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AL MA NA QUE MAIO AUGUSTO, AURÉLIO, TEOTÔNIO: TRÊS TITÃS

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ALMANAQUE

MA

IO

AUGUSTO, AURÉLIO, TEOTÔNIO: TRÊS TITÃS

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Entre as datas e nomes que merecem ser lembrados e come-morados pelos alagoanos no mês de maio, esta edição do ALma-naque 200 traz uma bela seleção para o leitor.

Já na capa, um trio de grandes vultos que tem orgulhado o nosso povo por várias gerações ao longo do século 20 e neste início do 21: Augusto Malta, Aurélio Buarque de Holanda e Te-otônio Vilela. Escolhemos os três, cada um atuante em uma área distinta dos outros, por terem, através de sua vida e obra, elevado o nome de Alagoas para muito além dos limites do Estado e do Brasil.

Augusto Malta nasceu em Mata Grande, no dia 14 de maio de 1864. Em 1870, a vila mudou de nome, passando a se chamar Paulo Afonso, e assim fi cou até 25 de maio de 1929, quando retornou à denominação anterior. Por esse motivo, os jornais ca-riocas, no período de maior celebridade de Malta, o identifi cavam como sendo natural de Paulo Afonso/AL. Migrando para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, esse alagoano elegante e ta-lentoso se transformou num dos fotógrafos mais importantes na história brasileira. Trabalhou até quase o fi m de seus longos 93 anos de vida.

Dos coqueirais à beira-mar no Passo de Camaragibe, Mestre Aurélio passou para a história como um dos mais importantes lexicógrafos em língua portuguesa de todos os tempos. Ainda em vida, viu o nome “Aurélio” ultrapassar os umbrais da fi lologia e se tornar íntimo nos nossos lares, virar adjetivo, substantivo, verbo e fi nalmente sinônimo de “dicionário” para todo o sempre.

Teotônio Vilela, o Senador da Anistia, nosso venerado Me-nestrel das Alagoas, estaria completando seu centenário de nascimento se estivesse entre nós no dia 28 de maio passado. Teotônio vive e viverá, na memória e no coração do povo, como um gigante da luta pela democracia, do amor à liberdade e dos valores humanos; um brasileiro que se tornou símbolo da Política como forma mais civilizada de mediar confl itos.

Além desses três nomes emblemáticos, o quinto mês do ano contém – e traz nestas páginas para você – muitas outras perso-nalidades e fatos marcantes para a história de Alagoas e do Bra-sil. Desde o dia 1º, que marca o nascimento do cacique Alfredo Celestino, até o dia 31, quando o distrito de Salomé tornou-se emancipado e renomeado como cidade – deixamos para a sua curiosidade a descoberta do nome atual.

Boa viagem em mais essa aventura pela memória de Alagoas!RENAN FILHOGOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS

MAIO PARA A HISTÓRIA

ALMANAQUE 200 é uma publicação da Secretaria

de Estado da Comunicação especialmente feita para as comemorações de 200 anos de emancipação política de

Alagoas.

Ênio LinsSECRETÁRIO DE COMUNICAÇÃO

Carlos Nealdo EDIÇÃO E PESQUISA

Mayara BarrosREDAÇÃO E PESQUISA

Antonio SantosDIAGRAMAÇÃO

SecomFOTOGRAFIAS

GrafmarquesIMPRESSÃO

ALMANAQUE

OBRAS CONSULTADAS NESTA EDIÇÃO■ ARAÚJO, Vera Romariz Correia de. Só ou bem acompanhado? (Refl exões sobre literatura e cultura). Maceió: Edufal, 2007.■ BARROS, Francisco Reinaldo Amorim de. ABC das Alagoas – Dicionário biobibliográfi co, histórico e geográfi co de Alagoas. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2005.■ CANUTO, Ângela. Faculdade de medicina de Alagoas – história de luta e esperança. Maceió: Edufal, 2006.■ DUARTE, Abelardo. História do Liceu Alagoano. Maceió: Departamento Estadual de Cultura, 1961.■ GEIER, Vivian Kruger. Os templos evangélicos, suas confi gurações espaciais e seu valor para os usuários em Maceió, Alagoas. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2012.■ GRUSNPAN-JASMINE, Élise. Lampião: Senhor do Sertão: Vidas e Mortes de um Cangaceiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.■ IVO, Ledo. O ajudante de mentiroso: ensaios. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras/Editora Universitária Candido Mendes (Educam), 2009.■ JÚNIOR, Félix Lima. Maceió de Outrora - Volume 1. Maceió: Imprensa Graciliano Ramos, 2014.■ JÚNIOR, Félix Lima. Maceió de outrora – Volume 2. Maceió: Edufal, 2001.■ RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1941.■ SCHUMAHER, Schuma. Gogó de Emas - A participação das mulheres na história do estado de Alagoas. Rio de Janeiro: REDEH, 2004.■ TENÓRIO, Douglas Apratto; CAMPOS, Rochana;

ILUSTRADORDE CAPA

ADELMO CÂNDIDO

PÉRICLES, Cícero. Enciclopédia dos Municípios Alagoanos – revista e ampliada. Maceió: Instituto Arnon de Mello, 2006.

SITES■ Academia Brasileira de Letras – academia.org.br■ Assembleia Legislativa de Minas Gerais– almg.gov.br■ BBC – bbc.com■ Brasiliana – brasiliana.com.br■ Carlos Diegues – carlosdiegues.com.br■ Departamento Nacional de Obras contraas Secas – dnocs.gov.br■ Dicionário Aurélio – aureliopositivo.com.br■ Enciclopédia Itaú Cultural– enciclopedia.itaucultural.org.br■ Fundação Joaquim Nabuco – fundaj.gov.br■ História de Alagoas – historiadealagoas.com.br■ Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística– ibge.gov.br■ Instituto Histórico e Geográfi co de Alagoas– ihgal.al.org.br■ Instituto Moreira Sales – ims.com.br■ Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro– mis.rj.gov.br■ Prefeitura de São Sebastião– saosebastiao.al.gov.br

JORNAIS■ Diário de Notícias■ Folha de S. Paulo■ Gazeta de Alagoas■ Jornal do Brasil

26, ilustrador profi ssional há 11 anos, teve seu primeiro emprego em uma gráfi ca aos 15, ilustrando pra livros de ensino fundamental e médio. Foi chargista na Gazeta de Alagoas de 2013 a 2015, em companhia de Leo Villanova, como também ilustrador de matérias e capas especiais. Hoje produz charges semanais para o jornal Extra.

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Nasce, em Palmeira dos Índios, Alfredo Celestino, líder Indígena dos Wakonã Cariri, mais conhecidos como Xukuru-Kariri. Em 1935 reorganizou sua co-munidade e buscou a ofi cialização e reconhecimen-

Data de falecimento, no ano de 1946, no Rio de Janeiro, do jornalista e historiador de arte Carlos Rubens, pseudônimo de José Hermó-genes Soares Costa. Natural de Maceió, onde nasceu no dia 19 de abril de 1890, trabalhou na imprensa alagoana – em periódicos como o Correio de Maceió e Jornal de Alagoas –, mas foi no Rio de Janeiro onde se destacou.

Carlos Rubens colaborou em diversos jor-nais cariocas – assim que se mudou para a ca-

O LÍDER DOSXUKURU-KARIRI

HISTÓRIADA ARTE

DIA1º

DIA2

to junto aos orgãos ofi ciais indigenistas e governos municipais, estaduais e eclesiásticos, com o apoio do então Padre Dâmaso Pinto, clérigo alagoano que di-rigia a província eclesiástica de Bom Conselho, em

Dança do toré emaldeia Xukuru-Kaririem Alagoas (2002)

PARA SABER MAIS | RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1941.

Você sabia?Carlos Rubens foi bibliotecário da Associação Brasileira de Imprensa e diretor e redator-chefe da revista

Alagoas, que surge no Rio de Janei-ro, em 1936. Além disso, pertencia à Academia Carioca de Letras desde 1931, ao Instituto Histórico da Bahia

e à Sociedade de Belas Artes.

pital fl uminense –, entre eles o suplemento artístico da Gazeta de Notícias, com um artigo so-bre o poeta Sabino Romariz, o Jornal do Brasil, O Diário, Folha, A Lanterna, A Razão, bem como na revista Para Todos e na Re-vista da Academia Brasileira deLetras.

Carlos Rubens é autor de Pe-quena história das artes plásticas no Brasil, considerada uma das primeiras obras abrangentes so-bre o tema. O livro, lançado em 1941, trata das origens da arte no Brasil, da contribuição holan-desa, do que denomina “escola fl uminense” do século XVIII, da

Missão Francesa de 1816, da pintura no sé-culo XIX e primeiras décadas do século XX, do modernismo e da geração de Cândido Portina-ri. Contendo biografi as dos principais pintores, aborda também a escultura, a arquitetura e as manifestações artísticas regionais.

O DESCRENTEIncrédulo sobre a obra que acabara de lan-

çar, Carlos Rubens chegaria a dizer, no prefácio

de Pequena história das artes plásticas no Brasil: “Esta pequena história não ocupará, a meu juízo, lugar na bibliografi a nacional, nem sequer ten-tará ser um esboço da atividade artística no Bra-sil de ontem ou de hoje. Tem muito de pretensão e vaidade no título”.

