Agamenon

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA LICENCIATURA EM TEATRO AGAMÊNON

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

LICENCIATURA EM TEATRO

AGAMÊNON

Jequié – BA

2014

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ANTÔNIO HAMILTON HALLEY LOPES ALELUIA

CLÁUDIA TEIXEIRA PINTO ARAUJO

DAILTON DOS SANTOS SILVA

HÉLIA SILVA SANTANA

HEMILENA BASTOS DE SANTANA

ITAMAR NERY RUBENS

MARIELLE LELES NEVES

SIMONE RIBEIRO FROES

AGAMÊNON

Atividade apresentada como forma de

avaliação da disciplina História do

Teatro I, do Curso de Licenciatura em

Teatro, da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia, sob a orientação da

professora Alda Fátima de Souza.

Jequié – BA

2014

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APRESENTAÇÃO

É inegável o fascínio que as tragédias gregas despertam no imaginário popular há

centenas de anos, assim sendo, será feito um pequeno esboço da vida e da obra do

tragediógrafo Ésquilo, bem como a importância deste autor para a tragédia, finalizando com

um resumo da sua obra Agamênon.

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VIDA E OBRA DE ÉSQUILO

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IMPORTÂNCIA DE ÉSQUILO PARA A TRAGÉDIA

A história do teatro sempre esteve atrelada aos problemas históricos, políticos e

culturais da civilização e muitos dos fenômenos sociais são traduzidos por vários autores pela

dramaturgia, tornando-se por vezes um documentário de conteúdos importantes para os

registros de acontecimentos históricos, embora marcado por uma linguagem metafórica que

romantizam, satirizam ou caricaturam, mas sempre na fronteira da consciência de uma

realidade processual.

Esquilo, foi considerado o pai da tragédia pelo fato de ter retratado momentos

históricos, por ele também vivenciados, em uma época em que a Grécia vivia períodos

críticos, e todo o comportamento do homem inferia para uma transição política e cultural que

repercutiriam em transformações do mundo ocidental que este autor traduziu em suas peças

teatrais, somando em mais de noventa tragédias, das quais apenas sete chegaram completas

aos dias atuais.

É inegável a contribuição de Ésquilo ao abordar temas sobre-humanos inspirados pela

mitologia, utilizando uma linguagem sonora, recheada por metáforas ousadas, resultou em um

lirismo que desempenhou importante papel na história das tragédias, sendo também

importante destacar o valor das suas produções acerca da antiguidade greco-romana,

enfatizando uma louvável consciência ética.

Aristóteles afirmou que Ésquilo foi o criador da tragédia grega, pois abriu

possibilidades para o dialogo através da ação dramática. Ele explorou seus potenciais

misturando os diálogos, comentários e dramas, trazendo vida aos mitos antigos, deuses e

heróis dos contos épicos.

Ésquilo fez a sua estreia em 490 a.C., aos 35 anos já era herói nacional, reconhecido

pelo teatro de Dioniso e destacado pelos seus empreendimentos heroicos, juntamente com seu

irmão, nas batalhas de Maratona, Artemísia, Salamis e Plataea. Na peça Os Persas,

apresentada em 472 a.C., ele vislumbra o épico e a sátira e desses acontecimentos criou uma

trilogia: Sete Contra Tebas,( 467 a.C) a Oresteia (458 a.C) e Prometeu Acorrentado.

Segundo o autor Gassner:

Em Os Persas o sopro épico de suas peças, seu diálogo exaltado, seus amplos

traços de caracterização e suas situações, que são fixadas no topo de picos de

titânica paixão, pertenciam a uma idade heroica. Sua orquestração dá realce

às trombetas, e seu pensamento - por mais sutil que possa ser - soa com repto

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marcial. Quando postado nas encruzilhadas da ética, tem o porte de um

soldado defendendo sua posição contra uma horda de inimigos, sem pedir

nem conceder quartel (GASSNER, 1974, p. 20).

Além disso, ele levantou questionamentos acerca de casamento, amores, obediências

culminando numa providência de moralidade bastante presente, o que conforme Gassner é

como se Ésquilo “estabelecesse uma fonte de moral entre os homens” (GASSNER, 1974, p.

