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AGROINDÚSTRIAS DE DERIVADOS DE CANA-DE-AÇÚCAR AGROINDÚSTRIAS DE DERIVADOS DE CANA-DE-AÇÚCAR Estudo de Caso na Agricultura Familiar EC 2 EC 2

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AGROINDÚSTRIAS DE DERIVADOSDE CANA-DE-AÇÚCAR

AGROINDÚSTRIAS DE DERIVADOSDE CANA-DE-AÇÚCAR

Estudo de Caso na Agricultura Familiar

EC 2EC 2

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1 Introdução

A agricultura familiar brasileira ocupa 80% das pessoas que trabalham na agropecuária, o que representa 18% da população economicamente ativa do país. Constitui importante estrutura produtiva para o desenvolvimento regional e local, através de atividades como a produção de alimentos e de matérias primas para a agroindústria, gerando emprego, renda e disponibilizando produtos processados para atender ao mercado consumidor.A Região Sudoeste do Paraná compõe parte desse contexto. Baseada na pequena propriedade rural, emprega na maioria dos processos produtivos a mão de obra familiar, desenvolvendo como principais atividades rurais a produção de milho, soja, feijão, bovinocultura de leite, avicultura e suinocultura comercial.No entanto, a baixa rentabilidade desses sistemas levou as propriedades rurais a diversificar e a buscar novas atividades que proporcionem mais renda e melhor utilização da mão de obra. Uma das alternativas encontradas pelos produtores foi transformar os produtos agropecuários através de pequenas unidades produtivas, chamadas agroindústrias, localizadas nas propriedades e comunidades rurais da região. Essas agroindústrias produzem atualmente produtos transformados das cinco principais cadeias produtivas desenvolvidas na região, tais como: leite, carne suína, frutas e hortaliças (vegetais), cereais (panificação e massas) e a cana de açúcar, sendo que, nos últimos anos, a cana de açúcar teve um grande crescimento tanto no que diz respeito ao número de unidades como no nível tecnológico, podendo ser considerada atualmente uma atividade de grande importância socioeconômica para diversos municípios do Sudoeste paranaense. Na região, existem cerca de 50 unidades de transformação de cana de açúcar, as quais objetivam a produção de açúcar mascavo, melado e rapadura ( , 2000), envolvendo centenas de famílias rurais, organizadas, em muitos casos, na forma associativa de produção. A opção pela produção na forma associativa de trabalho ocorre em função das inúmeras vantagens oferecidas por esse método as pessoas podem reunir capital para implantar empreendimentos que isoladamente não teriam, por exemplo. Também em conjunto, há melhores possibilidades de se obter financiamento pela maior garantia apresentada. Por outro lado, a produtividade do trabalho pode aumentar em conseqüência da especialização que se espera entre os membros de um empreendimento cooperativo. Em associação, os componentes podem realizar atividades de acordo com sua motivação, adaptação ou preparo numa divisão de tarefas que se traduz em maior eficiência para o empreendimento conjunto.A ação conjunta também pode proporcionar melhor qualidade de vida às famílias, em virtude de maiores investimentos e do esforço comunitário. Melhores moradias, convívio social mais intenso, mais tempo para o lazer, facilidades para o estudo das crianças e adultos estão entre os benefícios possíveis.Entretanto, a ausência de objetivos claros assumidos como importantes por todos os integrantes de um grupo de cooperação pode levar ao seu fracasso. Aqueles formados por influências de outros ou com finalidades pontuais, limitadas, como por exemplo ter acesso a algum recurso específico, têm grande chance de fracassar. Nesses casos, vários fatores podem levar ao fracasso: conflito de idéias e interesses, participação desequilibrada nas decisões, ausência ou exagero de liderança, dependência de pessoas e órgãos externos, falta de regras claras, falta de capital inicial, baixo rendimento no início das atividades, falta de conhecimento e assistência técnica, falhas na gestão e contabilidade, dificuldades econômicas conjunturais, entre outras.Este informativo objetiva contribuir para a análise desse tema, trazendo informações e indicadores de duas agroindústrias de derivados de cana de açúcar instaladas nos municípios de Santo Antônio do Sudoeste e Ampére, ambos localizados no Sudoeste do Paraná. Seguindo o propósito das Redes de Referências para a Agricultura Familiar, objetiva se mostrar os requerimentos exigidos e os resultados esperados desse modo de exploração associativa, de forma que sirva de referência para a agricultura familiar do Sudoeste paranaense.

HOLOWKA et al.

2 As Agroindústrias de Açúcar Mascavo no Cenário Brasileiro e Paranaense

Existiam no Brasil, no início do século passado, cerca de 140 usinas de açúcar mascavo e aproximadamente dez mil engenhos rurais. Com a criação do Instituto do Açúcar e Álcool, que deu início à industrialização da cana deaçúcar, em meados da década de 30, os pequenos engenhos foram desativados. Após cerca de cinqüenta anos do início da industrialização, o que se observa é o reaparecimento das pequenas usinas de açúcar mascavo, sobretudo em regiões que apresentam solos bem drenados, com precipitações superiores a 1.500 mm de chuva/ano e com clima quente e úmido. O Sudoeste do Paraná, o Oeste Catarinense e o Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul se destacam na atividade por possuírem tais características edafoclimáticas. Essas regiões também têm em comum uma agricultura de base familiar forte (DESER, 2001, citado por MARCHI, 2003).

HOLOWKA, H.; KIYOTA, N.; PAZ, C. R. S. Plano de desenvolvimento sustentável do Sudoeste do Paraná. Francisco Beltrão: Fórum Intergovernamental e da Sociedade do Sudoeste do Paraná, 1999. 52 p.MARCHI, J. F. Análise Diagnóstica da Cadeia Produtiva da Cana-de-açúcar (Direcionada à Produção de Açúcar Mascavo, Melado e Rapadura) na Região Sudoeste do Paraná. 2003. Monografia (Especialização em Agronegócios). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2003.

