Adelaide Câmara - Psicologia do Espírito · de prestígio e de respeito que crentes e descrentes...

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Adelaide Cmara Adelaide Cmara Adelaide Cmara Adelaide Cmara Grandes Espritas do Brasil(*)(*)(*)(*)

ADELAIDE AUGUSTA CMARA foi uma das mais devotadasfiguras femininas do Espiritismo no Brasil, bem conhecida pelo seupseudnimo de AURA CELESTEAURA CELESTEAURA CELESTEAURA CELESTE.

Encarnou na cidade de Natal, Estado do Rio Grande doNorte, em 11 de janeiro de 1874, e desencarnou na cidade do Riode Janeiro, em 24 de outubro de 1944.

Aura Celeste veio para a antiga Capital Federal em janeiro de1896, graas ao auxlio de alguns militantes do Protestantismo, acuja religio pertencia, os quais lhe propiciaram a oportunidade delecionar no Colgio Ram Williams, o que fez com muitaproficincia, durante algum tempo, at que organizou em suaprpria residncia, um curso primrio, onde muitos homensilustres do meio poltico e social brasileiro aprenderam com ela asprimeiras letras.

Foi nesse perodo de sua vida, no ano de 1898, quecomeou a sentir as primeiras manifestaes de suas faculdadesmedinicas. Nessa poca, o grande Bezerra de Menezes dirigia osdestinos da Federao Esprita Brasileira, revestido daquela aurolade prestgio e de respeito que crentes e descrentes lhe davam, e oEspiritismo era o assunto de todas as conversas, no s pelosfenmenos e curas medinicas, como pela propaganda falada,pelos livros e pela imprensa.

Sob a sbia orientao de Bezerra de Menezes comeou asua notvel carreira medinica como psicgrafa, no Centro EspritaIsmael. O grande apstolo do Espiritismo brasileiro, pela suaconhecida clarividncia, prognosticou, certa vez, que AdelaideCmara, com as prodigiosas faculdades de que era dotada, um diaassombraria crentes e descrentes. E essa profecia de Bezerra nose fez esperar, pois em breve Adelaide Cmara, como mdiumauditiva, comeou a trabalhar na propagao da Doutrina, fazendoconferncias e receitando, com tal acerto e exatido, que o seunome se irradiou por todo o Pas.

Com a desencarnao do inolvidvel mestre, doutor Bezerrade Menezes, em 1900, Adelaide Cmara aproximou-se do grandeseareiro que foi Incio Bittencourt e, nas sesses do Crculo EspritaCritas, passou a emprestar o seu concurso magnfico comomdium e como propagandista de primeira grandeza.

Contraindo npcias em 1906, os afazeres do lar, e aeducao dos filhos mais tarde, obrigaram-na a afastar-se dapropaganda ativa nos Centros, mas, nem por isso, ficou inativa.Nas horas de lazer, entrava em confabulao com os guiasespirituais, e pde receber e produzir pginas admirveis, queforam dadas publicidade na obra Do Alm, em 21 fascculos, eno livro Orvalho do Cu.

Foi a que adotou o pseudnimo de AURA CELESTE, nomecom que ficou conhecida no Brasil inteiro.

Em 1920, retorna tribuna e aos trabalhos medinicos, comtal vigor e entusiasmo, que o seu organismo de compleiofranzina ressentiu-se um pouco, mas, nem por isso, deixou ela decumprir com os seus deveres. O Dr. Joaquim Murtinho era omdico espiritual que, por seu intermdio, comeou a trabalhar nacura dos enfermos e necessitados, diagnosticando e curando atodos quantos lhe batiam porta, desenvolvendo-lhe,espontaneamente, diversas faculdades medinicas nesse perodo.

Alm das mediunidades de incorporao, audio, vidncia,psicogrfica, curadora, intuitiva, possua Adelaide Cmara, ainda, aextraordinria faculdade da bilocao. Muitas curas operou emdiferentes lugares do Brasil, a eles se transportando emdesdobramento fludico, sendo visvel o seu corpo perispirtico,como aconteceu em Juiz de Fora e Corumb (provadamenteconstatado), por enfermos que, sob os seus cuidados, a viramaplicar-lhes passes.

Poetisa, conferencista, contista, e educadora sobretudo,deixou excelentes obras ltero-doutrinrias, em prosa e verso,assinando-os geralmente com o seu pseudnimo. assim que deua pblico Vozes dAlma, versos; Sentimentais, versos;Aspectos da Alma, contos; Palavras Espritas, palestras;Rumo Verdade e Luz do Alto. Esparsos em revistas e jornaisespritas, h muitas poesias e artigos doutrinrios de sua autoria.

O grande jornalista e literato Leal de Souza, referiu-se aAdelaide Cmara como a grande Musa moderna, a Musaespiritualista.

Em 1924, teve as suas vistas voltadas para o campo daassistncia s crianas rfs e velhice desamparada. Centralizoutodos os seus esforos no propsito de materializar esse antigoanseio de sua alma. Pouco, entretanto, pde fazer em quase trsanos de lutas. Aconteceu, ento, que um confrade, Joo Carlosde Carvalho, estava angariando donativos e meios para a fundaode uma instituio dessa natureza, e, um dia, faz-lhe entrega dalista de donativos a fim de que Adelaide Cmara arranjasse novosbolos para to humanitrio fim. Dias depois, Joo Carvalhodesencarna, e ela fica de posse da lista e do dinheiro arrecadado.

Passados alguns meses, o Sr. Lopes, proprietrio da CasaLopes, que andava estudando a Doutrina, mostrou-se interessadona organizao de uma instituio de amparo e assistncia aosrfos e Adelaide lhe informa possuir uma lista com algunsdonativos para esse fim. A idia foi recebida com entusiasmo elogo concretizada. Alugaram uma casa em Botafogo e a foiinstalado, no dia 13 de maro de 1927, o Asilo Esprita JooEvangelista, sendo ela a sua primeira diretora. Compareceu a essafestiva inaugurao o doutor Guillon Ribeiro, ento 2o. secretrio daFederao Esprita Brasileira e representante desta naquelasolenidade. Adelaide Cmara, em breves palavras, exprimiu o jbilode sua alma, afirmando realizado o ideal de toda a sua existncia ser me de rfos, graa do cu que no trocaria por todo o ouroe todas as grandezas do mundo.

Dedicou, da por diante, todo o seu tempo a essa grandiosaobra de caridade, emprestando-lhe as luzes do seu saber e de suabondade at o dia em que serenamente entregou a alma a Deus.

Com extremosa dedicao, trabalhou Aura Celeste em vriassociedades espritas beneficentes da cidade do Rio de Janeiro,dando a todas elas o melhor de suas energias e de sua inteligncia.

No Asilo Esprita Joo Evangelista, porm, foi onderealizou sua tarefa mxima, no s como competente educadora,mas tambm como hbil orientadora de inumerveis jovens que alireceberam, como ainda recebem, instruo intelectual e educaomoral.

A vida e a obra de Adelaide Cmara foram uma escada deluz, uma afirmao de f e humildade, e um perene testemunho deamor. Era a grande educadora que ensinava educando e educavaensinando, pelo exemplo.

Mdium sem vaidades, sincera e de honestidade a todaprova, praticava a mediunidade como verdadeiro sacerdcio.

Dotada de slida cultura teria, se quisesse, conquistadofama no mundo das letras. Poetisa de vastos recursos, oradoraconvincente e natural, senhora de estilo vigoroso e de fulguranteimaginao, tudo deu e tudo fez, com o cabedal que possua, parao bom nome e o engrandecimento da Doutrina Esprita.

O Asilo Esprita Joo Evangelista, no Rio de Janeiro, aest ainda, em sede prpria, atestando a obra e o devotamento causa do bem daquela nobre mulher que se chamou AdelaideAugusta Cmara.

ADELAIDE AUGUSTA CMARA ADELAIDE AUGUSTA CMARA ADELAIDE AUGUSTA CMARA ADELAIDE AUGUSTA CMARA (AURA CELESTE) (AURA CELESTE) (AURA CELESTE) (AURA CELESTE)

(*) Nota: Fonte: Grandes Espritas do Brasil (INTERNET)(*) Nota: Fonte: Grandes Espritas do Brasil (INTERNET)(*) Nota: Fonte: Grandes Espritas do Brasil (INTERNET)(*) Nota: Fonte: Grandes Espritas do Brasil (INTERNET) AUTOR: ZEUS WANTUIL AUTOR: ZEUS WANTUIL AUTOR: ZEUS WANTUIL AUTOR: ZEUS WANTUIL

ASILO ESPRITA JOO EVANGELISTA BAIRRO: HUMAITRUA VISCONDE DE SILVA, 92 RIO DE JANEIRO-BR

AURA CELESTE

DO ALM

COMUNICAES MEDINICAS

9o FASCCULO

Rio de Janeiro1934 - 2015

AO LEITOR

o 9o Fascculo Do Alm que ora trazemos s vossas mos, certos de vosoferecer leitura Esprita e Evanglica ao mesmo tempo.

Os Guias Espirituais, incansveis, em sua tarefa gloriosa de encaminhar oshomens a Jesus solicitamente fazem vibrar ensinamentos de amor, paz, consolao aosseus ouvidos.

Alguns destes proveitosos ensinos, recebidos mediunicamente nas sesses pblicasdo Asilo Esprita Joo Evangelista, Rua Visconde de Silva no 92, Botafogo, pelomdium Aura Celeste, apanhados por taquigrafia, colecionamos e damos publicidade,mais uma vez graas cooperao pecuniria do carssimo confrade que, desde o sextofascculo vem realizando essa publicao.

Rogamos ns e ele uma nica recompensa para o nosso trabalho: Que todosaqueles que tiverem oportunidade de ler as comunicaes aqui contidas possamcompreender a grandeza da f esprita, o seu importante papel nas conquistas imortaisda espiritualidade.

Deus vos abenoe e a ns tambm.

Rio de Janeiro, 1934.

A. CMARA Editor

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Usar, mas no abusarUsar, mas no abusarUsar, mas no abusarUsar, mas no abusarMeus irmos, a doutrina esprita prega o progresso das almas.No h criaturas perdidas diante de Deus. A lei de Deus no perde em inflexibilidade, pelo

fato de ser igualmente misericordiosa. A justia e a misericrdia, aliadas, produzem a perfeio.Deus, infinitamente bom, infinitamente justo, infinitamente perfeito.Espiritismo revela ao homem os diversos graus em que se encontram as almas nessa

trajetria da Terra para o espao e do espao para a Terra. De etapa em etapa, de vida em vida, vaio esprito burilando o seu carter, tornando-se cada vez mais limpo, at alcanar aquele grau deperfeio relativa para o qual foi criado.

Vs, na Terra, julgai-vos uns aos outros com muito maior severidade do que Deus vos julga.O homem, criatura falvel, pecadora, que erra todos os dias, tem para o seu irmo o critrioinexorvel no julgar: no perdoa, no desculpa, e considera o ser que erra uma criatura inteiramenteperdida, para a qual no h salvao. O homem probo, cujo nome perfeitamente limpo, nosuporta o menor deslize em matria de probidade. Outro qualquer pecado para ele no assumeaquela gravidade. A mulher honesta, segura de sua dignidade e de sua honra, no perdoa a fraquezade sua irm. Ela, que j conseguiu firmar-se no dever de ser pura, no compreende como outraspossam resvalar no pecado. E, assim por diante, cada indivduo tem tolerncia para a sua prpriafalta: considera-a, mas considera sempre mais grave aquele pecado para o qual no tem pendores.Eis porque os juzos do homem so sempre falhos. O esprita, porm, quando estuda doutrina eaprofunda mais os seus mistrios, chega concluso de que esse ser delinqente, hoje escorraadoda sociedade, dos bons, do convvio das almas puras, ser amanh, um redimido, e, por isso, temtolerncia e carinho para com os fracos, na Terra. Convm, porm no levar esta doutrina, estateoria to em absoluto. Assim, preciso, sobretudo para com os moos, esses que hoje comeam aviver, para quem tudo novo, para quem os prazeres so ideais realizados, para quem o vcio setransforma, muitas vezes, em seduo prazenteira, preciso abrir os olhos da mocidade.

