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IESDE BRASIL S/A Curitiba 2013 Agnaldo Santos Pereira Finanças corporativas Edição revisada

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IESDE BRASIL S/ACuritiba

2013

Agnaldo Santos Pereira

Finanças corporativas

Edição revisada

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P489f Pereira, Agnaldo Finanças corporativas / Agnaldo Santos Pereira. - 1. ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL S/A, 2013. 322 p. : 24 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-3628-8 1. Administração financeira. 2. Administração de empresas. I. Título.

13-1484. CDD: 658.15 CDU: 658.15

07.03.13 11.03.13 043319

Capa: IESDE BRASIL S/A

Imagem da capa: IESDE BRASIL S/A

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Agnaldo Santos PereiraMestre em Administração, com especializa-

ção em Finanças, pelo Ibmec. Mestre em Admi-nistração, com especialização em Finanças, pela COPPEAD/UFRJ. Especialista em Engenharia Econômica, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Participou do International Management Program, da New York University. Professor con-vidado da Fundação Getulio Vagas (FGV), tendo ministrado inúmeros cursos para instituições como Ibmec e COPPE, dentre outras. Sócio-di-retor da FinanceTech – Tecnologia em Finanças. Palestrante em várias empresas e consultor para assuntos financeiros para vários jornais. Autor de vários artigos para jornais e revistas. Diretor do Instituto Brasileiro de Gestão.

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Fluxo de caixa 13

13 | Introdução

16 | Visão da gestão financeira

17 | Etapas para a elaboração do fluxo de caixa

Ciclo de caixa 43

43 | Introdução

44 | Fluxo de produção na empresa

47 | Prazos médios

53 | Ciclo de caixa

Capital de giro 67

67 | Introdução

68 | Capital de giro

77 | Conceitos importantes

78 | Fatores que afetam o capital de giro

Gestão das contas a receber 91

91 | Introdução

93 | Políticas de crédito

98 | Análise de crédito de empresas

102 | Controle e acompanhamento das contas a receber

106 | Política de cobrança

Gestão dos estoques 113

113 | Introdução

116 | Tipos de estoques

118 | Nível de estoques e as áreas funcionais da empresa

119 | Custo dos estoques

123 | Modelos de administração de estoques

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Necessidade de capital de giro 137

137 | Introdução

137 | Visão gerencial do balanço

143 | Determinação da necessidade de capital de giro

149 | Saldo de tesouraria

152 | Efeito tesoura

154 | Prazos médios

O valor do dinheiro no tempo 163

163 | Introdução

165 | Formação da taxa de juros

166 | Matemática financeira

167 | Conceito do valor do dinheiro no tempo

167 | Fluxo de caixa

170 | Conceitos adicionais

172 | Regime de capitalização simples

176 | Regime de capitalização composta

179 | Taxas de juros

189 | Utilização de juros simples e compostos

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Princípios para aplicação de capital 197

197 | Introdução

199 | Orçamento de capital

200 | Princípios básicos para aplicação de capital

203 | Métodos de avaliação de investimentos

Custo de capital 233

233 | Introdução

237 | Risco

238 | Cálculo do custo de capital

Estrutura de capital 259

259 | Introdução

263 | Risco e a estrutura de capital

266 | Fatores determinantes da estrutura de capital

268 | Determinando a estrutura ótima de capital

Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado

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285 | Introdução

286 | Alavancagem operacional

288 | Alavancagem financeira

291 | Alavancagem combinada

295 | Risco operacional, financeiro e combinado

296 | Custos

299 | Ponto de equilíbrio

304 | Conceito de risco

307 | Risco operacional

309 | Risco financeiro

311 | Risco total ou combinado

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Apresentação Finanças Corporativas

Ainda hoje, ficamos surpreendidos com notícias sobre o espetacular valor das remu-nerações de alguns executivos, ao mesmo tempo em que verificamos não haver con-testações de parcela substancial dos sócios dessas empresas, apesar de existir um histó-rico de assembleias de acionistas derrubando diretorias inteiras.

Como é que esses “felizardos” conseguem essa façanha de obter uma remuneração de dar inveja a qualquer profissional, ao mesmo tempo em que mantêm os proprietários sem qualquer tipo de objeção substancial a suas remunerações?

A explicação está no fato desses executi-vos conseguirem dar como resposta, ao alto valor de suas remunerações, um elevado grau de satisfação aos proprietários das empresas em que atuam – traduzidos por ganhos cada vez mais elevados – através do cumprimento do que pode ser considerado como a missão básica de qualquer gestor:

Maximizar o VALOR do investimento de seus proprietários.

O grande complicador para se alcançar esse objetivo resulta do fato de que no mundo de hoje, altamente complexo em suas relações financeiras, é fundamental para o profissional de qualquer área de atuação, gestor de uma empresa ou de seu próprio negócio, enten-der o funcionamento das relações financeiras, para uma administração eficaz de seus negó-cios pessoais e profissionais.

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Finanças Corporativas

Uma pergunta importante, então, que preci-samos fazer é: de onde deriva a importância da gestão financeira de qualquer tipo de negócio, independentemente de seu tamanho e área de atuação?

A resposta a essa pergunta é muito simples. Todas as nossas decisões, todas as nossas atitudes, tudo de bom ou de ruim que fazemos, têm efeito imediato sobre os recursos financeiros da empresa e, sem ele, nenhum tipo de negócio consegue se sustentar por muito tempo.

Partindo desse entendimento, temos como objetivo fornecer aos leitores ferramentas analíti-cas e práticas, que permitam entender a dinâmica financeira e gerencial da moderna administração financeira das empresas – uma das áreas mais im-portantes para se atingir o objetivo principal de qualquer administrador, que é maximizar o retor-no do investimento dos proprietários.

Os tópicos a serem apresentados a seguir foram desenvolvidos para permitir ao leitor sedimentar os conceitos que, sob o ponto de vista financeiro, permitem ao gestor a busca de alternativas para maximização do valor de uma empresa – indepen-dentemente de seu tamanho, forma de constitui-ção e segmento de atuação.

Aos meus pais pelos exemplos que moldaram meu caráter.

Às minhas Lucia e Luana, razão e principal mo-tivação para tudo que faço.

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Fluxo de caixa

IntroduçãoAs empresas, para gerar vendas, necessitam de ativos fixos, independen-

temente de estarem ou não em um processo de crescimento. Quando uma empresa encontra-se em fase de expansão, necessita de investimentos adi-cionais em capital de giro, resultante do aumento em estoques e contas a receber, e dependendo do grau de utilização de sua estrutura, de novas in-versões em ativo fixo.

Novos investimentos precisam ser financiados, gerando novas obrigações relativas aos recursos utilizados, sejam próprios ou de terceiros. Esse proces-so pode resultar em problemas de fluxo de caixa, dependendo do custo e da forma como os recursos são captados e empregados.

Deficits no fluxo de caixa, por outro lado, indicam que os recursos de finan-ciamento utilizados para a manutenção da empresa foram obtidos em pata-mares inadequados, em termos de prazos e taxas, gerando descasamentos que podem comprometer, num primeiro momento, a liquidez da empresa e, em se mantendo sem as devidas correções, problemas de solvência que podem levar uma organização à falência.

Por esse motivo, a administração da liquidez, ou seja, da capacidade da empresa em fazer frente aos compromissos assumidos, é uma das ativida-des mais importantes do administrador financeiro. Para desempenhar essa função, o profissional de finanças utiliza um dos principais instrumentos de análise e controle financeiro: o fluxo de caixa.

