Agricultura, pecuária e território. Contribuições à história agrária de Campinas - 1774-1920

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AGRICULTURA, PECUÁRIA E TERRITÓRIO: CONTRIBUIÇÕES À HISTÓRIA AGRÁRIA DE CAMPINAS (1774/1920) MIRZA PELLICCIOTTA 1 Na história da formação do Estado de São Paulo, o território paulista foi, por vários séculos, desprestigiado frente à metrópole portuguesa em função de suas debilidades mercantis. O seu longo passado de pobreza na perspectiva do mundo colonial lusitano teria sofrido, no entanto, um revés em meados do século XIX quando a emergência da economia cafeeira se mostrou capaz de transformar o território paulista na principal economia agro exportadora do Império Brasileiro, alterando-se drasticamente os caminhos e perspectivas de desenvolvimento há muito projetados para esta porção do mundo colonial e posteriormente do império brasileiro. A trajetória de formação do território paulista, por isso mesmo, carregou em seu interior uma cadeia sequenciada de discursos críticos aos próprios níveis de desempenho econômico (frente a outras regiões coloniais) que, em vários sentidos, contribuiu para sedimentar as marcas e sentidos centenários de pobreza e de crise, mesmo em contextos no qual já eram claros os sinais de desenvolvimento mercantil. A economia cafeeira, de fato, não emergiu no curso do século XIX de forma aleatória e externa ao mundo paulista, mas pelo contrário; sua constituição se deu internamente, alimentada por mudanças paulatinas nas formas de organização produtiva e alicerçada, antes de tudo, na produção de abastecimento e mercado interno, dinâmicas por séculos secundarizadas, ou mesmo contidas, pela administração metropolitana. A historiografia brasileira das últimas décadas tem promovido uma verdadeira varredura no estudo das dinâmicas de abastecimento e de desenvolvimento do mercado interno em diferentes regiões brasileiras nos períodos colonial e imperial, razão da constituição de uma grande área de pesquisa que há cerca de quarenta anos se definiu como “história social da agricultura”, hoje em sua terceira geração de historiadores (LINHARES, 1979; LINHARES e SILVA, 1981; CARDOSO, 1982; CASTRO, 1987; FRAGOSO, 1992; FLORENTINO, FLORENTNO E GOES, 1997; MOTTA e GUIMARÃES, 2007). No âmbito do território paulista, a presença desta perspectiva de abordagem, somada a uma vertente mais recuada de estudos originada na FFLCH/USP e na Escola de Sociologia e Política entre os anos de 1930 e 1940 - origem das obras de Sérgio Buarque de Holanda (HOLANDA, 1945; HOLANDA, 1994; HOLANDA, 1986), Antônio Candido (CANDIDO, 1964), Maria Izaura Pereira de Queiroz (QUEIROZ, 1973), entre outros - tem contribuído de maneira profunda para uma nova compreensão das trajetórias de formação e transformação paulista, mantendo-se atenção especial sobre a existência de uma centenária e singular história agrária. As temáticas que se desdobraram desta grande perspectiva de abordagem dizem respeito aos processos de ocupação e parcelamento da terra, às dinâmicas de abastecimento, ao desenvolvimento das relações mercantis no universo agrário, à transformação dos processos produtivos, à constituição das bases de uma sociedade escravista, ao teor das relações escravistas, aos processos de transição do trabalho escravo para o trabalho livre, ao desenvolvimento das relações capitalistas no campo, ao desenvolvimento urbano em direta 1 Universidade Estadual de Campinas, Doutora em História.

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Elementos para uma história agrária de Campinas/SP

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AGRICULTURA, PECUÁRIA E TERRITÓRIO: CONTRIBUIÇÕES À HISTÓRIA

AGRÁRIA DE CAMPINAS (1774/1920)

MIRZA PELLICCIOTTA1

Na história da formação do Estado de São Paulo, o território paulista foi, por vários séculos,

desprestigiado frente à metrópole portuguesa em função de suas debilidades mercantis. O seu

longo passado de pobreza na perspectiva do mundo colonial lusitano teria sofrido, no entanto,

um revés em meados do século XIX quando a emergência da economia cafeeira se mostrou

capaz de transformar o território paulista na principal economia agro exportadora do Império

Brasileiro, alterando-se drasticamente os caminhos e perspectivas de desenvolvimento há

muito projetados para esta porção do mundo colonial e posteriormente do império brasileiro.

A trajetória de formação do território paulista, por isso mesmo, carregou em seu interior uma

cadeia sequenciada de discursos críticos aos próprios níveis de desempenho econômico

(frente a outras regiões coloniais) que, em vários sentidos, contribuiu para sedimentar as

marcas e sentidos centenários de pobreza e de crise, mesmo em contextos no qual já eram

claros os sinais de desenvolvimento mercantil. A economia cafeeira, de fato, não emergiu no

curso do século XIX de forma aleatória e externa ao mundo paulista, mas pelo contrário; sua

constituição se deu internamente, alimentada por mudanças paulatinas nas formas de

organização produtiva e alicerçada, antes de tudo, na produção de abastecimento e mercado

interno, dinâmicas por séculos secundarizadas, ou mesmo contidas, pela administração

metropolitana.

