Afonso Celso Junior: um jovem republicano conservador · cabem apenas algumas linhas que acentuam...

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Intellèctus Ano XVI, n. 2, 2017 ISSN: 1676-7640 Afonso Celso Junior: um jovem republicano conservador Afonso Celso Junior: A young conservative republican Alexandra do Nascimento Aguiar Doutora em História Professora da Secretaria Estadual de Educação [email protected] Resumo: Afonso Celso de Assis Figueiredo Junior foi um político em ascensão no final do Segundo Reinado e reconhecido como intelectual na Primeira República. Foi militante no movimento republicano e, mesmo eleito deputado pelo Partido Liberal, permaneceu apologista da República durante a Monarquia. Através de sua trajetória de militante republicano eleito para deputado imperial, o presente artigo tem como proposta analisar a concepção de República defendida pelo jovem Afonso Celso Junior em seu discurso de estreia como parlamentar. Este ocorreu na primeira Câmara dos Deputados eleita por voto direto no Brasil, resultado da Lei Saraiva (1881), cenário de expectativas de renovação política e que não se concretizaram. Palavras-chave: Afonso Celso Junior, República, Lei Saraiva. Abstract: Afonso Celso de Assis Figueiredo Junior was a rising politician at the end of the Second Reign and recognized as an intellectual in the First Republic. He was a militant in the republican movement and, even elected deputy for the Liberal Party, remained apologist of the Republic during the Monarchy. Through his trajectory of Republican militant to the imperial deputy, the present article has like proposal to analyze the conception of Republic defended by the young Afonso Celso Junior in his speech of debut like parliamentarian. This occurred in the first Chamber of Deputies elected by direct vote in Brazil, a result of the Saraiva Law (1881), a scenario of expectations of political renewal that did not materialize. Key-word: Afonso Celso Junior, Republic, Saraiva Law.

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Intellèctus Ano XVI, n. 2, 2017 ISSN: 1676-7640

Afonso Celso Junior: um jovem republicano conservador

Afonso Celso Junior: A young conservative republican

Alexandra do Nascimento Aguiar

Doutora em História

Professora da Secretaria Estadual de Educação

[email protected]

Resumo: Afonso Celso de Assis Figueiredo

Junior foi um político em ascensão no final do

Segundo Reinado e reconhecido como

intelectual na Primeira República. Foi militante

no movimento republicano e, mesmo eleito

deputado pelo Partido Liberal, permaneceu

apologista da República durante a Monarquia.

Através de sua trajetória de militante

republicano eleito para deputado imperial, o

presente artigo tem como proposta analisar a

concepção de República defendida pelo jovem

Afonso Celso Junior em seu discurso de estreia

como parlamentar. Este ocorreu na primeira

Câmara dos Deputados eleita por voto direto

no Brasil, resultado da Lei Saraiva (1881),

cenário de expectativas de renovação política e

que não se concretizaram.

Palavras-chave: Afonso Celso Junior,

República, Lei Saraiva.

Abstract: Afonso Celso de Assis Figueiredo

Junior was a rising politician at the end of the

Second Reign and recognized as an intellectual

in the First Republic. He was a militant in the

republican movement and, even elected deputy

for the Liberal Party, remained apologist of the

Republic during the Monarchy. Through his

trajectory of Republican militant to the

imperial deputy, the present article has like

proposal to analyze the conception of Republic

defended by the young Afonso Celso Junior in

his speech of debut like parliamentarian. This

occurred in the first Chamber of Deputies

elected by direct vote in Brazil, a result of the

Saraiva Law (1881), a scenario of expectations

of political renewal that did not materialize.

Key-word: Afonso Celso Junior, Republic,

Saraiva Law.

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Apresentação

O conto Teoria do Medalhão1, de Machado de Assis, narra o diálogo entre pai e

filho na noite em que o último alcança a maioridade. O pai oferece ensinamentos sobre a

vida ao filho para que este se torne alguém proeminente, um medalhão. Ele o orienta a se

conduzir de acordo com a boa sociedade2 (MATTOS, 1986: 117), não se descuidar das

aparências e nunca levantar questões incômodas nas rodas sociais. Na narrativa, o velho

ensina ao novo a ser velho, sua vivência é transmitida ao jovem através das experiências,

recurso literário que remete ao Príncipe, de Maquiavel, segundo a análise de Bosi sobre

o mesmo conto (BOSI, 2007: 75-125). Entre os conselhos paternos do personagem,

inclui-se a política, não associar ideologia à identidade partidária, “pode-se pertencer a

qualquer partido, liberal ou conservador, republicano ou ultramontano, com a cláusula

única de não ligar nenhuma ideia especial a esses vocábulos”, pois os partidos apenas

funcionariam como senhas para o ingresso na carreira política.

Como toda a obra machadiana permite olhares diversos sobre a sociedade

oitocentista, no presente artigo, o conto nos serve de reflexão sobre a iniciação na política

pelo intelectual Afonso Celso de Assis Figueiredo Junior ou Conde de Afonso Celso

(1860-1938). Apenas coincidência ou não, Teoria do Medalhão foi publicado no período

de término da apuração das eleições de 1881, fruto da Lei Saraiva que introduziu a eleição

direta no Brasil. A reforma, que se propôs inovadora, elegeu os nomes experientes no

jogo político, os “medalhões” que daria a cor conservadora à primeira Câmara eleita por

voto direto, e cenário do deputado estreante Afonso Celso Junior, republicano eleito pelo

Partido Liberal.

A biografia de Afonso Celso de Assis Figueiredo Jr. já é bastante conhecida,

cabem apenas algumas linhas que acentuam sua trajetória como herdeiro político do pai

Afonso Celso de Assis Figueiredo (Visconde de Ouro Preto), condição para sua eleição e

que o próprio ressaltou em suas memórias:

Assacam-me assiduamente a pecha de ter sido eleito sem elementos próprios,

graças apenas ao prestígio de meu pai. [...] O único protetor e chefe que tive

na carreira política e quem me abriu portas dessa carreira foi o visconde de

1 O conto foi publicado no jornal Gazeta de Notícias, 18 de dezembro de 1881, p. 1. 2 Adoto como definição para a boa sociedade o grupo social constituído por brancos, livres e proprietários

identificados à aristocracia e ao “mundo do governo”.

