ales do Correio para Paço de Sousa Avença Quinzenário...

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s a- de ra Oi im co >l&- o- . ela ão om >je, ar no e ' e . taí- Sa- m es- õ ar 'ou os tir am al. . ), da ito s. des OBRA OE: RAPAZES, PARA RAPAZES, . PELOS RAPAZES P ales do Correio para Paço de Sousa - Avença - Quinzenário Composw e impresso na Tipografia da Casa do Gaiato - Paço de Sousa FUNDADOR PADRE AMtRICO RELA1ÓRIO DE - 1958 rp ERANTE o dever ae' resumir mais um ano de vida de , uma Obra de Deus a que Ele quis dar uma face tein- c: . poral tão notável, s entimos um cair de mãos signi- f\cativo de que «os dias felizes não têm história». Por dias felizes entendemos: dias de luta, dias de provação, qne umas Yezes rematam em vitória, outras em fracasso. Porém, cm C t·i sto e com Ele, den·ota. não quer dizer fim perdido. Hu- m ilhac:;ão, isso quer, com certeza! Mas, pela humilhação vem a Humildade; e pela Humildade entra, a jorras, .a Graça de um Deus cie l\lisericórdia infinita, que «resiste aos soberbos»; e com a Ora<;a, «tudo podemos nAquele que nos conforta». Dias fel izes, sim ! Dias de crise, ele evolução, embora ... - dias de viua. «Milícia é a Yida sobre a Terra» l Como admirarmo- -nos, pois, de lágrimas e de sorrisos Yivendo pared es meias; de tdunfos e inêxitos; de desgostos e consolac::ões? ! O balanço de cada dia pode deformar a realidade. Jiá cieles de euforia; há-os ele abatimento. Por isso se nos impõe o b.alanço de um largo p1·11.zo, um ano da n ·sa Yicla cheia de oscilações, cujo valor médio nós JH'ocuramos afim de conhecermos a trajectória re- sultante: se. ascendente, se descendente. Pai Américo ch amava a estas oscilações «as necessárias vi- cissitudes ela Obr, pelas quais o padre da rua é «o homem aflito, interiormente e constantemente até ao desgaste . final - a moi·te»; e deixou-nos prevenidos. Por isso nos não admiram os e n os parece difícil recapitular os grandes acontéci- mentos <lo ano derradeiro. o .. <r Casas do Gaiato O primeiro, na ordem de importância, foi o aumento da nossa pequenina grei. Sen hor Cardeal prometera e não fal- tou, apesar de tantas urgentes necessidades no seu v.asto Pa- tl'ia1·cado. Padre José l\fal·ia - aquele que (podemos revelá-lo ago- ra!) tinha «dois desejos: quando morrer ir para o Céu; quando for padre ir para a Obra. da Rua» - veio m:esmo, após uma escolha bem prova. da de Deus. Com ele pudemos finalmen- te 11er um em cada casa ( não contando os Lares) . E embora não sintamos por . isso que a grande sobre-car ga de traba- lho diminuisse, sentimos (isso sim 1) que a Cruz ficou mais dividida :- E um acréscimo de Paz se nos veio juntar. Da inquietação que continua lananrlo em muitos Seminá- rios não dizemos · nada. Ao longo do ano temos dado tes- temunhos. E ainda o número do 15.• aniversário de «0 Gaia- to > (o último) vinha bem cheio deles. Sabemos de Prelados que olham com muita al egria esta inquietação, que tornam por winal de. renovação de vida e de formas de viver a vida pas- t9ral ; e que esperam confian- tes os seus frutos. Sabemos que eles nos não que rem es- tranhos n este palp itar. Que o . Senhor nos conserve fieis ao nosso caminho e dignos da confiança que depositam em nós. Mas promessas ainda mais concretas de aumento da pequenina grei. Engenheiro Luís Barata completou o seu curso de Agronomia e frequen- ta Pil osofia no Seminário Maior do Porto. Abraão, um dos de quem se dizia o ano passado «e sei de outros a quem Deus ainda não deu a clecisão»,-já teve a resposta do Céu à sua incondicional gene- rosidade. Veio juntar-se ao Fernando Dias na preparação de «humanidades », indispensá- vel ao ingresso na Filosofia. Outros, po1·ém, esperam ainda a exp6Tiência da Voz que os chama. Sorfrem interrogações que os amadurecem, sem vi - da. Mas eu relembro-lhes que a resposta há-de su 1 ·gir neles, mediante ecos de nal generosidade. Finalmente, em Lisboa, do Por.to persiste em seu pri- meiro desejo, frequentando com aproveitamento o 4. 0 ano li ceal. BE 1 R E Casa do Gaia to e Calvário O segundo gran de aconteci- mento (Afinal consequ ência do primeiro!) foi a abe rtUl'a efecti va da Casa do Ga iato de . Bei re e do . Cal vár io. Á primeL ra começara ainda em vida de Pai Américo com 6 rapazes jdos de Paço de Sousa para os traball1os agrícolas. O Cal vá- rio quisemos que fôsse inicia- do no 1.• aniversário da morte de Pai Américo, como ao tem- po se rela.too. Mas ambos estes princípios foram quase simbó- licos. Agora, a vinda de Padre Baptista permite o trabalho a plena carga. Efectivamente a Casa do Gaiato de Beire· encontra-se esgotada e nem chegou sequer para resol ver todos os casos de debilidade mental que exi- gem um tratamento especial, impossível nas outras Casas do Gaiato. Foram ali criadas du.as classes p rimarias 'especiais, mas apenas uma delas se en- contra provida e de poucos dias. Se h ouve r por prod'es- sor ou professora com aquela especialidade, que se apresen- te. Padre Baptista, além de tudo o mais que sobre si des- carrega, tem acumu]aao até agora as funções de professor, para as quais não está de to- do em virtude do estágio fe ito em um dos raros estabelecimentos da . especiali- dade existente no nosso País: o Instituto Adolfo Coelho. CONTINUA NA SEGUNDA PAGINA crUma casa de fanúlia De Belém à Cruz e pela Cruz à Glória! Este o Caminho percorrido por Jesus, o Filho de Deus feito Ho- mem por amor dos homens. A que extremos O lrvou o ze- 1" da glória do Pai! E que preço o do nosso resgate! - a Sua Pai- xão, a morte de Cruz, todo o Seu preciosíssimo sangue. Por nós glorificou ao Pai e dele obteve perdão para a nos- sos muitos e enormes pecados. E mereceu-nos a participação na própria vida divina que nos tor- na . fil'ios de Deu , templos do Espírito Santo, herdeiros do u! Que, pela meditação da Paixão de Jesu., o Sa ·• to Espírito acenda em nossa alma o desejo grande de correspondn ao Seu <li vino Amor e nos fortaleça na . Fé, na Esperança e na Caridade. Diz o Senhor : cSe não vos tornardes pequeninos como este menino,. não ent rareis no reino . dos us> .. Propriedade da OBRA DA RUA-Director e Editor: PADJ<E CARLOS · Redacção e Administração: Casa "" Gaiato - Paço de Sousa CA LV A R I O Se não fora resposta da Igreja a necessidades humanas, o Cal- vário seria chamado e, justamen- te, caixote do lixo da Sociedade. De cada vez que uma cama verga sob o peso de mais um doente, lemos a sensação nítida da monlureira humana que isto- aqui é. O que não presta, o que ninguém quer, o que todos arru- mam a um canto por estorvo - vem parar ao Calvário. Ora, a Igreja está sempre presente a to- das as necessidades humanas. É mãe. Acompanha solícita os fi- lhos, do berço ao túmulo. Mas ela nunca é tão mãe como quan- do olha pelos seus filhos mais indigentes. E nós nunca tão dela, como ao irmanarmo-nos com os fracos e pobres, tomando-os em nossos braços. Nunca tão felizes, como ao verificarmos que somos instrumentos de recondução ao seio da Mãe Igreja. O último doente assim nos se- gredou: «Eu só suspirava por um leito e um sacerdote à cabeceira>. De facto só à luz da Igreja, tem sentido o amontoado de ar- rumados que aqui está a crescer. Na semana passada chegaram três, qual dele: o mais indigente. O Senhor Mário dormia abri- gado por esmola. Contudo as horas do dia eram pelas calça- das e bancos dos jardins. O hos- para as sem fanúlia». Em união co m Jesus, também nós devemos ir por Belém à Cruz, fazendo que os passos da nossa vida sejam os passos da nossa paixão, até ao seu último alento. Para que, sabendo viver e morrer.por amor d'Ayuele que deu a vicia por nós, venhamos a ressurgir com Ele para a vida gloriosa, no seio da Santí51 ima Trindade, por todos os séculos dos séculos. «Be lém :i>, Obra cujo fim é exercer junto <la menina, da ra- pariga ou <la mulher pobre, sem um amparo e tantas vezes perse- guida, uma mi ssão de materni- dade - quer seguir fielmente os passos do Me Lre dos mestres. Ser instrumento dócil da Sua i n-. finita misericórdia junto das al- mas femininas mais abandona- das. Para que também Ele possa apresentar ao Pai Celeste, como troféus da batalha ganha contra o ma 1 e contra a morte. CONTINUA > NA QUARTA PAGINA pital não o quisera. A doença é incurável. Viveu, pois, momentos de ansiedade e desespero. Creio que nunca alguém desejou tanto o Calvário! Com o cu r.:;o dos liceus, ra guarda-livros. O falar revela pensar esclarecido, mas o aspecto físico tragédia dum viver sem esperança. No entanto aguarda- mos que a camita -quente mais o caldo saboroso hão-de dar fru- tos morais- dar a Esperança a quem anda longe dela. E se ou- tros não colhêssemos que mais podemos aspirar, ne aqueles são o maior! O Zeca, de três anos, veio de Évora. A mãe largou-o. O pai tuberculoso não estava a seu la- do. Sem pés, nem mãos, a crian- ça move à compaixão e serve perfeitamente para negócio. Era precisamente a avó quem nego- ciava com o pequeno. Ele está entre nós, por não haver onde, como brado inocente pe la :olu- ção do problema da reabilitação física, quase desconhecido no nosso meio, tão lentos somos em acompanhar o movimento do sé- culo. É mai :; lixo, portanto, no lugar próprio. A Tia Maria Ferreira, anos que é viúva! Ainda eu não ora nascido. Estave também no hos- pital. o mal não cicatriza e a doente quer vir. Tem mãos váli- das. Pode portanto ajudar os desvalidos. E gosta tanto, que não pára. Contamos com os do- entes para amparar os doentes. Este espírito arreda para longe o pessoal de serviço. Isto é obra dr. doentes, para eles e há-de ser realizado fraternalmente por eles, para ser uma obra cristã, que apaixone os de dentro e os da fora. Por i ·so mesmo ela é mo- tivo constante de renúncias, de meiguice e tanta caridade. Eis o que vai agora por estas linhas: «Envio 500$ que poderia gas- tar numa pequena extravagância para mim, mas de que, com gran- de alegria prescin <lo, em favor dos pobres doentes - He lena>. Marino e mulher apresentam- -se com 200$. A capital com 300$. O Barreiro com SOS. Vi- sitantes do Porto com outro tan- to. Uma avó com mesma quantia. Metade para sufrágio. E ou tra vez o dobro da Av. de Roma. Roupa chega em embrulhos de proveniências diversas, da Covi- lhã e do Porto. De Penafiel, 200$. De Rio Tinto meias. O pe- ditório nos Congregados somou 14.937; na capela das Almas 6. 428; na Lapa ] 4.2SOS. CONTINUA NA TERCEI RA PAGI NA ,