A historiografia brasileira das últimas décadas tem promovido uma verdadeira varredura no

estudo das dinâmicas de abastecimento e de desenvolvimento do mercado interno em

diferentes regiões brasileiras nos períodos colonial e imperial, razão da constituição de uma

grande área de pesquisa que há cerca de quarenta anos se definiu como “história social da

agricultura”, hoje em sua terceira geração de historiadores (LINHARES, 1979; LINHARES e

SILVA, 1981; CARDOSO, 1982; CASTRO, 1987; FRAGOSO, 1992; FLORENTINO,

FLORENTNO E GOES, 1997; MOTTA e GUIMARÃES, 2007).

No âmbito do território paulista, a presença desta perspectiva de abordagem, somada a uma

vertente mais recuada de estudos originada na FFLCH/USP e na Escola de Sociologia e

Política entre os anos de 1930 e 1940 - origem das obras de Sérgio Buarque de Holanda

(HOLANDA, 1945; HOLANDA, 1994; HOLANDA, 1986), Antônio Candido (CANDIDO,

1964), Maria Izaura Pereira de Queiroz (QUEIROZ, 1973), entre outros - tem contribuído de

maneira profunda para uma nova compreensão das trajetórias de formação e transformação

paulista, mantendo-se atenção especial sobre a existência de uma centenária e singular história

agrária.

As temáticas que se desdobraram desta grande perspectiva de abordagem dizem respeito aos

processos de ocupação e parcelamento da terra, às dinâmicas de abastecimento, ao

desenvolvimento das relações mercantis no universo agrário, à transformação dos processos

produtivos, à constituição das bases de uma sociedade escravista, ao teor das relações

escravistas, aos processos de transição do trabalho escravo para o trabalho livre, ao

desenvolvimento das relações capitalistas no campo, ao desenvolvimento urbano em direta

1 Universidade Estadual de Campinas, Doutora em História.

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sincronia com as transformações rurais, à constituição de uma sociedade livre, às

transformações do Estado, às migrações e transformação do território rural e urbano, entre

outras. De forma concomitante, na contramão dos acelerados processos de urbanização que

nas últimas décadas tem promovido novas configurações e dinâmicas territoriais no Estado de

São Paulo e no Brasil como um todo, o aprofundamento alcançado pelas pesquisas em

história agrária vem oferecendo contribuições importantes ao estudo dos municípios,

auxiliando-os a identificar, resgatar e compreender seus caminhos singulares de constituição,

transformação e desenvolvimento.

Este projeto tem como intenção reunir, articular e discutir estudos que no curso das últimas

décadas trabalharam com a trajetória - e história – agrária do município de Campinas, num

esforço de compreender seus caminhos historiográficos, sistematizar referências e reunir

fontes iconográficas e documentais significativas.

O município de Campinas, de fato, vem merecendo uma ampla variedade de trabalhos

acadêmicos acerca dos seus caminhos de constituição e transformação social, econômica,

cultural, territorial, valendo observar que em duzentos e trinta e oito anos de história

institucional, a porção urbana deste município só ganhou relevância efetiva (em escala

territorial) nos últimos cinquenta anos. Por outro lado, foi no curso das décadas de 1920/1990,

que Campinas deu origem a oito novos municípios; as porções territoriais que deram forma a

Americana, Sumaré, Valinhos, Nova Odessa, Paulínia, Hortolândia, parte de Cosmópolis e de

Holambra achavam-se integradas ao termo da Vila de São Carlos desde 1797, questão que nos

leva a considerar que foi em meio a este grande território que, no curso do tempo ganhou

forma inúmeros bairros rurais, lavouras de abastecimento, canaviais, engenhos, senzalas,

grandes propriedades cafeicultoras, colônias de trabalhadores, núcleos coloniais privados e

estatais; na prática, comunidades agrárias, unidades produtivas, complexos agrícolas que em

diferentes tempos configuraram redes produtivas específicas com seus eixos viários, sistemas

de escoamento e modalidades hegemônicas de trabalho. Nas palavras de Claudia Gomes de

Siqueira, do Núcleo de Estudos Populacionais da Unicamp:

“...um dos municípios paulistas com maior dinamismo econômico e demográfico

(...) em todo o período de 1850 e 1900, ao contrário dos demais municípios

selecionados, Campinas não sofreu nenhuma perda territorial, seja através da

emancipação de distritos ou perda de distritos para outros municípios – o que

contribuiu para que Campinas mantivesse um certa “coesão territorial”, que

perdurou até a década de 1920, quando Campinas sofre seu primeiro

desmembramento municipal” (SIQUEIRA, 2009: 200/2001)

O antigo município de Campinas - para nos ater ao período de sua constituição, no final do

século XVIII, até seu primeiro desmembramento, no começo do século XX2 - contou com

atividades, processos e dinâmicas associadas às chamadas economia mercantil de

abastecimento, economia açucareira e economia cafeeira, sistemas ou ainda, complexos

agrários que, para além da esfera local, promoveram mudanças estruturais na centenária

história paulista. Mas, mais do que isso, nós podemos identificar na trajetória política deste

município a presença dos mesmos processos na criação da Freguesia de Nossa Senhora da

Conceição das Campinas do Mato Grosso, em 1774 (economia mercantil de abastecimento);

2 Campinas, entre sua criação e o primeiro desmembramento em 1924, deu origem a 6 distritos: o distrito do

Carmo e Santa Cruz (1870), de Sousas e de Valinhos (1896), de Vila Americana (1904), Cosmópolis (1906) e de

Rebouças/Sumaré (1906), estes três últimos originados de núcleos coloniais (espontâneos e oficiais) criados em

seu território.

