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Alianças Matrimoniais e Estratégias de Bem Viver no Espaço Social da Vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba (1690 – 1790) * Milton Stanczyk Filho UFPR Palavras-chave: Relações Matrimoniais, Relações de Parentesco, Elites Locais, Brasil Colônia. I Quando do início da bolsa de iniciação científica, a aproximadamente um ano, iniciei junto ao CEDOPE – Centro de Documentação e Pesquisa da História nos Domínios Portugueses (XV – XIX) – um estudo que privilegiasse o contexto histórico da vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba no transcorrer do século XVII ao XVIII. Para tanto, buscou-se pesquisar como se organizou o espaço social nesta vila, verificando qual o papel desempenhado pelas alianças matrimoniais dos primeiros habitantes na construção e hierarquização daquela sociedade. Vale dizer que este artigo é parte integrante de uma pesquisa maior que buscar-se-á desenvolver na pós- graduação, com vistas a avaliar a vida material dos habitantes da Vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba no século XVIII, utilizando-se para tal feito os testamentos e inventários. Embora essa documentação não permita um estudo de natureza serial, deixam revelar, além dos bens que significam rendimentos, as questões da vida em família, as divergências, as disputas, os contornos afetivos das ligações dentro do lar, e as amizades, que além das determinantes econômicas e sociais, influenciaram as estratégias familiares. Como evidencia Michael Anderson, * Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.

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Alianças Matrimoniais e Estratégias de Bem Viver no Espaço Social da Vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba (1690 – 1790)*

Milton Stanczyk Filho UFPR

Palavras-chave: Relações Matrimoniais, Relações de Parentesco, Elites Locais, Brasil Colônia.

I

Quando do início da bolsa de iniciação científica, a aproximadamente um ano,

iniciei junto ao CEDOPE – Centro de Documentação e Pesquisa da História nos

Domínios Portugueses (XV – XIX) – um estudo que privilegiasse o contexto histórico

da vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba no transcorrer do século XVII

ao XVIII.

Para tanto, buscou-se pesquisar como se organizou o espaço social nesta vila,

verificando qual o papel desempenhado pelas alianças matrimoniais dos primeiros

habitantes na construção e hierarquização daquela sociedade. Vale dizer que este artigo

é parte integrante de uma pesquisa maior que buscar-se-á desenvolver na pós-

graduação, com vistas a avaliar a vida material dos habitantes da Vila de Nossa Senhora

da Lux dos Pinhais de Curitiba no século XVIII, utilizando-se para tal feito os

testamentos e inventários. Embora essa documentação não permita um estudo de

natureza serial, deixam revelar, além dos bens que significam rendimentos, as questões

da vida em família, as divergências, as disputas, os contornos afetivos das ligações

dentro do lar, e as amizades, que além das determinantes econômicas e sociais,

influenciaram as estratégias familiares. Como evidencia Michael Anderson,

* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.

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a sucessão nos bens não tem apenas o significado de que alguns indivíduos terão acesso aos

recursos disponíveis, mas influi decisivamente na demografia, na organização e na “qualidade

das relações familiares”, principalmente, devido ao mundo como são transmitidos e ao momento

do ciclo de vida em que se realiza.1

Entendendo que os planos da existência coletiva são organizados e

hierarquizados de formas diferentes, tendo suas características específicas nas diversas

camadas sociais, o presente artigo traz alguns indicadores dessa organização, sobretudo

da elite local, pois privilegiou-se reconhecer uma família que estava radicada na

localidade desde a eleição da câmara e instalação da vila em 29 de março de 1693.