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OBRA OE: RAPAZES, PARA RAPAZES,.PELOS RAPAZES

P ales do Correio para Paço de Sousa - Avença - Quinzenário Composw e impresso na Tipografia da Casa do Gaiato - Paço de Sousa

FUNDADOR

PADRE AMtRICO

RELA 1ÓRIO DE-1958 rp-· ERANTE o dever ae' resumir mais um ano de vida de

, uma Obra de Deus a que Ele quis dar uma face tein-c: . poral tão notável, sentimos um cair de mãos signi­

f\cativo de que «os dias felizes não têm história». Por dias felizes entendemos: dias de luta, dias de provação,

qne umas Yezes rematam em vitória, outras em fracasso. Porém, cm Ct·isto e com Ele, den·ota. não quer dizer fim perdido. Hu­m ilhac:;ão, isso quer, com certeza! Mas, pela humilhação vem a Humildade; e pela Humildade entra, a jorras, .a Graça de um Deus cie l\lisericórdia infinita, que só «resiste aos soberbos»; e com a Ora<;a, «tudo podemos nAquele que nos conforta».

Dias fel izes, sim ! Dias de crise, ele evolução, embora ... -dias de viua. «Milícia é a Yida sobre a Terra» l Como admirarmo­-nos, pois, de lágrimas e de sorrisos Yivendo paredes meias; de tdunfos e inêxitos; de desgostos e consolac::ões? ! O balanço de cada dia pode deformar a realidade. Jiá cieles de euforia; há-os ele abatimento. Por isso se nos impõe o b.alanço de um largo p1·11.zo, um ano da n ·sa Yicla cheia de oscilações, cujo valor médio nós JH'ocuramos afim de conhecermos a trajectória re­sultante: se. ascendente, se descendente.

Pai Américo chamava a estas osci lações «as necessárias vi­cissitudes ela Obra», pelas quais o padre da rua é «o homem aflito, queima~o interiormente e constantemente até ao desgaste. final - a moi·te» ; e deixou-nos prevenidos. Por isso nos não admiramos e nos parece difícil recapitular os grandes acontéci­mentos <lo ano derradeiro.

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Casas do Gaiato O primeiro, na ordem de

importância, foi o aumento da nossa pequenina grei. Senhor Cardeal prometera e não fal­tou, apesar de tantas urgentes necessidades no seu v.asto Pa­tl'ia1·cado.

Padre José l\fal·ia - aquele que (podemos revelá-lo ago­ra!) só tinha «dois desejos: quando morrer ir para o Céu; quando for padre ir para a Obra. da Rua» - veio m:esmo, após uma escolha bem prova. da de Deus.

Com ele pudemos finalmen­te 11er um em cada casa (não contando os Lares) . E embora não sintamos por. isso que a grande sobre-car ga de traba­lho diminuisse, sentimos (isso sim 1) que a Cruz ficou mais dividida: - E um acréscimo de Paz se nos veio juntar.

Da inquietação que continua lananrlo em muitos Seminá­rios não dizemos ·nada. Ao longo do ano temos dado tes­temunhos. E ainda o número do 15.• aniversário de «0 Gaia­to> (o último) vinha bem cheio deles.

Sabemos de Prelados que olham com muita a legria esta inquietação, que tornam por winal de. renovação de vida e de formas de viver a vida pas­t9ral ; e que esperam confian­tes os seus frutos. Sabemos que eles nos não querem es­tranhos neste palpitar. Que o .

Senhor nos conserve fieis ao nosso caminho e dignos da confiança que depositam em nós.