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A cultura da cana de açúcar foi trazida para a Região Sudoeste do Paraná pelos imigrantes e colonizadores provenientes, em grande parte, do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A princípio foi introduzida como atividade de subsistência, tendo sobrevivido até os dias atuais em unidades simples e predominantemente familiares (GOBATO et al., 2002, citado por MARCHI, 2003).Em relação à produção de açúcar mascavo, pode se dizer que esta é relativamente nova no estado, pois teve seu início em escala industrial somente a partir de 1995, com o aparecimento de nichos de mercado para o produto, o que tornou a atividade uma alternativa para a pequena propriedade rural na diversificação de renda e agregação de valor (MARCHI, 2003).

3 Surgimento das Agroindústrias de Ampére e Santo Antônio do Sudoeste

As agroindústrias de Ampére e Santo Antônio do Sudoeste foram implantadas em 1999 com recursos do Governo Federal e dos municípios. Foram construídas unidades de produção de açúcar mascavo e os primeiros barracões foram cedidos para as famílias sem custos.Nos anos seguintes, os barracões foram ampliados com recursos do Programa Paraná 12 Meses, sendo construídas cozinhas para a produção de bolachas, rapaduras, etc. Os equipamentos foram adquiridos por meio de financiamento do PRONAF Agregar.Muitas dificuldades ocorreram desde o início, pois os produtores não possuíam experiência para trabalhar em grupo com uma atividade complexa, que exige habilidade gerencial. Dificuldades de negociação e para o pagamento de financiamentos, e outros problemas, promoveram a desistência de alguns membros dos grupos. Com o passar dos anos, os problemas maiores foram contornados, mas as unidades não estão estabilizadas, pois ainda pagam financiamentos.O trabalho na comunidade da Água Preta (Agroindústria São Francisco), em Ampére, iniciou se cerca de dois anos antes da implantação do Programa Paraná 12 Meses.Por meio do diagnóstico rural participativo foram levantados os problemas da comunidade e das propriedades. Com o Programa Paraná 12 Meses, as habitações foram reformadas e o saneamento melhorado. Nesse momento, iniciaram se as discussões de alternativas agrícolas para melhorar a renda das propriedades. Após várias reuniões técnicas e excursões, a agroindústria de transformação da cana de açúcar foi a que despertou maior interesse entre os membros. Na seqüência, após a definição do tipo de agroindústria a ser implantada, iniciou se o plantio da cana de açúcar. O recurso para a construção surgiu como conseqüência. A agroindústria iniciou suas atividades com a adesão de oito famílias. No entanto, mesmo com todas as discussões realizadas, o grupo não era totalmente homogêneo (falta de afinidade e imediatismo). Uma das famílias desistiu bem no início e outras três desistiram no decorrer do processo, permanecendo as quatro atuais. Contudo, o fato de o grupo ter passado por diversas etapas até sua constituição foi fundamental para seu amadurecimento e assim superar as dificuldades e prosseguir. A inauguração da agroindústria se realizou no dia 9 de maio de 2000.Já as discussões para a implantação da agroindústria de Santo Antônio do Sudoeste (Cana 10) iniciaram se no momento em que os recursos para a construção foram disponibilizados. Foram realizadas reuniões e excursões para posterior tomada de decisão e implantação do empreendimento.Sete famílias iniciaram as atividades, sendo que três delas saíram do processo por falta de afinidade e imediatismo. A primeira retirada de renda da agroindústria ocorreu apenas seis meses após o início dos trabalhos e os valores foram bastante modestos.O perfil do produtor também foi de fundamental importância para a consolidação do grupo. Aqueles que buscavam resultados imediatos, já tinham atividades em suas propriedades com maior renda, demandavam mais mão de obra para a realização de atividades em sua propriedade ou tinham pouca afinidade com o grupo foram se desligando ao longo do tempo.Outro ponto importante para a manutenção e amadurecimento do grupo foi o acompanhamento técnico, tanto da produção como da gestão da agroindústria. As agroindústrias estudadas tiveram acompanhamento, principalmente da Emater PR e das prefeituras dos municípios em que estavam instaladas. Os produtores membros das agroindústrias participaram de feiras, excursões e treinamentos, o que oportunizou um grande crescimento cultural e gerencial. Esses procedimentos fizeram diferença positivamente até mesmo em relação a outras agroindústrias da região que não tiveram a mesma oportunidade.A implantação das agroindústrias necessitou de investimentos relativamente altos para a realidade das famílias participantes. Esses recursos foram oriundos do Governo Federal (PRONAF), Governo do Paraná e dos municípios.As famílias utilizam as receitas obtidas nas agroindústrias para a manutenção familiar, da agroindústria e pagamento de financiamentos. Com isso, as agroindústrias não se viabilizariam se dependessem apenas de recursos próprios ou financiados. Esses empreendimentos, tão importantes para a manutenção do homem no campo, dependem de políticas públicas de caráter social.

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4 Histórico das Famílias que Compõem as Agroindústrias de Açúcar Mascavo de Ampére e Santo Antônio do Sudoeste

As famílias que fazem parte das agroindústrias de Ampére e Santo Antônio do Sudoeste são oriundas, na grande maioria, de famílias de agricultores provenientes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que desenvolviam como principais atividades rurais a produção de milho, feijão e suinocultura (suínos soltos). Contudo, com o passar do tempo as culturas convencionais como o milho, feijão e soja foram se inviabilizando devido, principalmente, aos altos custos de produção, baixa produção de grãos e pouca rentabilidade, levando as propriedades rurais a diversificar e buscar novas alternativas que proporcionassem melhor renda e otimização da utilização da mãode obra. A verticalização da produção a transformação de produtos agropecuários em pequenas unidades produtivas, chamadas agroindústrias, localizadas nas propriedades e comunidades rurais da região citada por Marchi (2003), foi a alternativa encontrada nesse caso para que as famílias conseguissem aumentar sua renda. O produto escolhido para ser transformado foi a cana de açúcar, sendo que atualmente a agroindústria de açúcar mascavo é a principal atividade desempenhada pelas famílias e a responsável, na maioria dos casos, pela maior parte da renda das mesmas.