39).O que dava uma conotação de que a lei de Deus e a lei dos homens deveriam cumprir uma

unidade para a reconciliação, devendo este ser o destino da humanidade, porém em

antagonismo a essa ideia ele encerrava uma peça deixando sempre o indício para outros

conflitos. Gassner explica que:

Há uma objeção valida quanto a encerrar o drama com um novo conflito não

resolvido e uma parte excessiva da ação é relegada à narrativa. Não

obstante, Ésquilo estava galgando novas intensidades em Os Sete Contra

Tebas, ao votar-se para a tragédia humana e individual (GASSNER, 1974, p.

40).

Enfim, a interpretação de Ésquilo foi fundamental para a sanção de uma nova ordem

social que surgia a partir daqueles momentos críticos, a ordem da polis, a cidade-estado grega,

ou melhor, uma cidade com novas expressões culturais, com destinos mais voltados para o

coletivo, mas ao mesmo tempo valorizando o individual.

Ésquilo, além do dramaturgo que foi transpondo todas as barreiras do tempo,

considerado o pai da tragédia, foi um soldado herói e o seu túmulo tornou-se lugar de

peregrinação, sua estátua foi colocada no teatro de Dioniso, em Atenas e em sua tumba está

inscrito o Epitáfio: Aqui jaz Ésquilo, distante de Atenas, Seu lar agora é Gela, de onde brota

o trigo. Sobre a coragem do filho de Euforion na batalha, Muito podem contar os persas, de

longos cabelos, Que fugiram de medo em Maratona (GASSNER, 1974, p. 21).

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AGAMÊNON

A tragédia escrita por Ésquilo, narra o retorno de Agamênon, filho de Atreu e rei de

Argos e Micenas, que após lutar como comandante dos gregos na guerra de Tróia, regressa

para sua casa após dez anos, trazendo consigo Cassandra, profetisa filha de Príamo, rei de

Tróia, como troféu de guerra.

A obra inicia-se no palácio de Argos, onde um Sentinela avista o sinal de que Tróia

fora vencida, este faz o anúncio e logo começa a comemoração. Clitemnestra, a esposa de

Agamênon, (que não o perdoa por ter entregado em sacrifício a sua filha Ifigênia, a deusa

Ártemis, para que esta soprasse bons ventos levando-o a Tróia), se prostra diante do altar em

atitude de prece.

O Corifeu indaga como é possível conhecer as notícias tão rapidamente, Clitemnestra

explica o sistema das fogueiras que seriam acesas para dar tal mensagem e para convencê-lo

da vitória faz ilustrações do infortúnio que deve estar ocorrendo na cidade vencida, ao

contrário do que acontece na festiva Argos, dizendo que os brados dos vitoriosos e os dos

vencidos são de todo inconfundíveis.

Alguns dias depois desembarca um arauto confirmando a boa nova. Clitemnestra

critica os que não acreditaram nela e mente ao arauto dizendo que nunca experimentou o amor

de outro homem, o Corifeu então o alerta, pois as palavras de Clitemnestra não passam de

malvadas falsidades.

Num carro aberto, puxado por soldados, chega Agamênon, sendo seguido pelo carro

que transporta Cassandra. O herói é saudado alegremente e responde agradecendo a sua terra

e aos deuses. Clitemnestra marcha em direção a Agamêmnon, seguida por criadas que

estendem um tapete cor de púrpura desde o carro até os degraus do palácio. Ela fala da

saudade que sentiu, do desespero, e da preocupação em proteger o filho, Orestes, entregando-

o aos cuidados do amigo Estrófio, da Fócia, completando as falsidades com elogios ao

heroico marido.

Agamênon censura o exagero da saudação, pois tantos elogios e honrarias, só aos

deuses devem ser ofertados, não a um simples mortal como ele, e ao aceitar caminhar sobre o

tapete torce para que nenhum deus o veja e destrua sua casa como punição por aquela

insolência. Em seguida aponta para Cassandra e pede que Clitemnestra a trate com

generosidade, já que a bela flor troiana foi um presente que os outros gregos lhe deram.