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Ouro Preto. As recomendações de que proveio o meu ingresso no parlamento

devo-as a ele exclusivamente (AFONSO CELSO, 1998: 19).

O Visconde de Ouro Preto foi político relevante no Império, ocupou os cargos de

deputado, senador, ministro e, por fim, foi presidente do Conselho no último Gabinete da

monarquia (Jul.-Nov./1889), com o golpe militar que implantou a República, foi preso e

seguiu para o exílio.

Afonso Celso Jr. também contava, ao seu lado, com o tio Carlos Afonso de Assis

Figueiredo, também eleito deputado em 1881, e reeleito outras vezes e depois ministro, a

exemplo do irmão mais velho.

Afonso Celso Jr. começou se destacar como promessa intelectual ainda estudante

na Faculdade de Direito em São Paulo, onde também integrou o movimento republicano.

Suas primeiras produções datam de 1876, os livros de poesias Devaneios e Prelúdios,

além de breve incursão pelo teatro3 (1879) e a publicação de um tributo ao tricentenário

da morte de Luís de Camões, em 1880. Esta última recebeu maior atenção na imprensa

paulistana, em parte pela notoriedade do jovem estudante, poeta e militante republicano,

e também pela acusação de plágio contra ele. A primeira carta a expor a dúvida sobre a

integralidade da autoria do livro Camões por Afonso Celso sugere que a denúncia partiu

de um colega da faculdade, sob o pseudônimo de Reis – o traidor, e oferece também uma

visão sobre a ambiência intelectual compartilhada por Afonso Celso Jr.:

Eu sou daqueles, amigo, que, desde que nos matriculamos em 76, tem levado

a vida bem longe dos burburinhos acadêmicos.

Vejo, do meu retiro, deslizarem os filósofos, os jurisconsultos, os jornalistas

e até os poetas, e os olho com um sorriso de desdém e compaixão. [...]

Foi nessa paz beatifica de uma descrença spleenetica, que me introduziram

nas mãos um “livrinhozinho”, dizendo ser teu.

Uns colegas convidaram-me para tomar chá. Oh! Um chá filado em uma

república val’um poema! E a boa prosa! E tudo!

Mas que engano! Apenas sento-me à mesa, surge um dos republicanos com

quatro livros.

Que horror! Ia ser caceteado, mas... esperei.

3 “?” – Um ponto de interrogação, peça em cartaz no Teatro S. José.

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Eis senão quando dão-me o teu livreco “Camões”... (JORNAL DA TARDE,

21/06/1880).

A partir desse trecho, o autor da carta cita as páginas em que estariam as supostas

cópias e prossegue, em tom irônico, indicando que este não era um caso isolado, pois as

conferências de Afonso Celso Jr. e de seus amigos republicanos também não seriam

autênticas. Seguiram-se outras cartas com o mesmo teor, e uma em defesa, cujo autor se

identificou como Ignácio, criado de Afonso Celso, o que levou à especulação se o próprio

não havia inventado esse personagem. Afonso Celso preferiu não responder às denúncias,

explicando-se no mesmo jornal que não discutiria com “anônimos”4.

O episódio não comprometeria sua atuação como intelectual, cuja produção seria

expressiva na República5, e foi plenamente analisada por Guimarães (GUIMARÃES,

2003) ao trazer o caráter ultramontano das obras de Afonso Celso e as metamorfoses do

político e intelectual. Desde que foi deputado republicano no Partido Liberal, passando à

marginalidade política na República, e reaproximação com os monarquistas e, por fim,

sua renúncia à política, dedicando-se à vida acadêmica e devotando-se ao catolicismo,

através de doações financeiras e articulações para a construção de igrejas na cidade de

Petrópolis6, motivo pelo qual receberia o título de Conde de Afonso Celso, em 1905,

concedido pelo Papa Pio X. Afonso Celso ingressou no Instituto Histórico e Geográfico

Brasileiro em 1892, na qual foi presidente perpétuo entre 1912 e 1938, ano em que

faleceu. Também foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, além

de professor na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, depois reitor

da Universidade. Escreveu artigos para diversos periódicos, como o Jornal do Brasil, a

Gazeta da Tarde, a Gazeta de Petrópolis, entre outros (FRÓES, 1960: 269-281).

Através do discurso de Afonso Celso Jr. em sua primeira apresentação pública no

plenário, pretendo analisar o modelo de República almejado pelo jovem deputado, pois,

como foi lembrado por Guimarães, sobre ele era dito “republicano no Império,

monarquista na República”. O Afonso Celso Jr. que ingressou como deputado no

Parlamento, em 1881, defendia uma República que privilegiaria as camadas médias e

4 As cartas foram publicadas no Jornal da Tarde, 21, 22 e 23 de junho de 1880. 5 Vultos e fatos (1892); O Imperador no exílio (1893); Lupe (1894); Guerrilhas (1895); Um invejado (1895);

Giovannina (1896); Contraditas monárquicas (1896); O Assassinato do Coronel Gentil José de Castro:

(subsídios para a história do regimento republicano no Brasil) (1897); Porque me ufano do meu país (1901),

Oito anos de parlamento (1901). 6 Cidade do estado do Rio de Janeiro, onde Afonso Celso residiu e foi figura eminente na sociedade

petropolitana.

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estava acima das questões sociais, e ainda não poderia ser classificado como abolicionista,

o que só aconteceria a partir de 1884.

A militância de Afonso Celso Jr. no movimento republicano se mostrou veemente

como estudante de Direito na capital paulista, tornou-se membro do Clube Republicano

Acadêmico, “redator em chefe” do jornal acadêmico A República, e foi eleito presidente

da agremiação em 18807. Em um protesto de estudantes na Faculdade de Direito, em

abril de 1879, a fala desafiadora de Afonso Celso Jr. contra uma autoridade do governo

Liberal foi exaltada por outro deputado do Partido Conservador, “devo lembrar o dito de

um distinto moço, que constitui uma das glórias da atual geração acadêmica, o Sr. Afonso

Celso Junior que, interpelando energicamente o trêmulo presidente, disse-lhe: ‘a polícia

de V. Excia acreditava que a academia de S. Paulo era uma matriz em dia de eleições!’”

