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ele fala de Direito, de Política, de História e de muito mais. Felix fala de política, mas não fala para políticos. Fala de Direito, mas não fala para operadores do Direito. Ele fala para todos.

Além desses temas, ele aborda, sempre de forma deliciosa, o amor por sua terra, o orgulho dos filhos (que nem merecemos, mas que nos deixa prosa), os amigos, a saudade, as religiões, que ele não professa, mas que respeita, a educação e a falta de educação, as desigualdades sociais. Enfim, Felix fala de tudo ao escrever

Possui graduação

em Direito pela Universidade

Federal do Amazonas (1965). Atualmente é professor da Faculdade Marta Falcão e advogado - Escritório Jurídico Valois & Advogados S/C.

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– vamos dizer assim – amazonenses, o leitor encontrará crônicas sobre fatos nacionais e internacionais ainda de interesse presente. Aliás, esse foi um dos critérios adotados na seleção dos textos, a importância do tema para o momento.

para além dos textos

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ISBN 978-85-8425-578-8

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para além dos textos

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Copyright © 2017, Rodapé Editora.Copyright © 2017, Félix Valois.

Editor ChefePlácido Arraes

Produtor EditorialTales Leon de Marco

Capa, projeto gráficoTales Leon de Marco

DiagramaçãoLetícia Robini de Souza

Catalogação na Publicação (CIP)Ficha catalográfica

VALOIS, Félix.

Crônicas por Félix Valois -- Belo Horizonte: Editora Rodapé, 2017.

Bibliografia.ISBN: 978-85-8425-578-8

1. Crônicas 2. Literatura Brasileira. I. Título. II. Autor

CDU821.134.3-94 CDD869.4

Editora RodapéAv. Brasil, 1843, Savassi

Belo Horizonte – MGTel.: 31 3261 2801

CEP 30140-007

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida,

por quaisquer meios, sem a autorização prévia do Grupo D’Plácido.

W W W . E D I T O R A R O D A P E . C O M . B R

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sumA

RIO

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20QUE HORROR!

23“In memoriam”

26Vamos estudantes

30Uma nova

Constituição

33Síndrome do medo

36Não importa

o nome

39E olha que

é Natal!

43Para não falar

de Cuba

48O caso da matinha

54Arrogância intolerável

59Uma cultura

nociva

64Discurso: falando

para juízes

68Veja e repare

71Homenagem a

um homem digno

74Aristófanes de Castro e o júri

77A lição do Paraguai

80Sem inflação, por que aumentos?

83Penitenciária

e crime

86De tragédias e besteiras

89Discurso: falando para promotores

1980

1990

93Livros didáticos

e besteirol

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128Operação anaconda

131Burocracia e cansaço

134Polícia e Ministério

Público

137Crime e uso

de droga

140A cela surda

143Direito: a turma

de 1965

146Feliz natal

149Ano novo

para Luciana

152A arrogância

americana

155O diabo e os

novos exorcistas

158Para meus netos

161A indústria

dos templos

164Advogado não é sinônimo de

bandido

167Bolívia e

soberania

170É proibido

chorar

173Lícito e honesto

125Movimento antiterror

116Crimes

hediondos ou lei hedionda?

119Uma nova

bandeira para o Amazonas

122Uma crise artificial

113Independência

do judiciário

97Prisão preventiva obrigatória: cruel-

dade ou tolice

106O robô e a

pessoa jurídica

111A baía do Rio Negro

2000

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210Corrupção

ontem e hoje

213Amores antigos

216Justiça circense

219Machismo e ficha limpa

222A testemunha

e o juiz

225Bolsas e juros

228IEA

232O ministro e a prisão

236Ediney Azancoth

240Fim do mundo

244Coisas de

antigamente

248Andando

ou caminhando

176Um pouco de história

179Velhice e dignidade

1827 de Setembro

185As três irmãs

207O cordão dos

puxa sacos

198As prostitutas e

a falsa moral

201Belo exemplo

do Pará

204Almino Affonso

190Caixões

importados

192Meu pai

194Ortotanásia

196Crianças na prisão

2010

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313Manaus e

seus médicos

317Os banhos de Manaus

321Coisas de Manaus

325Casos de Manaus

329Em contraponto

332P.S. –

“In memoriam”

