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Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas  2

 Allan Kardec

Instruções Práticas sobre asManifestações Espíritas

Exposição completa das condiçõesnecessárias à comunicação com os

Espír itos e os m eios de desenvolvernos médiuns a faculdade mediúnica

Título do original francês:Instruction Pratique sur les

Manifestations Spirites

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Conteúdo resumido

Esta é, possivelmente, a obra menosconhecida de Kardec: um manual dedicadoaos médiuns.

Lançada em 1858 (“O Livro dos

Espíritos” data de 1857), esta é, em ordemcronológica, a segunda obra espíritapublicada pelo Codificador; um livroesquecido, depois da publicação de “O Livrodos Médiuns”, que o substituíra, segundo as

palavras de Kardec.Todavia, Jean Meyer, sucessor de Allan

Kardec na direção da Revista Espírita,redescobriu e publicou estas Instruções em1923. E no mesmo ano Cairbar Schutel

traduziu-as para o leitor brasileiro.  Ambos, Meyer e Cairbar, perceberam

não só o grande valor histórico deste pe-queno livro, mas também a importância doseu compacto e precioso vocabulário espíri-

ta – cerca de 160 verbetes –, que foi, nos

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parece, a primeira tentativa nesse sentido,

realizada pelo próprio Codificador.Instruções Práticas revela-se, portanto,um dos importantes documentos históricosque marcaram o início do MovimentoEspírita, além de ser de grande utilidade o

seu vocabulário espírita como fonte deconsulta.

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Sumário

Prefácio da EditoraIntrodução

 Vocabulário EspíritaQuadro sinótico da nomenclatura

espírita especial

I –Escala espírita Terceira ordem – Espíritos imperfeitosSegunda ordem – Bons Espíritos

Primeira ordem – Puros EspíritosII –Manifestações espíritas 

 Ação ocultaManifestações ostensivas

Manifestações físicasManifestações inteligentesManifestações aparentesManifestações espontâneas

II I –Comunicações espíritas 

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IV –Diferentes modos de

comunicação Sematologia e tiptologiaPsicografia

 V –Dos médiuns  Médiuns de influência física

Médiuns naturaisMédiuns facultativos

Médiuns escreventes ou psicógrafos

 VI –Papel e influência do médium

nas manifestações  VII –Influência do meio sobre asmanifestações 

 VIII – Das relações com os

Espíritos Das reuniõesDo localDas evocações

Espíritos que se podem evocar

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Linguagem que se deve usar com os

EspíritosDas perguntas que se devem dirigir aosEspíritosMédiuns pagos

IX –Assuntos de estudo 

X –Conselhos aos noviços 

XI –Influência do Espirit ismo 

Índice onomástico

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Prefácio da Editora

Esta obra é, por ordem cronológica, asegunda da Codificação Espírita. O Livro dosEspíritos foi apresentado ao mundo em1857. Instruções Práticas sobre as Manifes-

tações Espíritas veio a lume no ano de1858, o mesmo ano em que foi criada aSociedade Parisiense de Estudos Espíritas ea Revista Espírita.

Em agosto de 1860, referindo-se a estas

Instruções Práticas, Kardec fazia seusleitores saberem que: “Esta obra está intei-ramente esgotada e não será reimpressa.Substitui-la-á novo trabalho, ora no prelo,que será muito mais completo e diversa-

mente planificado.” Esse “novo trabalho” era nada menosdo que O Livro dos Médiuns, um perfeitotratado de parapsicologia editado com 100anos de antecipação aos trabalhos do

famoso Dr. Joseph B. Rhine.

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Em sua biografia de Allan Kardec, Henri

Sausse menciona essa refusão ao escrever: “O Livro dos Médiuns fora precedido poruma obra menos extensa: Instruções Práti-cas sobre as Manifestações Espíritas. Quan-do a edição desse livro se esgotou, AllanKardec substituiu-o por O Livro dos Mé-diuns, que é o “vade-mécum” de todosquantos desejam se entregar, com resulta-do, ao estudo do Espiritismo experimental.” 

 Assim sendo, o livro conheceu um único

lançamento sob a supervisão direta deKardec.

  Anos decorridos, todavia, encontrando-se à frente da “Casa dos Espíritas”, o dinâ-mico e inesquecível Jean Meyer julgou de

bom alvitre relançar o pequeno livro. Uma “segunda edição” foi impressa em 1923, istoé, 63 anos após a sua publicação inicial.Lendo-o, Cairbar Schutel teve seu interessedespertado. Instruções Práticas revelava-se

um livro singelo, porém dotado de extraor-dinário poder de síntese. Não apenas um

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simples valor histórico motivava a sua

reedição, porém bem mais do que isto:Schutel, como Meyer, homem de olharagudo, capaz de devassar o futuro, anteviao momento dos “Dicionários”, das “Enciclo-pédias” de doutrina espírita. O pequenovolume continha a primeira tentativa nessesentido e era o Codificador, com sua própriamão, quem redigia o primeiro “VocabulárioEspírita”. Isso justificava plenamente aedição das Instruções Práticas.

  A esse respeito, Schutel carteou-se comJean Meyer e deste veio-lhe não apenas oestímulo, mas a autorização especial para atradução da obra em língua portuguesa. Eno mesmo ano em que as Instruções ocu-pavam as vitrinas livreiras de Paris, CairbarSchutel entregava-as ao leitor brasileiro.

O lançamento das obras da Codificaçãono Brasil deve-se ao trabalho de dignospioneiros e de respeitáveis casas editoras;

  julgamos oportuno e justo oferecer de novoeste livro já considerado “raridade”. E isto o

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fazemos com o simples e único cuidado de

atualizar-lhe a ortografia e burilar-lhe otexto.

Wallace Leal V. Rodrigues

Matão, maio de 1978.

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Introdução

Muitas pessoas nos têm pedido que lhesindiquemos as condições que devem preen-cher e a maneira como devem procederpara se tornarem médiuns.

  A solução deste problema é mais com-plexa do que parece à primeira vista, umavez que depende de conhecimentos prelimi-nares necessariamente extensos. Pararealizar experiências de física e de química

faz-se necessário, em primeiro lugar, co-nhecer a física e a química. As respostasque temos dado a essas pessoas não podemcomportar explicações incompatíveis com oslimites de uma correspondência epistolar;

por outro lado o tempo material não nospermite satisfazer a todos os consulentes;tudo isso determinou a publicação destasinstruções, necessariamente mais completasdo que tudo quanto poderíamos escrever

diretamente.

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Será um contra-senso pensar que se

encontre nesta obra uma receita universal einfalível para a formação de médiuns. Em-bora cada pessoa tenha em si o germe dasqualidades necessárias para se tornar mé-dium, estas qualidades se apresentam emgraus muito diferentes e seu desenvolvi-mento depende de fatores que a ninguém édado fazer nascer à vontade.

  As regras da poesia, da pintura e damúsica não fazem poetas, nem pintores,

nem músicos daqueles que não possuemvocação; elas guiam no emprego das facul-dades naturais. O mesmo se dá relativa-mente ao nosso trabalho. Seu objetivo éindicar os meios de desenvolver a faculdademediúnica tanto quanto o permitam asdisposições de cada pessoa e, sobretudo,quando essa faculdade existe, orientar oseu emprego de maneira útil.

Não é este, entretanto, o único fim que

nos propusemos.

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  Ao lado dos médiuns propriamente di-

tos, existe a multidão, que aumenta a cadadia, dos que se interessam pelas manifesta-ções espíritas. Guiar essas pessoas em suaspesquisas, assinalar-lhes os tropeços quepodem e devem necessariamente encontrarem um terreno tão novo, iniciá-las na ma-neira de se corresponderem com os espíri-tos, indicar-lhes o meio de obterem boascomunicações, tal é a área que devemosabranger sob pena de realizarmos obraincompleta.

Não deverá, portanto, causar estranhe-za ao leitor encontrar neste trabalho maté-rias que, à primeira vista, possam parecerdeslocadas de seu cômputo geral. A experi-ência provará sua utilidade. Depois deestudados com cuidado, melhor se compre-enderão os fatos verificados na práticamediúnica, e a linguagem de certos espíritosparecerá menos estranha. Como um com-pêndio de instruções práticas, este livro nãose dirige exclusivamente aos médiuns, mas

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a todos os que estão em condições de ver e

observar os fenômenos espíritas.  A ciência espírita se baseia, necessaria-mente, sobre a existência dos espíritos esua intervenção no mundo corporal. Estefato é hoje admitido por um número tão

grande de pessoas, que seria supérfluodemonstrá-lo. Sendo nosso objetivo guiar aspessoas que desejam se ocupar com asmanifestações, supomo-las suficientementeinformadas tanto sobre esta questão quanto

relativamente às verdades fundamentaisque delas decorrem. Por esse motivo julga-mos inútil entrar em explicações a tal res-peito. Eis por que não as abordaremos enão procuraremos discutir as controvérsias,nem refutar as objeções. Dirigimo-nos tão-somente às pessoas convencidas ou dispos-tas a pesquisar com honestidade e boa fé.Quanto às que nada conhecem do assunto,estas não encontrarão aqui certas explica-ções que poderiam talvez desejar, visto queconsideramos como demonstrado o ponto

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de partida. Aos que contestam esse ponto

de partida diremos: vede e observai quandose apresentar a ocasião. Se, apesar dosfatos e do raciocínio persistirdes em vossaincredulidade, consideraremos como perdidoo tempo que gastaríamos em querer tirar-vos de um erro no qual, sem dúvida, voscomprazeis. Respeitamos vossa opinião,respeitai a nossa. Eis tudo quanto vospedimos.

Começaremos estas instruções pela ex-

posição dos princípios gerais da doutrina.Embora possa parecer mais racionalcomeçar pela prática, julgamos que, aqui,esse não é o caso: há uma convicção moralque só o raciocínio pode dar. Aqueles, pois,

que tiverem adquirido as primeiras noçõespelo estudo da teoria compreenderão me-lhor a necessidade de certos preceitosrecomendados na prática e mostrarão, emrelação a eles, disposições mais favoráveis.

Conduzindo os indecisos para o terreno darealidade, esperamos destruir os preconcei-

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tos que podem prejudicar o resultado que

se intenta alcançar; poupar os ensaiosinfrutíferos, porque mal dirigidos ou dirigi-dos no sentido de obter o impossível; e,enfim, combater as idéias supersticiosas quetêm sempre sua origem na noção falsa ouincompleta dos fenômenos.

  As manifestações espíritas são origemde uma multidão de idéias novas que nãopuderam encontrar representação na lin-guagem usual; elas têm sido expressas por

analogia, como acontece no início de todaciência. Daí a ambigüidade dos vocábulos,origem de intermináveis discussões. Compalavras claramente definidas e um vocábu-lo para cada coisa, torna-se mais fácil amútua compreensão; se se discute, é,então, a respeito do fundo, não mais arespeito de forma.

Foi para atingir tal objetivo e pôr em or-dem essas idéias novas e ainda confusas,

que nos dispusemos, em primeiro lugar, ainventariar todas as palavras que se refe-

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rem, direta ou indiretamente, à doutrina

espírita, oferecendo, a respeito delas, expli-cações sucintas, porém suficientes parafixar as idéias. A ciência espírita deve terseu vocabulário como todas as outrasciências. Para compreender uma ciência épreciso, em primeiro lugar, compreender-lhea terminologia; eis a primeira coisa querecomendamos àqueles que desejam reali-zar um estudo sério do Espiritismo. Sejaqual for sua opinião anterior e pessoal sobreos diversos pontos da doutrina, poderão,com conhecimento de causa, discuti-los. Aorganização em ordem alfabética permitirá,por outro lado, recorrer mais facilmente àsdefinições e às informações que são a chaveda abóbada do edifício e que servirão para

refutar, em poucas palavras, certas críticase evitar uma catadupa de perguntas.

  A especialidade do objetivo que nospropusemos indica os limites naturais destaobra. Tocando a ciência espírita todos ospontos da metafísica e da moral e – por que

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não dizer! – a maior parte dos conhecimen-

tos humanos, não seria em um quadro tãorestrito que poderíamos ventilar todas asquestões ou discutir todas as objeções.

Para os estudos complementares, indi-camos O Livro dos Espíritos e a Revista

Espírita.1

No primeiro se encontrará aexposição completa e metódica da doutrina,tal qual a ditaram os próprios espíritos, e nasegunda, além da relação e apreciação dosfatos, uma variedade de assuntos que só

uma publicação periódica comporta. Acoleção desta revista constituirá o repertóriomais completo sobre a matéria, em seutríplice aspecto, histórico, dogmático ecrítico.

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 Vocabulário Espírita

 Agênere (do gr, a, privativo e géine,geinomai, engendrar; o que não foi engen-drado) – variedade de aparição tangível;estado de certos Espíritos que podem reves-

tir, momentaneamente, as formas de umapessoa viva a ponto de iludir completamen-te os observadores.

 Alma (do lat. anima, gr. anemos, sopro,emanação, ar) – segundo uns, é o princípio

da vida material; segundo outros, é o prin-cípio da inteligência, sem individualidadedepois da morte. Conforme as diversasdoutrinas religiosas, é um ser imaterial,distinto, do qual o corpo não é senão o

invólucro. Sobrevive ao corpo e conserva asua individualidade depois da morte.

Esta diversidade de acepções dadas auma mesma palavra é uma fonte perpétuade controvérsias, o que não se daria se

cada idéia tivesse sua representação niti-

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damente definida. Para evitar qualquer mal-

entendido sobre o sentido que damos a estapalavra, chamaremos:  Alma espírita, ou simplesmente alma –

o ser imaterial, distinto e individual,unido ao corpo que lhe serve de invó-

lucro temporário, isto é, o espírito emestado de encarnação, e que somentepertence à espécie humana;

Princípio vital – o princípio geral da vidamaterial, comum a todos os seres or-

gânicos, homens, animais e plantas; ealma vital – o princípio vital individua-lizado em um ser qualquer;

Princípio intelectual – o princípio geralda inteligência comum aos homens e

animais; e alma intelectual – estemesmo princípio individualizado.

  Alma universal – nome que certos fi-lósofos dão ao princípio geral da vida e dainteligência (v. Todo universal).

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 Alucinação (do lat. hallucinatio, – onis,

erro, engano, alucinação) – aparente per-cepção de objetos externos, não presentesno momento; ilusão; devaneio. Os fenôme-nos espíritas, que provêm da emancipaçãoda alma, provam que o que se qualifica dealucinação é, muitas vezes, uma percepçãoreal análoga à da dupla-vista, do sonambu-lismo ou êxtase, provocada por um estadoanormal, um efeito das faculdades da almadesprendida dos laços corpóreos. Semdúvida ocorre, em certas circunstâncias,uma verdadeira alucinação no sentidocorrelato ao termo. Mas a ignorância e apouca atenção que se tem dado, até opresente, a essas espécies de fenômenosfizeram considerar como uma ilusão o que

é, freqüentemente, uma visão real. Quandonão se sabe explicar um fato psicológico,acha-se mais simples classificá-lo de aluci-nação.

 Anjo (do lat. angelus, gr. aggelos,mensageiro) – segundo a idéia vulgar, os

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anjos são seres intermediários entre o

homem e a divindade, por sua natureza epoder, e que podem manifestar-se, quer poravisos ocultos, quer de um modo visível.Eles não foram criados perfeitos, pois aperfeição supõe a infalibilidade e algunsdentre eles se revoltaram contra Deus. Diz-se: os bons e maus anjos, o anjo das tre-vas. Entretanto a idéia mais geral, ligada aesta palavra, é a da bondade e da supremavirtude.

Segundo a doutrina espírita, os anjosnão são seres à parte e de uma naturezaespecial: são os Espíritos da primeira or-dem, isto é, os que chegaram ao estado depuros Espíritos depois de terem sofridotodas as provas.

Nosso mundo não é de toda a eternida-de e, muito tempo antes que ele existisse,

  já Espíritos haviam atingido esse grausupremo; os homens então acreditaram que

eles sempre foram assim.

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 Aparição – fenômeno pelo qual os se-

res do mundo incorpóreo se manifestam àvista.  Aparição vaporosa ou etérea – a que é

impalpável e inatingível, e não ofere-ce nenhuma resistência ao toque;

  Aparição tangível ou estereológica – aque é palpável e apresenta a consis-tência de um corpo sólido.

 A aparição difere da visão por ocorrerno estado de vigília, através dos órgãos

visuais e enquanto o homem tem a plenaconsciência de suas relações com o mundoexterior. A visão dá-se no estado de sonoou de êxtase. Ocorre igualmente no estadode vigília, por efeito da segunda-vista. A

aparição é registrada pelos olhos do corpo;produz-se no próprio lugar em que nosencontramos; a visão tem por objeto coisasausentes ou distantes, percebidas pela almaem seu estado de emancipação e quando as

faculdades sensitivas estão mais ou menossuspensas (v. Lucidez, Clarividência).

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 Arcanjo – anjo de uma ordem superior

(v.  Anjo). A palavra anjo é um termo gené-rico que se aplica a todos os Espíritos puros.Se admitirmos, relativamente aos anjos,diferentes graus de elevação, poderemos,para empregar termos conhecidos, designá-los pelas palavras arcanjos e serafins.

 Ateu, Ateísmo (do gr. atheos, compos-to de a, privativo, e de theos, Deus: semDeus; que não crê em Deus) – o Ateísmo éa negação absoluta da divindade. Todo

aquele que crê na existência de um sersupremo, quaisquer que sejam os atributosque lhe suponha e o culto que lhe renda,não é ateu. Toda religião repousa necessa-riamente na crença em uma divindade. Esta

crença pode ser mais ou menos esclarecida,mais ou menos conforme à verdade; todaviauma religião atéia é um contra-senso.

O Ateísmo absoluto tem poucos proséli-tos, porque o sentimento da divindade

existe no coração do homem independen-

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temente de qualquer ensino. O ateísmo e o

Espiritismo são incompatíveis.Batedor (v. Espírito).

Céu, no sentido de morada dos bem-aventurados (v. Paraíso).

Clarividência – propriedade inerente àalma e que dá a certas pessoas a faculdadede ver sem o auxílio dos órgãos da visão (v.Lucidez).

Classificação dos Espíritos (v. Escalaespírita).

Comunicação espírita – manifestaçãointeligente dos Espíritos tendo por objetouma troca contínua de pensamento entre

eles e os homens. Distinguem-se em:Comunicações frívolas – as que se refe-

rem a assuntos fúteis e sem impor-tância;

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Comunicações grosseiras – as que se

traduzem por expressões que ofen-dem a decência;Comunicações sérias – as que excluem

a frivolidade, qualquer que seja o as-sunto de que tratem;

Comunicações instrutivas – as que têmpor objeto principal um ensinamentodado pelos Espíritos sobre as ciências,a moral, a filosofia, etc..

(Quanto às modalidades de comunica-

ções, v. Sematologia, Tiptologia, Pneumato-fonia, Pneumatografia, Psicofonia, Psicogra-fia, Telegrafia humana).

Crisíaco – aquele que está em um es-tado momentâneo de crise produzida pelaação magnética. Esta circunstância seoferece mais particularmente naqueles emque esse estado é espontâneo e acompa-nhado de uma superexcitação nervosa. Oscrisíacos gozam, em geral, de lucidez so-nambúlica ou da segunda-vista.

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Deísta – aquele que crê em Deus, sem

admitir o culto exterior. Sem razão confun-de-se às vezes deísmo com ateísmo (v. Ateu).

Demônio (do lat. Daemo, feito do gr.Daimon, gênio, sorte, destino, manes) –

Daemones, tanto em grego como em latim,se diz de todos os seres incorpóreos, bonsou maus, e que se supõe terem conheci-mentos e poder superiores aos dos homens.Nas línguas modernas esta palavra é geral-

mente tomada em má acepção, que serestringe aos gênios malfazejos. Segundo acrença vulgar os demônios são seres essen-cialmente maus por sua natureza. Os Espíri-tos nos ensinam que Deus, sendo sobera-

namente justo e bom, não pode ter criadoseres voltados ao mal e desgraçados portoda a eternidade. Segundo eles não hádemônios na acepção absoluta e restritadesta palavra; há apenas Espíritos imperfei-

tos, que podem, todos, aperfeiçoarem-sepor seus esforços e por sua vontade. Os

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Espíritos da nona classe seriam os verdadei-

ros demônios, se esta palavra não implicas-se a idéia de uma natureza perpetuamentemá.

Demônio familiar (v. Espírito familiar).

Demonologia, demonografia – tra-tado da natureza e da influência dos demô-nios.

Demonomancia (do gr. daimon emanteia, adivinhação) – pretenso conheci-

mento do futuro pela inspiração dos demô-nios.

Demonomania – variedade de aliena-ção mental que consiste em crer-se possuí-do pelo demônio.

Diabo (do gr. Diabolos, delator, acusa-dor, maldizente, caluniador) – segundo acrença vulgar, é um ser real, um anjo rebel-de, chefe de todos os demônios, e que tem

um poder bastante grande para lutar contrao próprio Deus. Ele conhece nossos pensa-

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mentos mais secretos, insufla todas as más

paixões e toma todas as formas para nosinduzir ao mal. Conforme a doutrina dosespíritos sobre os demônios, o diabo é apersonificação do mal; é um ser alegórico,resumindo em si todas as paixões más dosEspíritos imperfeitos. Da mesma forma queos povos da antigüidade davam às suasdivindades alegóricas atributos especiais –ao tempo uma foice de segar, uma ampu-lheta, asas e a figura de um ancião; àfortuna uma venda sobre os olhos e umaroda sob um pé, etc. –, igualmente o diaboteve que ser representado sob os traçoscaracterísticos da baixeza de inclinações. Oschifres e a cauda são os emblemas dabestialidade, isto é, da brutalidade, das

paixões animais.Deus – inteligência suprema, causa

primária de todas as coisas. É eterno, imu-tável, imaterial, único, todo poderoso,

soberanamente justo e bom, e infinito emtodas as suas perfeições.

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Dríades (v. Hamadríades).

Duendes – espíritos travessos, espéciesde trasgos, mais traquinas do que maus,que pertencem à classe dos Espíritos levia-nos (v. Trasgos).

Emancipação da alma – estado parti-cular da vida humana durante o qual aalma, desprendendo-se de seus laços mate-riais, recupera algumas das suas faculdadesde Espírito e entra mais facilmente emcomunicação com os seres incorpóreos. Esteestado se manifesta principalmente pelofenômeno dos sonhos, da soniloquia, dadupla-vista, do sonambulismo natural oumagnético e do êxtase (v. estas palavras).

Encarnação – estado dos Espíritos querevestem um invólucro corporal. Diz-se:Espírito encarnado, em oposição a Espíritoerrante. Os Espíritos são errantes no inter-valo de suas diferentes encarnações. A

encarnação pode ocorrer na Terra ou emoutro mundo.

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Erraticidade – estado dos Espíritos er-

rantes, isto é, não encarnados, durante osintervalos de suas diversas existênciascorpóreas. A erraticidade não é um sinalabsoluto de inferioridade para os Espíritos.Há Espíritos errantes de todas as classes,salvo os da primeira ordem ou puros espíri-tos, que não tendo mais que sofrer encar-nação, não podem ser considerados comoerrantes. Os Espíritos errantes são felizes oudesgraçados segundo o grau de sua purifi-cação. É nesse estado que o Espírito, tendodespido o véu material do corpo, reconhecesuas existências anteriores e os erros que oafastam da perfeição e da felicidade infinita.É então, igualmente, que ele escolhe novasprovas, a fim de avançar mais depressa.2 

Escala espírita – quadro das diferen-tes ordens de Espíritos, indicando os grausque eles têm de percorrer para chegar àperfeição. Ela compreende três ordens

principais: os Espíritos imperfeitos, os bonsEspíritos, os puros Espíritos, subdivididos

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em nove classes caracterizadas pela pro-

gressão dos sentimentos morais e das idéiasintelectuais.

Os próprios Espíritos nos ensinam queeles pertencem a diferentes categorias,segundo o grau de sua purificação, mas nos

dizem também que essas categorias nãoconstituem espécies distintas e que todos osEspíritos são chamados a percorrê-lassucessivamente (v. as explicações relativasao caráter de cada classe de Espíritos no

capítulo especial).Esfera – palavra pela qual certos Espíri-

tos designam os diferentes graus da escalaespírita. Eles dizem que se chegou à quintaou à sexta esfera, como outros dizem do

quinto ou sexto céu. Pela maneira como seexprimem, poder-se-ia supor que a Terra éum ponto central, cercado de esferas con-cêntricas nas quais se realizam sucessiva-mente os diferentes graus de perfeição.

  Alguns falam ainda da esfera do fogo, da

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esfera das estrelas, etc.. Como as mais

simples noções astronômicas bastam paramostrar o absurdo de semelhante teoria, elanão pode provir senão, ou de uma falsainterpretação dos termos, ou de Espíritosainda muito atrasados, imbuídos dos siste-mas de Ptolomeu e Tycho-Brahe. Se umhomem que julgais sábio sustenta umateoria evidentemente absurda, duvidais doseu saber; o mesmo deve ocorrer em rela-ção aos Espíritos. É pela experiência queaprendemos a conhecê-los. Estas expres-sões são viciosas, mesmo tomadas emsentido figurado, porque podem induzir emerro sobre o sentido verdadeiro pelo qual sedeve entender a progressão dos Espíritos(v. Reencarnação).

Espírita – o que se refere ao Espiritis-mo.3 

Espiritismo – doutrina fundada sobre acrença na existência dos Espíritos e em sua

comunicação com os homens.

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Espiritista – aquele que adota a dou-

trina espírita.Espírito / Espíritos (do lat. spíritus,

feito de spirare, soprar) – no sentido espe-cial da doutrina espírita, os Espíritos sãoseres inteligentes da criação e povoam o

Universo fora do mundo corpóreo.4   A natureza íntima dos Espíritos nos é

desconhecida; eles mesmos não a podemdefinir, seja por ignorância, seja pela insufi-ciência da nossa linguagem. Somos, a este

respeito, como cegos de nascença em faceda luz. Segundo o que eles nos dizem, oEspírito não é material no sentido vulgar dapalavra, não é tampouco imaterial emsentido absoluto, porque o Espírito é algu-

ma coisa e a imaterialidade absoluta seria onada. O Espírito é, pois, formado de umasubstância, mas da qual a matéria grosseiraque impressiona nossos sentidos não podedar-nos uma idéia. Pode-se compará-lo a

uma chama ou centelha cujo brilho varia

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segundo o grau de sua purificação. Pode

tomar todas as espécies de formas por meiodo perispírito de que está envolvido (v.Perispírito).

Espírito batedor – é o que revela suapresença batendo pancadas. Pertence às

classes inferiores.Espírito elementar – Espírito conside-

rado em si mesmo e feita abstração de seuperispírito ou invólucro semimaterial.5 

Espírito familiar – Espírito que se ligaa uma pessoa ou a uma família, quer paraprotegê-la, se é bom, quer para prejudicá-la, se é mau. O Espírito familiar não precisaser evocado; está sempre presente e res-

ponde instantaneamente ao apelo que selhe faz. Muitas vezes manifesta sua presen-ça por sinais sensíveis.

Espiritualismo – crença na existênciade uma alma espiritual, imaterial, queconserva a sua individualidade depois da

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Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas  37

morte, abstração feita da crença nos Espíri-

tos; é o oposto do materialismo (v. Materia-lismo, Espiritismo). Todo aquele que crê quetudo em nós não é matéria é espiritualista,mas não se segue daí que admita a doutrinados Espíritos. Todo espiritista é necessaria-mente espiritualista, mas pode-se ser espiri-tualista sem ser espiritista; o materialistanão é uma nem outra coisa. Como são duasidéias essencialmente distintas, eranecessário distingui-las por palavras diferen-tes, a fim de evitar qualquer equívoco.Mesmo para aqueles que consideram oEspiritismo como uma idéia quimérica, faz-se ainda mister designar essa idéia por umapalavra especial. Esta medida é imprescindí-vel, tanto no que diz respeito às idéias

falsas quanto às verdadeiras, a fim de nosentendermos.6 

Estereológicas (do gr. stéreos, sólido)  – aparições que adquirem as propriedades

da matéria resistente e tangível. Diz-se poroposição às aparições vaporosas ou etéreas,

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Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas  38

que são impalpáveis. A aparição estereoló-

gica apresenta, temporariamente à vista eao toque as propriedades de um corpo vivo.

Evocação (v. Invocação).

Expiação – pena que sofrem os Espíri-

tos como punição das faltas cometidasdurante a vida corporal. A expiação, sofri-mento moral, ocorre no estado de erratici-dade como o sofrimento físico ocorre noestado corporal. As vicissitudes e os tor-mentos da vida corporal são, ao mesmotempo, provas para o futuro e expiação dopassado.

Êxtase (do gr. ekstasis, arrebatamento,arroubo de espírito; feito de existêmi, tomar

de espanto) – paroxismo da emancipaçãoda alma durante a vida corporal, de queresulta a suspensão momentânea dasfaculdades perceptivas e sensitivas dosórgãos. Nesse estado a alma não se prende

mais ao corpo senão por laços fracos, queela procura romper; pertence mais ao

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mundo dos Espíritos, que ela entrevê, do

que ao mundo material. O êxtase é, algu-mas vezes, natural e espontâneo; podetambém ser provocado pela ação magnéticae, neste caso, é um grau superior de so-nambulismo.

Fadas (do lat. fata) – segundo a crençavulgar, as fadas são seres semimateriais,dotados de um poder sobre-humano. Sãoboas ou más, protetoras ou malfazejas;podem tornar-se, à vontade, visíveis ou

invisíveis e assumir todas as espécies deformas. As fadas sucederam, na IdadeMédia e entre os povos modernos, as divin-dades subalternas dos antigos. Se separar-mos suas histórias do maravilhoso com que

lhes veste a imaginação dos poetas e acredulidade popular, encontraremos nelastodas as manifestações espíritas de quesomos testemunhas e que se produziramem todas as épocas; é incontestavelmente

aos fatos deste gênero que esta crençadeve sua origem. Nas fadas que se diz

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presidirem ao nascimento de uma criança e

segui-la no curso de sua vida, se reconhe-cem sem esforço os Espíritos ou gêniosfamiliares. Suas inclinações mais ou menosboas e que são sempre o reflexo das pai-xões humanas colocam-nas, naturalmente,na categoria dos Espíritos inferiores oupouco adiantados (v. Politeísmo).

Feiticeiros (em francês sorcier, do lat.sors, sortis, sorte, destino, fado) – se dizia,primitivamente, dos indivíduos que se

  julgavam capazes de deitar sortes a alguéme, por extensão, de todos aqueles aos quaisse atribuía um poder sobrenatural. Osfenômenos estranhos que se produzem soba influência de certos médiuns provam que

o poder atribuído aos feiticeiros repousa emuma realidade, mas da qual o charlatanismotem abusado como abusa de tudo. Se emnosso século esclarecido há ainda pessoasque atribuem esses fenômenos aos demô-

nios, com maior razão tal se suporia nostempos da ignorância. Disso resultou que os

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indivíduos que possuíam, mesmo sem o

saber, algumas das faculdades de nossosmédiuns, eram condenados ao fogo.

Fluídico – oposto a sólido. Qualificaçãodada aos Espíritos por alguns escritorespara caracterizar-lhes a natureza etérea.

Diz-se os Espíritos fluídicos. Julgamosimprópria esta expressão, que apresenta,além disso, uma espécie de pleonasmo,pouco mais ou menos como se disséssemos:ar gasoso. A palavra Espírito diz tudo. Ela

encerra em si mesma sua própria definição,desperta necessariamente a idéia de umacoisa incorpórea. Um Espírito que não fossefluídico não seria um Espírito. Esta palavratem outro inconveniente, que é o de asse-

melhar a natureza dos Espíritos aos nossosfluidos materiais. Lembra demasiadamentea idéia de laboratório.

