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GRUPO I O EXAME DA QUARTA CLASSE Dona Sara andava com os nervos à flor da pele. Fartava-se de fazer recomendações: que não nos distraíssemos, que não fizéssemos borrões nas provas, que escrevêssemos sempre com a melhor caligrafia, que as letras fossem perfeitas, que um o não parecesse um a, o l tinha de ficar mais alto que o e, o m tinha de ter sempre três perninhas para não se confundir com o n. E muito cuidadinho com a redação, dez linhas chegavam perfeitamente, as frases tinham de ter sempre um ponto final. A prova de desenho era muito fácil: um sol a nascer atrás da serra, duas árvores com folhas verdes com bolinhas vermelhas a fazer de conta que eram cerejas, ou pontinhos pretos a imitar as azeitonas. Depois rematava-se com uma casinha com uma chaminé a deitar fumo, uma igreja, um caminho que ia dar a uma ponte. A ponte estava por cima de um rio que tinha a nas- cente à beira do sol, onde havia um pastor e cinco ou seis ovelhas, e vinha por ali abaixo até acabar a folha, cada vez mais largo, mais azul, com muitos peixes quase tão grandes como as ovelhas, cobertos de muitas pintas, para se saber que aqueles peixes eram trutas. Mas a grande batalha tinha de ser vencida a ferozes inimigos que davam pelo nome de pro- blemas. Não era nada fácil imaginar tanques com forma de paralelepípedo e base retangular, me- dindo essa dita base, por exemplo, cinco centiares e a altura quinhentos milímetros, ora diz lá meu menino quantas horas e minutos demora o tanque a encher, se a torneira despejar para dentro do tanque cinco litros de água por minuto. Não era nada fácil, mas à força de tanto repetir lá nos íamos preparando e ganhando con- fiança para o exame da quarta classe que tinha data marcada na Vila. Na Vila é que se tirava a prova dos nove. E a dona Sara dizia que não queria ficar mal, ai de nós se lhe beliscássemos o brio. Ai de nós, que sabíamos na ponta da língua todos os rios e afluentes de Portugal, insular e ultramarino, províncias e capitais de distrito, que sabíamos em que sítio do mapa os comboios paravam, embora nunca tivéssemos visto o fumo do comboio. Ai de nós, fartos de repetir que depois de D. Afonso Henriques, filho de D. Teresa e Henrique da Borgonha, governou D. Sancho primeiro; depois D. Afonso segundo, depois D. Sancho se- gundo, depois D. Afonso terceiro, depois já não houve mais Sanchos. Apareceu o D. Dinis, que fazia versos e tinha uma mulher que se chamava rainha Santa Isabel, que gostava de dar esmolas aos pobrezinhos sem o rei saber. E um dia, corria o mês de janeiro, o rei perguntou-lhe o que é que ela escondia no regaço. A rainha respondeu-lhe “são rosas, senhor”. “Rosas em janeiro?”. E quando ela abriu o regaço, estavam lá rosas brancas o que muito espantou o rei, e claro, toda a gente que presenciou o milagre. António Mota, A Terra do Anjo Azul, Ambar LÍNGUA PORTUGUESA 5 16 © AREAL EDITORES VOCABULÁRIO quarta classe: corresponde ao quarto ano de escolaridade borrões: manchas de tinta 5 10 15 20 25 30 35 Ficha de avaliação 2

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GRUPO I

O EXAME DA QUARTA CLASSEDona Sara andava com os nervos à flor da pele. Fartava-se de fazer recomendações: que

não nos distraíssemos, que não fizéssemos borrões nas provas, que escrevêssemos semprecom a melhor caligrafia, que as letras fossem perfeitas, que um o não parecesse um a, o l tinhade ficar mais alto que o e, o m tinha de ter sempre três perninhas para não se confundir com on. E muito cuidadinho com a redação, dez linhas chegavam perfeitamente, as frases tinham deter sempre um ponto final.