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na constituição da freguesia em Vila de São Carlos, em 1797 (economia açucareira) e na

ocasião da elevação da vila à condição de cidade de Campinas, em 1842 (economia cafeeira).

Estes sistemas/complexos agrários, por sua vez, dividiram espaço no território de Campinas

em diferentes intensidades e períodos. A produção mercantil de abastecimento, em particular,

manteve relações de complementaridade com a economia açucareira, ainda que num percurso

de concentração fundiária e fortalecimento das relações escravistas. Já a emergência da

economia cafeeira, que acelerou a concentração fundiária e ampliou significativamente o

plantel de escravos transformando Campinas no centro mais populoso de escravos da

Província de São Paulo na década de 1870, fragilizou, ou mesmo desestruturou as bases da

antiga economia mercantil de abastecimento, disseminando um outro padrão de relações

produtivas.

Interessa-nos, então, pensar sobre estes fenômenos de sobreposição e permanência, de

transformação e recriação na constituição do universo agrário de Campinas entre os séculos

XVIII e começo do XX, à luz de estudos de diferentes áreas de conhecimento (história

econômica, história social, demografia, geografia, arquitetura, entre outras), na busca de

adentrar de maneira mais profunda nas esferas internas de gestação, desenvolvimento e

entrelaçamento destes sistemas/complexos, mantendo a atenção sobre suas dinâmicas de

mercado, alterações fundiárias e transformações das relações de trabalho.

FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DAS CAMPINAS DO

MARTO GROSSO (1774/1797)

A perspectiva de tomar o antigo município de Campinas como base territorial dos processos

de formação, desenvolvimento, sobreposição e/ou transformação de atividades de

abastecimento, produção açucareira e produção cafeeira, no curso dos séculos XVIII, XIX e

início do XX, nos permite refletir por novas angulações. Inicialmente, devemos considerar

que na ocasião da criação da freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do

Mato Grosso, em 1774 (origem do atual município de Campinas), uma grande área

pertencente ao termo de Jundiaí passava a compor não apenas mais uma nova freguesia, mas

também um novo distrito, com funções administrativas, religiosas e militares. E à semelhança

de outros bairros rurais, o do Mato Grosso de Jundiaí via-se elevado à função de sede

administrativa de uma ampla área com diversos outros bairros, mesmo sem contar ainda com

um núcleo urbano. Quais seriam os limites deste distrito/freguesia?

No recenseamento de 1767, sete anos antes da criação da freguesia/distrito, havia nas terras

do Mato Grosso 38 fogos e 185 habitantes, ou ainda, 53 fogos e 265 habitantes se incluída a

“rocinha” (região de Vinhedo) numa área, então, situada entre os rios pinheiros e Jaguari

(PUPO, 1969:28). Um ano depois de sua elevação, em 1775, passava-se a registrar a presença

de 47 escravos e agregados em 35 fogos habitados por 200 pessoas, contabilizando-se uma

produção significativa de milho, feijão, arroz e algodão, além da criação de porcos (em 22

fogos), gado (em 11 fogos), cavalos (em média de 1 a 2 por fogo) e bois de carro (PUPO,

1969:21). Também se achava registrado que entre estes 35 fogos, 29 sitiantes viviam de

“roça” (da produção em terras próprias, em media com 2 alqueires); que parte deles já

começava a se destacar na produção de mantimentos e que três agricultores produziam

aguardente. Estes sitiantes, aliás, estariam à frente das petições que pediam ao governo da

Capitania de São Paulo a criação de uma Freguesia/Distrito (PUPO, 1969:42).

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A provisão de Morgado de Mateus que elevou o bairro do Mato Grosso em 1774 à condição

de freguesia/distrito, portanto, vinha de encontro com o interesse destes produtores, podendo-

se observar que os mesmos sitiantes achavam-se distribuídos em nove bairros rurais ou

“centros de sítios” então denominados de Ponte Alta, Dois Córregos, Mato Dentro, Paragem

do Atibaia, Anhumas, Campo Grande, Pinheiros/Ribeirão, Brumado e Piçarrão (SANTOS,

2002; VILLELA, 2006).

