Agroecológico Janeiro 2012

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Ano 4 | Edição nº 16 | Janeiro de 2012 www.sinter-mg.org.br Bio Dicas: Propriedades medicinais e culinárias do jambolão 02 Atividade antibacteriana de extrato das folhas de jambolão pág. 03 DESTAQUE OUTRAS NOTÍCIAS Árvore com frutos de Jambolão Fotografia da internet Informativo Técnico do Sindicato dos Trabalhadores em Assistência Técnica e Extensão Ruraldo Estado de Minas Gerais

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Ano 4 | Edição nº 16 | Janeiro de 2012

www.sinter-mg.org.br

Bio Dicas:Propriedades medicinais e culinárias do jambolão02

Atividade antibacteriana de extrato das folhas de jambolão

pág. 03

DESTAQUE

OUTRAS NOTÍCIAS

Árvore com frutos de JambolãoFotografia da internet

Informativo Técnico do Sindicato dos Trabalhadores em Assistência Técnica e Extensão Ruraldo Estado de Minas Gerais

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Nesta edição, falaremos sobre o jambolão, ou jamelão, para quem é do Rio de Janeiro. Árvore que os seus frutos geraram o apelido de um dos maiores interpretes de samba, o grande Jamelão, da Mangueira.

Não viemos aqui falar de samba, mas sobre o jambolão. Jambolão das brincadeiras de criança que faziam as mães ralharem, pois o seu sumo manchava as roupas. Jambolão que os pássaros adoram. Jambolão im-portante no estudo dos benefícios das plantas medicinais para a saúde humana e também animal. Mostra-mos nesta edição um trabalho de pesquisa com essa árvore.

Além disso, também comentamos como utilizar o jambolão, suas folhas, semente e polpa. Boa leitura e pes-quisas sobre esta árvore que é carac-terística de nossa região, mas está sumindo nas cidades maiores, pois muitos moradores reclamam que os seus frutos mancham a pintura dos carros. Coitados, eles não sabem o que estão perdendo!

Também estamos em época de As-sembleias. Entre em contato com o representante do Sinter-MG na sua região. Veja data, hora e local. Par-ticipe! Você é importante!

Antônio DominguesDiretor de Comunicação do Sinter-MG

O Jambolão é conhecido por uma grande variedade de nomes: jalão, kam-bol, jambú, azeitona-do-nordeste, ameixa roxa, murta, baga de freira, guapê, jambuí, azeitona-da-terra entre outros. Entretanto, seu nome científico é Syzygium cumini, uma planta pertencente à família Mirtaceae. Em relação ao seu fruto, eles são do tipo baga (extremamente parecidos com as azei-tonas). Sua coloração, inicialmente branca, torna-se vermelha e posterior-mente preta, quando maduras.

Sua semente fica envolvida por uma polpa carnosa e comestível, doce, mas adstringente, sendo agradável ao paladar. No Brasil, o fruto é geralmente consumido in natura, porém esta fruta pode ser processada na forma de compotas, licores, vinhos, vinagre, geléias, tortas, doces, entre outras.

As propriedades medicinais do Jambolão não são atribuídas apenas ao seu fruto. Existem relatos de inúmeras propriedades atribuídas também ao seu caule e as suas folhas. Dentre estas propriedades, destacam-se ações anti-inflamatórias e carcinogênicas (caule) e antibacteriana, antiviral, antifúngica e antialérgica (folhas).

Logicamente, estas propriedades são extremamente controversas. Quanto aos efeitos sobre os níveis de glicose, encontramos relatos de que tanto o caule, o fruto e as folhas teriam ações sobre o metabolismo da glicose. Mais interessante ainda, parecem que alguns relatos destas ações têm mais de 100 anos, antes mesmo da descoberta da insulina.

Sugere-se, portanto, que o uso do extrato de folha de jambolão para cura do diabetes não seja isolado. Que seja utilizado de forma coadjuvante jun-tamente com sua terapia medicamentosa.

Uso medicinal

O chá das folhas e das sementes da espécie também é muito conhecido na medicina popular indiana, principalmente pelos efeitos hipoglicemiantes.

Uso culinário

A polpa do jambolão também é utilizada na produção de doces e tortas. Estudos indicam que a produção da geléia de jambolão mostrou-se viável, principalmente para o pequeno produtor.