II

Começamos então, a esboçar o pano de fundo para este estudo: a vila de Nossa

Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba. A ocupação e o povoamento da região sul

pelos colonizadores inicia-se no século XVII, ocorrendo efetivamente a partir de

meados do século XVIII. No planalto paranaense, a vinda de uma população luso-

paulista oriundos de São Vicente, São Paulo de Piratininga, Santos e Cananéia,

constituída originariamente por faiscadores e mineradores de ouro, configurou-se como

um contingente populacional diminuto e disperso2. A população curitibana tem,

portanto, seu início marcado pela lógica aventureira da colonização3. Com a

preocupação de um avanço espanhol em território português, a partir do século XVIII, a

Coroa começa a intensificar seu poderio e fazer valer suas leis através de seus “juízes”,

aumentando suas fronteiras e resguardando seu território além-mar. São esses agentes

que direcionam as fronteiras, a expansão, e o próprio povoamento.

Ao implementar câmaras municipais e freguesias, a Coroa portuguesa

estabeleceu mecanismos que permitiam às leis de Portugal e ao catolicismo controlar o

ordenamento social. Neste sentido vale observar que a criação de determinada vila 1 Apud : LEWCOWICZ,Ida. Herança e relações familiares: os pretos forros nas Minas Gerais do século XVIII. Família e grupos de convívio, São Paulo, n. 17, p.101-114, set. 1988/ fev. 1989. p. 103. 2 Note-se que o capitão-povoador Mateus Martins Leme afirmava em 1693, que havia crescido o número de habitantes, passando de três povos e de 90 homens e, portanto, requeriam a instalação da Câmara. 3 Aventura, apreendida aqui na acepção de Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo : Companhia das Letrtas, 1995. p.44-45.

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compreende uma complexidade própria, pois “... criar/fundar um município era muito

mais que um mero arranjo de uma pequena povoação. Como ato capital de

colonização, ele se revestia de uma complexa fundamentação jurídica, e mesmo

teológica, estando acompanhado de diversos procedimentos simbólicos”4. Assim, ao

mesmo tempo em que uma população livre e pobre sobrevive às margens da sociedade

colonial, a ação oficial ocupava-se em reproduzir o modelo português de sociedade.

A vila de Curitiba adentra, então, ao século XVIII com o modelo português de

administração instituído. Entretanto, do ponto de vista institucional, toda a América

portuguesa na primeira metade do século XVIII foi marcada por tensões decorrentes da

relativa perda de autonomia do poder local, representado pelas câmaras, em relação ao

poder régio. Como apresenta Maria Fernanda Bicalho,

As diferentes câmaras espalhadas pelo Império português tinham muitos pontos em

comum com as suas congêneres metropolitanas. No entanto, a diversidade sociocultural

que os portugueses encontraram em sua faina colonizadora criou matizes e adaptações

no aparato institucional e legal trasladado do reino, colorindo de tons específicos as

mesmas instituições quando adaptadas à realidade das diferentes colônias, quer a

ocidente, quer a oriente.5

Com o intuito de organizar as vilas do sul e conter as tensões acima citadas, vem

a Curitiba o Ouvidor Raphael Pires Pardinho em meados de 1720. Por ordem do

Conselho Ultramarino, o Ouvidor relatava as condições das vilas ao Rei e instituía os

Provimentos que as ordenariam. Nele continham entre outras determinações, as eleições

para a Câmara Municipal, as concessões de terras, a abertura dos caminhos, e a

organização do rocio. Pardinho, em carta ao Rei D. João V de 30 de agosto de 1721,

estimava a população nas freguesias de São José e do Senhor Bom Jesus do Perdão e a

de Nossa Senhora da Luz de Curitiba em “200 cazaes, e mais de 1400 pessoas de

4 SANTOS, Antonio Cesar de Almeida. Monumenta. MARCONDES, Moyses. Documentos para a História do Paraná. Rio de Janeyro, Typographia do Annuario do Brasil, 1923. Curitiba : Aos Quatrro Ventos, 2000. p.06. 5 BICALHO, Maria Fernanda. As câmaras ultramarinas e o governo do Império. p.189-221. In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima. (org.). O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 2001.

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confissão”6, ou seja, maiores de sete anos e livres, uma vez que não era incluída a

população infantil, os escravos e os índios administrados.