Também nos parece importante observar que, antes mesmo de se transformar em

distrito/freguesia, o bairro do Mato Grosso já produzia alimentos e criava animais para o

mercado, originando-se suas bases de desenvolvimento da proximidade, ou mesmo integração

que, no curso da primeira metade do século XVIII, passara a manter com o vale do rio Mogi

Guaçú - uma zona montanhosa banhada a leste pelo rio Atibaia e ao norte pelo rio Mogi

Guaçu, que desde a abertura da Estrada do Anhanguera/dos Goiases (década de 1720) e da

descoberta de alguns veios auríferos, vinha sendo “devassada por exploradores de ouro”

(OLIVEIRA SORES, 2003:61-62), por plantações e criações de animais (OLIVEIRA

SORES, 2003:11). Nestas terras (também pertencentes a Jundiaí) formara-se “um núcleo bem

povoado“ que respondia a “um mercado consumidor insaciável” e que, com a “efetivação dos

negócios de gêneros de subsistência que abasteciam os núcleos mineradores de Goiás e de

Minas Gerais e os tropeiros que transitavam pela referida estrada”, acabara por se transformar

em sede de freguesia/distrito (1751) e na Vila de Moji Mirim (1769), registrando-se no ano de

1766 uma população de 1303 pessoas e em 1778, de 1925 habitantes. As vilas de Mogi Mirim

e Mogi Guaçú, por sua vez, destacavam-se no final do século XVIII como as áreas mais

populosas ao norte da chamada “Serra Acima” (planalto paulista), enquanto as vilas de

Jundiaí, Parnaíba, Itú e Sorocaba concentravam a maior população nas porções oeste e sudeste

da capitania paulista (MARCILIO, 2000).

O desenvovimento de lavouras de abastecimento nas terras que dariam origem à Campinas já

na primeira metade do século XVIII, décadas antes de sua elevação à freguesia, respondia,

portanto, à dinâmica da Estrada dos Goiases e ao mercado mantido por Moji Mirim com as

regiões mineradoras, podendo-se acompanhar no estudo de Celso Maria de Melo Pupo a

relação de moradores que no curso da década de 1740 começaram a se fixaram no bairro do

Mato Grosso, com seus agregados e posteriormente escravos (PUPO, 1969:66), ou ainda

encontrar, no mesmo estudo, indicativos das famílias que deram origem aos bairros rurais do

“Mato Dentro”, “Ponte Alta”, “Anhumas” - áreas localizadas nas proximidades da estrada e

posteriormente integradas ao distrito/fregueia de Nossa Senhora da Conceição

(D’ALINCOURT citado por PETRONE, 1968:45). Mas, como viviam e produziam estas

famílias? De que forma se dava a comercialização de seus produtos?

As pesquisas sobre as atividades mercantis de abastecimento no antigo município de

Campinas ainda se encontram restritas aos trabalhos de poucos pesquisadores, entre eles

Celso Maria de Mello Pupo (PUPO, 1969; PUPO, 1993), Jolumá Brito (BRITO, 1956-1969) e

mais recentemente Maria Isabel B. Célia Danieli (CELIA, 2000; CELIA DANIELI, 2006) e

Paulo Eduardo Teixeira (TEIXEIRA, 2007). No entanto, os estudos focados sobre as

mudanças populacionais em curso no período, ou ainda, sobre a produção de abastecimento

para as monções e para a Estrada do Anhanguera/do Goiases, em regiões próximas à

Campinas, vem se avolumando (GODOY, 2002; IANNI, 1996), parecendo-nos importante

destacar os trabalhos de Maria Luiza Marcílio (MARCÍLIO, 2000), e de Lucila Brioschi e

Carlos de Almeida Prado Bacellar (BRIOSCHI, 1991; BACELLAR, 1994; BACELLAR e

BRISCHI, 1999) acerca da formação da porção nordeste do Estado de São Paulo. Estes

estudos tem-nos permitido compreender que uma nova economia de subsistência, fundada

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num outro sistema e dinâmica de posses, pastagens e criações associados diretamente às

relações mercantis, achavam-se em formação na região e na contra mão de uma maneira

paulista centenária de habitar os sertões (fundada na agricultura itinerante e resistente ao

fortalecimento das relações de mercado) (MARCILIO, 2000).

O desenvolvimento de atividades agro-pastoris somado à penetração e fixação pela porção

nordeste da capitania de um forte e contínuo contingente de mineiros, imprimiriam mudanças

profundas no sistema de ocupação e produção tradicional paulista, reforçando

progressivamente as relações de mercado no trato da terra, das criações e no atendimento aos

viajantes. Em pouco tempo, uma sucessão de posses e/ou sesmarias integradas a “pousos” na

margem dos caminhos, daria forma a unidades produtivas com seus roçados de mandioca,

cana, feijões, bananas, algodão, milho, ou ainda, com campos de pastagem e criação de gado

vacum, cavalar e suínos, visando oferecer sustentação a estrada, ou ainda, a uma rede

produtiva em desenvolvimento (BACELAR E BRIOSCHI, 1999; CRUZ, 2010). Nas

palavras de Maria Isabel Basilisco Celia:

“A Capitania de São Paulo pode usufruir das ‘vantagens’ de sua posição geográfica

como área de irradiação e convergência das grandes rotas internas do comércio

colonial: das partes meridionais da colônia às minas gerais do ouro, e do litoral às

minas de Goiás e do Mato Grosso (...) [Mas] Ainda no governo de Morgado de

Mateus, os quatro setores que definiam as atividades econômicas da capitania

estavam resumidos na ‘exploração do ouro, na economia de auto-subsistência

familiar, na de subsistência propriamente dita e na mercantil” ( CELIA, 2000: 34/36)

VILA DE SÃO CARLOS (1797/1842)

Enfim, depois de onze anos da criação da freguesia/distrito de Nossa Senhora da Conceição

das Campinas do Mato Grosso, um novo recenseamento (1885) passava a registrar mudanças,

constando entre elas a presença de doze sitiantes com mais de cinco escravos (num plantel

total de 80 cativos) e de dois engenhos, o engenho Atibaia (de Joaquim Aranha Barreto de

Camargo, no bairro do Mato Dentro) e o engenho Lagoa (de Teodoro Ferraz Leite). Nos

levantamentos de Celso Pupo (com base neste recenseamento), registrava-se também a

presença de novos moradores procedentes de Porto Feliz, Atibaia, Jundiaí, Mogi Mirim,

Araçariguama, Taubaté, Moji Guaçu, Sorocaba, Itú, entre outras vilas e povoados3; pequenas

pistas que sugeriam grandes mudanças.

De fato, treze anos depois deste recenseamento, em 1798, a antiga freguesia já se achava

elevada à Vila de São Carlos (1797) e registrava, além de um crescimento no comércio de

abastecimento (milho, feijão, farinha, toucinho, trigo e aguardente), a presença de 37

engenhos e de uma produção de 8.843 arrobas de açúcar. Em 1804, então com 34 engenhos,

mantinham-se ativos 361 roceiros vinculados à produção de abastecimento e 11 produtores de

cana “de partido”; números que, em 1816, passariam para 45 engenhos e produção de 46.560

arrobas de açúcar. No ano de 1818, já seriam 60 engenhos produtores de 100 mil arrobas de

açúcar e em 1836, no apogeu da economia açucareira na Vila de São Carlos, 93 engenhos

3 Também nos parece interessante considerar que, desde 1774, Barreto Leme ocupara o cargo de diretor do

Distrito/Freguesia – então submetido ao diretor comandante da 3ª companhia de Jundiaí – e nele se mantivera até

sua morte, em 1882. Na ocasião deste mesmo recenseamento, quem se achava no cargo de diretor era um capitão

agregado escolhido pelo diretor comandante e rejeitado pelos moradores do distrito.

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com destilação e 93 destilarias produziriam 158.447 arrobas de açúcar e 7.399 canadas de

aguardente, volume correspondente a um terço de toda a produção de açúcar da Província de

São Paulo. Com relação ao mundo do trabalho, já hegemonicamente escravista, a Vila de São

Carlos:

“....De 156 cativos em 1779, passou a deter 1059 em 1800, aumentando essa cifra

para 2461 em 1817 e 4761 em 1829. Foi inclusive neste último ano que a população

escrava superou a população livre composta por 3634 indivíduos (respectivamente

56,7% e 43,3%)” (FERRAZ, 2012: 58/59).

No âmbito da produção de açúcar, propriamente dita, a Vila de São Carlos superara a

produção de Itú na década de 1820, cabendo-nos considerar que esta vila centenária vinha

enfrentando o problema de saturação de suas terras desde o ano de 1784, questão, por sua vez,

que nos ajuda a compreender a velocidade da expansão dos canaviais pelas terras

Campineiras. Segundo Celso Pupo, foi no ano de 1788 que teve início a segunda fase de

concessões de sesmarias na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, processo que permitiu

o acesso dos lavradores de cana (do “quadrilátero do açúcar”) a uma nova estrutura fundiária

em formação, ao mesmo tempo em que as terras tão ricas em matas deixavam-se incorporar à

economia açucareira em expansão. Foi neste processo, ainda, que se decidira pela elevação da

freguesia à condição de vila, com seu termo e instâncias políticas próprias. E nesta trajetória,

segundo Paulo Eduardo Teixeira:

“...a sociedade campineira sofreu uma transformação significativa, deixando de ser

uma sociedade “rural de autoconsumo” – com um elevado índice de livres, para ser

uma região de “agricultura voltada para a comercialização”, onde a presença de

escravos, principalmente, tornou-se preponderante. Na base dessa sociedade, o

escravo passou a ganhar maior importância para o estabelecimento de uma economia

agrária voltada ao comércio, e em 1814, quando a vila de Campinas não tinha

completado vinte anos de existência, a mesma já despontava como uma região com

forte presença de mão de obra escrava, para em 1829 superar a antiga vila de Itú, e

muitas outras” (TEIXEIRA, 2007)

As rápidas mudanças na composição e funcionamento da sociedade campineira também se

fizeram sentir nas dinâmicas de escoamento e comércio. Estas mudanças, que contaram com

uma forte presença do governo da capitania/província de São Paulo, diziam respeito às

melhorias da estrutura viária de todo o “quadrilátero do açúcar”, datando dos primeiros anos

do século XIX a abertura de uma estrada entre Itú e a Vila de São Carlos; o melhoramento da

estrada carroçável entre esta vila e Franca; a abertura em 1824 de uma nova estrada carroçável

entre a vila de São Carlos e Jundiaí; a abertura em 1826 de uma estrada entre a vila de São

Carlos e o barranco do rio Jaguari; a construção de um rancho de telhas na entrada da cidade

em 1818; obras que ampliariam e qualificariam em muito a rede viária anterior, além de criar

novas e importantes condições de acesso ao porto de Santos. Além dos melhoramentos

viários, o governo da capitania/província de São Paulo também interviria na questão da

importação de escravos na busca de auxiliar o desenvolvimento da economia açucareira na

“serra acima”.

