ALFREDO, Anselmo. Modernização, Contradições Espaciais e Relação Agrário Urbana no Brasil
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Modernização, Contradições Espaciais e Relação Agrário Urbana no Brasil
Anselmo Alfredo (Coordenador)
Prof. Dr. DG-FFLCH-USP
ResumoA modernização brasileira se efetiva de forma particular na medida em que
determinada por processos mundiais já estabelecidos. Assim, ao responder pela necessidade
de uma acumulação tanto interna como externa, acaba por estabelecer uma involução
categorial que é a forma negativa de tal modernização ser. Tal negatividade categorial,
portanto, não se faz como o tempo de formar as categorias, mas a forma simultânea e,
assim, espacial, de se o constituí-las como negação desta formação. As posições de uma
modernização onde o trabalho livre efetiva a condição do sitiante e não, necessariamente, ado trabalhador assalariado, põe no agrário elementos determinantes da forma de ser do
urbano e da indústria aí nascentes. Nestes termos, a própria noção de revolução industrial
moderna se efetiva como fetiche de revolução, consubstanciando o mesmo para as
categorias daí oriundas, dentre elas a do próprio nacional.
Introdução
A questão a que me proponho considerar a partir de agora é a própria incapacidade
que aquilo que se constituiu como o complexo cafeeiro, nos termos de Cano (1998) teve
para estabelecer – até mesmo pelas suas características agrário exportadoras – uma
realidade plural que, do ponto de vista econômico, fosse capaz de repor os termos de uma
reprodução ampliada de capital, constituindo, em verdade, mesmo a partir da unificação
nacional de 1930, uma frágil relação entre o Estado e a Economia que derivasse daí os
sentidos de um Estado propriamente Nacional. Pontua-se, portanto, a importância de
considerar a forma pela qual o complexo cafeeiro estabeleceu uma complexificação social,
nos termos de Cardoso (1961) de modo que a mesma, se o foi fundamental para o
desenvolvimento da industrialização, esta não foi suficiente para estabelecer uma trocaentre as economias mundiais que repusesse uma acumulação interna que não fosse
tributária da capacidade de investimento e conseqüente transferência de riqueza para as
nações do centro do capitalismo mundial. Não se trata de uma defesa nacionalista, mas de
desvelar, ao contrário, que a própria constituição da relação entre Estado e acumulação,
própria do moderno, no caso brasileiro, realizou-se sempre como negatividade afirmativa
XV Encontro Nacional de Geógrafos“O espaço não pára. Por uma AGB em movimento”
20 a 26 julho de 2008 / São Paulo - SP
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de uma realidade que era o seu antagonismo, isto é, a realização do processo de acumulação
mundial. Observa-se, então, que a nacionalidade brasileira se efetiva como uma dupla
ilusão. Ilusão própria de que o crescimento econômico o é uma forma de riqueza social, no
sentido de que o nacional é a ilusão das contradições próprias do capital e, ao mesmo
tempo, ilusão de nação, pois que se efetiva como pressuposto, como já se disse, de sua
negação, o internacional. Sendo esta a sua própria identidade.
Involução categorial e modernização brasileira
A efetividade ilusória das categorias postas na periferia da reprodução social se dá
tanto do ponto de vista do sentido que a formação do complexo propriamente toma,
realizada pela acumulação via exportação de um produto principal, o café, ensejando
internamente a necessidade de importação de outros produtos, como, ao mesmo tempo e
resultante disto, a própria complexificação da atividade produtiva paulista é insuficiente para pôr e repor os pressupostos de uma complexificação industrial propriamente. Desta
maneira, se a própria acumulação dos setores vinculados à produção do café está presente;
relativamente à capacidade de desenvolver um processo de acumulação geral da economia
sob outros termos, torna a própria análise destes montantes qualitativamente distinta. Ou
seja, se o setor ferroviário e a própria produção agrícola diversificada do e no Estado de
São Paulo, a partir da década de 30 (Cf. CANO, 1998, p. 74), com o crescimento das
cidades é resultante do processo de acumulação a partir das exportações de café, isto por si
só não implica numa capacidade de re-estruturação do modus operandi da economia
nacional. O que buscaremos expor é que a própria urbanização e industrialização do Estado
de São Paulo a partir da crise e acumulação da atividade produtora de café retêm
características muito particulares que permitirão ser compreendidas exclusivamente se
pensadas a partir dos sentidos que a divisão social do trabalho daí oriunda permitiu
estabelecer, sendo não a urbanização, mas a divisão entre campo e cidade os termos que
explicitariam de um modo mais importante as determinações da modernização periférica
brasileira a partir de um complexo agro-exportador, como o foi o café. Isto porque nesta
cisão específica da própria modernização a relação estabelecida entre tais termos deve ser
compreendida segundo a perspectiva de uma modernização que trouxe como resultado
tanto a própria dependência de seu processo de acumulação das economias externas (o que
é o mesmo que dizer agro-exportador) como a impossibilidade de aí permitir-se derivar
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para uma relação agrária urbana característica de economias que passaram por uma
