunidades Como se trata de um setor conservador, o empresário que tiver a
iniciativa ganha benefício em relação às empresas concorrentes,
por se destacarem frente aos clientes, com os resultados da
inserção da empresa na Economia do Conhecimento.
Tabela III-1 – Desafios e oportunidades da Economia do Conhecimento para a distribuição de aço
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 22
1.4 Distribuição e Economia do Conhecimento: o futuro
Está claro que o mundo dos negócios está se modernizando e as mudanças estão
ocorrendo de forma cada vez mais rápida, aumentando as chances de uma empresa sem
capacidade de monitoramento destes avanços, ser ultrapassada e totalmente esmagada.
Mesmo os setores não habituados a mudanças, os setores mais conservadores, devem estar
atentos às introduções de produtos e ferramentas informatizados de apoio às suas operações
para sua sobrevivência e expansão. E quando tratamos do setor siderúrgico, em especial o
setor de distribuição de aço, nos deparamos com estas características.
O setor de distribuição de aço não está livre destes novos conceitos e a tendência, no
futuro, é do melhor estabelecimento de empresas que se preocupam com o aprimoramento de
seus serviços, com a criação e implementação de novos serviços e que monitoram sempre o
ambiente de negócios onde estão inseridas. A expectativa é grande por parte dos empresários
com uma maior visão de negócios que já identificaram a oportunidade. São estes empresários
que devem ser os inovadores e dar os primeiros passos na utilização da tecnologia a serviço
da indústria de distribuição de produtos metalúrgicos.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 23
2. O e-business na indústria de aço
2.1 Os produtores
Assim como em todo o processo de manufatura de produtos industriais, o controle da
produção de aço sempre foi um fator muito importante nas usinas siderúrgicas, pois se perdia
menos material nas corridas de aço, evitava-se o desperdiço da matéria prima e podia-se
planejar melhor a produção. Este fator também era de extrema relevância para os
consumidores das usinas, como os distribuidores, pois tinha uma previsão com menos margem
de erros de entrega dos lotes comprados.
Antigamente este controle era feito e armazenado sob a forma de relatórios, em papéis
e planilhas manuais. O advento, a penetração e a expansão da informática possibilitaram a
substituição destes processos obsoletos por meios informatizados baseados em tecnologia.
Surgiram assim as ferramentas de controle das atividades das usinas, os chamados
sistemas de controle de gestão empresarial, mais conhecidos como ERP (Enterprise Resource
Planning). Desta forma houve uma grande reestruturação nas usinas. Atualmente, os poucos
players siderúrgicos nacionais existentes, ou estão em fase terminal da implementação destes
sistemas, ou já as concluíram.
Toda essa mudança nas usinas, com o aparecimento da tecnologia a serviço da
indústria, além do benefício descrito nos parágrafos anteriores, abriu novas oportunidades e
trouxe outras vantagens, como o surgimento do comércio eletrônico, como um novo canal de
relacionamento cliente/fornecedor.
O comércio eletrônico nada mais é do que a venda dos produtos da empresa por um
canal informatizado. Ele pode ser realizado via sistemas específicos, como o EDI (Electronic
Data Interchange) ou por meio da Internet, onde ele é atualmente mais praticado, por ser de
menor custo e usar um protocolo universal de comunicação, o TCP/IP, em contraposição aos
padrões proprietários do EDI.
Com a informatização das usinas, todas as informações são armazenadas em bancos
de dados: informações de planejamento de produção, emissão de notas fiscais, recursos
humanos, contabilidade e o mais importante para o e-commerce, informações de estoque e
preço. Assim foram desenvolvidos sistemas que se relacionam com estas informações contidas
nos banco de dados, permitindo aos clientes das usinas que também possam os acessar.
Desta forma, os clientes têm informações do andamento de suas compras, sabem se o
prazo de entrega será cumprido e podem interagir com as ferramentas, realizando suas
compras e até planejando seu consumo. À efetivação desta etapa dá-se o nome de e-
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 24
commerce e a solução como um todo, de e-business, isto é, a combinação da venda eletrônica
e da integração e controle das informações de operações internas.
Com o crescimento da Internet, surgiram grandes oportunidades de negócios no final
da década de 90. Empresas como e-Steel, MetalSite e iSteelAsia, foram as pioneiras no setor
siderúrgico e apareceram em 1998 e 1999, com o objetivo de reunir as empresas do setor de
todo o mundo a promover a prática do comércio eletrônico por meio de leilões. Como se tratava
de um terreno inexplorado, e como na teoria a idéia parecia muito boa, essas empresas
chegaram a ter um grande valor de mercado, mesmo sem realizar nenhuma transação.
Empresas pioneiras voltadas para o e-business da siderurgia mundial
Figura III-5 - Surgimento dos primeiros sites para o e-commerce da siderurgia
Grandes volumes foram investidos para a captação dos mercados mundiais e
acreditava-se que uma nova era estava por vir e que esta novidade, por ser tão promissora,
mudaria as práticas de comercialização das empresas. Um grande erro. Atualmente as duas
empresas de Internet do setor mais conhecidas, e-Steel e MetalSite não existem mais. A e-
Steel transformou-se na NewView Technologies, uma provedora de soluções de e-commerce e
fornecedora de software para a prática deste comércio via web e a MetalSite deixou de existir
momentaneamente, seu site está fora do ar, e acredita-se que ela deve ter o mesmo destino da
e-Steel. A iSteelAsia ainda sobrevive na Ásia, mas sem nenhum sucesso operacional.
Podemos atribuir o fracasso destes sites ao fato de serem B-Webs do tipo Ágora num
mercado oligopolizado. Como dito em II.2.1, nos oligopólios, a facilidade de busca por preço na
verdade já é naturalmente encontrada no mercado real e a variedade de ofertas é inexistente
pelas próprias características desse mercado. Assim, a maior integração de valor promovida
pela Ágora, é eliminada, invalidando-a nesses casos.
Hoje estão claras as duas ações que deveriam ser tomadas para que esta tragédia
tivesse sido evitada: a primeira era adequar o modelo destas empresas à realidade operacional
dos clientes para quem elas iriam prestar serviço, e não aplicar uma prática operacional tão
distinta da realidade do dia-a-dia, e a segunda seria adotar uma política econômica interna de
desenvolvimento sustentável, pois devido ao enorme investimento realizado sob a influência do
boom da Internet na época, com o passar do tempo, a possibilidade de retorno foi ficando cada
vez mais distante. A desvalorização destas empresas foi muito rápida e, assim como a entrada
de capital, a derrocada foi fulminante.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 25
Aqui no Brasil surgiram, em 1999, movimentos também neste sentido, como a
associação do site InfoMet, maior site de conteúdo da América Latina na área de siderurgia,
com um grande empresário da Internet, Jack London. O empreendimento foi descontinuado
antes de maiores desenvolvimentos. Um outro exemplo de um movimento expressivo brasileiro
na tentativa de viabilizar um portal de negócios para toda a siderurgia nacional foi o
desenvolvimento da MercoMetal, iniciativa de empresários do ramo da distribuição de aço,
também com participação do site InfoMet. Esta, que pode ser considerada a última cartada na
tentativa de estabelecimento de um portal intermediador de negócio para as usinas no Brasil,
foi enterrada de vez com a decisão das usinas, representadas pelo IBS, de não participar de
um site único para a prática do e-commerce, e sim do seu desenvolvimento individual, ou seja,
cada usina realizando sua prática comercial eletrônica.
Abaixo serão explicitadas as ações e resoluções de algumas delas, em função do
advento tecnológico e o desenvolvimento da Internet e do e-business:
• Gerdau:
Possui o seu ERP totalmente implementado em todas as suas unidades
produtivas e realiza o e-business pelo site www.e-gerdau.com.br, onde os
distribuidores de seus produtos podem realizar suas compras e fazer seus pedidos.
SAP (ERP): é a ferramenta universal da Gerdau. Utilizada constantemente por
seus funcionários, principalmente do setor de compras e do setor de vendas. O sistema
é atualizado on-line e em tempo real, todos têm informações pontuais sobre quaisquer
necessidades. Por exemplo, um vendedor, quando recebe um pedido, gera a remessa
pelo ERP, que dá informações de estoque e dependendo da posição da consulta,
emite uma ordem de carregamento para o setor de transporte da empresa e o pedido é
despachado.
e-Gerdau: Desenvolvido para seus clientes. Nele eles têm acesso a
informações de status dos pedidos e podem gerar uma ordem de compra. Mesmo
sendo um grande passo para a cadeia comercial do setor do aço, pois foi o pioneiro,
ainda possui uma baixa penetração nos distribuidores da Gerdau, pois os dados dos
pedidos são atrasados em relação ao SAP, que alimenta o e-Gerdau de hora em hora,
fazendo com que os compradores dêem preferência ao telefone, pois os vendedores
da Gerdau estão com o SAP aberto nos micros de suas mesas. Um outro fator
prejudicial à utilização do e-Gerdau, que faz com ele seja pouco utilizado para a prática
do e-commerce é a impossibilidade de pedido de desconto e a preferência pela não
consulta dos itens para a construção de uma ordem de compra, pois é mais trabalhoso
do que utilizar o telefone e passar esse trabalho ao vendedor.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 26
Usiminas:
Possui o ERP implementado em todos os setores, menos no comercial, onde
está sendo implementado atualmente e utiliza um sistema desenvolvido internamente
para as atividades de consulta à informação de vendas. Como sistema de comércio
eletrônico utiliza o EDI.
SAP: Além de alimentar toda a usina com informações de produção,
estocagem, emissão de faturas e etc, informa os principais clientes do status de seus
pedidos, pois diferentemente da Gerdau, disponibiliza terminais para cada um deles,
realizando ligações diretas. Desta forma o próprio cliente realiza as operações de
consulta e planejamento de produção.
E-commerce: como substituição aos sistemas EDI, está atualmente em
desenvolvimento na Usiminas, o sistema de e-business, que atenderá trará aos seus
clientes mais uma possibilidade de execução de suas compras, a Internet. Há também
um estudo do e-business de outros produtores, para que sejam evitados erros comuns
e atingida a máxima eficiência para os compradores, clientes e principais usuários
destes sistemas.
E-procurement: a Usiminas realiza a prática do e-procurement, termo ainda
não utilizado nesta seção, que é a ação das compras de suprimentos e matérias
primas via Internet. Essa prática comercial é realizada via sistema desenvolvido pela
própria Usiminas, denominado “e-Fornecedores”.
• CVRD:
A Vale do Rio Doce realizou uma operação original para a exploração da
Internet. A companhia criou uma empresa, a Valepontocom, somente para o
desenvolvimento de sites voltados para operações que interessem apenas a sua
criadora. Como exemplo de projeto para a Internet, coordenados pela Valepontocom,
temos o Multitrata, site voltado para serviços de logística.
O cenário atual dos produtores de aço é a opção da estruturação do próprio e-
business. Esta é uma etapa que atualmente está em desenvolvimento, e possui uma
retaguarda forte, os sistemas informatizados de gestão empresarial. Estes sistemas, que estão
implementados ou em fase final de implementação, são poderosos e aptos a receberem
consultas de outros sistemas com interface web, ou seja, consulta de sistemas de sites na
Internet. Logo formam uma estrutura ágil em cima da qual será desenvolvido o e-business,
quando serão ligadas estas estruturas e assistirmos à interação.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 27
2.2 Os distribuidores
A distribuição de aço, influenciada pela atual ação dos produtores, também está
implementando sistemas de gestão informatizados. Mas não só pela influência das usinas,
como pela necessidade de cortar gastos com desperdício e tornar-se mais competitiva frente
aos consumidores e ganhar vantagens frente à concorrência, não só em função do resultado
da implementação destes sistemas de gestão, como da redução de preços e do prazo de
entrega, mas também em função da criação da imagem de uma empresa moderna que investe
em tecnologia.
Surgiram então empresas com soluções de ERP mais acessíveis à distribuição, como
a Acsys, ou a BFNet, que adaptaram estas ferramentas as necessidades dos distribuidores.
Os distribuidores pertencentes às próprias usinas estão aproveitando a tecnologia
comprada por elas. Alguns já estão com os seus ERPs em pleno funcionamento, como a Rio
Negro e outros estão em fase de implementação.
O mesmo ocorre para os grandes distribuidores independentes. Alguns deles já
terminaram a implementação de seu sistema de gestão este ano, como é o caso do Grupo
DTS, outros estão em fase de implementação e existe grupos grandes que estão em fase
orçamentária, como o Grupo Benafer.
Todo esse movimento para a modernização e informatização, com sistemas de gestão
integrados e a utilização de poderosos bancos de dados favorece a distribuição a mergulhar na
prática do comércio virtual. O que já era até esperado, pois a tendência continua sendo
seguida pelos outros setores da economia. E da mesma forma que surgiram empresas
especializadas em tecnologia de e-commerce, com sites cheios de serviços para as usinas,
nascem os “e-pioneiros” para os distribuidores também.
Com um forte investimento, desde 1999, em parceria com o INDA/IDAM, a empresa
chilena Sonda, desenvolvedora de soluções web, com um grande sucesso do resultado das
operações eletrônicas do governo chileno, vem trabalhando em um software com interface
web, que tem a promessa de atender os distribuidores filiados ao INDA e IDAM. O portal, que
têm previsão para iniciar suas operações no início de 2002, foi batizado de Terra Metal.
Seu princípio de funcionamento segue as bases das primeiras iniciativas, e-Steel e
MetalSite, onde se pretende reunir as empresas fornecedoras de aço e seus consumidores, e
realizar a prática de leilões, leilões reversos, ou até vendas individuais.
O INDA espera um resultado bem diferente do obtido com os sites que nasceram para
atender as usinas, pois agora acreditam que temos um outro cenário: o da distribuição varejista
de aço, tratando-se de um mercado com um maior número de players. O Terra Metal será um
prestador de serviços para empresas menores, sem grandes capacidades, ou até interesse, de
fazer investimentos em e-commerce, que poderão ganhar um novo canal de distribuição, a
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 28
Internet, e serão onerados via comissão sobre as vendas e provavelmente uma taxa
administrativa.
A expectativa no setor é grande, pois o e-business está em evidência e não há muitos
casos de sucesso para serem contados ainda, fazendo com que o desejo de acerto, por parte
dos investidores e até mesmo dos usuários, aumente consideravelmente. Existe então uma
grande fatia de mercado, o mercado virtual do aço, ainda inexplorada de forma conveniente e
correta, onde o potencial gerador de riqueza é grande.
Vindo em uma outra linha, com uma outra filosofia de negócio, temos também a
iMetais.com, empresa que surgiu este ano e que atua em duas frentes. A primeira
apresentando soluções e-business para a distribuição, com o desenvolvimento dos sites dos
próprios distribuidores, para que eles pratiquem o e-commerce, e integrando esta ferramenta
ao sistema de gestão interno da empresa. A segunda, que está em desenvolvimento, é a
criação do portal para a distribuição, na mesma linha do Terra Metal.