(CORREIO PAULISTANO, 20/04/1879). Possivelmente por esse episódio, em novembro

do mesmo ano, o Partido Liberal, sob a influência do visconde de Ouro Preto, incluiu

Afonso como candidato a deputado provincial por Minas Gerais. Candidatura que ele

recusou, alegando não ter idade suficiente para concorrer e, principalmente, por sua

fidelidade ao Partido Republicano (GAZETA DE NOTÍCIAS, 05/11/1879)8.

O engajamento de Afonso Celso Jr. no movimento republicano o levou a

apresentar a primeira conferência no Clube Republicano Acadêmico, em que discorreu

sobre “Comunismo, socialismo e niilismo na Europa”. Segundo nota na imprensa, “a

concorrência foi numerosa e o inteligente preletor houve-se na altura de suas forças

intelectuais” (JORNAL DA TARDE, 30/05/1880).

Em 1880, uma mensagem do Clube Republicano Acadêmico em apoio à “posição

enérgica” de José do Patrocínio na imprensa da Corte marcou o início da divergência

entre Afonso Celso Jr. e a agremiação. Dois dias depois, o Jornal da Tarde publicaria

uma nota esclarecendo que Afonso Celso foi contrário ao clube enaltecer Patrocínio, e

que apenas permitiu que a votação sobre esse tema transcorresse porque ele, como

presidente da agremiação, não pôde interferir. Como a aprovação sobre a menção à

7 O crescimento de Afonso Celso Jr. no Club Republicano Acadêmico em notas nos periódicos Correio

Paulistano, 21 de março de 1879 e Jornal da tarde, 04 de julho de 1880. 8 O Partido Republicano surgiu como dissidência radical do Partido Liberal de 1869. Desde o Manifesto

Republicano de 1870 até a primeira metade dos anos 1880, a candidatura de republicanos pelos partidos

imperiais, em especial pelo Partido Liberal, era estratégia conhecida e frequente para conseguirem ingressar

na Assembleia Geral.

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Patrocínio foi unânime, Afonso Celso Jr. renunciou ao cargo, justificando sua atitude por

motivos “particulares”9.

Os motivos pessoais estavam ligados ao seu pai, Visconde de Ouro Preto, que

havia sido ministro da fazenda no Gabinete de Sinimbu e autor do imposto sobre a tarifa

dos bondes que motivou a Revolta do Vintém, e por isso se tornou alvo de críticas da

Gazeta da Tarde10, comprado por Patrocínio. Jornal que se tornou um dos principais

veículos de propaganda abolicionista, contava com redatores republicanos, como o

próprio Patrocínio, e que publicavam constantes censuras ao governo (ALONSO, 2013:

118-119). Pairava ainda sobre o governo Liberal, chefiado por Saraiva naquele momento,

certa resistência devido à recusa em debater sobre a reforma do trabalho escravo. E contra

o senador Afonso Celso, além do tributo do vintém já revogado, pesava sua posição

refratária ao abolicionismo. Sob o título de “Máximas escravocratas”, a Gazeta da Tarde

divulgou os nomes e as respectivas falas dos políticos do Partido Liberal e do Partido

Conservador contrárias ao fim imediato da escravidão, e entre elas estava a do senador

Afonso Celso, cuja opinião era de que “os loucos que falam em abolição querem

desacreditar o Partido Liberal” (GAZETA DA TARDE, 25/09/1880). A partir desse quadro

a relação entre Afonso Celso Jr. e Patrocínio foi inamistosa, chegando à luta corporal de

fato11.

O ano 1880 também seria o último de Afonso Celso Jr. como estudante, com a

defesa da tese “Direito da Revolução” ele se bacharelou como advogado e, finalmente,

cedeu ao ingresso na política via Partido Liberal. Acompanhado de um amigo da família

e sob o prestígio do pai, Afonso Celso visitou distritos em Minas Gerais e outras

províncias, até que se viu deputado geral: “Que intensa emoção — misto de

contentamento, receio, ambição de glória, desejo de trabalhar, esperança, desencanto —

na hora em que me vi proclamado um dos legisladores do meu país!” (AFONSO CELSO,

1998: 22).

9 A nota sobre o apoio do Club Republicano Acadêmico à Patrocínio e a reação de Afonso Celso Jr. à

publicação aparecem no Jornal da Tarde, 25 de julho e 27 de julho de 1880. 10 Gazeta da Tarde, 23 de julho de 1880 e 09 de setembro de 1880. 11 Em junho de 1883, José do Patrocínio denunciou em seu jornal a agressão de Afonso Celso Jr. contra ele,

ocorrida no Teatro Pedro II. Segundo Patrocínio, Afonso Celso Jr. o teria atingido com uma bengala com

o objetivo de derrubá-lo da escada. Os dois iniciaram uma luta corporal, impedida por amigos do

abolicionista e por policiais que contiveram o deputado. O episódio foi comentado e criticado em vários

jornais da época: Gazeta da Tarde, 04 de junho de 1883.

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O jovem deputado Afonso Celso Junior

Quando iniciou na deputação em 1882, o panorama político ainda era de euforia

com os resultados da eleição direta. O Partido Liberal fora vitorioso na realização da

reforma eleitoral e nas urnas, compunha a maioria da representação na Câmara dos

Deputados e dividia o plenário com o Partido Conservador em número expressivo. Criar

espaço para a oposição no Parlamento era um dos objetivos da reforma, que elegeu 75

liberais contra 47 conservadores. Para a presidência do Conselho fora convidado

Martinho Álvares da Silva Campos, “escravocrata da gema” manifesto12, e de quem

Afonso Celso Jr. guardou as primeiras impressões e teria as primeiras lições no

Parlamento.