Constatava ainda, o início das exportações de gado para São Paulo. Foi esse

comércio, influenciado pela abertura da estrada do Viamão que fez surgir freguesias e

vilas, principalmente ao longo da estrada, auxiliando na fixação da sociedade que se

constituíra a partir de Paranaguá, dos Campos de Curitiba e Campos Gerais. Porém

jamais poderiam ser considerados núcleos de porte. E a região sul, nesta época menos

importante em decorrência das descobertas de ouro nas Minas Gerais, ficou largada ao

sabor das vontades de seus povoadores7, mesmo com os esforços do Ouvidor Pardinho,

pois as atenções da capitania de São Paulo estavam voltadas para o Norte8.

Durante as décadas de 1760 e 1770 em que houve um gradual declínio do ouro

nas Minas, foi nomeado dom Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão, o Morgado de

Mateus, para governador e capitão general da capitania de São Paulo. Com o intuito de

restaurar a economia e o prestígio de São Paulo, este governador preocupou-se com a

expansão territorial, com a urbanização e com a preparação de uma infra-estrutura

política e econômica, que somente fez-se sentir no final do século XVIII9.

Contudo, a população da vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba

expandiu-se. Se, para a primeira metade do século XVIII os dados relativos aos

habitantes são esparsos e pontuais, para a segunda metade do setecentos os dados são

mais viáveis por ocasião das medidas tomadas pelo governador Morgado de Mateus.

Quando da sua gestão de cunho militar, ordenou a contabilidade sistemática da

população através das Listas Nominativas que tinham por objetivo conhecer a

composição da população visando uma melhor arrecadação de impostos e um melhor

conhecimento das potencialidades militares da população em função das disputas de

fronteira com a Espanha.

Cada vila foi reorganizada em Companhias de Ordenanças com base na

quantidade das populações. Assim, Curitiba foi dividida em cinco Companhias:

primeira e segunda Companhias da vila de Curitiba, a terceira Companhia (freguesia do 6 MONUMENTA. Provimentos do ouvidor Pardinho para Curitiba e Paranaguá (1721). N.10, vol.3. , 2000. p. 22. 7 SANTOS, Antonio César de Almeida. Op. cit. p. 03. 8 Vale ressaltar que a vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba pertencia a capitania de São Paulo e esta, entre 1748 e 1765 esteve subordinada ao governo do Rio de Janeiro. 9 DICIONÁRIO DO BRASIL COLONIAL. Op. Cit. p.408.

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Patrocínio de São José); a quarta Companhia (freguesia de Santo Antonio da Lapa) e a

quinta Companhia (freguesia de Sant’Ana do Yapó). Os primeiros censos consideravam

apenas a população livre. Entretanto, a partir da década de 1770, todos os habitantes

foram incluídos nas listas à exceção dos indígenas, cuja maioria escapava ao controle

das autoridades portuguesas.

Com base nestes censos, Maria Ignes Mancini De Boni, apresenta que entre

1776 e 1785 houve um crescimento de 91,0 % da população. Se em 1776 haviam 2.098

livres e 407 escravos num total de 2.505 moradores na Vila, em 1785 esse número passa

para 4.566, sendo 3.517 livres e 1.049 escravos. Esse crescimento de 91,0 % da

população deve-se ao fato de que, como vimos, o número de escravos quase triplica

nesse período e que foi verificado um acréscimo de território, com o surgimento de

novos bairros.10 Fixados a terra, essas pessoas viviam, formavam suas famílias,

organizavam sua vida e sua economia em número relativamente significativo, sob “a

estrutura domiciliar onde predominavam as famílias simples, compostas apenas do

núcleo familiar, ou família biológica, com um pequeno número de filhos, e onde as

famílias extensas e domicílios múltiplos atingem baixas proporções”11, diferentemente

do modelo proposto por Gilberto Freyre em “Casa Grande & Senzala”12. Sua proposta

parece-nos caber mais às regiões de “grande lavoura” do Nordeste da Colônia do que

para a região de Curitiba. Entretanto, “é efetivamente no domicílio que encontramos os