Através da utilização do fluxo de caixa, o administrador pode empregar um instrumento que lhe permite cumprir seu principal objetivo: a maximização do retorno dos proprietários, sem, no entanto, comprometer a liquidez – redu-zindo, dessa forma, o risco incorrido pelos investidores no capital da empresa.

O fluxo de caixa é um dos instrumentos mais importantes para a admi-nistração eficaz do binômio rentabilidade versus liquidez, refletido nos níveis das disponibilidades financeiras (nos demonstrativos contábeis contabiliza-dos nas contas de caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo), área

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Fluxo de caixa

considerada como a mais sensível e delicada dentre aquelas componentes da chamada área financeira da empresa.

O fluxo de caixa tem por objetivo primordial a projeção das entradas e das saídas dos recursos financeiros da empresa, em um determinado perío-do de tempo. Lembrando sempre que os recursos que já entraram no caixa da empresa, e aqueles que já foram utilizados para fazer frente a compromis-sos assumidos, fazem parte do livro caixa e não do fluxo de caixa, ou seja, só existe fluxo de caixa do futuro.

Um conceito importante, quando falamos em fluxo de caixa, diz respeito à diferença entre os lançamentos realizados nesse importante instrumento de gestão financeira da empresa e os lançamentos realizados nos livros con-tábeis. Por ser uma projeção, somente os valores financeiros futuros impac-tarão o fluxo de caixa, nas datas previstas e não na data em que ocorrem.

Essa diferença conceitual significa que uma venda a prazo realizada hoje, irá gerar um lançamento nos demonstrativos contábeis na data de emissão da nota fiscal de venda. No fluxo de caixa, o valor da venda será lançado na data prevista de pagamento, já levando em consideração o eventual risco de atraso de pagamento pelo cliente.

Analogamente, uma despesa realizada hoje será refletida nos demonstra-tivos contábeis na data de emissão do documento que suporta o gasto (nota fiscal etc.). No fluxo de caixa, esse valor será lançado na data prevista de pa-gamento. Isso significa que podemos ter uma despesa lançada, por exemplo, hoje nos demonstrativos contábeis e projetada para pagamento no fluxo de caixa para daqui a sessenta dias (essa diferença de prazo reflete o prazo con-cedido para pagamento).

O pleno entendimento desses conceitos é fundamental para que possa-mos compreender os principais objetivos desse demonstrativo. Dentre eles, destacamos:

prognosticar as necessidades de captação de recursos; �

aplicar os excedentes de caixa nas alternativas mais rentáveis para a �empresa, sem comprometer a liquidez.

Outros objetivos igualmente importantes podem também ser considera-dos na elaboração do fluxo de caixa. Dentre esses, listamos os seguintes:

proporcionar o levantamento das necessidades de recursos financeiros, �para a realização das transações definidas no planejamento da empresa;

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Fluxo de caixa

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empregar da forma mais eficaz os recursos disponíveis, evitando que �fiquem sem remuneração (a remuneração líquida obtida tem que ser necessariamente maior do que o custo de capital );

planejar e controlar os recursos financeiros em termos das entradas e �saídas, através da análise e controle das atividades de planejamento de vendas e despesas, índices de atividades, prazos médios e necessi-dades de capital de giro;

saldar as obrigações incorridas pela empresa tempestivamente, de for- �ma a aumentar cada vez mais a capacidade de contrair crédito;

buscar o equilíbrio financeiro entre os fluxos de entradas e saídas de �recursos;

analisar as fontes de crédito onerosas, de forma a minimizar o custo de �utilização das mesmas;

prever desembolsos de caixa em volumes elevados, em épocas de en- �caixe baixo (questão fundamental para alguns segmentos, principal-mente no final do ano);

desenvolver controles eficazes dos saldos de caixa e de duplicatas a �receber, objetivando reduzir, idealmente eliminar, os valores vencidos e não recebidos;

coordenar os recursos de financiamento dos sócios e daqueles que �não têm participação no capital da empresa, a serem utilizados para suprir as necessidades de investimento da empresa.

Uma questão fundamental com relação à projeção do fluxo de caixa, diz respeito à atividade de acompanhamento. O acompanhamento diário e sis-temático entre os valores projetados para as entradas e saídas de caixa e o efetivamente realizado, além de permitir a análise da forma como uma em-presa desenvolve sua política de captação e aplicação de recursos, permi-te identificar o volume de variações ocorridas e, principalmente, as causas dessas variações.

Através do processo de acompanhamento, a empresa tem condições de permitir a todos os participantes do processo de elaboração do fluxo de caixa – ou seja, todos os funcionários, já que todos os colaboradores afetam o superá-vit ou deficit a partir das decisões tomadas no dia a dia, a aprender com os erros e acertos, procurando evitar os erros e aumentar a quantidade de acertos.

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Fluxo de caixa

Visão da gestão financeiraApesar de sua extrema importância na moderna gestão das empresas,

não é incomum encontrarmos a administração do fluxo de caixa realizada de forma completamente dissociada das demais áreas da empresa – fato que compromete de forma irremediável a qualidade do processo decisório.

Nas empresas em que esse fato ocorre, algumas características importan-tes podem ser observadas. A primeira é que para o responsável pela gestão financeira da empresa, esse instrumento é apenas o resultado das ações das demais áreas da empresa, ficando sua função relegada a efetuar os paga-mentos compromissados, nas condições de compra acertadas pelas demais áreas, a receber e cobrar os clientes de acordo com os prazos de venda fir-mados pela área de vendas e a buscar, junto às instituições financeiras, as necessidades de recursos apontadas pelo fluxo.

Como resultado dessa característica, os responsáveis pela gestão finan-ceira da empresa não se sentem responsáveis pelos superávits ou deficits apontados no fluxo de caixa por não poderem, segundo essa visão, influir nos fatores que irão afetar os resultados financeiros da empresa, limitando- -se a efetuar pagamentos, cobrar clientes, aplicar eventuais sobras de caixa no mercado ou captar recursos, quando necessários. Em outras palavras, adotam uma postura de reagir ao invés de proagir.

Outra característica importante observada diz respeito ao entendimento do fluxo de caixa como sendo o instrumento de trabalho apenas da área financeira, e não da empresa como um todo, fato que elimina o necessá-rio comprometimento das demais áreas, com relação à geração de recursos para fazer frente aos compromissos assumidos, necessários à realização dos objetivos da organização.

Felizmente, a manutenção de níveis de liquidez adequados aos objetivos traçados pela alta gerência da empresa, refletidos através da administração integrada do fluxo de caixa, fortemente proativa no sentido de atingir os re-sultados planejados, vem se tornando uma regra para a grande maioria das empresas, independentemente de seu tamanho e segmento de atuação.

Esse enfoque prima pela visão dos negócios totalmente integrados à manutenção de patamares adequados de liquidez, procurando sistematica-mente as melhores oportunidades de aplicação de recursos nas atividades operacionais, voltadas aos objetivos primários da empresa, buscando, além disso, atingir os seguintes objetivos:

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Fluxo de caixa

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quantificar as ações tomadas por todas as áreas e seu impacto nos re- �sultados financeiros e econômicos, evitando a busca pelo cumprimen-to de interesses setoriais em detrimento das necessidades globais da empresa;

analisar as consequências financeiras de todas as decisões, sejam elas �operacionais ou estratégicas;

definir uma política global de gestão da liquidez, com relação a itens que �afetam a performance das várias áreas da empresa, como, por exemplo, as condições de venda e a política de cobrança e de compras;

valorizar o fluxo de caixa como um dos instrumentos mais importan- �tes de gestão gerencial, difundindo a importância de sua correta uti-lização e buscando comprometer a alta administração na valorização desse conceito;

estabelecer parâmetros de desempenho financeiro para a empresa, �como o resultado das métricas estabelecidas para as áreas, departa-mentos e, para algumas empresas, para cada funcionário.

