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Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Ciências Empresariais A Internacionalização e a Cadeia de Abastecimento Paulo José Ribeiro Dias Projeto de Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do gau de Mestre em Ciências Empresariais – Vertente Gestão Logística Orientador: Prof. Dr. Pedro Dominguinhos Setúbal, 2013

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Instituto  Politécnico  de  Setúbal    

 

   

Escola  Superior  de  Ciências  Empresariais    

A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  

Abastecimento  

   

 

 

Paulo  José  Ribeiro  Dias  

   

Projeto  de  Dissertação  apresentada  para  cumprimento  dos  requisitos  necessários  à  

obtenção  do  gau  de  

Mestre  em  Ciências  Empresariais  –  Vertente  Gestão  Logística    

 

Orientador:  Prof.  Dr.  Pedro  Dominguinhos  

 

Setúbal,  2013  

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

ii  

Dedicatória

Dedico esta tese a todas as pessoas que me

apoiaram ao longo do mestrado e que sempre

acreditaram em mim. Um especial obrigado ao meu

orientador, pela forma como me encaminhou durante

todo o processo desta dissertação e às pessoas que

colaboraram na elaboração dos estudos de caso

presentes neste documento.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

iii  

Índice Geral

1- Introdução.................................................................................................................1

1.1- Justificativa da temática abordada...........................................................................1

1.2 - Definição do problema de pesquisa .......................................................................3

1.3 - Objectivos...............................................................................................................3

1.3.1 – Objectivos Específicos........................................................................................3

1.4 – Plano de apresentação do trabalho.........................................................................4

Parte I – Revisão da Literatura

2- Internacionalização..................................................................................................5

2.1 – Conceito de Internacionalização............................................................................5

3– Cadeia de Abastecimento........................................................................................7

3.1- Definição do conceito de Cadeia de Abastecimento...............................................7

3.2- Gestão da Cadeia de Abastecimento- Supply Chain Manegement (SCM) ............8

3.3- Definição de Just-in-Time.......................................................................................9

3.4- Os stocks no sector da construção.........................................................................10

3.5- EDI ( Electronic Data Interchange) ......................................................................11

3.6- Alianças estratégicas..............................................................................................11

3.6.1- A importância das parcerias na internacionalização e na cadeia de

abastecimento................................................................................................................13

3.7- Proposições a serem testadas.................................................................................19

4- Angola......................................................................................................................20

4.1- Caracterização do meio de Angola........................................................................20

4.2- Mercado do sector da construção em Angola........................................................20

4.2.1- Enquadramento Histórico...................................................................................20

4.2.2- Investimento direto estrangeiro ( IDE) na área da construção............................23

4.2.3- Importação .........................................................................................................24

4.3- Indústrias Angolanas..............................................................................................25

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

iv  

Parte II- Estudo a desenvolver

5- Metodologia.............................................................................................................27

5.1.1- Método de Pesquisa – Estudo de caso................................................................27

5.1.2- Recolha de dados................................................................................................29

52- Método de trabalho.................................................................................................30

6- Estudo de caso.........................................................................................................32

6.1- Apresentação do primeiro estudo de caso e as suas áreas de intervenção.............32

6.1.1- Apresentação dos dados recolhidos pelas entrevistas.........................................33

6.1.2- Parcerias e Cadeia de Abastecimento.................................................................36

6.2- Apresentação do segundo estudo de caso e as suas áreas de intervenção.............44

6.2.1- Apresentação dos dados recolhidos pelas entrevistas .......................................45

6.2.2- Parcerias e Cadeia de Abastecimento.................................................................48

6.3- Resposta à pergunta de partida..............................................................................51

7- Conclusão................................................................................................................56

7.1- Conclusão do trabalho e resposta à pergunta de partida........................................56

7.2- Limitações e sugestões para futuros desenvolvimentos........................................60

Referências bibliográficas..........................................................................................61

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

v  

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Importância de Angola nos fluxos de investimento para Portugal............23

Tabela 2- Investimento direto estrangeiro português em Angola...............................24

Tabela 3- Relacionamento Económico entre Portugal/Angola...................................26

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Taxa de crescimento da atividade industrial ...........................................22

Gráfico 2 – Criação de emprego direto pela industria transformadora ......................22

Gráfico 3 – Envolvência da parceria entre as empresas TECNIWALL e DCI/ICD..38

Gráfico 4 – Envolvência da parceria entre as empresas EXPORLUX e DCI/ICD....38

Gráfico 5 – Envolvência da parceria entre as empresas LUSOMAPLE IRIS e

DCI/ICD .....................................................................................................................38

Gráfico 6 – Envolvência da parceria entre as empresas CLIMAR e DCI/ICD..........38

Gráfico 7– Envolvência da parceria entre as empresas AERTECNICA e DCI/ICD.39

Gráfico 8 – Envolvência da parceria entre as empresas VULCANO e DCI/ICD......39

Gráfico 9 – Envolvência da parceria entre as empresas ROCA e DCI/ICD...............40

Gráfico 10 Envolvência da parceria entre as empresas KREON e DCI/ICD.............40

Gráfico 11 – Envolvência da parceria entre as empresas RELOPA e DCI/ICD........40

Gráfico 12 – Envolvência da parceria entre as empresas JUNG e DCI/ICD.............40

Gráfico 13 – Envolvência da parceria entre as empresas MOEL e DCI/ICD............41

Gráfico 14 – Envolvência da parceria entre as empresas GE SECURITY e

DCI/ICD......................................................................................................................41

Gráfico 15 – Envolvência da parceria entre as empresas FAGOR e DCI/ICD..........42

Gráfico 16 – Envolvência da parceria entre as empresas HAGER e DCI/ICD..........42

Gráfico 17 – Envolvência da parceria entre as empresas EGI e DCI/ICD.................42

Gráfico 18 – Envolvência da parceria entre as empresas ESEDRA e

DCI/ICD......................................................................................................................42

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

vi  

Gráfico 19 – Envolvência da parceria entre as empresas DISANO e

DCI/ICD......................................................................................................................43

Gráfico 20 – Envolvência da parceria entre as empresas FOSNOVA e

DCI/ICD.....................................................................................................................43

Gráfico 21 – Envolvência da parceria entre as empresas BPT e DCI/ICD................44

Gráfico 22 Envolvência da parceria entre as empresas CATA e DCI/ICD................44

Gráfico 23 – Envolvência da parceria entre as empresas DOKA e FCM em Portugal

e Angola......................................................................................................................50

Gráfico 24 – Envolvência da parceria entre as empresas PERI e FCM em Portugal e

Angola.........................................................................................................................50

Gráfico 25 – Envolvência da parceria entre as empresas ULMA e FCM em Portugal

e Angola......................................................................................................................50

Índice de Figuras

Figura 1 – Esquema da cadeia de abastecimento ........................................................7

Figura 2 –Cadeia de abastecimento típica ...................................................................7

Figura 3 –Objectivos do Just-in-Time .........................................................................9

Figura 4 –Tipos de relacionamentos estratégicos na cadeia de abastecimento .........14

Figura 5 –Método de trabalho da dissertação.............................................................31

Figura 6- Parcerias da DCI- Construção e Inovação, S.A .........................................37

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

vii  

Resumo

Nos tempos conturbados em que vivemos, em que Portugal se encontra numa crise

económica muito forte, o mercado da construção civil em Portugal estagnou quase por

completo. Segundo Pinto (2012) muitas das empresas tinham os seus lucros ancorados em

obras públicas. No entanto, o Estado deixou de ter dinheiro para as mesmas e muitas

daquelas empresas foram obrigadas a reduzir drasticamente a sua atividade. Para se

garantirem no ativo, as empresas tiverem de restruturar a sua estratégia de negócio e

muitas delas acabaram por se internacionalizar para mercados emergentes como Angola.

Segundo Costa (2009), como resultado de uma forte internacionalização das

empresas de construção civil para Angola, uma ligação linguística e cultural e a oferta da

industria transformadora presente no país africano que não consegue dar resposta à

procura, Portugal encontra-se como um dos principais fornecedores para as empresas que

operam em Angola. Nesse sentido, pensámos ser pertinente a dissertação aqui apresentada,

com o objectivo de compreender e averiguar quais as implicações da internacionalização

na cadeia de abastecimento, relativamente aos parceiros comerciais e estratégias logísticas

utilizadas, no sentido de analisar processos e as suas problemáticas, para uma melhor

compreensão da temática em estudo.

Julgamos que este estudo será pertinente para empresários do sector que tencionam a

internacionalização para Angola, através da consciencialização de práticas e processos,

oportunidades e dificuldades mencionados.

A forma que se encontrou para estudar este tema foi através de uma abordagem

progressiva da temática. Primeiro, compreendeu-se o conceito da internacionalização, de

seguida o da cadeia de abastecimento e por fim referências ao mercado de Angola,

fazendo-se sempre que possível nestes capítulos mencionados a relação ao sector da

construção civil. Após a exploração bibliográfica sobre os assuntos pertinentes para este

estudo, foram mencionadas preposições a serem desenvolvidas em dois estudos de caso.

Terminámos este trabalho com a resposta à pergunta de partida colocada no inicio deste

estudo e por fim as considerações finais presentes na conclusão.

PALAVRAS-CHAVE: Internacionalização, Cadeia de abastecimento, sector da

Construção civil, Angola.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

viii  

Abstract

In the troubled times in which we live in, that Portugal lives in a severe and strong

economic crisis, the civil construction market stagnated almost completely. Pinto (2012)

refer that many companies had their profits according to public works. In the meantime,

the state no longer had money to finance the public works, and many companies were

forced to drastically reduce their activity, to ensure that they would remain active, on the

market, many companies had to restrict their business strategy and many of them end up to

internationalizing to emerging markets, such as Angola.

As a result of a strong internationalization of the civil construction companies to

Angola, with its linguistic and cultural references, plus the manufacturing sector in the

African country, that can not give way to demands, Portugal finds himself one of the main

suppliers to the companies operating in Angola.

According to this point of view, we thought to be important the dissertation here

submitted, in order to understand and ascertain, the objective and finding out what the

implications of the internationalization in the supply chain in relation to the trading

partners, and their logistic strategies used in order to analyze processes and their problems

for a better comprehension of this thematic study.

We believe that this study is very important for entrepreneurs in the sector, who

intend towards go to Angola trough the internalization, to be awareness of the practices

and processes, opportunities and difficulties mentioned here.

The best way we found to study these issues was throughout a gradual approach of

this thematic.

First we understood the concept of internationalization, then the supply chain and

finally references on the market for Angola, making whenever possible in the chapters a

mention to the civil construction sector. After a bibliographic exploration on matters

relevant to this study, propositions have been mentioned to be developing in two case

studies. We end up with an answer to the question posed in the beginning of this study and

finally we include the final remarks e considerations in conclusion.

KEYWORDS: Internalization, Supply Chain, Construction sector, Angola.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

1  

1 INTRODUÇÃO

1.1- Justificativa da Temática abordada

Nos dias conturbados em que vivemos, as empresas têm-se tentado adaptar à atual

realidade, através de decisões eficientes que conduzem à sobrevivência das organizações.

Segundo Coelho (2011), uma nova dinâmica e competição empresarial surgiram com

a consolidação da economia global, em que as empresas sentiram a necessidade de

formular as suas estratégias para o seu crescimento, expansão e sobrevivência.

Com as exigências da atual economia, a procura por mercados externos emerge

como estratégia dominante, procurando as empresas recursos mais baratos, mercados

capazes de absorver a sua produção, bem como o acesso a recursos estratégicos, na

expectativa de aumentar a sua competitividade e sustentabilidade.

A internacionalização das empresas é um tema revelante para o estudo desta

dissertação, uma vez que, segundo Rodrigues et al. (2006, p.2) “o estágio de

internacionalização das empresas de um país é um dos indicadores do seu grau de

desenvolvimento”. Existe atualmente uma necessidade de as empresas nacionais se

tornarem competitivas internacionalmente a fim de se manterem nos mercados internos e

expandirem os negócios no mercado internacional.

Segundo Alves (2007), atualmente o sector da construção tem um peso significativo

na internacionalização das empresas portuguesas, pois é um ramo que mobiliza todo um

leque de especialidades muito variadas e, por outro lado, por se tratar de uma área com

muita tradição em Portugal. Atualmente, este sector encontra-se em forte contração, que

leva à procura dos mercados externos por parte das empresas portuguesas do sector da

construção para mercados menos desenvolvidos, como Angola. Este é um destino muito

apelativo existindo uma ligação cultural muito forte, bem com o crescimento e expansão

neste sector.

De acordo com o AICEP, em 2009 existiam 200 empresas portuguesas com

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

2  

atividade em Angola, com maior enfoque nos sectores da construção, sendo exemplo disso

as importantes construtoras portuguesas: Mota-Engil, Soares da Costa, Teixeira Duarte,

Opway, Edifer e Somague.

Segundo estudos económicos e financeiros do banco BPI (2009) Angola depende

fortemente das importações para a satisfação das suas necessidades, não só ao nível de

bens do consumo básico, para os quais Angola não é autossuficiente, mas principalmente a

nível de bens de capital. Assim se justifica que as importações de máquinas, aparelhos,

motores e ferramentas, elétricos e não elétricos correspondam a cerca de 30% das

importações provenientes de Portugal. Angola tem também produtos pertencentes a

cadeias de abastecimento provenientes da Alemanha, França e E.U.A..

Contudo, apesar de haver boas perspectivas económicas para o sector da construção

civil em Angola, segundo Costa (2009) a internacionalização das empresas portuguesas

que resolvem investir neste país depara-se com diversos entraves, que naturalmente

afectam a cadeia de abastecimento.

Desta forma, surgem desafios, devido à situação económica atual em que Portugal

vive e pela internacionalização dos mercados, através do crescimento da integração

horizontal e vertical e crescimento do relacionamento entre empresas, que tem vindo a

alterar a sua relação com a cadeia de abastecimento – nomeadamente a maneira pela qual a

produção é organizada e a forma pela qual as empresas se relacionam com o mercado.

Assim, os desafios encontrados reforçaram a importância do paradigma do relacionamento.

Para Villa e Panizzolo (1996) este paradigma é marcado pela mudança do relacionamento

tradicional com os fornecedores para um relacionamento com mais inovação, chegando a

haver relacionamentos integrados até níveis estratégicos, classificados como parcerias. A

passagem da relação tradicional para uma relação logística e mais recentemente para uma

relação de parceria fez com que o grau de integração e cooperação entre compradores e

fornecedor crescesse continuamente. Contribuíram para estas mudanças a ascensão de

inovações técnicas e de gestão (exemplo: Just-in-Time).

Para Ring e Van de Ven (1992) e Villa e Panizzolo (1996), o relacionamento entre

comprador e fornecedor está sob uma profunda evolução, cuja principal característica é a

mudança da lógica do produto para a lógica da integração/ cooperação. A troca entre

fornecedor-comprador não está mais simplesmente relacionada à troca física de objetos,

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

3  

mas também está relacionada a uma série de outros serviços, como por exemplo:

informação, logística, entre outros.

Apesar dos temas internacionalização e cadeia de abastecimento não serem novas

áreas de estudo, a relação destas duas áreas com o sector da construção civil pareceu-nos

pertinente, pois além de pouco desenvolvida, é do nosso entender essencial pela atualidade

do tema.

1.2- Definição do problema de pesquisa

Este estudo pretende contribuir para uma maior compreensão do comércio

internacional, das relações comerciais que existem entre Portugal e Angola e de todas as

condicionantes e necessidades que as empresas de construção civil internacionalizadas

sentem. Neste sentido, este estudo tem como pergunta de partida: “ Qual o impacto da

internacionalização na cadeia de abastecimento, por parte de empresas portuguesas, na área

da construção, no mercado angolano?”.

1.3- Objectivos

Como objectivo geral deste trabalho, pretende-se realizar um estudo que compreenda

e averigúe quais as implicações da internacionalização na cadeia de abastecimento.

1.3.1- Objectivos específicos

Os objectivos específicos deste estudo estarão relacionados com:

• Compreender de que forma os relacionamentos das empresas são afectados com

a internacionalização das empresas, para o mercado angolano, no sector da

construção civil;

• Identificar e perceber quais as implicações para a cadeia de abastecimento, por

se tratar de um mercado estrangeiro, no sector da construção civil.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

4  

1.4 – Plano de apresentação do trabalho

O presente projeto de dissertação encontra-se estruturado de forma a permitir atingir

os objectivos delineados. Assim, este trabalho encontra-se estruturado em duas partes: uma

primeira parte dedicada à revisão de literatura e uma segunda parte que abordará a

descrição do processo de concepção e implementação do estudo, bem como o processo de

operacionalização segundo o qual o estudo irá ser desenvolvido.

Globalmente, a dissertação apresenta-se organizada em 7 capítulos.

No primeiro capítulo efetua-se o enquadramento da dissertação na temática em

estudo, interesse do tema e respectivos objectivos definidos que motivaram a sua

execução.

No segundo capítulo, com base na pesquisa bibliográfica efectuada, aborda-se o tema

da internacionalização das empresas.

No terceiro capítulo, é explorada a temática da cadeia de abastecimento, explorando

com especial foco a gestão da cadeia de abastecimento e as alianças estratégicas. Para

finalizar faz-se a relação da importância das parcerias na internacionalização e na cadeia de

abastecimento. No final do capítulo são enunciadas as proposições a serem testadas.

No quarto capítulo pretendeu-se explorar o meio angolano, sendo este o país em que

incide o nosso estudo, bem como o mercado do sector da construção civil em Angola.

O quinto capítulo, é referente à metodologia da dissertação, sendo que é apresentado

aqui o método de pesquisa, recolha de dados e método do presente trabalho.

O sexto capítulo faz-se a apresentação de dois estudos de caso e a apresentação dos

dados recolhidos em campo. No final deste capítulo é apresentada a resposta à pergunta de

partida.

No sétimo capítulo apresentam-se as conclusões gerais da dissertação, bem como

propostas de desenvolvimento de estudos futuros neste domínio.

Por fim, apresentam-se as referências bibliográficas e os anexos que foram

referenciados ao longo da dissertação.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

5  

Parte I – Revisão da Literatura

2 INTERNACIONALIZAÇÃO

2.1- Conceito de Internacionalização

Com a globalização dos mercados e com a crise financeira que vivemos atualmente,

as empresas vivem num ambiente cada vez mais inconstante e competitivo. Assim, estas

procuram soluções na elaboração dos seus planos estratégicos para sobreviver.

Entende-se por internacionalização, segundo Barreto e Rocha (2003, citado por

Valente, 2008), processos que envolvem uma empresa com o exterior.

Segundo Welch e Luostarinen (1988, p.36), a internacionalização é um “processo

pelo qual uma empresa se envolve em operações internacionais”.

A internacionalização de uma empresa, para Abrantes (1999) significa a atuação em

diferentes países, movimentando fatores de produção, desenvolvendo projetos com

parceiros internacionais ou simplesmente pela comercialização de produtos.

Foi a partir da década de 60 que as empresas portuguesas começaram a ter projeção

no exterior, sobretudo no recurso à exportação, com os sectores do calçado, vestuário,

têxteis, cortiça, entre outros. No entanto, foi na década de 90 que se assistiu a um

movimento mais consistente e com contornos mais estratégicos no que concerne à

internacionalização.

Lorga (2003), refere que para as empresas atuarem, a internacionalização tem vindo

a ser uma condição, para a sua sobrevivência e como reforço da sua posição competitiva.

Entre as diversas definições de internacionalização, Dias (2007) cita Meyer (1996,

p:7), “ que define a internacionalização como o processo pelo qual uma empresa

incrementa o nível das suas atividades de valor acrescentado fora do país de origem” .

Ainda o mesmo autor cita Freire (1997, p:7), “ que considera que a internacionalização de

uma empresa consiste na extensão das suas estratégias de produtos-mercados e de

integração vertical para outros países, de que resulta uma replicação total ou parcial da sua

cadeia operacional”.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

6  

Para Labrincha da Gama (2011) num contexto de crise económica europeia, e níveis

de crescimento nacionais muito baixos ou nulos em que presentemente estamos a

atravessar, é essencial para as empresas portuguesas a entrada em novos mercados

internacionais, tratando-se da sobrevivência das próprias empresas. Os mercados

emergentes aparecem como os mais rentáveis na concretização de internacionalizações e o

envolvimento de empresas portuguesas neste tipo de mercados é muito reconhecido.

Pelo contexto de crise económica europeia e a nível nacional já referidos, o governo

português tem lançado diversos apelos à internacionalização das empresas nacionais,

nomeadamente no Programa Internacionalizar para Crescer, apresentado em 2010, pela

Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP Portugal Global).

A empresa de consultadoria Amrconsult refere que a AICEP Portugal Global,

comunicou: “a internacionalização é o caminho apontado pelo Governo às empresas

portuguesas para contornar a crise generalizada que afecta o país, onde o poder de compra

diminui a cada dia, fazendo com que as empresas que concentram a sua rede de

comercialização única e exclusivamente em Portugal se vejam a braços com um excesso de

produção que o mercado não consegue absorver”.

Relativamente à área em estudo neste trabalho, a construção civil, Pinto (2012) refere

que em Portugal, as empresas de construção civil são das que mais têm sofrido com a crise

que o país atravessa, pois muitas destas empresas tinham os seus lucros ancorados em

obras públicas e foram obrigadas a reduzir a sua atividade porque o Estado deixou de ter

dinheiro para fazer obras públicas. Para sobreviverem, as empresas de construção civil

redirecionaram a sua estratégia, sendo que o Estado deixou de ser o seu principal cliente e

estas apostaram em mercados até agora inexplorados. Deixar Portugal e apostar nos países

em desenvolvimento pode significar uma saída auspiciosa para as empresas do ramo da

construção civil. Neste sector, os países africanos são um mercado favorável ao

crescimento das empresas portuguesas.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

7  

3 CADEIA DE ABASTECIMENTO

3.1 – Definição do conceito da Cadeia de Abastecimento

Segundo Souza et al. (2006), cadeia de abastecimento é um conjunto de empresas

geograficamente dispersas, interagindo entre si, constituídas por fornecedores, produtores,

distribuidores, retalhistas e clientes através das quais fluem produtos, matérias-primas e

informações.

Cox et al. (2001) descrevem cadeia de abastecimento como uma rede de

relacionamentos empresariais que transformam a matéria-prima num produto através de

vários estágios de transformação, onde são agregados valor com o objectivo de satisfazer o

cliente final.

Desta forma, a cadeia de abastecimento é uma corrente formada por elos, através dos

quais a matéria-prima transforma-se em produto que será entregue ao cliente final com o

propósito de satisfazer as suas necessidades.

Figura 1 – Esquema da cadeia de Abastecimento Figura 2 – Cadeia de Abastecimento Típica

Fonte: Beamon (1999, p.276)

Como podemos verificar na figura 2, cada elo da cadeia pode conter várias

instalações, como por exemplo, o elo fornecimento que conta com três fábricas. Vale a

pena realçar que todo o esforço da cadeia de abastecimento deve estar voltado para a

satisfação dos clientes.

Moura (2006) refere que a cadeia de abastecimento começa a ter uma perspetiva de

rede, mais dinâmica, com múltiplas interligações. A filosofia subjacente ao conceito de

rede é a interdependência entre todos os participantes, assente em parcerias e outras

soluções de cooperação com requisito básico para a criação de valor para os clientes, com

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

8  

rendibilidade para as organizações. O autor cita J. Aitken, que define a cadeia de

abastecimento como uma rede de organizações, interligadas e interdependentes,

trabalhando mútua e cooperativamente, para controlar, gerir e melhorar o fluxo de

materiais e informação, dos fornecedores aos clientes finais.

Segundo Gomes e Rodriguez (2008) a globalização é um dos maiores motivadores

nas configurações e reconfigurações das estruturas de cadeias de abastecimento no mundo,

com o intuito de se tornarem mais competitivas e se firmarem no mercado mundial.

3.2 – Gestão da Cadeia de Abastecimento – Supply Chain Management (SCM)

Ballou et al., (2000); Christopher, (2001); Bowersox e Closs, (2001) enunciam

Supply Chain Management - SCM, como uma ferramenta que gere os fluxos de

informações e de produtos que vão do fornecedor ao cliente, de forma a que os

consumidores tenham um alto nível de serviço ao menor custo total, simplificando assim o

complexo processo de negócios ganho pela eficiência.

Segundo Pires (1998) a gestão da cadeia de abastecimento abrange a gestão de toda a

cadeia produtiva de forma estratégica e integrada. A SCM pressupõe que as empresas

devem definir as suas estratégias competitivas e funcionais por meio dos seus

posicionamentos (tanto como fornecedores, quanto como clientes) dentro das cadeias

produtivas nas quais se inserem.

Vollmann & Coron (1996) citado por Morini e Pires (1998), definem como principal

objectivo da SCM, maximizar e tornar realidade as potenciais sinergias entre todas as

partes da cadeia produtiva, de forma a atender o consumidor final mais eficientemente pela

redução dos custos, bem como através da adição de mais valor aos produtos finais.

A redução dos custos tem sido possível através da diminuição dos custos de

transporte e stocks, e pela diminuição da diversidade da procura de produtos e serviços.

Mais valor tem sido adicionado aos produtos, através da criação de bens e serviços

customizados, do desenvolvimento conjunto de competências distintas; através da cadeia

produtiva e dos esforços para que aumentem a lucratividade tanto fornecedores como

clientes.

Scavarda, L; Hamacher, S. ( 2001) enunciam o estudo de Wood e Zuffo (1998) que

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

9  

afirmam que a SCM é uma forma de gestão desenvolvida para alinhar todas as atividades

de produção de forma sincronizada, de forma a reduzir custos, minimizar ciclos e

maximizar o valor agregado pelo cliente final, minimizando barreiras entre departamentos

e áreas. Esta gestão tem como principio a cooperação entre os membros da cadeia de

abastecimento produzindo relacionamentos mais estáveis e duradouros, a redução dos

riscos individuais e o melhoramento da eficiência do processo logístico, eliminando perdas

e esforços desnecessários. Cada membro pertencente à cadeia deve agregar valor ao

produto, e os processos que não fizerem isto devem ser alterados ou eliminados.

3.3 –Just in Time

Entendemos por Just in time- JIT, uma filosofia onde os produtos chegam

exatamente quando são necessários.

O sistema Just in Time, foi desenvolvido no início da década de 50 na Toyota Motors

Company, no Japão, como um método para aumentar a produtividade.

Slack (2002) refere que o JIT significa produzir bens e serviços no momento em que

são necessários, não antes para se tornarem em stocks, e não depois para que os seus

clientes não tenham que esperar.

Nesta filosofia são adoptados procedimentos eficazes capazes de produzir ao menor

custo possível, elevando o nível de competitividade da empresa.

Wanke (2003), refere que a filosofia Just in Time originalmente é concebida como

produção Lean, o que significa puxar a produção somente no tempo estritamente

necessário.

O autor Carvalho (2007) refere Aires et al. (2005), enunciando que se pode resumir

o Just in time numa imagem semelhante aos 5 zeros olímpicos:

Figura 3 – Objectivos do Just-in-Time.

In: http://eco-gest.blogspot.pt/2007/10/just-in-time.html; Disponível em 12, Janeiro, 2012.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

10  

“Zero stocks – através de um controlo rigoroso do fornecimento de materiais (MRP

– Materials Requirements Planning) e flexibilidade nas mudanças de produção, com uma

reduzida utilização de stocks de produtos em vias de fabrico e de produtos acabados.

Zero defeitos – praticando-se uma gestão para a qualidade total (TQM – Total

Quality Management) que implica: forte investimento na formação das pessoas em todos

os sectores da empresa; elevada qualidade do produto e o uso de tecnologia sofisticada

para eliminar, o mais possível, erros humanos.

