Survey Practice f - ENGEGRAUT · 2016. 8. 8. · do coco e a madeira são típicos compósi-Survey...

23
RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 oncreto é um velho pseudo-sólido que combina expressão, estrutura, qualidades comportamentais e, cla- ro, a façanha de criar peças estruturais sob medida. Qualquer forma ou superfície ver- ticalmente imaginável pode ser moldada com concreto armado e protendido. Restrições? Sim, claro que há. O aço, seu hóspede, é um material reativo, susceptível às variações do ambiente que, no final das contas, se estabelece como fator condicionante. Ou seja, sua corrosão é o início do fim de toda aquela criação. Por outro lado, vemos que o crescimento tecnológico no campo dos reforços estru- C turais está intimamente ligado ao campo dos compósitos sintéticos. Material compósi- to, como alguns poderiam questionar, não é novidade. A natureza que o diga. A casca do coco e a madeira são típicos compósi- f Survey Practice RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 4 Continua na pág. 6 aço compósito aço compósito aço compósito aço compósito aço compósito Peso Expansão térmica Rigidez Resistência à tração Resistência à fadiga compósito compósito compósito Parâmetros básicos entre o tradicional aço e o compósito.

Transcript of Survey Practice f - ENGEGRAUT · 2016. 8. 8. · do coco e a madeira são típicos compósi-Survey...

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 20074

    oncreto é um velho pseudo-sólidoque combina expressão, estrutura,qualidades comportamentais e, cla-

    ro, a façanha de criar peças estruturais sobmedida. Qualquer forma ou superfície ver-ticalmente imaginável pode ser moldada comconcreto armado e protendido. Restrições?Sim, claro que há. O aço, seu hóspede, é ummaterial reativo, susceptível às variaçõesdo ambiente que, no final das contas, seestabelece como fator condicionante. Ouseja, sua corrosão é o início do fim de todaaquela criação.Por outro lado, vemos que o crescimentotecnológico no campo dos reforços estru-

    C turais está intimamente ligado ao campo doscompósitos sintéticos. Material compósi-to, como alguns poderiam questionar, nãoé novidade. A natureza que o diga. A cascado coco e a madeira são típicos compósi-

    fSurvey Practice

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 20074Continua na pág. 6

    aço

    co

    mp

    ósit

    o aço

    co

    mp

    ósit

    o

    aço

    co

    mp

    ósit

    o

    aço

    co

    mp

    ósit

    o

    aço

    co

    mp

    ósit

    o

    Peso Expansãotérmica

    Rigidez Resistênciaà tração

    Resistênciaà fadiga

    co

    mp

    ósit

    o

    co

    mp

    ósit

    o

    co

    mp

    ósit

    o Parâmetros básicosentre o tradicionalaço e o compósito.

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 5

    TELA RGTele-atendimento

    (0XX21) 3154-3250fax (0XX21) 3154-3259

    [email protected] consulta nº 02

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 20076

    fSurvey Practice

    tos de fibra de celulose em matriz de ligni-na. Nossos ossos, na verdade, são fibrascurtas de colágeno imersas em uma matrizdenominada apatita.Em 1995 esta revista apresentou, pela pri-meira vez no Brasil, a manta de fibra de car-bono como elemento para o reforço de es-truturas. A seguir, em 1996, a fibra de Ke-vlar®. Em 1999, as mutações naturais dafibra de carbono na forma de fita e barra.○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    O ponto de partida foi com o tecido compó-sito. A última novidade são as telas de com-pósito à base de fibras ultra-resistentes.

    Detalhe da nova tela posicionada sobre uma lajea ser reforçada.

    Posicionamento da nova tela sobre a laje deste pier, antes da concretagem, objetivando reforço sempossibilidade de corrosão.

    GLOSSÁRIO

    Compósito – combinação de dois ou mais mate-riais, sem chance de se misturarem e que traba-lham em conjunto. Sua composição baseia-se emfibra e matriz envolvente.

    As telas de fios ultra-resistentes

    Tela, tradicionalmente na construção, é tran-çado de arame, fino ou grosso, empregadoem lajes, pisos industriais, estruturas pré-mol-dadas e na construção de tubos e galerias.No repairbusiness, este fascinante e com-petitivo mercado, a procura por materiaisde reforço resistentes, leves, de baixo cus-to e, claro, não metálicos, é uma constante.

    UMIDIFICADOR HRSMTele-atendimento

    (0XX21) 3154-3250fax (0XX21) 3154-3259

    [email protected] consulta nº 03

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 20076

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 7

    Principais características das telascom fibras ultra resistentes

    • Não corrói. Obrigatória em ambientes corrosivos.• Elimina ou minimiza a surgência de trincas e seu espalhamento.• Aumenta enormemente a dutibilidade do concreto.• É oito a dez vezes mais resistente à tração que a similar em aço.• Excelente aderência e conseqüentes propriedades de reforço em

    peças de concreto de pouca espessura.• Utiliza diminuta camada de recobrimento.• Não conduz eletricidade e não é magnética.• É facilmente cortada na obra.• Otimiza as propriedades de tração de pisos, lajes e peças estru-

    turais.• Absorve deformações sem escoar.• Controlam, de forma inigualável, os efeitos da retração no con-

    creto.• É fabricada com diversas aberturas em sua malha.

    Aplicações

    • Estruturas marítimas.• Aplicações obrigatórias em ambientes com eletromagnetismo.• Recuperação e reforço do concreto armado.• Overlays ou sobrelajes.• Peças pré-fabricadas, painéis etc.

    Propriedades físicas

    • Abertura da malha ......................................................... variável• Espessura média ................................................................. 2mm• Resistência ao cisalhamento na transição ......................... 32kg• Tipo de resina ................................................................ epóxica• Peso (médio) .................................................................... 35g/m2• Resistência à tração (média) ................................ 5kg/m x 5kg/m

    Fibras empregadas

    Poliéster, carbono, vidro estrutural e Kevlar®

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 20078

    fSurvey Practice

    As telas comfibras já são

    largamenteutilizadas em

    locais comgrande

    propensão àcorrosão.

