XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.

ACUPUNTURA PARA O TRATAMENTO DE DOENÇAS DO DISCO

CERVICAL

Marianne Kilma da Silva Santos1, João Marcelo Wanderley de Mendonça Uchôa Cavalcanti

2, Hugo César Viana de

Souza1, Vanessa Alessandra de Barros Portela

1, Caroline Isabelle de Souza

1, Maria Cristina de Oliveira Cardoso

Coelho3, Ana Paula Monteiro Tenório

3.

Introdução

Nos cuidados veterinários tem-se priorizado os estudos e conhecimentos para melhorar o tratamento da dor em

animais (Hellyer, 2002), não apenas pela questão ética, mas também pelo reconhecimento que o uso dos métodos

anestésicos trazem benefícios reais para o funcionamento fisiológico, por diminuir as substâncias deletérias para o

organismo, além de reduzir o estresse emocional do paciente, facilitando sua recuperação (Andrade, 2002).

De acordo com Ma (2006) o grau de dor é de muita relevância para descobrir a natureza da dor e o prognóstico do

tratamento, bem como o uso da acupuntura, através dos acupontos homeostáticos (AH) diminui ou elimina a dor e reduz

a inflamação para que as funções dos tecidos possam ser reconstruídas e aliviar as síndromes dolorosas.

A doença do disco intervertebral cervical é uma das causas de dor frequentes em medicina veterinária (Janssens,

1992). A discopatia cervical é responsável por cerca de 14% a 16% das doenças que afetam o disco intervertebral

(DIV). Dor cervical, ataxia, plegia, tetraparesia, hemiparesia são os sinais clínicos apresentados na doença do disco

intervertebral cervical (Braund, 1993; Gill et al., 1996). Segundo Janssens (1990) as discopatias nos três primeiros

discos intervertebrais chegam a 90% dos casos. A depender do grau da lesão, os tratamentos podem ser desde restrição

a exercícios até procedimentos cirúrgicos como fenestração ou descompressão ventral, hemilaminectomia e

facetectomia por acesso lateral e laminectomia dorsal (Fry et al., 1991; Lipsitz & Bailey, 1992; Bagley et al., 1996; Gill

et al., 1996). A confirmação do diagnóstico é feito através de exame radiográfico simples em 60% dos casos. Nos

outros 40% é preciso fazer mielografia após descartar outras patologias, com os mesmos sintomas, tais como:

meningite, discoespondilite e subluxação atlanto-axial. (Padilha Filho & SelmI, 1999).

Além do tratamento cirúrgico, a discopatia cervical também pode ser tratada com acupuntura; com algumas exceções

os resultados são favoráveis e comparáveis com os tratamentos cirúrgicos (Janssens, 1992).

A acupuntura consiste na inserção de agulhas em pontos específicos do corpo com intuito terapêutico de provocar

analgesia (Lin, 2006), sendo um dos métodos terapêuticos mais usados na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que

tem como princípio provocar a liberação de neuropeptídeos pela estimulação sensorial periférica (Dawidson et al.,

1999). Estas estimulações resultam em uma transmissão da informação pelo cordão espinhal antes que a dor seja

percebida devido as diferentes velocidades de condução (Melzack & Whall, 1965). De acordo com Ma (2006) a

inserção de agulha reduz o estresse estimulando a secreção de endorfinas, relaxando os sistemas cardiovascular e

muscular e beneficiando a homeostase, incluindo a normalização das funções dos órgãos e dos sistemas como um todo

que estava antes prejudicado por algum desequilíbrio fisiológico neuro-hormonais. Ma (2006) afirma ainda que a

inserção de agulhas acelera a cura dos tecidos moles como: nervos, músculos, tecidos conectivos e algumas estruturas

funcionais, como sangue e vasos linfáticos.