5 Aspectos Tecnológicos do Processamento da Cana-de-Açúcar em Açúcar Mascavo

5.1 Localização das unidades agroindustriais dos municípios de Ampére e Santo Antônio do Sudoeste

A unidade agroindustrial do município de Ampére está localizada na comunidade rural da Água Preta; a de Santo Antônio do Sudoeste na comunidade do km 10. Ambas estão implantadas em áreas cedidas pelas prefeituras, sendo a área do município de Ampére cedida em regime de comodato. As agroindústrias estão localizadas próximas às lavouras de cana de açúcar, com fácil escoamento do produto. As fotos abaixo mostram as duas unidades de produção de açúcar mascavo.

Unidade de produção de açúcar mascavode Ampére

Unidade de produção de açúcar mascavo de Santo Antônio do Sudoeste

As instalações são de alvenaria, compostas de: área de moagem (engenho), área de transformação, área de depósito de produtos prontos e área para a produção de panificação como bolachas, rapaduras, etc. Ambas seguem o padrão adotado pelo município de Capanema em 1997, como citado por Marchi (2003). Além disso, seguem os padrões higiênico sanitários para a produção de alimentos. As agroindústrias São Francisco (Ampére) e Cana 10 (Santo Antônio do Sudoeste) possuem os seguintes equipamentos:

5.2 Instalações das agroindústrias

5

Equipamentos utilizados na produção de açúcar mascavo.

Agroindústria São Francisco (Ampére)Agroindústria Cana 10

(Santo Antônio do Sudoeste)1Un 1Un

Engenho

Decantador (3 unidades)

Caixa de depósito de 1.000 litros

Caixa-d'água de fibra de 1.000 litros

Caixa- d'água de fibra de 5.000 litros

Pré-aquecedor de inox de 500 litros

Tacho de inox de 280 litros

Batedor 5 HP de 300 litros

Peneira vibratória c/ motor elétrico de 3 HP

Balança eletrônica de 30 kg (110 volts)

Seladora (110/220 Volts)

Caixa de inox de 1.000 kg

Mesa de inox

Engenho

Motor elétrico 7,5 HP

Caixa de depósito de 1.000 litros (fibra)

Tacho de ferro de 200 litros

Batedor

Peneira vibratória

Decantador

Caixa-d'agua de 250 litros

Mesa de inox

Balança eletrônica de 30 kg

Seladora

1

1

1

2

1

2

4

1

1

1

1

1

1

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8

1

1

1

1

1

1

1

1unidade

Equipamentos utilizados na panificação.

Agroindústria São Francisco (Ampére)Agroindústria Cana 10

(Santo Antônio do Sudoeste)1Un 1Un

Forno industrial com painel eletrônico

Forno desativado de 20 kg por hora

Máquina amassadora/extrusora

Batedeira de 2 litros

Armário de 20 formas

Fogão de 4 bocas

Geladeira de 280 litros

Cozinha americana

Mesa de madeira com 10 bancos

Balança manual

Aplicador de filme bivolt

Extrusora com cilindro

Extrusora sem cilindro

Amassadeira de 25 kg

Batedeira industrial

Balança eletrônica de 30 kg

Freezer de 310 litros

Seladora de pacote

Seladora de bandeja

Estufa para 20 formas

Forno turbo para 8 formas

Fogão de 4 bocas

Liquidificador

Geladeira de 300 litros

Mesa de inox

Exaustor grande

Exaustor pequeno

Ventilador de teto

Forma

Esteira

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

2

1

1

1

2

2

1

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54

1unidade

6 Tecnologia de Transformação do Açúcar Mascavo Granulado e Espaço Físico

As etapas de produção do açúcar mascavo estão descritas a seguir, conforme o fluxograma de produção. Essas etapas de produção do açúcar mascavo são as mesmas para ambas as agroindústrias.

CANA-DE-AÇÚCAR

Moagem e esmagamento

Produção de caldo

Decantação de impurezaspesadas e peneiragem

Purificação

Concentração

MeladoBrix: 74-78º

Aquecimento

Evaporação

EnsacamentoArmazenamentoEmpacotamento

ComercializaçãoConsumo

Açúcar mascavo

Bateção

Secagem

Peneiragem

Remoção dasimpurezasfloculadas

6

Fluxograma da fabricação do açúcar mascavo granulado e melado.

Processo de fabricação de açúcar mascavo.

Cana-de-açúcar sendo descarregada na unidade agroindustrial

Produção de caldo através da moagem e esmagamento

1 2

7

Além de açúcar mascavo, as duas agroindústrias produzem bolachas de diferentes tipos, rapaduras, suspiros e outros produtos alimentícios.

Açúcar no batedor Açúcar no batedor

5 5

Produção da massa Bolachas depois de assadas

1

3

Aquecimento do caldo da cana Caldo em estado concentrado

43

Bolachas confeitadas Bolachas sendo embaladas para comercialização

2

4

8

A figura ao lado ilustra o mínimo espaço físico necessário para a produção de açúcar mascavo e panificação em ambas as agroindústrias, que seguem os padrões da agroindústria do município de Capanema. No entanto, cada agroindústria realizou adaptações na construção original, conforme suas necessidades. Os principais produtos produzidos são: açúcar mascavo, melado, bolachas (de diversos sabores), rapaduras e suspiros.

Layout de produção de açúcar mascavo e panificação.

Bolachas embaladas e etiquetadas,prontas para comercialização

Bolachas e demais produtos comercializados pelas agroindústrias

5 5

9

6.1 Utilização da mão-de-obra

Mão de obra utilizada pelas mulheres na panificação, na Agroindústria São Francisco.

Mão de obra utilizada pelas mulheres na panificação, na Agroindústria Cana10.