O homem pode usar e no abusar. A mocidade no precisa se isolar dos prazeres do mundo,ficar qual celibatrio, separado do convvio da Terra, afastado dos seus prazeres, passando uma vidavegetativa, entre seus semelhantes. No isso que se lhe pede! O que se diz ao moo de hoje quejamais sacrifique a opinio dessa voz oculta que dentro do seu ser se manifesta, apontando-lhe oerro, apontando-lhe o perigo, livrando-o das ciladas do mal, porque esses crebros juvenis,entusiastas, cujo sangue pujante, nas veias, faz vibrar a natureza mais forte, esses seres devem saberque s um freio existe para a besta humana conter-se em seus mpetos carnais: esse freio a f, acerteza de uma vida transcendental, a certeza nesse Jesus impoluto, sempre doce, sempre bom,sempre carinhoso, sempre puro. A f nesse Cristo adorado pelo Universo que pode desviar ohomem desses perigosos abismos em que se precipita, danificando o corpo e intoxicando a alma.

Eis porque disse e repito: usar, mas no abusar. A Terra oferece prazeres inocentes mocidade, dos quais no lcito se privar. felicidade transitria deste mundo o homem tem direito.O moo deve aspirar o belo, deve aspirar o bom e, enquanto permita ao seu organismo fsico arealizao dos seus direitos, no deve prejudicar o seu esprito, fechando-lhe as portas do alimentoespiritual, porque, mais tarde, quando a razo despertar, quando a necessidade vier dizer a essecorpo: Pra, detm-te ento, o indivduo, no uso pleno de sua razo, resolvendo-se a constituir oseu lar, para a felicidade integral do seu esprito, ser uma criatura intil, ser um trapo humanogasto pelos prazeres mundanos.

Assim, usar e no abusar eis o lema. Viver no mundo, gozando aquilo que o mundo podedar, mas no permitindo que o mundo, nas suas ciladas traioeiras, algeme os pulsos do esprito quedeve ser livre!

Deus abenoe a todas as criaturas humanas, para que aqueles que so dignos esposos desuas mulheres, possam viver dentro dos seus lares com toda honestidade de homens cristos, dehomens de bem, e para que as esposas, amantes e carinhosas de seus maridos compreendam que amaior nobreza de uma mulher ser casta e pura, vivendo com o seu marido em perfeita harmonia deidias, em perfeita paz e comunho, esperando dele o apoio e o conforto que Deus permitir aoshomens proporcionar s sua esposas.

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E assim, coligados, unidos, vivam todos para a Terra, beneficiando-a com todo o bem quelhes for possvel beneficiar, mas olhando sempre para o alm, ptria eterna e adorada dos espritos dobem.

Cristo seja louvado em todo sempre e reine em todos os coraes para benefcio dahumanidade. Que assim seja.

JOO (o Evangelista)

Amor e F Amor e F Amor e F Amor e FMeus amigos e meus irmos, paz de Jesus convosco esteja.Quando se tem em mira um bom pensamento, quando se tem um alvo digno na vida, deve-se

ter confiana Naquele que assiste aos bem intencionados, Naquele que ampara os fracos, Naqueleque l o ntimo das conscincias; quando se tem a certeza de no desejar mal a ningum, antes, aocontrrio, desejar ao seu prximo todo bem possvel, quando se tem certeza de ter dentro da alma oamor de Deus sobre todas as cousas e o amor do prximo, como seu seguido corolrio, quando setem esta certeza, deve-se, igualmente, caminhar firme e seguro, sem receio de contratempos,aceitando as circunstncias da vida tais quais elas se apresentam. O medo, a incerteza, o pavor socaractersticos das almas fracas. Quem no tem uma f slida naturalmente receia o futuro; quemno tem confiana em Deus certo que, mais leve borrasca que se anuncia, treme de pavor; quemno tem amor por Jesus certamente lhe ser indiferente o amor do prximo.

Assim, pois, meus amigos, em curtas palavras eu vos quero dizer: se a vossa f firme comoa rocha, se o vosso amor verdadeiro para com Deus e para com o vosso prximo, caminhai firmes eseguros na estrada desta vida, sem temer seus declives, seus despenhadeiros, suas escabrosidades.Amai-vos uns aos outros com verdadeira ternura, prontos a vos sacrificardes uns para com os outros,bem como uns pelos outros; tende, dentro de vs, o sentimento da caridade que poupa a reputaoalheia, que poupa as chagas do prximo, chagas da alma, desgostos profundos que calam nas almasconscientes e no devem ser revelados para desdouro de quem quer que seja; habituai-vos a vosamardes com esse amor simples e puro, que afugente a malcia e, quando os vossos sentimentosprofundos estiverem de acordo com essa singeleza trazida por Jesus ao mundo singeleza que verdade, humildade, bondade e perdo ento, oferecei as vossas almas a Jesus e tende a certezada sua aceitao, do seu amplexo amoroso da sua caridade sem par.

Vs, criaturas no albor da vida, habituai-vos, assim, a ser verdadeiras, sinceras em todas asvossas relaes, na vossa estima de umas para com as outras e tende, entre todas, como irms, esselao de solidariedade fraterna que o apangio o distintivo das almas crists. Deixai, que, l fora, oshomens se traiam uns aos outros; deixai que, l fora, os amores sejam falsos, fingidos, sem valor,sem brilho e no mancheis os vossos pensamentos com tais pensamentos usados pelo mundo. Queas vossas almas, cndidas e puras, se abram s luzes da verdade para que, um dia, possais serverdadeiras esposas, verdadeiras mes, verdadeiras mestras.

Deus vos abenoe a todos. Que assim seja. BIANCA

Fiscalize cada a si prprioFiscalize cada a si prprioFiscalize cada a si prprioFiscalize cada a si prprioMeus amigos e meus irmos, cada vez que se levanta um homem a pregar a palavra sagrada

do Espiritismo, lcito esperar algum fruto desse labor, mormente quando a palavra, ungida de f,traduz o sentimento real da criatura.

Praza a Deus que as lies que pudestes aprender nesse instante germinem em vossoscoraes, dando fruto bom para o decurso da vida presente, frutos que se reflitam sobre a vidafutura. Convencei-vos, meus irmos: cada ser humano uma fonte de irradiao, bem como um

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receptor de vibraes do Alm. Segundo o seu sentir, segundo o seu agir, assim atrair essacriatura. De quem ama emanam pensamentos bons, pensamentos de amor; quem odeia emite doseu eu vibraes malignas, portadoras de dio, de vingana, de maledicncia, de maldade.

Vede, pois, que o esprito amante, que emite do seu ser vibraes de amor e bondade spode atrair do espao etreo emanaes iguais, fluidos que correspondam ao seu modo de sentir,enquanto que a alma de que emanam pensamentos odientos, cheios de veneno e fel, s pode, ipsofacto, atrair do alm tais sentimentos, tais emanaes tais fluidos que correspondam in totum, aseu modo de sentir. Eis porque as almas portadoras de inveja, aquelas que, no podendo destruir afelicidade do seu irmo, no podendo prejudic-los naquilo que Deus lhe deu, aos seus dotes fsicosou morais, tais almas, enchendo-se desse sentimento baixo, que a inveja, s podem acarretar, paracompanheiros da sua existncia, espritos congneres a elas, que so espritos fracos, que denotam asua insuficincia at como mdiuns, no podendo desvencilhar-se dos laos que a treva lhes joga,lanam sobre seus irmos em crenas suspeitas injustas, pensamentos malignos, tentando empanar,prejudicar o brilho do seu trabalho, do seu fulgor como mdiuns da sua inteligncia, enfim, da suautilidade.

No raro apontar-se indivduos que, pelo fato de pensarem um pouco melhor, deenxergarem talvez mais, pela perspiccia ou pela boa assistncia espiritual, no raro seremapontados como obsedados. Ora, sabeis perfeitamente que de um esprito obsedado no podempartir reflexes, pensamentos teis, vibraes poderosas, porque o esprito do mal no pode agirjamais como um bom: o seu brilho falso, a sua ao m, a prpria bondade que finge possuirfalsamente descoberta como mistificao. No , por conseguinte, em absoluto, possvel confundirum esprito bem orientado com um esprito mal intencionado; no entanto, a propaganda surdinaque faz o esprito maligno procura levedar toda a massa com o fermento da sua inveja, com ofermento do seu mal pensar, e colher, certamente, essa criatura, em resposta s sua emanaespara o mal, frutos de igual rendimento, de igual valor, homogneos aos seus.

Vede, pois, meus queridos amigos, o quanto preciso, o quanto necessrio e urgentssimoque cada um trate de purificar os seus sentimentos, o seu modo de sentir. Cada um procure serverdadeiro e ningum se preocupe com a felicidade que, por acaso, bafejar mais a este do quequele. Tudo isto a conseqncia da sua evoluo, do seu esprito trabalhado em vidas sucessivas,as dores que j burilaram o seu carter, as provas pelas quais j tem passado, podendo, nos diasatuais, demonstrar uma certa superioridade que em nada diminui os outros. Assim, fiscalize cada uma si prprio; tome nota da sua maneira de proceder; procure ser um bom e, nos seus trabalhos, se mdium, procure nivelar-se aos outros, atraindo as mesmas influncias, atraindo os mesmos espritosdo bem, porque no h mdiuns privilegiados; aquele que procura um aparelho qualquer, que sejabom, que tenha boa vontade, que trabalhe, no para fazer figura, mas que tenha o desejo deproduzir, espera que cada uma seja sincero, procure trabalhar o melhor que puder.

Meus amigos, a verdade que se vos diga: conforme seja o vosso interior, conforme seja ovosso sentir, assim ser a soma de bnos que cair sobre vs; tal seja a vossa atrao, tal ser arepercusso no espao; tal seja o vosso poder de atrao, tal ser a resposta que venha do alm.Assim, pois, se vibrardes amor, tereis amor em resposta; se vibrardes dio, os espritos iluminadosno vos podero retribuir esse dio, mas no faltaro espritos que retribuam grandemente; se soisinvejosos, no faltaro espritos igualmente invejosos que venham, insensatos, procurar cada vezmais acender essa fogueira dentro de vs e, quando pensardes que estais, talvez, prejudicando aosoutros, vossa prpria evoluo que estais prejudicando.

Assim, pois, meus amigos, alerta! Fiscalizando cada uma a si prprio, procure fazer um bemaos outros.

Paz do Senhor seja com todos vs.

NERY.

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Certeza da imortalidade Certeza da imortalidade Certeza da imortalidade Certeza da imortalidade

Meus amigos e meus irmos, eu estou contente com todos vs; sinto-me satisfeita porque omeu esprito tem recebido no alm, os eflvios das vossas preces, dos vossos bons desejos sobre aminha felicidade. E eu retribuo esses bons desejos orando a Deus todos os dias pelo progresso realdos vossos espritos.

Meus amigos, c estive ultimamente; eu vim aparelhar o caminho, no dizer de Joo Baptista.Eu vim preparar o dia de hoje, pois se no o tivesse feito, era possvel que no tivesse gozado afelicidade que sinto. Meu esprito goza em ver que foi plenamente compreendido, que a sua suplicafoi de corao bem recebida.