Martinho Campos, eleito deputado também pela província mineira, era

personalidade controversa no Partido Liberal, sendo visto como conservador dentro de

seu próprio partido, pois suas ideias encontravam apoio no Partido Conservador, entre

elas a resistência em avançar com a emancipação. Pedro II convidou Martinho Campos

para a Presidência do Conselho no momento em que a escravidão voltava ao debate, para

tranquilizar os ânimos dos dois lados, pois Campos era “aceitável para muitos liberais,

por ser um deles, mas inimigo de qualquer alteração no estatuto do trabalhador escravo”

(HOLANDA, 2008: 125-126). Ao assumir a presidência do Conselho, ele se referiu

àquele cenário político de harmonia partidária, pelo menos aparente, criado pela Lei

Saraiva, como “[...] são duas coisas muito parecidas – um liberal e um conservador – e

podia mesmo acrescentar um republicano [...]. Vivemos às mil maravilhas, na mesma

canoa e não temos dificuldades quanto às opiniões” (Anais da Câmara dos Deputados,

24 de janeiro de 1882).

Em suas memórias políticas, registradas em Oito anos no parlamento, Afonso

Celso Jr. destaca os conselhos que recebeu de Martinho Campos para que ele fosse bem

sucedido na vida parlamentar. Palavras de um político sexagenário ao jovem deputado

iniciante de 21 anos: necessário não se desentender com o presidente da Câmara, “pode

ataca-lo, mas com jeito”; não agredir o adversário de forma inconciliável, pois “o mundo

e a política dão imensas voltas”; não se ausentar por muito tempo do plenário nem

conversar demais pelos corredores, “evitam-se intrigas”; atentar ao que você disser em

12 A declaração de Martinho Campos encontra-se nos Anais da Câmara dos Deputados, sessão de 28 de

fevereiro de 1882 e também foi citada por Afonso Celso Jr. em Oito anos no Parlamento.

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público porque “tudo quanto se fala repercute”, e marcar presença em suas falas

mostrando que “não engole desaforos” (AFONSO CELSO, 1998: 34).

Em sua primeira apresentação pública como parlamentar, o jovem demonstrou

independência em relação à orientação política de seu pai, assumiu-se republicano.

Assinando na fileira de oposição ao programa de governo do seu próprio partido, o

deputado marcava posição como representante da nova geração de políticos que não se

reconhecia nos partidos imperiais. A situação não era inusitada, pois republicanos

confessos ingressavam nos partidos imperiais como estratégia, candidatando-se de acordo

com a filiação partidária da família ou dos padrinhos políticos.

Inicialmente, o republicanismo atraiu estudantes sem expectativa de inserção no

Estado, jovens herdeiros que associavam o regime ao progresso e profissionais liberais

sem perspectivas na monarquia. Posteriormente, os fazendeiros se aproximaram das

ideias republicanas, especialmente pela defesa do federalismo, alcançando adesão

significativa em São Paulo, onde foi fundado o primeiro Partido Republicano (Convenção

de Itu de 1873). O republicanismo conquistou espaço nas províncias de predomínio do

Partido Liberal ou naquelas que haviam se inclinado ao republicanismo dos liberais

exaltados no passado (LEMOS, 2009: 414). Ao longo dos anos 1880, o Partido

Republicano foi organizado em outras províncias, porém sem representação política

significativa no Parlamento.

Sem poder contar com um partido consolidado em todas as províncias, os

republicanos atuavam nos clubes e jornais, divulgando as ideias contidas no Manifesto

Republicano de 1870, dividindo-se entre a “revolução” de Silva Jardim e a “evolução” de

Quintino Bocaiuva, dois expoentes do movimento. A corrente revolucionária de Silva

Jardim seguia o republicanismo francês e abarcava a participação popular, não

descartando derrubar a monarquia com armas. Enquanto a evolucionista, por Quintino

Bocaiuva, doutrinava sobre a república como modelo ideal de governo. Por esta corrente,

a república substituiria a monarquia sem insurreições e o país seria reorganizado de

acordo com o republicanismo norte-americano, visando prioritariamente atender as

questões de Estado (LEMOS, 2009: 417-418). O republicanismo evolucionista foi a via

escolhida por Afonso Celso Jr.

As propostas no Manifesto Republicano de 1870 mostravam-se mais contidas do

que aquelas do Partido Liberal de 1869. As principais ideias do Manifesto Republicano

eram a descentralização político-administrativa e a crítica ao regime monárquico

hereditário como não democrático. No entanto, para os republicanos, a reforma se

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limitava à reorganização política e não mencionava aspectos sociais, entre os quais a

abolição do trabalho escravo (CARVALHO, 2007).

O discurso de Afonso Celso Jr., analisado neste artigo, ocorreu em 28 de fevereiro

de 1882, como resposta à Fala do Trono13, na abertura das atividades na Assembleia

Geral. Ele começou por distinguir os dois partidos, o Conservador, “da fidelidade rigorosa

à Constituição, da resistência às inovações...”, em contraste ao Liberal, mencionando a

história do partido e suas bandeiras nos anos de 1831, 1862, 1867, 1868 e 1869, quando

se posicionou “reforma e revolução”. Definindo-se na política partidária, Afonso Celso

Jr. provocou os parlamentares que o ouviam: “De que lado assentarei a minha tenda de

campanha? Quais as cores que figuram na flamula das minhas opiniões?... (Pausa.) [...]

Eu sou, tenho sido sempre e me preso de ser republicano”. Sua orientação seria o

Manifesto de 1870, cuja pauta era reformar sem “convulsionar a sociedade”, promovendo

debates doutrinários e sem estimular discórdias, “porém simplesmente a reconstrução

moral”. A República e o federalismo seriam instaurados através de uma constituinte, que

adequaria a sociedade ao governo republicano (ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS,

28/02/1882).