Zero avarias – Implica formação permanente dos operários, assim como um plano e

estratégias de manutenção do equipamento (TPM – Total Productive Maintenance).

Zero atrasos – Mobilidade na alteração de programas de fabrico, com diminuição do

índice de rejeições e do índice de avarias (TQM + TPM + Kanban), o que, em conjunto,

faz diminuir os prazos de entrega.

Zero papéis – eliminação de circuitos burocráticos pelo recurso a tecnologias de

informação e comunicação.”

3.4 – Os stocks no sector da construção

Segundo Costa (2009), verifica-se no sector da construção a necessidade de existir

stocks de forma a evitar a descontinuidade da produção que poderá ser provocada por

diversos factores, tais como: falta de pontualidade na entrega de materiais e componentes;

incapacidade dos fornecedores fazerem entregas de lotes muito pequenos; incapacidade de

prever, com exatidão, os prazos de execução das atividades; problemas de

dimensionamento das equipas de produção; falta de conhecimento dos índices de

desperdícios de materiais e componentes e por fim falta de planeamento da produção, o

que leva à antecipação de serviços que poderiam ser executados num momento posterior e

vice-versa.

Bertelsen (1997) e Nielsen (1997) referem que o JIT na construção pode dar uma

grande contribuição para a melhoria da eficiência logística no sector. O sistema JIT terá,

então, vantagens em ser aplicado, mas com algumas adaptações, como por exemplo, de

manter stocks, mas de volume mais baixo, assegurando-se uma produção contínua.

Gazolla (2002) refere que aplicado o JIT à cadeia de abastecimento, permite ganhos

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

11  

em diferentes frentes, nomeadamente: aumento da coordenação, redução ou até eliminação

de stocks intermediários; trabalho mais sintonizado com as necessidades dos

consumidores; e transformação da cadeia em um sistema “puxado” ao invés de

“empurrado”. O autor acrescenta que para aproveitar as vantagens da competição baseada

no tempo, é preciso desenvolver sistemas que sejam rápidos. Assim, a resposta rápida é um

conceito importante para os sistemas de informação da SCM, para haver uma logística

em Just-in-Time que se combinam para oferecer o produto certo, na hora certa e no lugar

adequado.

3.5 - EDI ( Electronic Data Interchange)

Avancini (2006) refere que integração de sistemas de informações/computacionais e

a utilização crescente de sistemas como o EDI (Electronic Data Interchange), entre

fornecedores, clientes e operadores logísticos têm permitido a prática de trabalhar com

entregas Just-in-time e diminuir os níveis gerais de stocks.

Podemos entender por EDI, ou Intercâmbio Electrónico de Dados, como um sistema

que ajuda no processo de comunicação entre empresas na transmissão de dados. Todas as

informações seguem por via electrónica (ex. email) evitando assim a demora no envio e no

input da informação.

O Intercâmbio EDI padroniza a forma como os computadores enviam e recebem

dados. O EDI acelera o ritmo com que os clientes e transportadores trocam informações

operacionais como programações de embarque, roteiros de entrega e rastreio da carga,

além de permitir a emissão de facturas ou outros documentos livres de erros.

Segundo Nogueira ( 2009) O EDI, surgiu principalmente para agilizar e garantir a

precisão e segurança da informação.

3.6 – Alianças estratégicas

Gulati (1998) classifica aliança como um arranjo voluntário que consiste na troca, na

partilha ou no codesenvolvimento de produtos, tecnologias, processos ou serviços entre

empresas concorrentes diretas. Macedo Soares (2002) refere aliança como estratégica

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

12  

quando estabelecida com vistas à manutenção ou criação de vantagem competitiva. Para Wilk e Fensterseifer (2003), as alianças estratégicas são uma combinação de

recursos, permitindo ganhos de tempo e redução de investimentos para a formação do portfólio de recursos necessários para adquirir e sustentar vantagens competitivas.

Segundo Doz & Hamel (2000) as alianças podem ser consideradas bilaterais, quando

formadas entre duas empresas ou multilaterais, constituídas por três ou mais empresas.

Gomes (2006) cita Barney (2001) que defende que as empresas têm vantagens para

cooperar em alianças estratégicas quando os valores dos seus recursos e ativos combinados

é maior do que seus recursos e técnicas, de forma a obter vantagens de diversa ordem, tais

como: ganhos de inovação, produtividade e eficiência; visando à conquista de novos

nichos de trabalho. A cooperação entre empresas, pode melhorar o desempenho em

mercados internacionais, representando a forma mais prudente de internacionalização

porque os riscos são menores, além de que é uma maneira segura de aprender uns com os

outros.

Gomes (2006) cita Barney (1996), que refere diversas motivações que

levam as empresas a realizarem alianças estratégicas:

1. Economia de escala – Permite que haja uma partilha de forma coordenada a

produção das empresas, sendo possível aumentar a quantidade produzida, com redução do

custo unitário de cada produto e aumento da margem;

2. Aprendizagem com os concorrentes - Através da aliança, as empresas

podem trocar aprendizagens e competências dos seus competidores, que terão todo o

interesse em cooperar, pois a empresa aliada será mais competitiva no mercado referente à

aliança;

3. Gestão de riscos e divisão de custos - Consiste na divisão dos custos entre as

empresas aliadas;

4. Redução dos custos de entrada em novos mercados - Esta redução torna-se

possível com a troca de alguns recursos entre as empresas aliadas, como conhecimento do

mercado local, acesso a redes de distribuição e conhecimento político;

5. Redução do custo de entrada em novos sectores ou em novos segmentos do

sector - Esta redução é obtida por meio da partilha de competências entre as empresas

aliadas;

6. Gestão das incertezas - Com as alianças é possível reduzir a hipótese de

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

13  

estas fracassarem na entrada em um mercado desconhecido ou de um determinado

investimento.

Wilk e Fensterseifer (2003), referem que a escolha de parceiros não ocorre de forma

aleatória, mas sim através de padrões bem definidos e empresas em mercados emergentes

são mais propensas a escolher parceiros com base em: partilha de ativos financeiros,

capacitações técnicas, ativos intangíveis e experiência.

Tavares (2002) refere que podem ser de diversa ordem os fatores a serem

considerados na escolha de parceiros para novas alianças estratégicas, tais como: divisão

de riscos; procura por recursos físicos, financeiros, humanos; procura de competências e

conhecimento complementar; procura de informações ou relações sociais proporcionadas

pelos relacionamentos existentes ou pela própria rede de relacionamentos e experiência

estabelecida anteriormente.

Relativamente à duração das alianças, segundo Doz & Hamel (2000), estas

necessitam de desenvolver-se em períodos de longo prazo para assim, haver uma criação

de valor e potencializar resultados.

3.6.1 – A importância das parcerias na internacionalização e na cadeia de

abastecimento

Oliveira e Leite (2010), referem estudos de autores que destacam o compromisso

entre os diversos elos da cadeia de abastecimento. Enunciam Christopher (2000), que

defende que a responsabilidade da cadeia de abastecimento está ligada ao atendimento

rápido dos requisitos da procura do mercado. Assim, o grau de relação mantido por uma

empresa focal e seus fornecedores refletem o nível de integração e coordenação entre as

empresas em função dos objetivos em comum, celebrados na gestão de uma cadeia. A

integração passa pelo aperfeiçoamento e comprometimento das parcerias. Para

Maheshwari et al. (2006), as parcerias numa cadeia de abastecimento representam uma

ligação estratégica entre duas ou mais empresas. São enunciados os estudos de Cooper e

Gardner (1993), que destacam cinco razões para explicar a consolidação de parcerias. São

elas:

1. Assimetria: reflete a habilidade de uma organização em exercer poder, influência

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

14  

ou controle sobre outra.

2. Reciprocidade: é baseada na mutualidade benéfica em atingir objetivos comuns.

Contrária à assimetria, a reciprocidade estabelece relação positiva entre as partes, pois

implica cooperação, colaboração e coordenação entre as partes.

3. Eficiência: aparece quando há necessidade interna de a empresa melhorar a

relação custo/benefício de algum processo. Sendo assim, ela transferirá para uma outra

organização um processo ineficiente.

4. Estabilidade: reflete a tentativa de adaptar ou reduzir as incertezas de algum

negócio, ou seja, as empresas que utilizam essa razão buscam parcerias que lhes garantam

um futuro mais confiável.

5. Legitimidade: a legitimidade reflete como os resultados e as atividades de uma

empresa são justificados.

Kanter (1994) refere que as empresas que possuem alianças estratégicas de

excelência possuem bens corporativos, pois estas geram competitividade, ou vantagem

colaborativa.

Barbosa et al. (2009) referem que várias são as vantagens das alianças estratégicas

entre empresas: maior flexibilidade, foco nas competências essenciais e redução na

necessidade de verticalização, bem como menor custo nas operações.

O autor cita Lopez et al. (2004) propondo uma escala evolutiva do relacionamento

entre parceiros na cadeia de abastecimento que vai desde o relacionamento de mercado (ou

transacional) até a integração vertical, passando pela cooperação, coordenação e

colaboração.

Figura 4: Tipos de relacionamentos estratégicos na cadeia de abastecimento

FONTE: Werneck (2007)

Na figura acima representada, a aliança é composta por três tipos de decisões

estratégicas, sendo elas a cooperação, coordenação e a colaboração.

Podemos observar que num estágio transacional, as empresas ao estabelecerem

contacto, vão trocando informações entre ambas e aos poucos desenvolvem elos de

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

15  

confiança. No estágio de coordenação, os parceiros estabelecem uma maior divisão de

responsabilidades, havendo uma maior troca de informações.

No estágio seguinte, existe assim a parceria propriamente dita, havendo desta forma

uma maior troca de informações entre os parceiros. Por fim, temos o estágio da integração,

onde as empresas trocam informações estratégicas e não apenas táticas.

Para Christopher (2005, citado por Henriques 2010) existe uma necessidade para as

parcerias almejarem a optimização da logística integrada na cadeia de abastecimento. O

autor ainda refere que as alianças estratégicas promovem a inovação e o desenvolvimento

de novos produtos, constroem uma relação de fidelização com o cliente dada a sua

orientação para o mesmo, fortalecem parcerias existentes com os fornecedores permitindo

o desenvolvimento da logística integrada com maior capacidade de resposta.

Ferreira e Barcellos (2006) referem como vantagens a partilha de recursos, das

capacidades e competências, o melhor acesso ao mercado e um maior conhecimento da

procura, bem como uma melhor gestão e controle.

Assim, entendemos que a cadeia de abastecimento é beneficiada com as parcerias,

em que como principais vantagens: a partilha dos recursos e das capacidades,

desenvolvimento conjunto de tecnologias, produtos e serviços, bem como a

horizontalização das operações. A cadeia de abastecimento ainda beneficia com a

necessidade para haver uma logística integradas das operações facilitando dessa forma a

comunicação, gestão e operações.

Gunasekaran et al. (2001) referem que as parcerias devem ser de longo prazo,

encorajando as empresas no desenvolvimento de esforços para o planeamento e resolução

de problemas em conjunto. Segundo Hall e Adriani (1998), essa é uma das principais

razões para as empresas se insiram nas estratégias de parceria, com a crença de possuírem

através desta condição, a capacidade de criar novas vantagens competitivas que, seriam

muito difíceis desenvolver isoladamente.

Zanquetto et al. (2006) citam os autores Stank & Crum (1999), referindo que a nível

operacional, a cadeia de abastecimento beneficia das parcerias através da coordenação do

fornecimento, da produção e das atividades logísticas conjuntas. As empresas passam desta

forma a operar coordenadamente. Os autores referem que o objetivo de melhorar as suas

operações com eficiência e aumentar a competitividade por meio da redução do tempo de

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

16  

atendimento das necessidades.

Sandy (1999), é mencionada por Zanquetto et al. (2006) referindo no seu estudo que

as empresas que funcionam em parceria são funcionalmente independentes, porém

financeiramente dependentes. Segundo Maloni & Benton (1997), com as alianças

estratégicas, as empresas deixam de estar focadas apenas nos preços, passando assim a

trabalhar cooperativamente num determinado projeto, melhorando os serviços e inovando

em termos tecnológicos.

Segundo Simon e Pires (2003), a internacionalização tem feito com que as empresas

sintam a necessidade de procurar e implementar novas formas de agir para obter vantagens

competitivas. Dado que, na atualidade, a competição ocorre efetivamente entre cadeias de

abastecimentos, e não entre empresas isoladas. Assim, a Gestão da Cadeia de

Abastecimento (Supply Chain Management – SCM) surge como uma necessidade a ser

explorada. Há que desenvolver ferramentas e métodos normativos para que sua prática seja

bem sucedida.

Segundo Paiva (2006), as empresas envolvidas numa cadeia de abastecimento não

podem atuar isoladamente, quer em processos, indicadores e estratégias. É importante que

atuem como uma equipa, pois nos dias de hoje a competição dos mercados não é somente

entre empresas, mas também entre cadeias de abastecimento. A cadeia que gerir melhor o

resultado com o cliente final ( preço, tempo e disponibilidade) é a que beneficiará os seus

participantes.

Quanto à relação das parcerias e internacionalização, Doz e Hamel (2000) comentam

vários benefícios como a criação de novos mercados, novas oportunidades através da

combinação de habilidades e recursos e a construção de novas competências. Afirmam que

a necessidade de se posicionar estrategicamente e a procura de uma maior competitividade

são os principais objetivos que levam as empresas a formarem alianças estratégicas.

Segundo Dussauge e Garrette (1998), Yoshino e Rangan (1999) e Kirby e Kaiser

(2003) citado por Matos (2011) além de haver vantagens de cooperação ao usar a rede de

distribuição e o conhecimento específico de um parceiro num determinado país, uma

empresa tem necessidade de aplicar menos recursos para conhecer esse mercado, havendo

assim uma maior probabilidade de ter sucesso. Dussauge, Garrette (1998) e Yoshino,

Rangan, (1995) são mencionados pelos autor, referindo que outra vantagem no

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

17  

estabelecimento de parcerias e alianças é as empresas terem a possibilidade de focar os

seus recursos na melhoria das suas “core competencies” tirarem partido das características

complementares dos seus parceiros em áreas que não considera críticas. Além disso, o

autor menciona Elmuti, Kathawala, (2001) e Kirby, Kaiser (2003) refere que a principal

vantagem da cooperação, é o aumento do seu alcance no mercado, para poderem competir

com grandes concorrentes.

Freeman et al. (2006), referem que as alianças estratégicas podem ser a base para

processos de internacionalização de empresas, que procuram num parceiro local uma

forma de entrada num novo mercado. As empresas ao se internacionalizarem enfrentam

várias dificuldades, como a falta de recursos e de conhecimento do ambiente. No entanto

Hynes (2010) e Freeman et al. (2006) sugerem o apoio de alianças para a viabilidade do

processo de internacionalização de PME´S. Diante desse contexto, entendemos que as

parcerias são uma condição essencial para a internacionalização das PME´S, uma vez que

proporcionam uma maior economia de recursos e de tempo e um maior conhecimento do

mercado estrangeiro, bem como da sua cultura.

Matos (2011) defende que as empresas formam parcerias internacionais com o

objectivo de:

• Crescer e entrar em novos mercados, pois numa economia mundial tão rápida e

exigente, as empresas não têm tempo nem dinheiro para entrar em vários mercados

por si só, pelo que formar uma aliança com empresas nos países de destino é uma

forma mais fácil, rápida e com menos riscos de o fazer;

• Obter novas tecnologias, melhor qualidade ou menores custos, pois esta é a melhor

opção quando as empresas não possuem a tecnologia necessária para competir

eficazmente num determinado mercado. Assim, para não estarem a desenvolver

tecnologia por si mesmas, possivelmente com custos elevados, recorrem à

formação de parcerias com empresas que já a possuam, oferecendo outros factores

que elas precisem. Além disso, a formação de alianças para fazer outsourcing de

funções consideradas secundárias ou pouco produtivas na empresa, permite ganhos

de qualidade e diminuição de custos;

• Reduzir o risco e partilhar custos de investigação e desenvolvimento. Em casos

onde o custo de desenvolvimento de um novo produto ou tecnologia é muito

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

18  

elevado, o risco e os custos associados são partilhados pelos parceiros, sendo que

os benefícios no final também são repartidos;

• Alcançar ou manter vantagem competitiva. Esta é a razão mais influente que leva

as pequenas empresas a recorrerem a parcerias, conseguindo assim adquirir as

ferramentas de negócio para serem competitivas.

• Aprender, pois através da formação de parcerias, as empresas têm contacto com os

produtos e processos dos seus parceiros, adquirindo assim novos conhecimentos e

competências, sendo esta umas das principais vantagens de cooperar.

Em Portugal, na área da construção civil, o consórcio, tem sido um modo de entrada

muito utilizado na vertente internacional.

Silva e Souza (2009) ao citarem Sillars e Kangari (2004) referem que o consórcio é

formado tendo como alvo a execução de um determinado projeto de duração limitada e

que, pelas suas especificidades, normalmente risco e investimento elevado, requer o

trabalho conjunto de duas ou mais empresas para atingir um objectivo comum. Os autores

definem consórcio como acordos de cooperação formais entre empresas que não envolvem

a partilha de capital nem a criação de uma nova entidade legal.

Silva e Souza (2009) referem que a indústria da construção caracteriza-se por ser de

capital intensivo, sendo a disponibilidade financeira um factor decisivo. Além disso, os

autores referem que as empresas de construção civil ao se internacionalizarem, estão

sujeitas a complexas e subtis redes de riscos políticos, económicos e culturais.

Os autores, citam vários investigadores que identificaram a partilha do risco como

uma motivação importante para constituir alianças interempresariais (Kogut, 1991; Oliver,

1990; Powell, 1987), que, como o consórcio, transferem risco e controlo para outras

empresas (Brouthers, 1995).

Silva e Souza (2009) referem que o investimento é um factor que condiciona a

atuação das empresas de construção, pois trata-se de um sector de capital intensivo em que,

para se conseguir levar a cabo certos projetos, é necessário um grande nível de

compromisso de recursos e, por conseguinte, um avultado investimento. Os autores citam

Badger et al., 1995; Chan et al. (1997) que consideram ser essa a razão que as empresas de

construção juntarem-se em consórcios para contribuir com recursos físicos, de capacidade,

de experiência ou de financiamento para assim, terem capacidade para a adjudicação e

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

19  

realização de projetos de grande envergadura.

Assim, para Silva e Souza (2009), os consórcio permitem que as empresas: diluam o

risco inerente aos projetos e mercados internacionais; alcancem o investimento necessário

à internacionalização; garantam alguma flexibilidade de decisão num ambiente de grande

instabilidade e em constante mutação como são os mercados internacionais; conquistam a

dimensão conjunta imprescindível à adjudicação e execução dos grandes projetos;

contornem as barreiras à entrada instituídas pelo governo do país de destino e pela

associação dos empresários locais que dificultam a atuação externa.

De uma forma generalista, podemos concluir que o consórcio possibilita enquanto

modo de entrada a internacionalização, tornando-se numa forma que as empresas têm em

se ajustar às condicionantes internas e externas da sua expansão em novos mercados.

Segundo Matos (2011) as alianças internacionais são baseadas numa

complementaridade de capacidades e recursos entre parceiros, criando valor acrescentado e

permitindo-lhes criar e agarrar oportunidades de negócio que nenhum dos dois conseguia

sozinho.

3.7- Proposições a serem testadas

Branski et al. (2010) refere que proposições são respostas provisórias às questões da

pesquisa. Estas são formuladas a partir dos elementos, conceitos e análises desenvolvidos

na revisão bibliográfica.

Neste sentido, através do referido no presente capítulo, foram elaboradas as

preposições para este estudo:

P1 – A internacionalização das empresas obriga a uma optimização da cadeia de

abastecimento entre parceiros, através do planeamento e estratégias de gestão da cadeia de

abastecimento (Supply Chain Management – SCM);

P2: As parcerias são uma estratégia relevante para as empresas de forma a que se

possam ajustar aos novos mercados internacionais.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

20  

4 ANGOLA

4.1 – Caraterização Económica e Social

A República de Angola tem uma população estimada em 13.338.541 habitantes

(Julho 2011 est.) e a sua divisão político-administrativa compreende 18 províncias e 163

municípios, tendo cada uma delas as suas respectivas autoridades locais.

A República de Angola está classificada como o sexto país africano de maior

dimensão, apresentando uma área total de 1.246.700 Km2, sendo que a costa tem 1.650 km

e uma fronteira terrestre de 4.837 km.

O país situa-se na costa ocidental da África Austral, a sul do Equador, sendo limitado

a norte pela República do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo

Oceano Atlântico.

4.2 – Mercado do sector da construção em Angola

4.2.1 – Enquadramento histórico

No início do século XX, Angola começou a desenvolver-se economicamente, com

base na construção de vias de comunicação, na extração de diamantes e em atividades

comerciais e agrícolas. Registou-se um aumento da população colonial portuguesa após a

Segunda guerra mundial, devido ao desenvolvimento económico com o crescimento do

mercado mundial do café.

Durante o período de Guerra Colonial (1961-1974), o desenvolvimento económico

foi notório. Com a liberalização da legislação relativa ao investimento, o PIB cresceu à

taxa de 7% ao ano. A população colonial atingiu, no fim deste período, os 340 mil

habitantes.

Antes da independência, Angola era quase autossuficiente relativamente a alimentos

de primeira necessidade, considerado um dos maiores produtores do mundo de café e na

exportação de diamantes. O país, também possuía algumas produções de ferro. A

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

21  

exportação e comercialização interna destes bens, para além das pescas e produção

agrícola, contribuíam para o aumento das receitas cambiais e abasteciam, parcialmente, a

indústria transformadora.

A partir de 1969, houve um grande desenvolvimento económico, devido à descoberta

do petróleo.

Os padrões educacionais da população angolana eram muito baixos, não havendo

acesso a empregos especializados, havendo desta forma uma dependência quase total, de

mão de obra externa, bem como da importação de matérias primas, apesar do crescimento

interno do sector transformador entre 1964 e 1971 e dos recursos naturais existentes.

Após a independência a economia angolana foi bastante penalizada, por um período

de transição extremamente conturbado, com a paralisação das estruturas administrativas e

pela falta de pessoas qualificadas para assegurar toda uma estrutura económica e

administrativa deixada pelos portugueses. Desde então, não foi possível relançar as

estruturas produtivas, com exceção da extração do petróleo, participadas por empresas

estrangeiras.

De acordo com a AICEP (2010, pag.12) “…a indústria transformadora foi um dos

sectores mais atingidos pela eclosão da guerra e pela saída dos portugueses após a

independência de Angola. Nos dois anos seguintes, grande parte da indústria foi total ou

parcialmente estatizada, pertencendo, em 1987, 43% das empresas ao Estado. A produção

caiu 75% em 1975-1976 e, embora tivesse havido uma recuperação parcial entre 1977 e

1983, um novo declínio surgiu em meados dos anos 80 e prosseguiu no início da década de

90. Contudo, foi nessa altura que muitas pequenas empresas estatais começaram a ser

privatizadas. Em 1993, grande parte da indústria transformadora estava a laborar a 20% ou

30% da capacidade disponível.

O Governo privatizou várias empresas estatais que estavam a dar prejuízos e que

acabaram, em muitos casos, por ficar nas mãos de entidades que não tinham suficiente

capacidade técnica ou financeira para as gerir. A indústria transformadora tem funcionado

abaixo do seu potencial, devido ao contexto interno adverso, caracterizado por custos

elevados, fraca qualidade dos serviços locais e pela preferência do sector bancário local

por operações de curto prazo (nas importações), em vez de avançar para investimentos de

longo prazo.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

22  

De um modo geral, devido à falta de produção local, tem existido uma grande

dependência das importações, nomeadamente de produtos alimentares, bens de capital e

bens de consumo.”

“…Atualmente Angola já dispõe de uma indústria transformadora que produz,

sobretudo, alguns bens de consumo e materiais de construção. Dedica-se ainda à

fabricação e montagem de produtos metálicos para o sector petrolífero, existindo também

uma indústria de refinação de petróleo (embora ainda pequena) e várias serrações.

Acrescem a estas, as indústrias relacionadas com as oleaginosas, cereais, carnes, algodão e

tabaco, merecendo destaque, também, a produção de açúcar, cerveja, cimento, madeira,

pneus, fertilizantes, celulose, vidro e aço.

O Governo pretende diversificar o sector industrial, tendo o Ministério da Indústria

lançado um plano de implementação de vários tipos de indústrias, desde os materiais de

construção, à siderurgia, processamento de bens alimentares e bebidas, etc.”

Segundo os Estudos Económicos e financeiros do Banco BPI sobre Angola (2009),

podemos observar nos gráficos abaixo que foi previsto para o período 2009-2013, taxas

anuais de crescimento da indústria transformadora entre 46.5%, e em aceleração até 2013,

altura em que se prevê que a atividade esteja a crescer a uma média de 58.7% por ano.

Ainda a registar que a previsão para 2013 no que concerne ao emprego industrial direto

deverá rondar os 70,374 postos de trabalho, aos quais acrescem mais cerca de 211,122

postos de trabalho indiretos; e a participação da indústria transformadora no PIB deverá

alcançar os 12%.

Gráfico 1 – Taxa de crescimento da atividade Industrial Gráfico 2 – Criação de emprego direto da

( in Estudos Económicos e financeiros de Angola do Banco indústria Transformadora (in Económicos

BPI-2009) e Financeiros de Angola do Banco BPI- 2009).

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

23  

4.2.2 – Investimento direto estrangeiro (IDE) na área da construção

Para Jesus (2005), o investimento direto estrangeiro (IDE), tem assumido um papel

determinante para o desenvolvimento do país, para a modernização do sistema produtivo,

através de práticas de gestão modernas a introduzir nas empresas, levando assim a uma

maior eficiência empresarial, bem como a uma melhoria do sistema burocrático e legal. De

acordo com o ‘World Investment Report (2011), da agência das Nações Unidas para o

Comércio e Investimento (UNCTAD), Angola foi o país africano de língua oficial

portuguesa que mais investimento direto estrangeiro (IDE) recebeu em 2010, apesar de

estes fluxos terem baixado cerca de 15 % em relação ao ano anterior.

O autor Jesus (2005) refere que o IDE assume um papel central no financiamento

empresarial e na dinamização de novas atividades económicas, especialmente ao nível dos

grandes projetos mais estruturantes.

De acordo com dados disponíveis pelo Aicep- Agência de investimento e comércio

externo de Portugal, no que concerne a investimento, Angola tem vindo a representar um

parceiro cada vez mais importante nas relações económicas de Portugal com o exterior,

encontrando-se entre os principais destinos do investimento português. Em 2010, Angola

situou-se na quinta posição relativamente aos destinos do investimento português no

exterior, com uma quota de 3,3% do total, enquanto que na qualidade de emissor de

investimento para o nosso país a sua posição tem sido menos relevante (17 em 2010).

De acordo com a Aicep ( 2011) no período compreendido entre 2006 e 2010, o valor

médio anual do investimento direto português em Angola ascendeu a 444,1 milhões de

euros, enquanto que o desinvestimento se elevou a 850,5 milhões de euros, tendo-se

verificado valores negativos de investimento líquido nos últimos quatro anos. Em 2010, o

investimento português não foi além de 226,7 milhões de euros, o que representou um

decréscimo de 67,3% relativamente a 2009.

Tabela 1– Importância de Angola nos fluxos de Investimento para Portugal

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

24  

Tabela 2– Investimento Direto Estrangeiro Português em Angola.

Jesus (2005) refere que Angola apresenta inúmeras necessidades prioritárias, tais

como: reabilitação das infraestruturas rodoviárias; produtividade e eficiência empresarial;

mas também ao nível do bem estar social, através da melhoria das condições de habitação,

saneamento básico, saúde e educação pública, com a necessidade de desenvolver um

sistema de ensino profissional e universitário de forma a colmatar as graves carências de

quadros e mão de obra qualificada do país.