Diferentemente do projeto INDA/Sonda, que ainda não foi oficialmente ao ar, a primeira
frente de atuação da iMetais.com vêm obtendo um razoável sucesso entre as empresas
distribuidoras, pois foi a responsável pela primeira venda virtual de aço por um distribuidor no
Brasil, realizada em maio deste ano pela Juresa Industrial de Ferro Ltda., seu primeiro cliente.
Empresas pioneiras voltadas para o e-business da indústria de distribuição de aço nacional
Figura III-6 – Empresas estabelecidas voltadas para o desenvolvimento do e-commerce da distribuição de aço do Brasil
Estes resultados práticos são muito positivos para o e-business no setor de distribuição
de aço, pois estimula o aumento da porcentagem dos investimentos dos empresários do setor
em tecnologia de e-commerce.
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2.3 Considerações do e-business na Distribuição de Aço
Os dados apontam que na próxima década, os distribuidores que hoje investem mais
em tecnologia da informação, como o e-business, serão beneficiados, mesmo se os resultados
não são percebidos ainda hoje.
Algumas considerações serão abordadas a seguir, enfatizando as barreiras e os
possíveis resultados desse processo.
a. Barreiras
A principal barreira, hoje, da entrada do e-business na distribuição de aço é a
mentalidade do empresário detentor de unidades de distribuição do aço. Tratam-se de pessoas
normalmente resistente às mudanças.
Essa mentalidade entra em conflito com a necessidade de se tornar cada vez mais
competitivo, isto é, de investir na aquisição dos meios de gestão e comercialização virtual e
desfrutar das vantagens possivelmente adquiríveis, monitorando sempre as ações e reações
causadas pela conseqüência de sua iniciativa.
Uma outra questão que deve ser analisada é a relação custo-benefício destes
investimentos. Como saber se esta é a hora apropriada para implantação do e-business? Além
disso, como avaliar o quanto deve ser aplicado para nem investir de menos nem exagerar ? É
preciso um estudo abrangente e realista do atual cenário da distribuição para avaliar o
investimento que deve ser realizado e o tempo certo para tomar esta atitude.
Ao mesmo tempo em que, uma empresa pode estar se equipando tecnologicamente
para a criação de seu e-business, com todos os recursos disponíveis, seus clientes e parceiros
podem não estar realizando nenhuma ação neste sentido, desvalorizando ou até inutilizando
seus investimentos. E o contrário pode acontecer também. Um distribuidor pode tornar-se
parcialmente obsoleto tendo suas vendas diminuídas pelo fato de não se adequar pertencer ao
novo mundo virtual. Isto é, o e-business é um fenômeno de rede.
Há também um outro fator importante para esta transformação, é o fator humano. Uma
empresa é constituída basicamente pelas pessoas que as compõe. Se este corpo de indivíduos
não estiver preparado tecnicamente e psicologicamente para esta mudança, pode-se tomar a
ação errada em um tempo ruim.
Deve haver então, uma conscientização organizacional no sentido preparatório frente à
introdução de mais uma forma de relacionamento cliente/fornecedor/parceiro. Esta etapa de
conscientização deve caminhar em paralelo com a introdução da unidade de e-business no
distribuidor e o desenvolvimento destas duas frentes deve ser lenta e gradual.
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b. Oportunidades
Os tomadores de decisão com características de quebradores de paradigmas, com
maior visão de futuro, provavelmente terão a tendência a realizar investimentos mais
volumosos no setor de tecnologia de informação de sua empresa. Estes gestores terão a
oportunidade de se destacar fazendo parte de um grupo de pioneiros virtuais, uma vantagem
excepcional neste mercado ainda retrógado. Vantagem essa que se bem administrada e
monitorada, possibilitará a esse grupo ditar algumas regras e tendências deste mercado.
Além disso, pelo efeito de rede, quanto mais a Internet cresce, juntamente com o e-
commerce, mais clientes potenciais deste distribuidor migram para o ambiente virtual, e quanto
mais tradicional é o distribuidor eletrônico, mais confiabilidade e preferência seus novos
clientes terão em seus serviços e nas suas ferramentas. Para explicitar melhor a questão da
confiabilidade passada por um distribuidor virtual tradicional e a possibilidade de ditar regras e
tendências desta empresa, vejamos o exemplo da conhecida Amazon.com. Foi uma grande
pioneira na prática do e-commerce, ditou tendências, criou novas ferramentas, mais práticas e
objetivas e possui uma imagem de empresa tradicional e confiável na venda virtual de seus
produtos. Vários fatores tornarão a empresa um ícone do e-commerce mundial na sua
especialidade, e um deles, sem dúvida, foi o pioneirismo.
Além disto, a empresa que entrar na era digital, mostrando capacidade de adaptação a
este novo mercado, flexibilidade comercial e gerencial com a introdução deste novo canal de
vendas e potencialidade na realização de investimentos para proporcionar mais opções aos
seus clientes, terá acima de tudo um acréscimo na credibilidade de sua marca. Um ativo
intangível que agrega valor à empresa. Desta forma, a empresa assistirá a um aumento de
vendas em geral, não só pela comercialização eletrônica, mas também nas próprias formas de
vendas atuais.
Considerações do e-business na Distribuição de Aço
Desafios Fator psicológico do empresário resistente a mudanças;
Resistência da estrutura à introdução de mudanças;
Baixa percepção do valor dos sistemas;
Eficiência no emprego deste novo recurso;
Captação e administração de clientes virtuais;
Adequação deste novo canal de vendas à prática comercial atual
da empresa.
Oportunidades Evidência frente aos clientes;
Pioneirismo;
Agregação de valor à marca;
Ampliação do volume de vendas;
Tornar-se líder e referencial em mudanças.
Tabela III-2 – Considerações para a distribuição de aço
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3. Estudo de caso: Juresa
3.1 Juresa por Juresa
A Juresa é uma companhia que atua há mais de 47 anos no mercado brasileiro de
distribuição de aço para a indústria, a fundação data de 1954. Nesse período, edificou uma
marca de tradição perante seus clientes. A empresa é uma das pioneiras no ramo de
distribuição de aço nacional e uma das poucas remanescentes da época em que foi
estabelecida.
Figura III-7 - Fachada da unidade Ipiranga, em São Paulo
No início, as atividades concentravam-se na revenda de bobinas e chapas de ferro e
aço para a indústria automobilística, de elevadores, de portas metálicas, etc. Com o passar dos
anos, a companhia passou a atender também à indústria de transformação pesada.
Em meados da década de 90, após realizar pesquisas de mercado, a Juresa detectou
um aumento das aplicações de aço na construção civil. A partir daí, diversificou sua linha de
produtos para atender à demanda desse segmento, passando ser a primeira distribuidora de
aço do Brasil a importar perfis laminados e produzir perfis soldados, produzidos a partir do
corte de chapas em tiras, nas bancas de oxicorte, sendo transformadas em tiras que serão
soldadas a fim de produzir os perfis soldados.
Em 1997, veiculou a primeira versão de seu site na Internet, prevendo o impacto e a
abrangência que a rede teria, em longo prazo, em nossa atual sociedade. Tratava-se de um
site institucional, sem interatividade empresa/usuário e sem a prática do comércio eletrônico.
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No entanto este foi um passo muito importante para que a empresa adquirisse experiência na
web tornando-se mais apta a acompanhar o crescimento da Internet na época. Abaixo a
imagem do site institucional da Juresa atualmente no ar.
Figura III-8 - Site institucional da Juresa, desenvolvido pela Netmedia
No ano de 2000, o distribuidor contratou os serviços da BFNet, desenvolvedora de
sistemas integrados de gestão empresarial, para trocar seu ERP, já em fase de obsolescência.
A nova ferramenta, chamada de AICS, está em fase terminal de implantação e com início de
operação previsto para início de 2002, e vem obtendo grande sucesso na substituição do
antigo ERP, o DataFlex.
Em 2001, a empresa dá início as suas operações comerciais eletrônicas, com o
lançamento da Juresa Virtual, site que realiza vendas via Internet através de um sistema
desenvolvimento pela iMetais.com. Em maio deste ano, a companhia efetua a primeira venda
de um distribuidor de aço do Brasil por meio de um sistema de e-business.
A Juresa possui uma sede na cidade de São Paulo onde funcionam, além da
administração geral, o depósito de chapas e o corte de tiras de aço. Atualmente, conta também
com quatro unidades de fabricação de perfis soldados.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 33
Além disso, a empresa tem feito progressos recentes para crescer em tamanho e
qualidade de produtos e serviços oferecidos aos clientes. Em setembro de 2000, houve o start-
up das atividades da Juresa Canavieira - Produtos Siderúrgicos Ltda., empresa coligada a
Juresa Industrial de Ferro Ltda., com sede e escritório na cidade de Santa Bárbara D'Oeste e
escritório na cidade de Ribeirão Preto, para atender o centro-oeste do estado de São Paulo.
Atualmente, a Juresa está em vias de negociação com um outro grande distribuidor, a
Multiaços, para a criação de uma joint-venture, a Juresa Multiaços. Este projeto, se
concretizado, dará início às atividades de uma das maiores companhias de distribuição de aço
do Brasil, atendendo os consumidores com uma grande diversidade de produtos.
Juresa por Juresa:
• Segmento: distribuição de aço
• Missão da companhia: “Fornecer, com excelência, aços para a
Indústria”.
• Produtos: Finos à quente, chapas grossas, chapas xadrez, perfis
soldados, perfis laminado e tiras.
Figura III-9 - Manuseio de chapas no estoque da Juresa, seu principal produto
• Venda mensal: aproximadamente 4.000 toneladas, das quais 1,66%,
100 toneladas, são realizadas pela Internet.
• Infra-estrutura: a empresa possui parque industrial equipado para
atender prontamente clientes de todo o Brasil;
• Estoque: houve um aumento em 100% no estoque de chapas grossas,
ampliando, assim, seu volume de atendimentos pelo sistema just-in-
time;
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 34
• Equipamentos: a Juresa adquiriu dois bancos de oxicorte para aumentar
a produção de tiras e perfis soldados. Cada banco possui 12 canetas,
um comprimento de 26 metros e está apto a processar até 400
toneladas de chapas por mês;
Figura III-10 - Uma das bancadas de corte em operação
• Tecnologia de equipamentos: houve uma atualização tecnológica das
máquinas de solda, que formam convertidas para o sistema twin arc
(que permite a soldagem simultânea de duas mesas), triplicando a
capacidade produtiva;
• Profissionalismo: para manter a credibilidade conquistada ao longo de
décadas de trabalho, a Juresa adota como filosofia operacional, a
melhoria contínua, investindo em recursos humanos, tecnologia e uma
equipe de mais de 100 profissionais. Os objetivos da empresa são, com
isso, poder oferecer produtos e serviços de qualidade e um atendimento
que supere as expectativas de seus clientes.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 35
• Direção da empresa:
Presidente (conselheiro)
Otto Zinn
Diretor de infra-estrutura e
desenvolvimento José Maria Gomes
de Faria
Diretora de operações
Neide Maria
Rocha
Diretor Comercial
Jorge Kaminsky
Diretor Administrativo
André Zinn
Figura III-11 – Diretoria da Juresa, os tomadores de decisão
3.2 A necessidade do modelo B-Web
De acordo com a direção da empresa, em função de uma administração competente,
dinâmica e sempre atenta a mudanças e novidades, a Juresa é conhecida no mercado como
uma empresa quebradora de paradigmas. Por exemplo, a informatização da companhia serviu
como estímulo às outras empresas da distribuição. Um outro bom exemplo é toda a
implementação de redes e Internet na unidade de São Paulo, onde atualmente todos os
funcionários possuem um terminal ligado em rede e com acesso dedicado à Internet.
Desde o início da década de 90, o diretor administrativo da empresa, André Zinn,
acompanha e desenvolve iniciativas para estimular a prática do comércio eletrônico. Em 1998
com o surgimento de empresas estrangeiras voltadas para esta atividade, como a MetalSite e o
e-Steel, ele começou a colocar em prática seus desejos de concretização de um grande site
voltado para a comercialização de produtos siderúrgicos, desenvolvido para a usina e seus
consumidores, inclusive os distribuidores. Criou-se então a empresa MercoMetal, que
inicialmente possuía oferecia apenas a divulgação de informações relevantes ao setor
metalúrgico veiculadas através de uma revista e de um site.
No entanto, como abordado em III.2, em função de uma decisão das usinas, principais
clientes potenciais do site, de não participarem de um site em comum para todas elas, e sim de
cada uma desenvolver seu e-business, a MercoMetal acabou se transformando apenas em um
veículo de mídia para o setor. Atualmente a revista está em seu segundo ano, com mais de
5.000 assinantes.
Após esta tentativa sem sucesso, o diretor administrativo da Juresa, resolveu investir
na sua própria empresa, buscando fórmulas para o desenvolvimento de seu e-business. A
necessidade da criação, desenvolvimento e implementação de sua unidade virtual era
fundamentada no desejo de criar um grande diferencial em relação à concorrência perante os
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 36
consumidores, dando a possibilidade destes clientes executarem, de forma inédita e totalmente
eletrônica, a compra de produtos via Internet.
André Zinn e seu sócio Jorge Kaminsky sempre acharam que a abertura de
informações para o mercado consumidor, ou seja, o fácil acesso a dados de preços e
empresas da clientela da distribuição, era uma coisa prejudicial às vendas, pois se diminuiria a
margem de lucro. Então a postura foi sempre a de “se vai acontecer, que aconteça conosco
primeiro”, segundo as palavras de Kaminsky.
Sendo assim, depois de pesquisar no mercado de empresas de soluções web, André
Zinn, decidiu apostar na proposta da iMetais.com tornando-a parceira no desenvolvimento de
seu e-business.
O site Juresa Virtual ficou pronto no início de 2001 e realizou a primeira transação em
maio deste mesmo ano, como levantamos acima.
Figura III-12 - Site de e-commerce da Juresa, desenvolvido pela iMetais.com
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 37
3.3 Processo de mudança
Toda e qualquer introdução de uma novidade, independente do contexto onde ela
estiver inserida, gera resistência dos membros pertencentes àquele meio. Possivelmente, há
um fator psicológico, que devida a nossa natureza, tem sempre a tendência a se acomodar em
um determinado ambiente com uma determinada rotina. De fato, nós temos a tendência a
reclamar e protestar quando há uma instabilidade ambiental gerada pela necessidade de
aprendizado trazida pela mudança com a introdução de uma novidade qualquer.