A República idealizada até a primeira metade do século XIX guardava as imagens

das revoluções do último quartel do século XVIII, a Independência das Treze Colônias

inglesas na América e a Revolução Francesa, porém em especial a última, pois remetia à

radicalização e à ruptura política com convulsão social pelo protagonismo do povo. Na

segunda metade, a República seria reapresentada a partir da experiência pós

Independência das Treze Colônias, o modelo republicano inspirado pelos Estados Unidos

da América era de estabilidade e participação política moderada. Os signatários do

Manifesto de 1870 acreditavam em interiorizar o novo regime penetrando nas estruturas

políticas e sociais, em oposição aos primeiros militantes radicais ou românticos que

visavam impor os ideais republicanos pela derrubada de governos e mobilização popular,

segundo sua opinião:

[...] outros quiseram daí explorar as paixões da turba, tornando-se seus

cortesãos, esquecidos de que esse mister é mais triste do que o dos aduladores

dos reis (apoiados gerais); porque estes já quase nada podem dar, ao passo que

aquela concede as vanglórias do amor próprio e as satisfações da vaidade, não

compreendendo que querem tirar a soberania absoluta dos monarcas para a

13 Anais da Câmara dos Deputados, Fala do Trono, 17 de janeiro de 1882.

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darem ao poviléu; outros, finalmente, imbuídos da leitura das velhas

revoluções, entusiastas românticos, inofensivos e bons, transportam para o

terreno público os tipos dos romances, e, vendo por toda a parte tiranos e

guilhotinas, verdadeiros histéricos políticos, superficiais e gritadores, só

pretendem destruir, sem cuidar da reedificação (ANAIS DA CÂMARA DOS

DEPUTADOS, 28/02/1882).

A proposta era doutrinar a partir das camadas médias para evitar a radicalização,

uma das razões pela qual Afonso Celso Jr. rejeitava os clubes republicanos, igualmente

criticados por Quintino Bocaiuva, que se assemelhavam às “assembleias tumultuárias,

sem individualização, nem responsabilidade; e aspirando a reformas radicais” (Anais da

Câmara dos Deputados, 28 de fevereiro de 1882). A opinião do deputado sobre como as

transformações deveriam operar na sociedade demonstra uma visão conservadora,

segundo ele, a “república é a mais elevada expressão do progresso na direção dos povos,

mas que esse progresso só se realiza gradativamente, pois a ordem natural é caminhar e

não saltar”. A República no Brasil seria realizada dentro da legalidade:

Na América, as repúblicas espanholas que substituíram, de repente, a forma

colonial pelo regime republicano, à exceção do Chile que passa pela última

prova e da República Argentina que ultimamente tem gozado de alguns anos

de paz, vemo-las todas a se estorcerem na anarquia, pervertendo os costumes

políticos, imolando as piras das discórdias a liberdade de que se dizem filhas

(Apoiados gerais). Na Europa, a França, onde ao poder absoluto sucedeu

inopinadamente a República [...]. Ainda lá, ao simulacro do governo

constitucional de Luiz Felipe seguiu-se a república de 1848, que logo

desapareceu ante um despotismo pior do que o do 1º imperador [...] (ANAIS

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, 28/02/1882).

Afonso Celso incluiu a República francesa entre os modelos negativos do regime

porque proveniente de uma revolução se tornaria um governo instável e terreno fértil para

golpes e autoritarismos. Governos arbitrários exemplificados através de Bonaparte e de

Luís Felipe, a queda deste último levaria à Segunda República e a ascensão de Luís

Bonaparte através das urnas. A censura de Afonso Celso era dirigida contra os governos

estabelecidos sobre a manipulação das massas e originários das multidões.

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A figura de Luís Bonaparte estava associada ao sufrágio universal na França no

contexto das revoluções de 1848, protagonizadas por socialistas, republicanos e pelos

trabalhadores em reação ao recrudescimento da crise econômica e da miséria. A série de

levantes violentos nas ruas de Paris intimidou a burguesia e provocou a renúncia do rei

Luís Filipe, encerrando a Monarquia de Julho e iniciando a Segunda República e a

conquista do voto universal masculino.

Nesse cenário Luís Bonaparte emergiu sobre a memória do “suposto” tio,

Napoleão Bonaparte, e conseguiu apoio popular se apropriando do discurso dos

movimentos revolucionários e de trabalhadores. Recebeu atenção dos operários e dos

camponeses com o panfleto A Extinção do Pauperismo (1844), através do qual pregava a

defesa dos mais pobres contra a exploração. Após uma temporada de autoexílio na

Inglaterra, Bonaparte retornou à França, em 1848, e, aproveitando-se do quadro político,

concorreu à presidência da República pelo Partido da Ordem. Sua vitória foi

impulsionada pelo receio dos camponeses, dos monarquistas, da burguesia e dos católicos

às ideias socialistas disseminadas entre os trabalhadores urbanos. Eleito com 70% dos

votos, predominantemente pelo campesinato, e com a popularidade em alta, Luís

Bonaparte não aceitou deixar o poder no fim do mandato. Como a Constituição não

permitia reeleição, ele estendeu sua permanência na presidência através de um golpe e

pôs fim ao governo republicano, através de plebiscito instituiu o Segundo Império e

coroou-se Imperador Napoleão III (DEBON, 2015: 332-355).

Afonso Celso Jr. considerava o sufrágio universal e a eleição de Luís Bonaparte

como desventura política que reafirmava seus temores sobre a demagogia e sobre a

democracia. Os homens comuns votavam orientados pelas emoções e eram manipulados

pelos demagogos que se promoviam nos períodos de instabilidade generalizada, em

especial nas crises econômicas que atingiam de forma mais intensa as camadas mais

pobres. Tal percepção sobre o despreparo da população para a participação política é

evidente quando ele distingue entre os comportamentos da “massa” e da minoria instruída

sobre o republicanismo. Os primeiros, frequentadores de clubes, não compreendiam o

impacto de uma revolução sobre o destino do país. Os segundos almejavam convencer

através da propaganda, pela conscientização sobre o novo regime:

Meu partido ainda não se acha, infelizmente, organizado, qual o exige o

manifesto de 1870, pois só um ou outro correligionário convencido patrocina

com coragem e talento a causa comum, enquanto a massa, a generalidade dos

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que dizem-se republicanos hostiliza-a e pensa poder edificar sobre as ruinas

dos homens e das coisas, quando só do país podem vir os materiais, e estes

não se encontram onde há apenas destroços – sem bússola, sem rumo certo,

enoveladas nas mil dobras de uma anarquia fatal (ANAIS DA CÂMARA DOS

DEPUTADOS, 28/02/1882).

Ele acreditava que o Partido Republicano se fortaleceria no Brasil como

transformação “evolucionista” dentro da monarquia e não como ruptura, “o Partido

Republicano não será um membro dissidente da família brasileira”. A República

aconteceria “como fiel expressão da vontade nacional sem as oscilações das surpresas ou

os funestos arrastamentos das paixões” (ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, 28/02/

1882).