Fogo eterno – a idéia do fogo eterno,como um castigo, remonta à mais alta

antigüidade e se origina na crença dos

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povos que colocavam os infernos nas entra-

nhas da Terra, cujo fogo central lhes erarevelado pelos fenômenos geológicos.Quando o homem adquiriu noções maiselevadas quanto à natureza da alma,compreendeu que um ser imaterial nãopodia sofrer os danos de um fogo material;mas o fogo nem por isso deixou depermanecer como a configuração do maiscruel suplício, e não se pode encontrarfigura mais enérgica para pintar ossofrimentos morais da alma. É neste sentidoque o entende hoje a alta teologia, é nessesentido, igualmente, que se diz: arder deamor, ser consumido pelo ciúme, pelaambição, etc..

Gênio (do lat. genius, formado do gre-

go géinô, engendrar, produzir) – nestesentido se diz que um homem capaz decriar ou de inventar coisas extraordinárias éum homem de gênio. Na linguagem espíritagênio é um sinônimo de Espírito. Diz-se

indiferentemente: Espírito familiar e gêniofamiliar, bom e mau espírito, bom e mau

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gênio. A palavra Espírito encerra um sentido

mais vago e menos circunscrito; o gênio éuma espécie de personificação de Espírito.Imaginamo-lo sob uma forma determinada,mais ou menos semelhante à forma huma-na, porém vaporosa e impalpável, oravisível, ora invisível. Os gênios são os Espíri-tos em suas relações com os homens,atuando sobre eles por um poder oculto esuperior.

Gênio familiar (v. Espírito familiar).

Gnomos (do gr. gómon, conhecedor,hábil, formado de gnosko, conhecer) –gênios inteligentes que se supõe habitaremo interior da Terra. Pelas qualidades que lhesão atribuídas, pertencem à ordem dosEspíritos imperfeitos e à classe dos Espíritoslevianos.

Hamadríade (do gr. ama, junto, edrüs, carvalho; Dríade, de drüs, carvalho) –

ninfa dos bosques, segundo a mitologiapagã. As dríades eram ninfas imortais que

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presidiam às árvores em geral e que podiam

vagar em liberdade em redor daquelas quelhes eram particularmente consagradas. Ahamadríade não era imortal, nascia e morriacom a árvore, cuja guarda lhe era confiadae que ela nunca podia abandonar. Não éduvidoso hoje que a idéia das dríades ehamadríades tenha sua origem em manifes-tações análogas às de que somos testemu-nhas. Os antigos, que profetizavam tudo,divinizaram as inteligências ocultas que semanifestavam na própria substância doscorpos. Para nós, as hamadríades nãopassam de espíritos batedores.

Iluminado – qualificação dada a certosindivíduos que se pretendem esclarecidos

por Deus, de maneira particular, e que sãoconsiderados geralmente como visionáriosou doentes mentais. Diz-se: a seita dosiluminados. Sob esta denominação foramconfundidos todos os que recebem comuni-

cações inteligentes e espontâneas da partedos Espíritos. Se neste número houve

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homens superexcitados por uma imaginação

exaltada, conhece-se hoje a parte que sedeve atribuir à realidade.

Instinto – espécie de inteligência rudi-mentar que dirige os seres vivos em suasações, à revelia de sua vontade e no inte-

resse de sua conservação. O instinto torna-se inteligência quando surge a deliberação.Pelo instinto age-se sem raciocinar; pelainteligência raciocina-se antes de agir. Nohomem confundem-se freqüentemente as

idéias instintivas com as idéias intuitivas.Estas últimas são as que ele hauriu, quer noestado de espírito, quer nas existênciasanteriores e das quais conserva uma vagalembrança.

Inteligência – faculdade de conceber,de compreender e raciocinar. Seria injustorecusar aos animais uma espécie de inteli-gência e acreditar que eles apenas seguemmaquinalmente o impulso cego do instinto.

  A observação demonstra que, em muitos

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casos, eles agem de propósito deliberado e

conforme as circunstâncias; todavia essainteligência, por admirável que seja, ésempre limitada à satisfação das necessida-des materiais, ao passo que a do homemlhe permite elevar-se acima da condição deHumanidade. A linha de demarcação entreos animais e o homem é traçada pelo co-nhecimento que a este é dado ter, do SerSupremo (v. Instinto).

Intuição (v. Instinto, Tendências ina-

tas).Invisível – nome com que algumas

pessoas designam os Espíritos em suasmanifestações. Esta denominação não nosparece feliz, em primeiro lugar porque seinvisibilidade é para nós o estado normaldos Espíritos, sabe-se que ela não é absolu-ta, visto que eles podem aparecer-nos; emsegundo lugar, esta qualificação nada temque caracterize essencialmente os Espíritos.

Ela se aplica, igualmente, a todos os corpos

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inertes que não impressionam o sentido da

visão. A palavra Espírito tem, por si mesma,uma significação que desperta a idéia de umser inteligente e incorpóreo. Notemos aindaque falando de um determinado Espírito, ode Fénelon, por exemplo, dir-se-á: foi oEspírito de Fénelon que disse tal coisa, enão que foi o Invisível de Fénelon. É sempreprejudicial à clareza e à pureza da lingua-gem desviar as palavras de sua acepçãoprópria.

Invocação (do lat. in, em, e vocare,chamar) e evocação (do lat. vocare e e ouex, de, fora de) – estas duas palavras nãosão sinônimos perfeitos, embora tenham amesma raiz, vocare: chamar. É um erroempregá-las uma pela outra. Evocar échamar, fazer vir a si, fazer aparecer porcerimônias mágicas, por encantamentos.Evocar almas, Espíritos, sombras. Os ne-cromantes pretendiam evocar as almas dosmortos (acad.). Entre os antigos, evocar erafazer saírem as almas dos infernos para

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fazê-las vir aos viso. Invocar é chamar a si

ou em seu socorro um poder superior ousobrenatural. Invoca-se Deus pela prece. Nareligião católica invocam-se os Santos. Todaprece é uma invocação. A invocação está nopensamento; a evocação é um ato. Nainvocação o ser ao qual nos dirigimos nosouve; na evocação ele sai do lugar em queestava para vir a nós e manifestar suapresença. A invocação não é dirigida senãoaos seres que supomos bastante elevadospara nos assistir. Evocam-se tanto os Espíri-tos inferiores como os superiores. “Moisésproibiu, sob pena de morte, evocar as almasdos mortos, prática sacrílega em uso entreos cananeus. O 22º capítulo do II Livro dosReis fala da evocação da sombra de Samuel

pela pitonisa”.  A arte das evocações, como se vê, re-

monta à mais alta antigüidade. É encontra-da em todas as épocas e em todos ospovos. Outrora a evocação era acompanha-da de práticas místicas, ou porque os evo-

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Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas  49

cadores as julgassem necessárias ou, o que

é mais provável, para se atribuírem o pres-tígio de um poder superior. Hoje se sabeque o poder de evocar não é um privilégio,que ele pertence a toda gente e que ascerimônias mágicas, em geral, não passa-vam de um vão aparato.

Segundo os povos antigos, todas as al-mas evocadas ou eram errantes ou vinhamdos infernos, que compreendiam, como sesabe, tanto os Campos Elíseos como o

Tártaro; a essa idéia não se ligava nenhumainterpretação má. Na linguagem moderna,tendo-se restringido a significação da pala-vra inferno à morada dos réprobos, dissoresultou que a idéia da invocação se ligou,para certas pessoas, à de maus Espíritos oude demônios. Entretanto essa crença cai àmedida que se adquire um conhecimentomais aprofundado dos fatos; também é elaa menos espalhada entre todos os quecrêem na realidade das manifestaçõesespíritas: ela não poderia prevalecer diante

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da experiência e de um raciocínio isento de

preconceitos.Lares (v. Manes, Penates).

Livre arbítrio – liberdade moral dohomem; faculdade que ele tem de se guiar

pela sua vontade na realização de seusatos. Os Espíritos nos ensinam que a altera-ção das faculdades mentais, por uma causaacidental ou natural, é o único caso em queo homem fica privado de seu livre arbítrio.Fora disto é sempre senhor de fazer ou denão fazer. Ele goza desta liberdade noestado de Espírito, e é em virtude destafaculdade que escolhe livremente a existên-cia e as provas que julga próprias para seuprogresso; ele a conserva no estado corpo-ral, a fim de poder lutar contra essas mes-mas provas. Os Espíritos que ensinam estadoutrina não podem ser maus Espíritos (v.Fatalidade).

Lucidez, clarividência – faculdade dever sem o auxílio dos órgãos da visão. É

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uma faculdade inerente à própria natureza

da alma ou do Espírito, e que reside emtodo o seu ser; eis por que em todos oscasos em que há emancipação da alma, ohomem tem percepções independentes dossentidos. No estado corporal normal, afaculdade de ver é limitada pelos órgãosmateriais; desprendida desse obstáculo, elanão é mais circunscrita, estende-se por todaparte onde a alma exerce sua ação; tal é acausa da visão à distância de que gozamcertos sonâmbulos. Eles se vêem no própriolocal que observam e descrevem, ainda queeste se situe mil léguas à distância, vistoque, se o corpo não se acha acolá, a alma,em realidade, ali se encontra. Pode-se, pois,dizer que o sonâmbulo vê pelos olhos da

alma.  A palavra clarividência é mais geral; lu-

cidez diz-se mais particularmente da clarivi-dência sonambúlica. Um sonâmbulo é maisou menos lúcido, conforme a emancipaçãoda alma é mais ou menos completa.

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Magia, mago (do gr. magos, judicioso-

sábio, formado de mageia, conhecimentoprofundo da natureza, de que se fez mago,sacerdote, sábio e filósofo entre os antigospersas) – a magia, em sua origem, era aciência dos sábios; todos os que conheciama astrologia, que se gabavam de predizer ofuturo, que faziam coisas extraordinárias eincompreensíveis para o vulgo, eram apeli-dados magos. O abuso e o charlatanismodesacreditaram a magia; entretanto osfenômenos que hoje reproduzimos pelomagnetismo, pelo sonambulismo e peloEspiritismo provam que a magia não erauma arte puramente quimérica e que entremuitos absurdos nela havia, seguramente,fenômenos bem reais. A vulgarização desses

fenômenos teve como efeito destruir oprestígio daqueles que os operavam outro-ra, sob o véu do segredo, e abusavam dacredulidade atribuindo-se um pretensopoder sobrenatural. Graças a essa vulgari-

zação, sabemos hoje que nada existe de

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sobrenatural neste mundo e que certas

coisas parecem derrogar as leis da naturezaapenas porque não lhes conhecemos ascausas.

Magnetismo animal (do gr. e do lat.magnes, ímã) – assim chamado por analo-

gia com o magnetismo mineral. Tendo aexperiência demonstrado que esta analogianão existe, ou é apenas aparente, estadenominação deixa de ser exata. Todavia,como está consagrada por um uso univer-

sal, e como, além disso, o epíteto que se lheacrescenta não permite equívoco, haveriamais inconveniência do que utilidade emmudar este nome. Algumas pessoas substi-tuem-na pela palavra Mesmerismo; entre-tanto esta expressão até agora não prevale-ceu.

O magnetismo animal pode ser assimdefinido: ação recíproca de dois seres vivospor intermédio de um agente especial

chamado fluido magnético.

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Magnetizador , magnetista – esta úl-

tima palavra é empregada por algumaspessoas para designar os adeptos do mag-netismo, os que crêem em seus efeitos. Omagnetizador é o prático, o que exerce; omagnetista é o teórico. Pode-se ser magne-tista sem ser magnetizador, mas não sepode ser magnetizador sem ser magnetista.Esta distinção parece-nos útil e lógica.

Manes (do lat. manere, ficar, segundouns; de manes, manium, feito de manus,

bom, segundo outros) – na mitologia roma-na e etrusca, os manes eram as almas ou assombras dos mortos. Os povos antigostinham grande respeito aos manes de seusantepassados, que julgavam poder apazi-

guar por meio de sacrifícios. Imaginavam-nos sob sua forma humana, porém vaporo-sa e invisível, vagando em redor dos pró-prios túmulos ou das próprias habitações evisitando suas famílias. Quem não reconhe-

ceria nesses manes os Espíritos sob o invó-lucro semimaterial do perispírito, e que eles

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mesmos nos dizem estarem entre nós sob a

forma que tinham durante a vida? (v. Pena-tes).

Manifestação – ato pelo qual um Espí-rito revela sua presença. As manifestaçõessão:

Ocultas – quando não têm nada de os-tensivo e o Espírito se limita a agirsobre o pensamento;

Patentes – quando são apreciáveis pe-los sentidos;

Físicas – quando se traduzem por fe-nômenos materiais, tais como ruídos,movimento e deslocamento de obje-tos;

Inteligentes – quando revelam um pen-samento (v. Comunicação);Espontâneas – quando são indepen-

dentes da vontade e ocorrem semque nenhum Espírito seja chamado;

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Provocadas – quando são efeito da

vontade, do desejo ou de uma evoca-ção determinada; Aparentes – quando o Espírito se faz

visível à vista (v. Aparição).

Materialismo – sistema dos que pen-

sam que tudo é matéria no homem e que,assim, nada sobrevive nele após a destrui-ção do corpo. Parece-nos inútil refutar esteponto de vista, que, além do mais, é opiniãopessoal de certos indivíduos e em parte

alguma foi erigido em doutrina.7 Se se podedemonstrar a existência da alma pelo racio-cínio, as manifestações espíritas dela ofere-cem as provas mais patentes; por meiodessas manifestações assistimos de mil

maneiras diferentes a todas as peripécias davida de além-túmulo. O materialismo, quese baseia apenas na negação, não podefazer face à evidência dos fatos; eis por quea doutrina espírita tantas vezes triunfa

sobre aqueles mesmos que mais resistirama todos os outros argumentos. Sua vulgari-

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zação é o meio mais poderoso para extirpar

esta chaga das sociedades civilizadas.Medianimidade – faculdade dos mé-

diuns. As palavras mediunidade e mediani-midade são muitas vezes empregadasindiferentemente. Se quisermos fazer uma

distinção, poder-se-á dizer que mediunidade tem um sentido mais geral e medianimidade um sentido mais restrito. Ex.: Ele possui odom da mediunidade: a medianimidademecânica (v. Mediunidade).

Médium (do lat. médium, meio, inter-mediário) – pessoa acessível à influênciados Espíritos e mais ou menos dotado dafaculdade de receber e transmitir suascomunicações. Para os Espíritos, o médiumé um intermediário; é um agente ou uminstrumento mais ou menos cômodo, se-gundo a natureza ou o grau da faculdademediúnica. Esta faculdade depende de umadisposição orgânica especial, susceptível de

desenvolvimento. Distinguem-se diversas

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variedades de médiuns segundo sua aptidão

particular para tal ou tal modo de transmis-são, ou tal ou tal gênero de comunicação.

Médiuns de influência física – aque-les que têm o poder de provocar manifesta-ções ostensivas. Compreendem as varieda-

des seguintes:Médiuns motores – os que provocam o

movimento e o deslocamento dos ob- jetos;

Médiuns tiptológicos – os que provo-cam ruídos, pancadas ou batidas;

Médiuns de aparição – os que provo-cam as aparições (v. Aparição)

Entre os médiuns de influência física

distinguem-se:Médiuns naturais – aqueles que produ-zem fenômenos espontaneamente esem nenhuma participação de suavontade;

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Médiuns facultativos – aqueles que têm

o poder de provocá-los por ato davontade.

Médiuns de influências morais – osque são mais especialmente aptos a recebere transmitir comunicações inteligentes;

distinguem-se, segundo sua aptidão especi-al, em:

Médiuns escreventes ou psicógrafos –os que têm a faculdade de escreversob influência dos Espíritos (v. Psico-

grafia);Médiuns pneumatógrafos – os que têm

a faculdade de obter a escrita diretados Espíritos (v. Pneumatografia);

Médiuns desenhadores – os que dese-nham sob a influência dos espíritos;8 

Médiuns falantes – os que transmitempela palavra o que os médiuns escre-ventes transmitem pela escrita;

Médiuns comunicadores – pessoas quetêm o poder de desenvolver nos ou-

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tros, por sua vontade, a faculdade de

escrever, sejam ou não, elas mesmas,médiuns escreventes;Médiuns inspirados – pessoas que, quer

em estado normal, quer em estado deêxtase, recebem, pelo pensamento,

comunicações ocultas, estranhas àssuas idéias preconcebidas;Médiuns de pressentimento – pessoas

que, em certas circunstâncias, têmuma vaga intuição do que vai ocorrer

no futuro;Médiuns videntes – pessoas que têm afaculdade da segunda-vista ou a dever os espíritos (v. Vista);

Médiuns sensitivos ou impressionáveis 

  – pessoas susceptíveis de sentir apresença dos espíritos por uma vagaimpressão que elas não podem expli-car. Esta variedade não tem caráterbem delimitado; todos os médiuns

são, necessariamente, impressioná-veis; a impressionabilidade é, assim,

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antes uma qualidade geral do que es-

pecial. É a faculdade rudimentar in-dispensável ao desenvolvimento detodas as outras; ela difere da impres-sionabilidade puramente física e ner-vosa, com a qual não se deve con-fundi-la.

Mediunato – missão providencial dosmédiuns. Esta palavra foi criada pelosEspíritos.

Mediunidade [do lat. médium, meio,intermediário, -(i)dade] – 1. Faculdade quea quase totalidade das pessoas possuem,umas mais outras menos, de sentir a influ-ência ou ensejarem a comunicação dosEspíritos. Raros são os que não possuemrudimentos de mediunidade. 2. Em alguns,essa faculdade é ostensiva e necessita serdisciplinada, educada; em outros, permane-ce latente, podendo manifestar-se episódicae eventualmente (v. Medianimidade).

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Metempsicose (do gr. meta, mudança,

en, em, e psyché, alma) – transmigração daalma de um corpo para outro. “O dogma dametempsicose é de origem indiana. Da Índiaesta crença passou para o Egito, de onde,mais tarde, Pitágoras a importou para aGrécia. Os discípulos deste filósofo ensina-vam que o Espírito, quando está liberto doslaços do corpo, segue para o império dosmortos, onde permanece à espera, em umestado intermediário, de duração mais oumenos longa. Em seguida vai animar outroscorpos de homens ou de animais, até quetranscorra o tempo de sua purificação e elepossa retornar à fonte da vida”. O dogmada metempsicose, como se vê, baseia-se naindividualidade e na imortalidade da alma;

encontra-se nele a doutrina dos espíritossobre a reencarnação; o estado intermediá-rio, de duração mais ou menos longa, entreas diferentes existências, outra coisa não ésenão o estado de erraticidade no qual se

encontram os Espíritos entre duas encarna-

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ções. Há, entretanto, entre a metempsicose

indiana e a doutrina da reencarnação, talqual nos é ensinada hoje em dia, umadiferença capital; em primeiro lugar, ametempsicose admite a transmigração daalma para o corpo dos animais, o que seriauma degradação; em segundo lugar, estatransmigração não se opera senão na Terra.Os Espíritos dizem-nos, ao contrário, que areencarnação é um progresso incessante,que o homem é um ser cuja alma nada temde comum com a alma dos animais, que asdiferentes existências podem realizar-se,quer na Terra, quer, por uma lei progressi-va, em um mundo de ordem superior, eisto, como diz Pitágoras, “até que hajatranscorrido o tempo da purificação”.

Mitologia (do gr. mythos, fábula, e lo-gos, discurso) – história fabulosa das divin-dades pagãs. Compreende-se igualmentesob este nome a história de todos os seres

extra-humanos que, sob diversas denomina-ções, sucederam aos deuses pagãos da

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Idade Média; é assim que temos a mitologia

escandinava, teutônica, céltica, escocesa,irlandesa, etc..

Morte – aniquilamento das forças vitaisdo corpo pelo esgotamento dos órgãos.Ficando o corpo privado do princípio da vida

orgânica, a alma se desprende dela e entrano mundo dos Espíritos.

Mundo corporal – conjunto de seresinteligentes que têm um corpo material.

Mundo espírita ou mundo dos Espí-ritos – conjunto de seres inteligentesdespidos de seu invólucro corpóreo. Omundo espírita é um mundo normal, primiti-vo, preexistente e sobrevivente a tudo. O

estado corporal é, para os Espíritos, transi-tório e passageiro. Eles mudam de invólucrocomo nós mudamos de roupas; abandonamo que se estragou como pomos de lado umtraje velho ou imprestável.

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Necromancia (do gr. nekros, morte, e

mantéia, adivinhação) – arte de evocar asalmas dos mortos para obter delas revela-ções. Por extensão, esta palavra foi aplicadaa todos os meios de adivinhação e qualifica-se de necromante quem quer que façaprofissão de dizer o futuro. Isto depende,sem dúvida, de ter sido a necromancia, naverdadeira acepção da palavra, um dosprimeiros meios empregados para esse fim;em segundo lugar ao fato de serem asalmas dos mortos, na crença vulgar, osprincipais agentes nos outros meios deadivinhação, tais como a quiromancia,adivinhação pela inspiração da mão, acartomancia, etc.. O abuso e o charlatanis-mo desacreditaram a necromancia, assim

como a magia.Noctâmbulo, Noctambulismo (do lat.

nox, noctis, a noite, e ambulare, marchar,passear) – aquele que marcha ou passeia

durante a noite, dormindo; sinônimo desonâmbulo. Esta última palavra é preferível,

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visto que noctâmbulo e noctambulismo não

implicam, de modo algum, a idéia de sono.Oráculo (do lat. os, oris, a boca) – res-

posta dos deuses, segundo as crençaspagãs, às questões que lhes eram dirigidas.

  A denominação justifica-se pelo fato de as

respostas serem geralmente transmitidaspela boca das Pitonisas (v. esta palavra).Por extensão, oráculo se dizia ao mesmotempo da resposta, da pessoa que a pro-nunciava, assim como os dos diversos meios

empregados para conhecer o futuro. Todofenômeno extraordinário, próprio paraimpressionar a imaginação, era julgadocomo a expressão da vontade dos deuses ese tornava oráculo. Os sacerdotes pagãos,

que não desprezavam nenhuma ocasião deexplorar a credulidade, faziam-se seusintérpretes e consagravam a este fim, comsolenidades, templos onde os fiéis vinhamdepositar suas ofertas na esperança ilusória

de conhecer o futuro. A crença nos oráculosteve evidentemente sua origem nas comuni-

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cações espíritas que o charlatanismo, a

cupidez e o amor do domínio tinham cerca-do de prestígio, e que vemos hoje em todaa sua simplicidade.

Paraíso (do gr. paradeizos, jardim,vergel) – morada dos bem-aventurados. Os

antigos o colocavam na parte dos infernoschamada Campos Elíseos (v. Inferno). Ospovos modernos situam-no nas regiõeselevadas do espaço. Esta palavra é sinônimode Céu, tomado na mesma acepção, com a

diferença de que a palavra Céu se liga auma idéia de beatitude infinita, ao passoque a palavra paraíso é mais circunscrita elembra gozos um pouco mais materiais. Diz-se ainda subir ao Céu, descer ao Inferno.

Estas opiniões são fundadas na crençaprimitiva, fruto da ignorância, de que ouniverso é constituído de esferas concêntri-cas, cujo centro é ocupado pela Terra; énessas esferas, chamadas Céus, que se

colocou a morada dos justos; daí a expres-são 5º e 6º céu para designar os diversos

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graus de beatitude. Mas, depois disto a

ciência dirigiu seu olhar investigador até asprofundezas etéreas. Ela nos mostra oespaço universal sem limites, semeado deum número infinito de globos, entre osquais circula o nosso, ao qual nenhum lugarde distinção foi designado, e sem que haja,para ele, alto ou baixo. O sábio que não vê,em nenhuma parte, nem onde lhe haviamindicado, o Céu, mas tão-somente o espaçoinfinito e mundos inumeráveis; que nãoencontra nas entranhas da Terra, em lugardo Inferno, senão as camadas geológicasnas quais sua formação está inscrita emcaracteres irrefragáveis, pôs-se a duvidar doCéu e do Inferno, e daí à negação absolutahavia apenas um passo. A doutrina ensinada

pelos Espíritos superiores está de acordocom a ciência. Ela não tem mais nada quefira a razão e esteja em contradição com osconhecimentos exatos. Ela mostra-nos amorada dos bons, não em local fechado, ou

nessas pretensas esferas de que a ignorân-

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cia tinha cercado nosso globo, mas por toda

parte onde há bons Espíritos, no espaçopara os que são errantes, nos mundos maisperfeitos para os que estão encarnados: aí está o Paraíso Terrestre, ali estão os Cam-pos Elíseos, cuja idéia primitiva vem doconhecimento intuitivo que havia sido dadoao homem desse estado de coisas, e quesua ignorância e seus preconceitos reduzi-ram a mesquinhas proporções. Ela nosmostra os maus encontrando o castigo deseus erros em sua própria imperfeição, emseus sofrimentos morais, na presençainevitável de suas vítimas, castigo maishorrível do que as torturas físicas incompa-tíveis com a doutrina da imaterialidade daalma; ela no-lo mostra expiando os seus

erros pelas tribulações de novas existênciascorporais, que realizam em mundos imper-feitos, e não em um lugar de eternos suplí-cios de onde a esperança foi para semprebanida. Aí está o Inferno. Quantos homens

nos têm dito: Se nos tivessem ensinado isto

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desde a nossa infância, nunca teríamos

duvidado!  A experiência nos mostra que os Espíri-tos não são suficientemente desmaterializa-dos, estão ainda sob o império das idéias edos preconceitos da existência corporal:

aqueles que, em suas comunicações, em-pregam uma linguagem de acordo com asidéias cujo erro material está demonstradoprovam com isso mesmo sua ignorância esua inferioridade.

Penas eternas – os Espíritos superio-res nos ensinam que só o bem é eterno,porque é a essência de Deus, e que o malterá um fim. Por conseqüência deste princí-pio, combatem a doutrina da eternidade das

penas como contrária à idéia que Deus nosdá de sua justiça e de sua bondade. Mas aluz não se faz para os Espíritos senãoproporcionalmente à sua elevação: nasclasses inferiores suas idéias são ainda

obscurecidas pela matéria; o futuro paraeles está coberto por um véu. Não vêem

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to por um véu. Não vêem senão o presente.

Estão na posição de um homem que sobeuma montanha: no fundo do vale a neblinae as voltas do caminho limitam-lhe a vista;é-lhe preciso chegar ao cimo para descorti-nar todo o horizonte, avaliar o caminho quefez e o que lhe resta fazer. Os Espíritosimperfeitos, não divisando o termo de seussofrimentos, julgam sofrer sempre, e essepensamento mesmo é um castigo para eles.Se, pois, certos Espíritos nos falam de penaseternas, é porque eles próprios crêem nelasem conseqüência de sua inferioridade.

Penates (do lat. penitus, interior, queestá dentro; formado de penus, lugar reti-rado, escondido) – deuses domésticos dos

antigos, assim chamados porque os coloca-vam no lugar mais retirado da casa. Lares (do nome da ninfa Lara, porque os julgavamfilhos dessa ninfa e de Mercúrio) eram,como os penates, deuses ou gênios domés-

ticos, com a diferença de que os penates eram, em sua origem, os manes dos ante-

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passados, cujas imagens se guardavam em

um lugar secreto, ao abrigo da profanação.Os lares, gênios benfazejos, protetores dasfamílias e das casas, eram consideradoscomo hereditários, pois que, uma vez liga-dos a uma família, continuavam a proteger-lhe os descendentes. Não somente cadaindivíduo, cada família, cada casa tinha seuslares particulares, mas os havia tambémpara as cidades, aldeias, ruas, edifíciospúblicos, etc., que eram colocados sob ainvocação de tais ou tais lares, como são,entre os católicos, sob a de tal ou tal santopadroeiro.

Os lares e os penates, cujo culto se po-de dizer que era universal, embora sobnomes diferentes, não eram senão os Espíri-tos familiares cuja existência hoje nos érevelada; mas os antigos faziam delesdeuses aos quais a superstição erigia alta-res, ao passo que, para nós, são simples-mente Espíritos que animaram homenscomo nós, algumas vezes nossos parentes e

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nossos amigos, e que se ligam a nós por

simpatia (v. Politeísmo).Perispírito (de peri, em redor, e spiri-

tus, espírito) – invólucro semimaterial doEspírito depois da sua separação do corpo.O Espírito o tira do mundo em que se acha

e o troca ao passar de um a outro; ele émais ou menos sutil ou grosseiro, segundo anatureza de cada globo. O perispírito podetomar todas as formas à vontade do Espíri-to; ordinariamente ele assume a imagem

que este tinha em sua última existênciacorporal.

Embora de natureza etérea, a substân-cia do perispírito é susceptível de certasmodificações que a tornam perceptível à

nossa vista. É o que se dá nas aparições.Ela pode até, por sua união com o fluido decertas pessoas, tornar-se temporariamentetangível, isto é, oferecer ao toque a resis-tência de um corpo sólido, como se vê nas

aparições estereológicas ou palpáveis.

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  A natureza íntima do perispírito não é

ainda conhecida; mas poder-se-ia supor quea matéria do corpo é composta de umaparte sólida e grosseira e de uma parte sutile etérea; que só a primeira sofre a decom-posição produzida pela morte, ao passo quea segunda persiste e segue o espírito. Oespírito teria, assim, um duplo invólucro; amorte apenas o despojaria do mais grossei-ro; o segundo, que constitui o perispírito,conservaria o tipo e a forma da primeira, daqual ele é como a sombra; mas sua nature-za essencialmente vaporosa permite aoespírito modificar esta forma à sua vontade,torná-la visível ou invisível, palpável ouimpalpável.

O perispírito é, para o espírito, o que operisperma é para o germe do fruto. Aamêndoa, despojada do seu invólucrolenhoso, encerra o germe sob o invólucrodelicado do perisperma.

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Pítia, Pitonisa – sacerdotisa de Apolo

Pítio, em Delfos, assim chamada por causada serpente Pitão que Apolo havia matado.  A Pítia dava os oráculos, mas como elesnem sempre eram inteligíveis, os sacerdotesse encarregavam de interpretá-los segundoas circunstâncias (v. Sibila).

Pneumatofonia (de pneuma e dephoné, som ou voz) – comunicação verbal edireta dos Espíritos sem o auxílio dos órgãosda voz. Som ou voz que eles fazem ouvir no

vago do ar e que parece ressoar em nossosouvidos (v. Psicofonia).

Nota: Não empregamos a palavrapneumatologia, porque ela já tem umaacepção científica determinada e, ainda,

porque esta palavra seria imprópria quandonão se trata de sons vagos, não articula-dos.9 

Pneumatografia (do gr. pneuma, ar,

sopro, vento, espírito, e grafo, eu escrevo)

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  – escrita direta dos Espíritos sem auxílio da

mão do médium (v. Psicografia).Politeísmo (do gr. polus, vários, e thé-

os, Deus) – religião que admite váriosdeuses. Entre os povos antigos a palavradeus revela a idéia de poder; para eles todo

poder superior ao vulgar era um deus.Mesmo os homens que haviam feito grandescoisas se tornavam deuses para eles. Mani-festando-se os Espíritos por efeitos que lhespareciam sobrenaturais, eram a seus olhos

outras tantas divindades, entre as quais éimpossível deixar de reconhecer os Espíritosde todos os graus, desde os Espíritos bate-dores até os Espíritos superiores. Nos deu-ses de forma humana, que se transporta-

vam através do espaço, mudavam de formae se tornavam visíveis ou invisíveis à vonta-de, reconhecem-se todas as propriedadesdo perispírito. Pelas paixões que lhes em-prestavam, reconhecemos os Espíritos ainda

não desmaterializados. Nos manes, lares epenates, reconhecemos nossos Espíritos

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familiares, nossos gênios tutelares. O co-

nhecimento das manifestações espíritas é,pois, a fonte do politeísmo. Todavia, desdea mais alta antigüidade os homens esclare-cidos deram a esses pretensos deuses seudevido valor e neles reconheceram criaturasde um Deus supremo, soberano e senhor domundo. Confirmando a doutrina da unidadede Deus e iluminando os homens com asublime moral do Evangelho, assinalou oCristianismo uma nova era na marchaprogressiva da Humanidade. Entretanto,como os Espíritos não cessavam de manifes-tar-se, em lugar de deuses, os homensfizeram deles gênios e fadas.

