Adventist World (Janeiro 2009)

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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia Janeiro 2009 26 O Evangelho Segundo Maria 20 Está Consumado 12 Cartas Enviadas do Céu Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia B ounty bíblia O e a

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Revista Adventist World Revista mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia

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Ó r g ã o I n t e r n a c i o n a l d o s A d v e n t i s t a s d o S é t i m o D i a

Jane iro 2009

26 O Evangelho Segundo Maria

20 Está Consumado

12 Cartas Enviadas do Céu

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Jane iro 2009

A I G R E J A E M A Ç Ã O

Editorial ....................... 3

Notícias do Mundo3 Notícias & Fotos

Janela7 A República Democrática do

Congo por Dentro

Visão Mundial8 Uma Igreja Dinâmica para

Tempos Difíceis

S A Ú D E

Igrejas no Mundo Pregam Contra Tabaco ......................... 11Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless

P E R G U N T A S B Í B L I C A S

O Evangelho Segundo Maria ........... 26Por Angel Manuel Rodríguez

E S T U D O B Í B L I C O

Novos Começos .......... 27Por Mark A. Finley

I N T E R C Â M B I O M U N D I A L

29 Cartas30 O Lugar de Oração31 Intercâmbio de Ideias

O Lugar das Pessoas ........................ 32

A R T I G O D E C A P A

O Bounty e a Bíblia Por Herbert Ford e Wilona Karimabadi ..................................... 16Um dos acontecimentos épicos da história e sua conexão com os adventistas.

D E V O C I O N A L

Cartas Enviadas do Céu Por David Marshall .................... 12Só mais uma maneira de manter contato.

V I D A A D V E N T I S T A

O Modo “Tecno” de Evangelizar Por Carolyn Sutton e Cindy Waterhouse-Wheeler ...................... 14Temos a tecnologia: por que não usá-la na promoção do reino de Deus?

C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

Está Consumado Por Rolf Pöhler ......................................... 20A morte de Cristo é o ponto de exclamação de Deus para o problema do pecado.

D E S C O B R I N D O O E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

Ellen White: Quem Foi? Por James R. Nix ......................... 22Mais de 90 anos após sua morte, sua influência ainda é sentida.

S E R V I Ç O A D V E N T I S T A

Abraçando o Desafio Por Laurie Falvo ............................... 24A diversidade de culturas e religiões faz do Sul da Ásia uma região difícil, mas não impossível para a pregação do evangelho.

Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 5, nº 1, janeiro de 2009.

Tradução: Sonete Magalhães Costa

www.portuguese.adventistworld.org

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O Conjunto das Escrituras

A história preferida da hora do jantar, na casa dos meus avós, tem até hoje

lugar especial em minha vida. Quando alguma das crianças se aventurava a expressar aversão a al-gum dos alimentos servidos, geralmente um vegetal, meu avô dizia: “É porque seu organismo está precisando disso.” Em seu modo bem humorado, ele lembrava aos comilões irrequietos que, às vezes, os alimentos que menos nos agradam são os de que mais precisamos.

Na verdade, não há muita ciência numa frase como essa. Você precisará de mais de uma tarde para tentar me con-vencer de que minha aversão por beterraba enlatada resulta do fato de que eu, realmente, preciso de um “vegetal” tão desagradável em minha dieta. Mas uma frase como essa tem o poder de permanecer guardada na memória e reaparecer em muitos momentos da vida.

Um exemplo é quando me sento para estudar as Escri-turas. Como muitos outros jovens cristãos, comecei minha vida com Jesus me alimentando dos Evangelhos, consumindo as histórias da Sua graça, das curas, como se nunca fossem suficientes para mim. Se fosse comparar, eu gastava muito pouco tempo com outras porções da Palavra de Deus, as quais me pareciam menos atrativas: os livros proféticos do

Antigo Testamento, os livros de Moisés, Reis e Crônicas. En-tão, ouvia a frase de meu avô ecoando do passado: “É porque seu organismo está precisando disso.” Será que eu realmente estava evitando essas porções das Escrituras pelo fato de que elas eram necessárias para propiciar conforto e encorajamen-to? Será que meu modo de estudar a Bíblia faz com que meu “organismo” sinta falta do que Deus realmente quer me dizer?

Como cristãos maduros, necessitamos da plenitude da Palavra de Deus para que “cresçamos em tudo nAquele que é a cabeça, Cristo”(Ef 4:15). Toda a Bíblia – história e profecia, parábolas e epístolas, salmos e advertências – é para nossa nutrição, embora, seguindo nosso gosto, não procuremos todas essas coisas. Como nos diz o apóstolo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:16, 17).

Ao estudar as Escrituras, seu organismo, à semelhança do meu, precisa de equilíbrio e razão, graça e justiça, enco-rajamento e correção. Comprometamo-nos a ser homens e mulheres cuja vida esteja aberta a tudo o que Jesus quer nos dizer em Sua Palavra.

— Bill Knott

E D I T O R I A L

A Igreja em Ação

N O T Í C I A S D O M U N D O

Presidente Romeno Visita Igreja Adventista em Madri

O presidente da Romênia, Traian Basescu, visitou a Igreja Adventista do Sétimo Dia em Madri, Espanha, no mês de outubro de 2008, chamando a atenção da grande população de rome-nos imigrantes, seis mil dos quais são adventistas.

“Embora a comunidade adventista romena em Madri seja leal ao seu país atual, a Espanha, sua alma permanece ligada aos seus irmãos que vivem em seu país natal, Romênia”, ele disse aos membros da recém-construída Igreja Adventista Ebenézer, no dia 4 de

VISITA PRESIDENCIAL: Presidente romeno, Traian Basescu, cumprimenta membros do coral infantil da Escola Adventista da Igreja Ebenézer. Mais da metade dos alunos dessa escola elementar são filhos de imigrantes romenos.

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N O T Í C I A S D O M U N D O

outubro passado. Ebenézer é uma das catorze igrejas adventistas romenas na região.

Durante a última década, a Espanha absorveu mais de três milhões de imigrantes vindos da Romênia, Marrocos, e de vários países da Amé-rica do Sul, entre outros. Mais de 11% dos 44 milhões de residentes do país são estrangeiros, uma das proporções mais altas da Europa, segundo reportagem da Business Week, no ano passado.

Cerca de metade dos membros da União Espanhola é constituída de romenos, disse Teodor Hatanu, presi-dente da Igreja Adventista na Romênia. Mas as mudanças econômicas poderão reduzir essa tendência.

O Sr. Basescu, que foi à Espanha participar das reuniões do Fórum Europa 2008, visitou várias comuni-dades religiosas de língua romena. Sua visita à Igreja Adventista Ebenézer, com ampla cobertura de televisões e jornais romenos, gerou interesse pela Igreja Adventista, pondo em destaque seu perfil diante da comunidade.

Basescu uniu-se a uma congregação de mais de dois mil membros durante o culto de sábado, pela manhã. Estava acompanhado do ministro do exterior romeno, Lazar Comanescu, da embaxatriz da Romênia na Espa-nha, Maria Ligor, de vários secretários de estado, deputados e membros do parlamento europeu.

Durante sua fala, Basescu agra-deceu à Igreja Adventista seu papel positivo na sociedade e aplaudiu os valores que promove. Apontando para um amigo na congregação, acrescentou que essa não era sua primeira visita a uma igreja adventista.

Acima: PIONEIRO: Um dos pio-neiros adventistas, Albin Mocnik batiza recém-converso. Mocnik e outros levaram a mensagem adventista ao centro europeu, no início do século vinte. Direita: EXPOSIÇÃO COMEMORA CEM ANOS: Os eslavos expõem as crenças e a história da Igreja Adventista no Museu da Cidade de Ljubljana. A exposição, que começou em janeiro de 2008, terminou o ano comemorando a presença da igreja naquele país.

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O presidente visitou, também, a escola de primeiro grau da igreja, onde mais de 50% dos alunos são filhos de imigrantes romenos.

Hutanu denominou a visita como sinal de uma “nova apreciação” que a igreja está recebendo de líderes do governo, os quais reconhecem seu impacto na comunidade.

Adventistas Eslavos Marcam o Século

Centenas de adventistas do sétimo dia na Eslovênia reuniram-se na se-■

gunda maior cidade do país, Marbor, na última primavera, para comemorar os cem anos da igreja nesse país da Eu-ropa central.

As comemorações tiveram início em janeiro de 2008, com uma apresen-tação no Museu Municipal, na capital do país, Ljubljana, apresentando a história da igreja e suas crenças. Os adventistas eslavos realizaram con-certos, painéis de discussões, cursos de saúde, aulas de culinária, leitura de poesias e programas nacionais de televisão.

A Igreja em Ação

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O pastor adventista mais idoso da Eslovênia, Mihael Virtic, 85, paticipou das comemorações e disse lembrar-se da maneira como Deus atuou para que a igreja criasse raízes no então Império Austro-Húngaro. Os adventistas chega-ram à Eslovênia em 1908.

Mais importante que seus cem anos de existência na Eslovênia é a reputação da igreja ali, disse Branko Bistrovic, presidente da igreja na região adriática. Citando projetos humanitá-rios, seminários de educação e envol-vimento com a comunidade, Bistrovic considera a presença da igreja no país como “positiva” e seus membros “contribuem significativamente” para a sociedade e a cultura eslavas.

Bertil Wiklander, presidente da igreja na região transeuropeia, também falou no evento, advertindo os pre-sentes a não deixar que as ocupações da vida comprometam o tempo para Deus. O “estilo de vida estressante” pode levar os adventistas a “negligen-ciar nosso crescimento espiritual e nossa missão”, disse ele.

Representantes de outras deno-minações protestantes e o diretor das comunidades religiosas da Eslovênia, Drago Cepar, participaram do evento com membros e líderes da igreja.

Cepar aplaudiu a “boa cooperação” da igreja com o Ato de Liberdade Reli-giosa, realizado em 2007, que requer o registro de todas as denominações com o fim de receber direitos legais e bene-fícios tributários. A Igreja Adventista foi o primeiro grupo religioso, entre quarenta e três, a receber registro ofi-cial na Eslovênia.

Quinhentos e cinquenta adven-tistas reúnem-se em treze igrejas no país. A igreja administra uma casa

publicadora e uma escola bíblica por correspondência.

Adventistas em Papua Inauguram Estação de Rádio

A Pacific Adventist University (PAU) [Universidade Adventista do Pacífico] recebeu permissão do gover-no, bem como expressiva doação, para ajudar a inauguração da primeira rádio de propriedade da igreja em Papua-Nova Guiné.

A universidade esperava que o registro para tal licença levasse vários meses para ser aceito, mas a proposta foi recebida e aprovada rapidamente pelas autoridades técnicas de rádio e telecomunicações de Papua-Nova Guiné (PANGTEL), em agosto de 2008. O fato representou grande desafio para a PAU, uma vez que a licença requer que a esta-ção entre no ar em três meses. A univer-sidade cria que, enquanto aguardassem a aprovação do processo, teriam tempo suficiente para conseguir recursos.

A contribuição de 50 mil dólares, aproximadamente a metade do orça-mento do projeto, doados pela Rádio Mundial Adventista (AWR), permitirá que a estação FM de mil watts seja

completada no prazo. Ela está sendo construída no campus da PAU, em Baroko, e alcançará ouvintes em toda a capital, a cidade de Port Moresby. Papua-Nova Guiné já teve transmis-sões ocasionais de rádios adventistas no passado; esta, porém, será a primei-ra emissora de propriedade da igreja e totalmente operada por adventistas.

“Esse projeto é muito mais que uma rádio, pois reúne pessoas com o propósito de fazer a diferença”, diz Branimir Schubert, vice-presidente da PAU. “Creio que esse é ‘tempo divino’ e vamos fazer com que as coisas aconte-çam. O que vocês fizeram por meio da AWR é histórico em muitos aspectos e terá efeito positivo em muitos níveis. As pessoas já estão conversando sobre o que podemos fazer, por meio do rádio, para fazer a diferença.”

“A nova emissora será uma exten-são valiosa do ministério da AWR”, diz seu presidente, Bem Schoun. “A AWR pode prover assistência para esse tipo de projeto, graças à generosidade de uma família que dividiu seus recursos conosco com o propósito de levar o evangelho a regiões do mundo ainda não alcançadas.”

LIGUE SUA (EMISSORA DE) RÁDIO: Fifaia Matainaho (à direita), diretor de desenvolvimento da Universidade Adventista do Pací-fico, recebe concessão para o funcionamento de uma emissora de rádio de Une O’ome, diretor de Concessões e Relações Públicas da PANGTEL.

S T E P H E N V E L E / P A U

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N O T Í C I A S D O M U N D O

Em outubro de 2008, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, no Vietnã, recebeu reconhecimento oficial, o que lhe confere a possibilidade de funcionar legalmente,

disseram os líderes da igreja.Os líderes reuniram-se em Saigon nos dias 22 a 24 de

outubro de 2008, para eleger a administração da igreja. Foram as primeiras reuniões de nomeação desde 1975. A comissão diretiva da igreja no país está buscando recursos financeiros para adquirir terreno a fim de construir a Escola Bíblica. Trata-se de uma prioridade para os 13 mil membros no Vietnã.

“Esse é um sonho que se torna realidade”, disse Khoi Tran, diretor de mordomia da Missão Vietnamita, que visitou a sede mundial da igreja, na região de Washington, D. C., Estados Unidos, no dia 29 de outubro do ano passado.

Khoi participou da comissão de nomeação na qual cerca de 130 delegados votaram estatutos, regimento interno, planos de operação para os próximos quatro anos e uma comissão diretiva.

“Essa reunião foi um passo importante em relação aos procedimentos legais para o reconhecimento da igreja”, disse Khoi.

A comissão elegeu Tran Cong Tan como presidente, Tran Thanh Truyen, secretário, e Nguyen Thi Bach Tuyet, tesoureiro.

Segundo a agência de notícias VietNamNet, Nguyen Thanh Xuan, vice-diretor do Comitê para Assuntos Religiosos, disse ao grupo que “a política do governo para assuntos religiosos ajudou denominações, incluindo grupos protestantes, a se desenvolver e participar nas atividades da comunidade”.