Dois anos! Dois anos so passados e, no decurso desses dois anos quase que a fonte daslgrimas secou, porm, a nova esperana, a f, desfraldou o seu glorioso estandarte. A esperanailuminou os dias dantes tenebrosos e, hoje, merc de Deus, vejo que, como em dias comuns, estsesperando a minha palavra. No podia eu te falar.

Sabes o esforo moral dessa criatura que me serve? Foi por ti, para que tivesses a graainaudita de me poder ouvir mais uma vez e, assim, passou pelos obstculos, pelos bices, por tudoquanto se podia opor realizao dos meus desejos. Bem aventurado seja o seu esprito, meusamigos!

A morte, no a asa negra que o mundo apavora; no aquela figura medonha, armada defoice a decapitar criaturas indefesas; no esse assombramento que apavora as almas fracas, no!A morte o meio que Deus encontra para fazer a separao do corpo e do esprito, afim de que estepossa subir para a Luz, para a Imensidade, para a Glria, para o Amor. Quando se tem umaincumbncia a cumprir, quando se tem uma tarefa a desempenhar, quando se vem a serfuturamente, missionrio do amor, ordinariamente a vida curta, cheia de encantos, cheia de belezas.

Permitiu o Senhor para comigo uma estadia demorada no planeta; enquanto que outros, noverdor dos anos, partiram para o cumprimento de sua misso.

Vs que sois espritas, e vs que principiais agora os vossos passos incertos nesta estrada quevos conduzir felicidade futura, compreendei: os espritos so criaturas imortais, e so imortaisporque partem de Deus e Deus Eterno e Imortal. Os espritos tm direito existncia feliz; vindoao planeta, em cumprimento de tarefas ou provas, passado para o alm recebem o prmio do seuvalor, ou mergulham na tristeza da sua desobedincia.

A minha vida, como a vida de todos os homens, no podia ser isenta de erros, no podia sersem pecado, porque no h homem que no peque; mas, a minha conscincia no me acusa com oseu inexorvel aguilho, de haver praticado contra o meu prximo um ato sequer de convictamaldade; no me pesa na conscincia este crime e vos concito a todos, meus irmos, que, para bemdaqueles que foram vossos filhos, vossos maridos, vossas esposas, vossos irmos ou vossos pais, embenefcio desses que partiram, oreis com fervor, mas no mergulheis no vale triste que opensamento injusto de um acabamento sem fim: O aniquilamento! O aniquilamento seria a negaocompleta da Onipotncia Divina, o aniquilamento seria o falhar de toda a f. Para que ter aesperana, para que ser bom, ser mrtir, se tudo acaba na cova?

O que ganharia o homem caridoso em repartir do seu po, do seu dinheiro, da sua fartura,com as casas pobres, com as casas de caridade? Que ganharia ele se nada disso Deus v? Se todospudessem despertar o seu esprito, veriam que no ho de terminar na campa.

Qual ser o bem que disso resultar a crena humana?Um corao empedernido tambm centelha que parte de Deus. A vida infinita, como a

esto a provar a msica, a pintura, a estaturia, a arte dramtica, a lrica, tudo quanto possa exaltaros sentidos, um pensamento elevado! Tudo a est para demonstrar que a vida infinita. Ah! Sevs pudsseis ouvir os hinos, as belezas da arte celestial! Como vos recordareis! Chegar a vossa vez! Tambm haveis de ouvir, tambm haveis deapreciar!

Meus amigos, dois anos h que parti desta vida, para esse mundo onde residem as almasiguais a mim. Dois anos so passados e hoje sinto-me feliz porque no me vejo esquecida e sinto-me

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ainda mais contente porque vejo a conformidade penetrar no ntimo dos que me querem. Eu teagradeo, meu amigo, meu irmo, como te devo chamar; eu te agradeo do fundo do meu esprito ainteno em que praticaste a tua caridade. Eu vi a tua modstia, vi o teu gesto, vi o teu sentimento ete agradeo com toda a alma...

Deus te recompense em bnos luminosas todo o amor que me votaste! Que a recordaodesta afeio seja no teu esprito um incentivo para a crena firme, inabalvel , na paz de Deus.

Deus vos abenoe.

MARIA LUIZA

O amor imenso de Jesus O amor imenso de Jesus O amor imenso de Jesus O amor imenso de JesusAmados filhos do meigo Nazareno, eu vos sado e suplico ao Mestre dos mestres que ilumine

o vosso entendimento, proteja a vossa fraqueza e vos faa compreender as grandezas do amordivino. Que a Sua beno protetora repouse sobre todos vs. Sem essa beno no pode o crenteesprita sentir-se forte na f.

Meus amigos, meus irmos, eu vos convido a refletir um momento sobre o amor imenso quelevou o Cristo do Senhor cruz do Glgota; eu vos convido a medir ainda que somenteimperfeitamente o possais fazer a eloqncia, a grandeza, a extenso, a profundidade desse amorconsagrado pelo divino Messias ao homem, na Terra; eu vos convido a refletir por uns instantessobre a personalidade divina do Cordeiro Imaculado do Senhor, tirando desse estudo a lioproveitosa que, certamente, vos caber e, em seguida, nas vossas casas, no ambiente secreto daconscincia, refletirdes sobre os ensinamentos que, por ventura, possais ter adquirido, para, comperseverana, com vontade, com dedicao, exemplificar, na vida prtica, os mesmos ensinamentos.

O que amou Jesus no homem? O que viu Jesus na criatura imperfeita, que aindividualidade humana, que fosse digno, merecedor do Seu amor? Os homens daquela poca eram,nem mais, nem menos os homens da atualidade.

Quais as virtudes que ornam o carter humano? Quais os predicados que o tornammerecedor da ateno de Jesus? E mais do que a ateno o amor, o sacrifcio, a abnegao doFilho de Deus? Ser, acaso, o homem, na expresso humana, um poo de virtudes? O que h nacriatura humana que atraia, por si prprio, a ateno divina? Analisemos a criatura: O homem umconjunto de faltas, de erros, de reincidncias, de teimosias, sempre para o caminho do erro. Quandotodas essas faltas so dulcificadas por um pouco de f, atenuadas por um pouco de amor, ainda hqualquer cousa que se possa aproveitar nessa criatura; quando tudo isso, todas essas faltas vm,ainda, de mistura com o fel amargo das ingratides, com o horror que inspira o sentimento abjeto doorgulho; quando tudo isso se envolve no manto da hipocrisia, simulando virtude quando,efetivamente, apenas vcio; quando tudo isso, todo esse horror, todo esse pecado ainda vemacobertado da lisonja, da bajulao, dos defeitos mximos que pervertem um carter; quando tudoisso sintetizado resume o que se chama egolatria, o que a criatura humana? Pois bem; vs quesois tais criaturas (porque eu tambm fui) ainda tendes, dentro de vs mesmos, o asco, o horror dascousas impuras. E quando nesse prprio rol vos encontrais? Sabei, porm, que a esse ser, queacabei de pintar com as tintas rubras da verdade expressa, Jesus amou. Como? O Nazareno, opiedoso, o justo, o bom, o caridoso, o divino, amar um ser nessas condies? Sim, meus amigos, ecom muita verdade e com muita justia e com muita piedade. Jesus no ama o vcio ama opecador; Jesus condena o crime ama o delinqente. Mas como? direis vs como conseguirseparar do homem criminoso o seu crime? Como conseguir apartar do delinqente o seu pecado? Facilmente: o ser que vs considerais abjeto, que vs considerais um rprobo, um perdido, o Cristodo Senhor considera como o mdico, considera o seu cliente: um enfermo. O mdico no se pode

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afastar de perto do indivduo doente, atacado, embora, de molstia infecto-contagiosa, para dedicar-se a um que no padece. Assim, o Cristo do Senhor no se pode afastar do necessitado d`almaporque sabe que ele precisa do seu remdio.

Vede, meus amigos, o grande amor de Jesus por vs! Quem no sente o que quer que sejade sublime, de extraterreno, nesse amor sem par? O que para esse Jesus infinito, amantssimo, euquerer chamar a vossa ateno, nesse instante, suplicando-vos, meus amigos, pedindo-vos, meusirmos, apelando para vs, criaturas humanas, que vos dizeis crists, para que, num assomo deverdadeira energia, consigais governar a vossa vontade, impelindo-a, impulsionando-a para o lado dobem? Dominai os mpetos de vosso carter, corrigi as fraquezas do vosso ser, emendai as vossasfaltas e tudo isso por amor Daquele que bem o merece o faais. Tudo por Jesus! deve ser avossa divisa. Tudo por Jesus! porque Ele tudo fez por vs. Do alto da Sua infinita gloria, o Seuolhar repousa sobre esse rebanho de ovelhas, que, se se encontra desgarrado, porque foge aochamado do Pastor. Foge, sim, porque, todas as vezes que desobedeceis a qualquer de Seuspreceitos, fugis Sua vontade; todas as vezes que o vosso corao rebelde recusa a Sua palavraamantssima, fugis do Seu redil! Mais tarde, quando as conseqncias dessa rebeldia sem par vierem porque infalveis so ento, os vossos espritos, separados da matria, ho de dizer: Por quenos apegamos tanto ao homem? Por que no olhamos para a majestade da luz? Por que no nosdedicamos ao servio do Senhor? Por que nos afastamos de Seus preceitos, de seus caminhos?

O jugo do homem pesado, mas o fardo que o Mestre pe sobre os vossos ombros leve, suave. No custa: apenas um pouco de retribuio a to grande soma de amor. Um sacrifcio:esquecer-se de si para pensar Nele. Assim faz quem ama. Vs, quando vos dedicais aos vossosafetos terrenos, esqueceis tudo por esse afeto. Pois bem; que o faais assim para Jesus: que oameis e que esqueais todas essas cousas comezinhas da Terra, que vo feri-Lo, que vo mago-Lo,que vo tocar no Seu corao amantssimo, fazendo-o sofrer. esquecer todas estas cousas de toalta importncia para o homem, mas que para vs, cristos, merecem uma nica palavra:esquecimento. como a nuvem que passa no horizonte: l se foi desmanchar-se, fugaz... Assimsejam as nuvens tempestuosas da vossa vida, que passam rapidamente.

Deus vos abenoe; Deus vos ampare; Deus vos proteja sempre.

CLIA

A Serpe daninhaA Serpe daninhaA Serpe daninhaA Serpe daninha

Meus amigos e meus irmos, desde muito no tenho vindo a vossas sesses alegrar-meconvosco, trocando idias sobre o assunto que a todos ns empolga e aos nossos espritos interessa:a razo da vida presente.

Bastantes vezes tem sido dito ao homem que a vida no tem soluo de continuidade, que avida uma e infinita; desde o momento em que Deus cria o esprito, manda-o evoluir e ele segue atrajetria indefinidamente at alcanar aquela felicidade para que foi criado. Interessa, porconseguinte, a todo homem inteligente o descortino desse futuro, que um dia ser seu; interessa atoda criatura de bom senso o preparar-se para essa eternidade que, dia a dia, se torna mais prxima.

Todo homem deve procurar, no decurso da sua existncia terrena, afastar de perto de si tudoquanto o possa distanciar de Deus. O Cdigo Divino, em Seus preceitos, impe ao homem aobrigao de os cumprir, no somente por obedincia ao Criador, mas para o benefcio do seu prprioesprito. O Deus que falou No matars foi o mesmo que pronunciou todos os outrosmandamentos; mas o homem tem horror ao fato de tirar a vida de seu semelhante e no tem omesmo horror a qualquer dos outros mandamentos. O fato de matar, para o homem, assumegravidade, assume importncia, mas os outros mandamentos, que so de igual valor (no merecemmenos nem um til), no assumem, para a criatura humana a mesma importncia.

