Alfabetização e letramento na EJA

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Letramento na EJA Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática. Ana Regina Melo Salviano Maria das Dores Brigagão Norma D’ Albuquerque Augusto Regina Cláudia Coelho Netto

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Letramento na EJA

Uma visão transformadorade mundo, articulando

teoria e prática.

Ana Regina Melo SalvianoMaria das Dores Brigagão

Norma D’ Albuquerque AugustoRegina Cláudia Coelho Netto

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Letramento na EJAUma visão transformadora de mundo,

articulando teoria e prática.

Brasília, 2014.

Ana Regina Melo SalvianoMaria das Dores Brigagão

Norma D’ Albuquerque AugustoRegina Cláudia Coelho Netto

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REITORIA

ReitorGetúlio Américo Moreira Lopes

Vice-Reitor Edevaldo Alves da Silva

Pró-Reitora Acadêmica Elizabeth Regina Lopes Manzur

Pró-Reitor Administrativo e Financeiro Edson Elias Alves da Silva

Secretário-Geral Maurício de Souza Neves Filho

DIRETORIA

Diretor Acadêmico Carlos Alberto da Cruz

Diretor Administrativo e Financeiro Geraldo Jorge Batista Rabelo

ASSESSORIA DE EXTENSÃO E INTEGRAÇÃO COMUNITÁRIA

Assessora de Extensão e Integração ComunitáriaRenata Innecco Bittencourt de Carvalho

Documento Orientador

Alfabetização e Letramento na EJA: uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

Equipe da Educação de Jovens e Adultos:

Profª. Drª. Renata Innecco Bittencourt de CarvalhoProfª. MS. Ana Regina Melo SalvianoProfª. ESP. Maria das Dores BrigagãoProfª. MS. Norma D’ Albuquerque AugustoProfª. MS. Regina Cláudia Coelho Netto

Autores:Ana Regina Melo SalvianoMaria das Dores BrigagãoNorma D’ Albuquerque AugustoRegina Cláudia Coelho Netto

Capa: Bruna Saraiva Pagy

Dados  Internacionais  de  Catalogação  na  Publicação  (CIP)  

Salviano, Ana Regina Melo [et al.]

Alfabetização e letramento na EJA: uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática. / Salviano, Ana Regina Melo; prefácio; Renata Innecco Bittencourt de Carvalho. – Brasília: UniCEUB, 2014.

141 p.

1. Alfabetização. 2. Letramento. 3. Capacitação de Alfabetizadores I. Brigagão, Maria das Dores. II. Augusto, Norma D’ Albuquerque. III. Coelho Neto, Regina Cláudia. IV Carvalho, Renata Innecco Bittencourt de.

CDU 374.7

Ficha  Catalográfica  elaborada  pela  Biblioteca  Reitor  João  Herculino  

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Sumário

PREFÁCIO ................................................................................................................................................................................ 9

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................................... 11

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................... 13

CAPÍTULO I - CONHECENDO O ALUNO DE EJA .................................................................................................................. 191.1 DINÂMICA DA CABRA-CEGA.................................................................................................................................... 191.2 CARACTERÍSTICAS DO ADULTO ............................................................................................................................... 191.3 PRESSUPOSTOS PARA ATUAÇÃO NA EJA ................................................................................................................ 20

1.3.1 SLIDES ORIENTADORES > ARQUIVO ANEXO .................................................................................................. 201.4 DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO........................................................................................................................ 20

1.4.1 SLIDES ORIENTADORES > ARQUIVO ANEXO .................................................................................................. 211.5 CARTEIRA DE IDENTIDADE ...................................................................................................................................... 21

1.5.1 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO ........................................................................................................... 211.6 PEDAGOGIA E ANDRAGOGIA ................................................................................................................................. 22

1.6.1 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO ........................................................................................................... 221.7 REFLETINDO SOBRE A AUTOESTIMA ...................................................................................................................... 22

1.7.1 DINÂMICA: “A ESCOLHA” ............................................................................................................................... 221.7.2 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO ........................................................................................................... 241.7.3 TESTE SUA AUTOESTIMA ............................................................................................................................... 25

CAPÍTULO II - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: EVOLUÇÃO E COMPROMISSOS ...................................................... 292.1 BASE LEGAL EM EJA ................................................................................................................................................ 30

2.1.1 A CONSTITUIÇÃO ............................................................................................................................................. 302.1.2 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB 9.394/96 E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ..................................................................................................................... 30

2.2 EJA E AS AÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS: - AVANÇOS E PERSPECTIVAS ................................................. 312.2.1 MARCOS NACIONAIS ...................................................................................................................................... 31

2.2.1.1 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS .......................................................................................... 312.2.1.2 PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO – PNE (1993 – 2003) .................................................................. 322.2.1.3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. ..................................................................................... 32

2.3 MARCOS INTERNACIONAIS ..................................................................................................................................... 33

CAPÍTULO III - EJA: CONTEXTOS E REALIDADE .................................................................................................................. 373.1 DINÂMICA DE INTEGRAÇÃO (BIS) ........................................................................................................................... 373.2 DADOS HISTÓRICOS ................................................................................................................................................. 383.3. DADOS DA ALFABETIZAÇÃO SOLIDÁRIA ............................................................................................................... 39

3.3.1 – GRÁFICOS E TABELAS ................................................................................................................................... 393.4 DADOS ATUAIS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL .................................................................... 413.5 PANORAMA GERAL DA ALFABETIZAÇÃO NA EJA NO DISTRITO FEDERAL ........................................................... 433.6 PROGRAMAS FEDERAIS DE ALFABETIZAÇÃO ........................................................................................................ 443.7 PROPOSTAS GERAIS DE METODOLOGIAS DE ALFABETIZAÇÃO ........................................................................... 48

3.7.6 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO ........................................................................................................... 48

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CAPÍTULO IV - LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: PRINCÍPIOS GERAIS .......................................................................... 514.1 DINÂMICA DA CARTA ENIGMÁTICA ........................................................................................................................ 514.2 BASE CONCEITUAL .................................................................................................................................................. 52

4.2.1 LETRAMENTO É DIFERENTE DE ALFABETIZAÇÃO ......................................................................................... 524.2.2 ALFABETIZAÇÃO .............................................................................................................................................. 534.2.3 LETRAMENTO ................................................................................................................................................... 534.2.4 COMO ALFABETIZAR LETRANDO? .................................................................................................................. 53

4.3 ALFABETIZANDO, LETRANDO, MATEMATIZANDO E INTERDISCIPLINANDO EM EJA: - ALGUNS SEGREDOS... . 554.5 PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA: - USOS SOCIAIS ............................................................................................... 55

4.5.1 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO ........................................................................................................... 56

CAPÍTULO V - VISÃO GERAL DOS MÉTODOS ..................................................................................................................... 595.1 MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO ............................................................................................................................... 60

5.1.1 MÉTODO SINTÉTICO ....................................................................................................................................... 605.1.2 MÉTODO ANALÍTICO ....................................................................................................................................... 605.1.3 ECLÉTICO OU MISTO ....................................................................................................................................... 60

5.2 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO .................................................................................................................... 615.3 METODOLOGIA PAULOFREIREANA ......................................................................................................................... 62

5.3.1 DINÂMICA DO BALÃO ..................................................................................................................................... 625.3.2 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................................................................. 63

5.4 CÍRCULOS DE CULTURA ........................................................................................................................................... 635.5 PAULO FREIRE ........................................................................................................................................................... 66

5.5.1 BIOGRAFIA E IDEOLOGIA ................................................................................................................................ 665.5.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS ....................................................................................................................................... 665.5.3 METODOLOGIA ............................................................................................................................................... 66

5.5.3.1 FASES DE ELABORAÇÃO E DE EXECUÇÃO DO MÉTODO ................................................................... 675.5.3.2 EXCECUÇÃO PRÁTICA .......................................................................................................................... 67

5.6 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO .................................................................................................................... 685.7 PRÁTICA PEDAGÓGICA ............................................................................................................................................ 68

5.7.1 PALAVRA GERADORA EM PAULO FREIRE ...................................................................................................... 685.8 ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA ........................................................................................... 71

5.8.1 DINÂMICA: VOCÊ É DISCIPLINADO? .............................................................................................................. 715.8.2 NÍVEIS DE ALFABETIZAÇÃO ............................................................................................................................ 71

5.8.2.1 ASPECTOS DO NÍVEL PRÉ-SILÁBICO .................................................................................................. 715.8.2.2 ASPECTOS DO NÍVEL SILÁBICO .......................................................................................................... 735.8.2.3 NÍVEL SILÁBICO PARA O ALFABÉTICO ............................................................................................... 745.8.2.4 NÍVEL ALFABÉTICO ............................................................................................................................. 745.8.2.5 SÍNTESE DE ATIVIDADES NOS TRÊS NÍVEIS ....................................................................................... 76

5.9 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO ................................................................................................................... 765.10 EXEMPLOS DE ESCRITAS DOS NÍVEIS PRÉ SILÁBICO E SILÁBICO ...................................................................... 785.11 PROVA AMPLA ........................................................................................................................................................ 82

5.11.1 DINÂMICA: - PROCURANDO PALAVRAS. ..................................................................................................... 82

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CAPÍTULO VI - ALFABETIZAÇÃO E LÍNGUA PORTUGUESA ................................................................................................ 856.1 PRODUÇÃO DE TEXTOS ESPONTÂNEOS ................................................................................................................ 856.2 PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS ......................................................................................................................... 856.3 ASPECTOS DA ANÁLISE LINGUÍSTICA ................................................................................................................... 86

CAPÍTULO VII - MATEMÁTICA NO COTIDIANO DO ALUNO DE EJA .................................................................................. 897.1 BASE CONCEITUAL DA NUMERIZAÇÃO .................................................................................................................. 897.2 CONTEÚDOS A SEREM DESENVOLVIDOS COM ALUNOS QUE ATUARÃO NO PROJETO. .................................... 90

7.2.1 SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL ............................................................................................................. 907.2.1.1 MATERIAIS: .......................................................................................................................................... 907.2.1.2 CONTEÚDOS: ....................................................................................................................................... 90

7.3 MATERIAL DOURADO E OUTROS ............................................................................................................................ 917.4 DECOMPOSIÇÃO E COMPOSIÇÃO ........................................................................................................................ 927.5 ADIÇÃO ..................................................................................................................................................................... 937.6 SUBTRAÇÃO .............................................................................................................................................................. 957.7 MULTIPLICAÇÃO ....................................................................................................................................................... 967.8 DIVISÃO ..................................................................................................................................................................... 977.9 NÚMEROS FRACIONÁRIOS ..................................................................................................................................... 98

7.9.1 ADIÇÃO........................................................................................................................................................... 997.9.2 SUBTRAÇÃO ................................................................................................................................................. 1007.9.3 MULTIPLICAÇÃO .......................................................................................................................................... 1017.9.4 DIVISÃO ........................................................................................................................................................ 102

7.10 NÚMEROS DECIMAIS ........................................................................................................................................... 1037.11 OPERAÇÕES .......................................................................................................................................................... 104

7.11.1 ADIÇÃO....................................................................................................................................................... 1047.11.2 SUBTRAÇÃO – MÉTODO DA DECOMPOSIÇÃO (IDEIA SUBTRATIVA) ..................................................... 1057.11.3 MULTIPLICAÇÃO ........................................................................................................................................ 1077.11.4 DIVISÃO ...................................................................................................................................................... 107

7.12 MEDIDAS ............................................................................................................................................................... 109

CAPÍTULO VIII - PLANEJAMENTO ..................................................................................................................................... 1158.1 DINÂMICA DO AVIÃO............................................................................................................................................. 1158.2 PLANEJAMENTO ..................................................................................................................................................... 1168.3 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE AULA ...................................................................................... 1168.4 O ALFABETIZADOR EM EJA: - PRÁTICAS PARA CONSTRUIR CONHECIMENTOS EM SALA DE AULA ................ 1178.5 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO .................................................................................................................. 1198.6 AMBIENTE ALFABETIZADOR / LEITURIZADOR / MATEMATIZADOR ................................................................... 119

8.6.1 DINÂMICA: - ESCRAVOS DE JÓ. .................................................................................................................... 1198.6.2 CONHECENDO MELHOR O AMBIENTE / LEITURIZADOR / MATEMATIZADOR .......................................... 119

CAPÍTULO IX - FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO ......................................................................................................................... 1239.1 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO .................................................................................................................. 123

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................... 125

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Prefácio

É com imensa alegria e orgulho que escrevo este prefácio por acreditar que esta publicação repre-

senta uma atividade extensionista de excelência e contribuirá para a disseminação da capacitação de

alfabetizadores e, consequentemente, para a alfabetização de jovens e adultos em nosso país.

O Centro Universitário de Brasília-UniCEUB considera que a ampliação do acesso a esta publicação

significa um avanço significativo do esforço institucional para propiciar a inclusão social.

O projeto de institucional de extensão do Centro Universitário de Brasília “Alfabetização e letramen-

to na EJA” sob responsabilidade das professoras autoras desta publicação é desenvolvido desde 2003

até os dias atuais. Nesse período, os instrumentos utilizados para capacitação de alfabetizadores, bem

como para alfabetização de jovens e adultos foram aperfeiçoados pela equipe e resultaram na compi-

lação aprimorada do material utilizado.

Esta publicação foi cuidadosamente produzida como resultado dos esforços das professoras autoras

em diversas capacitações realizadas ao longo dos anos e tem como finalidade constituir um documento

orientador de cursos de extensão para capacitação de alfabetizadores.

As autoras desenvolveram os capítulos contemplando a base conceitual dos termos necessários

para a compreensão do significado de “alfabetização” e “letramento” suas interfaces e diferenças.

A conceituação da “Educação de jovens e adultos-EJA” foi abordada incluindo a base legal, os mar-

cos nacionais e internacionais. Além da compreensão conceitual e histórica, as autoras apresentam as

características e os diversos métodos de alfabetização dos alunos da EJA.

Para o planejamento e ações na sala de aula foi enfatizado o uso da língua portuguesa para produ-

ção de textos e da matemática para estimular a autonomia dos alfabetizandos na fase de construção

da leitura e da escrita.

Para apoio à capacitação, são apresentadas propostas de slides a serem projetados para ilustração

e orientação da capacitação de alfabetizadores e, ainda, quando necessário, dinâmicas de grupo e ati-

vidades a serem realizadas.

É uma publicação voltada para todas as pessoas alfabetizadas que, sensibilizadas pelas dificuldades

resultantes do analfabetismo, pretendem juntar esforços para a diminuição das desigualdades sociais e

para aquelas já envolvidas em ações semelhantes que buscam a formação continuada.

Aos interessados, desejo uma excelente experiência.

Profa. Dra. Renata Innecco Bittencourt de Carvalho

Brasília - DF, 2014.

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ApresentaçãoApresentação

Esta publicação, fruto de estudos e pesquisas, elaborado pela equipe pedagógica do Projeto Institu-

cional de Extensão: Alfabetização e Letramento na EJA: uma visão transformadora de mundo, articulan-

do teoria e prática, propõe capacitar alfabetizadores, selecionados entre os acadêmicos do UniCEUB e

integrantes da comunidade externa, a atuarem em locais onde existir essa necessidade.

Com base nos teóricos da área e na metodologia organizada para essa capacitação de alfabetiza-

dores, a equipe pedagógica estruturou este material orientador com o objetivo de atender aos temas

necessários para uma formação adequada. Assim, as aulas foram estruturadas levando em conta o

conhecimento acumulado no campo da alfabetização, os construtos pedagógicos adquiridos durante o

processo e a integração dos participantes numa perspectiva dialética com ênfase na troca de saberes

e experiência, na construção das práticas pedagógicas das diferentes metodologias, na relação afetiva

que deve permear o processo de aquisição de habilidades para o domínio da leitura e da escrita de

jovem e adulto.

Para conseguir os fins a que se destina, o projeto de capacitação de alfabetizadores organiza-se em

70 horas, distribuídas em 35 aulas, com 2 horas de duração. Os momentos presenciais incluem aulas

teóricas, atividades práticas em grupo e individuais, oficinas para confecção de materiais, simulações

de situações de sala de aula e dinâmicas de grupo interpessoais, intragrupais e intergrupais. P o r -

tanto, o alfabetizador (a) pense, leia, estude, pesquise, utilize, adapte e crie conforme sua necessidade,

seu interesse e de seus futuros alunos em sala de aula. Ouse ser desafiador (a) com jovens e adultos!

Transforme a realidade alfabetizando pessoas por meio da alfabetização e do letramento.

Conquiste seu (a) aluno (a) para a produção de textos orais e escritos, para o exercício e aplica-

bilidade do cálculo, do uso matemático no seu dia a dia e incentive o trabalho com outras áreas do

conhecimento.

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IntroduçãoIntrodução

O Projeto Institucional de Extensão: Alfabetização e Letramento na EJA: uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática, enfatiza a preocupação da Instituição de Ensino Superior Uni-CEUB, na formação integral do ser e no resgate de valores essenciais à vida humana para a construção de uma sociedade mais democrática. Portanto, o presente projeto insere-se como atividade da Asses-soria de Extensão e Integração Comunitária do UniCEUB, com o objetivo de participar, de maneira efe-tiva, do enfrentamento da questão da inclusão social, colaborando para alfabetizar aquela parcela da população que ainda não se beneficiou dessa conquista. Dessa forma, a participação voluntária do corpo docente, do corpo discente, dos funcionários e da comunidade representa esforço conjunto para a consecução dos quatro pilares da educação definidos na Conferência da UNESCO – Relatório da Co-missão Internacional sobre Educação para o Século XXI, (2001): aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

O aprender a conhecer refere-se à aquisição de competências destinadas à compreensão que in-cluem o domínio do conhecimento, das relações interpessoais e, assim, constroem conhecimentos, exercitam o pensamento, a atenção e a memória, selecionando as informações efetivas para o processo de ensino e aprendizagem ocorrer de forma contextualizada.

Quanto ao aprender a fazer, pode ser compreendido como um aspecto que desperta e estimula a criatividade à descoberta construtiva do trabalho, da participação e da importância da comunicação entre o homem e a sociedade.

No aprender a viver juntos, destaca-se a importância de conviver com os outros em espaço estimu-lador de projetos cooperativos que objetivam o desenvolvimento solidário.

Na concepção do aprender a ser, todo ser humano deve estar preparado a elaborar pensamentos críticos e autônomos, capazes de reformular juízos de valor próprios, de modo a poder decidir por si mesmo como agir em diferentes circunstâncias da vida.

Nesse sentido, a preparação pedagógica de alfabetizadores assume o caráter de ação essencial para que a transformação social, política, a questão da inclusão e do resgate da cidadania se efetivem. Por outro lado, contribui para a melhoria da qualidade de vida, para a realização pessoal dos participantes e para o desenvolvimento de maior solidariedade entre as pessoas, conforme apontado na Declaração Universal sobre o Voluntariado.

Para apresentar os diferentes aspectos da alfabetização de jovens e adultos, a capacitação discute as ideias de Maria Montessori (1950), Piaget (1960), Paulo Freire (1965), Vygotsky (1980), Emília Ferreiro (1983), Ana Teberosk (1985), Esther Grossi (1990), autores cujas ideias norteiam a base metodológica das atividades desenvolvidas durante as aulas.

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

Conteúdo programático

Objetivos

GeralOferecer a capacitação de estudantes do UniCEUB e comunidade externa propiciando conhecimen-

tos gerais, metodologias apropriadas à educação de jovens e adultos, atividades manuais geradoras de renda , dentre outras.

EspecíficosConhecer as características básicas dos jovens e adultos; Habilitar e qualificar o professor de jovens e adultos; Caracterizar a realidade da educação de jovens e adultos; Contextualizar letramento e alfabetização; Apresentar e caracterizar métodos e processos de alfabetização: sintéticos, analíticos e ecléticos

ou mistos; Evidenciar os pressupostos e os processos metodológicos da pedagogia de Paulo Freire, quanto à

aplicabilidade; Identificar conhecimentos básicos sobre a psicogênese da alfabetização e seus procedimentos

metodológicos; Situar e caracterizar a numerização como elemento constituinte do processo de alfabetização e

seus respectivos procedimentos metodológicos; Identificar as etapas do planejamento; Organizar e sistematizar oficina pedagógica visando à elaboração e à organização de material

didático pedagógico para construir ambiente alfabetizador. Identificar as habilidades e competências manuais, culinárias, criativas, aplicando e incentivando

o desenvolvimento de técnicas que contribuam com a geração da renda familiar.Orientar e preparar o trabalho pedagógico do alfabetizador.

Objetivos

Conteúdo programático

O adulto: características do aluno jovem e do adulto;Autoestima e sua relevância no processo de ensino e aprendizagem; A educação de jovens e adultos no contexto histórico da educação brasileira;O letramento e a alfabetização: princípios gerais;Os métodos e os processos de alfabetização: visão geral sobre os processos sintéticos, analíticos

e ecléticos;A pedagogia de Paulo Freire: seus pressupostos metodológicos;A psicogênese da alfabetização e sua construção pedagógica;Produção de texto: expontâneos, escritos e análise linguística;As etapas do planejamento;A numerização: características, princípios básicos e metodológicos;As oficinas pedagógicas e o ambiente alfabetizador: construção de materiais pedagógicosO desenvolvimento das habilidades e competências para geração de renda.

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

Ampliando a alfabetização

Metodologias e recursos didáticos

A capacitação dos alfabetizadores tem como princípio metodológico a construção coletiva de co-nhecimentos, a vivência e o planejamento das intervenções didáticas que possibilitem ao alfabetizador a instrumentalização teórico-prática para assegurar os modos de articular nos processos de ensino e aprendizagem e recriar prática de ensino própria de forma reflexiva e crítica.

As atividades são desenvolvidas por meio de trabalhos participativos que procurem estimular o de-senvolvimento do conteúdo programático em situações de troca de experiências. Para isso, os encon-tros de capacitação foram organizados em forma de aulas expositivas dialogadas, leitura e discussão de textos, oficinas pedagógicas e diversificadas técnicas de grupo. Para que haja maior integração e vivência na construção das ideias dos textos estudados, utilizam-se retroprojetor, sistema multimídia, flip chart, cartazes, vídeos, quadro de giz, entre outros recursos.

Outro procedimento metodológico é o caderno-volante, que é fornecido pelo professor para que sejam realizados os registros coletivos da turma. Cada dia, um (a) aluno (a) é escolhido, logo no início dos trabalhos, para anotar o que foi interessante o que chamou atenção, as dúvidas das atividades desenvolvidas, o destaque da aprendizagem de algum colega, um elogio e outros comentários que se fizerem necessários. O caderno-volante ajudará o (a) futuro professor (a) a ter referencial do que foi desenvolvido no decorrer da aula, a problematizar, junto aos colegas, o que foi estudado e discutido em sala e, ao mesmo tempo, terão visão da rotina do contexto da sala de aula e poderão pesquisar o que foi ministrado.

A necessidade de ampliar o conhecimento a respeito da área de alfabetização motivou a inclusão de organização de projetos de pesquisa e de intervenção resultando no que se denominou ampliando a alfabetização.

Nessa perspectiva, compreende-se a sala de aula como um espaço onde se realizam trocas de expe-riências variadas. O alfabetizando traz consigo uma bagagem de conhecimentos que precisa ser organi-zada e partilhada com os demais colegas. O alfabetizador como estimulador do processo de aquisição/ construção da leitura e da escrita deve propiciar o processo de ensino em função do sucesso da apren-dizagem de seus alfabetizandos. Tal construção envolve a compreensão da dinâmica da organização social.

Pensando assim, há necessidade de organizar e selecionar um conjunto de ações, passos, condições externas e procedimentos que nortearão a metodologia mais adequada ao trabalho em sala de aula.

Assim, torna-se necessário inserir a pesquisa na formação do alfabetizador que deverá estar atento aos acontecimentos da sala de aula para buscar novos temas para enriquecer o cotidiano dos alfabeti-zandos.

Nesse sentido, a elaboração de projetos de pesquisa na área representa não só um instrumento adequado à percepção das diversas interfaces da alfabetização mais também oportuniza o aprofun-damento teórico necessário capaz de ultrapassar a mera capacitação para promover a alfabetização, proporcionando olhares variados sobre a área.

Como metodologia, privilegiou-se a escolha do método independente de trabalho que consiste em realizar tarefas dirigidas e orientadas pelo professor-capacitador para que os alunos aprofundem co-

Metodologias e recursos didáticos

Ampliando a alfabetização

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

Avaliação

nhecimentos de modo relativamente independente e criador, visando à execução de projetos de pes-quisa ou de intervenção na área da alfabetização de jovens e adultos.