Nguyen enfatizou o compromisso do governo de asse-gurar ambiente legal para o funcionamento de organizações religiosas, de acordo com seus princípios.

“Nós inscrevemos a igreja para o reconhecimento ao longo de 33 anos”, disse Khoi. “Agora teremos liberdade para publicar e distribuir literatura e construir novas igrejas.”

O Vietnã tem 50 cidades e províncias e apenas 20 dessas têm presença adventista, especialmente nas regiões sul e central.

“O mais importante é que poderemos iniciar a Escola Bíblica para instruir nossos jovens a se tornarem obreiros bíblicos”, disse Khoi. “O trabalho está se expandindo e precisamos de muitos obreiros treinados.”

Khoi, 33, filho de Tran Cong Tan, presidente da Missão Vietnamita, é o primeiro pastor adventista a estudar fora do Vietnã, tendo se graduado em nível superior no Spicer Memorial College, na Índia, e com mestrado em ministério no Instituto Adventista Internacional de Estudos Avançados, nas Filipinas.

Após completar seus estudos, Khoi trabalhou por dois anos como missionário pioneiro da Missão Global Adventista em Phnom Penh, Cambodja, estabelecendo igrejas entre imigrantes vietnamitas.

“Esse trabalho foi muito gratificante, mas eu almejava pregar o evangelho em meu país natal”, disse Khoi. Ele retornou ao Vietnã em 2002. —Reportagem da Missão Adventista e Rede Adventista de Notícias

Da direita para esquerda: RECONHECIMENTO: O último centro Le Cong Giao, fora de Saigon, inicia a Cerimônia da Santa Ceia, marcando o reconhecimento da denominação adventista pelo governo vietnamita. Cerca de 130 delegados reuniram-se em Saigon nos dias 22 a 24 de outubro de 2008, para aprovar a reorganização da Missão Vietnamita. SEDE: Delegados chegam à Igreja Adventista de Phu Nhuan, em Saigon, para participar da comissão de nomeação.

“Sonho que se torna realidade” para membros

OficialReconhecimento

Vietnã Concede

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A Igreja em Ação

à Igreja Adventista do Sétimo Dia

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J A N E L A

Localizada no coração da África sub-Saara e circundado por nove países, incluindo Angola, Sudão, Tanzânia e Zâmbia, a República Democrática do Congo espalha-se pela linha do Equador, o que lhe propicia grande quantidade de chuva e a mais alta frequência de tempo-rais do mundo. As chuvas tropicais são superadas apenas pela região amazônica.

O terreno e o clima fazem com que as viagens por via terrestre sejam muito difíceis. Com poucas rodovias ou estra-das de ferro em bom estado, as pessoas são forçadas a depender dos milhares de quilômetros de vias fluviais navegáveis desse país transversal.

A população aumentou de 47 para 63 milhões na última década. Aproxi-madamente 250 grupos étnicos vivem no país, onde são falados cerca de 700 dialetos locais.

AdventistasO trabalho da Igreja Adventista

começou ali há quase 90 anos, quando Christopher Robinson e sua esposa iniciaram a Missão Songa, no sul do país, em 1920. Dois anos mais tarde, A. C. Le Butt estabeleceu a Missão Katanga e fundou uma escola. Em 1925, a Igreja Adventista já estava oficialmente orga-nizada como a União/Missão do Zaire. De 1932 a 1961, havia onze missões adventistas no país, cada uma com, no mínimo, duas casas missionárias: uma escola fundamental, uma igreja e, em muitos casos, uma clínica médica.

O ministério médico da Igreja Adventista é importante nesse país. A Missão Songa, fundada pela família Robinson, é hoje o Hospital Adventista Songa, o único equipado para aten-dimento de emergência em centenas de quilômetros. Além de oferecer tratamento médico, a equipe clínica viaja pelas vilas vizinhas para cuidar dos doentes que não podem ir ao hospital. Por todo o país, há cerca de trinta e três hospitais e clínicas adventistas servindo a população local.

A Igreja Adventista cresceu cerca de 70% desde 1996, chegando a mais de 500 mil membros.

Para saber mais sobre o trabalho da Igreja Adventista do Sétimo Dia na República Democrática do Congo, visite:www.AdventistMission.org

*Arquivos Estatísticos da Associação Geral, 144° Relatório Estatístico Anual.

Ar e p ú b l i c a d e m o c r á t i c a

A República Democrática do Congo foi conhecida como Zaire, Estado

Livre do Congo e Congo Belga. Para muitos, evoca a lembrança de guerra, ca-lamidades naturais e agitações políticas.

Não devendo ser confundido com o país vizinho, a República do Congo, a República Democrática do Congo, ou RD Congo, foi colonizada pela Bélgica em 1908. Em 1960, o Congo recebeu sua independência, mas os anos seguintes fo-ram marcados por instabilidade política e social. Em 1965, Joseph Mobutu deu um golpe de estado, declarou-se presidente e mudou o nome do país para Zaire.

Mobutu permaneceu como presi-dente por 32 anos. Em 1994, um grande influxo de refugiados da vizinha Ruan-da e Burundi deflagrou uma guerra civil que acabou derrubando o governo de Mobutu. Três anos mais tarde, Laurent Kabila tornou-se presidente e mudou o nome do país para República Democrá-tica do Congo. No ano seguinte, mais combates eclodiram. O cessar-fogo foi assinado em 1999, mas os combates esporádicos continuaram. Em 2001, Kabila foi assassinado e seu filho, Joseph Kabila, foi nomeado chefe de estado.

Em 17 de janeiro de 2007, o vulcão Nyirangongo eclodiu na região oriental da RD Congo, perto de Goma, deixando cento e vinte mil pessoas desabrigadas. Logo após a erupção, quatrocentas mil pessoas tiveram de ser evacuadas da cidade. Seis meses mais tarde, o vulcão Nyamurangira, na mesma região, tam-bém eclodiu. Ambos os vulcões ainda estão ativos.

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGOCapital KinshasaLíngua oficial FrancêsReligião Católicos, 50%; Protestantes, 20%;

Kimbanquist, 10%; Muçulmanos, 10%; outros, 10%

População 62,7 milhões*Membros adventistas 522.387*Adventistas per capita 1:120*

doCongo Por Hans Olson

por Dentro REPÚBLICA DEMOCRÁTICA

DO CONGO

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V I S Ã O M U N D I A L

Quando estourou a notícia de uma crise econômica mundial em outubro de 2008, mais de trezentos membros da Comissão Executiva da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em nível mundial, estavam reunidos em Manila, Filipinas, para discutir ques-tões-chave da administração da igreja. Jan Paulsen, presidente da Associação Ge-ral, sentou-se com o editor da Adventist World, Bill Kott, para discutir algumas das decisões de amplo alcance tomadas no Concílio Anual de 2008.

BILL KNOTT: Como o senhor explicaria a um membro comum, de uma igre-jinha rústica, o benefício advindo de reuniões como o Concílio Anual 2008, fora da América do Norte? O que a igreja ganha com isso?JAN PAULSEN: Enquanto estávamos reunidos em Manila, o mundo passava pelo que foi descrito como “colapso econômico”. Obviamente, isso impacta a todos – indivíduos, organizações e governos. Certamente, também somos atingidos como igreja mundial. Diante desses fatos, alguém pode dizer: “Para que realizar um Concílio Anual fora da América do Norte, com todo esforço e despesa extra que isso demanda?”

Eu responderia: Esse é o preço para manter a família unida! Noventa e quatro por cento dos membros de nossa igreja vivem fora da América do Norte e, por isso, é muito importante que, quando os líderes se reúnem em um concílio, a igreja, em todo o mundo, tenha a sensação de estar no coração do que está acontecendo; seja parte do processo.

Temos aproximadamente 700 mil membros nas Filipinas. Temos univer-sidades, hospitais e outras instituições por todo o país. A igreja é muito conhe-cida pela mídia secular e pelo governo. Somos conhecidos pela quantidade e pelo nome. Cerca de catorze mil pessoas estiveram presentes ao programa de sábado, em Manila, e houve um maravi-lhoso senso de confraternização e forte espírito de celebração.

Penso que é saudável para a lide-rança da igreja mundial enfatizar o caráter global da família de nossa igreja, quando realizamos eventos como esse. Em décadas passadas, foram realizados concílios anuais na América do Sul, América Central, Austrália, Europa e África. Ir para a Ásia, desta vez, foi oportuno.

umaIgreja Dinâmica

Tempos Difíceis

O senhor está dizendo que, às vezes, é necessária uma movimentação física para outro lugar, para que os membros da igreja creiam que o senhor também está atento aos problemas que existem fora da América do Norte?Sim, claro. A presença física faz toda a diferença. Por toda a Ásia, os membros viram que nós viemos e que “hasteamos a bandeira”. Isso foi muito significativo para a Igreja Adventista das Filipinas. Os membros sentiram-se felizes com a sua igreja. Puderam celebrar sua força e ser encorajados e motivados por ela.

O senhor já mencionou as notícias da crise econômica global que estourou enquanto estávamos reunidos em Manila. Em que medida isso afetou o curso das reuniões e como o senhor

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acha que influenciará a igreja nas próximas semanas e meses?Não há previsões seguras para uma calamidade financeira como essa. Nin-guém, no mercado secular, sabe o que acontecerá no dia seguinte, mês ou ano. Nós, que trabalhamos na administração da Igreja, precisamos perguntar: Qual será nossa atitude como Igreja, em meio a tais circunstâncias? Como devemos votar um orçamento? Nossos orçamen-tos são baseados na fé, fidelidade nos dízimos e nas ofertas para as missões, que serão entregues por nossos mem-bros em 2009. Não sobre o dinheiro que já temos no banco.

Fomos muito abençoados em anos anteriores, e isso nos deu uma forte base para planejar. Mas a incerteza do mercado financeiro atual é sem pre-cedentes na história recente. Portanto, não devemos proceder como se nada houvesse acontecido. Quando apresen-tamos o orçamento no Concílio Anual, sugerimos à Comissão Administrativa da Associação Geral que a comissão de operação interna tenha a autonomia de fazer ajustes ao orçamento, à medida que observarmos a evolução da econo-mia global.

Em sua opinião, como esses eventos podem afetar o funcionamento da igreja em relação ao orçamento de 2009?Os membros da igreja devem saber que seguiremos em frente, com cau-tela e prudência, enquanto esperamos uma definição mais clara do cenário econômico. É importante que também saibam que essas circunstâncias afe-tarão os recursos disponíveis para o funcionamento de nossa sede mundial. Restringiremos nosso pessoal, deixando de preencher algumas vagas e estudare-mos maneiras de reduzir despesas em outras áreas.

Parece que o objetivo de manter uma flexibilidade financeira, a fim de lidar com a realidade econômica atual, convergiu providencialmente com outra questão importante discutida no concílio anual: flexibilidade quanto à estrutura da Igreja. Sim, a Comissão dos Ministérios, Estruturas e Serviços apresentou seu

Tempos Difíceis

relatório final e duas recomendações importantes foram aprovadas, por unanimidade, pela Comissão Exe-cutiva no Concílio Anual. O que a Comissão Executiva está dizendo com essa recomendação é que somos uma comunidade global, dinâmica e em crescimento. Portanto, é justo pergun-tarmos, de quando em quando, qual é o caminho mais efetivo e mais adequado a ser seguido. Temos algumas formas e estruturas que foram desenvolvidas há décadas. Será ainda a maneira mais eficiente de a igreja cumprir sua mis-são? Ou será que o simples crescimento da igreja e a evolução da estrutura em que opera significam que é preciso racionalizar certos processos?

Nos últimos três anos, a comissão tem estudado essas questões. Seus mem-bros têm pesquisado uma vasta quanti-dade de informações e dados da igreja em todas as partes do mundo. No Con-cílio Anual 2007, adotamos a primeira parte da recomendação da comissão, ao

admitir o princípio da “flexibilidade”, dando à igreja local a habilidade de defi-nir, dentro de alguns limites, as estrutu-ras administrativas que mais se adaptam às necessidades e circunstâncias espe-cíficas. Dissemos: “Deve prevalecer um elevado nível de confiança. Há situações em que devemos permitir que a igreja local decida qual a é melhor maneira de

prosseguir com nossos valores comuns, nossa identidade e missão, dentro de seu próprio contexto.”

No último Concílio Anual, a comis-são pediu para analisarmos, mais uma vez, o melhor método para definir, em nível de Associação Geral, os cargos e departamentos que servem à igreja mundial. A comissão está dizendo: “Vamos expandir esse princípio de flexibilidade e confiança para que a Comissão Executiva da igreja mun-dial, que se reúne no Concílio Anual, possa responder de forma dinâmica às realidades atuais, rever necessidades e responder rapidamente, se necessário, aos desafios.”

Assim, na assembleia da Associação Geral, em 2010, solicitaremos que con-siderem a recomendação de permitir à Comissão Executiva maior respon-sabilidade interna. “O que será melhor para nossa igreja? Qual é o modo mais prudente e sensato de agir? Será que devemos continuar fazendo as coisas da

Precisamos ser mais decididos na escolha de mulheres como

membros da Comissão Executiva da Associação Geral. Precisamos

de mais jovens leigos, profissionais com menos de 35 anos de

idade, que contribuam com competência e habilidade para o bom

andamento dos negócios da Igreja.

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mesma maneira, apenas porque é assim que sempre fizemos?”

É importante lembrar que, ao propor que alguma responsabilidade seja delegada ao Concílio Anual, não estamos falando de um grupo pequeno e não representativo.

A Igreja em Ação V I S Ã O M U N D I A L

de que, em assembleias anteriores da Associação Geral, foi decidido não ordenar mulheres ao ministério, fez com que elas não tivessem acesso semelhante ao dos homens a cargos de liderança. Tem sido difícil encontrar pessoas com preparo e experiência para participar plenamente do pro-cesso do Concílio Anual. Mas, sem dúvida, tem que haver maior esforço deliberado para corrigir isso. Preci-samos ser mais decididos na escolha de mulheres como membros da Co-missão Executiva da Associação Geral. Precisamos de mais jovens leigos, profissionais com menos de 35 anos de idade – não porque desempenhem al-gum papel na liderança da igreja, mas porque contribuem com competência e habilidade ao tratar dos negócios da igreja. Precisamos igualmente da garantia de que poderão servir por um período de tempo adequado, talvez até dez anos, para que sejam membros produtivos e contribuam com a Comissão Executiva.