Isso não poderia ser diferente para a indústria de distribuição de aço. Aliás,
principalmente neste setor, a probabilidade da resistência e geração de certa insatisfação por
parte dos profissionais é bem maior, pois trata-se, como já citado anteriormente, de uma
indústria de pouco contato com mudanças.
A questão mais forte que se levanta é a do medo do funcionário do setor comercial,
principalmente, de perder o emprego, ou o espaço e importância por ele ocupados naquele
momento. Esse indivíduo deve ser tratado com atenção especial, pois ele será o principal
usuário e fomentador do comércio eletrônico.
Paralelamente a esta barreira à mudança, temos toda a logística interna de
recebimento e fornecimento – compra e venda – dos produtos comercializados pelo
distribuidor. Existe toda uma estrutura estabelecida interna, que determina como deve ser a
chegada do material da usina, como ele deve ser cadastrado no sistema de controle de
estoque, a entrada, e como ele deve ser retirado do sistema com a realização de uma venda, a
saída. Sem mencionar todas as etapas intermediárias de conferência da fatura, proveniente da
usina, desde alguma eventual operação intermediária deste produto, como a realização de um
corte e geração de novos produtos dentro do galpão, até a emissão de nota fiscal e entrada na
contabilidade da empresa.
Sendo assim, o processo de mudança requer a concentração em diversos fatores
internos da empresa, dentre eles os principais são: recursos humanos; fluxo de informações;
postura comercial diante de clientes virtuais e principalmente a logística da empresa.
Na Juresa vem sendo constantemente realizado um trabalho de conscientização de
todo o corpo de funcionários, para habituá-los a trabalhar com a idéia de que mais um canal de
comercialização dos produtos da empresa foi criado, mas que isso não é e nem nunca será um
“bicho de sete cabeças”, que causará demissões ou substituições de mão de obra por falta de
especialização. A empresa utiliza campanhas internas, reforçando a idéia de que a estrutura da
companhia não mudou e sim, que simplesmente foi inserida uma ferramenta que tem como
objetivo aumentar a capacidade de vendas da empresa, onde todos serão beneficiados com
este crescimento.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 38
Além deste trabalho de conscientização interna dos funcionários, a Juresa atua no
estímulo à troca de informações, para proporcionar o aumento do fluxo de conhecimento nos
setores da empresa. Todo e qualquer dado que tem potencial para ser explorado em benefício
do aprimoramento de qualquer etapa do funcionamento da Juresa, deve ser explorado, pois
estas ferramentas informatizadas dão suporte a este tipo de transação de informações.
Com relação à parte comercial propriamente dita, campanhas de incentivos com
bonificações e premiações para os vendedores que cumprirem metas estabelecidas de vendas
eletrônicas e manutenção, administração e captação de clientes virtuais, estão sendo
implementadas. Desta forma há o estímulo conjunto a prática das transações comerciais, onde
o vendedor, principal cliente do produto e-business, sente-se mais confiante, disposto,
protegido e incentivado a mergulhar no oceano virtual.
Com relação à logística da empresa, a Juresa depositou confiança na iMetais.com,
para que o desenvolvimento de sua ferramenta tivesse um grau de personalização, no mínimo
satisfatório e suficiente para que as rotinas do distribuidor pudessem ser espelhadas nas ações
virtuais. Assim a geração de pedidos de compra, envio de dados para emissão de notas fiscais,
débito no sistema de controle de estoque e toda a integração necessária para que não haja
déficit operacional interno, foi acompanhada de perto pela Juresa durante o desenvolvimento
de seu e-business pela iMetais.com.
Todas estas ações de acompanhamento do processo de introdução da prática do e-
commerce e da abertura comercial virtual, estão gerando a base necessária à Juresa, para que
ela obtenha sucesso nas suas operações de e-business. A companhia também está sendo
orientada pela prestadora de serviços iMetais.com, que além do desenvolvimento e a
implementação de sua ferramenta, assessora de perto este processo de mudança, com foco no
atendimento das necessidades dos usuários de seu sistema, que na verdade representa a
parte mais importante para o sucesso de sua solução e-business.
Principais fatores que foram considerados na Juresa no processo de mudança:
• Recursos humanos;
• Fluxo de informações e logística de operações internas da empresa;
• Postura comercial diante de clientes virtuais com a criação de políticas
de abordagem e estratégias de aproximação.
Tabela III-3 – Principais fatores para a mudança na Juresa
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 39
3.4 Situação atual
A Juresa, neste final de ano de 2001, está com a versão de sua ferramenta de vendas,
o produto iEstoque da iMetais.com, completamente implementada e operante. Uma nova
versão para este módulo está sendo desenvolvida pela empresa prestadora de serviços, além
do desenvolvimento em paralelo de seu segundo software de vendas pela Internet, o
iCotações. A diferença básica entre os dois sistemas está descrita abaixo:
iCotações:
• Através desta ferramenta, a Juresa recebe, responde, controla e fecha
as cotações de seus produtos, 100% via Internet.
• Vantagem - Penetração comercial no ambiente virtual. A empresa está
aberta ao recebimento de clientes já pertencentes a este setor. Aumento
do capital de relacionamento e melhoria expressiva de sua imagem.
iEstoque:
• Software que permite a exposição do estoque da Juresa daquele
momento. O usuário tem acesso a todos os seus produtos estocados via
Internet.
• Vantagem - Como principal vantagem, a Juresa ganhou a eliminação de
muitas ligações de redistribuidores, ou clientes fiéis, que passaram a
comprar os produtos mais comercializados, diretamente do estoque.
Com isso a equipe de vendas da companhia ganha tempo para a
captação de novos clientes.
Além disso, a Juresa está em fase final de implementação de seu novo ERP, o AICS,
que tornará mais eficiente à integração administrativa do distribuidor, melhorando o fluxo de
informações e a gestão de conhecimento da empresa, além de incrementar as possibilidades
de melhoria de seu sistema de e-business.
A Juresa pretende aumentar a gama de produtos disponibilizados ao comprador virtual,
além de começar a desenvolver campanhas de captação de novos “e-clientes”.
Com toda a campanha realizada durante a fase de implementação de sua unidade
virtual, o distribuidor não teve perda de market share, e nem tão pouco problemas de
relacionamento interno e externo.
De acordo com a diretoria da empresa, além de não ser prejudicada nas práticas
convencionais de vendas de seus produtos, a empresa atualmente está conquistando a
confiança de seus antigos clientes para realizar compras via Internet, além de despertar o
interesse de outros clientes, que consideram fundamentais investimentos em tecnologia da
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 40
informação e fornecimento de facilidades de operações de compra, que estão passando a
considerar mais a empresa na hora de comparar preços com concorrentes.
Abaixo segue uma demonstração da utilização e operação de uma compra de um
produto siderúrgico pela Internet.
Foram simuladas, passo a passo, as etapas de uma compra de uma chapa de aço com
um preço fictício:
Passo 1:
• supondo que o cliente, representado pelo Adriano da empresa
iMetais.com, já esteja previamente cadastrado no sistema, com sua
linha de crédito aprovada, bem como os demais trâmites comerciais. O
cliente faz então, o login no sistema, fornecendo sua senha para
acessar suas informações no banco de dados da Juresa Virtual, e ter
acesso aos seus produtos.
Figura III-13 - Login no sistema
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 41
Passo 2:
• Após o Login, o cliente filtra sua busca. No exemplo, o usuário deseja
comprar uma chapa de qualidade QC, com o comprimento entre 6000
mm e 12000 mm. Existe também a possibilidade de consultar todos os
produtos oferecidos no iEstoque.
Figura III-14 - O cliente faz a busca do produtos de seu interesse
Passo 3:
• No resultado da busca, o cliente escolhe as chapas que precisa,
alterando a quantidade de zero para o número de peças ou de
toneladas que deseja comprar.
• Neste caso, o usuário está comprando 5, das 19 peças da Chapa 6,30 x
2440 x 12000 disponíveis e também 3000 Kg da Chapa 8,00 x 2200 x
12000.
Figura III-15 - No resultado da busca o cliente seleciona as quantidades
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 42
• O usuário ainda monitora a quantidade de produtos inseridos na sua
“carreta de compras” (analogia ao carrinho de compras usado em sites
de comércio eletrônico de varejo), status esse que fica exposto no
rodapé do site, como mostrado na figura abaixo:
Figura III-16 - No rodapé do site, informações sobre a carreta de compra
Passo 4:
• Após a inserção dos produtos escolhidos na "carreta de compras", o
cliente pode continuar comprando, realizando, por exemplo, uma nova
busca, ou segue o processo indo para a carreta de compras, onde deve
conferir os itens antes de fechar a compra.
• Há também a opção de Alterar Quantidades dos itens, bem como
Continuar Comprando e até mesmo Limpar Carreta, se você não
desejar Fechar Compra.
Figura III-17 - A Carreta de Compras
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 43
Passo 5:
• Clicando em Fechar Compra, o cliente deve preencher os últimos dados
do pedido, escolhendo o modo de transporte e ainda há a opção de
ratificar alguma observação.
• No caso, nosso usuário deseja retirar os produtos na Juresa (FOB), não
havendo a necessidade de especificar o endereço de entrega e ainda
fez uma observação com relação à retirada dos produtos.
Figura III-18 - Última etapa ao fechamento da compra
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 44
Passo 6:
• O cliente receberá então seu Código do Pedido e poderá ter o total
controle de suas compras, através do link Minhas Compras.
• Nosso usuário terminou sua compra e recebeu seu código de compra
(88). Para conferir o andamento de sua utilização do iEstoque, ele irá
clicar em Minhas Compras.
Figura III-19 - Fechamento da compra e geração de seu número
• Na seção Minhas Compras o cliente tem o histórico de seu trabalho com
o iEstoque da Juresa.
• Nosso usuário deseja clicar então em sua última compra, de cód. 88.
Figura III-20 – Minhas compras dá o histórico das compras na Juresa Virtual
• Aqui se tem toda a informação documentada do pedido em questão.
• Há ainda a possibilidade de imprimir a página, gerando assim, o seu
documento de compra.
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III. A Distribuição de Aço na Sociedade da Informação 45
Figura III-21 - Pedido de compra virtual do usuário
Passo 7:
• E finalmente, após ter efetuado sua transação comercial eletrônica, o
cliente executa o logout e sai do ambiente de segurança do site.
Figura III-22 - Execução do logout do sistema
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 46
IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço
1. Análise Estratégica de um distribuidor: Juresa Industrial de Ferro
1.1 Modelo das cinco forças de Porter
a. O conceito de estratégia e a visão de Porter
Em sua essência, o objetivo de uma empresa ou de qualquer empreendimento é
proporcionar um nível superior e sustentado de retorno sobre o investimento. Num mercado
aberto à concorrência, este retorno superior só se dá com a criação de vantagens competitivas
sustentáveis, isto é, a identificação e o desenvolvimento de competências, atividades e
recursos que diferenciem a empresa de seus concorrentes aos olhos dos diferentes
participantes do jogo corporativo: consumidores, fornecedores, concorrentes e colaboradores.
O conceito de estratégia veio dos campos de batalha para o mundo dos negócios. A
primeira acepção do termo é de cunho bélico: estratégia é a arte militar de planejar e executar
movimentos e ações de tropas e armas visando alcançar ou manter posições favoráveis a
futuras ações táticas sobre determinados objetivos. Dwight D. Eisenhower, ex-presidente dos
Estados Unidos da América e ex-chefe das forças do atlântico na Segunda Guerra Mundial,
dizia: “Os planos são inúteis; o planejamento é inestimável”.
Quem transpôs o conceito de estratégia da academia militar para as salas de reunião e
escritórios foi Michael E. Porter, professor e pesquisador da Harvard Business School. Porter
define a estratégia como a formulação da posição da empresa, o processo de conciliações, a
escolha dos objetivos e a construção do encadeamento entre as atividades.
A estratégia não é um plano detalhado ou um levantamento de tarefas a serem
cumpridas. A estratégia antecede a fase de operações. Ela fornece diretrizes sobre os objetivos
a serem perseguidos e, principalmente, uma orientação vigorosa sobre o que não será feito no
futuro. O planejamento estratégico é função dos gestores e tomadores de decisão da empresa.
Na essência, é a definição de como a empresa compete. Neste processo de
planejamento, a primeira etapa é, naturalmente, a análise e avaliação da situação atual e futura
do cenário competitivo: a análise estratégica. Isto é, a observação e o entendimento das
dinâmicas essenciais da empresa, do setor onde está inserida e de seus concorrentes.
Porter desenvolveu uma metodologia de análise das diferentes ameaças e forças
competitivas chamada Modelo das Cinco Forças. O modelo consiste na avaliação da
importância relativa para a empresa de cada um dos elementos da competição:
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 47
Concorrentes – Análise da intensidade e diversidade da rivalidade,
dinâmica do setor, pontos fortes e fracos dos concorrentes, seus produtos,
suas marcas;
Fornecedores – Determinação do poder relativo dos fornecedores quanto a
volume, preço, prazo, qualidade e custos de mudança, isto é, qualificação
da negociação com os fornecedores;
Compradores – Determinação do poder relativo dos compradores quanto a
volume, preço, prazo, qualidade; avaliação da sensibilidade a mudanças,
da força da marca da empresa na mente dos consumidores;
Novos Entrantes – Ameaça do surgimento de novos concorrentes, ou seja,
avaliação das barreiras de entrada do setor, identificação dos pontos
necessários a criação de um novo concorrente para avaliação das
potenciais origens e preparação de respostas;
Produtos Substitutos – Ameaça dos produtos que podem substituir os da
empresa, análise da propensão do consumidor em substituir, vantagens e
desvantagens da mudança;
A partir de uma visão clara de cada destes elementos, a análise estratégica, é possível
identificarmos as necessidades de desenvolvimento, as vantagens competitivas e traçarmos as
diferentes linhas de atuação da empresa.
Concorrentes
Novos Entrantes
CompradoresFornecedores
Produtos Substitutos
Figura IV-1 – Modelo das cinco forças de Porter
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 48
b. Análise das cinco forças de Porter para a Juresa
Toda prática de gestão do conhecimento a ser implementada numa determinada
empresa requer a análise estratégica da empresa. Utilizando o modelo das cinco forças de
Porter será feita a análise da Juresa baseada nas informações do mercado e do modo de
funcionamento da empresa apresentadas em III.3. O objetivo é identificar os pontos críticos
onde a empresa deverá atuar para conquistar e manter vantagem competitiva, isto é, identificar
as principais ameaças e as principais oportunidades apresentadas pelo mercado e seus atores.