334Fundamentalismo

338Exame de

Ordem

267Presos

provisórios

271Missionário

da luz

274Advogados e

jornalistas

278Supressão de

instância

309Manaus e seus

professores

298Parônimo e

manaura

302Um velho tema

305A imprensa

e eu

282Manaus

286Uma veadagem

salvadora

290Tristes

lembranças

294A cobra

e a árvore

263Ser brasileiro

252Septuagenário

256PEC 37

260A fé e a

indenização

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298Parônimo e

manaura

302Um velho tema

305A imprensa

e eu

342Feira da Helena

346Fala das amebas

350Um parlamentar

mudo

354A encoxada

e o xibiu

358Uma cantada

erudita

361Sequestro

e advogados

365Rua Leonardo

Malcher

369Desagravo aos irmãos

roraimenses

294A cobra

e a árvore

393Velho e lento

397Medos e realidade

401Coisas da

chatice

373Problemas de

memória

377Mimita

385Doutor Luís

Carlos

389Claro que não presta

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PREF

ACIO

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Sempre que se refere a prefácios, Félix Valois, como bom machadiano, lem-bra a advertência do Bruxo do Cosme Velho, de que os prefácios devem ter pelo menos a vantagem de serem cur-tos. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o finado personagem, com

intuito de angariar a simpatia do leitor, diz que “o primeiro remédio é fugir de um prólogo explícito e longo”, e acrescenta, “o melhor prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado”.

Nossa missão é difícil então, por vários motivos. Primeiro porque este prefácio, das Crônicas de Félix Valois, está sendo escrito por quatro pessoas, seus filhos, os quais nem de longe têm a qualidade da pena e o dom de síntese do autor, mas igualmente porque se pretende, além de prefaciar, apresentar e agradecer.

Se pecarmos na orientação de um prefácio cur-to, o leitor, entretanto, terá a verdadeira vantagem de ter um excelente livro nas mãos. Assim, tratan-do-se de crônicas reunidas, o texto principal terá duas vantagens sobre este prefácio, além de melhor escrito, é o conjunto de textos curtos.

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Contudo, como lembra o próprio autor (É proibido chorar), sendo o leitor, o único e verdadeiro crítico que existe, “iniciada a leitura de um livro, se o conteúdo não agrada é a coisa mais fácil do mundo não prosseguir no sacrifício, bastando deixar de lado a obra”, o que, se for o caso, também por se tratarem de crônicas, se dará sem maiores prejuízos.

As crônicas foram dirigidas a vocês, leitores de Félix Valois. Mesmo sabendo que vocês não são escassos ou raros, como o autor costuma apregoar, a certeza dos muitos destinatários não foi mais um fator a tornar difícil a nossa missão.

Se escrevemos o prefácio para que vocês sejam in-troduzidos à obra, com certeza, não é por vocês que o fazemos, apesar do imenso respeito que temos por todos. Escrevemos por nosso pai. O livro é para os leitores, po-rém, é, antes de tudo, por ele. Do prefácio ao ponto final.

Muitos já disseram que ele, o autor, deveria escrever um livro. Incentivos e clamores não faltaram. Dentre esses muitos, há aqueles que clamam por um livro de Direito Penal. Fazem-no pela admiração que tem pelo profissional do Direito de uma vida inteira que é o autor, seja o advo-gado ou o professor. Para esses, Felix sempre justificou a não publicação dizendo, humildemente, que nada tem a acrescentar aos tantos livros de Direito Penal que há por aí.

Três de nós quatro, que assinamos este prefácio, somos “do Direito” e solidarizamo-nos na orfandade da obra técnica desejada, na esperança de que o autor um dia se convença de que tem muito a ensinar.

Felizmente, não somos privados da leitura dos seus textos. Felix Valois escreve há mais de quarenta anos. Já

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assinou colunas em praticamente todos os periódicos desta Manaus sorriso.

Ao nos reunirmos para escrever este prefácio, junta-mos nossas memórias e voltamos no tempo. Chegamos na Coluna “Alternativa”, do jornal “A Notícia”. Éramos crianças, pouco ou nada compreendíamos a respeito do que ele escrevia ali semanalmente, mas o orgulho de ver o nome de nosso pai em destaque no jornal já era imen-so. Durante décadas e até os dias de hoje, Felix Valois alimenta esse orgulho, enquanto continua a escrever suas crônicas, publicadas ora aqui, ora ali.

