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A alfabetização por meio da leitura, análise e compreensão das Histórias em Quadrinhos (HQ) Alexandra Viana da SILVA Estudante de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Professora de Educação Infantil da Rede Privada de São Paulo desde 2010. Contato: [email protected] Lara Fernandes MOREIRA. Estudante de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Professora de Educação Infantil da Rede Privada de São Paulo desde 2011. Contato: [email protected] RESUMO Este depoimento tem como objetivo descrever as experiências vivenciadas por duas alunas do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, durante a realização do estágio obrigatório da disciplina “Metodologia do ensino de português: a alfabetização” que foi ministrada pela Profª Drª Nilce da Silva no segundo semestre de 2011. O estágio teve como objetivo principal a vivencia em sala de aula e a aplicação de um plano de aula em que a alfabetização fosse o tema central e que o uso do computador como recurso pudesse auxiliar-nos em nossa prática docente, principalmente na prática da alfabetização. Palavras-chave: alfabetização, uso do computador, estágio. Depoimento Logo no início do presente semestre, ao sermos informados sobre o cronograma do curso “Metodologia do ensino de português: a alfabetização”, bem como seus objetivos, a professora Nilce da

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A alfabetização por meio da leitura, análise e compreensão das Histórias em Quadrinhos (HQ)

Alexandra Viana da SILVA

Estudante de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Professora de

Educação Infantil da Rede Privada de São Paulo desde 2010.

Contato: [email protected]

Lara Fernandes MOREIRA.

Estudante de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Professora de

Educação Infantil da Rede Privada de São Paulo desde 2011.

Contato: [email protected]

RESUMO

Este depoimento tem como objetivo descrever as experiências vivenciadas por duas alunas do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, durante a realização do estágio obrigatório da disciplina “Metodologia do ensino de português: a alfabetização” que foi ministrada pela Profª Drª Nilce da Silva no segundo semestre de 2011. O estágio teve como objetivo principal a vivencia em sala de aula e a aplicação de um plano de aula em que a alfabetização fosse o tema central e que o uso do computador como recurso pudesse auxiliar-nos em nossa prática docente, principalmente na prática da alfabetização.

Palavras-chave: alfabetização, uso do computador, estágio.

Depoimento

Logo no início do presente semestre, ao sermos informados sobre o cronograma do curso

“Metodologia do ensino de português: a alfabetização”, bem como seus objetivos, a professora

Nilce da Silva nos orientou que o objetivo principal do estágio obrigatório da disciplina não seria a

observação, como costuma ser recorrente na realização em outros estágios. Entretanto, deveríamos

aplicar uma aula à turma que estivéssemos acompanhando e, para isso, propôs a elaboração de um

plano de aula no qual fomos, em todo o tempo, orientados por ela.

Nossa proposta consistiu em trabalhar, dentro do processo de alfabetização, a gramática a

partir das Histórias em Quadrinhos, tendo como partida os conhecimentos que as crianças já

possuíam sobre leitura oral, ortografia, pontuação (interrogação, exclamação, reticências e

travessão), onomatopeias e interjeições. Escolhemos trabalhar com os gibis, por ser um material de

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fácil acesso as crianças independente da classe social e do contexto escolar no qual elas estão

inseridas.

Realizamos nosso estágio na Escola de Aplicação, da Faculdade de Educação da

Universidade de São Paulo (USP) –– por ser uma instituição pública, com um ensino diferenciado,

em que a prática da alfabetização com crianças do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental I é distinta

de outras escolas e gostaríamos de acompanhar também este processo.

A EA-FEUSP é uma escola composta por alunos que são filhos de docentes, funcionários e

de alunos da Universidade de São Paulo. A única forma de ingresso é por meio de sorteio. Há

também uma porcentagem das vagas que são destinadas, por meio de sorteio, a alunos que moram

em bairros no entorno da Universidade. Sendo assim, trata-se de uma comunidade bem heterogênea

no que diz respeito à origem social, econômica e cultural.

A escola possui vinte e duas classes de Ensino Fundamental de nove anos e Ensino Médio,

tendo no total 736 alunos. Os currículos do Ensino Fundamental e Médio da escola são semelhantes

ao da rede pública em geral, porém a EA-FEUSP mantém duas línguas estrangeiras (francês e

inglês) e, também, filosofia o Ensino Médio. Há ainda a participação dos alunos nas “saídas de

estudo” e “estudos do meio” que visam ampliar o repertório dos alunos de acordo com os temas

estudados nas diferentes áreas do conhecimento.1

Nosso primeiro contato com a escola foi realizado por meio de uma reunião geral em que

tivemos com a diretora da escola na qual estava presentes uma média de cem graduandos de vários

cursos da USP e também de outras instituições interessados em estagiar. Na mesma, foi apresentada

a proposta pedagógica da escola, seu funcionamento, o público de alunos atendidos bem como os

níveis de ensino disponíveis na escola.

Fomos informados de que, após essa reunião geral com a direção da escola, deveríamos

participar de uma reunião de área (de acordo com a área de interesse em que o estagiário necessite

acompanhar) com os professores responsáveis, da qual já havia datas e horários pré-estabelecidos, e

– diga-se de passagem, não eram compatíveis com os horários de estudantes que trabalham – que

uma forma de selecionar os alunos que seriam recebidos para estagiar na escola era a

obrigatoriedade da presença nessa segunda reunião.

Na reunião de área com as professoras do Ensino Fundamental I, podemos conhecer um

pouco da proposta pedagógica realizada e o eixo temático que cada série desenvolve. Sendo assim,

acompanhamos duas classes de 2º do EF I (Lara – 2º ano I e II; Alexandra – 2º ano II) no período

1Informações obtidas no Plano Escolar da EA-FEUSP / 2011.