Possesso – segundo a idéia ligada a

essa palavra, o possesso é aquele no qualum demônio veio alojar-se. O demônio opossui; isso significa que o demônio apode-rou-se-lhe do corpo (v. Demônio). Tomandoo demônio não em sua acepção vulgar, mas

no sentido de Espírito mau, Espírito impuro,Espírito malfazejo, Espírito imperfeito,

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tratar-se-ia de saber se um Espírito dessa

natureza ou outro qualquer pode elegerdomicílio no corpo de um homem conjunta-mente com o que nele está encarnado, ou aele se substituindo. Poder-se-ia perguntarque destino toma, neste último caso, a almaassim expulsa. A doutrina espírita diz que oEspírito unido ao corpo não pode dele serseparado definitivamente senão pela morte;que outro Espírito não pode colocar-se emseu lugar nem unir-se ao corpo simultanea-mente com ele; mas ela diz também que umEspírito imperfeito pode ligar-se ao Espíritoencarnado, assenhorear-se dele, dominar-lhe o pensamento, obrigá-lo, se ele não temforça para resistir-lhe, a fazer tal coisa, aagir em tal sentido; ele o constrange, por

assim dizer, sob sua influência. Assim, nãohá possessão no sentido absoluto da pala-vra, há subjugação; não se trata de desalo-

 jar um Espírito mau, mas, para servirmo-nosde uma comparação material, de fazê-lo

largar a presa, o que sempre podemos fazer

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quando o desejamos seriamente; mas há

pessoas que se comprazem numa depen-dência que lhes lisonjeia os gostos e osdesejos.

 A superstição vulgar atribui à possessãodo demônio certas doenças que não têm

outra causa senão uma alteração dos ór-gãos. Esta crença era muito difundida entreos judeus. Para eles, curar essas doençasera expelir os demônios. Qualquer que sejaa causa da doença, contanto que a cura se

dê, isto nada tira do poder daquele que aopera. Jesus e seus discípulos podiam, pois,dizer que expeliam os demônios, para seservirem da linguagem usual. Falando deoutra maneira, não teriam sido compreendi-dos, nem, talvez, mesmo acreditados. Umacoisa pode ser verdadeira ou falsa, confor-me o sentido atribuído às palavras. Asmaiores verdades podem parecer absurdasquando se considera apenas a forma.

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Prece – a prece é uma invocação e, em

certos casos, uma evocação, pela qualchamamos a nós tal ou tal Espírito. Quandoé dirigida a Deus, ele nos envia seus men-sageiros, os Bons Espíritos. A prece nãopode revogar os decretos da Providência;mas por ela os bons Espíritos podem vir emnosso auxílio, quer para dar-nos a forçamoral que nos falta, quer para sugerir-nosos pensamentos necessários; daí vem oalívio que experimentamos quando oramoscom fervor. Daí vem também o alívio queexperimentam os Espíritos sofredores quan-do oramos por eles; eles mesmos pedemessas preces sob a forma que lhes é familiare que está mais em relação com as idéiasque conservaram de sua existência corporal;

mas a razão, de acordo nisto com os Espíri-tos, nos diz que a prece dos lábios é umafórmula vã quando dela o coração não tomaparte.

Provas – vicissitudes da vida corporalpelas quais os Espíritos se purificam segun-

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do a maneira pela qual as suportam. Se-

gundo a doutrina espírita, o Espírito des-prendido do corpo, reconhecendo suaimperfeição, escolhe ele próprio, por ato deseu livre arbítrio, o gênero de provas que

  julga mais próprio ao seu adiantamento eque sofrerá em sua nova existência. Se eleescolhe uma prova acima de suas forças,sucumbe, e seu adiantamento retarda.

Psicografia (do gr. psyché, borboleta,alma, e graphô, eu escrevo) – transmissão

do pensamento dos Espíritos por meio daescrita, pela mão de um médium. No mé-dium escrevente a mão é o instrumento,mas sua alma, ou o espírito nele encarnadoé o intermediário ou o intérprete do Espírito

estranho que se comunica; na pneumato-grafia, é o Espírito estranho mesmo quemescreve, sem intermediário (v. Pneumato-grafia).

Psicografia imediata ou direta – quando

o próprio médium escreve pegando olápis como para a escrita ordinária;

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Psicografia mediata ou indireta – quan-

do o lápis é adaptado a um objetoqualquer que serve, de certo modo,de apêndice à mão, como uma cesta,uma prancheta, etc..

Psicologia – dissertação sobre a alma;

ciência que trata da natureza da alma. Estapalavra seria para o médium falante o que apsicografia é para o médium escrevente,isto é, a transmissão do pensamento dosEspíritos pela voz de um médium. Todavia,

como ela já tem uma acepção consagrada ebem definida, não convém dar-lhe outra (v.Psicofonia).

Psicofonia (do gr. psyché, alma e pho-nê, som ou voz) – transmissão do pensa-mento dos Espíritos pela voz de um médiumfalante.

Pureza absoluta – estado dos Espíri-tos da primeira ordem ou puros espíritos: os

que percorreram todos os graus da escala enão têm que sofrer mais encarnação.

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Purgatório (do lat. purgatorium, efeito

de purgare, purgar; raiz purus, puro, que sederiva do gr. pyr, pyrus, fogo, antigo em-blema da purificação) – lugar de expiaçãotemporária, segundo a Igreja Católica, paraas almas que têm ainda que purificar-se dealgumas manchas. A Igreja não define deum modo preciso o lugar onde se acha oPurgatório. Ela o coloca em toda parte, noespaço, talvez ao nosso lado. Ela não seexplica mais claramente sobre a naturezadas penas ali sofridas; são sofrimentos maismorais do que físicos. Há, entretanto, fogo,mas a alta teologia reconhece que estapalavra deve ser tomada em sentido figura-do e como emblema de purificação. Oensino dos Espíritos é muito mais explícito a

este respeito; eles rejeitam, e verdade, odogma da eternidade das penas (v. Inferno,penas eternas), mas admitem uma expiaçãotemporária, mais ou menos longa, que nãoé outra coisa, salvo o nome, senão o purga-

tório. Esta expiação se realiza pelos sofri-

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mentos morais da alma no estado errante;

os Espíritos errantes estão por toda parte:no espaço, ao nosso lado, como diz a Igre-  ja. A Igreja admite no purgatório certaspenas físicas; a doutrina espírita diz que oEspírito se purifica, se purga de suas impu-rezas em suas existências corporais; ossofrimentos e as tribulações da vida são asexpiações e as provas pelas quais eles seelevam, de onde resulta que aqui na Terraestamos em pleno purgatório. O que adoutrina católica deixa no vago, os Espíritosprecisam, fazem-nos tocar com o dedo e vercom os olhos. Os Espíritos que sofrempodem, pois, dizer que estão no purgatório,para servirem-se da nossa linguagem. Se,em razão de sua inferioridade moral, não

lhes é dado ver o termo de seus sofrimen-tos, eles dirão que estão no Inferno (v.Inferno).

  A Igreja admite a eficácia das precespelas almas do purgatório. Os Espíritosdizem-nos que pela prece chamamos os

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bons Espíritos, que dão aos fracos a força

moral que lhes falta para suportar suasprovas. Os Espíritos sofredores podem pedirpreces sem que haja nisto contradição coma doutrina espírita; ora, conforme o queconhecemos dos diferentes graus dos Espíri-tos, compreendemos que eles podem pedi-las segundo a forma que lhes era familiardurante a vida (v. Prece).

 A Igreja não admite senão uma existên-cia corporal, depois da qual a sorte do

homem é irrevogavelmente fixada por todaa eternidade. Os Espíritos nos dizem queuma só existência, cuja duração, muitasvezes abreviada pelos acidentes, não passade um ponto na eternidade, não basta àalma para purificar-se completamente, eque Deus, em sua justiça, não condena semremissão aquele de quem não dependeu,muitas vezes, ser convenientemente instruí-do sobre o bem, para praticá-lo. Sua doutri-na deixa à alma a faculdade de realizar, emuma série de existências, o que ela não

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pode realizar em uma só: aí está a diferen-

ça. Mas, se se escrutassem com cuidadotodos os princípios dogmáticos, e se selevasse sempre em conta a parte que deveser tomada em sentido figurado, muitascontradições aparentes desapareceriam.

Reencarnação – volta dos Espíritos àvida corporal. A reencarnação pode dar-seimediatamente depois da morte, ou apósum lapso de tempo mais ou menos longo,durante o qual o Espírito permanece erran-

te. Pode dar-se nesta Terra ou em outrasesferas, mas sempre em um corpo humano,e nunca no de um animal. A reencarnação éprogressiva ou estacionária; nunca é retró-grada. Em suas novas existências corporais

o Espírito pode decair em posição social,mas não como Espírito, isto é, de senhorpode nascer servidor, de príncipe, artífice,de rico, miserável, mas progredindo sempreem ciência e moralidade. Deste modo o

criminoso pode tornar-se homem de bem,

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mas o homem de bem não pode tornar-se

um criminoso.Os Espíritos imperfeitos, que estão ain-da sob a influência da matéria, nem sempretêm sobre a reencarnação idéias perfeitas. Aexplicação que oferecem se ressente de sua

ignorância e dos preconceitos terrestres,pouco mais ou menos como se daria relati-vamente a um camponês a quem se per-guntasse se é a Terra ou o Sol que gira.Eles têm apenas uma lembrança confusa de

suas existências anteriores e o futuro selhes apresenta extremamente vago (sabe-seque a lembrança das existências passadasse elucida à medida que o Espírito se purifi-ca). Alguns falam ainda das esferas concên-tricas que cercam a Terra e nas quais oEspírito, elevando-se gradativamente, chegaao sétimo céu, que é, para eles, o apogeuda perfeição. Mas no meio da diversidadedas expressões e da extravagância dasfiguras, uma observação atenta deixa reco-nhecer facilmente um pensamento domi-

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nante, o das provas sucessivas que o Espíri-

to deve sofrer e dos diversos graus quedeve percorrer para chegar à perfeição e àsuprema felicidade. Muitas vezes as coisassó nos parecem contraditórias porque nãolhes sondamos o sentido íntimo.

Religião  – Vide Nota Especial no final deste Vo-

cabulário Espírita.

Satã (do hebreu chaitán, adversário, i-

nimigo de Deus) – o chefe dos demônios.Esta palavra é sinônimo de diabo, com adiferença de que este último vocábulopertence mais do que o primeiro à lingua-gem familiar. Em segundo lugar, de acordo

com a idéia ligada a esta palavra, Satã é umser único: o gênio do mal, o rival de Deus.Diabo é um termo mais genérico, que seaplica a todos os demônios. Há somente umSatã (ou Satanás), porém há vários diabos.

Segundo a doutrina espírita, Satanás não éum ser distinto, pois Deus não tem rival

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com quem possa medir-se, poder contra

poder. Satã é a personificação alegórica domal e de todos os maus Espíritos (v. Diabo,Demônio).

Segunda-vista – efeito da emancipa-ção da alma que se manifesta no estado de

vigília. Faculdade de ver as coisas ausentescomo se estas estivessem presentes. Aque-les que dela são dotados não vêem pelosolhos, mas pela alma, que percebe a ima-gem dos objetos por toda parte onde ela se

transporta, e como por uma espécie demiragem. Esta faculdade não é permanente.Certas pessoas a possuem sem saber: elaparece-lhes um efeito natural, e produz oque denominamos visões.

Sematologia (do gr. sema, semato, si-nal, e logos, discurso) – transmissão dopensamento dos Espíritos por meio de sinais,tais como pancadas, batidas, movimentos deobjetos, etc. (v. Tiptologia).

Serafim (v. Anjos).

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Sibilas (do gr. eolio sios, empregado

por théos, Deus, e de léouli, conselho;conselho divino) – eram profetisas queforneciam os oráculos e que os antigos

  julgavam inspiradas pela Divindade. Levan-do em conta a parte de charlatanismo e oprestígio com que as cercavam aqueles queas exploravam, reconhece-se nas sibilas enas pitonisas todas as faculdades dos so-nâmbulos, dos extáticos e de certos mé-diuns.

Silvos, Sílfides – segundo a mitologiacéltica e germânica da Idade Média, ossilfos eram os gênios do ar, como os gno-mos eram os da terra e as ondinas os daságuas. Eram representados sob forma

humana, semivaporosa, com traços gracio-sos, asas transparentes; eram o símbolo darapidez com a qual percorrem o espaço.

  Atribuía-se-lhes o poder de se tornaremvisíveis à vontade. Seu caráter era doce e

afável. “Não duvideis da multidão de silfosligeiros que tendes às vossas ordens. Conti-

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nuamente ocupados em recolher vossos

pensamentos, mal pronunciais uma palavrae eles dela se apoderam, indo repeti-la portoda parte em redor de vós. Sua ligeireza étão grande que eles percorrem mil passosem um segundo São os silfos de Paracelso ede Gabalis.” (A. Martin).

Sonambulismo (do lat. somnus, sono,e ambulare, marchar, passear) – estado deemancipação da alma mais completo do queno sonho (v. Sonho).

O sonho é um sonambulismo imperfeito.No sonambulismo a lucidez da alma, isto é,a faculdade de ver, que é um dos atributosde sua natureza, é mais desenvolvida, Elavê as coisas com mais precisão e nitidez, o

corpo pode agir sob o impulso da vontadeda alma.

O esquecimento absoluto no momentodo despertar é um dos sinais característicosdo verdadeiro sonambulismo, visto que a

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independência da alma e do corpo é mais

completa do que no sonho.Sonambulismo natural – o que é es-

pontâneo e se produz sem provocação esem influência de nenhum agente exterior.

Sonambulismo magnético ou artifi-cial – o que é provocado pela ação queuma pessoa exerce sobre outra, por meiodo fluido magnético que esta derrama sobreaquela.

Sonho – efeito da emancipação da al-ma durante o sono. Quando os sentidosficam entorpecidos, os laços que unem ocorpo e a alma se afrouxam. Esta, tornan-do-se mais livre, recupera, em parte, suas

faculdades de Espírito e entra mais facil-mente em comunicação com os seres domundo incorpóreo. A recordação que elaconserva ao despertar, do que viu emoutros lugares e em outros mundos, ou em

suas existências passadas, constitui o sonhopropriamente dito. Sendo esta recordação

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apenas parcial, quase sempre incompleta e

entremeada com recordações da vigília,resultam daí, na seqüência dos fatos, solu-ções de continuidade que lhes rompem aconcatenação e produzem esses conjuntosestranhos que parecem sem sentido, poucomais ou menos como seria a narração àqual se houvessem truncado, aqui e ali,fragmentos de linhas ou de frases.

Soniloquia (do lat. somnus, sono, e lo-qui, falar) – estado de emancipação da alma

intermediário ao sono e ao sonambulismonatural. Aqueles que falam sonhando sãosoníloquos.

Sono natural – suspensão momentâ-nea da vida de relação. Entorpecimento dossentidos durante o qual são interrompidasas relações da alma com o mundo exteriorpor meio dos órgãos.

Sono magnético – atuando sobre o

sistema nervoso, o fluido magnético produz,em certas pessoas, um efeito que se com-

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parou ao sono natural, mas que difere dele

essencialmente em muitos pontos. A princi-pal diferença consiste em que, neste estado,o pensamento se encontra inteiramentelivre, o indivíduo tem um conhecimentoperfeito de si mesmo e o corpo pode agircomo no estado normal, o que é devido aque a causa fisiológica do sono magnéticonão é a mesma que a do sono natural.Contudo o sono natural é um estado transi-tório que precede sempre o sono magnéti-co, a passagem de um a outro é um verda-deiro despertar da alma. Eis por que aque-les que são postos pela primeira vez emsonambulismo magnético respondem quasesempre não a esta pergunta: “dormis?” E,com efeito, visto que vêem e pensam livre-

mente, para eles isso não é dormir nosentido vulgar da palavra.

Superstição – por absurda que seja,uma idéia supersticiosa repousa quase

sempre sobre um fato real, mas que aignorância desnaturou, exagerou ou inter-

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pretou falsamente. Seria um erro pensar

que vulgarizar o conhecimento das manifes-tações espíritas é propagar superstições. Deduas coisas uma: ou esses fenômenos sãouma quimera, ou são reais. No primeirocaso seria razoável combatê-los. Mas, seexistem, como o demonstra a experiência,nada os impedirá de se produzirem. Comoseria pueril opor-se a fatos positivos! O quese deve combater não são os fatos, mas afalsa interpretação que a ignorância podedar-lhes. Sem dúvida, nos séculos remotos,eles foram origem de uma multidão desuperstições, como aliás, todos os fenôme-nos naturais, cuja causa era desconhecida.O progresso das ciências positivas de poucoem pouco destrói parte dessas superstições.

  A ciência espírita, sendo cada vez maisdivulgada, fará desaparecer as restantes.

Os adversários do Espiritismo apóiam-seno perigo que esses fenômenos represen-tam para a razão. Todas as causas capazesde abalar as imaginações fracas podem

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produzir a loucura. O que nos compete,

antes de tudo, é eliminar essa doença àqual chamamos medo. Ora, o meio deconseguir isto não é exagerar o perigofazendo crer que todas essas manifestaçõessão obra do diabo. Aqueles que propagamesta crença com o intuito de desacreditá-laerram completamente o alvo, pois queatribuir uma causa qualquer aos fenômenosespíritas é reconhecer-lhes a existência. Emsegundo lugar, querendo persuadir que odiabo é o único agente deles, afeta-seperigosamente o moral de certos indivíduos.Como não se impedirá que as manifestaçõesse produzam, mesmo entre aqueles que nãose quiserem ocupar com elas, essas pessoassó verão por toda parte, em redor de si,

diabos e demônios até nos fatos mais sim-ples, que tomarão por manifestações. E issonão deixará de lhes perturbar o cérebro.Tornar crível essa crença é propagar o maldo medo, em lugar de curá-lo. Nisto está o

verdadeiro perigo, nisto a superstição.

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Taumaturgo (do gr. thauma, thauma-

tos, maravilha, e ergon, obra) – fazedor demilagres: São Gregório Taumaturgo. Diz-se,às vezes, por ironia, daqueles que, com ousem razão, se gabam de ter o poder deproduzir fenômenos fora das leis da nature-za. É neste sentido que certas pessoasqualificam Swedenborg de taumaturgo.

Telegrafia humana – comunicação àdistância entre duas pessoas vivas, que seevocam reciprocamente. Esta evocação

provoca a emancipação da alma, ou doEspírito encarnado, que vem se manifestar epode comunicar seu pensamento pelaescrita ou por outro qualquer meio. OsEspíritos dizem-nos que a telegrafia humana

será um dia um meio usual de comunicação,quando os homens forem mais moralizados,menos egoístas e menos presos às coisasmateriais. Até que esse estado seja alcan-çado, a telegrafia humana será um privilégio

de almas de escol.

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te, todas essas almas particulares voltam à

fonte geral, sem conservar sua individuali-dade, como as gotas da chuva se confun-dem nas águas do oceano. Esta fonte co-mum é, para eles, o grande todo, o todouniversal. Esta doutrina é tão desalentadoraquanto o materialismo, uma vez que, sem aindividualidade depois da morte, é, semdúvida, como se não existíssemos. O Espiri-tismo é a prova patente do contrário. Mas aidéia do grande todo não implica, necessari-amente, a da fusão dos seres em um só.Um soldado que volta ao seu regimentoentra no todo coletivo, mas não deixa, porisso, de conservar sua individualidade. Omesmo se dá com as almas que entram nomundo dos Espíritos, que para elas é,

igualmente, um todo coletivo: o todo uni-versal. É neste sentido que deve ser enten-dida esta expressão na linguagem de certosEspíritos.

Transmigração (v. Reencarnação, Me-tempsicose).

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 Vidente – aquele ou aquela que é do-

tado de segunda-vista. Algumas pessoasdesignam sob este nome os sonâmbulosmagnéticos para melhor lhes caracterizar alucidez. Esta palavra, nesta última acepção,pouco mais vale do que o adjetivo invisívelaplicado aos Espíritos. Tem o inconvenientede não ser especial ao estado sonambúlico.Quando se tem um termo para exprimiruma idéia, é supérfluo criar outro. É preciso,sobretudo, evitar desviar as palavras de suaacepção consagrada.

* * *

Nota especial (do Tradutor desta ediçãoem português): 

ReligiãoOs estudiosos procuram em vão, na o-

bra de Kardec, uma acepção para a Religiãodos Espíritos. Também neste “Pequeno

  Vocabulário” Kardec foge a este vocábulo,de conotação cediça. Escrevendo na Revista

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Espírita de dezembro de 1868 (lembremo-

nos de que a presente obra foi redigida em1858, portanto dez anos antes), Kardecassim se expressa:

 “O Espiritismo é, então, uma religião?” 

  – Perfeitamente! Sem dúvida; no senti-

do filosófico é uma religião, e nós nosufanamos disso, porque ele é a doutrinaque fundamenta os laços da fraternidade eda comunhão, mas sobre as mais sólidasbases: As leis da própria Natureza.

 “Por que, então, declaramos que o Espi-ritismo não é uma religião?” 

  – Porque só temos uma idéia para ex-primir duas idéias diferentes e porque, naopinião geral, a palavra é inseparável de

  “culto”; revela exclusivamente uma idéia depráticas exteriores. E o Espiritismo não éisso. Se o Espiritismo se dissesse umareligião, o público só veria nele uma novaedição, uma variante, por assim dizer, dos

princípios absolutos em matéria de fé, uma

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casta sacerdotal com seu cortejo de hierar-

quias, de cerimônias e de privilégios. Opúblico não o separaria das idéias de misti-cismo e dos abusos, contra os quais suaopinião tem-se manifestado tantas vezes.

Não possuindo nenhum dos caracteres

de uma religião na acepção usual da pala-vra, o Espiritismo não poderia e nem deve-ria ornar-se com o título sobre o valor doqual, inevitavelmente, se estabeleceria aincompreensão. Eis por que ele se diz

simplesmente: “doutrina filosófica e moral”.Comentando estas palavras de AllanKardec, pronunciadas na Sociedade Espíritade Paris, a 1º de novembro de 1868, oprofessor J. Herculano Pires, reconhecido

em todo o Brasil como um dos grandesexegetas da obra de Allan Kardec, comprecisão assim se expressa:

  “A religião espiritual se define pelasuperação do social. Pestalozzi, mestre

de Kardec, considerava a existência de

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tempo de Kardec era ainda necessária,

principalmente numa obra de divulga-ção, como O Livro dos Espíritos, evitara palavra “religião”. Hoje a definição fi-losófica de religião superou as confu-sões anteriormente reinantes. O traba-lho de Bergson sobre as fontes da mo-ral e da religião colocou o problemaem termos claros. A “religião estática” de Bergson é a religião social de pesta-lozzi, como a “religião dinâmica” é a

 “religião espiritual, ou moralidade”.” 

Citando textualmente as palavras deKardec ante a Sociedade Espírita de Paris, oprofessor J. Herculano Pires conclui:

  “Essas palavras de Kardec, ao mes-mo tempo afirmam a natureza religiosado Espiritismo, já implícita na própriaCodificação, e negam a possibilidadede sua transformação em seita forma-lista. A religião-espírita reafirma, as-

sim, pelas declarações do próprio Codi-

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ficador, o seu sentido e sua natureza

espirituais, já evidentes no contextodoutrinário.” 

Por sua vez argüido quanto ao Espiri-tismo como Ciência-Filosofia-Religião, oEspírito Emmanuel, pela psicografia de

Chico Xavier, assim se exprime em O Conso-lador:

  “Religião é o sentimento Divino, cu-  jas exteriorizações são sempre o Amor,nas expressões mais sublimes. En-quanto a Ciência e a Filosofia operamo trabalho da experimentação e do ra-ciocínio, a Religião edifica e ilumina ossentimentos.

 As primeiras se irmanam na Sabedo-ria, a segunda personifica o Amor, asduas asas divinas com que a alma hu-mana penetrará, um dia, nos pórticossagrados da Espiritualidade.” 

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Quadro sinótico da nomenclatura

espírita especial

 Ver a explicação e a definição de cadauma destas palavras no VOCABULÁRIO

ESPÍRITA 

» DOUTRINA – Espiritismo; Espírita; Espiritista;

Espiritualismo; Espiritualista.

»

ESPÍRITOS

 • Natureza íntima dos Espíritos

– Espírito elementar; Perispírito.

• Estado dos Espíritos

– Encarnação; Erraticidade; Purezaabsoluta.

• Escala espírita ou diferentes ordens deEspíritos

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1ª ordem 1ª classe – Espíritos

puros2ª ordemBons Espíri-tos

2ª classe – Espíritossuperiores3ª classe – Espíritossensatos

4ª classe – Espíritossábios5ª classe – Espíritosbenfazejos

3ª ordem 10 Espíritosimperfeitos

6ª classe – Espíritosneutros7ª classe – Espíritospseudo-sábios8ª classe – Espíritoslevianos

9ª classe – Espíritosimpuros

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» EMANCIPAÇÃO DA ALMA OU DO ESPÍRITO

ENCARNADO – Sonho; Soniloquia; Sonambulismo

natural; Sonambulismo artificial oumagnético; Êxtase; Segunda-vista.

»

M ANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS – Aparentes: Vaporosas ou etéreas;

Tangíveis ou estereológicas.– Ocultas; Patentes; Físicas;

Inteligentes.– Espontâneas; Provocadas.

» COMUNICAÇÕES – Frívolas; Grosseiras; Sérias;

Instrutivas.

» MODOS DE COMUNICAÇÃO – Sematologia.– Tiptologia: Alfabética; Íntima; Por

movimento.– Psicografia: Direta; Indireta.

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– Pneumatofonia; Pneumatografia;

Psicofonia; Telegrafia humana.» MÉDIUNS OU AGENTES DAS MANIFESTAÇÕES 

– Médiuns: Naturais; Facultativos.– Médiuns de influências físicas:

Motores; Tiptológicos; Deaparições.– Médiuns de influências morais:

Escreventes ou psicógrafos;Pneumatógrafos; Desenhadores;

Músicos; Falantes; Comunicadores;Inspirados; De pressentimentos;  Videntes; Sensitivos ouimpressionáveis.

* * *

Nota especial (do Tradutor desta ediçãoem português)

Escala Espírita 

Na Escala Espírita publicada na versãodefinitiva de O Livro dos Espíritos foi incluí-

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Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas  110

da a classe dos Espíritos batedores e per-

turbadores (6ª classe), no início da 3ªordem. Com isto, a Escala Espírita passou aabranger 10 classes ao invés das novedescritas acima, no item “Escala espírita oudiferentes ordens de Espíritos”. (Vide OLivro dos Espíritos, 2ª Parte, Capítulo I -Dos Espíritos, itens 102 a 106.)

Desta forma, conforme a classificaçãodescrita na referida obra, a Escala Espíritaficou assim constituída:

1ª ordem 1ª classe – Espíritos puros

2ª ordemBons Espíri-tos

2ª classe – Espíritossuperiores3ª classe – Espíritos sensa-tos4ª classe – Espíritos sábios5ª classe – Espíritosbenfazejos

3ª ordem ª – -

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Espíritos

imperfeitos

dores e perturbadores

7ª classe – Espíritos neu-tros8ª classe – Espíritos pseu-do-sábios9ª classe – Espíritos levia-

nos10ª classe – Espíritosimpuros

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I

Escala espírita

De todos os princípios fundamentais dadoutrina espírita, um dos mais importantesé, sem contradição, o que estabelece asdiferentes ordens de Espíritos. No princípiodas manifestações imaginou-se que um

ente, pelo fato mesmo de ser um Espírito,devia possuir a ciência infusa 11 e a supre-ma sabedoria. Em vista disso muitas pesso-as se julgaram de posse de um meio infalí-vel de adivinhação. E este erro deu lugar a

muitas desilusões. Em pouco tempo aexperiência fez conhecer que o mundoinvisível está longe de comportar somenteEspíritos superiores. Eles próprios nos fazemsaber que não são iguais nem em saber,

nem em moralidade, e que sua elevaçãodepende do grau de perfeição a que chega-

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ram. Traçaram os caracteres distintivos

desses diferentes graus que constituemaquilo a que denominamos Escala Espírita.Desde então ficaram explicadas a diversida-de e as contradições da sua linguagem ecompreendeu-se que entre os Espíritos,como entre os homens, para tomar-se umainformação segura não basta dirigir-se aoprimeiro que se encontra.

Essa escala nos dá, assim, a chave deuma multidão de fenômenos e de anomalias

aparentes, para as quais, sem isto, seriadifícil, senão impossível, encontrar explica-ção. Ela nos interessa, além disso, pessoal-mente, uma vez que pertencemos, pornossa alma, ao mundo espiritual, ao qualvoltamos ao deixar a vida corpórea, e nosmostra, assim, o caminho a seguir parachegarmos à perfeição e ao bem supremo.

Do ponto de vista da ciência prática, elanos oferece a maneira de julgar os Espíritos

que se apresentam nas manifestações eainda de apreciar o grau de confiança que

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sua linguagem deve inspirar. Esse estudo

exige uma observação atenta e constante. Épreciso tempo e experiência para aprendera conhecer os homens: não se exige menospara aprender a conhecer os Espíritos.

  A escala espírita compreende três or-

dens principais, indicadas pelos Espíritos eperfeitamente caracterizadas. Como essasordens apresentam, cada uma, diferentesgradações, nós a subdividimos em váriasclasses qualificadas pelo caráter dominante

dos Espíritos que delas fazem parte. Estaclassificação, de resto, nada tem de absolu-to. Cada categoria só oferece um caráterdelimitado em seu conjunto, mas de umgrau a outro o matiz se atenua, como nosreinos da natureza as cores do arco-íris, ou,ainda, os diferentes períodos da vida. Devinte a quarenta anos o homem sofre umamudança notável; aos vinte anos é umrapaz; aos quarenta é um homem feito;mas entre essas duas fases da vida seriaimpossível estabelecer uma linha precisa de

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demarcação e dizer onde acaba uma e onde

começa a outra. O mesmo se dá entre osgraus da escala espírita. Faremos observar,além disso, que os espíritos não pertencemsempre exclusivamente a tal ou tal classe.Seu progresso realiza-se gradualmente e,muitas vezes, mais em um sentido do queem outro. Assim, eles podem reunir oscaracteres de várias categorias, o que é fácilde reconhecer pela sua linguagem e pelosseus atos.

Começamos a escala pelas ordens infe-riores, pois que este é o ponto de partidados Espíritos que se elevam gradativamentedas últimas às primeiras classes.

Terceira ordem – Espíritos imperfeitosCaracteres gerais – predominância da

matéria sobre o espírito; propensão para omal; ignorância, orgulho, egoísmo e todasas más paixões que são as conseqüênciasdisso.

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Nem todos são essencialmente maus;

em alguns há mais leviandade, irreflexão emalícia do que verdadeira maldade. Uns nãofazem o bem nem o mal; mas só pelo fatode não fazerem o bem, denotam sua inferio-ridade. Outros, ao contrário, se comprazemno mal e ficam satisfeitos quando encon-tram ocasião de praticá-lo. Podem aliar ainteligência à maldade ou à malícia; masqualquer que seja o seu desenvolvimentointelectual, suas idéias são pouco elevadas eseus sentimentos mais ou menos abjetos.

Os seus conhecimentos acerca do mun-do espiritual são limitados e o pouco quedele sabem se confunde com as idéias e ospreconceitos da vida material. Por essemotivo só podem fornecer noções falsas eincompletas da vida nos planos do espírito.Todavia o observador atilado quase semprepode colher, em suas comunicações, aindaque imperfeitamente, a confirmação dasgrandes verdades ensinadas pelos Espíritossuperiores.

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Pela linguagem se lhes revela o caráter.

Todo Espírito que, em suas comunicações,trai um mau pensamento, pode ser colocadona terceira ordem; por conseguinte, todomau pensamento que nos é intuído nos vemde um Espírito desta ordem.

Eles assistem à felicidade dos bons e is-so constitui para eles um tormento inces-sante, pois que experimentam todas asagonias que a inveja e o ciúme podemproduzir.

Conservam a lembrança e a percepçãonos sofrimentos da vida corporal e estaimpressão é, não raro, mais penosa do quea realidade. Desta forma sofrem, efetiva-mente, tanto por seus males antigos e

pessoais quanto por aqueles que fizeramaos outros padecer. E como esse sofrimentoé duradouro, eles o supõem eterno. Deus,para puni-los, quer que assim o creiam.