Neste sentido, Portugal apresenta um nível de tecnologia perfeitamente adequada às

exigências do mercado; existindo laços históricos, linguísticos e culturais comuns, que leva

à abertura do mercado angolano às empresas portuguesas.

4.2.3 – Importação

Segundo Costa (2009), a importação dos materiais é geralmente feita pelos

empreiteiros, que coordenam os seus processos entre a sede da empresa em Portugal e a

sucursal em Angola. Estas mesmas empresas geralmente decidem pela importação por via

marítima, devido aos custos, ao contrário da exportação via aérea que embora seja mais

rápida, é mais cara. No entanto, transforma-se numa tarefa muito morosa e com diversas

falhas. A saturação dos portos angolanos, a obsolescência dos equipamentos e sistemas e a

burocracia do processo de importação tornam o desalfandegamento lento: geralmente, são

necessários três meses (contados a partir do momento em que o material está colocado no

porto de origem) para colocar qualquer material em Luanda, por via marítima. Apesar

disso, são registados roubos frequentes nos portos marítimos, a violação e extravio de

contentores e a má gestão do espaço do cais. Ainda na importação por via marítima, existe

a possibilidade de enviar carga em grupagem, sendo definido como ato de combinar

mercadorias de diferentes empresas no mesmo contentor. O autor refere que em 2009, no

porto de Luanda, todos os contentores que se encontram nesta situação vão para outro

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

25  

parque localizado a cerca de 20 km a Norte de Luanda e cuja lentidão de

desalfandegamento é ainda maior. Além disso, a cada contentor é paga uma renda pelo

tempo que está parqueado no cais e no caso de grupagem, o tempo que o contentor fica

retido é, às vezes, tão grande (em situações normais passa de 1 para 3 meses) que,

frequentemente, as empresas veem se obrigadas a abandonar a mercadoria porque já não

compensa pagar esse parqueamento.

A referir também dificuldades burocráticas no processo de importação por Angola,

que são enormes e que fazem atrasar em cerca de um mês todo o processo. Estas

dificuldades são geradas, sobretudo, pela necessidade de inspeção pré-embarque que as

alfândegas angolanas exigem para alguns materiais, bem como pela necessidade de

licenciamento da importação. O processo de inspeção pré-embarque tem, contudo, de ser

iniciado em Angola, antes do embarque das mercadorias, submetendo ao Ministério do

Comércio uma factura pró-forma das mercadorias a serem importadas para o seu

franqueamento. Esta inspeção pré-embarque pode ainda dar origem a mais atrasos, com

uma inspeção local obrigatória ao material.

4.3 - Indústrias Angolanas

Segundo Costa (2009), a indústria angolana divide-se em três grandes sectores: o

extractivo, o de transformação e o dos materiais de construção. O sector da extração

engloba o petróleo, gás natural, diamantes e rochas ornamentais, enquanto que o segundo

refere-se à metalurgia, as construções metálicas, os componentes eléctricos e electrónicos,

a construção de materiais de transporte, a química e borracha, a madeira e mobiliário, o

papel, o vidro e cerâmica, os têxteis, a confecção, os curtumes, os alimentos, as pescas, as

bebidas, o café, o açúcar e os tabacos. O sector dos materiais de construção refere-se a

produtos como os cerâmicos e os cimentos.

Apesar de toda esta diversidade de produtos, de acordo com a Embaixada de Angola,

“a indústria Angolana é constituída, na sua grande maioria, por equipamentos com mais de

25 anos”, resultando desta forma na baixa produtividade da indústria. Devido a este facto,

tem-se verificado uma oportunidade muito boa para as empresas portuguesas que estão

inseridas nas cadeias de abastecimento da reabilitação das obras angolanas. O tabela

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

26  

abaixo apresenta a evolução das exportações portuguesas para Angola, registando-se,

como se pode verificar um rápido crescimento. De acordo com Costa (2009), este facto

deve-se ao facto de a indústria Angolana não ser autossuficiente e dos preços praticados

em Angola serem mais caros dos que produzidos na Europa.

Tabela 3- Relacionamento Económico entre Portugal-Angola (In: AICEP- Portugal Global).

Segundo Júnior (Setembro, 2011) com artigo publicado no Jornal de Angola: “O

preço dos artigos de construção sofreu uma certa alteração, nos últimos tempos, porque há

pouco material no mercado e a procura é superior à oferta”, referiu.

Assim, e com interesse para o nosso trabalho, podemos afirmar que as empresas

internacionalizadas procuram produtos de construção civil fora de Angola, de forma a

maximizar os custos em obra.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

27  

Parte II – Estudo a desenvolver

5 METODOLOGIA

Pretendemos neste capítulo apresentar o método de pesquisa e o método de trabalho

que serão utilizados no desenvolvimento deste estudo.

Neste sentido, o método de pesquisa escolhido para a elaboração desta dissertação

foi o estudo de caso e o método de trabalho teve como base, os princípios gerais deste

método de pesquisa. Neste sentido, foi elaborado um esquema para a sua elaboração

prática para a realização deste estudo.

Em seguida, irmos explorar o método de pesquisa que irá ser utilizado.

5.1.1- Método de Pesquisa – Estudo de Caso

Segundo Barañano ( 2008), Um estudo de caso é uma investigação empírica que:

(i) Estuda um fenómeno contemporâneo, dentro de um contexto real,

especialmente quando os limites entre o fenómeno e o contexto não são claramente

evidentes;

(ii) Lida com uma situação na qual pode haver muitas variáveis de interesse;

(iii) Precisa do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para orientar a

recolha e análise de dados.

Fidel (1992), citado por Araújo et al. (2008) refere que o método de estudo de caso é

um método específico de pesquisa de campo. Estudos de campo são investigações de

fenómenos à medida que ocorrem, sem qualquer interferência significativa do

investigador.

Ponte (2006) considera que “ é uma investigação que se debruça deliberadamente

sobre uma situação específica, que se supõe ser única ou especial, pelo menos em certos

aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico e, desse

modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de interesse.”

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

28  

Roesch (1999) refere que esta metodologia estuda fenómenos com mais

profundidade no seu contexto real, sendo adequado aos estudos de processos

organizacionais.

Este método segundo Barañano ( 2008), descreve uma intervenção e um contexto da

vida real na qual ela ocorre, para ajudar a ilustrar certos tópicos dentro de uma avaliação,

explorando situações nas quais a intervenção , sendo avaliada, não apresenta um conjunto

claro e único de resultados.

Gil (1996) refere que o uso desta metodologia, estimula novas descobertas, pois

apresenta uma flexibilidade de planeamento, permitindo ao pesquisador manter-se atento a

novas descobertas ao longo do processo e proporciona ênfase na totalidade, pois o

pesquisador está direcionado para um problema com múltiplas dimensões, focalizando-o

como um todo.

Barañano ( 2008) refere que os estudos de caso, têm uma força única pelas suas

possibilidades de lidar com a ampla variedade de evidências, tais como documentos,

entrevistas e observações, salientando que o estudo de caso se realiza para obter

informações ( fundamentalmente qualitativa) sobre um caso representativo de uma

população, com o intuito de a conhecer melhor.

Yin (1994) refere que os estudos de caso são a estratégia preferida quando questões “

como “ e “ porquê “ estão a ser colocadas, quando o investigador tem pouco controlo sobre

os acontecimentos, e quando o foco está nos fenómenos contemporâneos dentro do

contexto da vida real. Tais estudos de casos “ explicativo “ também podem ser

complementados por outros dois tipos – estudos de caso “ exploratório “ e “ descritivo “.

Assim, o estudo exploratório responde a questões do tipo qual?, o descritivo- Como? e por

fim o explicativo responde a questões – Porquê? - Barañano ( 2008) e Marconi e Lakatos

(2002)

Segundo Yin (1994), os estudos de caso podem ser divididos em projetos holísticos

ou incorporados.

Os projetos holísticos são aqueles estudos de caso com apenas uma unidade de

análise. Já o Estudo de Caso com objetos incorporados são aqueles que consideram

unidades múltiplas de análise. No caso da necessidade de análise mais aprofundada de

determinados aspectos considerados relevantes, os projetos incorporados são mais

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

29  

apropriados, na medida em que é possível avançar nos detalhes através do processo de

investigação.

Dada as características em torno do objeto de pesquisa e dos objetivos a serem

alcançados pela mesma, a presente dissertação abordará o Estudo de Caso dentro de uma

perspectiva múltipla ou incorporada.

O presente estudo tem como base questões do tipo “Como e Porque”, sendo que

relata acontecimentos reais e contemporâneos. Nesse sentido e pelas características citadas

por Yin, a adopção pelo estudo de caso é o mais indicado para este trabalho, sendo desta

forma o mais adequado para responder à questão de partida e objectivos específicos.

Na presente dissertação, será utilizada a pesquisa exploratória com características

qualitativas. Outros métodos na abordagem qualitativa não aparentam ser adequados para

este estudo, em que a utilização dessa estratégia de pesquisa nasceu da necessidade de

investigar fenómenos dentro de um contexto real.

5.1.2- Recolha de Dados

Segundo Yin (1994) existe uma necessidade de utilizar várias fontes de dados, para

um enriquecimento do caso de estudo. Nesse sentido, as fontes utilizadas para este caso de

estudo foram: inquérito e análise documental.

Segundo Abramo (1979), este estudo será feito com base numa observação indireta.

O autor refere que a análise documental é um modo de observação indireto, que envolve a

utilização de livros, revistas, jornais e documentos para a recolha de observações, bem

como inquéritos.

No que concerne à pesquisa bibliográfica sobre o tema em estudo, procurou-se ser o

mais aprofundada possível, para um maior enriquecimento do tema abordado. Deu-se

prioridade ao uso de artigos académicos publicados relacionados às temáticas em estudo,

bem como livros, teses e dissertações.

Além da pesquisa documental, utilizada acima de tudo para contextualizar as

empresas no estudo de caso, outro meio de recolha de dados utilizado foi o inquérito por

meio de entrevistas semiestruturadas, seguindo-se de um breve questionário.

Na entrevista semiestruturada, o investigador parte de uma lista de questões ou

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

30  

tópicos a serem abordados (guião de entrevista), mas a entrevista em si decorre com uma

certa flexibilidade. As questões nem sempre seguiram exatamente a ordem prevista no

guião e foram, inclusive, colocadas questões que não se encontravam no mesmo, em

função do decorrer da entrevista. Embora, no geral, a entrevista seguisse o que se

encontrava planeado. De acordo com Quivy et al. (1992), as entrevistas semiestruturadas

apesar do guião elaborado pelo entrevistador, permitem que o entrevistado tenha alguma

liberdade para desenvolver as respostas segundo a direção que considere adequada,

explorando, de uma forma flexível e aprofundada, os aspectos que considere mais

importantes.

Em cada caso será apresentado as funções profissionais que os inquiridos se

encontram a desempenhar na empresa.

Neste trabalho, a recolha de dados foi realizada a partir de entrevistas semi

estruturadas a pessoas que ocupam postos-chaves na gestão do sistema administrativo das

empresas em estudo. Procedeu-se também à construção e aplicação de um inquérito por

questionário de perguntas fechadas (tipo escala de Likert) para recolha de dados

qualitativos tendo em vista os objectivos do estudo. As escalas de Likert, requerem que os

entrevistados indiquem o seu grau de concordância ou discordância ( muito fraco a muito

forte) com declarações relativas à atitude que está a ser medida, através da atribuição de

um valor numérico (1 a 5) de cada resposta dos inquiridos.

Usámos assim, mais do que uma fonte de dados, para dar maior confiabilidade ao

estudo e ajudar na validação da pesquisa (Yin, 1994).

5.2- Método de trabalho

Aqui estarão presentes os passos que foram dados, ferramentas e técnicas, para a

elaboração deste trabalho. Nesse sentido, os passos utilizados e o seu encadeamento

lógicos estão presentes na figura seguinte:

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

31  

Figura5- Método de Trabalho da Dissertação

Fonte: Elaborado pelo autor (2013)

Este trabalho teve como início a escolha do tema a tratar, seguindo-se da pesquisa

bibliográfica tendo como objectivo o estudo da teoria sobre Internacionalização e Cadeia

de Abastecimento. Foram consultadas publicações, livros, jornais e trabalhos académicos

com o fim de compreender as relações entre os temas e o objectivo empírico do trabalho.

De seguida, foram escolhidas as empresas para o estudo de caso, no ramo da construção

civil e que se internacionalizaram para Angola.

Tendo como referência o estudo teórico e a experiência do autor deste estudo, foi

definido o questionário a ser aplicado aos intervenientes importantes no processo das

empresas em estudo. As entrevistas semiestruturadas foram aplicadas tendo como duração

média de trinta minutos. Foram recolhidos dados nas empresas em estudo, que foram

analisados e que se mostraram pertinentes para a conclusão deste estudo.

Foi então realizada a redação do caso de estudo, com base no referencial teórico e na

recolha de dados das múltiplas fontes em duas empresas que serviram de objecto de estudo

para esta investigação.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

32  

6 ESTUDO DE CASO

6 – Estudo de Caso

Neste capítulo será apresentado e discutido o estudo de caso das empresas foco deste

trabalho. Assim, este capítulo apresenta-se dividido em três secções, sendo que a primeira

apresenta as empresas em estudo e as suas áreas de atuação no sector da construção civil.

A segunda secção é referente ao modo de atuação das empresas e à apresentação dos dados

recolhidos pelos questionários efectuados, bem como pela análise documental pertinente

para este estudo. A terceira parte apresenta as conclusões e reflexões sobre os dados

recolhidos no item anterior com o intuito de responder às proposições formuladas.

6.1-Apresentação do primeiro estudo de caso e as suas áreas de atuação

O primeiro caso apresentado é sobre a empresa portuguesa DCI - Construção e

Inovação, S.A e sua internacionalização para Angola, denominada por ICD - Instalações

Técnicas, Comunicações e Domótica.

Fundada em 1996, com sede na Zona industrial da Oiã - concelho de Oliveira do

Bairro, distrito de Aveiro, a DCI – Construção e Inovação, S.A., tem vindo a desenvolver a

sua atividade nos ramos das instalações técnicas e obras de arquitetura de interiores. A DCI

apresenta-se no mercado nacional, alargando as suas competências e capacidade de

adaptação às exigências do mercado global, estando desta forma presentes no mercado

angolano, através da internacionalização parcial, sendo que em Angola detém a

nomenclatura de ICD - Instalações Técnicas, Comunicações e Domótica, inserida no

Grupo Soclima, tendo sido criada em Angola em Outubro de 2006, com sede na Avenida

Deolinda Rodrigues, 373 r/c- Luanda.

Ambas as empresas prestam apoio ao cliente desde a fase de elaboração de projeto,

escolha de materiais e equipamentos, fazendo posteriormente a implementação do projeto

de acordo com os parâmetros de qualidade e excelência desejados pelo cliente. Dispõe de

capacidade de execução de obras nas áreas de: construção civil, aplicação de

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

33  

revestimentos, divisórias, tectos falsos, carpintaria, mobiliário, serralharia, pintura,

eletricidade, canalizações, aspiração central, climatização, ventilação, segurança,

sonorização de espaços e mobiliário.

A DCI dispõe de um gabinete de projetos desde 2009, embora a ICD tenha o seu

gabinete de projetos desde o seu início, onde se criam soluções de arquitetura e engenharia.

Nos gabinetes de projeto trabalha-se desde a concepção inicial da “ideia” do cliente, à

escolha da solução e do espaço, à criação da imagem, à execução dos projetos de

arquitetura e especialidades, bem como os pedidos de licenciamento necessários.

Neste sentido, cada uma das empresas têm à disposição do cliente um gabinete de

projetos capaz de assegurar a escolha de soluções e a sua implementação, cumprindo as

normas legais e as recomendações técnicas, para as seguintes áreas: projetos de

estabilidade, projetos de eletricidade, projetos de segurança, projetos de Ited, projetos de

águas e esgotos e projetos de AVAC. Além dos projetos que as empresas elaboram, ambas

possuem um conjunto de equipas técnicas multidisciplinares, capazes de assegurar a

instalação, programação e manutenção das soluções técnicas nas seguintes áreas:

segurança electrónica, sonorização de espaços, eletricidade geral, iluminação – interior e

exterior, quadros elétricos, telecomunicações, aspiração central e redes de águas e esgotos.

6.1.1- Apresentação dos dados recolhidos pelas entrevistas

Os parágrafos seguintes, têm como intuito apresentar elementos retirados das

entrevistas realizadas, de forma a apresentar indicadores referentes relacionadas com os

objectivos deste estudo.

No que diz respeito ao planeamento e gestão da cadeia de abastecimento

verificámos que houve a necessidade de seguir clientes que se internacionalizaram para

Angola. Nesse sentido, a internacionalização da empresa serviu como uma forma de os

acompanhar e de os continuar a prestar serviços em Angola da mesma forma que acontecia

em Portugal.

Outro aspecto que motivou a internacionalização é a necessidade que Angola tem

na reconstrução do seu país para o desenvolvimento. Crescimento esse que se verifica a

quando da entrada da empresa em Angola há seis anos fortemente e principalmente na

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

34  

capital de Angola, em Luanda, que atualmente e neste momento já se verifica em todas as

províncias do território angolano.

Quando a empresa se internacionalizou para Angola, a cidade de Luanda não

oferecia estabelecimentos comerciais de forma a responder às necessidades dos habitantes.

Nesse sentido, a empresa foi basicamente arrastada pelos acontecimentos e pela

necessidade que havia na altura de a empresa operar nas diversas vertentes da construção

civil.

Em 2006 quando a empresa se internacionalizou, era muito difícil operar, por um

lado em termos de logística, estabelecimento da empresa, havia menos possibilidades de

comprar materiais. Desta forma, a empresa juntamente com um grupo parceiro local (

Soclima) , criaram uma empresa em Portugal com o nome de Cotarco- Comércio

Internacional Lda., que tem o intuito de central de compras. Angola tem um grande défice

em ter os produtos necessários para a execução das empreitadas, nomeadamente nas áreas

técnicas que as empresas operam. Assim, a empresa adquire todas os produtos em Portugal

e exporta-os para Angola.

É na Cotarco em Portugal onde se centraliza todo o recrutamento de pessoal,

técnico e especializado, bem como as compras para a Soclima, para a ICD, bem como para

outras empresas do grupo que também já surgiram posteriormente. Com a criação da

Cotarco, existe um maior poder negocial na aquisição das compras e assim existe um

maior volume de negócios e juntando cada volume de negócios de cada empresa numa só

empresa em Portugal, fez com esta central de compras tenha uma capacidade negocial em

função do grande volume de compras que tem de efetuar para o grupo todo.

A criação desta empresa tem como objectivo procurar preços competitivos no

mercado português, no apoio de técnicos especializados a obras em Angola e de procurar

profissionais para trabalhar em Angola nas empresas do grupo.

A DCI quando fornece material fá-lo através da Cotarco, portanto a ICD quando

ganha uma obra coloca as notas de encomendas à logística em Portugal e a Cotarco sabe

que grande parte dos equipamentos e materiais são adquiridos pela DCI através de

negócios que a DCI tem com alguns fornecedores de longa data e descontos que têm

dessas relações. Além disso a DCI tem capacidade de produção: quadros elétricos,

equipamentos de segurança, por isso é um parceiro referencial da ICD como

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

35  

internacionalização da DCI, fazendo todo o sentido que as compras passem pela DCI.

A contentorização do material, é feita na Cotarco, salvo raras exceções, como é o

caso de um volume de grande porte que terá de ser feito a partir do fornecedor e o

fornecedor faz diretamente a expedição.

A Cotarco tem a necessidade de recrutar serviços de outsourcing a outras empresas

especializadas, nomeadamente a uma empresa de vistos, que trata de processos

extremamente burocrático em termos de vistos ordinários e vistos de trabalho e também

com um transitário especializado em transportes marítimos e aéreos. Esta última empresa

referida, tem uma parceria em Angola com um transitário local que é com quem o grupo

em Angola trabalha.

A Cotarco como empresa de compras e de logística para o grupo em Angola, não

tem necessidade de fazer stocks, responde às necessidades pontuais, faz as suas compras,

faz grupagem e envia os contentores, funcionando desta forma em JIT. Em Angola é um

pouco diferente, pois existe a necessidade de ter algum stock, nomeadamente naqueles

produtos de consumo corrente e aquele produto que se consome em qualquer tipo de obra.

Além disso, existe a necessidade de entrar rapidamente em obra, para a empresa não estar

sujeita a um transporte e a um período logístico de dois meses ou mais para o fazer. É

referido numa das entrevistas que hoje em dia em Angola não é aceitável fechar um

negócio e esperar três meses para que inicie uma obra.

Toda a troca de informações, tanto em Portugal como em Angola, entre as empresas

com os seus clientes e fornecedores é feita via EDI. Com isto, os processos internos e

externos não sofrem atrasos e o planeamento não é afectado pelas vias de comunicação

utilizadas.

No que concerne às parcerias já existentes da DCI, verificámos que Angola sempre

que possível tenta submeter aos clientes os produtos fruto dessas parcerias para que se

possa potenciar uma qualidade em termos de prestação de serviços e também na

rentabilização dos custos, ou seja, comprar a fornecedores habituais, com o qual há

capacidade de compra, descontos, empatia e confiança. Assim, existe a tentativa de

submeter as marcas das parcerias que existem em Portugal sempre que possível. No

entanto, é referido que os negócios são um pouco impessoais, pois as empresas parceiras

não querem saber se o material é para Angola, apenas tem a necessidade de fazer negócio,

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

36  

não havendo assim apoio comercial devido. No entanto, a tentativa de mudar as marcas das

obras para as parcerias existentes pela DCI passa também por uma necessidade própria,

porque os técnicos das obras estão habituados a trabalhar com essas marcas, até porque

pode haver restos de obras anteriores que ficam em armazém. Para a ICD é sempre melhor

trabalhar sempre com as mesmas marcas para haver uma optimização de stocks, compras e

a formação técnica do pessoal técnico em obra.

O contacto que a empresa tinha com seus fornecedores e parcerias acabou por se

estender para Angola de uma forma natural, pois a empresa continua a adquirir o material

no mercado português, com a diferença de que em vez de instalarem o material em

Portugal o mesmo é instalado em Angola.

Relativamente às parcerias como o intuito de entrada no novo mercado, a empresa

fez uma parceria com uma empresa angolana que opera no mercado angolano nas áreas

técnicas de AVAC, a Soclima. Essa parceria potenciou uma entrada privilegiada sob o

ponto de vista que esta empresa angolana, tem um grande conhecimento das leis vigentes

do mercado, um grande conhecimento da forma de operar em Angola, nas relações e de

angariação de trabalho. A empresa parceira já tinha as instalações, conhecia a cadeia

logística do país, maneira de trabalhar dos bancos, pagamento de impostos e

desalfandegamentos.

Foi essa parceria que projetou a DCI, pois o parceiro também trabalhava nas áreas

técnicas, portanto os clientes eram comuns. Bastava o parceiro dizer que tinha uma

empresa do grupo que fazia e que trabalhava nas áreas, automaticamente passavam a ser

consultados avidamente por toda a gente que estava em Angola e que trabalhava com o

parceiro local possibilitando assim a entrada no mercado.

6.1.2- Parcerias e Cadeia de abastecimento

A DCI apresenta os seus serviços no mercado nacional. Dos vários fornecedores que

possui, apresentamos os de maior relevância, sendo considerados parceiros comerciais

visto que tem a representação de várias marcas de produtos que mencionamos na figura

seguinte:

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

37  

 Figura 6- Parcerias da DCI- Construção e Inovação, S.A

 

Quando a DCI faz um projeto para uma determinada obra (modalidade turnkey-

chave na mão) incorpora as marcas que tem a representação. Quando ganha uma obra e já

existe um projeto, tenta junto com o dono da obra fazer uma submissão ao projeto, na

tentativa de mudar as marcas para as que representa, comprovando com a ficha técnica dos

produtos que a funcionalidade e a qualidade do produto é a mesma ou superior. Quando o

dono da obra não aprova a submissão ou não existe compatibilidade com os produtos

representados, a DCI tem vários fornecedores locais que consulta e que compra consoante

o melhor valor do mercado que consegue obter e de acordo com o valor presente no

caderno de encargos de determinada obra.

A ICD, atua no mercado angolano. Existe uma parceria entre a empresa em estudo

com o grupo Soclima. Ao entrar no mercado angolano, estabeleceu uma parceria com este

grupo que atua na área de instalações técnicas de AVAC, de forma a facilitar a entrada

neste mercado estrangeiro.

Esta, ao contrário da empresa portuguesa, não realiza projetos, apenas os executa por

subcontratação.

Todas as compras necessárias para a execução de obras são feitas em Portugal, por

uma trading criada pelo Grupo Soclima, com o objetivo de permitir um maior poder de

negociação na aquisição de compras e uma maior fluidez na expedição do material para

Angola.

Sendo a Assimetria, Reciprocidade, Eficiência, Estabilidade e Legitimidade, as cinco

razões para explicar a consolidação de parcerias nos estudos de Cooper e Gardner (1993),

serviram de parâmetros avaliativos nos gráficos seguintes, de forma a tentar perceber

a envolvência destas alianças/parcerias com a empresa em Portugal e a

empresa internacionalizada em Angola.

Nos gráficos abaixo representados, usamos a seguinte escala de Likert:

Muito Fraco (1); Fraco (2); Regular (3); Forte (4) e Muito Forte (5).

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

38  

                                                                                                                         

Gráfico 3 – Envolvência da parceria entre as Gráfico 4 – Envolvência da parceria entre as empresas

empresas TECNIWALL e DCI/ICD. EXPORLUX e DCI/ICD.

O gráfico 3 acima apresentado, revela-nos que em Portugal e em Angola todos os

parâmetros apresentam uma envolvência muito fraca.

O gráfico 4 acima apresentado, revela-nos que em Portugal existe uma envolvência

regular nos parâmetros “ Assimetria”, “ Eficiência”, fraca nos parâmetros “ Estabilidade” e

“ Legitimidade” e muito fraca no parâmetro “Reciprocidade”. Em Angola, existe uma

envolvência muito fraca em todos os parâmetros, com exceção do parâmetro

“Reciprocidade” que apresenta uma envolvência fraca.

                                                                                                                                                                                                                                       

Gráfico 5 – Envolvência da parceria entre Gráfico 6 – Envolvência da parceria entre as

as empresas LUSOMAPLE IRIS e DCI/ICD. empresas CLIMAR e DCI/ICD.

O gráfico 5 acima apresentado, revela-nos que em Portugal existe uma envolvência

muito fraca em todos os parâmetros com exceção dos parâmetros “ Eficiência” e

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

39  

“Estabilidade” que apresenta uma envolvência fraca. Em Angola, existe uma envolvência

muito fraca em todos os parâmetros.

O gráfico 6 acima apresentado, revela-nos que em Portugal existe uma envolvência

regular nos parâmetros “ Assimetria” e “Eficiência”, nos parâmetros “ Estabilidade” e “

Legitimidade” uma envolvência fraca e muito fraca no parâmetro “Reciprocidade”. Em

Angola, existe uma envolvência muito fraca em todos os parâmetros, com exceção do

parâmetro “ Reciprocidade” que apresenta uma envolvência fraca.

                                                                                                                       

Gráfico 7 – Envolvência da parceria entre Gráfico 8 – Envolvência da parceria entre

as empresas AERTECNICA e DCI/ICD. as empresas VULCANO e DCI/ICD.

O gráfico 7 acima apresentado, revela-nos que em Portugal existe uma envolvência

fraca nos parâmetros “ Assimetria”, “ Reciprocidade” e muito fraca nos restantes

parâmetros. Em Angola, existe uma envolvência muito fraca em todos os parâmetros.