Concorrentes
O mercado de distribuição de aço é composto por poucos grandes
players, um maior número de distribuidores de porte médio e diversos
pequenos distribuidores que constituem por si só um segundo mercado, o
de redistribuição. A distribuição de aço é um mercado extremamente
competitivo. A competição é principalmente baseada no preço. A própria
atividade de distribuição, que é muito mais comercial do que industrial,
estimula a concorrência pelo preço. Isto é, dado que os distribuidores não
produzem o que vendem e os produtos obedecem a padrões de qualidade
universalmente aceitos, como as normas técnicas ABNT ou padrões
automobilísticos, se destaca aquele que consegue vender a quantidade
desejada ao menor preço. O prazo é certamente importante também.
Contínuos atrasos desqualificam qualquer empresa neste setor.
Há distribuidores muito maiores do que a Juresa, um distribuidor
de porte médio, e que podem ameaçar sua atuação. De acordo com um
levantamento informal da Juresa junto ao Instituto Nacional de
Distribuidores de Aço (INDA), a rede de distribuidores é composta por 30
empresas com galpões e 800 redistribuidores, escritórios de representação
e traders. A Juresa estaria colocada em décimo lugar dentre os trinta
maiores distribuidores. Segundo o diretor e sócio da Juresa, André Zinn, os
principais concorrentes são Comercial Gerdau, Rio Negro, Zamprogna,
Fasal e Benafer.
Para fugir de uma cruel guerra de preços onde invariavelmente os
maiores vencem, o mercado de distribuição investe em oferecer serviços
agregados: a Juresa tem operações de corte e solda de chapas e perfis de
acordo com as necessidades do projeto do cliente. Desta forma, a empresa
busca outra forma de se diferenciar dos concorrentes além do preço, isto é,
está buscando oferecer valor ao cliente pelo qual estaria disposto a pagar
um adicional de preço.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 49
No modelo de Porter, os concorrentes constituem uma força
importante.
Fornecedores
São poucos os fornecedores dos distribuidores. Há apenas dois
grandes grupos nacionais que trabalham com aço ao carbono plano,
material com o qual a Juresa trabalha: CSN, em Volta Redonda (RJ), e
USIMINAS, em Ipatinga (MG). O principal fornecedor da empresa é a
COSIPA, siderúrgica de Cubatão (SP) controlada pela USIMINAS.
Isto joga muito poder para os fornecedores que obrigam os
distribuidores a trabalhar com constantes atrasos na entrega. Isto ocorre
porque as siderúrgicas não priorizam o mercado de distribuição,
responsável por cerca 30% do escoamento de sua produção, de acordo
com o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). A prioridade é dos grandes
contratos com o setor de construção civil de grande porte, montadoras de
automóveis, o setor de autopeças e tubos, os maiores consumidores de
aço no Brasil, ainda de acordo com o IBS.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), já
condenou as siderúrgicas brasileiras por formação de cartel econômico.
Em outubro de 1999, CSN, USIMINAS e COSIPA foram multadas em R$
58,45 milhões por entender que combinaram reajustes de preço. As
empresas recorreram da decisão e ainda não pagaram a multa, em disputa
judicial.
Em maio de 2000, montadoras acusaram as três empresas de
terem combinado reajustes dos aços planos entre 12% e 14%. A denúncia
foi encaminhada em maio à Secretaria de Direito Econômico, mas não
seguiu adiante por falta de evidências. Isto é, mesmo consumidores do
porte de montadoras às vezes perdem na disputa com as siderúrgicas.
Como podemos ver, os produtores de aço possuem grande poder
de negociação com os distribuidores, logo, no modelo de Porter, os
fornecedores constituem uma força muito importante.
Novos Entrantes
Para entrar no mercado da distribuição de aço, é preciso de capital
– para investir em galpões, máquinas de corte e dobra, equipamentos de
soldagem entre outros bens de capital, uma grande rede de
relacionamentos – para alavancar as relações comerciais, e know-how de
logística e varejo – afinal, as atividades principais de um distribuidor.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 50
Mesmo grandes grupos de logística e transporte não são ameaça
aos distribuidores de aço, dada a ausência de conhecimento da dinâmica e
dos atores do setor. As empresas distribuidoras de aço são de controle
familiar ou coligadas a produtores de aço, não há participação relevante de
grupos estrangeiros. Isto é, trata-se de um mercado tradicional, onde
dificilmente assistiremos à entrada de um novo participante. A única
ameaça de novos entrantes é a fusão de pequenos distribuidores que
podem ultrapassar a Juresa. Da mesma forma que a Juresa, ao se fundir
com a Multiaços – outro distribuidor, ameaça as empresas maiores.
Quando questionado sobre este assunto, André Zinn, afirmou “No
que diz respeito a novos entrantes é possível identificar movimentos sendo
realizados por empresas como a Gonvarri, que vem atendendo de maneira
intensiva a indústria automobilística de autopeças e linha branca. Ela é
uma empresa com preços e qualidades superiores aos da Juresa, mas o
conhecimento de mercado desta suplanta de longe os da Gonvarri. Ainda
assim foi preciso que a Gonvarri passasse a conhecer as nuances do
mercado para chegar na posição em que está”.
Desta forma, no modelo de Porter, consideraremos esta força
pouco importante.
Consumidores
A distribuição de aço ainda encontra um mercado de redistribuição,
escritórios de representação além da venda direta. A construção civil é a
principal consumidora dos tipos de aço que a Juresa comercializa. A
atividade de construção civil está presente no Brasil todo e contempla
desde pequenas obras a grandes investimentos de infra-estrutura, o que
faz deste mercado um espaço propício a diversos modelos de
fornecimento. A diretora da Juresa, Neide Maria Rocha, estima que no
Brasil 80.000 empresas comprem aço.
Assistimos então a um mercado de poucos vendedores e muitos
compradores. No entanto não é tão fácil vender, há que se construir e
manter um bom relacionamento com a rede de clientes, dada a virulência
da competição, muitas vezes travada na base do preço.
Trata-se, portanto, de uma força de importância média no modelo
de Porter, mas que não pode deixar de ser considerada. A consistência da
demanda deve ser claramente percebida, sempre.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 51
Produtos Substitutos
O aço é o material mais usado no mundo. Um levantamento do
International Iron and Steel Institute (IISI) atesta que aproximadamente
90% dos materiais do mundo, sem discriminação de aplicação, são da
família dos aços.
Há atualmente muitas pesquisas para substituí-lo por alumínio,
polímeros e materiais compósitos em muitas aplicações. Por exemplo, o
aço já sofreu duras derrotas como na indústria de embalagens de bebidas
gasosas. Nesta aplicação, o alumínio substituiu o aço em praticamente
todos os mercados mundiais por apresentar melhores propriedades como
baixa densidade sem comprometer custos.
A disputa na indústria automobilística, a mais aguardada entre aço
e alumínio, não está definida. De um lado, um consórcio mundial de 35
siderúrgicas, que compreende as brasileiras CSN e USIMINAS, chamado
Ultra Light Steel Auto Body (ULSAB) está desenvolvendo novas ligas de
aço, menos densas e mais resistentes. Do outro lado, está a indústria de
alumínio com seus recentes lançamentos como o Audi A2, cuja carroceria
é inteiramente de alumínio e é 40% mais leve do que a convencional de
aço. Outro exemplo de renome é a Ferrari 360 Modena, um
desenvolvimento conjunto entre a Alcoa e a Ferrari. O alumínio começou a
ser testado em automóveis nos Estados Unidos em 1960, com o uso de 25
quilos por carro. Hoje, a aplicação do alumínio naquele país soma 113
quilos por automóvel.
No entanto, as aplicações onde hoje são usados os aços que a
Juresa comercializa, os aços ditos comerciais, isto é, ao carbono, não
estão pertos de serem substituídos devido ao baixíssimo custo que
apresentam graças ao baixo custo dos insumos, larga escala de produção,
alto grau de otimização dos processos produtivos e alto grau de
reciclagem.
Sendo assim trata-se de uma força de pouca importância no
modelo de Porter.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 52
1.2 Fatores Críticos de Sucesso
Na Juresa, identificamos duas classes de fatores críticos de sucesso: fatores internos
ou operacionais e fatores externos.
a. Fatores internos
Por fatores internos ou operacionais, entendemos como aqueles que se referem à
operação diária da empresa, ao know-how de logística e de operações de processamento dos
metais.
Os principais fatores críticos de sucesso operacionais são:
Fazer controle de estoque;
Manter baixos custos operacionais;
Ter qualidade em operações de corte, dobra e solda;
Respeitar prazos de entrega.
Manter excelência nestes fatores é uma tarefa árdua que a Juresa vem fazendo há
muito tempo, num esforço sem fim. A empresa só o consegue graças a anos de experiência no
mercado de distribuição de aço. Desta forma, não é pretensão do presente estudo fazer
recomendações ou sugestões de melhoria nos processos internos da Juresa. Reconhecemos
que a empresa trata este assunto com grande importância e nos ateremos ao estudo dos
fatores externos.
b. Fatores externos
Os fatores externos, ou não-operacionais, são aqueles que envolvem o pessoal da
empresa que não trabalha no chão de fábrica ou no controle da produção e logística. São
fatores que envolvem principalmente a direção da empresa e a equipe comercial.
São estes:
Manter preços competitivos;
Manter bom relacionamento com clientes;
Conhecer e antecipar movimentos do mercado;
Segundo André Zinn, os canais de comunicação constituem o principal dos fatores
críticos de sucesso da empresa. Na nossa leitura, quando Zinn se refere aos canais de
comunicação, ele quer dizer a melhor utilização possível dos canais de comunicação, sejam
eles quais forem, para garantir o melhor fluxo de informações que permita satisfazer os fatores
críticos listados acima. Isto é, entendemos o uso inteligente e eficiente dos canais de
comunicação como o caminho a ser seguido para atingir os objetivos estratégicos da empresa,
alinhados nestes fatores críticos de sucesso.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 53
Explorar os canais de comunicação, a rigor, é a proposta do presente estudo. A seguir,
daremos prosseguimento à análise identificando os principais desafios enfrentados pela
empresa e as principais oportunidades que o mercado lhe reserva.
1.3 Principais desafios e oportunidades da Juresa
a. A visão da empresa
De acordo com André Zinn, a missão da empresa é “fornecer, com excelência, aços
para a Indústria”. A empresa busca ser vista como dinâmica, criativa e confiável. Diferente de
muitos empresários do setor, Zinn é familiarizado com novas tendências gerenciais e busca
sempre a inovação e a antecipação ao mercado como formas de se colocar à frente da
concorrência. A adequação do espírito gerencial da Juresa a movimentos como a valorização
da Gestão do Conhecimento será objeto de discussão posteriormente.
Utilizando-se de outra ferramenta de análise estratégica, a análise SWOT (Strength,
Weakness, Opportunities and Threats ou Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), Zinn
nos forneceu sua visão estratégica da Juresa, como podemos ver na Figura IV-2 abaixo. Esta
análise é complementar àquela feita com o modelo das cinco forças de Porter em 1.1b. A
técnica SWOT analisa a capacidade interna da organização e sua posição em relação aos
concorrentes. A capacidade interna tem como objetivo apresentar as deficiências e as
qualidades da empresa, considerando sua atual posição no mercado e seus produtos. A
análise externa tem a finalidade de estudar a relação e o jogo de influências que existe entre a
empresa e o ambiente no qual está inserida, apontando as oportunidades, desafios e ameaças.
Forças: Agilidade; criatividade e confiabilidade. Fraquezas: Instabilidade política Oportunidades: Mercado pouco profissionalizado, com muitos comerciantes que administram seus negócios de modo intuitivo. Ameaças: Governo (câmbio, liquidez interna, crise energética e crise no cone sul).
Figura IV-2 – Análise SWOT da Juresa segundo André Zinn.
Comentemos a análise de Zinn. Dentre as forças da empresa, agilidade e
confiabilidade se encaixam nas suposições feitas em 1.2a, quando assumimos que a empresa
buscava excelência nos processos internos de produção e logística. Criatividade, e também,
agilidade são características importantíssimas para uma empresa que não é líder e deseja
conquistar fatias de mercado e aumentar sua lucratividade. Estas características são claras na
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 54
Juresa, de acordo com o que nos foi descrito acima. A Juresa é pioneira na adoção de um
sistema de vendas de aço pela Internet. Ainda é cedo para avaliarmos ao certo o grau de
vantagem competitiva que este movimento trouxe à empresa, dado que representa apenas
1,66% de suas vendas, mas é fato que o arrojo será de alguma forma recompensado.
Podemos classificar este empreendimento, que hoje é apenas mais um canal de
vendas, sendo inclusive promovido internamente desta forma, como uma B-Web embrionária
de Agregação.
Zinn atribui as fraquezas da Juresa à instabilidade política reinante, o que é uma má
utilização do modelo SWOT. No modelo, a instabilidade política entraria como ameaça.
Fraquezas são pontos críticos inerentes à empresa e à sua atividade que podem levá-la ao
fracasso. No caso da Juresa, em nosso entender, suas fraquezas seriam seu pequeno porte
em relação a alguns concorrentes e sua dependência do fornecedor. O porte da empresa é um
problema pois não lhe confere fôlego para agüentar crises econômicas nem a facilidade que
uma empresa grande, com reservas fortes, tem em investir e explorar com mais liberdade
novas oportunidades de negócio. Ser pequeno também significa não ter condições de atender
a qualquer cliente. A Juresa pode se ver impossibilitada de entregar grandes volumes de aço
por não conseguir o capital de giro necessário para comprar o material do fornecedor nem
conseguir negociar prazos de pagamento e financiamento com este fornecedor, principalmente
dada a dependência que existe entre os dois. Ser pequeno é também não ter a possibilidade
de lidar com um forte crescimento nas encomendas, o que poderia ser a conseqüência de uma
política agressiva de investimentos num novo canal de vendas, a Internet. Isto é, a entrada da
Juresa no e-business deve ser cercada de controle para que não se corra o risco de vender o
que não se pode entregar.
Assim como nós, Zinn vê na imaturidade gerencial do mercado de distribuição de aço
uma oportunidade de crescimento. Como dito acima, a Juresa possui um espírito inovador e
flexível que não é visto na maioria das suas concorrentes. Mudanças na forma como se conduz
os negócios podem gerar grandes resultados. Isto ficou claro para o mundo na guerra entre as
montadoras norte-americanas e japonesas nas décadas de 1970 e 1980. Foi a batalha dos
dinossauros norte-americanos, gigantes e pregados ao chão, contra a moderna gerência
japonesa que acabara de inventar a produção enxuta, que mudaria o mundo industrial. Nesta
época de mudanças descritas no início do estudo, a Juresa pode encontrar uma janela de
oportunidades, fazendo-se valer do despreparo e rigidez de muitos de seus concorrentes.