Para onde irão as recomendações do Concílio Anual de Manila?Serão consideradas pelos delegados da Assembleia da Associação Geral de 2010, em Atlanta, EUA, onde certa-mente gerarão mais debate. Ao longo de todo esse processo, temos dito: “Não aprisionemos a igreja com for-mas rígidas ou estruturas que não pos-sam ser mudadas, as quais se tornaram “santas” simplesmente porque “sempre fizemos desse jeito”. Vamos nos con-centrar no todo, nas necessidades e demandas de uma igreja em constante crescimento; em nosso compromisso de procurar caminhos mais adequados para realizar o trabalho da igreja. Em tudo que fizermos, estejamos centra-dos nas prioridades dos valores da missão e da unidade, e então, avançar com confiança para onde o Senhor nos guiar.

recomendação importante, feita pela comissão, e que foi adotada no Concílio Anual: que a eleição dos diretores-associados para os departamentos e ministérios da Associação Geral ocorra no primeiro Concílio Anual, após a assembleia.

Qual a vantagem disso? Já atuei como presidente duas vezes na comis-são de nomeação da assembleia da Associação Geral, e sei que é muita coisa – muita coisa – para ser resolvida em poucas horas. Em alguns casos, as coisas não são tão bem feitas como deveriam. Esse é um processo que, às vezes, levan-ta dúvidas. Se, porém, a recomendação da comissão for adotada, isso permitirá que, em assembléias futuras, haja mais tempo para considerar, de modo mais deliberativo, a escolha das pessoas que serão votadas para dirigir os centros administrativos e a liderança dos depar-tamentos.

Segundo, isso permite dois ou três meses para que os diretores eleitos na assembleia pensem, consultem o presi-dente e a administração, sobre como compor sua equipe. Além disso, disse publicamente em Manila que a comis-são de nomeações do Concílio Anual, incumbida de nomear candidatos para os departamentos, deve ser composta de tal modo que reflita adequadamente a igreja mundial; deve representar bem os membros leigos e os pastores distritais.

Quando olhamos para toda a dele-gação do Concílio Anual, temos a impressão de que ela representa a diversidade racial e étnica da igreja mundial. Mas as estatísticas da igreja mostram que 65 a 70% de nossos membros no mundo são mulheres e não mais de 10% dos delegados são do sexo feminino. Como abordamos essa realidade? Está provado, historicamente, que esse é um processo lento para nós. O fato

Certamente não é uma comissão por telefone!Não, não! Estamos falando de um gru-po de mais ou menos trezentos líderes da igreja, pastores da linha de frente e membros leigos da igreja de cada parte do mundo, que se reúnem no concílio, todos os anos. Esse é um corpo singular, que pode ser menor em número em relação à assembleia, mas não menos representativo.

Com frequência, dizemos, e com razão, que quando a igreja se reúne numa assembleia da Associação Geral, Deus está presente, orientando Sua igreja. Mas acredito que isso também é verdade quando os delegados da as-sembleia decidem transferir algumas de suas responsabilidades.

A bênção de Deus, Sua presença entre Seu povo, não termina no fim da assembleia.É verdade! Houve, ainda, uma segunda

Os membros da igreja devem saber que

avançaremos, com cautela e prudência,

enquanto aguardamos um cenário econômico

mais claro.

10 Adventist World | Janeiro 2009

Page 11: Adventist World (Janeiro 2009)

A Igreja Adventista já esteve entre os líderes em campanhas de infor-

mação sobre os efeitos letais do tabaco. Ela já esteve na dianteira, informando os efeitos maléficos do fumo à medida que o conhecimento sobre o assunto ia aumentando. O curso “Como Deixar de Fumar em Cinco Dias” foi muito oportuno e perfeitamente adaptado ao programa evangelístico da igreja, porque era uma ferramenta de curta duração, mas com efeito educacional muito eficaz. Os benefícios em longo prazo são incal-culáveis. Os tempos, porém, mudaram.

Hoje, o lobby contra o cigarro tornou-se um grupo grande, com apoio político e financeiro, o que pode ter intimidado os grupos de nossas igrejas ou tê-los desencorajado pelo pequeno número de pessoas que frequentam o programa Breathe-Free (Livre para Respirar, nos EUA). O poder e o avanço do lobby antitabaco parece ser algo com que os adventistas não se sentem muito à vontade. Parte do problema pode ser nossa timidez para trabalhar com outros grupos que não os nossos.

Talvez devêssemos nos lembrar da enormidade da crise do tabaco.

De acordo com relatórios da Organi-zação Mundial da Saúde (OMS) sobre o fumo em 2008, o seu uso mata uma pes-soa a cada seis segundos. O tabaco mata entre um terço e metade das pessoas que fumam e os cinco milhões que morrem, todo ano, em consequência de seu uso, representam um e dez avos de todas as mortes no mundo todo, anualmente.

Da população mundial, quinhentos milhões morrerão pelos efeitos do taba-

co, e o século XXI poderá testemunhar a morte de um bilhão de pessoas pela mesma causa.

Fumantes passivos também têm sérios problemas de saúde. Quarenta e seis mil mortes ao ano por problemas cardíacos e 3.400 por câncer de pul-mão somente nos Estados Unidos são atribuídas a fumantes passivos*. Os 200 mil casos de asma infantil, 71.900 nascimentos prematuros e 23.500 nasci-mentos de crianças abaixo do peso são o resultado de fumantes passivos nos Estados Unidos, e isso realmente nos faz parar para pensar.

Espera-se que tal reflexão nos ajude a nos tornar parte da solução.

Louis Pasteur (1822-1895) disse: “Quando penso nas doenças, nunca tento descobrir um remédio para curá-las; ao contrário, penso num meio de preveni-las.” Os interessados no con-trole do uso do fumo devem pesquisar os relatórios da OMS de 2008 sobre a epidemia global do tabaco.

Incentivamos a participação ativa no governo, em nível local e em campanhas bem organizadas contra o fumo. A cooperação produz melhor resultado que ação isolada e desordenada.

De 23 a 28 de junho de 2009, será realizado o Congresso Internacional de Estilo de Vida Saudável, em Genebra, Suíça. A OMS, o Sistema Adventista de Saúde, o Centro Médico da Universida-de de Loma Linda, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assis-tenciais (ADRA) e a Associação Geral trabalharão com outras organizações religiosas para criar estratégias de

colaboração para uma ampla frente de iniciativas de saúde.

Se você quiser se tornar um agente de mudança para algo melhor, planeje participar desse congresso. Visite o site www.health20-20.org para obter in-formações sobre o Primeiro Congresso sobre Estilo de Vida Saudável e Cuida-dos Primários.

Todos nós podemos ser parceiros adotando a estratégia da OMS, que visa a capacitar os governos, organismos e grupos locais na luta contra o fumo. Adotemos a sigla MPOPER, que significa:M = Monitorar o uso do fumo e das

diretrizes de prevenção.P = Proteger as pessoas da fumaça do

cigarro.O = Oferecer ajuda para deixar o vício.P = Prevenir os perigos.E = Executar as proibições sobre pro-

moções publicitárias e patrocínio.R = Recolher impostos sobre o fumo.

Façamos tudo que nos é possível para sermos agentes de mudança. * Pessoas que não fumam, mas que convivem com fumantes.

Allan R. Handysides, M.B., Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG, é diretor do Departamento do Ministério de Saúde da Associação Geral.

Peter N. Landless, M.B., B.Ch., M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C., é diretor-executivo do ICPA e diretor-associado do Ministério de Saúde.

Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless

i g r e j a s n o m u n d o

Contra TabacoPregam

O que aconteceu com nossas atividades contra o tabaco? Parece que, hoje em dia, não nos envolvemos mais com programas contra o fumo.

S A Ú D E N O M U N D O

F O T O : R O L D O F O C L I XJaneiro 2009 | Adventist World 11

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Em nossa ânsia de refutar o rótulo de “Laodiceia”, temos a tendência de esquecer várias coisas boas sobre as mensa-

gens às sete igrejas.Primeiro, identificar o remetente: o Cristo ressurreto. São

sete “cartas vindas do Céu”. Em seguida, há o fato de terem sido escritas para sete lugares específicos da Ásia Menor; e pelo conhecimento nelas contido, concluímos que foram destinadas às necessidades das congregações de sete cidades específicas.

Finalmente, em nossa ânsia de mergulhar em novos níveis de significado, interpretamos as sete mensagens a sete períodos consecutivos da história cristã. Essa, porém, é apenas parte de sua relevância.

tudo nAquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4:14, 15). Com o tempo, as igrejas locais adquirem características próprias. Podemos classificar suas características pela diversidade ou pela geografia, mas sabemos que, na raiz, há algo mais. Sempre que uma congregação compartilha ideias com outra – de Éfeso a Laodiceia –, haverá debate. O fato é que o Cristo ressurreto viu um padrão de problemas e enviou as sete cartas para que as igrejas pudessem superá-los.

O que Diria Ele Aos Líderes de Sua Igreja Local?Todas as cartas começam com as palavras “Ao anjo da

igreja em ... escreve”. Em seguida à palavra “conheço”, Cristo

CartasCéuEnviadas do

Enviadas há dois mil anos, são muito atuais hoje

Por David Marshall

D E V O C I O N A L

Sempre RelevantesAs sete cartas do Céu foram enviadas a sete igrejas de

cidades específicas, no final do primeiro século.* Os adventistas do sétimo dia também creem que elas possuem significado profético para a igreja cristã ao longo do último milênio. Minha opinião, entretanto, é que seu grande signi-ficado profético está no seguinte: Ao longo dos séculos, as sete mensagens foram aplicáveis para algum lugar. Já visitei o local das sete igrejas do primeiro século e, sendo bem específico, em quarenta anos de ministério, já preguei sobre todas elas.

Sim. Já estive em Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia – na maioria delas, várias vezes – e encontrei quem falasse inglês em todas elas. Nas sete cartas, não apenas nas duas últimas, o Senhor ressurreto fala a todos nós, como ainda o faz hoje.

“Pois em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (1Co 12:13).** Nossa igreja local é a co-munidade onde crescemos, estagnamos ou fazemos seja lá o quê (Ef 4:11-14). Nela, tanto permanecemos como “crianças, levados de um lado para outro pelas ondas”, ou aprendemos a “seguir a verdade em amor” e “crescemos em

F O T O S : B I L L K N O T T12 Adventist World | Janeiro 2009

Acima: Um portal do site da antiga Laodiceia, recentemente escavado, lembra as palavras de Jesus à igreja: “Eis que estou à porta e bato”. Abaixo: Turista passeia pela rua principal de Éfeso, a primeira das sete igrejas citadas no livro de Apocalipse.

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salienta o que aquela igreja, em particular, tem de bom. Então, depois de palavras como “tenho contra você”, Cristo aponta as áreas problemáticas da igreja. Pouco antes do fim de cada mensagem, há uma advertência e, bem no final, uma promessa, começando tipicamente com as palavras: “Ao vencedor...”

Que mensagem daria o Cristo ressurreto “ao anjo da igreja” de, vamos dizer, Loma Linda ou Londres, Toronto ou Rio de Janeiro, Berlim ou Birmingham – ou qualquer outra? O que Ele diria à igreja que você frequenta? Que qualidades Ele confirmaria? Que palavras viriam depois de “Tenho contra você”? Qual seria a advertência? Será que

Começando por Mim! Sua igreja tem se tornado tão materialista, que, ao ser

vista por fora, não se distingue da sociedade em volta dela? Sua igreja tem se tornado tão intolerante com seus jovens que eles ficam sangrando durante a semana? Você tem considerado a estrutura de sua igreja como algo a ser controlado com os interesses de algum instinto de poder primitivo? Se suas respostas a essas perguntas – e a centenas de outras para as quais não tenho espaço – são afirmativas, permita que o arrependimento em sua igreja comece com você.

Recomendo para você a reputação, mensagem e missão de Filadélfia (veja Ap 3:7-13). Apesar de toda a pressão para agir de outro modo, os membros de Filadélfia não haviam negado o nome de Cristo. Por causa de sua fidelidade, o Cristo ressurreto havia colocado uma porta diante deles, a qual ninguém podia fechar. Viviam num ambiente inóspito de terremotos e tremores que os mantinha em pânico, sem aviso prévio. Para eles, Cristo prometeu a cidadania da “cidade do meu Deus, a nova Jerusalém”.

A mensagem para Filadélfia? “Venho em breve! Retenha o que você tem, para que ninguém tome a sua coroa” (Ap 3:11). Isso foi o mais próximo a uma advertência dada a Filadélfia. Esaú teve sua posição ocupada por Jacó, Rúbem por Judá, Saul por Davi e o Israel literal pelo Israel espiritual. É dito a Filadélfia: Retenha o que você tem. Fique atenta! Não deixe que ninguém a distraia e roube sua coroa.

Havia uma pequena congregação, cujo pastor foi execu-tado como criminoso. O presidente da comissão da igreja jurou nunca ter pertencido a ela; o tesoureiro cometeu suicídio; o resto dos membros da comissão fugiu na hora do julgamento. Os únicos que mostraram algum sinal de fidelidade foi um pequeno grupo de mulheres. Elas foram as últimas pessoas a sair do pé da cruz e as primeiras a chegar à tumba vazia.

Deus usou essa igreja, pelo poder do Espírito, para levar Seu evangelho da graça ao mundo. Sendo assim, há esperança para sua igreja, não importa quão difícil seja sua situação.

* As sete cartas encontram-se em Apocalipse 2 e 3.**Todas as referências bíblicas são da Nova Versão Internacional.

David Marshall é o editor mais antigo da Stanborough Press, em Lincolnshire, Inglaterra.