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da tarde e suas respectivas professoras: Mirian, Alessandra e Priscila. Trata-se de duas salas com 32

e 31 alunos, respectivamente, e que eram razoavelmente agitadas. Quanto ao nível de leitura e

escrita dos alunos, observamos que em sua maioria possuíam um bom nível o que nos proporcionou

a escolha pelo tipo de atividade que requer a leitura oral por parte dos alunos.

Fomos muito bem recebidas tanto pelas professoras, quanto pelos alunos. Por motivo de

tempo, disponibilidade da aplicação das aulas, passeios já agendados previamente para os alunos,

conseguimos aplicar nossa aula somente em uma das salas, no 2º ano II. A aula foi ministrada em

dois dias com duração de 1h30 minutos cada.

Nossos objetivos principais com a aplicação da aula eram: apresentar a pontuação

(interrogação, exclamação, reticências e travessão) e nomeá-la, bem como apresentar suas funções;

observar a fluência na leitura das crianças; observar se identificavam as diferentes formas de

ortografia presentes no texto; observar se reconheciam as diferentes formas apresentadas no texto

para expressar os sons, por meio das onomatopeias e interjeições. E como objetivos específicos, que

a criança aprendesse a função da pontuação no texto a partir da leitura oral do mesmo; que pudesse

reconhecer as variações linguísticas apresentadas no texto e que identificasse as diversas palavras

representativas de sons.

No primeiro dia de aplicação da aula, tivemos um momento inicial de conversa com os

alunos e a apresentação da proposta de atividade bem como do material que seria utilizado. Logo

em seguida, fizemos a projeção da história em quadrinhos (que se encontra em anexo) com o

auxílio do computador e do Datashow (material cedido pela escola) para que os alunos pudessem

fazer a primeira leitura coletivamente, um voluntário por vez. Depois de discutir sobre a história,

para ter certeza de que todos tivessem compreendido começamos a questionar sobre a função da

pontuação presente em cada balão da história em quadrinhos.

Logo no início, os alunos identificaram que na história não havia título, somente uma

imagem que era sugestiva, e que poderia indicar várias opções do que poderia estar a acontecer às

personagens. Identificaram também nas imagens o que poderíamos chamar se sinais de movimentos

nas ilustrações.

Outro ponto que questionamos a eles foi com relação às variações na fala da personagem

Cebolinha que troca o “r” pelo “l”. Identificaram as interjeições presentes no texto, porém não

souberam nomeá-las. Questionaram a falta do sinal “–“ (travessão) dentro dos balões, contudo, foi

um dos alunos que se prontificou a explicar o motivo pelo qual não havia a necessidade da

pontuação dentro do balão, já que o mesmo indica fala.

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Questionamos sobre as diferentes formas e contornos dos balões que podem indicar uma fala

comum, uma fala mais irritada ou mesmo um pensamento e todas essas diferenças foram apontadas

pelas crianças, sendo explicadas por nós. A explicação dos contornos dos balões também auxiliou

no momento em que questionamos a pontuação presente no texto, assim atentamos para a

observação da ilustração como uma forma de ajudar na interpretação da historia. Conversamos

também sobre as aplicações e diferenças no uso dos pontos de interrogação, exclamação e das

reticencias.

Num segundo momento da aula, entregamos cópias de outra história em quadrinhos sem a

pontuação para que, em duplas, os alunos pudessem completar as lacunas com os pontos de

exclamação e interrogação e, como apontado anteriormente por eles, nessa história também não

havia título e então, que eles pudessem dar um título para a história. Após o termino da atividade,

recolhemos as cópias das histórias e dissemos que na próxima aula conversaríamos um pouco sobre

suas atividades.

No segundo dia da aplicação da aula, levamos todas as histórias que foram preenchidas com

as respectivas pontuações pelas duplas. Separamos as histórias que se diferenciaram nas pontuações

para que pudéssemos conversar com eles sobre qual seria a pontuação correta em um determinado

balão e também fizemos uma prévia dos títulos mais recorrentes que eles deram para a história.

Sendo assim, concluímos nosso estágio, agradecemos aos alunos e as professoras pela colaboração

e participação em nosso trabalho e na nossa formação.

Depois de todo o processo, desde a preparação do Plano de aula até a finalização do estágio,

concluímos o quanto é importante o estágio não apenas de observação, mas também de ação. Nós

duas trabalhamos com a Educação Infantil sendo está nossa única experiência docente, fato este que

nos assustou quando soubemos que teríamos que ministrar uma aula para uma turma do Ensino

Fundamental. Foi difícil desde o começo da preparação do Plano de Aula e muitas eram as dúvidas

de como deveria ser essa aula, de como abordar o assunto, o tempo de duração e mesmo se deveria

ser em pequenos ou grandes grupos.

Foi durante o estágio e em conversas com as professoras das turmas que pudemos conhecer

melhor o perfil da turma e a dinâmica das atividades que já estavam acostumados e assim

reformulamos nosso plano de aula em pequenos detalhes que fizeram toda a diferença.

Sobre a aplicação da aula ficamos muito satisfeitas com os resultados, os alunos

participaram voluntariamente e se divertiram, além de aprenderem a nomear algumas pontuações

que sabiam a função, mas não seu nome.

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Para nós duas como professoras em formação, foi muito gratificante e enriquecedora essa

experiência, ainda permanece um pouco de medo em lecionar no Ensino Fundamental, mas agora

sabemos que somos capazes de elaborar e aplicar uma boa aula.

Anexos

Histórias em quadrinhos utilizadas na aplicação do Plano de aula.

História 1

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História 2

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