E quais seriam os limites do termo da Vila de São Carlos? Que relação eles teriam com a área

da freguesia? Como se estruturavam as novas fazendas de cana? E que relações mantinham

com a lavoura de abastecimento? Valeria ainda indagar: em que proporção as terras desta

nova vila se fariam ocupadas? Sabemos por Celso Pupo que o processo de concessão de

sesmarias se prolongou de 1788 a 1822, “tendo sido mais intensa na época do florescimento

da indústria açucareira”. Em suas palavras:

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“Nessa fase, os moradores que dispunham de recursos para instalar engenho ou

mesmo fazer a cultura de cana para fornecimento a engenho alheio, adquiriam sítios

por posse, propriedades pequenas, reunindo-as a outras áreas contíguas de terras

devolutas que requeriam por sesmaria, compondo assim, áreas bastante para a

exploração açucareira” (PUPO, 1969:66).

Por outro lado, no entender de Luiz D’Allincourt, em passagem pela Vila de São Carlos em

1818: “Apesar do grande número de arrobas de açúcar, que se extraem de Campinas, a cultura

desse fertilíssimo e delicioso país deve reputar-se nascente ainda há legas e léguas de terreno

inteiramente coberto de mato virgem” (PETRONE, 1968:82)

O chamado “ciclo do açúcar” na região de Campinas vem merecendo, desde o trabalho

pioneiro de Maria Thereza Schorer Petrone (PETRONE, 1968), uma significativa atenção,

tomando-se como ponto de partida o grande número de variáveis que esta pesquisadora

levantou a respeito da implantação e desenvolvimento da lavoura açucareira no “quadrilátero

do açúcar”. Petrone observa, entre outras questões, que estas lavouras teriam se auto-

financiado; que elas contavam com propriedades grandes (com mais de 400 alqueires), médias

(com 20 a 400 alqueires) e pequenas (com menos de 20 alqueires), variando suas proporções

conforme as áreas e períodos (PETRONE, 1968:63); que haviam diferentes modalidades de

agricultores (de sítios ‘de posse’ ou de terras devolutas; com terras por compra; sesmeiros) e

de “lavradores” (donos de terra com engenhos, lavradores sem terra ‘a favor’, canas ‘de

partido’); que tanto as pequenas quanto as grandes fazendas se utilizavam do trabalho

escravo; que entre as propriedades paulistas predominavam escravos africanos; que as

técnicas produtivas sofreram poucas transformações no curso do tempo; que a introdução de

uma nova variedade de cana foi capaz de ampliar em muito a produtividade; que questões

como as de fertilidade da terra, debilidades das técnicas de cultivo, necessidades de lenha para

os engenhos, ou ainda, limitações na capacidade de processamento do açúcar, haviam

provocado um parcelamento de grandes propriedades (para a instalação de novos engenhos),

assim como o deslocamento das lavouras em busca de novas terras, estendendo-se as

plantações por regiões mais amplas.

Suas reflexões, pela qualidade da leitura, se revelariam presentes numa ampla gama de

investigações, ganhando prosseguimento nas décadas seguintes uma série de temáticas

sugeridas por ela acerca da presença de pequenos agricultores, de tropeiros, de escravos

(EISENBERG ,1989; FULLER, 1995; MARTINS, 1995; COSTA, 1997; CELIA, 2000;

COSTA, 2004). Na atualidade, a ampliação dos estudos sobre o “quadrilátero do açúcar” e de

seu papel na transformação da Capitania/Província de São Paulo, nos permite tratar do

território campineiro numa perspectiva de história regional (MARCILIO, 1973; QUEIROZ,

1977; DIAS, 1986; BLAJ, 1998; WISSENBACH, 1998; MARCILIO, 2000; DUARTE

JUNIOR, 2003; OLIVEIRA, 2006).

CIDADE DE CAMPINAS (1842)

No curso das décadas de 1830/1840, as fazendas de cana de açúcar, com seus engenhos,

dinâmicas de comércio, estruturas de funcionamento e de abastecimento, começaram a dar

lugar às lavouras e fazendas de café, gênero agrícola que trazia outras necessidades, mas

também novas perspectivas de desenvolvimento e comercialização; foi em meio a este

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processo, aliás, que em 1842 a Vila de São Carlos se tornou cidade de Campinas

(PELLICCIOTTA, 1997: 96-124).