modernização a partir de elementos internos a sua própria realidade, como o foi o caso da
passagem das estruturas feudais para as propriamente capitalistas. Em outros termos, é de
importância fundamental considerar que o fato de a realidade econômica periférica
brasileira ter a sua gênese já a partir de determinações do moderno faz como que as formas
pelas quais as categorias próprias desta modernização se estabeleçam por relações onde o
próprio “atraso” em relação às economias centrais se incorpora como elemento da
reprodução de relações capitalistas nacionais e internacionais. Do ponto de vista, portanto,
da urbanização, esta só é mais profundamente compreensível se desvendada com uma
específica relação agrária-urbana, na medida em que permitiria uma análise mais detida da
forma pela qual a divisão social do trabalho permitiu ou não a efetividade de uma economia
que re-estruturasse os seus próprios padrões de acumulação. Não basta, portanto,caracterizar a “evolução” do complexo cafeeiro apenas segundo a perspectiva de que:
À medida que o complexo cafeeiro se desenvolve e gera um processo crescente
de urbanização – decorrente de atividades afins, do comércio da indústria, etc. – o
sistema reclama também, a expansão da agricultura independente da atividade
nuclear, ou seja, aquela que é feita fora da propriedade cafeeira operando com
seus próprios recursos físicos. Esta modalidade agrícola cresceu mais
dinamicamente após 1900, período em que a expansão da cidade de São Paulo e
de alguns outros núcleos urbanos paulistas se torna evidente. (CANO, 1998, p.
72)
Por mais que este complexo tenha realizado de fato uma divisão social do trabalho no
âmbito da fazenda baseada no regime de trabalho de colonato, cabe aprofundar a análise
dos termos desta divisão social no sentido de considerar que a generalização de uma
racionalidade industrial e empresarial que se dá a partir da acumulação cafeeira não se
estabeleceu como um pressuposto suficiente para a própria efetivação de um capitalismo
industrial que se estruturasse como pressuposto de si mesmo. O “atraso” da periferia em
relação ao processo de aprofundamento do desenvolvimento das forças produtivas nocentro do capitalismo mundial (o que, contraditoriamente a fez formar-se como moderna)
coloca-se sempre como uma forma que caracteriza o capitalismo periférico segundo uma
realidade sócio-geográfica específica onde as dimensões temporais são exíguas, e a própria
formação de sua realidade categorial e conceitual é tributária da potência produtiva do
centro, pois antes mesmo da formação categorial do capital industrial, as formas de trabalho
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produtor de valor são já expropriadas para estabelecer os parâmetros de trocas com a
realidade produtiva industrial do centro da modernização mundial, o que particulariza a
formação mesmo do capitalismo interno.
A análise estabelecida através de um padrão exportador destaca a presença da
mediação para com o processo de realização do valor produzido internamente à economia
agro-exportadora a se efetivar por capitais comerciais internacionais que consubstanciavam
um papel importante no processo de transferência da riqueza aqui produzida (OLIVEIRA,
1989), o que teria oferecido os termos de um contrapeso àquilo que a libertação do trabalho
cativo poderia realizar em termos de uma importante divisão social interna do trabalho. O
próprio movimento da produção agroexportadora, contudo, já se apresenta como uma
forma de reduzir, seguindo os seus próprios pressupostos, os termos de uma divisão social
do trabalho, na medida em que a exportação, nos termos de Celso Furtado, é o elementofinanciador da importação de bens de consumo interno. Do ponto de vista de um padrão de
trocas internacionais definido pela Libra esterlina, trata-se de estabelecer a expansão da
exportação como forma de financiamento, enquanto mercado consumidor, dos produtos
industrializados especialmente ingleses, financiados assim, pela valorização através do
café. Mesmo quando da libertação do trabalho, Oliveira (1989) ainda salienta a necessidade
de se considerar que há uma reiteração da “vocação agrícola” na medida em que a tênue ou
mesmo inexistente capacidade de divisão social do trabalho a partir do escravismo não
permitiu que a separação dos meios de produção e seus proprietários estabelecesse os
termos de uma divisão social que fosse a clássica separação entre campo e cidade, de modo
que o próprio trabalho produtor de mercadorias se reitera no campo seguindo e
aprofundando os termos de uma economia exportadora primária. O que permite ao autor
afirmar que o modo de produção de mercadorias nasce no campo e não na cidade,
reiterando os aspectos daquilo que seria uma incompletude que fomentaria, nos termos do
próprio autor, uma subordinação apenas formal do trabalho ao capital: a subordinação real
do trabalho ao capital ainda está por completar-se (OLIVEIRA, 1989, p. 25-26). A mera
produção de riqueza na economia cafeeira, além de se consubstanciar seguindo os termos
de uma importante transferência de riquezas, pelas relações comerciais que a partir do
mesmo se estabeleciam com o comércio internacional, não é suficiente para se observar os
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termos de uma industrialização propriamente. Trata-se da produção de um valor cuja
realização é externa (OLIVEIRA, 1989, p. 30).
