Agroecologia transforma vida de agricultor familiar em Jussara/BA

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EDBA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola. Av. Dorival Caymmi, 15.649 - Itapuã C.E.P.: 41635-150 - Salvador - Bahia - BRASIL Tel.: (71) 3116-1800 Fax: (71) 3375-1145 © 2006. Todos os direitos reservados Agroecologia transforma vida de agricultor familiar em Jussara Foto: Rejane Carneiro “Agroecologia? É vida e saúde”, responde de imediato o agricultor Aderlan Alves Brasileiro. Em meio a sua roça, cercado por fileiras e canteiros de tomate, cebola, coentro, pimentão, alface, repolho, cenoura e outras tantas hortaliças e olerícolas, é fácil perceber a vida saudável brotando da terra. O trabalhador, do povoado de Larga do Elói, no município de Jussara, é referência em toda a região na produção de alimentos orgânicos. Há nove anos, ele apostou na agroecologia e hoje colhe os benefícios nas finanças e na saúde de toda sua família. A agroecologia é uma proposta de cultivo para agricultura familiar que defende técnicas e formas de plantio em harmonia com o meio ambiente. Com uma abordagem que agrega saberes populares e tradicionais, permite a recuperação da fertilidade dos solos sem o uso de fertilizantes minerais, assim como o cultivo sem o uso de agrotóxicos. Acima de tudo, prega uma agricultura sustentável, assegurando a preservação do solo, dos recursos hídricos, dos ecossistemas naturais, e, por consequência, garantindo a segurança alimentar da unidade familiar rural. Aderlan, sua esposa, Luciene, e seus sete filhos, são exemplos de como a adoção do cultivo de orgânicos promove a melhoria da qualidade de vida para as famílias rurais. Quando voltou de São Paulo, há nove anos, o agricultor resolveu investir na agroecologia, pensando em agregar valor à produção. Nos três primeiros anos, sentiu um progresso tímido. Foi somente depois de fazer um curso, através da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria de Agricultura, que o cultivo dos produtos orgânicos deslanchou. “Estava precisando de orientação. O curso da EBDA foi uma luz, onde aprendi a importância da agroecologia e como podia fazer as coisas darem certo”, afirma.

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“Agroecologia? É vida e saúde”, responde de imediato o agricultor Aderlan Alves Brasileiro. Em meio a sua roça, cercado por fileiras e canteiros de tomate, cebola, coentro, pimentão, alface, repolho, cenoura e outras tantas hortaliças e olerícolas, é fáci

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EDBA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola. Av. Dorival Caymmi, 15.649 - Itapuã C.E.P.: 41635-150 - Salvador - Bahia - BRASIL Tel.: (71) 3116-1800 Fax: (71) 3375-1145 © 2006. Todos os direitos reservados

Agroecologia transforma vida de

agricultor familiar em Jussara

Foto: Rejane Carneiro

“Agroecologia? É vida e saúde”, responde de

imediato o agricultor Aderlan Alves Brasileiro.

Em meio a sua roça, cercado por fileiras e

canteiros de tomate, cebola, coentro,

pimentão, alface, repolho, cenoura e outras

tantas hortaliças e olerícolas, é fácil perceber a

vida saudável brotando da terra. O

trabalhador, do povoado de Larga do Elói, no

município de Jussara, é referência em toda a

região na produção de alimentos orgânicos. Há nove anos, ele apostou na agroecologia e hoje

colhe os benefícios nas finanças e na saúde de toda sua família.

A agroecologia é uma proposta de cultivo para agricultura familiar que defende técnicas e formas

de plantio em harmonia com o meio ambiente. Com uma abordagem que agrega saberes

populares e tradicionais, permite a recuperação da fertilidade dos solos sem o uso de fertilizantes

minerais, assim como o cultivo sem o uso de agrotóxicos. Acima de tudo, prega uma agricultura

sustentável, assegurando a preservação do solo, dos recursos hídricos, dos ecossistemas

naturais, e, por consequência, garantindo a segurança alimentar da unidade familiar rural.

Aderlan, sua esposa, Luciene, e seus sete filhos, são exemplos de como a adoção do cultivo de

orgânicos promove a melhoria da qualidade de vida para as famílias rurais. Quando voltou de São

Paulo, há nove anos, o agricultor resolveu investir na agroecologia, pensando em agregar valor à

produção. Nos três primeiros anos, sentiu um progresso tímido. Foi somente depois de fazer um

curso, através da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria

de Agricultura, que o cultivo dos produtos orgânicos deslanchou. “Estava precisando de

orientação. O curso da EBDA foi uma luz, onde aprendi a importância da agroecologia e como

podia fazer as coisas darem certo”, afirma.