É interessante notar que Zinn inclui o Governo e suas políticas monetárias, fiscais e de
comércio exterior como uma ameaça à empresa. A figura do Governo ainda não tinha sido
inserida na discussão. Não é objetivo do presente trabalho argüir sobre o papel e o peso do
governo na vida empresarial. Sabe-se que o Governo influencia e muito as decisões nas
empresas. Negócios como o da Juresa são particularmente afetados pela instabilidade e
incerteza da formação do Mercosul – o bloco econômico de livre comércio entre Brasil,
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 55
Argentina, Uruguai e Paraguai, e futuramente Chile e Bolívia, e por problemas como a crise
energética – que afetam todo o setor industrial. Um bom monitoramento do Governo, de suas
ações e decisões, é essencial para antecipar tendências do mercado.
b. Desafios da Juresa
Como vimos, a Juresa deve lidar com quatro grandes questões:
A consistência da demanda;
A alta competitividade do mercado
O poder dos fornecedores
As ações do Governo
São as forças mais relevantes apontadas pelo modelo das cinco forças de Porter em
1.1b, a ameaça mais forte apontada por André Zinn em sua análise acima e remetem
diretamente aos fatores críticos de sucesso, levantados em 1.2b, mais exatamente “Manter
preços competitivos”.
Expliquemos esta relação: a formação do preço dos produtos da Juresa não é ditada
exclusivamente por planilhas de custos de operação e de matéria-prima. O preço do aço
distribuído pela empresa depende das condições de fornecimento e pagamento do material
negociadas com as usinas e depende dos movimentos da concorrência, assim como também
depende das decisões do governo. Isto é, saber o que acontece ao longo da cadeia de valor do
aço é essencial para a empresa se manter no jogo: não perder dinheiro por apertar
excessivamente suas margens de lucro nem por cobrar preços abusivos. Quando Zinn nos fala
dos canais de comunicação, a mensagem é clara. Vende melhor aquele que está informado.
Três dos elementos levantados acima, concorrentes, fornecedores e governo, formam
a parte principal do ambiente externo que a Juresa deve monitorar, isto é, trata-se de uma
posição passiva, mas não menos importante. É essencial que a demanda também seja
monitorada, mesmo sendo uma força média no modelo de Porter. O desafio é saber, para
poder decidir e agir.
c. Oportunidades para a Juresa
Agir. Como dito acima, do desafio inerente à complexidade do mercado surge a
oportunidade de agir da melhor forma de acordo com a estratégia da empresa. Se
entendermos que a Juresa possui a flexibilidade para se antecipar aos concorrentes, o fator
crítico “Conhecer e antecipar movimentos do mercado”, explorar as informações do mercado
para gerar conhecimento e subsidiar tomadas de decisão são uma oportunidade excelente
para a empresa.
Esta afirmação tanto é mais verdadeira quanto assumimos que a equipe gerencial da
empresa é mais aberta e flexível do que a média dos concorrentes.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 56
Uma outra oportunidade que se apresenta na Juresa é a exploração do fator crítico de
sucesso “Manter bom relacionamento com clientes”. Trata-se da oportunidade de explorar a
diferenciação pelo bom relacionamento com os clientes. Isto é, estruturar o processo de
conhecer o cliente para melhor atende-lo e antecipar suas necessidades. Veremos mais abaixo
como isto gera valor para a empresa.
1.4 Identificação dos capitais-chave
Da análise conduzida acima podemos identificar os capitais de conhecimento, como
descritos no início do estudo, mais importantes para o desenvolvimento da Juresa, no estágio
em que a empresa se encontra hoje.
a. Capital Ambiental
Vimos que um dos maiores desafios da empresa é manter a vigília sobre os
acontecimentos do ambiente externo e conseguir encontrar ações que tirem proveito da
configuração do mercado. Desta forma, destacamos o Capital Ambiental como capital-chave na
Juresa.
Neste ramo de distribuição, a concorrência pelo preço faz com que seja necessário um
mapeamento criterioso das variáveis econômicas, financeiras, tecnológicas e sociais que
influenciem no negócio. A Juresa precisa desenvolver a competência de análise e tomada de
decisão em cima destas informações.
Por exemplo, monitorando o mercado, a Juresa pode tirar da informação do hipotético
aumento nas barreiras comerciais ao minério de ferro brasileiro no exterior a análise de que o
preço do minério vai baixar e logo vai flexibilizar as negociações entre as usinas e os
distribuidores: matéria-prima mais barata geraria uma boa vontade dos produtores em negociar
a preços e condições melhores o aço para os distribuidores. Desta forma, a Juresa poderia
planejar encomendas de grande volume antes da concorrência e abaixar seu preço antes
também. Isto é, a análise do mercado e a antecipação de ações geram aumento de vendas e
maior lucratividade.
b. Capital de Relacionamento
No entanto, um mercado onde impera a guerra de preços é um mercado onde há
canibalização das empresas. Todos, grandes e pequenos, apertam suas margens de lucro
cada vez mais, o que é desvantajoso para o mercado como um todo. Como é prejudicial para
todos os players manter a competição apenas no preço, surge a necessidade da diferenciação
mesmo na distribuição de aço, um mercado de commodities. Ter diferenciação é o conceito de
ser percebido pelo cliente como agregando um valor ao produto e serviço que o concorrente
não tem e pelo qual o cliente esteja disposto a pagar um adicional de preço.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 57
A pergunta seria: o que um produto vendido pela Juresa tem que os outros não? Vimos
que um dos caminhos escolhidos para a diferenciação no mercado de distribuição de aço é a
agregação de serviços como corte, dobra e solda.
No entanto, podemos ir além. Podemos expandir o escopo da pergunta da seguinte
forma: porque ter a Juresa como fornecedora é melhor?
Isto é, a Juresa pode criar diferenciação trabalhando o relacionamento com seus
clientes. Comprar com a Juresa deve gerar mais valor ao cliente do que comprar com o
concorrente e deve haver um custo para o cliente mudar de fornecedor. Isto pode se dar de
diversas maneiras, mas todas trabalham o capital de relacionamento, outro capital-chave para
a empresa.
Dentre os vetores de diferenciação há os elementos intrínsecos ao produto entregue
que são qualidade do produto, prazo, serviços incluídos, disponibilidade do produto – tudo isto
pode ser medido, há normas e padrões. No entanto, sugerimos que sejam trabalhados os
vetores de diferenciação intangíveis. Os elementos envolvidos na venda que não contém ferro,
carbono ou que não possam ser medidos. Como acontece nos outros setores afetados pela
revolução do conhecimento, a Juresa deve agregar serviços ao seu produto.
Na mente do cliente, comprar pela Juresa deve ser mais rápido, mais eficiente, menos
trabalhoso, menos custoso; comprar pela Juresa deve envolver a garantia subjetiva, a
confiança que o material chegará no prazo. A Juresa deve conseguir antecipar necessidades
dos clientes e valorizar a antiguidade do relacionamento com descontos e melhores políticas
comerciais.
A Juresa precisa de um esforço estratégico pelo relacionamento, isto é planejar e
executar políticas de desenvolvimento do seu relacionamento com os clientes, mecanismos
que permitam extrair o máximo de informação de cada interação. Ela deve investir na
construção de uma percepção pelo cliente de valor maior do que com os concorrentes.
A Juresa precisa desenvolver sua marca, uma identidade que carregue os valores da
empresa e que, na cabeça do cliente, seja sinônimo de qualidade do produto e do atendimento.
Uma identidade que carregue consigo um apelo de valor. Isto se consegue investindo em
mecanismos de fidelização do cliente, voltando a empresa para o cliente e aprendendo com o
cliente sempre, na ânsia de melhor servi-lo.
A base de clientes é um dos pilares do valor da empresa, investir em aumentá-la é uma
das formas de gerar riqueza, outra é investir em melhor explorar a base conquistada. A
segunda abordagem é de menor custo.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 58
c. Outros capitais
Capital ambiental e de relacionamento foram apontados como os mais importantes
para o desenvolvimento da empresa. No entanto, é evidente que não podemos deixar de lado
os outros capitais do conhecimento, o intelectual e o estrutural.
Como vimos, acima em 1.1a, uma das vertentes da estratégia é decidir o que não
fazer. Avaliamos que dado o estágio atual de desenvolvimento da Juresa e dado o ambiente de
negócios em que está inserida, trabalhar a gestão do conhecimento com foco nos dois capitais
descritos acima seria muito mais proveitoso.
A empresa já conta com processos definidos e uma administração eficiente. A Juresa
possui filiais que repetem os processos da matriz e se reportam a ela. Não é crítico para o
crescimento da empresa que se invista em capital estrutural.
Da mesma forma, o capital intelectual não é o mais importante hoje. A empresa não
depende de inovação nos processos nem nos produtos e não necessita de complexos
programas de treinamento de mão-de-obra. Investir no capital humano sempre traz frutos
positivos, mas não é o ponto crucial na Juresa.
O Capital Ambiental será tratado por um núcleo de Inteligência Competitiva que será
detalhado a seguir. Porém, como o de Relacionamento também se destaca como fundamental
para a empresa nesse momento algumas considerações sobre ele também serão feitas.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 59
2. A Inteligência Competitiva na Juresa
Após a análise estratégica da posição da Juresa, a identificação de suas vantagens,
desvantagens, oportunidades e ameaças e principalmente, com a definição dos capitais do
conhecimento que a empresa deve desenvolver, estamos em condições de apresentar uma
proposta de gestão do conhecimento na Juresa. Trata-se da implantação de uma Unidade de
Inteligência Competitiva.
Esta unidade aproveitaria não só o monitoramento do ambiente de negócios mas
também as informações levantadas no relacionamento com os clientes, graças ao e-business.
Veremos a seguir os diferentes elementos desta ferramenta de Inteligência Competitiva e
fecharemos a discussão consolidando e estruturando a proposta.
2.1 O monitoramento do ambiente de negócios
a. Objetivos
Os objetivos da Juresa em implementar uma sistemática de monitoramento e análise
do mercado são:
Manter os preços competitivos;
Se antecipar a movimentos de concorrentes e fornecedores;
Prever a evolução da demanda;
Prospectar possíveis fusões e aquisições de outros distribuidores de aço
Prever medidas do governo;
Acompanhar as inovações tecnológicas.
Para alcançarmos estes objetivos, é preciso definir quais acontecimentos e
movimentos devem ser acompanhados. Esse é o princípio das vigilâncias estratégicas que
desenvolvemos a seguir.
b. Vigilâncias
Como definido acima, as empresas devem manter quatro tipos de vigilância para
monitorar o ambiente externo. São elas a vigilância tecnológica, a econômica, a política e legal
e a social.
Vimos no modelo das cinco forças de Porter da Juresa, em 1.1b, e na análise SWOT,
em 1.3, que as necessidades de informação da Juresa são essencialmente sobre os
concorrentes, os fornecedores, a demanda e o governo. As informações coletadas no
relacionamento com os clientes serão tratadas em 2.2 abaixo.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 60
Assim, as linhas de monitoramento mais importantes são, por ordem de importância, a
econômica, a política e legal e a tecnológica. A vigilância social não é estratégica para a
Juresa. Informações sobre condições da mão-de-obra, infra-estrutura social, de saúde e
educação na região em que opera já estão incorporadas ao dia-a-dia da empresa e pequenas
mudanças nestes aspectos não afetam a empresa. A Juresa é uma empresa de comércio
interempresarial, ela não fornece a consumidores finais. A empresa poderia ser afetada por
mudanças político-sociais como alterações nas leis trabalhistas, mas isto estaria contemplado
na vigilância política e legal.
Vimos que a ameaça de novos entrantes e de produtos substitutos é fraca. Isto é,
embora a Juresa tenha que manter a observação nos novos desenvolvimentos tecnológicos,
esta vigilância é muito maior em cima de seus concorrentes e fornecedores, que tecnologia
usam? Estariam conseguindo cortes de custos graças à tecnologia? A Juresa não precisa
monitorar a pesquisa científica em universidades, à busca de novos materiais ou novas
aplicações. A Juresa não produz, revende. Esta preocupação é forte nas usinas siderúrgicas. O
desenvolvimento tecnológico deve ser visto então, pela Juresa, como oportunidade de negócio,
levantando as possibilidades de comercialização de novos produtos, de novos mercados. Isto
é, quais novas ligas de aço podem ser utilizados pelos clientes da Juresa? É importante
ressaltar que, de acordo com André Zinn, a missão da empresa é “fornecer, com excelência,
aços para a indústria”, como visto em 1.3a. Dentro da estratégia da Juresa, a vigilância
tecnológica tem importância menor que a econômica e a política. À Juresa interessa mais
saber que novos processos e sistemas logísticos estão disponíveis no mercado, ou novas
máquinas de corte, dobra e solda, novos sistemas de informação, como a Internet e outras
ferramentas para suas operações, e a de seus concorrentes.
O governo é um ator importante no mercado e segundo Zinn, uma forte preocupação
na Juresa. A atividade de distribuição de aço vem sendo fortemente influenciada pelos
seguintes pontos:
Políticas comerciais externas – como as disputas protecionistas com os
EUA e na Organização Mundial do Comércio, a formação de blocos
econômicos como o Mercosul e a Associação de Livre Comércio da
Américas;
Medidas que toquem diretamente o desenvolvimento industrial no Brasil -
como a crise energética, incentivos fiscais à indústria em certa regiões ou
obras públicas;
Políticas fiscais e monetárias – como mudanças na carga tributária e taxa
de juros;
Outras leis e decretos que afetem a vida empresarial – como leis
trabalhistas e leis ambientais.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 61
A vigilância econômica é a mais importante para a Juresa dada a competitividade do
seu mercado, uma guerra de preços, e dada a força dos fornecedores nas negociações. A
Juresa precisa monitorar constantemente os outros distribuidores e os produtores de aço. O
mercado em que a Juresa atua é extremamente complicado, pois os fornecedores também são
concorrentes, em algumas ocasiões. Sempre comercializam o mesmo produto, mas a
quantidades diferentes. Os distribuidores atendem encomendas menores. Como vantagem
alcançada pelos distribuidores estão as operações de corte, dobra e solda, não realizadas
pelas usinas siderúrgicas. A vigilância deve ser mantida também sobre os compradores e seus
mercados para tentar prever ou, ao menos, evitar surpresas com relação à demanda.
Como para a vigilância política e legal, podemos listar as grandes linhas de
monitoramento na vigilância econômica:
Preço – preços praticados pelos concorrentes, preços de venda dos
fornecedores e compradores;
Estratégia – estratégias declaradas dos concorrentes, fornecedores e
compradores, mercados em que atuam, clientes estratégicos de outros
distribuidores;
Operação – sucessos e fracassos operacionais de concorrentes,
fornecedores e compradores e a devida influência na qualidade e preço
dos produtos e serviços;
Saúde financeira – balanços contábeis dos fornecedores e compradores
cujas ações são listadas em bolsa, dívidas contraídas por concorrentes,
falências e concordatas;
Financiamento – novas linhas de financiamento públicas e privadas
relacionados ao aço ou a produtos que o utilizem;
Fusões – na análise das cinco forças de Porter em 1.1b vimos que a única
ameaça de novos entrantes é a fusão de distribuidores menores. Estes
movimentos devem ser monitorados.