Para Libâneo (1994, p. 163) ”... trabalho independente pressupõe determinados conhecimentos, compreensão da tarefa e do seu objetivo, o domínio do método de solução, de modo que os alunos possam aplicar conhecimentos e habilidades sem a orientação direta do professor...”(capacitador).

Este tipo de trabalho envolve etapas que são assim delineadas:n Preparação (escolha do tema/ assunto/ pesquisa de campo);n Organização/ assimilação no grupo para partilhar ideias, a construção da pesquisa realizada;n Apresentação de formas variadas dos temas pesquisados e articulados com educação /alfabetiza-

ção cidadania/ inclusão social e outras áreas do conhecimento que o grupo achar pertinente.

Sugerimos a seguir algumas temáticas que poderão ser escolhidas pelos alfabetizadores: Cidadania/Direitos humanos; Direito à Educação e a Alfabetização; Educação/Saúde/Alfabetização Higiene pessoal e ambiental Alfabetização e Geração de renda: trabalho, ações coletivas, cooperativismo; Educação/Alfabetização/Moradia; Alfabetização/Inclusão Social e Cidadania; Alfabetização/Exclusão Social; Alfabetização/Analfabetismo/Letramento; Universidade/Responsabilização Social/ Alfabetização Nutrição

Da capacitação dos alfabetizadoresNa avaliação da capacitação, entendida como processo contínuo, em função do conhecimento a

ser construído com os alfabetizadores, incluem-se não só habilidades e atitudes perante os trabalhos organizados na sala de aula mas também a freqüência, a pontualidade, a participação em discussões e debates, a integração nos grupos e os momentos de auto-avaliação. A avaliação é realizada durante todo o processo da capacitação.

Dos alfabetizandosEm particular, avaliação dos alfabetizadores será realizada em etapas para que seja verificado o pro-

cesso evolutivo na aquisição das habilidades da leitura e escrita. As etapas 1 e 2 serão realizadas pelos alunos alfabetizadores durante o processo de alfabetização. A etapa 3 ou final será elaborada e aplicada pela equipe pedagógica do projeto.

Das atividades desenvolvidas no processo de alfabetizaçãoO aluno alfabetizador será acompanhado por meio de encontros e visitações aos locais de trabalho

ou de acordo com a necessidade dos alfabetizadores em horários a serem definidos.

Avaliação

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

Levantamento das expectativas

Orientações gerais

Apresentação da equipe pedagógica;Apresentação do projeto;Dinâmica de apresentação: círculo dos cartões;Orientações sobre os encontros;Orientações sobre o caderno-volante;Levantamento das expectativas;Termo de compromisso;Perfil do alfabetizador.

Nome do aluno: ________________________________________________________

Quais são as suas expectativas em relação:

n À capacitação?n Ao trabalho que poderá realizar junto à comunidade de jovens e adultos?

Orientações gerais

Levantamento das expectativas

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CAPÍTULO I

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Letramento na EJA

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

CONHECENDO O ALUNO DE EJACONHECENDO O ALUNO DE EJA

1.1 Dinâmica da cabra-cega1.2 Características do adulto1.3 Pressupostos para a atuação na EJA

1.3.1 Slides Orientadores1.4 Diagnóstico socioeconômico

1.4.1 Slides Orientadores1.5 Carteira de identidade

1.5.1 Slides Orientadores1.6 Andragogia e Pedagogia

1.6.1 Slides Orientadores

1.1 DINÂMICA DA CABRA-CEGA

1) O animador pede que a turma se divida em duplas2) A formação das duplas fica à escolha da turma3) O animador explica que um dos participantes da dupla terá os olhos vendados e que será guiado

pelo companheiro4) O guia do colega terá todos os cuidados necessários para que nada, nem ninguém venham a ma-

chucar, esbarrar ou prejudicar seu parceiro5) Após alguns momentos, com música ao fundo, o animador dará o comando de troca de situação:

quem estava de olhos vendados, agora, guiará o outro6) Ao final da atividade, cada participante dará seu depoimento com relação ao que sentiu nas duas

posições sugeridas pela dinâmica.

É importante ressaltar ao grupo que a mesma sensação de insegurança e desconforto, por estar de olhos vendados e ser guiado por outra pessoa, é a que o aluno de Educação de Jovens e Adultos – EJA – sente, pois está cego diante do mundo alfabetizado.

1.2 CARACTERÍSTICAS DO ADULTO

Antes de iniciar o processo de alfabetização com jovens e adultos, é necessário conhecer algumas características comuns dos seus futuros alunos para que você possa melhor atuar em sala de aula.

O jovem e o adulto, em fase de alfabetização, apresentam desejos e vontades de concretizar o apren-dizado da leitura e da escrita para melhor viver em sociedade. Vejamos alguns desses aspectos: n COMPROMETIMENTO COM A REALIDADEn EXPERIÊNCIAS ANTERIORESn MUDANÇAS FISIOLÓGICASn perda de memória;

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

n perda de energia geral ou vigor físico;n diminuição da acuidade visual;n diminuição da acuidade auditiva;n capacidade de aprender.

1.3 PRESSUPOSTOS PARA ATUAÇÃO NA EJA

n Os adultos devem ter vontade de aprender;n Os adultos esperam resultados úteis da aprendizagem e aprendem, principalmente, o que

sentem necessidade;n Os adultos esperam receber orientações e não notas;n Os adultos aprendem fazendo;n Os adultos aprendem melhor por meio de problemas reais;n Os adultos possuem vasta experiência que influencia a aprendizagem;n Os adultos necessitam de métodos variados para aprender;n Os adultos possuem ritmos diferentes de aprendizagem;n Os adultos aprendem melhor em ambiente informal;

1.3.1 SLIDES ORIENTADORES > ARQUIVO ANEXO

1.4 DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO

Conhecer os educandos

É fundamental conhecer quem vai aprender. Jovens e adultos não escolarizados ou pouco escolari-zados são portadores de cultura e dominam uma série de conhecimentos e habilidades, inclusive sobre escrita e números. Por exemplo, muitos deles:

n Conhecem letras do alfabeto, sabem ler o próprio nome, identificam rótulos;n Lêem, às vezes, anotam números de telefone e números que manejam cotidianamente;n Fazem cálculos mentalmente.

Esses conhecimentos são construídos nas experiências de vida e de trabalho e são gerados como respostas a necessidades e problemas. Funcionam para o contexto em que foram desenvolvidos, mas não são generalizáveis e, muitas vezes, não são representados segundo normas e convenções dissemi-nadas pela escola.

Freqüentemente, jovens e adultos não escolarizados dão pouco valor àquilo que sabem, assimilam o estigma que a condição de analfabeto representa em nossa sociedade. Isso pode fazer com que muitos nem se apresentem a um programa de alfabetização.

A montagem de grupos de alfabetização exige, então, sensibilidade e conhecimento do público-alvo. É preciso saber quem são os educandos, suas expectativas, suas histórias de vida, seu percurso escolar, profissional e familiar, descobrir o que sabem e o que querem aprender. A coleta dessas informações, além de aproximar o educador dos educandos, pode ser fator de mobilização de jovens e adultos para participar do programa educativo.

É necessário afinar a sua caracterização. Isso pode ser feito por meio de conversas individuais ou em pequenos grupos, com base nas quais podem ser montadas fichas de informações sobre os educandos com as seguintes informações:

n Data de nascimento;n Cidade e estado onde nasceu;n Há quanto tempo está na cidade em que mora;

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n Estado civil;n Número de filhos e suas idades;n Se os filhos vão à escola e, nesse caso, que séries cursam;n Se já estudou quando era criança, até que série completou e em que tipo de escola (urbana ou

rural);n Se já participou de alguma classe de alfabetização ou outro tipo de escola para adulto e qual

(Mobral, supletivo, etc.);n Se já participou de outro tipo de curso ou treinamento, qual (quais) e quando;n Qual é a sua profissão e o que faz no trabalho;n Quais as situações em que precisa da escrita, da leitura e do cálculo no trabalho e na vida co-

tidiana;n Como enfrenta essas situações. Com esses dados, o educador pode descobrir valiosas indicações sobre os educandos.

1.4.1 SLIDES ORIENTADORES > ARQUIVO ANEXO

1.5 CARTEIRA DE IDENTIDADE

Eu me chamo _______________________________________________________________, mas gosto de ser chamado por _________________________________________________________________. Eu sinto alegria em __________________________________________________________________. O que mais gosto em mim é ___________________________________________________________. A palavra _______________________ e o número __________ representam melhor a pessoa que sou. Eu me sinto realmente bem quando vou a lugares, como _____________________________________________________________________________________________________________________. Detesto quando alguém __________________________________________________, mas adoro quando alguém _____________________________________________________________________. Nas horas vagas, eu gosto de __________________________________________________________.

OUTROS DADOS

Eu tenho ___________ anos.Moro ______________________________________________________________ e minha casa é de:(___) alvenaria (___)madeira.Para ir ou vir, utilizo _____________________________________________ como meio de transporte Sou do sexo ________________________________________________________________________.Meu estado civil é ___________________________________________________________________.Eu nasci na cidade de _________________________________________________________________.Minha profissão é ___________________________________________________________________. Eu estudei até _____________________________________________________________________. Eu ganho: (___) mais que 1 salário (___) 1 salário (___) menos que 1 salário.Tenho _____ filhos. ( ___ não tenho filhos).(___) Estou empregado (___) Estou desempregado.Participa de algum grupo religioso? __________. Qual?_____________________________________.

1.5.1 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

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Que outros dados você pesquisaria?

1.6 PEDAGOGIA E ANDRAGOGIA

A Pedagogia é a Ciência dedicada ao estudo da condução dos processos de ensino-aprendizagem das crianças.

Entretanto, para jovens e adultos, tornou-se necessário construir-se um campo científico dedicado a este grupo. Assim, surge a Andragogia com enfoque e características próprias.

1.6.1 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

Após estudo e discussão, em sala de aula, sobre as características dos adultos / pedagogia e an-dragogia, elabore uma ficha diagnóstica sócio econômica para seus futuros alfabetizandos.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1.7 REFLETINDO SOBRE A AUTOESTIMA 1.7.1 DINÂMICA: “A ESCOLHA”− Reflexões sobre autoestima e suas relações com o processo de ensino e aprendizagem;− Teste sobre autoestima.

A ESCOLHA (autoestima)

OBJETIVOS: Desenvolver a autoconfiança, autoestima e possibilitar aos participantes a sensação de rejeição ou aceitação.

DURAÇÃO: aproximadamente, 50 minutos.MATERIAL: aparelho de som com CDPROCEDIMENTOS: 1. Solicitar que os participantes formem um círculo, em pé.2. “Eu vou precisar realizar um projeto de grande importância e estou à procura de pessoas al-

tamente qualificadas, competentes, pro-ativas, inteligentes, dispostas, comprometidas, habi-lidosas, ágeis, de modo que, para isso, eu gostaria de 10 voluntários que, espontaneamente, enquadrem-se nessas características e apresentem-se para fazer parte do grupo-piloto.”

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

3. “Cada voluntário formará sua equipe de trabalho escolhendo pessoas de sua confiança, credibi-lidade, habilidade...”

4. O primeiro voluntário deverá caminhar, silenciosamente, dentro do círculo e escolher uma pes-soa para compor sua equipe. Os demais voluntários deverão proceder da mesma forma. Cada participante da equipe será conduzido pelo voluntário, pela mão, em sinal de afetividade.

5. O processo continua até que todas as equipes tenham o mesmo número de elementos.6. Os que não foram escolhidos, ao final, serão convidados a integrar alguma equipe.7. “Cada grupo é, agora, uma equipe completa. Vocês representam 10 grandes áreas da nossa em-

presa. Observem como são coesos e fortes”.8. Toca-se música forte e de emoção.9. Pára-se a música para dar uma notícia “bombástica”: ”Estamos numa situação muito difícil e va-

mos precisar efetuar algumas mudanças; será um processo brusco, ou seja, precisaremos cortar algumas pessoas das equipes”.

10. Cada grupo, consensualmente, deverá eliminar uma pessoa da equipe, por vez. Não pode ser por votação ou auto-indicação. Cada pessoa eliminada ficará em outra sala. Quando só restarem duas pessoas na equipe, o facilitador dará a excelente notícia de que “podemos resgatar as pes-soas que foram eliminadas”.

11. O participante da equipe que for à outra sala resgatará uma pessoa sem dizer nada. Nesse mo-mento, é importante que não sejam resgatados os mesmos participantes e, sim, outros para formar-se nova equipe.

12. Quando faltarem poucas pessoas a serem escolhidas, o facilitador escreverá o nome delas, no quadro de giz, e cada grupo escolherá quem quer em sua equipe. Nesse momento, os escolhidos “invadirão” a sala e serão recebidos com alegria pelo grupo que os escolheu.

13. Tocar uma música tranqüila e abrir para comentários:− Como se sentiram durante a vivência?− Como foi ficar por último e não ser escolhido?− Qual a sensação de ser escolhido de imediato?− Como foi realizar o processo de exclusão?− Como foi ser resgatado?

O alfabetizador deve estar atento à autoestima de seus alunos jovens e adultos, porque possuem carac-terísticas próprias, por isso sua aprendizagem é diferenciada, o que exige do professor mais criatividade, atividades variadas e significativas e elogios sinceros. O rendimento do jovem e adulto é mais lento, pois a diminuição de sua capacidade física, de memorização, a falta de motivação, as tentativas mal sucedidas e o medo de enfrentar o novo geram inseguranças no aprendizado, desestimulando-os a freqüentar a escola.

Estes alunos necessitam de condições para enfrentar os desafios surgidos nas situações de ensino e aprendizagem e nos contextos do trabalho, da família e da comunidade da qual fazem parte. Assim, o alfabetizador deve conhecer-lhes as características para agir e pensar de acordo com a sua realidade a fim de que haja enriquecimento do trabalho em sala de aula.

O que é autoestima? “Autoestima é a disposição para experimentar a si mesmo como alguém com-petente para lidar com os desafios básicos da vida e ser merecedor da felicidade” (BRANDEN, N.)

A escola que não valoriza os alunos e suas contribuições individuais, que se ocupa em torná-los ce-gamente obedientes, destaca mais os seus erros do que suas conquistas e privilegia a disciplina sobre a liberdade e a criatividade, forma pessoas tímidas, inseguras, que não se consideram capazes nem merecedoras da felicidade.

A AUTOESTIMA APRESENTA DOIS ASPECTOS INTER-RELACIONADOS:1. A noção da eficiência pessoal (auto eficiência).2. A noção do valor pessoal (auto respeito). Fatores que se relacionam com a autoestima saudáveln racionalismo;

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n criatividade;n flexibilidade; n intuição; n independência; n capacidade para enfrentar mudanças;n disponibilidade para admitir (e corrigir) erros; n benevolência e cooperação.

Situação 1 : O professor solicita a um aluno que leia algo em voz alta ou exponha sua opinião so-bre um assunto. O aluno enrubesce, gagueja, treme, esfrega as mãos, e a voz não sai.Situação 2 : O aluno desacata o professor com palavras, ignora-o ostensivamente, recusa-se a atendê-lo.

Essas atitudes de aparente insubordinação, muitas vezes, têm sua raiz no medo.O medo como consequência de baixa autoestima n medo da realidade; n medo da verdade sobre nós mesmos;n medo da verdade sobre os outros;n medo de ser descoberto;n medo de se expor;n medo da humilhação do fracasso;n medo da responsabilidade do sucesso.

Procedimentos do professor para desenvolver a autoestiman Rever sua concepção de educação;n Desenvolver a própria autoestima;n Acreditar que o aluno é plenamente capaz;n Propiciar ambiente estimulador em sala de aula;n Procurar identificar e compreender as emoções vivenciadas pelos alunos e por si mesmo;n Propiciar o desenvolvimento da competência interpessoal;n Dar e receber feedback; n Incentivar a autonomia de pensamento e ação;n Desenvolver a preocupação com a verdade, com o certo;n Reforçar as conquistas dos alunos de forma realista;n Adotar e estimular atitudes flexíveis;n Procurar a coerência entre o próprio discurso e a prática;n Desafiar os alunos a buscar metas mais ousadas;n Disseminar o respeito à autoestima como condição essencial à aprendizagem;

1.7.2 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

Reflita:O que é autoestima para você?O que deixa você com baixa autoestima?

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

1.7.3 TESTE SUA AUTOESTIMA As afirmações abaixo têm relação com o nível da sua autoestima. Avalie até que ponto essas afirmações

correspondem às suas atitudes e escreva no quadro ao lado de cada afirmação, utilizando o seguinte crité-rio: seja honesto(a) com você mesmo(a) respondendo aquilo que você realmente sente e não aquilo que gostaria de sentir.

1. Eu me sinto bem com as expressões do meu rosto, com meus modos, minha maneira de falar e de mover-me.

(0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

2. Eu me sinto tranqüilo (a) em falar das minhas conquistas interiores ou dos meus defeitos de ma-neira direta e sincera.

(0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

3. Eu me sinto confortável ao receber e fazer elogios, incentivar, expressar afeto, apreciação ou algo semelhante.

(0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

4. Eu sou aberto(a) a críticas e reconheço quando erro. (0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

5. Eu possuo capacidade de falar e agir de forma tranqüila e espontânea. (0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

6. Eu costumo estar em harmonia entre o que eu digo e o que faço. (0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

7. Eu possuo atitude de abertura e curiosidade diante de ideias novas, novas experiências e novas possibilidades de vida.

(0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4)TOTALMENTE

8. Eu lido de forma satisfatória com as sensações de ansiedade e de insegurança e sei superá-las quando aparecem.

(0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

9. Eu aprecio os aspectos humorísticos da vida em mim e nos outros. (0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

10. Eu possuo flexibilidade para reagir às situações e aos desafios, pois confio em minhas ideias e não encaro a vida como condenação ou derrota.

(0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

11. Eu me sinto confortável quando tenho comportamento assertivo e aceito isso nos outros. (0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4)TOTALMENTE

12. Eu consigo preservar uma qualidade harmoniosa e digna mesmo sob condições estressantes. (0) NEM UM POUCO (1) UM POUCO (2) RAZOAVELMENTE (3) MUITO (4) TOTALMENTE

SOME O NÚMERO DE PONTOS E VEJA O RESULTADO.

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Ao verificar o resultado da soma dos pontos que você marcou respondendo às perguntas do teste, compare com a tabela de valores abaixo e saiba como anda a sua autoestima.

0 a 12 pontosA sua autoestima encontra-se muito baixa. É fundamental a uma vida de maior equilíbrio desenvolvê-la por meio de trabalhos de autoconhecimento, como cursos e psicoterapia.

13 a 24 pontosA sua autoestima encontra-se ainda um pouco baixa, mas você começa a ter alguns pontos de melhoria. É fundamental fortalecê-la por meio dos recursos mencionados anteriormente.

25 a 36 pontosA sua autoestima é mediana. Você já conseguiu desenvolvê-la a um ponto que faz com que tenha uma vida confortável e relativamente feliz, mas ainda existem pontos a melhorar.

37 a 48 pontosA sua autoestima é elevada. Você só precisa mantê-la neste nível, cuidando para melhorar pontos que você julgue serem mais deficientes.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO II

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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: EVOLUÇÃO E COMPROMISSOS

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: EVOLUÇÃO E COMPROMISSOS

2.1 – Base Legal em EJA.2.1.1 – A Constituição.2.1.2 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9.394/96 e a Educação de Jovens e Adultos.

2.2 – EJA e as Ações Nacionais e Internacionais: Avanços e Perspectivas.2.2.1– Marcos Nacionais.

2.2.1.1 – Diretrizes Curriculares Nacionais.2.2.1.2 – Plano Nacional da Educação – PNE (1993-2013).2.2.1.3 – Parâmetros Curriculares Nacionais.

2.3 – Marcos Internacionais.

A educação vem passando por transformações gerais tanto no contexto pedagógico como nos va-riados aspectos das áreas econômicas, sociais, culturais e políticas. Estas mudanças ampliam e deter-minam novas exigências, para que o ser humano possa partilhar e contribuir com os mais diversos conhecimentos produzidos.

Nesta relação percebe-se que a desigualdade sociaL de forma acentuada reflete nas condições de acesso à escola e nos demais processos de escolarização, tanto no que se refere à criança como aos jovens e adultos. Por meio da educação podemos orientá-los a exercer e construir a cidadania bem como, prepará-los para atuar plenamente em suas conquistas e minimizar as desigualdades existentes .

A educação de jovens e adultos (EJA) no decorrer do contexto da história da educação brasileira e suas diversidades/realidades apontam e determinam que todas as oportunidades de escolarização permitidas e incentivadas a esta clientela têm sido (re) significadas no sentido de aprimorá-las. São prá-ticas desenvolvidas nos movimentos sociais, nas várias organizações não governamentais, nos diversos municípios, nas universidades e que vêm transformando esta modalidade de educação.

Durante um período considerado de falta de liberdade de expressão, censura acirrada, perseguição, repressão existente entre as décadas de 1960, 1970 e até a metade de 1980 a educação de jovens e adultos viveu e passou por “altos e baixos” no país.

Atualmente, são numerosas as iniciativas em EJA. Vivemos um momento considerado efervescente para o contexto desta modalidade. Cada vez percebe-se que, o valor do conhecimento integrado ao processo produtivo tanto individual como coletivo, contribui para busca constante da oferta de bens e serviços de alto valor no cenário brasileiro.

De acordo com esta realidade observa-se o crescente interesse pelas questões da educação e espe-cificadamente em EJA, pois se torna necessário preparar e alfabetizar os alunos visando garantir com-petências essências para atuarem no mundo de mudanças.

Assim, a EJA passa a ser estruturada e organizada visando preparar o novo perfil do cidadão em suas necessidades/competências/qualificação profissional para as reais mudanças da contemporaneidade.

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2.1 BASE LEGAL em EJA

2.1.1 A CONSTITUIÇÃOA Constituição Federal do Brasil ou “Carta Magna” é o documento principal da Nação que orienta

toda a vida do país em seus vários campos, tais como: - o social, o político, o educacional, o jurídico, o econômico e outros. Fundamenta seus princípios e finalidades para que possamos alcançar o enten-dimento adquirindo conhecimentos sobre o documento supremo do Brasil e, dessa forma, exercitar a cidadania. A Constituição atual foi elaborada e organizada e está em vigor desde 1988.

Na contemporaneidade é a Carta Maior – é a base do direito em todos os países, no mundo atual. Todas as outras leis dependem dela.

Nos países em que há uma Constituição democrática, seus cidadãos sabem, perfeitamente, quais são seus direitos e que eles nascem da Constituição, e que tudo dela depende.

De acordo com a Constituição Federal, todos, adultos e crianças têm o direito ao ensino público e gratuito.

A lei prevê, ainda, um ensino de qualidade e a liberdade para aprender e ensinar, para pesquisar e divulgar o pensamento, o saber e a arte.

No que se refere ao Titulo VIII – Da ordem Social da Constituição, o Capítulo III trata e descreve Da Educação da Cultura e do Desporto – princípios, finalidades, direitos relativos às seções I, II e III.

O artigo 205 da Constituição atual (1988) em vigor apresenta “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o traba-lho.”

Art. 206 – O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (EC n° 19/98 e EC n° 53/2006)I – igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola;II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;III – pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e

privadas de ensino;IV – gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma de lei, planos de carreira,

com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;VII – garantia de padrão de qualidade;VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública nos termos

da lei federal.Outro artigo importante para a educação de modo geral e educação de jovens e adultos é o Artigo 214 – A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à ar-

ticulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos neveis e à integração das ações do poder público que conduzam à:

I – erradicação do analfabetismo;II – universalização do atendimento escolar;III – melhoria da qualidade do ensino;IV – formação para o trabalho;V – promoção humanística, científica e tecnológica do país.

2.1.2 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB 9.394/96 E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

A LDB orienta e determina como deve ser os princípios e finalidades educacionais para o funciona-mento em EJA no país. Considerado como modalidade da educação básica, nas suas etapas de ensino fundamental e médio.

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Art. 37 - A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continui-dade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuidade aos jovens e aos adultos, que não puderam efe-tuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as caracterís-ticas do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º o poder público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

Art. 38 – Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.

§ 1º Os exames a que se refere esse artigo realizar-se-ão: I- no nível de conclusão do ensino fundamental para os maiores de quinze anos; II- no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de quinze anos. § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferi-

dos e reconhecidos mediante exames.