Ainda que aqui o desvendamento dos termos desta insuficiência do processo de
acumulação para uma revolução propriamente burguesa, a partir da economia cafeeira
esteja desvendada, é de se notar, contudo, que a forma como a acumulação se estabelece
não nos permite, necessariamente, uma análise sobre a contenção de uma constituição
categorial a partir da manutenção e aprofundamento desta forma de se estabelecer a
libertação do trabalho, o que, aliás, remete a uma reavaliação sobre os termos de uma
subsunção formal do trabalho ao capital. Se a forma prática de expressar esta acumulação a
partir de relações comerciais assim postas leva a um padrão de acumulação ou mesmo de
formação de capital, nos termos expostos pelo autor (separação dos meios de produção que
produz um semi-campesinato) é de se notar que a dupla expropriação a que este processoesteve sujeito levou, em verdade, à impossibilidade de se efetivar os termos de uma
realização categorial, condição sine qua non para o estabelecimento de uma acumulação
primitiva interna, prejudicando os termos categoriais analisados por esta via. Assim, não se
trata de ver na temporalidade da formação categorial a forma de expressar os nexos daquilo
que não se formou neste tempo, mas se o faria nos anos de investimentos internacionais,
especialmente a década desenvolvimentista de 1950, sendo a dívida do Estado e seus
próprios investimentos no desenvolvimento do Departamento I da economia a possibilidade
de efetivação da acumulação primitiva revolucionária burguesa e, finalmente, nacional.
Antes, é de se observar que a dupla forma de acumulação a que este trabalho estava sujeito
– interna e externa – condicionou uma expropriação categorial que o próprio tempo desta
formação foi expropriado enquanto tal. Neste sentido, não se trata de uma formação
incompleta, mas de uma realidade cuja dimensão temporal formativa tão somente se
realizou como negatividade, sendo esta, a forma característica de formação categorial do
moderno no que se tem denominado de periferia da realidade da produção mundial do
valor. A negatividade se torna oportuna justamente porque delimitada com as tramas
estabelecidas com a reprodução do capitalismo mundialmente posto, donde a relação
metodológica necessariamente leva a uma interação da forma de ser da formação do valor
interno com as formas clássicas do capitalismo mundial. Isto implica dizer que não se trata
de considerar meramente esta negatividade como uma insuficiência das formas de
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expressar aquilo que de particular se efetivava aqui como forma da produção e realização
do valor. Mas ao se estabelecer como momento mediático da realização da produção
mundial, trata-se de considerar que se faz exigindo o contraponto que, nos termos que
consideramos, se efetiva como negatividade, ou seja, como o que não é a estabelecer o ser
do valor em sua dimensão universal.
Se a contradição se estabelece nos termos de um desenvolvimento do modo de
produção de mercadorias no campo, é de se salientar o fato de que não se pode colocar o
acento da análise sobre a industrialização nos termos ou de uma redução dos custos da
força de trabalho na cidade pelo campo, ou de uma formação ou não do trabalho assalariado
ou semi-camponês no campo. O elemento que se estabelece é justamente o fato de os
termos de um financiamento externo do consumo interno estabelecer uma relação deveras
particular na relação entre industrialização e produção agrária, na medida em que a própriaindustrialização, ao se fazer nos termos já expostos se põe como subordinada à fomentar o
aumento da produtividade daquilo que financiava, contraditoriamente, o seu próprio
crescimento, isto é, a agricultura. Desta forma a cisão estabelecida se fez como forma de
reiterar os termos da produção agrícola, o que particularizou a própria divisão social interna
do trabalho. Não se tratou, portanto, de um processo que barrou a potencialidade de uma
população para o capital (OLIVEIRA, 1989, 25), mas de uma industrialização que
intensificasse a produção agrícola que assim involuiu o tempo de efetivação categorial do
trabalho nos moldes de uma relação entre capital industrial e trabalho, pondo tal formação
como negatividade identitária da produção e realização do valor mundial.