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Todos se prosternam à passagem do rei, que é acompanhado por Clitemnestra e pelas

criadas. Após a entrada de todos, fecham-se as portas do palácio. Momentos depois

Clitemnestra surge gritando e gesticulando para que Cassandra também entre, porém esta

prossegue imóvel, absorta, no carro em que estava. Finalmente, convencida pelo Corifeu

Cassandra desce, entre lágrimas inicia um lastimoso discurso, que depois se torna vibrante,

como se ela estivesse em transe profundo, invocando Apolo.

Numa visão Cassandra revê o banquete em que Atreu (pai de Agamênon) serviu a

Tiestes (pai de Egisto) seus próprios filhos como alimento, vingando-se do irmão que seduziu

a sua esposa e lhe roubou o carneiro cuja lã era de ouro. Prevê também os crimes e as

maldades que são tramados no palácio e como a ajuda está distante, revela a profecia de

Clitemnestra assassinando o marido e sua própria morte através de uma afiada espada de dois

gumes. Também diz ver as “Fúrias Vingadoras” e outras entidades malignas que cercam o

palácio e promovem os atos horrendos que ali acontecem e diz ao Corifeu que logo ele poderá

confirmar a realização de suas previsões. Ao vislumbrar a sua morte ela indaga se morrerá

apenas porque Agamênon a trouxe como cativa, jogando fora o cetro real que ainda

conservava e o colar de sacerdotisa. Contudo, fala que não há morte sem vingança e a sua e a

de Agamênon serão reparadas por um exilado errante que, certo dia, atenderá ao chamado do

falecido pai e o vingará matando a própria mãe e o seu amante.

Cassandra caminha até o palácio, mas recua assustada com o odor de morte que exala

de lá. Pede ao Coro que testemunhem a morte de uma mulher por outra mulher e o fim de um

marido pela mão da própria esposa e ao sol suplica que dê morte igual a sua aos seus

carrascos e caminha enquanto lamenta o quanto é incerta a felicidade humana.

Por fim, entra no palácio ao encontro do seu destino.

Ouvem-se gritos aterradores, o rei gemendo e clamando. Os anciãos vão até o palácio

e veem os corpos Agamêmnon e de Cassandra, estirados no chão e cobertos com panos. Ao

lado, em pé, encontra-se Clitemnestra, com o rosto e as mãos manchados de sangue, que diz

não se envergonhar das mentiras que dissera, pois eram necessárias para o êxito de seu plano

e descreve como o executou: primeiro, envolveu Agamênon em forte rede, como as usadas

pelos pescadores, para evitar que ele fugisse ou se debatesse em defesa, depois o apunhalou

por duas vezes e quando ele já estava caído, soltando o último suspiro e esse sangue que a

suja, tornou a esfaqueá-lo em honra do grande Zeus. Então exultava de alegria por ver morto

o maldito homem que entornou a taça de desgraças que maculava essa Casa.

O Corifeu, atônito, comenta que está pasmo com a linguagem da rainha, indaga como

pode vangloriar-se por matar o marido. A resposta é dada pela assassina, que diz para não a

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julgarem louca, pois está na posse de todas as suas faculdades mentais, e prossegue afirmando

que a opinião dele e a dos outros em nada lhe importa, interessando-lhe apenas que agora

Agamêmnon está morto. Que a entenda quem for capaz.

O Coro, em tom critico, indaga a Clitemnestra qual chá tomou, se estará dopada ou

qual feitiço a fez ter tamanha ousadia e não temer a revolta do povo que, certamente a

expulsará de Argos, além de ser rejeitada, amaldiçoada, além de outros castigos.

Clitemnestra argumenta dizendo estranhar que agora a condenem, mas que nada

disseram contra quem também deveriam julgar com severidade, pois Agamênon sacrificou a

própria filha apenas para bajular a deusa Ártemis, em troca de ventos favoráveis Esse

infanticídio mereceria a mesma punição ou maior ainda. Ninguém a consolou pela perda da

filha amada, portanto deixassem de hipocrisia. E avisou aos que a ameaçavam que se a Zeus

agradar que ela fosse destituída do trono, humildemente acataria vossos castigos; porém, se o

contrário acontecer, ela os castigaria de tal modo que apesar da avançada idade, os anciãos

aprenderiam a serem prudentes e justos.