Podem ser divididos em quatro classes

principais:12

 

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• Nona classe: ESPÍRITOS IMPUROS –

são inclinados ao mal e dele fazem oobjeto de suas preocupações. ComoEspíritos, dão conselhos pérfidos, insu-flam a discórdia e a desconfiança elançam mão de todas as máscaras pa-ra melhor enganar. Ligam-se aos ho-mens de caráter bastante fraco paracederem às suas sugestões a fim deimpeli-los à perdição, satisfeitos comlhes poderem retardar o adiantamento,fazendo-os sucumbir nas provas porque passam.

Nas manifestações dão-se a conhe-cer pela sua linguagem. A trivialidade ea grosseria das expressões, nos Espíri-tos como nos homens, é sempre umindício de inferioridade moral, quandonão intelectual. Suas comunicações re-velam a baixeza de suas inclinações, ese querem enganar falando de ummodo sensato, não podem sustentar

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por muito tempo o papel e acabam

sempre por trair sua origem.Certos povos fizeram deles divinda-des malfazejas, outros os designamsob os nomes de demônios maus, Es-píritos do mal.

Quando encarnados, os seres vivosque eles constituem são inclinados atodos os vícios que as paixões vis edegradantes engendram: a sensualida-de, a crueldade, a trapaça, a hipocrisi-

a, a cupidez, a inveja, a avareza sórdi-da. Entregam-se ao mal pelo simplesprazer de praticá-lo, as mais das vezessem motivo; e, por ódio ao bem, esco-lhem quase sempre suas vítimas entre

as pessoas honestas. São flagelos paraa Humanidade, seja qual for a classesocial a que pertençam; e o verniz dacivilização não os isenta do opróbrio eda ignomínia.

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• Oitava classe: ESPÍRITOS LEVIANOS –

são ignorantes, malignos, inconse-qüentes e motejadores. Intrometem-secom tudo, a tudo respondem, semconsideração à verdade. Comprazem-se em ocasionar pequenos sofrimentose pequenas alegrias, em fazer intrigas,em induzir maliciosamente ao erro pormistificações e travessuras. A estaclasse pertencem os Espíritos vulgar-mente designados pelos nomes de du-endes, gnomos, trasgos. Estão sob adependência dos Espíritos superiores,que muitas vezes os utilizam como fa-zemos com os serviçais e operários.

Mais do que outros, parecem ligadosà matéria e surgem como os agentesprincipais das comoções dos elementosdo globo, quer habitem o ar, a água, ofogo, os corpos duros ou as entranhasda Terra. Manifestam sua presença porefeitos sensíveis, tais como pancadas,movimento e deslocamento anormal

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dos corpos sólidos, agitação do ar,

etc., o que fez dar-se-lhes o nome deEspíritos batedores ou perturbadores.Reconhece-se que esses fenômenosnão são devidos a uma causa fortuita enatural, quando têm um caráter inten-cional e inteligente. Todos os Espíritospodem produzir esses fenômenos, masos Espíritos elevados os deixam, emgeral, à atribuição dos Espíritos inferio-res, mais aptos para as realizações nocampo material do que no campo dainteligência.

Nas comunicações com os homens,a linguagem deles é, ocasionalmente,espirituosa e faceta, mas quase sem-pre sem profundidade; apreendem asextravagâncias e os ridículos, que ex-primem em ditos mordazes e satíricos.Se tomam nomes falsos, é mais pormalícia do que por maldade.

• Sétima classe: ESPÍRITOS PSEUDO-SÁBIOS – seus conhecimentos são bas-

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tante extensos, mas julgam saber mais

do que em realidade sabem. Tendo fei-to algum progresso em vários ramosdo conhecimento, sua linguagem temum caráter sério que pode enganarquanto à sua capacidade real e eleva-ção. Todavia, o mais das vezes, tudoisso não passa de um reflexo dos pre-conceitos e das idéias sistemáticas davida terrena, uma associação de umaspoucas verdades com os erros maisabsurdos em meio aos quais se reve-lam a presunção, o orgulho, o ciúme ea obstinação de que não se puderamdespir.

• Sexta classe: ESPÍRITOS NEUTROS –

não são nem bastante bons para faze-rem o bem, nem bastante maus parapraticarem o mal. Inclinam-se tantopara um como para o outro e não seelevam acima da condição vulgar da

Humanidade, tanto em relação ao mo-ral quanto em relação à inteligência.

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 Apegam-se às coisas deste mundo, cu-

  jas grosseiras alegrias lhes causamsaudades.

Segunda ordem – Bons Espíritos

Caracteres gerais – predominância doEspírito sobre a matéria; desejo de praticaro bem. Sua qualificação e poder para reali-zar o bem estão em proporção ao grau aque chegaram: uns têm a sabedoria e abondade; os mais adiantados reúnem osaber às qualidades morais. Não sendoainda completamente desmaterializados,conservam mais ou menos, segundo suaclasse, os vestígios da existência corporal,quer na linguagem, quer em seus hábitos,

nos quais se encontram mesmo algumas desuas manias, sem o que seriam Espíritosperfeitos.

Compreendem Deus e o infinito e já go-zam da felicidade dos bons. São felizes pelobem que praticam e pelo mal que impedem.

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O amor que os une é, para eles, a fonte de

sua felicidade inefável, a qual não alteramnem a inveja, nem os pesares, nem osremorsos, nem nenhuma das paixões másque atormentam os Espíritos imperfeitos.Entretanto todos têm ainda que passarpelas provações até que tenham atingido aperfeição absoluta.

Como Espíritos suscitam bons pensa-mentos, desviam os homens do caminho domal, protegem na vida os que disto se

fazem dignos e neutralizam a influência dosEspíritos imperfeitos nas pessoas que nãose comprazem em sofrê-la.

Quando encarnados, são bons e bene-volentes para com os seus semelhantes.

Não são movidos pelo orgulho, o egoísmo, aambição; não experimentam o ódio nem orancor, nem a inveja, nem o ciúme, e prati-cam o bem pelo bem.

  A esta ordem pertencem os Espíritos

designados, nas crenças vulgares, pelosnomes de bons gênios, Espíritos protetores,

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anjos da guarda, Espíritos do bem. Nos

tempos de superstição e ignorância fizeram-se deles divindades benfazejas.

Pode-se igualmente dividi-los em quatrogrupos principais:

• Quinta classe: ESPÍRITOS BENFAZEJOS 

 – sua qualidade dominante é a bonda-de. Comprazem-se em prestar serviçosaos homens e em protegê-los, porémseu saber é limitado; seu progresso sefez mais no sentido moral do que no

intelectual.• Quarta classe: ESPÍRITOS SÁBIOS – o

que os distingue especialmente é a ex-tensão dos seus conhecimentos. Preo-

cupam-se menos com questões moraisdo que com questões científicas, paraas quais têm maior aptidão. Mas nãoencaram a ciência senão do ponto devista da utilidade, e não a desvirtuamcom nenhuma das paixões que são ocaracterístico dos Espíritos imperfeitos.

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• Terceira classe: ESPÍRITOS SENSATOS 

 – as qualidades de ordem mais elevadaconstituem seu caráter distintivo. Sempossuírem conhecimentos ilimitados,são dotados de uma capacidade inte-lectual que lhes permite um julgamen-to sadio dos homens e das coisas.

• Segunda classe: ESPÍRITOS SUPERIO-

RES – reúnem a ciência, a sabedoria ea bondade. Sua linguagem só respirabenevolência; é, via de regra, digna,

elevada, freqüentemente sublime. Suasuperioridade os torna, mais do que osoutros, aptos para nos darem as no-ções mais exatas sobre as questões domundo incorpóreo, nos limites do que

é permitido ao homem conhecer. Co-municam-se de boa vontade comaqueles que procuram a verdade deboa fé, e cuja alma estásuficientemente desprendida dos laços

terrenos para compreendê-la. Todaviaafastam-se dos que são unicamentemovidos pela curiosidade ou daqueles

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Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas  127

curiosidade ou daqueles que a influên-

cia da matéria desvia da prática dobem.

Quando, por exceção, se encarnamna Terra, é para realizar aqui uma mis-são de progresso. Oferecem-nos, en-

tão, o protótipo da perfeição a que ahumanidade pode aspirar neste mun-do.

Primeira ordem – Puros Espíritos

Caracteres gerais – nenhuma influênciada matéria. Superioridade intelectual emoral absoluta em relação aos Espíritos dasoutras ordens.

• Primeira classe: CLASSE ÚNICA –percorreram todos os graus da escalae se despiram de todas as impurezasda matéria. Tendo atingido a soma deperfeição de que é susceptível a criatu-

ra, não mais têm que sofrer nem pro-

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Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas  128

vações nem expiações. Não estando

mais sujeitos à reencarnação em cor-pos mortais, encontram-se na vida e-terna, no seio de Deus.

Gozam de uma felicidade inalterá-vel, pois que não estão sujeitos nem

às necessidades nem às vicissitudes davida material. Essa felicidade, entre-tanto, não é uma ociosidade monótonapassada em uma contemplação perpé-tua. Eles são os mensageiros e os mi-

nistros de Deus, cujas ordens execu-tam para manutenção da harmonia u-niversal. Orientam todos os espíritosque lhes são inferiores, ajudam-nos ase aperfeiçoarem e designam-lhes asmissões. Assistir os homens na adver-sidade, incitá-los ao bem ou à expiaçãodas faltas que os afastam da felicidadesuprema é para eles uma doce ocupa-ção. São designados, algumas vezes,pelos nomes de anjos, arcanjos ouserafins.

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Os homens podem entrar em comu-

nicação com eles, mas bem presunço-so seria aquele que pretendesse tê-losconstantemente às suas ordens.

É sem razão que certas pessoas osdesignam por Espíritos incriados. Espí-

ritos incriados seriam de toda a eterni-dade, como Deus; ou se no Universopudessem existir seres independente-mente da vontade de Deus. Deus nãoteria a onipotência. Espíritos se servi-

ram desta expressão, mas não nestesentido. Referiam-se deste modo a Es-píritos que não mais se encarnarão eque, deste ponto de vista, não serãomais criados como homens. O termo éimpróprio, pois dá lugar a uma falsainterpretação. Este é o inconvenientede nos aferrarmos à letra sem investi-gar o pensamento (v. Anjo).

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I I

Manifestações espíritas

 Ação oculta

Os Espíritos atuam freqüentes vezes, ànossa revelia, sobre o nosso pensamento.Solicitam-nos a fazermos tal ou tal coisa.

Cremos agir espontaneamente e não faze-mos mais do que ceder a uma sugestãoestranha.

Disto não se deve inferir que não somosdotados de iniciativa; longe disto: o Espírito

encarnado tem sempre o seu livre arbítrio.Ele não faz, em definitivo, senão o que quere, as mais das vezes, segue seu impulsopessoal. Para que se tenha uma idéia damaneira como se passam as coisas, é preci-

so representarmos nossa alma desprendida

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dos seus laços pela emancipação, o que

sempre se dá durante o sono, haja ou nãosonho, e todas as vezes que há entorpeci-mento dos sentidos, ocasionalmente duran-te a vigília. Ela entra então em comunicaçãocom os outros Espíritos, como uma pessoaque sai de sua casa para a de um vizinho(permitam-nos a comparação familiar).Estabelece-se então entre eles uma espéciede conversação, ou, para falar mais exata-mente, uma troca de pensamentos. A influ-ência do Espírito estranho não é umconstrangimento, mas uma espécie deconselho que ele dá a nossa alma, conselhoque pode ser mais ou menos sensato,segundo a natureza do Espírito, e que aalma tem a liberdade de seguir ou rejeitar,

mas que ela pode melhor apreciar quandonão está mais sob o império das idéias quea vida de relação suscita. É por isso que sediz que a noite é boa conselheira.

Não é sempre fácil distinguir o pensa-mento sugerido do pensamento pessoal,

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pois que, habitualmente, eles se confun-

dem. Entretanto presume-se que ele nosvem de uma fonte estranha quando éespontâneo, quando surge em nós comouma inspiração e está em oposição com anossa maneira de ver. Nosso julgamento enossa consciência nos fazem conhecer seele é bom ou mau.

Manifestações ostensivas

  As manifestações ostensivas diferemdas manifestações ocultas por serem apre-ciáveis pelos nossos sentidos. Elas constitu-em, propriamente falando, todos os fenô-menos espíritas que se nos apresentam sobas mais variadas formas.

Manifestações físicas

  Assim se denominam as manifestaçõesque se limitam a fenômenos materiais, tais

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como ruídos, movimento e deslocamento de

objetos. Elas não comportam, as mais dasvezes, nenhuma intenção direta: seu objeti-vo é chamar nossa atenção para algumacoisa e convencer-nos da presença de umaforça superior ao homem. Para muitaspessoas estas espécies de manifestaçõessão apenas um objeto de curiosidade. Parao observador cuidadoso são, quando me-nos, a revelação de um poder desconhecido,digno, em todo caso, de um estudo sério.

Os mais simples efeitos desse gênerosão as pancadas vibradas sem causa osten-siva conhecida, e o movimento circular deuma mesa ou de um objeto qualquer, comou sem imposição das mãos. Entretantopodem adquirir proporções muito maisestranhas: as pancadas se dão, eventual-mente, por todos os lados e com umaintensidade que degenera em verdadeiroalvoroço; os móveis são movimentados,virados de pernas para o ar, elevados dosolo; os objetos transportados de um lugar

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para o outro à vista de todos; as cortinas

puxadas; as cobertas dos leitos arrancadas;as campainhas postas em funcionamento.Compreende-se que, quando se produzemtais fenômenos, certas pessoas lhes tenhamatribuído uma origem diabólica. Um estudoatento deu cabo dessa crença supersticiosa.

 Voltaremos a ela mais tarde.

Manifestações inteligentes

Se os fenômenos de que acabamos defalar se tivessem limitado a efeitos materi-ais, não há dúvida que se poderia tê-losatribuído a uma causa puramente física, àação de algum fluido cujas propriedades nossão ainda desconhecidas. O mesmo não se

pode dizer quando eles oferecem sinaisincontestáveis de inteligência. Ora, se todoefeito tem uma causa, todo efeito inteligen-te tem uma causa inteligente. É fácil distin-guir-se em um objeto que se agita o movi-

mento simplesmente mecânico do movimen-

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to intencional. Se este objeto, pelo ruído ou

pelo movimento, faz um sinal, é evidenteque há intervenção de uma inteligência.Como a razão nos diz que o próprio objetomaterial não é inteligente, concluímos queele é movido por uma causa inteligenteestranha. Tal é o caso dos fenômenos deque nos ocupamos.

Se as manifestações puramente físicas,de que acabamos de falar, são de naturezaa nos captar o interesse, com maior razão

tal se daria quando elas nos revelam apresença de uma inteligência oculta, poisque, então, não é mais simplesmente umcorpo inerte que temos diante de nós,porém um ser capaz de nos compreender ecom o qual podemos estabelecer uma trocade pensamentos. Concebe-se então que ométodo de experimentação deve ser com-pletamente diverso do que seria se setratasse de um fenômeno essencialmentematerial, e que nossos processos de labora-tório são impotentes para explicar fatos que

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pertencem à ordem intelectual. Não se pode

cogitar aqui de análises nem de cálculosmatemáticos de forças. Ora, é precisamenteesse o erro em que caiu a maior parte doscientistas. Julgaram-se em presença de umdesses fenômenos que a ciência reproduz àvontade e sobre o qual pode-se operarcomo sobre um sal ou um gás. Não que issolhes diminua o saber e a capacidade. Men-cionamos apenas que se enganaram crendopoder colocar os Espíritos em uma retorta,como o espírito do vinho.13 Os fenômenosespíritas, tanto quanto as questões dateologia e da metafísica, não são da alçadadas ciências exatas.

Manifestações aparentes

  As manifestações aparentes mais co-muns ocorrem durante o sono, através dossonhos: são as visões. Os sonhos nuncaforam explicados pela ciência. Ela supõe ter

dito tudo atribuindo-os a um efeito da

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imaginação. Mas não nos diz o que é a

imaginação, nem como ela produz essasimagens tão claras e tão nítidas, que nosaparecem às vezes. Isso, parece-nos, équerer explicar uma coisa que não é conhe-cida por outra que não o é mais. A questãopersiste, pois, inteiramente.

O sonho é, diz-se, uma lembrança daspreocupações da véspera. Entretanto,mesmo admitindo esta explicação, que nãoé uma explicação, restaria ainda saber no

que consiste esse espelho mágico queconserva assim a impressão das coisas.Como explicar, sobretudo, essas visões deelementos reais, que nunca vimos no estadode vigília e nos quais nunca pensamos? Só oEspiritismo podia fornecer-nos a chavedesse fenômeno extravagante, que passadesapercebido pela causa mesma de suavulgaridade, como todas as maravilhas danatureza que calcamos aos pés.14 Não podeentrar em nosso programa examinar todasas particularidades que os sonhos apresen-

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tam. Resumimos dizendo que eles podem

ser: uma visão atual, de coisas presentes ouausentes; uma visão retrospectiva do pas-sado; e, em alguns casos excepcionais, umpressentimento do futuro. São também,outras vezes, quadros alegóricos que osEspíritos fazem passar diante de nossosolhos para nos dar advertências úteis econselhos salutares, se são bons Espíritos,ou para nos induzir ao erro e nos lisonjea-rem as paixões, se são Espíritos imperfeitos.

  As pessoas que vemos em sonho são,pois, verdadeiras visões. Se sonhamos maisfreqüentemente com as que preocupam onosso pensamento, é que este último é umveículo de evocação, e por ele chamamos anós Espíritos dessas pessoas, quer estejamelas mortas, quer estejam vivas.

Pensamos que seria uma descortesia aobom senso de nossos leitores refutar tudoquanto há de absurdo e de ridículo no que

se denomina vulgarmente interpretação dossonhos.

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  As aparições propriamente ditas se dão

no estado de vigília e quando estamosdesfrutando da plenitude e da inteira liber-dade de nossas faculdades. É sem contradi-ção o gênero de manifestação mais própriopara excitar a curiosidade, mas é também omenos fácil de ser obtido. Os Espíritospodem manifestar-se ostensivamente dediversas maneiras. Algumas vezes sob aforma de chamas ligeiras ou de clarões maisou menos brilhantes, que nenhuma analogiatêm, quer pelo aspecto, quer pelas circuns-tâncias em que se produzem, com os fogosfátuos e outros fenômenos físicos, cujacausa está perfeitamente demonstrada.Outras vezes tomam os traços de umapessoa conhecida, ou desconhecida, sobre

cuja individualidade podemos nos iludir,conforme as idéias de que estivermosimbuídos. Constituem-se então em imagensvaporosas, etéreas, que não encontramobstáculo algum nos corpos sólidos. Os

fatos desse gênero são numerosos. Antes,

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porém, de atribuí-los à imaginação ou à

superstição, é preciso levar em conta ascircunstâncias em que se produziram, aposição e, sobretudo, o caráter do narrador.

Em certos casos a aparição se tornatangível, isto é, adquire momentaneamente,

sob o império de certas circunstâncias, aspropriedades da matéria sólida. Não é maisentão pelos olhos que se verifica a realidadedelas, mas pelo tato. Se se podia atribuir àilusão ou a uma espécie de fascinação a

aparição simplesmente visual, a dúvida nãoé permitida quando se pode tocá-la, pegá-la, apalpá-la, quando ela mesma vos pega evos aperta.15 

Manifestações espontâneas  A maior parte dos fenômenos de que

acabamos de falar, principalmente os quepertencem ao gênero das manifestaçõesfísicas e aparentes, podem produzir-seespontaneamente, isto é, sem que a vonta-

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de tenha alguma parte nisso. Em outras

circunstâncias eles podem ser provocadospela vontade de pessoas chamadas mé-diuns, dotadas, para esse fim, de um poderespecial.

  As manifestações espontâneas não são

raras, nem novas. Poucas são as crônicaslocais que não encerram alguma históriadesse gênero. O medo, sem dúvida, exage-rou muitas vezes os fatos, que assumiramproporções gigantescamente ridículas,

passando de boca em boca. Com o auxílioda superstição, as casas onde eles se passa-ram ganharam a reputação de assombradaspelo diabo. E, daí, todos os contos maravi-lhosos ou terríveis de almas do outro mun-do. De seu lado a velhacaria não deixouescapar tão bela ocasião de explorar acredulidade, e isso muitas vezes em provei-to de interesses pessoais. Pode-se imaginar,de resto, a forte impressão que fatos dessegênero, mesmo reduzidos à realidade,podem produzir em caracteres fracos e

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predispostos, pela educação, às idéias

supersticiosas. O meio mais seguro de evitaros inconvenientes que eles poderiam ter,visto que não os podemos impedir, é fazerconhecer a verdade. As coisas mais simplestornam-se terrificantes quando sua causa édesconhecida. Quando nos tivermos familia-rizado com os Espíritos e aquelas a quemeles se manifestam não acreditarem maister uma legião de demônios engarupadosem suas costas, o medo estará definitiva-mente banido.

  As manifestações espontâneas se pro-duzem muito raramente em locais isolados.É quase sempre em casas habitadas queelas se dão e motivadas pela presença decertas pessoas que exercem uma especialinfluência sem o perceberem. Essas pessoassão verdadeiros médiuns, embora não osaibam, e por essa razão denominá-las-emos médiuns naturais. Elas são, em rela-ção aos outros médiuns, o que os sonâmbu-los naturais são para os sonâmbulos magné-

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ticos e igualmente dignas de observar-se.

Por essa razão concitamos as pessoas quese ocupam com os fenômenos espíritas arecolherem todos os fatos que lhes vieremao conhecimento, mas, sobretudo, a lhesverificarem, cuidadosamente, a realidade,para evitar tornarem-se vítimas da ilusão oudo embuste, o que só se pode alcançar poruma observação consciente.

Devemo-nos precaver não somente con-tra narrações que podem estar eivadas

mesmo de mínimos exageros, mas tambémcontra nossas próprias impressões, e nãoatribuirmos a uma origem oculta tudoquanto não compreendemos. Uma infinida-de de causas muito simples e muito naturaispodem produzir efeitos estranhos à primeiravista, e seria uma verdadeira superstiçãover por toda parte Espíritos ocupados emderrubar móveis, quebrar louças, suscitar,enfim, mil e uma perturbações domésticasque, mais racionalmente, devem ser levadasà conta do desmazelo.

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O que se deve fazer em tal caso é pro-

curar a causa, e pode-se apostar cemcontra um, que se descobrirá uma bemsimples onde se julgava estar às voltas comum Espírito perturbador. Quando se produzum fenômeno inexplicado, o primeiro pen-samento que devemos ter é que ele édevido a uma causa material, pois que é amais provável, e não admitir a intervençãodos Espíritos senão com perfeito conheci-mento. Aquele que, por exemplo, sem queninguém se lhe aproxime, recebe umabofetada ou bengalada nas costas, como éevidente, não pode duvidar da presença deum ser invisível.

De todas as manifestações espíritas, asmais freqüentes e mais simples são osruídos e as pancadas. É aqui, sobretudo,que se deve temer a ilusão, pois que umamultidão de causas naturais podem produzi-las: o vento que assobia ou agita um objeto,um corpo que nós mesmos movemos sem operceber, um efeito acústico, um animal

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oculto, um inseto, etc., até mesmo as

artimanhas de um caçoador inoportuno. Osruídos espíritas têm, aliás, um caráterparticular, tomando embora um timbre euma intensidade muito variadas, que ostornam facilmente reconhecíveis e nãopermite confundi-los com o estalo da madei-ra que se movimenta, o crepitar do fogo ouo tique-taque monótono de um relógio deparede. São pancadas deliberadamentedesferidas, ora surdas, fracas e ligeiras, oraclaras, distintas, algumas vezes ruidosas,que mudam de lugar e se repetem sem teruma regularidade mecânica. De todos osmeios de controle, o mais eficaz, o que nãopode deixar dúvida sobre a origem dasmanifestações, é a sua obediência ao co-

mando do experimentador. Se as pancadasse fazem ouvir no local designado; se elasrespondem ao pensamento através deseqüências estabelecidas ou por sua inten-sidade, não se pode negar-lhes uma causa

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inteligente. Entretanto, a não obediência

não é sempre uma prova em contrário.  Admitamos agora que, por uma investi-gação minuciosa, se adquira a certeza deque os ruídos ou quaisquer efeitos sãomanifestações reais! É racional atemorizar-

se? Não, certamente, pois que não podehaver neles, em caso algum, o menor perigoe tão-somente as pessoas adrede impres-sionadas com a idéia de que é o diabo queos motiva podem impressionar-se de um

modo pernicioso, como as crianças às quaisse faz medo com o lobisomem ou o bichopapão.

Essas manifestações adquirem, em cer-tas circunstâncias, é preciso convir, propor-

ções e persistência desagradáveis, desper-tando o desejo, muito natural, de noslivrarmos delas. Torna-se necessária umaexplicação a esse respeito.

Dissemos que as manifestações físicas

têm por fim despertar nossa atenção econvencer-nos da presença de um poder

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superior ao do homem. Dissemos também

que os Espíritos elevados não se ocupamcom esta espécie de manifestações. Eles seservem dos Espíritos inferiores para produzi-las, como nós nos servimos de nossosserviçais para os trabalhos mais pesados, eisto com a finalidade que acabamos demencionar. Uma vez atingido esse fim,cessa a manifestação material, já que não émais necessária. Um ou dois exemplos farãomelhor compreender o processo. No princí-pio de meus estudos sobre o Espiritismo,estando ocupado, certa noite, com umtrabalho relacionado a esta matéria, fize-ram-se ouvir pancadas em redor de mim nodecorrer de quatro horas consecutivas. Eraa primeira vez que tal coisa me acontecia.

  Verifiquei que elas não tinham nenhumacausa acidental, mas, no momento, nãopude saber mais nada. Nessa época eutinha a oportunidade de encontrar,constantemente, um excelente médium

psicógrafo. Logo no dia seguinte, interro-guei o Espírito que se comunicava por seu

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que se comunicava por seu intermédio a

respeito da causa das pancadas. – Era – foi-me respondido – teu Espíritofamiliar que queria falar-te.

 – E que desejava ele dizer-me?

  – Tu mesmo podes perguntar-lhe, pois

ele se encontra aqui.Tendo eu interrogado esse Espírito, ele

se deu a conhecer sob um nome alegórico(eu soube depois, por outros Espíritos, quefora o de um ilustre filósofo da antigüida-de). Ele assinalou-me erros em meu traba-lho, indicando as linhas onde se encontra-vam. Deu-me úteis e sábios conselhos eacrescentou que estaria sempre comigo eatenderia ao meu apelo todas as vezes que

eu necessitasse interrogá-lo. Desde então,com efeito, esse Espírito nunca mais meabandonou. Deu-me inúmeras provas deuma grande superioridade e sua intervençãobenfazeja e eficaz se manifestou em meu

favor tanto no tocante aos negócios da vida

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material quanto relativamente às questões

espirituais. Mas, desde a nossa primeiraconversa, cessaram as pancadas. Quedesejava ele com efeito? Entrar em comuni-cação regular comigo? Para isso era neces-sário avisar-me. Sem dúvida, não foi elequem veio, em pessoa, bater em minhacasa. Provavelmente disso teria encarregadoum emissário às suas ordens. Dado o aviso,oferecida sua explicação, estabelecidas asrelações regulares, tornavam-se inúteis aspancadas, motivo pelo qual cessaram. Nãose rufa mais o tambor para despertar ossoldados uma vez que eles estão de pé.

  Aconteceu a um dos nossos amigos umfato mais ou menos semelhante. Haviaalgum tempo seu quarto ressoava comruídos diversos que se tornavam muitofatigantes. Tendo-se apresentado ocasiãopara interrogar o Espírito de seu pai, atra-vés de um médium escrevente, ele soube oque se desejava dele, fez o que lhe foirecomendado e desde então nada mais

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ouviu. Deve-se notar que as pessoas que

não têm com os Espíritos um meio regular efácil de comunicação assistem muito maisraramente a manifestações desse gênero, eisto por motivos óbvios.

Os Espíritos que assim se manifestam

podem, igualmente, atuar por sua própriaconta. São, muitas vezes, Espíritos sofredo-res que pedem assistência moral (v. Prece,no Vocabulário Espírita). Quando podemtraduzir seu pensamento de um modo mais

inteligível, pedem essa assistência da ma-neira que lhes era familiar em vida, ou queestá nas idéias e nos hábitos daqueles aquem eles se dirigem, pois pouco importaessa forma, contanto que a intenção partado coração.

Em resumo, o meio de fazer cessar ma-nifestações importunas é procurar entrar emcomunicação inteligente com o Espírito quevem nos perturbar, a fim de saber quem é

ele e o que quer. Satisfeito o seu desejo, elenos deixa em sossego. É como alguém que

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III

Comunicações espíritas

Toda manifestação que revela uma in-tenção ou uma vontade é, por isso mesmo,como dissemos, inteligente em maior oumenor grau. É esta, pois, uma qualificaçãogenérica que distingue estas espécies de

comunicações das que são puramentemateriais. Quando o aperfeiçoamento dessainteligência permite uma troca recíproca econtínua de pensamentos, obtêm-se comu-nicações regulares, cujo caráter permite

  julgar o Espírito que se manifesta. Elasserão, conforme a forma como são vazadase seu conteúdo: frívolas, grosseiras, sérias ou instrutivas (v. Comunicações, no Vocabu-lário Espírita). Esta distinção é, aqui, de

uma grande importância, pois que nospermite avaliar a superioridade ou a inferio-

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ridade que os Espíritos sempre revelam.

Conhecem-se os homens pela linguagem. Omesmo se dá relativamente aos Espíritos.Ora, quem quer que esteja bem inteiradodas qualidades distintivas de cada uma dasclasses da Escala Espírita, poderá, semdificuldade, classificar todo e qualquerEspírito que se apresente na ordem que lhecabe, assim como o grau de estima econfiança que deve merecer. Se aexperiência não viesse apoiar este princípio,bastaria o bom senso para demonstrá-lo.Estabelecemos, pois, como regra invariávele sem exceção, que a linguagem dosEspíritos está sempre na razão do grau desua elevação. A dos Espíritos realmentesuperiores é constantemente grave, digna,

nobre. Faz-se sublime quando o assunto oexige. Essas entidades não apenasexprimem pensamentos da mais altaelevação, mas, igualmente, empregam umalinguagem que exclui, da maneira mais

absoluta, toda trivialidade. Por maisexpressiva que seja a mensagem, se estiver

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estiver comprometida por uma única ex-

pressão que indique baixeza, é isto um sinalindubitável de inferioridade; com maiorrazão assim se julgará se o conjunto damanifestação ofender às conveniências porsua grosseria. A linguagem revela sempreaquele que a expressa, quer pelo pensa-mento que traduz, quer pela forma, emesmo que um Espírito queira nos enganarquanto à sua pretensa superioridade, bastaconversar com ele por algum tempo parasurpreender-lhe a ponta da orelha.16 O fatoseguinte reproduziu-se muitas vezes nodecorrer dos nossos longos e numerososestudos. Conversávamos com um Espíritocujo caráter e linguagem nos são bemconhecidos. Outro Espírito, mais ou menos

elevado, se achava presente e, inesperada-mente, sem que se lhe dirigíssemos, tomouparte na conversação. Ora, antes que tives-se enunciado o seu nome, a diferença deestilo era tão patente que cada um dos

presentes disse de imediato: “Não é mais

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fulano que fala”. Entre os homens não se

  julgaria de outro modo. Basta, para isto,ouvi-los, mesmo sem os ver. Suponde queem um cômodo contíguo àquele em queestais encontram-se indivíduos que nãoconheceis e que não podeis ver. Pela suaconversação julgareis imediatamente se sãorústicos ou pessoas de boa sociedade,ignorantes ou sábios, malfeitores ou pesso-as honestas.