Nelas, ele fala de Direito, de Política, de História e de muito mais. Felix fala de política, mas não fala para políticos. Fala de Direito, mas não fala para operadores do Direito. Ele fala para todos.

Além desses temas, ele aborda, sempre de forma deliciosa, o amor por sua terra, o orgulho dos filhos (que nem merecemos, mas que nos deixa prosa), os amigos, a saudade, as religiões, que ele não professa, mas que res-peita, a educação e a falta de educação, as desigualdades sociais. Enfim, Felix fala de tudo ao escrever para todos.

Mais do que espelhar o amor do autor por Manaus, algumas crônicas trazem conteúdos históricos da cidade, com personagens que marcaram o cotidiano e a vida de pessoas da segunda metade do século passado. Para um país tão carente de pesquisas históricas, algumas crônicas podem ser o começo ou a base de outros estudos.

Sem esquecer da ditadura militar, vivida na pele pelo autor, mas sempre mais lembrada por suas atrocidades nos estados do sul do país, que também é tema abordado em algumas crônicas de forma contundente, servindo como

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lembrança histórica do alcance desse período negro da história do Brasil.

Mas, para além dos textos – vamos dizer assim – amazonenses, o leitor encontrará crônicas sobre fatos nacionais e internacionais ainda de interesse presente. Aliás, esse foi um dos critérios adotados na seleção dos textos, a importância do tema para o momento.

Há ainda os textos atemporais, arte em forma de crônica que, mesmo falando do Amazonas, para o leitor de outros estados poderá sobressair a beleza da harmonia entre as palavras, a precisão técnica, a estrutura do texto que – sem falsa adulação de filhos – é verdadeiramente de estilo machadiano.

No mais, não houve uma metodologia complexa na seleção e relação dos textos, estando, a maior parte, em ordem cronológica e com a data informada no fim de cada crônica. Estão divididas por décadas, desde a de 1980. Se algumas não possuem data, é porque não foi possível especificá-la, embora a sua posição no livro esteja relacionada com o período em que pensamos tenha sido elaborada.

Com tantas crônicas já escritas – esta coletânea talvez contenha um terço das que pudemos selecionar – bem que o autor já poderia ter publicado vários livros. Bastaria procurar um editor, pois conteúdo de qualidade é o que não falta. Mas ele, o autor, nunca procurou.

É que Felix Valois é desprovido dessa vaidade. Eis porque o presente livro sai, não como resultado de um desejo do autor, já que isso não o seduz, mas como uma homenagem ao autor dos seus quatro leitores mais encantados com sua obra.

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Um segredo agora revelado, Félix Valois sequer sabe da publicação deste livro, saberá depois de impresso, será uma surpresa, um presente de amor dos filhos para o pai, além, é claro, um presente de carinho para os leitores.

Nesse ponto devemos agradecimento à Editora D’Plácido que, não só está publicando a obra, como foi a idealizadora e incentivadora da mesma. Somos testemunha de que a Editora D’Plácido, uma das que mais cresce no país, tem, literalmente, caçado bons textos para publicação.

Mas, contudo, o maior e mais importante agrade-cimento é a Ilsa Honório de Valois Coelho, nossa mãe, companheira, guerreira, mais do que incentivadora do autor, muitas vezes sua inspiração e, sempre, seu supor-te, sua segurança, uma verdadeira musa de inteligência, perspicácia e beleza.

Em várias crônicas Félix Valois cita amigos, parceiros de antigamente ou atuais, membros da família, colegas de trabalho. A todos esses estendemos nossos agradecimen-tos, fazem parte da vida do autor, que não tem entre seus defeitos a hipocrisia ou a falsidade de lembrar, e muito menos de escrever, de forma positiva a respeito de quem efetivamente não quer bem.

Talvez alguns amigos ou familiares tenham sido citados em crônicas que não constam desta coletânea. A estes apresentamos nossas desculpas, justificadas pelo fato de que realmente não conseguimos reunir todos os textos do autor.