Pernambuco.“Sempre pautou sua vida na luta pelos direitos

e conquistas indígenas de forma ética, articulada e consensualizada”, destaca Graciliana Wakanã.

DOUGLAS CARRARA

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Ao lado, Uma foliade negros – um carnaval em Santa Luzia do Norte;abaixo, O vendedorde mel

Nascido em Santa Luzia do Norte, no dia 3 de maio de 1920, o artista plástico José Zumba tem uma história de luta e superação. Aos dez anos, per-deu o pai, Manuel Zumba, e passou privações. “Sofri muito, passei fome, dormi à toa. Fui para Recife em-pregando-me ali numa vacaria”, diria, muitos anos depois, em entrevista à imprensa alagoana.

Aos doze anos, ingressou na Escola de Belas Artes do Recife, onde estudou Artes Plásticas. Co-meçou a pintar para sustentar a família, oferecendo seus quadros pelas ruas de Maceió. As exposições vieram com o tempo e, aos poucos, foi sendo reco-nhecido pelo público.

REFERÊNCIAS“Sua pintura remete às raízes africanas ao retratar

Zumbi, pretos velhos e mães de santo e ganha uma dimensão antropológica e sociológica quando nos apresenta os saberes e fazeres alagoanos, em espe-cial as manifestações folclóricas e usos e costumes, como o não mais existente vendedor de mel”, des-taca o ex-secretário de Cultura de Alagoas, Osvaldo Viégas, em artigo publicado na Gazeta de Alagoas.

“Entre os artistas plásticos de Alagoas, José Zumba se destaca pela marca pessoal que conseguiu

MESTREZUMBA

DIA3

imprimir à sua vasta obra, cuja produção se estendeu por cinco décadas”, completa a pesquisadora Car-mem Lúcia Dantas.

NO BRASIL E NO MUNDOJosé Zumba realizou individuais no Teatro De-

odoro, em 1951 e 1952; em Londrina-PA, 1953;

Curitiba-PA, São Paulo e Recife, 1957. Partici-pou ainda de diversas coletivas e mostras. Alguns dos seus trabalhos estão em acervos de museus da França, Itália, Rússia e Argentina. Falecido no dia 30 de outubro de 1996, José Zumba deixou uma vasta obra espalhada em prédios públicos, museus e em residências de colecionadores.

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Nasce, no ano de 1910, em Passo do Cama-ragibe, o ensaísta, fi lólogo e lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda. Filho do comerciante Ma-nuel Hermelindo Ferreira e de Maria Buarque Cavalcanti Ferreira, passou parte da infância em Porto de Pedras, e estudou as primeiras letras em Maceió. Fez os preparatórios no Liceu Ala-goano. Aos 15 anos ingressou no magistério e passou a se interessar pela língua e literatura portuguesas. Diplomou-se em Direito pela Fa-culdade do Recife, em 1936. Em 1930 fez parte de um grupo de intelectuais que exerceria forte infl uência literária no Nordeste, entre eles Val-demar Cavalcanti, José Lins do Rego, Gracilia-no Ramos, Raul Lima e Raquel de Queirós. Em 1936 e 1937 foi professor de Português, Li-teratura e Francês no Colégio Estadual de Ala-goas, e em 1937 e 1938, diretor da Biblioteca Municipal de Maceió.

O PROFESSORA partir de 1939, já residindo no Rio de Ja-

neiro, Aurélio Buarque foi professor de Portu-guês e Literatura Brasileira no Colégio Anglo-Americano; professor de Português no Colégio Pedro II, de 1940 a 1969, e professor de Ensino Médio do Estado do Rio de Janeiro, de 1949 a 1980. Contratado pelo Ministério das Relações Exteriores, assumiu a cadeira de Estudos Brasi-leiros na Universidade Autônoma do México, de junho de 1954 a dezembro de 1955.

O DICIONARISTAEm 1941, Aurélio Buarque de Holanda foi

convidado para executar, pela primeira vez, um trabalho lexicográfi co, como colaborador do Pequeno dicionário da língua portuguesa. Ini-ciava ali, a atividade que o iria absorver a vida inteira e que, de certa forma, iria suplantar o Au-

AURÉLIOBUARQUE DEHOLANDA

O HOMEMDAS PALAVRAS

rélio escritor: o Aurélio dicionarista.A preocupação com a língua portuguesa, a

paixão pelas palavras levou-o à imensa tarefa de elaborar o próprio dicionário, e esse trabalho lexicográfi co ocupou-o durante muitos anos. Finalmente, em 1975, surgiria o Novo dicioná-rio da língua portuguesa, conhecido por todos como o Dicionário Aurélio.

O ACADÊMICOAurélio Buarque de Holanda ocupou a cadei-

ra nº 30 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 4 de maio de 1961, na sucessão de Antônio Austregésilo. Recebeu a notícia, em casa, dos acadêmicos Cassiano Ricardo, Jorge Amado e Rodrigo Otávio Filho, e foi recebido na ABL pelo Acadêmico Rodrigo Octavio Filho em 18 de de-zembro de 1961

SONETO

Amar-te-não por gozo da vaidade,Não movido de orgulho ou de ambição,Não à procura da felicidade,Não por divertimento à solidão.

Amar-te-não por tua mocidade- Risos, cores e luzes de verão -E menos por fugir à ociosidade,Como exercício para o coração.

Amar-te por amar-te: sem agora:Sem ontem, sem futuro, sem mesquinhaEsperança de amor sem causa ou rumo

Trazer-te incorporada vida fora,Carne de minha carne, fi lha minha,Viver do fogo em que ardo e me consumo.

DIA3

Aos sete anos, Aurélio descobriu o gosto pela leitura, graças a um livro de Felisberto de Carvalho. O primeiro contato com um di-cionário aconteceu no cartório de Porto Cal-vo - era para lá que o pequeno Aurélio corria “quando queria decifrar o sentido de alguma palavra”. “A mim, o mar (‘Oceano terrível, mar imenso’, amedrontava-me Gonçalves Dias, nas páginas do Quarto Livro de Leitura, de Felisberto de Carvalho), o mar me sugeria menos as terras longínquas, alongadas, os ‘outros mundos, do que o outro mundo’ – céu. O céu era fronteira do oceano, por mais que, porta-voz dos geógrafos, me asseve-rasse o contrário a minha professora. Mais certa, para mim, a geografi a de um colega de classe”, relembraria ele, no discurso de posse na Academia Brasileira de Letras.

O GOSTO PELA LEITURA

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IBGE

Você sabia?Em 1855, o Liceu Alagoano chegou

a registrar mais de 200 alunos.O número seria reduzido para 144,

em 1859, devido a epidemia de cólera morbus que devastou a Província,

abatendo parte da população.Naquele ano, as aulas começariam

no dia dez de março.

Era criado, em Maceió, por meio da Lei nº 106, de 05/05/1849 – sancionada pelo presi-dente da Província de Alagoas, coronel Antônio Nunes de Aguiar –, o Liceu Provincial das Alago-as, como objetivo de legalizar o ensino secun-dário, que até então era desenvolvido de forma precária, por meio de aulas avulsas. Teve como seu primeiro diretor Fernando Afonso de Melo e iniciou as atividades com oito cadeiras: gramáti-ca nacional e análise dos clássicos portugueses, latim, álgebra e geometria, geografi a, cronologia e história, retórica e poética, inglês, aritmética, fi losofi a racional e moral.

PRIMÓRDIOSO desejo de se criar um Liceu em Alago-

as surgiria muito antes de 1849. Quase quinze anos antes, no dia 17 de maio de 1835, o de-putado provincial Silvestre Domingues da Silva apresentou na Assembleia Legislativa Provincial um projeto mandando fundar um Liceu na ci-dade das Alagoas, um estabelecimento que se criasse “para reunião das Aulas Públicas – Pri-meiras letras, gramática latina, francês, retóri-ca, geometria e fi losofi a”. O projeto, no entanto, seria engavetado em segunda discussão.

MUDANÇASDurante toda a sua existência, o Liceu foi

transferido de domicílio por várias vezes. Em 1873, mudou-se para uma casa térrea de alu-guel, situada na rua da Imperatriz, número 18, e ali fi cou até o ano de 1877. No ano seguinte, transferiu-se para o prédio onde funcionava o Quartel de Polícia (atual Praça Visconde de Si-nimbu); em 1898, para um palacete situado à rua do Livramento (atual Senador Mendonça), edifi cação posteriormente adquirida, por com-pra, dando ao Liceu morada própria, embora não defi nitiva. No início dos anos 1960, passou para um prédio à rua Barão de Maceió; até se trans-ferir defi nitivamente para a Cônego Machado, no bairro do Farol.

O Liceu também possuiu outros nomes ao

EDUCAÇÃO DEQUALIDADE

DIA5

longo de sua existência, entre eles Liceu deste Estado, Liceu da Capital, Liceu Alagoano e Co-légio Alagoano. O decreto de nº 11.948, de 17 de março de 1943, deu ao Liceu a autonomia de funcionar como Colégio, o que forçou uma nova substituição de nome, passando então a ser chamado de Colégio Estadual de Alagoas.

PIONEIRISMOA Lei nº 281, de 30/04/1855, determinou

que a Secretaria do Liceu ocupasse o lugar da Diretoria Geral de Instrução Pública, ou seja, que passasse a ser a mentora do ensino secun-dário na província, que em certo sentido era a primeira Secretaria da Educação de Alagoas.