Respondeu o Coro que ela estava tão transtornada pela insanidade, que se utilizava das

manchas de sangue no rosto e na túnica como se fossem ornamentos. Exaltados, bradaram que

Clitemnestra seria repudiada até pelos seus amigos e teria o mesmo fim que dera ao seu

marido.

Clitemnestra volta a afirmar, em tom de solene juramento, que a justiça que fez à filha

sacrificada, dedicada às Fúrias Vingadoras dar-lhe-á esperança e não medo, pois confia na

proteção de Egisto, seu amigo mais fiel. Também diz que matou o homem que a humilhou

como esposa, traindo-a com Briseida e com a própria Cassandra, cujo corpo jaz ao lado do

dele.

O Coro rebate que um gênio do mal amaldiçoa a descendência de Tântalo (bisavô de

Agamêmnon e de Menelau) e que utiliza para causar tantas dores, mulheres de aparência

frágil e virtuosa, mas de alma malévolas. Irmãs de sangue, Helena e Clitemnestra, são como

corvos malignos espezinhando um pobre morto. Já estão temendo a chuva de sangue

(assassinato de Clitemnestra e Egisto) que não tardará, pois o destino depressa afia suas armas

para novas punições.

Clitemnestra também crê na existência deste gênio do mal sobre o palácio e a sede por

sangue vem dele, pouco se importando se é glorioso ou não o que fez, pois foi Agamêmnon

quem trouxe a morte para dentro de sua casa, quando imolou a filha Ifigênia, não tendo

motivos para se gabar no Hades, pois ele pagou pelo mal que fez primeiro; contudo ela

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pondera que a responsabilidade do assassinato seja atribuída também ao maléfico ente

vingador.

Surge Egisto, vindo do palácio, deleitando-se ao ver Agamêmnon morto e,

consequentemente, seu pai vingado; então se dirige ao Coro e conta sobre Tiestes, sobre seu

exílio e sobre o tenebroso banquete que lhe foi servido.

Egisto tenta se explicar dizendo que o motivo para não ter matado Agamêmnon

diretamente é porque ele era conhecido como inimigo e, assim, levantaria suspeitas se

bajulasse o rei. Suspeitas que poderiam fracassar o plano, mas que não ocorreriam se

Clitemnestra encenasse a festiva recepção. Também diz que de posse da fortuna de

Agamêmnon poderá subjugar o povo através de mercenárias e brutais repressões.

O Corifeu responde o quanto deplora sua atitude e o alerta sobre a vingança que o

povo fará, apedrejando-o e o amaldiçoando, e termina por compará-lo a uma frágil mulher

covarde, que desonrou o leito alheio enquanto os bravos homens lutavam em Tróia e

arquitetou o traiçoeiro crime contra um bravo guerreiro.

Egisto, irritado com os insultos manda os guardas atacarem o ancião, mas este não se

intimida e convoca os outros anciãos do Coro para a luta.

Prontamente todos se preparam e Egisto diz que está pronto para morrer, ao que o

Corifeu retruca que já é um bom augúrio essa aceitação.

Todavia, nesse momento Clitemnestra intervém. Apela a Egisto para que não haja

mais sangue derramado, pois as desgraças já são muitas; aos anciãos solicita que retornem aos

respectivos lares e os aceitem como os novos governantes de fato e de direito, antes que

sofram novas e maiores repressões.

Egisto reluta em dar trégua dizendo que o povo continuará a insultá-lo. O Corifeu

confirma que sim, pois não é próprio dos argivos adularem homens venenosos. Egisto o

ameaça, o Corifeu idem, com a volta de Orestes e continuam trocando insultos até que

Clitemnestra consegue levar Egisto para dentro do palácio dizendo-lhe que sossegue, pois

ambos terão o poder necessário para impor suas vontades, pondo ordem em tudo e em todos.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Page 11: Agamenon

GASSNER, JHON. Mestres do Teatro II. São Paulo: Perspectiva, 1974.

http://pensamentosnomadas.files.wordpress.com/2012/03/a-oresteia-agamc3a9mnon.pdf