Podemos sintetizar as necessidades principais de informação da Juresa, cruzando com
os atores do jogo competitivo na Tabela IV-1 abaixo.
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Vigilâncias Atores do mercado Econômica Política e Legal Tecnológica
Concorrente, Fornecedores e Compradores
A qual preço vendem?
Para quem vendem?
O quanto vendem?
Quais são as suas
estratégias?
Estão tendo sucesso/fracasso
nas operações?
Têm dívidas?
Com quem se relacionam?
Qual a qualidade do
relacionamento deles com o
governo?
Quais novas tecnologias estão
sendo usadas?
Qual o ganho obtiveram com a
adoção de novas tecnologias?
Governo
Como evoluem:
- as disputas protecionistas
com os EUA e na OMC?
- a formação do Mercosul e da
Alca?
- a crise energética?
- carga tributária e taxa de
juros?
- leis trabalhistas e leis
ambientais?
Há novos incentivos fiscais ou
obras públicas?
Novos entrantes e Produtos Substitutos
Quais fusões e aquisições
estão ocorrendo?
Há novas ligas de aço de
interesse?
Outros Quais novas linhas de
financiamento estão
disponíveis?
Quais novas tecnologias
estão disponíveis para as
operações da Juresa?
Tabela IV-1 – Necessidades de informação da Juresa, sem a análise dos compradores
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 63
c. Identificação das fontes
A Inteligência Competitiva é a sistematização do monitoramento do mercado. Dada a
definição formal da necessidade de informação da Juresa, é necessário que levantemos as
fontes de informações a serem utilizadas e estruturemos um sistema de pré-tratamento destas
informações.
Vimos que entre os profissionais de gestão de conhecimento, é lugar comum dizer que
noventa por cento da informação necessária para o monitoramento do mercado é pública e
gratuita. Isto é, basta saber procurar, saber filtrar e principalmente saber analisar.
As manobras e reações dos concorrentes geralmente são consistentes com seus
objetivos enunciados, suas premissas passadas, seus pontos fortes e fracos e com as
declarações públicas dos líderes.
Os comentários de clientes e fornecedores, que invariavelmente acabam fazendo
negócios com os concorrentes da Juresa, também oferecem meios para o desenvolvimento de
um quadro das futuras intenções destes concorrentes assim como colaboram no entendimento
da situação política, econômica e social que influencia os negócios da empresa.
De acordo com a metodologia desenvolvida pelo Centro de Referência em Inteligência
Empresarial – CRIE/COPPE/UFRJ, as informações possuem atributos que servem como
classificadores. Fizemos uma adaptação da forma de classificação do CRIE que julgamos ser
mais adequada para o caso da Juresa. Veja na Tabela IV-2 abaixo as regras de classificação.
Como vimos acima, toda empresa já pratica alguma forma de Inteligência Competitiva.
Segundo André Zinn, a Juresa, por estar “em um mercado de intensa concorrência realiza a
monitoramento de seus concorrentes através de: contatos pessoais; clippings diários [de
notícias]; contatos diretos com os clientes; participação em feiras e congressos; análise de
relatórios publicados [por organismos especializados]; pesquisas nos websites dos
concorrentes e contatos com fornecedores”.
Com o uso da Internet, a coleta de informações e armazenamento das informações
ficou impressionantemente mais eficiente e fácil. Praticamente tudo está digitalizado e a alguns
cliques de distância.
Abaixo, na Tabela IV-3, apresentamos um levantamento e uma pré-classificação das
fontes de informação úteis á Juresa. O rótulo de importância serve como guia para o trabalho
de coleta de dados, isto é, são uma medida de prioridade entre as fontes de coleta.
É importante notar que para o mercado de siderurgia, há dois excelentes clippings de
notícias que cobrem praticamente todas as informações divulgadas pela imprensa escrita
brasileira. São os clippings do InfoMet, bissemanais e gratuitos, e os do INDA, diários e
exclusivos para distribuidores de aço filiados ao INDA. O InfoMet ainda apresenta a vantagem
de trazer notícias de fontes internacionais traduzidas para o português.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 64
Atributo Conteúdo
Fonte Nome da fonte que trouxe a informação.
Origem Qualificação da fonte, isto é, informar se é
jornal, revista, Internet, conversa com
fornecedor, entre outros, determinando se é
uma fonte interna ou externa à organização.
Tratamento Classificar em fontes primárias, caso os fatos
estejam sem tratamento, ou em fontes
secundárias, caso o conteúdo seja fruto de uma
análise ou tratamento gerados a partir de fatos
ou fontes primárias.
Estrutura Classificação quanto à formalização da fonte,
isto é, se é textual e estruturada ou se é
informal, fruto de conversas, conferências,
reuniões,...
Nível de confiabilidade Determinação da credibilidade e confiabilidade
da fonte. Trata-se de um critério subjetivo, mas
que precisamos explicitar pois uma informação
com baixo grau de credibilidade pode ser
perigosa nas análises. A escala de classificação
pode ser numérica, de 1 a 5, por exemplo, ou
em faixas, como “alto risco”, “confiança
subjetiva”, “confiável” e “altamente confiável”.
Atendimento Necessidades atendidas pela informação, isto é
levantado graças à matriz da Tabela IV-1 acima.
Data Data em que a informação foi publicada, caso
não seja possível saber, escolhemos a data em
que a informação chegou à empresa.
Tabela IV-2 – Aspectos de classificação de informação para a Juresa
UFRJ/COPPE/CRIE – MBKM 3 A Gestão do Conhecimento na Distribuição de AçoProjeto de fim de curso Adriano Ribeiro, Gabriel Felzenszwalb, Joana Rabello
IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 65
Tipo Importância Fonte
Gazeta Mercantil
Valor Alta
Jornais locais nas regiões em que Juresa atua
(ex.: Tribuna de Santos)
Folha de S. Paulo Média
Estado de S. Paulo
Jornais
Baixa Outros jornais (O Globo, Estado de Minas,...)
Revista do Aço (INDA)
Metalurgia & Materiais
MercoMetal Alta
Revista da Construção Civil
Média Exame
Revistas
Baixa Outras revistas (Veja, Isto é,...)
InfoMet
Metal Bulletin Alta
SteelBB
Média Met@lica
Sites
Baixa CIMM
Gazeta Mercantil
Relatórios Alta Consultorias (podem ser caros, mas alguns
relatórios são abertos ao público)
Fornecedores primários
Clientes (ver abaixo)
Associações (INDA, IBS, IISI, ILAFA,
ABACEM, ABM,...)
Alta
Concorrentes
Fornecedores secundários
Relacionamento
Média Conferências, seminários
Tabela IV-3 – Fontes de informação da Juresa
UFRJ/COPPE/CRIE – MBKM 3 A Gestão do Conhecimento na Distribuição de AçoProjeto de fim de curso Adriano Ribeiro, Gabriel Felzenszwalb, Joana Rabello
IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 66
2.2 O relacionamento com clientes
Como vem sendo mencionado ao longo do estudo, os clientes são uma excelente fonte
de informação para a atividade de monitoramento do ambiente de negócios. Afinal, a empresa
estando toda voltada para os clientes, é natural que se guie pelas pistas que deixam.
Por melhor que seja o relacionamento de um cliente com a Juresa, ele sempre estará
ativa ou passivamente em contato com distribuidores de aço concorrentes. Extrair políticas
comerciais dos concorrentes pelos clientes não é fácil, mas é possível.
Esta tarefa é tanto mais facilitada quanto se investe em manter e preservar
relacionamentos duradouros com os clientes, preservando qualidade, respeito a prazo,
transparência e pronto atendimento.
No entanto, há formas de colhermos informações de clientes indiretamente, mas de
grande valia.
a. A oportunidade do e-business
Desde o século XVII com a invenção da primeira calculadora por Pascal, o homem vem
tentando fazer contas mais rápido. Hoje, com os microcomputadores, a capacidade de
processamento e armazenamento de informações é inimaginável. Quando se transporta os
negócios e relacionamentos para um ambiente totalmente virtual e digital, a Internet, podemos
usar desta capacidade de armazenamento e processamento para extrair valor e oferece-lo de
volta ao cliente.
De forma mais clara, gravando todos os passos e transações dos clientes, podemos
traçar padrões de comportamento, padrões de compra e obter conhecimento completo das
preferências dos clientes. Assim, podemos criar novas ofertas, promover vendas cruzadas,
vendas em seqüência, além de possuir o ativo estratégico deste conhecimento para guiar o
desenvolvimento da empresa.
Este conceito, chamado de Business Intelligence, ou Inteligência de Negócios, que
nada mais é do que explorar os dados e informações existentes ou à disposição para gerar
valor, já vem sendo usado em ramos mais antenados nas tecnologias de informação, como o
varejo on-line, o setor de telecomunicações e o setor financeiro.
A Amazon.com, a maior livraria virtual do mundo, é pioneira neste tipo de abordagem.
Todos os passos dos consumidores no site são registrados em arquivos chamados logs. Há
logs de navegação, logs de busca por produtos, logs de transações além dos bancos de dados
de cadastro de clientes e de produtos.
Do estudo destas bases de informações, a Amazon.com tira os insights que subsidiam
o lançamento de novos produtos, com o estudo das correlações entre transações, produtos e
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 67
clientes, remodelagens no site, a partir do estudo da navegação e das compras, entre outras
ações de conquista de participação na mente e no bolso do cliente.
Isto é, conhecendo a fundo a base de clientes e sabendo exatamente o quê e quando
sugerir, a empresa consegue gerar mais vendas para os mesmos clientes, aumentando o gasto
médio por cliente. Trata-se de uma forma de aumento de receita menos custosa do que a
conquista de novos clientes, ou seja, de participação no mercado. Esta tendência de explorar o
ativo de conhecimento de relacionamento com os clientes é chamada de Customer
Relationship Management, ou gestão do relacionamento com cliente, também conhecida pela
sigla CRM.
O CRM não é exclusivo da Internet, muito pelo contrário. No entanto, é muito fácil
obter, armazenar e processar as informações necessárias para um bom relacionamento com o
cliente pelos canais de e-business. Isto é verdade porque tudo já é digital.
A Inteligência Competitiva requer aplicação de suas análises. Quando a prospecção e
a análise de informações não é acompanhada por uma tomada de decisão, temos um esforço
inútil. Nesta discussão sobre o aproveitamento das vantagens do e-business estamos
eliminando o analista de Inteligência Competitiva e estamos auxiliando e acelerando a tomada
de decisão, integrando-a diretamente ao processo de vendas.
Nossa proposta completa de Inteligência Competitiva integrando a análise de
informações coletadas em fontes diversas, descrita em 2.1 acima, e a ferramenta de auxílio a
vendas que vamos descrever agora será consolidada em 2.3 abaixo.
b. Estudo de um sistema de auxílio à venda
A Juresa pode e deve usar os recursos de coleta, análise de dados e tomada de
decisão em seu sistema de e-business. Faremos a seguir o estudo do sistema, com suas
necessidades de informação e suas saídas.
Podemos entender melhor a ferramenta com o fluxograma na página 68.
UFRJ/COPPE/CRIE – MBKM 3 A Gestão do Conhecimento na Distribuição de AçoProjeto de fim de curso Adriano Ribeiro, Gabriel Felzenszwalb, Joana Rabello
IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 68
Especificação do sistema de auxílio à venda da Juresa
1. Foco Ferramenta de tratamento de dados de clientes e de transações para
auxiliar a equipe comercial da Juresa no processo de venda de produtos
siderúrgicos.
2. Objetivo A ferramenta serve para alimentar os vendedores com informações úteis
no processo de vendas:
Alertando-os quando ocorrerem fuga de padrões que
podem significar oportunidades de negócio ou ameaças;
Possibilitando o acesso rápido e estruturado a
informações complexas que os auxiliem a melhor entender o
mercado, os concorrentes e o cliente e suas necessidades;
Isto é, a ferramenta serve para aprofundar os relacionamentos entre
vendedores e clientes e monitorar o comportamento dos clientes para
responder rápido a oportunidades e ameaças que possam surgir.
3. Público-alvo Equipe comercial da Juresa, 12 vendedores.
4. Premissas Sistema de e-business funcionando;
Vendedores confortáveis com o e-business e incentivados a
usa-lo (trataremos a questão da motivação em 3 abaixo);
Sistema de e-business não substitui o vendedor, é uma
ferramenta de vendas. A figura do vendedor continua indispensável;
Implementação de registro dos usuários na navegação do
sistema de e-business e do registro de transações;
Integração completa, funcional e visualmente, da ferramenta
com o sistema de e-business;
Unidade de Inteligência Competitiva implantada e funcionando,
alimentando um banco de dados de informações estruturado de
acordo com as especificações em 2.1c.
5. Fontes de
dados
Registro de navegação no sistema de e-business;
Registro de transações;
Banco de dados de clientes e suas preferências;
Banco de dados de vendedores e suas preferências;
Banco de dados de informações do ambiente de negócios;
6. Saídas Relatório semanal por vendedor com as informações relevantes
de acordo com suas preferências;
Relatório sob demanda com informações agrupadas por cliente
ou grupo de clientes, com filtro de busca para refinar a procura por
informações;
Relatório sob demanda por cliente com o padrão de uso do
sistema, trazendo informações como freqüência de acesso, número
de operações por acesso, encomenda média por acesso e as
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 69
variações ao longo do tempo destas informações;
Alertas enviados por e-mail para o vendedor ou grupo de
vendedores quando determinadas regras de negócio (descritas
abaixo) acontecerem;
Tabelas e gráficos de vendas com acompanhamento por
produto ou grupo de produtos, por cliente ou grupo de clientes, por
vendedor ou grupo de vendedores.
7. Regras de
alertas
Interface de customização de regras de negócios para o disparo
de alertas;
Regras-padrão editáveis:
Alerta quando um dado cliente tem um aumento ou
decréscimo de mais de X% (valor editável) sobre o volume
médio de cotações/vendas por encomenda (ou por mês,
intervalo de tempo editável);
Alerta quando um dado cliente aumenta/diminui sua
freqüência de cotações/pedidos em X% (valor editável);
Alerta quando prazos/condições de
pagamentos/entrega negociados com um dado cliente são
alterados;
Alerta quando a freqüência de acesso ao sistema de e-
business cair/aumentar em X% (valor editável).
8. Ambiente A consulta às informações e a geração de relatórios é feita de forma
integrada à Intranet da Juresa e ao sistema de e-business hoje em
operação.
