Alfabetização Guerra Dos Metodos
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃODEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
Dr. Belivaldo Chagas SilvaSecretário de Estado da Educação
Profa. Dra. Hortência Maria Pereira AraujoSecretária Adjunta de Estado da Educação
Profa. Ms. Maria Izabel Ladeira SilvaDiretora do Departamento de Educação
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃODEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
ALFABETIZAÇÃO: A GUERRA DOS METODOS, O PNAIC E AS POLITICAS PÚBLICAS LOCAIS
ALFABETIZAÇÃO: A GUERRA DOS METODOS, O PNAIC E AS POLITICAS PÚBLICAS LOCAIS
Roteiro:
1.Introdução2.Construtivismo X Método Fônico
3. A discussão fora do Brasil4. A discussão no Brasil
5. As políticas publicas: o nacional e o local6. Conclusão
1.INTRODUÇÃO:
Há duas décadas, diversos estudos e dados coletados por meio do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), da Prova Brasil e do PISA (Programme for International
Studant Assessment ‐ Programa Internacional de Avaliação de Alunos) tem demonstrado que as crianças chegam ao 5º e 9º anos do Fundamental sem dominar as competências
básicas de leitura e escrita.Aí vem a questão. Por que isso ocorre? Por que a Escola brasileira fracassa neste quesito elementar do processo
educacional?
1.INTRODUÇÃO:
Antes dos anos 1980, as taxas de analfabetismo no Brasil eram altas por que não havia vagas para todos na
instituição escolar. Porém, desde a década passada, o país conseguiu inserir na Escola 97% das crianças e adolescentes, todavia, as taxas de analfabetismo continuam altas entre jovens e adultos acima de 15 anos. Ou seja, os estudantes estão na escola, mas não aprendem a ler e escrever. As taxas de analfabetismo no Brasil e em Sergipe são, respectivamente, 9% e 17% (IBGE‐
Censo 2010). Isso é fruto de um sistema educacional ineficiente, que além de não cumprir o seu papel, ainda
gera os chamados “analfabetos funcionais” ou seja, aqueles jovens e adultos que possuem escolaridade todavia não dominam as habilidades fundamentais de leitura e escrita. A nossa tese é a de que a guerra dos métodos é uma das
causas dessa situação. Vamos então aos métodos.
2. CONSTRUTIVISMO X MÉTODO FÔNICO
CONSTRUTIVISMO• OUTRAS DENOMINAÇÕES:
métodos Globais, analíticos,ideovisuais.
• FUNDAMENTAÇÃOTEORICA:Psicogênese da Leitura (ramo daPsicolingüística)
MÉTODO FÔNICO• OUTRAS DENOMINAÇÕES:
métodos Sinteticos, fonéticos,meta fônicos, alfabéticos,soletração.
• FUNDAMENTAÇÃOTEORICA:Teoria Cognitiva da Leitura (ramo daNeurolingüística)
2. CONSTRUTIVISMO X MÉTODO FÔNICO
CONSTRUTIVISMO MÉTODO FÔNICO
• PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS DE ENSINO:• O conhecimento é apropriado pelo sujeito
que aprende (o aluno) à medida que setorna objeto de sua ação e reflexão.Acredita‐se que o sistema alfabético éapropriado pelo aluno de maneira“natural” e espontânea, por meio decontato com os textos e pela elaboraçãode hipóteses (antecipação e inferências) arespeito de seu funcionamento. Oaprendizado exige o contato com muitos evariados textos (livros, revistas, jornais),os quais são utilizados logo no inicio daalfabetização, ou seja, aos 6 anos deidade, com ênfase inicial nacompreensão.Desprezam as noções de:Consciência Fonêmica, ConsciênciaFonológica e Principio ou CódigoAlfabético
• PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS DE ENSINO:• A alfabetização começa pela compreensão
das unidades mínimas da escrita, ou seja,a compreensão do funcionamento doCódigo (ou Principio) Alfabético e arelação entre grafemas e fonemas. Oalfabeto é um Código, e este Código temum sistema de regras que permite traduzirsons falados (fonemas) em símbolosimpressos (letras ou grafemas). Alfabetizaré ensinar os segredos do CódigoAlfabético e a aquisição da ConsciênciaFonêmica (associação entre sons epalavras). Para que haja compreensão dotexto, o leitor precisa, primeiramente,decodificar. A compreensão é umprocesso que se adquire após aalfabetização/ decodificação, quando oleitor já domina os segredos do CódigoAlfabético. Nesse processo, os textosdevem ser específicos, e não qualquertexto.
2. CONSTRUTIVISMO X MÉTODO FÔNICO
CONSTRUTIVISMO MÉTODO FÔNICO
• PAPEL DO PROFESSOR:• O “sujeito” do processo é o aluno, ou
seja, o principal responsável pelo seupróprio aprendizado. O professor éuma figura secundária, cuja tarefa émediar o processo de aprendizageme o contato da criança com os textos.Desse modo, a alfabetização é autoinduzida.