A palavra do Cristo : Para serdes grandes, tornai-vos pequeninos. O homem culto, ohomem inteligente compreender perfeitamente que o fato da palavra de Deus ordenar-lhe que se

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torne pequenino para ser grande no significa, de modo algum que ele deva diminuir a sua estaturafsica. Torna-te pequeno, isto , s humilde, s manso. No te consideres a ningum superior esers grande diante de Deus. Mas esse preceito do Divino Mestre torna-se de uma dificuldadeenorme para a criatura humana, porque, por mais que se lhe diga: Atrofia, esmaga este orgulhorebelde que tens dentro de ti, dificilmente, se o consegue. O homem est sempre a levantar acerviz, est sempre a colocar a sua personalidade na frente das outras, exigindo para si as mais altasposies em detrimento das posies alheias, desejando para a sua pessoa todas as atenes, todo orespeito, toda a distino, muito embora preterindo os direitos de quem quer que seja. Enquanto ohomem estiver assim orgulhoso, grande diante de si mesmo, ser pequeno diante de Deus. Ohomem humilde, aquele que esquece a sua personalidade para beneficiar os outros, aquele que noprocura aparecer seno nas ocasies oportunas, necessrias, reconhece o valor, os direitos e asrazes do seu irmo, compreende as suas opinies, muito embora, por vezes, no as possa aceitar;mas reconhece no seu semelhante o direito de pensar, o direito de agir, o direito de escolher. Ohomem insensato, aquele que tem o orgulho infiltrado, como seiva daninha, no seu carter, nuncaespera, nunca concorda, nunca aceita, nunca compreende as razes do seu prximo.

Cuidado, meus amigos! Cuidado! O orgulho a serpe daninha que encontra sempre onderasteje para se aninhar. E ela vem sutil, ela vem de manso, ela vem rasteira, at que encontra oponto fraco do indivduo e ali se enrosca. Feita a sua morada naquele corao, naquele peito, oindivduo muda por completo, como se tivesse injetado nas veias um veneno que lhe alterasse osangue e o carter logo se modifica para spero. As vozes de comando classificam o indivduo. Asopinies bruscas, irrefletidas se manifestam imediatamente. O raciocnio foge, a razo se oblitera, aconscincia no reage e o orgulho pontifica. Cuidado! Cuidado, meus amigos, muito cuidado! Oorgulho a causa de grandes males. O homem humilde sabe que nada no gnero humano: tanto quanto seus irmos. Ele olha para a Majestade Divina e diz como o publicano da parbola:Senhor, tem piedade de mim! Nada reconheo em mim de valor. S em Ti h averdadeira grandeza; s em Ti h a verdadeira nobreza, a justia, a infalibilidade! Eu souum pobre pecador. Desejo progredir e peo-Te que me ilumines.

Enquanto o orgulhoso o mais experiente homem da Terra, o que mais entende deinterpretar as leis, aquele dentro do qual rugem as opinies, aquele que deseja ser respeitado eque, no vendo em si o vcio que enodoa o seu irmo, pensa que, por isso, no tem outros talvezpiores; julgando que o pecado aquele que est naquele irmo, quantas vezes aquele pecador temaquelas faltas e ele muitas outras bem maiores! Mas o orgulho que no o deixa ver.

Meus amigos, apliquemos a lente sobre os nossos pecados; examinemos com cuidado asnossas conscincias; corrijamo-nos e tenhamos caridade para com os outros. Se os queremosensinar, se os queremos corrigir, faamo-lo com o nosso exemplo: exemplo de correo em todos osnossos atos, de homens ou de espritos. Faamos tudo de acordo com a lei Divina. Mostremo-nosretos, justos, impecveis. Quem o pode mostrar? Ningum. Por conseguinte, uma poro deenfermos no mesmo hospital. Cada um tem a sua chaga, cada um tem a sua dor, a sua origem domal, cada um tem o seu pecado e o remdio Deus o dar.

Concluso: Sede humildes. Para fora de vs o orgulho! Sede caridosos e amai-vos unsaos outros a palavra do Divino Mestre.

Eu vos desejo este progresso; eu vos desejo esta realizao.

SPINOLA

Uma formosa inteligncia ao servio do espiritismo Uma formosa inteligncia ao servio do espiritismo Uma formosa inteligncia ao servio do espiritismo Uma formosa inteligncia ao servio do espiritismoMeus senhores, (perdoai-me), meus irmos, prezados amigos (assim vos devo chamar), quem

vos fala neste instante jamais assomou a esta tribuna. Hoje, pela primeira vez aqui venho e a minhaprimeira palavra deve ser a ao de graas ao Deus Criador e Onipotente, que tem conservado o meuesprito em vigilncia, para o estudo das cousas eternas. O meu primeiro pensamento deve ser parao Criador Soberano, Senhor de todo o Universo, que olha para todos os seus filhos, que a eles

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consagra um amor verdadeiramente infinito, partido de sua entidade verdadeiramente infinita. Estepensamento eu lano, com toda a vibrao do meu ser, para as camadas mais altas do infinito, afimde que, repercutindo de zona em zona, possa alcanar a esse mesmo Criador Onipotente,manifestando-lhe, traduzindo-lhe o sentimento de gratido que me invade o ser no momento em que,pela primeira vez, trazido, amparado pela proteo dos grandes Guias, me dada a faculdade depenetrar neste recinto.

Quem sou eu? direis vs Quem sou eu? E eu apresso-me a responder a essepensamento de uma curiosidade aceitvel, compreensvel: Eu sou aquele homem que, passando naterra, no deixou um rastro luminoso, no seguiu a diretriz de uma orientao segura. No deixei omeu trao pela passagem neste mundo, uma obra meritria, onde permanecesse eterno o meu nome.As obras, a literatura, tudo isso empolgou de tal maneira o meu esprito que eu nada mais era do queuma caneta em movimento. O meu pulso, obedecendo inspirao do crebro, lanava sobre as tirasde papel, amontadas na minha frente, os pensamentos de que ele se encontrava cheio. No digo queerrasse procedendo assim, uma vez que a literatura que a deixei impressa no prejudica as almas, masfoi essa paixo dominante, foi esse fogo de imaginao, foi esse desejo ardente de produzir que meaqueceu por tal maneira as fornalhas da minha inteligncia, ao ponto de me separar de tudo no mundo!Eu vivi para mim, eu vivi para os meus livros, eu vivi para as minhas obras. Eu no vivi sequer para afamlia. A tragdia de minha vida, vs o sabeis. Passemos por ela sem levantar-lhe a ponta do vu.Para qu? Se no me traz aqui idia nenhuma vingadora, se no me traz aqui revanche alguma, se noquero apelar para vs, esperando a vossa aprovao a meus gestos insensatos, para qu? No dariaproveito uma devassa nessa vida h to pouco tempo extinta e, por isso mesmo, perfeitamente ntidana vossa memria. O que me traz vossa presena falar-vos dessa outra vida, em que eu penetreicomo um cego. Admirar-vos-eis, sem dvida, que assim o faa, mas eu vos digo a verdade. No viriapela primeira vez ocupar a vossa ateno neste recinto para vos dizer cousas que se afastassem da maisldima verdade. Eu penetrei no mundo das causas conhecendo-lhe apenas os efeitos. E, como onde seencontra o efeito fcil pressupor a causa, naturalmente que, uma vez sacudido no mago do meu serpara compreender o mundo em que estava, o meu esprito despertou.

Quantos anos so passados do meu desaparecimento aqui, vs o sabeis. Pois bem; desde quea minha alma se sentiu a mesma, desde que compreendi que o esprito que eu era vibravaindependentemente da matria e que ela, nesse instante, jazia no solo da terra, desde ento, uma sriede recordaes comeou a mexer-se dentro do meu crebro. Crebro... O crebro do esprito...Dentro do meu ser devia dizer, uma vez que devo recordar-me de que j no sou um homem. Poisbem; desde ento, uma recapitulao de fatos, uma concatenao de elementos, tudo isso juntoocupou a minha ateno. E o Mestre, o Guia majestoso, solene, foi-me explicando fato por fato,palavra por palavra, os acontecimentos transatos a esta vida que eu havia deixado e s ento vi deleve passo sobre este ponto s ento eu vi que a rede onde ca, na terra, j de longa data se vinhalanando sobre mim. Mais de uma vez nela fui apanhado, como as grandes redes que conseguemapanhar os lees, os tigres, as panteras: quando o animal estrebucha, quando procura romp-la, intil est manietado! Assim eu: desde longas eras vinha sendo apanhado, como as bestas docampo, nesses laos, nessas armadilhas, que, porque desconhecemos, facilmente nelas camos.Levemente passo por esse lenol de sangue. E aqui estou, entre vs, para vos dizer: Meus amigos, ainteligncia que Deus concedeu a meu crebro e que eu, se no malbaratei em conduta indigna tambmno soube aproveitar como devera (o compromisso era bem outro), essa inteligncia, hoje, posta aoservio da Divindade. Enquanto Deus o permitir, hei-de trabalhar pelo progresso do Evangelho Esprita,no mundo cristo! E no se v dizer l fora que eu fui um homem que me dediquei ao Espiritismo! Jno falo como homem falo como esprito; e como esprito que me apresento diante de vs paravos confirmar o que acabo de dizer: dedicarei todo o tempo que o Criador me permitir propagandadessa verdade eterna, que tem sido o consolo das almas aflitas, que tem sido a salvao dosrprobos, que tem sido a esperana dos desolados, que tem sido a consolao eterna das almastorturadas pelo remorso! E, como a lei de Deus lei de perdo, e como o Cristo do Senhor baixoudas alturas para nivelar-se ao homem e, ao mesmo tempo, mostrar-lhe como se deve perdoar, aminha palavra a fica: Perdo a todos os meus desafetos. A ningum desejo mal; e o prprio mal deque fui causa involuntria, esse prprio mal me caustica e produz remorso, se bem que eu estava nomeu posto! Que poderia fazer? Porm, como Jesus ordena e quer que o Seu filho tenha a sua almalimpa como a neve, pura como o sentimento cristo, eu declaro mais uma vez: De homem algum, na

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Terra, conservo dio. Nenhum. E, para esse que talvez imagine ser odiado, eu peo a Deus chuvasde bnos sobre a sua cabea, para que, descendo sobre ele estas bnos implorados por mim,possa o meu pobre esprito, tambm, receber o perdo de que necessita para as suas grandes faltas.E, depois, avante! Avante na propaganda do Espiritismo! Avante na propaganda dos ideaisevanglicos! Avante na defesa da mulher, para que se torne forte e seja capaz de resistir ao mal,pregando-lhe o que a verdade, a verdadeira beleza, a grandeza d`alma, o que o saber! No seconfunda jamais a mulher casta, a mulher pura, a mulher dona do seu lar, rainha dentro dos seus,com a mulher que se descuida dos seus afazeres, do seu filho, da sua famlia, daquilo que lhe sejamais caro, para se entregar glria v do mundo, aquilo que o mundo aprecia, mas que perecvel eque estraga o esprito, produzindo-lhe chagas que s a misericrdia de Deus pode curar! Avantenessa propaganda, fazendo sentir ao homem que a verdadeira mulher pura, que a verdadeiramulher no se divide, que a verdadeira mulher aquela que ama aos seus filhos, ao seu esposo eainda lhe sobra corao para a caridade!

Louvado seja Deus para todo o sempre.