CURSOSOs cursos administrados no Liceu foram

Curso Geral, Curso Preparatório, Curso Normal, Curso Comercial, Curso Complementar, Curso de Agrimensura, Curso de Ciências Letras. O

curso preparatório planejado com a fi nalidade de “habilitar à matrícula dos cursos superiores da República” com as seguintes disciplinas: Por-tuguês, Francês, Inglês ou Alemão, Latim, Arit-mética e Álgebra Elementar, Geometria e Tri-gonometria, Física e Química, História Natural, Geografi a Geral e Corografi a do Brasil, espe-cialmente do Estado de Alagoas, História Uni-versal e Particular do Brasil

O Gutenberg, onde Luiz Joaquim da Costa Leite leu sobre proclamação da República, foi um jornal alagoano fundado em 8 de janeiro de 1881, em Maceió, por Antônio Alves. Durante de-terminado período, foi o mais importante jornal político do estado. Fez a campanha abolicionis-ta quando Eusébio de Andrade, republicano en-tusiasta, assumiu sua direção e passou a liderar a propaganda republicana. Inicialmente, sua co-missão diretora era composta de Pedro Nolasco Maciel, Carlos Rodrigues e Antônio Alves.

Anote aí!Neste dia, no ano de 1862, nascia, em Ma-

ceió, o médico Luiz Joaquim da Costa Leite, que também seria deputado estadual (na legislatura 1895-96) e secretário de estado dos Negócios do Interior no governo do vice-presi-dente em exercício José Vieira Peixoto (1895). Diplomado pela Faculdade de Medicina da Bahia, exerceu a Me-dicina em Maceió, onde também foi inspetor de Saúde dos Portos. Costa Leite chegou a se eleger, em 1897, à Câmara Federal, mas não teve o mandato reconhecido. Faleceu em Maceió, no dia 6 de junho de 1923.

SECRETÁRIO PERPÉTUOLuiz Joaquim da Costa Leite

é secretário perpétuo do Insti-tuto Histórico e Geográfi co de Alagoas (IGHAL), cargo que as-sumiu entre os anos de 1885 a 1923, sucedendo a João Fran-cisco Dias Cabral, que ocupou a cadeira entre os anos de 1869 a 1885.

O MENSAGEIROLuiz Joaquim da Costa Leite

mantinha um diário onde regis-trava os acontecimentos sociais de Maceió. Em uma dessas ano-tações, o médico registrou a res-peito da proclamação da Repúbli-ca:

EM NOMEDA LEI

DIA4

“A 15 de novembro de 1889, seriam 4 horas da tarde, saímos eu e meus amigos João Pal-meira – morto já hoje – e seu irmão, Dr. Miguel Palmeira, da casa em que morava à Rua da Boa Vista, nº 21, onde se achavam aboletados am-

bos eles, em satisfação ao convite de um amigo nosso para jantar em sua casa, quando vimos na tipografi a do Gutenberg um telegrama em grandes letras brancas sobre quadro-ne-gro noticiando a proclamação da República pelo Exército e Armada tendo à sua frente o Marechal Deodoro. Propagou-se a notícia, transunto de realidade enchendo de aconte-cimento a população do Estado, fácil em ex-

plosões de júbilo e de aplausos ao vencedor como a todos os outros. O Comandante da guarnição tomou posse do Governo, constituindo uma junta provisória com o Dr. Manoel Menezes e o cidadão Ricar-

do Brennand Monteiro até que pelo Governo Central fosse nomeado o Governador. O Pre-sidente, nomeado pela situação liberal, decaída então, foi obrigado a embarcar em um vapor que se achava no porto e o povo invadiu o Palácio doGoverno”.

Como membro da Sociedade Nacional de Agricultura, Luiz Jo-aquim da Costa Leite teve contatos com empresários que pre-tendiam estabelecer em Alagoas uma indústria de vinho a partir do caldo de cana. Essa possibilidade foi defendida por ele em setembro de 1903, no Congresso das Aplicações Industriais do Álcool, realizado no Rio de Janeiro. Ele chegou a fundar a Em-presa Vinícola do Brasil, com sede no Engenho Satuba, da qual se afasta logo no início das atividades.

O VINHO DA JUVENTUDE

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LÉO VILLANOVA

Guerreiro, uma das principais manifestações

folclóricas de Alagoas

Morre, no município de Penedo, em 1913, o poeta alagoano Sabino Romariz, por excelência um provinciano, enraizado no burgo nativo que, na foz do rio São Francisco, ainda hoje guarda as marcas de seu passado colonial. Além de poeta, foi jornalista, professor e funcionário público. Em Penedo, sua terra natal, passou a infância, sob a tutela dos avós maternos, Sabino Alves Feitosa e Ana Senhorinha Feitosa, pois muito cedo perdeu os pais - João de Almeida Romariz e Maria d’Assunção Romariz.

O HOMEM E SEU TEMPOA poesia de Sabino Romariz repercute os mo-

vimentos da época em que viveu. O Romantismo tinge muitos dos seus poemas. O Parnasianismo é a marca dominante. Victor Hugo está presente nas suas antíteses e apóstrofes: a esta infl uência se soma a de Guerra Junqueiro, que, com o seu lirismo indignado e declamatório, tanto conta-giou a poesia brasileira daquela época. E ainda sobressai, na torrente lírica de Sabino Romariz, um límpido veio simbolista.

POETA DE ESCOLASSabino Romariz é autor de O Lírio, de nítido

e doído cunho simbolista, na opinião do também alagoano Ledo Ivo. “Contudo, a avaliação inicial dessa obra esquecida e dispersa [...], mostrará que Sabino Romariz não foi um poeta de esco-la, senão de escolas. São várias as tendências e vertentes que confl uem e até se chocam em seus livros de versos – desde o Romantismo, identifi cável nas licenças métricas e gramaticais, até o Parnasianismo e o Simbolismo, este pre-sente tanto no glossário evasivo e evanescente como nos tropos e imagens que sustentam a sua dicção”, conclui o autor de Ninho de Cobras.

Instalada, em 1949, a Comissão Alagoana de Folclore, sociedade civil composta por 60 re-presentantes que tem como objetivo incentivar e coordenar as pesquisas, os estudos, a promo-ção, a defesa e a divulgação do folclore no âm-bito do Estado.

UMA POESIA NOMEIO DO CAMINHO

INCENTIVOAO FOLCLORE

DIA9

DIA9

Em pouco tempo de fundação, passaria a ter atuação articulada e coordenada com a Comis-são Nacional do Folclore e com as demais Co-missões Estaduais de Folclore.

Teve como presidentes Théo Brandão (1948 a 1982), José Maria Tenório Rocha (1982 a

1999) e Pedro Teixeira de Vasconcelos (1999 a 2000). Estiveram presentes, na reunião de fundação: Abelardo Duarte, Aloísio Vilela, Hélio Machado, Joaquim Diegues, José Maria de Melo, Lages Filho, Ledo Ivo, Manoel Diegues Júnior, Mário Marroquim e Ulysses Braga Júnior.

MEMÓRIA AFETIVAComo lembra sua neta Vera Romariz Correia

de Araújo, Sabino Romariz nasceu em meio a mudanças culturais e tecnológicas de um país imerso na industrialização e urbanização. Pro-duziu poemas, textos de teatro e inúmeros ma-

O LÍRIO

O lírio era uma fl or imaculada,Casta como um sorrisode Maria;Flor de uma alvura tal que pareciaTer sido feita de hóstia consagrada.Em Getsêmani, a face ensanguentada,Jesus tragava o cálixda agoniaE uma gota de sangue luzidiaSobre um lírio caiu cristalizada.E nisto a fl or, sem mancha concebida,Foi-se tornando comoque doridaTomando aquele tom violáceo, frouxo…E de como era outrora alvinitenteO lírio da Judeia, fi nalmenteCrepuscular fi cou,tornou-se roxo.

teriais que se perderam parcialmente ao longo do tempo.

“Erudito, latinista, professor de português, latim, inglês, francês e desenho fi gurado, atuou em Lisboa, contemporâneo de autores como Olavo Bilac”, lembra Vera.

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A CORTEALAGOANA

TENTATIVAA primeira tentativa de criação do Tribunal de

Justiça de Alagoas ocorreu no governo de Pedro Paulino da Fonseca, que assinou o Decreto nº 1, de 13 de junho de 1891, instituindo a cor-te. Como não existia Lei Orgânica, o decreto foi considerado sem efeito pelo decreto nº 29, de 30 de novembro de 1891, no governo do Barão de Traipu.

ENDEREÇOSAntes de ocupar o atual prédio na Praça De-

DIA12

É sancionada, em 1892, pelo governador Gabino Besouro, a Lei Estadual nº 7, que orga-nizou a Justiça do Estado de Alagoas. Regula-mentada pelo decreto nº 77, de 7 de junho de 1892, a lei estabelecia critérios para a Justi-ça alagoana, como por exemplo, a substituição do presidente do Tribunal pelo desembargador mais idoso, conforme previsto no artigo nº 24 dalegislação.

O órgão foi solenemente instalado no dia 10 de julho de 1892, com a denominação de Tribu-nal Superior.