Desta forma, a consulta é toda via browser e não há necessidade de
cada vendedor instalar um software em seu computador.
9. Controle de
Acesso
O acesso é controlado por senha para cada vendedor. Há controle de
privilégios de uso para que somente pessoas autorizadas tenha acesso a
determinados relatórios e alertas.
Tabela IV-4 – Especificação do sistema de auxílio à venda da Juresa
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 70
Informações VendedoresClientesTransaçõesNavegação
Sistema
Entrada de dados
Bancos de dados
Processamento dosdados
Saídas deinformações
Relatórios semanaispersonalizados
Relatórios sob demanda
Alertas
Tabelas e gráficosanalíticos
Acesso controlado
Figura IV-3 – Fluxograma de funcionamento da ferramenta de auxílio à venda da Juresa
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 71
c. Possíveis novos desenvolvimentos
A ferramenta descrita acima é complexa e abrangente. No entanto, é fundamental
desenvolve-la de forma inteligente, isto é, planejando-a para futuras melhorias e novas
implementações. Sem isso, novas idéias significariam refazer tudo, a um custo muito alto.
Com esta preocupação, levantamos dois caminhos naturais que a ferramenta deve
seguir: o uso de algoritmos de mineração de dados e um sistema de personalização do site.
A mineração de dados, ou data mining, consiste na exploração com objetivos de
negócios definidos, usando complexos algoritmos matemáticos, de grandes bases de dados à
procura de correlações, padrões e tendências. Trata-se do processo de busca de
conhecimento em bases de dados. Os resultados da pesquisa em data mining fornecem a
inteligência necessária para tomadas de decisão inovadoras.
Para a Juresa, a mineração de dados poderia ser usada com diversos objetivos:
identificar os grupos de clientes mais rentáveis, desenvolver modelos para prever o
comportamento futuro dos clientes, a partir da identificação de padrões de consumo, entre
outros.
Com estas informações a Juresa pode desenvolver contratos de longo prazo de
fornecimento customizados para cada cliente. O cliente ganharia tempo no processo de
compra, a Juresa teria receitas asseguradas. É um claro exemplo de como o relacionamento
gera riqueza para a empresa e seus consumidores.
Há diversas abordagens de mineração de dados e para cada uma há diversas técnicas
disponíveis, como clusterização, redes neurais, regras de associação, árvores de decisão,
entre outras.
Dentre as mais importantes, podemos destacar as seguintes abordagens:
Segmentação – O objetivo desta análise é a separação dos dados
e subgrupos com significado, isto é, reunindo elementos com
características semelhantes nos mesmos grupos. Esta técnica é
muito útil para identificar grupos de clientes para a Juresa,
analisando, por exemplo, a influência do porte, localização,
freqüência de encomendas e muitas outras variáveis de negócio.
Predição – Construir modelos preditivos é uma forma de prever o
futuro. Trata-se de definir os valores de variáveis com base em
outras mapeando comportamentos e padrões a partir de dados
históricos. A Juresa poderia usar modelos preditivos como
inteligência para sua equipe comercial e seu controle de estoque.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 72
Análise de dependência – Consiste em descobrir modelos que
descrevam correlações entre dados e eventos para a identificação
de dependências. Assim, é possível promover o cruzamento de
produtos, usando vendas com outros clientes para promover
vendas com novos.
A ferramenta da Juresa pode lidar com a mineração de dados de duas formas: pode
haver um módulo de mineração desenvolvido dentro dela ou ela pode ter uma interface de
comunicação com pacotes comerciais fechados de data mining, como o SPSS, SAS, MineSet.
Esta questão deve ser avaliada oportunamente, dado que nem estes pacotes nem o
desenvolvimento são de baixo custo. O importante é que a coleta de dados, desde hoje, seja
feita de forma inteligente e estruturada para o aproveitamento futuro.
O segundo possível desenvolvimento da ferramenta da Juresa é um sistema de
personalização do site. O objetivo deste tipo de iniciativa é aumentar a qualidade do
relacionamento com o cliente. Permitindo que o relacionamento de cada cliente com a Juresa
seja único e criando um vínculo que custaria ao cliente quebrar, gerando lealdade e impedindo-
o de migrar para a concorrência.
Isto pode ser feito basicamente de duas formas:
Com a definição das preferências do cliente nas formas de interação
com a Juresa. Por exemplo, layout e cores personalizadas do site,
registro de fácil acesso das compras passadas, registro das
preferências de negócios do cliente como prazo de entrega e
condições de pagamento;
Com sugestões e recomendações de produtos baseado em regras de
negócio definidas pela Juresa, nos dados históricos de transações
deste cliente e de todos e nas correlações entre produtos identificados
pela mineração de dados.
Com um sistema de personalização, a Juresa consegue diferenciar seus clientes e
tratar melhor aqueles que lhe trazem mais valor e aqueles com maior potencial de valor.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 73
2.3 Planejamento da Unidade de Inteligência Competitiva
Apresentamos as necessidades de informação para o bom monitoramento do ambiente
de negócios e como o uso do sistema de e-business poderia se integrar à Inteligência
Competitiva, atuando como fonte de dados e como ambiente de disseminação das informações
levantadas.
Agora, definiremos os moldes da Unidade de Inteligência Competitiva na Juresa.
Conforme já mencionado em II.1.4 usaremos a metodologia desenvolvida pelo CRIE, cujos
pontos relembramos a seguir:
1. Identificação das necessidades de informação
2. Coleta de informações
3. Tratamento das informações
4. Análise das informações
5. Disseminação
6. Avaliação de resultados
Os processos e metodologias do primeiro, segundo e terceiro pontos foram definidos
em 2.1 acima. De fato, identificamos quais as vigilâncias (Tabela IV-1) que a Juresa deve
exercer sobre o mercado e suas respectivas ligações com os atores, oportunidades e ameaças
presentes. Em seguida, definimos quais seriam nossas fontes de informação e suas
respectivas importâncias no processo de coleta de informações (Tabela IV-3). Por fim,
definimos como será nossa metodologia de tratamento e validação destas informações,
associando a cada elemento uma série de atributos listados na Tabela IV-2.
Na etapa de análise das informações, quarta etapa da metodologia, é avaliada a
pertinência das novas informações diante dos assuntos estratégicos pesquisados. Nesta fase é
gerada o conhecimento, é a fase crítica do processo, pois envolve a avaliação e interpretação
acerca de incertezas.
A análise transcorre basicamente em três etapas. A primeira, a síntese, reúne as
informações coletadas e tratadas que dizem respeito ao assunto analisado. Em seguida são
construídas as hipóteses. Este trabalho é sempre feito levando em conta a análise estratégica
da empresa e sua posição no mercado e com a elaboração de cenários e estudos. Cenários
são previsões – situações prováveis, positivas ou negativas – de tendências para as variáveis
do ambiente externo que exercem forte impacto sobre o desempenho da organização,
identificadas durante a análise estratégica. A terceira e última etapa é a de elaboração de
suposições ou certezas, as conclusões da análise. Estas conclusões são o produto final da
Inteligência Competitiva e servirão de suporte à tomada de decisão.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 74
O processo de análise deve transcorrer muito próximo aos tomadores de decisão. Se
não for assim, a Unidade de Inteligência Competitiva corre o risco de perder tempo analisando
assuntos irrelevantes. Por exemplo, é de preocupação estratégica da Juresa, como vimos, a
fusão de pequenos distribuidores, é a única ameaça de novos entrantes neste mercado. Uma
pesquisa sobre possíveis fusões e aquisições é uma tarefa trabalhosa, com alto grau de
incertezas e suposições. O grau de prioridade deste trabalho deve ser avaliado diante de
outras análises, como o futuro das discussões protecionistas nos EUA ou o preço da energia
elétrica no Brasil. Mesmo se a estratégia da Juresa está clara, os tomadores de decisão devem
informar à Unidade de Inteligência Competitiva qual o planejamento a curto prazo da empresa
e manter transparência nas ações. Isto é, a Unidade deve realmente estar localizada o mais
próxima possível aos tomadores de decisão, dado o grau de confidencialidade e a agilidade
necessária.
A quinta etapa é a de disseminação. Por isto se entende a elaboração dos relatórios e
saídas contendo as análises da quarta etapa do processo. A disseminação deve ser planejada
e estruturada, obedecendo a um padrão de freqüência e conteúdo, mesmo se relatórios
extraordinários podem acontecer.
A disseminação depende do uso que será feito das informações e principalmente do
público-alvo. A ferramenta de auxílio à venda descrita em 2.2b é um exemplo de disseminação
para a Juresa. O público-alvo são os vendedores da empresa, os relatórios são customizados
para cada vendedor, mas não há informações confidenciais. Para a cúpula tomadora de
decisão da Juresa (Figura III-11 à página 35), podemos estruturar os produtos da Unidade de
Inteligência Competitiva, expostos na Tabela IV-5. As informações dos dois últimos
instrumentos de disseminação seriam confidenciais.
Produto Freqüência Objetivo
Clipping de notícias por e-mail
sucinto e focado
Diário Dar base para decisões do dia-a-dia
Relatório de acompanhamento
do setor
Quinzenal
Análise abrangente do mercado Bimestral
Conhecimento para decisões de maior
impacto
Relatórios gerais Sob demanda Decisões sobre questões pontuais
Tabela IV-5 – Produtos da Unidade de Inteligência Competitiva
Fechando o ciclo do processo, temos a etapa de avaliação. Esta etapa é de
responsabilidade dos usuários dos produtos da Unidade de Inteligência Competitiva, na Juresa,
principalmente os tomadores de decisão. É essencial verificar a adequação das informações e
análises geradas com as necessidades da empresa. A avaliação se faz principalmente de duas
formas, com pesquisas pontuais sobre a satisfação com os resultados e relatórios produzidos e
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 75
com a avaliação do impacto econômico das decisões tomadas com base na inteligência
adquirida. A Inteligência Competitiva deve ser entendida como uma atividade estratégica na
empresa e seu desempenho deve ser medido assim como nas outras áreas da empresa. Uma
forma simples de retroalimentação do processo é enviar um formulário de avaliação simples
acompanhando cada produto da Unidade de Inteligência Competitiva.
O volume de pessoal necessário para operar esta unidade é pequeno. Para as tarefas
de coleta e tratamento de informações e geração de relatórios simples pode-se empregar um
estagiário de jornalismo ou comunicação social. Para a elaboração das análises elaboradas e
coordenação da unidade, recomendamos um analista de Inteligência Competitiva. Em 3
abaixo, explicitaremos o perfil e atribuições deste tipo de profissional.
Um último ponto a ser levantado é de que a Unidade de Inteligência Competitiva deve
ser um elemento divulgado e visível dentro da organização para que não haja dúvidas sobre a
legalidade ou ética dos trabalhos desenvolvidos lá. Isto é, para que não seja confundida como
espionagem, mas sim vista como um setor estratégico de suporte à decisão.
O custo de uma Unidade de Inteligência Competitiva é composto pelo custo de
pessoal, o custo de aquisição das informações (assinaturas, compras de relatórios,...), o custo
de desenvolvimento das ferramentas (banco de dados de informações e a própria ferramenta
de auxílio à venda). A idéia deste estudo é de mostrar à Juresa a necessidade que existe por
uma sistematização do processo de monitoramento do ambiente de negócios e propor um
caminho de implantação deste tipo de atividade na empresa, com duas abordagens
complementares. Custos e prazos de desenvolvimento assim como custos de operação devem
ser frutos de um estudo posterior, uma vez o projeto encampado pela alta gestão da empresa.
Porém, cabe ressaltar que uma boa implementação de um núcleo de Inteligência
Competitiva tem que envolver as pessoas da organização. No caso da Juresa, desde os
vendedores que darão inputs ao sistema, até os tomadores de decisão. A seguir faremos
algumas considerações importante nesse sentido.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 76
3. O lado humano
3.1 Importância do fator humano em Gestão do Conhecimento
A Gestão do Conhecimento é, em última instância, a gestão de pessoas. A Gestão do
Conhecimento é a criação de vantagem competitiva pelo tratamento sistematizado e otimizado
do fluxo de informações interno e externo à organização. Embora as empresas invistam
corretamente em padrões, normas, máquinas, patentes e outros ativos estruturais, tudo,
absolutamente tudo, acaba recaindo em algum ser humano.
Esta afirmação esta longe de ser uma obviedade. Mesmo se a laminação de uma
chapa de aço depende do operador do equipamento, esta tarefa é de pouco valor agregado.
Quando lidamos com relacionamento com cliente ou fornecedor, mapeamento de
competências e transformação de dados em inteligência, o fator humano é muito menos
intercambiável e substituível. Mesmo se um dos desafios da Gestão do Conhecimento é a
explicitação e codificação de inteligência tácita, nunca se pode preceder dos colaboradores da
empresa, principalmente porque ainda é a inovação, a análise e o pensamento criativo ainda
são monopólio humano.
Segundo Karl Sveiby, são três os tipos de ativos intangíveis que promovem valor na
organização: a estrutura externa (imagem, reputação, relacionamentos), a estrutura interna
(cultura, modelos, sistemas, dados, patentes) e as competências dos empregados. Numa
Unidade de Inteligência Competitiva, por melhor que seja o sistema de coleta e tratamento de
dados, por mais sofisticadas que sejam os modelos de análise, a inteligência sempre será
gerada pelo analista.
Se o conhecimento da organização é a essência de uma empresa moderna, então a
sua gestão deve ser uma das principais responsabilidades de seus executivos. Dirigir uma
empresa no caminho da gestão do conhecimento envolve o patrocínio de novos valores, nos
níveis organizacional e individual. É necessário demonstrar e disseminar a adesão da alta
gerência, disseminar a estratégia, os objetivos e as diretrizes da empresa, mostrar perspectivas
para os empregados e motivar empregados descobrindo valores e trabalhando-os.
A questão da motivação é a mais importante. Os colaboradores agem movidos pelo
estímulo aos seus valores. Todo tipo de valor é válido, contanto que empresa e empregado
estejam em sintonia. De nada vale a Juresa promover o compartilhamento de informações se
os vendedores não vêem seu reconhecimento ou sua remuneração aumentar por isso. A
questão do envolvimento dos funcionários será tratada mais adiante, em 3.3.
De forma geral as características e valores pessoais que devem ser incentivados para
a permeação da Gestão do Conhecimento pela organização são a motivação pela atividade
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 77
criativa, a iniciativa, a união com a equipe, o comprometimento, a ética, o aprendizado, a
flexibilidade e multiplicidade de interesses, a segurança e a capacidade de lidar com o ambíguo
e contraditório. Longe de ser uma receita de bolo do profissional do futuro, estas características
mostram uma evolução de mentalidade de nossos tempos. Acabou a tecnocracia, a rigidez e o
autoritarismo que moldaram os ideais e valores dos anos 1970. Hoje, a juventude já vive em
rede, aprendendo a aprender, a trabalhar em grupo e a lidar com mudanças e tempos de
resposta cada vez mais rápidos. Nada mais natural que isto se refletisse no mundo corporativo
também.