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A técnica da EBDA, Stelina Vasconcelos, que acompanha o trabalho com Aderlan, explica que

existem muitos produtores rurais que buscam a agricultura orgânica porque já perceberam os

malefícios causados pelo uso de agrotóxicos. “A agroecologia, além de ser uma alternativa para a

produção de alimentos mais saudáveis, é também uma saída para o agricultor não ser explorado,

pois ele assume um papel fundamental na cadeia produtiva, administrando a comercialização dos

seus produtos, não dependendo do atravessador para o escoamento de sua produção”, afirma a

técnica.

Para Aderlan Brasileiro, o cultivo dos alimentos convencionais chega a ser irracional. “Quando

você usa agrotóxico, a sua saúde, a da sua família, e a de quem vai consumir o alimento fica

prejudicada. Além disso, a terra se desgasta mais fácil, você gasta muito mais e vende o produto

por menos, não tem lógica”, explica. “Nunca falta alimento na minha casa e eu não gasto nada

fazendo feira. Chego a vender meus produtos por cerca de 50% a mais do que os convencionais,

mas quando agricultores me procuram, vendo por um preço bem mais em conta, para que todos

tenham acesso a um alimento de qualidade”, completa Brasileiro.

Atualmente, Aderlan está inserido no projeto de pesquisa-ação realizado pelo Pacto Federativo

estabelecido entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), através da EBDA, e a

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). O agricultor desempenha o papel

de pesquisador local, difundindo os saberes agroecológicos na comunidade e cedendo a sua

propriedade para ser utilizada como uma unidade de pesquisa e difusão tecnológica.

A Coordenadora do Pacto Federativo no Território Irecê, Sandra Amim, explica que a experiência

de Aderlan com o cultivo de orgânicos será usada como referência metodológica para os

agricultores da região, promovendo a interação do conhecimento científico com o popular.

“Estaremos promovendo periodicamente intercâmbios, palestras e visitas, com o objetivo de

disseminar o conhecimento dele e incentivar mais agricultores a praticarem a agroecologia. Por

outro lado, o homem do campo estará totalmente inserido no projeto de pesquisa, auxiliando com

os seus saberes e tomando a dimensão e importância da abrangência do seu trabalho”, afirma

Amim.

Segundo a técnica Stelina Vasconcelos, uma das atividades mais importantes que está sendo

desenvolvida com a família de Aderlan é o processo de recaatingamento da sua propriedade.

“Depois de uma conversa sobre a porcentagem da área de caatinga existente em sua roça, ele

apresentou interesse em recuperar uma área de três tarefas. Aceitamos o desafio e entramos em

contato com uma empresa que cedeu inicialmente 50 mudas. Hoje, já percebemos que esta ação

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tem incentivado os agricultores circunvizinhos com os cuidados com a terra”, assegura

Vasconcelos.

“Estamos integrando toda a comunidade nessa ação, principalmente as crianças. Através de

palestras desenvolvidas na escola municipal instalada na comunidade de Larga do Elói,

trabalhamos com a mudança de comportamento visando o tripé da sustentabilidade: agricultura

economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa”, esclarece ainda Stelina

Vasconcelos. “A expectativa é que o exemplo de Aderlan incentive outros a recuperar os 20% da

área de caatinga que está proposto e sancionado por lei no Código Florestal Brasileiro.

Futuramente, os agricultores poderão averbar estas áreas como reserva legal e adotar novos

modelos, consorciando caatinga, plantio e criação de animais como o sistema agrossilvopastoril,

gerando renda e mantendo a sustentabilidade”, completa a técnica.

Para Aderlan, o projeto trouxe melhorias para sua propriedade e mais segurança para continuar

realizando seu trabalho. “Hoje meus filhos confiam mais na agricultura e veem em mim um

exemplo. Com a bolsa que ganho pelo projeto, posso investir mais na minha roça e fico mais

seguro pra experimentar novas técnicas”, diz o agricultor. “A vida sem a agroecologia não é vida,

é só morte. Quero que todo mundo possa saber disso e que todos os agricultores vejam os

benefícios dos alimentos orgânicos, pois eles transformaram a vida da minha família”, conclui

Aderlan Brasileiro.

Fonte:

EBDA/Assimp

(71) 3116-1907

[email protected]