EUCLIDES DA CUNHA

Palavras de um poetaPalavras de um poetaPalavras de um poetaPalavras de um poetaMeus prezados amigos, em que categoria de espritos estarei eu? Estou a pensar. Esprito

douto, sbio, bom instrutor? Nada disso. No conheo em mim essas virtudes. Mau, frvolo?Tambm porque hei de ser falso? No reconheo em mim tais defeitos. No sei me classificar; sei,porm, que, conhecendo a lei de Deus desde que o preceptor do espao me fez estud-la e aexemplificou diante de mim, venho estudando, refletindo e passando uma recordao nas minhasexistncias anteriores.

Estou de posse da lei da reencarnao. Nem se falava nisso quando aqui estive e, se sefalou, nunca isso ocupou a minha ateno. Estou, porm, de posse dessa verdade indiscutvel. Oesprito no pode, em uma s vida terrena, conquistar as virtudes, os predicados de que temnecessidade para fazer o seu progresso, no infinito. impossvel.

Eu, quando aqui estive, no nasci de famlia abastada; tive, porm, o suficiente para prestaros meus exames de humanidades, em seguida, enveredar pela carreira da Medicina, para que sejadito de passagem no tinha vocao. O que ocupava o meu crebro, o que enchia a minhaimaginao fantasista, era a poesia. poesia dediquei a maior parte da minha existncia terrena.Escrevi livros de versos. Nos versos pus toda a minha alma. Quem no gosta da poesia? A poesiaeduca a alma das criaturas; a poesia traz um pouco do que h alm, para a conscincia do homem;a poesia o orvalho do cu, que refresca a terra ardente com os seus raios solares; a poesia oblsamo consolador das almas aflitas. Ela nos faz esquecer que habitamos a terra e nos faz colocaros olhos no limiar do infinito; a poesia esse cu azul, para o qual olhamos extasiados; a poesiaest no bramir do mar, em todo o seu fragor; a poesia encontro eu nas aves que gorjeiam pelamadrugada; eu a encontro nas vozes dos pssaros, como a encontro na aza das grandes aves; apoesia eu encontro at no ninho das avezinhas implumes, que ainda no sabem gorjear; eu aencontro nos prprios hospitais onde a dor estabeleceu o seu lar; eu a encontro no olhar singelo dacriana, no beijo materno, na caridade infinita; e, por isso, eu adoro a poesia e nada mais fiz, naterra, do que a ela consagrar os meus dias. Quando o mal veio, quando a molstia minou os meusdias, ainda sem poder balbuciar uma palavra, eu, no crebro, armazenava rimas, colecionavaexpresses, e, quando pensavam que estava em delrio, era a poesia enchendo os meus ltimosmomentos!

Mas, perguntarei a vs: Essa existncia foi til? Meus amigos, se no fiz mal, na terra, bemnenhum produzi. Disso me penitencio, mas, agora, a razo da minha visita entre vs era para vospedir uma prece em meu favor, que oreis, no santurio das vossas almas contritas, pedindo a Deus acoragem precisa para enfrentar a nova existncia em que breve ingressarei. J tenho destinado olugar e o dia em que o meu esprito entrar na terra. Vs no sabeis, caros amigos, aresponsabilidade de um esprito, o pavor, o receio de que ele se enche quando sabe que tem

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novamente de mergulhar nesse abismo insondvel que o corpo humano! Estar at ento livre paratodos os lados, sem encontrar empecilho em parte alguma e, subitamente, ter de mergulhar e ficarrestrito s paredes de um corpo, vs no sabeis! Mas haveis de passar pela mesma experincia porque eu vou passar! E, depois, o que farei eu dos meus dias terrenos? Virei novamente encher-me defantasias, de pensamentos poticos, sem um proveito para os mais, sem uma utilidade prtica, viversem VIVER? Peo a Deus que assim no seja. Que a minha vinda terra, como traz um alvodeterminado, seja seguida diretamente para esse alvo; que eu consiga realizar a empresa, o motivodo meu regresso ptria, porque voltarei para a minha ptria! Fui brasileiro e brasileiro nascerei!Mas no quero vir como poeta! Quero vir como um esprito cumpridor dos seus deveres, realizadorde uma obra e assim que eu espero!

Ajudai-me, meus irmos, com as vossas preces, para que eu possa tal conseguir.Especialmente a meus conterrneos, aqueles que viram a luz do dia na mesma terra em que eu nascia eles eu peo encarecidamente: Lembrai-vos de MANOEL SEGUNDO WANDERLEY. Deus sejaconvosco.

Pela liberdade!Pela liberdade!Pela liberdade!Pela liberdade!Prezados amigos, carssimos patrcios e irmos, eu vos venho saudar em nome da minha

crena nova, em nome do sentimento altrustico que se apoderou de todo o meu ser, afastado destemundo e procurando aprender as cousas do alm. Eu vos venho saudar em nome dessa crenabendita, que o amparo e o conforto do meu esprito; eu vos venho saudar em nome dessa religioque irmana todos os homens, que faz compreender que um no superior ao outro e que lhesdescreve as belezas do infinito, mostrando-lhes, ao mesmo tempo, o caminho a seguir para a terraprometida de Cana, a celeste cidade onde as almas, gozaro das belezas eternas, o mundo feliz emque os pensamentos se trocam com a rapidez de uma luz, o mundo feliz em que as almas limpas deculpa podem gozar as belezas do eterno, o mundo feliz onde a liberdade uma verdade, essaliberdade salutar, divina, majestosa que foi o meu sonho na Terra, essa liberdade em prol da qual omeu esprito, encarnado, se bateu com denodo, essa liberdade que o padro de glria das almaspuras, essa liberdade em benefcio da qual correram rios de sangue, na Terra, essa liberdade queencontrou mrtires para a sua defesa, essa liberdade apregoada pelo Cristo e to mal compreendidapelos homens!

Soldado que fui nas fileiras desse ideal sacrossanto a independncia do homem escravo,que sempre desejei ver livre, a independncia completa do meu pas, que Deus fez, talvez, o maisformoso do mundo e que o homem escravizou ao absurdo das leis tirnicas eu, pobre esprito,vagando na terra, buscando nos clares frouxos da minha inteligncia, alguma cousa de eloqenteque persuadisse o homem, traduzindo em linguagem comum, que o homem julgava sublime,discursos que o mundo qualificava de eloqentes, mas que de eloqncia s tinham o timbre daverdade, paladino desse ideal sacrossanto, sempre me bati por essa liberdade augusta, que, narealidade, s o esprito pode ter.

O homem, por mais que procure compreender o que significam essas palavras ser livre,essa expresso que somente o Cristo soube definir quando disso: Tomai sobre vs o meu jugo,que suave, o meu peso, que leve, essa liberdade, que o ideal supremo dos grandeshomens, mas que somente os espritos de certa elevao podem compreender, no o conseguir!Pois bem: na terra, militando nas fileiras dessa liberdade, que eu julgava uma prxima realizao,no consegui inteiramente o meu ideal; hoje, porm, afastado da terra, entregue ao domnio dosespaos, eu sou como a guia de possante asa de que ningum pode impedir o vo, a que pssaroalgum pode atingir, porque sua asa corta os ventos, desfaz as correntes e vai, como uma seta ligeira,atravessando o profundo infinito. Eu, msero plebeu, sado do lodo, considerado um ningum naminha terra, consegui, pela grandeza do meu ideal, ser compreendido no alm e, hoje, venhobatalhar novamente por esse ideal sacrossanto que a liberdade do homem! E como? Serei umnovo revolucionrio que venha fermentar massa, fomentando lutas e promovendo discrdia? Jamais!A liberdade no a guerra! A liberdade a paz! O que o meu esprito quer, o que o meu esprito

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idealista deseja que os homens se irmanem realmente sob o estandarte glorioso do majestosoCristianismo! sob a direo sublime de Jesus, colhendo os ensinamentos da Sua palavra bendita,nas pginas sacrossantas dos Evangelhos, bem como nas revelaes que descem do Alm, a que ohomem pode colher o verdadeiro sentimento da liberdade, quebrando as algemas do pecado que lhesubjugam os pulsos, fazendo arrancar do corao o orgulho insensato que escraviza as almas,rompendo de uma vez para sempre os preconceitos de raa, os preconceitos de fortuna, ospreconceitos sociais, verdadeiras pstulas malignas que infeccionam o organismo espiritual!

Eis-me em vossa presena, eis-me perante vs: o negro altivo que defendia a liberdade dosseus! Eis-me na vossa presena, batalhando pelo ideal sacrossanto da libertao do escravo! Masdesta vez o escravo no o negro! O escravo, desta vez, o homem, o esprito, que se entrega aovcio, que se entrega ao mal, que no se curva diante de Deus! A, quando esse dia glorioso dalibertao final surgir! Ento, vs vereis o que ser livre, o que ser bom, o que ser crente!

Avante, meus amigos! Avante, batalho juvenil que comeais os vossos primeiros passos!Avante, nesse ideal sacrossanto! Libertai as vossas almas da escravido do pecado! Moos, forajuvenil da minha terra, moos, esperana de um porvir que no vem longe, sede fiis causasacrossanta da verdade! No deixeis que o mundo, nas suas armadilhas traioeiras, venha colher avossa mocidade em flor! No consintais que o esprito do mal, disfarado em mantos rseos,disfarado em tentadoras vises que a vossa adolescncia abraa, na sua santa ingenuidade, venhasufocar a legtima liberdade do vosso esprito! Sede livres! Livres para amar a nossa ptria! Livrespara amar o universo que Deus criou! Livres para vos dedicardes causa do bem e da caridade!Livres para vos renderdes somente a Deus, o Criador do universo inteiro! Livres para noescravizardes os sentimentos belos e nobres dos vossos coraes! Livres para serdes cidadosuniversais!

Glria seja dada a Deus, Paz, na Terra, aos homens de boa vontade. Progresso indefinido grande doutrina reveladora do Espiritismo Cristo!

JOS DO PATROCNIO

Profisso esprita do alm-tmuloProfisso esprita do alm-tmuloProfisso esprita do alm-tmuloProfisso esprita do alm-tmuloMeus amigos, meus irmos, eu vos sado na paz do meu Deus e do vosso Deus.Nunca em vida terrena ocupei uma tribuna esprita. Nunca a minha palavra se fez ouvir em

assemblias desta natureza, e, passado que fui, para o mundo do alm, tardou o dia, que hoje chegaafinal, de fazer uma profisso de f, verdadeira, sincera, na crena que professais. Isto posto, fcilcompreender que o meu testemunho no suspeito.

Observador constante das cousas que se passam no mundo que habitei, eu tinha notado evenho notando desde algum tempo, que uma anarquia mental se desenvolve nas criaturas destinadasao governo do Pas. A ambio no subjugada, os sentimentos de egosmo e orgulho no refreados,do incremento a esta falta de moldes justiceiros numa execuo verdadeiramente estonteante deidias anarquizadoras e pouco liberais. Batalhador que fui em prol da Repblica, sonhei em oitenta enove cousa bem diversa do que hoje vejo. Sonhei um pas livre, governado por um governo liberal,dirigido e inspirado em pensamentos nobres, respeitador da justia e da verdade, desejoso doprogresso e da paz.

O progresso material do nosso pas, longe de trazer o progresso espiritual que deveriacaminhar pari passu, trouxe como que um retrogradamento de idias civilizadoras, permitindo queaquilo que deveria ser luz, sabedoria e justia, se transformasse em desejos inconfessveis, em idiasatrasadas, em prticas clandestinas. A liberdade que a Repblica devia trazer para o nosso pas seencontra obscurecida pela fumaa das revolues. Ns precisamos de luz, luz que venha de cima,que inspire os ideais, que vasculhe os crebros, fazendo brilhar a idia em toda a sua pujana, emtoda a sua pureza. Ns precisamos de claridade e no precisamos de sombras. Enquanto os homensdo nosso Pas procurarem obumbrar o ambiente que os cerca, no conseguiro fazer luz: sersempre isso que se v, essa falta de entendimento, essa vergonha para uma nao civilizada, esse

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chocar de interesses, esse absurdo de execuo, esses planos verdadeiramente infernais, queamesquinham, que revoltam, e que podero ser tudo, menos liberdade!