  A bondade e a benevolência são ainda

atributos essenciais dos Espíritos purifica-dos. Eles não têm ódio nem aos homensnem aos outros Espíritos. Lastimam-lhes asfraquezas, criticam-lhes os erros, massempre com moderação, sem fel e semanimosidade; isto quanto ao moral. Pode-mos julgá-los igualmente pela natureza desua inteligência. Um Espírito pode ser bom,benevolente, só ensinar o bem e possuirconhecimentos limitados, pois que, nele, aevolução ainda é incompleta. Não falamosde espíritos notoriamente inferiores. A esses

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seria perder tempo pedir explicações sobre

certas coisas. Isto equivaleria a perguntar aum menino de escola o que pensa de Aristó-teles ou do cosmos. Mas há Espíritos queem certos assuntos parecem esclarecidos,ao passo que em outros acusam a maisabsoluta ignorância, não hesitando emdefender as heresias científicas mais absur-das. Um Espírito desse tipo raciocinarámuito sensatamente sobre uma questão ecom desassiso sobre outra. Dá-se aindacomo entre nós: um astrônomo é sábio noque concerne aos astros e pode ser muitoignorante em arquitetura, em música, empintura, em agricultura, etc.. Tudo issodenota, evidentemente, uma evoluçãoimperfeita, o que não quer significar que a

entidade em apreço possa ser qualificada demá.

Para julgar os Espíritos, como para jul-gar os homens, é preciso, em primeirolugar, sabermos julgar a nós mesmos. Há,infelizmente, muitas pessoas que tomam

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das quais fizeram um título de glória, vejam

menos claro do que nós. Não temos esteprincípio como regra, absolutamente. Dize-mos apenas que isto se observa e que, porconseguinte, a ciência humana de que estãodotados não é sempre uma garantia de suainfalibilidade como Espíritos.

 Aqueles que, como acontece muitas ve-zes, condenam no estado de Espírito asdoutrinas que haviam sustentado comohomens, dão sempre, com isto, uma prova

de elevação. Regra geral: O Espírito é tantomenos perfeito quanto menos desprendidoda matéria. Todas as vezes, pois, que sereconhece nele a persistência das idéiasfalsas que o preocuparam durante a vida,pertençam elas à ordem física ou à ordemmoral, é isto um sinal infalível de que nãoestá completamente desmaterializado.

 A obstinação nas idéias terrestres é tan-to maior quanto mais recente é a morte. No

momento da morte a alma está sempre emum estado de perturbação durante o qual

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mal se reconhece: é um despertar que não

é completo. “Não sei onde estou, tudo éconfuso para mim!”, tal é a resposta cons-tante. Alguns Espíritos se queixam por tersido perturbados tão cedo, outros cruamen-te pedem que os deixem em paz; e, con-forme o seu caráter, exprimem este pensa-mento em termos por vezes pouco corteses.Muitos não acreditam estar mortos, princi-palmente os supliciados, os suicidas e, emgeral, os que morreram de morte violenta.Eles vêem o próprio corpo, sabem que essecorpo lhes pertence e não compreendempor que estão separados dele. Isso deixa-oscheios de espanto; é-lhes preciso algumtempo para se capacitarem de sua novasituação. A invocação não pode ser feita

nesse momento senão com o objetivo deestudos psicológicos, mas não adiantapedir-lhes informações.

Esse estado de confusão, que se podecomparar ao estado transitório do sono àvigília, persiste por um tempo mais ou

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Uma vez desprendida dos restos de su-

as vestes corporais, a alma se acha em seuestado normal de Espírito. É somente entãoque se pode julgá-la, porque se revelaverdadeiramente como é. Suas qualidades eseus defeitos, suas imperfeições, seuspreconceitos, suas prevenções, suas idéiasfalsas, mesquinhas ou ridículas, persistemsem modificação durante toda a duração desua vida errante, ainda que esta fosse demil anos. É-lhe preciso passar de novo pelocrivo da vida corporal, para nele deixaralgumas de suas impurezas e elevar-se maisalguns degraus. Temos visto algumas que,depois de 200 anos de vida errante, têmainda as manias e mesquinharias que ascaracterizavam em vida, enquanto outras

desenvolvem quase que imediatamente umagrande superioridade.

  A propósito do estado de transição queacabamos de descrever, nos referimosapenas aos Espíritos sofredores. Natural-mente perguntar-se-á se esse momento é

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doloroso. Não entra em nosso escopo tratar

do sofrimento dos Espíritos. Esta questãoterá seu lugar na Revista. Limitar-nos-emos,pois, a dizer que, para o homem de bem,para o que adormece na paz de uma cons-ciência pura e não teme nenhum olharperscrutador, o despertar é sempre calmo,doce e plácido. Para aquele cuja consciênciaestá carregada de malefícios, para o homemmaterializado, que pôs todas as suas alegri-as na satisfação do corpo, para o que mal-baratou os favores que a Providência lhehavia outorgado, ele é terrível. Sim, essesEspíritos sofrem no instante em que deixama vida. Sofrem muito e tal padecimentopode durar tanto quanto sua vida errante.Essa dor, mesmo sendo apenas moral, é

tanto mais pungente, porque não lhes édado ver-lhe o término; sofrem até que umraio de esperança venha luzir-lhes aosolhos, e esta esperança nós podemos fazernascer conversando com eles. Boas pala-

vras, testemunhos de simpatia são para eles

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um alívio para o qual podem concorrer os

bons Espíritos, que chamamos em nossoauxílio para secundarem nossas intenções.Um suicida evocado pouco tempo depois damorte nos pintava suas torturas.

  – Quanto tempo durará isto? – pergun-

tou-se-lhe.  – Nada sei a esse respeito, e é o queme desespera.

Um Espírito superior que estava presen-te elucidou então espontaneamente:

 – Isto durará até o termo natural da vi-da que ele voluntariamente interrompeu.

 – Muito obrigado! – disse o outro – peloque este que aí está acaba de me informar.

Terminaremos este capítulo com umaobservação essencial. O quadro que acaba-mos de traçar não é o resultado de umateoria, nem de um sistema filosófico maisou menos engenhoso. Tudo o que dissemos

foi recebido dos próprios Espíritos; a eles éque interrogamos e eles é que nos respon-

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deram, muitas vezes de uma maneira con-

trária às nossas convicções primitivas.Fizemos com os Espíritos o que os ana-tomistas fazem com o corpo humano:levamos o escalpelo da investigação ainúmeros indivíduos; não nos contentamos

com fazê-los falar, sondamos-lhes todos osrefolhos da existência, ao menos tantoquanto nos foi possível fazê-lo; seguimo-losdesde o instante em que exalaram o últimosuspiro da vida corporal até o momento em

que tornaram a nela entrar. Estudamos-lhesa linguagem, os hábitos, os costumes, ossentimentos, os pensamentos, como omédico escuta as pulsações de um doente,e nesta clínica moral, em que todas as fasesda vida espírita passaram sob nossos olhos,observamos e comparamos. Vimos, de umlado, chagas medonhas, mas, do outro,grandes motivos de consolação. Ainda umavez não fomos nós que imaginamos tudoquanto aqui vai escrito. Foram os Espíritosque a si mesmos se pintaram. Para quem

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quer que deseje entrar em relação com

eles, importa conhecê-los bem, a fim deficar em condições de apreciar-lhes a situa-ção e melhor compreender-lhes a lingua-gem, que, sem isto, poderia algumas vezesparecer contraditória. Eis por que nos es-tendemos um tanto longamente sobre estecapítulo.

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IV

Diferentes modos de comunicação

Os Espíritos podem comunicar-se co-nosco por diferentes meios. Nós os defini-mos no Vocabulário Espírita. Daremos aqui,sobre cada um, comentários necessários àprática.

Sematologia e tiptologia

Utilizou-se, primitivamente, a mesa paraeste meio de comunicação, unicamente

porque é um móvel cômodo, dada a facili-dade que oferece de se colocarem as pes-soas em redor dele e porque foi o primeirosobre o qual se produziram os movimentosque deram lugar à expressão burlesca de

dança das mesas. Mas importa saber queuma mesa não exerce maior influência

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sobre o processo do que um outro móvel ou

objeto qualquer. Vamos tratar do fenômenoem seu aspecto mais simples.

Se uma pessoa coloca a extremidadedos dedos na borda de um objeto circular,móvel, como uma taça, um prato, um pires,

um chapéu, um copo, e nesta situaçãoconcentra a vontade sobre esse objeto parafazê-lo mover-se, pode acontecer que ele seagite com um movimento rotatório, a prin-cípio lento, depois cada vez mais rápido, a

ponto de ter-se dificuldade em segui-lo. Oobjeto girará, quer para a direita, quer paraa esquerda, segundo a direção indicada pelapessoa, verbal ou mentalmente. Uma vezestabelecida a comunicação fluídica entre apessoa e o objeto, este pode produzir omovimento sem contato, atuando apenaspelo pensamento. Nós dissemos que istopode acontecer porque, de fato, não hácerteza absoluta de bom êxito. Certaspessoas são dotadas, a esse respeito, deum poder tal que o movimento se produz no

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fim de alguns segundos; outras só o obtêm

depois de cinco ou dez minutos; outras,enfim, nada obtêm. Afora a experiência, nãohá diagnóstico que possa fazer reconhecer aaptidão para produzir este fenômeno. Aforça física nenhuma influência exerce nisto.

  As pessoas frágeis e delicadas obtêm,freqüentemente, mais do que homensvigorosos. É um ensaio que cada qual podefazer sem perigo algum, embora daí resulte,ocasionalmente, uma fadiga muscular assazintensa e uma espécie de agitação febril.

Se a pessoa é dotada de poder suficien-te conseguirá, por si só, fazer girar umamesa leve. Algumas vezes poderá, igual-mente, atuar sobre uma mesa pesada emaciça. Todavia é preciso, para isso, umpoder especial.

Para operar mais facilmente sobre umamesa de certo peso, diversas pessoas secolocam em redor dela. O número é indife-

rente. Também não é necessário alternar osexo, nem estabelecer contato entre os

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dedos dos assistentes. Basta colocar as

extremidades dos dedos sobre a mesa, querem cheio, quer levemente, como sobre asteclas de um piano. Nada disso tem grandeimportância. Há, ao contrário, outras condi-ções essenciais mais difíceis de preencher,isto é, a concentração do pensamento detodas as pessoas no sentido de obter movi-mento em um sentido ou em outro, umrecolhimento e um silêncio absolutos e,sobretudo, uma grande paciência. O movi-mento se produz, por vezes, em cinco oudez minutos, mas freqüentemente é precisoresignar-se a esperar meia hora ou mais.Se, depois de uma hora, não se obtevenada, é inútil continuar.

Devemos acrescentar que várias pesso-as são antipáticas a esses fenômenos e quesua influência negativa pode fazer-se sentirpela sua simples presença; outras sãocompletamente neutras. Em geral, quantomenos numerosos são os expectadores,melhor é o resultado, seja porque haja

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menos probabilidade de encontrar antipati-

as, seja porque o silêncio e o recolhimentose tornam mais fáceis.

O fenômeno é sempre provocado porefeito da aptidão especial de algumas daspessoas atuantes, cujo poder se multiplica

pelo número. Quando o poder é bastantegrande, a mesa não se limita a girar: agita-se, levanta-se, ergue-se sobre um pé,balança-se como um navio e acaba até porafastar-se do solo sem ponto de apoio.

Uma coisa notável é que, qualquer queseja a inclinação da mesa, os objetos queestão sobre ela aí se mantêm e mesmo umlampião nenhum perigo corre. Um fato nãomenos singular é que, estando inclinada e

sustentada sobre um único pé, ela podeoferecer tal resistência que o peso de umapessoa não basta para abaixá-la.

Quando se conseguir produzir um fenô-meno enérgico, o contato das mãos não é

mais necessário. Podemos afastar-nos damesa, e ela se dirige à direita, à esquerda,

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para adiante, para trás, para tal pessoa

designada, levanta-se sobre um ou outropé, segundo a ordem que lhe é dirigida.

  Até aí esses fenômenos não têm ne-nhum caráter essencialmente inteligente.Todavia nem por isso deixam de ser curio-

sos de se observar, como resultado de umaforça desconhecida. Eles são, aliás, demolde a convencer certas pessoas que nãoadmitiriam apenas raciocínios filosóficos. É oprimeiro passo na ciência espírita que nos

conduz, muito naturalmente, aos meios decomunicação.

O mais simples de todos esses meios é,como o homem privado da palavra ou daescrita, a linguagem dos sinais. Um Espírito

pode comunicar seu pensamento pelomovimento de um objeto qualquer. Conhe-cemos certa pessoa que se entretém comseu Espírito familiar, o de uma pessoa porquem nutriu muita afeição, por meio do

primeiro objeto que se lhe depara: umarégua, uma faca de cortar papel, etc.,

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colocados sobre sua escrivaninha. Ela põe-

lhe os dedos em cima e, depois de terinvocado esse Espírito, a régua se movepara a direita ou para a esquerda, respon-dendo sim ou não, conforme o convencio-nado, indica números, etc.. O mesmo resul-tado se obtém com uma mesa ou um vela-dor. Colocados os dedos sobre a borda,presentes uma ou várias pessoas, e evocadoo Espírito, se ele se encontra presente a

  julga conveniente revelar-se, a mesa seergue ou se abaixa, movimenta-se e, poresses movimentos de vai-e-vem para adireita ou para a esquerda, ou em oscilaçãode pêndula, responde afirmativa ou negati-vamente. Batendo com os pés, ela exprimealegria, impaciência e até mesmo cólera.

  Algumas vezes vira-se de pernas para o arou se precipita sobre um dos assistentes,como se tivesse sido impelida por mãoinvisível. E nesses movimentos se reconhecea expressão de sentimentos, de afeição ou

de antipatia.

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Um dos nossos amigos encontrava-se

uma noite em seu salão, ocupado commanifestações desse gênero. Recebe umacarta; enquanto a lê, o velador se adiantapara ele, se aproxima da carta, e isto es-pontaneamente, sem influência de ninguém.Terminada a leitura, ele vai colocar a cartasobre uma mesa na outra extremidade dosalão. O velador o segue e lança-se sobre acarta. Ele deduziu disto a presença de umEspírito recém-vindo, simpático ao autor dacarta e que queria comunicar-se com este.Tendo-o interrogado por meio do velador,teve a confirmação de suas intuições. É aisto que chamamos sematologia ou lingua-gem por sinais.

 A tiptolotia, ou linguagem por pancadas,oferece mais precisão. Pode-se obtê-la pordois processos diferentes. O primeiro, a quechamamos tiptologia por movimento, con-siste em pancadas vibradas pela própriamesa com um dos pés. Essas pancadaspodem responder sim ou não conforme o

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número de batidas convencionadas para

exprimir um ou outro. As respostas são,como se concebe, muito incompletas, sujei-tas a enganos e pouco convincentes para osnoviços, porque se pode sempre atribuí-lasao acaso.

 A tiptologia íntima é produzida de umamaneira completamente diversa. Não é maisa mesa que bate; ela fica completamenteimóvel, mas as pancadas ressoam na pró-pria substância da madeira, da pedra ou de

qualquer outro corpo, e muitas vezes comforça bastante para se fazerem audíveis emum cômodo vizinho. Se se aplica o ouvidoou a mão contra uma parte qualquer damesa, sente-se que ela vibra dos pés àsuperfície. Esse fenômeno se obtém proce-dendo do mesmo modo como para fazê-lamover-se, com a diferença que o movimen-to puro e simples pode ocorrer sem evoca-ção, ao passo que para se obterem aspancadas é preciso, quase sempre, fazer-seapelo a um Espírito.

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mesmo modo que, entre nós, os homens de

respeito não se prestam aos malabarismosdos saltimbancos. Quando os interrogamosa esse respeito, eles respondem com estapergunta: “Entre vós são os homens superi-ores que fazem os ursos dançarem?” 

  A tiptologia alfabética nos oferece ummeio de correspondência mais fácil e maiscompleto. Ela consiste na designação dasletras do alfabeto por um número de pan-cadas correspondente à ordem de cada

letra, e desta maneira se formam palavras efrases. Todavia, esse meio, por sua lenti-dão, tem o grande inconveniente de não seprestar a assuntos de certa extensão. Pode-se, todavia, abreviá-lo em inúmeros casos.Basta, muitas vezes, conhecer as primeirasletras de uma palavra para adivinhar-lhe ofim, e então não se deixa acabar. Na dúvi-da, pergunta-se se a palavra é a que sesupõe, e o Espírito responde sim ou nãopelo sinal convencionado.

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  A tiptologia alfabética pode ser obtida

pelos dois meios que acabamos de indicar:as pancadas batidas pela mesa e as que sefazem ouvir na substância de um corpoduro. Para as comunicações de caráter maissério, preferimos o primeiro, por duasrazões: uma porque é, de certo modo, maismanejável e ao alcance da aptidão de umnúmero maior de pessoas; a outra concerneà natureza dos Espíritos. Na tiptologiaíntima os espíritos que se manifestam são,geralmente, os que denominamos batedo-res. Espíritos levianos, às vezes muitodivertidos, mas ignorantes. Eles podem seragentes de Espíritos sérios, segundo ascircunstâncias, mas atuam as mais dasvezes espontaneamente e por sua própria

conta. A experiência prova que os Espíritosdas outras ordens se comunicam de prefe-rência pelo movimento.

Em todo caso a tiptologia alfabética éum modo de comunicação de que os Espíri-tos superiores se servem a contragosto e

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venção de um poder invisível e registrar

traços que se podem conservar, comofazemos com nossa própria correspondên-cia. O primeiro meio empregado foi o daspranchetas ou das cestas munidas de umlápis. Os próprios Espíritos os sugeriram. Eisa maneira de proceder.

Dissemos, no começo deste capítulo,que uma pessoa dotada de uma aptidãoespecial pode imprimir um movimento derotação a um objeto qualquer. Tomemos,

por exemplo, uma cestinha de 15 a 20centímetros de diâmetro (pouco importaque seja de madeira ou de junco, a subs-tância é indiferente). Se, então, através dofundo dessa cesta se faz passar um lápisfixado solidamente, com a ponta para fora epara baixo, e se se mantém o todo emequilíbrio sobre a ponta do lápis colocadosobre uma folha de papel, colocando-se osdedos sobre a cesta, esta se moverá. Mas,em vez de girar como um pião, ela passearáo lápis em diversos sentidos sobre o papel,

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de maneira a formar, quer traços

insignificantes, quer caracteres de escrita.Se é evocado um Espírito e quisercomunicar-se, responderá, não mais por simou não, mas por palavras e frasescompletas. Nesta disposição o lápis,chegando à extremidade da linha, não voltasobre si mesmo para começar outra.Continua circularmente, de tal modo que alinha da escrita forma uma espiral e épreciso girar várias vezes o papel para ler oque está grafado. A escrita assim obtidanem sempre é legível, não estando aspalavras separadas; mas o médium, poruma espécie de intuição, a decifra facilmen-te. Por economia pode-se substituir o papele o lápis por uma ardósia e um lápis apro-

priado. Designaremos esta cesta sob onome de cesta pião (corbeille-toupile).  Várias outras disposições foram imagi-nadas para atingir o mesmo fim. A maiscômoda é a que denominaremos cesta debico (corbeille à bec), e que consiste emadaptar sobre a cesta uma haste de madei-

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ra inclinada, fazendo saliência de 10 a 15

centímetros de lado, na posição do mastrode gurupés 17 de um navio. Por um orifíciopraticado na extremidade dessa haste, oudo bico, faz-se passar um lápis bastantecomprido para que a ponta repouse sobre opapel. Pondo o médium os dedos sobre acesta, todo o aparelho se agita e o lápisescreve como no caso descrito anteriormen-te, com a diferença que a escrita é, emgeral, mais legível, as palavras separadas, eas linhas não são mais em espiral, mas seseguem como na escrita comum, pois olápis se transporta, por si mesmo, de umalinha para outra. Obtêm-se assim disserta-ções de várias páginas tão rapidamentecomo se se escrevesse com a mão.

  A inteligência que atua se manifestafreqüentemente por outros sinais inequívo-cos. Chegando ao fim da página o lápis fazespontaneamente um movimento para virá-la. Se deseja reportar-se a uma passagemprecedente, na mesma página ou em outra,

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se acha inclinada e se apóia por um de seus

lados sobre o papel. Concebe-se, de resto,que todas as disposições nada têm deabsoluto. A mais cômoda é a melhor.

Com todos esses aparelhos é preciso,quase sempre, que estejam presentes duas

pessoas; mas não é necessário que a se-gunda pessoa seja dotada de faculdademediúnica; ela serve unicamente paramanter o equilíbrio e para diminuir a fadigado médium.

Chamamos psicografia indireta à escritaassim obtida, em oposição à psicografiadireta ou escrita obtida pela própria mão domédium. Para compreender este últimoprocesso é preciso inteirar-se do que se

passa nessa operação. O Espírito estranhoque se comunica atua sobre o médium;este, sob essa influência, dirige maquinal-mente o braço e a mão para escrever, semter (é, ao menos, o caso mais comum) a

menor consciência do que escreve. A mãoatua sobre a cesta e a cesta sobre o lápis.

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 Assim, não é a cesta que se torna inteligen-

te, ela é um instrumento dirigido por umainteligência, não é mais, na realidade, doque uma espécie de porta-lápis, um apêndi-ce da mão, um intermediário inerte entre amão e o lápis. Suprima-se esse intermediá-rio e coloque-se o lápis na mão. Ter-se-á omesmo resultado, com um mecanismomuito mais simples, visto que o médiumescreve como o faz nas condições normais.

  Assim, qualquer pessoa que escreve com oauxílio da cesta, prancheta ou outro objetopode escrever diretamente. De todos osmeios de comunicação, é este, sem nenhu-ma dúvida, o mais simples, o mais fácil e omais cômodo, pois que não exige nenhumapreparação e se presta, como a escrita

corrente, aos assuntos mais extensos.  Voltaremos a ele quando tratarmos dosmédiuns.

  A pneumatografia é a escrita direta dosEspíritos. Quando esse fenômeno ocorreupela primeira vez (ao menos em nosso

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tempo, pois nada prova que não fosse

conhecido na antigüidade e na Idade-Média,como todos os outros gêneros de manifes-tações) excitou dúvidas muito naturais.Hoje, entretanto, é um fato indiscutível.

  Alguém muito digno de fé nos afirmou queum cônego amigo de seus pais, de combi-nação com o abade Faria, obtinha essegênero de escrita em Paris desde o ano de1804. O Sr. Barão Guldenstubbé 18 acaba depublicar, sobre esse assunto, uma obramuito interessante, acompanhada de nume-rosos autógrafos nesta escrita. Foi ele, atécerto ponto, quem a pôs em evidência emuitas outras pessoas, segundo afirma,obtiveram idênticos resultados. Colocava-sea princípio uma folha de papel e um lápis

sobre um túmulo, junto à estátua ou aoretrato de um personagem qualquer, e nodia seguinte, algumas horas depois, achava-se inscrito sobre o papel um nome, umasentença, algumas vezes sinais ininteligí-

veis. É evidente que nem o túmulo, a está-

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tua, ou o retrato exerciam qualquer influên-

cia por si mesmos; eram, simplesmente, ummeio de evocação pelo pensamento. Agora,limitamo-nos a pôr o papel, com ou semlápis, em uma gaveta ou em uma caixa quese pode fechar a chave, tomando todas asprecauções necessárias para evitar qualquerfraude, e obtêm-se o mesmo resultadoevocando o Espírito.

Este fenômeno é, sem contradição, umdos mais extraordinários entre os apresen-

tados pelas manifestações espíritas, e umdos que atestam de maneira peremptória aintervenção de uma inteligência oculta; masnão pode substituir a psicografia (até agorapelo menos) para as explanações que certosassuntos comportam. Obtém-se em verda-de, assim, a expressão de um pensamentoespontâneo, mas o processo parece prestar-se dificilmente às conversações e à troca deidéias que a outra maneira comporta. Estemeio é, aliás, de obtenção mais rara, ao

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passo que os médiuns escreventes são

muito numerosos.  À primeira vista parece difícil encontrarexplicação para um fato tão anormal. Nãoestá em nossos planos explicá-lo aqui, poisque, para isso, preciso remontar à fonte de

outros fenômenos de que ele é conseqüên-cia. Achar-se-ão explicações completas naRevista Espírita e, por deduções lógicas,verificar-se-á como a ele se chega como aum resultado natural.

Finalmente, os Espíritos nos transmitemo seu pensamento pela voz de certos mé-diuns dotados para esse fim de uma facul-dade especial. É o que denominamos psico-fonia. Esse meio tem todas as vantagens da

psicografia pela rapidez que possibilita otratamento de assuntos extensos. É muitodo agrado dos Espíritos Superiores, mastem, talvez, para as pessoas que duvidam oinconveniente de não acusar, de maneira

bastante evidente, a intervenção de umainteligência estranha. Convém, sobretudo,

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àqueles que, já suficientemente edificados

sobre a realidade dos fatos espíritas, delesse servem para a complementação de seusestudos e não têm necessidade de maisacrescentar à sua convicção.

  Acabamos de esboçar os diferentes

meios de comunicação direta com os Espíri-tos. Designamo-los empregando uma no-menclatura própria, abrangendo todas asvariedades e mesmo todas as gradações,que permitem, assim, melhor nos enten-

dermos do que com perífrases que nadatêm de definitivo ou de metódico. No iníciodas manifestações, quando as idéias nestecampo eram menos precisas, publicaram-sevárias obras com esta explicação:

  “Comunicações escritas por uma cesta, poruma prancheta; obtidas pelas mesasfalantes, etc.”. Hoje compreende-se tudoque essas expressões têm de insuficiente oude errôneo, fazendo abstração de seucaráter pouco sério. Com efeito, comoacabamos de ver, as mesas, pranchetas ecestas são apenas instrumentos inertes que

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 V

Dos médiuns

Toda pessoa que sofre de alguma ma-neira a influência dos Espíritos é, por issomesmo, médium. Esta faculdade é inerenteao homem e, por conseguinte, não é umprivilégio exclusivo. Por essa razão raros são

os indivíduos nos quais não se encontramainda que simples rudimentos de mediuni-dade. Pode-se, pois, dizer que todas ouquase todas as pessoas são médiuns. Toda-via, no uso corrente, esta qualificação não

se aplica senão àquelas nas quais a facul-dade mediúnica é nitidamente caracterizadae se traduz por efeitos patentes, de certaintensidade, o que depende, então, de umaorganização mais ou menos sensitiva. É

preciso notar, além disso, que esta faculda-de não se revela em todas as pessoas da

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mesma maneira. Os médiuns têm, geral-

mente, uma aptidão especial para tal ou talordem de fenômenos, o que dá origem atantas variedades de mediunidade quantassão as espécies de manifestações (v. Mé-diuns no Vocabulário Espírita). Vamos entrarem algumas minúcias a respeito das quepodem prestar-se a considerações essenci-ais.

Médiuns de influência física

Os médiuns de influência física são a-queles que têm uma aptidão especial para aprodução de fenômenos materiais.

Médiuns naturais

Na classe dos médiuns de influência físi-ca é que se encontram principalmente osMédiuns naturais, aqueles cuja influência seexerce sem que eles o saibam. Eles não têm

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nenhuma consciência do seu próprio dom e,

freqüentemente, o que se passa de anormalem seu redor não lhes parece, de modoalgum, extraordinário. A faculdade faz partedeles mesmos, exatamente como as pesso-as dotadas da segunda-vista e que não osuspeitam. Esses casos são muito dignos deobservação e é sempre útil registrar-se eestudar os fatos desse gênero que chegamao nosso conhecimento. A situação seapresenta em pessoa de qualquer idade e,muitas vezes, em crianças ainda muitonovas.

Esta faculdade não é, por si mesma, in-dício de um estado patológico, pois que nãoé incompatível com uma saúde perfeita. Seaquele que a possui é doente, isto se deve auma outra causa; por isso os meiosterapêuticos são impotentes para fazê-lacessar. Ela pode, em certos casos, serconsecutiva a uma fraqueza orgânica,porém jamais é causa particular e, assimsendo, não deve ocasionar nenhumainquietação do ponto de vista da saúde

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à ordem moral do que à ordem física e que

em vão se procuraria a solução deles emnossas ciências exatas.

Por isto mesmo, se esses fenômenosdependem da ordem moral, deve-se evitarcom cuidado não menos escrupuloso tudo

quanto pode superexcitar a imaginação.Conhecem-se os acidentes que o medopode ocasionar e seríamos menos impru-dentes se conhecêssemos todos os casos deloucura e epilepsia que têm origem nos

contos do lobisomem e das assombrações.Que não se dará, pois, se as pessoas sepersuadirem de que se trata do diabo! Osque abonam tais idéias não compreendem aresponsabilidade que assumem. Elas podemmatar! Ora, o perigo não ameaça só oindivíduo, ameaça também aqueles que ocercam e que podem ficar aterrorizados como pensamento de que sua casa é um covilde demônios. Foi esta crença funesta quecausou tantos atos de atrocidade nos anosde ignorância. Entretanto, com um pouco

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mais de discernimento ter-se-ia concluído

que, queimando o corpo que se julgavapossuído pelo diabo, não se queimava odiabo. Visto que o que se queria era livrar-se do diabo, a ele é que se devia matar; adoutrina espírita, esclarecendo-nos sobre averdadeira causa de todos esses fenôme-nos, deu à superstição o golpe de miseri-córdia. Longe, pois, de fazer nascer essepensamento, deve-se, e é este um dever demoralidade e de humanidade, combatê-lo,se ele existe.

O que se deve fazer quando semelhantefaculdade se desenvolve espontaneamentenum indivíduo é deixar o fenômeno seguirsua marcha natural: a natureza é maisprudente do que os homens. A Providência,de outro lado, tem suas intenções, e o maishumilde dos seres pode se fazer o instru-mento dos mais altos desígnios. Mas, épreciso concordar, este fenômeno adquirealgumas vezes proporções fatigantes e

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importunas; ora, eis aqui, em todos os

casos o que se deve fazer.

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 Partindo do princípio de que as manifes-tações físicas espontâneas têm por fimdespertar nossa atenção para alguma coisa,é preciso procurar conhecer esse objetivo, e

para isso faz-se mister interrogar o Serinvisível que deseja comunicar-se. Oferece-mos a esse respeito uma explicação nocapítulo das manifestações. Ele pode estardesejando algo para si mesmo ou para a

pessoa através da qual se manifesta. Num enoutro caso é provável que, como já disse-mos, se é atendido, cessará suas visitas. Eisde resto outro meio baseado, como o pre-cedente, na observação dos fatos.

Os seres invisíveis, que revelam suapresença por efeitos sensíveis, são em geralEspíritos de uma ordem inferior e quepodemos influenciar por nosso ascendentemoral. É este ascendente que é preciso

adquirir. Longe, pois, de nos mostrarmossubmissos a seus caprichos, é preciso opor-

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Médiuns facultativos

Os médiuns facultativos são aqueles quetêm consciência de seu poder e produzemfenômenos espíritas por ação da vontade.Esta faculdade, se bem que inerente àespécie humana, como já dissemos, está

longe de existir em todos no mesmo grau.Mas, se poucas são as pessoas em que ela épraticamente nula, as que são capazes deproduzir os grandes efeitos, tais como alevitação de corpos no espaço, os transpor-

tes e sobretudo as aparições, são aindamais raras. Os efeitos mais simples são osda movimentação dos objetos, pancadasvibradas pelo levantamento desses objetosou em sua própria substância. Sem ligar

importância capital a esses fenômenos,concitamos a não desprezá-los: eles podemdar lugar a observações interessantes eauxiliar a comprovação.20 Mas é precisonotar que a faculdade de produzir efeitos

materiais raramente existe naqueles quetêm meios mais perfeitos de comunicação,

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tais como, por exemplo, a escrita ou a

palavra. Geralmente ela diminui em umsentido, à medida que se desenvolve nooutro.

Médiuns escreventes ou psicógrafos

De todos os meios de comunicação, aescrita é o mais simples, o mais cômodo e,sobretudo, o mais completo. Para este é

que devem convergir todos os esforços, poisele permite estabelecer com os Espíritosrelações tão contínuas e tão regularesquanto as que existem entre nós, e aqueleatravés do qual os Espíritos revelam melhorsua natureza e o grau de sua perfeição oude sua inferioridade. Pela facilidade que elestêm de exprimir-se, nos fazem conhecerseus pensamentos íntimos e nos põem,assim, em condições de julgá-los e deapreciar-lhes o valor.