A efetividade de uma divisão social do trabalho interno em direção ao capitalismo
industrial, portanto, não poderia ser considerada a não ser colocando no plano da análise as
dimensões mundiais de um percurso já transcorrido das formas de realização e produção do
valor. Tratava-se de tornar competitiva - dentro das contradições insuperáveis, é bem
verdade, em relação à própria desigualdade de produtividade entre o centro e a periferia – a
capacidade de produção agrícola - então diversificada, especialmente a partir da crise do
próprio café - para que fosse minimamente proporcional a própria troca entre produtos
exportados (agrícolas) e industrializados, importados da Inglaterra. Assim, essa
industrialização que se realiza no interior da sociedade brasileira não poderia ser de fato
uma superação de suas condições agrárias, mas era determinada por suas necessidades em
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relação aos padrões de trocas internacionais estabelecidos e que não seria possível de
estabelecer uma paridade nos termos industriais. Ainda, se os custos da força de trabalho
industrial estão presentes, porque parte desta produção se o fazia para o consumo interno,
isto de fato aponta para a necessidade de reiteração da possibilidade de reproduzir os
termos de uma sociedade agrária na medida em que a destituição do colonato ou, se se
preferir nos termos do argumento, de um semi-campesinato, era já uma sociedade que se
punha para e pela troca.
O sitiante, meeiro, diarista, etc. que se irrompe a partir de tal crise do café (CF.
MONBEIG, 1984) requalificando a própria ascensão da produção cafeeira que daí se
restaura nas décadas de 40 e início da de 50, é ele mesmo um dos elementos primordiais da
divisão social do trabalho que se origina. Ou seja, não só como produtor, mas como
consumidor que assim reitera a indústria para reproduzi-lo e não para expropriá-lo, nostermos de uma formação clássica do trabalho assalariado, como se costuma apresentar. A
própria constituição da condição do trabalho livre posterior ao colonato, trabalho oriundo
na produção comercial mercantil cafeeira, se estabelece, por conta da complexificação
social mesmo que daí se origina, vinculada a uma produção que não o pode ser para
subsistência, isto é, já se forma segundo os pressupostos de uma realidade comercial. O
colono quando deixa de o ser já é um sujeito da troca, porque se pôs na relação de trabalho
como um produtor daquilo que não era necessariamente o seu próprio consumo. Se o fez a
partir da pequena roça junto às fileiras do café e/ou separadamente (MARTINS, 1990), isto
foi mais uma necessidade da redução dos custos que o trabalho significou no interior da
produção cafeeira do que a constituição de uma forma auto-suficiente de atividade agrícola.
Assim, a formação do pequeno sitiante, meeiro, etc. a partir das crises do café é já a
inserção de um indivíduo que chegou expropriado das possibilidades da independência de
sua produção em relação à forma da troca estabelecida na sociedade paulista. O sítio,
enfim, já implicava num nível de investimento que mostrava, naquele momento, a
incapacidade do trabalho familiar solver toda a necessidade da reprodução da própria
família. Parte dele teria que se dar através da formação produtiva do próprio sítio. A
compra das sementes, cercamentos, desmatamentos, a carência de produtos no primeiro ano
da safra agrícola escolhida, etc. era já um resultado da expropriação efetivada no próprio
trabalho em regime de colonato e que expressava seus termos na inserção definitivamente
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monetarizada que o sitiante ia adquirindo em sua nova condição, cujo endividamento
inicial, seja nos bancos oficiais, seja através de empréstimos junto ao fazendeiro ou ao
maquinista era a forma específica de divisão social do trabalho que daí se originava. Desta
maneira, a formação desta atividade agrícola oriunda da crise do próprio colonato,
expressão da crise do complexo cafeeiro, era já a intensificação de uma sociedade cujas
trocas monetárias estariam promovendo o processo de expansão do próprio mercado
interno determinando a industrialização nascente desta forma particular como analisamos.