colonos interagindo com o meio natural, inovando nas formas de subsistência e

vivenciando seus laços afetivos.”13

Mesmo assim, mantinham-se na vila os valores arraigados do Antigo Regime. A

sociedade era hierarquizada, marcando-se os contrastes e os privilégios; a economia,

grosso modo, era assentada basicamente na agricultura; e as distâncias entre metrópole e

colônia eram vistas nas tensões entre os poderes locais e o poder da Coroa, ordenado

posteriormente com as Correições do Ouvidor. Neste espaço, conforme demonstra

Marina Lourdes Ritter, conviviam comerciantes, proprietários de fazendas e criadores,

10 DE BONI, Maria Ignez Mancini. A população da Vila de Curitiba segundo as listas nominativas de habitantes, 1765-1785. Dissertação de mestrado. Curitiba, 1974. p. 50. 11 Ibid., p.136. 12 FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. Formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. Rio de Janeiro : José Olympio, 1985. 13 ALGRANTI, Leila Mezan. Famílias e vida doméstica, p.88. In: História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo : Companhia das Letras, 1997. p.83-154.

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pequenos agricultores, uma população móvel dedicada ao tropeirismo, comerciantes

qualificados como alfaiates, ferreiros, carpinteiros, e por fim agregados e escravos.14

De posse desse referencial, podemos começar a pensar nas estruturas

hierarquizadas dos habitantes dessa Vila. Como estariam organizadas as famílias e qual

seria, então, o papel do casamento para a conservação dos poderes e costumes

estabelecidos?

III

Para desnudar estas questões, iniciou-se por observar as assinaturas que

encerravam as atas de elevação de Curitiba à vila. De imediato, aparentava tratar-se de

pessoas pertencentes a um grupo diferenciado, denominado de “homens bons”.

“Homem Bom” foi uma expressão utilizada na América Portuguesa, que refletia uma

atitude mental típica do Antigo Regime, incapaz de considerar os indivíduos nascidos

iguais e portadores dos mesmos direitos. Assim era aquele que reunia condições para

pertencer a um estrato social, distinto bastante para manifestar a sua opinião e exercer

determinados cargos. Em nosso caso, no Brasil Colônia, associava-se em particular

àqueles que podiam participar da “governança” municipal, elegendo e sendo eleitos para

os cargos públicos que, então, estavam reunidas nas câmaras, principais instâncias da

representação locais da monarquia.15

Como seria por demais pretensioso reconstituir as genealogias dos 64 homens

que assinaram a ata de criação da justiça, arbitrou-se a escolha de um homem e sua

família no decorrer do século XVII ao XVIII buscando-se suas “estratégias de bem

viver”. Sob a proposta de análise microscópica, ou seja, de discutir com a historiografia

e perceber os comportamentos ou conjuntos de normas que regiam a sociedade e que

pressionavam as decisões de suas escolhas individuais, foi prestigiada a família

RODRIGUES SEIXAS.

14 RITTER, Marina Lourdes. A sociedade nos Campos de Curitiba na Época da Independência. Rio Grande do Sul : Editora Pallotti , 1982. p.30. 15 DICIONÁRIO DO BRASIL COLONIAL (1500-1808). VAINFAS, Ronaldo. (org.) Rio de Janeiro : Editora Objetiva, 2000. p. 284.

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Entretanto, julga-se necessário discorrer sobre essa “estratégia de bem viver”

baseada nas alianças matrimoniais. Entende-se que estas alianças são o princípio da

organização e das relações externas entre diferentes grupos para estabelecer relações

necessárias de troca matrimonial para não praticar exogamia. Contudo, a prática do

casamento traduz-se no plano econômico, geralmente por uma troca de bens e/ou de

serviço entre duas famílias. Ora, então para se criar laços entre grupos de parentesco,

implica-se em restrições na escolha do cônjuge, pois

Quando se considera o casamento não apenas como uma instituição que define uma relação entre dois