Que mensagem o Cristo ressurreto daria à sua igreja?

confirmaria o “seu trabalho árduo e perseverança”, como fez com Éfeso? Poderia Ele dizer de sua igreja o que disse de Pérgamo: “Sei onde você vive – onde está o trono de Sata-nás. Contudo, você permanece fiel ao Meu nome”? A Tiatira Ele disse: “Conheço as suas obras, o seu amor, a sua fé, o seu serviço e a sua perseverança.” Poderia Ele dizer o mesmo de você e de sua congregação?

A despeito do trabalho árduo, Éfeso esqueceu “seu primeiro amor”. A Sardes foi dito: “Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto.” Sardes tinha uma organi-zação excelente, mas estava morta em pé, não mais servia para seu propósito. Laodiceia, embora fosse rica, era infeliz e mise-rável; cria que possuía tudo, mas não tinha nada. Jesus ainda estava do lado de fora, batendo à porta, tentando entrar.

A sugestão para que Laodiceia seja curada de sua condi-ção – ouro, roupas brancas, colírio (Ap 3:18) – são porções do evangelho da salvação, concedidas pela graça, aceitas pela fé. Um bom começo é deixar Jesus entrar em seu coração (ver Ap 3:20).

A cura prescrita para a condição de Sardes – igreja extremamente organizada, mas que estava morta, ou morrendo (Ap 3:1,2) – foi a ressurreição, o maior chamado ao despertamento de todos os tempos. Há esperança, inclusive para Sardes! (Ap 3:1-6)

Mas a cura prescrita para a maioria dos problemas diagnosticados nas sete igrejas pode ser resumida em uma palavra: ARREPENDIMENTO.

Janeiro 2009 | Adventist World 13

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Qualquer pessoa que acompanha o ritmo dos minis-térios que utilizam a tecnologia em nossos dias, logo

percebe algumas portas não convencionais, totalmente abertas, até em lugares não convencionais como o espaço cibernético.

O Light Stream International (Corrente de Luz Inter-nacional), ministério leigo com sede em Oregon, Estados Unidos, usa a tecnologia de ponta para levar a mensagem do evangelho a pessoas de várias regiões do mundo. A seguir, alguns exemplos dos diversos métodos de evangelismo usados pela organização:

Programação cristã para TV a cabo, transmitida para mi-lhares de famílias de baixa renda, na Índia, as quais receberam aparelhos de televisão do governo.

Mensagens de esperança e conforto na Web, para jovens que navegam na Internet em busca de significado e propósito para a vida.

Uma ferramenta evangelística “secular”, para a cultura chinesa, ligando conceitos messiânicos de escritos orientais da antiguidade, com profecias da Bíblia, já cumpridas.

A mensagem do evangelho, com roupagem cultural de qualidade, em mídias contemporâneas – como filme, arte e música –, que vão ao encontro de necessidades espirituais em lugares como Cingapura, Bolívia, Austrália, África, Filipinas e Europa.

Ministério de VanguardaUma forte convicção de que os seguidores de Cristo devem

ir com a verdade onde o povo está levou os fundadores Win Wheeler, Cindy Waterhouse-Wheeler e D. Lynn Bryson, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia de McMinnville, Oregon (EUA), a fundar o Light Stream International, em 2007.

Win começou a compartilhar a verdade de Deus por meio da multimídia quando ainda cursava a faculdade. Ao retornar de sua experiência como estudante missionário, mostrou as necessidades da África a todas as igrejas dos Estados Unidos, com fotos e som. Após graduar-se pela Southern Adventist University em Collegedale, Tennessee, Win trabalhou na empresa Fortune 500, projetando sistemas automatizados enquanto servia voluntariamente sua igreja como engenheiro de áudio/som. Crendo que Deus o cha-mou para um ministério singular, Win exerce a função de diretor do ministério de tecnologias da igreja McMinnvelle, é diretor executivo do Light Stream International e enge-nheiro de som do Projeto Momentum, da União do Pacífico Norte (UPN).

Cindy, formada em administração pela Universidade de Oregon, já administrou organizações sem fins lucrativos e atuou como professora universitária. Musicista e composi-tora, ela compõe músicas para o culto e o rádio. Atualmente, edita áudio/vídeo, treina editores voluntários, escreve para o ministério e ajuda na coordenação de agendas.

Bryson, pastor na Associação de Óregon desde 1985 e so-brevivente de um acidente aéreo quase fatal, possui profunda convicção de que a proclamação da mensagem adventista pela TV é essencial para cumprir a missão que Cristo confiou à igreja.

“Devemos levar nossa mensagem para além das paredes de nossa igreja e para dentro dos lares das pessoas”, diz ele. “A maioria das pessoas nunca entrará numa igreja. Muitos, po-rém, ouvirão mensagens pelo rádio e assistirão a programas pela TV.”

Com a ajuda de mais de cinquenta voluntários da igreja de McMinnville e dezenas de afiliados e parceiros, Win, Cindy e Bryson construíram um estúdio de gravação de muita qua-lidade, onde nasceu esse sistema inovador de evangelismo. O sistema possibilita que o Light Stream continue expandindo novas tecnologias à medida que as necessidades do mercado demográfico aumentam.

Abordagem do Light StreamComo o Light Stream realiza o trabalho? Seus diretores

creem que o Espírito Santo �lhes apresenta” as oportunidades evangelísticas relacionadas à tecnologia. Depois, a equipe

PorCarolyn Sutton e Cindy

WaterhouseWheeler

d e eva n g e l i z a rTecno

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14 Adventist World | Janeiro 2009

Page 15: Adventist World (Janeiro 2009)

de organização desenvolve planos para chegar aos corações e apresentar Jesus de um modo culturalmente apropriado, usando a abordagem tecnológica.

Os projetos do Light Stream International incluem: Projeto Momentum – uma cooperação bianual entre

UPN e Light Stream International, criando séries evangelísti-cas que são transmitidas pelo Hope Channel, Televisão Better Live e outras emissoras cristãs.

Alguns dos Projetos Momentum já realizados incluíram programas como “Retratos do Salvador”, com o pastor Ron Halverson, a série “Por que Deus Amou”, com o então presidente da UNP, Jere Patzer, e “Apocalipse Agora”, com Jac Colón. A distribuição dos DVDs dessas séries resultou em batismos a milhares de quilômetros de distância do local original das reuniões.

Mudança de Coração – filme de curta duração visando ao público secular ocidental. Apresenta conceitos cristãos sobre perdão e reconciliação por meio de cinematografia, diálogo e música, para desenvolver a história de um pai pedindo o per-dão de seu filho pelo relacionamento doloroso que tiveram no passado, antes de o pai ser restaurado pelos conceitos de Cristo sobre amor e misericórdia.

Projetos Globais em ProgressoLight Streaming Índia: O Light Stream está desenvolven-

do um estúdio de televisão para os milhões de habitantes de Tamil, província da Índia.

Light Streaming Cingapura: Trabalhando com os plan-tadores de igrejas nessa parte do mundo, o Light Stream se esforça para desenvolver um conteúdo em formato de vídeo sobre a verdade divina, bem como vídeos com histórias verdadeiras, para serem distribuídos ali e noutros lugares, revelando o Deus criador como o “Deus de todos os deuses”.

Light Streaming China: O Light Stream prepara um documentário que demonstrará a veracidade da Bíblia, con-ceitos proféticos messiânicos em escritos de Confúcio e de outros sábios chineses.

Light Streaming para jovens aficionados pelo YouTube: O Light Stream colabora com estudantes de universidades adventistas e cristãs na criação de curtas mensagens de espe-rança, restauração e sobre a realidade de um Deus de amor, para o YouTube. O público-alvo são os jovens adultos.

Light Streaming nas Américas: O Ministério de Televisão McMinnville, uma marca afiliada ao Light Stream Interna-tional, está enviando sermões de sábado para serem trans-mitidos, via satélite, em alguns países das Américas, Caribe, Filipinas, Europa, África, Índia e Austrália.

A Todo o MundoA missão do Light Stream Internacional é seguir em fren-

te, refletindo a luz da verdade e do amor de Deus em diversas regiões do mundo. De maneira criativa e pela graça de Deus, faz sua parte para ajudar a cumprir a comissão evangélica: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações ... ensi-nando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”(Mt 28:19, 20).

Para obter mais informações, entre em contato com Light Stream International, P.O. Box 1171, McMinnville, OR 97128, EUA, ou visite o site: www.lightstreaminternational.com

Cindy Waterhouse-Wheeler é coordenadora do Light Stream International e dedica seu talento musical, administrativo e editorial a esse ministério.

Carolyn Sutton é escritora freelance e representante voluntária da Rádio Mundial Adventista; educadora jubilada, foi editora da revista Guide.

Não é tradicional, mas funciona.d e eva n g e l i z a rTecno

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Esquerda: EM CONCERTO: D. Lynn Bryson, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia de McMinnville, Oregon, e co-fundador do Light Stream Internatio-nal, louva a Deus cantando com Mary Grace, concertista profissional de piano, que, através de seu talento, levanta

fundos para apoiar pastores leigos nas Filipinas e noutras regiões. Bryson e Grace de-monstram seu talento em con-certo na Igreja Adventista de McMinnville. Abaixo: COLABO-RANDO: Diretor do Mudança de Coração, Tim Adams (esquerda) conversa com o diretor-executi-vo do Light Stream International, Win Wheeler, durante a pro-dução de um filme que explora conceitos sobre perdão.

Page 16: Adventist World (Janeiro 2009)

BountyO

Como a mensagem adventista encontrou a Ilha Pitcairn e permaneceu ali

e a b i b l i a

A R T I G O D E C A PA

F O T O S D O C E N T R O D E E S T U D O S D A I L H A P I T C A I R N / P A C I F I C U N I O N C O L L E G E

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Em dezembro de 1787, o navio da marinha britânica H.M.S. Bounty, sob o comando do Tenente William Bligh, zarpou

de Spithead, Inglaterra. Sua missão: levar mudas de fruta-pão do Taiti para as Índias Ocidentais, como alimento para os escravos dos donos de fazenda.

No dia 26 de outubro de 1788, o Bounty ancorou na baía de Matavai, Taiti, entre gritos de boas-vindas do amigável povo daquele país. Embalados pela amizade do povo dos mares do Sul, a tripulação foi colocada no trabalho imediatamente, recolhendo centenas de plantas de fruta-pão (Artocarpus incisa). A tarefa era árdua: ter certeza de que cada planta era saudável o suficiente para resistir vários meses no mar até que o Bounty chegasse às Índias Ocidentais.

Quando a tarefa foi cumprida, ha-via 1.014 mudas de fruta-pão a bordo do navio e, no sábado, dia 4 de abril de 1789, o Bounty levantou âncora e zarpou. Mas uma vez que estavam sob a dura liderança do capitão Bligh, vá-rios tripulantes se amotinaram contra ele. Na madrugada do dia 28 de abril, alguns tripulantes, sob a liderança de Flecher Christian, revoltaram-se e for-çaram Bligh e os tripulantes leais a ele a entrar em um pequeno veleiro, que abandonaram à deriva no mar.

Porto SeguroChristian e seus companheiros

amotinados navegaram de volta ao Taiti, mas os habitantes não foram tão receptivos como antes. Após tentar aportar noutra ilha pouco amigável, Christian concluiu que teria que encon-trar um esconderijo seguro, pois sabia que um navio seria enviado da Inglater-ra para procurá-los. Os marinheiros da Marinha Real que se amotinavam não

escapavam ilesos. Assim, o Bounty zarpou mais

uma vez, agora para encontrar algum ponto de terra no

vasto Oceano Pacífico, onde

os tripulantes pudessem estar seguros. Mas dessa vez os nove amotinados do Bounty não estavam sozinhos. Foram acompanhados por 18 polinésios – 6 homens, 12 mulheres e um bebê. As mulheres tornaram-se esposas dos marinheiros e as outras três, compa-nheiras dos homens polinésios.

Os amotinados visitaram várias ilhas do Pacífico a bordo do Bounty, mas nenhuma parecia segura. Por fim, Fletcher Christian encontrou nos ma-pas da marinha uma ilha minúscula, bem distante, para o leste. Era a Ilha Pitcairn, que foi vista, pela primeira vez, pelo aspirante da marinha Robert Pitcairn, a bordo do navio H.M.S. Swallow, em 1767. O capitão Carteret, do Swallow, decidiu homenagear Pit-cairn dando seu nome à ilha. Christian decidiu navegar em direção a Pitcairn e, por achar ser aquele um porto segu-ro, o pequeno grupo de amotinados e polinésios ancorou na ilha, no início de janeiro de 1790.

Os recém-chegados tiraram tudo o que ainda havia de aproveitável no Bounty e começaram a construir abri-gos em Pitcairn. No dia 23 de janeiro de 1790, colocaram fogo no navio para que os altos mastros do Bounty não fossem vistos por outros navios de passagem pela ilha.

Bligh e os 17 tripulantes deixados à deriva no mar sobreviveram, acredita-

Herbert Ford é diretor do Centro de Estudos Ilha Pitcairn, sediado no Pacific Union College, em Angwin, Califórnia, EUA.

Wilona Karimabadi é diretora editorial e de marketing da Kids-View, seção infantil da Adventist Review.

Como a mensagem adventista encontrou a Ilha Pitcairn e permaneceu ali

À Deriva: Quando os amotinados do Bounty colocaram o Capitão William Blingh e seus seguidores à deriva, não tinham ideia do que o futuro lhes reservava.

por Herbert Ford e Wilona Karimabadi

b i b l i a

ISOLAMENTO ESPLÊNDIDO: A ilha Pitcairn encontra-se a meio caminho entre a Nova Zelândia e o Chile.

Janeiro 2009 | Adventist World 17

Page 18: Adventist World (Janeiro 2009)

A R T I G O D E C A PA

se, à mais longa viagem em bote aberto pelo Oceano Pacífico. Assim que sua história foi ouvida na Inglaterra, um navio – H.M.S. Pondora – foi enviado para levar os amotinados a julgamento. Os 16 tripulantes que ficaram no Taiti foram capturados e três deles, enforca-dos. Em Pitcairn, entretanto, o pequeno grupo continuava seguro e o mundo nem soube de sua existência por quase duas décadas.