2.2 EJA E AS AÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS: - AVANÇOS E PERSPECTIVAS

2.2.1 MARCOS NACIONAISA educação ao longo da vida é a chave de entrada no século XXI porque todos os documentos na-

cionais e internacionais visualizam e inserem-se no contexto de suas realidades. A alfabetização é vista com uma habilidade primordial para todas as pessoas – o que torna imprescindível além de toda a do-cumentação existente para EJA é que haja entendimento e compreensão sobre os seguintes documen-tos: - Constituição de 1988, LDB 9394/96 e do Plano Nacional de Educação de Adultos e da Conferência de Dacar porque é necessário haver articulação dessas ações para que a Constituição seja efetiva.

Percebe-se no contexto cultural e educacional que desde a década de 1990, durante a elaboração e organização do documento firmado por vários princípios, a Declaração Mundial de Educação arrolou os compromissos que devem ser assumidos pelas nações. São eles:

- Satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem; ampliar a visão da educação e universalizar o acesso à educação e promover a equidade. Estes três compromissos estão relacionados aos processos de alfabetização, as mudanças e as conquistas relacionadas ao tema e ainda a superação do analfabe-tismo.

Os outros sete compromissos são: - concentrar a atenção na aprendizagem, ampliar os meios da educação básica; propiciar um ambiente adequado à aprendizagem; fortalecer alianças; desen-volver uma política de apoio; mobilizar recursos e fortalecer a solidariedade internacional. Pense, pesquise e escolha dois compromissos, posteriormente, faça comentários a respeito do que eles estão tratando efetivamente.

2.2.1.1 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAISNo Brasil temos o documento Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA onde são apresentados três

funções que devem ser respeitadas, aprimoradas e executadas em benefício dos alunos:A - FUNÇÂO REPARADORA → visa orientar que as atividades pedagógicas devem ser preparadas de

forma criativa para atender às necessidades de aprendizagem dos alunos jovens e adultos. Esta função resgata não só o acesso a uma escola de qualidade mas, também os direitos civis negados a quem ficou fora da escolarização.

B - FUNÇÃO EQUALIZADORA → possibilita a igualdade de oportunidades a todos, os conhecimentos e habilidades que devem ser aprimorados, a troca constante de experiência e a garantia do acesso a novas formas e possibilidades de cultura, educação e trabalho.

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C - FUNÇÃO QUALIFICADORA → prepara para todos os aspectos do campo do conhecimento e am-plia a visão do ser humano e de suas potencialidades tanto no individual quanto no coletivo. Tem a função de preparar e propiciar a todos uma vida que vise uma sociedade mais educada, solidária e que saiba lidar e preparar jovens e adultos para a diversidade como função permanente.

Estas funções têm o objetivo de propor mudanças para transformar a EJA no Brasil.

2.2.1.2 PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO – PNE (1993 – 2003)Este documento foi concebido e estruturado por um período de 10 anos. Possui seus fundamentos

e sua execução baseada em nível federal e está previsto na Lei 9394/96 LDB e na Constituição de 1988.Tem como objetivo o resultado de um esforço de reflexão sobre as diretrizes de um estudo e organi-

zação de uma política nacional para os alunos. Para a EJA alguns aspectos devem ser destacados neste documento. São eles:

- visão ampliada de alfabetização para todo o ensino fundamental; - necessidade de melhor compreensão sobre aprendizagem durante toda a vida para que se tornem

leitores e escritores competentes, materiais didáticos adequados para esta clientela e articulação dos programas de EJA e a educação profissional para haja a visão ampliada para o mercado de trabalho.

O PNE ainda apresenta em sua estrutura alguns objetivos e metas que devem ser cumpridos no período estabelecido de dez anos (10) e que estão ligados à superação do analfabetismo; tais como erradicar o analfabetismo e para isto organizar vários programas de alfabetização; assegurar para a população de EJA com mais de 15 anos o acesso a escolarização; propiciar cursos até o final de 2003 para as quatro séries finais do ensino fundamental garantindo a continuidade dos estudos.

Este documento destaca as metas traçadas em consonância com a Conferência Mundial de Educa-ção para todos. Percebe-se que em termos de resultados as atividades previstas não foram obtidas com sucesso e integralmente.

No compromisso referente a “erradicação” do analfabetismo, foi organizado e firmado um novo acordo no Fórum Mundial sobre Educação de Dacar – Senegal 2000 estendendo-se para 2015 alcançar todas as metas.

2.2.1.3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS.No período de alfabetização em EJA o objetivo principal é o desenvolvimento de habilidades de

leitura e escrita, o da formação do cidadão e da visão de mudanças na sociedade com transformação alcançada durante o processo de alfabetização.

O aluno deve ser orientado para o preparo e a construção dos vários contextos de diferentes lingua-gens e ainda estabelecer relações entre eles e com outras áreas do conhecimento.

Os Referenciais Curriculares Nacionais e os Parâmetros Curriculares para EJA apresentam três com-ponentes (Linguagem Oral e Escrita, Matemática, Natureza e Sociedade).

Os documentos oficiais apresentados orientam e enfatizam que estes componentes curriculares devem ser apresentados por habilidades e competências. Orientam também para mudanças nos con-teúdos curriculares que devem atentar para uma reflexão quanto: - à seleção e significação dos conte-údos a serem ministrados e incluir procedimentos , valores, normas e atitudes. Percebe-se na leitura do documento que eles estão organizados e divididos em três categorias para o trabalho a ser desen-volvido e deve-se procurar levar em conta que os conteúdos deverão estar estruturados em conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais,

As secretarias estaduais e municipais da educação promovem cursos organizados em módulos arti-culados com implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, dos Referenciais Curriculares Na-cionais para EJA e outras modalidades.

A proposta do projeto PARÂMETROS EM AÇÃO tem a intenção de propiciar momentos agradáveis de aprendizagem coletiva e a expectativa de que sejam úteis para aprofundar o estudo dos Referenciais Curriculares elaborados pelo MEC, intensificando o gosto pela construção coletiva do conhecimento pedagógico, favorecendo o desenvolvimento pessoal e profissional dos participantes e, principalmen-

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te, criando novas possibilidades de trabalho com os alunos para melhorar a qualidade de suas apren-dizagens.

O Parâmetro em Ação tem como um dos objetivos “favorecer a leitura compartilhada, o trabalho em conjunto, a reflexão solidária, a aprendizagem em parceria” (1999, p.05).

Os Referenciais Curriculares e o Parâmetros Curriculares Nacionais visam estabelecer que os temas trabalhados em sala de aula devem ter uma abordagem interdisciplinar. Evidencia e propõe uma série de temas transversais.

A transversalidade constitui uma forma de abordagem que perpassa todas as áreas do conhe-cimento. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) estabelecem uma série de temas que devem atender as demandas da educação e que envolvem a urgência e o trato com as questões sociais para o exercício pleno da cidadania e da democracia; abrangência nacional com as questões relacionadas a todo o país em seus diversos contextos e o favorecimento da compreensão da realidade e da participa-ção atuante nas questões sociais.

Os temas transversais necessitam de um trabalho sério integrado, crítico, planejado e contínuo. Pelo PCN são propostos os seguintes temas:

1- ÉTICA → este tema refere-se às reflexões sobre as condutas humanas e o trabalho pedagógico deve atender e propiciar o desenvolvimento da autonomia moral, condição para a reflexão ética e seus eixos devem abranger: - respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade, valores fundamentados da Constituição brasileira.

2- PLURARIDADE CULTURAL → aborda o respeito aos diversos grupos e culturas como condição para a vida em sociedade. Observar a variedade cultural brasileira para que a escola possa trabalhar para superar a discriminação e o conhecimento da riqueza do país para que aprendam a conviver, possam usar o espaço do diálogo e respeitar as diferentes formas de expressão cultural.

3 – MEIO AMBIENTE → o ser humano faz parte do meio ambiente, das relações sociais, econômicas e culturais que se interligam e que estabelecem o crescimento cultural, a qualidade de vida e o equi-líbrio ambiental. Na sala de aula deve ser discutido e proposta a reflexão a respeito da forma com ao longo da história o homem transformou-se pela modificação do meio ambiente.

4 – SAÚDE → este tema reflete a maneira como vivem, e as reais condições de vida. Neste tema a escola possui um papel importante a desempenhar como formadora de protagonista e não pacientes. Observar, organizar e preparar o trabalho sobre a valorização da saúde, participar, compreender sobre as decisões relativas à saúde individual e coletiva, a responsabilidade pessoal, coletiva e social de todas as pessoas participantes do contexto e com a comunidade local.

5 – ORIENTAÇÃO SEXUAL → tem como objetivo principal a discussão, a conscientização e o preparo para o trabalho com a responsabilidade sexual prazerosa e responsável. A escola responsável pode desenvolver três eixos fundamentais: - corpo humano, relações de gênero e prevenção às doenças sexualmente transmissíveis/AIDS. O trabalho deve ser realizado levando a educação familiar, o diálogo entre todos para que as dimensões sociológica, psicológica e fisiológica da sexualidade.

6 – TEMAS LOCAIS → objetivam trabalhar o interesse específico de cada localidade e atender as de-mandas da comunidade como: - trânsito, trabalho infantil, violência, trabalho e outros.

Os temas propostos consideram que os eixos deverão levar em conta que : - o que é de todos não é de ninguém; que os temas não constituem uma disciplina à parte e que não irão aparecer espontanea-mente os temas e o alfabetizador deve propiciar variedade de assuntos.

2.3 MARCOS INTERNACIONAIS

Os marcos internacionais que apresentam importantes discussões a respeito da educação de jovens e adultos são:

- A Conferência Regional Preparatória da América Latina e Caribe (realizada no Brasil), em Janeiro de 1997.

- A 5ª Conferência Internacional sobre Educação de Jovens e Adultos (CONFITEA) que foi realizada

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em Hamburgo – Alemanha em Junho/1997.Seus objetivos são: - preocupação com a aprendizagem de jovens e adultos; organizar compromissos

localizados regionais visando a perspectiva de educação ao longo da vida e a constante participação no desenvolvimento sustentável e equitativo, propiciar uma cultura de paz e de liberdade, de justiça e respeito mútuo estabelecendo uma relação positiva entre educação formal e não – formal.

Outros documentos internacionais relevantes para a educação de jovens e adultos são:- A Conferência Mundial de Educação para Todos (1990) em Joentim – Tailândia;- A Cúpula de Desenvolvimento Social de Copenhague (1995);- A Conferência Mundial da Mulher de Pequim em 1995;- A Comissão Mundial de Cultura e Desenvolvimento- A Conferência da UNESCO – Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI

(2001), onde apresenta os quatro pilares da educação: - aprender a conhecer, aprender a fazer, apren-der a viver junto e aprender a ser.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO III

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EJA: CONTEXTOS E REALIDADEEJA: CONTEXTOS E REALIDADE3.1 – Dinâmica de Integração.3.2 – Dados Históricos.3.3 – Dados da Alfabetização Solidária.

3.3.1 – Gráficos e tabelas.3.4 – Dados Atuais da Educação de Jovens e Adultos no Brasil.3.5 – Panorama Geral da Alfabetização na EJA no Distrito Federal.3.6 – Programas Federais de Alfabetização.3.7 – Propostas Gerais de Metodologias de Alfabetização.

3.7.1 – Alfabetização Convencional.3.7.2 – Alfabetização por Modelos Mistos.3.7.3 – Alfabetização Psicogenética.3.7.4 – Alfabetização Paulofreireana.3.7.5 – Alfabetização Geempiana.

3.8 – Slides Orientadores.

3.1 DINÂMICA DE INTEGRAÇÃO (BIS)

OBJETIVO: Conhecer o grupo e realizar a integração entre os participantes.

MATERIAL: aparelho de som com CD e BIS (chocolate).

TEMPO: de 15 a 20 minutos

METODOLOGIA: desenvolvimento da socialização do grupo e da solidariedade entre os participantes.

DESENVOLVIMENTO: O professor (a) deverá organizar duas filas de participantes, uma em frente à outra. Cada participante deverá colocar o braço esquerdo para trás, nas costas. O braço direito deverá estar esticado e não poderá ser dobrado. Distribui-se o BIS na mão dos participantes. Com o braço di-reito esticado, cada um deverá desembrulhar o chocolate e comê-lo.

MOMENTO DE REFLEXÃO: O que você achou da brincadeira? Como conseguiu comer o chocolate? O que você percebeu? Qual a sua maior dificuldade?

A educação de jovens e adultos no Brasil passou por transformações históricas e políticas. No qua-dro a seguir, observe atentamente esta trajetória e perceba os fatos marcantes desta modalidade de ensino.

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3.2 DADOS HISTÓRICOS

Datas Fatos marcantes na evolução da educação de jovens e adultos no Brasil

1930 Criação do Ministério da Educação e Saúde Pública1931 Reforma Francisco Campos

1934

Promulgação da Constituição: reconhecimento da educação por parte do Estado, com oferta de ensino a todos (binômio da obrigatoriedade e gratuidade)Fixação do Plano Nacional de Educação proposto pela Constituição

1938 Criação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Ministério da Educação e Saúde Pública1940 Recenseamento da população1942 Instituição do Fundo Nacional de Ensino Primário

1943Abertura política no Estado Novo (movimentos culturais influenciados pelo Partido Comunista do Brasil)

1945 Criação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura/Unesco

1947

Cassação do Partido Comunista do BrasilRealização do I Congresso Nacional de Educação de AdultosCriação do Serviço de Educação de Adultos no Ministério da Educação e Saúde PúblicaAprovação do Plano Nacional de Educação Supletiva para Adolescentes e Adultos Analfabetos

1947/63 Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos Analfabetos1948 Declaração Universal dos Direitos Humanos1949 Realização do Seminário Interamericano de Educação de Adultos

1952Surgimento da Campanha Nacional de Educação Rural – CNER, em decorrência do Seminário Interamericano de Educação de Adultos.

1957 Criação do Sistema de Rádio Educativa Nacional – SIRENA1958 Campanha de Erradicação do Analfabetismo

1950/64 Proliferação dos movimentos populares de alfabetização a partir do final dos anos 50.1964 Plano Nacional de Alfabetização (janeiro – abril de 1964).1967 Criação da Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL

1971Institucionalização do Ensino Supletivo – Mobral (Lei n° 5.692/71)Formação específica do professor para ensino supletivo – art. 32, Cap. IV, Lei n° 5.692/71)

1986 Extinção do Mobral e criação da Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos – EDUCAR

1988Promulgação da Constituição em 05/10/1088 – artigo 208: “O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: inciso I – ensino fundamental. Obrigatório e gratuito, inclusive para os que não tiveram acesso na idade própria”.

1990Conferência Internacional em Jomtien (Tailândia), que elaborou a Declaração Mundial de Educação para Todos.

1996Promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB n° 9.394/96 de 26/12/96 (Título V, capítulo II, seção V, artigos 37 e 38)

1997 V. Conferência Internacional de Educação de Adultos, realizada em Hamburgo, na Alemanha

2000Fórum Mundial de Educação, realizado em abril de 2000, em Dakar (Senegal)Aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, em 10/05/2000

2001 Aprovação do Plano Nacional de Educação, em 10/01/2001

FONTE – UniCEUB – FACE – Guia de Formação de Professores para séries iniciais. Aprendendo a aprender. Componente curricular Alfabetização de crianças e jovens. Vol 6 – 2004.

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Diante deste contexto histórico, o que mais chamou sua atenção? Por quê?

Após a leitura atenta da evolução histórica e política da educação de jovens e adultos, há que se destacar a realidade do analfabetismo por estado brasileiro.

3.3. DADOS DA ALFABETIZAÇÃO SOLIDÁRIA

Os gráficos e as tabelas retirados de “Alfabetização Solidária” (2000) apresentam dados gerais sobre oralidade, escrita e leitura de jovens e adultos em fase inicial e final de alfabetização.

3.3.1 – GRÁFICOS E TABELAS

GRÁFICOS E TABELASORALIDADE – ESCRITA-LEITURA

 

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TABELA 1

 

Fonte: Pesquisa nacional Por amostra de domicílios 1999 [CD-ROMI. Microdados. Rio de Janeiro: IOGE, 2000. (1) Inclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. (2) Inclusive a população rural

NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE BRASIL (2)

 

 

 

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Apesar dos dados apresentados pelos gráficos, percebe-se que ainda, torna-se pertinente discutir a questão do analfabetismo que meados de 2002 chegou a mais de 19 milhões de analfabetos absolutos, de jovens e adultos.

Outro dado alarmante no Brasil de 1986 foi a existência de 35 milhões de analfabetos funcionais de acordo com Soares (pesquisadora em alfabetização) e a Organização das Nações Unidas para a Educa-ção, Ciência e Cultura (UNESCO).

Entende-se por analfabetismo funcional aquele que não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para a atuação eficaz em seu grupo e na comunidade e que lhe per-mitem assim mesmo, continuar usando a leitura, a escrita e a matemática a serviço de seu próprio desenvolvimento.

Para aprofundamento da questão, consulte www.guiarh.com.br/z3.htm e outros.Há que evidenciar, ainda, que há tantos jovens e adultos que sabendo escrever, ou, desenhar o pró-

prio nome, não sabem ler. Outros tantos ainda que sabendo ler e escrever, não são capazes de enten-der e de interpretar o que lêem.

Responda:E na sua comunidade, você conhece alguém que não sabe ler ou lê e não compreende o que leu? Relate a sua experiência.

3.4 DADOS ATUAIS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

De acordo com dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), em 2012, a taxa de analfabetismo no Brasil parou de cair. A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi estimada em 8,7%, o que correspondeu ao contingente de 13,2 milhões de analfa-betos. Em 2011, essa taxa foi de 8,6% e o contingente foi de 12,9 milhões de pessoas.

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Esta é a primeira vez que a taxa de analfabetismo aumenta em 15 anos. A última vez que o índice subiu em relação ao ano anterior foi em 1997. A partir de então, o índice vinha apresentando queda constante. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variação de 0,1 ponto per-centual de 2011 para 2012 está dentro do “intervalo de confiança”, e não significa necessariamente que o analfabetismo aumentou, e sim que se manteve estatisticamente estável.

Em relação aos dados regionais, em 2012, as regiões Sul e Sudeste apresentaram taxas de analfa-betismo de 4,4% e 4,8%, respectivamente, tendo a região Sudeste mantido à mesma taxa que no ano anterior. Na região Centro-Oeste, a taxa foi de 6,7%. Na região Norte, o índice é de 10,0%.

A região Nordeste registrou taxa de analfabetismo de 17,4% entre as pessoas de 15 anos ou mais de idade em 2012, 0,5 ponto percentual acima da taxa de 2011 (16,9%). O Nordeste concentra mais da metade (54%) do total de analfabetos de 15 anos ou mais de idade do Brasil, um contingente que somava 7,1 milhões de pessoas. Mas analisando a evolução em 8 anos, a maior queda da taxa de anal-fabetismo foi verificada na região Nordeste, de 5,1 pontos percentuais (22,5%, em 2004, para 17,4%, em 2012).

No Centro-Oeste a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade passou de 6,3% em 2011 para 6,7% em 2012, o que também não foi estatisticamente significativo. No Brasil, a taxa foi estimada em 8,7%, frente a 8,6% em 2011 e 11,5% em 2004. Em 2012, havia no país 13,2 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais de idade.

A taxa de analfabetismo no país tem se mostrado maior nos grupos de idades mais elevadas em todas as regiões. Entre aqueles que tinham de 15 a 19 anos de idade, a taxa foi de 1,2%, contra 1,6% entre os de 20 a 24 anos, 2,8% no grupo de 25 a 29 anos, 5,1% de 30 a 39 anos, alcançou 9,8% para as pessoas de 40 a 59 anos e foi de 24,4% entre os com 60 anos ou mais de idade.

Para IBGE, só a próxima Pnad poderá confirmar aumento do analfabetismo. “Ao longo do tempo a tendência foi de redução como um todo, com taxas em níveis estáveis entre a população idosa. O resultado de 2012 não é significativo em relação a 2011, pode ter acontecido por conta da amostragem probabilística. No ano que vem é que se vai ver se a taxa permanece estável ou continua na tendência de queda”, disse a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.

Em nota, o Ministério da Educação afirmou que “o analfabetismo de jovens e adultos vem sendo reduzido no Brasil — passou de 11,5% em 2004 para 8,7% em 2012”, e destacou que “na faixa de 15 a 19 anos, a Pnad de 2012 registra taxa de analfabetismo de 1,2%, muito inferior à média geral, o que demonstra a efetividade das políticas em curso para a educação básica”.

Para IBGE, só a próxima Pnad poderá confirmar aumento do analfabetismo. “Ao longo do tempo a tendência foi de redução como um todo, com taxas em níveis estáveis entre a população idosa. O resultado de 2012 não é significativo em relação a 2011, pode ter acontecido por conta da amostragem probabilística. No ano que vem é que se vai ver se a taxa permanece estável ou continua na tendência de queda”, disse a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.

Em nota, o Ministério da Educação afirmou que “o analfabetismo de jovens e adultos vem sendo reduzido no Brasil — passou de 11,5% em 2004 para 8,7% em 2012”, e destacou que “na faixa de 15 a 19 anos, a Pnad de 2012 registra taxa de analfabetismo de 1,2%, muito inferior à média geral, o que demonstra a efetividade das políticas em curso para a educação básica”.

O MEC afirma ainda que “na análise dos dados da Pnad deve-se considerar a dificuldade de identi-

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ficar variações significativas no intervalo de um ano para outro, consideradas a metodologia usada e a natureza do fenômeno medido. Nesse caso, a análise da série temporal apresenta uma visão mais adequada do fenômeno em questão. O Ministério da Educação monitora com atenção os dados de evo-lução do analfabetismo no país e dará continuidade aos esforços no sentido de romper com o ciclo de produção do analfabetismo”. (http://noticias.terra.com.br/educacao/ibge-analfabetismo-cresce-pela--primeira-vez-desde-1998,e5e1e55448c51410VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html)

De acordo com a leitura dos dados da Alfabetização Solidária e dos dados atuais da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, qual sua percepção sobre avanços ou retrocessos na alfabetização.

3.5 PANORAMA GERAL DA ALFABETIZAÇÃO NA EJA NO DISTRITO FEDERAL

O Distrito Federal é considerado no país como a capital-unidade da Federação, com a menor taxa e percentual de pessoas consideradas iletradas. Este total é em torno de 3,3%. Esta é uma realidade diferente no país, pois a média nacional é apresentada em torno de 9%.

São 85 mil brasilienses sem o domínio da leitura, da escrita, da compreensão e interpretação do que se lê e escreve nos mais diversos contextos e realidades apresentadas aos jovens adultos, sendo que a maior parte dos iletrados são idosos e possuem mais de 60 anos, faixa etária está que abarca 13,3% dos que não têm o domínio da leitura e da escrita.

Percebe-se que a porcentagem apresentada e declarada acima pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidencia que o DF avança em dados progressivos, porém de forma lenta para que aconteça a erradicação do analfabetismo.

Para atender a demanda dos moradores das regiões administrativas várias são as iniciativas tanto vinculada a rede pública de ensino, bem como as instituições privadas e iniciativas particulares, porém não é suficiente para erradicar o analfabetismo em nossa cidade.

No ano de 2012 foram oferecidas 3040 vagas para o Programa DF Alfabetizado, o que é insuficiente se pensarmos no quantitativo geral de pessoas iletradas na capital federal.

Esta realidade estimula várias iniciativas para erradicar o quadro de pessoas iletradas. São eles: - trabalhos de alfabetização sendo realizado em igrejas, centros comunitários, hospitais, sindicatos e outros, de preferência feito nas residências das pessoas que desejam serem alfabetizadas.

Confira o quadro abaixo apresentado sobre o índice de alfabetização em cada cidade do DF publica-do no Correio Braziliense de 25/06/2012.