Mas há promessas ainda mais concretas de aumento da pequenina grei. Engenheiro Luís Barata completou o seu curso de Agronomia e frequen­ta Pilosofia no Seminário Maior do Porto. Abraão, um dos de quem se dizia o ano passado «e sei de outros a quem Deus ainda não deu a clecisão»,-já teve a resposta do Céu à sua incondicional gene­rosidade. Veio juntar-se ao Fernando Dias na preparação de «humanidades», indispensá­vel ao ingresso na Filosofia. Outros, po1·ém, esperam ainda a exp6Tiência da Voz que os chama. Sorfrem interrogações que os amadurecem, sem dú vi­da. Mas eu relembro-lhes que a resposta há-de su1·gir neles, mediante ecos de incond~cio­nal generosidade.

Finalmente, em Lisboa, Zé do Por.to persiste em seu pri­meiro desejo, frequentando com aproveitamento o 4.0 ano liceal.

BE 1 R E Casa do Gaiato e Calvário

O segundo grande aconteci­mento (Afinal consequência do primeiro!) foi a abertUl'a efectiva da Casa do Gaiato de . Beire e do .Calvário. Á primeL

ra começara ainda em vida de Pai Américo com 6 rapazes jdos de Paço de Sousa para os traball1os agrícolas. O Calvá­rio quisemos que fôsse inicia­do no 1. • aniversário da morte de Pai Américo, como ao tem­po se rela.too. Mas ambos estes princípios foram quase simbó­licos. Agora, a vinda de Padre Baptista permite o trabalho a plena carga.

Efectivamente a Casa do Gaiato de Beire· encontra-se esgotada e nem chegou sequer para resolver todos os casos de debilidade mental que exi­gem um tratamento especial, impossível nas outras Casas do Gaiato. Foram ali criadas du.as classes p rimarias 'especiais, mas apenas uma delas se en­contra provida e de há poucos dias. Se houver por aí prod'es­sor ou professora com aquela especialidade, que se apresen­te. Padre Baptista, além de tudo o mais que sobre si des­carrega, tem acumu]aao até agora as funções de professor, para as quais não está de to­do imprepar~do em virtude do estágio fe ito em um dos raros estabelecimentos da . especiali­dade existente no nosso País: o Instituto Adolfo Coelho.

CONTINUA NA SEGUNDA PAGINA

crUma casa de fanúlia

De Belém à Cruz e pela Cruz à Glória!

Este o Caminho percorrido por Jesus, o Filho de Deus feito Ho­mem por amor dos homens.

A que extremos O lrvou o ze-1" da glória do Pai! E que preço o do nosso resgate! - a Sua Pai­xão, a morte de Cruz, todo o Seu preciosíssimo sangue.

Por nós glorificou ao Pai e dele obteve perdão para a nos­sos muitos e enormes pecados. E mereceu-nos a participação na própria vida divina que nos tor­na . fil' ios de Deu , templos do Espírito Santo, herdeiros do Céu !

Que, pela meditação da Paixão de Jesu., o Sa·•to Espírito acenda em nossa alma o desejo grande de correspondn ao Seu <livino Amor e nos forta leça na. Fé, na Esperança e na Caridade.

Diz o Senhor : cSe não vos tornardes pequeninos como este menino, . não entrareis no reino . dos Céus> . .

Propriedade da OBRA DA RUA-Director e Editor: PADJ<E CARLOS · Redacção e Administração: Casa "" Gaiato - Paço de Sousa

C A LV A R I O Se não fora resposta da Igreja

a necessidades humanas, o Cal­vário seria chamado e, justamen­te, caixote do lixo da Sociedade.

De cada vez que uma cama verga sob o peso de mais um doente, lemos a sensação nítida da monlureira humana que isto­aqui é. O que não presta, o que ninguém quer, o que todos arru­mam a um canto por estorvo -vem parar ao Calvário. Ora, a Igreja está sempre presente a to­das as necessidades humanas. É mãe. Acompanha solícita os fi­lhos, do berço ao túmulo. Mas ela nunca é tão mãe como quan­do olha pelos seus fil hos mais indigentes. E nós nunca tão dela, como ao irmanarmo-nos com os fracos e pobres, tomando-os em nossos braços. Nunca tão felizes, como ao verificarmos que somos instrumentos de recondução ao seio da Mãe Igreja.

O último doente assim nos se­gredou: «Eu só suspirava por um leito e um sacerdote à cabeceira>.

De facto só à luz da Igreja, tem sentido o amontoado de ar­rumados que aqui está a crescer. Na semana passada chegaram três, qual dele: o mais indigente.

O Senhor Mário dormia abri­gado por esmola. Contudo as horas do dia eram pelas calça­das e bancos dos jardins. O hos-

para as sem fanúlia».

Em união com Jesus, também nós devemos ir por Belém à Cruz, fazendo que os passos da nossa vida sejam os passos da nossa paixão, até ao seu último alento. Para que, sabendo viver e morrer .por amor d'Ayuele que deu a vicia por nós, venhamos a ressurgir com Ele para a vida gloriosa, no seio da Santí51 ima Trindade, por todos os séculos dos séculos.

«Belém:i>, Obra cujo fim é exercer junto <la menina, da ra­pariga ou <la mulher pobre, sem um amparo e tantas vezes perse­guida, uma missão de materni­dade - quer seguir fielmente os passos do Me Lre dos mestres. Ser instrumento dócil da Sua in-. finita misericórdia junto das al­mas femininas mais abandona­das. Para que também Ele possa apresentar e~tas ao Pai Celeste, como troféus da batalha ganha contra o ma 1 e contra a morte.

CONTINUA >NA QUARTA PAGINA

pital não o quisera. A doença é incurável. Viveu, pois, momentos de ansiedade e desespero. Creio que nunca alguém desejou tanto o Calvário!

Com o cur.:;o dos liceus, fôra guarda-livros. O falar revela pensar esclarecido, mas o aspecto físico tragédia dum viver sem esperança. No entanto aguarda­mos que a camita -quente mais o caldo saboroso hão-de dar fru­tos morais- dar a Esperança a quem anda longe dela. E se ou­tros não colhêssemos que mais podemos aspirar, ne aqueles são o maior!

O Zeca, de três anos, veio de Évora. A mãe largou-o. O pai tuberculoso não estava a seu la­do. Sem pés, nem mãos, a crian­ça move à compaixão e serve perfeitamente para negócio. Era precisamente a avó quem nego­ciava com o pequeno. Ele está entre nós, por não haver onde, como brado inocente pela :olu­ção do problema da reabilitação física, quase desconhecido no nosso meio, tão lentos somos em acompanhar o movimento do sé­culo. É mai:; lixo, portanto, no lugar próprio.

A Tia Maria Ferreira, há anos que é viúva! Ainda eu não ora nascido. Estave também no hos­pital. o mal não cicatriza e a doente quer vir. Tem mãos váli­das. Pode portanto ajudar os desvalidos. E gosta tanto, que não pára. Contamos com os do­entes para amparar os doentes. Este espírito arreda para longe o pessoal de serviço. Isto é obra dr. doentes, para eles e há-de ser realizado fraternalmente por eles, para ser uma obra cristã, que apaixone os de dentro e os da fora. Por i ·so mesmo ela é mo­tivo constante de renúncias, de meiguice e tanta caridade. Eis o que vai agora por estas linhas:

«Envio 500$ que poderia gas­tar numa pequena extravagância para mim, mas de que, com gran­de alegria prescin<lo, em favor dos pobres doentes - Helena>.

Marino e mulher apresentam­-se com 200$. A capital com 300$. O Barreiro com SOS. Vi­sitantes do Porto com outro tan­to. Uma avó com mesma quantia. Metade para sufrágio. E outra vez o dobro da Av. de Roma. Roupa chega em embrulhos de proveniências diversas, da Covi­lhã e do Porto. De Penafiel, 200$. De Rio Tinto meias. O pe­ditório nos Congregados somou 14.937; na capela das Almas 6.428; na Lapa ] 4.2SOS.