A demanda de mão de obra é constante na maioria dos meses, porque em ambas as agroindústrias as mulheres produzem bolachas para a merenda escolar.A Agroindústria São Francisco conta com a mão de obra de 3 equivalentes homens para a panificação, sendo que todas as mulheres dedicam o mesmo número de horas à produção. Devido ao excedente de mão de obra, não é necessária a contratação de mão de obra temporária ou permanente. Como os custos de produção da panificação são separados dos custos de produção do açúcar mascavo, o valor obtido com a venda de bolachas e demais produtos é descontado das despesas para a produção dos mesmos; o valor excedente é dividido em partes iguais entre as mulheres.A agroindústria Cana 10 dispõe de 4 equivalentes homens, sendo que todas as mulheres também dedicam o mesmo número de horas à produção. No entanto, quando alguma delas necessita se ausentar, esta paga outra pessoa para lhe substituir, caso contrário é descontada a diária no valor de dez reais. As mulheres ainda possuem meio dia de folga por mês, mas caso optem por não tirá lo, recebem o valor de cinco reais. Nessa agroindústria também há excedente de mão de obra, não sendo necessária a contratação de mão de obra temporária ou permanente. A receita é proveniente dos descontos das despesas das duas atividades, panificação e produção de açúcar, e é divida entre as famílias em partes iguais.

Dia

s-h

om

en

s

Mês

Total

Disponível

Familiar

Dia

s-h

om

en

s

Mês

Total

Disponível

Familiar

Dia

s-h

om

en

s

Mês

Total

Disponível

Familiar

10

Mão de obra utilizada pelos homens na produção de açúcar e seus derivados, na Agroindús triaSão Francisco.

Dia

s-h

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en

s

Mês

Total

Disponível

Familiar

Mão de obra utilizada pelos homens na produção de açúcar e seus derivados, na Agroindús triaCana 10.

O gráfico de Ampére demonstra um acréscimo no uso de mão de obra nos meses de setembro e outubro. O aumento ocorreu devido à produção da cachaça, atividade que está sendo estruturada e que não apresenta resultados até o momento. Essa atividade conta atualmente com 3 equivalentes homens, não necessitando de mão de obra temporária ou permanente, pois há excedente de trabalhadores.Como os custos de produção da panificação são separados dos custos da produção de açúcar mascavo, os homens adotaram a seguinte forma de pagamento: recebem 15% do valor sobre a quantidade produzida por área (uma espécie de arrendamento), dos 85% são descontadas as despesas e o restante é divido em partes iguais. A agroindústria é responsável pela adubação das áreas mediante análise de solo e pelo pagamento de diaristas utilizados no corte da cana. A agroindústria possui um trator, que quando utilizado por algum sócio em sua propriedade para uso particular custa 15 reais/hora. O trator também é utilizado para realizar serviços de terceiros, sendo cobrado o valor de 50 reais/hora. A média de utilização do trator para serviços de terceiros é de 50 horas/ano, sendo o dinheiro arrecadado destinado à associação.Em Santo Antônio do Sudoeste, a mão de obra é praticamente constante em todos os meses, exceto em abril. No entanto, a prática de se produzir o ano todo deve ser revista, pois pode prejudicar o desenvolvimento da cultura e a qualidade do produto. Dispõem de 4 equivalentes homens, há excedente de mão de obra e, portanto, não é necessário contratar trabalhadores temporários ou permanentes. A adubação, o corte e o transporte da cana são feitos por conta dos sócios, sendo contratada mão de obra apenas quando alguém se ausenta. O pagamento da diária de R$ 15,00, nesse caso, é de responsabilidade do faltante, caso contrário é descontado o mesmo valor na distribuição do excedente.

11

Da produção total (açúcar + panificação) são descontados os gastos na agroindústria e o restante é dividido em partes iguais entre as famílias, como mencionado anteriormente. No caso da cana, não é considerada a quantidade produzida por cada família, a quantidade produzida por área ou se os sócios tiveram ou não gastos com adubação.

6.2 Contribuição na renda das propriedades

Agroindústria São Francisco, em Ampére.

ProprietáriosÁreatotal(ha)

Área dacana(ha)

Cana(R$)

Panificação(R$)

Total daagroindústria

(R$)

Total dapropriedade¹

(R$)

% daAgroindústria

Reni de Liz

Antonio Deriviani

Artidor daFontoura

ClaroKazmirowski

12,9

17,8

24,2

11,48

3,63

3,00

2,42

3.535,00

3.325,00

3.100,00

3.930,00

3.930,00

3.930,00

7.465,00

3.325,00

7.030,00

3.930,00

21.197,00

5.895,00

10.233,00

7.992,00

35,22

56,40

68,70

49,17

¹Refere-se à receita bruta. Não foram consideradas as receitas de aposentadoria, da venda de mão-de-obra e o salário da Bolsa Escola.

As receitas citadas são as “da porteira para dentro” da propriedade.

¹Refere-se à receita bruta. Não foram consideradas as receitas de aposentadoria, da venda de mão-de-obra e o salário da Bolsa Escola.

As receitas citadas são as “da porteira para dentro” da propriedade.

Agroindústria Cana 10, em Santo Antônio do Sudoeste.

ProprietáriosÁreatotal(ha)

Área dacana(ha)

Cana(R$)

Panificação(R$)

Total daagroindústria

(R$)

Total dapropriedade¹

(R$)

% daAgroindústria

Arlindo Soares

Elio Estefano

Milton dos Reis

Vilson dos Reis

7,50

10,0

7,30

12,90

1,30

2,20

2,00

2,20

2.939,20

2.939,20

2.939,20

2.939,20

2.784,00

2.784,00

2.784,00

2.784,00

5.723,20

5.723,20

5.723,20

5.723,20

8.583,20

12.223,20

11.739,80

12.134,00

66,68

46,82

48,75

47,16

As tabelas acima apresentam a importância da agroindústria na composição da renda das famílias. Em Ampére, a porcentagem varia de 35,22% a 68,70%. Já em Santo Antônio, esse percentual fica entre 46,82% e 66,68%.

6.3 Análise socioeconômica da atividade

Custos de produção da cana de açúcar (R$) na Agroindústria São Francisco.

AgroindústriaAçúcar/Melado

Safra 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05

Receita

Custos totais

Variáveis

Fixos

Margem bruta

Lucro

20.049,86

13.259,98

4.798,36

8.461,62

15.251,50

6.789,88

16.978,93

11.946,70

5.698,14

6.248,56

11.280,79

5.032.23

21.164,25

13.862,70

4.180,86

9.681,84

16.983,39

7.301,55

12.865,50

8.825,95

3.151,60

5.674,35

9.713,90

4.039,55

12

Custos de produção da cana de açúcar (R$) na Agroindústria Cana 10.