Editorial

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DIRETORES DE BASE Norte | Maria de Lourdes V. Leopoldo Centro | Afrânio Otávio Nogueira Triângulo | Walter Lúcio de Brito Leste | Adilson Lopes Barros Zona Da Mata | Margareth do Carmo C. Guimarães Sul | André Martins FerreiraAlto Paranaíba e Noroeste | Paulo César Thompson

REpRESENTANTES DAS SEçõES SINDICAISJanaúba | Raimundo Mendes de Souza Júnior Januária | Renato Alves Lopes Montes Claros | Onias Guedes Batista Salinas | José dos Reis Francisco da Rocha Barbacena | Tadeu César Gomes de Azevedo Belo Horizonte | Silmara Aparecida C. Campos Curvelo | Marcelino Teixeira da Silva Divinópolis | Júlio César Maia Uberaba | Oeder Pedro Ferreira Uberlândia | Carlos Miguel Rodrigues Couto Patos De Minas | Dener Henrique de Castro Unaí | Dalila Moreira da Cunha Almenara | Ronilson Martins Nascimento Capelinha | Vilivaldo Alves da Rocha Governador Valadares | Maurílio Andrade Dornelas Teófilo Otoni | Luiz Mário Leite Júnior Cataguases | Janya Aparecida de Paula Costa

Manhuaçu | Célio Alexandre de O. Barros Juiz de Fora | Deyler Nelson Maia Souto Viçosa | Luciano Saraiva Gonçalves de Souza Alfenas | Sávio dos Reis Dutra Lavras | Júlio César Silva Pouso Alegre | Sérgio Bras Regina

CONSELhO FISCAL Ilka Alves Santana | Francisco Paiva de Rezende | Marlene da Conceição A. Pereira | Noé de Oliveira Fernandes Filho | Reinaldo Bortone

CONExãO SINTERCoordenação | Antônio Domingues Participação | Diretoria Sinter-MG | André Henriques Edição | Mauro Morais Diagramação | Somanyideas Projeto Gráfico | Somanyideas Jornalista Responsável | Dante Xavier MG-13.092 Circulação | Online

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Edição nº 16 | Janeiro de 2012 | Ano 4 02

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RESUMO

A atividade antimicrobiana de plantas medici-nais tem sido pesquisada em diversas espécies, tanto no Brasil quanto em outros países. O obje-tivo deste trabalho foi o de avaliar a existência de efeito antibacteriano de extrato hidro-alcoóli-co a 10% (m/v) de folhas de jambolão. Utiliza-ram-se 17 isolados bacterianos, Gram positivos e Gram negativos. A ação antibacteriana foi avali-ada através da inocu-lação de placas de ágar Mueller Hinton, com um inóculo bac-teriano de 1x106 ufc mL-1, onde se colo-caram quatro discos de papel; o primeiro de antimicrobiano comercial e os de-mais embebidos em 25mL do extrato, de solução salina ou de etanol. As placas foram incubadas a 37°C por 24 horas, sendo posteriormente realizada a leitura do diâmetro dos halos de inibição. O extrato inibiu o crescimento de 100% das bac-térias testadas e os isolados Gram positivos apresentaram um halo médio de 19,5mm, en-quanto o dos Gram negativos foi de 18,8mm. Não houve inibição significativa de crescimento nos tratamentos com salina e etanol. Conforme os resultados deste estudo, o extrato testado apresenta atividade antibacteriana frente às amostras testadas, sem diferença de sensibi-lidade entre microrganismos Gram positivos e Gram negativos.

INTRODUÇÃO

Desde 1977, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem incentivado o estudo de plantas tradicionalmente conhecidas como medicinais, com o objetivo de avaliar cientificamente os benefícios da utilização de medicamentos fi-

toterápicos e de conhecer, ao mesmo tempo, os riscos de seu uso indevido. Muitos centros de pesquisa, em todo o mundo, vêm desenvol-vendo estudos sobre as propriedades farma-cológicas das plantas medicinais. No entanto, faltam ainda evidências laboratoriais e clínicas sobre a eficácia e a segurança de seu empre-go, tanto em animais como em seres humanos. Os supostos méritos terapêuticos que pos-suem devem-se, principalmente, a informações

empíricas e subjeti-vas da medicina fol-clórica (YUNES & CECHINEL FILHO, 2001).