Etapas para a elaboração do fluxo de caixaAnalisadas essas importantes características observadas nas empresas, não

podemos nos esquecer, sob pena de comprometermos a qualidade da gestão financeira para o processo de tomada de decisão, de que na elaboração do fluxo de caixa, para qualquer tipo de empresa, existem três etapas distintas.

Obtenção de informações quantitativas, e principalmente qualitativas, �necessárias à elaboração do fluxo.

Escolha da Metodologia (forma de elaboração) do Fluxo de Caixa. �

Análise dos resultados obtidos (motivos que levaram à geração previs- �ta de superávits ou deficits).

Essas três etapas, embora andem em paralelo, são totalmente dependen-tes uma das outras. Sem que tenhamos um tratamento sistêmico da infor-mação, com relação à qualidade e confiabilidade, a segunda etapa estará irremediavelmente comprometida, gerando um fluxo de caixa que será me-ramente fruto da compilação de números, sem qualquer comprometimento com a redução dos riscos futuros embutidos na projeção do fluxo.

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Fluxo de caixa

Da mesma forma, se a metodologia de elaboração não contemplar uma forma de exposição dos resultados de fácil compreensão e entendimento dos valores e itens componentes do fluxo de caixa – para todos os envol-vidos no processo de elaboração –, a qualidade da análise ficará completa-mente comprometida.

Por outro lado, se o responsável pelas decisões não tiver conhecimento suficiente sobre as relações de causa e efeito, ou seja, dos fatores que estão gerando os resultados positivos ou negativos, contidos no fluxo de caixa, não estaremos elaborando o fluxo, mas sim meramente compilando números.

Isso significa que o gestor financeiro precisa ter o conhecimento neces-sário para responder a duas questões básicas, geradas por situações que podem ocorrer como resultantes do processo de elaboração do fluxo e pela análise dos números:

Quando o fluxo de caixa apresentar uma situação de superávit de caixa – �por que só isso?

Quando o fluxo de caixa apresentar � deficits de caixa – por que tudo isso?

A correta identificação dos motivos que levaram às duas perguntas ex-postas acima e, consequentemente, a capacidade de responder a essas questões de forma correta, a análise sistemática com relação à qualidade das informações recebidas e a utilização de um modelo de elaboração de fluxo de caixa, que torne o processo transparente para seus participantes, identifi-ca que efetivamente estamos “elaborando” o fluxo de caixa.

Finalmente, não podemos nos esquecer de que a elaboração do fluxo de caixa pressupõe uma análise periódica, detalhada e precisa do desempenho real, ou seja, depois que aconteceu, de forma a verificar as causas – os “por-quês” – das variações ocorridas entre os dados reais e os projetados, para não só aprender com os erros ocorridos como também para procurar perpetuar os acertos, refletindo esse aprendizado por meio de alterações nas previsões elaboradas.

As três etapas mencionadas anteriormente são a seguir detalhadas.

1.ª Etapa: obtenção das informações

Tradicionalmente, quando se estuda fluxo de caixa, toda a importância que o assunto com certeza merece fica condicionada, quase que exclusiva-

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mente, à análise do modelo de elaboração a ser utilizado. Questões relativas à interligação automática, através do emprego de softwares, entre as contas a pagar e a receber, compras e demais áreas que geram entradas e/ou saídas de caixa, passam a ter um peso primordial no estudo das questões relativas ao fluxo de caixa.

Embora sejam assuntos importantes, não podemos deixar de considerar que, independentemente do modelo utilizado pela empresa, do mais sofis-ticado, em termos de recursos computacionais empregados na sua elabora-ção e interligação com as demais áreas, ao mais simples possível, a impor-tância das informações demonstradas no fluxo de caixa é função direta da qualidade dos dados recebidos das várias áreas supridoras de informação para a elaboração do fluxo.

Isso significa que, se as informações obtidas das várias áreas da empresa necessárias à preparação do fluxo de caixa não forem previamente analisa-das, com relação à sua qualidade, poderemos estar meramente fazendo um trabalho de compilação de números, e não de elaboração do fluxo de caixa.

Por esse motivo, antes de definirmos a forma como o fluxo de caixa será elaborado se através da utilização de um programa feito em planilha eletrôni-ca, ou de um programa interligado com as demais áreas da empresa, de forma que sempre que uma mercadoria for adquirida uma provisão de pagamento seja efetuada, ou quando houver a recepção física do material a informação seja automaticamente lançada, é fundamental que a informação tenha a sua qualidade analisada antes de ser lançada, automaticamente ou não, no fluxo de caixa da empresa.

A sistematização e a análise constante, com relação à qualidade e prin-cipalmente à confiabilidade das informações recebidas, pode fazer toda a diferença entre a elaboração de um fluxo de caixa, que possa ser utilizado pelos administradores como instrumento para proagir, ou um mero exercí-cio burocrático sem qualquer valor.

Outro fator importante com relação à qualidade e confiabilidade das informações, diz respeito à definição básica do fluxo de caixa, instrumento utilizado para projetar necessidades futuras de recursos. Sabemos que toda projeção está sujeita a riscos, por tratar-se de um horizonte de tempo não conhecido. Sabemos também que a única forma de reduzir o risco é através da informação. No entanto, de nada adianta agregar mais informação se a quantidade não for função direta da qualidade.

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Fluxo de caixa

2.ª Etapa: escolha da metodologia de elaboração

O fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos de análise e avaliação de uma empresa, auxiliando a percepção sobre a movimentação dos recursos em um determinado período. As decisões relacionadas às com-pras, vendas, investimentos, aportes de capital pelos sócios, captação ou pa-gamento de empréstimos, constituem um fluxo contínuo entre as atividades supridoras e aquelas que necessitam de recursos para cumprirem seu papel na estrutura da empresa.

A projeção do fluxo de caixa permite avaliar a capacidade de uma empresa em gerar recursos para suprir o aumento das necessidades de capital de giro, gerado pelo nível de atividades, rentabilizar o investimento realizado pelos proprietários, efetuar pagamento de impostos e reembolsar os recursos apli-cados pelos agentes que não têm participação no capital da empresa.

Na projeção do fluxo de caixa, indicamos não apenas o valor dos financia-mentos dos sócios e dos terceiros (todos aqueles que não têm participação no capital da empresa) de que a empresa necessitará para fazer frente às suas atividades, mas também quando, onde e como ele será utilizado.

A projeção pode ser realizada dia a dia, mês a mês, trimestre a trimestre, ano a ano. Normalmente, as empresas realizam projeções para os próximos vinte a trinta dias úteis, detalhando todas as entradas e saídas de recursos a cada dia. A cada dia ocorrido, um novo é projetado no futuro. Após esse pe-ríodo, as projeções são efetuadas mês a mês, usualmente até o final do ano em curso e a partir daí, ano a ano, por um período de tempo compatível com o horizonte de planejamento estratégico utilizado.

Existem várias formas de apresentação e elaboração do fluxo de caixa. As metodologias mais utilizadas na prática das empresas são os métodos direto e indireto. A forma utilizada para a elaboração do fluxo de caixa pelo método direto é apresentada a seguir:

Método direto

No método direto, o fluxo de caixa é construído a partir das informações relativas a todas as saídas e a todas as entradas de caixa projetadas, assim como os dados já de conhecimento da empresa – como, por exemplo, o valor do aluguel ou de uma matéria-prima adquirida no passado.