A prova de desenho era muito fácil: um sol a nascer atrás da serra, duas árvores com folhasverdes com bolinhas vermelhas a fazer de conta que eram cerejas, ou pontinhos pretos a imitaras azeitonas. Depois rematava-se com uma casinha com uma chaminé a deitar fumo, umaigreja, um caminho que ia dar a uma ponte. A ponte estava por cima de um rio que tinha a nas-cente à beira do sol, onde havia um pastor e cinco ou seis ovelhas, e vinha por ali abaixo atéacabar a folha, cada vez mais largo, mais azul, com muitos peixes quase tão grandes como asovelhas, cobertos de muitas pintas, para se saber que aqueles peixes eram trutas.

Mas a grande batalha tinha de ser vencida a ferozes inimigos que davam pelo nome de pro-blemas.

Não era nada fácil imaginar tanques com forma de paralelepípedo e base retangular, me-dindo essa dita base, por exemplo, cinco centiares e a altura quinhentos milímetros, ora diz lámeu menino quantas horas e minutos demora o tanque a encher, se a torneira despejar paradentro do tanque cinco litros de água por minuto.

Não era nada fácil, mas à força de tanto repetir lá nos íamos preparando e ganhando con-fiança para o exame da quarta classe que tinha data marcada na Vila. Na Vila é que se tirava aprova dos nove. E a dona Sara dizia que não queria ficar mal, ai de nós se lhe beliscássemos obrio.

Ai de nós, que sabíamos na ponta da língua todos os rios e afluentes de Portugal, insular eultramarino, províncias e capitais de distrito, que sabíamos em que sítio do mapa os comboiosparavam, embora nunca tivéssemos visto o fumo do comboio.

Ai de nós, fartos de repetir que depois de D. Afonso Henriques, filho de D. Teresa e Henriqueda Borgonha, governou D. Sancho primeiro; depois D. Afonso segundo, depois D. Sancho se-gundo, depois D. Afonso terceiro, depois já não houve mais Sanchos. Apareceu o D. Dinis, quefazia versos e tinha uma mulher que se chamava rainha Santa Isabel, que gostava de dar esmolasaos pobrezinhos sem o rei saber.

E um dia, corria o mês de janeiro, o rei perguntou-lhe o que é que ela escondia no regaço.A rainha respondeu-lhe “são rosas, senhor”. “Rosas em janeiro?”. E quando ela abriu o regaço,estavam lá rosas brancas o que muito espantou o rei, e claro, toda a gente que presenciou omilagre.

António Mota, A Terra do Anjo Azul, Ambar

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VOCABULÁRIOquarta classe: corresponde aoquarto ano de escolaridade

borrões: manchas de tinta

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Ficha de avaliação 2

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1. Dona Sara prepara os seus alunos para o exame da quarta classe.1.1. Indica por que razão “andava com os nervos à flor da pele”.

1.2. Transcreve do texto uma frase que ilustre as recomendações da professora relativamente:

– à caligrafia:

– à redação:

– à pontuação das frases:

2. Enumera os elementos de que era composto o desenho realizado no exame.

3. Relê o terceiro e o quarto parágrafos do texto.3.1. Quais eram, afinal, os “ferozes inimigos” que os alunos enfrentavam no exame?

3.2. O que teriam eles de imaginar?

4. Atenta nesta frase: “E a dona Sara dizia que não queria ficar mal, ai de nós se lhe beliscás-semos o brio.” (ll. 22–23)

4.1. O que pretendia a professora que os alunos fizessem para ela não ficar mal vista na Vila ondeiam realizar o exame?

4.2. Dá exemplos de outros conhecimentos que eles deveriam ter para que a Dona Sara ficasse sa-tisfeita e para que pudessem passar nos exames.

5. No final do texto, o narrador fala-nos de D. Dinis e de sua mulher, a rainha Santa Isabel.5.1. Que qualidades são apontadas ao rei e à rainha?