Paraíso PerdidoOs primeiros anos em Pitcairn

foram relativamente calmos e os amo-tinados e suas famílias prosperaram. A

calma foi quebrada por uma série de eventos violentos. A esposa de um dos amotinados morreu em consequência de uma queda, enquanto buscava ali-mento, e seu esposo, viúvo, exigiu ficar com a esposa de um dos polinésios. Esse fato desencadeou uma conspiração para matar os marinheiros ingleses. As mulheres, no entanto, foram leais aos maridos europeus e os avisaram do perigo. A hostilidade e a deslealdade de ambos os lados levaram à morte cinco dos amotinados. Assim, os homens polinésios também foram assassinados.

Um dos amotinados, William McCoy, por ter experiência na Inglaterra,

começou a fazer bebida alcoólica de uma planta nativa. Os outros quatro amotinados remanescentes e ele fica-vam bêbados a maior parte do tempo. McCoy morreu por culpa própria, enquanto estava bêbado. Finalmente, todos os homens de Pitcairn, menos dois, morreram. O amotinado Edward Young ficou doente e morreu, sendo o primeiro na ilha a morrer de morte natural.

Com a morte de Young, restou apenas o amotinado John Adams como único adulto do sexo masculino na ilha. Com onze mulheres e vinte e três crian-ças, filhos de seus ex-companheiros, Adams começou a perceber que tinha a grande responsabilidade de conduzi-los a uma vida melhor.1

Adams disse que, em sonho, alguém lhe disse que deveria arrepender-se de sua vida passada para ensinar outros a viver a vida que Deus queria que vivessem.2

O filho de Fletcher Christian, Thursday, lembrou-se de que havia uma Bíblia e um livro de orações entre os pertences de seu pai. Ao ler esses livros, Adams, apesar de sua pouca escolaridade, começou a compreender as preciosas palavras que mudariam a vida das pessoas da ilha. Ele se tornou o professor e o líder espiritual de Pitcairn.

Em 1808, os habitantes de Pitcairn foram descobertos por um navio ame-ricano, Topaz. O capitão Mattew Folger e sua tripulação ficaram surpresos ao descobrir que haviam descoberto o mistério do desaparecimento dos amo-tinados do Bounty. Ficaram mais im-pressionados, ainda, aos descobrir um povo que falava inglês, cristão devoto e que vivia em paz e tranquilidade.

Esquerda: AGUARDA A RESSURREIÇÃO: O túmulo de John Adams, o amotinado que levou a colônia a Cristo, está bem cuidado na ilha. Abaixo: CULTOS REGULARES: A Igreja Adventista do Sétimo Dia – única igreja na pequena ilha – ainda realiza cultos aos sábados, quer chova ou faça sol. A assistência, em sua maioria, é de visitantes e não-adventistas.

F O T O S D O C E N T R O D E E S T U D O S D A I L H A P I T C A I R N / P A C I F I C U N I O N C O L L E G E18 Adventist World | Janeiro 2009

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A população da ilha continuou a prosperar ao longo dos anos, mas, al-gum tempo depois, houve a necessidade de os habitantes saírem da ilha. Uma tentativa, para o Taiti, em 1831, foi desastrosa: doze ilhéus perderam a vida. Em 1856, toda a população de Pitcairn partiu para a Ilha Norfolk, perto da Austrália e lá se estabeleceu. Mas, com o tempo, várias famílias retornaram para a terra natal.

Mensagem AdventistaEm 1876, dois pastores adventistas

do sétimo dia, do Valley Napa, Cali-fórnia, Estados Unidos – J. N. Lough-borough e Tiago White – ao tomarem conhecimento da pequena colônia em Pitcairn, tomaram providências para contar aos ilhéus as boas-novas do evangelho cristão. Eles encheram caixas com literatura, levaram para o porto, em São Francisco, e ali se encontraram com David Scribner, capitão do veleiro St. John. Scribner, a pedido deles, levou o material até Pitcairn, onde foi lido por várias pessoas, mas eles continuaram a praticar as doutrinas da Igreja da Inglaterra.

Dez anos mais tarde, em 1886, em Oakland, Califórnia, um adventista leigo, chamado John I. Tay, estava enfermo. O médico lhe disse que seu problema era o ar poluído de Oakland e que precisava ir para um local com melhor qualidade de ar. Como marinheiro aposentado, Tay decidiu que iria para o mar outra vez e, com o imperativo de Mateus 28:19 ardendo em seu peito, também decidiu que iria à Ilha Pitcairn contar a eles da fé que aprendera a amar.

No dia 18 de outubro de 1886, o veleiro da Marinha Real Pelican chegou à Ilha Pitcairn, com John Tay a bordo. Ele ficou cinco semanas estudando a Bíblia e orando com os habitantes da ilha e, no fim de sua estada, muitos decidiram ser batizados como cristãos adventistas do sétimo dia. Tay explicou que, como membro leigo, não poderia realizar o batismo, mas que, um dia, levaria um ministro ordenado para batizá-los.

O desafio de levar o evangelho a centenas de ilhas no Oceano Pacífico

impressionou os adventistas do sétimo dia da América, em 1890, de tal modo, que realizaram uma campanha para levantar fundos. A coleta de moedas de cinco e dez centavos nas Escolas Sabatinas resultou na construção de um navio missionário chamado Pitcairn. Em outubro de 1890, o navio, com John Tay e Edward H. Gates, este ministro ordenado, zarpou de São Francisco para a Ilha Pitcairn, ali chegando em novembro. Como resultado dos muitos batismos ocorridos nos meses seguintes, quase todos os habitantes da ilha aceita-ram a fé adventista.

Logo depois de sua conversão, o espírito missionário influenciou muitos na Ilha Pitcairn. Sempre que o navio Pitcairn estava pronto para partir da ilha, em cada uma de suas seis viagens pelo Pacífico, alguns habitantes partiam junto para realizar o trabalho missio-nário leigo em outras ilhas. Outros, reconhecendo que necessitavam de edu-cação formal, retornavam com o navio para São Francisco, e se matriculavam no Healdsburg College, mais tarde Pacific Union College, para que fossem instruídos para o serviço.

Por décadas, todos os habitantes de Pitcairn foram parte de uma única forma de testemunho cristão. Por causa de seu isolamento do resto do mundo, Pitcairn tem sido denominada a ilha mais remota do planeta: sem serviço aéreo, sem navio com horário marcado, o hospital mais próximo está a cerca de dois mil quilômetros de distância. O único contato é com capitães, tripulação ou passageiros dos navios para onde ligam. Durante os primeiros anos, os habitantes da Ilha eram convidados para a despedida de cada navio que partia. Eles cantavam hinos em seus longos barcos. O poder desse testemunho cristão está regis-trado em relatórios, diários de bordo e livros.

Vida em PitcairnHoje, os membros da fé adventista

do sétimo dia são poucos, principal-mente por causa do êxodo de grande número de pessoas da ilha para a Nova Zelândia e outros países. O sábado, porém, ainda é lembrado: embora

nem todos os ilhéus estejam na igreja, a comunidade descansa no sétimo dia. A Divisão do Sul do Pacífico sempre providencia um pastor para o período de dois anos. Atualmente, Ray Codling trabalha em seu segundo período, na ilha. Ele diz o seguinte sobre o povo da ilha: “O povo de Pitcairn é muito amá-vel, sempre disposto a ajudar. Fomos bem acolhidos ali.”

Além de suprir as necessidades espirituais da comunidade e dos visitantes da ilha, Codling e sua família estão imersos na vida cotidiana de Pitcairn, inclusive com o novo comér-cio de exportação de mel. Os habi-tantes de Pitcairn são pessoas muito amistosas. Segundo o pastor da ilha: “Eles gostam muito de se reunir e de se confraternizar durante uma refeição. As festas de aniversário são um grande evento. A cada três semanas, eu anuncio para a sexta-feira um jantar comunitário na praça da cidade e, após a refeição, vamos à igreja para receber o sábado, cantando juntos. Cerca de metade da ilha participa”, diz Codling.

As oportunidades de testemunhar parecem que estão aumentando também, à medida que vários navios agendam visitas dos imensos cruzeiros a Pitcairn. Além disso, há visitantes que permanecem por uma semana ou mais, morando nos lares da ilha, desfrutando da genuína hospitalidade dos nativos. “Todo esse povo é nosso campo evange-lístico”, diz Codling.

A Ilha Pitcairn, que ocupa lugar importante na história – tanto para o mundo como para a Igreja Adventista – continua a ser um campo missionário singular. Mas o espírito do evangelho ainda está vivo, assim como esteve quando os primeiros descendentes dos amotinados do Bounty ouviram, pela primeira vez, a mensagem do amor redentor e da graça de Jesus, há muitos anos.

1 Ferris, Norman, A História da Ilha de Pitcairn (Review and Herald Publishing Association, 1958), p. 39.2 Ibid.

A Ilha Pitcairn, nos últimos anos, tem recebido a atenção do mundo todo pelas supostas atividades criminosas e julgamentos legais subsequentes, divulgados pela mídia. A igreja adventista do sétimo dia mundial e na ilha está trabalhando na recuperação e reconciliação dos envolvidos.

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De acordo com os Evangelhos, o próprio Jesus afirmou várias vezes que iria morrer

violentamente e disse ainda que “teria” que ser assim (Mt 16:21; Jo 3:14). “Era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas,... e fosse morto“ (Mc 8:31; cf. Lc 9:22; 17:25; 24:7). Jesus reconheceu esse fato como o cumpri-mento da antiga profecia bíblica(Lc 18:31; 22:37; 24:25, 44) e considerou toda Sua vida como a realização do plano divino(Lc 2:49; 4:43; 13:33; 19:5, 10; Jo 9:4; 10:16). Ao ser pendurado na cruz, gritou: “Está Consumado!” (Jo 19:30). Tarefa concluída, missão cumprida.

Qual era a missão que Ele havia cumprido?

O que Sua Morte Significa para Nós

O significado da morte de Jesus tem intrigado e preocupado os pensadores cristãos de todas as eras. Inúmeros livros foram escritos sobre o assunto e muitas estantes preenchidas com estudos que procuram explicar o significado profundo da morte de Jesus. Todos tentam interpretar as passagens do Novo Testamento que lançam alguma luz sobre o modo como Jesus falou de Si mesmo e como os discípulos O compreenderam. As declarações bíblicas estão resumidas na Crença Fundamental Adventista número 9 (veja quadro).

Você pode tentar descrever os ensinos bíblicos sobre a salvação em Cristo, mas não pode ignorar certos termos como expiação, reconciliação, justiça, pecado e perdão. Eles perten-cem ao vocabulário essencial da Bíblia e estão relacionados com a essência da fé cristã.

Baseado no ministério sacrifical da antiga aliança, os primeiros cristãos entenderam a morte de Cristo na cruz como o “recurso propiciatório” de Deus, pelo qual Ele mesmo nos livrou da culpa (Rm 3:25). O sacrifício no Calvário – entregando totalmente Sua vida – foi necessário “para fazer propi-ciação pelos pecados do povo [Israel]” (Hb 2:17) e não apenas para eles,

“mas também pelos pecados de todo o mundo” (1Jo 2:2, NVI).

Mas a verdadeira missão de Jesus era “dar a Sua vida em resgate por muitos”(Mc 10:45; cf. 1Tm 2:5; 1Pe 1:18). Sua perfeita obediência e sacri-fício substitutivo libertaram-nos da culpa de nossos pecados; recebemos perdão e nova vida (Ef 1:7; 5:2; 1Pe 2:21; Hb 9–10). O profeta Isaías já ha-via profetizado que o “Servo de Deus” daria Sua vida para a nossa salvação. “Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas ini-quidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados” (Is 53:5; cf. Dn 9:24).

Isso não quer dizer que Jesus estava tentando aplacar a ira de Deus e levá-Lo a ser benevolente para conosco. Afi-nal, foi o próprio Deus quem enviou Seu Filho ao mundo, “para vivermos por meio dEle” (1Jo 4:9). Não foi necessário ganhar Deus como aliado; Ele já estava do nosso lado. Deus não nos ama porque Jesus morreu por nós; Jesus morreu porque Deus nos ama. O amor de Deus é a razão e a origem, não o resultado ou efeito da expiação.

O que foi que tornou a expiação – a morte de Jesus – necessária? Foi o profundo desagrado de Deus, o Ser santo e perfeito, por toda injustiça? Será o desrespeito por Sua justa e santa lei (Rm 7:12), o reflexo de Seu caráter

N Ú M E R O 9

Rolf Pohler é teólogo conselheiro da União/Associação do Norte da Alemanha, em Hannover, Alemanha. Este artigo

é a condensação de um capítulo de um livro escrito por Pöhler sobre as Crenças Fundamentais Adventistas na língua alemã e traduzido para o inglês por Brent Blum.

EstáConsumado

Por que Jesus teve que morrer?

Por Rolf Pöhler

C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

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Page 21: Adventist World (Janeiro 2009)

� que deve ser punido? Sentimos a mesma indignação, a “ira santa”, que Deus sente em face da maciça presença do mal e da assustadora injustiça? (Jo 3:36; Rm 1:18; 1Ts 1:10; Ap 6:16).

Cristo TriunfanteAo Jesus morrer na cruz, Seus opo-

sitores regozijaram-se. Ser crucificado

criminoso condenado foi “vindicado” pelo próprio Deus (At 2:22). Além dis-so, ela é a base da esperança cristã na ressurreição dos mortos (1Co 15:12). Se o poder da morte foi quebrado, logo foi quebrado para sempre e para todos. A esse respeito, a ressurreição de Jesus é “um evento que aconteceu no passado, mas não um acontecimento

será um dia confessado por todos: Cristo o triunfante! (Fl 2:10).

O momento da Sua grande derrota tornou-se Seu maior triunfo. A batalha sobre o pecado, sobre a morte e sobre o mal foi vencida.