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Fluxo de caixa

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Nessa metodologia, normalmente as informações recebidas das várias áreas da empresa são detalhadas por tipo de pagamento e respectivo venci-mento em mapas auxiliares, ao mesmo tempo em que são sumarizadas por categoria – como, por exemplo, fornecedores, salários, impostos, emprésti-mos etc. A partir dos mapas auxiliares, são representadas no fluxo por cate-goria e vencimento.

Mapas auxiliares também são utilizados para a projeção do recebimento das vendas a prazo. Nesses mapas podemos encontrar não só a previsão de pagamento de cada cliente, como também a correspondente expectativa, quando for o caso, de atraso de pagamento dos valores ainda pendentes.

Para efeito de representação no fluxo, os valores a receber, relativos às vendas a prazo, e os valores das vendas realizados a clientes que não efetuaram o pagamento de seus débitos no vencimento, podem ou não ser sintetizados em uma única linha, sob a denominação, por exemplo, de vendas a prazo.

Não é incomum, no entanto, encontrarmos empresas apresentando no fluxo de caixa os recebimentos futuros relativos aos valores das vendas a prazo, separados daqueles relativos a valores vencidos. Além disso, para gerar mais informações qualitativas para análise, as vendas a vista projetadas devem ser separadas das vendas a prazo, para efeito de apresentação.

Na elaboração do fluxo de caixa através dessa metodologia, os mapas auxiliares, aos quais nos referimos anteriormente, servem para o fechamen-to final do fluxo. A forma, consistência, periodicidade e a relevância desses mapas, dependerão do tipo de empresa e de sua complexidade operacional. Quanto mais complexo for o tipo de negócio a que a empresa se dedica, mais mapas auxiliares serão necessários para o fechamento final do fluxo de caixa.

Apesar de ser a metodologia de elaboração de fluxo de caixa mais comu-mente empregada, o método direto tem uma grande limitação. O emprego dessa metodologia não permite ao administrador observar as variações que podem estar ocorrendo nos saldos de vários itens importantes como, por exemplo, as duplicatas a receber, os estoques e os valores a pagar (fornecedo-res, financiamentos, impostos etc.), cujo acúmulo gradual poderá ser a causa de um aumento ou redução substancial nas disponibilidades futuras de caixa.

Além disso, as variações ocorridas nos saldos das duplicatas a receber e de es-toques, se não estiverem sendo adequadamente financiadas, aumentarão as ne-cessidades de capital de giro, resultando em incrementos na utilização de recur-

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Fluxo de caixa

sos de fontes onerosas e aumentando as necessidades de novos recursos, para fazer frente aos pagamentos principais e juros oriundos desses empréstimos.

A utilização de fontes de recursos inadequadas para o financiamento das ne-cessidades de giro, tanto em termos de custo quanto em termos de prazo, pode comprometer de forma irreversível a estrutura financeira da empresa, levando-a a uma situação de iliquidez que pode evoluir para uma posição de insolvência.

Apresentamos a seguir, apenas a título ilustrativo, um exemplo de elabora-ção de fluxo de caixa pelo método direto, lembrando que, por ser um exem-plo, algumas contas indicadas podem não refletir adequadamente a realida-de de todas as empresas. Por esse motivo, o exemplo ilustrativo a seguir deve ser adaptado para refletir a realidade da empresa, antes de sua implantação.

FLUXO DE CAIXA Dia 1 Dia 2 ...... Dia 30

SALDO INICIAL

ENTRADAS:

+ Recebimento de Vendas a Vista

+ Recebimento de Vendas a Prazo

+ Resgate de Aplicações (valor principal) (1)

+ Juros de Aplicações (2)

= (A) TOTAL DE ENTRADAS

SAÍDAS:

+ Despesas com Vendas

+ Despesas de Pessoal

+ Aluguel

+ Compra de Matéria-Prima

+ Despesas Administrativas

+ Pagamento de Impostos

+ Pagamento de Empréstimos

+ Juros de Empréstimos

= (B) TOTAL DE SAÍDAS

(C) SUPERÁVIT / (DEFICIT) = (A) – (B)

+ (D) Empréstimos

– (E) Aplicação Financeira

= SALDO FINAL = (C) + (D) – (E)

(1) Resgate de aplicações financeiras realizadas

(2) Juros obtidos no resgate de aplicações financeiras

(D) Empréstimos contraídos no dia

(E) Aplicação total ou parcial no mercado financeiro, do superávit do dia.

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Fluxo de caixa

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Exemplo:

A Sapatos Rio Belo abriu recentemente sua primeira sapataria, em uma das ruas mais exclusivas do Rio. Apesar de os negócios estarem apresentan-do resultados muito bons, os dois sócios desejam realizar uma programação financeira para os próximos 3 meses, através do fluxo de caixa da empresa.

Consultando o mercado, obtiveram a informação de que as taxas nego-ciadas pelos bancos para as operações de empréstimos estavam na média de 3% ao mês, enquanto as taxas praticadas para as aplicações de recursos es-tavam, também na média, em 1% ao mês. Os prazos de captação e aplicação de recursos, no momento, estão limitados a um mês, ou seja, os valores terão que ser resgatados ou pagos no mês subsequente à aplicação ou captação.

Na única loja da empresa, todas as vendas são feitas a vista. No entanto, a Sapatos Rio Belo resolveu conceder um prazo de 30 dias para uma loja em Salvador, que se interessou em distribuir seus sapatos e hoje é responsável por 20% da receita.

A Sapatos Rio Belo tem conseguido negociar com seus fornecedores de matéria-prima um prazo de 30 dias para pagamento. O valor do aluguel da loja é de R$2.100 mensais e os sócios fazem uma retirada de R$20.000 cada um. Além desses desembolsos, está previsto para o próximo mês o pagamento, em uma única parcela, no valor de R$8.000, a título de renovação do contrato de aluguel.

A receita projetada para o mês em curso é de R$3.500.000. Para o próximo trimestre, as vendas projetadas são de 90.000, 80.000 e 85.000 pares de sapa-tos, enquanto as compras previstas são de 80.000 neste mês e 80.000, 75.000 e 75.000 pares nos meses subsequentes.

Atualmente, cada par de sapato custa R$40. Como política de venda, a Sapatos Rio Belo utiliza uma margem de lucro, calculada sobre o preço de compra (mark up), de 30%. Margem e preço de compra serão mantidos no próximo trimestre.

Além dessas projeções, os sócios da Sapatos Rio Belo definiram como es-tratégia de gestão do caixa, para o próximo trimestre, a manutenção de um saldo mínimo de caixa de R$2.000. O saldo final de caixa projetado para o final do mês em curso é de R$45.000, valor que será mantido em disponibili-dade imediata, ou seja, não será aplicado no mercado.

Os pagamentos referentes a salários, luz, gás, telefone, impostos e demais gas- tos, estão previstos em R$900.000, R$980.000 e R$1.050.000, respectivamente.

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Fluxo de caixa

Com base nas informações anteriores, elabore o fluxo de caixa da Sapatos Rio Belo para o próximo trimestre.