As mudanças foram, mais uma vez, muito rápidas; mas desta vez, a propagação das lavouras

extensivas de café se faria acompanhar pela aceleração da concentração fundiária e da posse

de escravos, alargando-se rapidamente as bases de uma sociedade escravocrata que crescia em

paralelo à desarticulação da economia mercantil de abastecimento. Nas palavras de Lizandra

Ferraz: “...é possível sugerir que a concentração da posse escrava em grandes escravarias na

cidade de Campinas já se iniciou na primeira metade do XIX, atingindo provavelmente seu

ápice na década de 1860, quando alcançou 72,5% do total da escravaria” (FERRAZ, 2012:

67).

A expansão dos cafezais contaria também com a decretação da Lei de Terras pelo governo

imperial (1850); lei que substituía o sistema de sesmarias (interrompido desde 1822) pela

regulamentação de contratos de compra/venda de propriedades, e que passava a considerar a

categoria de terra devoluta como terra “não ocupada”, colocando “em disponibilidade”,

imensas extensões, ou ainda, porções de terra dos sertões paulistas.

No ano de 1854, o município já contava com 117 fazendas de café e 6000 escravos,

despontando como o quarto produtor paulista nesta modalidade agrícola. No final da década

de 1860, enquanto a produção de açúcar registrava 60.000 arrobas, um montante de 189

fazendas alcançava a cifra de 1.000.000 de arrobas de café conferindo à cidade o papel de

“epicentro das mudanças” da economia cafeeira em expansão pelo território paulista, ou

ainda, o título de “cabeça de comarca” e o fato de se constituir num dos municípios mais

opulentos da Província. Entre as décadas de 1870 e 1880, Campinas alcançaria um

crescimento ainda mais notável, transitando de 1.300 mil arrobas no começo dos anos de 1870

para 10.300 mil arrobas em 1886, período no qual a cidade se torna conhecida como “capital

da lavoura” da região oeste paulista (SEMEGHINI, 1988).

Mas, como teria sido possível, em pouco mais de três décadas, alcançar uma tal escala

produtiva? A estruturação deste complexo produtivo no município de Campinas contou com

vários fatores, entre eles, com a disponibilidade de terras (terras de cana e vastíssimas áreas de

mata). Ela também se fez possível em função da aquisição contínua de escravos (que, mesmo

num contexto marcado pela proibição do tráfico negreiro em 1850, conseguiu reunir uma

população de 14.000 cativos na década de 1870) e pelo sucesso na busca de alternativas para a

força de trabalho (67 núcleos de imigrantes em regime de parceria foram criados em fazendas

do município e arredores, entre as décadas de 1850 e 1860). Os altos preços obtidos pela

produção no mercado internacional também permitiram aos fazendeiros do município e região

solucionar o problema do transporte, fazendo instalar uma rede ferroviária de longo alcance,

orientada pelas necessidades das unidades produtivas. Neste caso, as fazendas cafeeiras de

Campinas passaram a contar, em 1872, com a Companhia Paulista de Estradas de Ferro

(direção sudeste/oeste); em 1874, com a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (direção

sul/nordeste); em 1894 com o Ramal Férreo Campineiro (leste) e em 1899 com a Companhia

de Carris Agrícola Funilense (noroeste). A estes fatores somaram-se, ainda, investimentos

privados no aprimoramento dos processos “racionais” (inclusive mecânicos) de produção e

beneficiamento do café, especializando-se o município na importação e produção local de

equipamentos destinados a aumentar a qualidade dos grãos e permitir-lhes adentrar no

mercado internacional de cafés finos, de alto valor agregado (PELLICCIOTTA, 1999:22/23).

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O complexo cafeeiro, que contou com Campinas em seu percurso de estruturação, se espalhou

pelos contrafortes ocidentais da Mantiqueira (Campinas, Itu, Jundiaí, Amparo, Bragança, São

João da Boa Vista, Mococa) depois de passar pelo Vale do Paraíba, e “aproveitando os

afloramentos de terra roxa”, ele seguiu pela região ao norte de Campinas para a depressão

periférica (Limeira, Araras, Rio Claro, Leme, Piraçununga e Descalvado), alcançando nas

últimas décadas do século XIX, os maciços de Ribeirão Preto (dividido pelo Rio Pardo) e os

de Araraquara, separados pelo vale do rio Mogi-Guaçu; e a partir deles, as plantações de café

seguiram pelas “grandes extensões de terra roxa no planalto ocidental paulista” (de Mococa

ao Vale do Paranapanema, acompanhando o escarpamento da cuesta). No início do século

XX, esta imensa expansão registrava a presença de 110 milhões de cafeeiros no maciço de

Ribeirão Preto (entre as terras, ao norte, de Batatais e as terras, ao sul, de Ribeirão Preto,

Sertãozinho, São Simão, Cravinhos e Santa Rita do Passa Quatro) e de 100 milhões de

cafeeiros no maciço de Araraquara (à esquerda do Rio Mogi-Guaçu, rumo às terras de São

Carlos do Pinhal, Descalvado, Pitangueiras, Araraquara, Bebedouro e Jaboticabal). Na zona

compreendida entre Araraquara e a calha do rio Tietê (nas proximidades de Jaú e Brotas)

também se achava presente 70 milhões de pés de café (entre as décadas de 1880 e 1910), e do

outro lado do Rio Tietê, na área junto à cuesta, outros 45 milhões de cafezais (nas regiões de

Botucatu/São Manoel, com prolongamento para Lençóis, Avaré, Piraju e Salto Grande), eixo,

por sua vez, que no começo do século XX já começava a se aproximar das imediações de

Bauru (PELLICCIOTTA, 2010: 54/70).