O deputado Francisco Inácio Carvalho de Rezende, do Partido Conservador de

Minas Gerais, provocou o jovem lhe perguntando se havia informado aos eleitores

durante a campanha sobre suas ideias republicanas, considerando que o distrito por onde

se elegeu era Liberal. Afonso Celso Jr. justificou sua adesão ao Partido Liberal devido ao

Partido Republicano ainda não estar organizado em sua província, e por ver os liberais

como “aliados naturais” pela semelhança nos propósitos reformistas. Porém, seus

argumentos se mostravam contraditórios sobre a associação dos republicanos aos partidos

imperiais:

A qual deles poderei auxiliar? Ao conservador, como alguns dos meus

correligionários de S. Paulo? Nunca, porque seria concorrer para o triunfo da

ideia diametralmente oposta a minhas crenças, e, se isto não é trai-las, é, pelo

menos, demorar a sua vitória. Seria uma aliança hibrida só própria para gerar

monstruosidades, pois o que é senão uma monstruosidade na ordem moral um

republicano escravista? [...] (ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS,

28/02/1882).

Durante a década em que o Partido Liberal esteve afastado dos governos (1868-

1878), os republicanos mantiveram relação, qualificada por Holanda, de “promiscuidade”

com os liberais, unindo-se a eles apenas por interesses eleitorais. A partir de 1878, quando

os liberais voltaram a governar e muitos republicanos se elegeram com eles,

destacadamente os paulistas passaram a se expor como republicanos e a apoiar o Partido

Conservador (HOLANDA, 2008: 308). Essa inclinação dos republicanos de São Paulo

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ao Partido Conservador foi observada por Afonso Celso Jr., que admitiu ele mesmo ter

afinidade com os conservadores, “confesso que apesar de republicano tenho tendências

conservadoras em algumas ideias, mas não me ligo ao Partido Conservador. [...] Sou

republicano conservador, é verdade; estabelecida a república hei de seguir Gambetta e

não Luiza Michel [Louise Michel]” (ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS,

28/02/1882).

Ele se referia à III República implantada na França e que teve Leon Gambetta

como um dos expoentes do governo que derrubou o Segundo Império de Napoleão III e,

posteriormente, como defensor de uma vertente republicana conservadora e progressista

moderada. Esta era conservadora porque visava a “manutenção da estabilidade e da

integridade do tecido social e para eliminar a solução violenta dos conflitos”.

Compreendia reformas progressistas moderadas, respeitando o tempo necessário para

seus resultados e não através de revolução. A República almejada por Gambetta era

mesocrática, apoiava-se nas classes médias rurais e urbanas, rejeitava o socialismo e era

anticlerical, sustentava a separação entre Igreja e Estado e a necessidade da educação

laica como instrumento contra as “superstições” e para fortalecer a pátria. Louise Michel

emergiria no mesmo contexto, porém em posição oposta, como uma das lideranças na

Comuna de Paris, (março-maio/1871), movimento que abarcou socialistas, anarquistas,

republicanos e antigos jacobinos, e cujo estopim foi a paz assinada pelo governo de

Thiers, e que derrubou o Segundo Império. A insurreição trazia reivindicações

econômicas e sociais, por educação laica e gratuita, por igualdade para as mulheres e por

direitos para a classe trabalhadora. O movimento foi esmagado pelo Estado através de

fuzilamentos, prisões e exílios, reforçando a “imagem da Terceira República como

‘República da ordem’” (ALCAÑIZ, 2005).

A opção de Afonso Celso Jr. era pela República em que a organização do Estado

se sobrepunha às questões sociais, estas tratadas pelo alto e sem o protagonismo das ruas.

Deputados do Partido Conservador ironizaram sua declaração sobre seu republicanismo

conservador, relembrando a comparação feita pelo presidente do Conselho, Martinho

Campos, sobre seu governo como uma canoa que comportava diversidades partidárias14:

O Sr. Lacerda Werneck: – não entre na canoa. (hilaridade)

14 Referindo-se àquela legislatura, Martinho Campos considerava a reforma eleitoral de 1881 um marco na

dinâmica das relações partidárias porque promoveu uma nova conciliação dentro da Câmara. Anais da

Câmara dos Deputados, 24 de janeiro de 1882.

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O Sr. Fernandes de Oliveira: – a canoa não pode com tanta gente.

O Sr. Afonso Celso Jr: – eu explicarei tudo oportunamente, desde que os

nobres deputados me deem licença para continuar. Nas condições expostas os

meus aliados naturais são os liberais...

O Sr. Soares: – são tão monarquistas como os conservadores

O Sr. Afonso Celso Jr: –... mas os liberais de 1831, os liberais da supressão

do conselho de estado, da extinção do poder moderador... (ANAIS DA

CÂMARA DOS DEPUTADOS, 28/02/1882).

Afonso Celso Jr. apontava a semelhança entre os liberais e os republicanos no

projeto de reforma constitucional liberal de 1831, através do qual os moderados se

aproximaram dos exaltados para conter as tensões criadas com a abdicação de Pedro I.

No plano político nacional, o projeto liberal de 1831 estabelecia a monarquia federativa,

o fim do Poder Moderador, Senado eletivo e legislatura de dois anos para a Assembleia

Geral, extinção do Conselho de Estado e responsabilidade dos ministros e dos regentes,

que também assumiriam as funções não extintas do Poder Moderador. Na esfera político-

econômica regional, as províncias gozariam de autonomia através das Assembleias

províncias, cuja administração separaria os respectivos impostos da arrecadação nacional,

entre outras prerrogativas (BRASILIENSE, 1878: 8-10).

Para ele, a instrução pública como item no programa do Partido Liberal

aproximava-o da proposta republicana, que tinha a educação como elemento fundamental

na conscientização sobre a cidadania no novo regime: “se a república é a forma de

governo em que mais direta e eficazmente atua a vontade do cidadão nos negócios

públicos, cumpre, antes de tudo, que essa vontade seja esclarecida, para não desvairar

[...]”. As demais propostas como a autonomia das províncias através do fortalecimento

dos municípios, a reorganização da família pelo aspecto civil (legislação sobre o

nascimento, o casamento e o óbito), a liberdade religiosa e a proteção da indústria

nacional também foram citadas como convergências entre liberais e republicanos (Anais

da Câmara dos Deputados, 28 de fevereiro de 1882).