indivíduos, atribuindo um estatuto aos seus descendentes, mas, numa perspectiva mais estrutural – e mais

global –, como um processo que envolve (no mínimo) dois ou mais grupos exogâmicos numa rede de

relações de trocas matrimoniais que engendram e tecem a trama das relações sociais (as relações de troca,

strticto sensu, e as relações de parentesco por alianças matrimoniais) que constituem os alicerces da

sociedade global 16

IV

O primeiro Rodrigues Seixas na vila de Curitiba foi, possivelmente, João

Rodrigues Seixas. Era reinol da vila de Vianna assim como seus pais, Antonio

Rodrigues Seixas e Catharina Martins, e embora não seja conhecida a linhagem pela

qual João Rodrigues Seixas aliou-se pela via matrimonial, sabe-se que sua esposa Maria

Maciel Barbosa era natural de Cananéa, na capitania de São Paulo, local onde viviam

juntos antes da vinda à Curitiba.

Vale notar que a presença constante de lusos, não somente na região sul, mais

em toda a América portuguesa traz consigo uma gama de valores do Antigo Regime

pois, como apresenta João Fragoso,

Os indivíduos que foram para o ultramar levaram consigo uma cultura e uma experiência de vida

baseadas na percepção de que o mundo, a “ordem natural das coisas” era hierarquizado; de que as

pessoas, por suas “qualidades” naturais e sociais, ocupavam posições distintas e desiguais na sociedade.

16 Os domínios do parentesco. p.38.

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Na América, assim com em outras partes do Império, esta visão seria reforçada pela idéia de conquista,

pelas lutas contra o gentio e pela escravidão. Conquistas e lutas que, feitas em nome del Rey, deveriam ser

recompensadas com mercês – títulos, ofícios e terras.

Nada mais sonhado pelos “conquistadores” – em sua maioria homens provenientes de uma pequena

fidalguia ou mesmo da “ralé” – do que a possibilidade de um alargamento de seu cabedal material, social,

político e simbólico. Mais uma vez o Novo Mundo – assim como vários outros territórios e domínios

ultramarinos de Portugal – representava apara aqueles homens a possibilidade de mudar de “qualidade”,

de ingressar na nobreza da terra e, por conseguinte, de “mandar” em outros homens – e mulheres. Neste

quadro herdado do Velho Mundo, a escravidão africana só iria reforçar uma hierarquia social

transplantada para o ultramar; multiplicando-a, dando-lhe novas cores e novos matizes.17

João aparece na documentação como o primeiro escrivão da câmara, cargo que

exerceu até seu falecimento em 13 abril de 170018. Como escrivão da câmara,

acumulava as funções de tabelião de notas e escrivão de órfãos, recebendo por tais

feitos o ordenado anual de 6$000 réis19. Ora, João Rodrigues Seixas possuía um bem

intelectual, ou seja, dominava as letras. Seu filho, Antonio Rodrigues Seixas também,

pois aparece como escritor da ata de elevação da vila de Curitiba, em 29 de março de

1693, antes da eleição dos membros da câmara.

Talvez aqui se mostre a possibilidade de enriquecimento que trazia a ocupação

de escrivão, bem como a posição de ascendência social que trazia o exercício deste

cargo, já que em sua maioria, os homens bons da vila eram iletrados. Note-se o fato de

que mesmo sem instrutores de primeiras letras na região naquele período, João

Rodrigues Seixas transmitiu seus conhecimentos ao seu filho, Antonio Rodrigues

Seixas, o qual pode desfrutar da mesma ocupação posteriormente. Antonio Manuel

Hespanha atenta ao fato da importância dos ofícios de justiça (notários e escrivães) que

estavam à disposição das elites, não somente pelos rendimentos que eram recebidos,

17 FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima. Introdução. Ibid., p.24. 18 Boa parte das datas aqui apresentadas foram retiradas da “Relação de homens livres, Paraná século XVIII”, organizado por Maria Helena Cordeiro Inssa. Esse exemplar encontrtado no CEDOPE, foi feito tomando-se por base o Dicionário histórico e geográfico do Paraná, de Ermelino de Leão e do Genealogia paranaense de Francisco Negrão. Vale-se dizer que as datas também foram consultadas, quando possível, referente ao período, nas atas de batismo, casamento e nos registro de óbitos constantes do acervo da Paróquia de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba. 19 LEÃO, Ermelino de. Dicionário histórico e geográfico do Paraná. 6v. Curitiba : Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense, 1994. v.III, p.996.