A expiação por nossa culpa fez a reconciliação da raça humana com Deus. Deus estava do nosso lado, mas

Na vida de Cristo, de perfeita obediência à vontade de Deus, e em Seu sofrimen-to, morte e ressurreição, Deus proveu o único meio de expiação do pecado humano, de modo que os que aceitam essa expiação pela fé possam ter vida eterna, e toda a criação compreenda melhor o infinito e santo amor do Criador. Essa expiação perfeita vindica a justiça da lei de Deus e a benignidade de Seu caráter; pois ela não garante o nosso perdão. A morte de Cristo é substituinte e expiatória, reconciliadora e transformadora. A ressurreição de Cristo proclama a vitória final sobre as forças do mal, e assegura a vitória final sobre o pecado e a morte para os que aceitam a expiação. Proclama a soberania de Jesus Cristo, diante do qual se dobrará todo joelho, no Céu e na Terra. (Jo 3:16; Is 53; 1Pe 2:21, 22; 1Co 15:3, 20-22; 2Co 5:14, 15, 19-21; Rm 1:4; 3:25; 4:24; 8:3, 4; 1Jo 2:2; 4:10; Cl 2:15; Fl 2:6, 11.)

ConsumadoNão foi necessário ganhar Deus como aliado; Ele já estava do nosso lado.

significava ser amaldiçoado por Deus (Gl 3:13). Portanto, aos olhos do pú-blico, Jesus tornara-Se apenas história. Ninguém ousaria, mais uma vez, alegar ser Ele o Messias. Ele mesmo, pouco antes de Sua morte, não admitira que Deus O havia abandonado? Sem dúvi-da, esse era o momento mais amargo de Sua vida e, provavelmente, a causa da rapidez com que morreu (Mc 15:34, 37, 44).

Na verdade, o que foi motivo para Seus inimigos esfregarem as mãos com satisfação tornou-se um golpe esma-gador contra eles. Pouco tempo mais tarde, quando Ele quebrou os grilhões do túmulo e apareceu a Seus discípulos como o Cristo vivo e glorificado, ficou claro que Ele havia saído da cena daqueles terríveis acontecimentos, não como perdedor, mas como vencedor: o Cristo triunfante!

Impossível, como possa parecer, provar Sua ressurreição, o depoimento de muitas testemunhas que O viram ainda é importante (Mt 28; Mc 16; Lc 24; Jo 20–21; 1Co 15:1). O fato de o sepulcro estar vazio dificilmente pode ser explicado, a não ser que algo muito incomum tenha acontecido (Mt 28:17; Mc 16:11; Lc 24:11, 41; Jo 20:24).

A ressurreição de Cristo é o sinal de que Seu sacrifício não foi em vão, mas cumpriu seu propósito (Ro 4:25; 5:10; 1Co 15:17). Por meio dela, Jesus, o

que passou” (B. Klappert). Por isso, ela tem seu legítimo lugar no cerne da mensagem cristã.

João, uma testemunha ocular, in-terpretou os eventos assim: “Para isso o Filho de Deus Se manifestou: para des-truir as obras do diabo” (1Jo 3:8, NVI). Outro escritor do Novo Testamento comentou do seguinte modo: Cristo tornou-Se humano, “para que, por Sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo“ (Hb 2:14). O que os crentes já sabem hoje,

nós nos separamos dEle, virando as costas para nosso Senhor e Salvador. Por rebeldia, O rejeitamos. Em Cristo, Deus superou a separação, restaurou a paz e conquistou nossa confiança. Estamos reconciliados com Deus! Homens e mulheres que ouvem e compreendem esse evangelho não conseguem ficar indiferentes (Ro 5:10; 2Co 5:18).

“Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8:31).

eVida, Morte,

Ressurreição de Cristo

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Diz-se que Ellen White é a escritora americana mais traduzida de toda a História: seu livro Caminho a Cristo foi traduzido para mais de 160 idiomas; treze

outros foram traduzidos para mais de vinte e cinco línguas. Seus escritos moldaram a vida de adventistas e de pessoas que não são membros da igreja.

Ellen White nasceu no dia 26 de novembro de 1827, em Gorham, Maine, nordeste dos Estados Unidos. Ela e sua irmã gêmea, Elizabeth, eram as caçulas dos oito filhos de Robert e Eunice Harmon, membros da Igreja Metodista. Em 1842, ela foi batizada e se uniu à igreja de seus pais em Portland, Maine, para onde a família se mudou. Em Portland, a família também frequentava as reuniões dirigidas por Guilherme Miller, ex-pregador batista, que concluiu, baseado em estudos das profecias bíblicas, que Cristo retornaria por volta do ano 1843 (mais tarde, revisado para 1844).

Os Harmon tornaram-se mileristas, como são chamados os seguidores de Miller e, como consequência, foram desli-gados da igreja metodista em 1843. Como adolescente, Ellen considerava pesado fardo falar de Jesus aos outros. Mas ela cria piamente que Ele retornaria no dia 22 de outubro de 1844. Quando isso não aconteceu, Ellen e outros mileritas ficaram muito desapontados. Entretanto, poucas semanas mais tarde, em dezembro de 1844, Deus lhe deu a primeira das quase duas mil visões proféticas que recebeu como sonhos à noite, entre essa data e sua morte em 1915. A primeira visão confirmou que Deus ainda estava com o jovem grupo de crentes adventistas. Se fossem fiéis, um dia chegariam à Cidade Santa.

Ellen foi encorajada a compartilhar suas mensagens pelo jovem ministro adventista, Tiago White. Eles se casaram no dia 30 de agosto de 1846. A essa altura, eles começaram a guardar o sábado do sétimo dia, baseados nas evidências bíblicas contidas em um panfleto escrito por José Bates. Mais tarde, Ellen recebeu uma visão confirmando que o sábado era o dia correto de guarda.

O pequeno grupo de guardadores do sábado, que crescia lentamente, continuou a estudar a Bíblia, em busca da verdade. As visões dadas a Ellen White frequentemente con-firmavam suas conclusões. As visões nunca substituíram sua necessidade de estudar a Bíblia.

Em 1851, Ellen White escreveu um livreto, o primeiro de mais de cem livros e panfletos que hoje levam seu nome. (Seu primeiro panfleto foi publicado no livro Primeiros Escritos.)

Tiago e Ellen White viajaram muito, falando e acon-selhando os membros da igreja que crescia. O fato de ser mãe de quatro meninos já era desafio suficiente, sem falar na dor de precisar separar-se deles por conta das viagens para encorajar os crentes adventistas dispersos. Ela também experimentou a tragédia de perder dois de seus filhos, John Herbert, que morreu com cerca de três anos de idade, e Henry Nichols, aos dezesseis. Os outros dois filhos, James Edson e William Clarence, tornaram-se ministros adventistas do sétimo dia.

Muitas das visões dadas por Deus a Ellen White con-tinham mensagens de esperança e encorajamento, outras incluíam advertências e repreensões. Era difícil transmitir algumas dessas mensagens incisivas. Ser mensageira do Senhor não era tarefa fácil! Deus falou por seu intermédio para dirigir a igreja em tempos de muitos desafios.

James R. Nix é diretor do White Estate, em Silver Spring, Maryland, EUA.

e l l e n w h i t e:

Uma pequena senhora que falava sobre Jesus

Quem Foi?Ellen tornou-se popular como oradora, muito requisitada

para as reuniões adventistas. Foi, talvez, mais conhecida como oradora que como escritora. Tornou-se oradora muito popular em temperança cristã entre os grupos de temperança não-adventistas.

Em 1863, Deus deu a Ellen White a mais abrangente visão sobre saúde. Embora não fosse sua primeira visão sobre o assunto, essa foi muito mais esclarecedora. Destacava a importância de uma boa dieta, exercícios físicos, descanso, ar puro e o conceito de que a preservação da saúde é um dever religioso. A visão foi escrita e publicada. Seus princípios foram posteriormente adotados por muitos adventistas em todo o mundo. Recentemente, estudos científicos demonstra-ram que a prática do estilo de vida recomendado por Deus propicia mais alta média de vida entre os adventistas, em relação à população em geral.

D E S C O B R I N D O O E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

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Ellen White sentiu-se incompleta, como escritora, para descrever o que Deus lhe havia mostrado; por isso, era leitora voraz. Ocasionalmente, escolhia frases que lia e ficavam gra-vadas na mente, usando-as em sermões e palestras. Ela des-cobriu que ler outros autores a ajudava a descrever, com mais detalhes, as coisas que Deus lhe havia mostrado em visão. A Sra. White nunca alegou ser infalível ou perfeita; ou que seus escritos se igualavam à Bíblia. Entretanto, cria firmemente que as mensagens que Deus enviava por seu intermédio eram de origem divina e que seus artigos e livros eram produzidos sob a direção do Espírito de Deus.

São muitas as histórias sobre sua generosidade. Enquanto morava na Austrália, mantinha peças de tecido à mão para que, se encontrasse alguma senhora que necessitasse de um vestido novo, pudesse oferecer-lhe. Comprava móveis usados para que, se surgisse uma necessidade, pudesse ajudar ime-

diatamente. Ela frequentemente enviava recursos para ajudar ministros idosos que necessitavam de auxílio financeiro.

A Sra. White recebia muitas visitas e, normalmente, ia dormir cedo. Com frequência, levantava-se às duas ou três horas da manhã para escrever, enquanto havia silêncio. Alguns de seus livros, como o Caminho a Cristo, são devocio-nais. Outros, como Testemunhos Para a Igreja, são coletâneas de muitas cartas e manuscritos escritos por ela ao longo dos anos, oferecendo conselho.

Os cinco volumes de O Conflito dos Séculos são de na-tureza mais histórica, descrevendo o progresso do conflito cósmico entre Cristo e Satanás, iniciado no Céu, antes da criação, e que terminará com a erradicação do pecado, no fim do milênio. Os leitores desses livros são continuamente convidados a escolher o lado de Deus nessa batalha cósmica. Hoje, livros como A Ciência do Bom Viver e Educação são considerados clássicos na área.

Na época de seu falecimento, em 16 de julho de 1915, havia vinte e quatro livros publicados e dois quase concluídos. Isso não inclui outras cinquenta mil páginas de manuscritos inéditos, guardados no cofre de seu escritório. Como instruído por ela em seu testamento, têm sido produzidas várias compilações temáticas.

Por setenta anos, Ellen White transmitiu fielmente as mensagens que Deus lhe deu. Seu conselho era constantemente procurado pelos líderes da igreja. Apesar de sua pouca educação formal, suas visões resultaram no presente sistema educacional adventista mundial, desde creches a universidades. Embora não tenha estudado medicina, o fruto de seu ministério pode ser visto na rede de hospitais adventistas, clínicas e instituições para a formação de profissionais de saúde em todo o mundo. Apesar de não ter sido ordenada ao ministério, seus escritos continuam a influenciar milhões de pessoas em mais de duzentos países em que a Igreja Adventista está presente. A mensageira de Deus continua a ajudar pessoas a encontrar o Senhor, a aceitar Seu perdão e a partilhar Seu amor com outros.

Durante seus últimos anos de vida, Ellen White gostava de fazer passeios diários em sua charrete. Ao passar por alguma casa, observava: “Será que as pessoas desta casa sabem alguma coisa sobre Jesus?” E costumava parar para visitar os vizinhos, geralmente deixando frutas de seu pomar ou produtos da horta, além de alguma literatura. Sempre falava com eles so-bre Jesus. Por muitos anos, após sua morte, ela foi lembrada como a pequena senhora, vestida de preto, que vinha em sua charrete e falava sobre Jesus.

Em nosso mundo cada vez mais apressado, onde as coisas espirituais são vistas por cima ou simplesmente ignoradas, os escritos de Ellen White podem ajudar a quem está procu-rando encontrar uma profunda experiência com Deus. Seus escritos sempre apontam para as Escrituras, onde Deus provê direção para Seu povo.

Uma pequena senhora que falava sobre Jesus

Quem Foi? Por James R. Nix

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O território da Divisão Asiática do Sul do Pacífico tem 750 milhões de habitantes. Essa linda região impressiona por sua diversidade. Cada país possui

uma variedade exótica de idiomas, religiões e culturas.A grande diversidade torna essa região uma das áreas

mais desafiadoras do mundo para a pregação do evangelho. O crescimento da igreja é lento, mas algumas coisas interes-santes começam a acontecer.

A divisão é composta por dezoito países comprimidos entre China, Índia e Austrália. Essa área inclui, na região sul, países como o Sri Lanka, Bangladesh e as missões de Guam e a Micronésia oceânica.

Outro grande desafio para o cumprimento da missão é sua surpreendente população. Há ali mais de vinte cidades com população acima de um milhão de pessoas. Oito dos dezoito países têm menos de cinco igrejas adventistas ou grupos para cada milhão de habitantes. Há, ainda, setenta e sete grupos étnicos específicos, com mais de um milhão de pessoas, que talvez nunca tenham ouvido o nome de Jesus.

“Temos entre oitocentos e novecentos mil membros nas Filipinas e Indonésia, onde está a maioria de nossos mem-bros”, diz Rick McEdward, coordenador da Missão Adventista na divisão. “Mas o grande desafio encontra-se nas áreas de acesso mais difícil. A porcentagem de nossos membros que moram fora desses dois países é bem pequena.”

O desafio é imenso, embora a igreja esteja crescendo.

CambojaEm 1975, o regime Pol Pot assumiu o poder no Camboja,

matando milhões de pessoas e esmagando a coluna dorsal da Igreja Adventista.

Milhões de refugiados foram colocados em campos lotados, nada levando com eles a não ser fome, medo e a

roupa do corpo. Porém, mesmo em sua noite mais escura, os missionários adventistas estavam lá para oferecer um raio de esperança.

Dick e Jean Hall foram missionários no sul da Ásia por vinte e cinco anos e ajudaram os desabrigados do Camboja. “Um dia”, disse o pastor Hall, “os refugiados nos perguntaram por que os adventistas se preocupavam em ajudá-los se não podiam dar nada em troca. Dissemos que estávamos lá por causa de Jesus. ‘E quem é Jesus?’ Assim, começávamos a contar que ‘Deus havia envido Seu Filho a este mundo porque nos ama e quer nos ajudar. Nós temos necessidades e Ele nos pede para ajudarmos a todas as pessoas necessitadas’. E diziam: ‘Queremos aprender mais sobre Jesus’.”