O sitiante aí originado punha como forma de sua reprodução as necessidades de uma
produção específica (industrial no caso) que era a sua reprodução enquanto sitiante1. Se a
isto se determinava a própria industrialização do Oeste Paulista, é certo que subordinada
aos sentidos desta formação social, o sitiante constituía o próprio limite do montante de
investimentos postos na “industrialização” desta área do Estado de São Paulo. O queimplica dizer que as indústrias que prevaleceram no interior do Estado, especialmente
distante daquela área de maior divisão social do trabalho (como o era a Capital do Estado) o
fizeram seguindo padrões de investimentos de pequeno montante e cujas matérias-primas
pudessem estar o melhor possível integradas ao próprio âmbito de sua instalação. A
indústria que desta realidade era originária, se o fazia como necessidade de reproduzir este
sujeito da troca – o produtor agrícola – porque nele estava posta a condicionante de um
mercado interno. Tratou-se, assim, de reproduzir o trabalho livre, e não o assalariado.
Deste modo, não se trata de, a partir do tempo, ver inserido neste um dique contendor,
ou mesmo um garrote que impediu um processo revolucionário clássico, mas tão somente
de observar a negatividade das formações categoriais internas à periferia como identidade
do valor em sua universalidade mundial, ao mesmo tempo em que isto torna impeditivo de
compreender os termos de uma acumulação primitiva, porque, ainda que tenha permitido
um processo de acumulação interno não foi capaz de realizar os termos categoriais
necessários para a realização de um conceito de capital industrial no seu movimento e
devir. A antecipação conceitual na realidade periférica brasileira é de fundamental
importância para compreender os termos de sua própria particularidade.
1 Estamos considerando sitiante aqui, aquele que saído ou não das relações de colonato se constituirá
como pequeno proprietário produtor de produtos agrícolas para o mercado e para o seu próprio consumo e quese integra nas relações sociais propriamente através da monetarização de sua atividade produtiva, isto tantoatravés de sua própria lavoura como através das variadas relações de produção estabelecidas dentro e fora desua propriedade, das quais se destacam os processos de meação, terça, pagamento em dinheiro, etc.
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Assim, a década de 30, com a pretensa nacionalização, não seria capaz de estabelecer
os termos desta divisão social do trabalho, não porque ela não existisse, mas se o fazia a
partir de uma relação cuja determinação agrícola punha na produção agrária os limites da
indústria e o mercado interno assim se particularizava. Esta negatividade, aliás, dista de
uma perspectiva temporal do possível, do formado de modo anômalo, do incompleto, da
trava da divisão social do trabalho, porque evidencia, dentre outras que iremos abordar de
modo mais próximo, o quanto a produção de valor nesta periferia estava integrado na
reposição mundial do valor, de modo que a simultaneidade dos processos teria já
estabelecido os termos de uma realidade cuja distensão temporal entre o velho e o novo, o
moderno e o atrasado, o formado e o em formação, não são explicativas desta unidade pela
contradição, que só no plano mundial tornou possível estabelecer. Se a reprodução da
forma valor, no pólo externo da relação se estabelece, a mesma se põe, contraditoriamente,como formação interna, de modo que o tardio é somente uma forma de expressão da
simultaneidade posta pelo e no valor.
Mesmo quando se considera o problema do ponto de vista de uma nacionalização, no
sentido de constituição de um Estado Nacional propriamente, a partir dos anos 50, a análise
sobre os três Departamentos da Economia (Bens de Produção, de Consumos duráveis e não
duráveis) não nos permite observar sobre os sentidos de uma relação entre o plano interno e
externo da realização do valor exclusivamente se se considera o fato de que a produção de
bens de produção do Setor I estava posta para reiterar os pressupostos de bens de capital
investidos para a produção de produtos duráveis (especialmente os capitais estrangeiros que
caracterizam este momento da modernização do capital mundial a partir de sua expansão
produtiva na periferia). Isto porque o problema que talvez nos permita observar os sentidos
deste novo movimento do moderno é justamente o fato de que a expansão de capitais na
periferia não se faz exclusivamente, nem talvez determinantemente, por uma necessidade
de modernização da periferia, expressa pelo desejo da industrialização. Antes, revela-se
uma forma específica de modernização periférica que corresponde àquilo que se põe, do
ponto de vista da economia política norte americana, como os gargalos [neckbotled ] de sua
economia que, na periferia, deveria apresentar-se como seus nós de estrangulamentos.2 Em
2 Por questão de espaço não nos é permitido explanar as contradições de superacumulação daeconomia norte americana e a relação disto com o desenvolvimentismo nacional brasileiro, o que o faremosem outra oportunidade.