• PAPEL DO PROFESSOR:• O Código Alfabético e a Consciência
Fonêmica não são adquiridosespontaneamente ou naturalmente,de maneira auto induzida.. Precisamser ensinados. Desse modo oprofessor não é mero coadjuvante doprocesso. O papel do professor épromover o ensino sistemático,diretivo, metódico, que leva o alunoà compreensão do sistema de escrita.
2. CONSTRUTIVISMO X MÉTODO FÔNICO
CONSTRUTIVISMO MÉTODO FÔNICO
• CRITICAS:• Acusa o método fônico de tolher a
autonomia do aluno, de sertradicional e descontextualizado.Enfatizam que a alfabetização nãotem “idade certa” para acontecer,pois depende do ritmo de cadacriança.
• CRITICAS:• Acusa o Construtivismo de ser
anacrônico e ineficiente pois, não setrata de construção de hipóteses massim de adivinhação. As criançaspequenas são levadas a decorar ourecorrer a estratégias de adivinhaçãopara identificar palavras por elasdesconhecidas, visto que nãodominam as regras do CódigoAlfabético. Crianças pequenasprecisam ser instruídas e ensinadasantes de adquirir autonomia comoleitores. Enfatizam que toda criançapode ser alfabetizada aos 6 anos deidade.
2. CONSTRUTIVISMO X MÉTODO FÔNICO
CONSTRUTIVISMO MÉTODO FÔNICO
• ROTULOS IDEOLOGICOS:• Demagógico e anti cientifico.
• ROTULOS IDEOLOGICOS:• Autoritário e neoliberal
3. A QUESTÃO FORA DO BRASIL
• Nos países desenvolvidos tais como Reino Unido, França e Estados Unidos essa discussão já foi superada há uma década atrás, com a hegemonia do
Método Fônico.• Nos Estados Unidos o Comitê Nacional de Leitura (National ReadingPanel) recomendou a abordagem Fônica, e hoje 93% das escolas adotam
procedimentos sistemáticos no ensino das primeiras letras.• No Reino Unido o governo determinou a inclusão do Método Fônico no
Currículo Nacional para o Ingles (National Curriculum for English). • Na França, o Observatório Nacional da Leitura (L’Observatoire National de
La Lecture), no relatório Aprendere à Lire enfatiza que o aprendizado da leitura e da escrita não é pré‐programado na espécie humana pois requer
instruções especificas, ministradas por um professor/leitor.• Israel, Chile, Canadá, Itália e Alemanha também enfatizam as virtudes do
Método Fônico embora utilizem estratégias mistas de alfabetização.
4. A QUESTÃO NO BRASIL
• Os Parâmetros Curriculares Nacionais. Lançados no inicio da década passada, recomendam os procedimentos do Construtivismo, que se mostra hegemônico. Na pratica dos docentes alfabetizadores, 60% se auto intitulam construtivistas.
• Essa hegemonia não garante resultados satisfatórios para a educação brasileira. Desde que foi criado o SAEB (1993), o qual se desdobrou na Prova Brasil (2005) e no IDEB (2007), o nível de aprendizagem dos alunos tem se mostrado muito baixo, fruto de um processo de alfabetização ineficiente, cujo corolário são os elevados índices de analfabetismo total ou funcional entre a população de jovens e adultos. É como se uma “fabrica” de produzir analfabetos estivesse a todo vapor.
• Em 2003, Câmara de Deputados Federais por meio da Comissão de Educação, que constituiu um Grupo de Trabalho (GT) cujo relatório final intitulado Alfabetização Infantil: Os Novos Caminhos, chama a atenção para a necessidade de se rever os Parâmetros Curriculares Nacionais e o Programa Nacional do Livro Didático no que concerne ao item alfabetização de crianças.
• Durante todos esse tempo, o relatório foi ignorado pelo Ministério da Educação, que somente neste ano voltou a falar em alfabetização de crianças com o lançamento do PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
5. AS POLITICAS PUBLICAS: O NACIONAL E O LOCAL
• Alguns poucos estados e municípios adotaram, por iniciativa própria, currículos e materiais didáticos produzidos pelo IAB (Instituto Alfa e Beto), baseados no Método Fônico. É o caso dos estados de: Rio Grande do Sul, Ceará, Sergipe e Mato Grosso do Sul, e municípios como Coruripe (AL),
Terezina (PI), etc, cujos resultados são considerados satisfatórios.
• Porém, estas iniciativas não são suficientes para resolver o problema da alfabetização de crianças no país. Daí a necessidade do governo federal
implementar ações dirigidas, com o objetivo de cumprir a meta especifica estabelecida no Projeto de Lei 8.035‐ Plano Nacional de Educação para o
decênio 2011‐2020.• A referida meta é ter todas as crianças com até 08 anos de
alfabetizadas até 2016.