O gráfico 8 acima apresentado, revela-nos que em Portugal existe uma envolvência

forte no parâmetro “ Assimetria”, regular nos parâmetros “ Eficiência” e “ Legitimidade” e

fraca nos restantes parâmetros. Em Angola, existe uma envolvência muito fraca em todos

os parâmetros.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

40  

                                                                                                                                   

Gráfico 9 – Envolvência da parceria entre as Gráfico 10 – Envolvência da parceria entre

empresas ROCA e DCI/ICD. as empresas KREON e DCI/ICD.

O gráfico 9 acima apresentado, revela-nos que em Portugal existe uma envolvência

regular nos parâmetros “ Assimetria” e “ Eficiência” e fraca nos restantes parâmetros. Em

Angola, existe uma envolvência muito fraca em todos os parâmetros.

O gráfico 10 acima apresentado, revela-nos que em Portugal existe uma envolvência

regular nos parâmetros “ Reciprocidade”, “Eficiência” e “ Estabilidade”, forte no

parâmetro “Assimetria” e fraca no parâmetro“ Legitimidade”. Em Angola, existe uma

envolvência muito fraca em todos os parâmetros.

                                                                                                                                           

Gráfico 11 – Envolvência da parceria entre Gráfico 12 – Envolvência da parceria entre as empresas

RELOPA e DCI/ICD. as empresas JUNG e DCI/ICD.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

41  

O gráfico 11 acima apresentado, revela-nos que em Portugal existe uma envolvência

muito fraca no parâmetro “ Reciprocidade” e fraca nos restantes parâmetros.

Em Angola, existe uma envolvência muito fraca em todos os parâmetros.

O gráfico 12 acima apresentado, revela-nos que em Portugal existe uma envolvência

regular nos parâmetros “ Assimetria”, “ Reciprocidade” e “ Estabilidade” e uma

envolvência fraca nos parâmetros “Eficiência” e “ Legitimidade”. Em Angola, existe uma

envolvência muito fraca em todos os parâmetros, com exceção do parâmetro

“Reciprocidade” que apresenta uma envolvência fraca.

                                                                                                                         

Gráfico 13 – Envolvência da parceria entre as Gráfico 14 – Envolvência da parceria entre as

empresas MOEL e DCI/ICD. empresas GE SECURITY e DCI/ICD.

O gráfico 13 acima apresentado, revela-nos que tanto em Portugal e Angola,

apresentam uma envolvência muito fraca em todos os parâmetros, com a exceção do

parâmetro “Assimetria” que em Portugal apresenta uma envolvência faca.

O gráfico 14 acima apresentado, revela-nos que em Portugal apresentam uma

envolvência forte nos parâmetros “Assimetria” e “ Reciprocidade,” uma envolvência muito

forte nos parâmetros “ Estabilidade” e “ Estabilidade” e uma envolvência regular no

parâmetro “ Legitimidade”. Em Angola apresentam uma envolvência muito fraca nos

parâmetros “Assimetria” e “ Legitimidade”, fraca nos parâmetros “Eficiência” e

“Estabilidade” e regular no parâmetro “Reciprocidade”.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

42  

Gráfico 15 – Envolvência da parceria entre Gráfico 16 – Envolvência da parceria entre as

as empresas FAGOR e DCI/ICD. empresas HAGER e DCI/ICD. O gráfico 15 acima apresentado, revela-nos que em Portugal apresentam uma

envolvência forte nos parâmetros “Assimetria”, “ Eficiência” e “ Estabilidade”. No

parâmetro “ Reciprocidade” apresenta uma envolvência regular e no parâmetro “

Legitimidade” apresenta uma envolvência fraca. Em Angola apresentam uma envolvência

muito fraca nos parâmetros “Assimetria”, “ Estabilidade” e “ Legitimidade” e fraca nos

parâmetros “Reciprocidade” e fraca no parâmetro “Eficiência”.

O gráfico 16 acima apresentado, revela-nos que em Portugal apresentam uma

envolvência forte nos parâmetros “Assimetria”, “ Reciprocidade” e “ Legitimidade”. Nos

parâmetros “ Eficiência” e “ Estabilidade” apresentam uma envolvência muito forte. Em

Angola apresentam uma envolvência muito forte nos parâmetros “Assimetria”, “

Reciprocidade” e “ Eficiência” e regular no parâmetro “Estabilidade” e fraca no parâmetro

“Legitimidade”.

Gráfico 17 – Envolvência da parceria entre as Gráfico 18 – Envolvência da parceria entre as

empresas EGI e DCI/ICD. empresas ESEDRA e DCI/ICD.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

43  

O gráfico 17 acima apresentado, revela-nos que em Portugal apresentam uma

envolvência regular nos parâmetros “Assimetria”, “ Reciprocidade” e “ Eficiência”, no

entanto apresentam uma envolvência fraca nos parâmetros “ Estabilidade” e “

Legitimidade”. Em Angola apresentam uma envolvência muito fraca no parâmetro

“Assimetria”, uma envolvência fraca no parâmetro “ Reciprocidade” e “ Eficiência” e

muito fraca no parâmetro “Estabilidade” e “Legitimidade”.

O gráfico 18 acima apresentado, revela-nos que em todos os parâmetros apresentam

uma envolvência muito fraca em Angola. No entanto, em Portugal apresenta uma

envolvência Fraca no parâmetro “ Assimetria”.

Gráfico 19 – Envolvência da parceria entre Gráfico 20 – Envolvência da parceria entre as

as empresas DISANO e DCI/ICD. empresas FOSNOVA e DCI/ICD.

O gráfico 19 acima apresentado, revela-nos que em todos os parâmetros apresentam

uma envolvência muito fraca em Angola. No entanto, em Portugal apresentam uma

envolvência Regular no parâmetro “ Assimetria”, uma envolvência fraca nos parâmetros

“Reciprocidade”, “ Eficiência” e “ Estabilidade” e muito fraca no parâmetro “

Legitimidade”.

O gráfico 20 acima apresentado, revela-nos que em todos os parâmetros apresentam

uma envolvência muito fraca em Angola. No entanto, em Portugal apresentam uma

envolvência Regular no parâmetro “ Assimetria”, uma envolvência fraca nos parâmetros

“Reciprocidade”, “ Eficiência” e “ Estabilidade” e muito fraca no parâmetro “

Legitimidade”.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

44  

Gráfico 21 – Envolvência da parceria entre Gráfico 22 – Envolvência da parceria entre

as empresas BPT e DCI/ICD. as empresas CATA e DCI/ICD. O gráfico 21 acima apresentado, revela-nos que em todos os parâmetros apresentam

uma envolvência muito fraca em Angola. No entanto, em Portugal apresentam uma

envolvência Regular nos parâmetros “ Reciprocidade” e “ Eficiência”, uma envolvência

forte nos parâmetros “ Assimetria” e por fim nos parâmetros “ Estabilidade” e

“Legitimidade” uma envolvência fraca.

O gráfico 22 acima apresentado, revela-nos que têm em todos os parâmetros uma

envolvência muito fraca, com a exceção do parâmetro “Assimetria” e “Reciprocidade” que

em Portugal é considerada fraca.

Em geral, a envolvência das parcerias em Portugal é mais elevada do que em Angola

ou mantêm-se o mesmo grau na relação entre as empresas. No entanto, somente registou-

se duas parcerias onde a envolvência em Angola foi superior à de Portugal, tendo sido no

parâmetro “Reciprocidade”.

6.2 -Apresentação do segundo estudo de caso e as suas áreas de atuação

O segundo caso apresentado é sobre a empresa portuguesa FCM- FCM Cofragens e

Construções, SA e sua internacionalização para Angola, denominada por FCM & LC

Construções Lda.. A FCM faz parte do Grupo FCM SGPS, constituído por oito empresas

consolidadas no mercado da construção e recursos humanos, atuando em diversos

mercados tais como Portugal, Espanha, Roménia, Angola, Brasil e Argélia.

Fundada em 1997, a empresa FCM - Cofragens e Construções, S.A. é especialista em

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

45  

trabalhos de cofragem e execução de betão armado, tendo mais de 14 anos de experiência.

A empresa adquiriu experiência e know-how comprovados permitindo desenvolver

projetos como empreiteiro geral. A FCM caracteriza-se pelas soluções globais e

inovadoras que apresenta aos seus clientes nas áreas de estudos e projetos, planeamento e

execução de obras, prestando os seus serviços em: obras de habitação, comerciais, obras

hidráulicas, vias de comunicação, recintos desportivos, obras públicas e obras industriais.

Certificada na qualidade pela Norma ISO 9001:2008, a FCM é pioneira ao possuir a

certificação da qualidade na fabricação de soluções próprias de cofragem, e na execução de

obras recorrendo a todo o tipo de sistemas.

A empresa Angolana, FCM & LC - Construções, Lda., foi criada em 2009 com sede

em Luanda, no distrito de Luanda.

Atua no sector da construção civil centrando a sua atividade na execução de

cofragem e estruturas de betão armado. A criação da FCM & LC foi uma aposta do Grupo

na estratégia de internacionalização.

O Grupo FCM SGPS fez um investimento em Angola de 500 000 USD na empresa

FCM & LC via ANIP - Agência Nacional para o Investimento Privado, sendo esta uma entidade

governamental criada em 2003 por Decreto nº 44/03 de 4 de Julho de 2003, responsável

pela execução da política nacional relativa ao investimento privado, sua promoção,

coordenação e supervisão.

A FCM & LC é uma empresa especializada em cofragem e estruturas para betão

armado para o sector da construção para todo o tipo de obra: obras públicas, obras de

engenharia, obras residências e não-residenciais. Possui um departamento técnico

especializado que dá todo o apoio na análise do projeto e na sua realização.

Possui um estaleiro central localizado em Viana que dá todo o apoio logístico às

obras.

6.2.1- Apresentação dos dados recolhidos pelas entrevistas

Os parágrafos seguintes, têm como intuito apresentar elementos retirados das

entrevistas realizadas, de forma a apresentar indicadores relacionadas com os objectivos

deste estudo.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

46  

No que diz respeito ao planeamento e gestão da cadeia de abastecimento

verificámos que houve a necessidade de seguir clientes que se internacionalizaram para

Angola. Assim, a internacionalização da empresa serviu como uma forma de os

acompanhar e de os continuar a prestar serviços em Angola da mesma forma que acontecia

em Portugal. A FCM foi convidada para fazer obras em Angola, mas não houve nenhuma

parceria de fidelização ou estratégica com os clientes.

Além de Angola ser um país de língua oficial portuguesa, a FCM refere nas

entrevistas que através de uma análise interna, consideram que o mercado angolano tem

muito potencial, com muitas infraestruturas para construir tanto de habitação, como vias de

comunicação, como outros. Em termos demográficos está em forte expansão, é um

mercado onde a obra não se vai acabar brevemente.

A empresa entrou no mercado através de uma parceria com o grupo Soclima, que já

se encontram no mercado angolano há mais de duas décadas.

Em Portugal a empresa vende para a empresa em Angola, tratando-se de um

fornecedor habitual. O material é encomendado em Portugal quando este tem de fazer

várias encomendas a diversos fornecedores, de forma a juntar todo o material e

contentorizar o mesmo com destino à empresa angolana. Quando são necessárias cargas

completas para enviar para Angola, a empresa internacionalizada encomenda diretamente

aos fornecedores muitos deles internacionais ( Doka, Peri e Ulma) com quem trabalham há

bastante tempo que vendem material na área onde operam e assim evita-se que a carga

venha a Portugal, perdendo assim tempo do material em obra e mais custos logísticos.

A escolha dos fornecedores mencionados é feita de acordo com o factor qualidade

das soluções propostas, pois cada fornecedor tem propostas diferentes e ter um

determinado equipamento mais apropriado para determinado tipo de obra. Claro que o

factor preço é importante pois é adjudicado aquele que lhes parece ter mais rendimento.

Há registos de algumas compras locais. A empresa faz as suas consultas e mapas

comparativos e após análise, quando o preço não é muito superior compensado pela

disponibilidade imediata, as compras são feitas localmente.

Ao contrário de Portugal, é necessário fazer stocks em Angola. Em Portugal

consegue-se que um determinado fornecedor coloque em determinado local uma

mercadoria de um dia para o outro. Em Angola não pode faltar equipamentos ou materiais

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

47  

para laborar. Nesse sentido, A FCM em Angola faz stocks razoáveis. Mais do que em

Portugal ou em outros países. Neste sentido, Portugal faz os seus aprovisionamentos em

JIT pela proximidade com os fornecedores, ao contrário de Angola que, segundo as razões

enunciadas por Costa (2009), verifica-se a necessidade de existir stocks de valor

substancial, de forma a evitar atrasos de material em obra quando necessários.

A FCM cofragens tem um estaleiro repleto de equipamento que face há ausência e

diminuição de obras em território nacional e ao excedente de equipamento que existe de

contraplacado, ferro, painéis, materiais que estão parados no estaleiro sem ser vendido,

envia os excedentes para Angola com o intuito de o fazer render com a consciência de que

o material parado está a dar despesa porque precisa de ser armazenado. Assim este é

exportado pela FCM portuguesa para a FCM no Huambo, para que desta forma este possa

ser utilizado em obras em Angola.

Tanto em Portugal como em Angola, toda a troca de informações entre as empresas

com os seus clientes e fornecedores é feita via EDI. Desta forma, os processos internos e

externos não sofrem atrasos e o planeamento não é afectado pelas vias de comunicação

utilizadas.

A empresa recorre a outsourcing apenas nos serviços prestados pelos transitários,

com a justificação de que não compensa apostar internamente nessa área, pois não

representam muitos custos, com margens muito pequenas que os transitários apresentam. “

Temos que nos especializar naquilo que sabemos fazer melhor”, refere o presidente do

conselho de administração.

Quanto aos vistos, a empresa já recorreu a outras empresas para lhes tratarem destes

processos, no entanto estes já são tratadas internamente pois com o tempo foram se

apercebendo de como os processos eram tratados e existe atualmente alguém na empresa

que trate deste assunto. Ainda sobre os vistos, foi referido que os gestores da empresa têm

a possibilidade de tirar vistos de privilégio com a vantagem de não andarem sempre na

embaixada e de entrarem e saírem de Angola quando quiserem. O presidente do conselho

de administração refere que só assim é que se pode trabalhar e controlar as pessoas que lá

estão a trabalhar.

A FCM envia para Angola trabalhadores, que têm também o intuito de formadores

para pessoal contratado localmente. Foi referido que com o passar do tempo é necessário

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

48  

menos formadores pois os locais vão adquirindo conhecimentos técnicos e especializados.

A empresa admite que, ao se internacionalizar, teve de haver adaptações na cadeia de

abastecimento referindo que uma coisa é a empresa na sua estrutura nacional com a sua

cadeia de abastecimento, com os seus fornecedores, seus stocks habituais, que em Portugal

funciona no estaleiro central. Ao se internacionalizar para o mercado angolano, houve a

necessidade de se adaptarem e pesquisar novas empresas que prestam determinados

serviços, nomeadamente o caso dos transitários, para inspeções de materiais, gestão de

equipamentos de estaleiro local onde tiveram de encontrar também fornecedores locais

para reparação de máquinas. Tudo isto é exigido localmente.

São mencionadas na entrevista relações comerciais de longe prazo com as empresas

multinacionais Ulma, Peri e Doka que fornecem a empresa portuguesa e angolana.

Relativamente às parcerias como o intuito de entrada no novo mercado, a empresa

fez uma parceria com uma empresa angolana que opera no mercado angolano nas áreas

técnicas de AVAC, a Soclima.

Como é referido, é um parceiro que já estava em Angola, que conhecia o mercado, os

organismos legais e estatais angolanos, que sabia como funcionava o mercado angolano

sobre os aspectos legais, contabilísticos, aduaneiros, todos os aspectos relacionados com

logística para se instalarem em Angola. A empresa Soclima tinha uma estrutura montada

que proporcionou a FCM instalar-se em Angola com bastante facilidade.

A parceria foi fundamental na aquisição de equipamentos, pois a FCM teve logo um

espaço administrativo e alguém que começasse a iniciar os processos, fornecendo assim

todo o apoio necessário. Assim, não foi necessário a contratação de empresas de

consultadoria, encontrar um escritório, pois a empresa aliada cedeu escritórios e terreno

para estaleiro. Assim, a parceria foi fundamental para a FCM se instalar em Angola.

6.2.2- Parcerias e Cadeia de abastecimento

A empresa FCM - Cofragens e Construções, S.A apresenta-se no mercado nacional,

com uma rede de parceiros a nível local, especialista em trabalhos de cofragem e execução

de betão armado. A empresa está sediada em Pêro Pinheiro, com estaleiro central em

Quarteiras, concelho de Pêro Pinheiro.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

49  

A empresa tem uma relação de muitos anos com alguns fornecedores de

equipamentos de cofragens, como é o caso das multinacionais DOKA, PERI, ULMA, que

fornece material para todas as empresas do grupo, pois apresentam um nível de qualidade/

preço de bastante confiança.

Entre as variadas obras realizadas pela FCM, destacam-se os seguintes clientes com

quem a empresa colaborou com os seus serviços: Baixo Sabor – Bento Pedroso / Lena

Engenharia, ACE; Ramos Catarino, SA; Edifer, S.A.; Mota-Engil, S.A./Zagope, S.A.;

Construtora do Tâmega, S.A.; Edifer, S.A. / Obrecol, S.A.

A empresa angolana FCM & LC – Construções, Lda. está sediada em Luanda, onde

funcionam todos os departamentos administrativos da empresa. tendo como principal

parceiro a empresa angolana ICD do Grupo Soclima.

Existe um estaleiro em Viana, onde é feita toda a logística do material para as

diversas obras no país, com capacidade de resposta na fabricação de soluções para otimizar

e rentabilizar custos e tempo no seu projeto.

A empresa FCM SA exporta serviços de apoio técnico e comercial à FCM & LC

através dos seus quadros técnicos, aproveitando desta forma os recursos humanos e o

know-how já adquiridos pelo grupo.

A outra sinergia existente tem a ver com a venda de equipamento através da

exportação de equipamentos e mercadorias que face à necessidade da FCM & LC a FCM

SA adquire em Portugal e exporta para a FCM & LC. Os equipamentos que a FCM SA

dispõe e que face ao abrandamento do mercado da construção tem a possibilidade de as

exportar para Angola, realizando o valor dos mesmos em vez de estarem em Portugal em

stock no Estaleiro. O mesmo se aplica a outros equipamentos que estejam noutros países e

que sejam necessários em Angola.

O aprovisionamento de materiais em Angola é feito localmente (exemplo: cimento,

brita e areia), em Portugal, através de contentores completos que enviam para Angola ou

de fornecedores internacionais que exportam diretamente para Angola em cargas

completas.

Em Angola é necessário fazer stocks consideráveis, pois os fornecimentos locais não

conseguem satisfazer muitas das vezes as quantidades exigidas pela empresa e para não

correrem o risco de uma obra parar, os stocks remediam a falta de resposta que o mercado

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

50  

local oferece.

Entre os vários clientes em Angola, destacam-se as empresas: Construtora Abrantina,

S.A.; Teixeira Duarte, S.A.; Centro Cerro, Lda.; DHC - Const. C. e Obras Públicas, Lda. e

Mota-Engil Engenharia Angola.

São usadas mais uma vez as cinco razões para explicar a consolidação de parcerias:

Assimetria, Reciprocidade, Eficiência, Estabilidade e Legitimidade, dos estudos de Cooper

e Gardner (1993), que serviram de parâmetros avaliativos nos gráficos seguintes, de

forma a tentar perceber a envolvência destas alianças/parcerias com a

empresa em Portugal e a empresa internacionalizada em Angola.

                         Gráfico 23 – Envolvência da parceria entre as Gráfico 24 – Envolvência da parceria entre as empresas empresas DOKA e a FCM em Portugal e Angola. PERI e a FCM em Portugal e Angola.  

Gráfico 25 – Envolvência da parceria entre as empresas ULMA e a FCM em Portugal e Angola.

Os gráficos acima apresentados, referente à envolvência das parcerias entre a FCM

em Portugal e Angola e as empresas DOKA e PERI, revela-nos que ambas as empresas

têm em todos os parâmetros uma envolvência regular, com a exceção do parâmetro

“Estabilidade”, sendo considerado forte. A empresa ULMA apresenta em Portugal uma

envolvência regular nos parâmetros assimetria, “Reciprocidade” e “Eficiência”, com a

exceção dos parâmetros “Estabilidade” e “Legitimidade” avaliadas com parâmetros

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

51  

regulares. Em Angola os parâmetros são considerados muito fraco em todos os parâmetros

com a exceção do parâmetro “Estabilidade”, considerada regular.

A diferença da avaliação da parceria entre a Ulma e as restantes, deve-se ao facto de

apenas Portugal importar diretamente material a este parceiro, não acontecendo o mesmo

com a FCM em Angola.

Em geral, a envolvência das parcerias em Portugal é semelhante à de Angola. No

entanto, somente registou-se uma parceria onde a envolvência em Angola foi menor à de

Portugal. É notório que o parâmetro “Estabilidade” é regular em todas as parcerias, quer

em Portugal ou Angola e o parâmetro “Legitimidade” em Portugal também se mantém

regular em todas as parcerias em relação à empresa FCM em Portugal.

6.3- Resposta à pergunta de partida

Este trabalho teve como ponto de partida a seguinte pergunta: “Qual o impacto da

internacionalização de empresas portuguesas, na cadeia de abastecimento, para empresas

do sector da construção civil, no mercado de Angola?”.

No decorrer deste estudo e como resultado da pesquisa bibliográfica, foram

elaboradas as seguintes proposições a serem validadas:

P1 – A Internacionalização das empresas leva a uma optimização da Cadeia de

Abastecimento entre parceiros, através do planeamento e estratégias de Gestão da Cadeia

de Abastecimento (Supply Chain Management – SCM);

P2: As parcerias são uma condição essencial para as empresas de forma a que

possam ajustar-se aos novos mercados internacionais.

No que diz respeito ao planeamento e gestão da cadeia de abastecimento,

verificámos que a proposição citada foi validada, pois houve a necessidade de seguir

clientes que se internacionalizaram para Angola, internacionalização essa motivada, entre

outros factores, pela crise económica que Portugal atravessa, nomeadamente ao nível da

construção civil, área onde operam as empresas em estudo. Assim, a internacionalização

das empresas surge como o caminho lógico para acompanhar os clientes, bem como de

continuar a prestar serviços em Angola, da mesma forma que já acontecia em Portugal.

Também se verificou que as empresas têm em conta no seu plano estratégico, factores

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52  

determinantes para o sucesso da internacionalização, nomeadamente o facto de tratar-se de

um país de língua oficial portuguesa, com inúmeras riquezas naturais, com o mercado da

construção civil em forte expansão, ao nível da habitação, obras públicas diversas como

vias de comunicação e outras infraestruturas consideradas essenciais para o

desenvolvimento económico e social do país.

No que concerne à gestão da cadeia de abastecimento, verificou-se que a DCI/ ICD,

juntamente com um grupo de empresas, criaram em Portugal uma central de compras com

o objectivo de se abastecerem essencialmente no mercado nacional. Após recepção das

mercadorias e equipamentos nas suas infraestruturas em Portugal, a central de compras

procede à exportação dos bens para Angola. Uma das grandes vantagens na criação da

central de compras, é a evidente centralização dos contactos com os diversos fornecedores,

com consequências muito positivas, e manifestamente comprovadas, ao nível do poder

negocial, o que se traduz na chegada dos bens ao país de destino, a preços muito

competitivos. Outra das vantagens associadas à existência de uma central de compras,

prende-se com o facto de se conseguir obter uma maior fluidez na contentorização dos

bens para Angola, através de uma melhor gestão logística de armazém, o que também tem

reflexos ao nível da redução de custos financeiros.

A FCM em Angola coloca diretamente as encomendas aos seus fornecedores,

contrariamente ao que acontece com as empresas parceiras do Grupo Soclima, abdicando

assim dos serviços da central de compras. A explicação para que assim seja, deve-se ao

facto de a grande maioria dos materiais adquiridos pela FCM em Angola serem muito

específicos dentro da área da construção civil, onde a empresa opera. Conclui-se portanto

que, embora sejam empresas do mesmo Grupo, a operar no mesmo país e na mesma área

de negócio, a central de compras não se apresenta como uma vantagem competitiva para a

FCM. Por motivo de especificidades muito concretas de alguns dos materiais que utiliza, e

por na maioria das vezes não haver necessidade de os bens serem exportados para Angola

através do sistema de grupagem, pois é habitual. que as encomendas ocupem contentores

completos, a FCM acabaria por não usufruir das verdadeiras vantagens que uma central de

compras oferece, pois muitas das vezes os carregamentos seguem diretamente dos

fornecedores, com destino a Angola.

Regra geral, as compras são efectuadas a fornecedores fora do mercado angolano, à

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

53  

exceção do material cujo preço compense adquirir em território nacional, e quando o factor

disponibilidade imediata é uma realidade, evitando longos períodos de espera que poderão

prejudicar os trabalhos em obra. Conforme referido anteriormente, a indústria

transformadora em Angola não tem capacidade para fornecer o mercado interno, sendo

assim necessário recorrer ao mercado externo ou, em alternativa, adquirir a fornecedores

locais cujo stock permita satisfazer as necessidades do cliente em obra.

Tal como foi enunciado por Pires (2008), a internacionalização das empresas,

define estratégias com o objectivo de se tornarem competitivas e funcionais no seio das

cadeias produtivas nas quais se inserem. De acordo com Vollmann & Coron (1996), citado

por Morini e Pires (1998), as empresas tentam maximizar e tornar realidade as potenciais

sinergias, de forma a satisfazer o consumidor final de forma mais eficiente através da

redução de custos, bem como da obtenção de valor acrescentado ao produto final.

A redução dos custos tem sido possível através da diminuição dos encargos

associados ao transporte e à armazenagem de stocks, através de cargas diretas de

fornecedores estrangeiros, através da utilização de uma central de compras para a aquisição

de material e exportação dos mesmos para Angola, e pelo outsourcing de algumas áreas

específicas, o que se traduz na diminuição da procura de produtos e serviços com a

consequente redução de custos associados.

Tal como referido por Costa (2009), ao contrário do que acontece em Portugal,

verifica-se que em Angola há a necessidade de existência de stocks substanciais, de forma

a garantir o cumprimento dos prazos acordados em obra, o que se traduz numa vantagem

real ao nível do controlo de custos, nomeadamente por assim se evitar a aplicação de

multas. Em Portugal não é comum que seja este o procedimento relativamente à

armazenagem de stocks uma vez que não há dificuldade em conseguir que um determinado

fornecedor coloque uma determinada mercadoria num local específico, num curto espaço

de tempo. Através do processo das entrevistas, ficamos a conhecer que, pelo facto de não

fazer stock em Portugal, a FCM envia para Luanda todo o material parqueado no estaleiro

nacional e que se verifica não ser necessário nas obras em curso, uma vez que a mercadoria

estagnada em Portugal, representa geralmente prejuízo. Quanto à ICD, a norma é fazer

stock, em Angola, do material mais corrente e de utilização comum nas diversas obras,

sendo que em relação ao material de maior especificidade apenas se adquire no momento

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

54  

da real necessidade. Desta forma, a empresa garante uma vantagem significativa no que se

refere ao factor tempo, uma vez que consegue iniciar obras num curto espaço de tempo.

não tendo que aguardar pela chegada do material para início dos trabalhos. Assim sendo,

verifica-se que o referido por Bertelsen (1997) e Nielsen (1997), no que respeita à teoria do

JIT, tem aplicação prática conforme se comprovou através da análise dos estudos de caso

apresentados. Os autores defendem através da aplicação dos princípios JIT, que o

planeamento é adequado ao factores tempo e distância, considerando ainda qualquer

imprevisto de ordem logística.