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verdade, as formas de modernização deveriam coincidir, do ponto de vista do
desenvolvimento fetichista que ambas efetivavam, para buscar superar, na produção de
valor da periferia, uma crise de superprodução absoluta interna às economias centrais do
pós II Guerra Mundial, especialmente a americana. O problema que estava posto, portanto,
era a necessidade de que os investimentos na periferia da produção mundial do valor
estavam vinculados à necessidade de uma significativa redução do tempo de rotação dos
capitais mundiais de modo a dar uma necessária transfiguração do capital acumulado em
todas as suas formas, mas que, na forma monetária, tornaria possível um percurso de
circulação mais ágil diante daquilo que significava, como crise, o estoque de capitais no
interior da própria economia norte americana. Isto porque, justamente, trata-se do
estabelecimento de uma nova forma de interação mundial do valor que não mais
estabelecida seguindo os pressupostos das trocas internacionais através dos padrões detrocas entre produtos industrializados pelos produtos agrários, o que aliás era a própria
forma de ser da expansão dos capitais ingleses como países da periferia. A análise
estabelecida predominantemente por uma perspectiva imperialista faz ressaltar que os
níveis de trocas internacionais, desiguais, se estabelecem em prejuízo de um em relação ao
outro que, se do ponto de vista do processo de transferência de riqueza isto de fato se
efetiva, não é pertinente na medida em que obnubila a própria modernização periférica
como expressão da crise da reprodução mundial do valor. Considerada do ponto de vista do
atraso da modernização, ou mesmo de um desenvolvimento desigual, onde o tempo da
desigualdade passa a se constituir como elemento ponente da análise, é impeditivo de
observar, fundamentalmente, o fato de que a modernização periférica é – simultaneamente
– uma forma de reduzir o tempo de rotação do capital mundial e, assim, pôr, do ponto de
vista da análise, certa incongruência da perspectiva do atraso ou do que esteve impedido de
formar-se. Sua negatividade, em verdade, se estabelece como o avanço da modernização
mundial, o que a própria intervenção de capitais, especialmente nos anos 40 e 50,
vinculados à modernização dos transportes e energia virão corroborar. Trata-se de reduzir o
tempo mundial de realização do capital, é o que se põe,ao menos, resultante de contradições
do processo geral de acumulação.
A própria expansão da “massa de lucros do café”, portanto, por si só não permite
compreender as determinações daí oriundas no que diz respeito à modernização brasileira
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se não se leva em conta esta relação espacial, isto é, de ausência da própria formação
temporal das categorias da realidade econômica interna brasileira. Assim, a perspectiva
defendida por vários autores3 de que a partir da acumulação do complexo cafeeiro se obtém
as condições para o próprio desenvolvimento industrial nacional, ou mesmo a tese relativa à
substituição de importações, ainda que de fundamental importância, coloca para os termos
da análise aqui proposta o desafio de se compreender quais as características próprias desta
industrialização que permitam compreendê-la como que formando uma economia nacional
no sentido revolucionário moderno. O que se pontua é que esta Geografia Paulista4, no
âmbito de sua situação mundial, é impeditiva de estabelecer, a partir de uma acumulação
estritamente interna, os termos de uma revolução industrial propriamente dita. Isto implicou
num processo de intensificação, até os anos 40, pelo menos, da importância da produção
agrícola como condicionante da própria formação do mercado interno o que, por si só,colocou-se como negatividade da própria modernização industrial periférica brasileira.
É necessário acentuar uma vez mais que a fundamental característica do processo de
modernização é o estabelecimento de esferas distintas que constituam num real
aprofundamento das relações de produção (produtividade) através do que se considera
divisão social do trabalho. A separação entre campo cidade sendo a sua forma fundamental.
Nos termos de Marx:
A base de toda divisão do trabalho desenvolvida e mediada pelo intercâmbio de
mercadorias é a separação ente a cidade e o campo. Pode-se dizer que toda a
história econômica da sociedade resume-se no movimento dessa antítese
(MARX, I, 1988, p.265)
A característica particular dessa divisão traz, necessariamente, os termos da formação
social por ela determinada. O mero desenvolvimento urbano, portanto, se não contraposto à
sua antítese identitária não explicita a qualidade estabelecida pela divisão social do trabalho
aí posta. A divisão agrária urbana, portanto, estabelece-se como um elemento próprio da
3 Martins (1990), Cano (1998), Silva (1962), Cardoso (1990), ao que pese diferenças entre os mesmos.4 A noção de Geografia Paulista vem justamente destacar que as determinações do tempo de formação
da realidade brasileira o são espaciais, isto é, uma negação da extensão temporal da formação nacionalmesmo. Ou seja, a simultaneidade da modernização brasileira como resultado das relações do processo deacumulação mundial, anteposto aqui, impediu a constituição das categorias do moderno, como trabalho,salário, lucro, etc. nos termos de uma realidade clássica. Isto porque, ao se constituir a periferia damodernização como resultado do desenvolvimento do mundial já posto, não houve tempo de formação sendoisto, portanto, o que estamos pontuando como uma realidade predominantemente espacial , isto é, o espaçocomo negatividade do tempo.