AgroindústriaAçúcar/Melado

Safra 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05

Receita

Custos totais

Variáveis

Fixos

Margem bruta

Lucro

14.481,20

9.735,04

4.044,06

5.690,98

10.437,14

4.746,16

15.146,00

8.535,12

2.625,90

5.909,22

12.520,10

6.610,88

16.770,00

12.087,13

3.799,02

8.288,11

12.970,98

4.682,87

23.474,08

11.698,09

3.968,92

7.729,17

19.505,16

11.775,99

A receita de ambas as agroindústrias são expressivas, mesmo com a produção da safra 2004/05, em Ampére, prejudicada pela estiagem.

Custos de produção da panificação (R$) na Agroindústria São Francisco.

Custos de produção da panificação (R$) na Agroindústria Cana 10.

AgroindústriaPanificação

20052004Safra

Receita

Custos totais

Variáveis

Fixos

Margem bruta

Lucro

24.065,98

13.743,90

9.120,66

4.623,24

14.945,32

10.322,08

10.162,90

8.459,57

4.746,36

3.713,21

5.416,54

1.703,33

AgroindústriaPanificação

2001 2002 2003 2004 2005Safra

Receita

Custos totais

Variáveis

Fixos

Margem bruta

Lucro

33.172,00

26.999,13

22.720,38

4.278,75

10.451,62

6.172,87

37.015,90

28.510,70

24.094,05

4.416,65

12.921,85

8.505,20

42.029,43

34.465,06

30.103,95

4.361.11

11.925,48

7.564,37

48.615,10

37.479,48

33.022,98

4.456,50

15.592,12

11.135,62

38.844,60

27.085,39

21.990,85

5.094,54

16.853,75

11.759,21

Nos anos de 2002 e 2003 não foi possível analisar os dados da Agroindústria São Francisco, em Ampére, devido à falta de registros. Nos anos seguintes, houve substancial acréscimo nos lucros devido à produção de bolachas para a merenda escolar.Na Agroindústria Cana 10, em Santo Antônio do Sudoeste, a receita tem sido mais constate em função do tempo que ela está no mercado.Nos anexos 1 e 2 (p. 19 20) estão detalhados os custos de produção das atividades de panificação e produção de açúcar de ambas as agroindústrias.

7 Investimento Necessário para Implantação

A implantação de uma unidade de produção de açúcar mascavo com capacidade para produzir 800 kg/dia exige investimento fixo mínimo (materiais de construção, equipamentos e máquinas) de R$ 138.501,50 (valor atualizado em junho/2006). Esse investimento contempla todas as dependências, máquinas e equipamentos necessários à operação, não incluída a aquisição do terreno. As instalações seguem os padrões exigidos pela legislação de alimentos.

Tipo Valor (R$)

Instalação: açúcar mascavo e panificação

Equipamentos para produção de açúcar mascavo

Equipamentos para a panificação

Total

81.600,00

37.415,50

19.486,00

138.501,50

13

8 Procedimentos Legais

8.1 Parâmetros ambientais

Para se implantar uma unidade agroindustrial, é necessária a autorização do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), órgão responsável pela avaliação de possíveis impactos ambientais causados pela atividade a ser executada, bem como pela liberação da área para a construção das instalações.A solicitação de vistoria é feita através de ofício do interessado ao IAP que, após vistoriar o local, solicitará do requerente o preenchimento dos documentos necessários.

8.2 Comercialização

Todos os produtos destinados à comercialização em supermercados, feiras e outros locais devem estar legalizados de acordo com a legislação municipal, estadual e federal. O processo de regularização pode ser iniciado na Secretaria Municipal de Vigilância Sanitária ou na Emater PR.

Essa agroindústria é composta por quatro famílias, em cujas propriedades são exploradas várias atividades.

Produtor

Reni de Liz

Antônio Deriviane

Artidor da Fontoura

Claro Kazmirowski

Propriedade (ha)

12,90

17,80

24,20

11,48

Atividades exploradas

Cana-de-açúcar

Leite

Soja

Milho

Frangos de corte

9.1 Família de Reni de Liz

A família é composta de seis pessoas, sendo Reni, a esposa Marta e quatro filhos: Rodrigo de 20 anos, Marcos de 16 anos, Hanelize de 11 anos, e Matheus de 3 anos, totalizando 2,98 equivalentes homens e capital aproximado de R$ 47.378,00.A renda familiar é proveniente da agroindústria, ou seja, da cana de açúcar cultivada na propriedade e de outras atividades como leite e produção de frango de corte. A remuneração mensal por equivalente homem é de R$ 220,37.A renda bruta anual totaliza R$ 22.277,00 considerando outras rendas como, por exemplo, a Bolsa Escola. A agroindústria representa cerca de 33,5% da receita bruta. No gráfico abaixo consta a utilização da área atual em hectares, sendo a cultura permanente representada pela cana de açúcar, com uma área de 3,63 ha.

Das

-ho

men

s

Mão-de-obra

Mês

Familiar

Total

Disponível

Utilização da área (ha)

9 Descrição das Propriedades das Famílias que Compõem a Agroindústria São Francisco, em Ampére

14

Há na propriedade um excedente de mão de obra na maioria dos meses, devido à participação de um dos filhos. Caso contrário, estaria faltando mão de obra na propriedade, uma vez que Reni e Marta dedicam boa parte de seu tempo à agroindústria.

9.2 Família de Artidor da Fontoura

Assim como a família de Reni, a de Artidor Gonçalves da Fontoura também é composta de seis pessoas, sendo ele, a esposa Terezinha e quatro filhos: Rosane de 21 anos, Rudinei de 17 anos, Ronaldo de 13 anos e Rodrigo de 10 anos. Rosane e Rudinei não moram com a família, que possui, então, 2 equivalentes homens e capital aproximado de R$ 25.225,00.A renda familiar é proveniente da agroindústria cana de açúcar cultivada na propriedade e da produção de leite. A remuneração mensal por equivalente homem é de R$ 191,48.A renda bruta anual totaliza R$ 10.233,00, considerando nesse caso outras rendas como, por exemplo, a venda de mel. A agroindústria representa cerca de 68,70% da receita bruta. No gráfico abaixo consta a utilização da área atual em hectares, sendo a cana de açúcar a cultura permanente. A área possui ainda uma área de mata superior à exigida por lei em virtude de um rio que corta a propriedade.