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    As TELAS com fios ultra-resistentes sãotrançadas uni ou bidirecionais, mecânica e

    quimicamente aderidas, feitas com três ti-pos de material compósito, todos em matriz

    epóxica: carbono, vidro resistente a álcalise Kevlar®. As duas principais vantagens

    Tele-atendimento(0XX21) 3154-3250 • fax (0XX21) 3154-3259

    Fax consulta nº 04

    As telas com fios poliméricos evitam uma série de inconvenientes pertinen-tes às telas de aço.

    As novas telas são ideais para pisos submetidos a ataque químico.

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 20078

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 9

    fSurvey Practice

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    destas telas em relação às de aço conven-cionais, está na resistência mecânica bemsuperior e na aplicabilidade da camada derecobrimento de concreto, que deixa de serimportante ou obrigatória. Ou seja, são co-

    locadas imediatamente abaixo da superfí-cie do concreto, exigindo não mais que10mm de recobrimento, garantindo sufici-ente defesa contra o natural estado de fis-suração (retração) do concreto, além do que

    MANUAL GROUTTele-atendimento

    (0XX21) 3154-3250fax (0XX21) 3154-3259

    [email protected] consulta nº 05

    As telas com fios ultra resistentes... ...são extremamente leves e sua aplicabilidade éinfinita.

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 9

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200710

    REFERÊNCIAS• Carlos Carvalho Rocha é Engenheiro Ci-

    vil, especialista em serviços de recuperação.• Curbach, M. (Hrsg.): Sondeforschungsberei-

    ch 528 - Arbeits- und Ergebnisbericht für diePeriode II/1999-l/2002. SFB 528, Technis-che Unibersität Dresden, D-01062 Dresden:Eigenverlag.

    • Hegger, J. (Hrsg.): SFB 532: Arbeits- und Er-gebnisbericht 2002. SFP 532, RWTH Aachen,D-52056 Aachen: Eigenverlag.

    • Hegger, J. (Hrsg.): 1. Fachkolloquium Textil-beton. RWTH Aachen.

    • Curbach, M. (Hrsg.): Textile reinforced struc-tres: Proceedings of the 2nd Colloquium on

    fax consulta nº 06

    Para ter maisinformações sobreAnálise.

    confere enorme resistência à tração na peçaestrutural. Obtêm-se valores da ordem de11,7KN/m na direção longitudinal e 110KN/m na direção transversal.

    O corte da tela é feitocom qualquer lixadeiracom disco de corte ou

    serra tipo Makita.

    Textile Reinforced Structures (CTRS2). SFB,TU Dresden.

    • Curbach, M; Offermann, P.; Weiland, S.: En-twurfsüberlegungen zu einer Brücke aus tex-tilbewehrtem Beton - eine “Brücke” zwischenden Disziplinen. In: Wissenschaftliche Zeits-chrift der TU Dresden 52, Heft 1-2, Selbs-tverlag der Technischen Universität Dreden.

    • Butler, M.: Textilbewehrter Beton au undunter Wasser - Bauingenieurstudenten wiede-rum erfolgreich bei der Deustchen Betonka-nuregatta. In: Jahresmitteilungen, Schriften-reihe des Instituts für Tragwerke und Bausto-ffe der TU Dresden, Heft 18.

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    fSurvey Practice

    COMUNICADOR DDWTele-atendimento

    (0XX21) 3154-3250fax (0XX21) 3154-3259

    [email protected] consulta nº 07

    Sua fixaçaõ pode ser feita com pinos ou fita, do mesmo material, chumbados previamente com epóxi.

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200710

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200714

    uito pouco se sabe sobre os fato-res que levam à biodesintegraçãodeste fenomenal compósito cha-

    mado concreto. Esta matéria de interessegeral, pelo que, efetivamente, pode aconte-cer ao concreto, evidencia um método ex-tremamente interessante e viável de acom-panhar e entender a bio-alteração do con-creto, através da decomposição de suamatriz cimentícia. Estudos realizados com oemprego da microscopia eletrônica de var-redura (MEV) e da espectroscopia dos rai-

    os-X com energia dispersiva (ERED), emamostras de argamassas e concretos imer-sos, durante três anos, em solução aquosaextraída da água freática, categorizada comonão corrosiva, pelo menos no local coleta-do do subsolo de uma edificação, no cen-tro da cidade do Rio de Janeiro, revelou apresença indesejável de depósitos de mi-croorganismos. Análises posteriores, feitascom o emprego da microscopia eletrônicacom transmissão (MET), revelaram tambémimportantes informações a respeito da na-

    fSurvey Practice

    M tural bioreceptividade do concreto, atravésda análise daqueles depósitos em seçõesultrafinas das amostras.A necessidade deste estudo

    Desde o início da indústria do cimento por-tland em 1850, muitos estudos foram reali-zados de modo a melhorar a resistência doconcreto frente a uma infinidade de dife-rentes ambientes. A revista RECUPERARtem apresentado inúmeras matérias eviden-

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200714Continua na pág. 16

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 15

    Tele-atendimento(0XX21) 3154-3250fax (0XX21) [email protected] consulta nº 09

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200716

    fSurvey Practice

    durabilidade, causando mudanças tópicas,permeáveis e absolutamente palatáveis, atra-vés de sua superfície, podendo causar, pelacontinuidade do processo, alterações irrever-síveis em suas propriedades petrográficas.Situações comuns como as que ocorrem naregião superior de pilares de viadutos, nacidade do Rio de Janeiro, submetidos a va-zamentos corriqueiros nas juntas de dilata-ção dos tabuleiros, são casos típicos debiodeterioração.

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    Como se forma o biofilme

    Filme de condicionamento

    Bactériaplanctônica

    Estágio 1: Filme de acondicionamento acumu-la-se sobre a superfície submersa.

    ExopolímeroBactériaséssil

    Estágio 2: Colônia de bactérias planctônica naágua (solução) existente sobre a superfície,desencadeando a existência séssil excretandoexopolímero que ancora a célula na superfí-cie.

    Estágio 3: Diferentes espécies de bactérias sés-sil dobram para trás na superfície do metal.

    Estágio 4: Microcolônias de diferentes espéci-es continuam a crescer estabelecendo, even-tualmente, relações entre si. O biofilme aumentasua espessura. Mudam as condições na basedo biofilme.