Um pequeno grupo de novos conversos saiu dos campos de refugiados, os quais voltaram ao Camboja como obreiros pioneiros. A igreja renasceu naquele país. Hoje, cresce rapidamente, por causa do trabalho dos pioneiros da Missão Global, pela ajuda de ministérios de apoio e pelo ministério de pequenos grupos, planejado cuidadosamente.

LaosLaos, minúsculo país localizado entre o Vietnã e a Tailândia,

tem poucos cristãos. Antes das mudanças políticas, a obra adventista foi

impedida de continuar. Dick e Jean Hall trabalhavam como missionários, dirigindo uma pequena escola numa vila da montanha.

“O que me deixa mais feliz”, diz Hall, “é que o Senhor nos usou para alcançar alguns dos Hmong, povo da mon-tanha que frequentava nossa escolinha. Alguns se tornaram pastores, os quais saíram e hoje há várias igrejas construídas por eles”.

Por Laurie Falvo

AbraçandoDesafioo Levar o evangelho ao Sul da Ásia requer mais que recursos humanos

S E R V I Ç O

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de formação cristã. Só percebemos isso quando saímos e tentamos trabalhar com pessoas de outras religiões.”

TailândiaBangkok, capital da Tailândia, localiza-se no coração da

Janela 10/40, onde vivem dois terços da população mundial. É onde surgiram várias religiões do mundo, onde há poucos cristãos, e as cidades crescem rapidamente.

Até pouco tempo atrás, havia apenas cinco igrejas adventistas em Bangkok. Doug Venn é o coordenador do projeto de implantação de igrejas, Esperança Para Bangkok. Ele trabalha para evangelizar os treze milhões de habitantes da cidade.

“Com o projeto Esperança Para Bangkok e a ajuda dos campos da igreja mundial, iniciamos a instalação de dez novas igrejas”, diz o Pastor Venn. “Todas elas vieram de pequenos grupos. Tivemos vidas transformadas e batismos. Mas a coisa mais emocionante é que os membros leigos estão apenas aprendendo a fazer o trabalho. Portanto, nosso investimento de dez, graças ao sacrifício da igreja mundial, já frutificou e mais oito foram iniciadas.”

O sucesso desse projeto de implantação de igrejas é es-pantoso. Especialmente quando concluímos que a igreja está presente na Tailândia há mais de cem anos. Mesmo assim, em toda a Tailândia temos apenas um pequeno número de crentes, e a maioria vem de pequenos grupos minoritários, não da maioria dominante na população taí.

A construção de pontes de entendimento é a tarefa do Centro de Missão Global para o Ministério entre os bu-distas. O diretor do centro, Scott Grisword, que vive entre os budistas há muitos anos, tem procurado maneiras mais efetivas de ajudá-los a compreender as crenças adventistas. Cada sábado, os Griswolds realizam um culto em seu lar e convidam amigos e vizinhos budistas para participarem.

Recentemente, uma senhora budista aceitou Jesus como seu Salvador.

“Louvamos a Deus por tantas coisas boas que estão acontecendo na Divisão Asiática do Sul do Pacífico”, diz o diretor da Missão Adventista, Gary Krause. “Mas ainda enfrentamos grandes desafios. Não temos respostas, planos e recursos, mas devemos orar pelo fato de confiarmos em Deus. Estamos comprometidos com Seu plano de evangeli-zar cada homem e cada mulher, cada menino e menina, por meio das boas-novas de Jesus Cristo.”

Laurie Falvo é diretora dos Projetos de Comunicação da Missão Adventista da Associação Geral. Para saber mais sobre os missionários adventistas do sétimo dia e o que está acontecendo nas missões e na

igreja mundial, visite www.AdventistMission.org.

Em 1961, a família Hall foi forçada a deixar o país. Antes, porém, ajudaram muitos alunos a fugir em seu avião. Hoje, a igreja está empobrecida. Sem um único pastor ordenado em todo o país, ela precisa desesperadamente de ajuda e de um curso para a formação de pastores.

IndonésiaJacarta, Indonésia, é a maior cidade do maior país mu-

çulmano do mundo. É uma cidade de grandes contrastes. Prédios modernos e conforto conflitam com pobreza cho-cante e desesperadora.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia optou por Jacarta entre as escolhidas para o projeto Esperança Para as Gran-des Cidades, iniciativa que consiste em construir igrejas em grandes cidades do mundo. Pastores e membros leigos se uniram para evangelizar os dezoito milhões de pessoas dessa cidade. Dão cursos bíblicos, treinam novos obreiros e ministram por meio de pequenos grupos.

Já estão fazendo uma pequena colheita. Recentemente, a igreja realizou uma série evangelística e mais de mil e seiscentas pessoas entregaram o coração a Jesus e foram batizadas.

Poucas dessas conversões foram provenientes da popula-ção majoritariamente muçulmana, extremamente difícil de alcançar.

Jon Dybdahl, ex-missionário no sul da Ásia, enfrenta alguns dos desafios ao pregar o evangelho nessa parte do mundo.

“Um dos maiores desafios é que a maioria das pessoas não é constituída de cristãos. São budistas, hinduístas, mu-çulmanos. Por isso, não compartilhamos da mesma herança religiosa. A maioria de nós, da Europa Ocidental, Austrália e Américas, foi treinada para compartilhar a fé com pessoas

Levar o evangelho ao Sul da Ásia requer mais que recursos humanos

F O T O S : C O R T E S I A D A M I S S Ã O A D V E N T I S T A Janeiro 2009 | Adventist World 25

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P E R G U N TA : Maria Madalena é a mesma Maria, irmã de Marta?

Já ouvi essa pergunta muitas vezes, o que demonstra que o assunto interessa a muitas pessoas. Esse assunto tem sido discutido com frequência na história da igreja cristã.

Examinemos as evidências bíblicas.1. Maria de Betânia: Sabemos muito pouco sobre essa

Maria, a não ser que ela seja identificada como Maria Madalena.Eis o que sabemos: Ela era irmã de Marta e de Lázaro

e moravam em Betânia, na região da Judeia (Lc 10:38, 39; Jo 11:1, 2). Ela costumava sentar-se aos pés de Jesus para aprender dEle. Uma vez que essa era a postura dos discí-pulos, concluímos que ela era uma discípula de Cristo. Ela ungiu Jesus pouco antes de Sua crucifixão, revelando de-voção por Ele (Jo 11:2; 12:1-8). Esse ato foi sua expressão de gratidão por ter experi-mentado o perdão amoroso do Salvador (Lc 7:47, 48). Lucas menciona que ela foi muito perdoada. Após a un-ção, Maria de Betânia não é mais mencionada.

2. Maria Madalena: O nome completo dessa mulher tem sido usado, tradicional-mente, para indicar que ela era da cidade de Magdala, localizada na costa noroeste do Mar da Galileia. A primeira vez em que ela é mencionada nos Evangelhos é especificamente citada entre as mulheres que foram curadas por Jesus de doenças ou possessões de-moníacas; ela, especialmente, foi libertada de sete demônios, muito provavelmente por Jesus (Lc 8:2). Essas mulheres eram discípulas de Jesus e O acompanharam durante Sua segunda viagem à Galileia, provendo apoio financeiro ao Seu minis-tério (versos 2 e 3). Em outras palavras, Maria Madalena era relativamente rica.

3. Mesma pessoa? Baseado nas evidências bíblicas, posso apenas dizer que “talvez” ou “provavelmente sim”. Muitos intérpretes creem que são duas pessoas diferentes porque não há evidência histórica que confirme que elas são a mesma pessoa.

Além disso, há o problema com o lugar de origem. Betânia é na Judeia, e Magdala, na Galileia. Alguém pode especular dizendo que, talvez, cedo na vida, Maria tenha

deixado seu lar em Betânia e foi para Magdala e, após encon-trar Jesus, voltou para Betânia. Isso não contradiz nenhuma evidência bíblica, mas vai além delas.

Outro detalhe que sugere estarmos lidando com a mesma pessoa é que a unção de Jesus, descrita em Lucas, descreve Maria como uma “mulher da cidade,‘pecadora’...” (7:37). Nesse caso, seria difícil negar que está se referindo a Maria de Betânia. Por outro lado, ambas eram discípulas de Jesus e aparentemente com recursos financeiros colocados a serviço do Senhor. Baseado na Bíblia, não posso dar uma resposta final à pergunta. Por favor, não fique frustrado. Não sabemos tudo.

4. O que Realmente Inte-ressa: Talvez o que realmente importa ao discutirmos a identidade de Maria Madale-na e Maria de Betânia, é que sendo ou não a mesma pes-soa, Jesus também instruiu mulheres para proclamar as boas-novas da salvação. Ele chamou homens e mulheres para divulgar o evangelho.

Maria Madalena desem-penhou papel importante na narrativa do evangelho. Ela quase se tornou uma discípula por excelência. Ela testemunhou a morte de Jesus na cruz (Mt 27:55, 56; Jo 19:25) e acompanhou Seu

corpo até a tumba (Mt 27:60, 61). Na manhã de domingo, foi a primeira a chegar ao sepulcro de Jesus, e, percebendo que estava vazia, foi informar os discípulos que alguém havia levado o corpo de Jesus (Jo 20:1, 2). Os outros discípulos vieram, descobriram que era verdade e se foram, mas Maria ficou e foi a primeira a ver o Senhor ressurreto (verso 15). Ele a encarregou de contar aos discípulos que Ele havia res-suscitado (verso 17). Em obediência, ela e as outras mulheres foram aos discípulos e anunciaram que o Senhor ressuscitara (Jo 20:18; Mt 28:7; Lc 24:9).

Se o Salvador ressurreto usou mulheres para dizer aos discípulos que Ele estava vivo, devemos também abrir amplo espaço para que as mulheres proclamem o evangelho eterno.

Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral.

OEvangelho

SegundoMaria

PorAngel Manuel Rodríguez

P E R G U N T A S B Í B L I C A S

26 Adventist World | Janeiro 2009

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E S T U D O B Í B L I C O

A maioria das pessoas gosta de coisas novas. Sentimos algo especial quando ganhamos um novo par de sapatos, um terno ou um vestido novo. Às vezes, desejamos trocar as coisas velhas e quebradas, por novas e perfeitas. Cada ano, Deus nos concede a alegria de viver novas oportunidades que Ele coloca à nossa frente.

1. O que Deus promete a cada um de nós em relação ao nosso futuro? Leia o texto abaixo e preencha os espaços em branco.“Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo” (Is 43:19).

Deus promete fazer em nossa vida.

Às vezes, nossa vida parece um árido deserto. Parece conter pouca paz e alegria verdadeira; parece que estamos vagando pela selva do desânimo. Deus, porém, promete fazer uma coisa nova. Ao confiarmos nEle, encontramos novo rumo e novo propósito.

2. Quão frequentemente Deus colocará novidade em nossa vida? Faça um círculo na resposta correta, no texto abaixo. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a Tua fidelidade” (Lm 3:22, 23).

Deus nos concede novas oportunidades, todos os dias, para que conheçamos Seu amor, experimentemos Sua graça e desfrutemos Sua bondade.

3. Quando entregamos a vida a Jesus, que maravilhoso milagre Ele opera em nós? Leia o texto abaixo e explique, nas linhas em branco, o que significa ser nova criatura em Cristo. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5:17).

Ser nova criatura em Cristo significa .

4. Na Bíblia, o nome representa nossa identidade ou caráter. O que Deus concede àqueles que, pela Sua graça, são vencedores? Leia a passagem abaixo e escreva sua resposta nos espaços em branco.“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe” (Ap 2:17).

Jesus dará aos vencedores um .

NovosComeços

Por Mark A. Finley

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Essa é uma promessa maravilhosa. Jesus nos ama muito e quer Se relacionar tão intimamente conosco que nos chama por um nome especial quando nos encontramos. Esse é o sinal do relacionamento íntimo que Ele tem com cada um de nós.

5. O apóstolo João, em visão profética, ouviu seres celestiais cantando. O que eles cantavam? “E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o Teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra” (Ap 5:9, 10).

João ouviu o coro celeste cantando um .

Não é de admirar que o coração de João tenha se enchido de alegria! Ele ouviu seres celestes cantando louvores a Jesus na forma de hino de livramento. Nossa voz pode se unir ao coro celestial hoje. Nós fomos redimidos. Por meio de Jesus, somos sacerdotes e reis para Deus. Louvado seja Seu nome!

6. Quando a Cidade Santa descer do Céu, que proclamação divina nosso Senhor fará? Faça um círculo em sua resposta.“E Aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras” (Ap 21:5).

7. Como o clímax da história da humanidade é descrito na Bíblia? Leia cada texto e escreva, no espaço em branco, a resposta em comum contida nos textos abaixo. “Pois eis que Eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Is 65:17).

“Nós, porém, segundo a Sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pe 3:13).

“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21:1).

Deus promete criar novo e nova .

O Deus a quem servimos nos oferece diariamente novidade em Seu amor. Suas misericórdias se renovam a cada manhã. Ele transforma nossa vida e nos dá novo coração. Um dia, o tempo de pecado e sofrimento passará e Ele criará um novo céu e nova terra. Neste novo ano, alegremo-nos nas maravilhosas promessas de todas as coisas novas que Ele faz por nós agora e pelas que fará no futuro.

28 Adventist World | Janeiro 2009

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C A R T A S

Calcutá. Enquanto lia, pensava nas estratégias que devem ser usadas para ajudar esse tipo de gente, e como parece difícil, pois esse projeto precisa de patrocínio!

Fiquei impressionada com a pergunta que um irmão fez ao pastor Loren: “Pastor, o senhor está precisando de alguma coisa?” Cheguei à conclusão de que todo projeto cuja intenção é ajudar outros é aprovado por Deus, e o patrocínio vem do alto.