9.3 Família de Antônio Deriviane

Nesse caso, ocorre falta de mão de obra em alguns meses do ano, pois os filhos que moram na propriedade são pequenos e Artidor e Terezinha trabalham na agroindústria.

Antônio é solteiro e reside com seus pais. Sua mãe, Maria Aparecida, é natural de Mangueirinha PR; seu pai, Paulo, é natural de Guarapuava PR. A propriedade possui um total de 1,50 equivalentes homens e capital aproximado de R$ 12.976,00.A renda familiar é proveniente da agroindústria cana de açúcar cultivada na propriedade da exploração de milho, da aposentadoria e da venda de serviços para terceiros. A remuneração mensal por equivalente homem é de R$ 65,35.A renda bruta anual totaliza R$ 14.495,00, considerando nesse caso outras rendas como, por exemplo, a aposentadoria e a venda de serviços para terceiros. A agroindústria representa cerca de 23% da receita bruta.No gráfico consta a utilização da área atual em hectares, sendo a cultura permanente representada pela cana deaçúcar, com uma área de 3 ha.

Assim como na propriedade de Artidor, a propriedade de Antônio apresenta falta de mão de obra durante boa parte do ano, pois ele mora com os pais aposentados e dedica seu tempo à agroindústria.

Das-h

om

en

s

Mão-de-obra

Mês

Familiar

Total

Disponível

Utilização da área (ha)

Das-h

om

en

s

Mão-de-obra

Mês

Familiar

Total

Disponível

Utilização da área (ha)

15

9.4 Família de Claro Kazmirowski

Na casa da família de Claro Kazmirowski residem atualmente apenas ele e sua esposa Romilda, o que totaliza 1 equivalente homem, já que ela se dedica principalmente à agroindústria. Possuem capital aproximado de R$ 9.987,00.A renda familiar é proveniente basicamente da agroindústria, ou seja, da panificação, da aposentadoria e de outras atividades como o leite. A remuneração mensal por equivalente homem é de R$ 375,25.A renda bruta anual totaliza R$ 15.792,00, considerando nesse caso outras rendas como, por exemplo, a aposentadoria e a venda de mel. A agroindústria representa cerca de 25% da receita bruta. No gráfico consta a utilização da área atual em hectares. Não possuem cultura permanente na área e apenas a mulher trabalha na agroindústria, no setor de panificação.

Na propriedade, ocorre falta de mão de obra, pois Claro desempenha as atividades sozinho. Sua esposa trabalha na agroindústria a maior parte do tempo.De maneira geral, apesar das inúmeras dificuldades encontradas no começo da atividade, todas as famílias estão bastante satisfeitas com os resultados obtidos com a agroindústria. Conseguiram aumentar a qualidade de vida, melhoraram suas moradias, além de terem conseguido adquirir alguns bens duráveis.Atualmente todas as famílias envolvidas no processo têm como principais objetivos aumentar a produção de cana e da panificação, diversificar o comércio da cachaça e a fabricação de pães, massas e cucas.

10 Descrição das Propriedades das Famílias que Compõem a Agroindústria Cana 10, em Santo Antônio do Sudoeste

Essa agroindústria é composta também por quatro famílias, em cujas propriedades são exploradas várias atividades.

Utilização da área (ha)

Das-h

om

en

s

Mão-de-obra

Mês

Familiar

Total

Disponível

Milton Rosa dos Reis

Vilson Rosa dos Reis

Arlindo Soares

Elio Estéfano

7,3

12,9

7,5

10,8

Produtor Propriedade (ha) Atividades exploradas

Cana-de-açúcar

Fumo

Milho

Leite

Uva

16

10.1 Família de Milton Rosa dos Reis

Milton e Vilson Rosa dos Reis são irmãos, filhos de agricultores naturais de Santo Antônio do Sudoeste PR. A família de Milton é composta pela esposa Terezinha e dois filhos: Mireli de 20 anos, que não reside com a família, e Cleverson de 12 anos. A propriedade possui um total de 1,9 equivalentes homens e um capital aproximado de R$ 14.185,00.A renda familiar é proveniente basicamente da agroindústria, ou seja, da panificação, da cana de açúcar cultivada na propriedade e de outras atividades como fumo e milho. A remuneração mensal por equivalentehomem é de R$ 257,14.A renda bruta anual totaliza R$ 11.739,80, sendo que a agroindústria representa cerca de 49% da receita bruta.No gráfico abaixo consta a utilização da área atual em hectares, sendo que a cultura permanente é representada pela cana de açúcar, com uma área de 2 ha.

O gráfico acima demonstra um excedente de mão de obra, porque o filho ajuda em atividades nos horários livres. No entanto, como se explora a produção de fumo na propriedade e Milton e a esposa trabalham na agroindústria, eventualmente a contratação de serviços temporários é necessária para atividades ligadas ao fumo ou para substituição na agroindústria.

10.2 Família de Vilson Rosa dos Reis

Vilson é casado com Ilda e têm um casal de filhos: Everson de 17 anos e Edilane de 9 anos, o que totaliza 2,56 equivalentes homens. Possuem capital aproximado de R$ 21.268,00.A renda familiar é proveniente basicamente da agroindústria, ou seja, da panificação, da cana de açúcar cultivada na propriedade e de outras atividades como fumo e milho. A remuneração mensal por equivalentehomem é de R$ 158,38.A renda bruta anual totaliza R$ 12.134,00, sendo que a agroindústria representa cerca de 47% da receita bruta.No gráfico abaixo consta a utilização da área atual em hectares, sendo a cultura permanente representada pela cana de açúcar, com uma área de 2,20 ha.