    GLOSSÁRIO

    Bactéria – Qualquer um dos grandes grupos deorganismos microscópicos freqüentemente agre-gados em colônias e cercados por paredes celula-res ou membranas. Bactérias podem existir comoorganismos auto sustentados no solo, água ou namatéria orgânica, assim como parasitas em corposvivos de plantas e animais.Aeróbico – é aquele que se realiza aumentando oingresso de oxigênio no organismo.Anaeróbico – ambiente sem oxigênio livre. Bac-térias anaeróbicas são encontradas em tanquesséticos e são benéficas para digerir a matéria orgâ-nica.

    ciando a biodegradação do concreto sub-metido a ambientes extremamente agressi-vos como os encontrados em estações detratamento de efluentes e águas.A durabilidade do concreto, em contato commeios cada vez mais agressivos, torna-secomprometida de forma indiscutível. O com-prometimento de seu sistema imunológicoaltera suas propriedades e induz sintomastípicos de biodecomposição e a conseqüen-te degradação de armaduras existentes emseu interior.Bio-alteração é um processo de envelheci-mento precoce do concreto, promovido pormicroorganismos que, obrigatoriamente, cri-am uma camada denominada biofilme, em suasuperfície. Muito embora biofilmes não in-duzam, de forma sistemática, processos debio-alteração, a verdade é que toda e qual-quer bio-alteração é causada por biofilmes.Ao contrário do que possa parecer, proces-sos de bio-alteração por microorganismospatogênicos, que freqüentemente vemos emestruturas de concreto armado, afetam sua

    Os métodos e osmateriais empregados

    Moldaram-se amostras de pastas e argamas-sas de cimento portland, típicas de concre-to estrutural. As amostras foram conserva-das de acordo com a norma francesa EM196-1. Estas amostras, formatadas em cu-bos de 1cm de lado, foram imersas durantetrês anos em solução aquosa extraída daágua freática do subsolo de uma edificação

    Tele-atendimento(0XX21) 3154-3250

    fax (0XX21) [email protected]

    Fax consulta nº 10

    Presença de biofilmes em “pescoço” de pilar compatologias de esmagamento e corrosão.

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200716

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 17

    fSurvey Practice

    situada no centro do Rio de Janeiro. Algu-mas amostras foram imersas, pelo períodode uma hora, em solução de ácido sulfúricona concentração 1mol l–1.As amostras analisadas com o MET foramrevestidas com epóxi de ultrabaixa viscosi-dade, de modo a penetrar profundamentena matriz cimentícia, a fim de conservá-la. Aseguir, as amostras foram lixadas e polidascom o objetivo de se ter seções extrema-mente finas, ou seja, em torno de 0,1mm.Revestiram-se novamente as amostras comepóxi com ultrabaixa viscosidade, cortan-do-se posteriormente em diminutas barrasquadradas com 4x4mm2.

    As análises

    As figuras A1, B1 e A2, B2 a seguir apresen-tadas são imagens com MEV e as figurasA3, B3 são imagens com ERED das amos-tras de pastas de cimento antes e após oataque com ácido sulfúrico. As agulhas, evi-denciadas nas fotos, mostram a morfologiatípica da etringita, confirmada pela presençado enxofre na figura B3. Nota-se, aí, como éimportante uma análise com o MEV, quandoo assunto é destruição química do concreto,identificando-se as mais que conhecidas fa-ses cristalinas resultantes do ataque ácido.

    GLOSSÁRIO

    Colônia – grupo de organismos da mesma espé-cie que formam uma entidade diferente dos orga-nismos individuais. Por vezes, alguns destes indi-víduos especializam-se em determinadas funçõesnecessárias à colônia.Corrosão – reação eletroquímica entre as pilhasnaturais existentes no aço, devido ao seu ambi-ente, no caso o concreto, o qual é responsávelpor sua desintegração.Pilha de concentraçaõ iônica diferencial –esta pilha surge sempre que o aço é exposto aconcentrações diferentes de seus próprios íons.Ela ocorre porque determinada região do aço tor-na-se mais ativa quando decresce a concentra-ção de seus íons no eletrólito. Esta pilha é muitofreqüente em frestas, quando o meio corrosivo élíquido. Neste caso, o interior da fresta recebepouca movimentação de eletrólito, tendendo a fi-car com grande concentração de íons (área cató-dica), enquanto que a parte externa da fresta ficacom menos concentração (área anódica), comconseqüente corrosão das bordas da fresta.Mol – massa numericamente igual ao peso mole-cular. Solução molal contém 1 mol de uma subs-tância dissolvido em 1000g de solvente.Peso molecular – soma dos pesos atômicos detodos os átomos na molécula.Figura 3 - Imagens eletrônicas secundárias (A1, B1) e retrodispersa (A2, B2) de amostras de pasta de cimentocom o correspondente espectro do raio X (A3, B3) antes (A) e depois (B) do ataque pelo ácido sulfúrico.

    Viaduto carioca com presença de biofilme ao longo da região superior do pilar.

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 17

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200718

    7A) mostrou-se similar a de certos microor-ganismos. A análise paralela destes depósi-tos, feita com o ERED, evidenciou a presen-ça abundante de ferro. Nesta altura do cam-peonato, questionava-se: poder-se-á desen-volver corrosão apenas nos ambientes re-conhecidamente corrosivos? Bactérias, al-gas e fungos, componentes obrigatórios detodo biofilme, estão cada vez mais presen-tes em nossa água freática, devido ao au-mento crescente do lançamento de esgo-tos em nossos rios e na própria Baía daGuanabara (17m3 de esgoto por segundo) eà nossa escassez de redes de saneamentobásico. Estudos sobre a biodesintegraçãodo concreto geralmente são feitos em ambi-entes reconhecidamente agressivos, prin-cipalmente em estações que tratam a águae efluentes (veja RECUPERAR nº 24, 53, 56,66, 69 e 71) onde, freqüentemente, depara-se com bactérias que se relacionam com oenxofre (sulfatos) e com o ferro.A figura 7B mostra um biofilme em umaamostra de aço típico da construção, após3 anos de imersão na mesma água freática:morfologias bacterianas semelhantes.A análise prévia da água freática eviden-ciou uma situação que temíamos: a presen-ça de bactérias anaeróbicas redutoras desulfatos (desulfovíbrio e desulfotomacu-lum), velhas atrizes de processos de bio-corrosão. O flagrante, portanto, mal passada ponta do iceberg, exatamente porquepesquisas comprovam que depósitos deferro têm ação estimulante no crescimentode microorganismos do gênero desulfoví-brio. Mas, de onde poderia ter vindo o fer-ro dos depósitos encontrados? Da matrizcimentícia, rica em cálcio, silício, alumínio,oxigênio e hidrogênio? Dos agregados ri-cos em dióxido de silício? Muito pouco pro-

    fSurvey Practice

    Figura 4 - Microfotografia de um fluido escurotomado de um pite existente sobre aço carbono(1000x). Note as células em forma de espiras típicasda BRS.