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mas pela centralidade dos ofícios num ambiente político-cultural onde Império centrado

e dirigido unilateralmente pela metrópole parece ser insustentável pois,

Os documentos escritos eram decisivos para certificar matérias decisivas, desde o estatuto pessoal aos

direitos e deveres patrimoniais. As cartas régias de doação (v.g., de capitanias) ou de foral, as concessões

de sesmaria, a constituição e tombo dos morgados, as vendas e partilhas de propriedades, os

requerimentos de graças régias, a concessão de mercês, autorizações diversas (desde a de desmembrar

morgados até à de exercer ofícios civis), processos e decisões judiciais, tudo isto devia constar de

documento escrito, arquivado em cartórios que se tornavam os repositórios da memória jurídica, social e

política. Tudo aquilo que importava nesta sociedade tinha de deixar traços aí. Em contrapartida, a

preservação, extravio, manipulação ou falsificação de documentos tinha um enorme significado político.

Nesse contexto, pode-se imaginar a amplitude das lutas para o controle dos arquivos e dos cargos da

justiça, bem como os investimentos que os poderosos estariam interessados em fazer em sua compra ou

arrendamento, quer para desempenho próprio, quer para beneficiar apaniguados. De fato, parece que

muitas compras se destinavam justamente à remuneração de favores ou a atos de proteção; com que, além

do mais, se recebia em troca a garantia de que os papéis, cômodos ou incômodos, estavam em boas

mãos.20

Do casamento de João Rodrigues Seixas com Maria Maciel Barbosa vieram dois

filhos: como já vimos, Antonio Rodrigues Seixas (capitão) casado com Maria Soares

Paes; e Isabel Soares casada com Lourenço de Andrade. Começamos a observar as

estratégias matrimoniais. Num período em que eram escassos os recursos e a população

possuía somente bens e produtos de consumo básicos para a sobrevivência, era

fundamental instituir relações de afinidade para melhor se estabelecer. Segundo

Elizabeth Kuznesof, nos séculos XVI e XVII

O que era importante para os paulistas era a proximidade do grupo social no qual eles se baseavam para

obter ajuda e realizar a troca – o clã familiar. A precária economia de subsistência, a agricultura, apoiava-

se e protegia-se através de um sistema de troca de grupo e ajuda mútua. Essas não eram relações de

20 HESPANHA, António Manuel. A constituição do Império português. Revisão de alguns enviesamentos correntes. In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima. Op. cit. p.186.

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mercado, nem relações baseadas em um sistema de reciprocidade específico, mas sim, um sistema de

apoio generalizado para todos os membros do grupo21

O caminho mais eficaz para suprir esta carência e solidariedade seria,

justamente, a instituição do casamento, que pela união de duas famílias permitia a

configuração de um relacionamento de assistência mútua. Além disso, criava, num certo

sentido, uma relação de dependência entre os cônjuges e os membros das duas

linhagens, visto que o desejo era que esta aliança não somente garantisse a subsistência

das famílias, mas que também ampliasse os domínios territoriais. Tais interesses eram

acompanhados ainda o de adquirir, com o tempo, maior representação social e política

na sua localidade. Desse modo, era importante escolher os cônjuges que favoreciam os

interesses pessoais de ambos os noivos e suas respectivas famílias. O casamento legal

era a condição fundamental para a estabilidade econômica, busca de status, ascensão