Resolução:

1. Mapa Auxiliar:

Mapa auxiliar de projeção

Contas Mês atual Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4

VendasRecebimentosRioSalvador

3.500.000,00

2.800.000,000,00

4.680.000,00

3.744.000,00700.000,00

4.160.000,00

3.328.000,00936.000,00

4.420.000,00

3.536.000,00832.000,00

0,00884.000,00

Compras 3.200.000,00 3.200.000,003.200.000,00

3.000.000,003.200.000,00

3.000.000,003.000.000,00 3.000.000,00Pagamento de compras

2. Fluxo de Caixa:

Contas Mês 1 Mês 2 Mês 3

Saldo inicial 45.000,00 2.000,00 2.000,00

Entradas:Vendas RioVendas SalvadorJuros aplicaçãoResgate aplicação

3.744.000,00700.000,00

0,000,00

3.328.000,00936.000,00

3.369,00336.900,00

3.536.000,00832.000,00

3.821,69382.169,00

Total de entradas 4.444.000,00 4.604.269,00 4.753.990,69

SaídasPró-laboreAluguelLuvasComprasOutras despesas

(40.000,00)(2.100,00)(8.000,00)

(3.200.000,00)(900.000,00)

(40.000,00)(2.100,00)

0,00(3.200.000,00)

(980.000,00)

(40.000,00)(2.100,00)

0,00(3.000.000,00)(1.050.000,00)

Total de saídas (4.150.100,00) (4.222.100,00) (4.092.100,00)

Superávit/(deficit) 338.900,00 384.169,00 663.890,69

(aplicação)/captação 336.900,00 382.169,00 661.890,69

SALDO FINAL 2.000,00 2.000,00 2.000,00

Método indireto

Esse demonstrativo é elaborado com base nos mesmos conceitos empre-gados na elaboração do Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR)1. Na realidade, é um instrumento financeiro que procura ampliar a

1 A DOAR deixou de ser uma demonstração obri-gatória para as socieda-des anônimas e limitadas de grande porte a partir da Lei 11.638/2007 que alterou a Lei 6.404/76, co-nhecida como Lei das S/A, entretanto sua estrutura é útil para análise financeira das empresas.

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Fluxo de caixa

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utilidade da informação contábil, demonstrando a forma como os recursos financeiros de curto e longo prazo foram empregados no processo de gestão da empresa.

Apesar dos conceitos básicos empregados na elaboração do fluxo de caixa pelo método indireto serem os mesmos da DOAR, ela apresenta as ori-gens e as aplicações de recursos realizados em um determinado período, e portanto não deve ser confundido com o fluxo de caixa. O demonstrativo de origens e aplicações de recursos apresenta a forma como o capital de giro aumentou ou diminuiu, a partir da utilização dos fundos que permitiram à empresa realizar aplicações.

O fluxo de caixa, por outro lado, apresenta a projeção de entradas e saídas de caixa efetivas, independentemente das datas em que ocorreram os fatos geradores desses eventos.

Antes de apresentarmos a composição do fluxo de caixa pelo método indireto, precisamos entender o que significa um balanço quando o analisa-mos sob o ponto de vista da geração e aplicação de recursos.

A representação do balanço sob esse ponto de vista é a seguinte:

Ativo Passivo

Aplicações Fontes

A partir da percepção do ativo como aplicação de recursos gerados pelas fontes passivas, precisamos lembrar que:

O passivo representa a dívida da empresa, isto é, as obrigações com �sócios e terceiros. Isso significa que as fontes de recursos utilizadas são originárias do passivo, sendo, portanto, representadas pelo lado direi-to do balanço.

Para realizarmos qualquer tipo de aplicação, precisamos primeiramen- �te obter uma fonte de recursos no passivo, ou seja, além de não existir ativo sem um passivo, o passivo surge na empresa antes do ativo.

No ativo são representados todos os bens e direitos da empresa que estão legalmente em seu nome, isto é, as aplicações realizadas com os recursos ob-tidos no passivo.

Ativo Passivo

BensDireitos

Obrigações

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Fluxo de caixa

A análise dos aspectos mencionados anteriormente nos leva a concluir que:

toda vez que uma conta do � passivo aumenta, a empresa está gerando uma fonte de recursos;

toda vez que uma conta do � ativo aumenta, a empresa está gerando uma aplicação de recursos.

As fontes e aplicações de recursos não se limitam, no entanto, a essa de-finição, uma vez que tanto as contas do ativo quanto as contas do passivo podem diminuir de tamanho. Analisando todos esses efeitos, ou seja, au-mentos e diminuições no ativo e passivo, podemos concluir que:

Aumento deativo =

APLICAÇÃO

Redução deativo =FONTE

Aumentos de passivo =

FONTE

Redução depassivo =

APLICAÇÃO

ATIVO PASSIVO

APLICAÇÕES FONTES

Agna

ldo

Sant

os P

erei

ra.

Exemplos de Fontes e Aplicações:

Fontes do Passivo � : obtenção de um novo financiamento, aumento de capital, aumento das compras de fornecedores;

Fontes do Ativo � : venda de uma máquina, recebimento de uma duplicata, venda de estoque;

Aplicações do Ativo � : compra de matéria-prima, compra de uma nova máquina, aplicação de recursos no mercado financeiro;

Aplicações do Passivo � : pagamento de um financiamento, pagamento de dividendos, pagamento de débitos com fornecedores;

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Fluxo de caixa

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Com base nos conceitos apresentados, podemos desenvolver o modelo de fluxo de caixa pelo método indireto. Esse método é baseado na projeção do resultado da empresa e nas variações dos elementos patrimoniais, obti-dos respectivamente do balanço projetado e da demonstração de lucros e perdas projetadas ou nos resultados já obtidos pela empresa, representados por seus demonstrativos contábeis.

Existem vários modelos utilizados para o método indireto. Uma das formas de elaboração, utilizando essa metodologia, é chamada de método do lucro ajustado, desenvolvido por José Pereira da Silva (2005). Esse modelo é reproduzido abaixo:

Recebimento de clientes

++–

Vendas BrutasDuplicatas a Receber (saldo inicial)Duplicatas a Receber ( saldo final)

= Total recebimento de clientes (A)

Pagamento a fornecedores/despesas

+–++–++++–+–+–+

Custo dos Produtos VendidosEstoques (saldo inicial)Estoques (saldo final)Fornecedores (saldo inicial)Fornecedores (saldo final)Impostos sobre VendasDespesas AdministrativasDespesas de VendasSalários e Encargos (saldo inicial)Salários e Encargos (saldo final)Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo inicial)Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo final)Outros Passivos Operacionais (saldo inicial)Outros Passivos Operacionais (saldo final)Pagamento de Imposto de Renda

= Total pagamento fornecedores e despesas (B)

= Fluxo de caixa operacional (A) – (B)

+–+–++

+/––

Aumento de CapitalCompra de ImobilizadoVenda de ImobilizadoAquisição de InvestimentosVenda de InvestimentosAumento no Financiamento de Longo PrazoVariação do Realizável de Longo PrazoPagamento de Dividendos

= Caixa após decisões estratégicas (C)

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Fluxo de caixa

––+–++

Tranferências de Empréstimos de L. P. para C. P.Pagamento de Despesas FinanceirasReceitas FinanceirasPagamento de Empréstimos de Curto PrazoBaixas em Aplicações FinanceirasNovos Financiamentos de Curto Prazo

= Fluxo de caixa final (D)

Importante:

Como o modelo não apresenta o saldo inicial de caixa, o saldo apresen-tado no item “Fluxo de Caixa Final” representa a movimentação de recursos ocorrida no período.

Para utilizar essa metodologia para projeção do fluxo de caixa, basta adaptar o modelo, incluindo o item saldo inicial.