Praza a Deus que a aurora desponte quando Espiritismo Cristo levantar o seu estandartepara, sob ele, abrigar todas as criaturas desejosas de paz, a paz, ideal supremo da humanidade, a pazque traz o progresso, que traz a civilizao, que o amor do prximo, que traz a riqueza desentimentos, porque fortifica a f! Sem paz, como ter idias tranqilas? Como formar planos deprogresso? Como idealizar um futuro slido e firme para um pas? Sem paz, como esperar bnosdos cus? Mas, estamos em uma poca em que se benzem as armas fratricidas, estamos em umapoca em que para se ser bravo, preciso ser vil, estamos numa poca em que a humildade no temvalor! preciso ser trnsfuga, preciso ser-se baixo, servil para poder ser algum. E ainda noprincpio desta sesso, o esprito que me precedeu falou em conscincia. Que belo discurso! De fato,a conscincia a voz natural do esprito. De fato, a conscincia o juiz implacvel. Mas os homenschegaram ao ponto de amorda-la, meu amigo! Tu, que ainda me escutas e vs, sabes que oshomens tm a habilidade de amorda-la, e, para no ouvirem os seus gritos, para no escutarem osseus protestos, eles cerram os ouvidos e contarolam canes obscenas, e aos sons dessas fanfarras,eles pregam, ento, a liberdade. A liberdade! A liberdade a lei disse o poeta. Mas aliberdade vem de Deus, a liberdade custou o sacrifcio que imolou o Cordeiro de Deus, a liberdadecustou o sangue de muitos mrtires, a liberdade o brado de toda a conscincia, mas a liberdadeque no cerceia as ambies justas do indivduo, a faculdade que Deus lhe concede e o homemrespeita, de fazer valer a sua vontade, do poder dizer, falar a verdade a vista de todos. Mas aliberdade apregoada pelas armas o direito do forte sobre o fraco, o direito do mando, aprepotncia, a ignomnia, a baixeza do carter, o querer ouvir os grandes, abafando a voz dopequenos. Isto clama aos cus!

Enquanto o pobre moureja, trabalha, sa pelo po de cada dia, eles, os poderosos, esbanjamo seu prprio suor! Mas um dia, um dia, um dia a justia Divina dir: Basta! Tu no podes correrqual um corcel desenfreado. preciso que mo segura te retenha e te diga: basta! Chegar essedia, e quando esse dia chegar, ento, aqueles que tiverem tido f sincera na vida alm da morte, daqual tenho imenso prazer, neste instante, em dar o meu testemunho, ento, sim, a verdade serimplantada em nosso mundo, nosso, digo bem, nosso mundo. Eu tambm fui daqui. Eu tambmpugnei por tudo isso que hoje deploro em ver em to msero estado.

Mas amigos, no percamos o motivo principal que aqui me trouxe: eu vim fazer a minhaprofisso de f sincera em vosso meio. Sou um daqueles que se filiaram em prol da propagandaesprita do Brasil, porque hoje estou convicto, como nunca estive, de que s Espiritismo, em seuprincpio bsico de amor, de fraternidade e paz, poder salvar a humanidade do vrtice medonho emque se precipita, o abismo insondvel da falta de crena, da imoralidade, da dvida em que jazmergulhada.

Deus se apiede de todos ns.

QUINTINO BOCAIUVA.

Atividade e repousoAtividade e repousoAtividade e repousoAtividade e repousoMeus amigos, meus irmos, minhas queridas amigas e companheiros de trabalho, Deus vos

conceda o prmio dos vossos esforos. Desejo paz, tranqilidade de esprito e progresso espiritualpara todos vs.

Quando se estuda Espiritismo sob esse aspecto de desenvolvimento das almas para oprogresso infinito, deve-se recordar que um dos fatores essenciais para esse progresso o trabalhoassduo, constante e bem orientado. Quando assim digo, eu me refiro quele esforo que todacriatura humana deve fazer em benefcio prprio e em benefcio dos outros. Trabalhando, nsdesenvolvemos a nossa capacidade intelectual; trabalhando, ns desenvolvemos a nossa capacidadefsica; trabalhando, ajudamos o progresso do nosso esprito.

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um bem procurar fazer alguma cousa em benefcio do prximo. Jesus, que o paradigmade toda a perfeio, no teve um momento de cio. O seu pensamento sempre ativo estava emcomunho constante com Deus, o Seu Pai, procurando sintetizar a Sua vontade, que Ele tinha vindoexemplificar na terra. E assim, os dias, as horas, os minutos do Divino Mestre eram todos ocupadosno fazer bem. De uma vez, alimentou uma multido, enorme, que o tinha ido buscar para ouvir a Suapalavra, com insuficiente alimento na mo de qualquer outra pessoa.

Mais de uma vez, evocando a Majestade Divina, em prece, Jesus colheu, no reservatrio doAlm, os fludos beneficiadores que vinham sarar as molstias reputadas incurveis pelo mundo. Deoutras vezes, Ele retirava do Seu prprio ser aquilo com que beneficiava os que o cercavam. Oexemplo do Divino Mestre foi um exemplo constante de atividade inigualvel. Jesus, quando mesmoparecia repousar, estava em constante labor mental. Quando, no Lago de Genesar, aquela barcaquase soobrou e o Divino Mestre, sua popa, repousava, os discpulos, aflitos, correndo para ele,supuseram-no despertar, mas a realidade era que o Mestre no dormia. O seu crebro potente, a suamentalidade divina confabulava com Seu Pai naquele instante e faclimo lhe foi ordenar silncio aoselementos. O exemplo que ns temos do Divino Mestre um exemplo constante de uma atividadelaboriosa, proveitosa e santa.

O homem, em regra, desperdia as suas foras. O homem no sabe poupar a sua natureza,no sabe dar ao seu corpo e ao seu esprito aquilo a que eles tm direito e, quantas vezes, as horasconsagradas ao trabalho so interrompidas porque o indivduo entende que o trabalho nocivo e,muitas vezes outras, as horas concedidas ao repouso, para a restaurao natural das foras fsicas,so roubadas pelo mal pensar e m execuo de pensamentos desordenados.

Meus amigos, habituemo-nos regra sensata e justa da lei do trabalho; habituemo-nos adirigir as nossas vidas de acordo com as leis de Deus. Antigamente, os judeus sagravam um dia parao repouso de seus corpos e eles o faziam com uma espcie de devoo; hoje, o que se pede aohomem que, trabalhando, lutando pela vida, dedicando-se ao estudo, entregando-se ao preparo doseu esprito pela cultura da sua mente, da sua inteligncia, reserve horas, tambm, destinadas aodescanso, ao repouso das suas foras fsicas. Se a atividade mental acompanhar a atividade fsica, seo repouso mental, igualmente, seguir linha equivalente ao repouso espiritual, ento, as duas foras,bem equilibradas, constituiro o que se chama o homem. Mas, quando qualquer dessas foras, emlugar de seguir paralelamente a outra, dela se distancia, ento o desequilbrio se faz. Habituai-vos,meus amigos, a fazer o vosso corpo acompanhar a atividade do esprito e ordenai ao vosso esprito orepouso necessrio quando a matria o exigir. Espritos privilegiados, espritos doutos, adiantados,acostumados ao labor da vida, deram exemplos magnficos de uma atividade incansvel. E por qu?Porque o seu tempo era sabiamente dividido, era sabiamente ocupado. Se o dia no tivesse as suashoras determinadas para um certo fim a direo ordinria da vida seguiria um rumo errado; mas,como eles se habituaram a ordenar as suas cousas de forma tal que no ultrapassassem os limites deuma fora equivalente, se eles no se tivessem habituado assim, ento, o seu esforo seria nulo. Masa histria a est para comprovar essa assero. Vs conheceis, se lestes a sua histria: BenjaminFranklin, aquele homem, aquele esprito reto, moderado, de ao capaz de execues assombrosas,sempre metdico, sempre ordenado dentro da linha que traou! E, como este, muitos outros!

O esprita, mais do que qualquer homem, deve ter a sua vida organizada: conceder ao corpoos direitos, conceder ao esprito os seus deveres. No vo os deveres do esprito prejudicar osdireitos do corpo, como, igualmente, os direitos do corpo no devem prejudicar os deveres doesprito. Um e outro, equilibrados, equivalentes, possam caminhar juntos para o proveito disto que sedenomina o homem.

A vida, na sua prtica, bela; a vida na sua descrio material, til; a vida na suadescrio espiritual sublime. Aliai o belo, o til, ao sublime e caminhareis nessa linha reta queconduz ao invisvel; e o invisvel Deus!

Paz conceda Deus a todos os seres de boa vontade e que os espritos Dele se aproximem pelaf, pela idia, pela realizao!

Que assim seja.

NERY

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Corroborando a verdade eterna!Corroborando a verdade eterna!Corroborando a verdade eterna!Corroborando a verdade eterna!Amigos meus, eu vos desejo todo o progresso espiritual e toda a paz para as vossas

conscincias.Permiti que faa uma estria hoje, penetrando nesta reunio.Sem ter sido um homem ateu, no fui um esprita. Dessa religio, dessa filosofia e dessa

cincia no me preocupei. Essa a verdade e a verdade deve ser dita a despeito de qualquer outracircunstncia.

Apresento-me, pois, perante vs sem as credenciais de um esprito vosso companheiro delutas. Sou o esprito de um homem vindo do nada, feito pelo prprio esforo, pobre, aprendendo comgrande dificuldade, no por falta de inteligncia, mas por falta de meios pecunirios, no obstante,alcanando fins que busquei atingir pelo desejo de vencer, de progredir. Aqui tendes em vossapresena o esprito de algum que buscou cumprir o seu dever com honestidade e que no afiveloujamais ao rosto a mscara da hipocrisia. Apresentei-me sempre a meus patrcios e ao estrangeiro talqual fui: um sincero, um verdadeiro, um esforado. Mas, direis vs que vim, talvez fazer a apologiade mim mesmo. No. apenas uma questo de identificao nada mais. Pecados de sobra nome faltaram. Sei perfeitamente que, se fsse autopsiado, os defeitos de minha alma seriaminmeros, superando as virtudes que, porventura, houvessem ornado o meu carter. Quero, pormfrisar um ponto e que, no obstante as regras severas do catolicismo, aprendi, desde a infncia, amanter o meu esprito sempre livre, sempre independente e obedecendo aos impulsos da inteligncia,dominado um tanto pelos reflexos da razo. E aconselho a todo homem inteligente que jamais sedeixe erguer demasiado alto nos vos da inteligncia. Pondere sempre todas as suas pretenses,todos os seus desejos, pelo filtro da razo. Sem a razo, a inteligncia se obscurece porque noraciocina. Raciocinar prprio da razo e esse predicado, essa faculdade concedida ao homem porDeus, deve servir-lhe de guia na peregrinao terrena, porque sem ela fracassar. E fcilcompreender porqu: Quem sente em si o fogo da inteligncia julga-se uma criatura invencvel,porque a inteligncia, guiada pela imaginao, tem vos que nos pem fora da rbita da nossacapacidade. A inteligncia nos arrasta para o domnio do incognoscvel e a imaginao, que a guia,essa faz tornar possvel todas as realizaes imaginadas por ela, enquanto que a razo, ponderada etil, encaminha o homem com calma, com deciso, com firmeza, pelas escabrosidades do caminhodesta existncia.