    Figura 5 - Microfotografia da BRS, aumentada1000X, extraída de um biofilme. Note a forma delâminas curvas e espiralada das células, além davariação do tamanho.

    Figura 6 - Microfotografia (1000X) de bactériasoxidantes do ferro, na forma de filamentos.Colonização na forma de fios, facilitando o acesode nutrientes, gerando pilhas de corrosão.

    Figura 7 - (A) Biofilme sobre argamassanormatizada após 3 anos de imersão em água dolençol freático. (B) BIofilme sobre aço após 3 anosde imersão em água do lençol freático.

    As observações feitas com o MEV, nas amos-tras imersas durante o período de 3 anos, emágua de subsolo ausente de substânciascorrosivas, mostrou depósitos aleatoriamen-te depositados na superfície do material. Amorfologia de alguns depósitos (veja figura

    vável. Olhos e mentes convergem entãopara a própria atividade metabólica das fer-robactérias que oxidam o ferro. Um outroaspecto de interesse foi a morfologia dosdepósitos e a porosidade característica damatriz cimentícia. Para nos embrenharmosna investigação da penetração dos biofil-mes na favela de poros, característico damatriz cimentícia do concreto, preparamosseções de amostras cortadas perpendicu-larmente à superfície principal investigadae procedermos à investigação com o MEVe o MET, conforme pode ser visto na figura7, enriquecida com a análise paralela feitacom uma ERED.A análise com a ERED evidenciou ausênciade biofilmes nos planos inferiores obtidos

    Figura 8 - Viaduto Com. Elias Nagib Brein, emSão Paulo, evidenciando presença de biofilme aolongo da travessa e pilares.

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200718

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 19

    fSurvey Practice

    com os cortes. A presença de cálcio dentrodas regiões analisadas nos cortes tem a vercom a presença do cimento portland. O picode cobre refere-s às bases de cobre, o oxi-

    Figura 8 -(A) Imagem de uma MEV feita em amostra de argamassa.(B) Imagem de uma MET feita da mesma amostra.(C) Espectro de uma ERED feita da mesma amostra.

    As ferro-bactérias, que oxidam o ferro, atu-am produzindo também ácido sulfúrico, porvia indireta, pela oxidação de substânciascom presença de enxofre, produzindo íonsférricos gerados pela reação

    Fe2+ = Fe3+ + e–

    A presença destes microorganismos pro-duz, como resultado principal ou final deseu metabolismo, substâncias de naturezaagressiva, invariavelmente ácidos orgâni-cos e inorgânicos.Um outro aspecto da fuzarca fiscal das dife-rentes espécies de microorganismos, espe-cialmente no que se refere a sua necessida-de de oxigênio, origina condições de aera-ção diferencial criando condições adequa-das ao desenvolvimento de espécies anae-róbicas, originando pilhas de concentraçãolocalizadas de oxigênio. É comum este tipode corrosão ao longo da peças de concretoarmado-protendido enterradas. A participa-ção dos microorganismos não altera a natu-reza eletroquímica da corrosão do aço.

    condições para originar-se, no solo, corrosão induzida pormicroorcanismos (CIM) nas estruturas

    Bactéria Contagem de bactérias por grama de solo

    Severa Moderada Sem condições

    Enxofre aeróbico 15 10 – 15 10Enxofreanaeróbico

    13 8 – 13 8

    Ferro 6 6 3Redutora desulfatos

    10 5 – 10 5

    GLOSSÁRIO

    Ferrobactéria – bactérias que oxidam o ferrocomo fonte de energia. O ferro oxidado, na formade Fe(OH)3 é, então, depositado no ambiente pelasecreção da bactéria. A energia obtida a partirdestas reações é usada para transportar todas asetapas de fabricação de substâncias básicas ne-cessárias às bactérias.Pilha de aeração diferencial – pilha de corro-são causada por diferenças na concentração deoxigênio em uma solução (eletrólito).Desulfovibrio – são bactérias redutoras de sul-fato e estão envolvidas em processos como bio-corrosão e metabolismo de metais.Fungos – qualquer um dos grandes grupos deplantas paríticas com carência de clorofila, inclu-indo-se mofo, bolor, cogumelos e aqueles germesque causam fermentação, usados para fazer lico-res etc.Metabolismo – conjunto das reações físico-químicas que ocorrem em um organismo. Nosorganismos atuais tais conjuntos são bastanteintrincados com milhares a milhões de reaçõesdiferentes interconetadas. As reações têm suastaxas alteradas por estímulos ambientais e tam-bém pela taxa de outras reações: pela alteraçãode fatores como concentração de reagentes, quan-tidades de catalisadores, ativadores, e inibidoresde reação assim como por elementos físicoscomo temperatura e distribuição espacial dos re-agentes.Microorganismo – forma de vida que não podeser visualizada sem auxílio de um microscópio.Estes seres diminutos podem ser encontrados naágua, no ar, no solo, e, inclusive, no homem.Passivação – redução da velocidade da reaçãoanódica do aço submetido a corrosão.

    gênio, o hidrogênio e o carbono são perti-nentes à resina, o alumínio tem a ver com osuporte das bases e, finalmente, o ouro e osilício referem-se ao detector localizado sobas bases.

    E aí?