CONTINUA NA TERCEIRA PAGINA ,

Página 2 «0 GAIATO»

RElATORIO DE 1951 Agora mesmo está ele em­

penhado na construção do edi­fício das Escolas, que se vem juntar à capela e às instala­ções domésticas, oficinais e agrícolas, que fazem o aldea­mento, bem grande já, da Ca­sa do Gaiato de Beire.

O Calvário tem também ex­cedida a sua presente lotação. Contudo, dentro de dias - es_ peramos - estarão ao serviço deles mais três casitas, agora nos últimos acabamentos . É um conjunto muito bonito, formado pela Capela, · Casa­-Mãe e mais cinco e.asas, sem contar o depósito da água, que até ele é bem gracioso.

Pac!re Baptista tem andado presentemente em roda viva,

inteirando-se de vários casos já apresentados para admissão n o Cal vá:i'io. Alguns são tão urgentes que ele não tem resis­tido, não esperando pela con-. clusão das instalações. Daí a sobrelotação actual da casa.

Àquºeles excursionistas do norte, sobretudo, que desde .a primavera ao outono costumam vir pelas nossas casas, nós lembramos-lhe Beire. Calvário e a Casa do Gaiato anexa -são a novidade. São obras que principiam, com as dificulda­des próprias do arranque de todo o movimento. Precisam, pois, do estímulo da vossa vi­s ita e do calor do vosso cari-

. nho e do auxílio da vossa es­mola.

A «Voz dos Novos» Não é que seja uma m1cia­

tiv:a nova a de este jornal que, em princípio se destinou ape­nas à circulação interna e ho­je, sem perua do seu carácter intimo, familiar, vem sendo procurado por jovens e por muitos que já o não são, mas têm responsabilidades de for­mação de juventude.

O que tem havido (e me faz registar o facto como um dos acontecimentos dignos de tal) é um amadurecimento no­tável na sua elaboração.

«A Voz dos Novos» é uma afirmação de uma Pedagogia. Se em muitas elas nossas acti­vidades os Rapazes ,é que são, nesta são eles e eles só. · Ora «A Voz dos Novos> poisa, es­pecialmente, sobre a iniciatiYa e o entusiasmo fértil em ideias do Daniel; e na maturi­dade mais acabada e na cul­tura mais estruturada do Jú­lio. Daniel pensa; Júlio ajuda a dar forma e a sustentar.

Eu desejo muito que ambos se fortifiquem nesta cO'labora­ção que os completa mutua­mente e faz dos dois (cada qual com seu bem dotado qui­nhão, pela Graça de Deus) um dos valores da «Obra da Rua> em que pomos mais apr eço.

De modo que este capítulo torna-se em uma espécie de carta aberta ao Daniel, que desenrolamos aqui diante dos nossos leitores, a quem sem­pre tomámos e tomamos como da Família.

No número de Dezembro õe «A Voz dos Novos», Daniel pe_ dia-me «que esta Voz seja algo mais do que tem sido». E eu digo-lhe só hoje, aqui, que ela deve ser apenas aquilo que fôr sendo, ao longo da sua trajec­tória incess.antemente esfor­çada por uma âruiia de m~is perfeição. De resto, ele tem ra­zões para «esperar com fé • confiança», que de.!!de o início, a marcha tem sido ascensional.

Porém não é o crescimento e expansão o que mais inte­ressa. O que importa, primei­ro, é a estruturação. Que OI crescimento se faça lentamen­te, sem que haj a vazios sob .a mensagem ele que o jorruW. é portador.

Ora, antes de tudo, «Â. Vaz dos Novos» é u ma revelação da nossa vida íntima, familiar. «Há-de dizer a letra com a ca­reta»-como ouvi algumais ve­zes de Pai Américo. Eu disse : especialmente poisa sobre o Daniel e o Júlio. Quero dizer : que, embora suportando me­nos peso, outros, bastantes ou­tros, hão-de levá-la também a ser aquilo que eu (não menos que o Daniel) sonho que ela seja.

Isto exige de muitos mais dos nossos rapazes, um traba­lho ele interiorização e de ver­dade, um esforço de ·valoriza­ção das suas qualidades natu­rais, um combate corpo a cor­po consigo mesmos, pela supe­ração do seu egoísmo, do seu burguesismo, dos desejos r.as­teiros de vida fácil.

Sem tal, que contribuição pC>'Õ'.eria dar «A Voz dos No­vos» «para a elevação das classes operárias»? ! Quem se atreveria a «reivindicar» em nome c!e «todos os jovens de Portugal» 1 ! A quem aproveita­ria que ela «galgasse todas as províncias de Partugal» 1 !

Eu regosijo-me e considero ·um muito feliz acontecimento na vida ·da nossa Obra, a exis­tência e o progresso de «A Voz d!os Novos». Mas prefiro-a pequenin.a e .autêntica, a de grande expansão e demagógi­ca. Nós temos em casa a expe­riência feita de que só a Ver­dade é força que vence todos os obstáculos. O que faz a vi­talidade de «0 Gaiato», o seu perene interesse, a sua cons­tante novidade, apesar da re­petição quinze anos a fio ãos mesmos temas? .. . - «A Verda­de, a Verdade toda, só a Ver­dade». Uma realidade que deve crescer de dentro de nós para além de nós, plena õe poder irradiante, contagiante.

Esta sim ; esta é a expansão que se deseja e vale a pena.

Ora nós temos aqui a regis­tar com menos alegria que continuamos achando uma mo­leza espiritual nos nossos ra­pazes, mesmo em alguns que têm sido chamados a dar mui­to e t êm muito para dar.

Praza a Deus que e.l:>te ponto

do nosso balanço actual os toque e os desperte para o en­cantamento das alturas, que só fazem vertigens aos que ras­tejam e estimam rastejar. E então, sim! Nem o Daniel pre-

cisa de me pedir a mim que «A Voz dos Novos» «Seja algo mais cio que tem sido». Que sendo nós fieis e generosos e humildes, ela será aquilo que Deus lhe tiver destinado ser.

A provei tamento «Lembrem-se e compreen­

dam' (os «padres da rua») que o objecto principal e total da Obr.a é 1o rapaz, ao ,qual, de maneira neJ?..buma podem so­brepor questões de 01·dem se­cundária; eles são da Obra por amor dio rapaz» (Do Funda­mento da Obra da Rua· e do Teor dos seus obreiros).

E ste é o capítulo; o capítulo das grandes dores e das gr.an­d es alegrias dos «padres da rua». Onde está o fulcro do amor, aí também o fulcro da dor. Que não há amor sem dOI'; e ela é mesmo a medida mais verdadeira do amor.

Ora a nossa vida obriga-nos a muitos contactos, ao choque com muitos critérios e mt'nta­liuades - o que, às vezes, nos acarreta dissabores. Porém, nunca nenhum fere t ão fina­mente como qualquer ingrati­dão dos a quem servimos,­quando a há. De resto, Pai Américo deixou-nos preveni_ dos: «Não se molestem e so­fram com paciência · até ao. fim( ... ) É o sal. É a recom­pensa divina; ( ... ) »

Outro dia um dos n ossos mais velhos perguntava: «MlU> oiça lá, os Senhores sofrem qualquer desgosto dos nossos rapazes, como se eles fôssem realmente vossos filhos 1»

É aqui que reside, justamen_ t e, a singularidade da nossa Obra entre todas as que pres­tam .assistência ao rapaz aban­danado : É que nós amamo7lo e sentimos a respeito dele, como se fôsse nosso filho car­nal, sem sequer termos sobro ele os direitos que tem o pai, mesmo o mau pai.

É uma vocação cheia de an­tinomias e de equilíbrio cons­tantemente in fieri esta do «padre da rua». Por isso mui­t os se encantam de longe, e a receiam de perto.