Contraditoriamente, o discurso de Afonso Celso Jr. sobre a escravidão se

inclinaria para os conservadores. A abolição era uma questão polêmica, que estava nas

ruas e adentrava a Câmara uma década após a Lei do Ventre Livre, provocando a

dissensão interna no Partido Liberal e coalizões com o Partido Conservador quando o

tema era levantado no plenário. O próprio deputado trouxe o assunto e, embora ele

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houvesse criticado a associação entre escravidão e República como exclusiva dos

republicanos paulistas ingressos no Partido Conservador, também seus correligionários

liberais engrossavam a fileira antiabolicionista. As ideias de Afonso Celso Jr. sobre o

problema em nada diferiam dos colegas parlamentares que cobravam a presença do

Estado para conter o avanço do abolicionismo. Contudo, contestavam a ação do Estado

sobre a propriedade escrava como interferência na propriedade privada:

[...] se o movimento emancipador não for dirigido por bom caminho, arrastará

tudo consigo ao desconhecido. A lei de 28 de setembro de 1871 deu-lhe a

solução mais prudente e sensata, mas que os elementos por elas postos em

ação não correspondem ao fim desejado prova-o o fato de haver conseguido

muito mais que eles a iniciativa individual, pois por cada escravo emancipado

pelo Estado a liberalidade particular liberta quatro ou cinco sendo talvez maior

a proporção (apoiados) (ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS,

28/02/1882).

O Partido Republicano paulista não assumiu postura francamente combativa à

escravidão e também não houve consenso entre os republicanos de outras províncias

sobre a questão. A solução para a escravidão não entrava na ordem do movimento

republicano, o engajamento era individual, por militantes abolicionistas republicanos e

monarquistas. Havia mais convergência entre as três correntes políticas, conservadores,

liberais e republicanos, sobre estender a escravidão pelo tempo necessário aos interesses

econômicos ou pelo medo da desordem social, sentimento que também unia as diferenças

republicanas regionais (ALONSO, 2015: 269; LEMOS, 2009: 417). Os republicanos

paulistas dissociaram a escravidão do seu projeto de governo, como Francisco Glicério

bem resumiu, em 1884, “nosso objetivo é fundar a República, fato político, não libertar

os escravos, fato social” (ALONSO, 2015: 269).

A maioria dos deputados eleitos em 1881 não se declarou, abertamente, favorável

à abolição e a adesão de muitos ao abolicionismo estava condicionada à dependência de

apoio político dos padrinhos nos partidos imperiais. Por isso, os parlamentares

simpatizantes do abolicionismo assumiam postura cautelosa, defendendo a emancipação

gradual ou mesmo deixar que a Lei do Ventre Livre desaparecesse com a escravidão em

um futuro distante.

Na opinião de Afonso Celso, a escravidão era um “problema essencialmente

econômico” que não poderia ser resolvido por “meios sentimentais”, deveria ser

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solucionado através da Lei do Ventre Livre. Limitando-se ao aumento dos fundos de

emancipação e ao incentivo às manumissões privadas, que ele julgava mais válidas do

que as praticadas pelo Estado, e sem a imposição de prazos, “medidas indiretas e eficazes

sejam adotadas e no sentido emancipador”. Como a reforma do trabalho escravo havia se

tornado causa pela opinião pública, ele via como necessário agir para tomar o controle

sobre esse movimento:

Cumpre, por outra parte, não deixar sem proteção os brancos, antes garanti-

los em suas pessoas e vidas, e ao mesmo tempo cuidar de tornar os futuros

cidadãos dignos de liberdade, cujo mau uso é tão funesto para tudo e para

todos (apoiados gerais). Alarguemos a Lei de 28 de setembro, promovamos a

abolição por meios sensatos e prudentes, mas não esqueçamos que a libertação

dos escravos, como querem alguns, pode trazer a escravização do país à

bancarrota e à ruína (apoiados; muito bem e apartes) (ANAIS DA CÂMARA

DOS DEPUTADOS, 28/02/1882).

Monarquistas e republicanos concordavam sobre o sentimento de perda de status

de senhores, cuja identificação do grupo como “brancos” traduzia a distância vertical

entre eles, os proprietários, e o resto da população composta de negros e pardos e brancos

pobres, e que seria horizontalizada com fim da escravidão, pois, todos seriam cidadãos.

A advertência de Afonso Celso Jr. sobre a necessidade de precaução para preservar o

universo dos brancos indica a tensão na incorporação de ex-escravos à cidadania, e as

consequências sobre a propriedade como identidade de grupo e modo de vida, indo além

da lavoura no sentido apenas econômico.

Afonso Celso Jr. encerrou sua apresentação reafirmando a República que queria,

e usou como recurso de retórica uma frase de convocação à luta na Revolução Francesa:

A divisa em meu escudo é a mesma que Leon Gambetta adotou há anos em

um banquete de rapazes, e graças à qual de pequeno e obscuro tornou-se em

pouco o guia, o orgulho e a consubstanciação de um grande povo: Laborare.

[...] Trabalhemos, combatamos, empunhemos com vigor as armas modernas

da propaganda da iniciativa, da discussão e do estudo. [...] Às armas, cidadãos!

(ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, 28/02/1882).

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O jovem foi exaltado por colegas e pela plateia, “o orador foi calorosamente

cumprimentado e abraçado por muitos srs. Deputados e pelo povo que enchia o recinto”,

de acordo com as observações do taquígrafo. Após o evento, Martinho Campos pediu a

palavra para agradecer o apoio dos correligionários, em especial ao seu

“comprovinciano”, referindo-se a Afonso Celso Jr.. O político pretendia reduzir a

impressão de ousadia do discurso do deputado iniciante, demonstrando que ser

republicano não trazia novidade, outros o fizeram antes e terminavam por se adequar aos

partidos imperiais e relegar a antiga bandeira,

Esta, porém, é a rota por onde quase todos têm passado. (Riso) É um fato

histórico; assim tem sido sempre [...]; alguns políticos, se não tivessem vinda

da República quando no regresso, aonde teriam chegado? (Riso) Tem sido

uma fortuna, para a causa da liberdade, essas tradições antigas que deixaram

sempre no espírito algum vestígio da sua passagem, e de anos a anos, quando

saem do governo para a oposição, começam a professar as doutrinas e lições

de que eu e outros nos imbuímos (Riso) ((ANAIS DA CÂMARA DOS

DEPUTADOS, 28/02/1882).