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Obstáculos

Confira o índice de alfabetização em cada cidade do DF:

TOTAL DE ALFABETIZADOS

HOMENS ALFABETIZADOS

MULHERES ALFABETIZADAS

TAXA DE ALFABETIZAÇÃO

(%)HOMENS

(%)MULHERES

(%)BRASILIA 189.604 85.858 103.746 99,4 99,5 99,4BRAZLANDIA 44.467 21.744 22.723 94,2 94,2 94,1CANDANGOLANDIA 13.390 6.335 7.055 97,2 97,7 96,8CEILANDIA 319.496 151.389 168.107 95,6 95,8 95,5CRUZEIRO 71.919 33.014 38.905 99,5 99,6 99,4GAMA 111.915 52.681 59.234 96,4 96,7 96,1GUARA 119.703 55.369 64.334 97,7 97,5 97,8LAGO NORTE 35.921 17.261 18.660 97,6 97,4 97,8LAGO SUL 26.811 12.801 14.010 99,4 99,3 99,4N. BANDEIRANTE 37.783 17.692 20.091 98,2 98,2 98,3PARANOA 42.143 20.174 21.969 94,4 94,3 94,5PLANALTINA 132.592 63.743 68.849 94,2 94,2 94,3R. DAS EMAS 95.485 45.814 49.671 95,6 95,6 95,6RIACHO FUNDO 59.336 28.225 31.101 97,7 97,6 97,7SAMAMBAIA 159.055 75.776 83.279 95,7 95,8 95,7SANTA MARIA 94.637 45.106 49.531 95,9 96,1 95,8SÃO SEBASTIAO 80.564 41.666 38.898 95,8 95,3 96,3SOBRADINHO 167.201 79.566 87.635 96,1 95,9 96,2TAGUATINGA 307.368 143.310 164.058 98,4 98,5 98,3

Leia com atenção as tabelas e gráficos sobre a taxa de analfabetismo. Observe e analise os dados apresentados para realizar as seguintes atividades:

a) Elabore uma linha de tempo levando em conta o censo e a taxa de analfabetismo;

b) Realize uma leitura atenta das informações apresentadas e indique qual a - região com maior índice de analfabetismo? Você sabe explicar por quê?

c) Use sua imaginação e proponha mudanças realistas e significativas para a situação apresentada.

Você é Presidente da República ou Ministro da Educação. Como faria para amenizar a questão do analfabetismo no Brasil? Lembre-se que você deve levar em conta os vários contextos em que esta clientela está envolvida, ou seja, o aspecto cultural, social, politico econômico, ético e prin-cipalmente o educacional.

3.6 PROGRAMAS FEDERAIS DE ALFABETIZAÇÃO

A questão do analfabetismo no Brasil sempre suscitou discussões, campanhas, propostas e projetos para a minimização desta situação. Várias são as instituições que desenvolveram e desenvolvem ações diversificadas, voltadas a jovens e adultos.

A Educação de Jovens e Adultos e as Políticas Públicas no Brasil apresentam a descrevem os Progra-mas Federais voltados à EJA no período compreendido entre 1947 a 2008.

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3.7 PROPOSTAS GERAIS DE METODOLOGIAS DE ALFABETIZAÇÃO

n 3.7.1 ALFABETIZAÇÃO CONVENCIONAL:n Apoiada em cartilhas pela lógica do sistema da escrita: letras – sílabas – palavras – frases – tex-

tos;n Sintética: letra ou som;n Analítica: palavra, frase ou texto;n Mistos: métodos sintético e analítico;n Concepção de aprender; impressões perceptivas.

n 3.7.2 ALFABETIZAÇÃO POR MODELOS MISTOS:n Escolha não definida de metodologia;n Saída alternativa;n Emprego de cartilhas convencionais;n Atividades retiradas de metodologias variadas;n Possíveis conseqüências negativas na aprendizagem.

n 3.7.3 ALFABETIZAÇÃO PSICOGENÉTICA:n Estudos de Emília Ferreiro com base em Piaget;n Aprendizagem resultante da ação e não só da percepção;n Trajetória cognitiva percorrida pelo alfabetizando;n Inicialmente, ler é interpretar figuras, e escrever é desenhar;n Formulação de hipóteses;n Oportunidade de experiências de leitura e de escrita: aprendizagem natural.

n 3.7.4 ALFABETIZAÇÃO PAULOFREIREANA:n Método misto vinculado a aspectos da vida do alfabetizando com fins de conscientização política;n Seleção cuidadosa de palavras geradoras;n Divisão das palavras geradoras em sílabas, construção de novas palavras com as sílabas das

famílias derivadas das palavras geradoras;n Vinculação da vida ao ato de aprender: antropologia da aprendizagem em nível de consciên-

cia.*Ambas têm por base que aprender a ler e a escrever repousa no mistério da junção das letras em sílabas e das sílabas em palavras.

n 3.7.5 ALFABETIZAÇÃO GEEMPIANA;n Trajetória cognitiva percorrida pelo alfabetizando;n Integração de Paulo Freire, Emília Ferreiro, Wallon e Vygotsky: processo de aprendizagem com

interações sociais e culturais e realização de intervenções didáticas organizadas;n Processos de cada alfabetizando na lógica do sistema da escrita;n Valorização do erro;n Estratégias didáticas: provocação intelectual, problemas, memorização;n Ambiente alfabetizador: apresentação simultânea de todas as letras, trabalho com palavras,

frases e textos, formulação de hipóteses;n Trabalho em grupo;n Sondagem constante;n Classificação em níveis pré-silábico, silábico e silábico-alfabético.

3.7.6 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

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Você identifica em qual metodologia foi alfabetizado (a)?( ) SIM ( ) NÃO Justifique:

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CAPÍTULO IV

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LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: PRINCÍPIOS GERAIS

4.1 – Dinâmica da Carta Enigmática.4.2 – Base Conceitual.

4.2.1 – Letramento é Diferente de Alfabetização.4.2.2 – Alfabetização.4.2.3 – Letramento.4.2.4 – Como Alfabetizar Letrando?

4.3 – Alfabetizando, Letrando, Matematizando e Interdisciplinando em EJA: Alguns Segredos.

4.4 – Práticas de Leitura e Escrita: Usos Sociais.4.5 – Slides Orientadores.

4.1 DINÂMICA DA CARTA ENIGMÁTICA

OBJETIVO: Demonstrar ao aluno a dificuldade que uma pessoa não alfabetizada tem para compre-ender o mundo da leitura e da escrita.

MATERIAL: Folhas com os códigos, folha com a carta a ser decifrada, pirulitos para todos os partici-pantes.

PROCEDIMENTO: Distribuem-se as cartas enigmáticas e pede-se que cada aluno tente decifrá-la. Após alguns instantes, distribui-se a folha com os códigos e segue-se o exercício cuja finalização é a conquista de um pirulito que será entregue a um colega de turma.

TRADUÇÃO DO ENIGMA: A. Alfabetizado é o indivíduo que aprendeu a ler e escrever.B. O indivíduo letrado é o alfabetizado que faz uso da leitura e da escrita.

Código

LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: PRINCÍPIOS GERAIS

 

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O que está escrito neste texto?

 

4.2 BASE CONCEITUAL 4.2.1 LETRAMENTO É DIFERENTE DE ALFABETIZAÇÃOLetramento é um estado, uma condição, um processo de quem se envolve nas numerosas e variadas

práticas sociais da leitura e da escrita; é o estado ou condição de quem interage com diversos gêneros e tipos de leitura e de escrita, com as diferentes funções que a leitura e a escrita desempenham em nossa vida e em processo de aquisição de conhecimentos por meio da leitura e da escrita.

Vários são os níveis de letramento dependendo do indivíduo, das necessidades do seu meio e do contexto social e cultural; é um processo contínuo, sem começo e sem fim, que consiste em:

- Expressar a possibilidade de ser mais, de ir além das letras, das palavras, das frases;- Oferecer a inclusão no universo cultural;- Possibilitar a comunicação e a integração com outras pessoas;- Fornecer acesso à gama infinita de informações, aquelas que mais nos interessam;- Permitir a participação mais ativa no mundo do trabalho, na política;- Promover a possibilidade de reinterpretar o mundo, analisar, comparar e (re) elaborar;- Proporcionar a apropriação do conhecimento por intermédio das letras, da leitura e da escrita. Os conceitos de alfabetização e de letramento constituem conhecimentos importantes para o pro-

fessor que alfabetiza, pois permitem a leitura da prática social trazida do contexto dos alfabetizandos,

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Letramento na EJA

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viabilizando a inserção do mundo social do aluno em universos mais amplos. Alfabetizar letrando supõe ações pedagógicas de atos de leitura e escrita, construídas pela junção dos contextos de alfabetizador e alfabetizando, capazes de permitir a inclusão social.

Alfabetizado é aquele indivíduo que aprendeu a ler e escrever. Não é, necessariamente, letrado, versado nas letras, leitor frequente e estudioso.

O indivíduo letrado é o alfabetizado que faz uso da leitura e da escrita, o que está, constantemente, em “estado de letramento”. É aquele que, continuamente, pratica a leitura e a escrita no cotidiano e responde às demandas sociais, envolvendo-se em processo de LETRAMENTO.

Uma pessoa que sabe ler e escrever, mas não faz uso da escrita é alfabetizada, mas não é letrada. Não vive no estado ou na condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita.

4.2.2 ALFABETIZAÇÃO− Sentido restrito:− ensino do código da língua escrita para desenvolver habilidades de ler e escrever;− técnica de associar grafemas (letras) e fonemas (sons)

DECODIFICAÇÃO

Associação mecânica entre a letra e o seu valor sonoro, sem que ocorra a compreensão.

O QUE É SER ALFABETIZADO PARA ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS?COMO É COLETADA ESSA INFORMAÇÃO?

− Sentido amplo:− ultrapassa a mera transposição do escrito para o oral;− ler e escrever são formas de estabelecer conexões com a realidade em processo de educação con-

tinuada.

4.2.3 LETRAMENTO− Resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita;− Estado ou condição que um grupo social ou indivíduo adquire como conseqüência de ter-se apro-

priado da escrita e de suas práticas sociais;− Uso competente e integrado da leitura e da escrita às práticas do cotidiano.

Uma pessoa pode ser alfabetizada e não ser letrada; sabe ler e escrever, mas não cultiva nem exerce práticas de leitura e de escrita. (Soares, 1995).

4.2.4 COMO ALFABETIZAR LETRANDO?Atualmente, a alfabetização e o letramento constituem desafio apresentado aos professores que

devem, constantemente, modificar sua prática pedagógica ao alfabetizar e, ao mesmo tempo, esta-belecer relações com o uso da leitura e da escrita. Várias são as situações que devem ser propiciadas aos alfabetizandos, levando-se em conta a sua realidade e sua vivência. O quadro a seguir apresenta características e relações entre as duas terminologias que orientam novos conhecimentos das práticas sociais de leitura e escrita.

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ALFABETIZAÇÃO LETRAMENTO

Ação de ensinar-e-aprender a ler e escrever; Processo contínuo, com começo, meio e sem fim;

Fase inicial do processo de letramento; Aquisição do conhecimento por intermédio das letras, da leitura e da escrita;

Processo que tem começo, meio e fim; Expressão da possibilidade de ir além das letras, das palavras, das frases, etc.;

Aquisição de nova tecnologia: a de codificar e decodificar em língua escrita Existência de vários tipos e níveis de letramento;

Utilização da leitura e da escrita no cotidiano; Cultivo do letramento: dedicação a atividades que envolvem leitura e escrita;

Transmissão ao alfabetizando do conjunto de signos que compõem o código lingüístico da língua moderna a fim de que possa comunicar-se por intermédio de mensagem escrita e pela leitura;

Intencionalidade em função das necessidades, dos desejos do indivíduo e do seu meio, da sua realidade social e cultural;

Ação de tornar alguém alfabetizado; Possibilidade de inclusão no universo cultural;

Consideração da história de letramento das crianças e dos adultos, quanto aos aspectos culturais e políticos envolvidos; estabelecimento de vínculo entre escola e família;

Possibilidade de (re) interpretar o mundo, analisar, comparar e (re) elaborar;

Forma de letramento no contexto escolar. Comunicação e integração por meio da cultura letrada;

Processo de desenvolvimento lingüístico-intelectual ininterrupto;Observação e questionamento do contexto escolar como parte do processo de letramento;Inserção do indivíduo em diferentes situações de leitura e escrita na sociedade letrada;

Cultura escrita na sociedade letrada.

Alfabetizar letrando supõe novas maneiras de ensinar a leitura e a escrita visando à participação ati-va na vida social de nossos alunos. Não devemos esquecer que este tipo de aprendizagem – da leitura e da escrita – realiza-se por meio do confronto entre o que já sabem, o conhecimento prévio e a nova experiência que vivem, o elemento novo.

Para que, efetivamente, você possa alfabetizar letrando, várias são as maneiras de desenvolver prá-ticas de leitura e escrita que estimulem o processo do aprendizado dos alunos em fase inicial de esco-larização. A seguir, apresentamos algumas práticas de leitura e escrita que podem ser realizadas.

Caracterize Alfabetização e Letramento. Elabore e apresente, para a turma, uma atividade prá-tica que envolva as duas terminologias.

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4.3 ALFABETIZANDO, LETRANDO, MATEMATIZANDO E INTERDISCIPLINANDO EM EJA: - ALGUNS SEGREDOS...

A alfabetização tem sido objeto constante de inúmeras discussões a respeito dos métodos utiliza-dos, das abordagens selecionadas, das escolhas e das formas de trabalhar em EJA.

Este processo de tomada de decisão do alfabetizador pressupõe um entendimento e preparo ade-quado para a realização do trabalho a ser desenvolvido.

A alfabetização é uma área desafiadora. Alfabetizar letrando possibilita inúmeras escolhas para a realização do trabalho pedagógico, tais como: - temas geradores, projetos interdisciplinares, temas transversais, unidade temática (trabalho, ética e relações sociais).

Visando alcançar os objetivos que serão elaborados e desenvolvidos pelos alfabetizadores em sua turma é que sugerimos a organização do trabalho interdisciplinar, pois estaremos mudando a visão do mundo e a realidade do aluno.

A proposta interdisciplinar é uma forma criativa e extremamente interessante de trabalho, pois pos-sibilita a pluralidade dos vários saberes arrolados para orientar o aprendizado dos alunos.

Este caminho é uma forma inteligente de ensinar e de construir novos conhecimentos possibilitando ao aluno ter mais autonomia e criatividade. Isto implica em saídas novas para várias combinações e ain-da, auxilia a integração entre as pessoas bem como ensina os alunos a usufruírem melhor os conteúdos recebidos pelo alfabetizador.

Os alfabetizadores de EJA que atuam em diferentes localidades, mas na mesma comunidade podem reunir-se para discutirem e articularem propostas variadas e que atendam a necessidade de seus alu-nos.

A interdisciplinaridade é um processo de construção do conhecimento que se baseia no que há de comum entre as disciplinas. O resultado deste trabalho não é o de juntar as partes das disciplinas e conteúdos integrados, mas a relação entre elas na busca de uma nova construção do conhecimento.

Planejar atividades alfabetizadoras de forma interdisciplinar exige que a integração ocorra favore-cendo as disciplinas de português, matemática, geografia, história, artes e demais outras disciplinas; porém suas especificidades devem ser mantidas.

4.5 PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA: - usos sociais

Este trabalho pode ser organizado em forma de práticas de leitura e escrita: - usos sociais. Vejamos como:

PRÁTICA DE LEITURA E MOVIMENTO: suscita conhecimento pessoal do EU com o seu físico, seu corpo, as relações que se podem estabelecer com o outro. Movimentar-se significa viver, aprender,

conquistar a imaginação, o pensamento, a história, o jogo, os objetivos, as leis, as experimentações, a política, a ecologia, as organizações sociais, a criação, a vida e a morte, a ocupação do planeta, a fo-tografia, o cinema, etc.

PRÁTICA DE LEITURA DE IMAGENS: estimula nossos alunos a serem observadores, ativos, sensí-veis, criativos, mais críticos com sua realidade. Podemos alfabetizar por meio de diferentes linguagens, como pintura, escultura, música, charge, caricatura, desenhos, teatro, fotografia, televisão, cinema, outdoors, cartazes, gestos, natureza, sombra, luz, sentimentos e tantas outras imagens. Basta você perceber melhor seus alunos e tornar essa prática criativa e agradável.

PRÁTICA DE LEITURA DE TEXTOS: passa pelo movimento do texto, ou seja, cada palavra presente torna o todo do texto significativo, e o que posteriormente vier da leitura será assimilado, como ima-gens, movimentos, conhecimentos e novas leituras textuais. Diversos recursos poderão ser utilizados para isso: textos ilustrados, escritos – histórias, poesias, notícias, diálogos, etc. Quanto aos textos fa-lados, podemos utilizar os teatrais, plásticos, cênicos e musicados, os matemáticos e científicos, os geográficos e históricos. Esses textos podem estar presentes em várias áreas, daí a necessidade de re-

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forçar a informação de outra maneira, voltada à norma culta. Podemos utilizar, também, brincadeiras, como cantigas de roda, parlendas, adivinhação, trava-língua, repentes e tantas outras que sua ousadia permitir usar.

4.5.1 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

Escolha uma das práticas e sugira uma atividade para alfabetizar jovens e adultos.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO V

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5.1 – Métodos de Alfabetização.5.1.1 – Método Sintético5.1.2 – Método Analítico.5.1.3 – Eclético ou Misto.

5.2 – Slides Orientadores.5.3 – Metodologia Paulofreireana.

5.3.1 – Dinâmica do Balão.5.3.2 – Fundamentos Metodológicos.

5.4 – Círculos de Cultura.5.5 – Paulo Freire.

5.5.1 – Biografia e Ideologia.5.5.2 – Princípios Básicos.5.5.3 – Metodologia.

5.5.3.1 – Fases de Elaboração e de Execução do Método.5.5.3.2 – Execução Prática.

5.6 – Slides Orientadores.5.7 – Prática Pedagógica.

5.7.1 – Palavra Geradora em Paulo Freire.5.8 – Alfabetização na Perspectiva Construtivista.

5.8.1 – Dinâmica: Você é Disciplinado?5.8.2 – Níveis de Alfabetização.

5.8.2.1 – Aspectos do Nível Pre-Silábico.5.8.2.2 – Aspectos do Nível Silábico.5.8.2.3 – Nível Silábico Para o Alfabético.5.8.2.4 – Nível Alfabético.5.8.2.5 – Síntese de Atividade nos Três Níveis.

5.9 – Slides Orientadores.5.10 – Exemplos de Escritas dos Níveis.5.11 – Prova Ampla.

5.11.1 – Dinâmica: Procurando Palavras

VISÃO GERAL DOS MÉTODOS

Quando alguém inicia a alfabetização, percorre uma trajetória que marca o início e a evolução de seu contato com a língua escrita. Este processo é gradativo e contínuo. A alfabetização é considerada um período no qual o (a) professor (a) transmite ao alfabetizando o conjunto de signos que compõe o código lingüístico da língua materna, a fim de que o indivíduo possa comunicar-se pela mensagem escrita e pela leitura.

Os métodos tradicionais de alfabetização partem dos pressupostos de que cada som corresponde a

VISÃO GERAL DOS MÉTODOS

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uma letra, portanto aprender a ler e a escrever significa aprender a codificar e decodificar, em língua escrita, a recitação das sílabas, palavras e frases que aparecem dissociadas de seus significados e do contexto. Isso retira do ato de ler e escrever seu prazer e sua função social.

Essa ideia evidencia a necessidade de explicitar o que é um método de alfabetização. Assim, MÉTO-DO pode ser apresentado como um caminho a ser percorrido. Deve ser utilizado de forma sistemática e organizada visando atender a especificidade do que será trabalhado e desenvolvido na sala de aula. Quando o (a) professor (a) organiza seu jeito de aplicar o método de forma sistematizada, passa a outra etapa denominada PROCESSO, que significa modo sistemático de aplicar o método.

5.1 MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO

Os métodos de alfabetização podem ser classificados em dois (2) grandes grupos que possuem ca-racterísticas bem distintas, são largamente utilizados, e um não exclui o outro.

5.1.1 MÉTODO SINTÉTICONeste método existem os processos alfabético, fônico e silábico.

5.1.2 MÉTODO ANALÍTICONele encontram-se os processos de palavração, sentenciação e contos.

5.1.3 ECLÉTICO ou MISTO é a mistura resultante do processo sintético e do analítico. Ao analisar as abordagens de alfabetização com base nos métodos sintéticos, analíticos e ecléticos,

percebem-se características específicas na maneira de ensinar a ler e escrever. Destaca-se que todos alfabetizam a curto e longo prazo. Todos possuem vantagens e desvantagens em sua execução.

O que o professor alfabetizador deve levar em conta são as diferenças particulares ao aplicar os métodos e a observação de que há várias críticas a cada um especificamente. Em sua escolha, perceba que as desvantagens, na prática, são inúmeras. Eles são apresentados para que você não cometa exa-geros no emprego de cada um deles e possa aproveitar as críticas para transformá-los de acordo com sua criatividade.

Popovic (1980) apresenta algumas observações sérias e fundamentadas aos métodos que ilustram o cuidado necessário do alfabetizador ao desenvolver seu trabalho.

NA PRÁTICA...

 

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Relembre sua alfabetização, realizando a seguinte atividade:Nome:______________________________________ Data: ________________

Escreva sobre seu processo de alfabetização, o método utilizado pelo professor, a relação entre professor e aluno, as facilidades e dificuldades na aprendizagem, as expectativas da família e outros.

E ainda... pode-se trabalhar a alfabetização para jovens e adultos.

O mesmo processo é também verificado no jovem e adulto.

A TEORIA É OUTRA!

5.2 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

 

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Essa atividade é uma sugestão para o trabalho com os métodos sintéticos, analíticos e ecléticos e seus respectivos processos de alfabetização

FONTE: Revista ATIVA-BOM SENSO – Promoções editoriais, Ano |I – nº 1

5.3 METODOLOGIA PAULOFREIREANA

5.3.1 DINÂMICA DO BALÃO

OBJETIVO: Expressão de afetividade, expectativas, apresentações, fixação de conteúdos, etc.MATERIAL: Aparelho de som, CD com música bem animada, tiras de papel ofício, caneta.TEMPO: Depende do tamanho do grupo, ocorre, em média, em 20 minutos.METODOLOGIA: Explicação da técnica a ser utilizada e das finalidades do trabalho, encaminhamen-

to da dinâmica.DESENVOLVIMENTO: O condutor da dinâmica explica que, primeiro, todos os participantes deverão

escrever, nos pedaços de papel, o que entenderam sobre o conteúdo trabalhado no dia. Feito isso, cada um deverá enrolar seu papel, colocá-lo dentro do balão, enchê-lo e amarrá-lo. Ao som da música, todos deverão movimentar-se, dançando e jogando os balões para o alto. Os balões não podem tocar o chão. Ao comando do condutor da dinâmica, todos deverão segurar um balão diferenciado da cor escolhi-da inicialmente. Ao comando, os participantes estouram o balão, retiram o papel sentam-se em seus lugares. Será dado o início à leitura de todos os conteúdos dos papéis e, assim, fixam-se os conceitos aprendidos e debate-se sobre eles.

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5.3.2 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS

O método para alfabetizar adulto é conhecido por educadores, por profissionais de outras áreas ou por pessoas da comunidade como o MÉTODO do PAULO FREIRE. Consiste em diálogo constante entre educador e educando, pois, de ambos os lados, ocorre processo de aprendizagem, troca de experiên-cias, de saber e de vivências pessoais com o conhecimento.

Na visão de Paulo Freire, o caminhar com os adultos em processo de alfabetização exige aproxima-ção da cultura e do vocabulário dos educandos. A palavra cultura possui vários significados em dife-rentes realidades e contextos. Nesse sentido, dependendo da realidade dos alfabetizandos pode ser considerada como: - acervo cultural e espiritual de uma determinada comunidade, hábitos, costumes e ritos de uma localidade e incluindo costumes, festas, danças folclóricas de um povo. A etimologia da palavra cultura de acordo com o dicionário da Larousse Cultural (1992, p. 298) apresenta seu signifi-cado como: - “conjunto de conhecimentos adquiridos, instrução, saber”; como ainda refere-se cultura como “conjunto de estruturas sociais, religiosas, etc. e de manifestações intelectuais, artísticas e etc., que caracterizam uma sociedade”. Com base nos princípios ideológicos de Paulo Freire e do conheci-mento da realidade dos alfabetizandos identifica-se as palavras geradoras retiradas da realidade dos alunos e que desejam estudar e conhecer para aprender a ler e a escrever.

Na metodologia ora apresentada e discutida, aparece o Círculo de Cultura entendido como o exercí-cio de entrar no mundo do outro e lhe apresentar o seu mundo, recuperando muito da cultura perdida, fazendo-o entender que ele também é cultura.