5.2. Diz por palavras tuas o milagre que o narrador relata no último parágrafo.

6. Lê o texto que se segue:

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A imprensa foi uma inovação tecnológica de alcance incalculável. Na realidade, imprimir ca-racteres e desenhos por meio de blocos de madeira gravados e cobertos de tinta era uma utilizaçãoantiga, já conhecida na China no século IX. Mas em 1453, Johann Gutenberg concebeu um sistemapara compor os textos a imprimir usando caracteres móveis e não blocos inteiros. Deste modo, acomposição das diferentes páginas era muito mais simples e rápida: já não era preciso gravar umbloco com as palavras da página, mas bastava juntar os caracteres já existentes na ordem certa. Oproblema principal foi fabricar caracteres de zinco, estanho e chumbo com as mesmas alturas eespessuras mas com larguras diferentes. O sistema de Gutenberg foi um golpe de génio, tornadopossível nomeadamente graças aos seus conhecimentos no campo metalúrgico. O êxito da im-pressão com caracteres móveis foi rápido e clamoroso. Apenas 27 anos depois da sua invenção,na Europa havia já 380 tipografias em funcionamento.

Luca Fraioli, História da Tecnologia, O Homem Cria o seu Mundo, Editorial Caminho

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Responde de forma sucinta a estas questões, tendo em conta o conteúdo do texto infor-mativo que acabaste de ler.

a) No século XV, quem descobriu um novo tipo de impressão?

b) Em que consistiu essa inovação?

c) Quais as vantagens deste novo processo de impressão?

d) Qual a principal dificuldade que apresentava?

e) Transcreve a frase que demonstra o êxito que este novo tipo de impressão teve na Europa.

GRUPO II

1. Indica a classe e a subclasse das palavras sublinhadas nas frases que se seguem.

a) Os seus alunos eram uns meninos muito inteligentes.

b) Aquela turma não ia dececionar a sua professora.

c) Que frutas compraste no mercado esta manhã?

2. Atenta nestas frases.

a) Traz-me essas duas pastas.

b) Leva esta pasta para a tua secretária.

Em qual das frases a pasta está:

– perto de quem fala?

– junto da pessoa com quem se fala?

3. Atenta nos nomes “perninhas” e “cuidadinho”.

Indica o grau, o género e o número em que se encontram.

4. Escreve estas frases no plural.

a) A professora preparou bem a lição.

b) O aluno atento saberá resolver um problema difícil.

c) Ela ofereceu um anel e um álbum à irmã.

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5. Indica o tempo, a pessoa e o número de cada uma destas formas verbais.

cantáreis:

provávamos:

deveu:

comêramos:

partirão:

GRUPO III

Regulamento do concurso: “A abóbora mais original”

1.

2.

3. Cada concorrente deve trazer consigo uma abóbora de média dimensão para esculpir.

4. Cada concorrente terá também de trazer os utensílios de corte, bem acondicionados, de modoa evitar qualquer acidente. Tais utensílios só poderão ser utilizados nesta atividade.

5. Os alunos concorrentes devem respeitar: 5.1.5.2. 5.3.

6. Haverá um júri, constituído por três elementos.

7. Cada concorrente deverá identificar a sua abóbora com os seus dados (nome, ano, turma).

8. Na avaliação dos trabalhos, serão tidos em conta os seguintes critérios: a) Respeito pelo tema; b) Originalidade; c) Diversidade de materiais utilizados; d) Integridade do produto final.

9.

10. Qualquer desrespeito pelas regras acima estabelecidas pode acarretar a desclassificação doconcorrente.

11. O júri é soberano nas suas decisões.

http://epadrv.edu.pt (consultado em 14/10/2010) (adaptado)

Redige os artigos que faltam neste regulamento, referindo-te:

– no ponto 1, aos destinatários do concurso; – no ponto 2, à data da sua realização; – no ponto 5, aos critérios a respeitar na apresentação dos trabalhos; – no ponto 9, aos prémios a atribuir.

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