O presidente do Conselho justificava as ideias republicanas de Afonso Celso Jr.,

“de uma república evolutiva e platônica”, pela imaturidade da juventude. No entanto, os

dois políticos, o experiente e o calouro, convergiam sobre a aversão à democracia e ao

poder dos presidentes nas recém-criadas repúblicas nas Américas, porque os via como

portadores de autoridade sem limites, maior do que a dos reis de monarquias

consolidadas:

Não a professo [pela república] pelo mesmo amor a liberdade que tem o nobre

deputado. Parece-me que a monarquia mista e representativa me dá mais

garantia de liberdade do que a democracia pura; não amo a democracia pura

pela mesma razão que não amo a monarquia pura; detesto ambas como

instrumentos de despotismo. Nas democracias puras as maiorias têm perfeita

garantia para sua liberdade; mas a sorte das democracias é inteiramente

precária e sujeita aos arrastamentos das paixões populares e às prepotências

das maiorias onipotentes (ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS,

28/02/1882).

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Para ele, as instituições representativas na monarquia preservavam a liberdade

porque atuavam pelas mãos de uma minoria que cuidava de cercear os excessos do

governante e da sociedade. Assim como Afonso Celso Jr., Martinho Campos não

aprovava a ampla participação popular na política, por considerá-la vulnerável aos

discursos passionais que atraiam às multidões e fortaleciam o poder arbitrário.

O republicanismo de Afonso Celso Jr. foi ironizado pela Revista Illustrada, que

ressaltou a incoerência de sua identificação ora aos liberais, ora aos conservadores. O

excesso de prudência em suas ideias ficou evidente na rejeição do deputado em tratar de

questões essenciais, segundo o jornal,

Em tão pouca idade, enfim, jamais se viu tanta moderação. A respeito de todos

os problemas importantes, mesmo o do elemento servil, S. Ex. quer tudo, mas

conforme as chapas do costume, sem a perturbação da ordem, sem etc., etc...

Decididamente é preciso determinar de uma vez, onde acaba a ordem e onde

começa a perturbação da ordem (REVISTA ILLUSTRADA, 1882).

A nota ressaltou a ênfase da palavra “ordem” no discurso do jovem deputado, cujo

sentido era consenso entre os parlamentares nas diferentes cores partidárias. A

preservação da ordem significava manter os mesmos lugares sociais e suas respectivas

distinções sob qualquer forma de governo.

As ideias defendidas por Afonso Celso no Parlamento também desagradaram ao

Club Republicano Acadêmico, que puniu o deputado com a perda do cargo de “presidente

honorário” na agremiação, devido a sua associação ao Partido Liberal e ao governo de

Martinho Campos:

O Sr. Dr. Afonso Celso Junior ligando-se a um dos partidos monárquicos

representados na Assembleia Geral, com quebra manifesta dos princípios

republicanos; dando apoio a um gabinete que não só é naturalmente adverso à

política republicana, como cavilosamente contrário às ideias liberais do seu

próprios, sustentando com seu voto uma situação cujo chefe governamental é

escravocrata declarado. [...] (GAZETA DA TARDE, 19/06/1882).

A Gazeta da Tarde também censurou Afonso Celso Jr. por seu “republicanismo

especial”, que não representava as ideias republicanas, e do qual todos que discordavam

eram “demagogos, Luizas Michel e políticos histéricos”. Segundo o jornal, Afonso Celso

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Jr. representava o “passado”, a “tradição miseranda que faz com que o povo considere o

atual republicanismo um engodo à corrupção” e a sentença pelo Club Republicano o faria

retornar ao campo onde estavam seus eleitores.

Considerações finais

O republicanismo se definia pelas ideias que remetiam à modernidade em fins do

século XIX, democracia elitizada, Estado laico, extinção de privilégios políticos através

da elegibilidade de todos os seus cargos, ciência como fundamentação para reformas

sociais. Ideário contraposto ao regime monárquico, criticado pela hereditariedade e

centralização do poder político, pela associação entre Estado e catolicismo e pela

estagnação econômica causada pelo excesso do Estado Imperial.

Em contraste ao regime monarquista associado à inércia, a República era

difundida como progresso, entretanto, os ideais republicanos expostos por Afonso Celso

Jr. no Parlamento se revestiam de coloração conservadora. As percepções tanto do jovem

deputado como do veterano Martinho Campos se assemelhavam sobre a necessidade do

governo se efetivar pelo alto, através dos grupos que teriam como prerrogativa definir

quem estaria apto a conduzir e a ser conduzido. Afonso Celso Jr. e Martinho Campos

estavam atentos à participação popular como ameaça ao mundo que ambos

representavam, o primeiro sob o discurso republicano e o político experiente sob o

discurso monarquista.

Na concepção conservadora, todo poder é despótico, portanto, o governo popular

também o seria, e esta forma de poder significaria a imposição de sua vontade às “elites

criativas ou a outros grupos menores de seres humanos” (NISBET, 1987: 85-86). As

ideias republicanas defendidas por Afonso Celso Jr. enfatizavam o federalismo e a

elegibilidade do Executivo que estruturavam o Estado republicano, através de reformas

operadas de dentro para fora, ou seja, pelos agentes já estabelecidos no poder. As

mudanças aconteceriam apenas com a substituição da coroa pela posse presidencial, sem

provocar desarranjo nas hierarquias sociais e nem abalo nas bases econômicas. Afonso

Celso Jr. atribuía à República a liberdade que afirmava não existir na Monarquia, no

entanto, não admitia a liberdade fora da ordem imposta pelas elites e igualmente

reconhecida e legitimada pela Monarquia.

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Artigo recebido em 26 de abril de 2017.

Aprovado em 17 de agosto de 2017.

DOI: 10.12957/intellectus.2017.31657