    A presença de bactérias do tipo thiobaci-llus e, principalmente, as ferrobactérias sãomotivo de muita preocupação. As primei-ras, literalmente, detonam o concreto aosecretarem ácido sulfúrico (H2SO4) na su-perfície e nos capilares do concreto. As fer-robactérias, uma vez em contato com as ar-maduras do concreto, têm aí um prato feito,ou seja, literalmente, comem-nas.

    fax consulta nº 11

    Para ter maisinformações sobreAnálise.

    REFERÊNCIAS• Michelle Batista é química.• Butlin, K.E. Adams, M.E. e Thomas M., J.

    Gen. Microbiol.3.• Starkey, R.L., Producers Monthly 22.• Campbell, L.L., Frank, H.A. e Hall, E.R. Bac-

    terial. Proc. 60.• Mechalas, B.J. e Rittemberg, S.C. J. Bract.

    80.• Bréchet, Y. Vieillissement des métaux, céra-

    miques et matériaux granulaires. In: Echan-ges Physique-Industri No.7.

    Presença de biofilmes nas travessas do viadutodo Joá, no Rio de Janeiro, devido aos vazamentosnas juntas de dilatação.

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 19

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200720

    fSurvey Practice

    antigo, via de regra, fica submetida a umcaminhão de tensões, começando pelasmudanças de volume a que se submete,periodicamente, o concreto e que interferedrasticamente com o material aderido. Nes-te rala-rala estão envolvidos os coeficien-tes de dilatação térmica de ambos os mate-riais, seus módulos de elasticidade, a retra-ção natural devido à secagem do aglome-rante e do material novo e, finalmente, afluência, sempre retardada. O estado detensões que se desenvolve na interface de

    Continua na pág. 22

    o contrário do que técnicos e enge-nheiros possam pensar, são gran-des as exigências para uma cola-

    gem estrutural com 100% de sucesso. Exis-tem algumas técnicas que possibilitam talêxito, ou seja, uma perfeita aderência entreo material de recuperação/reforço e o con-creto original. O segredo para tal empreen-dimento é ser bem meticuloso e, na medidado possível, testar a colagem.É sempre bom lembrar que, a interface decolagem entre o novo material e o concreto

    AGLOSSÁRIO

    Tensões – força por unidade de área. Utiliza-se otermo especialmente para indicar os esforços aque se submetem os sólidos, reservando-se o ter-mo pressão para as tensões isotrópicas exercidaspelos fluidos. A tensão pode ser de compressão,tração ou de cisalhamento.Forças de Van der Walls – forças interatômi-cas de longo alcance que acabam ligando átomos emoléculas, devido a influência dos movimentosdos seus elétrons de valência.Elétrons de valência de um átomo – são oselétrons ganhos, perdidos ou compartilhados emuma reação química.Fluência – aumento da deformação no concretocom o correr do tempo, quando submetido a cargaconstante. Deformação lenta, dependente do tem-po que ocorre sob tensão.

    ANÁLISE

    FilomenaMartins Viriato

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200720

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 21

    Tele-atendimento(0XX21) 3154-3250

    fax (0XX21) [email protected]

    Fax consulta nº 12

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200722

    tando tensões de tração e cisalhamentodevido às cargas aplicadas. Recuperação ereforço feitos com grauteamento ou con-creto projetado sobre superfícies de con-creto escarificadas ou cortadas a ponteiroficam submetidas a tensões de cisalhamen-to na interface de colagem. A resistência aestas tensões são o somatório do própriomecanismo de aderência, aliado ao disposi-tivo de intertravamento entre agregados, oqual aumenta substancialmente a capaci-dade aderente cisalhante. Na bula da boa

    colagem varia consideravelmente, de acor-do com o tipo e o uso da peça estrutural.Por exemplo, uma camada de concreto pro-jetado, aplicada no interior de um tanque,poderá estar submetida a tensões de cisa-lhamento juntamente com tensões de tra-ção e compressão, produzidas pelo fenô-meno da retração ou por efeitos térmicos,além, claro, de tensões de compressão e ci-salhamento devido à carga do líquido. Umreforço com fibra de carbono, na região in-ferior de uma laje, poderá estar experimen-○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    APICOADOR TYTele-atendimento

    (0XX21) 3154-3250fax (0XX21) 3154-3259

    [email protected] consulta nº 13

    Estratégia para a recuperação com colagem.

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200722

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 23

    • Intensidade das forças cisalhantes;• Propriedades do graut/con-

    creto novo;• Técnica de aplicação;• Qualquer combinação entre

    elas.

    técnica da colagem estrutural também estáescrito que a resistência inicial da colagemnão é tão ou mais importante do que suaprópria durabilidade.

    Procedimentos para umaexcelente aderência

    Superfícies de concreto, bases para toda equalquer recuperação/reforço precisamchegar a perfis típicos, dependendo daadesão a ser feita:

    Recuperação/reforço tradicional

    Uma recuperação/reforço com graut ouconcreto (projetado) precisa ter um perfil

    fSurvey Practice

    GLOSSÁRIO

    Coeficiente de dilatação térmica – é o alon-gamento correspondente a um aumento unitárioda temperatura. O coeficiente de dilatação térmi-ca do concreto α é da ordem de 10–5, ou seja, de10 microns por metro e grau de temperatura. Aretração térmica (R) do concreto é uma tempera-tura θ, é dada pela fórmula R = α (θ, –θ) onde t éa temperatura inicial do concreto.Polímeros – materiais com altíssimo peso mole-cular, formados a partir de pequenas moléculassubmetidas a ligações covalentes que permitem aligação entre elas. Polímeros podem ser feitoscom apenas um tipo ou com diversos tipos demoléculas. As propriedades dos polímeros, sejamborrachas, plásticos, fibras ou adesivos são ba-seadas em seu alto peso molecular, grande tama-nho de moléculas e a ligação entre estas cadeiasindividuais em uma forma volumosa. Cadeia ourede de unidades repetidas combinadas quimica-mente, formadas a partir de monômeros pela po-limerização.Módulo de elasticidade – se em uma peça deconcreto de dimensões fixas, com comprimentoigual a unidade e de seção igual a unidade aplicar-mos uma tensão de tração muito pequena T, have-rá um alongamento em seu comprimento de C. Tãologo se suprima a tensão, o comprimento volta aovalor inicial. A relaçaõ T/C é, por definição, o módu-lo de elasticidade. É o coeficietne angulãr da retaque constitui o diagrama tensão-deformação.

    de base suficientemente rugoso, de modoa acontecer aquele intertravamento mecâ-nico que já comentamos. Este perfil nadamais é do que a distância entre os pontosaltos e baixos, considerando-se uma dis-tância especificada. Dependerá das seguin-tes ocorrências:

    Ferramentas e seus perfis típicos

    o perfil ideal. A seguir apresentaremos asetapas básicas necessárias a uma boa ade-rência.