Os “Círculos de Cultura” são encontros entre culturas de pessoas que serão alfabetizadas, coorde-nadores e observadores. Cada um tem experiências para trocar e partilhar com o outro, portanto a interação deve ser constante. Esta dinâmica de trabalho favorece a convivência em grupos, respeitando as diferenças de escolaridade, idade, sexo, raça, religião, limites pessoais e assume o crescimento indi-vidual e coletivo. É “círculo” porque as cadeiras deverão estar dispostas desta maneira para favorecer o diálogo e o olhar entre as pessoas que fazem parte do grupo.

Na década de 60, o trabalho desenvolvido por Paulo Freire levou os nordestinos a conhecer uma nova proposta de alfabetização que, depois de vivenciada nas áreas rural e urbana do nordeste brasi-leiro, foi levada para São Paulo e para o Distrito Federal.

Ocorre uma mudança geral onde se observa as culturas diferenciadas pelas regiões e consequente-mente a transformação a adaptação da conduta do alfabetizador.

Em todas as situações vivenciadas em cada região busca-se o crescimento do grupo em que se atua, propon-do-se mudanças dos paradigmas com relação às atitudes, decisões, pensamentos críticos e busca de soluções.

Ao decidir trabalhar com a metodologia e os princípios do Círculo de Cultura o alfabetizador estará propiciando um processo educativo global visando realizar a construção histórica do sujeito par-ticipante de acordo com a sua vivência e organizando a partir da realidade individual e coletiva vários princípios e legados construídos com o objetivo de:

- informar, orientar, preparar e discutir o que acontece de significativo dentro de sua realidade, no país e no mundo;

- estimular, despertar e conscientizar na busca constante de novos conhecimentos para abrir horizontes e ampliar a visão de cidadania, do mundo, da sociedade, do homem por meio de matérias/recursos que possam ser veiculados e trabalhados no círculo de cultura, tais como: - vídeos, slides, livros, jornais, folders, livros e que tudo que for possível levar para os debates;

- orientá-los a organizar o pensamento sabendo articular o conhecimento construído por meio da oralidade ou da escrita, tais como: - conversas, debates, posicionamentos, bilhetes, cartas e outros.

5.4 CÍRCULOS DE CULTURA

Para que você compreenda melhor como acontece, na prática, o “Círculo de Cultura”, apresentar--se-á uma síntese das situações para discussão em sala de aula e as gravuras sugeridas por Paulo Freire

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em seu livro “Educação como prática de liberdade”. Outras gravuras poderão ser utilizadas por você, alfabetizador, ou sugeridas por seus alunos.

1 - “UM HOMEM NO MUNDO E COM O MUNDO NATUREZA E CULTURA”.. Explorar por meio de perguntas simples:Quem fez o poço? Por que o faz? Como o fez? Quando?.Explorar dois conceitos: a necessidade e o trabalho..Observar as reações dos SUJEITOS sem dominação.

2 – “DIÁLOGO MEDIADO PELA NATUREZA”. Motivar para a análise do diálogo da comunicação entre os HOMENS, do encontro entre consciências.. Observar o mundo humanizado entre os HOMENS: como falar com o outro, ouvir, trocar ideias.

3 –“ CAÇADOR ILETRADO”.Iniciar o debate desta situação com a distinção entre o que é NATUREZA e o que é CULTURA.

4 – “CAÇADOR LETRADO”.. Identificar o caçador como um homem que possui cultura ainda que seja analfabeto.. Discutir a transformação para o avanço tecnológico: o homem e a espingarda.. Analisar a contribuição do homem para transformar e humanizá-lo por meio do diálogo na educação.

5 – “O CAÇADOR GATO”..Trabalhar com o grupo a questão da cultura: quem caça, o gato ou o homem? Quem faz a cultura, o HOMEM ou o GATO? Por quê?. Diferenciar caçador de perseguidor.

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Ao trabalhar com a metodologia de Paulo Freire, deve-se levar em conta o universo social, cultural, político, econômico de nossos educandos, pois, em sua grande maioria, são trabalhadores que enfren-tam uma realidade de dominação.

Ao conhecer a vida, a ideologia e a metodologia de Paulo Freire, deparamos com princípios que fun-damentam os procedimentos metodológicos voltados à alfabetização de adultos. São eles: a liberdade, o respeito, a cidadania, o diálogo, a afetividade com seus respectivos desdobramentos. Considerando tais aspectos, o poema de Vinícius de Moraes, “Operário em Construção”, retrata a realidade do adulto

6 – “O HOMEM TRANSFORMA A MATÉRIA DA NATUREZA COM O SEU TRABALHO”.. Que vemos? Que fazem os homens? Estão alterando a matéria da na-tureza com o trabalho..O que ele ganha com esse trabalho?

7 – “JARRO PRODUTO DO TRABALHO DO HOMEM SOBRE A MATÉRIA DA NATUREZA”. . Para que serve o jarro produzido? O que fazer com ele?. E as flores? Para que servem? Como utilizá-las?. Faço cultura: as flores são natureza, mas, como adorno, são cultura.. Enfatizar a dimensão estética do que foi criado.

8 – “POESIA”.. Ler o texto pausadamente. Este texto é igual aos outros? . Apresentar a poesia. Caracterizar a poesia popular.. Discutir se a poesia é cultura tanto quanto o jarro.. Reler o texto e perceber a manifestação poética.

9 – “PADRÕES DE CONHECIMENTO”. . Observar as gravuras: gaúcho do sul e vaqueiro do nordeste, vestidos, cada um, a sua maneira.. Observar as roupas, as tradições, a cultura.. Analisar padrões de comportamento como manifestação cultural.

10 – “SÍNTESE DAS DISCUSSÕES”.. Debater sobre a cultura como aquisição sistemática de conhecimentos.. Conceber a democratização da cultura.. Vivenciar o círculo de cultura como dinâmico, vivo, criador do diálogo e da clareza de consciências . . Dispender duas noites nesta discussão para, posteriormente, iniciar a alfabetização e fazê-la ter sentido.

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em processo de alfabetização e busca sua identidade no aprendizado da leitura e da escrita, além de conquistar a cidadania por meio do contexto letrado que proporciona a “leitura de mundo” mais justa, igualitária e com esperança de novos horizontes para o cidadão que deseja construir um mundo melhor por meio de seu aprendizado.

5.5 PAULO FREIRE

5.5.1 BIOGRAFIA E IDEOLOGIA• Nasceu em Pernambuco, em 19 de setembro de 1921;• Faleceu aos 76 anos, de infarto, em 02 de maio de 1997;• Advogado e professor, desde cedo, preocupou-se com a formação do jovem e adulto trabalhador;• Idealizou um método de trabalho que, em 1962, foi experimentado pela primeira vez;• Em 1964, foi considerado “subversivo internacional e traidor de Cristo e do povo brasileiro” e foi

exilado para o Chile;• Durante 5 anos, no Chile, trabalhou em seu projeto e escreveu sua principal obra : A pedagogia do

oprimido;• Ficou exilado durante 16 anos;• Retornou ao Brasil em 1980, para reaprender o país.

5.5.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS

LIBERDADE:• de pensar, refletir e discutir problemas e dificuldades;• de falar: a liberdade de expressão foi tônica da pedagogia de Paulo Freire mediante o universo

vocabular;• de agir como cidadão, em defesa de seu ideal, organizando-se em grupos.

RESPEITO:• à individualidade;• às experiências e vivências;• às ideias e propostas.

CIDADANIA:• direitos e deveres para consigo e com os outros;• defesa de seus direitos;• busca de melhoria de vida.

DIÁLOGO:• troca de experiências;• valorização dos relatos;• saber ouvir mais.

AFETIVIDADE:• proximidade ao aluno e disponibilidade a ele;• elevação de sua auto-estima, fortalecendo-a em seus esforços e avanços;• toque, olhar carinhoso, expressão facial como sinal de aprovação e incentivo.

5.5.3 METODOLOGIA

Paulo Freire propõe-nos uma pedagogia da liberdade. Suas ideias nascem como uma das expressões

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da emergência política das classes populares e, ao mesmo tempo, conduzem à reflexão e à prática di-rigidas ao movimento popular.

O respeito à liberdade dos educandos – que nunca são chamados de analfabetos, mas de alfabeti-zandos – é anterior à organização dos círculos de cultura. Já no levantamento do vocabulário popular, busca-se o máximo de interferência do povo na estrutura do programa. Ao educador cabe registrar fiel-mente este vocabulário e selecionar palavras freqüentes e relevantes quanto à significação vivida e ao tipo de complexidade fonêmica que apresentam. Estas palavras, de uso comum na linguagem do povo e carregadas de experiência vivida, são decisivas, pois, com base nelas, o alfabetizando irá descobrir as sílabas, as letras e as dificuldades silábicas específicas de seu idioma, além de servirem de matéria ini-cial para descoberta de novas palavras. Assim, por meio das palavras geradoras, o alfabetizando toma posse de seu idioma.

Para Freire (1971), a educação é conscientização. É reflexão rigorosa e pesquisada com os alunos. Por exemplo: as palavras geradoras em um grupo de alfabetizando jovens e adultos camponeses pode-riam ser enxada, terra, colheita e adubos. Por sua vez, um grupo de pedreiros trabalharia com palavras como cimento, tijolo, areia, etc., enquanto os operários mecânicos lidariam com outros termos com-pletamente diferentes dos apresentados.

5.5.3.1 FASES DE ELABORAÇÃO E DE EXECUÇÃO DO MÉTODO

1. Levantamento do universo vocabular dos grupos com os quais se trabalhará: esta fase apresen-ta resultados muito ricos para a equipe de educadores, não só pelas relações que travam mais também pela exuberância da linguagem do povo. As entrevistas revelam anseios, frustrações, descrenças, esperanças, ímpeto de participação bem como momentos altamente estéticos da linguagem do povo. As palavras geradoras surgem desses levantamentos e não de seleção que os educadores fazem.

PALAVRAS GERADORAS SÃO AQUELAS QUE, DECOMPOSTAS EM SEUS ELEMENTOS SILÁBICOS, PROPICIAM, PELA COMBINAÇÃO DESSES ELEMENTOS, A CRIAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS.

2. Escolha das palavras, selecionadas do universo vocabular pesquisado: a seleção é feita mediante critério de:a. riqueza fonêmica;b. dificuldade fonética: as palavras escolhidas devem responder às dificuldades fonéticas da lín-

gua, postas em seqüência crescente de dificuldades;c. teor pragmático da palavra que implica maior pluralidade de engajamento da palavra numa

dada realidade social, cultural, política, etc.

3. Criação de situações existenciais típicas do grupo: abre perspectivas para a análise de problemas nacionais e regionais. Nelas, apresentam-se palavras geradoras que tanto podem englobar a situ-ação toda quanto podem referir-se a um dos elementos da situação.

4. Elaboração de fichas-roteiro: auxilia como subsídios e jamais como uma prescrição rígida a que devam obedecer.

5. Produção de fichas com a decomposição das famílias fonêmicas correspondentes aos vocábulos geradores.

5.5.3.2 EXCECUÇÃO PRÁTICA

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1. Debate para escolha da palavra geradora e suas implicações: somente quando o grupo finalizou a análise da situação dada, volta-se o educador à visualização da palavra; por exemplo, TIJOLO;

2. Visualização da palavra geradora: o coordenador apresenta a palavra sem o objeto que a repre-senta;

3. “Pedaços”: visualiza-se a palavra geradora separada em sílabas; TI – JO – LO;4. Famílias fonêmicas: trabalham-se as famílias de cada sílaba da palavra geradora;5. Ficha da descoberta: apresentam-se as famílias juntas, que é o momento mais importante;

TA –TE – TI – TO – TUJA – JE – JI – JO – JU

LA – LE – LI – LO – LU 6. Formação de palavras: o grupo começa a criar palavras com as combinações à sua disposição. Em

geral, quando se projeta a família fonêmica, o grupo reconhece apenas a sílaba da palavra visua-lizada. Por exemplo: TIJOLO – aspectos para discussão:

• reforma urbana;• planejamento;• relacionamento entre várias reformas;• profissão.

5.6 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

5.7 PRÁTICA PEDAGÓGICA

- Dinâmica: elaboração de receita de alfabetização de acordo com a metodologia de Paulo Freire;- Prática pedagógica de Paulo Freire: simulação de atividades práticas na perspectiva paulofreireana;- Trabalho em grupo: seleção de palavras geradoras.- Jogral: O operário em construção (retrata a vida de homens que trabalham, nunca estudaram ou

possuem poucos conhecimentos , que sabem todas as medidas, fazem cálculos mentais, erguem pa-redes no prumo, calculam a quantidade de tijolos, cimento e areia e seu trabalho final é elogiado pelo patrão. Ele, o operário usa suas habilidades, competências e experiências de vida para realizar a obra apesar de ser um mero analfabeto desconhecido).

5.7.1 PALAVRA GERADORA EM PAULO FREIREImagine que você já trabalha em um grupo de jovens e adultos e que, na sua comunidade, existe

uma grande problemática com relação a ______________________.Faça, como se fosse seu aluno, um levantamento de questões e situações que o tema sugere. Esco-

lha uma das gravuras apresentadas e faça um levantamento dos temas que poderiam ser discutidos no Círculo da Cultura.

“FICHA DA DESCOBERTA”

Era Ele que erguia casasOnde antes só havia chão.Como um pássaro sem asasEle subia com as casasQue lhe brotavam da mão. Mas tudo desconheciaDe sua grande missão: Não sabia, por exemploQue a casa de um homem é um templo

Um templo sem religiãoComo tampouco sabiaQue a casa que ele faziaSendo a sua liberdadeEra a sua escravidão.De fato, como podiaUm operário em construçãoCompreender por que um tijoloValia mais do que um pão?

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Tijolos ele empilhavaCom pá, cimento e esquadriaQuanto ao pão, ele o comia...Mas fosse comer o tijolo!E assim o operário iaCom suor e com cimentoErguendo uma casa aquiAdiante um apartamentoAlém uma igreja, à frenteUm quartel e uma

prisão: Prisão de que sofreriaNão fosse, eventualmenteUm operário em construção.Mas ele desconheciaEsse fato extraordinário: Que o operário faz a coisaE a coisa faz o operário. De forma que, certo diaÀ mesa, ao cortar o pãoO operário foi tomadoDe uma súbita emoçãoAo constatar assombradoQue tudo naquela mesa- Garrafa, prato, facãoEra ele quem os faziaEle, um humilde operário, Um operário em construção. Olhou em torno: gamelaBanco, enxerga, caldeirãoVidro, parede, janelaCasa, Cidade, nação!Tudo, tudo o que existiaEra ele quem os faziaEle, um humilde operárioUm operário que sabiaExercer a profissão.

Ah, homens de pensamentoNão sabereis nunca o quantoAquele humilde operárioSoube naquele momento!Naquela casa vaziaQue ele mesmo levantaraUm mundo novo nasciaDe que sequer suspeitava.O operário emocionadoOlhou sua própria mãoSua rude mão de operário

De operário em construçãoE olhando bem para elaTeve um segundo a impressãoDe que não havia no mundoCoisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão Desse instante solitárioQue, tal sua construçãoCresceu também o operário. Cresceu em alto e profundoEm largo e no coraçãoE como tudo que cresceEle não cresceu em vãoPois além do que sabia- Exercer a profissão -O operário adquiriuUma nova dimensão: A dimensão da poesia.E um fato novo se viuQue a todos admirava: O que o operário diziaOutro operário escutava.E foi assim que o operárioDo edifício em construçãoQue sempre dizia simComeçou a dizer não.E aprendeu a notar coisasA que não dava atenção:Notou que a sua marmitaEra o prato do patrãoQue a sua cerveja pretaEra o uísque do patrãoQue o seu macacão de zuarteEra o terno do patrãoQue o casebre onde moravaEra a mansão do patrãoQue seus dois pés andarilhosEram as rodas do patrãoQue a dureza do seu diaEra a noite do patrãoQue a sua imensa fadigaEra amiga do patrão. E o operário disse: Não!E o operário fez-se forte Na sua resolução.Como era de se esperarAs bocas da delaçãoComeçaram a dizer coisasAos ouvidos do patrão.Mas o patrão não queria

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Nenhuma preocupação- “Convençam-no” do contrário -Disse ele sobre o operárioE ao dizer isso sorria.Dia seguinte, o operárioAo sair da construçãoViu-se súbito cercadoDos homens da delaçãoE sofreu, por destinadoSua primeira agressão.Teve seu rosto cuspidoTeve seu braço quebradoMas quando foi perguntadoO operário disse: Não!Em vão sofrera o operárioSua primeira agressãoMuitas outras se seguirammuitas outras seguirão.Porém, por imprescindívelAo edifício em construçãoSeu trabalho prosseguiaE todo o seu sofrimentoMisturava-se ao cimentoDa construção que crescia. Sentindo que a violênciaNão dobraria o operárioUm dia tentou o patrãoDobrá-lo de modo vário. De sorte que o foi levandoAo alto da construçãoE num momento de tempoMostrou-lhe toda a regiãoE apontando-a ao operárioFez-lhe esta declaração: - Dar-te-ei todo esse poderE a sua satisfaçãoPorque a mim me foi entregueE dou-o a quem bem quiser.Dou-te tempo de lazerDou-te tempo de mulher.Portanto, tudo o que vêsSerá teu se me adoraresE, ainda mais, se abandonaresO que te faz dizer não.Disse e fitou o operárioQue olhava e que refletiaMas o que via o operárioO patrão nunca veria. E o operário via as casasE dentro das estruturas

Via coisas, objetosProdutos, manufaturas.Via tudo o que faziaO lucro do seu patrãoE em cada coisa que viaMisteriosamente haviaA marca da sua mão. E o operário disse: Não!- Loucura! - gritou o patrãoNão vês o que te dou eu?- Mentira! -disse o operárioNão podes dar-me o que é meu.E um grande silêncio fez-seDentro do seu coraçãoUm silêncio de martíriosUm silêncio de prisão.Um silêncio povoadoDe pedidos de perdãoUm silêncio apavoradoCom o medo em solidão.Um silêncio de torturasE gritos de maldiçãoUm silêncio de fraturasA se arrastarem pelo chão.E o operário ouviu a vozDe todos os seus irmãosOs seus irmãos que morreramPor outros que viverão.Uma esperança sinceraCresceu no seu coraçãoE dentro da tarde mansaAgigantou-se a razãoDe um homem pobre e esquecidoRazão porém que fizeraEm operário construídoO operário em construção.

Você sabe o que é um Jogral?

A partir da leitura, forme um grupo e organize um jogral bem criativo.

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5.8 ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA

5.8.1 DINÂMICA: VOCÊ É DISCIPLINADO?

O TEMPO ESTÁ PASSANDO… SEJA RÁPIDO; PORÉM LEIA TUDO ANTES DE EXECUTAR QUALQUER TAREFA.

Lista de Instruções – Você é disciplinado?

1. Disciplina e perseverança são a chave para o sucesso.2. Escreva seu nome, sublinhe-o no alto desta folha, à direita.3. Levante-se da sua cadeira e dê DEZ PASSOS bem espaçados dentro da sala.4. Volte para a sua cadeira e desenhe, no verso desta folha, uma casa e uma árvore.5. Fique em pé, em cima de sua cadeira, e pronuncie, bem alto, o seu nome.6. Troque de lugar com outra pessoa, de preferência que não esteja perto de você.7. Dê um abraço em você próprio e diga: “Eu me amo!”.8. Agora, fique, durante, aproximadamente, vinte segundos, de olhos fechados, em atitude de re-

flexão.9. Abra os olhos, fique em pé, jogue suas mãos para o céu, e grite: “Sou uma pessoa feliz!”.10. Faça dupla com outra pessoa e cante: “Atirei o pau no gato…”.11. Dê uma volta, em círculo, na sala, andando de costas.12. Faça a oração do Pai Nosso, com as mãos postas (palma com palma), até o trecho “assim na terra

como no céu…”.13. Suba na cadeira e, finalmente, grite: “Eu sou demais!”. Agora que você acabou de ler todas as

questões, execute apenas a número 2. Parabéns!

5.8.2 NÍVEIS DE ALFABETIZAÇÃO

Atualmente, as práticas tradicionais de alfabetização são questionadas pelas investigações psico-lógicas e psicolingüísticas. Nessa realidade, as ideias de Emília Ferreiro apresentam-se como valiosas contribuições na abordagem construtivista-interacionista da aprendizagem em que não há receitas prontas, pois a construção é a chave para encontrar o segredo da aprendizagem.

O trabalho de Emília Ferreiro é fundamentado na teoria de Piaget. A educadora e pesquisadora de-senvolveu trabalhos revolucionários no campo da aquisição da escrita e definiu quatro (4) níveis pelos quais o alfabetizando passa no processo da psicogênese da escrita.

A passagem de um nível a outro se faz ao trabalhar o conhecimento de cada etapa. Assim, o aluno constrói sua aprendizagem durante o processo de alfabetização, marcado pela formulação e superação das hipóteses de leitura e escrita em cada nível. Essa metodologia pressupõe continuidade e acompa-nhamento do professor que deverá estar atento à evolução de seus alunos no processo de criação de hipóteses sobre o que lê e escreve. Os níveis de alfabetização estão organizados em: pré-silábico, silá-bico, silábico-alfabético e alfabético. O nível silábico-alfabético não será apresentado e discutido, pois ele é um nível intermediário guardando as características dessas fases.

5.8.2.1 ASPECTOS DO NÍVEL PRÉ-SILÁBICO

Quando alguém se alfabetiza percorre um caminho cujo nome dado, atualmente na perspectiva construtivista é a Psicogênese da Alfabetização. Neste caso, se caracteriza por uma seqüência de níveis de concepção dos sujeitos que aprendem. No entender de GROSSI, 1990 os níveis são ligados e organi-zados da seguinte forma:

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“(...) a hierarquia de procedimentos, de noções e de representações, determinada pelas proprieda-des das relações e das operações em jogo, de acordo como o sujeito vivencia os problemas num deter-minado momento do processo de aprendizagem.” (p.55).

Em grandes linhas, no mural pré-silábico a leitura se caracteriza pela leitura global, sem recorte silábico, e pelo fato de a escrita representar nomes e atributos dos objetos. Nesta fase, os jovens e os adultos constroem hipóteses sobre o que é preciso para que “escritos” possam ser “lidos”.

• Inexistência de associação entre as letras escritas e sílabas orais;• Concepção de que se escreve com desenhos PS1 (esclarecer o que é PS1?);• Grafia com traços figurativos do que se escreve PS1;• Escrita com letras e números condicionando a quantidade ao tamanho, à posição, às característi-

cas figurais entre o escrito e o objeto real PS2(esclarecer o que é PS2?).

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS

• Criação de ambiente rico em materiais e de atos de leitura;• Contacto simultâneo com todas as letras;• Oferta de variados conjuntos de alfabetos e dois tipos de letras: caixa alta e cursiva;• Memorização global de palavras, com a construção do TESOURO, isto é, palavras significativas

para cada aluno, principalmente o nome próprio;• Vinculação de objeto ou figura à palavra escrita;• Análises não silábicas: contar letras, reconhecê-las, identificar aspectos do traçado das letras.

SINTETIZANDO...

A superação do nível pré-silábico caracteriza-se por:• Reconhecimento de que letras desempenham função na escrita;• Compreensão ampla da vinculação entre o discurso oral com o texto escrito; • Distinção entre imagem, texto, letras, números;• Vinculação entre o que se pensa e o que se escreve;• Distinção entre letras, palavras, frase e textos.

ESQUEMA DO NÍVEL PRÉ-SILÁBICO

PALAVRAS • Associação entre palavra e objeto (imagem);• Memorização global de palavras significativas;• Análise da constituição das palavras quanto às letras inicial e final, ao número de letras, à ordem

e à natureza das letras.LETRAS• Análise dos aspectos gráfico-topológicos, de forma, de posição em dois tipos de letras (invariân-

cia de forma);• Introdução dos aspectos sonoros pelas iniciais de palavras significativas;• Distinção entre letras e fonemas.TEXTOS• Aspectos semânticos:

o vinculação do discurso oral com o texto escrito;o distinção entre imagem e escrita.

• Aspectos gráficoso reconhecimento dos suportes diferentes de textos distintos;

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o reconhecimento das letras como constituintes do texto;o análise da distribuição espacial do texto e da orientação da frase.

ATIVIDADES INDICADASo Com o nome: crachás, bingo de letras, de palavras, quebra-cabeça, variadas apresentações do

mesmo nome;o Produção e apresentação de textos significativos; o Baralhos, jogos da memória, sons de letras;o Leitura de histórias, análise de palavras.