As doenças do disco intervertebral (DDIV) são enquadradas nas Síndromes Bi dolorosas, que são causadas pela

invasão de vento, frio e umidade, interferindo no fluxo do Qi (energia vital) e do xue (sangue), ocasionando estagnação

e resultando em dor (Schoen, 2001).

O tratamento consiste na desobstrução do canal do meridiano, seja através de pontos locais ou distantes.

Frequentemente os acupontos B60 (bexiga) , IG4 (intestino grosso), E36 (estômago), BP5 (baço-pâncreas) , VG9 (vaso

governador), B16 (bexiga), ID11 e ID14 (intestino delgado), R10 (rim), B62 (bexiga) são utilizados para tratar

patologias cervicais (Casado et al., 2008).

Material e métodos

As buscas foram realizadas nos periódicos acadêmicos Capes e Google acadêmico com palavras chave relacionadas a

cervicalgia, doença do disco cervical e acupuntura. Foram selecionados 12 artigos que correspondiam aos critérios de

aceitabilidade, tais como: tratamento estatístico, clareza nos materiais e métodos e amostra satisfatória, bem como

alguns livros foram utilizados para referenciar conceitos científicos básicos.

Discussão

Um estudo de Jansenss (2001) analisou o tratamento com acupuntura em cães com diferentes graus de discopatia do

disco cervical, verificou-se que em 80% de dor cervical (grau I) os animais recuperam-se em 3 ou 4 tratamentos num

período máximo de duas semanas. Em 67% dos casos os cães com discopatia de grau II (dor cervical e paresia)

1 Primeiro Autor é discente do curso de Medicina Veterinária pela UFRPE, R Dom Manoel de Medeiros s/n Dois Irmãos, Recife – PE E-mail:

mariannekilma@hotmail.com 2 Segundo Autor é discente de Pós Graduação em Ciências Veterinárias pela UFRPE 3 Terceiro autor é professor adjunto IV do curso de Medicina Veterinária pela UFRPE

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recuperam-se após 5 ou 6 tratamentos em um período de três a quatro semanas. Em dor cervical, paralisia e

sensibilidade profunda preservada (grau III) são poucos os casos descritos, portanto não se pode oferecer resultados

fieis para este tratamento. O mesmo autor afirma que os cães que não responderem à acupuntura podem ser submetidos

a fenestração de disco cervical e de descompressão ventral.

Em um estudo de Chu & Schwartz (2002), os autores observaram que o alívio da dor miofascial acontece por um

mecanismo local, isto é, contração muscular, a qual é feita por movimentos intramusculares, estimulados pelos efeitos

que produzidos pelas agulhas causam estímulos mecânicos e elétricos (nervosos). Em muitos casos a abolição da dor

não é completa, porém estudos clínicos mostram que a acupuntura pode ser a única ferramenta que pode ser usado em

alguns tratamentos de dores musculoesqueléticas (Luna, 2002).

Janssens apud Altman (1995) utilizou pontos locais dolorosos em trinta e cinco cães com dor cervical e 69% dos

casos apresentaram recuperação completa, alguns tratados previamente sem sucesso com métodos médicos ou

cirúrgicos e 10 animais apresentaram recorrência. Os resultados demonstraram que a terapia por acupuntura parece ser

um tratamento efetivo em cerca de 70% das protusões de discos cervicais e que a acupuntura não tem efeito profilático

quanto à recorrência. O mesmo autor relata que o tratamento com acupuntura não deve ser mantido por mais de 2 a 3

semanas se os resultados não forem notados e que em pacientes com discopatia do disco intervertebral cervical os

resultados da acupuntura são menos favoráveis do que em doença do disco intervertebral torácolombar.

Após analises bibliográficas foi observado que os pontos utilizados para o tratamento com acupuntura mostrou-se

eficaz para o tratamento e alívio da dor na região cervical e do organismo como um todo, mostrando que essa

terapêutica é eficiente no tratamento de lesões como discopatia cervical.

Referências

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