(C) = Fluxo de Caixa Operacional

+–+–++

+/––

Aumento de CapitalCompra de ImobilizadoVenda de ImobilizadoAquisição de InvestimentoVenda de InvestimentoAumento do Financiamento a Longo PrazoVariação do Realizável a Longo PrazoPagamento de Dividendos

= CAIXA APÓS DECISÕES ESTRATÉGICAS

(D) = Caixa Após Decisões Estratégicas

––+–++

Transferências de Empréstimos de L.P para C.P.Pagamento de Despesas FinanceirasReceitas FinanceirasPagamento de Empréstimos de Curto PrazoBaixas de Aplicações FinanceirasNovos Financiamentos de Curto Prazo

= FLUXO DE CAIXA FINAL

Exemplo:A Indústria de Móveis Colonial produz e comercializa, tanto no mercado

interno quanto no mercado externo, móveis em estilo colonial. No exercício social referente ao ano passado, seus resultados ficaram muito aquém do esperado, acendendo a luz vermelha na sala da presidência.

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Fluxo de caixa

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Preocupada com esses resultados, a diretoria da empresa decidiu, pela primeira vez, iniciar um processo de planejamento financeiro, de forma a ve-rificar os resultados de seus planos para o ano em curso.

Para tanto, desenvolveu algumas premissas com relação a algumas variá-veis macroeconômicas, e também com relação a alguns fatores que poderiam ser definidos por decisões internas, como preço de venda, por exemplo.

Com base nos resultados apresentados para o exercício anterior e nos de-monstrativos projetados para o próximo exercício, determine a movimenta-ção do caixa, utilizando o Método do Lucro Ajustado.

BALANÇO PATRIMONIAL

R$000’S

ATIVO REAL PROJETADO

CirculanteCaixa e BancosDuplicatas a ReceberEstoques

22.95072.086

138.470233.506

?80.531

267.875373.406

Não CirculanteInvestimentosImobilizadoDepreciação Acumulada

250.000874.897

(287.547)837.350

257.046874.897

(302.858)829.085

TOTAL DO ATIVO 1.070.856 1.202.491

PASSIVO REAL PROJETADO

CirculanteFornecedoresFinanciamentosObrigações FiscaisImposto de Renda

128.59074.24710.058 9.450

222.345

109.882204.515

27.770 4.134

346.301

Não CirculanteCias. Ligadas 187.320

187.320187.320

187.320

Patrimônio LíquidoCapitalReservasLucros/(Prejuízos) Acumulados2

395.850177.420

87.921661.191

395.850177.420

95.600668.870

TOTAL DO PASSIVO 1.070.856 1.202.491

² Para facilitar a com-preensão, optou-se por manter a conta Lucros Acumulados, entretan-to, de acordo com a Lei 11.638/2007, os balanços das Sociedades por Ações e sociedades limitadas de grande porte não poderão apresentar saldo credor na conta Lucros Acumulados, sendo que estes deverão ser destinados à compen-sação de prejuízos ante-riores, ao uso, distribuição ou formação de reservas. Quanto aos prejuízos, quando for o caso, perma-necem acumulados.

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Fluxo de caixa

DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS

R$000’s

REAL PROJETADO

Receita de VendasImpostos sobre VendasCusto dos Produtos VendidosLucro BrutoDespesas OperacionaisComerciaisGerais e AdministrativasDepreciação e AmortizaçãoDespesas FinanceirasLucro OperacionalResultado de Equivalência PatrimonialLucro antes IRProvisão para IRLucro Líquido do Exercício

550.890 (101.160) (258.876)

190.854

(67.935)(104.023)

(4.790) (47.920)(33.814)

8.490 (25.324)

0(25.324)

676.250 (121.725) (319.744)

234.781

(77.520)(94.430)(15.311) (42.753)

4.767 7.046

11.813 (4.134)

7.679

Resolução:

Recebimento de clientes

++–

Vendas BrutasDuplicatas a Receber (saldo inicial)Duplicatas a Receber ( saldo final)

676.25072.086

(80.531)

= Total recebimento de clientes (A) 667.805

Pagamento a fornecedores/despesas

+–++–++++–+–+–+

Custo dos Produtos VendidosEstoques (saldo inicial)Estoques (saldo final)Fornecedores (saldo inicial)Fornecedores (saldo final)Impostos sobre VendasDespesas AdministrativasDespesas de VendasSalários e Encargos (saldo inicial)Salários e Encargos (saldo final)Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo inicial)Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo final)Outros Passivos Operacionais (saldo inicial)Outros Passivos Operacionais (saldo final)Pagamento de Imposto de Renda

319.744(138.470)

267.875128.590

(109.882)121.725

94.43077.520

00

10.058(27.770)

00

9.450

= Total pagamento fornecedores e despesas (B) 753.270

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Fluxo de caixa

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= Fluxo de caixa operacional (A) – (B) (85.465)

+–+–++

+/––

Aumento de CapitalCompra de ImobilizadoVenda de ImobilizadoAquisição de InvestimentosVenda de InvestimentosAumento no Financiamento de Longo PrazoVariação do Realizável de Longo PrazoPagamento de Dividendos

00000000

= Caixa após decisões estratégicas (C) (85.465)

––+–++

Transferências de Empréstimos de L. P. para C. P.Pagamento de Despesas FinanceirasReceitas FinanceirasPagamento de Empréstimos de Curto PrazoBaixas em Aplicações FinanceirasNovos Financiamentos de Curto Prazo

0(42.753)

0(74.247)

0204.515

= Fluxo de caixa final (D) 2.050

+ Saldo inicial 22.950

= Saldo final de caixa 25.000

3.ª Etapa: análise dos resultados

Analisada a qualidade das informações recebidas das várias áreas da empresa, passo fundamental para que os dados contidos no fluxo de caixa sejam confiáveis, e com o fluxo preparado com base na utilização de uma das metodologias de projeção dentre aquelas apresentadas, podemos ini-ciar uma das etapas mais importantes no processo de “fazer” o fluxo de caixa: a análise dos resultados obtidos.

Essa é a fase em que nosso conhecimento sobre as relações de causa e efeito, dentro da estrutura financeira da empresa, é de fundamental impor-tância. Isso significa, conforme já mencionamos, “o conhecimento necessário para responder a duas questões básicas, geradas por situações que podem ocorrer como resultantes do processo de elaboração do fluxo”:

quando o fluxo de caixa apresentar uma situação de superávit de caixa – �por que só isso?

quando o fluxo de caixa apresentar � deficits de caixa – por que tudo isso?

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Fluxo de caixa

Antes de começar a responder às perguntas anteriores, precisamos lem-brar que uma empresa pode apresentar saldo negativo no fluxo de caixa em um determinado momento, apesar de manter saldo positivo na geração operacional de caixa (entradas menos saídas de caixa, oriundos da atividade fim da empresa), fato este causado pelo pagamento de remuneração aos proprietários.

O mesmo pode acontecer quando a empresa encontra-se em um proces-so de montagem de uma nova fábrica, por exemplo, e se não se analisar essa informação de forma adequada, poderemos chegar a conclusões completa-mente equivocadas, com relação ao seu nível de liquidez.

Esses exemplos demonstram a importância de conhecermos profunda-mente a origem das fontes e aplicações de recursos, para que possamos saber se as relações entre as mesmas estão adequadas, em termos de casa-mento, entre os prazos ativos e passivos, e de custo, entre as fontes passivas e as aplicações ativas.

Sabemos que todos os recursos utilizados por uma empresa em seus ativos (financeiramente definidos como as aplicações de recursos) têm sua origem no passivo (representado sob o ponto de vista financeiro, como as fontes de recursos), composto de fundos pertencentes a seus proprietários e a terceiros. Isso significa que a totalidade das aplicações de recursos, aí incluída o caixa, também contabilizada no ativo, pertence aos titulares das fontes de recursos, compostos por fundos pertencentes aos proprietários e a terceiros.

