Afeganistão

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O (QUASE) DESCONHECIDO AFEGANISTÃO Situado no coração da Ásia e na “periferia” do Oriente Médio, o Afeganistão tem sido palco de sangrentos conflitos internos que ensejaram a intervenção direta de potências extra regionais, como foram os casos da antiga URSS e, EUA.

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O (QUASE) DESCONHECIDO AFEGANISTÃO

Situado no coração da Ásia e na “periferia” do Oriente Médio, o Afeganistão tem sido palco de sangrentos conflitos internos que ensejaram a intervenção direta de potências extra regionais,

como foram os casos da antiga URSS e, EUA.

Envolvido em muitos conflitos e considerado um dos países mais miseráveis do planeta.

Uma natureza peculiar

Situado no coração da Ásia Central. Mosaico natural e humano, apresenta características de três áreas asiáticas: o Oriente Médio (Irã), subcontinente indiano (Paquistão) e a própria Ásia Central (Turcomenistão, Uzbequistão e o Tadjiquistão). Área total de 650 mil km2 (duas vezes o tamanho do MA). Sem saída para o mar, com relevo muito acidentado (2/3 do país fica acima de 1800m , apenas 10% abaixo de 600m). Maior cordilheira é o Hindu Kush, com altitudes superiores a 7000m.

Uma natureza peculiar

Clima árido e semiárido. Rede hidrográfica bastante expressiva, com regime nival. Principal rio é o Cabul, que é afluente do rio Indo. Todos os outros rios desaguam em mares fechados e lagos.

Radiografia étnica

Devido a sua localização o Afeganistão historicamente se configurou através de uma enorme diversidade étnica. O único traço de unidade se dá pela religião islâmica. Apresenta uma maioria sunita e uma minoria xiita permeadas por várias outras etnias.

1. Pashtuns ou pushtuns: grupo fundador do Afeganistão, no século XVIII. (o Taliban era formado por Pashtuns). São 40% da população e ocupam também o Paquistão, são sunitas. Os Pashtuns querem formar o Pashtunistão.

2. Tadjiques: etnicamente próximos dos persas, ocupa a fronteira com o Tadjiquistão e representa 25% da população. São muçulmanos sunitas (compõem a aliança do norte).

3. Hazarás: descendem dos nômades mongóis. São xiitas e falam língua persa. Perseguidos pelos pashtuns. 20% da população.

Radiografia étnica

O afegão se sente mais pertencente ao seu grupo que propriamente ao país. Esses grupos são liderados por “senhores da guerra” que se digladiam e tornam o país um caos.

4. Turcófonos: reúnem vários grupos étnicos, como turcomenos e quirguizes. Os mais numerosos são os uzbeques, 6% do total. São sunitas.

5. Outros: 10% do total. Dentre os quais animaks, nuristanis e baluques.

1979 até 1989 – Invasão soviética

Durante o período da guerra fria o Afeganistão se torna alvo dos soviéticos. Em dezembro de 1979 simpatizantes da URSS iniciam um golpe de Estado. A URSS envia tropas. Inicia-se uma resistência muito forte dos guerrilheiros islâmicos (mujahedin) que eram treinados e financiados por organizações pan-islâmicas e o serviço secreto norte-americano, a CIA. Nesse contexto o conflito ganha ares de guerra santa, Jihad.

Afeganistão: o Vietnã do exército vermelho

1979 até 1989 – Invasão soviética

A presença no Afeganistão, com o tempo, se tornou uma enorme dor de cabeça para os soviéticos. Estes empregaram muitos recursos e tiveram poucos avanços contra a guerrilha mujahedin. Depois de dez anos Moscou abandona do front, em 1989.

O conflito cresce com a entrada de muçulmanos de vários cantos do mundo atuando contra o comunismo.

Retirada soviética do território afegão.

1979 até 1989 – Invasão soviética

Balanço da ocupação: • 13 mil soldados soviéticos mortos; • 1 milhão de soviéticos, na maioria civis, mortos; • 5 milhões de refugiados, a maioria no Irã e Paquistão;

1992 até 2001 – A guerra fratricida

O país se dividiu em zonas. Cada uma sob influencia de um grupo etnicamente homogêneo e com uma liderança militar. O islamismo, agora, era fonte de fragmentação entre os afegãos. As duas principais facções em luta, Hezb-e-Islami (pashtun) e Jamiat-e-Islami (tadjique) tentaram um governo de coalizão, sem sucesso.