Nasce, em Traipu, no ano de 1855, Teotô-nio Ribeiro e Silva. Cônego honorário do Cabi-do Metropolitano da Sé de Olinda, foi um dos primeiros brasileiros a doutorar-se em Cânones pela Universidade Gregoriana de Roma (1873). Ao retornar ao Brasil, fi xa-se em Penedo como vigário da Igreja de Santo Antônio de Bar-

O CÔNEGOHONORÁRIO

DIA11

odoro, a Justiça de Alagoas teve como primeira sede o Palácio Velho, localizado onde hoje é a Praça dos Palmares. Na época, o edifício já abri-gava o governo, a Secretaria do Interior e o Se-nado Estadual. Em 1895, o Tribunal Superior de Justiça mudou-se para o prédio da Praça Deo-doro, que hoje abriga a Academia Alagoana de Letras e onde também funcionou a Casa Esco-lar e o Grupo Escolar D. Pedro II. Deste prédio, o Tribunal saiu em 1912 para a sua atual sede, projetada pelo arquiteto italiano Luiz Lucarini e construída no governo de Euclydes Malta.

ro Vermelho. Conhecia latim, grego e hebrai-co. Faleceu em Penedo, no dia 19 de junho de1929.

Em 1915, Teotônio Ribeiro e Silva escreveu para O Semeador – diário católico vespertino publicado em Maceió desde o dia 2 de março de 1913 – uma série de artigos intitulados Vo-

cábulos e frases em uso no estado de Alagoas. A obra ocupou os números 97 a 151 do jornal. Além dela, ele escreveu, em 1917, Escorço Bio-gráfi co do Missionário Apostólico Dr. Francisco José Corrêa de Albuquerque, Presbítero Secular do Hábito de São Pedro, vulgarmente Conheci-do por Santo Padre Francisco.

Tribunal de Justiça na Praça Deodoro,

anos 1930

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ALMANAQUE MAIO 2017 9

Você sabia?A organização na capital alagoana da primeira Igreja Batista se deveu ao emprenho de Antônio Teixeira de Albuquerque, ex-padre alago-ano que chegara a Maceió, vindo

da Bahia, visando a difusão da religião protestante no estado.

EM NOMEDA FÉ

cial. Atualmente, o bairro é região cen-tral de Maceió, apesar de menos valori-zado do que anteriormente.

O MISSIONÁRIOJohn Mein chegou ao Brasil com a

mulher, Elizabeth, em 1915, designado para servir na Casa Publicadora Batista da Convenção Batista Brasileira (CBB). Mein demonstrou interesse em trabalhar em Alagoas depois de saber da carência de obreiros no estado, que era assistido, na maior parte do tempo, pelos missio-nários sediados no Recife (PE), que ti-nham grande difi culdades decorrentes da

DIA13

Em 1923, era inaugurado, em Maceió, o templo da primeira igreja Batista de Alago-as – a terceira fundada no Brasil. Até então, ela funcionava em lugares diferentes desde a sua implantação no estado, no dia 17 de maio de 1885. O edifício, localizado na esquina da Rua 16 de Setembro com a Rua Formosa, no bairro da Levada, trazia traços ecléticos, característica em alta na arquitetura brasileira da época. O ato de inauguração do templo foi dirigido pelo mis-sionário norte-americano John Mein.

DIFICULDADESDevido à intolerância religiosa nos tempos do

Brasil Império, difi cilmente os evangélicos teriam

PARA SABER MAIS | GEIER, Vivian Kruger. Os templos evangélicos, suas confi gurações espaciais e seu valor para os usuários em Maceió, Alagoas. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2012.

PEDRO,O ESTATÍSTICO

DIA14

Nasce, em 1902, no município de Viçosa, o jornalista e estatístico Pedro Barreto Falcão, responsável por reorganizar os serviços estatís-ticos regionais do Instituto Brasileiro de Geo-grafi a e Estatística (IBGE) no Rio Grande do Sul, a pedido do interventor federal naquele estado,

coronel Cordeiro de Farias. Sua contribuição trouxe benefícios para o setor, que atingiria uma extraordinária efi ciência técnica.

Pedro Barreto Falcão foi chefe de seção do Departamento Estadual de Estatística até 1939, quando foi requisitado pelo IBGE e nomea-

de uma escola anexa à Primeira Igreja Batis-ta de Maceió, que viria a ser o Colégio BatistaAlagoano.

liberdade para construir seus templos em zonas centrais da cidade, esta-belecidas pelo catolicis-mo. Muitos dos templos de igrejas evangélicas do século XIX instalaram-se em zonas de crescimento urbano que se tornaram, décadas depois, zonas centrais, como no caso da Primeira Igreja Batista de Maceió, a primeira igreja evangélica a fi xar-se em solo alagoano. Na época, o bairro da Levada se apresentava como zona com tendência de crescimento residencial e comer-

distância entre as duas cidades. Na época, o trem da ferrovia in-glesa gastava dois dias do Recife para Maceió, pernoitando em União dos Palmares.

COLÉGIO BATISTAJohn Mein chegou em Ma-

ceió no dia 26 de agosto de 1920. Seu ministério no es-tado durou dez anos, com um pequeno intervalo em 1926, quando o missionário se mu-dou com a família para Sal-vador (BA). Ele foi o fundador

do diretor de Estatística do Rio Grande do Sul, tendo chefi ado naquele estado os trabalhos do recenseamento de 1940. Voltando para Alago-as organizou e dirigiu o Departamento das Mu-nicipalidades. Faleceu no dia 5 de setembro de 1945, em Maceió.

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ALMANAQUE MAIO 201710

A GRANDEDAMA

DIA14

Nasce em Maceió, em 1895, Linda Mascare-nhas, considerada a Dama do Teatro alagoano. Estudou latim com o cônego Teófanes de Bar-ros, grego com Dom Adelmo Machado, e alemão com Ludwig Duchen. Mas foi como professora pública, atividade que exerceu até a idade de 51 anos, que Linda Mascarenhas sustentou-se e pôde levar uma vida independente. Lecionou francês, inglês, português e veio a se apresentar como Professora Catedrática da cadeira de in-glês na Escola Normal de Maceió.

Em 1944, o movimento de teatro amador, que vinha crescendo nacionalmente, chega a Alago-as de maneira mais estruturada, com o nasci-mento do Teatro Amador de Maceió (TAM). Lin-da Mascarenhas fazia parte do grupo fundador e chegou a presidir a entidade. Onze anos depois, em 1955, foi fundada a Associação Teatral de Alagoas (ATA). Linda não só estava entre seus criadores, como foi presidente da Associação, até falecer aos 96 anos, no dia 9 de junho de 1991.

PALCO ILUMINADOA ATA incorporou setores jovens que estimu-

laram a revitalização do teatro local, encenando peças mais contemporâneas e de cunho socio-lógico. Em 1956, aos 61 anos, Linda realizou o sonho de pisar no palco, atuando pela primeira vez no papel de Lizaveta, em uma adaptação cê-nica de Léo Vítor do romance O idiota, de Dos-toievski.

CARREIRALinda Mascarenhas atuou em diversas mon-

tagens, ganhando um prêmio pelo papel-título na peça Dona Xepa, de Pedro Bloch, com a qual percorreu várias capitais nordestinas. Em 1958 recebeu o prêmio de melhor atriz com a peça Mulheres feias, de Aquille Asitta, montada no Teatro Deodoro. Nesta fase, montou e dirigiu ao todo 20 peças.

Linha Mascarenhas foi uma das fundadas da Federação Alagoana para o Progresso Femini-no, instituição instalada no dia 13 de maio de 1932, em solenidade realizada no Instituto His-tórico e Geográfi co de Alagoas. A grande dama

do teatro alagoano ocupou o cargo de primeira-secretária.

Em 1935, a deputada Lilly Lages, então pre-sidente da entidade, optou por se afastar do cargo e das atividades cotidianas da FAPF para

se dedicar mais à sua carreira científi ca. Linda Mascarenhas passou a comandar o desenvol-vimento das ações locais, buscando atrair mu-lheres de diferentes classes sociais e de outros municípios.

FEDERAÇÃO ALAGOANA PARA O PROGRESSO FEMININO

EVERSON FONSECA

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ALMANAQUE MAIO 2017 11

Demolição do Convento dos Capuchinhos no Monte Castelo (1922)

Nasce, no ano de 1864, em Mata Grande, o fotógrafo Augusto César Malta de Campos, considerado o principal fotógrafo da evolução urbana do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX, período de acelerada moderni-zação. Radicado na cidade desde 1888, ano da Proclamação da República, trabalhou inicial-mente como comerciante de tecidos, até dar seus primeiros passos como fotógrafo amador na virada do século.

Antes de se dedicar à fotografi a, Augusto Malta foi auxiliar de escrita, depois guarda-li-vros, trabalhou ainda em loja de secos e molha-dos e, por fi m, passou a oferecer tecidos com uma bicicleta pelas ruas da cidade.

Em 1903, foi contratado por Pereira Pas-sos como fotógrafo ofi cial da Diretoria Geral de

AUGUSTOMALTA

RIO DE JANEIRO SOB O OLHAR ALAGOANO

Obras e Viação da Prefeitura do Distrito Fede-ral, cargo criado especialmente para ele. Malta teve como missão inicial registrar imagens de todas as ruas que teriam seu traçado modifi cado pelo gigantesco projeto urbanístico do prefei-to Pereira Passos, no período conhecido como “bota-abaixo”.