Sabemos também, exceto em situações pontuais, que a rentabilidade au-ferida líquida de impostos nas aplicações financeiras, item pertencente ao grupamento das disponibilidades financeiras da empresa, não é superior ao custo dos recursos componentes das fontes, sejam recursos próprios ou de terceiros.

Conceitos básicos como o entendimento de que o caixa é uma dívida para com as fontes de recursos passivos e a rentabilidade líquida obtida com uma aplicação financeira é inferior ao custo das fontes passivas, são fundamentais para determinarmos em que situações a empresa deve ou não manter saldos elevados de caixa.

Claro que, sob o ponto de vista da maximização de seus resultados, uma empresa deveria idealmente manter um saldo de caixa nulo, buscando re-

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Fluxo de caixa

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cursos junto às fontes de recursos sempre que houvesse necessidade de efe-tuar pagamentos, devolvendo esses recursos juntamente com sua respecti-va remuneração, sempre que dele não mais necessitasse.

A manutenção de saldos positivos de caixa obriga as empresas a desen-volverem políticas para que, ao mesmo tempo em que procuram manter um determinado nível de liquidez como parte de sua estratégia global, possam aumentar a rentabilidade dos recursos dos proprietários, podendo dessa forma crescer de forma sustentada, ao mesmo tempo em que se mantêm competitivas.

Claro está que quanto maior o saldo de caixa mantido pela empresa, maior será o nível de liquidez imediato e menor o grau de rentabilidade apresentado (se a empresa consegue rentabilizar seus recursos através de aplicações financeiras a uma taxa superior à rentabilidade do negócio princi-pal, seus proprietários deveriam fechá-la e aplicar esses recursos nessa alter-nativa), sendo a recíproca também verdadeira, ou seja, quanto menor o nível do caixa, menor a liquidez imediata e maior a rentabilidade (nesse caso, os recursos das disponibilidades estariam aplicadas na atividade fim da empre-sa). É importante frisar que em situações muito específicas essa regra pode não prevalecer.

De qualquer forma, o nível final do caixa, além de ser função das entra-das e saídas de recursos resultantes da atividade da empresa, também leva em consideração o perfil de risco dos administradores da empresa. Empresas com políticas operacionais mais conservadoras tendem a manter um nível de caixa maior do que as empresas operacionalmente mais agressivas.

Outro aspecto muito importante, com relação ao nível de recursos man-tido em disponibilidade imediata por uma empresa, é a função do nível de relacionamento bancário mantido pela organização. Dependendo da quali-dade dessa relação, será possível viabilizar as necessidades de captação de recursos para fazer frente às necessidades de desembolsos, a aplicação das sobras de recursos gerados pela diferença entre as entradas e saídas de caixa e a utilização de serviços proporcionados pelas instituições como, por exem-plo, a atividade de cobrança.

Além da qualidade de seus ativos e de sua administração, o desempenho individual e do setor em que a empresa atua, o nível de endividamento de recursos de terceiros, comparado com a utilização de recursos próprios (es-trutura de capital), o histórico de resultados obtidos e de relacionamento

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Fluxo de caixa

com seus credores, aspectos que serão analisados pelas instituições finan-ceiras, é necessário que a empresa defina o tipo de necessidade (recursos e serviços) que pretende captar e as instituições existentes no mercado que podem atendê-la.

É fundamental, também, lembrar que existem fatores internos e exter-nos que, em maior ou menor escala, irão impactar a gestão financeira da empresa e que estarão refletidos no fluxo de caixa. Dentre esses elementos destacamos alguns, começando pelos fatores internos.

Fatores Internos

Expansão descontrolada das vendas, implicando um volume maior de �compras e custos operacionais.

Aumento no prazo de vendas, concedido pela empresa como forma �de aumentar seu grau de competitividade ou aumentar sua participa-ção no mercado.

Compras em volume incompatíveis com as projeções de vendas. �

Diferenças acentuadas no giro das contas a pagar e a receber, em de- �corrência dos prazos médios de recebimento e pagamento.

Ciclo de produção extremamente longo e incompatível com o prazo �médio concedido pelos fornecedores.

Giro do estoque lento, significando o carregamento de produtos ob- �soletos ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa no es-toque.

Baixa ocupação do ativo fixo. �

Distribuição de lucros em volumes incompatíveis com a capacidade �de geração de caixa.

Custos financeiros elevados, em decorrência da utilização de capital de �terceiros de forma excessiva, aumentando o nível de endividamento.

Política salarial totalmente incompatível com o nível de receitas e de- �mais despesas operacionais.

Aumento do nível de inadimplência. �

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Fluxo de caixa

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Fatores Externos

Redução nas vendas, causada por retração do mercado. �

Aumento da concorrência, em decorrência da entrada de novos con- �correntes no mercado.

Alterações nas alíquotas de impostos sobre a venda interna e/ou sobre �a importação de produtos concorrentes.

Aumento geral do nível de inadimplência, causada por fatores como, �por exemplo, o aumento das taxas de juros.

Como pudemos observar durante o estudo deste capítulo, fluxo de caixa é um instrumento de fundamental importância para a gestão de qualquer tipo de empresa, independentemente da caracterização de seu segmento de atuação e de seu tamanho, qualquer que seja a métrica utilizada para essa quantificação. É através da elaboração e, principalmente, da análise do fluxo de caixa que a empresa poderá verificar a evolução da geração de caixa (dife-rença entre as entradas e saídas de caixa operacionais projetadas), indicador fundamental para analisar a solvabilidade de qualquer tipo de negócio.

Ampliando seus conhecimentos

Diz o banqueiro: “cuidado com o fluxo de caixa”(BAILEY, JR; HERBERT, S., 1975)

Certa vez, numa noite escura, enquanto refletia fraco e cansado,Sobre um grande volume de folclore contábil,Buscando saídas para aproveitar alguma nova brecha fiscal,Subitamente ouvi alguém bater à minha porta,Somente isso, e nada mais.

De repente, senti um calafrio, e ouvi o caixa tilintar.Enquanto entrava um aterrorizante banqueiro que jamais vira.Seu rosto era verde como o dinheiro, e em seus olhos podia ver,Cifrões que brilhavam enquanto ele anotava. “Fluxo de Caixa”, disse o banqueiro, e nada mais.

Sempre pensara que era bom ter um lucro positivo.Mas o banqueiro disse com voz ressoante: “Não.

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Fluxo de caixa

Suas contas a receber estão altas, subindo cada vez mais para o céu;Suas perdas crescem. O que importa é o Fluxo de Caixa”. Ele repetiu: “Cuidado com o Fluxo de Caixa”.

Tentei então falar de nosso maravilhoso estoque,O qual embora elevado, está repleto dos melhores produtos.Mas o banqueiro viu seu crescimento, e com voz poderosaSacudiu seus braços e gritou: “Pare! Chega! Pague os juros e não me embrome!”

A seguir, olhei para os itens não monetários que podia somar ad infinitumPara compensar o caixa que não parava de sair,Mas, para manter meu demonstrativo no azul, tinha contido a depreciação,E meu banqueiro disse que eu tinha agido mal, Tremeu e seus dentes começaram a ranger.

Quando lhe pedi um empréstimo, ele respondeu, com um gemido,Que a taxa de juros seria só TR mais dezoito,E para garantir minha pureza ele insistia em garantias:Todos os meus ativos e mais o cabelo em minha cabeça. Nada mais, uma taxa comum.