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    Tele-atendimento(0XX21) 3154-3250

    fax (0XX21) [email protected]

    Fax consulta nº 14

    Como já se pode imaginar, testes tornam-semais do que necessários para se encontrar

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 23

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200724

    REFERÊNCIAS• Filomena Martins Viriato é engenheira ci-

    vil, especialista em serviços de recuperação.• Ohama, Y., Comparison of properties with

    vairous polymer-modified mortars, in Synthe-tic Resins in Building Construction 1, Eyrol-les, Paris.

    • Ohama, Y., Adhesion durability of polymer-modified mortars through ten-year outdoorexposure, in Polymers in Concrete, Proc. 3rd

    As etapas

    chôco

    1ª Etapa

    A superfície do concreto deverá estar firme elimpa, isenta de qualquer substância que pos-sa inibir a aderência. Uma superfície ideal éaquela onde se vê agregados graúdos firme-mente aderidos à matriz cimentícia.

    2ª Etapa

    Após o corte inicial dever-se-á checar a su-perfície para a existência de vazios e despla-camentos.

    3ª Etapa

    Após a preparação mecânica, checar-se-á operfil.

    4ª Etapa

    A superfície preparada deverá ter poros aber-tos, de modo que haja a obrigatória absorçãodo material de recuperação/reforço. Se os po-ros estiverem entupidos com poeira, calda decimento ou água, o processo de absorção esta-rá comprometido e, conseqüentemente, redu-zida a aderência.

    5ª Etapa

    Para proceder à limpeza dos poros faça o seguinte:• Hidrojateamento.• Hidrojateamento com areia.• Hidrojateamento seguido de limpeza com ar comprimido.

    Uma estrutura de poros aberta promoverá sucção capilar do material derecuperação/reforço ou do agente de colagem. Cheque a superfície final.

    6ª Etapa

    O nível de umidade da superfície do concreto éfator crítico para se obter a aderência. Superfí-cies excessivamente secas absorvem muita águae material de recuperação/reforço, resultandoem retração excessiva. Por outro lado, exces-so de umidade entope os poros e impede aabsorção do material. O correto é fazer umaargamassa fluida, com o próprio material, sa-turando a superfície, imediatamente antes.

    Como opção, poder-se-á utilizar agentes de colagem polimerizados (e nãopoliméricos). Importante: precisam ser compatíveis tanto com o concretoquanto com o novo material. Lembrem-se do rala-rala que falamos noinício?

    7ª Etapa

    O material de recuperação/reforço deverá tersuficiente quantidade de pasta, de modo a inte-ragir com a mesma ou com o agente de cola-gem previamente aplicado.

    ?

    8ª Etapa

    A interface onde ocorre aaderência é um local decontato muito íntimo, ondedeverá haver uma afeiçãomuito forte entre o novo eo antigo. Esta desejada in-timidade, claro, poderá sermais intensa com alguns

    mecanismos:• O uso de vibradores adequados é bem vindo, pois produz fluxo entre os

    fluidos, pressão hidráulica e expele bolsões de ar entranhados.• O uso de projeção mecânica. O novo material é lançado com alta velocidade

    de encontro ao concreto.• Projeção manual utilizando a força do braço (baixa velocidade) ou utilizando

    a técnica do dry-pack.

    9ª Etapa

    Como dissemos no início, é preciso ser meticulo-so para assegurar que todas as etapas sejam segui-das e, se possível, fazer um ou mais testes de ar-rancamento, de modo a monitorar a resistênciade tração aderente. Para fazê-lo, é necessário ex-trair parcialmente o material de recuperação/re-forço aplicado. A resistência da aderência deveráser tal que a estrutura recuperada/reforçada deve-

    rá trabalhar como um todo ou monoliticamente sob as cargas aplicadas. Aruptura deverá ocorrer no lado do concreto original.

    fax consulta nº 15

    Para ter maisinformações sobreFundamentos.

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200724

    Int. Congr. Poluymers in Concrete, Vol. 1,College off Engineering, Nihon University,Koriyama, Japan.

    • Kobayashi, K. and Ito, T., Several PhysicalProperties of Resin Concrete, in Polymers inConcrete, Proc. 1st int. Congr. Polymer Con-cretes, Construction Press, Lancaster, UK.

    • Brocard, J. and Cirodde, R., Proprietes fonda-mentales des betons de resine, RILEM Bull., 37.

    • Ohama, Y., IV-1, Improvement of the Qualityof Concrete, 60. Resistance of Resin Concre-tes to Rapid Freezing and Thawing in Water.

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200730

    fSurvey Practice

    reas urbanas da cidade do Rio deJaneiro afastadas do mar, enqua-dram-se, no verão, num contexto

    de clima quente, chuvoso e úmido, comumidade relativa alta, semelhante a maio-ria das cidades do país. O concreto destasáreas, afastadas cerca de 30km do mar, pre-dominantemente, sofrem de problemas decorrosão associados a carbonatação e nãoa contaminação por sais da maresia. Em

    Á conseqüência do crescimento demográfi-co acelerado, edificações caracterizadaspor ter de um a três pavimentos, foramconstruídas há cerca de 30 anos seguindopráticas tradicionais, moldando-se concre-to em betoneiras pequenas e tipicamentecom 18 a 20MPa.A durabilidade do concreto, esse cuidadoprévio de fazê-lo com qualidade, de modo aconservá-lo, naquela época (e até agora),

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200730Continua na pág. 32

    GLOSSÁRIO

    Carbonatação – transformação química na qualminerais são alterados para carbonatos, devido aoácido carbônico.Pilha eletroquímica – sistema eletroquímicoconstituído de anodo e catodo em contato metáli-co e imerso em um eletrólito. No caso do aço,existem milhares de pilhas eletroquímicas comáreas dissimilares ao longo de sua superfície. Oaço é um metal extremamente reativo e necessitade proteção complementar eletroquímica, quandoutilizado em ambiente corrosivo.