Ainõa há momentos me fa­lou Padre Horácio. Meses atrás, um de três irmãos, in­teligente, cheio de habilidade para o seu ofício, depois de termos tentado todos os meios para o corrigir das mais graves falt.as, foi transferido para a Casa de Miranda d·o Corvo, na esperança de qne a mudança de ambiente lhe fizes­se bem. Fez .algumas partidas durante este período. A últ i­ma fôra no domingo. Tinha que ser castigado. Ninguém lho disse, senão só a sua cons­ciência. Pois não esperou pefo castigo. Enquanto a comuni­dade rezava o terço ele desan­dou sem nada dizer. Uma com­provação mais das regras de Pai Américd: «De resto, a ex­periência ensina que o rapaz da rua se elimina por si mei­mo, quando lhe falta a capa_

cidade moral de suportar o clima da Obra».

Outras vezes são as famílias que os desinquietam, mal vêem neles, com exame feit o e uns ruU:imentos de od'ício, uma fonte de exploração. E nós . vemos desaparecer para a má­-sorte, quase sempre, rapazes que foram nossos, que viveram do nossd calor, anos seguidos, sem nada podermos legalmen­te (que qualquer tia ou primo pode· mais do que nós ! ) e sem nada podermos contra a liber­dade que os cega, em vez de os iluminar.

Poc1erá pensar-se que o há­bito embota a sensibilidade. É assim em algumas coisas, mas nesta não. Quanto mais vezes aberta, tanto mais larga e mais profunda nos f ica a in­curável ferida.

Em volta de nós gravitam muitos destes rapazes que es­colheram o pior.

Ainda ontem um de 19 anos a quem o abuso do aeu viver sem r édeas pôs em estado de mudança ã.e ares, me pedia se • deixava vir poo- eles.

Eu sei que ele precisa de ares para os pulmões e ainda mais para a alma. Ele não dei­xou de ser nosso, nem por nos ter rejeitado. Contudo, o amor dos que estão, o principio de que quem sai por querer sair fechou, ele mesmo, a porta atrás de si - obriga-nos a ex­cogitar outra maneira de o ajudar, sim, mas a dizer que não ao seu pedido. É que, as mais das vezes, nem sequer a provação deles foi ainda su­ficiente para que eles sejam o «filha pródigo».

Como este, muitos vêm bater­-nos à porta de novo, mas ven­cidos, mais que convencidos. Vêm por um auxíliOI ; não por arrependimento. . E a gente vê a nE:>cessidade àeles e tem de endurecer o coração e de negá-lo por amor.

Os Pais, que o são de carne e espírito, compreenderão ... Estes nossos rapazes, estes mesmos que nos fazem a dor, hão-de compreender um d ia. Mas até lá, meu Deus, que for­ça de Fé e Esperança noSi não há-de sustentar!. ..

Este um r everso de medalha em que se repara menos, e que aqui desabafamos só por amor ã.a Verdade, da Verdade toda ; não por nos queixarmos, que mesmo então n ós somos tão felizes, tão felizes, que por nada quereríamos trocar este

. caminho que condu z «mais de­pressa à contemplação do Homem das Dores, que levou a sua vida mortal a servir » !

De resto, graças· .a Deus, a maior parte dos rapazes den

um passo em frente. Mais até do que eles julgam.

Em algumas casas, esse pas­so foi mesmo notável. Penso sobretudo no Tojal e Lar de Lisboa, onde os l'.apazes pro­curam tomar a posição activa que lhes cabe e experimentam uma cledicaçãa de que se vi­nha sentindo falta, desde sem­pre.

E saibam os nossos rapazes que, se o seu r endimento não atingiu toda a medida de que cada um é capaz, é simples­mente porque eles ainda não acreditaram suficientemente Pai Américo : «A vida religi~ sa nas nossas comunidaõ·es, seja o centro.( ... ) Vale mais a alma do que o corpo.

Por ela, pela alma dos nos­sos r apazes, sangrem os padres até ao fim. A noss.a Capela. A Missa dominical. O ensino da doutrina cristã. A prática das ora~ões quotidianas. Os Sacra­mentos, ( ... )».

E, não o tendo acreditado, se não têm servido, tanto quan­to a sua humana fraqueza. ne­cessita, do banquete a que. são chamados e ao qual muitas ve­zes não querem ir.

INSTRUÇÃO: Funcionaram as nossas Escolas Primárias em todas as casas, com apr oveita-· mento. Também temos que di­zer bem dos resultados dos ra­pazes que estão nos Lares. Dos que estudam de ctia, esses têm obrigação de dar conta, p orque o tempo cheg.a e a ca­pacidade de cada um também. Mas os da noite merecem se.m_ pre uma palavra de estímulo, porque, sem dúvida, é duro um curso feito depois de um dia de trabalho, com corridas para não perder horários e jant.ar, tantas vezes, rente à meia­-noite.

Em Paço de Sousa, o Mi­nistério da Educação NaciO'.Ilal criou-nos um Curso Comple­mentar de Aprendizagem Agrí­cola. F requentam além dos nossos, ainda alguns rap.azes da· freguesia.

É uma tentativa de muito alcance na valarização dos nossós agricultores; não só, e nem tanto, pela melhoria da preparação técnica, como pela subida do nível cultural, que ajudará o nosso homem do campo a sair daquela sub-hu ­manidade em que tem jazido e o coloca em dolorosa e injus_ ta posição de inferioridade mesmo em r elação ao homem da fábric.a.

Ain<la aqui ·temos ch ocado com aque}a inércia espiritual de que falamos atrás, mas es­peramoo alguns resultados e num ou noutro contamos mes­mo com deles muito promete­dores.

Finalmente, queremos dizer aqui 'da nossa espectativa an­siosa daquele dia em que seja um dos nossos à frente de ca­da uma das nossas escolas. Um que vá, na sua acção, para além elo período estritamente escolar e garanta a continui­dade destes e outros cursos

é

« 0 G AIAT O » Página 3

RElAlORIO DE 1951 complementares que darão oportunidade àqueles dos ir­mãos mais novos que tiverem asas, de voar .

E sses têm ainda o campo novo da especialidade dos db.

Novos O ano de 1958 viu a cons­

titui~ão de sete novos lares de outros tantos rapazes que fo­ram nossos.

Alguns destes prepararam­-Se escrupulosamente para o grande passo, dando assim uma garantia esperançosa de que serão sete Famílias felizes, a contribuir· na sua moaesta p.arte para a saúde de uma Sociedade enfermiça, justa­mente porque andam enfermas as células - base que são as Famílias.

beis mentais, para servir a quem a Naç~o se encontra desprovida. É um t rabalhO' di­fícil e, por isso mesmo, cheio do atractivos. Vamos a ver qual dos futuros professores é o primeiro enamorado! ...

Lares Deus ajude estes e os que no

futuro vierem ao encontro da sua vocação, a compreender a beleza e a elevação do estado matrimonial; e .a verem nele,

' desde o p1·incípio, todas as re­núncias, que afinal lhe dão sa­bor e o preservam, assim como o sal à carne.

Por nós seguimos cheios de desvelo estes rebentos novos que pegam de estaca, pois que eles representam uma f111tifi­cação do esforço tantos .anos mantido junto de cada um, dos chefes das nóveis famílias.

Trabalho Já o prevíramos o ano pas­

sado. Este foi um ano de crise e de recurso, de novo, ao mes­tre estranho, em certas oficL nas, por causa da tropa. Não que nós, graças a Deus, tenha­mos a dizer nada dos actuais mestres. Mas eles · compreen­dem, justamente na medida em que se integram no nosso ambiente, a ânsia que temos de um dos nossos à cabeça de cada centro de trabalho.