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  A faculdade de escrever, para um mé-

dium, é, além disto, a mais susceptível dese desenvolver pelo exercício. No capítuloem que tratamos das diversas modalidadesde comunicação explicamos as diferentesmaneiras pelas quais pode-se obter a escri-ta. Vimos que a cesta e a prancheta apenasrepresentam o papel de apêndice da mão: éum porta-lápis mais comprido, eis tudo! Omesmo resultado se conseguiria colocandoo lápis na extremidade de um bastão. Essesaparelhos têm a vantagem de oferecer umaescrita mais característica do que a obtidacom a mão, porém têm o inconveniente deexigir, quase sempre, a colaboração de umasegunda pessoa, o que pode ser incômodo.Por isso aconselhamos os interessados a

que se apliquem, de preferência, à escritadireta. O processo é dos mais singelos.Consiste simplesmente em pegar papel elápis e pôr-se, sem mais preocupação, naposição de uma pessoa que escreve. Toda-

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via, para alcançar bom êxito, são indispen-

sáveis várias medidas preliminares.Como, em definitivo, é pela influênciade um Espírito que se escreve, este não viráse não for chamado. É, pois, necessárioinvocá-lo pelo pensamento e pedir-lhe, em

nome de Deus, queira se comunicar. Não énecessário o emprego de nenhuma fórmulasacramental. Quem pretenda lançar mão detais medidas corre o risco de ser tomadopor charlatão: o pensamento é tudo, a

forma nada! Não deixa de ser necessáriochamar por um Espírito que seja simpático,e isto por duas razões: uma é que ele viráde boa vontade, se nos é afeiçoado; outraporque, em razão dessa afeição, ele estarámais disposto a secundar nosso esforçopara se comunicar conosco. Será, pois, depreferência, um parente ou um amigo; maspode acontecer que esse parente ou esseamigo esteja em uma posição em que nãopode acudir ao nosso apelo ou que nãotenha bastante poder para nos fazer escre-

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ver. Eis por que é sempre útil evocar tam-

bém o Espírito familiar, seja ele quem for,sem que seja preciso saber-lhe o nome,visto que este está sempre conosco; então,de duas uma, ou é ele que responde, ouentão vai procurar outro e, de qualquerforma, nos presta auxílio.

Um cuidado, desprezado por quase to-dos os principiantes, relaciona-se à pergun-ta; é evidente que o Espírito evocado nãopode responder se não se lhe pergunta

nada. Poderia, sem dúvida, dizerespontaneamente alguma coisa, comoacontece, a cada instante, com os médiunsformados; mas com o que ainda estácomeçando o Espírito tem que vencer umaprimeira dificuldade mecânica; é preciso,pois, simplificá-la tanto quanto possível e éeste o efeito produzido por uma perguntaque traz uma resposta precisa.

Ter-se-á o cuidado, para começar, de

formular a pergunta de tal maneira que aresposta seja simplesmente sim ou não.

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Mais tarde essa precaução se torna inútil. A

natureza da pergunta não é fator de especi-al importância; não é necessário que elatenha, por si mesma, uma importância real.

  Ao contrário, quanto mais simples, melhor.Não se trata, no princípio, senão de estabe-lecer uma comunicação. O essencial é queela não seja fútil, que não se relacione comassuntos de interesse privado e, sobretudo,que seja a expressão de um sentimentobenevolente e simpático para com o Espíritoao qual nos dirigimos.

Elemento não menos necessário é acalma e o recolhimento, reunidos a umdesejo sincero e a uma firme vontade deobter o contato espiritual. É bom notar que,por vontade, não entendemos, aqui, umsentimento efêmero que atua por intermi-tência e que é, a cada minuto, interrompidopor outras preocupações, mas de umadeliberação paciente, perseverante,sustentada pela prece que se dirige aoEspírito evocado. O recolhimento éfavorecido pela solidão, pelo silêncio e pelo

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solidão, pelo silêncio e pelo distanciamento

de tudo quanto possa ocasionar distrações.Só resta então uma expectativa; a de espe-rar sem impaciência e renovar todos os diasas tentativas, durante dez minutos ou umquarto de hora, no máximo, de cada vez, eisto durante quinze dias, um mês, doismeses e mais, se preciso for. Por essa razãodissemos que se faz preciso uma vontadepaciente e perseverante; por isso, igualmen-te, é que os Espíritos consultados sobre aaptidão de tal ou tal pessoa, dizem quasesempre: “com vontade conseguireis”. É,pois, possível que se consiga da primeiravez, como é possível também que se façanecessário esperar um tempo mais oumenos longo. Mas, em todos os casos, se ao

fim de três meses não se obtém absoluta-mente nada, será quase inútil prosseguir.

Deve-se notar que quando interrogamosos Espíritos para saber se uma pessoa é ounão médium, eles respondem quase sempreafirmativamente, o que não impede que os

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mentâneo, um bom médium escrevente ou

um outro já desenvolvido. Se se põe a mãodele sobre a mão que deve escrever, é raroque esta não o faça imediatamente. Com-preende-se o que se passa nesta circuns-tância: a mão que segura o lápis se torna,de certo modo, um apêndice da mão domédium, como o seriam uma cesta ou umaprancheta. Isso, entretanto, não impedeque este exercício se revele útil quando sepode empregá-lo como uma forma deauxílio, quando é repetido freqüente eregularmente, para vencer os obstáculosmateriais e provocar o desenvolvimento dafaculdade.

É suficiente, algumas vezes, magnetizarfortemente o braço e a mão da pessoa quedeseja escrever. Em algumas experiênciasbasta que o magnetizador se limite a colo-car a mão sobre o ombro do paciente e estepõe-se prontamente a escrever sob estainfluência. O mesmo efeito pode ser obtidosem contato algum e apenas pela ação da

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vontade. Neste caso é preciso excitar os

esforços do Espírito, encorajando-o pelapalavra. Compreende-se facilmente que aconfiança do magnetizador em seu própriopoder deve representar aqui um importantepapel, e que um magnetizador incréduloalcançaria pouco ou nenhum resultado.

O poder que permite desenvolver nosoutros a faculdade de escrever constituiuma variedade de médiuns a que denomi-namos médiuns formadores. E o que talvez

parecerá estranho é que esta faculdadeexiste em pessoas que não são, elas pró-prias, médiuns escreventes. Seu concurso é,muitas vezes, útil aos principiantes e mesmoaos que dispõem de uma aptidão natural.Há uma multidão de pequenas precauçõesque muito freqüentemente são desprezadasem detrimento da rapidez no processo dedesenvolvimento e que um guia experimen-tado faz observar, quer quanto às medidasde ordem material, quer, sobretudo, quantoà natureza das primeiras perguntas e à

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maneira de fazê-las. Seu papel é o de um

professor que dispensamos logo que nos julgamos habilitados.21 

 A fé no aprendiz de médium não é con-dição de rigor. Indiscutivelmente ela secun-da os esforços, mas não é indispensável. O

desejo e a boa vontade bastam. Têm-sevisto pessoas perfeitamente incrédulasficarem muito espantadas de escreveremsem o querer, ao passo que crentes since-ros podem não consegui-lo: o que prova

que essa faculdade depende de uma predis-posição orgânica.

Como disposição material, recomenda-mos evitar tudo o que pode embaraçar olivre movimento da mão. É mesmo preferí-

vel que esta não repouse completamentesobre o papel. A ponta do lápis deve apoiar-se suficientemente para escrever, mas nãotanto que experimente resistência. Todasessas precauções se tornam inúteis quando

se tiver conseguido escrever correntemente,pois então nenhum obstáculo pode detê-la;

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uma palavra ou uma frase é muito pouco

legível, pede-se ao Espírito que recomece, oque ele, geralmente, faz de boa vontade.Quando a escrita é habitualmente ilegível,mesmo para o médium, este pode chegar auma mais correta através de exercíciosconstantes e perseverantes, empregandonisso uma firme vontade e solicitando comempenho ao Espírito que seja mais inteligí-vel. Se pretendemos conservar as respostas,é bom transcrevê-las imediatamente, assimcomo as perguntas, enquanto as temos namemória, pois mais tarde isso se tornaria,possivelmente, muito difícil. Certos Espíritos,antes de começar uma resposta, fazem amão executar diversas evoluções e traçamuma multidão de riscos insignificantes.

Dizem que é para se porem em exercício,desembaraçarem a mão ou estabelecerem ocontato. Esses riscos são, ocasionalmente,emblemas, alegorias, cuja explicação elesdão em seguida. Adotam muitas vezes

sinais convencionais para exprimir certas

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idéias que entram em uso nas reuniões

habituais. Para fazerem ver que uma per-gunta lhes desagrada e que não queremrespondê-la, desenharão, por exemplo, umlongo traço ou qualquer coisa equivalente.

Quando o Espírito acabou o que tinha

de dizer, ou não quer mais responder, amão fica imóvel, e o médium, quaisquer quesejam seu poder e sua vontade, não podeobter mais uma palavra; é sinal de que oEspírito se retirou. Ao contrário, enquanto

este não acabou, o lápis caminha sem queseja possível à mão deter-se. Se quer dizerespontaneamente alguma coisa, a mãoagarra convulsivamente o lápis e se põe aescrever sem poder opor-se a isto.

Tais são as explicações mais essenciaisque temos que dar no tocante ao desenvol-vimento da psicografia; a experiência faráconhecer, com a prática, certas minúciasque seria inútil referir aqui e para as quais

servirão de guia os princípios gerais. Semuitos experimentarem, não se achará

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quase família que não tenha um médium

escrevente entre os seus, mesmo que sejauma criança.

Todo aquele que recebeu a faculdadede escrever com facilidade, sob a influênciados Espíritos, possui um recurso precioso,

pois se torna o intérprete entre o mundovisível e o invisível; é esta, muitas vezes,uma missão que recebeu para o bem, masda qual não deve tirar vantagem, uma vezque essa faculdade lhe pode ser retirada se

faz mau emprego dela, ou mesmo voltar-secontra ele, passando a escrever palavrasmás e a só ter à sua disposição Espíritosmaus. Aquele que, apesar de seus esforçose de sua perseverança, não conseguepossuí-la, não deve disso tirar nenhumaconclusão desfavorável contra si mesmo. Ofato apenas prova que sua organizaçãofísica não se presta a isso, mas não fica, poressa razão, deserdado das comunicaçõesespíritas. Se não as recebe diretamente,pode obtê-las, tão belas e tão boas, através

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de um intermediário. Pode, aliás, ter, em

compensação, outras faculdades não menosúteis. A privação de um sentido é, quasesempre, compensada por um outro sentidomais desenvolvido.

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 VI

Papel e influência do médium nasmanifestações

Para se compreender o papel do mé-dium nas manifestações é preciso inteirar-seda maneira como se opera a transmissão dopensamento dos Espíritos. Falamos aqui dos

médiuns escreventes.O Espírito tem, como dissemos, um en-

voltório semimaterial, que chamamos peris-pírito. O fluido condensado, por assim dizer,em redor do Espírito, para formar esse

invólucro, é o intermediário pelo qual eleatua sobre os corpos. É o agente de seupoder material e é através dele que produzos fenômenos físicos.

Se examinarmos certos efeitos que se

produzem nos movimentos das mesas, da

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cesta ou da prancheta que escreve, não

podemos pôr em dúvida a ação exercidadiretamente pelo Espírito sobre esses obje-tos. A cesta se agita às vezes com tantaviolência que escapa às mãos do médium;em outras circunstâncias ela se dirige paracertas pessoas do círculo para batê-las,outras vezes seus movimentos demonstramum sentimento afetuoso. A mesma coisa sedá quando o lápis é colocado na mão domédium; muitas vezes é lançado ao longecom força, ou então a mão, como a cesta,se agita convulsivamente e bate na mesacom cólera, mesmo quando o médium seencontra perfeitamente tranqüilo, e seadmira de não ser mais senhor de si. Diga-mos, de passagem, que esses efeitos deno-

tam geralmente a presença de Espíritosimperfeitos. Os Espíritos realmente superio-res são constantemente calmos, dignos ebenevolentes. Se não são ouvidos conveni-entemente, se retiram, e outros lhes tomam

o lugar. O Espírito pode, pois, exprimir

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diretamente seu pensamento pelo movimen-

to de um objeto ao qual a mão do médiumserve apenas de ponto de apoio; ele podefazê-lo mesmo sem que esse objeto estejaem contato com o médium.

  A transmissão do pensamento dá-se

também por intermédio do Espírito domédium, ou melhor, de sua alma, visto quedesignamos sob esse nome o Espírito en-carnado. O Espírito estranho, neste caso,não atua sobre a mão para fazê-la escrever,

como não atua sobre a cesta. Ele não asegura, não a guia. Atua sobre a alma coma qual se identifica. A alma, sob esse impul-so, dirige a mão por meio do fluido quecompõe seu próprio perispírito. A mão dirigea cesta e a cesta dirige o lápis. Notamosaqui coisa importante de ser registrada: queo Espírito estranho não se substitui à alma,pois não pode desalojá-la; ele a controla àrevelia dela, imprime-lhe sua vontade.Quando dizemos à revelia dela, queremosfalar da alma atuando exteriormente pelos

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sentes, e como esse Espírito se comunica

pela escrita ou pela palavra do médium, porque o Espírito encarnado no médium não secomunicaria igualmente? Os fatos provamque isso ocorre em certas circunstâncias,como no sonambulismo, por exemplo.Segue-se daí que a comunicação feita pelaalma do médium tenha menos valor? Demodo algum. O Espírito encarnado nomédium pode ser mais elevado do quecertos Espíritos estranhos e, assim, darcomunicações. Neste caso ele fala comoEspírito desligado da matéria, e não comohomem. A questão é saber se não é sempreo Espírito do médium que emite seus pró-prios pensamentos, como alguns preten-dem. Esta opinião absolutista é uma teoria

que só pode ter origem em uma observaçãoincompleta. Por esse motivo é sempreperigoso conceber teorias sobre as coisasque não analisamos em profundidade oudas quais só pudemos ver uma face. Há,

sem dúvida, casos em que a intervenção de

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um Espírito estranho não é incontestável,

mas basta que, em alguns, ela seja manifes-ta para tirar-se a conclusão de que outroEspírito que não seja o do médium podecomunicar-se. Ora, essa intervenção estra-nha não pode ser duvidosa quando, porexemplo, uma pessoa que não sabe ler nemescrever, não obstante escreve como mé-dium. Quando um médium fala ou escreveem uma língua que não conhece; quando,enfim, o que é mais comum, ele não temconsciência alguma do que escreve, e ospensamentos que exprime são contrários aoseu próprio modo de ver, estão além deseus conhecimentos ou fora do alcance desua inteligência. A experiência dá, sobreeste último fato, provas tão numerosas e

tão incontestes que não é permitida adúvida a quem quer que tenha observadomuito e, sobretudo, bem.

Seja qual for, pois, o modo de ação doEspírito estranho para a produção da escritaou para expressão do pensamento pela

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palavra, o médium nunca passa de um

instrumento mais ou menos cômodo. Istonos dá ocasião de fazer uma observaçãoimportante, que responderá a esta perguntanatural: por que todos os médiuns nãoescrevem em todas as línguas que lhes sãodesconhecidas?

O Espírito estranho compreende, semdúvida, todas as línguas, pois que as línguassão a expressão do pensamento. Mas paratransmitir esse pensamento é preciso um

instrumento: esse instrumento é o médium. A alma do médium, que recebe a comunica-ção estranha, não pode transmitir senãopelos órgãos de seu corpo; ora, essesórgãos não podem ter, para uma línguadesconhecida, a flexibilidade que têm para aque lhes é familiar. Um médium que sabeapenas o francês poderá acidentalmente daruma resposta em inglês, por exemplo, seapraz ao Espírito fazê-lo; mas os Espíritosque já acham a linguagem humana demasi-ado lenta, em vista da rapidez do pensa-

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mento, pois que eles a abreviam tanto

quanto podem, se impacientam com aresistência mecânica que experimentam; eispor que eles não o fazem sempre. É estatambém a razão pela qual um médiumnoviço, que escreve penosamente e comlentidão, mesmo em sua própria língua, nãoobtém, em geral, senão respostas breves esem particularidades; por isso os Espíritosrecomendam que não se faça, por intermé-dio deles, senão perguntas simples. Para asde alto alcance é preciso um médium de-senvolvido, que não ofereça nenhumadificuldade mecânica ao Espírito. Não toma-ríamos, para nosso leitor, um menino deescola que apenas soletra. Um bom operárionão gosta de servir-se de maus utensílios.

  Ajuntemos outra consideração de umagrande gravidade no que concerne àslínguas estrangeiras. Os ensaios dessegênero são sempre feitos com um objetivode curiosidade e de experimentação. Ora,

nada é mais antipático aos Espíritos do que

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o aluno imponha sua vontade ao mes-

tre.” Resulta daí que, com algumas exceções,

o médium transmite o pensamento dosEspíritos pelos meios mecânicos que estão àsua disposição, e que a expressão desse

pensamento pode – e deve mesmo, o maisdas vezes – se ressentir da imperfeiçãodesses meios. Assim, o homem inculto, ocamponês, poderá dizer as coisas maisbelas, exprimir os pensamentos mais eleva-

dos, mais filosóficos, falando como umcamponês. Para os Espíritos o pensamentoé tudo, a forma nada é. Isto responde àobjeção de certas críticas a respeito dasincorreções de estilo e de ortografia que se

lhes podem censurar e que dependem tantodo médium quanto do Espírito. É umafutilidade apegar-se a semelhantes pretex-tos.

Se o médium, quanto à execução, é a-

penas um instrumento, ele exerce, sob

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outro ponto de vista, uma influência muito

grande. Visto que, para se comunicar, oEspírito estranho se identifica com o domédium, essa identificação não pode dar-sese não há entre eles simpatia e, por assimdizer, afinidade. A alma exerce sobre oEspírito estranho uma espécie de atração oude repulsão, segundo o grau de sua simili-tude ou dessemelhança; ora, os bons Espíri-tos têm afinidade para os bons e os mauspara os maus, donde se segue que asqualidades morais do médium têm umainfluência capital sobre a natureza dosEspíritos que se comunicam por seu inter-médio. Se ele é vicioso, os Espíritos inferio-res vêm agrupar-se em redor dele e estãosempre prontos para tomar o lugar dos

bons Espíritos que foram chamados. Asqualidades que atraem os bons Espíritossão: a bondade, a benevolência, a simplici-dade de coração, o amor do próximo e odesprendimento das coisas materiais. Os

defeitos que os repelem são: o egoísmo, a

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inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensua-

lidade e todas as paixões pelas quais ohomem se prende à matéria. Um médiumpor excelência seria, pois, aquele que, comfacilidade de execução, reunisse no maisalto grau as qualidades morais.

 A influência do espírito do médium podeexercer-se de outra maneira. Se ele é hostilao Espírito estranho que se comunica, podelhe ser um intérprete infiel, alterar-lhe oudisfarçar-lhe o pensamento, ou transmiti-lo

em termos impróprios. O mesmo se dáentre nós quando se encarrega um homemde má fé de uma missão de confiança.

 A faculdade mediúnica, levada embora aalto grau de desenvolvimento, não basta,

pois, para garantir boas comunicações. Énecessário, antes de tudo e como umacondição expressa, um médium simpáticoaos bons Espíritos. A repulsão destes paracom os médiuns inferiores, do ponto de

vista moral, se concebe facilmente. Toma-

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mos para confidentes de nossos pensamen-

tos pessoas que não estimamos?Certas pessoas são verdadeiramentemal aquinhoadas no que se refere às comu-nicações. Existem as que não recebem ounão transmitem, habitualmente, senão

comunicações triviais ou grosseiras. Elasdevem deplorar este fato como um indíciocerto da natureza dos Espíritos que seagrupam em redor delas, pois não são,certamente, Espíritos superiores que usam

semelhante linguagem. Não serão demaistodos os esforços que fizerem para sedesembaraçar de acólitos tão pouco reco-mendáveis, a não ser que se comprazamnestas espécies de conversações. Nós asconcitamos, em todos os casos, a queevitem fazer alarde dessa situação, pois queo fato pode dar uma idéia pouco lisonjeirados laços de amizade que mantêm nomundo dos Espíritos. Completaremos o quetemos a dizer sobre os médiuns à medida

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que a seqüência de nossas instruções o

exigir.Então é absolutamente impossível obterboas comunicações através de médiunsimperfeitos? É o que veremos no capítuloseguinte.

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 VII

Influência do meio sobre asmanifestações

Seria um erro grave acreditar que é pre-ciso ser médium para atrair os seres domundo invisível. O espaço está povoadodeles; temo-los sem cessar em redor de

nós, a nosso lado. Eles nos vêem, nosobservam, se misturam às nossas reuniões,seguem-nos ou fogem de nós conforme osatraímos ou os repelimos. A faculdademediúnica nenhum papel desempenha

nisto; ela é apenas um meio de comunica-ção. Segundo o que vimos quanto às causasde simpatia ou de antipatia dos Espíritos,facilmente se compreenderá que devemosestar cercados daqueles que têm afinidade

para com o nosso próprio Espírito, conformeele é elevado ou degradado. Consideremos

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agora o estado moral do nosso globo e

compreenderemos qual é o gênero deEspíritos que deve dominar entre os Espíri-tos errantes. Se tomarmos cada povo emparticular, poderemos julgar, pelo caráterdominante dos habitantes, por suas preocu-pações, seus sentimentos mais ou menosmorais e humanitários, das ordens de Espíri-tos que ali iremos, de preferência, encon-trar. Os Espíritos outra coisa não são senãonossas almas desprendidas de nossoscorpos e que levam consigo o reflexo dasnossas qualidades e das nossas imperfei-ções. Eles são bons ou maus segundo o quenós fomos, com exceção daqueles que,tendo deixado no fundo do alambiqueterrestre suas impurezas, se elevaram acima

da turba dos Espíritos imperfeitos. O mundoespírita não é, pois, em realidade, senão umextrato quintessenciado do mundo corporale que dele veicula os bons e os maus odo-res.

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Partindo desse princípio, suponhamos

uma reunião de homens levianos, inconse-qüentes, ocupados com seus própriosprazeres: quais serão os Espíritos que nelase encontrarão, de preferência? Certamentenão serão Espíritos superiores, do mesmomodo que nossos sábios e filósofos nãoiriam ali passar o tempo. Assim, todas asvezes que os homens se reúnem, eles têmconsigo uma assembléia invisível que simpa-tiza com suas qualidades ou com seusdefeitos, e isto independentemente de toda

e qualquer invocação. Admitamos agora queeles tenham a possibilidade de se entretercom os seres do mundo invisível por meiode um intérprete, isto é, de um médium.Quais são os que vão responder-lhe ao

apelo? Evidentemente os que estão aliprontos e que só esperam uma ocasião parase comunicar. Se, em uma assembléia fútil,se evoca um Espírito superior, ele poderáatender e mesmo fazer ouvir algumas

palavras ponderadas, como um bom pastor

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vem ao meio de suas ovelhas desgarradas.

Mas, no momento em que se vir nem com-preendido nem ouvido, ir-se-á embora,como vós mesmos o faríeis em lugar deles,e os outros ficarão em plena liberdade.

Nem sempre basta que uma reunião se-

  ja séria para obter comunicações de ordemelevada. Há pessoas que nunca riem e cujocoração nem por isso é mais puro. Ora, é ocoração, sobretudo, que atrai os bonsEspíritos. Nenhuma condição moral pode ser

negligenciada nas comunicações espíritas.Entretanto, se alguém se encontra em máscondições, conversa com seus semelhantes,que não têm escrúpulos em enganá-lo e,muitas vezes, lhe alimentam os preconcei-tos.

Por não pertencer a uma ordem superi-or, todavia um Espírito nem sempre é,necessariamente, mau. Freqüentemente éapenas leviano. Se vos divertis com suas

galhofas, ele se entregará a elas com todo oprazer e vos ultrapassará no sal dos epi-

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gramas que, raramente, serão fora de

propósito; e, sob uma aparência jovial dão,não raro, mordazes lições. São os palhaçosdo mundo espírita, como os Espíritossuperiores dele são os sábios e os filósofos.

Por aí se vê a enorme influência do

meio sobre a natureza das manifestaçõesinteligentes. Essa influência não se exerce,entretanto, como algumas pessoas preten-deram, quando não se conhecia ainda omundo dos Espíritos como se conhece hoje,

sem esclarecer as dúvidas. Quando ascomunicações concordam com a opinião dosassistentes, não é porque essa opinião sereflita no Espírito do médium como em umespelho: é, antes, porque tendes convoscoEspíritos que são simpáticos tanto para obem como para o mal e que largamenteinfluenciam sobre vossa opinião. Isso provaque, se tiverdes força para atrair a vósEspíritos diferentes dos que vos cercam,esse mesmo médium pode usar para con-vosco de uma linguagem completamente

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diferente e tratar de assuntos que se encon-

tram distantes de vosso pensamento e devossas convicções.

Em resumo, as condições do meio serãotanto melhores quanto mais homogeneida-de, quanto mais sentimentos puros e eleva-

dos, mais desejo sincero de se instruir sempensamento preconcebido houver para obem.

Nessa situação três elementos podeminfluenciar alternada ou simultaneamente: o

conjunto dos assistentes, pelos Espíritos queeles atraem, o médium, pela natureza deseu próprio Espírito, que serve de intérpre-te, e a pessoa que orienta os trabalhos. Estapode, sozinha, dominar todas as outras

influências e, mais do que isto, todas ascondições desfavoráveis do meio; pode, porvezes, obter notáveis resultados graças aoseu ascendente, se o fim a que se propõe éútil. Os Espíritos superiores atendem ao seu

apelo e em seu favor. Os outros se calamcomo alunos diante dos mestres.

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  A influência do meio faz compreender

que quanto menos numerosos somos nasreuniões, tanto melhor esta decorre, poisque, assim, é mais fácil obter homogenei-dade. As pequenas reuniões íntimas sãosempre mais favoráveis às belas comunica-ções. Entretanto concebe-se que, se cempessoas reunidas estão suficientementerecolhidas e atentas, obterão mais do quedez que fossem distraídas e ruidosas. O queé preciso haver entre os assistentes é,sobretudo, uma comunhão de pensamento.Se essa comunhão é para o bem, os bonsEspíritos a ela vêm facilmente e de boavontade. Toda a circunspecção é pouca naescolha dos elementos novos introduzidosnas reuniões. Há pessoas que levam a

perturbação a toda parte onde se acham.Os mais prejudiciais, nesse caso, são osignorantes na matéria, nem mesmo os quenão crêem. A convicção não se adquiresenão pela experiência e há pessoas que, de

boa fé, desejam se esclarecer. Aqueles

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sobretudo contra quem devemos nos preca-

ver são as pessoas de idéias preconcebidas,os incrédulos a todo transe, que duvidam detudo, mesmo da evidência, os orgulhososque pretendem ter, somente eles, a luzinfusa, que querem, em toda situação,impor sua opinião e olham com desdémtodo aquele que não pensa como eles. Nãovos deixeis levar pelo pretenso desejo de seesclarecerem. Mais de um deles ficaria bemzangado de ser obrigado a admitir que seenganou. Acautelai-vos igualmente contraesses discutidores insípidos, que se julgamsempre no direito de dizer a última palavra.Os Espíritos não apreciam as discussõesinúteis.

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 VIII

Das relações com os Espíritos

  A maneira como nos colocamos em co-municação com os Espíritos é, neste estudo,uma das questões que se mostra de maiorproeminência. Se considerarmos a distânciaque separa as duas extremidades da escala

espírita, compreenderemos, sem esforço, anecessidade de certas cautelas, levando emconta o caráter dos Espíritos e seus hábitos.Não basta, pois, que estejamos, nós mes-mos preparados; é preciso ainda conhecer o

caminho mais favorável para alcançar, comsegurança, o fim a que nos propusemos.Teremos, pois, que examinar o processoque convém seguir para as reuniões, paraas evocações, a linguagem que se deve usar

com os Espíritos, a natureza das perguntasque lhes podemos dirigir.

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pouco mais ou menos como quem julgasse

toda a população de uma grande cidadepelos habitantes de seus subúrbios.

Por tudo quanto temos dito, concebe-seque o silêncio e o recolhimento são condi-ções de primacial importância nas reuniões

espíritas. Entretanto, o que também releva-se importante é a regularidade com quedevem ser realizadas. A todas elas acorremEspíritos que podemos chamar de “freqüen-tadores assíduos” e, como tais, não quere-

mos nos referir aos Espíritos que se encon-tram por toda parte e que em tudo seintrometem. Referimo-nos aos Espíritosfamiliares ou àqueles com os quais costu-mamos tratar mais habitualmente. Nãodevemos supor que esses Espíritos nãotenham mais o que fazer senão nos escutar.Eles têm suas ocupações e podem, poroutro lado, se encontrar em condiçõesdesfavoráveis para serem invocados. Quan-do as reuniões se realizam em dias e horasfixos, eles dispõem convenientemente de

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seus horários e é raro que faltem. Alguns

levam mesmo a pontualidade ao excesso:reprovam os atrasos e se marcam, elespróprios, um determinado horário, seráinútil invocá-los com alguns minutos deantecedência.

Fora das horas consagradas eles po-dem, sem dúvida, vir e vêm mesmo de boavontade se a finalidade é justificável. Entre-tanto, nada é mais nocivo às boas comuni-cações do que chamá-los a torto e a direito,

ao sabor de nossas fantasias e, sobretudo,sem motivo sério. Como não são obrigadosa se submeter aos nossos caprichos, pode-riam bem não se dar ao incômodo e éentão, principalmente, que outros podemtomar-lhes o lugar e usar-lhes o nome.

Não há hora cabalística para as invoca-ções. A escolha é, pois, completamenteindiferente. Os horários distanciados dasocupações cotidianas e por isso favorecidos

pela tranqüilidade e a despreocupação sãoos preferíveis. Os Espíritos que prescreves-

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sem, para uma reunião qualquer, as horas

prediletas e consagradas, nos contos fantás-ticos, aos seres infernais, seriam, semdúvida, Espíritos mistificadores. O mesmo sepode dizer com respeito aos dias que asuperstição julga dotados de uma influênciaparticular.

Nada se oporia, tampouco, a que as re-uniões fossem diárias; mas haveria uminconveniente na freqüência demasiadointensa. Se os Espíritos censuram um apego

exagerado às coisas deste mundo, reco-mendam que não descuremos os deveresque nos impõe nossa vida em sociedade.Isto faz parte das nossas provações. Nossopróprio Espírito, por outro lado, tem neces-sidade, para a saúde do corpo, de não estarconstantemente aplicado a um mesmoobjetivo e, sobretudo, às indagações abstra-tas. Ele é capaz de aplicar uma atençãomais intensa quando não está fatigado. Asreuniões semanais ou realizadas duas vezespor semana são suficientes. Elas se realizam

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com mais solenidade e recolhimento quando

não são demasiado próximas. Falamos dassessões em que nos ocupamos de umtrabalho regular e não das que um médiumprincipiante consagra aos exercícios neces-sários para desenvolver-se. Estas não são,para bem dizer, sessões, são antes exercí-cios que revelarão resultados tanto maisrápidos quanto mais intensa for a aplicação.Uma vez, porém, desenvolvida a faculdade,é essencial não abusar dela, pelos motivosmesmos que acabamos de expor. A satisfa-ção que a posse da faculdade traz a certosprincipiantes excita em alguns deles umentusiasmo que é muito importante mode-rar. Eles devem lembrar-se de que ela lhesé dada para o bem e não para satisfazer a

curiosidade ociosa. E quando nos referimosao bem, entendemos o de nossossemelhantes e não apenas o nosso próprio.Por esse motivo o médium que desejaentreter relações sérias com os Espíritos

deve evitar prestar-se à curiosidade deamigos e conhecidos que vierem importuná-

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cidos que vierem importuná-lo com pergun-

tas ociosas; ao contrário, deve prestar umconcurso solícito e desinteressado quandose trata de motivos justos. Proceder deoutra forma seria agir pelo egoísmo, e oegoísmo é uma enfermidade.