MUDANÇASNo período entre 1903 e 1936, documentou

grandes transformações urbanísticas e arquite-tônicas ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, acompanhando as grandes remodelações de seu tempo, como o desmonte do Morro do Castelo, a abertura da Avenida Central, a Exposição Na-cional de 1908 e a Exposição Internacional de

DIA14

1922, em comemoração ao Centenário da Inde-pendência do Brasil.

HISTÓRIAAposentou-se em 1936, após servir às ad-

ministrações de Pereira Passos, Sousa Aguiar, Carlos Sampaio, Prado Júnior, Alaor Prata e Pe-dro Ernesto. Até meados da década de 1940, continuou atuando como fotógrafo, eternizando os carnavais do Rio, os corsos e as batalhas de fl ores, fl agrantes do momento, as personalida-des de época, bem como aspectos sociais, como, por exemplo, o surgimento das favelas, em obra de inestimável valor histórico para a preservação da memória da cidade. Faleceu aos 93 anos, no dia 30 de junho de 1957.

Praia de Copacabana vista do pátio do Copacabana Palace Hotel (sem data)

FOTOS: AUGUSTO MALTA/REPRODUÇÃO

“Eu, no entanto, continuei a vender

fazendas a pé. Quanto à máquina, tomei

gosto pela fotografi a e, aos domingos, em

companhia de um amigo, também amador da arte,

tirava vistas da cidade, grupos de amigos etc.

Confesso que sentia grande sensação quando via surgirem no papel as belas e surpreendentes

imagens que o sal de prata revelava e o hipossulfi to fi xava a

meus olhos, na câmara escura improvisada em

minha casa”.AUGUSTO

MALTA

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ALMANAQUE MAIO 201712

No dia 16 de maio de 1892, por meio das Leis nº 14 e 15, as vilas de Traipu, Viçosa, Coruripe, Maragogi, Murici, São Luiz do Quitunde e Triunfo (atual Igreja Nova) fo-ram elevadas à cidade. O autor desses atos administrativos foi o Governador Gabino Besouro. Ele assumiu a presidência da Pro-víncia em 02 de março de 1892 e governou até 16 de julho 1894, quando foi deposto por um movimento armado.

AS CIDADESE AS LEIS

DIA16

TRAIPUO povoado teve origem em um morgado de

Pedro Gomes, assentado sobre uma pequena colina às margens do rio São Francisco, entre as lagoas do Carlo e da Igreja e em frente à Serra da Tabanga, que para os nativos marca o início do Sertão. Em abril de 1835, foi desmembrado de Penedo e elevado à condição de vila com a denominação de Porto da Folha, e só passou se chamar Traipu em 1870.

MARAGOGIAntes de se tornar cidade com o nome de

Maragogi, o povoado da região se chamava Gamela. Em 1875, passou a se chamar Isa-bel, em homenagem à princesa, mas se con-solidou como município com o nome mais prezado por seus habitantes. O nome Mara-gogi seria uma corruptela portuguesa de sua origem tupi, ma-ra-ú-hy, que signifi ca “rio dos maracujás”.

O surgimento de canaviais e o desembar-que contínuo de escravos nos seus portos naturais de Barra Grande e São Bento desen-volveram economicamente a região, que em maio de 1892 foi elevada a município.

OS HOLANDESESAs batalhas contra os holandeses eram

frequentes na região porque a produção agrí-cola pernambucana escoava pela cidade de Porto Calvo. Então, a tropas que vinham de Olinda e Recife encontravam resistência ao passar pelo povoado.

A CABANADAA Guerra dos Cabanos, uma revolta popular

que defendia a volta de D. Pedro I ao poder, teve como um dos seus líderes João Batista de Araújo, que fi cava à frente das hostilidades em Barra Grande, hoje povoado de Maragogi. Em 1832, no início do movimento, Araújo foi preso em sua casa pelo Almirante Tamandaré.

Depois da captura de João Batista, Vicente de Paula assume a liderança e muda o propó-sito do movimento. Índios, negros e mesti-ços passam a defender suas terras na fl oresta comandados por De Paula.

VIÇOSAÍndios, negros e fazendeiros de várias par-

tes da província exploraram as terras férteis de Viçosa, elevada à cidade no dia 16 de maio de 1892, também pela Lei Estadual nº14.

Os primeiros nativos da tribo Caambembes disputaram o território com os Cariri. Os negros

fugidos reconheceram nas matas ricas em pal-meiras e caça barreiras naturais que difi cultavam o acesso e garantiam subsistência. Os fazendei-ros introduziram a cultura do algodão e do açú-car e prosperaram economicamente.

ORIGEMA tradição oral conta que todo fi nal de ano

um padre saia de sua paróquia, em Atalaia, para

rezar a missa de Ano Novo em Passagem, um povoado próximo a Quebrangulo. Mas, por cau-sa de fortes chuvas, que fi zeram todos os rios da região transbordarem, se viu impossibilita-do de seguir viagem. Por isso, à margem de um riacho entre o de Gurungumba e o de Limoeiro, montou o altar e rezou a missa ali mesmo para as pessoas que o acompanhavam. Desde então, a cruz fi ncada no local atraia romeiros e a povo-ação começou quando alguns deles resolveram se fi rmar.

No dia 13 de outubro de 1831 ganhou sta-tus de vila com nome de Assembleia, devido ao costume dos habitantes de se reunirem nas cal-çadas para tratar de assuntos do cotidiano da comunidade. Em 1890, por decreto, passou a se chamar Viçosa.

CÓLERA-MORBUSNo fi m de 1855, a cólera chegou a Alagoas e

fez mais de vinte mil vítimas no período de seis meses. Na antiga vila de Assembleia, o primeiro caso foi registrado em janeiro de 1856. A vítima foi a mulher do escrivão Manoel Freitas.

Os recursos insufi cientes enviados pelo go-verno provincial, a falta de médicos e a ignorância dos hábitos de higiene e profi laxia contribuíram para que a doença assumisse sua forma fulmi-nante em pouco tempo. Por não ter cemitérios, os corpos eram levados para a igreja Matriz. Logo o local fi cou cheio e foi preciso construir, às pressas, um cemitério de paliçada na Rua do Juazeiro. Meses depois, a epidemia começou a diminuir e cessou em setembro do mesmo ano.

CURIOSIDADEO nome Traipu é uma corruptela de ytira ypu,

de origem Tupi, que quer dizer “fonte do monte” ou “olho d’água do monte”.

BARÃO DE TRAIPUManoel Gomes Ribeiro, o Barão de Traipu, foi

senador, deputado Provincial, chefe do Partido Conservador no Império e ocupou o cargo de governado duas vezes como Vice-Presidente da Província. Inclusive, foi eleito vice com Gabino Besouro.

IBGE

FLÁVIO LÊVISSON/TRP FILMES

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ALMANAQUE MAIO 2017 13

CORURIPEAs primeiras atividades do povoado de Co-

ruripe, elevado à cidade também em 16 de maio 1892, datam do século XVIII. Seu primeiro co-lonizador, Antônio do Moura Castro, explorou o pau-brasil num terreno entre os rios São Miguel e Coruripe, cedido pelo rei de Portugal.

O comércio da madeira teve início depois do extermínio dos índios Caetés, em represália à morte do primeiro bispo do Brasil, Pero Fer-nandes Sardinha. A região, aliás, tornou-se fa-mosa pelos naufrágios tanto da nau Nossa Se-nhora da Ajuda, que conduzia Sardinha, quanto da navegação do espanhol Dom Rodrigo deAlbaña.

Depois da exploração do pau-brasil, com os

MURICIA cultura popular conta que foi Frei Do-

mingos quem fundou Murici, que conquis-tou a condição de cidade em maio de 1892. Segundo a tradição, ele plantou na região do povoado um muricizeiro bravo, que atraia via-jantes com sua sombra.

LISOS E CABELUDOSMurici foi palco da violência entre os inte-

grantes do Partido Conservador e do Partido Liberal, popularmente conhecidos como Lisos e Cabeludos. No dia 4 de outubro de 1844, os Lisos se rebelaram contra o presiden-te da Província, Bernardo de Souza Franco, e ocuparam a capital. Por ser amigo do líder dos Lisos, Visconde de Sinimbu, o presidente Souza Franco demitiu os opositores do Par-tido Conservador de postos-chave do gover-no. Por isso, os Cabeludos resolveram partir para o embate em Bebedouro e obrigaram o governador a aceitar suas imposições.

Com reforços de Pernambuco, os Cabelu-dos expulsaram os revoltosos para o interior, que se concentraram em Murici. A cidade foi cercada na batalha de contra-ataque, quando os Lisos foram completamente derrotados.

SÃO LUIZ DO QUITUNDEO município teve sua origem numa pequena

povoação próximo a um afl uente do Rio San-to Antônio, no Engenho Castanha Grande. Em 1780, no entanto, os primeiros habitantes fo-ram transferidos para o Engenho Quitunde por iniciativa do proprietário, Joaquim Machado da Cunha Cavalcanti. No novo local, foram criados quatro trapiches para recebimento de açúcar, e o povoado cresceu em número de habitantes e economicamente. Foi elevado à vila em 1879 e à condição de cidade em 1892.