Podemos aqui afirmar, como fruto de uma expe.riência mais madura, que o chefe d,e oficina. faz a. oficina.. Faz, porque cria nela uma atmosfera de ordem, que só por si é uma escola. E porque o espectáculo do seu .zelo e do seu brio contagia os súbditos, que tanto mais o es­timam e estimam o seu ofício, quanto mais exigente e justo e exemplar encontrarem o seu mestre. Um mestre que será Mestre, quando tiver preparado um discípulo até ao seu nível e fôr capaz de lhe ceder o comando, e de tomar uma tarefa de aprendiz, para que ele se exer­cite também na difícil arte de comandar e possa sair p.ara a vida o melhor dotado que fôr possível.

É este o ideal que nós temos do Rapaz-continuador, do «ra­ro» (como Pai Américo lhes chamava) que fôr convidado a garantir .a continuidade de chefia nas nossas oficinas. Um rapaz que encontrar~ na sua de<i.icação pelos irmãos mais novos, o estímulo para se va­lorizar e fazer render ao má­ximo as suas qualidades natu-

rais; e até uma força misterio­sa, que só no amor tem ali­mento, e lhe dará o poder de S<: ultrapassar quandv isso fôr necessário.

Or.a isto exige Fé e Humil­dade e confiança em si pró­prios, na medida em que esti­verem certos (eles e nós) de que foi Deus quem escolheu e os chamO'U a participarem de modo tão íntimo na vida desta Sua Obra.

Que meditem e se meçam e se preparem os que, ora dan­do o serviço militar, são espe­r.ados para cumprir segund0> este ideal.

A ilustrar estas afirmações, nós poderemos aduzir o caso da nossa lavoura. Era uma ac­tividade em deserção e em de­sordem. Surge o rapaz. Surge

1 por dedicação e desejo de ser­vir. E os resultados - ainda que susceptíveis de muito aper­feiçoamento - estão à vista.

Eu chamo-lhe aqui a aten­~ão. Que leia e medite no que se diz atrás. E veja o que está feito. E pelo que está feito, imagine o que se poderá fazer no dia em que ele estiver dis­posto .a dar tudo por tudo e a dar-se completamente.

Um dia, .a um destes rapa­zes perguntei: «Até onde te posso pedir?» E sse respondeu­-me: «Até onde quiser».

Ora eu aproveito aqui es­clarecê-lo, a ele e aos outros, que não espero pedir-lhe «até onde eu quiser», porque pode­ria eu próprio enganar -me na medida exacta do querer. O que eu espero, sim, é poder pedir-lhes até onde fôr neces­sário.

Obras Beire é agora o centro prin­

cipal das nossas obras. Já dis­semos atrás que a Casa do Gaiato t inha as suas instala­ções residenciais e agrícolas

pràticamente acab.adas e que ora se trabalha no edifício das Escolas.

Porém, embora para já não vejamos o que será depois,

contamos, pela experiência pas­sada, que as necessidades indi­carão a obra que seguirá.

Um dos trabalhos escondi­dos, mas indispensável, em que nunca cessou a nossa act ivi­dade desde que nos entrega­ram aquela quinta,. foi a pes­quiz.a e aproveitamento das águas existentes. Po<lemos di­zer qu e neste ponto a quinta esteve a saque durante anos e anos. Encontrámo-la seca, to­talmente seca. Hoje, graças a Deus, a água já não é proble­ma.

Outr.a obra que nos ocupará ali, ainda por muitos anos, são os muros. Deles de suporte, deles de vedação. Tomos ido pelas maiores urgências, mas a verdade é que quase toda a propriedade exige uma refor­ma neste capítulo.

O Calvário, dentro de bre­ves semanas, contará com 35

nha que possa impedir pràti­camente o ambiente e espírito de Família. Por isso .até aos cem doentes.

E depois, se Deus quiser que sejam, outros Calvários serão, em outr.as quintas. Mande Ele os obreiros apaixonados e combativos pelo alargamento do Seu Reino. O resto ser á por acréscimo!

Das outras Casas do Gaiato nunca desapareceu o pedreiro nem o trolha, posto tiõas por acabadas. Pequenos arranjos, ampliações, conservação ... E, no Tojal, Padre Baptist.a to­mou sobre si a grande empre­sa ele renovar totalmente o te­lhado do velho Palácio Pa­triarcal. Era uma necessidade inadiável, que os últimos in­vernos tinham sido dentro quase tão desabridos como fora de casa. Em Setúbal, fi­nalmente, preparamo-nos para

O edi/íc:io dos C. T. T. e da G. N. R. este ano inauguradc.

camas para outros tantos doen­tes. Pararemos um pedacito até que estes estabilizem e nos dêem oportunidade de irmos descobrindo o como da realiza­ção de uma obra que Deus quer e que Ele irá revelando quando e consoante fôr preci­so'.

Depois de ganha a experiên.. eia dos permenores específicos da vida daquela comunidade (que por ora estamos quase só em princípios de acção) iremos ampliamio a lotação, pela construção de mais casitas pe­queninas, a cheirar muito a Família, até às 100 camas.

Mais não! Tal como para .as Casas do Gaiato, também aqui não convém a dimensão tama-

a constru ção do Lar na cidade, onde instalaremos as oficinas daquela Casa, ficando a actual só de Lavoura. É o aproveita­mento de uma oportunidade feliz, que nos resOilve o proble­ma do Lar (que sempre se vi­ria a pôr) e nos permite dar a mão e responder que sim a uma antiga insistência de uma Entidade que deseja e confia no nosso auxílio.

Não foi por má vontade que até hoje dissemos que não. Agora é a esperança nos nos­sos seminaristas e nos rapazes que hão-de ir acudindo, gene-rosos, à chamada ao serviço da Obra, que nos encoraj.a a dizer que sim.

Colónias de Férias Como os mais anos também

este houve delas, em Ericeira, Senhora da Pieãade de Mi­randa do Corvo e Azurara. Como sempre seminaristas de várias dioceses foram os es­teios desta actividade. Esteios devotados. Que vieram por paixão e partiram mais l\pai­xooados. Mais certos de que o grande testemunho de qde o Mundo espera para .acreditar e seguir a Cristo, é o mesmo, simples e total testemunho de amor que foi escândalo dos primeiros séculos da nossa

era: « Vêde como eles se amam».

Só pelos futuros sacerdot es que nos procuram, movidos já por uma inquietação que a graça produzira neles e que partiram com essa inquieta­ção incurável-só por eles, di­go, valia a pena mantermos as nossas colónias.

E o bem que elas fazem à saúde à.os nossos rapazes; e à dos outros das ruas de Coim­bra que todos os .anos têm os seus vinte dias de ar puro e refeições certas e abundantes

às horas próprias, e a novida­de de uma cama para cada um com lençois e cobe.rtores; e água corrente e chuveiros . .. -- e esse bem 1 !

Embora sej.a mais uma acti­vidade a dist rair-nos e a sobrecarregar-nos, aceitamos contentes essa periódica sobre_ carga, e esperamos continuar fieis à tradição.