As empresas recorrem à partilha de informação via EDI para que esta seja

compartilhada pelos diversos elos da cadeia de forma automática e com mais rapidez, pelo

que se conclui que também aqui se aplica a teoria JIT. Desta forma, tal como defendido

por Christopher (2000), existe um atendimento rápido dos requisitos da procura do

mercado, havendo assim um grau de relação a um nível de integração e coordenação entre

empresas.

Ambas as empresas recorrem a outsourcing no que se refere aos serviços prestados

pelos transitários, com a justificação de que não compensa apostar internamente nessa

área, uma vez que as margens praticadas nestes serviços não são elevadas..“ Temos que

nos especializar naquilo que sabemos fazer melhor”, refere o presidente do conselho de

administração da FCM.

No que se refere à obtenção dos vistos para trabalhadores, é de referir que a FCM

recorreu anteriormente a serviços de outsourcing, no entanto mais recentemente optaram

por fazê-lo internamente, por representar menos um custo. Quanto à empresa ICD ainda se

regista a contratação do serviço de outsourcing para obtenção de vistos para Angola com a

justificação de que se trata de serviços muito morosos e burocráticos.

Em suma, verifica-se que o processo de internacionalização das empresas obriga

naturalmente a ajustes na cadeia de abastecimento, nomeadamente no seu modo de

funcionamento, na contratação de serviços e na adaptação ao mercado angolano. Neste

sentido e de acordo com o mencionado nos parágrafos anteriores, encontra-se validada a

primeira proposição.

No que concerne à segunda proposição, relativamente às parcerias serem uma

condição essencial para as empresas, de forma a que estas possam ajustar-se aos novos

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55  

mercados internacionais, esta também se encontra validada. Em ambos os estudos de caso

verificou-se a formação de relações de parceria com empresas locais, como forma de

melhor se estabelecerem no mercado angolano, o que em última análise comprovou ser

uma mais valia. Como resultado destas alianças, verificaram-se vantagens competitivas

diversas, nomeadamente ao nível do conhecimento dos organismos legais e estatais

angolanos, aspectos contabilísticos e aduaneiros, bem como com variadas circunstâncias e

realidades relacionadas com o processo logístico. Podemos assim concluir, que a

integração em território angolano foi bastante facilitada pela existência destas parcerias,

criando vantagens estratégicas e sinergias que de outro modo poderiam não ter sido

possíveis.

Como foi enunciado por Paiva (2006), e Freeman et al. (2006), as empresas parceiras

não atuam isoladamente no que se refere aos processos, indicadores e estratégias, o que se

verifica através da partilha de informações e bens das empresas aliadas, ao nível dos

recursos, tempo e disponibilidade, e que se traduz em última análise num benefício para

ambas as partes.

Neste sentido, os estudos de caso referidos neste trabalho mostram que as parcerias

são uma condição essencial para a internacionalização das PME´S, uma vez que

proporcionam uma maior economia de recursos e de tempo e um maior conhecimento do

mercado estrangeiro, bem como da sua cultura.

Relativamente às parcerias que já estavam criadas em Portugal, com fornecedores e

marcas, registou-se com este estudo que, em média, não há uma envolvência superior em

Angola comparativamente com aquela que existe em Portugal, sendo que a relação se

mantém, ou sofre até um declínio. Esta realidade poderá dever-se ao facto de a maioria das

compras ser efectuada pelas empresas em Portugal com a consequente exportação dos

materiais para Angola, tal como foi também referido por Costa (2009). Nesse sentido

poderá então justificar-se uma maior envolvência das parcerias anteriormente celebradas

com as empresas portuguesas, que, por sua vez apoiam as empresas internacionalizadas.

Quando se regista uma envolvência idêntica entre fornecedor e empresa internacionalizada,

em relação à empresa portuguesa, poderá dever-se ao facto de o material seguir para

Angola em cargas completas, através de exportação direta, evitando assim a intervenção da

empresa portuguesa.

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56  

7 CONCLUSÃO

7.1 – Conclusão do trabalho

No início deste trabalho, propusemo-nos a responder à seguinte pergunta de partida:

“Qual o impacto da internacionalização de empresas portuguesas, na cadeia de

abastecimento, para empresas do sector da construção civil, no mercado de Angola?”.

Com a globalização dos mercados e com a crise financeira que Portugal atravessa

atualmente, as empresas procuram, elaborar os seus planos estratégicos para adaptação aos

mercados, sendo que a internacionalização se poderá apresentar como uma solução.

Entendemos por cadeia de abastecimento, um conjunto de entidades, incluindo

fornecedores de materiais, bem como de serviços logísticos, indústrias de manufactura,

distribuidoras e revendedores, através das quais circulam produtos, matérias-primas e

informações. Neste sentido, procurámos saber onde é que a internacionalização poderá

afectar qualquer um destes itens.

Para isso, esta dissertação passou por várias etapas essenciais, nomeadamente:

• A elaboração de uma síntese acerca dos conceitos fundamentais a tratar

definidos pelo tema da dissertação;

• A transposição desses conceitos basilares para a logística na construção,

tendo em consideração as especificidades deste sector;

• A caracterização da atual situação sócio-económica de Angola, destacando-se

os temas com maior relevância para a área do estudo.

Neste sentido, a dissertação foi organizada em sete capítulos:

No primeiro capítulo fez-se um enquadramento da dissertação na temática em

estudo, interesse do tema, e respectivos objectivos definidos que motivaram a sua

execução. No segundo capítulo, procurou-se abordar a temática “internacionalização” das

empresas através de pesquisa bibliográfica. A temática da cadeia de abastecimento foi

explorada no terceiro capítulo, com especial foco na gestão da cadeia de abastecimento

(Supply Chain Management) e nas alianças estratégicas bem como na relação da

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

57  

importância das parcerias na internacionalização e na cadeia de abastecimento. No final

deste capítulo estão definidas as proposições a serem testadas, encaradas como respostas

provisórias à questão da pesquisa. Estas são formuladas a partir dos elementos, conceitos e

análises pelos capítulos anteriormente citados. Neste âmbito, as proposições a serem

validadas foram:

P1 – A Internacionalização das empresas leva a uma optimização da Cadeia de

Abastecimento entre parceiros, através do planeamento e estratégias de Gestão da Cadeia

de Abastecimento (Supply Chain Management – SCM);

P2: As parcerias são uma condição essencial para as empresas de forma a que

possam ajustar-se aos novos mercados internacionais.

Sendo Angola o país onde incide o nosso estudo, no quarto capítulo é explorado o

meio Angolano, bem como o mercado do sector da construção civil. O quinto capítulo, é

referente à metodologia da dissertação, sendo que é apresentado aqui o método de

pesquisa, recolha de dados e método do presente trabalho. No sexto capítulo dá-se a

conhecer os dois estudos de caso e a apresentação dos dados recolhidos em campo. No

presente capítulo, apresentam-se as conclusões gerais da dissertação, respondendo à

pergunta de partida bem como propostas de desenvolvimento de estudos futuros neste

domínio.

Esta pesquisa foi conduzida por meio de um estudo multicaso de duas empresas na

área da construção civil, a operar em Angola. Neste sentido, após a recolha de dados, foi

efectuada a análise de conteúdo, o que possibilitou validar as proposições citadas. Com

isto, como considerações finais, podemos constatar através deste estudo, que o impacto da

internacionalização para o mercado de Angola, de empresas portuguesas do sector da

construção civil, leva a uma optimização da cadeia de abastecimento entre parceiros,

através do planeamento estratégico com recurso a políticas JIT, adaptadas à construção

civil.

Tal como referido por Bertelsen (1997) e Nielsen (1997) concluiu-se com este estudo

que as encomendas são colocadas nos fornecedores tendo em atenção as necessidades em

obra, sendo que existe um planeamento adequado das empresas de forma a garantir que os

materiais encomendados cheguem a Angola em tempo útil. Desta forma, está presente a

filosofia JIT, sendo que a mesma é adaptada no que diz respeito à necessidade de

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58  

existência de stocks. As empresas na área da construção civil vêem–se assim obrigadas a

recorrer à existência de stocks de volume mais baixo, dos produtos mais correntes,

assegurando desta forma um trabalho contínuo sem interrupções, bem como entradas em

obra de forma atempada. Nas empresas em estudo verifica-se que a partilha de informação

por via de EDI, é uma realidade nos diversos elos da cadeia, de forma a que a troca de

dados seja assim mais rápida e automática, obtendo-se reais vantagens sinergéticas, tal

como defendido por Christopher (2000).

A transmissão da informação em EDI é fundamental para o planeamento e

optimização da cadeia de abastecimento, para que haja uma maior celeridade nas

encomendas e no contacto entre fornecedores ou clientes. Através deste estudo, verificou-

se que, regra geral, as compras são colocadas a fornecedores fora de Angola, com exceção

de material cujo preço compense comprar localmente, face à disponibilidade do mesmo.

Outro dado observado através deste trabalho, foi a existência de outsourcing,

nomeadamente em termos logísticos, mais concretamente nos transportes internacionais.

Um dado a ter em conta é que as empresas em estudo, trabalham com transitários que

sejam parceiros em Portugal e Angola, com o intuito de agilização de processos. Assim,

verifica-se o mencionado por Dussauge, Garrette (1998) e Yoshino, Rangan, (1995), que

referem existir vantagem no estabelecimento de parcerias e alianças, com o intuito de as

empresas se focarem nas suas competências e áreas de negócio, tirando partido das

características complementares dos seus parceiros que atuam em outras áreas.

Podemos assim concluir com este trabalho que, no seu processo de

internacionalização para Angola, as empresas adaptam a sua cadeia de abastecimento ao

mercado angolano, nomeadamente ao nível do modo de funcionamento bem como na

contratação de serviços por outsourcing.

No que concerne às parcerias com empresas locais, concluímos que tal como

defendido por Freeman et al. (2006), estas alianças estratégicas facilitam a

internacionalização das empresas em mercados externos, pois esperam assim obter através

dos seus parceiros locais, uma forma de entrada no mercado angolano. Desta forma, o

processo de internacionalização das empresas, através das parcerias, tal como enunciado na

literatura, potencia benefícios diversos, tais como contactos para futuros negócios, apoio

jurídico, instalações e estruturas empresariais já existentes e disponibilizadas pelos

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

59  

parceiros. Com isto limita-se bastante as dificuldades que normalmente se apresentariam a

uma empresa que tentasse entrar no mercado angolano sem ligação a qualquer parceria,

sendo que o resultado final é uma integração mais facilitada e até motivadora o que se

pode traduzir em última análise numa maior receptividade para novos negócios.

Relativamente às parcerias que já estavam criadas em Portugal, seja com marcas ou

fornecedores, concluímos com este estudo que, em média, a envolvência entre as parcerias

existentes em Portugal e a empresa portuguesa é igual ou superior àquela que se verifica

com a empresa internacionalizada. Justificamos este facto, uma vez que grande parte das

compras é efectuada a partir de Portugal, com a consequente exportação das mercadorias

para Angola. Através do estudo de caso, verificámos que nos casos em que a compra e

consequente exportação é direta, através de cargas completas, regista-se uma envolvência

idêntica entre fornecedor e empresa internacionalizada.

Genericamente, pode considerar-se que os objectivos traçados no início da

dissertação foram atingidos, nomeadamente no que respeita à compreensão das

implicações da internacionalização na cadeia de abastecimento, mais precisamente nas

parcerias das empresas já estabelecidas, antes de avançarem para o mercado angolano.

Com a crise instalada na área de atuação das empresas em estudo, a

internacionalização para mercados emergentes e em forte expansão, como é o caso de

Angola, surge como uma alternativa à sobrevivência do sector em Portugal. Concluímos

através da análise de bibliografia e dos casos concretos em estudo, que a

internacionalização das empresas do sector da construção civil, foi a forma encontrada para

continuarem a prestar serviços aos seus clientes. Assim, a internacionalização surge como

uma estratégia de crescimento e desenvolvimento empresarial, que tem como objectivo dar

resposta aos atuais desafios da economia global, imprimindo uma nova dinâmica no seio

das empresas. Como consequência da internacionalização das empresas assiste-se a uma

optimização da cadeia de abastecimento entre parceiros, através do planeamento e

estratégias de Gestão da Cadeia de Abastecimento (Supply Chain Management – SCM).

Para que as empresas obtenham as melhores vantagens da internacionalização e para que a

adaptação ao mercado angolano ocorra de forma mais facilitada, com um número reduzido

de factores de risco e de incerteza, as parcerias com empresas locais, surgem como a

condição ideal e essencial de integração nos novos mercados internacionais, mais

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

 

60  

especificamente Angola.

Assim, através da apresentação desta dissertação, espera-se ter contribuído, para o

novo paradigma das empresas de construção civil, através da enumeração de estratégias

comprovadas de adaptação da cadeia de abastecimento à internacionalização para o

mercado angolano.

Considerando a atualidade do tema da presente dissertação, na medida em que a

realidade da internacionalização das empresas em geral e na área da construção civil em

particular, é motivada pela crise que Portugal atravessa, sentimos que este trabalho reforça

a teoria existente. Observamos que a relação entre os elementos deste estudo,

nomeadamente a internacionalização, a cadeia de abastecimento, o sector da construção

civil e o mercado angolano, tem sido ainda pouco discutida, pelo que, esperamos assim ter

acrescentado conhecimento às áreas temáticas em estudo.

7.2- Limitações e sugestões para futuros desenvolvimentos

Considera-se que uma das limitações deste estudo diz respeito ao facto de ambas as

empresas terem estabelecido uma relação de parceria, no seu processo de

internacionalização para o mercado angolano, com a mesma empresa ficando a pertencer

ao mesmo grupo empresarial em Angola. Neste sentido, seria interessante, para futuros

desenvolvimentos do tema, ter este facto em conta, sendo que novos dados podem surgir

quanto ao modo de atuação e de interligação da empresa nacional, com aquela que já se

encontra estabelecida em Angola. Outro aspecto a considerar neste estudo, o qual poderá

ter alguma implicação ao nível das conclusões deste estudo, é que embora operem no

mesmo ramo, as empresas não pertencem à mesma área.

Para futuros desenvolvimentos da literatura, será interessante elaborar estudos de

caso, de empresas que atuem simultaneamente no mesmo ramo de atividade no sector da

construção civil, considerando-se se possível um maior número de empresas para análise.

Esperamos com a realização deste estudo, fornecer elementos importantes para as

empresas que pretendem internacionalizar-se para Angola, influenciando assim o seu plano

estratégico, através da definição dos seus objetivos e identificação das melhores práticas de

gestão da cadeia de abastecimento.

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

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Paulo
Rectangle
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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

69  

Anexos

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

70  

Anexo 1

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

71  

GUIÃO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

EMPRESA: _________________________________________________________

CARGA QUE OCUPA: _______________________________________________

1- Qual o intuito de se internacionalizar para o mercado Angolano? 2- De que forma se internacionalizou para Angola? Qual foi o processo? 3- O intuito da internacionalização passou por seguir os clientes que se internacionalizaram para esse mercado? 4- No processo de internacionalização da empresa, estabeleceram-se parcerias/ alianças estratégicas? Houve a necessidade de levar fornecedores habituais com a vossa empresa para Angola? 5- De que forma é feito o vosso processo de aquisição do material e gestão logística 6- A empresa em Portugal ou em angola faz stocks? Porquê? 7- Sentiram a necessidade de adaptar as vossas estratégias de gestão da cadeia de abastecimento ao se internacionalizarem para o mercado angolano?

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

72  

Anexo 2

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

73  

Entrevistas  Semiestruturadas    

Nome:  Individuo  1  

Empresa:   DCI   –   Construção   e   Inovação,   S.A   e   ICD   -­‐   Insta lações   Técnicas ,  

Construções  E  Domótica  

Cargo  que  ocupa:  Sóc io  

 

Qual   o   intuito   da   internacional ização   da   empresa   e   quais   as   estratégias   e  

processos  adoptados  para  a   implementação  da  mesma?  

 

Resposta:   O   intuito   da   internacionalização   da   empresa   deve-­‐se   fundamentalmente   e  

primordialmente   à   conjectura   do  mercado   nacional,   bem   como   também   já   estava   predefinido  

como  estratégia  da  empresa  entrar  em  mercados  emergentes  e  com  crescimento  acima  das  cotas  

normais   da   Europa,  mercado   esse   que   nós   apontámos   uma   estratégia  mais   focada   para   o   país  

Angola.  

A   estratégia   começa   também   por   dar   resposta   a   clientes   que   a   DCI   já   aqui   tinha   em  

Portugal,   nomeadamente   empresas   da   área   da   construção   civil,   para   o   qual   já   se   prestavam  

serviços   para   várias   empresas,   empresas   essas   que   também   sentiram   a   necessidade   de   se  

internacionalizar  por  motivo  já  enunciado  anteriormente  e  nós  foi  também  por  uma  forma  de  os  

acompanhar   e   de   os   continuar   a   prestar   um   serviço   que   até   aqui   prestávamos   no   território  

nacional   e   com   a   nossa   internacionalização,   continuar   a   prestar   serviços   em  Angola   da  mesma  

forma.  

 

O   porquê   de   Angola   e   que   características   apresenta   este   mercado   que   tivesse   conduzido   a  

empresa  a  enquadrá-­‐lo  no  processo  de  internacionalização?  

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

74  

Resposta:  Angola  por  vários  motivos.  Primeiro  porque  eu  nasci  em  Angola.  Segundo  porque  

travei   conhecimento   muito   próximo   com   um   grande   empresário   angolano,   terceiro   porque  

Angola   era   um   dos   países   que   há   cinco/seis   anos,   quando   a   ICD   abriu   em   Angola   era   um   dos  

países  a  nível  mundial  a  par  da  China  e  da  Índia  com  maior  crescimento  per  capita  do  mundo.  

No  que  toca  às  características  que  este  mercado  apresenta  para  a  internacionalização  deste  

mercado,  fundamentalmente  porque  é  um  país  que  nada  tem,  tudo  está  por  fazer,  após  a  retirada  

portugueses  no  processo  de  descolonização  em  74/75  após  o  25  de  Abril.  Um  país  fustigado  pela  

guerra,  em  que  o  pouco  construído  pelos  portugueses  no  processo  de  colonização  acabou  por  ser  

destruído  e  varrido  do   território  angolano  e  portanto  é  um  país  em  que   riqueza:   tem  petróleo,  

tem  diamantes,  tem  grandes  recursos  naturais  e  minerais  e  fundamentalmente  é  um  país  que  é  

preciso   reconstrui-­‐lo   novamente   para   o   desenvolvimento.   Crescimento   esse   que   se   verifica   a  

quando   da   nossa   entrada   em   Angola   há   seis   anos   fortemente   e   principalmente   na   capital   de  

Angola,   em   Luanda,   que   atualmente  e  neste  momento   já   se   verifica   em   todas   as  províncias  do  

território  angolano,  como  Benguela,  Huambo,  zona  do  norte  de  Angola,  a  zona  do  Uíge,  Camona.  

Todo  o  território  angolano  está  num  grande  desenvolvimento.  

 

No   processo   de   internacionalização   da   empresa,   estabeleceram-­‐se   parcerias/estratégias?   Se  

sim,   quais   os   critérios   de   seleção   para   as   parcerias   efectuadas?   Que   valor   acrescentado  

trouxeram  as  alianças/parcerias  ao  bom  funcionamento  da  cadeia  de  abastecimento?  

 

Resposta:   Sim,   uma   delas   foi   por   ser   angolano   e   por   ter   já   um   conhecimento   com   um  

empresário   angolano   Luís   Manuel   Cortez   dos   Santos,   dono   de   uma   das   maiores   empresas   de  

Angola  das  áreas   técnicas   também  de  AVAC,  a  Soclima.  Essa  nossa   ligação  e  essa  nossa   relação  

potenciou-­‐nos  uma  entrada  privilegiada  sob  o  ponto  de  vista  que  esta  empresa  chamada  Soclima,  

fez   o   ano   passado   23   anos   a   operar   no   mercado   angolano,   como   tal   tem   um   grande  

conhecimento  das   leis  vigentes  do  mercado,   tem  um  grande  conhecimento  da   forma  de  operar  

em   Angola,   tem   um   grande   conhecimento   de   relações   e   de   angariação   de   trabalho   enfim,   foi  

realmente  a  porta  e  o  ponto  fulcral  e  estratégico  de  nós  estabelecermos  uma  parceria  e  foi  sem  

dúvida   essa   parceria   que   nos   projetou   para   os  momentos   em   que     hoje   nos   encontramos   em  

Angola  em  termos  de  produção  de  obra  e  de  faturação.    

Esta  parceria  também  precisava  de  ter  em  Portugal  uma  central  de  compras  e  fez  com  que  

esta  parceria  fizesse  uma  junção  e  articulação  de  processos  em  que  nós  também  precisávamos  de  

ter   uma   central   de   compras   em   Portugal   para   nos   podermos   abastecer   no   mercado   porque  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

75  

Angola  tem  um  grande  défice  em  ter  os  produtos  necessários  para  a  execução  das  empreitadas,  

nomeadamente  nas  nossas  áreas  que  são  as  áreas  técnicas.  A  Soclima  também  precisava  de  um  

parceiro   estratégico   ou   ter   em   Portugal   uma   empresa   para   que   se   fizesse   esta   prestação   de  

serviços,  ou  seja,  na  aquisição  de  compra  de  equipamentos  e  materiais,  bem  como  também  na  

seleção  de  quadros  técnicos  especializados  para  a  execução  das  áreas  ou  para  a  direção  de  obra  e  

isso  fez  com  que  nós  juntássemos  esforços  e  que  na  união  destes  esforços  todos  potenciássemos  

com  a  criação  de  uma  empresa  que  surgiu,  a  Cotarco-­‐  Comércio   Internacional  Lda.   ,  que  é  uma  

empresa   pura   de   logística   onde   se   centraliza   todo   o   recrutamento   de   pessoal,   técnico   e  

especializado,  bem  como  as  compras  para  a  Soclima,  para  a  ICD,  bem  como  para  outras  empresas  

do  grupo  que   também   já   surgiram  posteriormente.  Com  a   criação  da  Cotarco,   existe  um  maior  

poder   negocial   na   aquisição   das   compras   porque   ao   aglutinarmos   as   empresas   do   grupo   isto  

centralizou  tudo  e  como  é  normal  existe  um  maior  volume  de  negócios  e  juntando  cada  volume  

de   negócios   de   cada   empresa   numa   só   empresa   em   Portugal   que   é   a   Cotarco,   fez   com   esta  

Central  de   compras   tivesse  uma  capacidade  negocial  em   função  do  grande  volume  de  compras  

que  teve  de  efetuar  para  o  grupo  todo.  

 

Houve  a  necessidade  de  levar  fornecedores  habituais  com  a  vossa  empresa  para  Angola?  

 

Resposta:   Não.   A   Cotarco   desempenha   essa   função   no   território   português,   compra   em  

território  português  e  depois  tem  a  sua  cadeia  e  a  sua  máquina  de  montada  em  termos  logísticos  

para  transportar  toda  a  mercadoria  e  produtos  para  Angola.  

A   Cotarco   é   uma   especialista   de   recrutamento   de   pessoas   e   técnicos,   n\ao   é   uma  

especialista  de  contentorização  de    mercadorias  ou  de  transporte  de  contentores  para  Angola,  aí  

a   Cotarco   viu-­‐se   na   necessidade   de   executar   duas   parcerias   fundamentais:   uma   com   uma  

empresa  de  vistos,  em  que  todos  os  técnicos  como  é  sabido  para  entrar  no  território  angolano,  

tem  de  tratar  de  um  processo  extremamente  burocrático  em  termos  de  vistos  ordinários  e  vistos  

de  trabalho  e  também  contratamos  um  serviço  de  uma  empresa  bastante  especializada  que  por  

sua   vez   essa   empresa   também   tem  um  parceria   em  Angola   com  outra   empresa   que   é   o   nosso  

transporte  dos  contentores  para  Angola,  em  que  são  tratados  por  uma  empresa  do  mercado  que  

está  em  Portugal,  que  por  sua  vez   também  é  uma  empresa  do  mercado   internacional,  mas  que  

por  sua  vez  também  tem  uma  parceria  estratégica  em  Angola.  

 

A  empresa  em  Portugal  já  tem  parcerias  com  algumas  empresas?  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

76  

   

Resposta-­‐   As   empresas   que   nós   temos   em   Portugal   pelo   qual   nós   temos   uma   relação  

privilegiada,  pessoal,  comercial  e  pessoal,  é  lógico  que  em  Angola  sempre  que  possível  tentamos  

submeter  aos  nossos   clientes  os  produtos  dessas  nossas  parcerias  que   temos  em  Portugal  para  

que   nós   possamos   potenciar   uma   qualidade   em   termos   de   prestação   de   serviços   e   também  

potenciarmos   e   rentabilizarmos   custos,   ou   seja,   comprar   a   fornecedores   habituais,   com   o   qual  

temos   capacidade   de   compra,   descontos,   enfim,   há   uma   empatia   e   confiança   e   tudo   isso   gera  

mais  rápida  e  mais  proveitosa  em  termos  de  resultados  líquidos  nas  compras.  Tentamos  submeter  

as  marcas  das  parcerias  que  existem  cá  em  Portugal  sempre  que  possível,  tentamos  falar  com  o  

cliente,   com   a   fiscalização   das   obras   e   tentamos   submeter   as  marcas   com   os   quais   nós   temos  

parcerias  em  Portugal,  não  sendo  possível,  ou  em  último  caso  termos  que  recorrer  à  negociação  e  

comprar  aquilo  que  as  marcas  que  fazem  parte  do  caderno  de  encargos,  mas  sempre  que  possível  

tentamos  submeter  à  fiscalização  e  aos  donos  de  obra  trocando  essas  marcas  com  a  qual  a  DCI  já  

tem  parcerias  e  relações  de  grandes  anos  em  Portugal.  

 

Está-­‐me  a  dizer  que  a  vossa  empresa   recorre  a  outsourcing  a  alguma  atividades  da  cadeia  de  

abastecimento,  é  isso?  Quais  as  vantagens  associadas  ao  outsourcing?  

 

Resposta-­‐   Sim,   sem   dúvida.   A   vantagem   é   procurar   preços   competitivos   no   mercado,  

procurar   qualidade   de   serviços,   procurar   profissionais,   que   nos   prestem   serviços   de   qualidade,  

rápidos   e   de   acordo   com   o   mercado   vigente,   porque   como   sabe   o   preço   de   transporte   das  

mercadorias  também  tem  que  ser  bastante  bem  analisados,  porque  os  transportes  pesam  muito,  

porque   as  mercadorias   são   transportados   por   contentores,   os   contentores   tem  um   custo,   esse  

custo  será  dissipado  sobre  as  mercadorias  que  vão  lá  dentro,  depois  essa  mercadoria  ainda  sofre  

um  acréscimo  dos  direitos  aduaneiros  e  alfandegários  e  taxas  que  existem  no  mercado  angolano,  

faz  com  que  nós  procuremos  empresas  que  tenham  prestação  de  serviços  de  qualidade    e  preços  

altamente   competitivos  para  que  os  produtos  ao  entrarem  no  mercado  angolano  entrem  a  um  

mais  baixo  possível,  tornando  as  nossas  empreitadas  em  Angola  o  mais  competitivas  possíveis.    

 

É   estratégia   das   empresas   em   Portugal   ou   em   Angola   fazer   stocks?   Quais   as   vantagem  

associadas?  