São Luiz do Quitunde foi a primeira cidade planejada de Alagoas. Joaquim Machado, antes de transferir a população para o seu engenho, pediu ao engenheiro alemão Carlos Baltenstern que fi zesse o traçado da nova povoação.

IGREJA NOVAA origem do então município de Triunfo, atu-

al Igreja Nova, está ligada à história de Penedo. Pescadores da principal cidade região, exploran-do novas áreas de pesca no rio São Francisco, fundaram o povoado chamado Ponta das Pe-dras. Depois o local recebeu o nome de Oitizei-ro, referência a uma árvore frondosa da região.

Em 1890, desmembrado de Água Branca e elevado à condição de vila, passou a se chamar Triunfo. Em maio de 1892, tornou-se cidade, mas três anos depois, o município foi extinto e o território voltou a pertencer a Penedo. Triun-fo só conquistou a emancipação defi nitiva em 1897, e recebeu o nome de Igreja Nova em 30 de junho de 1928.

No início do povoado, quando ainda era cha-mando de Oitizeiro, existia uma pequena capela em homenagem a São João. Fortes chuvas des-truíram o templo. Então, frades alemães se jun-taram à população e construíram uma das mais belas igrejas católicas de Alagoas, e o município passou a se chamar Igreja Nova.

As badaladas do sino da nova igreja podiam ser ouvidas a uma distância de seis quilômetros.

terrenos limpos, o plantio de cana-de-açúcar e a construção de vários engenhos impulsionaram o crescimento econômico do povoado, que se tornou vila em 1866.

TERRA À VISTAPara Jayme de Altavila, Coruripe teria sido o

primeiro lugar avistado por Pedro Álvares Ca-bral, e não o Monte Pascoal, na Bahia.

Outros historiadores, como João de Barros e Fernandes Gama, afi rmam que o descobrimento do Brasil, no dia 21 de abril de 1500, se fez aos 10º de latitude sul, ao invés de aos 17º de lati-tude meridional. Portanto, teriam sido as bar-reiras brancas e vermelhas de Jequiá a primeira paisagem vista pelos portugueses, e o ancora-douro da esquadra teria ido à enseada do RioCoruripe.

IBGE

M8/REPRODUÇÃO

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ALMANAQUE MAIO 201714

O município de Jaramataia foi criado em 17 de maio de 1962, por iniciativa dos líderes locais Olavo Barbosa de oliveira, José Maria Caval-cante, Aureliano Barbosa César, José Barbosa e José Azarias Barbosa. A cidade foi desmembra-da de Batalha e instalada ofi cialmente em julho do mesmo ano.

A infl uência da família Barbosa vem da origem do povoado, desbravado por Manoel Barbosa Farias, em 1882. O fazendeiro foi o primeiro a

PARAÍSO DASJARAMATAIAS

se instalar no local, na Fazenda Jaramataia.

O MAIOR AÇUDEDE ALAGOASCom capacidade para 19 milhões de metros

cúbicos de água, o açude construído pelo De-partamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) é o maior de Alagoas. Atualmente, a barragem serve à piscicultura e à população como uma “prainha”.

DIA17

Ouro Branco, no sertão alagoano, ganhou status de município em 17 de maio de 1962. Seu território foi desmembrado de Santana do Ipanema, e José Soares Silva foi nomeado ad-ministrador da cidade.

O povoado teve origem por volta de 1830, mas o lugar só começou a prosperar quando o mineiro Domingos Gomes implantou sua fa-zenda nas antigas terras da família Paranhos e novas residências foram construídas. Domin-gos denominou o povoado de Olho d’Água do Cajueiro por existir uma cacimba debaixo de um cajueiro no local.

Depois de voltar para Minas Gerais e dei-xar seu fi lho Francisco Gomes, a localida-de passou a se chamar Olho d’Água do Chicão. A cidade só se chamaria Ouro Branco nas primeiras décadas do sé-culo XX, quando Antônio Jiló de Cam-pos, impressionado com as planta-ções de algodão, deu o atual nome ao município.

RASTRO DE LAMPIÃONo início do século XX, quando Ouro

Branco ainda fazia parte de Santana do Ipanema, os bandos de Lampião e Antô-nio Purcino atacaram o local. Em persegui-ção aos líderes cangaceiros, por lá também passou o coronel Lucena Maranhão.

100%ALGODÃO

DIA17

PARA SABER MAIS | GRUSNPAN-JASMINE, Élise. Lampião: Senhor do Sertão: Vidas e Mortes de um Cangaceiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.

Você sabia?O nome Jaramataia

foi dado por causa da grande quantidade desse tipo de árvore na região.

A planta tem origemafricana, da região do

delta do rio Níger.

MINA DE AMIANTOA exploração de amianto foi uma das princi-

pais atividades econômicas de Jaramataia até a década de 1980. Com a baixa procura pelo pro-duto, a mineradora Mibasa (Mineração Barreto S/A) passou a engarrafar água mineral da região e construiu um spa que utilizava produtos à base de minerais.

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ALMANAQUE MAIO 2017 15

A Lei Provincial que criou a freguesia de São Brás, à margem do Rio São Francisco, é de 19 de maio de 1875. Diz a lenda que foi encontra-da uma imagem do santo que dá nome à cidade numa ilha próxima à comunidade. Impressio-nada, a população construiu uma capela para São Brás e se desenvolveu ao seu entorno, como era tradição na formação das cida-des alagoanas.

PROTETOR DA GARGANTA

REZA ALENDA

esses fazendeiros precisavam de vaqueiros para cuidar dos animais, os índios que sobreviviam aos ataques dos bandeirantes não eram mais enviados a Colégio, mas fi cavam para servir aos proprietários daquelas terras.

São Brás foi elevada à vila em 28 de junho de 1889 e conquistou autonomia como município em 1947.

DIA18

Nasce, no ano de 1900, em Maceió, o médico Abelardo Duarte, fundador da Faculdade de Medici-na de Alagoas e um dos mais destacados represen-tantes do pensamento no Estado. Professor emérito da Universidade Federal de Alagoas, secretário per-pétuo do Instituto Histórico e Geográfi co de Alagoas e sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfi -co de São Paulo, Abelardo Duarte era também escri-tor. Além de artigos médicos, escreveu sobre teatro, educação e cultura, tornando-se em pouco tempo, um dos nomes mais expressivos da capital alagoana. Faleceu no dia 7 de março de 1992, em Maceió.

DEFESAEm 30 de outubro de 1926, Abelardo Duar-

te apresentou sua tese à Faculdade de Medicina da Bahia. Com o título de Contribuição ao estudo dos grupos sanguíneos na Bahia, o trabalho foi defendi-do no dia 22 de dezembro daquele ano.

SANTA CASAEm 1927, já formado, iniciou sua vida profi ssio-

nal em Maceió, trabalhando como médico pediatra na Santa Casa de Misericórdia, sem a percepção de qualquer vantagem pecuniária. Abelardo Duarte foi chefe de Clínica Pediátrica do Hospital Infantil da Santa Casa e diretor-médico do Instituto de Assis-tência e Proteção à Infância de Alagoas.

Abelardo Duarte foi o primeiro médico a praticar a pediatria com exclusividade em Alagoas, numa épo-

O município de Branquinha foi desmembrado de Murici e conquistou autonomia política em 18 de maio do 1962. O povoado teve origem por volta de 1870, quando moradores de outras regiões se instalaram em pequenos sítios à mar-gem esquerda do Rio Mundaú.

O crescimento da região na década de 1950 foi impulsionado por lideranças políticas, como o deputado Pedro Timóteo Filho, Manoel Go-mes Peixoto e Emílio Elizeu Maia de Omena.

NASCEBRANQUINHA

ca em que a cidade de Maceió não possuía nenhum pediatra nem enfermarias para crianças. “Não foi apenas o pediatra humanista, mas, também, o pro-fessor que inovava didaticamente, quando naquele tempo defendia a associação de mais aulas práticas, contrariando o espírito da época que privilegiava a retórica em prolongadas aulas expositivas”, ressalta Ângela Canuto, em Faculdade de medicina de Alago-as – história de luta e esperança.

O ACADÊMICOAbelardo Duarte ocupou a cadeira nº 5 da Acade-

mia Alagoana de Letras – cujo patrono é José Ale-xandre Passos –, sucedendo ao professor Aurino Maceió. Em sua posse, o folclorista Théo Brandão o saudou, enfatizando semelhanças e diferenças entre a personalidade do novo acadêmico e a sua. “Realmente quis o destino que temperamentos tão díspares que somos: vós calmo, ponderado e metó-dico; eu-inquieto, arrebatado e nervoso, tivéssemos abraçado não só as mesmas especialidades profi s-sionais: a pediatria e puericultura, mas até escolhido para íntimo recreio intelectual idênticas e matérias e estudos: a etnografi a, a antropologia, a geografi a humana e as ciências correlatas”.

LITERATURAAbelardo Duarte foi autor de obras importantes

na literatura brasileira, entre elas Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina nas Alagoas – A viagem reali-

DIA18

zada ao Penedo e outras cidades sanfranciscanas, à Cachoeira de Paulo Afonso, Maceió, Zona Lacustre e Região norte da Província (1859-1860). “Além de oferecer o conhecimento da nossa história e a valo-rização do Estado, especialmente dos locais visita-dos, esta obra contribui para ressaltar a importância da estruturação de rotas turísticas e até inusitadas, agregando cultura e história ao tradicional binômio sol e mar”, destaca a apresentação da edição fac-similar do livro, lançado pela Imprensa Ofi cial Graci-liano Ramos em 2010.