Tanto assim, que na Senhora da Piedade Padre Horácio nãO' tem cess.aJo, ano após ano, de introduzir melhoramentos nas instalações ãas Colónias. E em Azurara começámos este ano a construção de um belo edifício, mesmo na praia, jun­to ao pinhal, que, querendo Deus, já funcionará no verão de 1959. E na Ericeira pensa­:;a-se já em ap1•oveitar um pe­dacito da larga serrania, que parece pertencer-i10s (o que não está aind.a bem definido!) para aí construirmos a ('.asa­-abrigo dos nossos colonos, que vêm, desde há nove anos, ocu­pando uns barracões quase prestes à ruína total. Espera­mos que este verão os nossos p róprios rapazes darão come­ço à Obra, enquanto fôrem as Colónias. CONTINUA NA QUARTA PAGINA

CALVARIO CONTINUAÇÃO DA i.n PAGINA

Lisboa torna com 400$ e uma prece com SOS do Dafundo, com roupa de Entre-Campos. Mais co­bertores, gravata~ e tabaco. «Uma portuense qualquer» aparece pontualmente e generosamente com 20$. De Gaia, por mãos do Alfredo, mil escudos. Outra vez Penafiel com 100$. Visitantes deixam um pouquinho ·de si mesmos. Bem hajam. ·

Nos viveiros de Amarante dois atados de árvores para ornamen­tação do Calvário. No Porto, re­médios com promessa de tornar. É a vez dos assinantes que man­dam entregar aqui o excedente at~ pagamento do jornal. Ora o Avelino at im tem feito. Um tan­to para ele, outro tanto para nós. Na maior parle dos casos estamos com vantagem de quem emLereça.

«Do meu primeiro ordenado, SOOS». Mais carinho de Torto­zendo, de Proença-a-Nova, do Porto e de Lisboa. Que ninguém clame contra a capital, que lá encontra-se gente muito boa. Por devoção aos doentes, 3S$. Uma mãe que sofre, 20$. Do Funchal, 100$. Igual parcela dum dina­marquô.J amigo. Maria dos Sa­cários Calvário, com metade. cQue eu possa aparecer muitas vezes» - 100$.

Voltam os assinantes com 200S e crom SOS. De Ponta do Sol -Madeira, 100$. Com o td'obro, surge agora um anonuno do Porto. O Porto gosta da discre­ção. Do Presépio da R. Faria Guimarães, 70$.

Mais terras: Viana do Castelo, 100$. Alcobaça, SOS. Valongo, 20$. Campo, 20$. Viana, 1.SS. Mação, SOS. Matosinhos, 70$. Foz Coa, 1008. Vila Fernando, CONTINUA NA QUARTA PAGINA

Página 4 « 0 GAIATO»

Relatório de 1958 do aniversário. O 1. • volume do «Pão dos Pobres)) está qua.. se pronto. Esperamos mesmo que quando tiver saído o pró­ximo jornal alguns exempla­res terão seguido já o seu des­tino a caminho dos assinantes da nossa Editorial.

CONTINUAÇÃO DA 3.ª PAGINA

O Gaiato e nossa Editorial O que eu tenho aqui a dizer

em abono da verdade e em desprimor dos nossos Ex.mos Tipógrafos é que este volume já devia ter saído há meses, se não fôra o bocadito de menos ordem (para não dizer desor­dem) que às vezes po~ lá lar vra.

Do Famoso, nada acrescen­t aremos ao que foi dito no nú­mero do seu aniversário em 1959.

É bem eloquente o testemu­nho de tantos leitores, tanto faz diplomados, como sabendo a. custo ler e escrever. No apre_ ço, na devoção ao jornal, todos são unânimes - sinal de que ele conserva .aquela universa­lidade que só a Verdade dá, a Verdade que está ao alcance de todos os homens de boa fé, ricos e pobres, sábios e incul­tos, porque a Verdade é pes­soa em Cristo e a Cristo quem é que não entende1 E enten­dendo quem O não ama? E amando-O, quem O não quer senir?

Ora eis «Ü Gaiato»! «0 Gaia_ to» que Pai Américo nos dei­xou e que, apesar eia falta de­le, Tisi vel, nas suas colunas (ó prodígio, para confusão nossa e aumento da nossa Fé!) con­tinua sendo precisamente o mesmo : Um clamo,r de Justiça e um grito de Esperança a dizer ao homem que ele é me­lhor do que se julga.

SELEM «Uma casa de fanúlia para as sem família».

CONTINUAÇÃO DA l.ª PAGINA Está a decorrer o mês consa­

grado a S. José, o incansável prolector de Jesus e Maria e também das nossas «belenitas», pois que a Obra é consagrada à Sagrada Família. Que Ele venha ajudar-no;; a resolver todos os problemas próprios duma Obra que começa do nada, para que cm breve a casa esteja cheia de raparigas e com a sua vida nor­malir;ada.

E iiqui fica este apelo a todos 05 Josés de Portugal: que cada um, conforme a caridade lho inspirar, procure honrar neste mê5 o Santo do seu nome, tor­nando-se como que o seu braço direito na ajuda dispensada a «Belé:m» !

Damos a seguir a relação de algun5 donativos recebidos até 25 de Fevereiro pp. que o espaço no jornal não consente que vão hoje todos.

De Moimenta da Beira- 20$. Duma amiga de Lamas, que nos -visitou no dia de Carnaval e trouxe rebuçados às pequenas-50$. Em vale - 30$. Louça de cozinha entregue no Tojal. De «Marias» de Besteiros, 2 cesto~

.de tangerin:. e duas vezes SOS. (A estas temos oo pedir desculpa por só agora acusarmos a recep­ção). À Maria de Fátima respon­.d.emos que tudo foi recebido, agradecendo o ~eu cuidado. Deu~ seja louvado! O no$so endereço : Belém -

Vildemoínhos - Vis€111. Páscoa feliz em união com

Cristo é o que deseja a todos vós a,

Inês

O jornal do aniversário saiu há' poucos dias para a rua. Ele ia cheio de ecos .dos seus leito­res. Pois o correio destes dias traz-nos novos ecos d.a emo­ção que este jornal deixou ne­les. Até assinantes novos, por causa dele!

Bendito se.ja o Senhor, nosso Deus!

Das nossas edições, também falámos no passado jornal, o

Esperemos que eles se me­tam em brios e que antes de um. ano esteja na rua o 2.0 vo­lume do «Pão dos Pobres».

A Festa do Coliseu Não é que seja um facto

extraordináriop Antes, um ve­lho costume que se interrom­peu apenas no ano seguin te à partida de Pai Américo. Em todo o caso o Coliseu é alguma coisa que revolve esta Casa de Paço de Sousa, sempre que se l~ vai. Este ano, sobretudo, havia a emoção de nos apre­sentarmos pela primeira · vez sem Pai Américo, posto tives­semos procurado fazer sentir a sua presença tanto quanto nos fosse possível. E parece que, graças a Deus, consegui­mos.

Depois, o momento em que a festa decorreu foi de parti­cular nervosismo em toda ·a

Nação. Dias depois era o Campeo­

nato dó Mundo de Hoquei em Patins. Chegámos a pensar que o Coliseu este ano teria clareiras.

Pois contra toda a lógic.a o Coliseu esgotou-se e vende­ram-se bilhetes sem lugar e a atmosfera esteve quente como nunca.

Se nós não conhecêramos já o Porto de experiênéi.a pró­pria, e não tivêssemos nos ou­vidos e no coração o conheci­mento que dele tinha Pai Amé­rico, teria brotado dos n ossos lábios, irreprimível, como dos dele, o grito da doce surpres.a: «Quão tarde te conheci !>

BELEM Ainda que esta Obra se não

registe aqui como uma activi. dade nossa (que o não é, nem sequer da nossa responsabili­dade!), há, contudo, afinida. des que nos deram uma peque­nina parte na sua efectivação e muita alegria pelo seu apa. r ecimento.

Assim como o rapaz, a rapa­riga abandonada carecia de uma Casa onde conhecesse o amor de família e pudesse co. lher da fertilidade deste amor todos os benefícios que lhe eTi.tassem quedas e a fizessem até ressurgir delas, se as hou-

vessse, para uma vida digna ele si e útil para todos.

Viseu teve a felicidade de ver o nascimento de tal obra, a qual sempre andou no cora... ção paternal de Pai Américo, que, assim como da «Obra da Rua», também de «l~elém» é o Mestre da pedagogia e da espiritualidade que há-de dar às suas obreiras coragem para acreditar e esperar e realizar o impossível.