3.2 Capital intelectual para Juresa
a. Alta gerência
Na seleção da Juresa como objeto de estudo do presente trabalho, pesou muito o fato
da alta gerência da empresa estar interessada em conhecer e aplicar novas técnicas de
gestão. Como mostramos na Figura III-11, na página 35, a Juresa é tocada por quatro
diretores, o presidente – fundador da empresa e já aposentado – atuando como conselheiro.
São três administradores de empresas e um engenheiro mecânico. Neide Maria Rocha ainda
possui especialização em marketing.
O contato maior, ao longo do estudo, foi com André Zinn e Jorge Kaminsky. Ambos são
executivos de visão, que gerem a empresa com paixão e com estratégias definidas, deixando
claro que uma administração moderna não é privilégio de multinacionais e empresas de grande
porte.
Embora, por questões de confidencialidade não tenhamos entrado em detalhes
operacionais, sabemos que a Juresa já utiliza hoje do conceito de Fatores Críticos de Sucesso
e de indicadores claros de desempenho para cada funcionário. Os vendedores são
remunerados de acordo com seus volumes de vendas, num contrato onde tanto empresa
quanto empregado ganham com o sucesso do negócio.
Como foi discutido anteriormente, o sucesso de uma Unidade de Inteligência
Competitiva depende diretamente do comprometimento dos tomadores de decisão, principais
usuários dos produtos da Unidade. Em nosso entender, a Juresa é um campo fértil para o
desenvolvimento de novas iniciativas gerenciais por necessidade, dada a competitividade do
mercado em que atua, e por afinidade, dada a mentalidade de sua alta gerência.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 78
b. Analista de Inteligência Competitiva
A atividade de Inteligência Competitiva é nova no mercado, principalmente para
empresas como a Juresa, inseridas num ambiente onde a inovação gerencial costuma chegar
depois de outros setores como consultoria, telecomunicações e informática.
Na Tabela IV-6 abaixo, podemos ver o perfil do profissional destinado a coordenar esta
área na empresa. As características levantadas são de um levantamento feito pelo CRIE.
Perfil do analista de informação
Facilidade de relacionamento interpessoal;
Comportamento ético;
Criatividade;
Determinação;
Aptidões para entrevistar e redigir;
Habilidade analítica na determinação do que é importante, porque
é importante e quando é importante;
Compreensão das metodologias científicas de análise;
Facilidade para o aprendizado independente;
Reflexão linear e em padrões, vasto conhecimento geral;
Curiosidade.
Tabela IV-6 – Perfil do analista de informação segundo o CRIE
Para nós, falta a este perfil o conceito essencial para a geração de inteligência para a
empresa de visão global e estratégica. Também é de fundamental importância que o analista
seja de confiança da alta gerência da empresa. É um grande desafio: por um lado, corre-se o
risco do trabalho não ser efetivo sem o compartilhamento da estratégia e de informações
confidenciais, por outro, o risco é de vazamento destas informações para a concorrência.
Devido a este grau de responsabilidade, profissionais de Inteligência Competitiva costumam
ser bem remunerados.
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 79
As principais atribuições deste profissional na coordenação da Unidade de Inteligência
Competitiva são as listadas a seguir:
Garantir a qualidade da coleta de informações;
Desenvolver e implantar métodos e procedimentos de coleta,
tratamento e análise dos dados de acordo com as necessidades
da Juresa;
Manter a utilidade do conhecimento gerado pelas análises;
Continuamente interagir com os tomadores de decisão e os outros
usuários e suas necessidades para melhorar o serviço e sua
utilidade;
Permanecer atento à estratégia da empresa e manter
conhecimento dos objetivos e diretrizes da alta gerência;
Sensibilizar continuamente a organização sobre a utilidade da
aplicação da Inteligência Competitiva;
Gerenciar a equipe da Unidade de Inteligência Competitiva.
3.3 Garantindo o funcionamento da Unidade de Inteligência Competitiva
a. A informação compartilhada
Para Leonard Fuld, um dos maiores promotores da Inteligência Competitiva, há três
pontos para garantir o sucesso deste tipo de empreitada: constância, longevidade e
envolvimento. Por constância, Fuld entende que a atividade de monitoramento de mercado é
contínua e não limitada a ocasiões especiais. Quando defende a longevidade, sustenta que
insights estratégicos não acontecem da noite para o dia e também dependem de
acontecimentos externos à organização. Algumas vezes é necessário esperar para um sistema
de Inteligência Competitiva dar resultados significantes.
O último ponto é, ao nosso ver, o mais importante. Para o esforço ser efetivo, é
necessário o envolvimento de toda a empresa, de cima a baixo. Vimos que sem a promoção da
alta gerência a iniciativa pode ser em vão. No entanto, a participação de todos os funcionários
é importante. Deve imperar o conceito de que a informação na empresa deve fluir com
liberdade, sendo compartilhada por todos a quem diz respeito.
De fato, a Inteligência Competitiva é a sistematização da famosa conversa de
cafezinho. Todos devem estar atentos aos sinais do ambiente externo com a idéia de gerar
valor para a empresa. Mesmo se há uma unidade responsável pelo trabalho, as contribuições
dos funcionários com informações é extremamente útil, principalmente graças aos
relacionamentos e contatos mantidos com outros profissionais do mercado. Isto é, a
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 80
Inteligência Competitiva não é uma caixa preta nem uma atividade de porão. Trata-se de um
movimento legítimo de vigília e ação da organização.
O compartilhamento do conhecimento é difícil de promover. O chavão “informação é
poder” ainda assombra as cabeças dos funcionários mais retrógrados, criando buracos negros
de informação dentro da organização. O conhecimento não se gasta, se renova e quando
compartilhado não se divide, se multiplica. Numa atividade como a da Juresa, essencialmente
comercial, é fundamental que a equipe de vendedores compartilhe suas impressões sobre os
movimentos do mercado para responder melhor às necessidades dos clientes. O modelo de
Nonaka & Takeuchi mostra uma forma de promoção do compartilhamento de conhecimento.
Trata-se do modelo que descreve as diferentes etapas do tratamento do conhecimento entre os
indivíduos. As etapas são a socialização, a externalização, a combinação e a internalização.
No entanto, é importante deixar claro que não se trata de quebrar barreiras de
confidencialidade, dividindo informações confidenciais com aqueles que não necessitam dela
para seu trabalho ou não possuem cargos de responsabilidade, nem tomar tempo e atenção do
funcionário com informações irrelevantes, numa avalanche de dados que pode ter efeito
contrário ao planejado, o filtro das informações relevantes é atribuição da Unidade de
Inteligência Competitiva. Desta forma, mesmo se a Gestão do Conhecimento funciona com o
aumento da responsabilidade, criatividade e autonomia do empregado, as rédeas do negocio
continuam com empresa. O conhecimento gerado pela empresa é de propriedade da empresa
e deve passar da forma tácita para a explícita, não se caracterizando como privilégio de
nenhum funcionário. Isto também se aplica para as análises da Unidade de Inteligência
Competitiva: todo produto desta unidade deve ser registrado, gravado e codificado para uso da
empresa. Isto garante não só a continuidade do esforço, mas também sua honestidade, isto é,
ficam claros os objetivos e a ética por trás da atividade.
b. Importância das métricas de desempenho
Todos os pontos apresentados acima podem parecer pura retórica se não for discutida
a política de avaliação de desempenho e remuneração. Afinal, os profissionais são motivados
pelas perspectivas de crescimento que enxergam, pelo reconhecimento que ganham e pela
remuneração que recebem.
Estes pontos devem estar alinhados com as metas da empresa e avaliados com base
na agregação de valor do conhecimento para o desempenho empresarial, tornando-se
essenciais na satisfação, comprometimento e fixação dos empregados, no enraizamento da
cultura do conhecimento e na focalização em desempenhos específicos que a empresa queira
promover.
É necessário criar um novo contrato de trabalho onde os valores promovidos pela
organização estejam transformados em motivação. Dentre os indicadores de desempenho,
deve figurar o ato de compartilhar conhecimento e outras medidas subjetivas como
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IV. A Inteligência Competitiva na Distribuição de Aço 81
aprendizado e estímulo ao trabalho em equipe. É um desafio gerencial garantir que avaliações
justas para todos sejam feitas com critérios tão difusos.
A solução é uma política clara e transparente de promoção de novos valores e a
adoção de regras claras de avaliação, permitindo inclusive avaliações circulares, onde cada
empregado participa avaliando e sendo avaliado por seus superiores, seus pares e seus
subordinados.
Todos devem sentir que obter e compartilhar conhecimento é uma parte altamente
recompensante de seu trabalho e bastante responsável por sua empregabilidade e
desenvolvimento na empresa.
Para promover a Gestão do Conhecimento, sugerimos à Juresa atrelar a avaliação de
seus vendedores ao compartilhamento de informações, ao desenvolvimento do grupo e aos
resultados do grupo. Isto é, uma fração da remuneração variável, o prêmio por desempenho,
viria do rendimento individual de cada vendedor e outra fração do rendimento global da equipe.
Para ainda manter a motivação dos funcionários em superar os limites e não se acomodarem
com premiações coletivas, a empresa ainda poderia promover premiações periódicas,
financeiras ou não para os vendedores com maior volume de vendas e os vendedores com
maior crescimento. Práticas semelhantes vem sendo adotadas na Juresa na promoção interna
de sua ferramenta de e-business.
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V. Conclusão 82
V. Conclusão
Como dito no início deste trabalho, acreditamos que o processo de atualização da
indústria de distribuição está apenas começando. As mudanças no ambiente de negócios
continuarão a acontecer e é importante seguir sempre se adaptando. Tentando sempre se
antecipar aos concorrentes.
Acreditamos que, hoje, o desenvolvimento de uma Unidade de Inteligência Competitiva
na Juresa seja o melhor caminho para a criação de vantagem sobre os seus concorrentes
explorando a gestão do conhecimento.
Enxergamos a oportunidade da Juresa ir além. A seguir exporemos algumas idéias
que, uma vez dominada a atividade de inteligência competitiva na empresa, seriam os
próximos passos para dar continuidade ao processo já iniciado pela Juresa de integração deste
setor tradicional à nova economia, no caminho do desenvolvimento do negócio.
Utilizando o modelo b-web propomos que a Juresa migre do modelo de Agregação
para Cadeia de Valor usando como vetor de mudança o capital de relacionamento, já
identificado como capital do conhecimento-chave. Isto é, acreditamos que a Juresa precisa
integrar mais valor em seus serviços.
Para tal, é preciso perceber que serviços tornam seu produto, o aço, mais valioso.
Sendo a distribuição uma atividade essencialmente comercial e de intermediação, onde uma
boa visibilidade da demanda, preços e movimentação de concorrentes é fundamental,
concluímos que esse serviço ainda seria a Inteligência Competitiva.
Assim, nossa sugestão para a Juresa é generalizar esse serviço para seus clientes,
desenvolvendo o núcleo de Inteligência Competitiva para que monitore não só o seu mercado
mas como também o de seus clientes, tornando-os parceiros e produzindo informações que
apoiem suas decisões.
A partir da análise estratégica dos principais setores compradores de aço, como
autopeças, construção civil e redistribuição, seriam gerados relatórios periódicos e análises
setoriais que seriam entregues aos clientes. Assim, a Juresa constrói confiança e bom
atendimento desenvolvendo seu capital de relacionamento.
Essa proposta de “Inteligência Competitiva Externa”, que parece utópica para muitos
mercados, é possível na distribuição de aço, pois nesse caso temos poucos tipos de
compradores que atuam em mercados com perfis bastante específicos.
Com esse tipo de abordagem a Juresa, como mostra o modelo da Cadeia de Valor,
estaria oferecendo para seus compradores respostas mais imediatas às oscilações do mercado
e permitindo mais eficiência no controle de estoque. A diminuição dos estoques é vantajosa
tanto para os compradores, que terão menos capital imobilizado, quanto para a Juresa, que
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V. Conclusão 83
valoriza ainda mais seu papel de estoque regulador, ou seja, sua atividade de garantia de
suprimento da cadeia produtiva do aço.
É importante ressaltar que a b-web Juresa poderia alcançar uma auto-organização até
maior do que o modelo de cadeia de valor. Isto porque a rede não estaria sendo organizada
por nenhuma grande empresa com poder de pressionar os elos. Cada parte teria mais
liberdade para contribuir de sua própria maneira, dando até mesmo inputs ao sistema de
Inteligência Competitiva.
Quando o fluxo de informações perpassa toda a cadeia de forma sinérgica, os
participantes recebem informações e retroalimentam esse fluxo. A informação gera eficiência:
ganha-se mais em momentos de prosperidade, perde-se menos em momentos de crise. Todos
são recompensados pelo compartilhamento.
Desta forma, a b-web Juresa estaria se aproximando de um modelo Aliança, onde o
objetivo final seria entregar produtos com qualidade e com bom custo-benefício ao mercado,
gerando o máximo de valor para cada elo da cadeia.
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VI. Bibliografia 84
VI. Bibliografia
1. Capital Digital – dominando o poder das redes de negócios, Don Tapscott,
David Ticoll e Alex Lowy, Ed. Campus, 2001
2. CRISP-DM 1.0 Step-by-step data mining guide, Chapman et al, SPSS,
2001
3. Economia, Paul Wonnacott e Ronald Wonnacott, segunda edição, Ed.
Makron Books, 1994
4. MBA: curso prático, Robert F. Bruner, Ed. Campus, 1999
5. Notas de aula, MBKM 3, CRIE/COPPE/UFRJ, 2000 – 2001
6. Revista E-Commerce, nº14 ano 2 abril de 2001
7. Revista MercoMetal, edições de agosto 2001 e outubro 2001
8. Revista Revista do Aço, edições nº47 ano 8 maio-junho de 2000, nº 54 ano
9 julho-agosto de 2001, nº 56 ano 10 novembro-dezembro de 2001
9. Web Site do IBS, http://www.ibs.org.br
10. Web Site do IISI, http://www.worldsteel.org
11. Web Site do ILAFA, http://www.ilafa.org
12. Web Site do INDA, http://www.inda.org.br
13. Web Site do InfoMet, http://www.infomet.com.br, estatísticas
14. Web Site do InfoMet, http://www.infomet.com.br, notícias extraídas das
edições da Gazeta Mercantil (28/10/1999, 29/10/1999 e 29/12/2000) e
Valor Econômico (09/05/2000 e 21/09/2000)
15. Web Site do Met@lica, http://www.metalica.com.br
16. Web Site do SINDISIDER, http://www.sindisider.com.br/