Utilização da área (ha)

Familiar

Total

Temporária

Disponível

Das-h

om

en

sMão-de-obra

Mês

Utilização da área (ha)

Familiar

Total

Temporária

Disponível

Das-h

om

en

s

Mão-de-obra

Mês

17

Assim como na propriedade de Milton, na de Vilson há também excedente de mão de obra, pois o filho ajuda nas atividades. Contudo, como se explora a produção de fumo na propriedade e Vilson e Ilda trabalham na agroindústria, ocorre eventualmente a contratação de serviços temporários para atividades ligadas ao fumo ou à agroindústria.

10.3 Família de Arlindo Soares

Arlindo Soares é casado com Nilza e têm um filho de cinco anos, o que totaliza 1,65 equivalentes homens. Possuem um capital aproximado de R$ 18.284,00.A renda familiar é proveniente basicamente da agroindústria, ou seja, da panificação, da cana de açúcar cultivada na propriedade e de outras atividades como o leite e o milho. A remuneração mensal por equivalentehomem é de R$ 272,50.A renda bruta anual totaliza R$ 8.583,00, sendo que a agroindústria representa cerca de 67% da receita bruta.No gráfico abaixo consta a utilização da área atual em hectares, sendo a cultura permanente representada pela cana de açúcar, com uma área de 1,30 ha.

Na propriedade de Arlindo há excedente de mão de obra. A contratação de mão de obra temporária ocorre apenas quando ele se ausenta por algum motivo relacionado às atividades da agroindústria.

10.4 Família de Élio Estefano

Hélio é filho de agricultores, natural de Ijuí RS, é casado com Julia, filha de agricultores, natural de Araranguá SC. Moram sozinhos em uma propriedade que possui um total de 1,65 equivalentes homens e um capital aproximado de R$ 41.318,00.A renda familiar é proveniente da agroindústria, ou seja, da panificação, da cana de açúcar cultivada na propriedade, de outras atividades como uva, leite, milho e da aposentadoria. A remuneração mensal por equivalente homem é de R$ 376,46.A renda bruta anual totaliza R$ 20.023,00, considerando outras rendas como, por exemplo, a aposentadoria. A agroindústria representa cerca de 28% da receita bruta. No gráfico abaixo consta a utilização da área atual em hectares, sendo a cultura permanente representada pela cana de açúcar, com uma área de 2,20 ha.

Utilização da área (ha)

Familiar

Total

Temporária

Disponível

Mão-de-obra

Das-h

om

en

s

Mês

Utilização da área (ha)

Familiar

Total

Temporária

Disponível

Das-h

om

en

s

Mão-de-obra

Mês

18

Há excedente de mão de obra na propriedade de Élio na maioria dos meses, mas eventualmente ele contrata mão de obra temporária devido à sua idade, que não permite a realização de todas as atividades, e também porque, juntamente com sua esposa, dedica boa parte do tempo à agroindústria.As famílias da Agroindústria São Francisco e da Agroindústria Cana 10 estão igualmente satisfeitas, pois é graças a esse sistema que estão vivendo mais tranqüilos economicamente, com uma boa qualidade de vida, e estão conseguindo adquirir alguns bens como carro, telefone, móveis para a casa, apesar de no início terem enfrentado problemas devido a muitas desavenças.O principal objetivo das famílias é melhorar ainda mais a agroindústria, aumentando a produção por área de cana, além de aumentar a área da mesma, pois no momento possuem mais demanda do que oferta. Também estão pensando na possibilidade de implantar um alambique para a produção de cachaça.

11 Ameaças e Oportunidades Detectadas na Cadeia Produtiva

11.1 Ameaças

Há vários aspectos que prejudicam o desenvolvimento e desempenho da cadeia como um todo:

� Baixo desempenho do setor em função da baixa produtividade de matéria prima e rendimento de operações. Isso se deve a diversos fatores relevantes como a baixa aplicação de tecnologia, a mão deobra pouco especializada, a baixa prioridade na atividade dentro das propriedades, a disponibilidade de variedades mais produtivas e a falta de zoneamento climático para a cultura.

� Falta de um padrão de qualidade que atenda às exigências de mercado, principalmente com relação ao padrão: variação de cor, granulometria e umidade em lotes semelhantes;

� Baixa escala de produção em relação ao potencial de produção das unidades;� Baixa remuneração das famílias nas unidades coletivas de produção, que possuem um número de

quatro famílias envolvidas e que se dedicam à produção de açúcar e à panificação, o que compromete a viabilidade do negócio;

� Falta de conhecimento em gestão de negócios, com ausência de registros de despesas, receitas e procedimentos administrativos, em alguns casos;

� Baixa capacidade de investimento devido à falta de capital de giro;� Pouca capacidade de assimilar informações técnicas, gerenciais e mercadológicas, ou seja,

dificuldade que os agricultores têm em compreender como funciona a cadeia produtiva do seu produto, necessitando, portanto, de formação nas áreas que envolvem a gestão do seu negócio;

� Segmento altamente desorganizado quanto à comercialização.

� Falta de uma política eficiente de marketing e comercialização que propicie a ampliação do mercado dos produtos ofertados localmente;

� Falta de organização comercial das agroindústrias familiares, sendo, portanto, a principal causa da comercialização deficiente dos seus produtos;

� Alto custo do transporte do meio rural ao centro consumidor;� Atacadistas oportunistas que surgem em função da desorganização do setor agroindustrial.

� Desconhecimento do produto por parte do consumidor, principalmente o açúcar mascavo e melado de cana;

� O consumidor não tem o hábito do consumo, mas utiliza o produto com fim medicinal, desconhecendo as vantagens nutritivas.

Segmento produtor de matéria prima

Segmento agroindustrial

Segmento de comercialização

Segmento consumidor

19

11.2 Oportunidades

� Diferenciação da produção através da produção agroecológica ou orgânica, já que, conforme levantado no perfil tecnológico, o sistema de produção atual é similar ao processo orgânico, bastando pequenas adaptações para a conversão e certificação das propriedades rurais;

� Agregação de valor aos produtos como o processamento de diversos derivados possíveis para atender o mercado consumidor;

� Oportunidades reais de exportação do açúcar mascavo para países da Europa, como fazem diversos produtores de soja orgânica da região;

� Explorar ainda mais o potencial do mercado institucional, caso haja vontade política de utilização dos produtos da agricultura familiar na merenda escolar regional, em substituição aos similares industriais;

� Predisposição do consumidor por produtos saudáveis e nutritivos, desde que haja sensibilização.