social e obtenção, em muitos casos, de posições administrativas. “O casamento é

considerado primeiro, como um negócio, no sentido lato do termo, e muito

secundariamente como um assunto sentimental (...) [e] deve ser também uma união

conveniente. A ordem social é percebida como sendo quase imutável.”22

Seguindo a genealogia dos Rodrigues Seixas, priorizou-se em cada geração um

dos filhos masculinos para analisar suas relações maritais. Como fator de análise, foco o

estudo aos membros que dão prosseguimento ao sobrenome (e prenome) herdado do pai

e desdobrando-os em sua filiação. A homenagem feita aos antepassados através da

nominação remete a idéia de que o nome pessoal era indicador da linhagem a qual se

pertencia, visto que era passado de geração em geração, ainda que admitisse mudanças

ao longo dos anos. Dessa forma, a aplicação de um certo sobrenome parecia implicar no

reconhecimento social da participação do indivíduo na família a que pertencia, já que

trazia consigo a lembrança dos feito e da origem de seus predecessores. Ainda que

muitas vezes as linhagens transitassem por várias nominações diferentes, sobretudo no

do estabelecimento de alianças de interesse, a hereditariedade não passava despercebida.

21 KUZNESOF, Elizabeth Anne. A família na sociedade brasileira: parentesco, clientelismo e estrutura social (São Paulo, 1700-1980). Família e grupos de convívio, São Paulo, n. 17, p.37-63, set. 1988/ fev. 1989. p. 40. 22 LEBRUN, François. A vida conjugal no Antigo Regime. Lisboa : Edições Rolim, s.d., p. 29-30.

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Assim, estes indivíduos, se preocupados em manter a honra, boa fama, e uma

certa estabilidade econômica e política da família, articulavam-se para melhor preservar

e expandir seu poderio. Aliado a esse desejo de prestígio e fortuna que, por sua vez

estava muito relacionado às aspirações dos portugueses ou de outros emigrantes em

encontrar, no Brasil colônia, uma possibilidade de adquirir títulos nobiliárquicos,

riquezas e de constituir família23, constava-se, também, de um sentimento que lhes era

natural, qual seja, o desejo de perpetuar-se através de seus filhos.

Nos tópicos abaixo, será apresentado um pouco das vivências dos descendentes

dos Rodrigues Seixas, explicitando que esse ainda é um levantamento inicial. Somente

com o cruzamento de fontes é que será possível desvendar as estratégias de

sobrevivência – ou manutenção da ordem vigente – através das alianças matrimoniais.

*

O Capitão Antonio Rodrigues Seixas (nasceu por volta de 1670 e faleceu em 20

de Janeiro de 1735), natural de Cananéa, casou-se com Maria Soares Paes (nasceu por

volta de 1676 e faleceu em 10 de maio de 1744). Esta era filha de Manoel Soares e

Maria Paes, neta do Capitão Baltazar Carrasco dos Reis e Isabel Antunes da Silva.

Baltazar Carrasco dos reis foi um dos povoadores dos campos de Curitiba, instalando-se

aqui pouco antes de 1661, ano em que pede ao Capitão-mor governador do Rio de

Janeiro Salvador Correa de Sá e Benevides uma sesmaria pois “...nam tem therras para

laurar e agasalhar seu gado tanto vacum como cavalar nem choins para edificar sua morada de casa...”24.

Bandeirante, em 1645 já havia feito entradas no sertão à busca de índios. Antes

de vir para Curitiba, morou na vila de S. Anna de Parnahyba, onde exerceu o cargo de

juiz de órfãos. Foi um dos vultos da nova vila de Curitiba, tendo seus descendentes,

como buscamos analisar, acupado posições salientes na sociedade. Teve três filhos

homens e cinco mulheres. Faleceu entre março e abril de 1697 sendo seu inventário um

dos mais antigos documentos existentes no cartório de órfãos de Curitiba.

Manoel Soares nasceu em Lisboa e emigrou ao Brasil vindo estabelecer-se em

Curitiba no último quartel do século XVII. Obteve, em 1686 do Capitão-mor

23 BOXER, Charles. A idade de ouro no Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2000. p.34-38. 24 Apud. LEÃO, Ermelino de. Op.cit. v. I, p.159.