Estou esperando pelo chamado de Deus para fazer um trabalho similar, pois histórias como essa enchem minha alma de zelo para trabalhar por outros.

Hulda Nohemi Chambi MamaniBrasil

Bênçãos Louvado seja o Senhor por usar vocês para fazer o bom trabalho no planeta Terra. A revista Adventist World tem nos dado a esperança de adorar nosso Deus em verdade.

Joven NyangauPor e-mail

Ao ler essas histórias, eu me comovo

até as lágrimas aos ver o poder de Deus agindo

na vida das pessoas .— Hulda Nohemi Chambi Mamani, Brasil

Cartas para o Editor – Envie para: [email protected] cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com 250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo, data da publicação e número da página em seu comentário. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.

Intercâmbio Mundial

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Bênçãos do Estudo BíblicoPor muito tempo, tive a intenção de escrever para agradecer ao pastor Mark Finley os estudos bíblicos que ele prepara para a

Adventist World. Eles têm me ajudado muito e foram proveitosos para meu pai, que faleceu recentemente, aos 98 anos de idade.

Meu pai tinha pouca instrução escolar, mas, desde jovem, gostava de estudar a Palavra de Deus. Nos últimos anos, lutou contra o declínio de sua capacidade mental. Ele era fustigado pelo senso de culpa de coisas que havia feito durante a vida, temendo que isso o separasse de Deus. Embora eu sempre procurasse tranquilizá-lo com as boas novas do evangelho, sua mente estava cheia de temor.

Muitas vezes li os estudos bíblicos do pastor Finley para ele, os quais o encorajavam muito. Ele os entendia por causa de sua estrutura simples. Desse modo, era confortado por eles. Eu, por minha vez, ficava feliz ao ver meu pai assim. Agora ele descansa, esperando o retorno do nosso Senhor. Muito obri-gada ao pastor Finley e a todos os que estão envolvidos nesse trabalho.

Greta AnscombeWatford, Inglaterra

Espírito de ProfeciaRecentemente, li o artigo “Fundamentos Para o Chamado Profético de Ellen White (Adventist World, setembro de 2008).

Apreciei a forma como o artigo foi desenvolvido por Gerhard Pfandl. Às vezes, eu sentia certo desconforto quan-do ouvia a expressão “Espírito de Pro-

fecia”, encontrada em Apocalipse 19:10, em refe-rência apenas aos escritos de Ellen White. Penso que isso limita o sentido dessa pas-sagem bíblica.

Creio na declaração de Pfandl de que a “Igreja Adventista do Sétimo Dia, desde seu início, tem crido no cumprimento da profecia de Apocalipse 12:17, ou seja, que o espírito de profecia foi manifes-tado na vida e no trabalho de Ellen G. White”. Ele associa Apocalipse 19:10 a 22:8 e 9. Isso amplia a compreensão do texto, que inclui Ellen G. White entre os “que foram chamados por Deus para serem profetas”.

Ray Mayor Michigan, Estados Unidos

Esperando o Chamado de DeusSempre esperei ansiosamente a edição seguinte da Adventist World, e a pri-meira coisa que faço é procurar pelas histórias missionárias. Ao ler essas histórias, eu me comovo até as lágrimas ao ver o poder de Deus agindo na vida das pessoas.

Ao receber a edição de outubro de 2008, fui tocada pelo artigo “Elas Não Têm Culpa”, no qual Loren Seibold escreve sobre o trabalho realizado em favor de prostitutas e seus filhos, em

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O L U G A R D E O R A Ç Ã O

Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA.

Sou médico, batizado há quatro anos. Recebi estudos bíblicos e, em nosso grupo, três foram batizados. Outros seis hesitaram. Por favor, orem para que o Espírito de Deus os ajude na decisão de entregar a vida a Jesus e que eu tenha forças para realizar o Seu trabalho.

Amand, França

Acabo de me formar na faculdade de Teologia e gostaria de cursar o mestrado, mas não tenho dinheiro. Por favor, orem para que eu seja um bom pastor.

Gaisiamlung, por e-mail

Por favor, orem pela minha irmã Beverly e seus três filhos, pois ela está lutando con-tra um câncer de intestino muito grave.

Cathy, de um Posto Militar Avançado

Muito obrigado por suas orações, pois preciso de ajuda financeira e educacio-nal. Agradeço a Deus por pessoas como vocês, que oram por pessoas como eu. Orem pelo bem-estar da minha família e pela construção de nossa igreja em Happy Valley (Vale Feliz). Já faz quatro anos que a construção parou devido a problemas financeiros.

Rehuel, Filipinas

Sou mulher e quero me casar. Estou um pouco desesperada pelo fato de ter sido ferida. Por favor, orem também por outras mulheres da minha igreja. Precisamos de oração por saúde e pela providência de Deus.

Theo, Uganda

Sou estudante e peço suas orações para que Deus me ajude nos exames. Por favor, orem para que Deus me dê inteligência para passar de ano e seguir em frente.

Ndikumana, Burundi

Por favor, orem para que Deus abençoe meus coqueiros a fim de que produzam muitos frutos. Desse modo, poderei vendê-los no mercado para pagar meus estudos.

George, Filipinas

Tenho 16 anos de idade. Minha súplica é para que Deus me ajude a entrar em contato com professores e alunos da minha escola de ensino médio, que é secular, para lhes apresentar as três mensagens angélicas. Peço que também orem para que, por meio do Espírito Santo, eu seja um jovem de ação e não só de palavras.

Daniel, por e-mail

Orem por meu pai que é HIV positivo, para que Deus prolongue seus dias.

Vincent, Zâmbia

Por favor, orem para que Deus abençoe a situação financeira da minha família. Estou desempregado e é difícil encon-trar trabalho. Tenho 18 anos de idade.

Simbarashe, Zimbábue

Intercâmbio Mundial

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NUniversidade Andrews é submetida a avaliação e solicita a opinião pública

A Universidade Andrews, instituição adventista do sétimo dia de ensino avançado, administrado pela Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, em Berrien Springs, Michigan, Esta-dos Unidos, solicita ao público comentários sobre a universidade como preparo para sua avaliação periódica pela agência de cre-denciamento. A universidade será submetida a ampla avaliação entre os dias 22 a 25 de março, por uma equipe representando a Comissão de Ensino Superior da Associação Central Norte de Faculdades e Escolas. A Universidade Andrews tem sido reco-nhecida pela Comissão desde 1939. Seu credenciamento é em nível de doutorado e inclui outros campi em vários locais ao redor do mundo.

A equipe analisará a capacidade da instituição de satisfazer os critérios da comissão para o credenciamento.

O público é convidado a enviar suas observações em relação à universidade para:

Public Comment on Andrews UniversityThe Higher Learning Commission30 North LaSalle Street, Suite 2400Chicago IL 60602, Estados UnidosOs comentários devem abordar questões substanciais

relacionadas com a qualidade da instituição ou de seus programas acadêmicos. Os comentários devem ser escritos, assinados e não podem ser considerados confidenciais.

Todos os comentários devem ser recebidos até 22 de fevereiro de 2009.

30 Adventist World | Janeiro 2009

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I N T E R C Â M B I O D E I D E I A S

Fui trabalhar nas Ilhas Andaman, na Índia, como estudante missionário. Não sabia quem me buscaria no porto, onde moraria, ou o que iria fazer. Mesmo

assim, segui em frente, sabendo que o Senhor tomaria as providências necessárias. No navio, conheci um senhor que, além de ser adventista, também era o cozi-

nheiro-chefe do navio. Ele me convidou a ir para sua casa e, de bom grado, aceitei. Sua família, constituída de sete pessoas, concordou alegremente que eu morasse com eles.

Eles tinham apenas um filho, de sete anos de idade, ao qual chamavam carinho-samente de “Sunny.” Esse menino era meu guia na pequena cidade; ele me mostrou o caminho para as lojas, restaurante e residências dos membros da igreja.

Por seis semanas, estive ocupado dirigindo a Escola Cristã de Férias e os cultos da igreja, pois não havia pastor naquela congregação. O tempo passou rapidamente e logo chegou a hora de voltar para o Spicer Memorial College, em Pune, Índia, para continuar meus estudos.

O fato de ficarmos juntos por mais de um mês, ensinando novas canções, contando histórias e ajudando-os a apresentar encenações baseadas na Bíblia para a Escola Sabatina e para os cultos, criou um elo muito forte entre nós.

O momento de fazer a última refeição no lar da querida família que tanto me ajudou, chegou muito rápido. Sunny sentou-se ao meu lado à mesa, enquanto a mãe servia. Geralmente, ele reclamava da comida para sua mãe, uma mulher muito paciente. Ela não se importava, pois ele era seu único filho. Nessa refeição, entretan-to, ele sentou-se ao meu lado, comeu sozinho o que a mãe lhe serviu e sem reclamar uma só vez. Após a refeição, reunimo-nos para orar e o pai da família disse:

− Isso é para você – entregando-me uma nota de 50 rúpias (cerca de um dólar americano).

Ao lhe perguntar por que estava fazendo isso, ele me disse alegremente o que havia acontecido antes da refeição, enquanto eu arrumava a mala para ir embora.

Sunny foi até seu pai e perguntou: “Pai, o que o senhor me dá se eu comer toda minha comida sozinho, sem reclamar para minha mãe?” O pai, feliz com seu filho, disse: “Escolha o que você quiser.” Sunny pediu 50 rúpias. O trato foi feito e ele comeu tudo. O pai estava impressionado com o menino e, quando ia lhe dar o dinheiro, Sunny disse: “Por favor, dê ao meu professor da Escola Cristã de Férias.” O valor era pequeno, mas para mim, muito sagrado.

Enquanto viajava sozinho, lembrei-me de outro Filho que foi até Seu Pai e perguntou: “O que o Senhor me dará se Eu tomar esse cálice?” E o Pai pediu gen-tilmente ao Filho para escolher. O Filho escolheu assumir a minha e a sua pena de morte. Ele disse ao Pai: “Por favor, dê vida eterna àquele professor da Escola Cristã de Férias e a todos os que crerem em Mim.”

—Jesin Israel Kollabathula é estudante de pós-graduação no Instituto Inter-nacional Adventista de Estudos Avançados (AIIAS), em Silang, Cavite, Filipinas.

Leia sobre um pequeno presente de um grande coração

e SeuFilhoSacrifício

OEditor

Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte.

Editor AdministrativoBill Knott

Editor AssociadoClaude Richli

Gerente Internacional de PublicaçãoChun, Pyung Duk

Comissão EditorialJan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K. Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C. Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith; Robert E. Kyte, assessor jurídico

Comissão Coordenadora da Adventist WorldLee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Donald Upson;Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk

Editor-ChefeBill Knott

Editores em Silver Spring, MarylandRoy Adams (editor associado), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran

Editores em Seul, CoréiaChun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan

Editor OnlineCarlos Medley

Coordenadora TécnicaMerle Poirier

Assistente Executiva de RedaçãoRachel J. Child

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Atendimento ao LeitorMerle Poirier

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ConsultoresJan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon, Lowell C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu, Gerry D. Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka T. Daniel, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Don C. Schneider, Artur A. Stele, Ulrich W. Frikart, D. Ronald Watts, Bertil A. Wiklander

Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638

E-mail: [email protected]: www.adventistworld.org

A menos que indicado de outra forma, todas as referências bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

Adventist World é uma revista mensal editada simultanea-mente na Coréia, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.

Vol. 5, No. 1

“Eis que cedo venho…”Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

Janeiro 2009 | Adventist World 31

Page 32: Adventist World (Janeiro 2009)

C O N H E Ç A S E U V I Z I N H O

Em janeiro de 2008, Alberto Tas-so Barros deixou seu lar em Franca, SP, Brasil, para ser voluntário, por um ano, na Casa Mia, um lar para idosos em Forli, Itália.

“Como cristão e estudante de teologia”, diz Alberto, “decidi que não podia simplesmente ficar senta-do assistindo à destruição de nosso planeta. Ao contrário, vi que podia participar levando a este mundo a luz que vem do evangelho e da espe-rança que pertence aos que creem na

V I D A A D V E N T I S T AFui voluntária no Centro Médico Adventista em Portland,

Oregon. Certo dia, a caminho do hospital, parei numa loja. A senhora do caixa, vendo meu uniforme de voluntária (calça branca, suéter e casaco azul marinho), perguntou: “Você trabalha para alguma empresa aérea?” Respondi imediatamente: “Não, trabalho no hospital adventista.” “Ah!” ela exclamou com entusiasmo: “Eu amo o hospital adventista. Os adventistas são tãaaao bondosos.” Um tanto surpresa, respondi: “Muito obrigada! Muito obrigada!”

Ela se dirigiu ao próximo cliente e eu entrei em meu carro. Enquanto cruzava a ponte para Portland, pensei: “Espero que todos que entrarem em contato com um adventista ou com alguma instituição adventista, hoje, tenham uma boa impressão”. – Bette W. Miller, Vancouver, Washington, Estados Unidos

P E N S A M E N T O

“Se queremos

que a água da

vida se infiltre

profundamente

em nossa vida,

precisamos de uma mentalidade

maior do que algumas gotas.” – Pastor Jim Park, em “Como Fazer com que o Maná Seja Saboroso”, postado em seu site: DiscipleTree.com

segunda vinda de Cristo”.

Morando na Casa Mia já por vários meses, Alberto faz o melhor possível para levar luz e esperança aos residentes. Ele os ajuda nos exercícios, leitura, jogos e dá estudos bíblicos para alguns deles. Dois já foram batizados. Alberto sente-se feliz em trabalhar com idosos da Casa Mia.

“É incrível”, diz ele, “como um sorriso, um abraço, alguns minu-tos de conversa ou um simples ‘oi’ podem transformar a vida deles”.

Para os que pensam em ser voluntá-rios, Alberto diz: “Sua vida não será a mesma!”

Se você quiser ler mais histórias sobre outros voluntários adventistas ao redor do mundo, ou saber como pode participar como voluntário, acesse www.adventistvolunteers.org. – Jill Walker González, Serviço de Volun-tariado Adventista, Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Silver Spring, Maryland, Estados Unidos

O Lugar Das

PESS AS