Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1709

Dezembro/2014

São João da Serra

DA PRODUÇÃO DA VASSOURA AO ALIMENTO AGROECOLÓGICO

Claudiana e Antônio dos Reis vêem na palha da carnaúba sua fonte de renda

Nascida na cidade de União, Claudiana Cardoso, conheceu o marido Antônio dos Reis durante uma visita a capital piauiense, Teresina, há 10 anos. Apaixonados, decidiram construir uma família, e foram morar no Povoado Floresta à 16 km de São João da Serra, cidade natal de Antônio dos Reis. O casal tem uma filha de 7 anos, Clarisse Vitória, que ajuda nos afazeres domésticos e também na plantação das hortaliças, não esquecendo é claro dos estudos.

Seu Antônio começou a plantar nas terras cedidas pelo seu avô e um tempo depois foi impedido de continuar, pelo próprio avô, a plantar. “Meu avô acreditava que eu estava desperdiçando água, então me proibiu de continuar plantando. Fiquei muito triste porque a maioria das plantas já estava crescendo e ficando bonita, mas eu nunca desisti de fazer minha horta, e hoje estou aqui com minha esposa fazendo o nosso próprio plantio no terreno que é nosso” comenta. Ele também afirma que apesar de ter ido embora para São Paulo duas vezes, nunca pensou em sair da sua terra, e que mesmo estando distante sempre pensava em voltar e

construir um lar em São João da Serra.

Há 2 meses essa realidade mudou para o casal, pois foi implantado um viveiro de mudas, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) executado pela Cáritas Regional do Piauí, e já trouxe um resultado positivo para a família na venda de cheiro verde. Além do coentro e da cebolinha, é plantado no viveiro, cebola, tomate, cenoura, beterraba, mudas de caju e pimentão. Também criam bode, ovelha, porco, galinha, peru e jumento.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

A sete anos, a principal renda da família vem da produção artesanal confeccionada com a palha da carnaúba, a vassoura, que é retirada pelo seu Antônio do carnaubal. Da palha é aproveitado tudo, e com ela os agricultores obtém 4 produtos: a vassoura, que é o produto principal; o pó do Olho da bandeira; o pó normal e o que sobra da palha vai para os canteiros em forma de adubo. Por mês é produzido 400 vassouras e 500 quilos de pó de carnaúba por ano onde é comercializado na cidade. Os produtos geram uma renda em torno de R$ 1.100,00 (hum mil e cem reais) suprindo assim as necessidades da família.

O processo é feito da seguinte forma: após a retirada da palha, faz-se um monte com a palha ainda verde e depois a palha é riscada com uma faca, para que possa ficar mais fino. Após esse processo a palha riscada é deixada no sol para secar durante um dia inteiro, e somente às 16h é retirada do terreiro para que seja feito a extração do pó. Toda a matéria prima é guardada na casa de apoio para que fiquem estocadas para o período de baixa da palha e período chuvoso.

Dona C laud iana é um exemp lo de trabalhadora e além de ajudar o marido na produção da vassoura, também vende castanha e doce de caju. Ela conta que ao total eles produzem sete tipos de produtos, onde quatro deles são derivados da palha da carnaúba: vassoura, pó do olho de bandeira, pó da carnaúba, adubo para o viveiro de mudas, ovos, doce de caju, castanha e ainda tem a venda das galinhas, ovelha e bode. Eles são um exemplo de agroecossistema.

Mesmo com as dificuldades o casal não pretende se mudar da região e vêem na segunda água uma nova v ida. Eles pretendem aumentar sua plantação com a chegada da cisterna-calçadão de 52 mil litros, que está sendo está sendo construída no terreno da família.

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