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modernização não somente no sentido clássico de formação do próprio trabalho, mas
especialmente na perspectiva de intensificar o entrelaçamento produtivo posto então em
diferentes ramos industriais, donde a agricultura, na contraposição à industrialização passa
a constituir um momento necessário do próprio capital enquanto capital social. Se o
resultado desta industrialização o foi a intensificação da estrutura agrário-exportadora, é
necessário dizer que a crise da mesma não permitiu superar os sentidos de uma sociedade
assentada na produção agrária, que assim, acabou por fomentar uma forma específica de
industrialização e de urbanização mesmo.
Fica-se, portanto, a questão, mesmo que desde há muito tratada, sobre os sentidos de
um processo realmente revolucionário no desenvolvimento da industrialização
especificamente brasileira. Ainda que se observe na análise de Florestan Fernandes (2006),
a presença de contradições na modernização periférica brasileira, determinadas pela relaçãoda formação de uma realidade nacional fundamentada por relações internacionais, que
fazem do nacional um seu momento; o ponto está em considerar os termos desta passagem
revolucionária, mesmo que permeada por permanências agrárias, determinantemente pela
formação de uma burguesia nacional.
Se as ditaduras na análise do sociólogo vêm no sentido de constituir a dupla
revolução posta na periferia do capitalismo, isto é, tanto a promoção de sua condição de
classe burguesa como um processo de industrialização que não esmaeça o nacional como
sua própria condição e status quo, é de se observar o fato de que a própria efetivação de
uma condição revolucionária, do ponto de vista analítico do autor, se o faz considerando a
precariedade da classe antagônica que dá sentido e identidade à própria burguesia, mais
vinculada ao Estado Internacional do Capital que às condições de reprodução de uma
realidade propriamente interna. Desta maneira, o argumento deve necessária e
inevitavelmente incrustar-se no pólo mais presente da realidade pretensamente nacional no
sentido de que a formação da burguesia e de seus interesses como nacionais justifica a
própria condição de um estado revolucionário burguês e, assim, de um Estado Nacional
propriamente dito. Ainda que extenso, permita-se cotejar esta passagem para que possamos
dar voz à interlocução que agora estabelecemos:
Isto significa, como querem alguns, que não há, propriamente, nenhuma
revolução nacional ou, então, que aquelas classes pura e simplesmente “traíram”
a revolução nacional? Podem se sustentar tais avaliações, desde que se
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estabeleçam certos requisitos ideais da transformação capitalista, que não
ocorrem nem podem ocorrer na periferia. É claro que a dupla articulação não
impede a revolução nacional; ao contrário, sob o capitalismo dependente a
revolução nacional é igualmente necessária, pois ela constitui o verdadeiro eixo
político da dominação burguesa e do controle do Estado pela burguesia. A
questão é que não se deve perder de vista de que revolução nacional se está
falando. Desde que se proponham o “desenvolvimento” e a “revolução dentro da
ordem” que são compatíveis com o capitalismo dependente, as classes burguesas
buscam a única revolução nacional por que podem lutar em tais condições, a qual
consiste em consolidar o poder burguês através do fortalecimento das estruturas e
funções nacionais de sua dominação de classe. O que entra em jogo, portanto, não
são as compulsões igualitárias (por mais formais e abstratas que sejam) de uma
comunidade política nacional, mais ou menos complexa e heterogênea. Mas o
alcance dentro do qual certos interesses especificamente de classe podem ser universalizados, impostos por mediação do Estado a toda a comunidade nacional
e tratados como se fossem “os interesses da nação como um todo”.