Apesar das indús-trias farmacêuticas produzirem um ex-pressivo número de novos antibióticos nas últimas três dé-cadas, a resistência

microbiana a essas drogas também aumentou. Em geral, as bactérias têm a habilidade gené-tica de adquirir e de transmitir resistência às drogas utilizadas como agentes terapêuticos (COHEN, 1992). O problema da resistência microbiana é crescente e a perspectiva futura do uso de drogas antimicrobianas, incerta. Tor-na-se urgente adotar, portanto, medidas de en-frentar o problema, entre elas a do controle no uso de antibióticos, a do desenvolvimento de pesquisas para uma melhor compreensão dos mecanismos genéticos da resistência micro-biana e a da continuação dos estudos acerca de novas drogas, sintéticas e naturais (NASCI-MENTO et al., 2000).

O uso de extratos vegetais e fitoquímicos de conhecida atividade antimicrobiana po-dem adquirir significado nos tratamentos terapêuticos. Desenvolvem-se inúmeros es-tudos, em diferentes países, para compro-var-lhes a eficácia (NUNAN et al., 1985;

Atividade antibacteriana de extrato hidro-alcoólico de folhas de jambolão

“Em geral, as bactérias têm a

habilidade genética de adquirir

e de transmitir resistência às

drogas utilizadas como agentes

terapêuticos”.

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LOCHER et al., 1995; ANNAPURNA et al., 1999; DJIPA et al., 2000; FERESIN et al., 2001; KHAN et al., 2001; RAMESH et al., 2002). Muitas espécies vegetais têm sido usa-das, pelas características antimicrobianas, através de compostos sintetizados pelo me-tabolismo secundário da planta. Estes produtos são reconhecidos por suas substâncias ativas, como é o caso dos compostos fenólicos, que fazem parte dos óleos essenciais e dos taninos (NASCIMENTO et al., 2000).

O jambolão (Syzygium cumini (L.) Skeels) é uma planta da família Mirtaceae, oriunda da Ín-dia oriental, de acordo com MORTON (1987) e bastante conhecida na medicina popular india-na e paquistanesa por seus efeitos hipoglicemi-antes (PRINCE et al., 1998). Tem como sinoní-mia os nomes de Eugenia jambolana (Lam.), Myrtus cumini L., Syzygium jambolanum (Lam.) DC e Eugenia cumini Druce (MARCHIORI & SOBRAL, 1997). Vem sendo cultivado no Brasil como planta ornamental e o chá de suas folhas é normalmente utilizado por pacientes diabéticos (SILVA NETO, 1987; TEIXEIRA et al., 1990; SOARES et al., 2000). As folhas são ricas em taninos e saponinas. Tanto a casca como as folhas e as sementes são bastante ads-tringentes. O suco dos frutos é utilizado como adstringente, diurético, antidiabético e es-tomáquico. As propriedades adstringentes da casca são utilizadas contra diarréias crônicas, disenteria e menorragia. A decocção da casca é um eficaz enxagüante bucal no tratamento de aftas, estomatites, afecções da garganta e outras doenças das vias orais (KAPOOR, 1990).

O termo “tanino” é um nome genérico descri-tivo para um grupo de substâncias poliméricas fenólicas capazes de curtir couro ou precipitar gelatina em solução, propriedade conhecida como adstringência. São encontradas na maio-ria dos órgãos vegetais, como casca, caule, folhas, frutos e raízes. Muitas atividades fisiológicas humanas, como a estimulação das células fa-gocíticas e a ação tumoral mediada por hos-pedeiro, além de uma larga faixa de atividades antiinfectivas, têm sido atribuídas aos taninos. Uma de suas ações moleculares é a de formar complexos com proteínas através de forças de-nominadas “não-específicas”, como pontes de hidrogênio e ligações hidrofóbicas, assim como pela formação de ligações covalentes (COWAN, 1999).

O mecanismo de ação antimicrobiana dos tani-nos explica-se por três hipóteses. A primeira pressupõe os taninos inibindo enzimas bacte-rianas e fúngicas e/ou se complexando com os substratos dessas enzimas; a segunda inclui a ação dos taninos sobre as membranas celulares dos microrganismos, modificando seu metabo-lismo, e a terceira fundamenta-se na complexa-ção dos taninos com íons metálicos, diminuindo a disponibilidade de íons essenciais para o me-tabolismo microbiano (SCALBERT, 1991).