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

77  

Resposta-­‐  Não  e  isso  é  mais  uma  das  razões  para  existir  a  Cotarco.  Como  eu  já  disse,  angola  

tem  um  grande  défice  de  oferta  para  os   subempreiteiros   nas  nossas   áreas   técnicas.   Em  angola  

existe   pouco   ou   nenhum  material   para   as   nossas   áreas   técnicas.   A   Cotarco   como   empresa   de  

compras  e  de  logística  para  o  grupo  em  Angola,  não  tem  necessidade  de  fazer  stocks,  responde  às  

necessidades  pontuais,   faz  as  suas  compras,   faz  grupagem  e  envia  os  contentores.  Em  Angola  é  

um  pouco  diferente.  Pela  mesma  razão  que  já  enumerei,  muitas  vezes  vemo-­‐nos  obrigados  pelo  

timing   e   pelo   tempo   de   resposta   entre   a   Cotarco   e   as   empresas   do   grupo   pela   distância,   pois  

estamos  a  8000  Km  de  distância  e  pelo  tempo  que  demora  a  mercadoria  a  chegar,  nós  vemo-­‐nos  

obrigados  a  ter  uma  política  oposta,  ou  seja,  em  angola  temos  a  necessidade  de  ter  algum  stock,  

nomeadamente  algum  stocks  naqueles  produtos  de  consumo  corrente  e  aquele  produto  que  se  

consome  em  qualquer  tipo  de  obra.  Não  fazemos  stock  de  todos  os  produtos  porque  há  produtos  

que  são  muito  específicos,  há  uma  especificidade  muito  grande  de  produtos  técnicos  na  área  de  

eletricidade,   águas,   esgotos,   telecomunicações,   redes   estruturadas,   redes   de   incêndio,   AVAC   e  

por   aí   fora,  mas   naqueles   produtos   que   se   gasta   constantemente   e   que   são   de   uso   corrente   e  

normal,   chamados   os   consumíveis   normais,   geralmente   temos   um   stock   provisionado   no  

território  angolano,  para  que  não  haja  quebras.  

 

Sentiram  a  necessidade  de  adaptar  as  vossas  estratégias  de  gestão  da  cadeia  de  abastecimento  

ao  se  internacionalizarem  para  o  mercado  angolano,  nomeadamente  ao  nível  da  contratação  de  

serviços  de  outsourcing?  

 

Resposta:   Sim,   porque   é   importante   termos   uma   boa   parceria   com   uma   empresa  

especializada   com   o   transporte   das   mercadorias   para   África,   nomeadamente   para   Angola   e  

termos  também  uma  boa  parceria  com  uma  empresa  muito  especializada,  muito  formatada  para  

a  obtenção  dos  muito  difíceis  vistos  de  trabalho  e  ordinários,  para  que  o  pessoal  como  é  óbvio  há  

um  défice  de  matéria  prima  mas  também  há  um  défice  de  quadros  qualificados  para  trabalhar  em  

Angola,   temos  de  recorrer  muito  a  contratação  de  quadros   técnicos  em  Portugal  e  para   isso  há  

sempre  burocracia    dos  vistos  para  entrar  em  território  angolano.        

 

 

 

 

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

78  

 

 

 

 

 

 

 

 

Nome:  Individuo  2  

Empresa:   DCI   –   Construção   e   Inovação,   S.A   e   ICD   -­‐   Insta lações   Técnicas ,  

Construções  E  Domótica  

Cargo  que  ocupa:  Sóc io  Gerente  de  ambas  as  empresas  

 

Qual   o   intuito   da   internacional ização   da   empresa   e   quais   as   estratégias   e  

processos  adoptados  para  a   implementação  da  mesma?  

 

Resposta:  nós  da  DCI  tivemos  sempre  o  cuidado  de  nos  adaptar  às  exigências  do  mercado.  

Nesse  sentido,  em  2006  fizemos  uma  breve  visita  a  Angola  com  o  intuito  de  conhecer  o  mercado.  

Nessa  altura,  o  mercado  em  Angola  estava  bastante  bravo,  de  novas  empresas  de  mão  de  obra  

especializada.   Nessa   primeira   visita   em   que   vínhamos   perceber   de   que   forma   é   que   podíamos  

operar   no   mercado   saímos   logo   com   uma   obra   ganha.   E   tudo   se   proporcionou   muito  

rapidamente,  não  houve  uma  estratégia  muito  bem  definida,  pois  viemos  de  forma  a  perceber    e  

saber  como  é  que  estava  e  saímos  logo  com  a  decisão  de  abrir  a  empresa  e  logo  com  uma  obra  

ganha   logo  não  tivemos   logo  tempo  de  estabelecer  uma  estratégia.   Já  para  outros  países,  onde  

tentámos   fazer   a   internacionalização   tal   como  Argélia   e  Moçambique   temos   vindo   a   adaptar   o  

tipo   de   estratégia   pelo   que   os   parceiros   são   diferentes.   Mas   voltando   à   questão   inicial   da  

internacionalização,  foi  uma  necessidade  que  sentimos  logo  a  partir  de  2006  em  que  vimos  que  o  

mercado  se   ia  alterar  e  pensámos  que  era  urgente  e  necessário  começar  a   ter  novos  mercados  

para  a  nova  área  de  atividade.    

 

O   porquê   de   Angola   e   que   características   apresenta   este   mercado   que   tivesse   conduzido   a  

empresa  a  enquadrá-­‐lo  no  processo  de  internacionalização?  

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

79  

Resposta:   Angola   porque   além   do   fator   pessoal,   termos   conhecido   uma   pessoa   que   nos  

convidou  a  vir  cá  e  ter  sido  a  primeira  saída  efetiva  do  país  com  vista  à  internacionalização,  o  fator  

cultural,  da  língua,  de  haver  muitas  oportunidades  entre  Portugal  e  Angola  foi  um  fator  decisivo.  

Depois   fomos   um   bocado   precipitados   pelos   acontecimento,   ou   seja,   em   2006   em   que  

pensávamos   vir   conhecer   o  mercado   e   abrir   uma   frente   de   trabalho,   fomos   quase   obrigados   a  

fazê-­‐lo  de   imediato.  A  partir  daí,   foi   sempre  uma  bola  de  neve,  uma  coisa  que   levou  á  outra.  A  

empresa  cresceu  em  muito  pouco  tempo  e  cá  estamos.    

E  as  características  que  o  mercado  apresenta  na  área  da  construção  civil?  O  mercado  está  em  

forte  expansão?    

Resposta:  Em  2006  não  havia  nada,  não  havia  restaurantes,  não  havia  cafés...estava  tudo  a  

ser  feito.  Nós  fomos  basicamente  arrastados  pelos  acontecimentos  e    pela  necessidade  que  havia  

na  altura  de  a  empresa  operar  nas  diversas  vertentes  da  construção  civil.  Hoje  passados  quase    7  

anos,  o  mercado  continua  ainda  muito  dinâmico,  com  muita  obra,  com  muito  trabalho  para  fazer,  

apesar  de  que  hoje  existem  novos  players  e  as  coisas  estão  mais  regularizadas.  Na  altura  em  que  

nos   internacionalizámos   era   mais   fácil,   ou  melhor,   era   mais   difícil   por   um   lado   em   termos   de  

logística,  estabelecimento  da  empresa,  havia  menos  possibilidades  de  comprar  materiais,  hoje  já  

há  mais  facilidade  nesse  aspecto.  Provavelmente  o  mercado  angolano  caracteriza-­‐se  por  ser  um  

mercado  onde  ainda  existe  muito  trabalho  para  fazer  e  os  portugueses,  de  qualquer   forma,  são  

vistos  como  empresas  que  fazem  o  trabalho  bem  executado,  com  um  capital  de  confiança  ainda  

elevado.  

 

Então   disse-­‐me   que   o   processo   de   internacionalização   da   empresa   n\ao   passou   por   seguir  

clientes,   mas   sim   uma   parceria   estabelecida   em   Luanda   através   de   uma   empresa   local,   que  

despoletou  então  para  vocês  entrarem  no  mercado.  Foi  isso?  

 

Resposta:   Sim,   basicamente   foi   isso.   Nós   conhecemos   alguém   que   achou   que  

trabalhávamos  numa  área  que  em  Angola  havia  poucas  empresas  a  operar  nessa  área,  convidou-­‐

nos  a  vir  cá  e  pronto  e  tudo  se  precipitou  nesse  sentido.  Portanto,  a  empesa  que  é  nossa  parceira  

é  uma  empresa  bastante  grande,  uma  líder  do  mercado  nas  instalações  técnicas  de  AVAC,  nós  na  

altura   estávamos   mais   ligados   para   a   vertente   de   chave   na   mão,   foi   por   aí   que   começámos  

efetivamente,  tivemos  um  primeiro  restaurante  onde  tivemos  chave  na  mão  desde  a  criação  de  

imagem,  marca,  nome,    conceito,  até  o  fardamento  fomos  nós  que  fizemos  tudo  e  entregamos  a  

chave  ao  dono  da  obra  no  fim,  mas  depois  começamos  a  ser  consultados  para  outras  vertentes,  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

80  

apesar   de   termos   feito   obras   chave   na  mão  para   hotel,   lojas   e   por   aí,   começámos   por   apostar  

mais  na  área  técnica,  pois  o  nosso  parceiro  também  trabalhava  mais  nas  áreas  técnicas,  portanto  

os  clientes  eram  comuns.  Bastava  o  nosso  parceiro  dizer  que   tinha  uma  empresa  do  grupo  que  

fazia  e  que  trabalhava  nas  áreas,  automaticamente  passávamos  a  ser  consultados  avidamente  por  

toda   a   gente   que   estava   aqui   e   que   trabalhava   com  o   nosso   parceiro   que   já   trabalhava   com  o  

nosso  parceiro  há  15  anos,  nessa  altura.  Foi  mais  ou  menos  fácil  a  entrada  no  mercado.    

Relativamente   a   essa   parceria   estratégica   que   se   criou   com   o   grupo   Soclima,   que   valor  

acrescentado   é   que   essa   parceria   trouxe   para   o   bom   funcionamento   da     cadeia   de  

abastecimento?  

 

Resposta:  É  imenso,  ou  seja,  uma  coisa  é  virmos  sozinhos  para  um  país,  é  claro  que  temos  

afinidades   culturais,   falamos   a   mesma   língua   mas   temos   que   fazer   tudo,   ou   seja,   arranjar  

instalações,  conhecer  a  cadeia  logística  do  país,  maneira  de  trabalhar  dos  bancos,  pagamento  de  

impostos,  desalfandegamentos...  outra  coisa  é  vir  trabalhar  com  um  parceiro  que  já  faz  isso  há  15  

anos.  Nós  chegámos  e  basicamente  tivemos  de  trazer,  como  se  diz  na  gíria,  a  roupa  do  corpo  e  

trabalhar  no  dia   a   seguir.   Já   existia   estaleiro,   já   existia   a   gare   administrativa,   já   existia   relações  

bancárias,  já  existia  relações  comerciais  estabelecias.  Eles  já  importavam  há  15  anos,  portanto  era  

só  mais  colocar  material  dentro  dos  contentores,  tudo  foi  muito  mais  facilitado  fruto  da  parceria  

que  estabelecemos,  foi  um  elevado  valor  acrescentado  que  essa  parceria  trouxe  e  que  continua  a  

trazer  até  hoje.  

 

Houve  a  necessidade  de  levar  fornecedores  habituais  com  a  vossa  empresa  para  Angola?  

 

Resposta:  Não,  nem  por  isso.  Toda  a  nossa  logística  é  feita  em  Portugal.  Todas  as  compras  

foram  sempre  feitas  em  Portugal  e  basicamente  nos  primeiros  anos  não  havia  basicamente  nada  

para  comprar  em  Angola  e  qualquer  coisa  que  falhasse  tínhamos  que  aguardar  que  chegasse  de  

Portugal,   portanto   não   trouxemos   ninguém   connosco,   nem   é   fácil   de   levar   fornecedores   das  

nossas  áreas  connosco.  Os  fornecedores  ou  vêm  ou  não  vêm.  Ou  vêm  pelo  pé  deles  ou  não  vêm,  

portanto  não  houve  essa  necessidade  nem  houve  essa  estratégia.  Hoje  em  dia  já  existem  alguns  

fornecedores   nossos   que   já   se   encontram   em   Angola,   fruto   da   internacionalização   deles,   ou  

mesmo  que  não   sejam  nossos   fornecedores  mas  que  podem   fornecer  materiais   para   as   nossas  

áreas  de  atividade.  Mas  de  forma  alguma  trouxemos  alguém  connosco.  

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

81  

De   acordo   com   o   levantamento   que   fiz,   sei   que   a   DCI   tem   algumas   parcerias   com   algumas  

empresas,  nomeadamente  detêm  algumas  representações  de  algumas  marcas.  Qual  é  a  relação  

que  existe  com  essas  representações  ou  parcerias  com  a  empresa  ao  se  internacionalizar  para  

Angola?  

 

Resposta:  A  relação  que  existia  com  a  DCI  não  se  alterou  com  a  nossa  internacionalização.  

Hoje  em  dia  é  muito  difícil  as  marcas  ou  os  distribuidores  darem  condições  de  exclusividade  ou  

outras.  Nós  no  fundo  também  somos  um  instalador,  não  temos  no  nosso  core  business  a  revenda  

ou  venda  de  equipamentos  ou  materiais,  portanto  nós  basicamente  compramos  e  instalamos  nas  

obras  que  estamos  a  fazer.  Nenhuma  das  marcas  até  hoje  estabelecemos  um  contacto  especial  de  

parceria.  O  contacto  que  tínhamos  ou  a  forma  que  trabalhávamos  com  eles  em  Portugal  acabou-­‐

se   por   se   estender   para   angola   de   uma   forma  natural.  Nós   continuamos   a   comprar   através   de  

Portugal,  estamos  a  estabelecer  os  fornecedores  praticamente  os  que  tínhamos  com  a  diferença  

de  que  em  vez  de  instalarmos  em  Portugal  instalamos  em  Angola.  Nós  tratamos  da  logística.  Dos  

fornecedores   habituais,   não   há   nenhum   até   hoje   que   se   tenha   estabelecido   em   Angola   que   a  

gente  conheça.  Nós  não  funcionamos  como  representantes  deles  cá.  

 

No  entanto,  vocês  tentam  alterar  as  vossas  submissões  de  obras  para  as  marcas  em  que  a  DCI  já  

tem  parcerias/representações?    

 

Resposta:  Sim,  isso  nós  desde  que  temos  umas  obra  tentamos  que,  as  marcas  que  tiverem  

no  caderno  de  encargos  não  forem  as  que  costumamos  trabalhar  usualmente,  tentamos  de  todas  

as  formas  alterar   isso,  ou  seja,  tentar  por   iluminação  com  quem  trabalhamos,  a  segurança...não  

que  nós   tenhamos  apoio  das  marcas,  efetivamente  é  pena  que  as  marcas  não  vejam   isso  como  

uma   mais   valia,   hoje   o   mercado   trouxe   muito   em   termos   de   ...   as   marcas   não   dão   valor  

acrescentado  a  isso.  Os  negócios  são  um  bocado  impessoais,  não  querem  saber  se  é  para  Angola  

ou   se   é   para   ali,   querem   é   receber   o   dinheiro,   não   fazem   um   trabalho   comercial   devido,   nós  

fazemos   isso   por   uma   questão   de   necessidade   própria,   porque   os   nossos   técnicos   estão  

habituados  a   trabalhar   com  uma  determinada  marca,  pode  haver   restos  de  obra  que   ficam  em  

armazém,  para  nós  é  sempre  melhor  trabalhar  sempre  com  as  mesmas  marcas  para  optimizarmos  

os   nossos   stocks,   as   nossas   compras   e   a   formação   técnica   do   nosso   pessoal.   Não   pelos   nossos  

fornecedores  ou  os  nossos  parceiros,  nos  deem  um  apoio  substancial  por  estarmos  a  representá-­‐

los  no  mercado  externo.  Isso  é  uma  falha  em  termos  dos  parceiros  que  é  difícil  colmatar.    

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

82  

 

 

De  que  forma  é  feito  o  vosso  processo  de  aquisição  do  material  e  gestão  logística  da  DCI  e  da  

ICD?  Falou-­‐me  há  pouco  de  uma  empresa  com  o  nome  de  Cotarco...  

Resposta:   Sim,   exatamente.   Nós   temos   uma   empresa   em   Portugal   que   movimenta   os  

nossos  stocks  que  é  a  Cotarco,  que  faz  toda  a  contentorização  e  logística  para  Angola,  bem  como  

a  área  de  projeto  e  orçamentação.  Essa  empresa  é  que  faz  as  compras  todas  para  Angola.  A  DCI  

quando  fornece  a  ICD  fá-­‐lo  através  da  Cotarco,  portanto  a  ICD  quando  ganha  uma  obra  coloca  as  

notas  de  encomendas  à  nossa  logística  em  Portugal  que  é  a  Cotarco  e  a  Cotarco  sabe  que  grande  

parte  dos  equipamentos  e  materiais  são  adquiridos  pela  DCI  através  de  negócios  que  a  DCi  tem  

com  alguns   fornecedores  de   longa  data  e  descontos  que   têm  dessas   relações.  Além  disso  a  DCi  

tem   capacidade  de   produção:   temos   quadros   elétricos,   equipamentos   de   segurança,   por   isso   é  

um   parceiro   referencial   da   ICD   como   internacionalização   da   DCI,   faz   todo   o   sentido   que   as  

compras  passem  pela  DCI.  Mas  há  sempre  a  Cotarco  que  faz  todo  o  tratamento  de  logístico  das  

empresas  e  toda  a  expedição  para  Angola.      

 

A   DCI   ao   vender   para   a   Cotarco   que   por   sua   vez   vende   para   Angola,   acaba   por   ser   um  

fornecedor   normal,   ou   seja,   acrescentou-­‐se   um   elo   na   cadeia   de   abastecimento,   sendo   a  

Cotarco,  é  isso?  

 

Resposta:  Sim,  não  é  um  fornecedor  normal  porque  existem  vantagens  da  relação  entre  as  duas  

empresas,  com  facilidade  consigo  dialogar  mais  facilmente  com  a  DCI  quando  tenho  necessidade  

de   o   fazer,   quando   tenho   de   alterar   qualquer   coisa,   do   que   com   qualquer   outro   fornecedor  

convencional.  Basicamente  é  mais  um  fornecedor  da  Cotarco.  

 

Relativamente  à  aquisição  de  material  e  gestão  logística,  a  empresa  recorre  a  outsoursing?  

 

Resposta:   Não,   só   de   acordo   com   os   transportes   internacionais.   Tudo   o   resto   é   feito  

internamente.  A  aquisição  são  feitas  pelos  nossos  quadros,  sejam  pela  Cotarco,  sejam  pela  DCI.  A  

contentorização,  salvo  raras  exceções  é  feita  na  nossa  base  logística  que  é  a  Cotarco,  salvo  raras  

exceções,  estou  a  falar  de  um  gerador  que  ocupa  um  contentor  inteiro  ou  um  volume  de  grande  

porte  que   terá  de   ser   feito  a  partir  do   fornecedor  e  o   fornecedor   faz  diretamente  a  expedição.  

Mas  de  qualquer  modo  99,9%  das  nossas  compras  são  feitas  e  o  tratamento  logístico  é  feito  pelos  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

83  

nossos  quadros,  sejam  eles  da  ICD,  DCI  ou  Cotarco.  Só  a  parte  de  transporte  internacional  é  que  

obviamente   temos   de   recorrer   a   empresas   capacitadas   para   o   efeito,   o   resto   contentorização,  

desalfandegamento  que  aqui  também  é  feito  por  empresas  externas,  como  despachantes,  tudo  o  

resto  é  feito  pela  nossa  estrutura.    

Então   tanto   a   empresa   anto   cá   como   aí   recorrem   a   outsoucing   apoiando   a   parte   logística,   é  

isso?  

Resposta:  Certo.  Isto  a  nível  de  transportes.  

 

E  questões  aduaneiras,  certo?  

 

Resposta:  E  questões  aduaneiras,  exatamente.  

 

É  estratégia  da  empresa  em  Portugal  e  em  Angola  fazer  stocks?  

 

Resposta:  Em  Portugal  de  todo.  Portugal  só  compra  e  só  vende  para  o  mercado  angolano  para  as  

empresas  do   grupo,   só   compra  mediante  ordem  de   compra  de  Angola.   Em  Portugal   não  existe  

qualquer  tipo  de  stockagem,  quer  pela  DCI,  quer  pela  Cotarco.  Não  fazemos  stocks  nenhuns.  Em  

Angola  nós  recorremos  a  alguma  necessidade  de  stockagem.  A  distância  a  que  nos  encontramos  

dos   fornecedores   obriga-­‐nos   a   termos   alguns   elementos   de   stock,   especialmente   os   que  

representam   entrada   em   obra,   nomeadamente   tubagem,   cabos,   caixas   de   pré   instalação   nas  

nossas   áreas   de   atividade.   Nós   sempre   temos   alguma   quantidade   em   stock   que   nos   permite  

ganhar  uma  obra  e  entrar  rapidamente  em  obra,  para  não  estarmos  sujeitos  a  um  transporte  e  a  

um  período  logístico  de  2  meses  ou  mais.  Tentamos  ter  sempre  algum  stock  em  Angola  para  fazer  

face  aos  preços  dos  negócios  a  que  são  feitos.  Hoje  em  dia  também  já  ninguém  em  Angola  quer  

fechar  um  negócio  e  esperar  3  meses  para  que   inicie  uma  obra.   Isso  era  normal  em  2006  e  em  

2007  quando  chegámos.  Esperávamos  2  meses  ou  três  e  só  depois  é  que  íamos  para  a  obra,  não  

era  possível  comprar  aqui  nada,  ter  aqui  nada.  Hoje  já  ninguém  aceita  isso,  as  pessoas  adjudicam  

hoje  e  para  a   semana  querem  a  equipa  esteja  em  campo  para  marcar  a  obra,  por   tubo,   caixas.  

Existe  realmente  alguma  stockagem  ainda  significativa  em  Angola.  

 

Isso  significa  que  não  se  conseguem  abastecer  de  todo  o  tipo  de  material  no  mercado  local,  é  

isso?    

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

84  

Resposta:   O   paradigma   de   Angola   foi   alterado,   ou   seja,   em   2006/2007   era   de   todo   impossível  

abastecermo-­‐nos  em  Angola,  não  só  pelos  preços  que  eram  praticados  mas  também  porque  não  

existia  material,  hoje  diria  que  80%  ou  70%  dos  materiais  é  possível  adquirir  em  Angola.  Não  o  

fazemos   por   duas   questões:   pela   questão   dos   custos,   ainda   são   caros.   Também   temos   uma  

logística  criada  que  passa  pela  parte  da  orçamentação  que  nos  dá  o  apoio  técnico  e  comercial  à  

nossa   atividade   em   Angola   que   é   sustentada   pela   atividade   logística   da   compra   em   Portugal.  

Portanto,  para  nós,  ainda  nesta  fase,  ainda  é  compensatório  controlarmos    a  cadeia   logística  de  

abastecimento  das  empresas,  ou  seja,  não  é  ainda  viável  desligarmos  Portugal  das  empresas  e  nos  

abastecermos  do  mercado   local.  Apesar  de  a  maioria  dos  materiais   já  existirem  no  mercado,  há  

elementos  específicos  que  não  existem,  como  os  quadros  eléctricos,  luminárias;  geradores  existe  

muito.  Há  algumas  especificidades  que  ainda  não  existem,  de  qualquer  forma,  para  nós  ainda  nos  

compensa  em  termos  de  preço  adquirir  em  Portugal.  Conseguimos  os  equipamentos  e  materiais  

mais   baratos   e   essa   margem   que   praticamos   dessa   atividade   logística   permite-­‐nos   pagar   uma  

estrutura  de  apoio  a  Angola  que  sairia  muito  mais  caro  se  tivéssemos  aqui,  ou  seja,  se  tivéssemos  

aqui  cinco  ou  seis  engenheiros  na  área  de  orçamentação  de  apoio  submissões  e  projeto  e  sairia  

muito  mais  caro  do  que  termos  em  Portugal,  portanto,  para  nós  é  muito  mais  compensatório  ter  

as  compras  em  Portugal,  é  fazer  a  exportação  e  manter  o  cenário  de  apoio  técnico  e  comercial  a  

Angola.  

 

Sentiram  a  necessidade  de  adaptar  as  vossas  estratégias  de  gestão  da  cadeia  de  abastecimento  

ao  se  internacionalizarem  para  o  mercado  angolano,  nomeadamente  ao  nível  da  contratação  de  

serviços  de  outsourcing?  

 

Resposta:   De   grosso   modo   manteve-­‐se.   Não   tivemos   a   necessidade   de   alterar   mais  

quadros,  nem  alterar  significativamente  a  cadeia  de  abastecimento.    

 

Em  questão  do  outsourcing,  ao  se  internacionalizarem  foi  só  mesmo  a  questão  dos  transportes  

a  nível  de  gestão  da  cadeia  de  abastecimento?  

 

Resposta:  Sim,  é  isso.  

 

 

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

85  

 

 

 

 

 

 

Nome:  Individuo  3  

Empresa:  FCM-­‐  Cofragens  e  Construções  S.A  

Cargo  que  ocupa:  Diretor  administrat ivo  e   f inanceiro  

 

Qual   o   intuito   da   internacional ização   da   empresa   e   quais   as   estratégias   e  

processos  adoptados  para  a   implementação  da  mesma?  

 

Resposta:   Quando   ainda   ninguém   ia   para   fora,   já   nós   íamos   para   Espanha   fazer   obras  

porque   prevíamos   que   a   construção   em   Portugal   ia   sofrer   um   grande   declínio   e   face   a   nossa  

empresa  ser  líder  em  estruturas  e    betão  armado  em  Portugal,  ou  seja,  somos  a  empresa  que  faz  

mais   estruturas   de   betão   em   Portugal   em   m2   e   para   fazer   obras:   nós   não   fazemos   aquela  

“vivendinha”,   fazemos   um   centro   comercial,   uma   ponte,   uma   barragem,   obras   de   grande  

amplitude   e   sabíamos   que   há   cinco   ou   seis   anos   que   estas   obras   iam   ter   um   decrescimento  

bastante  grande  em  Portugal  e  o  nosso  volume  de  negócios  não  ia  ser  sustentando  em  Portugal,  

logo  aí  o  caminho  da  internacionalização.  Angola  pareceu-­‐nos  ser  um  mercado  onde  nos  pareceu  

que  íamos  ter  obras  de  grande  dimensão  como  estamos  a  ter  e  a  laborar  lá  devido  à  oferta  cá  ser  

pequena  e  a  nossa  capacidade  de  produção  ser  muito  grande  para  o  país  que  temos.    