Com isso podemos considerar que há um grande potencial de aumento de consumo desses produtos.

12 Conclusões e Recomendações

13 Agradecimentos

As agroindústrias estudadas trabalham de forma associativa. No entanto, até sua consolidação o grupo atual passou por diversas fases de discussão e reestruturação. Nessas fases, quanto mais bem trabalhada a articulação do grupo, menor o trauma para resolver problemas e encaminhar soluções.A ampliação da produção de açúcar mascavo foi muito importante para as duas agroindústrias, pois gerou aumento da receita e redução dos custos fixos, em razão dos seguintes fatores:

� mercado favorável (no momento desta análise);� ampliação da produção de cana de açúcar, através da seleção de variedades mais promissoras;� melhoria do manejo da cana, como a adubação;� criação de outras alternativas como, por exemplo, o estabelecimento de parcerias com outros

produtores para que esses produzam cana de açúcar, que seria então comprada pela agroindústria.

À Mirna Dorli Kopper Raffaelly (EMATER/UL Santo Antônio do Sudoeste).

Anexo 1 Custos de produção da cana-de-açúcar nos municípios de Ampére e Santo Antônio do Sudoeste

Custos de produção (R$) na Agroindústria São Francisco.

Custosvariáveis

2001/02Safras

Custosfixos

2002/03 2003/04 2004/05

2.617,73

2.180,63

4.798,36

2.400,00

995,20

1.753,64

3.122,17

190,61

-

8.461,62

13.259,98

1.703,14

1.825,00

2.170,00

5.698,14

2.400,00

145,89

456,61

2.907,36

338,70

-

6.248,56

11.946,70

3.160,26

866,55

154,05

4.180,86

2.500,00

562,00

649,00

2.115,44

3.855,40

-

9.681,84

13.862,70

2.706,60

375,00

70,00

3.151,60

2.550,00

740,00

895,60

1.083,98

365,07

39,70

5.674,35

8.825,95

Insumos

Mão-de-obra temporária e serviços

Despesas variáveis

Subtotal

Depreciações

Juros

Manutenção do ativo fixo

Outros custos fixos

Despesas fixas

Seguro

Subtotal

Total

14 Anexos

20

¹não foi calculada a depreciação

Custosvariáveis

Safras

Custosfixos

Insumos

Mão-de-obra temporária e serviços

Outros custos variáveis

Subtotal

Depreciações

Juros

Manutenção do ativo fixo

Outros custos fixos

Despesas fixas

Seguro

Subtotal

TOTAL

Custos de produção (R$) na Agroindústria Cana 10.

2001 2002 2003 2004 2005¹

22.481,25

146,75

92,38

22.720,38

2.472,00

300,00

570,23

366,20

570,32

-

4.278,75

26.999,13

23.724,00

370,05

-

24.094,05

2.472,00

345,00

152,77

355,12

1.091,76

-

4.416,65

28.510,70

29.877,12

220,33

6,50

30.103,95

2.790,00

539,62

141,00

329,31

561,18

-

4.361,11

34.465,06

32.875,48

147,50

-

33.022,98

2.929,50

300,00

169,00

406,08

651,92

-

4.456,50

37.479,48

21.365,82

-

625,03

21.990,85

2.482,68

430,00

30,00

465,46

1.686,40

-

5.094,54

27.085,39

¹Safra considerada de janeiro a dezembro de 2001

Custosvariáveis

2001/02¹Safras

Custosfixos

2002/03 2003/04 2004/05

3.659,71

312,70

71,65

4.044,06

2.281,00

300,00

584,35

1.925,00

600,63

-

5.690,98

9.735,04

2.433,90

192,00

-

2.625,90

2.281,00

345,00

350,77

2.709,07

223,38

-

5.909,22

8.535,12

3.392,52

400,00

6,50

3.799,02

2.567,00

534,00

473,64

3.884,59

828,88

-

8.288,11

12.087,13

3.801,42

167,50

-

3.968,92

2.695,50

300,00

187,00

3.903,42

643,25

-

7.729,17

11.698,09

Insumos

Mão-de-obra temporária e serviços

Outros custos variáveis

Subtotal

Depreciações

Juros

Manutenção do ativo fixo

Outros custos fixos

Despesas fixas

Seguro

Subtotal

Total

Custos de produção (R$) na Agroindústria Cana 10.

Custos de produção (R$) na Agroindústria São Francisco.

Custos variáveis

Custos fixos

Safras

Insumos

Subtotal

Depreciações

Outros custos fixos

Despesas fixas

Manutenção de ativo fixo

Custos de oportunidade

Subtotal

Total

2004 2005

4.746,36

4.746,36

1.497,58

64,05

-

-

2.151,58

3.713,21

8.459,57

9.120,66

9.120,66

1.488,85

33,41

250,00

752,04

2.098,94

4.623,24

13.743,90

Anexo 2 Custos de produção da panificação nos municípios de Ampére e Santo Antônio do Sudoeste

SETEM

BRO

/08 -

Tirag

em:

1.0

00 e

xem

pla

res

Estudo de Caso na Agricultura Familiar: Agroindústrias de Derivados de Cana-de-açúcar. Beatriz Meneguce,Edevar Perin, José Antonio Nunes Vieira, Luiz Francisco Lovato, Lúcia de Franceschi. Instituto Agronômico do Paraná(IAPAR), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER). Pato Branco, 2008. 20 p.

Mais informaçõesEmater UR Pato Branco Tel. (46) 3224.3988IAPAR Pato Branco Tel. (46) [email protected], [email protected]

Comitê EditorialSéphora Cloé Rezende CordeiroSueli Souza Martinez - Editora ExecutivaTelma Passini

Editor RevisorÁlisson Néri

Apoio

FAPE GRO

AGROINDÚSTRIAS DE DERIVADOSDE CANA-DE-AÇÚCAREC 2