Embora meu resultado seja positivo, estou completamente prostrado,Meu caixa só sai e meus clientes pagam devagar.O crescimento do meu contas a receber é inacreditável:O resultado é certo – problemas insolúveis!E continuo a ouvir o banqueiro repetir baixinho, “Cuidado com o Fluxo de Caixa”.

Atividades de aplicação1. Marque com um X, dentre os itens abaixo, aqueles que representam os

objetivos para a elaboração do fluxo de caixa.

1. ( ) Prognosticar as necessidades de captação de recursos.

2. ( ) Aplicar os excedentes de caixa nas alternativas mais rentáveis para a empresa, sem comprometer a liquidez.

3. ( ) Proporcionar o levantamento das necessidades de recursos financeiros para a realização das transações definidas no planeja-mento da empresa.

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Fluxo de caixa

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4. ( ) Empregar da forma mais eficaz os recursos disponíveis, evi-tando que fiquem sem remuneração (a remuneração líquida obti-da tem que ser necessariamente maior do que o custo de capital).

5. ( ) Planejar e controlar os recursos financeiros, em termos das entradas e saídas, através da análise e controle das atividades de planejamento de vendas e despesas, índices de atividades, prazos médios e necessidades de capital de giro.

6. ( ) Estabelecer parâmetros de desempenho financeiro para a em-presa, como o resultado das métricas estabelecidas para as áreas, departamentos e, para algumas empresas, para cada funcionário.

7. ( ) Saldar as obrigações incorridas pela empresa tempestivamen-te, de forma a aumentar cada vez mais a capacidade de contrair crédito.

8. ( ) Buscar o equilíbrio financeiro entre os fluxos de entradas e saídas de recursos.

9. ( ) Analisar as fontes de crédito onerosas, de forma a minimizar o custo de utilização das mesmas.

10. ( ) Prever desembolsos de caixa em volumes elevados, em épo-cas de encaixe baixo (questão fundamental para alguns segmen-tos, principalmente no final do ano).

11. ( ) Desenvolver controles eficazes dos saldos de caixa e de dupli-catas a receber, objetivando reduzir, idealmente eliminar, os valo-res vencidos e não recebidos.

12. ( ) Coordenar os recursos de financiamento dos sócios e daque-les que não têm participação no capital da empresa, a serem utili-zados para suprir as necessidades de investimento da empresa.

2. Dos elementos abaixo, indique aqueles que não deveriam ser encon-trados na gestão financeira das empresas.

1. ( ) Administração do fluxo de caixa realizado de forma completa-mente dissociada das demais áreas da empresa.

2. ( ) Fluxo de caixa reflete unicamente o resultado das ações das demais áreas da empresa.

3. ( ) O objetivo do fluxo de caixa é apenas efetuar os pagamentos, receber e cobrar os clientes e buscar recursos financeiros, aponta-dos pelo fluxo.

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Fluxo de caixa

4. ( ) A quantificação de todas as ações, e respectivo impacto nos re-sultados financeiros e econômicos, é de fundamental importância.

5. ( ) Análise das consequências financeiras de todas as decisões, sejam elas operacionais ou estratégicas.

6. ( ) Fluxo de Caixa não precisa ser integrado nem proativo no sen-tido de atingir os resultados planejados.

7. ( ) Fluxo de caixa é um instrumento apenas da área financeira, o que elimina o comprometimento das demais áreas na geração de recursos necessários à realização dos objetivos da organização.

3. Indique as alternativas que indicam como o moderno gestor financei-ro deve atuar.

1. ( ) Deve limitar-se a efetuar pagamentos, cobrar clientes, aplicar eventuais sobras de caixa e/ou captar recursos, quando necessários.

2. ( ) A manutenção de níveis de liquidez adequados aos objetivos traçados pela alta gerência da empresa não é responsabilidade do gestor financeiro.

3. ( ) Definir uma política global de gestão da liquidez, com rela-ção a itens que afetam a performance das várias áreas da empresa como, por exemplo, as condições de venda, a política de cobrança e de compras.

4. ( ) Não é responsável pelos superávits ou deficits apontados no fluxo de caixa.

5. ( ) Gestor financeiro deve apenas procurar as melhores oportu-nidades de aplicação de recursos no mercado financeiro.

6. ( ) Deve ser reativo e não proativo.

7. ( ) Valorizar o fluxo de caixa como um dos instrumentos mais im-portantes de gestão gerencial, difundindo a importância de sua correta utilização e buscando comprometer a alta administração na valorização desse conceito.

4. Descreva as etapas necessárias à elaboração do Fluxo de Caixa.

5. Das etapas descritas acima, qual delas é a mais importante? Por quê?

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6. Quais são as duas perguntas fundamentais para as quais precisamos deter profundo conhecimento, ao iniciar o processo de análise do Flu-xo de Caixa?

7. Quais são, em sua opinião, as principais limitações do Método Direto?

8. Analise as informações abaixo, indicando se elas estão corretas ou não. Justifique sua resposta.

a) Aumento de passivo significa captação de novos recursos, gerando efeitos positivos nas entradas de caixa, na data em que ocorrem.

b) Aumento de ativo representa novas aplicações realizadas, signi-ficando a necessidade de recursos do passivo para financiá-las e gerando saídas de caixa na data de pagamento.

c) Redução de passivo significa a aplicação de recursos para o paga-mento de fontes captadas no passado, gerando saídas de caixa na data do pagamento.

d) Redução de ativo significa desinvestimento realizado no ativo, re-presentando, na data do resgate da aplicação ativa, aumento na entrada de caixa.

ReferênciasBAILEY, JR; HERBERT, S. Diz o banqueiro: “cuidado com o fluxo de caixa”. Publi-shers Weekly, 1975.

SILVA, José Pereira. Análise Financeira das Empresas. São Paulo: Atlas, 2005.

Gabarito1. Alternativas 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12.

2. Alternativas 1, 2, 3, 6, 7.

3. Alternativas 3, 7.

4.

Obtenção de informações quantitativas, e principalmente qualitativas, �necessárias à elaboração do fluxo.

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Fluxo de caixa

Escolha da Metodologia (forma de elaboração) do Fluxo de Caixa. �

Análise dos resultados obtidos (motivos que levaram à geração previs- �ta de superávits ou deficits).

5. Obtenção de informações quantitativas, e principalmente qualitativas, necessárias à elaboração do fluxo. Fluxo de caixa, sem análise prévia da qualidade das informações, transforma-se em mera compilação de números.

6. Quando o fluxo de caixa apresentar uma situação de superávit de cai-xa: por que só isso?

Quando o fluxo de caixa apresentar deficits de caixa: por que tudo isso?

7. Não permite observar as variações nos saldos de duplicatas a receber, estoques e valores a pagar (fornecedores, financiamentos, impostos etc.), cujo acúmulo gradual poderá ser a causa de um aumento ou re-dução substancial nas disponibilidades futuras de caixa.

8.

a) Sim, aumentos de passivo ocorrem pela captação de novos recur-sos junto aos sócios ou terceiros, gerando efeitos positivos no flu-xo de caixa, principalmente em função do prazo de pagamento.

b) Como ativo é igual ao passivo, qualquer aumento no ativo tem que ser precedido de igual aumento do passivo.

c) Passivos são reduzidos por pagamento (lembre que redução do patrimônio líquido, por prejuízo, significa a devolução do inves-timento do sócio, através da perda de parte do valor aplicado na empresa).

d) Redução de ativo significa resgate de aplicações realizadas, mes-mo que esse resgate seja automaticamente reaplicado em outro ativo ou empregado no pagamento de algum passivo.