Dinâmica do RÓTULO

O agente alfabetizador pede aos alunos que tragam rótulos de vários tipos de produtos: - lata de alimento, produtos de limpeza, higiene pessoal, remédios, etc.; e discute sobre as cores, desenhos ou figuras que aparecem nos rótulos, perguntando também onde há letras e números.

Depois os alunos fazem cartazes classificando os rótulos em produtos de limpeza, produtos de hi-giene, alimentos, etc...; escolhem alguns produtos e o professor escreve os nomes no quadro de giz. A partir dessa lista, a classe escolhe um produto e discute que tipo é e para que serve. Em seguida, a classe cria um novo nome e um novo rótulo para esse produto.

5.8.2.2 ASPECTOS DO NÍVEL SILÁBICO

Nesta fase da alfabetização, a hipótese/nível silábica, ao mesmo tempo em que é um avanço con-ceitual, é uma enorme fonte de conflitos para os alunos, isto acontece quando gera contradições como o controle silábico e a quantidade mínima de letras que permite antecipar. Nesse momento costuma aparecer uma hipótese que atribui a cada letra uma sílaba oral. Saber escrever mas não poder ler o que foi escrito é fator gerador do conflito de passagem para outro nível.

O alfabetizador precisa estar atento as várias abordagens globais numa busca constante da lógica do sistema dos níveis e a conquista da estabilidade, se faz por meio de um amplo trabalho com a escrita de várias palavras significativas da realidade dos alunos.

• Vinculação entre pronúncia e escrita: correspondência quantitativa de sílabas orais a letras isoladas;• Segmentação quantitativa das palavras em tantos sinais gráficos quantas são as vezes em que se

abre a boca para pronunciá-las.

ESQUEMA DO NÍVEL SILÁBICO

PALAVRAS• Ênfase sobre a análise da primeira letra no contexto da 1ª sílaba; • Contraste entre as palavras memorizadas globalmente e a hipótese silábica: contagem do núme-

ro de letras, desmembramento oral de sílabas e hipóteses de repartição de palavras escritas.

LETRAS• Reconhecimento do som das letras pela análise da primeira sílaba de palavras;• Prosseguimento do estudo de formas e da posição das letras em seus dois tipos: cursivo e caixa

alta (maiúsculas de imprensa).

TEXTOS• Uso preferencial de textos cujo conteúdo esteja memorizado de antemão, para leitura;• Pesquisa de qualquer palavra no texto, incluindo verbos e partículas pequenas, como artigos,

preposições.

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ATIVIDADES INDICADAS• Completar palavras quando lhes falta a primeira letra;• Escrever palavras dadas as primeiras letras;• Escrever palavras no conjunto de sua primeira letra;• Ligar cada desenho à primeira letra do seu nome;• Entregar o alfabeto escrito e suas atividades;• Fazer bingo de iniciais de palavras e de letras isoladas;• Contar o número de letras;• Continuar com o TESOURO de palavras para atividades diversas; • Analisar o número de letras das palavras;• Completar palavras.

5.8.2.3 NÍVEL SILÁBICO PARA O ALFABÉTICO

O nível silábico – alfabético marca a transição entre os esquemas prévios que estão sendo constru-ídos. Este nível caracteriza-se pelo processo de substituição, é longo e depende da elaboração e reela-boração de palavras conhecidas e desconhecidas.

• Impossibilidade de ler o que se escreve silabicamente;• Impossibilidade de ler o que os outros (alfabetizados) escrevem.

Dinâmica da FORCA Preste atenção no que vamos jogar. Vejamos se você descobre as palavras com as letras que estão

faltando! Não se esqueça de observar que: C é CONSOANTE e V é VOGAL.Agora, observe os nomes de alimentos que começam com B.

B __ T__ __ A v v c

B __ __ A __ H __ v c c v

B I __ __ O __ __ O c c v c

B __ N __ __ A v c v

5.8.2.4 NÍVEL ALFABÉTICO

O nível alfabético, os alunos descobrem que a representação gráfica é realizada pelos símbolos alfa-béticos. Nessa fase, procura-se assegurar em sua escrita a representação de cada fonema pelo grafema correspondente. Este nível não implica necessariamente o domínio das normas, pois nos aspectos quantitativos enfrentará os problemas ortográficos, isto é, a identidade dos sons não garante a identi-dade da letra, nem a letra garante a identidade do som.

Nesta fase, o “estado” da alfabetização – a construção alfabética de sílabas acontece e o aluno dis-para a ler e a escrever.

• Estalo da alfabetização;• Noção de sílaba composta por mais de uma letra;• Separação das palavras na produção de textos;

Obs: Alfabetizador, você poderá criar outras situ-ações sobre vestuário, estações do ano, merca-do, com leitura dos números. Vise a criatividade!

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• Ênfase na adequação fonética e exclusão da preocupação ortográfica;• Conflito na escrita de sílabas complexas.

ATIVIDADES INDICADAS

• A partir de um texto:o leituras globais ou parciais;o reconhecimento de palavras, frases e letras;o ditados de partes ou palavras;o cópias de palavras;o remontagem;o produção de desenhos;o contagem de frases, espaços, e de palavras;o cópias marcando os espaços;o preenchimento de lacunas com palavras;

• Diversificação de atividades;• Produção individual e coletiva de textos;• Escrita de cartas, bilhetes ou cartões;• Montagem de frases com palavras soltas;• Contagem de palavras nos textos;• Reorganização de textos com suas palavras (do texto ou próprias do aluno?);• Abordagem de sílabas /famílias silábicas;• Distribuição de palavras pelo número de sílabas;• Atividades de separação de sílabas.

LETRA <<<<SÍLABA >>>PALAVRA >>> TEXTO

TEXTO >>> PALAVRA >>> SÍLABA >>> LETRA

Dinâmica: trabalho com redes de significado.Para essa atividade, o alfabetizador poderá trabalhar com palavras, sílabas e letras em outras ati-

vidades, como listagens de palavras com o mesmo sentido. – A partir de uma letra desencadeadora, trabalhar sua rede de significados. Ex.:

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• Posteriormente, trabalhe com listagens de nome de animais, frutas, brinquedos, compras de su-permercado.

5.8.2.5 SÍNTESE DE ATIVIDADES NOS TRÊS NÍVEIS

O professor alfabetizador poderá organizar suas atividades pedagógicas levando em conta as sínte-ses apresentadas e ainda poderá acrescentar outras de acordo com as necessidades da turma.

PRÉ-SILÁBICO:• Memorização dos nomes• Apresentação dos nomes de diferentes maneiras• Enumeração oral• Reconhecimento das letras inicial e final• Mesmo número de letras• Mesma terminação• Bingo de letras• Bingo de nomes• Descoberta da letra• Contagem do número de letras• Bingo com todo o alfabeto• Construção do alfabeto• Ditado de iniciais• Identificação de palavras com a mesma letra

SILÁBICO• Correspondência do nome• Troca de sílabas• Bingo de sílabas• Sílaba inicial e final• Formação de famílias silábicas• Contagem do número de sílabas• Separação de sílabas• Formação de palavras

ALFABÉTICO• Contagem do número de palavras• Cópia do texto• Identificação de palavras e sílabas• Cópia da primeira sílaba• Distribuição de palavras segundo o número de sílabas• Seleção de sílabas• Contagem de espaços e de palavras• Remontagem de textos• Leituras globais e parciais

5.9 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

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5.10 EXEMPLOS DE ESCRITAS DOS NÍVEIS PRÉ SILÁBICO E SILÁBICO

EXEMPLO DE ATIVIDADES PARA O NÍVEL SILÁBICO

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EXEMPLO DE ATIVIDADE PARA NÍVEL ALFABÉTICO

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Identifique as escritas abaixo retiradas do folder relativo ao “Programa de Formação de Professores Alfabetizadores”,MEC, 2001.

- Testando o conhecimento do nível a que pertencem as escritas;

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5.11 PROVA AMPLA

5.11.1 Dinâmica: - Procurando palavras.A classe escolhe um assunto (idades, frutas, animais, artistas) e uma palavra-chave, que é uma pa-

lavra qualquer. Combina-se, então, o maior número possível de palavras ligadas ao assunto e iniciadas com as letras da palavra-chave.

Exemplo com assunto nomes e palavra-chave piano:

P Paulo, Pedro, PatríciaI Isolda, IrineuA Ana, Antônio, AdrianaN Norberto, NoemiO Osvaldo

CARACTERÍSTICAS GERAISCom o objetivo de identificar o nível de escrita dos alfabetizandos, sugere-se a aplicação da Prova

Ampla, em cujo resultado os alfabetizadores podem basear-se e planejar as diferentes atividades a serem aplicadas.

É importante que a primeira aplicação da Prova Ampla ocorra antes do início do período letivo, como apoio para o planejamento inicial de cada turma.

A prova ampla é um instrumento auxiliar para rede de hipóteses durante o processo de alfabetiza-ção. É considerada uma entrevista individual do alfabetizador com cada um de seus alunos e pode ser realizada em qualquer ambiente didático da escola.

Este tipo de avaliação deve ser aplicada mais três vezes durante o processo de alfabetização, com intervalos regulares do período letivo, ou seja, ao final de cada mês transcorrido.

A seleção das palavras deve respeitar os seguintes aspectos: - elas devem pertencer a um mesmo campo sistemático e mão devem ser do repertório escolar, usual na cartilha usada pelos sujeitos. Ao se-guir os procedimentos do item 3 ( Aplicação da prova ampla), o que se quer é avaliar se as variações da

quantidade de letras são em função da quantidade de sílabas, na concepção dos jovens e adultos.Para que as palavras usadas nesta prova tenham vinculação real com as vivências dos alunos, suge-

re-se que elas sejam escolhidas a partir de uma conversa que preceda imediatamente a prova. Esta é uma prova sobre a escrita dos jovens e adultos. Como escrita e leitura são dois aspectos pa-

ralelos e não simultâneos na alfabetização, não se pede aos alunos que leia após ter escrito.As provas de leitura devem ter também outro suporte que não as escritas produzidas necessaria-

mente pelo sujeito.É importante que a primeira aplicação da Prova Ampla ocorra antes do início do período letivo, como

apoio para o planejamento inicial de cada turma.

1.Objetivo : sondagem para classificar o aluno de acordo com os níveis :• Pré-silábico 1• Pré-silábico 2• Silábico• Silábico-alfabético• Alfabético

2.Procedimentos :• Conversa para contextualizar as quatro palavras e a frase previamente escolhidas pelo professor

que devem contemplar os seguintes critérios:o Simplicidade fonêmica.o Número de sílaba em cada palavra: uma, duas, três e quatro sílabas cada uma. Exemplo : sol,

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gato, cavalo, borboletao Ordem da frase: sujeito, verbo e complemento. Exemplo :Tiago lia revista.

3.Aplicar a prova individualmente.4.Solicitar que o aluno escreva.5.Registrar (o quê?) (os resultados?). 6.Analisar os resultados.

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO:- Reconhecer os diferentes níveis nas escritas apresentadas e justificar a resposta.- Simular uma prova ampla contextualizando e escolhendo as quatro palavras e a frase.- Elaborar tarefas para cada nível.

Remonte o texto a seguir.

Leia com atenção o texto e reescreva-o na sequência lógica dos fatos.

O Trabalho

Mas, hoje em dia, não existe trabalho pra todos. Não existe porque a ganância dos poderosos é muito grande e porque as máquinas trabalham

muito ligeiro e tiram muitos empregos. Sem trabalho não é possível sobreviver. O trabalho é muito importante para todos os seres humanos.

(turma do BB Educar – Estrutural (DF) 2003.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO VI

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ALFABETIZAÇÃO E LÍNGUA PORTUGUESA6.1 – Produção de Textos Espontâneos.6.2 – Produção de Textos Escritos.6.3 – Aspectos da Análise Linguística.

6.1 PRODUÇÃO DE TEXTOS ESPONTÂNEOS

Após o período de construção da leitura, da escrita e dos ensinamentos da matemática, o alfabe-tizando começa a produzir textos espontâneos. Inicialmente, a produção acontece oralmente. Assim, o alfabetizador deve estimular o relato oral dos alunos, aproveitando suas experiências cotidianas, histórias de vidas, casos regionais e locais, ou ainda, outros assuntos que o grupo desejar partilhar em sala de aula.

O alfabetizando quando permite a produção espontânea de textos, cria uma relação natural com a escrita, pois a necessidade de aprender a forma correta e fixar palavras é decorrente da própria exigên-cia de comunicar ideias e histórias para outros leitores.

Nesse momento, escrevem tal como acreditam que um texto poderia ou deveria ser escrito. Ao en-trar no universo da escrita, o aluno começa a pensar sobre a língua, forma, segmentação e unidades. É importante incentivá-lo a escrever, copiar o que quiser e discutir sobre o que escreveu e viu escrito.

Desse modo, a produção de textos espontâneos é fundamental para que o aluno passe da habilida-de de uso da linguagem oral, que já possui, para a aquisição da linguagem escrita.

De acordo com a validade dos alunos nas produções orais cabe ao alfabetizador criar situações de aprendizagem variadas e acompanhar a atuação do aluno. Para que este processo aconteça deve o alfabetizador utilizar a observação do trabalho individual e da classe em conjunto.

Quando o alfabetizando se torna alfabético, o trabalho já poderá envolver correções que gradativa-mente irão aproximando a escrita da ortografia, ao longo de todo o processo de construção da produ-ção oral e a transcrição para a escrita.

Algumas atividades podem ser desenvolvidas por você em sala de aula para ampliar e estimular a produção oral de textos. Além de jornais, revistas, gibis, rótulos, panfletos você poderá utilizar: - re-conto oral de histórias em quadrinhos, história de vida, capítulos de novela, lendas da região feitas individualmente e em grupo pelos jovens e adultos, bem como utilizar anúncios, rotinas de trabalho e outras que se façam necessárias.

6.2 PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS

Para que o aprendiz produza textos criativos, expressivos e que sejam capazes de despertar o in-teresse de quem lê – o alfabetizador, precisa criar situações, para que o aluno possa pensar antes de escrever. Deve selecionar o que vai dizer e como vai fazer isso, deve ainda, ter tempo de pesquisar, questionar e elaborar ideias com a ajuda do professor e dos colegas, como também, lê diferentes tex-tuais para seus alunos.

O alfabetizador deve perceber que o levantamento de temas para a produção do texto escrito envol-ve o contexto real dos alunos. Deve discutir com os alunos sobre diferentes assuntos, tais como: - festa junina, páscoa, natal, animais que mais gosta, alimentos, moradia e outros que o grupo desejar.

Observa-se que os aprendizes de produção de texto são sujeitos que interagem verbalmente, isto é, produzem seus textos e neles os discursos vão sendo elaborados em uma determinada situação comu-nicativa, percebe-se ainda que isto o faz a partir de sua validade social e histórica.

ALFABETIZAÇÃO E LÍNGUA PORTUGUESA

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Os textos são produzidos em sala de aula para serem trabalhados e analisados nos dias subseqüen-tes a sua produção. Muitas vezes o texto fica exposto na parede (nos dois tipos de letra de imprensa e cursiva). A partir delas, muitas atividades são propostas, iniciando pela sua leitura, repelida em varias ocasiões, como numa exploração didática como: - textos coletivos ( orais ou escritos), receitas (salada de fruta), músicas conhecidas e etc.

Posteriormente, após domínio da produção escrita, o alfabetizador deve começar a olhar o texto dos alunos levando em conta os seguintes aspectos: - a ortografia, a acentuação gráfica e a pontuação.

Ao proceder a correção, a mesma deve ser coletiva, isto é, o alfabetizador deve transcrever o texto selecionado e pedir que o autor não se apresente ao grupo e assim proceder a correção do texto trans-crito em papel pardo ou no quadro-de-giz.

Nesta fase deve escolher o que será corrigido, para que percebam os pontos que devem ser avalia-dos. O alfabetizador submeterá os textos dos alunos (escolhendo ora de um ou de outro aluno) à rees-crita, discutindo com todos a ideia que o autor quis expulsar e a melhor maneira de fazê-lo.

O alfabetizador deverá sempre que possível pedir que os alunos apresentem uma solução para cor-rigir a frase, porem, se ninguém conseguir resolver a questão, o alfabetizador deverá formular a cor-reção, explicando de forma detalhada os aspectos alterados na nova construção frasal, como grafia, concordância, regência, ordem das palavras, coesão.

Para a correção, é fundamental que o professor entenda a lógica que norteou a alternativa utilizada pelo aluno e essa alternativa deve conter o raciocínio lógico produzido no texto, ainda que não seja o mais adequado.

Percebe-se, que quando o aluno escreve tomate, em vez de tomate, fica claro a confusão do nome da letra com seu valor fonético. Neste contexto, o alfabetizador aponta o erro: é necessário entender a lógica do aluno para poder desenvolver uma explicação clara e compreensível, capaz de levá-lo a en-tender por que seu raciocínio foi equivocado.

6.3 ASPECTOS DA ANÁLISE LINGUÍSTICA

A análise lingüística é uma atividade paralela às atividades de leitura produção de textos. Esta é uma prática que demanda objetividade par aprender os mecanismos de constituição de sentido do texto, tais como a concordância, regência, organização ambigüidade, clareza, argumentação, entre outros.

A atividade de reescrita do texto (anteriormente comentada) é forma de desenvolver e ampliar a análise lingüística, uma vez que aprende contextualmente os aspectos desses mecanismos.

Essa prática deve ser adotada pelos alfabetizadores para que os jovens e os adultos possam avançar na aquisição da leitura e da escrita. A própria situação da comunicação e a maneira de falar das pessoas exercem influência na escrita e em seqüência na produção de textos tanto (individual e coletivo).

Cada pessoa possui um jeito próprio de falar/comunicar suas ideias. Essas variações no uso da lín-gua são perfeitamente naturais e resultam da flexibilidade do falar e dos diferentes tipos de variantes lingüísticas, tais como: - as variantes regionais ou geográficas referentes à própria região de cada aluno; as variantes sociais resultam de diferenças de grau de escolaridade do falante, classe social, contexto cultural, idade e podem ser apresentadas da seguinte forma:

- Variante culta – utilizada por pessoas de maior instrução. É a mais correta;- Variante coloquial – utilizada nas relações familiares, de amizade. Não se preocupa com correção,

é menos cuidada e mais espontânea.- Variante vulgar – utilizada por pessoas de baixo nível de instrução, normalmente de classe baixa e

considerada uma linguagem com incorreções. - Variantes grupais – utilizada em grupos fechados, pois usam linguagem especial. Neste grupo pró-

prio apresentam-se as linguagens técnicas e as gírias.Portanto, o alfabetizador deve estar alerta para não interiorizar comportamentos preconceituosos

que rotulem seus alunos pelas diferentes maneiras de falar e ter consciência dos valores atribuídos pela sociedade as variações lingüísticas, além de possibilitar a seus alunos o acesso à variante culta.

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

Para o autor Carlos Bagno, reconhecer é tratar adequadamente a variação linguística na ação peda-gógica na sala de aula e nos mais variados contextos da realidade dos alunos são desafios colocados para uma educação democrática e inclusiva.

A variação linguística refere-se à heterogeneidade inerente à línguas humanas, isto é seus falantes expressam de modo diferente um mesmo conteúdo, um mesmo pensamento e ações, bem como uti-lizam as regras gramaticais em diferentes situações e de forma distinta, porém deve-se destacar que nem sempre consideradas corretas devido a diversos fatores contextuais: - históricos, sociais, políticos, culturais e outros.

Pense e reflita com atenção sobre o que se pede.Elabore uma atividade interdisciplinar que o contexto cultural e histórico

dos(as) alunos (as) de EJA possa ser trabalhado em sala de aula.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO VII

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

MATEMÁTICA NO COTIDIANO DO ALUNO DE EJA7.1 – Base Conceitual da Numerização.7.2 – Conteúdos a serem Desenvolvidos no Projeto.7.3 – Material Dourado e outros.7.4 – Decomposição e Composição.7.5 – Adição.7.6 – Subtração.7.7 – Multiplicação.7.8 – Divisão.7.9 – Números Fracionários.

7.9.1 – Adição.7.9.2 – Subtração.7.9.3 – Multiplicação.7.9.4 – Divisão.

7.10 – Números Decimais.7.11 – Operações.

7.11.1 – Adição.7.11.2 – Subtração.7.11.3 – Multiplicação.7.11.4 – Divisão.

7.12 – Medidas.

7.1 BASE CONCEITUAL DA NUMERIZAÇÃO

A matemática desde os mais remotos tempos até os dias atuais é de fundamental importância para o homem, pois está inserida em situações variadas do seu cotidiano. Assim, o agente alfabetizador deverá estimular a autonomia, oportunizar a compreensão de processos e técnicas a serem utilizadas pelos aprendizes incorporados à fase de construção da leitura, da escritas, da contagem e das opera-ções fundamentais.

Os aprendizes deverão estimar resultados empregando raciocínio lógico, desempenhar habilidades de classificação, ordenação e seriação, identificar formas geométricas e maneiras de contar e de medir.

O alfabetizador deverá relacionar assuntos da matemática que sejam de real interesse para os alu-nos e de preferência, correlacioná-los com outras áreas do conhecimento. Assim procedendo os alunos serão inseridos num processo reflexivo e crítico sobre o seu papel individual ou coletivo na sociedade.

Cabe ao agente alfabetizador, como mediador, desenvolver atividades procedimentais geradoras de aprendizagem significativa partindo de situações vivenciadas na prática pelos alunos e que ao serem solucionadas à luz da teoria, proporcionem a agradável sensação de descoberta e de entendimento de fórmulas ou técnicas indicadas para determinados cálculos.

Para que os objetivos referentes ao ensino da matemática sejam alcançados, serão usados entre outros o material dourado e o semi-simbólico.

Os materiais Montessorianos são estruturados na base 10 e possibilitam relacionar números (quan-

MATEMÁTICA NO COTIDIANO DO ALUNO DE EJA

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tidades), formas geométricas (linear, plana e espacial), diferentes maneiras de contar e de medir (com-primento/perímetro, superfície/área e capacidade/ volume).

Prepare-se para ser um alfabetizador. É gratificante perceber no outro a alegria do aprender. A utilização do material concreto tem por finalidade proporcionar um reforço pedagógico ao

agente alfabetizador quando de sua atuação como mediador.

7.2 CONTEÚDOS A SEREM DESENVOLVIDOS COM ALUNOS QUE ATUARÃO NO PROJETO.

7.2.1 Sistema de Numeração Decimal - Números, formas geométricas e maneiras de medir.

7.2.1.1 Materiais: - Dourado, semi-simbólico e outros.

7.2.1.2 Conteúdos: - Sistema de Numeração Decimal - Contagem na base 10 - Composição e decomposição ** Valor absoluto/relativo ** Representação ** Leitura e escrita - Formas geométricasalinearasuperfície acapacidade - Maneiras de mediracomprimento -> perímetro -> metroasuperfície -> área -> metro quadradoacapacidade -> volume -> metro cúbico - Operaçõesaadição e subtraçãoamultiplicação e divisãoapotenciação com expoente 2 e 3aradiciação -> raiz quadrada e cúbica - Números fracionários e fracionários decimaisacontagem / conceitoafração de quantidade e de inteiro - representação, leitura e escrita - função dos termos, comparação, equivalência - operações , porcentagem Conhecer o Sistema de Numeração Decimal é da maior importância para a aprendizagem signi-

ficativa de vários assuntos da matemática principalmente para a compreensão dos processos utilizados em técnicas operatórias.

* Atividades envolvendo o uso do Material Dourado no estudo do Sistema de Numeração Decimal serão abordadas em situações, tais como:

- Contagem - Representação: - leitura e escrita; - composição e decomposição - Operações:

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

- adição/ subtração; - multiplicação/divisão; - potenciação/radiciação

7.3 MATERIAL DOURADO E OUTROS

O Material Dourado é composto de quatro peças fundamentais formadas a partir de um referencial cubinho de dimensões 1 cm x 1 cm x 1 cm. Neste livro as peças serão apresentadas, por desenhos, em tamanhos reduzidos.

Observe as figuras, as contagens com grupos de 10 e as leituras relativas às diferentes formas geo-métricas: linear, plana e não plana.