De acordo com os costumes regionais, dentre os inúmeros usos de espécies de Syzygium destaca-se o de seu efeito anti-hiperglicêmi-co (TEIXEIRA et al., 2000), antiinflamatório (CHAUDHURI et al., 1990) e antimicrobiano (CHATTOPADHYAY et al., 1998; MUKHERJEE et al., 1998; DJIPA et al., 2000; DORMAN & DEANS, 2000; SHAFI et al., 2002). A forma de administração dos chás e extratos também é bastante variável, de acordo com os princí-pios etnobotânicos. Os relatos científicos su-pracitados consideraram na quase totalidade, o preparo e a administração do extrato ou chá de acordo com o modo tradicional de cada etnia. Assim, a literatura relata extratos aquo-sos, hidro-alcoólicos e alcoólicos em diversas proporções, feitos a partir de folhas verdes ou secas, de casca, de frutos, de sementes e, até mesmo, de botões florais. O uso de solventes hidro-alcoólicos, obtidos a partir de diferentes proporções de água e etanol, é eficiente para a extração bruta de taninos e saponinas (FALKEN-BERG et al., 2002). O objetivo deste estudo foi o de avaliar a existência de efeito antibacteriano do extrato hidro-alcoólico a 10% (m/v) de folhas de jambolão. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 2 (pág. 05), pode-se observar o diâmetro dos halos de inibição resultantes dos quatro tratamentos avaliados. Os achados deste trabalho concordam com os de KHAN et al. (2001), que avaliaram extratos de folhas de Symplocos cochinchinensis, e com os de SRINIVASAN et al. (2001), que estudaram a atividade antimicrobiana de plantas utilizadas na medicina tradicional indiana. Os autores dos dois estudos obtiveram valores bastante semelhan-tes ao deste trabalho, incluindo a evidência de valores superiores, ou seja, de maior atividade contra as bactérias Gram positivas.

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Pesquisando a atividade antibacteriana de óleos essenciais extraídos de folhas de S. cumini e de outras espécies do gênero, SHAFI et al. (2002) também encontraram valores próximos aos apresentados neste trabalho, no que se refere ao diâmetro dos halos de inibição no teste de difusão em ágar. Os autores trabalharam com S. aureussp, E. coli, P. aeruginosa e Salmonella Typhimurum, ou seja, com cinco das espécies bacterianas aqui pesquisadas, corroborando a hipótese de efetiva atividade antibacteriana do extrato hidro-etanólico de folhas de S. cumini.

ANNAPURNA et al. (1999) relatam atividade antimicrobiana de diferentes extratos, inclusive aquoso, de folhas de Saraca asoca. No entan-to, tais extratos apresentaram um diâmetro de inibição superior para bactérias Gram negati-vas. Uma maior atividade contra esse grupo de bactérias também foi observada por NUNAN et al. (1985), com extrato de folhas de Aristolochia gigantea, e por LOCHER et al. (1995) em di-versas espécies medicinais havaianas.

As diferenças de atividade contra esses dois grupos bacterianos parecem derivar da consti-

tuição da parede celular bacteriana e dos cons-tituintes do extrato vegetal, principalmente do grupo dos taninos. Conforme os dados deste trabalho e de outros autores (KHAN et al., 2001; SRINAVASAN et al., 2001; CIMANGA et al., 2002), existe uma relação entre o teor de taninos e a atividade contra bactérias Gram positivas, que têm estrutura celular mais rígida, parede celular quimicamente menos complexa e menor teor de lipídico do que as Gram nega-tivas. CONCLUSÕES

Conforme verificado neste estudo, o extrato hidro-alcoólico a 10% (m/v) de folhas de jam-bolão (S. cumini (L.) Skeels) apresenta atividade antibacteriana frente a 17 isolados bacterianos testados, não sendo observada diferença de sensibilidade entre microorganismos Gram posi-tivos e Gram negativos.

Fonte: Atividade antibacteriana de extrato hidro-alcoólico de folhas de jambolão (Syzygium cumini(L.) Skells) - An-

drea Pinto Loguercio; Alice Battistin; Agueda Castagna de Vargas; Andréia Henzel; Niura Mazzini Witt - Universidade

Federal de Santa Maria Centro de Ciências Rurais