Nós   para   Angola   fomos   com   grande   precaução   porque   sabemos   que   é   um  país   bastante  

complicado   a   nível   burocrático   e   então   a   empresa   começou   por   um   processo   legal   de  

investimento   em   angola   através   da   ANIP   ,   fizemos   um   investimento...porque   uma   empresa  

portuguesa  para  ir  para  Angola  tem  que  ter  lá  alvará  para  ter  construção  não  é  ir  por  ir...  temos  

que  nos  reunir  das  situações  legais  para  poder  lá  laborar  para  poder  enviar  depois  o  dinheiro  para  

cá,   tudo   sustentadamente.   Isto   levou-­‐nos   a   um   processo   de   ano   e   meio   a   dois   anos   em   que  

fizemos  um  investimento  via  ANIP,  500  mil  USD  numa  empresa  de  direito  angolano,  ou  seja,  nós  

trabalhamos  lá  ,  constituímos  uma  empresa  de  direito  angolano  em  que  nós  participamos  em  63%  

e   temos   um   parceiro   angolano   (   Grupo   Soclima)   que   tem   os   outros   37%.   A   partir   daqui   a  

estratégia  foi  munirmo-­‐nos  de  alvará  de  construção,  os  nossos  administradores  e  gestores  daqui  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

86  

terem  vistos  de  privilégio  para  não  andarem  sempre  na  embaixada  a  pedirem  vistos  de  um  mês  

para  andarem  aí  a  ir  e  a  vir.  Esta  situação  fez  com  que  eles  possam  ir  e  vir  quando  quiserem  e  só  

assim  é  que  se  pode  trabalhar  e  controlar  as  pessoas  que  lá  temos  a  trabalhar.  As  pessoas  que  lá  

estão  tem  visto  de  trabalho  mas  os  administradores  têm  visto  de  privilégio,  ou  seja,  pode  ir  e  vir  

quantas  vezes  quiser,  não  tem  limitações  em  termos  de  idas  e  vindas.  Isto  tudo  foi  a  estratégia,:  

via   ANIP,   com   uma   empresa   legalmente   constituída,   com   alvará   de   construção.   Durante   este  

tempo  que  andámos  a   tratar  destas   coisas   a   empresa   foi   laborando  numa   coisa  pequenina  e   a  

partir  de  determinada  altura  já  reunidas  estas  condições  criadas  começamos  de  facto  a  produzir  a  

sério  que  é  como  estamos  hoje  em  dia.  

 

O   porquê   de   Angola   e   que   características   apresenta   este   mercado   que   tivesse   conduzido   a  

empresa  a  enquadrá-­‐lo  no  processo  de  internacionalização?  

 

Resposta:  Angola  é  um  país  que  tem  muita  obra  por   fazer,  muitas   infraestruturas  onde  o  

nosso  know-­‐how  em  estruturas  de  betão  é  uma  mais  valia  porque  empresas  angolanas  que  faça  o  

que   a   gente   faz   não   existe.   Não   há   uma   empresa   puramente   angolana   que   faça   uma   torre   de  

vinte  andares  por  exemplo,  ou  um  silo  de  estacionamento  do   tamanho  de  dez  pisos.  São  obras  

que  exigem  algum  know-­‐how  de  engenharia   e  que   leva  bastante  betão  e   é  onde  nos   sentimos  

mais  à  vontade,  onde  dispomos  dos  equipamentos  adequados  e  onde  seremos  uma  mais  valia  em  

Angola.  Razão  principal  de  Angola,  enquanto  um  preço  cá  se  calhar    é  11  euros  o  metro  quadrado  

do  betão  a  aplicar,  lá  se  calhar  temos  a  30  ou  40  USD  que  equivale  ao  dobro  do  preço.  Está  bem  

que  também  temos  mais  despesas,  mas  o  preço  de  venda  é  bem  mais  caro  em  Angola  do  que  cá,  

independentemente  de  os  custos  serem  um  pouco  maiores.  Foi  esta  a   razão,   informamo-­‐nos,  a  

gente  vai  para  lá,  repatriamos  para  cá  os  valores    que  entendemos,    o  Know-­‐how...os  engenheiros  

que  temos  aqui,  os  nossos  técnicos  prestam  serviços  lá  e  faturamos  à  empresa  local  e  o  dinheiro  

vem  repatriado  para  cá  e  não  temos  qualquer  problema  nisso  daí  o  Angola.  

 

No   processo   de   internacionalização   da   empresa,   estabeleceram-­‐se   parcerias/estratégias?   Se  

sim,   quais   os   critérios   de   seleção   para   as   parcerias   efectuadas?   Que   valor   acrescentado  

trouxeram  as  alianças/parcerias  ao  bom  funcionamento  da  cadeia  de  abastecimento?  

 

Resposta:  Ao   local  sim,  mas  ao  nível  dos  clientes  não,  ou  seja,  numa  das  questões  que   já  

tínhamos   falado  se  a  empresa  passou  por  seguir  clientes  que  se   internacionalizaram,  é  assim,  a  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

87  

empresa   foi   convidada   por  muitos   clientes,  mas   não   fizemos   nenhuma   aliança   estratégica   com  

nenhum.  Eu  dou-­‐lhe  um  exemplo:  a  Teixeira  Duarte,    a  Mota  Engil,  a  Abrantina,  na  altura  há  cinco  

anos  atrás  convidavam  a  FCM  para  “  eu  tenho  uma  obra  assim  e  dá  preço”  queres  dar  Preço?  A  

gente  dava  preço.  Mediante  do  nosso  preço  eles  adjudicavam  ou  não.  Alguns  adjudicavam,  outros  

não.   Se   seguimos   os   clientes?   Sim,   seguimos,   porque   eles   é   que   nos   convidaram   para   fazer   as  

obras,  mas  não  houve  nenhuma  parceria  de  fidelização  ou  estratégica  com  os  clientes.  Nós  fomos  

escolhendo  os  projetos  que  mais  margem  de  lucro  nos  dariam.  

 

Nesse  sentido,  diz-­‐me  que  o  porquê  de  Angola  foi  seguir  os  vossos  clientes,  pois  já  sabiam  que  

tinham  mercado  para  lá  operar  e  relações  privilegiadas  com  algumas  empresas  que  decorriam  

da   atividade   em   Portugal   e   logo   aí   o   caminho   e   abertura   para   certos   negócios   e   certos  

concursos  já  estava  estabelecido.  

 

Resposta:  Sim,  estava  garantido.  

 

Relativamente  a  fornecedores,  a  FCM  tem  alguma  parceria  ou  aliança  estratégica  com  algum?  

 

Resposta:   Nós   temos   fornecedores   em   Portugal   privilegiados,   mas   não   temos   parcerias  

porque  a  gente  precisa...vou-­‐lhe  dar  um  exemplo:  Nós  usamos  muito  um  tipo  de  madeira  que  é  o  

contraplacado  para  betonar,  agora  em  Angola  há  contraplacado  mas  não  é  da  mesma  qualidade  

que   nós   temos   daqui   dos   nossos   fornecedores   em   Portugal.   Apesar   de   não   haver   parcerias,   a  

gente   tem   uma   obra   que   vamos   necessitar   de   não   sei   quantos   metros   quadrados   de  

contraplacado,  de  quantidades  enormes  e  necessitamos  de  prever  que  aquele  contraplacado  para  

já,   não   vá   faltar   porque   em   Angola   há   sempre   o   risco   de   faltar.   O   aprovisionamento   desse  

contraplacado  ou  de  painéis  cofragem  de  pode  não  haver  em  Angola  e  se  não  haver  a  obra  para-­‐

me  e  temos  aí  um  custo  bastante  elevado.  Por  isso,  o  que  foi  feito,  por  duas  formas,  uma  para  ter  

a   importação   da   nossa   empresa   angolana   dos   nossos   fornecedores   nacionais   de   diversos  

equipamentos  para  as  diversas  obras  em  questão,  ou  seja,  a  obra  é  adjudicada  ,  temos  de  fazer  o  

aprovisionamento   do   material   que   ela   vai   precisar,   temos   a   DOKA,   PERI,   ULMA,   que   são  

multinacionais  de  equipamento  de  cofragem  e  foi  comprado  um  caso  de  alguns  equipamentos  a  

esses  fornecedores,  são   importados  diretamente  para   lá  para  a  obra,  depois  e  se  calhar  a  parte  

mais   importante  é  que  a   FCM  cofragens   tem  um  estaleiro   cheio  de  equipamento  deste   género  

que   cá   face   há   ausência   e   diminuição   de   obras   em   território   nacional,   e   face   ao   excedente   de  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

88  

equipamento   que   temos   cá   de   contraplacado,   como   ferro,   como   painéis,   materiais   que   estão  

parados  no  nosso  estaleiro  sem  vender,  a  FCM  em  vez  de  ter  o  material  parado  que  não  rende,  

até  porque  está   a  dar  despesa  porque   temos  que  o   armazenar,   exportamos   a   FCM  portuguesa  

para  a  FCM  no  Huambo  onde  hoje,  está  a  usar  esse  material,  se  não  fosse  para  esse  mercado  ou  

para   outros,   estava   aí   parado   e   a   empresa   onde   houve   investimento   da   empresa   daquele  

equipamento,  que  está  seminovo  e  que  está  ali  parado  e  não  está  a  produzir  isso  para  a  empresa  

era   ruinoso,   por   isso   esta   empresa   angolana   e   em   irmos   para   Angola.   Em   termos   de   stock,   o  

contraplacado  por  exemplo  gera  um  pouco  de  stock  mas  é  um  stock  muito  diminuto,  aqui  não  há  

a  lógica  de  comprar  para  vender,  há  o  stock  para  abastecer  as  nossas  obras  e  a  maioria  do  nosso  

equipamento  que  nós  trabalhamos  cujo  a  vida  útil  é  superior  a  um  ano.  Claro  que  há  o  parafuso,  

há  o  prego,  mas  isso  o  stock  é  irrelevante,  mas  material  de  cofragem,  material  de  ferro,  isto  são  

equipamentos  imobilizados  em  que,  claro  existe  stock  mas  só  vai  para  a  obra  quando  é  preciso.  

 

No  caso  dos   fornecedores,   não  existe  qualquer   relação  de  parceria  ou  aliança  estratégica,   no  

entanto  existe  uma  relação  privilegiada  com  certos  fornecedores  

 

Resposta:   Sim,  a  nível  de  preço,  onde   já  compramos  há  muitos  anos,  não  existe  contrato  

mas  em  termos  de  parceria,  talvez  vá  dar  ao  mesmo.  

 

Quais  os  critérios  de  seleção  para  esses  fornecedores  e  que  valor  acrescentado  trouxeram  para  

a  vossa  empresa  em  Angola?  

 

Resposta:   Os   critérios   são   muito   importantes.   Mediante   o   tipo   de   obra   que   nos   é  

adjudicada,  nós   temos  que,  os  nossos   técnicos,  os  nossos  engenheiros   têm  que  escolher  qual  o  

esquema   ou   qual   o   método   de   construção   que   vamos   utilizar   para   fazer   o   betão   armado.   Há  

muitas   formas   de   fazer   betão   armado,   para   fazer   uma   laje   há   muita   maneira,   há   muito  

equipamento  diversificado,  agora,  qual  o  equipamento  que  será  para  aquela  obra  em  questão:  é  

o   da   PERI,   é   o   da   DOKA,   é   o   da   ULMA?   Qual   destes   fornecedores   de   equipamento   nos   dá   a  

qualidade  do  trabalho?  Em  Principio,  isto  será  um  factor,  porque  o  fornecedor  x  ou  y,  pode  ter  um  

determinado   equipamento   mais   apropriado   para   determinado   tipo   de   obra   do   que   outro.   O  

segundo,  e  o  preço.  Porque  se  eu  tenho  um  orçamento  para  uma  obra  onde  tenho  30  USD  o  m2,  

se   a   componente  de   equipamento  me   custar   cinco  USD  é   uma   coisa,   se  me   custar   só   2  USD  é  

outra.  Isto  é  um  factor  decisivo.  Como  as  parcerias  que  temos  com  estes  grandes  fornecedores  a  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

89  

nível   internacional  são   idênticas,  ou  seja,   temos  boas  relações  com  todos,  quando  há  uma  obra  

para   fazer,   todos   eles   apresentam   as   suas   propostas   e   o   diretor   de   obra   escolhe   a   mais  

apropriada,  adjudicando  aquele  que  lhes  parece  ter  mais  rendimento.  O  que  nós  pretendemos  é  

que  o  material  se  adapte  aquela  obra,  os  preço  do  equipamento  face  ao  total  para  ter  um  peso  

menor.  

 

Em  termos  da  parceria   com  o  Grupo  Soclima,  para  entrarem  no  mercado  angolano,  o  porquê  

dessa  parceria  e  não  com  outra  empresa?  Quais  os  critérios  de  seleção?  

   

Resposta:   Na   altura   foram   avaliadas   várias   situações,   havia   outras   possibilidades   mas  

consideramos  que  a  Soclima,  tendo  sido  falado  mais  com  o  Dr.  Luís  Cortez,  dono  da  Soclima,  foi  

um  parceiro  que  foi  escolhido  na  altura,  como  podíamos  ter  escolhido  outro.  

 

E  qual  foi  o  valor  acrescentado  que  esta  parceria  trouxe  para  o  bom  funcionamento  da  cadeia  

de  abastecimento?  

 

Resposta:  É  um  parceiro  que  já  estava  em  Angola,  que  conhecia  o  mercado,  que  conhecia  

nomeadamente  os  organismos  legais  e  estatais  angolanos  que  sabia  do  mercado  angolano  muito  

mais   do   que   nós.   Aqui,   sobre   os   aspectos   legais,   sobre   os   aspectos   contabilísticos,   sobre   os  

aspectos  aduaneiros,  todos  os  aspectos  de  logística  de  a  gente  se  instalar  lá,  pois  no  inicio  quando  

a  gente  não  tem  lá  nada,  é  preciso  toda  a  logística  que  nós  não  tínhamos  e  eles  já  tinham.  A  nível  

por  exemplo  do  próprio  terreno  onde  estamos  instalados,  pertencia  ao  grupo  Soclima  que  nos  é  

arrendado,  agora,  é  claro  que  foram  bastante   importantes  e  acrescentaram  valor  no  aspecto  se  

fossemos  sozinhos  seria  muito  mais  complicado.  

 

Houve  a  necessidade  de  levar  fornecedores  habituais  para  Angola?  

 

Resposta:  A  maioria  dos  nossos  fornecedores  já  lá  se  encontravam.  Uns  estão  lá,  outros  já  

estão   fartos   de   vendes   daqui   para   lá.   Mas,   sim,   houve   a   necessidade   de   levar   os   nossos  

fornecedores  daqui  para  lá.  

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

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De  que  forma  é  feito  o  vosso  processo  de  aquisição  do  material  e  gestão  logística?  A  empresa  

recorre   ao   outsourcing   para   alguma   das   atividades   relacionadas   com   a   cadeia   de  

abastecimento?  Se  sim,  quais  as  vantagens  associadas?  

 

Resposta:  Existem  duas  situações,  uma  a  partir  de  fornecedores  externos  que  importamos  

dos   fornecedores   preferenciais   cá,   e   do   escoamento   do   nosso   material   em   estaleiros,   FCM  

Cofragens,   em   que   é   exportado   para   lá   em   vez   de   estar   parado,   estando   assim   a   produzir   em  

Angola.  

 

No  entanto,  fazem  Compras  locais?  

 

Resposta:  Fazemos  muitas,  há  muita  coisa  que  não  se  importa.  

 

A  empresa  recorre  a  outsourcing  com  atividades  relacionadas  com  a  cadeia  de  abastecimento?    

 

Resposta:  A  nível   logístico  trabalhamos  em  Outsourcing.  As  vantagens  é  que  são  assuntos  

que  nós  não  dominados,  não  são  da  nossa  área.  Temos  o  caso  do  transitário  que  é  um  exemplo,  

temos  um  transitário  local  que  como  sabemos  em  Angola  as  exportações  chegam  ao  porto  e  para  

os  desbloquear  tem  que  ser  alguém  especializado,  não  vamos  ser  nós  uma  empresa  portuguesa  

que  chega  lá  e  vamos  levantar  o  contentor  num  curto  espaço  de  tempo  enquanto  um  transitário  

levanta  muitos  contentores,  conhece  o  meio,  conhece  a  alfandega  e  tem  todos  os  dias  se  calhar  

contentores  para  levantar  e  facilita-­‐nos.    

 

Então,  diz-­‐me  que  contratam  outsourcing  em  Angola  e  outsourcing  cá  certo?  

 

Resposta:  Sim,  certo.  

 

É   estratégia   das   empresas   fazer   stocks   em   Portugal   ou   em   Angola?   Quais   as   vantagens  

associadas?  

 

Resposta:  No  nosso  caso  os  stocks  são  muito  diminutos,  como  já  respondi.  Há  alguns  stocks  

de   contraplacado,   que   é   um   exemplo   que   quando   fazemos   uma   exportação   daqui   para   lá  

sabemos  que  a  obra  vai  necessitar,  em  vez  de  comprarmos  x  metros  vamos  comprar  5  vezes  mais  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

91  

para  ter  algum  stock  e  não  faltar  na  obra,  de  acordo  com  o  provisionamento  e  seguir  a  obra  para  

a  frente,  para  assim  não  haver  paragens.  

 

Sentiram  a  necessidade  de  adaptar  as  vossas  estratégias  de  gestão  da  cadeia  de  abastecimento  

ao  se  internacionalizarem  para  o  mercado  angolano,  nomeadamente  ao  nível  da  contratação  de  

serviços  de  outsourcing?  

 

Resposta:   É   claro   que   teve   de   haver   aqui   sempre   alguma   adaptação.     Uma   coisa   é   a  

empresa   na   sua   estrutura   nacional   e   em   relação   à   sua   cadeia   de   abastecimento,   com   os   seus  

fornecedores   habituais,   seus   stocks   habituais,   que   aqui   funciona   no   estaleiro   central,   agora  

quando  vamos  para  o  mercado  angolano,  tivemos  que  nos  adaptar  e  pesquisar  novas  empresas  

que   prestam   determinado   serviço,   nomeadamente   o   caso   dos   transitários,   para   inspeções   de  

materiais,  teve  que  haver  aqui  uma  adaptação,  mesmo  localmente,  hoje  em  dia  nós  temos  uma  

gestão   de   equipamentos   de   estaleiro   local   onde   tivemos   de   encontrar   também   fornecedores  

locais   que   nos   reparam   as   máquinas,   tudo   isto   exige   localmente.   Agora,   isto   foi   um   processo  

como   já   disse   feito   com   cautela,   demorou   algum   tempo,   hoje   em  dia   a   empresa   praticamente  

está  autonomizado  com  o  apoio  daqui   (  Portugal)  mas  em  termos  daquelas  pequenas  coisas  do  

dia  a  dia  que  é  preciso  reparar  uma  máquina  ou  um  berbequim,  ou  uma  máquina  mais  pequena,  

tudo  isso  já  está  salvaguardado  localmente.  Se  é  preciso  uma  peça  porque  esta  avariou.  Vou-­‐lhe  

dar  um  exemplo,  tivemos  um  problema  com  uma  peça  de  um  empilhador  que  exportamos  daqui  

para   lá   e   em   angola   não   havia,   mas   pronto,   isso   aí,   mas   tirando   isso   tudo   o   resto   nós   já  

conseguimos   com   a   cadeia   de   abastecimento   local   resolver,   salvo   raras   exceções   de  

equipamentos  muito  precisos.      

Em  Angola,   temos   o   problema   dos   vistos   de   trabalho,   tivemos   de   arranjar   uma   empresa  

que  nos  trate  aqui  dos  vistos  e  lá  também,  tivemos  que  nos  adaptar  há  realidade  local.  Há  sempre  

uma  necessidade  e  uma  estratégia  para  cada  mercado.  

No   que   toca   aos   vistos,   agora   já   somos   nós   a   tratar,   mas   no   inicio   não   tratávamos   por  

desconhecimento.    

 

 

 

 

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

92  

 

 

 

 

 

 

Nome:  Individuo  4  

Empresa:  FCM-­‐  Cofragens  e  Construções  S.A    

Cargo  que  ocupa:  Presidente  do  conselho  de  administração  

 

Qual   o   intuito   da   internacional ização   da   empresa   e   quais   as   estratégias   e  

processos  adoptados  para  a   implementação  da  mesma?  

 

Resposta:   No   caso   da   internacionalização,   isto   já   é   bastante   antigo.   Umas   das   situações  

iniciou-­‐se  ...  a  FCM  em  si  foi  constituída  em  1997,  somos  três  irmão,  sendo  assim  três  acionistas  

que   detêm   100%   de   toda   a   sociedade.   Nós   nos   primeiros   anos   não   nos   limitámos   a   área  

territorial.  A  maior  parte  das  empresas  semelhantes  a  nós  limitavam-­‐se  a  fixar-­‐se  só  em  Lisboa,  ou  

só  no  Porto,  consoante  a  atuarem  nessa  área.  Nós  desde  o   inicio,  a  nossa  política   foi  sempre,  a  

nossa  sociedade  é  o  ramo  das  cofragens  que  todos  sabemos  fazer    desde  a  parte   inicial  à  parte  

final  e  além  disso  a  nossa  estratégia  foi  sempre  trabalhar  em  todos  os  tipos  de  cofragens  e  todo  o  

tipo   de   obras,   nunca   fomos   específicos   numa   atividade,   mas   depois   transversal   a   toda   a  

construção,  ou  seja,   iniciamos  obras  privadas,  obras  publicas,  desde  pontes,  viadutos  e  também  

ao  nível  do  território  nacional,  ou  seja,  não  nos  limitámos  à  zona  de  Lisboa,  estando  no  segundo  

ano  a  fazer  obras  no  Algarve,  no  terceiro  ano  já  estávamos  a  fazer  pontes  em  Santarém.  No  euro  

2004  fizemos  a  cofragens  todas  do  estádio  de  Leiria  e  Coimbra  fomos  a  única  empresa  que  já  em  

sete   anos   já   estavam   a   fazer   estádios   com  muita   envolvência   já   com   um   volume   de   negócios  

bastante  elevado.  Com  o  fim  do  euro  2004  começamos  logo  a  perspetivar  a  internacionalização.  

Depois  do  2004  as  obras  abrandam  e  então  na  altura  iniciamos  em  Espanha,  já  com  uma  parceria  

através   de   empresas   de   fornecimento   na   área   das   cofragens   e   em  parceria   com  eles   iniciámos  

obras  em  Espanha,  em  que  os  clientes  que  em  Espanha  é  um  bocadinho  bastante  complexo,    e  

que  na  altura  tinham  bastante  construção  e  nós  tínhamos  mercado.  Claro  que  para  isto  é  preciso  

ter  curriculum,  os  clientes  espanhóis  vieram  ver  as  obras  que  tínhamos  em  curso,  vieram  ver  as  

nossas   capacidades   e   assim   iniciámos   em   Espanha.   No   seguimento   disso,   fomos  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

93  

internacionalizando  de  ano  a  ano  para  outros  mercados  porque  temos  sempre  certa  necessidade  

de  não  dar  o  passo  maior  que  a  perna.  Tem  que  ser  tudo  bem  definido,  também  porque  estamos  

numa   área   em   que   trabalhamos   com  muito   pessoal   próprio,   porque   assim   somos   pessoal   que  

conseguimos   formar   e   conseguimos   aferir   que   realmente   desempenham  os   cargos   à   altura,   ou  

seja,   quando   é   necessário   fazer   um   projeto,   a   pessoa   tem   conhecimento   para   desempenhar  

aquela   função.,   o  que  é   imprescindível   nisto.  Quando  a   gente   faz  o   trabalho,   faz   e  desmancha,  

ninguém  vai  gostar,  vamos  perder  dinheiro  e  o  cliente  vai  ficar  insatisfeito,  os  prazos  não  vão  ser  

compridos  e  há  todo  esse  problema.  No  seguimento  disso,  fizemos  a  expansão  para  Espanha,  dois  

anos  depois  estamos  a  fazer  para  a  Roménia,  um  ano  depois  para  Angola,  um  ano  mais  tarde  para  

Argélia  e  depois  já  em  2011  para  o  Brasil.  

 

Isso  tudo  através  de  parcerias?  

Resposta:   Na   maior   parte   dos   mercados   diretamente,   parcerias   praticamente   só   em  

Angola.  No  caso  da  Argélia  só  depois  de  lá  estarmos  é  que  arranjamos  uma  sociedade  com  uma  

parceria  de  argelinos  por  algumas  limitações.  Nos  restantes  mercados  podemos  ter  parcerias  que  

colocamos   à   disposição   capital   de   provas   de   funcionários,   em   que   vão   para   lá,   negociamos  

determinada   percentagem   de   sociedade   para   determinada   parceria,   para   as   pessoas   também  

verem  aquilo  como  deles  e  participarem  como  gestores  e  não  como  meros  funcionários.  

 

Quanto  às  estratégias  e  processos  adoptados  para  a  internacionalização?  

 

Resposta:   As   estratégias   e   os   processos   foi   primeiro   irmos   para   mercados   onde  

conseguíssemos  acrescentar  valor,  do  género  vamos  acrescentar  maior  valor  ao  mercado  que  tem  

e   vamos   inovar   no  mercado   e   por   aí   vamos   ser  mais   cumpridores   de   prazos,   vamos   chegar   ao  

mercado  e  dizer  que  temos  um  produto  diferente  e  melhor,  e  que  eles  achem  interessante,  não  

muito  pelo  preço  mas  mais   pela  nossa   competência   e  pelo  nosso   conhecimento.  Muitas   vezes,  

posso   dizer   que   temos  muita   obra   que   estamos   a   trabalhar   com  empresas   que   já   trabalhavam  

diretamente  connosco  em  Portugal    e  vamos  com  eles,  que  é  o  caso  da  Roménia,  o  Brasil  também  

temos  esse   caso,   o   caso  da  Argélia,   ou   seja,   eles   já   nos   conhecem  aqui,   sabem  que  nós   somos  

competentes  e  através  disso  fazemos  lá  negócio.      

 

Então   foi   principal   estratégia   da   vossa   empresa   a   internacionalização   seguindo   os   vossos  

clientes?  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

94  

 

Resposta:   É   a   principal.   Ou   seja,   a   base   principal   da   internacionalização   foi   clientes   que  

tínhamos  em  Portugal  e  em  Espanha.  Principalmente  nas  horas  iniciais  foi  essa  a  estratégia.  Para  

nos   conseguirmos   solidificar   nos   primeiros   anos,   eram   empresas   que   conseguíamos   falar   aqui,  

falar   lá,  porque  é  muito  arriscado  chegarmos  a  Angola  ou  Argélia  e  estarmos   lá  a  bater  porta  a  

porta  no   cliente   local   a   dizer   que   tenho   isto   aqui   para   executar.  Nós   temos  um   risco  e  mesmo  

para  avaliar  esse  risco  temos  que  conhecer  com  quem  estamos  a  trabalhar.  Não  podemos  chegar  

aqui   e   entrar...   mesmo   em   Angola,   80%   dos   clientes   já   nos   conhecem   em   Portugal,   ou   seja,  

diretamente   ou   indiretamente   através   de   participadas,   são   empresas   que   têm   relações   com  

Portugal.  

 

O   porquê   de   Angola   e   que   características   apresenta   este   mercado   que   tivesse   conduzido   a  

empresa  a  enquadrá-­‐lo  no  processo  de  internacionalização?  

 

Resposta:  Porque  Angola  é  um  país  de  língua  oficial  portuguesa,  já  tínhamos  tido  convites  

de  clientes  para  irmos  para  o  mercado,  através  de  nossa  análise  tem  muito  potencial,  com  muitas  

infraestruturas  para  construir   tanto  de  habitação,   como  vias  de  comunicação,   como  outros.  Em  

termos  demográficos  está  em  forte  expansão,  é  um  mercado  onde  a  obra  não  se  vai  acabar  daqui  

a   dois   ou   três   anos.   Há   um   volume   de  mercado   que   temos   que   fazer   todos   os   anos,   n\ao   é   o  

mesmo  que  está  a  acontecer  em  Portugal  em  que  se  calhar  estamos  a  20%  do  que  se  construía  há  

cinco  ou  seis  anos.   Isto  porquê,  cá  estamos  a  diminuir  a  população,   temos  mais  habitações  que  

necessariamente  necessidades   de   famílias,   ou   seja,   posso  dizer   que   em   termos  de...ou  melhor,  

podemos  dizer  que   temos  mais   casas  do  que   famílias.  Ainda  assim,  há  nesses  países  bairros  de  

lata   que  mais   cedo   ou  mais   tarde,  mais   alguns   anos   vão   ter   que   evoluir   para  melhor,   por   isso  

nesses  países  não  há  condições  de  piorar.  Piorar    sofremos  mais  nós  aqui  na  Europa.  Em  Portugal  

nos  anos  90   fez-­‐se  muita  habitação   social  por  exemplo.  Demoliu-­‐se  nos  anos  90  e  2000  muitos  

bairros   de   lata   e   realojou-­‐se   as   famílias   e   estes  mercados  mais   tarde  ou  mais   cedo   isso   vai   ser  

feito.  Segundo,  é  um  país  que  tem  algum  recursos  naturais  que  por  exemplo,  se  me  perguntar  o  

porquê  de  apostar  em  Angola  e  não  em  Moçambique,  em  Angola  as   coisas   só   são   sustentáveis  

quando  há  financiamento  e  recursos  para  depois  se  executarem,  porque  pode  haver  muito  boas  

ideias,  mas  se  não  houver  financiamento.  