O PEDIATRAHUMANISTA

DIA18

SEM LENÇO, SEM DOCUMENTOA cidade ribeirinha perdeu os registros de

sua origem também no mês de maio, em 1949, na primeira grande enchente do Rio Mundaú. A Prefeitura de Murici, onde eram guardados os documentos, fi cou destruída pelas águas.

Branquinha ainda sofreu com outras enchen-tes em 1962, 1969, 2000 e 2010. A última foi a mais devastadora. Em junho de 2010 o nível do Rio Mundaú subiu em pouco mais de uma hora,

por causa de fortes chuvas na nascente do Rio Mundaú, em Garanhuns-PE. O prédio da pre-feitura, todas as escolas, o cartório e o único posto de saúde da cidade foram destruídos.

Você sabia?O nome Branquinha faz

referência às águas claras do rio Mundaú, ainda sem

poluição na época.

São Brás foi um bispo da Igreja Católica que se tornou santo prote-tor da garganta depois de salvar uma criança engasgada com uma espinha de peixe. Conta a história que uma mãe levou até o bispo a criança com espinho encravado na garganta. São Brás olhou para o céu, orou e fez o sinal da cruz na garganta do menino e imediatamente ele foi curado.

Na município alagoano, quadrinhas po-pulares como estas são repetidas toda vez que alguém se engasga:

“Por minha garganta, São Brás, interceda por mim junto ao meu Pai” ou “São Brás do Mato, São Brás do Mato, desengasga ele e meu gato”.

RIO DOS CURRAISO ciclo catequizador e a eco-

nomia de pastoreio foram decisi-vos para o crescimento da freguesia

de São Brás.Os colonos de Porto Real do Colégio se ins-

talaram ente as lagoas Tapuio e do Santo, numa elevação à margem do São Francisco. E, porque

IBGE

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ALMANAQUE MAIO 201716

Carlos Diegues – carinhosamente chamado de Cacá Diegues – nasce, em 1940, na capital alagoana. Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, ainda pequeno. Durante o curso de direito, realizado na Pontifícia Universidade Ca-tólica (PUC) do Rio de Janeiro, foi presidente do diretório estudantil.

Nessa ocasião, fundou um cineclube, inician-do suas atividades de cineasta amador. Ainda estudante, integrou-se ao Centro Popular de Cultura (CPC), fundado pela União Nacional dos Estudantes em 1962. Esses dois núcleos de atuação do qual fazia parte – o cineclube da PUC e o CPC – foram pontos de partida do que se convencionou chamar de Cinema Novo.

ESTREIANo CPC, Diegues dirige seu primeiro fi l-

me profi ssional, em 35mm, Escola de Samba Alegria de Viver, episódio do longa-metragem Cinco Vezes Favela (os outros episódios são dirigidos por Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Marcos Farias e Miguel Borges). Seus três primeiros longas-metragens – Ganga Zumba (1964), A Grande Cidade (1966) e Os Herdeiros (1969) – são fi lmes típicos daquele período voluntarista e cheio de sonhos, inspira-dos em utopias para o cinema, para o Brasil e para a própria humanidade. Polemista inquieto, ele continua a trabalhar como jornalista e a es-crever críticas, ensaios e manifestos cinemato-gráfi cos, em diferentes publicações, no Brasil e no exterior.

GRANDES FESTIVAISA maioria dos fi lmes de Cacá Diegues foi

VIDA DECINEMA

DIA19

selecionada por grandes festivais internacio-nais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, e exibida comercialmente na Europa, Estados Unidos e América Latina. Seus longas já arremataram diversos prêmios nacionais e in-ternacionais, e em 1981, ele integrou o júri no Festival de Cannes.

TEMÁTICAUm dos destaques da sua obra é a aborda-

como Ganga Zumba, Quilombo (1984) e Orfeu (1999). O cineasta também se preocupa com as transformações da sociedade brasileira, que ele investiga em fi lmes como Os Herdeiros, Bye Bye Brasil (1979) e o recente O Grande Circo Mís-tico (2017).

RETOMADASeus fi lmes Tieta do Agreste (1996), Orfeu e

Deus é Brasileiro (2002), adaptados de grandes obras da literatura e do teatro nacionais, fi gu-ram entre os fi lmes brasileiros de maior público na chamada fase da “retomada” da produção, propiciada pela Lei do Audiovisual.

gem da ques-tão negra, o que apare-ce em longas

Antonio Pitanga e Anecy Rocha em cena de A Grande Cidade, um dos primeiros fi lmes do cineasta alagoano

José Wilker em Bye Bye Brasil, uma das obras mais importantes de Cacá Diegues Sonia Braga na adaptação para o cinema de Tieta do Agreste

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ALMANAQUE MAIO 2017 17

Palacete Barão de Jaraguá, à esquerda, na Praça D. Pedro II:

primeira sede do Arquivo Público

de Alagoas

IBGE

Em 1942, o folclorista Théo Brandão funda, em sua casa, localizada no bairro do Farol, em Maceió – “em torno de uma mesa gostosamente nordestina: cuscuz, sequilhos, pamonhas, doce de coco e outras coisas a mais”, como lembra-ria o também folclorista e antropólogo Manuel Diegues Junior –, a Sociedade Alagoana de Fol-clore, que teve José Maria de Melo como presi-dente.

Durante o tempo em que esteve ativa, a en-tidade promoveu conferências, apresentações de cantadores, entre elas a de dois cantado-res de viola – os ceguinhos Octávio e Limeira –, que aconteceu no salão nobre do Palácio doGoverno.

CULTURA ÀMESA

DIA21

Nasce, em Penedo, no ano de 1915, o mé-dico Deraldo de Souza Campos, que foi secre-tário estadual de Educação e Cultura entre 31 de janeiro de 1961 e 11 de fevereiro de 1966, durante o governo do general Luiz de Souza Cavalcante.

Em sua gestão, foi criado e instalado – pela Lei nº 2.428, a 30 de dezembro de 1961 – o Arquivo Público de Alagoas, que tinha a fi nali-dade de se preservarem os documentos de valor legal, administrativo ou histórico sobre Alagoas. O órgão passou a funcionar no Palacete Barão de Jaraguá, situado na Praça Dom Pedro II, nº 57, Centro de Maceió.

Para dirigir o Arquivo Público Estadual, o secretário de Educação e Cultura Deraldo de Souza Campos convidou o então acadêmico de Direito Moacir Medeiros de Sant’Ana, que as-sumiria o cargo no dia 20 de fevereiro de 1962, aos 29 anos de idade.

O SENHORDAS LETRAS

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O MESTREDeraldo Campos se formou em medicina pela

Faculdade de Medicina do Recife, em 1938. Ainda acadêmico, atuou no município de Ana-dia, na profi laxia da varíola e no combate à es-quistossomose. Como educador, foi professor e diretor, em 1960, do Colégio Estadual de Ala-goas e professor da Faculdade de Medicina de Alagoas.

O ECLÉTICODeraldo de Souza Campos foi também dire-

tor da Caixa Comercial de Maceió, que funcionou no n0 422 da Rua do Comércio, no Centro de Maceió. Em sua gestão, a instituição foi trans-formada em Banco Agro-Mercantil. O educador também foi sócio-fundador do jornal Correio de Maceió e sócio do Instituto Histórico e Geográ-fi co de Alagoas (IGHAL). O médico faleceu no dia 5 de maio de 1969.

Aurélio Buarque de Holanda ao lado de Théo Brandão: os fundadores da Sociedade Alagoana de Folclore

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ALMANAQUE MAIO 201718

Nesta data, era criada, em 1893, a Junta Co-mercial do Estado de Alagoas, por meio da lei nº 28, de 26 de maio de 1893.

A lei, apresentada pelo então deputado esta-dual José Fernandes de Barros Lima e sancio-nada pelo governador Gabino de Araújo Besou-ro, defi nia a composição do órgão, formado por presidente, vice-presidente, secretário geral, quatro deputados comerciantes e três suplen-tes.

Em 18 de agosto do mesmo ano, o português José Antônio Teixeira de Barros seria nomeado como primeiro presidente da instituição.

REGISTRO DEEMPRESAS

O PORTUGUÊSJosé Antonio Teixeira Basto nasceu no dia

26 de abril de 1857, em Cabeceiras de Basto, vila portuguesa no Distrito de Braga. Morou no Brasil durante meio século, 33 deles na capi-

DIA26

Nasce, no ano de 1846, em Maceió, o his-toriador, jornalista e professor Adriano Augusto de Araújo Jorge, fi lho de Silvério Fernandes de Araújo Jorge e Maria Vitória de Pontes Araú-jo Jorge. Foi o terceiro presidente do Instituto Histórico e Geográfi co de Alagoas (IGHAL), as-sumindo o cargo em dois de dezembro de 1896 até sua morte, no dia 3 de abril de 1901. Duran-te seu mandato à frente do IGHAL, Adriano Jor-ge foi o responsável pelo lançamento, em 1901, da segunda fase da revista da instituição, cuja publicação estava interrompida desde 1888.