Bastante enfraquecido com a perda do apoio soviético, o governo comunista foi finalmente deposto em 1992. Mas a queda do regime não trouxe paz. Livres do inimigo comum, os grupos guerrilheiros lançaram-se na disputa pelo poder.

Hezb-e-Islami

Jamiat-e-Islami

A era Taliban

Os talibans, ou “estudantes de religião”, preencheram suas fileiras a partir de escolas corânicas estabelecidas nos campos de refugiados do Paquistão. O suporte militar do governo paquistanês foi decisivo para o sucesso deste grupo (pacificar o país e disseminar a lei do Corão). Os Talibans ocuparam o sul do Afeganistão em questão de meses e submeteram à sua autoridade um bom número de comandantes locais. Após a conquista de Cabul, em setembro de 1996, passaram a governar de fato o Afeganistão. As facções étnicas foram expulsas para o norte do país e acabaram formando uma frente única, a Aliança do Norte. Em agosto de 1998 o Taliban tomou o quartel-general da Aliança do Norte, a cidade de Mazar-e-Sharif.

O aparecimento de uma nova força político-militar, o Taliban, alterou, a partir de 1994, os rumos da guerra civil.

O que o Taliban proibia? Ouvir música e dançar

Fotografar, ver televisão, cinema ou vídeo

Brincar com bonecas ou bichos de pelúcia e soltar pipas

Raspar a barba

Tomar bebidas alcóolicas

Expor qualquer parte do corpo feminino

Que as mulheres trabalhassem e saíssem de casa desacompanhadas

Radicalização religiosa e narcotráfico

No início de 2001, o governo destruiu duas gigantescas imagens de buda, patrimônio da humanidade, chamando muita atenção.

A medida que ganhava poder, o Taliban ampliava também o radicalismo do regime, empenhado em transformar o país numa teocracia islâmica “pura”

The Buddhas of Bamiyan were 6th century monumental statues of standing buddhas carved into the side of a cliff in the Bamyan valley in central Afghanistan and part of the UNESCO World Heritage family. The Buddhas of Bamiyan were dynamited and destroyed in March 2001 by Islamic hardliners. Fonte: http://www.chakranews.com/picture-of-the-week-ancient-buddha-statues-in-afghanistan/1718

Radicalização religiosa e narcotráfico Ao mesmo tempo, o Taliban rendeu-se ao lucro fácil do narcotráfico. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional das Drogas (Pnucid), o Afeganistão tornou-se o maior produtor mundial de ópio em meados dos anos 1990.

Do isolamento externo a alvo da Guerra ao terror

O regime Taliban nem chegou a ter o reconhecimento da ONU e já se tornou alvo de cerco internacional devido a ter abrigado o saudita OSAMA BIN LADEN.

Do isolamento externo a alvo da Guerra ao terror

Bin Laden chamou a atenção internacional ao ser acusado de estar por trás de atentados a embaixadas norte-americanas na África, no início de 1998, e patrocinar uma rede mundial de terrorismo antiocidental, a partir de bases no Afeganistão.

Em represália aos ataques que sofreu, o EUA lançaram mísseis contra o Afeganistão, em meados de 1998. No ano seguinte, a ONU impôs sansões limitadas ao Afeganistão para pressionar a extradição de Bin Laden a um tribunal internacional, o que o Taliban se negava a fazer.

Com os atentados de 11 de setembro de 2001 os EUA e o UK começam os bombardeios ao Afeganistão. O Paquistão, até então aliado dos Talibans, muda de lado em troca de ajuda econômica.

Os ataques arrasam o território Taliban e fortalecem a Aliança do Norte. A fuga do Mulá Omar sela o fim da era Taliban. Surge Hamid Karzai, líder Pashtun moderado como chefe de Estado.

Hamid Karzai Mulá Omar

Ayman al-Zawahiri

Presidente

Líder dos Talibans

Sucessor do Mulá Omar

Do isolamento externo a alvo da Guerra ao terror

Apesar da troca de governo, a ofensiva dos EUA teve êxito apenas parcial. Bin Laden e o Mulá Omar foram capturados, entretanto o Afeganistão está muito longe de ser considerado pacífico e democrático. Os Talibans se fortaleceram com o apoio do Paquistão.

Apesar de não ter riquezas naturais o Afeganistão pode se transformar em importante rota de dutos para o escoamento de hidrocarbonetos provenientes do Mar Cáspio. Para isso é necessário evoluir e se pacificar.