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

95  

Ou   seja,   o   país   acaba   por   ter   alguma   riqueza   através   desses   recursos   naturais   que   permitem  

tudo  o  que  me  disse  agora,  ou  seja,  o  crescimento  a  nível  habitacional,  crescimento  a  nível  de  

obras  ou  infraestruturas,  como  um  crescimento  económico  do  próprio  país.  

 

Resposta:  Se  existe  a  necessidade  e  se  há  dinheiro  para  pagar  essa  necessidade.  Basta  os  

recursos,   porque  o   financiamento  é   limitado,   porque  em  Moçambique  existe   financiamento  do  

Banco  Mundial,  mas  aquilo  nunca  é  a  mesma  coisa.  Os  recursos  quando  se  esgotam,  é  a  mesma  

coisa  que  acontece  em  Portugal,  há  muita  obra  que  ...  e  nós  quando  vamos  para  o  mercado,  não  é  

numa  fase  e  isto  é  outra  situação,  nós  vamos  a  longo  prazo,  vamos  constituir  uma  empresa  para  

ficar,  até  porque  existe  muitos  investimentos,  formação  de  pessoal  e  tudo  e  quando  acaba  tudo  e  

não  arruamos  as  malas  e  vimos  embora,  até  porque  nós  trabalhamos  com  muitos  equipamentos  

próprios   que   torna   as   coisas   insustentáveis   se   formos   por   aí.   Neste   tipo   de   mercados,   nos  

primeiros  dois,  três,  quatro  anos  é  praticamente  a  formar  pessoal,  temos  de  concorrer  aos  custos  

de   preços   do  mercado,   o   que   nos   vai   distinguir   em   sermos   rentáveis   é   termos   que   ter  melhor  

soluções  e  pessoal  mais  capaz.  

 

Formam  o  pessoal  cá  ou  formam  o  pessoal  em  Angola?  

 

Resposta:  Os  formadores  vão  daqui,  ou  seja,  o  pessoal  líder  que  na  prática  são  formadores  

vão  daqui,  mas  depois  com  o  conhecimento  do  mercado  a  gente  inicia,  sei  lá,  numa  fase  inicial  um  

português  para  um  ou  dois  locais  e  chegamos  a  uma  altura  para  um  português  para  cinco  locais.  E  

a  médio  longo  prazo  um  português  para  mais  locais,  ou  seja,  o  nível  de  locais  aumenta  um  pouco  

porque  vai  aumentar  a  mão  de  obra  local.  Porque  a  gente  selecionando  remunerando  as  pessoas  

acima,  por  gosto,  com  valores  acima  da  média  porque  também  vamos  exigir  um  pouco  mais  mas  

também  vamos   remunerar  para   isso.  Vamos   recrutar  uma  pessoa  e  o  ordenado  mínimo  é  este,  

não  vou  pagar  mesmo  o  ordenado  mínimo.  Claro  que  se  eu   for  por  aí,  as  pessoas  só  produzem  

pelo  ordenado  mínimo   ,   eu   tenho  que   fazer   com  que  a  pessoa  produza  mais,  ou   seja,  produzir  

mais  20%  ou  30%  e  conseguir  mais  essa  percentagem  que  o  mercado  paga,  ou  seja,  a  empresa  

fica   satisfeita   e   o   colaborador   também,   mesmo   nos   locais   é   dizer-­‐lhes   que   têm   aqui   uma  

oportunidade   de   carreira,   podes   evoluir,   nós   queremos   que   evoluas   e   quando   contratamos   as  

pessoas  é  sempre  na  base  da  evolução,  quando  contrato  um  oficial,  gostava  que  um  dia  chegasse  

a   encarregado   e   sempre   nesse   âmbito.   Claro   que   nem   toda   a   gente   é   capaz,   posso   dizer   que  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

96  

tenho  aqui  muita  gente  de  servente  são  hoje  encarregados  gerais  e  naturalmente   tenho  outros  

que  eram  serventes  na  altura  que  é  ma  parte  mínima  que  ficam  por  ali.    

 

Nomeadamente  em  seguir  os  clientes,  a  parceria  que  temos  em  Angola,  foi  através  de  uma  

obra  que  realizamos  aqui  em  Portugal.  Nós  em  Angola  temos  uma  parceria  com  o  grupo  Soclima,  

mas   iniciou-­‐se   aqui   com   obras   que   iniciou-­‐se   em   Portugal   que   foi   o   armazém   deles   ali   na  

Azambuja  –  a  Cotarco  e  que  depois  com  o  seguimento  foi-­‐se  falando,  estávamos  interessados  e  aí  

surgiu-­‐se  a  parceria  e  para  nós   foi  bastante   importante  e  que  vamos  todos  nós  a   ficar  a  ganhar  

com  isso.  

 

 

No   processo   de   internacionalização   da   empresa,   estabeleceram-­‐se   parcerias/estratégias?   Se  

sim,   quais   os   critérios   de   seleção   para   as   parcerias   efectuadas?   Que   valor   acrescentado  

trouxeram  as  alianças/parcerias  ao  bom  funcionamento  da  cadeia  de  abastecimento?  

 

Resposta:   como   já   foi   referido   sim   existe.  Quanto   ao   critério,   nós   trabalhamos  muito   na  

base  da  confiança,  são  pessoas  que  gostamos  de  conhecer  bem  e  que  trabalhamos  muito  na  base  

da  confiança.  Não  é  pelo  que  nos  contam,  é  mais  pelo  que  vemos.  A  administração  está  presente  

diretamente   nos   mercados   embora   tenham   responsáveis   e   autonomia.   O   administrador   de  

Portugal,  o  Dr.  Mário  silva  que  domina  mais  Angola  praticamente  todos  os  meses  vai   lá  e  passa  

pelas  obras  todas  e  conhece  os  processos.  Também  iniciámos  a  nossa  atividade  como  operários  e  

vindo   daí,   temos   alguma   formação   também   no   desenvolvimento   prático   que   nos   leva   a  

desenvolver  estas  soluções.  Quando  discutimos  algo,  sabemos  do  que  estamos  a  falar.  

O   valor   acrescentado   desta   parceria   com   o   grupo   Soclima   foi   mais   diretamente   algum  

conhecimento  dos  processos  que   já   tínhamos  em  termos  administrativos  e  de   funcionamento  e  

principalmente   a   parte   logística.  Na   parte   logística   foi   bastante   importante,   na   produção   em   si  

direta  nós  como   já   temos  os  processos  muito  bem  definidos  na  nossa  área   teve  uma   influência  

menor.  Na  aquisição  de  equipamentos  foi  fundamental,  tivemos  logo  um  espaço  administrativo  e  

alguém  que   começasse   a   iniciar   os   processos   foi   fundamental,   esse   todo  o   apoio.  Não   tivemos  

que  enviar  para  lá  uma  empresa  de  consultadoria,  encontrar  um  escritório,  isso  foi  logo  condição  

de   partida,   pois   disseram-­‐nos   que   tínhamos   os   escritórios   do   grupo   para   utilizar,   existe   um  

terreno  para  estaleiro  que  para  nós  é  fundamental  que  sem  isso...  que  principalmente  em  Angola  

é  necessário  fazer  stocks,  mais  do  que  cá.  Eu  aqui  consigo  falar  com  um  fornecedor  e  no  próprio  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

97  

dia  vai-­‐me  lá  por  uma  pequena  quantidade  ou  uma  carga  completa  e  em  Angola  não  é  assim.  Para  

comprar   um  parafuso  muito  mais   vezes   tem  de   vir   de   Portugal,   quer   dizer   se   temos   stock   não  

posso  ter  dois  meses  ou  três  meses  parado  porque  faltou  alguns  equipamentos.  Fazemos  stocks  

razoáveis.   Mais   do   que   em   Portugal   ou   em   outros   países.   Nestes   mercados   o   investimento   é  

muito  elevado  porque  não  há  obtenção  de  financiamento  diretamente  e  inicial,  no  mercado  não  

há  disponível.  Como  nós  temos  soluções  próprias,  tem  de  ser  mesmo  essas  soluções,  por  exemplo  

nós  levamos  muitas  soluções  próprias  de  Portugal  para  lá,  porque  lá  não  há,  nem  outras  empresas  

têm,   porque   são   produtos   fabricados   por   nós   aqui   e   hoje   em   dia   já   estamos   a   fabricar   lá  

diretamente,  mas  numa   fase   inicial  não   se   consegue   fabricar,  ou   seja,   importamos  os  materiais  

necessários  para   a   fabricação  ou   compramos   lá  no  mercado,   também   já   aconteceu,   embora  os  

fornecedores  lá  não  satisfaçam  nem  de  perto  nem  de  longe  as  nossas  necessidades.  

 

Houve  a  necessidade  de  levar  fornecedores  vossos  para  Angola?  

 

Resposta:  Uma  empresa  da  nossa  dimensão  não  .  Eventualmente  já  tivemos  a  necessidade  

de  levar  pessoal  que  aqui  eram  nossos  fornecedores  mas  que  foram  para  lá  como  encarregados  e  

cessaram  a   sua   atividade.   Fornecedores  mesmo   com  a  nossa  dimensão  não   levar   fornecedores  

diretamente  muito  pouco.  Muitas  das  compras  já  se  fizeram  diretas,  mas  levar  o  fornecedor  para  

lá  não  aconteceu.    

 

De  que  forma  é  feito  o  vosso  processo  de  aquisição  do  material  e  gestão  logística?  A  empresa  

recorre   ao   outsourcing   para   alguma   das   atividades   relacionadas   com   a   cadeia   de  

abastecimento?  Se  sim,  quais  as  vantagens  associadas?  

 

Resposta:  Nós  fazemos  consultas,  mapas  comparativos  e  analisamos.  Analisamos  os  locais,  

a   disponibilidade.   Preço   por   preço   compramos   lá   até   porque   temos   uma   disponibilidade   mais  

rápida   e   depois   com  os  mapas   comparativos   e   com  as   soluções   que   temos   decidir   onde   é   que  

vamos   comprar.   Claro   que   se   for   de   Portugal,   temos   que   considerar   que   vai   ser   uma   carga  

completa,  fica  em  lista  de  espera  se  existe  alguma  necessidade  pontual  em  que  a  quantidade  que  

necessite   não   tem   peso,   por   exemplo,   há   um   material   que   está   mais   caro   lá   30%,   mais   vale  

comprar   lá   do   que   estar   a   importar   um   contentor   completo   de   Portugal   só   por   causa   de   uma  

peça.  Mesmo  havendo  a   solução  de   avião,   vai   ficar  muito  mais   caro  essa  peça.   Só   se  houver  o  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

98  

problema  de  lá  não  conseguir  encontrar.  Mas  nós  temos  tido  uma  logística  que  não  temos  tido  a  

necessidade  de  andar  a  fazer  importações  de  emergência.    

 

Também  por  causa  dos  stocks  que  me  falou  que  são  consideráveis  para  não  faltar  o  material?  

 

Resposta:   Sim.   E   as   importações   além   de   se   fazerem   de   Portugal   também   se   fazem   de  

outros  mercados  porque  não  vale  a  pena  estar  a  importar  um  produto  chinês  para  Portugal  e  de  

Portugal   enviá-­‐lo   para   Angola.   Ás   vezes   os   contraplacados   fenólicos   ou   por   exemplo   algumas  

madeiras   da   Roménia   ou   alguma   madeira   que   necessitamos   e   depois   daqui   enviarmos   para  

Angola.   Temos   a   triangulação   alcance/custo,   temos   de   ir   pelo   mais   rentável   e   enviamos  

diretamente.  

 

É  a  vossa  empresa  na  Roménia  que  adquire  os  matérias  e  os  envia  diretamente  para  Angola?  

 

Resposta:  Não,  damos  algum  apoio  logístico  que  muitas  vezes  fazemos  o  fornecedor  local.  

Chegamos  ao  pé  do  fornecedor,  dizemos  que  queremos  fazer  uma  exportação  para  Angola,  mas  

claro   que   pesa   a   sociedade   que   lá   temos   mas   em   Portugal   já   fazemos   exportações   mas   de  

Portugal  o  fornecedor   já  faz  diretamente  para  não  estarmos  a  acrescentar  mais  uma  entidade  à  

cadeia  de  abastecimento.  Nós  preferimos  fazer  diretamente  que  acaba  por  ser  muitas  vezes  mais  

rápido  desde  que  esse  fornecedor,  faça  uma  carga  completa.  Em  Portugal  acabamos  por  fazer  a  

importação  para  Angola  quando  temos  de  comprar  5%  a  carga  ao  fornecedor,  2%  a  outro,  10%  a  

outro,   20%   a   outro...claro   que   é   juntar   isso   tudo   e   depois   enviar.   Quando   são   importações   de  

volume,  um  contentor,  dois  contentores,  três  contentores,  isso  faço  diretamente.  Não  nos  vamos  

estar  a  meter  ali  por  intermediários,  senão  estamos  a  pagar  mais  impostos  e  acrescentar  mais  um  

processo.  

 

Então  está  a  dizer  que  se  tiverem  que  comprar  uma  carga  pequena  a  Espanha,  outra  a  Roménia,  

entre  outros   fornecedores,   armazenam  as   cargas   aqui   e   enviam  em  contentor   completo  para  

Angola.  

 

Resposta:  Sim,  isso.  

 

A  empresa  recorre  a  outsourcing  a  algumas  atividades  ligadas  à  cadeia  de  abastecimento?  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

99  

 

Resposta:  Nós  fazemos  tudo  diretamente,  há  exceção  do  frete  marítimo  e  dos  transitários.  

É   apenas   aquilo   que   recorremos.   São   áreas   especializadas   e   para   tratarmos   internamente  

tínhamos  de  constituir  uma  entidade  e  não  compensa.  Para  as  exportações  não  compensa,  não  

representam  muitos  custos,  não  estamos  a  falar  de  margens  que  não  vale  a  pena  entrámos  por  aí.  

Temos   que   nos   especializar   naquilo   que   sabemos   fazer   melhor.   Na   aquisição   fazemos   tudo  

diretamente   porque   nós   conhecemos   os   equipamentos   e   temos   a   necessidade   de   saber   que  

aquilo   que   estamos   a   importar   está   a   ser   testado   por   nós,   corresponde   ao   mesmo   tipo   de  

equipamento  a  outros   lotes  anteriores,  que  não  sofre  alterações  e  que  é  uma  mais  valia.  Se  eu  

compro   um   mau   produto   vai   haver   um   problema.   Ou   seja,   enunciamos   os   fornecedores,  

validamos.   Por   exemplo:   contraplacados.   Já   conhecimentos   o   contraplacado,   validamos,  

enviaram-­‐nos   uma   amostra   ,   fazemos   os   testes,   fazemos   tudo,   tem   a   qualidade   que   nós  

pretendemos  para  o  preço  e  damos  o  Ok.  

 

Então  o  único  outsourcing  que  vocês  utilizam  é  o  de   transitários  para  vos   tratar  de  processos  

logísticos,  importações  exportações  a  assuntos  aduaneiros.  

 

Resposta:  Sim.  

 

Já  me  falou  dos  stocks  em  Angola.  Em  Portugal  fazem  stocks?  

 

Resposta:   Em   Portugal   não   há   a   necessidade   de   fazer   stock.   Nós   aqui   praticamente  

satisfazemos  encomendas.  Existe  algum  stock  mínimo  mas  são  necessidades  residuais.  Quando  há  

uma   necessidade   de   um   mercado,   enviam   cá   a   informação   de   que   há   a   necessidade   de  

determinado  produto  ser  importado,  faço  um  mapa  comparativo,  aqui  damos  os  preços  e  por  sua  

vez  os  mercados  têm  a  sua  autonomia  para  encomendar  a  Portugal  ou  encomendar  a  ...  ou  seja,  

os  próprios  mercados  é  que  fazem  os  mapas  comparativos  e  fazem  tudo  e  Portugal  acaba  por  ser  

um  fornecedor  como  outro,  claro  que  com  uma  confiança  diferente.  Peço  muita  ajuda  a  Portugal,  

faz-­‐me   isto,   faz-­‐me   aquilo,   verifica-­‐me   isto...pronto.   Os   mercados   fazem   tudo,   os   mapas  

comparativos,   identificam  o  tipo  de  produto  que  é  muito   importante,  claro  que  há  sempre  uma  

aprovação   da   administração   que   está   presente   em   todos   os   mercados,   do   conselho   de  

administração  cá  que  consegue  validar  se  está  tudo  mais  ou  menos  dentro  dos  parâmetros  e  faz-­‐

se  as  encomendas.  Estamos  a  falar  de  compras  de  maior  volume,  de  compras  de  pequeno  volume  

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

100  

não   é   preciso...compra-­‐se   no   mercado.   Nós   a   nível   de   gestão   sabemos   a   que   nível   de   preço  

estamos  a  comprar,  versus  o  histórico,  porque  além  dos  mapas  comparativos  temos  o  históricos  

que  comparamos  ao  comprado  anteriormente.  Se  um  preço  aparece  mais  caro,  perguntamos  logo  

porque   é   que   está-­‐se   a   comprar  mais   caro,   se   há   pouco   tempo   fez-­‐se   uma   encomenda   de   um  

produto  mais  barato  para  o  mesmo  efeito.  

Em  Portugal  há  uma  resposta  muito  rápidos  dos  fornecedores  e  em  termos  logísticos  aqui  é  

mais  rápido.  

Em   Angola   vai-­‐se   conhecendo   com   o   tempo   e   criando   uma   relação   com   uma   série   de  

fornecedores,   só   que   muitas   vezes   eles   também   não   têm   capacidade   de   resposta.   O   nosso  

objectivo  é  irmos  para  os  mercados  e  a  empresa  é  autónoma,  ou  seja,  ela  faz  uma  gestão.  Ela  só  

recorre   a   Portugal   se   chegar   à   conclusão   que     é   uma  mais   valia   ser   de   Portugal,  mas   vão   nos  

considerar  como  se  de  um  fornecedor  se  tratasse.    

Comprar  no  mercado  angolano  compensa  em  muitos  produtos,  se  me  disser  produtos  de  

grande   volume   e   específicos   à   nossa   atividade   é   difícil   encontrar,   mas   por   exemplo   ferro  

compramos  lá  tudo,  não  enviamos.  Ferro  em  tubo,  chapa,  compramos  lá  localmente.  

 

Comprar  cá  e  exportar  para  lá  acaba  então  por  não  compensar.  

 

Resposta:  Sim,  por  uma  razão  muito  simples,  Portugal  compra  ao  estrangeiro  porque  não  

produz,  então  eles  lá  importam  diretamente  da  Turquia,  importam  de  outros  mercados,  ou  seja,  

vem  a  Portugal  para  depois  voltar  para   lá,  pagar  dois  fretes  marítimos,  só  do  principio  da   lógica  

não   compensa,   a   não   ser   que   haja   alguma   triangulação   que   nos   dê   alguma   vantagem   fiscal   os  

fornecedores  que  habitualmente  estão  lá  a  trabalhar  já  fazem  isso,   já   importam  diretamente  do  

país   de   produção   para   lá.   O   problema   dos   fornecedores   lá   é  mais   um   problema   de   stock.   Nós  

vamos   a   comprar   a   eles,   não   têm,   estão   à   espera   que   chegue   uma   carga   e   depois   é   assim,   ou  

ficamos  à  espera  ou  temos  de  nos  desenrascar.  Por  isso  nos  locais,  quando  eles  têm  stock  vamos  

ter  que  nos  abastecer.  Porque  um  dia  que  aparecemos  com  as  calças  na  mão,  podemos  não  nos  

safar.  

 

Então   diz-­‐me   que   até   mais   vale   comprar   diretamente   lá   porque   é   o   mesmo   que   comprar  

diretamente  ao  estrangeiro,  o  único  problema  disto  é  as  quantidades,  certo?  

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

101  

Resposta:   Sim.   Quando   são   quantidades   pequenas,   geralmente   fazemos   daqui   um  

contentores   e   cobre-­‐se   isso   tudo,   porque   muitas   vezes   como   s\ao   tantas   especificidades   em  

pequenas  quantidades  isso  gerir  com  o  fornecedor  é  complexo  porque  é  o  problema  da  qualidade  

que  nos  estão  a  fornecer.    

 

 

Sentiram  a  necessidade  de  adaptar  as  vossas  estratégias  de  gestão  da  cadeia  de  abastecimento  

ao  se  internacionalizarem  para  o  mercado  angolano,  nomeadamente  ao  nível  da  contratação  de  

serviços  de  outsourcing?  

 

 

Resposta:   Nós   é   assim,   nós   na   base   da   empresa   temos   vários   processo,   estamos  

certificados  na  qualidade,   está   tudo  muito  bem  validado,   além  disso   adaptamo-­‐nos   à   realidade  

dos  mercados  e  estamos  sempre  em  melhoramento  de  todos  os  processos.  Uma  das  coisas  que  

temos  como  lema  é  a  inovação  e  a  qualidade.  Tentamos  sempre  fazer  melhor.  É  como  os  vistos,  

muitas  vezes  depois  avaliamos  se  mais  vale   fazermos   internamente  ou  externamente,   se   temos  

capacidade  ou  se  recrutamos  pessoas  adequadas  às  funções  também  trabalhando  com  bastante  

emprenho  para  sermos  os  melhores.  

Nós  contratamos  serviços  de  outsourcing  de   logístico  mas  tem  que  ser  uma  empresa  que  

tem  a  ligação  e  faz  a  ponte  com  os  processos  que  está  do  outro  lado,  porque  estes  processos  só  

funcionam   bem   se   as   duas   pessoas   se   entenderem.   Geralmente   fazemos   contratação   de  

outsourcing   Logístico   quando   os   transitários   cá   e   lá   são   parceiros.   O   Transitário   em   Angola   é  

parceiro   com   o   transitário   que   estamos   a   operar   em   Portugal.   Eu   na   pratica   só   quero   ter   um  

transitário  no  processo.  Pois  se  quando  algo  sai,  se  algo  sair  mal,  o  outro  já  tem  essa  informação.  

Estes  processos  tem  de  ser  bem  elaborados.  Não  posso  correr  o  risco  de  chegar  ao  porto  e  correr  

o  risco  de  não  ter  a  mercadoria,  ou  porque  falta  um  documento  porque  foi  mal  enviado.    

 

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

102  

Anexo 3

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

103  

Inquérito

Nome:  Individuo  2  

Empresa:   DCI   –   Construção   e   Inovação,   S.A   e   ICD   -­‐   Insta lações   Técnicas ,  

Construções  E  Domótica  

Cargo  que  ocupa:  Sóc io  Gerente  de  ambas  as  empresas  

No decorrer deste es tudo, foram enunciadas a lgumas parcer ias .

Nesse sent ido, sol ic i tamos a vossa colaboração na aval iação das mesmas de

acordo com os parâmetros a seguir enunciados, de forma a tentar perceber a

envolvência destas a l ianças/parcerias com a empresa em Portugal e a empresa

internacional izada em Angola .

Nota explicativa dos parâmetros:

Assimetria: reflete a habilidade de uma organização em exercer poder, influência ou

controle sobre outra.

Reciprocidade: é baseada na mutualidade benéfica em atingir objetivos comuns. Contrária à

assimetria, a reciprocidade estabelece relação positiva entre as partes, pois implica cooperação,

colaboração e coordenação entre as partes.

Eficiência: aparece quando há necessidade interna de a empresa melhorar a relação

custo/benefício de algum processo. Sendo assim, ela transferirá para uma outra organização um

processo ineficiente.

Estabilidade: reflete a tentativa de adaptar ou reduzir as incertezas de algum negócio, ou

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

104  

seja, as empresas que utilizam essa razão buscam parcerias que lhes garantam um futuro mais

confiável.

Legitimidade: a legitimidade reflete como os resultados e as atividades de uma empresa são

justificados.

Ao preencher a seguinte tabela, utilize uma escala de um 1 a 5 para fazer a vossa avaliação.

Neste sentido deverão preencher a tabela da seguinte forma:

Em Portugal

Assimetria Reciprocidade Eficiência Estabilidade Legitimidade

1 1 2 2 1

1 1 1 1 1

3 1 3 2 2

3 1 3 2 2

2 2 2 1 1

4 2 3 2 3

3 2 3 2 2

4 3 3 3 2

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

105  

2 1 2 2 2

3 3 2 3 2

2 1 1 1 1

4 4 5 5 3

4 3 4 4 2

4 4 5 5 4

3 3 3 2 2

2 1 1 1 1

3 2 2 2 1

3 2 2 2 1

4 3 3 2 2

2 2 1 1 1

Em Angola

Assimetr ia Reciprocidade Eficiência Estabilidade Legitimidade

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

106  

1 2 1 1 1

1 2 1 1 1

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

1 2 1 1 1

1 1 1 1 1

1 3 2 2 1

1 2 2 1 1

4 4 4 3 2

1 2 2 1 1

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

1 1 1 1 1

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

107  

Obrigado pela vossa colaboração

Inquérito por questionário

Nome: Individuo  3

Empresa: FCM- Cofragens e Construções S.A

Cargo que ocupa: Diretor adminis tra t ivo e f inanceiro

No decorrer deste es tudo, foram enunciadas a lgumas parcer ias .

Nesse sent ido, sol ic i tamos a vossa colaboração na aval iação das mesmas de

acordo com os parâmetros a seguir enunciados, de forma a tentar perceber a

envolvência destas a l ianças/parcerias com a empresa em Portugal e a empresa

internacional izada em Angola .

Nota explicativa dos parâmetros de avaliação:

Assimetria: reflete a habilidade de uma organização em exercer poder, influência ou

controle sobre outra.

Reciprocidade: é baseada na mutualidade benéfica em atingir objetivos comuns. Contrária à

assimetria, a reciprocidade estabelece relação positiva entre as partes, pois implica cooperação,

colaboração e coordenação entre as partes.

Eficiência: aparece quando há necessidade interna de a empresa melhorar a relação

custo/benefício de algum processo. Sendo assim, ela transferirá para uma outra organização um

processo ineficiente.

Estabilidade: reflete a tentativa de adaptar ou reduzir as incertezas de algum negócio, ou

seja, as empresas que utilizam essa razão buscam parcerias que lhes garantam um futuro mais

confiável.

Legitimidade: a legitimidade reflete como os resultados e as atividades de uma empresa são

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

108  

justificados.

Ao preencher a seguinte tabela, utilize uma escala de um 1 a 5 para fazer a vossa avaliação.

Neste sentido deverão preencher a tabela da seguinte forma:

Muito Fraco (1) Fraco (2) Regular (3) Forte (4) Muito Forte (5)

Em Portugal

Assimetria Reciprocidade Eficiência Estabilidade Legitimidade

3 3 3 4 3

3 3 3 4 3

2 2 2 3 3

Em Angola

Assimetria Reciprocidade Eficiência Estabilidade Legitimidade

3 3 3 4 3

3 3 3 4 3

1 1 1 3 1

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A  Internacionalização  e  a  Cadeia  de  Abastecimento    

 

 

109  

Obrigado pela vossa colaboração