A minha razo de muito me valeu, quando aqui estive. Ocupando posio de destaque maisde uma vez, em minha terra, eu pude dominar os impulsos da minha inteligncia guiando-me pela vozda minha razo. E no me dei mal com essa experincia. A inteligncia me apontava tentaesverdadeiramente irresistveis e a razo me ponderava razes outras pelas quais eu devia moderaresse entusiasmo.

C, no mundo em que me encontro (desse lado de l da vida, como vs o afirmais), eutenho meditado muito sobre a minha existncia atual. Em primeiro lugar, o sentir-me vivo aps amorte do corpo produziu-me um tal ou qual desequilbrio para o qual a inteligncia um tantocontribuiu. E a razo chamou-me verdade da minha posio: Que era eu. Eu me sentia, eu mecompreendia, eu tinha os mesmos sentimentos, a mesma capacidade, mas, ao mesmo tempo, no mesentia tal qual na terra. Como se verificava isto? Foi ainda a razo, a conselheira inigualvel que medisse: Procura o teu corpo. V se o encontras. Toca-o. Palpa-te. E eu, refletindo, comecei acompreender que, sendo eu prprio, no era, no entanto, o homem que sempre fui.

Em comeo desta manifestao, vos disse que no fui ateu. Pois bem; o pensamento vooupara esse Deus (desconhecido, no dizer de So Paulo), para esse Deus, que eu sabia existir mas nopodia compreender onde, o pensamento voou para esse Pai de infinita misericrdia, cuja grandeza eumedia pela grandeza do universo. E pude, ento, reconhecer a minha insignificncia nesse oceanoprofundo e imenso de luz: Eu era uma simples parcela a flutuar na inteligncia universal. Eu era umasimples fagulha, que procurava se concretizar num mundo onde tudo absoluto. Eu era umpensamento ambulante, destitudo de corpo. Eu me sentia uma inteligncia, mas uma intelignciasem braos, uma inteligncia sem crebro, uma inteligncia sem concretizao. E da, a reflexo: Oque sou, ento? Valeu-me, nesse estudo de mim mesmo, a experincia de outros seres, certamentesuperiores a mim, mas igualmente vazios de corpo humano. E a compreenso se fez.

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Qual o dever de uma criatura sincera que, tendo horror mentira, deseja proclamar averdade? Calar-se, guardar para si uma reflexo que pode ser proveitosa aos demais? Nunca fui umegosta. Por isso, depois de um pensar consciencioso, depois de uma razo esclarecida, depois demadura reflexo, eu tomei a deliberao de trazer, tambm, ao povo humano, meu irmo, aconvico verdadeira da imortalidade da alma. Se eu deixei o meu corpo e permaneci vivo; se aminha inteligncia no se afogou na sombra; se a minha razo permaneceu lcida, sem um crebro,ento, eu sou um esprito! Deixai que falem os que no sabem. Jamais daro uma explicaosensata para essa inteligncia , para essa razo, para esse todo, que no nada e... tudo! Se notem um corpo e, todavia, se manifesta; se um ser, mas um ser impalpvel; se uma vida, masuma vida alm da morte! Jamais daro uma explicao cabvel.

Meus amigos, meus irmos, quero tratar-vos assim, fraternalmente, quero estender-vos,espiritualmente, a minha mo, num aperto cordial, sincero, fraterno, declarando-vos: A vida alm damorte uma realidade! Se vs o sabeis, corroborai mais essa certeza com a minha presena nesteinstante em vosso meio.

Deus seja louvado.AMARO CAVALCANTI

O taumaturgo Antonio de PduaO taumaturgo Antonio de PduaO taumaturgo Antonio de PduaO taumaturgo Antonio de PduaAmigos meus, eu vos sado mais uma vez em nome de Deus, de Jesus, o Seu amado Filho, e

do Guia desta casa.A data que hoje decorre no mundo cristo festejada pelo homem de uma maneira ruidosa,

em louvor quele que foi o grande taumaturgo da Cristandade: Antonio de Pdua. O homem tecelouvores a esse esprito simples e bom, cujas virtudes a igreja enalteceu, cuja vida foi um testemunhode f e cujas aes foram sempre a execuo do bem, da vontade de Jesus.

festejado hoje o santo da igreja de Roma, um dos representantes mais ldimos doEspiritismo. Pasma, talvez, a assistncia de ouvir uma declarao destas; no entanto, ela aexpresso da verdade. Antonio de Pdua foi um dos maiores mdiuns do Cristianismo. Lede a suahistria. Vereis que as suas faculdades medinicas ultrapassam a expectativa da gente daqueletempo. Era um homem que sabia falar aos animais irracionais; era um homem que entendia a vozdos pssaros: era um homem que entretinha palestra com os habitantes do mar; era um homemque, estando presente em um lugar, podia, simultaneamente, estar presente em outro. Tudo issoultrapassava a compreenso daquela gente. Mas, hoje, que o Espiritismo tem progredido e que temtrazido ao homem revelaes positivas do mundo alm, explicando o porqu da mediunidade auditivafalante, de incorporao, de desdobramento, de levitao, hoje, faclimo compreender que aquelehomem, semelhando um ser excepcional do alm, era, to somente, um grande mdium.

Eis porque eu disse que Antonio de Pdua foi um dos representantes ldimos do CristianismoEsprita. Se a igreja, em lugar de permitir essa festa turbulenta, que em nada pode ser agradvelquele elevado esprito, cuidasse em conferncias pblicas, em manifestaes populares, revelar humanidade a verdadeira compreenso do que se passava naquele organismo de homem, lhe dariacom isto maior prazer! Ah, se ela, imitando-lhe as virtudes, procurasse aproximar-se do pobre, dodoente, praticando aes generosas tais quais ele praticou! Abrindo mo de seus direitos de nobreza,abrindo mo da sua fortuna, para benefcio do pobre, e escravizando-se ao amor de Deus, como ele,que era livre para o amor do mundo! Cuidando da libertao das almas pecadoras, para traze-las aoredil do verdadeiro pastor! A igreja aponta o taumaturgo Antonio de Pdua como um dos maioresvultos do Cristianismo. E diz a verdade. Mas, no simplesmente apont-lo como tal. precisocompreend-lo, absorver-lhe a doutrina, compreender o alcance da f e, sobretudo, os vos do seuesprito, em transportes e arroubos de uma f ultra-terrena! Antonio de Pdua, pisando na terra,conseguiu tocar o lugar onde principia o espao, isto , tendo os ps fixos no solo, o seu espritopenetrava a imensido do infinito! Naquela poca, tudo isso era, realmente, de pasmar; hoje,porm, seja dada glria ao Espiritismo, verdadeira revelao do alm, que faz o homem compreendero intercmbio, a revelao constante, ininterrupta, desse mundo material com o mundo invisvel, a

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compreenso do que se passa alm das esferas, fora dos mundos estelares, no espao onde habitamseres interessados em se revelarem aos homens e, quantas vezes, repelidos por eles!

Ora graas, o Espiritismo vai ganhando terreno, vai penetrando no seio das famlias, vaiatendendo necessidade do pobre, mas vai, tambm, dando ao rico, ao nobre, a cincia que lhe faltapara a compreenso das cousas que concernem ao esprito. No somente a migalha de po parasustentar o msero! a esmola de luz para o crebro inteligente; a esmola da caridade para a almaque tem bastante ouro, mas no tem sabedoria eterna!

Glria seja dada ao Espiritismo, porque vem trazer ao homem a cincia que ele desejapossuir, a f que o aproxima de Deus e a certeza dessa imortalidade eterna! Glria a Espiritismo; eaos homens de boa vontade seja dada uma palavra de esperana.

Amigos, no estudo das cousas terrenas, buscai, tambm, penetrar as cousas celestes.Ocupar-se da cincia visvel, mas procurar adquirir aquela que se no v. A primeira servir paracompreenderdes a matria; a segunda, para a compreenso da alma.

Deus seja louvado em Sua magnificncia. Deus se compadea da criatura e abra os arcanosdivinos derramando chuvas de bnos sobre aqueles que desejam crer.

BIANCA

Enquanto tempo ...Enquanto tempo ...Enquanto tempo ...Enquanto tempo ...Meus amigos, meus irmos, eis-me novamente entre vs, satisfeito, jubiloso pela extenso

que vai tendo a palavra de Deus entre os homens.Se bem que hoje no seja grande o vosso nmero, isso no importa para a compreenso dos

preceitos eternos, isso no importa porque o pequeno nmero pode concentrar os seus pensamentosem Deus e receber Dele as maiores esmolas que Ele vos possa ministrar. E, quando digo Ele vospossa ministrar, no firo nem sequer de leve a onipotncia do Poder Divino: eu quero dizer que ohomem possa, pela sua capacidade inferior, haurir esse conhecimento que Deus vantajosamente lhepode oferecer.

Graas a Deus que a doutrina dos espritos vai sendo mais compreendida pelos seres de boavontade.

Ningum deve externar uma opinio sem a ter baseado num conhecimento, num estudo quepossa permitir a segurana desse parecer; ningum deve recusar sem um exame prvio; ningumdeve abraar sem uma compreenso exata. Mas, Espiritismo, to vilmente caluniado pelo homem,tem grandezas sublimes para lhe revelar.

Onde est a Doutrina que possa resolver as interrogaes que o esprito culto pode fazer a siprprio. Onde est a cincia que possa resolver todos os problemas que a mente humana lhe possasugerir? Onde est a filosofia em que se possa basear a perfeita moral, fora dos conhecimentos da leicrist? O Espiritismo, trazendo ao mundo estas respostas, que satisfazem a sua natural curiosidade, oseu desejo ardente de progresso, a sua ambio de saber, resolver esses problemas que outracincia, outra religio, outra filosofia no pode resolver. Eu disso folgo muito porque percebo queessa cincia se vai alastrando, se vai estendendo horizonte em fora, alcanando coraes, nivelandoconscincias, ilustrando mentalidades. Isso me alegra porque sei que, a par da cincia que ilumina ainteligncia, habitar num ser verdadeiramente cristo uma alma desejosa do bem, uma alma paraquem as dores humanas jamais sero indiferentes, uma alma capaz de ser o recipiente das verdadeseternas, uma alma capaz de produzir aquilo que vem nas Escrituras: Transpondo verdadeirasmontanhas pelo poder da sua f.

No se engane o homem douto. Tambm no se iluda o homem culto. Deus estabeleceu oprogresso das almas para que um dia, nesse mundo distante, que a nossa compreenso no atingemas que o olhar da f devassa, o homem compreenda que ali existe a verdadeira felicidade, ali existeo verdadeiro bem, ali existe o verdadeiro cu das almas. Para que iludir a criatura humanaprometendo-lhe um lugar slido nesse alm onde as almas sero felizes, no custa do seu esforomas pela graa concedida por Deus? Por outro lado, para que iludir as almas prometendo-lhes uminferno devorador de fluidos (que outra cousa no so os corpos espirituais), queimando para nuncamais acabar pecados que nunca se destroem? Para que iludir as criaturas com essas promessas

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falazes de uma felicidade que no se realizar? Melhor ser dizer sempre a verdade ao homem.Digno o trabalhador do seu salrio; digno o homem, o esprito da recompensa a que fez jus.Por outro lado, deve-se-lhe, tambm, dizer: Nem um ceitil deixars de pagar. Toda a dvidacontrada ser irremediavelmente paga, mais hoje, mais amanh. Essa garantia de cumprimento dedever obriga o homem a comear, desde cedo, a edificar o seu carter. Muito se espera dessaedificao, porque um homem sem carter no pode ter uma esperana no futuro: tudo que seu instvel, nada tem base, nada tem firmeza, enquanto que o carter firme, severo, empreendedor,fortificado na f o apangio de uma alma feliz, de uma criatura que chegar a seus fins.