MISSÃOSegundo especialistas, com sua capacidade

de trabalho, Adriano Jorge poderia ter escrito a mais completa História de Alagoas. Desig-nado pelo governo da Província José Bento da Cunha Figueiredo Junior para empreender essa

O DONODA HISTÓRIA

DIA26

atividade, não chegou a concluir, sendo apenas divulgada, em parte, pela Revista do Instituto Histórico do Estado.

O PAISilvério Fernandes de Araújo Jorge, pai de

Adriano Jorge, foi um dos sócios fundadores do Instituto Histórico e Geográfi co de Alago-as (IHGAL), instalado no dia 2 de dezembro de 1869, sob a iniciativa do presidente da Província do Estado de Alagoas, José Bento da Cunha Fi-gueiredo Júnior.

O PROFESSORHabilitado em pedagogia, Adriano Augusto

de Araújo Jorge foi professor de inglês, a partir de 1870, do Liceu Alagoano, além de ter dirigido instituições de ensino como o colégio Sete de Setembro e Oito de Janeiro.

O distrito de Cajueiro foi elevado à cidade em 22 de maio de 1958, pelo Governador Mu-niz Falcão. Antes da Lei nº 2.096, que instituía defi nitivamente a emancipação e desmembra-mento do território de Capela, Cajueiro já tinha sido município durante o governo de EuclidesMalta.

Em 10 de junho de 1904 o então governador transfere a sede de Capela para Cajueiro e muda a denominação do local para Euclides Malta. O ato administrativo, no entanto, é anulado em 1912, pelo Governador Clodoaldo da Fonse-ca, por meio de decreto estadual. A sede então volta a ser Capela, agora com a denominação de Paraíba.

Em 1957, alguns vereadores lideram o mo-vimento para devolver o status de cidade a Ca-jueiro, entre ele Antônio Palmery Soriano Melo. Enfi m, em 1958 o distrito é desmembrado e o município é ofi cialmente instalado em 1º de fe-vereiro do ano seguinte.

À SOMBRADO CAJUEIRO

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Você sabia?A origem do nome da cidade vem de um frondoso cajueiro

da região, onde viajantes e seus animais paravam para

descansar à sua sombra.

tal alagoana. Foi um dos fundadores e um dos principais acionistas da fábrica de Cachoeira, de Rio Largo, e da Companhia Progresso Alagoano, responsável pela fi ar e tecer algodão de cores e prontos de malha.

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Nasce, em 1917, no município de Viçosa, Teotônio Brandão Vilela, fi lho do proprietário agrícola Elias Brandão Vilela e de Isabel Brandão Vilela. Fez os primeiros estudos em sua cidade natal, cursando o secundário no Colégio Nóbre-ga, dos jesuítas, no Recife. Frequentou em se-guida as faculdades de Engenharia e de Direito, respectivamente no Recife e no Rio de Janeiro, então Distrito Federal.

Chegou também a prestar exames na Es-cola Militar do Realengo, mas jamais concluiu nenhum curso universitário, tornando-se auto-didata e leitor assíduo do fi lósofo francês Je-an-Jacques Rousseau. Após Estado Novo, im-plantado em 10 de novembro de 1937, deixou defi nitivamente os estudos, retornando à sua terra natal onde passou a trabalhar com o pai.

A POLÍTICAFoi na condição de usineiro que Teotônio in-

gressou na política, ao ser eleito, em 1954, pela União Democrática Nacional (UDN), para a As-sembleia Legislativa de Alagoas. Derrotado em sua pretensão de ser reeleito, conquistou, seis anos depois, em 1960, o cargo de vice-gover-nador na chapa encabeçada por Luiz Cavalcante.

Em 1964, Teotônio apoiou o movimento mi-litar que derrubou o governo constitucional de João Goulart. Foi, no entanto, ameaçado de cassação em virtude das relações de amizade que mantinha com os dois mais notórios comu-nistas de Alagoas.

O SENADORNas eleições de novembro de 1966, marca-

das pela recém extinção dos partidos até então existentes e pela introdução do bipartidarismo, Teotônio conseguiu, pela Arena, seu primeiro mandato senatorial.

Em 1978, em plena ditadura miliar, Teotônio

Vilela divulgou o Projeto Brasil, documento que propunha, entre outras medidas ousadas para a época, eleições diretas para presidente da Re-pública, fi m da censura à imprensa, além de li-berdade e organização para os movimentos es-tudantis, partidos políticos e sindicatos.

O BOM COMBATENTEUma das maiores lutas de Teotônio Vilela foi

pela anistia aos presos políticos da ditadura mi-liar. Par isso, viajou pelo país fazendo discursos memoráveis em defesa da democracia. Nes-sas andanças, visitou todos os presos políticos encarcerados pelo Brasil a fora e denunciou as torturas as quais eles eram submetidos.

O SOM DAS RUASA canção O menestrel das Alagoas, compos-

ta por Milton Nascimento e Fernando Brant em homenagem ao ex-senador Teotônio Vilela, foi lançada em setembro de 1983. Na voz de Fafá de Belém, se transformaria, ao lado de Coração de estudante, em um dos hinos da campanha das Diretas Já, que tomou conta das principais cidades do país nos primeiros meses de 1984.

Você sabia?Teotônio Brandão Vilela é irmão de Dom Avelar Brandão Vilela, que foi cardeal primaz do Bra-sil, função em que tomou no

dia 30 de maio de 1971.

POR TRÁS DA CANÇÃOEm março de 1983, Fafá de Belém recebeu a

música Menestrel das Alagoas, de Milton Nas-cimento e Fernando Brant, e convidou Wagner Tiso para fazer o arranjo da canção, sem ja-mais imaginar que estaria ajudando a escrever uma página rumo à democratização do Brasil. Em agosto daquele mesmo ano, Teotônio Vilela soube da gravação e quis ouvi-la. “Ele chegou muito abatido, com Miro Teixeira e João Araújo, ao estúdio da Som Livre”, relembra a cantora.

Teotônio estava chegando de Pouso Alegre (MG), de mais uma visita ao paranormal Tho-mas Green Morton e de uma nova tentativa para deter um câncer avassalador, que o acabaria matando. “Ensimesmado, o senador pediu para dizer algumas palavras. E foram essas palavras que conduziram o Brasil rumo à democracia”, conta Fafá de Belém.

A PARTIDATeotônio Bandão Vilela morreu em casa, em

Maceió, às 16h40 do dia 27 de novembro de 1983, com a janela do quarto aberta e ouvindo o canto de um canário que tinha sido de sua mu-lher Helena.

TEOTÔNIOVILELA

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O TROVADOR ANDANTE

Voz, inspiração e composição de Menestrel das Alagoas: Fafá de Belém, Teotônio Vilela e Fernando Brant

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ALMANAQUE MAIO 201720

O município de São Sebastião foi criado em 31 de maio de 1960. O povoado, no entanto, surgiu com o nome de Salomé, por causa dos dois produtos mais populares trazidos pelos tropeiros que passavam por lá: o sal e o mel. E foi pela iniciativa de um deles, que decidiu se instalar no local, que a região come-çou a se desenvolver. José Luiz abriu uma pequena hospedaria para receber os viajantes e uma casa de comércio. A parada para descanso dos mercadores era estratégica, já que fi cava próximo à divisa com Sergipe e a cidades desenvolvidas como Penedo e Palmeira dos Índios.

Por muito tempo José Luiz e sua família eram os únicos na região. Só depois de algum tempo, mais três comerciantes se instalaram no local. Na cultu-ra popular, só os apelidos deles fi caram registrados: Timba, Tuim e João Gordo. O sucesso dos quatro e as terras férteis da região para criação e agricultura atraíram fazendeiros.

Em 31 de maio de 1960, a vila de Campo Grande é elevada à cidade. O movimento por seu desmem-bramento de São Brás foi impulsionado pelo cresci-mento econômico vivido entre 1955 e 1962, com o crescimento da produção de cereais. Porém, a cul-tura foi diminuindo e dando lugar à criação bovina.

REGADA ASAL E MEL

PLANÍCIESFARTAS

DIA31

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ESTRADA DE FERROA população da região cresceu durante a cons-

trução da estrada de ferro, com a chegada dos tra-balhadores para as obras. O movimento comercial também aumentou e as famílias Leandro, Mandus e Pinheiro foram os pioneiros no comércio local.

Você sabia?O nome Campo Grande faz

referência à planície onde está instalada a cidade, com campos

de grandes dimensões, ideais para a agropecuária.

Você sabia?A Lei Estadual nº 2.229, que

instituiu o município, também mudou sua denominação de Salomé para São Sebastião.

A troca de nome foi umahomenagem ao governadorda época, Sebastião Marinho Muniz Falcão, que apoiou o

movimento de emancipação.

Fazenda de criação de gado nelore localizada no município de Campo Grande

Ilustração de Léia Oliver, feita a partir de fotos antigas de São Sebastião-AL

OS NEGROS DE SALOMÉA principal atividade do povo-ado era a criação de gado e, assim como nos currais do rio São Francisco, não existia a dura disciplina dos engenhos em relação aos escravos. Por serem vaqueiros nas fazendas, era necessária certa liberdade para a função. Por isso, a re-lação com os senhores era di-ferente e os negros cantavam e tocavam viola, berimbau e ra-beca nas festividades da região. Ficaram conhecido por suas artes os escravos Caetano, Pa-dre, Manoel Correia, Manoel Panela, Manoel Jandaia, Belo e Manoel Dionísio.