(FERNANDES, 2006, p.350)
Trata-se mais propriamente do fato de que a justificativa sobre um processo
revolucionário, para ficarmos com os termos apresentados na discussão, está fundamentada
na presença de um componente classista a partir do qual se permite considerar uma
transformação em toda a sociedade. Isto implica dizer que é a partir da própria dimensão
superestrutural (a ideologia de uma sociedade civil que assim se efetiva) que se determinam
as condições afirmativas a respeito de uma transformação em toda a sociedade nacional
brasileira. A própria defesa do argumento sobre as determinações revolucionárias no Brasil
constituem a possibilidade de uma asserção corretiva do que foi e de como poderia ser, pois
a condição periférica do processo revolucionário apresenta-se problematizada como uma
revolução incapaz de trazer para o âmbito da realidade nacional os frutos de uma revolução
burguesa clássica, isto é, a própria superação das condições burguesas. A verticalização
sociológica da análise implicou num possível desnivelamento entre aquilo que se constitui
como representação de classe e aquilo que de fato se efetiva para poder estabelecer o
próprio processo de representação social através do político. Ou seja, a formação de um
Estado político, segundo o nosso ponto de vista, não nos permite necessariamente dizer
sobre a identidade entre este Estado e um Estado Nacional. Como forma de efetividade da
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própria condição particular periférica, defendemos a perspectiva que neste caso também
não se é possível encontrar tal unidade e a constituição dos processos de simultaneidade
postos pela dimensão conceitual do moderno e da modernização como determinação da
própria condição periférica fizeram da sociedade civil nacional brasileira, coroada pelo
Estado Político Nacional, uma representação superestrutural resultante de uma condição
material desta realidade onde o próprio Estado se o fez como fetichização, ou ilusão
necessária de uma transformação radical da condição econômica interna que não havia se
efetivado, dada a condição periférica mesma que fez do interno momento mediático da
acumulação mundial.
A simultaneidade desta realidade, portanto, permite que se estabeleça um processo de
modernização não onde o atraso se constitui como parte integrante e componente do
moderno, ou mesmo seu resultado, mas mais especificamente, onde a antecipação dasformas de reprodução do moderno central (como forma de realização da própria periferia) e
a formação de uma única realidade determinada pelo capital é, assim, a expropriação de sua
condição categorial.
Desta forma, as categorias que justificam ilusoriamente a importância da sociedade
capitalista no centro da reprodução mundial (o trabalho sendo uma de suas mais
fundamentais, constituindo o ethos próprio do moderno) se estabelecem aqui como uma
espécie de ilusão categorial, ou seja, ilusão de segundo grau. É justamente este desnível
entre o conceito e suas categorias, a razão categorial do capital e sua razão temporal - nos
termos de Giannotti (1999) entre a história categorial e a história do vir-a-ser do capital -
que faz, neste momento, a ilusão do Nacional a razão suficiente do Estado Político
Nacional e Periférico Brasileiros. O que implica que a condição de se estabelecer desde o
princípio como moderno faz com que as determinações do mesmo se realizem aqui apesar
do desenvolvimento das próprias condições categoriais de sua realização. A própria
sociabilidade, ainda que plenamente explicitável e materializada através dos termos do
moderno e da modernização mesmo, deve compor, assim, um plano de antecipação ilusório
(mas nem por isso menos lógico) de sua própria formação, de modo a corroborar com a
possibilidade da própria modernização periférica, sendo isto uma sua particularidade por
demais determinante. É de fundamental importância, portanto, reconhecer os aspectos
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próprios de uma particularidade da formação nacional onde a distinção entre sua
efetividade fetichista e a material, a iludir a forma de ser desta última, deve ser explicitada.
Reflexão Final
O próprio Estado Político Nacional é esta antecipação ilusória do Estado Nacional
que, assim o sendo, busca, numa temporalidade não efetivável, efetivá-lo. Da perspectiva
sociológica, primeiro o fetiche de um Estado Burguês – o que atende às necessidades da
reprodução do mundial – depois as suas categorias que o fundamentam. Assim, a própria
ausência de fundamento dos processos aqui desenrolados é a característica particular da
forma de ser da periferia. Não se trata, nos termos da análise de O Capital de Marx, de um
processo fundamental de desfundamentação como a forma de realização do próprio
conceito, mas, derivado disto, de uma realidade que se faz, desde o início, fetichizando os
seus fundamentos, nexo próprio de uma realidade econômico-geográfica que não foi a nãoser o próprio moderno. A revolução periférica, portanto, é um fetiche de revolução. Não se
trata de defender que a mesma existiu ou não existiu, mas de explicitar, dentro do possível,
a importância determinante que a sua condição de fetiche teve no processo de constituição
da própria modernização interna ao Estado Político e Nacional brasileiros. Nem revolução,
nem não revolução, mas a sua ilusão como determinação da própria modernização
periférica.
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Brasil, SP, Difel, 1972.
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Sociológica, SP, Editora Globo, 2006.
GIANNOTTI, José Arthur, Certa Herança Marxista, São Paulo, Companhia das Letras,
1999.
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MARX, Karl, O Capital. Crítica da Economia Política, São Paulo, Abril Cultural, 1988.
MONBEIG, Pierre, Pioneiros e fazendeiros de São Paulo, São Paulo, Hucitec, 1984.
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OLIVEIRA, Francisco de, Economia da Dependência Imperfeita, Rio de Janeiro, Graal,
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