Do local

Da mesma forma, não há lugares espe-

ciais e misteriosos para as reuniões espíri-tas. Deve-se, pelo contrário, evitar aquelesque, por sua natureza, forem próprios paraimpressionar a imaginação. Os bons Espíri-tos vão a toda parte onde um coração puroos conclama para o bem; e quanto aosmaus, estes não têm predileção senão peloslocais onde encontram simpatias. Os cemi-térios exercem mais influências sobre onosso pensamento do que sobre os Espíritose a experiência demonstra que estes visitamtanto o quarto mais simples e destituído de

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aparatos diabólicos quanto os túmulos e as

capelas em ruínas, em pleno dia como aoluar.

Se a escolha do local é indiferente, éconveniente mantê-lo e não fazer mudançassem necessidade. O fluido vital de cada

Espírito errante ou encarnado é, de certomodo, um foco que irradia em seu redorpelo pensamento. Concebe-se, pois, que emum local permanente deve haver um eflúviodesse fluido que forma, por assim dizer,

uma atmosfera moral com a qual os Espíri-tos se identificam. O local realmente prefe-rível seria aquele que, além de exclusiva-mente consagrado a essa prática, nuncafosse profanado por preocupações vulgares,pois que nele teríamos uma espécie desantuário de onde estariam excluídos osmaus Espíritos. Aí os elementos da atmosfe-ra moral não estariam, por outro lado, tãomisturados como em um local qualquer.

 A melhor disposição material é a que serevela mais cômoda e que pode ocasionar

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menos perturbações e distrações. Quanto

aos objetos que servem à decoração, tudoquanto pode elevar o pensamento e lembraro assunto de que nos ocupamos é útil. Masnote-se que todos os arranjos e ornamenta-ções que cheirem à magia são absurdos,dizemos mesmo perigosos, pelas idéiassupersticiosas que devem, necessariamente,alimentar. Repetimos aqui o que dissemosacima a respeito das horas: os Espíritos querecomendam decorações desse gênero, ouquaisquer práticas, são Espíritos inferioresque se divertem com a credulidade ou quese encontram, talvez, sob o império dasidéias que tinham ainda em vida. Dissemos,e não é demais repeti-lo: para os Espíritossuperiores o pensamento é tudo, a forma

nada! É pelos bons pensamentos que osatraímos e não por fórmulas vãs. Os queligam importância às coisas materiais pro-vam, por isso mesmo, que ainda estão soba influência da matéria.

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Se, em outros tempos, cercava-se a e-

vocação de mistérios e símbolos, era por-que, de um lado, desejava-se mantê-la àdistância do povo e, do outro, ganhar pres-tígio aos olhos dos ignorantes. Hoje a luz sefez para toda a gente e seria inútil querercobri-la com um alqueire.

Tudo quanto dissemos com respeito às “reuniões” em que se trata de comunicaçõesespíritas se aplica, naturalmente, às “comu-nicações individuais”. Eis por que não fare-

mos menção especial a elas. O mesmoocorrerá com o restante que temos a exa-minar. Tomamos por tipo as reuniões, poisque encerram condições mais complexas,condições de que cada pessoa pode tirarpartido conveniente em casos particulares.

  Acrescentaremos que as reuniões, quandose realizam em boas condições, têm avantagem de contar com muitas pessoasreunidas por um pensamento comum e,conseqüentemente, mais força para atrairos bons Espíritos, que apreciam achar-se

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em um meio simpático onde podem difundir

a luz e o ensinamento. Há, todavia, circuns-tâncias em que eles preferem, e mesmoprescrevem, as comunicações em privado. Oque temos de melhor a fazer, em tal situa-ção, é nos conformarmos com o seu desejo.

Das evocações

  Algumas pessoas julgam que devemos

nos abster – sobretudo quando se trata deorientações de caráter geral – de evocar talou tal Espírito e que é preferível esperar oque quiser comunicar-se. Elas se baseiamna opinião de que chamando um determi-nado Espírito não podemos ter a certeza deque é ele quem se apresenta, ao passo queo que vem espontaneamente, por suaprópria iniciativa, prova melhor sua identi-dade, pois que evidencia o desejo que oanima de se entreter conosco.

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Esta regra, todavia, não é absoluta. Nas

reuniões regulares, naquelas sobretudo emque nos ocupamos de um trabalho contínuo,há sempre, como dissemos, Espíritos assí-duos freqüentadores, que se acham presen-tes sem serem chamados, prevenidos queestão em razão da regularidade das ses-sões. Eles muitas vezes tomam espontane-amente a palavra para escrever o que sedeve fazer ou para desenvolver um assuntode conversa, e então é fácil reconhecê-los,seja pela forma de sua linguagem, que ésempre idêntica, quer por sua escrita, querpor certos hábitos que lhes são familiares,quer, enfim, pelos próprios nomes, queenunciam, ora no começo, ora no fim dostrabalhos.

Quanto aos Espíritos estranhos, a ma-neira de invocá-los é das mais simples: nãohá fórmula sacramental ou mística! Bastafazê-lo em nome de Deus, nos termosseguintes ou em outros equivalentes: Eu

rogo a Deus todo-poderoso que permita ao

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Espírito de... (designá-lo com precisão)

comunicar-se conosco; ou então: Em nomede Deus todo-poderoso peço ao Espíritode... que venha se comunicar conosco. Seele pode vir obtém-se, geralmente, emresposta: Sim; ou:   Aqui estou!; ou ainda:Que desejas de mim? 

Fica-se às vezes surpreendido com aprontidão com que um Espírito evocado seapresenta, mesmo pela primeira vez: dir-se-ia que foi avisado. É, com efeito, o que se

dá quando nos preocupamos, com antece-dência, com a sua evocação. Esta preocupa-ção é uma espécie de evocação antecipada,e como contamos sempre com nossosEspíritos familiares ou outros que se identi-ficam com nosso pensamento, eles prepa-ram os caminhos de tal maneira que, se nãohá nada que se oponha, o Espírito quedesejamos chamar já está presente. Emcaso contrário é o Espírito familiar do mé-dium, ou de quem preside aos trabalhos, ouum dos freqüentadores habituais que vai

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procurá-lo, e para isso não lhe é preciso

muito tempo. Se o Espírito evocado nãopode se apresentar instantaneamente, omensageiro (o Mercúrio, se o quiserem) dáum prazo, algumas vezes de cinco minutos,um quarto de hora ou mesmo vários dias.Quando chega diz: ele está aqui! E entãopodemos dirigir-lhe as perguntas quedesejarmos fazer.

Quando aconselhamos que se faça aevocação em nome de Deus, queremos

significar que essa recomendação deve sertomada a sério e não com leviandade. Osque virem nessa prática apenas uma fórmu-la inútil e inconseqüente procederão melhorabstendo-se dela.

Espíritos que se podem evocar

Podemos evocar todos os Espíritos, seja

qual for o grau da escala a que pertençam:tanto os bons como os maus, os que deixa-

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ram a vida há pouco tempo como os que

viveram nas idades mais remotas, os ho-mens ilustres como os mais obscuros,nossos parentes, nossos amigos, como osque nos são indiferentes; mas não se podedizer que eles queiram ou possam sempreatender ao nosso apelo; independentemen-te de sua vontade pessoal ou da permissãoque lhes pode ser recusada por um podersuperior, eles podem ser impedidos pormotivos que nem sempre nos é dado pene-trar.

Entre as causas que podem opor-se àmanifestação de um Espírito, umas lhe sãopessoais e outras lhe são estranhas. Épreciso colocar entre as primeiras suasocupações ou as missões que ele desempe-nha e das quais não pode afastar-se paraceder aos nossos desejos. Neste caso avisita fica apenas adiada.

Há ainda sua própria situação. Se bem

que o estado de encarnação não seja umobstáculo absoluto, pode ser um impedi-

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mento em certos momentos, sobretudo

quando ela se realiza em mundos inferiorese quando o próprio Espírito é pouco desma-terializado. Nos mundos superiores, naque-les em que os laços do Espírito e da matériasão muito frágeis, a manifestação é quasetão fácil quanto no estado errante e, dequalquer forma, mais fácil do que naquelesem que a matéria corporal é mais densa.

  As causas estranhas dependem princi-palmente da natureza do médium, da pes-

soa que invoca, do meio no qual se faz ainvocação e, finalmente, do objetivo quetemos em vista. Certos médiuns recebemmais particularmente comunicações de seusEspíritos familiares, que podem ser mais oumenos elevados. Outros são aptos a servi-rem de intermediários a todos os Espíritos.Tudo isso depende da simpatia ou da anti-patia, da atração ou da repulsão que oEspírito pessoal do médium exerce sobre oEspírito estranho; pode tomá-lo por intér-prete com prazer ou repugnância. Isso

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depende ainda – abstração feita das quali-

dades íntimas do médium – do desenvolvi-mento da faculdade mediúnica. Os Espíritosse aproximam com maior boa vontade e,sobretudo, são mais explícitos com ummédium que não lhes oferece nenhumobstáculo material. O mesmo ocorre relati-vamente às condições morais: quanto maisfacilidade tem um médium para escrever oupara se exprimir, tanto mais se generalizamsuas relações com o mundo espírita.

É preciso ainda levar em conta a facili-dade que o hábito de comunicar com tal outal espírito termina por desenvolver. Com otempo o Espírito estranho se identifica como médium e também com o que o chama.Pondo de parte a questão da simpatia,estabelecem-se entre eles relações semima-teriais que tornam mais rápidas as comuni-cações; eis por que um primeiro entendi-mento não é sempre tão satisfatório quantose poderia desejar, e é por isso também queos próprios Espíritos pedem tantas vezes

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que os chamem de novo. O Espírito que se

apresenta habitualmente está como naprópria casa: sente-se familiarizado comseus ouvintes e com seus intérpretes; fala eage mais facilmente.

Em resumo, ressalta do que acabamos

de dizer: que a faculdade de evocar qual-quer Espírito não implica, para ele, a neces-sidade de estar às nossas ordens; que elepode vir em um momento e não em outro,com tal médium ou tal evocador que lhe

agrade e não com tal outro; dizer o quequer sem poder ser constrangido a dizer oque não quer; ir-se embora quando lheconvém; enfim, que, por causas dependen-tes ou não de sua vontade, depois de ter-semostrado assíduo durante algum tempo,pode de repente cessar de vir.

Da possibilidade de invocar os Espíritosdesencarnados resulta a de invocar o Espíri-to de uma pessoa viva. Ele responde então

como Espírito e não como homem, e muitasvezes suas idéias não são as mesmas. Estas

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espécies de invocações exigem prudência,

porque há circunstâncias em que poderiamhaver inconvenientes. A emancipação daalma, como se sabe, dá-se quase sempredurante o sono; ora, a invocação a provocase a pessoa não está dormindo, ou, quandomenos, provoca um entorpecimento e umasuspensão momentânea das faculdadessensitivas. Seria, pois, perigoso se nessemomento a pessoa se encontrasse em umasituação na qual tivesse necessidade detodo o seu raciocínio. Seria ainda perigosose ela estivesse muito doente, pois que amoléstia poderia agravar-se. O perigo, deresto, se atenua pelo fato de o Espíritoconhecer as necessidades de seu corpo e aelas se conformar, não se distanciando além

do tempo necessário. Assim, por exemplo,quando vê que o corpo vai despertar, eleanuncia que será obrigado a retirar-se.Podendo os Espíritos reencarnarem-se naTerra, acontece muitas vezes que invoca-

mos pessoas vivas sem o sabermos. Isso

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pode ocorrer em relação a nós mesmos,

sem que o suspeitemos. Mas, então, ascircunstâncias não são as mesmas e dissonada pode resultar de desagradável.

Podemos nos admirar de ver o Espíritodos homens mais ilustres, daqueles aos

quais mal ousaríamos falar durante suavida, atenderem ao apelo de homens sim-ples. Isso pode surpreender apenas àquelesque não conhecem a natureza do mundoespírita. Quem estudou esse mundo sabe

que a posição que ocupamos na Terra nãonos dá, ali, nenhuma supremacia, e que lá opoderoso pode estar abaixo daquele que foiseu servidor. Tal é o sentido destas palavrasde Jesus: “Os grandes serão humilhados eos pequenos exaltados”, e desta outra:

 “Todo aquele que se humilha será exaltado,e todo aquele que se exalta será humilha-do”. Um Espírito pode, pois, não ocuparentre seus semelhantes a posição que nóslhe supomos; mas, se é verdadeiramentesuperior, deve ter despido todo o orgulho e

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toda a vaidade, e então olha o coração e

não a aparência.

Linguagem que se deve usar com osEspíritos

O grau de superioridade ou inferioridadedos Espíritos indica, naturalmente, o tomque se deve usar para com eles. É evidenteque quanto mais elevados eles são, mais

direito têm ao nosso respeito, às nossasatenções e à nossa submissão. Não deve-mos, pois, testemunhar-lhes menos defe-rência do que teríamos feito durante suavida, mas por outros motivos: na Terrateríamos considerado sua posição e suaclasse social; no mundo dos Espíritos nossorespeito não se dirige senão à superioridademoral. Sua própria elevação os coloca acimadas puerilidades de nossas formas adulado-ras. Não é com palavras que se lhes podecaptar a benevolência, mas com a sinceri-

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dade dos sentimentos. Seria, pois, ridículo

dar-lhes os títulos que nossos usos consa-gram à distinção das classes e que, emvida, poderiam lisonjear-lhes a vaidade. Se,realmente, são superiores, não somente nãodarão importância a isso, como também sedesgostarão. Um bom pensamento lhes émais agradável do que os epítetos maislisonjeiros. Se o contrário ocorresse nãoestariam acima da Humanidade.

O Espírito de um venerável eclesiástico,

que foi, na Terra, um príncipe da Igreja,homem de bem, que praticava a lei deJesus, respondeu um dia a alguém que oinvocou dando-lhe o título de Monsenhor:

  “Tu deverias dizer, quando menos,

ex-Monsenhor, pois que Senhor só o éDeus. Fica sabendo que eu vejo pes-soas que na Terra se ajoelhavam ameus pés e diante das quais agora eume inclino”.

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Quanto à questão de saber se se deve

ou não tratar por tu os Espíritos, é ela muitopouco importante. O respeito está no pen-samento e não nas palavras. Tudo dependeda intenção que se tenha. Os usos não sãoos mesmos em todas as línguas. Pode-se,pois, tratar por tu os Espíritos segundo asua posição ou o grau de familiaridade queexiste entre eles e nós, como faríamos comnossos semelhantes.

Se os Espíritos não se deixam levar por

palavras, gostam, em compensação, que selhes agradeça a condescendência de seapresentarem ou de nos atenderem. Deve-mos, pois, agradecer-lhes, como devemosagradecer aos que se nos afeiçoem e nosprotegem. É este o meio de induzi-los acontinuar. Seria um erro grave acreditar quea forma imperativa pode ter sobre elesalguma influência: é, pelo contrário, ummeio infalível de afastar os bons Espíritos.Rogamos-lhes, mas não lhes damos ordens,pois que eles não estão às nossas ordens, e

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faltas que expiam, seus sofrimentos são

títulos maiores à nossa comiseração. Nin-guém pode lisonjear-se de escapar a estaspalavras do Cristo:

 “Aquele que não tiver pecado atire aprimeira pedra”.

  A benevolência que lhes testemunha-mos é um consolo para eles; na falta desimpatia, devem merecer a indulgência quequereríamos que tivessem conosco.

Os Espíritos que revelam sua inferiori-dade pelo cinismo de sua linguagem, porsuas mentiras, pela baixeza de seussentimentos, pela perfídia de seusconselhos, são, certamente, menos dignos

de nosso interesse do que aqueles cujaspalavras atestam o arrependimento.Devemos-lhes ao menos a piedade queconcedemos aos maiores criminosos, e omeio de reduzi-los ao silêncio é nosmostrarmos superiores. Eles não sefamiliarizam senão com pessoas das quais

  julgam nada terem a temer. O caso aqui é

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caso aqui é falar-lhes com autoridade para

afastá-los, o que se consegue sempreatravés de uma vontade firme, intimando-osem nome de Deus e com o auxílio dos bonsEspíritos. Eles se inclinam diante da superio-ridade moral como o culpado diante do juiz.

Em resumo, tão irreverente seria tratarde igual para igual com os Espíritos superio-res, quanto ridículo ter uma idêntica defe-rência para com todos, sem exceção. Te-nhamos veneração e respeito para com os

que os merecem, reconhecimento para comos que nos protegem e nos assistem, e paracom todos, de um modo geral, a benevolên-cia de que teremos, talvez um dia, necessi-dade, nós mesmos. Penetrando no mundoincorpóreo aprendemos a conhecê-lo e esseconhecimento deve nos guiar em nossasrelações com os que o habitam. Os antigos,em sua ignorância, lhes elevaram altares.Para nós eles não passam de criaturas maisou menos perfeitas e não prestamos culto

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senão a Deus (v. Politeísmo no Vocabulário

Espírita).

Das perguntas que se devem dirigiraos Espíritos

Quem estiver bem compenetrado dosprincípios que desenvolvemos até agoracompreenderá, sem dificuldade, a importân-cia, do ponto de vista prático, do assunto de

que vamos tratar; ele é a conseqüência e aaplicação deles, e poder-se-ia, até certoponto, prever-lhe a conclusão pelo conhe-cimento que a escala espírita nos dá docaráter dos Espíritos, segundo a posição queocupam. Essa escala nos oferece a medidado que podemos pedir-lhes e do que deve-mos esperar. Um estrangeiro que viesse anosso país com a crença de que todos oshomens aqui são iguais em cultura e emmoralidade depararia com muitas anomali-as; mas isto ficaria explicado no momento

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em que compreendesse que cada um fala e

escreve segundo suas aptidões; o mesmo sedá no mundo espírita. Desde que vemos osEspíritos tão diferentes uns dos outros, sobtodos os pontos de vista, compreendemos,sem trabalho, que todos não estão aptospara resolver todas as dificuldades e queuma pergunta mal dirigida pode expor amais de uma decepção.

Estabelecido este princípio, deparar-se-nos-á a questão: convém dirigir perguntas

aos Espíritos? Algumas pessoas pensam quedevemos nos abster e que é preciso deixar-lhes a iniciativa do que querem dizer. Basei-am-se em que o Espírito, falando esponta-neamente, expressa-se mais livremente,não diz senão o que quer, e assim ficamosmais certos de ter a expressão de seupróprio pensamento. Supõem que é atémesmo mais respeitoso deixar-lhe à livreescolha a lição que julgar convenienteministrar.

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  A experiência contradiz essa teoria, co-

mo tantas outras nascidas quando do iníciodas manifestações. O conhecimento dasdiferentes categorias de Espíritos estabeleceo limite do respeito que lhes é devido eprova que, a não ser que estejamos certosde não tratar senão com seres superiores,seu ensino espontâneo não seria sempremuito edificante. Mas, posta de lado estaconsideração e supondo o Espírito bastanteevoluído para só oferecer ensinamentoselevados, essas lições seriam, freqüente-mente, muito limitadas, se não fossemestimuladas por indagações. Assistimosmuitas vezes a sessões destituídas dequalquer interesse, por falta de um assuntodeterminado. Ora, em definitivo, os Espíritos

não respondem senão quando lhes convém;agindo convenientemente, não se faz ne-nhuma violência ao seu livre arbítrio. Elesmesmos, por vezes, provocam as perguntas,dizendo: “Que queres? Interroga e eu te

responderei.” Em outras situações eles

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próprios nos interrogam, não para se instru-

írem, mas para nos porem à prova ou noslevarem a expressar mais claramente onosso pensamento.

Reduzirmo-nos, em sua presença, a umpapel puramente passivo seria um excesso

de submissão que eles não exigem. O quedesejam é atenção e recolhimento. Quandotomam espontaneamente a palavra, semesperar perguntas, como dissemos linhasacima, tratando das evocações, é caso

então de não desviá-los e seguir a linha queeles traçam. Mas como isso nem sempre sedá, é bom termos à nossa disposição umassunto preparado para o caso de falta deiniciativa dos Espíritos. Regra geral: Quandoum Espírito fala, não se deve interrompê-lo;e quando ele manifesta, por um sinal qual-quer, a intenção de falar, devemos esperare não interrompê-lo senão quando estamoscertos de que nada mais tem que dizer.

Se, em princípio, as perguntas não de-sagradam aos Espíritos, há questões que

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lhes são soberanamente antipáticas e das

quais devemos nos abster completamente,sob pena ou de não obtermos resposta oude as obtermos deficientes. Quando dize-mos que certas perguntas são antipáticas,queremos nos referir aos Espíritos elevados;aos espíritos inferiores, não escrupulosos,pode-se perguntar-lhes tudo que se quiser,sem melindrá-los, mesmo as coisas maisextravagantes. Respondem a tudo, mascomo eles mesmos dizem: “À pergunta tola,resposta tola”, e louco seria quem os to-masse a sério.

Os Espíritos podem abster-se de res-ponder por vários motivos:

1º) a pergunta pode desagradar-lhes;

2º) eles nem sempre têm os conheci-mentos necessários;

3º) há coisas que lhes é proibido reve-lar.

Se, pois, não satisfazem a uma pergun-ta é porque não querem, não podem ou não

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devem. Seja qual for o motivo, é regra

invariável que todas as vezes que um Espíri-to se recusa categoricamente a responder,nunca se deve insistir. Agindo de outraforma correremos o risco de obter a respos-ta por um desses Espíritos levianos, sempreprontos a meter-se em tudo e que pouco seincomodam com a verdade. Se a respostanão é exatamente a que desejamos, pode-mos solicitar ao Espírito que condescendacom o nosso desejo: ele o faz, algumasvezes, mas não cede nunca a exigências.Esta regra não se aplica às explicações quese podem e se devem mesmo pedir sobreum ponto qualquer quando não forsuficientemente explícito. Quando umEspírito quer encerrar uma conversação, ele

o indica geralmente por uma frase como:  “Adeus, basta por hoje”, “É muito tarde!”,  “Até outra vez”, etc. Esse encerramento équase sempre sem apelação. A imobilidadedo lápis é a prova de que o Espírito partiu e

então não se deve insistir.

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Dois pontos essenciais devem ser consi-

derados na formulação das perguntas: ofundo e a forma. Quanto à forma, elasdevem, embora sem fraseologia ridícula,demonstrar as atenções e a condescendên-cia que se devem ao Espírito que se comu-nica, se ele é superior, e nossa benevolên-cia, se ele é nosso igual ou inferior a nós.De outro ponto de vista, elas devem serclaras, precisas, sem ambigüidade. É precisoevitar aquelas que comportam um sentidocomplexo. De preferência é melhor formularduas, se necessário. Quando o assuntorequer uma série de perguntas, importa queelas sejam classificadas com ordem, seencadeiem e se sucedam metodicamente.Eis por que é sempre útil prepará-las de

antemão, o que, de resto, como dissemos, éuma espécie de invocação antecipada, queprepara os caminhos. Meditando-as comvagar nós as formulamos e as classificamosmelhor, e obtemos respostas mais satisfató-

rias. Isto não impede acrescentar, no curso

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da conversação, perguntas complementa-

res, nas quais não se tivesse pensado, ouque podem ser sugeridas pelas respostas;mas o quadro está sempre traçado, e isto éo essencial. O que se deve evitar é passarrepentinamente de um assunto para outropor perguntas sem seqüência e lançadassem propósito no meio do assunto principal.

  Acontece também, muitas vezes, que algu-mas perguntas preparadas de antemão, naprevisão de certas respostas, se tornaminúteis e, neste caso, passa-se adiante. Umfato que se apresenta também muito fre-qüentemente é que a resposta se antecipa àpergunta e que, mal são pronunciadas asprincipais palavras desta, o Espírito respon-de sem deixar terminá-la. Algumas vezes

mesmo ele responde a um pensamentoexpresso em voz baixa por alguns dosassistentes, sem que tenha sido feita umapergunta e sem que o médium o saiba. Senão se tivesse a cada instante a prova

manifesta da neutralidade absoluta deste

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último, fatos deste gênero não poderiam

deixar nenhuma dúvida a esse respeito.No que se refere ao fundo, as perguntasmerecem uma atenção particular, segundoseu objeto. As perguntas frívolas, de puracuriosidade e de comprovação, são as que

desagradam aos Espíritos sérios. Eles asafastam ou recusam-se a respondê-las. OsEspíritos levianos, todavia, se divertem comelas.

  As perguntas de comprovação são ordi-

nariamente feitas por aqueles que ainda nãoadquiriram uma convicção e procuram,assim, certificar-se da existência dos Espíri-tos, de sua perspicácia e de sua identidade.Isto é, sem dúvida, muito natural da parte

deles, mas erram completamente o seualvo. E sua insistência a esse respeito resul-ta de sua ignorância dos fundamentos emque repousa a ciência espírita, fundamentosesses completamente diversos daqueles em

que se firmam as ciências experimentais.  Aqueles, pois, que desejam instruir-se na

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ciência espírita devem resignar-se a seguir

um processo completamente diferente e apôr de lado o procedimento habitual emexperimentos. Se julgam não poder fazê-losenão aplicando seus próprios processos,farão melhor abstendo-se. Que diria oprofessor a quem um aluno pretendesseimpor seu método, que pretendesse pres-crever-lhe agir desta ou daquela forma erealizar as experiências a seu jeito? Aindauma vez a ciência espírita tem seus princí-pios. Aqueles que almejam conhecê-ladevem conformar-se a eles. Em caso con-trário não se podem dizer aptos a julgá-la.Esses princípios são os seguintes, no queconcerne às perguntas de prova:

1º) Os Espíritos não são máquinas quefazemos mover à nossa vontade.São seres inteligentes que não fa-zem e não dizem senão o que que-rem e nós não podemos sujeitá-losaos nossos caprichos.

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2º) As provas que desejamos ter de

sua existência, de sua perspicáciae de sua identidade eles mesmosas dão, espontaneamente e de suaprópria vontade, em muitas ocasi-ões; mas as dão quando querem eda maneira que querem; cumpre-nos esperar, ver, observar, e essasprovas não nos faltarão: é precisopegá-las na passagem. Se quiser-mos provocá-las é, então, que elasnos escapam, e nisso os Espíritosnos provam sua independência eseu livre arbítrio.

Este princípio é, de resto, o que regetodas as ciências de observação. Que faz o

naturalista que estuda os costumes de uminseto, por exemplo? Segue-o em todas asmanifestações de sua inteligência ou de seuinstinto; observa o que se passa, masespera que os fenômenos se apresentem;

não pensa nem em provocá-los nem emdesviar-lhes o curso; ele sabe, aliás, que, se

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o fizesse, não os teria mais em sua simplici-

dade natural. O mesmo se dá com respeitoàs observações espíritas.

Segundo o que sabemos agora, com-preende-se que não basta que um Espíritoseja sério para resolver ex-professo toda

questão séria; não basta mesmo, comovimos, que ele tenha sido sábio na Terrapara resolver uma questão de ciência, vistoque pode estar imbuído ainda dos precon-ceitos terrestres. É preciso que seja, ou

suficientemente elevado, ou que seu pro-gresso, como Espírito, se tenha realizado nocírculo das idéias que desejamos submeter-lhe, progresso esse eventualmente bastantediverso do que nele pudemos observardurante a vida. Mas acontece também, emuito habitualmente, que outros Espíritosmais elevados vêm em auxílio daquele queinterrogamos e lhe suprem a insuficiência;isto acontece principalmente quando aintenção do interrogador é boa, pura edestituída de pensamento preconcebido. Em

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suma, a primeira coisa a fazer, quando nos

dirigimos a um Espírito pela primeira vez, éaprender a conhecê-lo a fim de julgarmos anatureza das perguntas que podemosdirigir-lhe com mais segurança.

Os Espíritos ligam, em geral, pouca im-

portância às questões de interesse pura-mente material e às que concernem à vidaprivada de cada pessoa. Enganar-nos-emos,pois, se acreditarmos encontrar neles guiasinfalíveis que pudéssemos consultar a todo

momento sobre a marcha ou o resultadodos nossos negócios. Repetimos ainda: osEspíritos levianos respondem a tudo. Elespedirão mesmo, se quisermos, a alta oubaixa da bolsa, dirão se o marido que seespera será moreno ou loiro, etc., e tantomelhor se o acaso os faz acertar.

Não colocamos no número das pergun-tas frívolas todas as que são de caráterpessoal: devemos apreciá-las com bom

senso. Mas, os Espíritos que melhor nospodem guiar neste particular são os nossos

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Espíritos familiares, os que estão encarre-

gados de velar por nós e que, pelo hábitoque têm de nos seguir, estão identificadoscom as nossas necessidades. Estes, semcontradição, conhecem os nossos problemasmelhor do que nós mesmos; é, pois, a elesque devemos nos dirigir para essa espéciede conselhos, e assim mesmo é precisofazê-lo com calma, por um apelo sério à suabenevolência e não levianamente. Mas,perguntar essas coisas à queima-roupa e aoprimeiro Espírito que se apresenta seria omesmo que nos dirigirmos à primeira pes-soa que encontrássemos em nosso caminho.

Nossos Espíritos familiares podem, pois,nos esclarecer e, em muitas circunstâncias,o fazem de modo eficaz; mas sua assistên-cia não é sempre patente e material; é, omais das vezes, oculta. Auxiliam-nos poruma multidão de advertências indiretas queprovocam e que, infelizmente, nem semprelevamos em conta, donde resulta que mui-tas vezes devemos nos queixar de nós

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mesmos em nossas atribulações. Quando os

interrogamos, eles podem, em certos casos,dar-nos conselhos positivos, mas, em geral,se limitam a mostrar-nos o caminho, reco-mendando-nos que não nos abalroemos, etêm, para isto, um duplo motivo. Primeiro,as tribulações da vida se não são o resulta-do de nossos próprios erros, fazem partedas provações que devemos sofrer; elespodem ajudar-nos a suportá-las com cora-gem e resignação, mas não lhes pertencedesviá-las. Em segundo lugar, se eles nosguiam pela mão, para evitar todos os esco-lhos, que faríamos do nosso livre arbítrio?Seríamos como crianças colocadas emandadores até a idade adulta. Eles nosdizem: “Eis o caminho, segue a boa vereda.

Eu inspirarei o que deves fazer de melhor,mas serve-te do teu juízo, como a criançase serve de suas pernas para andar.” 

Os Espíritos podem predizer o futuro?Tal é a pergunta que nenhum noviço deixade formular. Diremos, a este respeito,

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apenas uma frase: A Providência foi sábia

ocultando-nos o futuro. De que tormentosessa ignorância não nos poupa! Sem contarque, se o conhecêssemos, nos abandonarí-amos como cegos ao nosso destino, abdi-cando toda iniciativa. Os próprios Espíritosnão o conhecem senão em razão de suaelevação, e eis por que os Espíritos inferio-res, em seus sofrimentos, crêem sofrer parasempre. Os que têm conhecimento do porvirnão o revelam. Podem, quando muito,levantar uma ponta do véu que o cobre.Mas, então, fazem-no espontaneamente,porque julgam isso útil, nunca por solicita-ção nossa. O mesmo se dá relativamente aonosso passado. Insistir neste ponto, comonos outros, quando recusam responder, é

fazer-se joguete de Espíritos mistificadores.Não poderíamos – sem reproduzir aqui o

que encerra O Livro dos Espíritos – passarem revista todas as variedades de pergun-tas que é possível fazer. Enviaremos, pois, aele o estudioso interessado nas questões

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que concernem ao futuro, às existências

anteriores, às descobertas, aos tesourosocultos, às ciências, à medicina, etc.

Médiuns pagos

Não conhecemos ainda médiuns escre-ventes que dêem consultas a tanto porsessão. Todavia eles podem surgir com otempo e por isso parecem-nos úteis algu-

mas palavras a esse respeito. Diremos, emprimeiro lugar, que nada se prestaria maisao charlatanismo e ao embuste do quesemelhante mister. Se se têm visto falsossonâmbulos, muito mais médiuns falsos severiam, e só esta razão seria um motivofundado de desconfiança. O desinteresse,ao contrário, é a resposta mais peremptóriaque se pode opor aos que não vêem nosfatos espíritas senão uma hábil artimanha.Não há charlatanismo desinteressado! Qualseria, pois, o objetivo das pessoas que

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usassem de embuste sem proveito? Com

maioria de razão quando sua notória honra-dez as põe acima da suspeita? Se o lucroque um médium retirasse de sua faculdadepode ser um motivo de suspeição, não seriaabsolutamente uma prova de que essasuspeição seja fundada; ele poderia, pois,ter uma aptidão real e agir de muito boa fé,ao mesmo tempo em que se fazia retribuir.