Espiritismo, meus amigos, veio estabelecer estas bases da vida futura e necessrio que seaprenda as regras que vigoram nesse.

Espiritismo, meus amigos, veio estabelecer estas bases da vida ingressarmos nesse alm semo passaporte que nos permite a entrada na verdadeira felicidade. No vos enganeis, pois! Vs todos,que ainda vacilais no caminho do Espiritismo, no vos enganeis! Tempo h de sobra para que seestude, para que se aprenda, mas devemos, tambm, pensar que, se o tempo indeterminado para afrente, o de trs tambm no volta. Passou. um dia que se foi. O minuto que na eternidade seperdeu e que, pela vossa incria, no foi aproveitado representa, certo, no espao infinito, umamigalha, um tomo de tempo, mas representa, tambm, uma energia que se foi. Acumulai, pois,conhecimentos, ilustrai o vosso esprito na compreenso da verdade e lembrai-vos sempre de que averdadeira cincia, a verdadeira capacidade aquela que aproxima o homem de Deus. Quando oorgulho se levantar, com a sua indmita fereza, a querer empanar o brilho da vossa f, colocando-vos, ficticiamente, num lugar onda a vossa f no pode penetrar, fugi desse orgulho! Recordai-vossempre de que a humildade enaltece a virtude, enquanto que o orgulho a faz definhar.

Meus amigos, faamos bem, enquanto tempo, a todos os homens. O fazer bem enche aalma de satisfao, o fazer bem enche a alma de alegria, enquanto que o ser intil um dia sombriona vida do ser e esse dia se reflete no seu porvir, que a vem.

Todos os vossos atos, todos os vossos pensamentos, todas as vossas palavras so registradosnesse espao infinito e l ficaro indelveis, para que os vossos olhos espirituais os possam ler, nofuturo. Cuidado, pois! No vades inscrever nessas pginas da vida uma mancha negra, que ser avossa vergonha no futuro! Antes, permita o Pai de todas as luzes que, ao folheardes o livro da vossaexistncia, uma por uma todas as suas pginas, possais encontrar linhas, escritas, embora, comsacrifcio, mas que todas representem atos benemritos de caridade crist!

Deus repouse em vossas almas e seu divino esprito as aquea e ilumine na gloriosa f, que o apangio dos bons. E que esta f, guiando os vossos passos na trajetria da vida, sempre seja ofanal dos vossos dias, que, cada vez mais os esclarecendo, permita distinguir o alm na imensidadedo futuro!

Paz a todas as vossas almas, paz a todos os vossos espritos! E que nessa paz repouseis eque nessa paz possais viver.

ROMUALDO

Concrdia e PazConcrdia e PazConcrdia e PazConcrdia e PazMeus amigos e meus irmos, a paz de Jesus esteja convosco.Concrdia e paz, duas palavras que traduzem sentimentos profundos, provindos da majestade

de Deus e ingressos na mentalidade do homem. A compreenso exata destas duas palavras fazemcom que o homem conquiste a sua prpria felicidade.

No seio das sociedades, nas agremiaes (espritas ou no) onde no houver concrdia nopoder existir a paz e a paz foi dito pelo maior de todos os espritos o bem supremo de quepode gozar o esprito, na terra ou no espao.

Sem paz no pode haver tranqilidade; sem paz no pode haver sequer sombra defelicidade.

Para a conquista da paz, necessrio que haja a concrdia. A concrdia a virtude pela qualas criaturas se entrelaam numa amizade fraterna, constituindo base suficiente para o edifcio da paz.

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Vede as almas turbulentas. Apreciai no vosso prprio meio. No necessrio atingir aoinvisvel: na prpria terra. Vede, em vosso meio, as almas amantes da discrdia. So elasfomentadoras de discusses improfcuas, como tambm so elas fomentadoras de males queredundam, muitas vezes, em separatividade, em crimes at. A criatura humana, com esse domespecial, dom que um defeito porque uma faculdade imperfeita que produz somente males, ouve,transmite, mas transmite acrescentando, envenenando, produzindo mal. So os espritos amantes dadiscrdia. Quando eles penetraram em um centro, como que a paz vai fugindo, vai se retirando. Asua simples presena um ambiente pesado se produz e ningum se sente bem. Ao contrrio disso,vede as almas amantes da concrdia, precursora da verdadeira paz: so criaturas essas que, malpenetrando num recinto, como que uma aura de bonana vem com elas. Parece que a sua ausncia uma falta insupervel, a sua presena um bem-estar indizvel. H criaturas rodeadas desse esprito,penetradas de tal forma dessa harmonia sagrada, que o seu contgio se transmite s outras pessoase, mal se vm, todos dizem: Como que a presena de tal criatura ns ps contentes, felizes... Comoassim?. esse aura bendito de paz, trazido por essa outra alma contente, amante da concrdia.

Meus amigos, eu sempre fugi de ser a nota dissonante em qualquer meio. Isto em absolutono feriu jamais a minha autonomia, porque eu no era um esprito tolerante que em absolutosacrificasse as minhas prprias opinies para no ferir este ou aquele. No. A verdade acima detudo. O erro deve ser profligado sempre e com firmeza. As aes ms so condenveis e ns nodevemos, por um excesso de delicadeza pusilnime, concordar com aquilo que nossa conscincia nsdiz que est errado. Nunca fui assim, mas procurei sempre, harmonizando interesses, apaziguandodios, desfazendo intrigas, juntar a famlia humana sob a lei do amor, firmando-me nessatranqilidade, nesse esprito de concrdia e paz que deve existir entre todos os homens. Ainda hoje,embora desligado da matria, o meu esprito procura sempre alguma cousa de superior que possatransmitir humanidade. Na prece, na evocao ao Esprito Divino, oro o quer que seja para atrairum fluido santo que possa trazer para meus irmos da terra. quantas vezes eu procuro, no ambienteque me cerca, alguma cousa de suave para transmitir aos enfermos dalma ou do corpo, esses, quenecessitam tanto desse carinho espiritual que o mundo no sabe dar! E como isto fez bem! E comoo esprito se sente feliz depois de ter feito algum bem! Como se enche a alma de satisfao, ao saberque ns podemos, apesar de toda a nossa fraqueza, apesar de toda a nossa imperfeio, produzir umbenefcio que Deus viu e apreciou!

Vivamos em paz, meus amigos, vivamos em concrdia, vivamos em harmonia, os seres daterra com os seus irmos do espao. Se vs pudsseis ver as camadas inferiores dos seres onde nohabita a paz, o desassossego dessas almas, que, na terra, nada mais fizeram seno espalhar adiscrdia, a maldade, a perfdia no seio dos seus irmos; se vs pudsseis ver o prpriodesassossego que elas criaram para si, procurando remediar esses males e no o podendo fazer! Poroutro lado, se vs pudsseis ver a felicidade de que gozam esses espritos humildes, que o mundono enxerga porque se julga grande, que beneficiaram pobres, que mataram a forme dos mendigos,que olharam para as crianas abandonadas, que mitigaram a sede de afeto das almas que lhesimploravam, que consagraram os seus dias verdadeira caridade, mitigando dores dalma e do corpo,recolhendo as ltimas palavras dos moribundos para guardarem no sacrrio de sua alma como umarecordao inesquecvel, como so felizes! Como elas vivem dessa alegria que souberam cultivar naterra! Se vs pudsseis ver a diferena enorme que existe entre a alma que soube cumprir o seudever de crist e aquela que menosprezou a doutrina do Divino Mestre, se vs pudsseis ver, meusamigos, eu estou certo, certssimo de que procurareis com mais ateno cuidar das vossas obrigaescaridosas!

Aqui, nesse templo augusto da caridade crist, onde tm vindo espritos de elevaotransmitir os seus ensinamentos, proporcionando-vos cincia que vs dantes no conheceis, aqui hcampo vasto para a elaborao de grandes planos e para a sua realizao. O que se projeta, o que sedeseja o amparo criana desvalida, a proteo ao velho desamparado. E, quando se alcana umaexistncia, sentindo, no seu ocaso, o crebro ainda vivo, palpitante de idias fulgurantes, ainteligncia perfeitamente lcida, mas o corpo alquebrado, vergando para a terra, quando se tem amente calma, raciocinando com toda a firmeza, mas a boca, a lngua, a palavra recusando-se atransmitir esse pensamento porque o corpo j pende para a cova, quando o passo vacilante, quandose sente que o dever nos chama mas que as pernas, o corpo, o organismo recusam-se a caminharmais um passo, ento, se no se tem a certeza de uma f superior, vacila-se, meus amigos, porque o

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desejo de fazer bem e a impossibilidade de arrastar o corpo para esse bem produzem tal impressona alma que um desnimo, uma tristeza mortal nos invade. E, se no acontece isso mais vezes, porque o esprito, ultrapassando os poderes da matria faz, espiritualmente, aquilo que o corpo nopode fazer.

Eu parti a tempo. Muito desejava poder fazer e j no podia. O meu organismo fsico jestava depauperado, a mquina, funcionando mal, o pulso incerto, a memria falindo, mas avitalidade lcida, perfeita da inteligncia me fazia compreender que aquilo que j no podia mais serfeito nessa vida poderia ser realizado no alm. E essa a minha f. Tendo a convico de que muitohei de fazer, no por meus merecimentos, mas porque Deus usa estes instrumentos que tm f e queo amam e desejam servir. Tenho a certeza de que poderei ainda fazer muito porque Deus no merecusar esta esmola.

Caminhai pela jornada que conduz eternidade. Fazei bem. Nunca me canso de apelar paraaqueles que so moos, que tm fora de vida, que podem resolver porque contam com o seu vigorfsico, porque so juventude, porque so energia, porque so verdadeiras potncias materiais. Nome canso de apelar para eles. Fazei obra digna da altura do vosso intelecto e que comporte o vigordo vosso organismo! Fazei obra pura, obra crist! Prestai os vossos servios causa do Cristo!Consagrai os vossos dias a fazer bem aos desvalidos, infncia dolorosa, viuvez solitria, aosdoentes, aos necessitados! Fazei todo o bem que puderdes, porque todas as vezes que um bem forfeito por vs, meus queridos, Deus tomar nota desse bem. E aqueles que vos amaram, na terra,aqueles que aqui viveram e que vs no conheceis (porque h muitos a quem no fostes ligados porlaos sangneos: so parentescos espirituais, so as simpatias que acabastes de estudar), muitosdeles, no alm, vendo o vosso passo firme, seguro, na estrada do bem, se regozijaro e, alegres, vosesperaro aqui, quando a vossa jornada findar. E, ento, que amplexo verdadeiro de amor cristo!E, ento, oh felicidade indizvel das almas puras! E, ento, como louvaremos a Deus porque lanoumo de instrumentos como ns para a prtica de uma caridade como esta!

Abenoados sejais todos vs porque viestes, porque ouvistes e porque compreendestes.Deus vos ampare a todos.

ALFREDO BARCELOS

O primeiro passo ...O primeiro passo ...O primeiro passo ...O primeiro passo ...Meus amigos, nada mais difcil a dar, em uma vida, do que o primeiro passo. Dado esse

primeiro passo, vencida essa grande dificuldade, ficamos na linha reta que devemos seguir semhesitar, sem vacilar, certos de vencer. Esse primeiro passo, na vida humana, tem real importncia.Ningum deve viver sem um fundamento seguro para a sua existncia; ningum deve esperar quevenha, sem saber de onde, a beno de que necessita, para a sua orientao na vida; ningum deveesperar o ocaso dos anos sem que, para esse ocaso, tenha guardado alguns momentos de repouso,indispensveis ao organismo fsico.

O homem previdente saca para o futuro. O homem imprevidente aquele que v correremos seus dias indiferente