Aqui deixamos, pois, o sinal ào nosso regozijo e a certeza da fraternal colaboração d.as duas Obras.

CONTAS Como sempre as nossas são

ao contrário das contas da maioria. Podemos mesmo di­zer: ao contrário das de todos os homens prudentes, que não foram chamados a mergulhar incondicionalmente nos braços da Providência divina.

Nós nfio sabemos de ante­mão quanto vamos gastar em cada ano. Tampouco de quanto n.mos pr ecisar.

Sabemos apenas, com uma certeza dfl Fé, que as receitas serão condiC'ionadas pelas des. pezas necessárias à .obra que Deus quiser que nós fa<:amos.

Pai Américo dizia: «A ne­cessi<lade do Pobre é a nossa receita>. «0 Rapaz abandona­do, miserável, que nos proru­r a, trns com a sua necessicla­de de tudo, tudo quanto é pre­ciso para lhe acudir». Quem

diz o rapaz, diz o Doente do Calvário. Quem diz o Doente, qiz a Mãe viúva que vem com o seu ranchinho pe­di r que lhe tomemos conta de alg-uns e a quem nós despedi­mos na companhia deles todos, quando ela é capaz de os edu­car, com a promessa de que todos os meses irá a renda da casa. ou a renda do pacleiro, ou do merceeiro, de modo que não haja no seu lar a angús­tia riue a fome trás.

Só este último capítulo so­be por ano à ordem <las cen­tenas de contos. Não nos per­{!unt e.m riue não sabemos con­ta exacta e temos por profa­na(}ão sabê-lo. Sabemos que vai por aí fora e, embora cause surpresa a muitos, nun<'a fal­tou nada aos nossos Rapazes, ~em aos nossos Doentea, por

TRABALHO Por especial deferência do

seu Ex.mo Director, temos esta­do nas oficinas gráficas de cO Primeiro de Janeiro», um dos m•tutinos mais valorosos da im­prensa portuguesa; e diga-se: desse estágio algo temos aumen­tado a nossa. pequena bagagem.

Estarnos na ampla oficina de composição onde pontificam os Senhores Amaral, Rafael e Bran­dão. Tudo aqui parece uma de­sordem e faz confusão a quem não esteja habituado nestas li.áes de tipografia, pelo elevado nú­mero de máquinas compositoras, tituleiras, mesas de distribuição, paginação, carradas de original, por vezes difícil de decifrar, colocando os linotipistas em apu­ros. Galeões . . . Gravuras ..• Anún­cios ...

Ninguém imagina as voltas que um jornal dá, até que saia para a rua. Quantas canseiras e pro­blemas não cria. Aqui estão as pá.gnas prontas Vão dar en­trada na calandra para fazer

• 1 a matriz; passam à esterio-tipia; seguem para a máquina impressora. Aqui parece uma ci­dade nova, com. seus grandes atractivos, com suas maravilhas.

A máquina tem o comprimen-

causa do que repartimos do que para eles veio por outros irmãos de todos nós que so­frem o estigma da miséria.

Por isso, essa legião de pre­sentes, cada qual com a sua devoção : «O da viúva que só dá pão ao filho, quando ele barrega»; o «do velhinho do Barredo errÍ que falava no úl­timo jornal» ... e muitos e mui. tos e muitos, tantos que cus­t.aria a chegar ao fim se tal intentássemos !

Depois, surgem norvas obras. Foi o Património. Depois o Calvário. Agora é «Belém». Ao mesmo tempo um assinante que levanta a dedo e sug-ere a Campanha dos «30.000X 20$= = 50 casas»-e aí temos nós a avalanche.

E uma obra nã~1 tira à ou­tra l Parece até que refina o gosto de dar. Como é verdade que a «Obra da Rua» dã a oportunidade ao homem de co­nhecer que é melhor do que se julgava! E que feliz ele fica, e que Amigo!, no d ia em que deixou vencer o seu e{!oísrno, e pôs a sua algibeira à dispo­si<:ão dos Trmãos que sofrem, até à própria participat:;ão sua nos sofrimentos que os afli­gem! Ch~gados a este ponto, se­

nhores, é sempre assim: A nos. sa angústia atinµ-e o auge.

A angústia de quem toca no Divino sem o merecei e sem ser capaz (talvez por isso mesmo) de ~ritar aos outros homens, e de fazer arre<litar a todos os homens, a \ ' e1·rlacle ne um Deus que é Pai ílesen­tranh.a<lO em amor, ·até fio ex­tremo d~ participar 110 dia a dia da vida de c·ada um de nós.

Bendito seja o Senhor Deus dE: Israel! nen<lito seja O Seu Nome! Bendito seja !

Eis as contas da «Obra da Rua».

to de vinte e tal metros. Os enor­mes maços de papel passam por entre uma infinidade de ro­los, à velocülade de 50 mil à hora, (podendo, se preciso for, atillgír os cem mil), até que o jornal sai perfeito, colorido e va'i dali a instantes, saciar o lei- . tor, ávido de novidades».'

Uma coisa que go~tosamen­te anotamos é que uma gran­de parte do papel consumido vem de Cacia - Aveiro.

É na Impressão que está parte do êxito do jornal. Pode ser m1â­to bom em todos os aspectos, mas sendo mal impresso... Senhor Faustino toma todas as precau­ções e o jornal aparece sempre na rua com roupagem elegante.

Se por qualquer motivo a ener­gia eléctrica faltar, lá está a

. central própria da empre::a, oa­paz de abasteaer uma cidadezi­nlia. Não falamos ainda na ma­gnífica casa de .obras, na grande biblioteca, na secção de gravura, onde, depois de reveladas as fo­tos, se passam para o ::inco. E as voltas que isto dá! O jornal depois de sair à rua já tem sua história t.ambém: o original, da redácção segue para os chefes da composição. Depois de destina­das as .medidas e os rorpn,ç em que são compostos, são entregues aos operadores das mú(1uiruis compositoras. E tirar provas, emendar, paginar, censura, este­reotipia, impressão e o público a gozar as delícias de sua leitura preferida.

Manifestamos o mais vivo agradecimento ao Senhor Direc­tor, chefes e todo o pe.çsoal que de maneira tão simpática rece­bem e:;te gaiato. Quando nos qui­zerem f a::er uma visita às nossas instalações, com todo o gosto os recebemos.

A finalizar trazemos para a letra de forma, com todo o f!,Osto; o respeito que todo o pessoal nu· tre pelos seus superiores. Pode­mos afirmar sem receio que o pessoal desta magní/ira em pre­za forma uma família. Desta j1inção de esforços, vem a lucrar o jornal, leitores e próprio pes­soal que devotadamente lhe em­presta o seu esforço e inteligên-cia. \

Para tndos e muito em espe· cial para o Snr. Dirertor. Snr. Dr. Va.çconcelos, Mário Fi{!ueire­do e Srrmpaio, vai o grande abra­ço do Gaiato .

Daniel

CAL VARIO CONTTNlJAÇÃO DA 3." PÁGINA 5íl$. «lTma humiJ1lP porlU('n«e», com ] OOS. De Arroio" - Li·­boa. a me"ma somn. l ' rn m1men­to rlP orrlPnarlo. l !)()$ Ou as ir­mãs rlP Ahrante<i. lOOS.

A assinanll" 4.02::\ f'n via-nos 4>00S. «Uma cloente pnrn o elo- _ entes», 20S. º" ni'1mP•o~ fa lf'lm. mas não rli7.em tudo. F.~tíit• longe dr traituzir a intrnsirlucle com q11P º" Pobre~ rlot>nlf'~ rln f.a lvá· rio foram ama<los. t> muito menos a paga desta doação fraterna.

Padre !foptista

Visado pela Comissão d~ C~nsura