  Vejamos se, neste caso, pode-se, razoavel-mente, esperar um resultado satisfatório.

Se ficou bem compreendido tudo quantodissemos acerca das condições necessáriasa serem preenchidas por quem quer quedeseja servir de intérprete aos bons Espíri-tos, acerca das circunstâncias independen-tes da vontade deles, que são, muitasvezes, um obstáculo à sua vinda, das causasnumerosas que podem afastá-los, enfim, detodas as condições morais que podemexercer influência sobre a natureza dascomunicações, como poderíamos supor queum Espírito de alguma elevação pudesse

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estar, a qualquer hora do dia, às ordens de

um negociante de consultas e submetido àssuas exigências para satisfazer a curiosida-de do primeiro que chegasse?

Conhece-se a aversão dos Espíritos portudo quanto cheire a cupidez e egoísmo, o

pouco caso que fazem das coisas materiais.E, depois disso, poderíamos admitir que elesajudassem a comerciar servindo de inter-mediários? Isso repugna o pensamento eseria preciso conhecer muito pouco a natu-

reza do mundo espírita para crer que talpudesse se dar. Todavia, como os Espíritoslevianos são menos escrupulosos e nãoprocuram senão ocasiões para se divertiremà nossa custa, resulta daí que, se nãosomos mistificados por um falso médium,temos toda a probabilidade de sê-lo poralguns dentre eles. Estas poucas reflexõesdão a medida do grau de confiança que sedeveria conceder a manifestações dessegênero. De resto, para que serviriam hojeos médiuns pagos, visto que, se nós mes-

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mos não somos dotados de faculdades

mediúnicas, podemos encontrá-las emnossa própria família, entre amigos ouconhecidos?

O inconveniente que acabamos de assi-nalar não é o mesmo quando se trata de

manifestações puramente físicas. A naturezados Espíritos que se prestam a estas cir-cunstâncias basta à nossa apreciação.Todavia, como a faculdade dos médiuns deefeitos físicos não está sempre à sua dispo-

sição, muitas vezes pode faltar exatamentequando tiverem horário marcado parasatisfazer às exigências de seu público. Afaculdade mediúnica, mesmo nesta área,não foi concedida para exibições em palcos,e todo aquele que pretendesse ter Espíritosàs suas ordens, fossem ainda os da ordemmais inferior, para pô-los em ação à suavontade, poderia, com razão, ser suspeitadode charlatanismo e de mistificação mais oumenos hábil.

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Fique isto bem entendido todas as vezes

que se virem anúncios de pretensas sessõesde Espiritismo ou de espiritualismo a umdeterminado preço por entrada.

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IX

 Assuntos de estudo

Quando evocamos nossos parentes,nossos amigos e ainda personagens céle-bres da história, para comparar suas opini-ões de além-túmulo com as que tiveram emvida, ficamos, por vezes, embaraçados para

alimentar a conversação sem cair em bana-lidades e lugares comuns. Julgamos, pois,de utilidade sugerir fontes que podemfornecer temas, por assim dizer, ilimitadospara essa troca de idéias.

O mundo espírita, como se viu, apresen-ta tantas variedades, do ponto de vistaintelectual e moral, quanto a Humanidade;devemos mesmo dizer muito mais, pois que,qualquer que seja a distância que separa os

homens na Terra, desde o primeiro degrauaté o último, há Espíritos aquém e além

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desses limites. Para conhecer um povo é

preciso vê-lo da base ao cimo, estudá-lo emtodas as fases da vida, sondar-lhe os pen-samentos, esquadrinhar-lhe os hábitosíntimos, em uma palavra, fazer-lhe, porassim dizer, a dissecação moral. Só multipli-cando as observações é que se podemapreender as analogias e as anomalias eassentar um julgamento por comparação.Quem poderia contar os volumes escritossobre a etnografia, a antropologia e oestudo do coração humano? E, todavia,estamos ainda longe de ter dito tudo. O quese faz para o homem pode-se fazê-lo paraos Espíritos, e é o único meio de chegar aconhecer esse mundo que nos interessa,tanto mais quanto a morte, a que todos

estamos sujeitos, a ele nos conduz pelaforça mesma das coisas. Ora, esse mundose nos revela pelas manifestações inteligen-tes dos Espíritos. Nós podemos, pois, inter-rogar-lhe os habitantes de todas as classes,

não somente sobre generalidades, mas

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que os separa de nós, tanto maiores identi-

ficações encontramos com nossa própriasituação. É, pois, do mais alto interesse, doponto de vista psicológico e moral, estudara posição daqueles que foram nossos con-temporâneos, que seguiram os caminhos davida, lado a lado conosco, cujo caráter,aptidões, vícios e virtudes conhecemos,fossem eles embora homens os mais obscu-ros. Melhor os compreendermos porqueestão ao nosso nível! Eles nos oferecem,freqüentemente, traços característicos domais alto interesse, e acrescentaremos queé nesse círculo, de certo modo íntimo, que aidentidade dos Espíritos se revela de manei-ra mais incontestável. Esta é, como se vê,uma fonte inesgotável de observações,

mesmo que não tomemos em consideraçãosenão homens cuja vida apresenta algumacaracterística representativa, por exemplo,do ponto de vista do gênero de morte,idade, boas ou más qualidades morais,

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posição feliz ou infeliz na Terra, hábitos,

estado mental, etc.Relativamente aos Espíritos elevados, oquadro desse estudo se amplia. Além dasquestões psicológicas naturalmente limita-das, pode-se-lhes propor uma multidão de

questões morais, que se estendem aoinfinito, abarcando as posições da vida, amelhor conduta a ser seguida em tal ou talcircunstância, nossos deveres recíprocos,etc. O valor da instrução que se recebe

sobre um assunto qualquer, moral, históri-co, filosófico ou científico depende inteira-mente do Espírito que se interroga. A nóscompete julgar.

  Além das perguntas propriamente ditas,

podemos solicitar, da parte dos Espíritossuperiores, dissertações sobre assuntospropostos ou escolhidos por eles em umasérie que lhes apresentamos. Pode-se assimtomar por tema as qualidades, os vícios, as

extravagâncias da sociedade, como a avare-za, o orgulho, a preguiça, o ciúme, o ódio, a

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cólera, a caridade, a modéstia, etc. Espíritos

pouco elevados, mas inteligentes, podemtratar de um modo feliz assuntos menossérios, mas que nem por isso são menosinteressantes: outros, enfim, podem, se-gundo sua aptidão e a facilidade de execu-ção que o médium lhes apresenta, ditarobras de longo fôlego.

  A maneira de fazer as perguntas e decoordená-las é, como acabamos de ver,uma questão essencial. Achar-se-ão nume-

rosas ilustrações a esse respeito nos artigospublicados na Revista Espírita, sob o títulode Conversações familiares de além-túmulo.Podem ser tomadas, como tipos de proce-dimentos a seguir, nas relações que quiser-mos estabelecer com os Espíritos.

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X

Conselhos aos noviços

O conhecimento da ciência espírita sebaseia em uma convicção moral e em umaconvicção material. A primeira se adquirepelo raciocínio, a segunda pela observaçãodos fatos. Para o noviço seria lógico ver em

primeiro lugar e raciocinar em segundo.Infelizmente nem sempre pode ser assim.Seria impossível fazer-se um curso deEspiritismo como se faz um curso de Quími-ca ou Física. Os fenômenos que são da

alçada dessas ciências podem ser reprodu-zidos à vontade, pode-se, pois, fazê-lospassar, gradualmente, diante dos olhos doaluno, partindo do mais simples para o maiscomplexo. O mesmo não se dá com os

fenômenos espíritas: não os manejamoscomo uma máquina elétrica. É preciso

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Procuramos reunir nas nossas publica-

ções todos os elementos necessários a essefim, encarando a ciência sob todas as suasfaces e dando, sobre as diversas questões,as explicações que o estado atual dosconhecimentos comporta. Uma leituraatenta de nossas obras será, pois, umaprimeira iniciação que permitirá esperar osfatos ou fornecerá os meios de provocá-loscom conhecimento de causa, se nada seopuser, e isso sem nos perdermos nosensaios que podem resultar infrutuosos pornão serem dirigidos nos limites do possível.Nestas Instruções Práticas se encontrarãotodos os princípios fundamentais necessá-rios aos principiantes. Na Revista Espírita,além de explicações extensas, uma varieda-

de considerável de fatos e de observações.Enfim, em O Livro dos Espíritos temos opróprio ensino dos Espíritos sobre todas asquestões de metafísica e de moral que serelacionam com a doutrina espírita.

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XI

Influência do Espiritismo

Os adversários do Espiritismo emprega-ram contra ele, a princípio, a arma doridículo e taxaram, sem cerimônia, de loucostodos os seus partidários. Essa arma nãoapenas se revelou inócua, mas começou a

tornar-se ridícula, tanto aumenta o númerodesses pretensos loucos em todos os paísese de tal modo que seria necessário enviaraos hospícios os homens mais eminentestanto por seu saber quanto por sua posição

social.Mudaram então suas armas e, assumin-do um tom mais sério, apiedaram-se pelasorte reservada à Humanidade por essadoutrina, cujos perigos exaltaram, sem

cogitar que proclamar o perigo de umacoisa é constatar-lhe a realidade. Se o

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Espiritismo é uma ilusão, para que tanto

trabalho em combatê-lo? É ir contra moi-nhos de vento. Deixai-o tranqüilo e elemorrerá de morte natural. Mas, eis que, emvez de morrer ele se propaga com incrívelrapidez e seus adeptos se multiplicam emtodos os pontos do globo, a tal ponto que,se isto continua, haverá, em breve, maisloucos do que pessoas sensatas. Ora, quemcontribuiu para esse resultado? Foram ospróprios adversários que fizeram propagan-da sem o quererem. Suas diatribes produzi-ram o efeito do fruto proibido. Cada indiví-duo cogitou de si para si; visto que seencarniçam tanto contra esse monstro, éporque há, então, um monstro. Raciocíniomuito lógico! E, excitadas pela curiosidade,

quiseram ver, ainda que fosse através dosdedos, tapando os olhos. Foi assim quemuitas pessoas foram levadas a se interes-sar pelo Espiritismo, pessoas essas que, nãofosse essa circunstância, não teriam, talvez,

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ouvido falar em tal coisa ou, quando menos,

não se teriam ocupado com ela.Se o Espiritismo é uma realidade é por-que ele está na natureza, porque não é umateoria, uma opinião, um sistema: ele envol-ve fatos. Se é perigoso é preciso dar-lhe

uma direção. Não se suprime um rio, dirige-se-lhe o curso. Vejamos, pois, em poucaspalavras, quais são esses pretensos perigos.

Ele pode, diz-se, produzir uma impres-são prejudicial sobre as faculdades mentais.

Nós nos explicamos suficientemente nocorrer desta obra sobre a verdadeira origemdesse perigo que promana, precisamente,dos que supõem combatê-lo inoculando noscérebros fracos a idéia do diabo ou do

demônio. A exaltação doentia pode tam-bém, todos sabem, ter origem em ummotivo contrário a esse que estivemos amencionar. Pondo-se de lado qualquer idéiarelacionada ao Espiritismo, é comum ver-se

cérebros perturbados por interpretaçõesfalsas do que se tem por mais sagrado e

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respeitável. Os jornais relataram, recente-

mente, o episódio ocorrido com uma moçado campo que, tomando ao pé da letra estetexto evangélico: se tua mão é causa deescândalo, corta-a, decepou o punho agolpes de machado. Poder-se-á distoconcluir que o Evangelho é perigoso? Eaquela mãe que matou os filhos para fazê-los entrar mais depressa no paraíso, provacom seu ato que a idéia do paraíso éperigosa?Em apoio desta acusação contra o Espi-

ritismo citam-se algarismos e diz-se, porexemplo, que nos Estados Unidos, em umasó região, contam-se quatro mil casos deloucura causados por essas idéias. Pergun-tamos em primeiro lugar aos que adiantamfatos deste gênero, em que fonte os forambuscar, e se a estatística que estabelecem érealmente autêntica. Nós a julgamos tiradade alguns dos jornais do país que, comotodos os nossos adversários, crendo ter omonopólio do bom senso, consideram

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cérebros loucos todos quantos crêem nas

manifestações espíritas.Não admira que, com semelhante crité-rio, se tenham encontrado quatro mil casos.Mas esse algarismo nos parece muito mo-desto, pois é por centenas de milhares que

se contam hoje em dia os espíritas. Edificai,pois, hospícios para toda essa gente! Mas,basta deste assunto, que não merece umexame mais sério. Examinemos uma acusa-ção mais grave!

O Espiritismo, afirmam certas pessoas,arruína a religião. Tem-se muita razão dedizer que não há nada mais perigoso do queum amigo desassizado. Essas pessoas nãopensam que, dizendo isto, elas mesmas

atacam a religião em sua base fundamental:sua eternidade. Como! Uma religião estabe-lecida pelo próprio Deus ficaria comprometi-da por alguns Espíritos batedores!? Admitis,então, o poder desses Espíritos, que, outras

vezes, a vosso ver, não passam de ilusões?Ficai, pois, ao menos de acordo convosco

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mesmo. Se esses Espíritos são mitos, que

tendes a temer? Se eles existem, de duasuma: ou os julgais muito poderosos ou  julgais a religião muito fraca. Escolhei! Mas,direis, nós não tememos os Espíritos, nãocremos neles, não receamos senão as falsasdoutrinas daqueles que as preconizam.Seja! Mas, a vosso ver, os que crêem nosEspíritos são loucos. Então receais queloucos abalem a Igreja? Escolhei ainda.Quanto a nós, diremos que os que empre-gam essa linguagem não têm fé, pois não éter fé no poder de Deus crer vulnerável porcausas tão frágeis uma religião da qualJesus teria dito: “As portas do inferno nãoprevalecerão contra ela”.

 Vejamos, entretanto, em que a Doutrinaé contrária aos princípios religiosos. Queensinam esses Espíritos tão perigosos?Dizem isso:

  “Amai a Deus sobre todas as coisas

e ao vosso próximo como a vós mes-mos. Amai-vos uns aos outros como

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irmãos. Perdoai aos vossos inimigos;

esquecei as injúrias; fazei a outrem oque quereríeis que vos fizessem. Nãovos contenteis com o não fazer o mal,fazei o bem; suportai com paciência eresignação os sofrimentos da vida; ba-ni do vosso coração o egoísmo, oorgulho, a inveja, o ódio, o ciúme.” 

Eles dizem ainda:

 “Deus vos dá os bens da Terra parafazerdes bom uso deles e não para go-zá-los como avarentos; a sensualidadevos rebaixa ao nível do animal.” 

Mas Jesus também disse tudo isso; amoral deles é, pois, a do Evangelho. Ensi-

nam o dogma da fatalidade? não! Elesproclamam que o homem é livre em todasas suas ações e responsável por suas obras.Dizem que pouco importa o comportamentoaqui na Terra e que o destino é o mesmo

depois da morte? De modo algum! Reco-nhecem as penas e as recompensas futuras;

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fazem mais, tornam-nas patentes, pois são

os próprios seres, felizes ou desgraçados,que vêm nos pintar seus sofrimentos e suasalegrias. É verdade que eles não as expli-cam exatamente como se faz entre nós; quenão admitem um fogo material para quei-mar eternamente almas imateriais. Mas nãoimporta se o fundo existe! A não ser que sepretenda que a forma deva sobrelevar aofundo e o sentido figurado seja superior aosentido próprio.

  As crenças religiosas não se modifica-ram em muitas passagens das Escrituras,notavelmente nos seis dias da criação, quese sabe muito bem não serem mais seisvezes vinte e quatro horas, mas, talvez, seisvezes cem mil anos? Na antigüidade doglobo terrestre, no movimento da Terra emredor do Sol? Tudo isso era, outrora, consi-derado como uma heresia, digna do fogoterrestre e celeste. E como a modificação dareligião não é permitida pela Igreja, queatitude tomar depois que a ciência positiva

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veio demonstrar, não o erro do texto, mas a

falsa interpretação que se lhe havia dado? Omesmo se dá com o inferno, que ela nãocoloca mais nos lugares subterrâneos daTerra, depois que ali se lançou um olharinvestigador. A alta teologia admite, perfei-tamente, a existência de um fogo moral. Elanão designa mais um lugar determinadopara o purgatório depois que se sondaramas profundezas do espaço e pensa que elepoderia bem estar em toda parte, mesmoao nosso lado! E a religião não sofreu comisso, pelo contrário, ganhou em não porfiarcontra a evidência dos fatos. Não se deve

  julgá-la pelo que se ensina ainda nas esco-las de aldeia, onde doutrinas superiores nãoseriam compreendidas. O alto clero é mais

esclarecido do que o julga geralmente omundo, e provou, em muitas ocasiões, quesabe, em caso de necessidade, sair dosvelhos trilhos da tradição e dos preconcei-tos. Mas há pessoas que querem ser mais

religiosas do que a própria religião e que a

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rebaixam pela mesquinhez de suas vistas.

Para elas as exterioridades são tudo eprevalecem mesmo sobre a moral doEvangelho, que praticam muito pouco: eisaqui os que são mais perniciosos à doutrinacristã. E a doutrina espírita, em que lheseria perniciosa? Ela explica o que erainexplicável, justifica a possibilidade do quese tinha julgado impossível, prova a utilida-de da prece. Diz, entretanto, que a prece docoração é a única eficaz e que a dos lábiosé um vão simulacro. E quem ousaria susten-tar o contrário?

 A não eternidade das penas! A reencar-nação! Eis as pedras de escândalo! Mas sealgum dia esses fatos se tornarem tãopatentes e tão vulgares como o movimentoda Terra em redor do Sol, será, afinal,preciso render-se à evidência como se fezem outras circunstâncias semelhantes. Epesquisando, mesmo agora, talvez sejadifícil negar-se essa crença. Não haja pres-sa, pois, em pronunciar um julgamento que

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poderia ser demasiado precipitado e apro-

veitemos as lições da História.O maior inimigo da religião é o materia-lismo. E esse não tem mais rude adversáriodo que a doutrina espírita. O Espiritismo járeconduziu ao Espiritualismo numerosos

materialistas que, até então, haviam resisti-do a todos os argumentos teológicos. É queo Espiritismo faz mais do que argumentar:torna as coisas patentes! É o mais poderosoauxiliar das idéias religiosas, pois que dá ao

homem a convicção de seu destino futuro, ea este título deve ser acolhido como umbenefício para a Humanidade.

Ele reanimou em mais de um coração afé na Providência, fez renascer a esperança

no lugar da dúvida. Fez melhor: arrancoumais de uma vítima ao suicídio, restabele-ceu a paz e a concórdia nas famílias, acal-mou ódios, amorteceu paixões brutas,desarmou a vingança e levou a resignação à

alma do sofredor.

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É subversivo da ordem social e da or-

dem pública? Uma doutrina que condena oódio e o egoísmo, que prega o desinteresse,o amor ao próximo, sem exceção de seitasou castas, não pode excitar paixões hostis eseria de desejar, para o sossego do mundoe a felicidade do gênero humano, que todosos homens compreendessem e praticassemtais princípios: não teriam nada mais quetemer uns dos outros.

Eis para onde conduz a loucura do Espi-

ritismo naqueles que, aprofundando essesmistérios, vêem nas manifestações outracoisa mais do que mesas que giram e de-mônios que batem.

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Índice onomástico

 André Martin – filósofo francês nascidoem Bressuire, Poitou, em 1621. Desencar-nou em Poitiers em 1695. Membro da Con-

gregação do Oratório, ensinou com sucessoa filosofia em Angers, depois em Saumur(1679) e ocasionou inúmeros aborrecimen-tos por adotar idéias de Descartes. Viu-sesuspenso da Ordem sob a acusação de ser

partidário do jansenismo. O bispo de Angerse o arcebispo de Paris, depois de teremfeito uma investigação, reconheceram suainocência e propuseram que lhe restituíssemseu posto. Todavia o rei se negou a voltarsobre a ordem que havia dado e Martin seretirou para Poitiers. Deve-se ao sábiooratoriano uma obra intitulada Philosophiamoralis christiana – Angers, 1653 –, extratometódico e muito bem feito das obras deSanto Agostinho sobre matérias importantespara o curso de uma filosofia cristã. Esta

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obra foi posta no Índex. Martin fez algumas

modificações e publicou-a, sob o título deSanctus Augustinus, de existência veritatisDei, etc. – Angers 1656, 3 volumes.

 Aristóteles – filósofo grego (384-322a.C.) nascido na Macedônia. Discípulo de

Platão durante 20 anos, foi, depois da mortede seu ilustre mestre, encarregado porFelipe da Macedônia da instrução de seufilho Alexandre. Acompanhou seu discípulo à

  Ásia e veio depois fixar residência em Ate-

nas, onde fundou a escola filosófica chama-da “Peripatética”. Aristóteles é o gênio maisvasto da antigüidade: abrangeu todas asciências do seu tempo e criou muitas quenão existiam. Os seus principais tratados

são: “Organon”, a “Retórica”, a “Política”,dois tratados de “Moral”, a “Poética”, a  “História dos animais”, a “Física”, os “Mete-oros”, o “Céu, a “Metafísica”, etc.. Na IdadeMédia, Aristóteles era o oráculo dos filósofos

e dos teólogos escolásticos. Morreu em

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Oálcis, na Eubeia, para onde se retirara

depois da morte de Alexandre Magno. Faria, José Custódio de, abade (1756-1819) – conhecido na França sob o nome de

  “l’abbé Faria”, nascido em Condolim deBardeu, Índia Portuguesa. Tomou parte

ativa na Revolução Francesa e mais tardeadquiriu a reputação de notável magnetiza-dor. Chateaubriand alude a Faria em suasMemórias de Além Túmulo e AlexandreDumas fez dele um dos principais persona-

gens do célebre romance O Conde de MonteCristo.

Fénelon (Francisco de Salignac de LaMothe, 1651-1715) – ilustre prelado fran-

cês, arcebispo de Cambrai. Foi preceptor doduque de Borgonha, neto de Luiz XIV, paraquem compôs o seu célebre “Telêmaco”.Escreveu ainda, entre outras obras: o “Tra-tado da existência e dos atributos de Deus”,

  “Fábulas”, “Diálogo dos mortos”, etc., obrasfamiliares a Allan Kardec, que admirava e

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respeitava imensamente o autor. Fénelon

viria a desempenhar importante papel entrea plêiade de Espíritos Superiores encarrega-dos de dar corpo doutrinário ao Espiritismo.

Mercúrio – Deus romano dos negóciose dos viajantes, filho de Júpiter, identificado

com o Hermes dos gregos. Movimentar-se-ia com grande velocidade e tem asas nospés.

Mesmerismo – de Mesmer, nome

próprio. Doutrina de Mesmer. Tratamentopelo magnetismo. Frederico Antonio Mesmer(1733-1815) foi médico alemão. Kardecestudava-lhe as teorias quando foi desper-tado pelos fatos espíritas.

Paracelso (Philppus Aureolos Theop-hrastus Bombastus von Hohenheim, dito) –médico e alquimista suíço-alemão (Einsie-deln, Suíça, c. de 1493 – Salzburgo, Áustria,1541). O epíteto Paracelso foi provavelmen-

te criado por ele, com a conotação de

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superioridade a Celso. Estudou na Universi-

dade de Basiléia, interrompendo seu cursopara dedicar-se à investigação dos proces-sos de mineração numa mina do Tirol.Observou os minérios e também as molés-tias contraídas pelos mineiros, apresentandovárias fórmulas para o tratamento. Retornouà Basiléia em 1526, onde lecionou (emalemão, contrariando o costume de daraulas em latim) na universidade, criticandoviolentamente as obras de Galeno e Avicenae chegando a queimar solenemente asobras desses autores. Paracelso negava amedicina passada e contemporânea eexpunha seus próprios métodos de trata-mento das doenças. O sistema foi repudiadopor não ser ele formado em medicina. Em

1528, passou a exercer medicina comoitinerante, percorrendo vários pontos da

  Alemanha e da Suíça. Fixou-se em Salzbur-go em 1529, onde permaneceu até a morte.Sua terapêutica baseava-se na filosofia

neoplatônica, na qual a vida do homem

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Minas do seu país. Publicou trabalhos e

dissertações sobre matemática, astronomiae geologia. Em 1734 apresentou em seusPrincipia rerum naturalium uma hipótesecosmogônica que ficou célebre, malgradocertas extravagâncias. Em 1736 sentiu oafloramento de notáveis faculdades mediú-nicas que fariam dele um dos mais eminen-tes precursores do Espiritismo. A seita porele fundada persiste até os nossos dias. Ateoria que concebeu sobre o papel e funcio-namento do cérebro, publicada em 1740,contém idéias que detêm a atenção dosfisiologistas por suas singulares idéias.Desencarnou em Londres em 1772.

Tycho-Brahe – Astrônomo dinamarquês

(1546-1601), criador de um sistema astro-nômico diferente dos de Ptolomeu e deCopérnico. Levou, entretanto, muito a sérioa astrologia, o que terminou por comprome-ter seu trabalho. Foi mestre de Keppler.

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Notas: 

1 Este livro é, por ordem cronológica, asegunda obra espírita publicada por AllanKardec. O Livro dos Espíritos fora lançado

em 1857; Instruções Práticas sobre asManifestações Espíritas e a Revista Espíri-ta datam de 1858. (Nota da Editora.)2 Erraticidade em português quer dizero mesmo que erratibilidade, isto é, caráter

do que é errático. Antônimo: sedentário,fixo. Nesse sentido muitas pessoas enten-deram que, desencarnados, os espíritossão espécies de nômades, sem residênciafixa, vagueando ao acaso. Essa concepção

foi responsável pelo retraimento de mui-tos espíritas à descrição das colônias espi-rituais tais como “Nosso Lar”, etc., apre-sentadas nos livros de André Luiz, psico-grafados por Francisco Cândido Xavier,

que entram em conflito com o sentidoprimeiro de “erraticidade”. Todavia os

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próprios dicionários já consignam o con-ceito espírita: “Erraticidade: estado dosEspíritos entre suas encarnações”. (N.E.)3 Percebe-se aqui que Allan Kardec re-servava acepções diversas para os vocá-

bulos “Espírita” (o que se refere ao Espiri-tismo) e “Espiritista” (aquele que adota adoutrina espírita). Tendo em vista o fe-nômeno da evolução da língua, endere-çamos uma consulta ao insigne gramático

e filosófico Prof. Silveira Bueno, cuja res-posta aqui transcrevemos: “As duas de-nominações são usuais, predominandoultimamente a primeira, sem que a se-gunda seja errada. Vamos explicar para

que tudo fique bem claro: de “Espirit” (o)mais o sufixo nominal “ista”, que pode serencontrado em biologista, foguista, psico-logista, paulista, altruísta, teremos “espiri-tista”. Como se vê, é correto e bem feito

o termo. Foi a influência da palavra espíri-to que determinou a existência de “espíri-

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ta”, com acentuação proparoxítona, poisexiste ainda a pronúncia paroxítona, ri-mando com “fita”. Esta surgiu da combi-nação de “espiritista” com “espírita”. Astrês formas, pois, são aceitas: espírita 

(proparoxítona), espirita (paroxítona) eespiritista”.

Escrevendo em O Livro dos Médiuns,três anos depois, isto é, em 1861, AllanKardec já anota o seguinte: “Espiritista”:

Esta palavra foi empregada a princípiopara designar os adeptos do Espiritismo.Não foi consagrada pelo uso; prevaleceuo termo “espírita”. (N.E.)4 Esta definição foi feita por Allan Kar-

dec em O Livro dos Médiuns, XXXII. Elegrafa o verbete, tanto no singular quantono plural, com maiúscula. (N.E.)5 Observe o leitor que Allan Kardec ofe-rece uma acepção própria e diversa do

que ensina o Ocultismo, segundo o qual

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  “Elementares” são Espíritos dos quatroelementos da Natureza. (N.E.)6 Os vocábulos Espiritismo e Espírita (Spiritism, Spiritist) não são empregadosnos países de fala inglesa. Nos fins do

século passado foram muito correntes asexpressões Novo Espiritualismo e Moder-no Espiritualismo (New Spiritualism, Mo-dern Spiritualism). Hoje, entretanto, em-pregam-se apenas “Spiritualism” e “Spiri-

tualist” e isso embora o arrazoado deKardec seja, relativamente à língua ingle-sa, tão oportuno, pleno de bom senso epropriedade, quanto para o francês e oportuguês. (N.E.)

7 Kardec escrevia em 1858. Em 1917acontecia a revolução russa. Se enten-dermos “doutrina” por “conjunto de prin-cípios que servem de base a um sistemareligioso, político ou filosófico”, podere-

mos, hoje em dia, admitir o “materialis-mo” como erigido em doutrina nos países

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da área soviética. Cumpre lembrar, entre-tanto, que o “materialismo histórico” éantes uma concepção econômica da histó-ria, segundo a qual o modo de produçãoda vida material condiciona o processo da

vida social, política e intelectual em geral.  A esse respeito é bom recordar que,mesmo para alguns exegetas do marxis-mo, o “materialismo” de Marx já é muitodiscutível. (N.E.)8

A faculdade de desenhar ou pintar,através dos Espíritos, é hoje denominadapsicopictografia. (N.E.)9 Por “Pneumatologia” entende-se otratado dos Espíritos, dos seres interme-

diários que formam a ligação entre Deus eo homem. (N.E.)10 Vide Nota Especial no fim deste capí-tulo.

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11 Ciência infusa: ciência que Adão re-cebeu de Deus. Diz-se da ciência adquiri-da sem estudo. (N.E.)12 Vide Nota Especial sobre a EscalaEspírita, no fim do capítulo anterior:

  “Quadro sinótico da nomenclatura espíritaespecial”. (N.E.)13 “Espirit-du-vin”, em francês: álcool.(N.E.)14

Vide a palavra Sonho no VocabulárioEspírita.15 Veja-se na R EVISTA ESPÍRITA, meses demarço, abril e maio de 1858, a narração eexplicação das manifestações desse gêne-

ro. (*)(*) Vejam-se também os trabalhos

mais recentes dos escritores espíritas esua abundante documentação. (Nota doeditor francês.)

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16 “Voir le bout de l’oreille” – ver a pontada orelha, expressão corrente que se ori-ginou no fato de se representar os gno-mos com orelhas pontiagudas. (N.E.)17 Gurupés (Mát de beaupré) – mastro

na extremidade da proa de navio. (N.E.)18 Kardec refere-se à obra La réalité desEsprits et le Phénomène merveilleux deleur écriture directe, publicada pelo BarãoL. Guldenstubbé em Paris, no ano de1857, isto é, no mesmo ano em que foieditado O Livro dos Espíritos. (N.E.)19 Um dos fatos mais extraordináriosdessa natureza, pela variedade e estra-nheza dos fenômenos, é, sem contradi-ção, o que se deu, em 1852, no Palatina-do (Baviera Renana), em Bergzabern,perto de Wissembourg. Ele é tanto maisnotável porque reúne pouco mais ou me-nos, e no mesmo indivíduo, todos os gê-neros de manifestações espontâneas: ba-

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rulho de abalar a casa, derrubamento dosmóveis, objetos lançados ao longe pormão invisível, visões e aparições, sonam-bulismo, êxtase, catalepsia, atração elétri-ca, gritos e sons aéreos, instrumentos

tocando sem contato, comunicações inte-ligentes, etc.; e, o que não é de impor-tância medíocre, a verificação desses fa-tos, durante quase dois anos, por inúme-ras testemunhas oculares dignas de fé por

seu saber e posição social. Foi publicada anarração autêntica naquela época em vá-rios jornais alemães e, notadamente, emuma brochura, hoje esgotada e muitorara. Achar-se-á a tradução completa des-sa brochura na Revista Espírita de 1858,com os comentários e explicações neces-sários. Ao que sabemos, foi a única publi-cação francesa que se fez dela. Além dointeresse empolgante que se prende aesses fenômenos, eles são eminentemen-