5. AS POLITICAS PUBLICAS: O NACIONAL E O LOCAL
• 2005‐ foi implantação o Programa Alfa e Beto, do Instituto Alfa e Beto (IAB). O referido programa dispõe de currículo estruturado, materiais didáticos específicos para alunos, professores e para a classe (incluindo livros de leitura), ferramentas de acompanhamento e ferramentas de avaliação da aprendizagem. O programa esta regulamentado pela Resolução Nº 285/CEE/2006.
• 2007‐ realização de uma pesquisa cujo objetivo foi conhecer a opinião dos professores que atuavam em turmas com crianças entre 06 e 08 anos, as quais seguiam a metodologia do programa. O Departamento de Educação aplicou Questionário em uma amostra de 541 professores no qual, os docentes tiveram oportunidade de se manifestar através de 15 questões objetivas e 04 questões subjetivas. O questionário foi aplicado entre 22 e 26 de outubro de 2007, no local de trabalho de cada professor. A apuração das respostas se deu entre 29 de outubro e 01 de novembro do corrente ano, chegando‐se aos seguintes resultados:
5.AS POLITICAS PUBLICAS: O NACIONAL E O LOCAL
• APROVAM O USO DO METODO FONICO ‐ 87,22% dos entrevistados• APROVAM O MATERIAL DIDÁTICO ‐ 91,09% dos entrevistados• APROVAM OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ‐ 89,05% dos
entrevistados.• Esta pesquisa também nos permite entrever algumas intervenções no
sentido de melhorar a qualidade da educação nas séries iniciais. Primeiramente, faz‐se necessário institucionalizar a especificidade do professor alfabetizador, fixando‐o nesta tarefa, profissionalizando‐o com cursos de capacitação e melhor remuneração. A grande rotatividade existente na função, não possibilita ao professor avaliar e aperfeiçoar seu trabalho pedagógico. Além disso, as capacitações podem se tornar inócuas se a cada ano o docente assumir tarefas diferenciadas. Também ficou evidente a necessidade de disseminar os descritores da Prova Brasil bem com a ampliação da inclusão digital entre a categoria docente.
5.AS POLITICAS PUBLICAS: O NACIONAL E O LOCAL
• Não dispomos de avaliações nacionais e locais para aferição dos resultados da aprendizagem em alfabetização de crianças. Portanto, o único instrumento que nós temos para avaliar a eficácia do programa em Sergipe, é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. Criado em 2007 a partir dos resultados da Prova Brasil aplicada pela primeira vez em 2005. A série histórica do IDEB dos Anos Iniciais para as escolas da rede estadual se apresenta conforme tabela abaixo:
• IDEB dos Anos Iniciais ‐ rede estadual:
2005 2007 2009 2011
3,0 3,4 3,7 3,9
5.AS POLITICAS PUBLICAS: O NACIONAL E O LOCAL
• Bloco de Alfabetização e Letramento ‐ Portaria Nº 7.339 de 29 de Novembro de 2011)
• Elaboração do documento Referencial Curricular da Rede Estadual lançado em 2011 e institucionalizado pela Portaria Nº 3.364 de 13 de junho de 2012.
• O Bloco de Alfabetização e Letramento estabelece, na nossa rede, o que prevê o Artigo 30 da Resolução Nº 07/CNE/2010, que fixa as Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de Nove Anos.
• O currículo é o documento em que a Escola, explicita seu projeto formativo e socializador.
• Secretaria de Estado da Educação disponibilizou o Referencial Curricular com o objetivo de fomentar e subsidiar o debate, colher sugestões, e ao final, possibilitar que as escolas públicas estruturem seus currículos e façam disso uma pratica rotineira, ano após ano, como tarefa precípua da instituição.
6.CONCLUSÃO:
“É problema da pedagogia experimental decidir se a maneira de aprender a ler consiste em começar pelas letras, passando em seguida às palavras e finalmente às frases, ou se é melhor proceder na ordem inversa como
recomenda o método global. Só o estudo paciente é metódico é capaz de permitir a resolução do problema” (PIAGET, citado por CAPOVILLA)
“ A leitura é especifica da espécie humana, assim como a fala, mas não decorre diretamente das capacidades inatas que seriam ativadas por
simples exposição ao texto (...) A prender a ler requer uma escola e uma instrução adquirida (...) É importante que pais e professores admitam que a leitura é uma atividade mental altamente complexa e organizada. A
pesquisa sobe o processo de leitura fez grandes progressos nos últimos 25 anos, e é indispensável fazer referencia a este conhecimento (...)”
OBSERVATORE NATIONAL DE LA LECTURE,2001, citado por CAPOVILLA
6.CONCLUSÃO:
O PNAIC é uma ótima oportunidade de se estabelecer uma decisão de consenso, sobre os descritores da alfabetização, os quais funcionarão como um currículo mínimo a ser considerado. Eu espero que o MEC não perca essa oportunidade de assumir a estruturação curricular como política pública, e sair de “cima do muro” quando se trata de tomar
decisões polêmicas.
MARIA IZABEL LADEIRA [email protected]