Com tal volume de produção, seria inevitável que nas últimas décadas do século XIX a

economia cafeeira assumisse o centro das atenções, dos investimentos e das relações de poder

no território paulista, restando aos criadores de gado e aos lavradores de subsistência - há

muito instalados em várias porções do “sertão” -, a alternativa de regulamentar suas “posses”

e aderir ao novo processo ou vender suas terras e migrar mais para o oeste. De fato, ambos os

fenômenos ganharam lugar e as “bocas de sertão” passaram a se deslocar cada vez mais para

oeste e a avançar pelas terras de mata, consideradas as mais férteis para abrir as lavouras de

café; os conflitos seriam inevitáveis. Ao sistema ferroviário, que acompanhava as plantações,

coube ainda o papel de acelerar a penetração e transformação de vastas áreas de campo e mata

em novas áreas de lavoura, criação e industrialização, potencializando o desenvolvimento, a

articulação e a geração de um padrão de ocupação estruturado na monocultura extensiva, na

diversificação do capital, na especialização regional e na migração em massa

(PELLICCIOTTA, 2010: 44-63).

Entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras décadas do século XX, enfim, grande

parte da Província/Estado de São Paulo já se achava transformada pela expansão sem

precedentes da economia cafeeira, segmento agrícola que, ao aprimorar suas relações e

vínculos com o mercado, deixara-se (re) organizar como setor produtivo de forma a alcançar

os mais altos níveis de qualidade exigidos pelo comércio internacional. O século XX

começaria marcado, então, pelo crescimento acelerado das cidades e pela

sedimentação/fortalecimento de suas zonas de produção e circulação. O município de

Campinas, cujas lavouras cafeeiras já se encontravam em declínio no final do século XIX,

achava-se agora consolidado como centro político, comercial e financeiro, como centro

prestador de serviços especializados, irradiador de tecnologias, qualificador e distribuidor de

mão de obra, mostrando-se ainda presente em sua imensa zona rural, uma importante

diversificação agrícola que, neste contexto, também passava a contar com a presença de

imigrantes, ou ainda, com colônias agrícolas de imigrantes (privadas e estatais).

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Em meio a tudo isso, os estudos sobre o “complexo cafeeiro” e seu lugar na trajetória

histórica do município de Campinas não poderiam deixar de ser vastos (SAES, 1981;

MILLIET, 1982; SILVA, 1986; STOLCKE, 1986; SEMEGHINI,1988; VANGELISTA,

1991; GABRIEL, 1995; CANO, 1997; MOURA, 1998; LOURENÇO, 1998 ; GALDINO,

2006; TESSARI, 2010; ROMERO, 2004; SILVA, 2007; Baldini, 2010; ABRAHÃO, 2010;

CAVARZAN, 2010; MARTINS, 2011); e entre suas várias frentes de investigação, uma delas

vem desempenhando um papel particular: os estudos na interface entre história agrária e

escravidão, um notável campo de pesquisa que tem nos permitido estabelecer conexões entre

os períodos açucareiro e cafeeiro de Campinas - para nos ater apenas ao nosso objeto de

estudos (AZEVEDO, 1987; MACIEL, 1987; SLENES, 1987; EISENBERG, 1989;

ABRAHÃO, 1992; SILVA, 1993; CANO, 1994; DAMASIO, 1995; XAVIER, 1996;

SLENES In ALENCASTRO, 1997: 233-290; MATTOS, 1998; SLENES, 1999; XAVIER,

2002; ROCHA, 2004; ROCHA, 2004; PIROLA, 2005; DANIELLI NETO, 2002;

OLIVEIRA, 2007; FERRAZ, 2008; PEDRO, 2009; PEDRO, 2009; ZERO, 2009;

SCHEFFER, 2009; AMANCIO, 2010; FERRAZ, 2012. Estes trabalhos serão particularmente

analisados por este projeto de pesquisa.

Vale por fim considerar, que os campos da demografia e da linguística, trouxeram – e

continuam a trazer - contribuições particulares ao estudo das populações migrantes

(OLIVEIRA, 1985; BASSANEZI, 1986; FERRARI, 2001; TEIXEIRA, 2002; TEIXEIRA,

2007; FERRARI, 2008; SIQUEIRA, 2009); populações que desde o século XVIII integraram

a constituição do município e região, nos parecendo importante considerar que mais de 70

grupos étnicos deixaram a Hospedaria dos Imigrantes, em São Paulo, para no curso das

décadas de 1880/1930 seguir rumo ao interior paulista, passando boa parte deles pelo

entroncamento ferroviário de Campinas.

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