    Presença de regiõesdesplacadas e corrosão

    nas marquises.

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 31

    TOP COAT CARBO FCTele-atendimento

    (0XX21) 3154-3250fax (0XX21) 3154-3259

    [email protected] consulta nº 27

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200732

    não era uma preocupação. Nossa práticaconstrutiva para este importante e vitalmaterial estava norteada no critério capen-ga da obtenção da resistência à compres-são necessária e suficiente. Só. Assim, edi-ficações pipocavam a cada dia, assentadasem estruturas de concreto com elevado fa-tor água-cimento (0,70 para cima), tornan-do-as altamente porosas e, de certa forma,comprometidas pelo fato de quase tudo serfeito na própria obra, sem o devido contro-le de qualidade. Para engessar ainda mais acombalida durabilidade, percebemos quetodo esse concreto desova com camadasde recobrimento próximo a zero centímetros.Com base neste quadro, o Instituto de Pa-tologias da Construção objetivou investi-gar o efeito da carbonatação em três prédi-

    os sintomáticos, situados em ambiente ur-bano, localizados em três diferentes bair-ros do Rio de Janeiro.

    Os procedimentos

    Selecionaram-se três prédios, todos com trêspavimentos, com base nos sintomas apre-sentados (desplacamentos da camada derecobrimento), no tipo de deterioração (ex-posição e corrosão nas armaduras) e no tem-po de construção. O prédio A, situado emMadureira e o prédio B, situado em Realen-go apresentavam emboço e pintura sobre asuperfície do concreto. No prédio C, situadoem Irajá, a superfície do concreto era apa-rente e pintada. Todos os prédios foramconstruídos com marquise e, exatamentenesta região da edificação, foram feitas asanálises, escolhendo-se locais em suas fa-ces inferiores, afastadas uma da outra de 3metros e 0,50m afastadas da viga periférica,

    removendo-se a pintura e o emboço, desco-brindo-se a superfície do concreto. Estabe-leceu-se em cada marquise, duas áreas detrabalho com dimensões de 30cm x 30cm.Nestas áreas foram feitos exames para a ob-tenção da resistência à compressão do con-creto via exclerometria, análise da presença,diâmetro e profundidade das armaduras como SCANNER X (Ferroscan), verificação dopH da superfície do concreto com lápis es-pecífico, levantamento dos potenciais decorrosão com a semipilha CPV-4 e a análiseda frente de carbonatação, através de fura-ção do concreto e checagem automática dopó do concreto com spray de fenolftaleína.Este método particular de verificação da fren-te de carbonatação é, também, padronizadopor normas internacionais, tipo a BS 1881,“Testing Concrete”, parte 124, “Métodos deanálises para concreto endurecido” e foi es-colhido tendo em vista que os proprietáriosnão permitiram a quebra do concreto e muitomenos a extração de corpos de prova. Osdesejados coeficientes de carbonatação (K)foram obtidos a partir da fórmula K = x.t–1/2,utilizando-se a idade aproximada da estrutu-ra, t, em anos e a medida da frente de carbo-natação, x, em milímetros.

    Os resultados

    A tabela abaixo apresentada evidencia valo-res médios obtidos em cada área de 30cm x30cm, de cada marquise.

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200732

    GLOSSÁRIO

    ASTM – American Society for Testing and Ma-terials.

    * coeficientes de carbonatação até o valor de 6mm.ano–1/2 costumam ser característicos de concreto de média qualidade.

    PrédioRegião

    damarquise

    Espessurado

    recobrimento(mm)

    Diâmetrodas

    barras(positivas)

    Resistênciaa

    compressão(MPa)

    pHda

    superfíciedo

    concreto

    Potencialde

    corrosão(mV)

    Profundidadeda

    carbonatação(mm)

    Coeficiente*de

    carbonatação(mm.ano–1/2)

    A1 3 6mm 19 9 –358 9 1,9AMadureira A2 2 6mm 18 10 –290 5 1,5

    B1 4 6mm 26 8 –340 7 2,0BRealengo B2 5 6mm 28 9 –380 7 2,5

    C1 8 8mm 17 9 –450 16 5,7CIrajá C2 10 8mm 17 9 –390 22 7,8

    Desplacamentos evidenciam a presença decorrosão: a causa é a carbonatação.

    Situação dos 3 bairros na região metropolitana do Rio de Janeiro.

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 33

    K = x.t–1/2 onde

    x é a espessura ou profundi-dade carbonatada, em mm.

    t o tempo de exposição, emanos.

    K coeficiente de carbonata-ção, que depende da difusão do CO2.Sua unidade é mm.ano–1/2

    fSurvey Practice

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 2007 33

    O fenômeno da carbonatação

    O dióxido de carbono, CO2, presente no ar,adentra nos poros do concreto, dissolve-sena água ali presente, originando uma solu-ção ácida, que acaba por reduzir o pH damatriz cimentícia, extremamente alcalina,caracterizada principalmente pelo hidróxidode cálcio, transformando-o em carbonatocálcico. O pH do concreto descamba paravalores próximos do neutro (7). Este pro-cesso, que progressivamente adentra noconcreto, chama-se carbonatação. Nessemeio tempo, ou seja, quando o pH do con-creto já apresenta crachá com pH 11, a cor-

    rosão nas armaduras já pede passagem. Masnem todos os concretos carbonatam-se coma mesma velocidade. Uma série de variáveis,como a quantidade de cimento introduzida noconcreto, sua porosidade, o próprio tipo decimento, a umidade relativa do ar etc, inter-ferem. À medida que o concreto torna-se car-bonatado, adquire, com o tempo, uma certavelocidade de avanço em direção às armadu-ras estabelecendo, naturalmente, uma linhaavançada, chamada frente de carbonatação.Esta linha de frente, quer dizer, esta frentede carbonatação, que adentra em direção àsarmaduras, com uma certa velocidade, natu-ralmente, estabelece duas regiões com pH di-ferentes: uma com pH geralmente menor que9 (carbonatada) e a outra com o pH originalentre 12 e 13 (não carbonatada). Esta velo-cidade com que se move à frente de carbona-tação reduz-se exponencialmente, à medida

    Concreto de boaqualidade (pH=13/14)aço encontra-sepassivado.