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governador Thomaz Fernandes de Oliveira, a sesmaria de Butiatuba, sendo vizinha a de

seu sogro na Campina D. Rodrigo e o rio Passaúna. Exerceu vários cargos públicos,

sendo um dos primeiros juízes escolhidos para a eleição da câmara em 1694, vereador

em 1696, 1697, 1700, 1703 e procurador em 170425. Teve com Maria Paes dez filhos,

sendo três homens e sete mulheres.

*

O tenente Manoel Rodrigues Seixas (nasceu em 04 de dezembro de 1704 e

faleceu em 20 de junho de 1785) casou-se com Izabel Martins Valença (faleceu em 08

de fevereiro de 1808) no dia 02 de julho de 1738. Izabel era filha de Manoel Martins

Valença e Joana Maciel Sampaio. Valença foi mercador em Curitiba e procurador da

câmara. Fugiu para Goiás abandonando sua mulher e cinco filhos, para tentar fazer

fortuna pois o negócio ia cada vez mais ruinoso. Entretanto, ao que indica LEÃO, viveu

penosamente em Goiás por mais de vinte anos, mas a sorte não lhe sorriu. Condoída

com a sorte do marido, Joana requer em 1752, uma procuração para chamá-lo de volta

ou arrecadar seus bens caso tivesse morrido. Dizia que o marido estava carregado de

anos e de moléstias e desejava que Deus dispusesse da sua vida na sua presença e por

isso solicitava licença para continuar ausente do lar.

Entretanto, Izabel Martins Valença aparece na lista nominativa de habitantes de

1795, morando na segunda companhia de Curitiba, já viúva, possuindo 26 escravos.

*

Antonio Rodrigues Seixas (faleceu em 14 de janeiro de 1795) casou-se com

Genoveva Soares (nasceu em 1769 e faleceu em 1793) no dia 11 de junho de 1785 na

Capela do Tamanduá. Genoveva era filha de Manoel Manso de Avellar e Anna Barbosa.

Sobre esta família têm-se poucas informações, pois Manoel aparece na lista

nominativa de 1795 estando morando viúvo em Papagaios, bairro da segunda

companhia de Curitiba. Sua filha, Genoveva Soares, viúva, também mora em Papagaios

com seus dois filhos, João e Ricardo e mais dois escravos.

25 Ibid. v. III, p. 122 ; NEGRÃO, Francisco. Op. cit., v.I p. 308-309.

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V

A família recebeu da historiografia brasileira o status de principal célula

formadora do Brasil Colônia. Para Sheila de Castro Faria, o termo família não pode ser

restringido apenas às relações consangüíneas, mas também

À coabitação e às relações rituais, podendo ser tudo ao memo tempo (...). Ao invés de

demarcar a família como um objeto em si mesmo, deve-se levar em conta a sociedade a sua

volta, incorporando estudos que incluam: rede social; as relações de parentesco; residência e

vizinhança; estratégias matrimoniais e sistemas de herança; o papel dos vínculos de amizade e

solidariedade; e em definitivo, todo o universo de sociabilidade em que se insere o indivíduo.26

Neste sentido, opto pela advertência de Ida Lewkowicz “para a necessidade de

se ampliar a noção de família de acordo com os grupos sociais e as peculiaridades regionais da formação social brasileira. ”27 Buscou-se então neste artigo, ainda que de

forma sintética e preliminar, apresentar as relações de parentesco via relações

matrimoniais de alguns membros da elite local da vila de Curitiba, mostrando suas

peculiaridades, estando eles inseridos em um contexto similar a de muitas outras vilas

espalhadas pelo Brasil Colonial que estavam a margem dos grandes centros

exportadores.

26 FARIA, Sheila de Castro. A Colônia em movimento: fortuna e família no cotidiano colonial. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1998. p. 43. 27 LEWKOWICZ, Ida. Op. cit. p.101.

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