Verificar, no Material Dourado, que:• O cubo maior é um prisma cúbico que contém 1000 cubinhos e representa o milhar nos naturais

e/ou o inteiro nos decimais.• A placa é um prisma não cúbico cuja face maior é idêntica a cada uma das faces do cubo maior e

representa uma centena nos naturais e/ou um décimo nos decimais.• A barra é um prisma não cúbico cuja aresta maior tem o comprimento idêntico ao da aresta do

cubo maior e representa a dezena nos naturais e/ou o centésimo nos decimais.• O cubinho é um prisma cúbico que representa a unidade referencial usada para contagem em

grupos de 10. Representa a unidade nos naturais e/ou milésimo nos decimais. Gera as formas geométricas, as diferentes maneiras de contar e de medir.- Representação de um número

- diferentes interpretações: - leitura e escrita; - valores absoluto e relativoExemplos:

1°) Lê-se: cento e quarenta e dois.2°) Escreve-se: 1423°) 1 x 100 + 4 x 10 + 2 x 1 (expressão)- valor absoluto: 1, 4, 2 - quantidade de cada tipo de peça- valor relativo: 100, 40, 2 - quantidade total da unidade referencial em cada grupo de peças do

mesmo tipo.

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Existem outras maneiras de representar esse número que devem ser trabalhadas para facilitar, pos-teriormente, a compreensão da subtração.

Observar algumas dessas maneiras:1ª)

1 Centena + 3 Dezenas + 12 Unidades

Verificar que: 1 x 100 + 3 x 10 + 12 x 1 100 + 30 + 12 = 142

2ª)

9 dezenas + 4 dezenas + 12 unidades

Verificar que: 9 x 10 + 4 x 10 + 12 x 1 90 + 40 + 12 = 142Outras maneiras devem ser trabalhadas.

7.4 DECOMPOSIÇÃO E COMPOSIÇÃO

Exemplos: Verificar, com o Material Dourado, qual é o número que contém:a) 13 dezenas e 5 unidades

Resposta: O número é 135.

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b) 23 dezenas e 13 unidades

7.5 ADIÇÃO

Na adição a técnica operatória (algorítimo) aparece como conseqüência imediata do que foi com-preendido e assimilado no Sistema de Numeração Decimal.

- Sem reagrupamento (composição)

Exemplos:

A) 12 Representar cada parcela +13

Fazer grupos com as unidades e com as dezenas

Registrar o resultado 2 dezenas + 5 unidades

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Fazer grupos com : - Unidades - Dezenas – Centenas

4 Centenas + 7 Dezenas + 9 Unidade

Fazer grupo de 10 unidades e transformar em 1 dezena, verificando novo resultado. + 348 135 483

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7.6 SUBTRAÇÃO

Na subtração as ideias aditivas, subtrativas e comparativas devem ser trabalhadas, pois as diferentes téc-nicas operatórias exigem conhecimentos sobre os princípios do nosso sistema de numeração. - Subtração pelo método da decomposição - Sem necessidade de decomposiçãoRepresentar a quantidade do minuendo e, dela, retirar a do subtraendo. - 34 13 21

O uso do material dourado é muito importante para a compreensão do “pedir emprestado”, comu-mente usado. Observe os exemplos envolvendo: necessidade de decomposição das dezenas para as unidadesRepresentar a quantidade do minuendo e, dela, retirar a do subtraendo.

Observar que, após as retiradas, ainda restam:

Registrar o que foi feito.

1 dezena + 8 unidades

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7.7 MULTIPLICAÇÃO A multiplicação pode ser introduzida por meio da contagem de grupos com a mesma quantidade e as-sim gerar figuras planas que contenham os fatores como medidas de suas dimensões. Deve-se considerar a função de cada termo desta operação, ou seja, lembrar que:

• multiplicando é o fator que se repete;• multiplicador é o fator que indica o número de vezes que se quer repetir o multiplicando;• produto é o resultado obtido.

É importante seguir gradativamente as asdificuldade a serem trabalhandas:• Multiplicando e multiplicador menores que 10 (sem reagrupamento)

a) 4 x 2

Representar duas vezes a quantidade 4.Produto 8Registrar o produto obtido.Verificar que o produto representa a área da figura.

(Algoritmo) u 4 x 2 8

• Multiplicação (com reagrupamento) a) 6 Representar três vezes a quantidade 6. x 3

Reagrupar 10 unidades formando 1 dezena.

Produto: 18

1 dezena + 8 unidades

Formar com os 3 grupos de 6 uma figura retangular de dimensões 3 e 6.Registrar o produto obtido. Verificar que o produto representa a área da figura. (Algoritmo)

d u

6

X 3

1 8

6

x 3

1 8

3

6

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7.8 DIVISÃO

A divisão deverá ser trabalhada como inversa da multiplicação verificando a quantidade de grupos formados e de elementos de cada grupo para compor o todo trabalhado. A seguir, são apresentados exemplos com a mesma quantidade envolvendo, simultaneamente, as ideias de repartir e de medir.

aA ideia de repartir

Nesta ideia o divisor indica o número de grupos a serem formados igualmente com a quantidade do dividendoAssim sendo:Dividendo é o que se quer repartir;Divisor é o indicador de grupos iguais a serem formados eQuociente é a quantidade em cada grupo.

Exemplo 1a) 8:2 – ideia de repartir.

Registrar o que foi feito.8 unidades: 2 = 4 unidades

aA ideia de medir

Nesta ideia a quantidade do dividendo representa a superfície de uma figura plana retangular, em que uma das dimensões é a mesma indicada pelo divisor. Pode-se também desfaze o dividendo em grupos iguais ao divisor para posterior contagem.As duas maneiras facilitam a visualização de quantas vezes o divisor ou parte dele está contida no dividendo. Assim sendo:Dividendo é o que se quer medir;Divisor é a medida a ser comparada ao dividendo ou a uma das dimensões da figura plana e Quociente é a contagem de vezes que o divisor está contido no dividendo ou a outra dimensão da figura.

b) 8:2 – ideia de medir

Representar a quantidade do dividendo.Observar que 8 deve ser repartido, igualmente, em dois grupo:8 – é o que se quer repartir (dividendo);2 – é a quantidade de grupos a serem formados igualmente (divisor);4 – é a quantidade repartida para cada grupo (quociente).OBS: pode se trabalhar também, os conceitos de dobro e de metade.

Representar a quantidade do dividendo fazendo grupos com 2 unidades.Observar que:8 – é o que se quer medir;2 – é a medida a ser comparada ou uma das dimensões do re-tângulo;4 – é a contagem de vezes que o divisor está contido no dividen-do ou na outra dimensão do retânguloOBS: pode se trabalhar também, os conceitos de quádruplo e de quarta parte

2

4

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Verificar que: - a quantidade 2 está contida 4 vezes em 8; - 2 é uma das dimensões do retângulo de área 8; - 4 é a outra dimensão do retângulo.

Registrar o que foi feito. 8 unidades : 2 unidades = 4

Para que o ensino da matemática propicie uma aprendizagem sig-nificativa, elabore atividades que possam ser vivenciadas e com-preendidas pelos aprendizes. Observe atentamente o que se pede em cada situação proposta e como interpretá-la e resolvê-la.

7.9 NÚMEROS FRACIONÁRIOS

Esses são assuntos da matemática nos quais os alunos, de uma maneira geral, apresentam grandes dificuldades. A ausência de vivências concretas que possibilitam a compreensão e a aplicação desses conteúdos é comprovadamente o que acarreta tantas dificuldades. Se considerarmos as atividades do nosso cotidiano, perceberemos que frações/decimais estão presentes em diversos diferenciais tais como quantidades, medidas, valores, etc.

O objetivo é propor uma maneira diferente da convencional para ensinar frações/ decimais. Conta-gens, partilhas, desenhos e relações deverão ser constantes nas atividades. Atividades procedimentais, criativas e bem elaboradas envolvendo diferentes referenciais propiciam aprendizagem de conceitos matemáticos que permitem estabelecer relações entre suas partes ou agrupamentos maiores.

REFERENCIAL REAL

1 real é o dobro de 50 centavos

50 centavos é a metade de 1 real

1 real é o quádruplo de 25 centavos

Outros referenciais como litro, quilograma, metro, etc podem ser trabalhados destacando suas me-tades, quartas, quintas e décimas partes, verificando suas equivalências e operações.

25 centavos é a quarta parte de 1 real

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7.9.1 ADIÇÃO

Você já sabe ler, registrar, comparar, determinar equivalências quando é dada uma fração.

1- Agora, você deve observar a adição indicada e fazer o que se pede nas instruções dadas.

a) 1 + 1 = 3 3

- Represente as parcelas indicadas.- Junte-as.- Qual o resultado obtido?- Esse resultado é menor, igual ou maior que o inteiro?- Que nome recebe essa fração quando comparada ao inteiro?

b) 3 + 2 = 5 5

- Represente as parcelas indicadas.- Junte-as.- Qual o resultado obtido?- Esse resultado é menor, igual ou maior que o inteiro?- Que nome recebe essa fração quando comparada ao inteiro?

c) 1 + 4 = 3 9

- Represente as parcelas indicadas.- Junte-as.- Qual o resultado obtido?- Esse resultado é menor, igual ou maior que o inteiro?- Que nome recebe essa fração quando comparada ao inteiro?

1 + 1 = 2 3 3 3

2 3 < 1 (própria)

3 + 2 = 5 5 5 5

5 5 = 1 (aparente)

3 + 4 = 7 9 9 9

7 9 < 1 (própria)

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Verifique se existem outras frações equivalentes que podem ser usadas nos itens a e b e registre sua conclusão sobre como adicionar frações de denominadores diferentes com um múltiplo ou divisor do outro.

2- Nova situação você vai enfrentar desta vez; veja:

c) 1 + 1 = 2 3

- Represente as parcelas indicadas.- Junte-as.- Verifique a necessidade de transformar ½ e 1/3 em frações equivalentes de mesmos denominadores.- Transforme ½ em 3/6 e 1/3 em 2/6.- Qual o resultado obtido?- Classifique esse resultado em relação ao inteiro.

7.9.2 SUBTRAÇÃO

Você já aprendeu a adicionar números fracionários. Agora, vamos retomar os resultados obtidos nas adições e, deles, retirar o que se pede no subtraendo.

a) 2 - 1 = 3 3

- Represente o minuendo 2/3.- Desse minuendo, retire o subtraendo indicado.- Registre o resultado obtido.

b) 5 - 2 = 5 5

- Represente o minuendo 5/5.- Desse minuendo, retire o subtraendo 2/5.- Registre o resultado obtido.

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c) 1 – 2/3 =

- Represente o minuendo 1 inteiro.- Verifique a necessidade de transformar 1 inteiro em 3/3.- Desse novo minuendo, retire o subtraendo 2/3.- Registre o resultado obtido.

d) 7/8 – 1/2 =

- Represente o minuendo 7/8.- Verifique necessidade de transformar ½ em 4/8.- Do minuendo 7/8, retire 4/8.- Registre o resultado obtido.

7.9.3 MULTIPLICAÇÃO

Na multiplicação de números naturais você aprendeu a função do multiplicando e do multiplicador, ou seja:

Multiplicando é o que deve ser repetido. Multiplicador é o indicador de vezes que se quer repetir o multiplicando. Com números fracionários o procedimento é o mesmo. Observe:

1°) Inteiro x Fração

a) 2 x 1 = 3• Lê-se: duas vezes 1/3• Represente uma fração 1/3 duas vezes.• Conte o número de terços representados• Registre o resultad o obtido

b) 2 x 2 = 5• Lê-se duas vezes 2/5.• Represente a fração 2/5 duas vezes.• Conte o número de quintos representados.• Registre o resultado obtido.

c) 2 x 4 = 9• Lê-se: duas vezes 4/9.• Represente a fração 4/9 duas vezes.• Conte o número de nonos representados.• Registre o resultado obtido.

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7.9.4 DIVISÃO

Se você conseguiu desenvolver e compreender as operações de adição, subtração e multiplicação, certamente conseguirá desenvolver e compreender a divisão.

Essa operação pode ser interpretada de diferentes maneiras, ou seja, ela pode sugerir uma partilha ou uma medida, dependendo da situação a ser resolvida.

Observe a operação indicada e:• Represente-a com material concreto.• Verifique a situação proposta.• Registre o resultado obtido.• Verifique o que fazer para encontrar esse resultado

1°) Fração ÷ Inteiro

a) 1 ÷ 2 = 2• Lê-se: “repartir ½ em duas partes iguais”.• Represente o dividendo ½.• Reparta-o em duas partes do mesmo tamanho.• Verifique a fração que representa a metade de ½

em relação ao inteiro referencial.• Registre o resultado obtido• Verifique como encontrar esse resultado sem o

material concreto.

2°) Fração ÷ Fração

a) 1 ÷ 1 = 2 4

• Lê-se: “quantas vezes ¼ está contido em ½?”• Represente o dividendo ½.• Represente o divisor ¼ e o compare ao dividen-

do.• Verifique quantas vezes ¼ está contido em ½ ou

2/4.• Registre o resultado obtido.• Verifique como encontrar o resultado sem o ma-

terial concreto.

Lendo, escrevendo, cozinhando e matematizando receitas:Convide seus alunos a partilharem receitas variadas.

Posteriormente, peça-os que analisem os dados matemáticos (fracionários). Procure des-tacar as medidas fracionárias e duplicá-las.

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7.10 NÚMEROS DECIMAIS

Observe as peças do Material Dourado.Compare-as fazendo contagem em grupos de 10.• da peça menor para a maior, retomando a base 10.• da peça maior para a menor, retomando frações e introduzindo números decimais.

Considere o cubo maior como referencial e estabeleça a relação fracionária entre este referencial e as demais peças. Faça o registro da fração e do número decimal correspondente.

Verifique que:1 inteiro unidade referencial, equivale a:

10 décimos 100 centésimos 1000 milésimos

1 décimo corresponde à décima parte do inteiro e equivale a: 10 centésimos 100 milésimos

1 centésimo corresponde à centésima parte do inteiro e equivale a: 10 milésimos

1°) Representação → Leitura e Escrita Apresentam-se as peças e pede-se que se faça a leitura e a escrita da quantidade representada.

a)

b)

- um inteiro, um décimo e um centésimo.- cento e onze centésimos.- um inteiro e onze centésimos.- onze décimos e um centésimo→ i , d c 1, 1 1

1 décimo1 do inteiro10 ou 0,1

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2°) Escrita → Representação e leitura Apresenta-se a escrita para que se faça a representação e a leitura envolvendo decomposição.

7.11 OPERAÇÕES Ao efetuar operações com números decimais deve-se ter em mente que todo número decimal é

uma fração decimal e que operar com estes números pressupõe operar com frações decimais.

7.11.1 ADIÇÃO • Sem reagrupamento

De acordo com os estudos realizados na matemática, procure relacionar números decimais com sistema monetário. Realize uma atividade com seus alunos.

OUTRAS SUGESTÕES:Organize sua turma em grupos e peça a eles que escrevam o nome da nossa moeda. Solicite panfletos, jornais e outros materiais que contenham preços de mercadorias. Elabore situações problemas que envolvam leitura, escrita e operações com valores monetários e outros.

- quatro décimos.- quarenta centésimos.- quatrocentos milésimos.

- um inteiro, dois décimos e três centésimos.- doze décimos e três centésimos.- cento e vinte e três centésimos.

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Verifique que: (algoritmo) 2 + 3 = 510 10 10 i,d 0,2 ou + 0,30,2 + 0,3 = 0,5 0,5

Deve-se observar a colocação de vírgula debaixo de vírgula, no algoritmo, em decorrência de se juntarem peças iguais.

• Com reagrupamento:

7.11.2 SUBTRAÇÃO – MÉTODO DA DECOMPOSIÇÃO (IDEIA SUBTRATIVA)

Ao iniciar a subtração é necessário total domínio sobre decomposição de um número em suas or-dens e classes.

Deve-se considerar a função de cada termo desta operação, ou seja, lembrar que:• Minuendo é o que se tem.• Subtraendo é o que se quer retirar do minuendo.• Resto é o resultado obtido.

a) 0,2 + 0,3

0,5

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

• Sem decomposição

• Com decomposição

b) 1 – 0,4 → minuendo inteiro e subtraendo decimal.

Verifique a necessidade de decompor um inteiro em 10 décimos

Retire a quantidade 0,3

Verifique que restam 0,2. 5 + 3 = 2 (algoritmo)10 10 10 i,d 0,5 ou + 0,30,5 + 0,3 = 0,2 0,2

Verifique que restam 0,6. 10 - 4 = 6 (algoritmo)10 10 10 i,d 1,0 ou + 0,41,0 - 0,4 = 0,6 0,6

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7.11.3 MULTIPLICAÇÃO

Deve-se observar a função de cada termo.M – multiplicando: fator que se repete.m – multiplicador: indicador de vezes que o multiplicador deve ser repetido.p – produto: resultado obtido.

Multiplicando decimal e multiplicador natural

Multiplicando e multiplicador decimais.

a) 0,2 x 0,3

• Represente 0,3.

Verifique que o produto é 0,6. 3 x 2 = 6 (algoritmo) 10 10 i,d 0,2 ou x 33 x 0,2 = 0,6 0,6

Observe que:- apenas 0,2 de cada um dos 0,3 devem ser repetidos.- a décima parte do décimo é o centésimo.Represente 0,2 de cada um dos 0,3.Verifique que o produto é 0,06.

2 x 3 = 6 (algoritmo) 10 10 100 i , d c ou 0, 3 0,2 x 0,3 = 0,06 x 0, 2 0, 0 6

7.11.4 DIVISÃO

Seguem-se exemplos de divisão envolvendo as ideias de repartir e de medir, considerando o dividen-do, um produto de dois fatores.

Assim sendo: Dividendo é o que se quer repartir ou medir;Divisor é o indicador de grupos iguais ou medida a ser comparada e Quociente é a contagem de

grupos iguais ou de medidas relacionando divisor e dividendo.

Dividendo decimal e divisor inteiro

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

a) 0,6 : 2 → ideia de repartir. * sem decomposição.

Represente a quantidade 0,6.

Reparta 0,6 em dois grupos, igualmente.Verifique que o quociente é 0,3.

6 : 2 = 6 x 1 = 6 = 3 . 10 10 2 20 10

ou

0,6 : 2 = 0,3 (algoritimo)

i , d 0 , 6 2 - 6 0 ,3 0 i , d

Represente a quantidade 0,14.

Decomponha 0,1 em 10 centésimos.

Distribua 14 centésimos em dois grupos, igualmente.

Verifique que o quociente é 0,07.

14 : 2 = 14 x 1 = 14 = 7 . 100 100 2 200 10

ou

0,14 : 2 = 0,07

(algoritmo)

i , d c 0, 1 4 2 - 1 4 0, 07 0 i d c

b) 0,14 : 2→ ideia de repartir. * com decomposição.

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7.12 MEDIDAS

Medidas de:• Comprimento – perímetro• Superfície – área• Capacidade – volume

Atividades:

- alinhe 10 dezenas• Compare o comprimento de 10 dezenas alinhadas com a medida de um metro.• Verifique que as 10 dezenas alinhadas correspondem a um metro.

Obs: faça contagens ou medições para formar os múltiplos do metro.Observe ainda que:

a)

b)

c)

Seguem-se outros exemplos, mostrando as diferentes maneiras de contar e de medir quantidades.a) 6 dezenas → 60 unidades

1º)

2º) ou

3 x (2 cm x 10 cm) 2 x (3 cm x 10 cm) 3 x 20cm2 = 60 cm2 (área) 2 x 30 cm2 = 60 cm2 (área)

- o comprimento da aresta maior do prisma que representa a dezena e a dé-cima parte do metro → 1 dm.

- o comprimento da aresta do cubo que representa a unidade é a centésima parte do metro → 1 cm.

- Repartindo um centímetro em 10 partes iguais obtém-se o comprimento da milésima parte do metro → 1 mm.

- a superfície de cada face do cubo que forma a unidade é de 1 cm2.

- a superfície de cada face maior do prisma que forma a dezena é composta por 10 cm2 de área.

- a capacidade do prisma que forma a dezena é composta de 10 cm3 de volu-me.

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

3º)

10 cm x 3 cm x 2 cm = 60 cm3 (volume)

Observe, também, que:

1°) 10 dm, justapostos, formam 1 dm2.

2º) 10 dm2, superpostos, formam um dm3

Verifique pela experimentação, que 1dm3 equivale a um litro. Construa uma caixinha cuja capacida-de seja de 1dm3. Despeje em seu interior 1 litro de alguma substância e verifique o que acontece.

1 dm3 1 litro

10 dm2

2 cm x 3 cm x 10 cm = 60 cm3 (volume)

Verifique que uma figura geométrica de di-mensões 1 dm por 1 dm gera um quadrado de superfície 1 dm2 de área.

Verifique que uma figura geométrica de dimensões 1dm por 1dm por 1dm gera um cubo, cuja capacidade é de 1 dm3

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Letramento na EJA

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

Pode-se construir também o m2 e o m3 partindo dos conceitos já adquiridos com o Material Dourado. Outras medidas poderão ser introduzidas seguindo a mesma linha de trabalho. Propor elaboração de problemas que envolvam o uso de números fracionários não decimais e deci-

mais, utilizando panfletos de estabelecimentos comercias e outros.Sugestões de atividades integradas envolvendo leitura, escrita, contagem e operações numéricas.

Sr José é carpinteiro.Em seu trabalho ele faz uso de: (desenhe um serrote, um pedaço de madeira, um martelo, pregos,

trena, cola e uma lata de tinta.

1. Agora, você vai escrever a palavra que indica cada um dos desenhos. Separe-as em sílabas, regis-trando suas quantidades.

a) ___________________ a _____________________________a _______________________

b) ___________________ a _____________________________a _______________________

c) ___________________ a _____________________________a _______________________

d) ___________________ a _____________________________a _______________________

e) ___________________ a _____________________________a _______________________

f) ___________________ a _____________________________a _______________________

g) ___________________ a _____________________________a _______________________

2. a) Juntando as quantidades de sílabas que você registrou, que número representa a totalidade? __________________________________________________________________________________.

b) Registre os cálculos que você fez para descobrir o total do item 1.

3. Ainda, sobre as palavras que você escreveu, responda.a) quantas delas são formadas por:• três sílabas? ______________________________• duas sílabas? ______________________________

b) registre a soma indicada das quantidades de sílabas que você escreveu no item 1, na ordem em que são apresentadas.

_______________________________________________________________________________.

c) na expressão numérica indicada, escreva o número de vezes que aparece as palavras de três e de duas sílabas.

______ x 3 + ______ x 2

d) agora, efetue as multiplicações e junte os produtos, resolvendo a expressão que você completou._______ x 3 + _____ x 2 =

_______ + ______ = _______

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

e) verifique se o resultado que você encontrou é o mesmo da letra “a” do item 2. Por que esses re-sultados são os mesmos?

4. Sr José tem uma encomenda de três mesas de 1 metro quadrado (m2) de “tampão”. Ele dispõe de um compensado de forma retangular com dimensões 2m por 3m.

a) mostre, no desenho, como Sr José poderia retirar os 3m2 sem deixar recortes na parte restante.

b) se para fazer uma mesa, Sr José cobra R$ 35,00, quanto ele receberá ao entregar a encomenda das três mesas?

c) se ao pagar a encomenda o freguês der uma nota de cem e outra de cinqüenta reais, quanto Sr José dará de troco?

d) exemplifique de duas maneiras diferentes como o Sr José poderia devolver o troco.

1º) ____________________________________________________2º) ____________________________________________________ Observe o desenho da folha de compensado do Sr José com suas medidas.

Registrando seus cálculos, responda quantos metros:a) lineares (m) contornam a folha de compensado.

2m

3m

2m

3m

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

b) quadrados (m2) formam sua área?

c) os três metros quadrados (3m2) que foram usados por Sr José, representam que fração da folha de compensado?

Agora, elabore uma frase envolvendo um carpinteiro.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO VIII

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

PLANEJAMENTO8.1 – Dinâmica do Avião.8.2 – Planejamento: O que é? Como Fazer? Para que Serve?8.3 – Roteiro para Elaboração de um Plano de Aula.8.4 – O Alfabetizador em EJA: Práticas para Construir Conhecimento em Sala de Aula.8.5 – Slides Orientadores.8.6 – Ambiente Alfabetizador/ Leiturizador/ Matematizador.

8.6.1 – Dinâmica: Escravos de Jó.8.6.2 – Conhecendo Melhor o Ambiente.8.6.3 – Oficinas.

8.6.3.1 – Oficina Pedagógica.8.6.3.2 – Oficina para Geração de Renda.