    Dióxido de carbonoentra, pH começa adiminuir. O aço aindanão é afetado.

    O pH do ambienteem torno da armaduradiminui abaixo de9,5. Começa acorrosão.

    A expansão voluntáriada corrosão causatrincas edesplacamentos.

    CARBONATAÇÃO

    Reações para a carbonatação

    Fase 1: Os poros do concreto contém:água e cal livreH O e Ca(OH)2 2

    Fase 2:

    Fase 3:

    Quando o dióxido de carbono do ar entra nosporos do concreto, forma-se o ácido carbônico:dióxido de carbono + água = ácido carbônico

    CO +2 2 2 3H O = H CO

    O ácido carbônico neutraliza a cal livre e formasólidos de carbonato de cálcio em pH neutro.

    + = CaCO +cal livre + ácido carbônico = carbonato de cálcio + água

    Ca(OH) H CO H O(alto pH) (baixo pH) (pH neutro)

    2 2 3 3 2

    É importante ressaltar que, em concretos mo-lhados ou saturados, a rapidez com que o CO2adentra no concreto é 104 vezes mais baixaque no concreto em condições normais. Lem-bramos mais uma vez que é necessário quehaja umidade (vapor d’água) dentro dos po-ros para que se proceda à reação com o CO2de modo a ocorrer a acidificação do concreto.

    que o processo avança em direção às arma-duras e é regulada por uma equação:

    RENEWTele-atendimento

    (0XX21) 3154-3250fax (0XX21) 3154-3259

    [email protected] consulta nº 28

  • RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200734

    fax consulta nº 29

    Para ter maisinformações sobreAnálise.

    fSurvey Practice

    E a carbonatação?

    Todas as marquises analisadas apresenta-vam sintomas localizados de corrosão emsuas armaduras positivas. Os testes reali-zados foram feitos em regiões distantesdaqueles sintomas. Os potenciais de cor-rosão com a semipilha foram obtidos ape-nas nas armaduras positivas.A ASTM C-876, “Método padrão para ob-tenção de potenciais com a semipilha nas

    armaduras do concreto” prescreve o méto-do de ensaio para a obtenção dos potenci-ais de corrosão no concreto armado, alémdas informações pertinentes ao ensaio. Osvalores encontrados são associados à pro-babilidade de corrosão.O concreto armado das marquises, emboravisivelmente sintomáticos de corrosão, foianalisado nas regiões “aparentementeboas” o que, na prática antiga do diagnós-tico da corrosão, nos serviços de recupera-ção estrutural, é tido como “sem compro-metimento”. O que se viu, nos três prédios,ao contrário, foram sintomas inerentes decorrosão nas armaduras positivas o que,em princípio, pode não significar um qua-dro problemático, considerando-se que asarmaduras negativas é que respondempela estabilidade destas peças estruturais.No entanto, com todas as armaduras in-terligadas e com pilhas de corrosões jáinstaladas (pelo menos) na ferragem po-sitiva promove-se, automaticamente, no-

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    REFERÊNCIAS

    • Joaquim Rodrigues é engenheiro civil, mes-tre em corrosão, membro de diversos institu-tos nos EUA, em assuntos de patologias daconstrução, É editor e diretor da RECUPE-RAR, além de consultor de diversas empre-sas.

    • E.I. moreno, R.G. Solis, E. Cob, “ReinforcingSteel Corrosion in Houses Due to ConcreteCarbonatation in Urban Tropical Environ-ments”, CORROSION/2003.

    • E.I. Moreno, P. Castro, J. Leal-Murguia, “Car-bonation-Induced Corrosion if Urban Con-crete Buildings in Yucata, Mexico”, CORRO-SION/2002.

    • P. Castro, E.I. Moreno, J. Genescá, “Carbo-natation-induced Corrosion of Concrete Co-astal Buildings in the North of Yucatan, Me-xico”, CORROSION/99.

    • O. Trocónis-Rincón, A. Romero-Carruyo, C.Andrade, P. Helene, I. Díaz, “Manual for Ins-pecting, Evaluating and Diagnosing Corrosi-on in Reinforced Concrete Structure”.

    • ASTM C 642, “Standard Test Method forSpecific Gravity, Absorption, and Voids inHardened Concrete”, Annual Book of ASTMStandards.

    • G. Fagerlung, “On the Capillarity of Concre-te”, Nordic Concrete Research.

    Avaliação dos resultados segundo a ASTM C-876Potencial de corrosão utilizando-sesemipilha de cobre-sulfato de cobre

    (milivolts)

    Probabilidade de corrosão(%)

    Mais negativo que –350 95

    Mais positivo que –200 5

    De –200 a –350 Incerta

    Parece, mas não éUm fenômeno parecido com o da redução dopH do concreto pelo CO2, é a lixiviação, quemuitos técnicos chamam erradamente decarbonatação, que ocorre quando a águapermeia por seus poros interiores e acabasaindo através de sua superfície, sob a for-ma de corrimentos esbranquiçados, denomi-nados de eflorescências. Este processotambém provoca o abaixamento do pH, de-vido ao fato da água comumente ter um pH8 e, através da “lavagem” constante, acabapor reduzir o pH (12-13) do concreto.

    vas pilhas de corrosão ativa-passiva.Como o concreto envolvente apresentadiferenças de pH, nutre-se, involuntaria-mente, pilhas de corrosão por concentra-ção diferencial, tanto pelas diferençasnas características da solução instertici-al (eletrólito) que permeia pela interfaceconcreto-armaduras quanto pela oxigena-ção diferenciada presente nas vielas doscapilares do concreto.

    Desplacamentona ponta daviga quesustenta amarquise.

    POLIUREÍA A ROLOTele-atendimento

    (0XX21) 3154-3250fax (0XX21) 3154-3259

    [email protected] consulta nº 30

    RECUPERAR • Janeiro / Fevereiro 200734

    001_75002b_75003_75004_75