- Dinâmica do avião;- Visão de Planejamento;- Processo de organização da aula: exercício

8.1 DINÂMICA DO AVIÃO

OBJETIVO: Construir um avião de papel para comparação com as etapas de um planejamento.MATERIAL: Folhas de papel ofício suficientes para o número de participantes.TEMPO: de 15 a 20 minutos.METODOLOGIA: Trabalhar a visão geral e as etapas do planejamento.DESENVOLVIMENTO: Após a construção do avião de papel, escolher um espaço que comporte todos

os participantes e que os aviões possam alçar vôo. Cada aluno deverá observar a trajetória do vôo de seu avião. Em seguida, retorna-se à sala de aula para uma parte mais formal da dinâmica.

n O professor pergunta como foi o vôo de cada avião, por que o vôo foi alto, baixo, por que o avião caiu de bico, etc;

n O professor solicita que o aluno escreva ou desenhe, em seu avião, o que levaria nessa viagem;n É pedido ao aluno fazer um detalhe para representar que o avião é seu;n Pede-se que o aluno escreva, no avião, todas as ações que praticou e pretende praticar em seu

dia. Nesse momento, o professor pode trabalhar a questão do planejamento geral e o planeja-mento detalhado, suas dificuldades e facilidades;

n O professor sugere uma avaliação sobre o trabalho do dia e pede que o aviãozinho seja guardado, pois servirá de estímulo para a continuidade das atividades docentes.

TRABALHO COMPARATIVOVÔO – objetivo da aula, meta a alcançar;O QUE LEVAR NO AVIÃO – conteúdo a ser trabalhado;DETALHES DE FORMA - metodologia escolhida;AÇÕES – detalhes do planejamento quanto às ações que serão desenvolvidas.

PLANEJAMENTO

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Letramento na EJA

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

8.2 PLANEJAMENTO

O QUE É? COMO FAZER? PARA QUE SERVE?Em nosso dia a dia, organizamos as atividades que vamos executar para realizá-las da melhor forma

possível. Por isso, planejamos o conteúdo a ser ensinado. Qualquer atividade sistemática, para ter su-cesso, necessita ser planejada, organizada previamente.

Planejar é, hoje, uma necessidade em todos os campos da atividade humana. Imagine como é ne-cessário na escola e na sala de aula. É importante planejar as atividades que serão ensinadas aos jovens e adultos, pois evita-se a rotina, a improvisação, garante-se maior segurança na direção do ensino, na economia de tempo e na distribuição das atividades e, assim, contribui-se para a realização dos objeti-vos que visam sempre à qualidade do que é ensinado.

Um bom planejamento deve ter características básicas para melhor atender à clientela. São elas: ser organizado de acordo com as necessidades e a realidade apresentada pelos alunos; ser flexível, isto é, reajustado, sem quebrar a unidade e continuidade; ser claro, objetivo e apresentar indicações bem exatas e com sugestões concretas para o trabalho a ser realizado e tantas outras características.

Mas o que é planejar? O que significa esta palavra?Planejar é um processo que consiste em preparar um conjunto de decisões visando atingir determi-

nados objetivos, desenvolver competências e habilidades e selecionar procedimentos para o trabalho do alfabetizador. Funciona como uma espécie de garantia de resultados e, assim, organiza o trabalho pedagógico na sala de aula.

O planejamento do alfabetizador de jovens e adultos deve ser criativo, estimular a discussão, o diá-logo, a troca de experiências entre os participantes, mas, acima de tudo, deve atender os reais anseios do grupo. Especificamente, o planejamento deve conter os seguintes elementos: objetivos; conteúdo a ser ensinado; metodologia escolhida de forma detalhada; recursos didáticos; avaliação das tarefas realizadas.

Para organizar o cotidiano com seus alunos e obter sucesso na escolha dos procedimentos, organi-zamos um esquema de planejamento diário.

8.3 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE AULA

Nome do aluno/alfabetizador: ____________________________________________

I) OBJETIVOS DA AULA :

A- INTRODUÇÃOn SONDAGEM:n CONTEÚDO DA AULA:

B- DESENVOLVIMENTO / PROCEDIMENTOSn É o fazer pedagógico. Nesta etapa do plano de aula, o alfabetizador deve selecionar técnicas e

métodos variados. O incentivo ao aprendizado deve ser constante. É o desenvolvimento do con-teúdo

C – AVALIAÇÃOn Deve ocorrer durante todo o processo de ensino, com atividades diversificadas para diagnóstico

mais real e completo dos alfabetizandos. D - PLANEJAMENTO DO ENCONTRO SEGUINTEn Dialogar com os alunos para descobrir o que desejam estudar

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

8.4 O ALFABETIZADOR EM EJA: - PRÁTICAS PARA CONSTRUIR CONHECIMENTOS EM SALA DE AULA

O alfabetizador que atua em EJA têm um papel primordial: - o de ensinar a ler e a escrever a uma clientela que ficou muito tempo fora do processo de escolarização.

Este papel no processo de construção de conhecimento para muitos educadores consiste em prepa-rar e propor situações concretas que visem o aprendizado da leitura e da escrita.

A alfabetização vai além destes procedimentos explicitados anteriormente e que envolve a leitura e a escrita, isto é mais do que, manejar/organizar/preparar/executar a correspondência entre sons e letras escritas. É preciso que o alfabetizador compreenda a necessidade e a importância de mediar o processo de construção durante a alfabetização.

Precisamos incentivar o desenvolvimento dos uso e funções da oralidade, da leitura e da escrita no contexto da sala de aula e ainda perceber o cotidiano de cada alfabetizando e suas construções/produ-ções orais e escritas.

O alfabetizador deve estimular constantemente todos os alunos em sala de aula para que possa pro-mover o contato com várias culturas, os saberes elaborados por meio da experiência de cada aluno, da troca com todos os participantes e da necessidade de propiciar a interação entre todos.

Portanto é necessário que, o alfabetizador auxilie os alunos a compreender e apreciar o trabalho da diversidade, da conquista e da autonomia tanto individual como coletiva no que se refere aos conheci-mentos ligados aos processos de alfabetização.

Para Emília Ferreiro e outros educadores, alfabetiza-se melhor quando:• Permite-se que os alfabetizandos interpretem e produzam textos orais e escritos;• Incentiva-se o aprimoramento da interação oral e a escrita;• Prepara-se o amadurecimento para reconhecer e utilizar adequadamente a variedade de proble-

mas a enfrentar, tais como: - pontuação, ortografia adequada, seleção e organização das ideias, noções espaciais da escrita no papel e etc;

• Estimula-se o entendimento, a organização e a orientação para diversas posições apresentadas no texto: - título do texto, autor (es), comentários gerais, ideia(s) principal(is), personagens etc;

• Organiza-se a sala de aula para apresentar várias ideias a respeito das experiências dos alunos e enriqueço a interpretação do texto;

• Amplia-se a visão da leitura oral e silenciosa em sala de aula, a produção textual oral e escrita e valoriza-se o que é produzido, quando orientado a tomada de consciência sobre o que é (re)escri-to para a qualidade do texto apresentado. Isto significa que pode-se orientar sobre o pensamento apresentado, comunicá-los, defendê-los e compartilhá-los.

• Concretiza-se a função da escrita em sala de aula quando o alfabetizando é orientado que o autor do texto se volta para o próprio pensamento, organizando-o mentalmente, sistematizando-o e compartilhando sua produção com todos os leitores participantes da sala de aula, da família e até da comunidade onde reside.

• Seleciona-se textos a serem trabalhados quando escolho temas conectados e atualizados com a realidade do mundo adulto e com a qualidade do material escolhido.

• Percebe-se que os processos de ensino e de aprendizagem para esta clientela estão baseados e fundamentados em práticas essenciais para a leitura e para a escrita. As pesquisas realizadas por meio de conhecimento científico enfatiza que os adultos constroem hipóteses semelhantes às das crianças quando se relaciona com a psicogênese da língua escrita, pois os materiais e re-cursos utilizados vão de encontro com a curiosidade, o interesse, as necessidades dos sujeitos e propicia sua inclusão.

O alfabetizador de jovens e adultos, ao realizar atividades diversificadas em sala de aula, deve

organizar seu planejamento de forma que o conhecimento seja construído juntamente com seus alfa-betizandos. Para que essa construção efetivamente aconteça, é necessário que se desenvolvam práti-cas de construção durante a aquisição do conhecimento a ser trabalhado.

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

Esse olhar sobre as práticas de conhecimento revela uma realidade que devemos modificar para que nossos alunos possam fazer parte do processo de ensino aprendizagem e construir seu processo de alfabetização, juntamente com seu alfabetizador.

Nesse sentido, o termo cidadania inclui a compreensão de que toda pessoa faz parte de uma comu-nidade sem qualquer discriminação, é sujeito de direitos e deveres individuais, sociais e coletivos. Tais elementos devem ser considerados na busca da inclusão social.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que “cidadão é o sujeito da história, de sua própria história e, com outros cidadãos, da história de sua comunidade, de sua cidade, de sua nação, de seu mundo...” (Balestreri, s/d, p.41). Portanto, para que seus alunos sejam inclusos neste processo e sintam-se pessoas comuns e com “leitura de mundo”, é preciso vivenciar práticas capazes de construir conhecimentos.

Observe as indicações a seguir:

1° Provoque a realização de descobertas.2° Leve os aprendizes a descobrir, entre si, a situação proposta e a chegar às próprias conclusões.3° Trabalhe com a ação do aprendiz.4° Não prestigie a memorização: o melhor resultado é a capacidade de inventar e descobrir.5° Comporte-se como técnico de futebol: estimule, critique, sugira, mas não jogue; o jogo é dos

aprendizes.6° Use o material significativo pertencente ao mundo do aprendiz.7° Sempre que alcançar um patamar, torne a solução complexa.8° Na alfabetização, utilize as marcas e os logotipos que são utilizados por todos no cotidiano da

família.9° Organize os aprendizes em grupo e deixe que criem as regras de convivência.10° Leve-os à tomada de consciência, à compreensão do que fizeram.

Neste sentido o que se espera de um (a) educador(a) alfabetizador(a)?Que seja atuante, participante, que saiba interagir com todos, comunicativo e conhecedor do traba-

lho a realizar.Cabe a cada alfabetizador (a) perceber quem são seus alunos, procurar diagnosticar, isto é, organizar

os dados de seus alunos – o que sabem, o sentem dificuldades, o que desejam aprender para poder planejar, avaliar e criar várias situações de interesses dos alunos e promover o processo ensino apren-dizagem.

Ao planejar deve ter sempre a visão de quer o planejar exige, posteriormente dinamismo durante a execução do ato de ensinar e que a prática do (a) alfabetizador (a) é construída ao longo do processo de ensinar e mediar os conhecimentos com a realidade dos alunos e interagir para responder às neces-sidades impostas pelo mundo moderno.

O(a) alfabetizador(a) deve perceber que é fundamental continuar constantemente sua formação, buscando sempre sistematizar e participar de reuniões de estudo, de troca de experiências com outros alfabetizadores e pesquisar constantemente novos processos e atividades pedagógicas, ou seja, atuali-zar-se constantemente e avaliar sua prática pedagógica continuamente articulando teoria e prática no seu fazer em sala de aula.

O sucesso de alfabetizador exige preparo, orientações adequadas para que se organize rotineira-mente seu cotidiano.

Em um primeiro momento procure deixar algumas rotinas do dia-a-dia bem clara como por exemplo:• local da sala de aula, horário definido para iniciar a aula e a previsão do término.• oriente-os que avise quando irão faltar a aula;• deixar a sala de aula limpa e organizada;• combinar quem pode trazer o café em dias diferentes;

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

• observações gerais e do interesse de todos: - conversar com todos os colegas, todos sempre têm algo a ensinar e podem colaborar com o grupo;

• estimular a autoestima constantemente enfatizando que: - todos são capazes de realizar as ati-vidades previstas (individuais, em grupos ou em duplas e participando com todos os colegas ao mesmo tempo); é bom aprender e trocar com o colega.

8.5 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

8.6 AMBIENTE ALFABETIZADOR / LEITURIZADOR / MATEMATIZADOR

8.6.1 Dinâmica: - Escravos de Jó.Antes de iniciar o trabalho com os alunos, o alfabetizador deve orientar o seu grupo para a atividade

que será executada. Deve estimular para que seja organizada e realizada por todos os alunos.• Objetivo: - permitir ao grupo a vivência de um trabalho aonde é necessário: - tomar decisões em

grupo, negociar, comunicar-se, exercer liderança e planejar.• Material: - toquinhos de madeira de tamanhos diversos, caixa de fósforos encapadas e com os

palitos, casca de coco e ...• Disposição do grupo: - em círculo, sentados no chão• Desenvolvimento: - o facilitador/alfabetizada introduz o tema relembrando alguns jogos que

brincavam durante sua infância e depois propõe o desafio: ”todos devem, em 10 minutos, jogar o escravo de Jó em grupo buscando ritmo e sinergia”. Enquanto o grupo joga, o facilitador observa seu movimento.

Letra da música (tradicional) – escravos de Jó.“Escravos de Jó jogavam caxangáTira, bota, deixa o zabelê ficar;Guerreiros com guerreiros fazem zig-zig-zá...Guerreiros com guerreiros fazem zig-zig-zá.”

Ao final, proceder todos os possíveis comentários: - o que observamos, o que ocorreu em cada gru-po, o que não deveria ter ocorrido, quais as dificuldades, quais os aprendizados, quais as conexões que fizemos com o dia-a-dia, etc.

8.6.2 CONHECENDO MELHOR O AMBIENTE / LEITURIZADOR / MATEMATIZADOR

O adulto utiliza ônibus para ir ao trabalho, compra, vende, faz negócios simples, calcula suas despe-sas diárias, vai ao mercado e à feira e escolhe o produto que deseja levando-o para sua casa. Distingue propaganda, os nomes das lojas, percebe o sentido de letreiros, cartazes e etc... Essas situações também devem ser trazidas para o ambiente alfabetizador / leiturizador e matematizador, pois o importante é considerar, antes de tudo, a questão do sentido, o significado que as palavras têm para o aluno e depois passar à decifração dos códigos da escrita. Assim, percebe-se que se incentiva a “fala” do aluno para ajuda-lo, aos poucos, a transcrever essa fala para o código da escrita, pois o ambiente alfabetizador / leiturizador / matematizador pode partir das possibilidades do contato da fala com outras pessoas em sala de aula para a criação de um ambiente rico para a leitura, a escrita e a matemática. Basta o alfabe-tizador ser criativo e perceptivo em relação aos alunos e experiências de vida, em relação ao que mais fazem em seus trabalhos e transformar esse variado contexto em um ambiente rico em leitura oral.

Assim, converte-se a sala de aula em um espaço de troca de experiência onde várias construções podem acontecer entre os participantes, constituindo-se em lugar privilegiado para ler, compreender, investigar e (re) construir a cultura escolar, integrada ao cotidiano do aluno.Nesse processo, a leitura tem sido um desafio a todos que educam e estimulam a prática, não só na escola, na sala de aula, mas

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Letramento na EJA

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

também no parque, no ônibus e em tantos outros lugares. No cotidiano, a leitura e a escrita marcam contato com o universo cultural no qual as pessoas

criam formas naturais de participar e transformar sua realidade. Garcia (2001, p.142) destaca várias situações de leitura e de escrita, no cotidiano e explica que “seu universo cultural marca, desde o pri-meiro momento, as explorações das crianças com relação à escrita e à leitura, e neste processo elas vão criando sentidos e se tornando ‘naturalmente’ usuárias da língua escrita”.

Em ambiente alfabetizador/leiturizador/matematizador, devem-se propiciar várias possibilidades de utilização de diferentes materiais didáticos, tais como: jogos (vareta, dama, dominó, quebra-cabeça de palavras e figuras); textos escritos com todos os tipos de letras; alfabetário para serem trabalhados e manuseados pelos alunos; ditado mudo ou relâmpago; estrutura frasal em fichas de cartolina; jornais, revistas e dicionários em vários trabalhos em sala de aula; rótulos (comerciais, folhetos); brincadeiras; embalagens (medicamentos, contas de luz e água); etc.

Para essa criação, é preciso que o docente estimule interações dos alfabetizandos com os ma-teriais a serem manuseados, provocando, assim, o desenvolvimento das diversas capacidades lingüísti-cas: falar, ouvir, ler e escrever.

Como você organizaria o ambiente alfabetizador em sua sala de aula?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

OFICINAS

Trabalho realizado de diversas formas tanto para divertimento, como para realizar atividades varia-das de caráter pedagógico, pois visa educar por meio do trabalho manual e auxilia notavelmente no desenvolvimento mental e na ampliação da criatividade, da curiosidade e do espírito de investigação.

A) PEDAGÓGICA

A oficina pedagógica é um momento privilegiado para elaboração de diversos materiais didáticos, já que ocorre em ambiente de descontração, em grupo, sob a supervisão do professor. A experiência demonstra que os materiais confeccionados pelos alunos, além do baixo custo, serão realmente utili-zados em situações de ensino.

Assim, sugerimos a confecção de alfabetários com diferentes formatos de letras, de algarismos, de jogos, baralho matemático, entre outros.

B) GERAÇÃO DE RENDA Outro trabalho a ser realizado em forma de oficina é a geração de renda com o título “O que sei

fazer e posso ensinar”.Cada alfabetizador deverá descobrir junto aos seus alunos as habilidades existentes e socializá-las

em grupo.O alfabetizando deverá apresentar o que sabe sobre atividades manuais, tais como: artesanato em

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Letramento na EJA

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

geral , marcenaria e trabalhos artísticos para que o grupo onde realiza seu processo de ensino aprendi-zagem durante a alfabetização.

O trabalho desta oficina propicia a visão dos alfabetizandos para produzirem trabalhos manuais para que possam gerar renda do que foi confeccionado/elaborado/construído individualmente ou coletiva-mente.

( Cole a foto da sua atividade durante a oficina.)

De acordo com a estrutura do trabalho organizamos o processo de avaliação em blocos estruturados da seguinte forma:

A) Avaliação do processo de capacitação e auto avaliação;B) Avaliação de aprendizagem da capacitação.A avaliação faz parte do nosso cotidiano e impulsiona-nos a refletir sobre nossas ações educativas na

sala de aula. No processo de conhecer, trabalhar, crescer junto com o outro, transformar e questionar o que foi realizado é que concebemos a avaliação da capacitação de alfabetizadores.

A avaliação revela a grandeza do desenvolvimento e do crescimento humano, das práticas educativas alfabetizadoras realizadas, das relações afetivas construídas e da troca de experiências aprimoradas.

As duas maneiras de avaliar revelam o desenvolvimento do trabalho realizado e o acompanhamento das tarefas didáticas aplicadas em sala de aula. É o momento de o aluno posicionar-se, auto - avaliar-se e refletir sobre sua aprendizagem.

A avaliação de aprendizagem da capacitação dos alfabetizadores permite que a equipe pedagógica possa acompanhar o progresso dos futuros alfabetizadores e orientá-los no trabalho a ser realizado com os alfabetizandos e por outro lado, sinaliza mudanças a serem implementadas na próxima capaci-tação.

ANOTAÇÕES:

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CAPÍTULO IX

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Letramento na EJA

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO9.1 – Slides Orientadores.

A avaliação está em todos os momentos de nossa vida, quer seja no trabalho, nas compras, no con-vívio com os outros, como também na escola, fazendo parte do desenvolvimento dos seres humanos.

Esta é uma característica importante - a dialógica que precisa fazer parte do cotidiano da sala de aula como um processo contínuo e sistemático.

No âmbito da escolarização, a avaliação cumpre a função de diagnóstico, de controle e de classifica-ção, assumindo diferentes modalidades denominadas, respectivamente, avaliação diagnóstica, contro-ladora (formativa) e classificatória (somativa).

Para entender melhor, observe o diagrama a seguir: (Piletti, p.p. 191 e 192).

9.1 SLIDES ORIENTADORES > VER ANEXO

Para entendermos melhor os diagramas vale ressalvar que a avaliação é um processo de descoberta do que o aluno aprendeu, isto é, de coleta e análise dos conteúdos assimilados. Observe que ao avaliar o que o aluno conseguiu aprender, o alfabetizador está avaliando o que ele conseguiu ensinar. Deste modo, observando e acompanhando os avanços e as dificuldades dos alunos durante a aprendizagem, o alfabetizador terá indicações para rever constantemente sua prática pedagógica, visando transformá--la e atualizá-la.

Para o alfabetizador de jovens e adultos, a avaliação dos alfabetizandos deve ser processual, contí-nua, diversificada e dinâmica. Ao planejar seu trabalho, ao selecionar recursos e atividades, o alfabeti-zador já está avaliando a capacidade do aluno de fazer o que irá propor, da mesma forma como estará avaliando a adequação de sua proposta aos interesses e necessidades dos jovens e adultos, procurando assim, transformar sua prática pedagógica.

Nesse sentido, o caráter investigatório da avaliação deve ser entendido pela evolução do adulto considerado como sujeito de sua própria aprendizagem, capaz de tomar decisões e de fazer escolhas, observar, questionar, refletir, argumentar, criticar, enfim, resolver os problemas propostos. Assim, o processo de avaliação do seu desenvolvimento terá que ser baseado na investigação e no acompanha-mento do que vai construir durante o processo de aprendizagem.

O instrumento básico desse processo de avaliação é a observação atenta, pois possibilita identificar, caracterizar e fundamentar o conhecimento assimilado em suas diferentes etapas no sentido da cons-trução do sujeito histórico e social que busca a autonomia e a cidadania. Esta observação exige regis-tros objetivos e freqüentes dos resultados obtidos nas mais diversas situações, atividades, momentos e desempenhos individuais e coletivos.

Neste registro, o alfabetizador precisa estar atento a aspectos considerados relevantes das ações dos alfabetizandos, que contemple, por exemplo, como reage às instruções, expressa seu conhecimen-to, seus sentimentos e desejos, como utiliza os objetos, o raciocínio lógico, a expressividade na leitura e na escrita, como interage com o grupo e etc. O registro da observação não é um fim em si mesmo, mas um dos instrumentos a ser complementado por outros.

Um instrumento utilizado é o registro em fichas individuais de alunos que devem ser elaborados pelo próprio alfabetizador, levando em conta o que irá utilizar nos vários aspectos do que foi desenvolvido no decorrer do conteúdo; - registrar que acertou, o que sabe, os avanços e as conquistas adquiridas.

As dificuldades podem ser organizadas levando-se em conta os aspectos curriculares desenvolvidos.

FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

Por exemplo:

Aluno: _____________ classe: _________________

Leitura e escrita Consegue ler com autonomia e de forma correta

Matemática e pensamento lógico

Autonomia

As anotações em fichas devem ser diárias, com indicação de datas, para obter uma visão mais clara sobre os avanços ou retrocessos, as conquistas os desafios não vencidos. Outro instrumento utilizado pelo alfabetizador é o arquivo ou recolhimento dos trabalhos dos alunos. Deve o alfabetizador adquirir uma pasta ou ainda um envelope onde deverá organizar os trabalhos de cada um realizados durante o período letivo. Precisa ter o cuidado de anotar o nome, data, tipo de atividade a que se refere e algum outro dado considerado importante.

Vale ressaltar que o alfabetizador poderá utilizar como instrumento avaliação escrita para detectar acertos, erros que precisam ser refeitos para novas aprendizagens. Elaborar questões cujos resulta-dos possam proporcionar visão adequada do que foi diagnosticado durante o conteúdo ministrado. As questões devem envolver atividades variadas e de acordo com o nível dos alfabetizandos.

O alfabetizador deve observar as seguintes etapas no planejamento da avaliação: a) determinar o que vai ser avaliadob) estabelecer os critérios e as condições para a avaliaçãoc) selecionar as técnicas e instrumentos de avaliaçãod) realizar a aferição dos resultadosA escolha de uma técnica ou instrumentos de avaliação deve considerar o tipo de habilidade que se

deseja verificar: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação.Quando os alunos de EJA já dominarem a alfabetização (processo de construção da leitura, da escri-

ta e da matemática), o alfabetizador pode avaliar por meio do instrumento escrito considerado (prova) e programá-la para sua aplicação com a devida orientação do professor em sala de aula. Lembre-se! “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina).

Elabore duas questões interdisciplinares envolvendo conteúdos previamente selecionados.

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Uma visão transformadora de mundo, articulando teoria e prática.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDALÓ, Adriane. Didática de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental: em busca da palavra mundo. São Paulo: FTD, 2002.

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