Embora a brevidade, como se vê e como se previu, não tenha sido uma das qualidades deste prefácio, apesar do es-forço dos subscritores, terminamos lembrando novamente

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Brás Cubas, que encerra o seu próprio prefácio de for-ma meio rabugenta: “a obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me a tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote e adeus”.

Não é o caso, fino leitor. Nossa tarefa já está paga. Pode ser paga em dobro com o teu sorriso, nas inúmeras páginas divertidas que tens pela frente, mas será paga em triplo, em quádruplo, com o sorriso do autor, nosso pai.

Manaus, 4 de dezembro de 2016.

Luís Carlos Honório de Valois Coelho Lucíola Honório de Valois Coelho Alfredo Honório de Valois Coelho Lúcia Honório de Valois Coelho

1980

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1980

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QUE HORROR!

Entre várias outras definições conceituais de política, mestre Aurélio Buarque de Holanda, em seu Novo Dicio-nário, fornece as duas seguintes: “Ciência dos fenômenos referentes ao Estado. Sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos”.

Colocada a questão nesses termos, está-se a ver a in-teira procedência da vetusta afirmativa de que “o homem é um animal político”. A mais desinteressada das criaturas, o menos “ligado” dos homens, há de se compenetrar de que suas atitudes, quaisquer que sejam elas, têm uma destinação política. Mesmo a omissão, na medida em que traduz uma postura de aquiescência com o status quo vigente, é manifestação de ordem política e, nesse sentido, gera consequências.

Se assim é, indiscutível que o posicionamento de quem dirige a coisa pública é, em todas as circunstâncias, um posicionamento político, porque o alheamento dessa

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conotação é, na hipótese, mais inadmissível do que em qualquer outra. Se se há de encarar com benevolência, em respeito à ignorância, a afirmativa de algum cidadão de que é apolítico, a mesma asserção, partindo de quem já teve nas mãos o poder de conduzir os destinos de um povo, há de causar estarrecimento.

O Sr. Arthur César Ferreira Reis bradou à imprensa que “tem horror à política”, e, portanto, “aos homens que estão na política”. É triste que não se tenha ele pejado de proferir tamanho despautério, mas o episódio serve para confirmar o erro sucessivo em que vem incorrendo os homens de 1964, na sua insistência em colocar no poder pessoas desvinculadas dos interesses do povo e à revelia desse povo.

Como se pode entender que um homem que já teve a incumbência de dirigir uma unidade federativa revele horror às coisas e aos homens da política? Creio que só a origem espúria desse poder de mando é capaz de explicar a contradição. Não poderia, de fato, manifestar preocu-pação séria e científica com a política, quem foi tirado da cartola do arbítrio e levado a desempenhar um papel que teria muito de histriônico, não fora pela gravidade dos interesses envolvidos.

Não colhe a velha desculpa de que o desinteresse se refere à política no seu sentido partidário. Ainda no dizer de mestre Aurélio, um partido é uma “organização cujos membros programa e realizam uma ação comum com os fins políticos e sociais” e o homem público, portanto, não se pode pretender apartidário, salvo se alimentar a veleidade da onisciência e do monopólio da verdade, o que pode ter sido admissível entre monarcas

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do medievo e seus cavaleiros reunidos em távolas, mas nunca no dia de hoje.

O terrível desabafo do Sr. Reis é prova mais do que suficiente de que ele e seus sucessores não ocuparam o Palácio Rio Negro em legítima situação de inquilinos. Trata-se de casos evidentes de esbulho, a exigirem ime-diata e eficaz reparação, consolidando-se nas mãos do povo o direito-dever de escolher democraticamente seus governantes.

Estes, quando oriundos de tal forja, não estarão, por certo, livros de erros, mas haverão de ter o cuidado de evi-ta-los, a fim de que não venham a sofrer rejeição. Os que, entretanto, governaram pelo simples poder da força estão infensos a esse processo depurativo e, por isso mesmo, se dão ao macabro luxo de fazer ouvidos de mercador para os altos e uníssonos reclamos de uma gente cansada de miséria, de fome e de humilhação.

O Sr. Arthur Reis, ao se dizer “horrorizado” com a política, também revela que não conhece “a arte de bem governar os povos” e isso, com efeito, ele nunca soube fazer.

- - - 16.07.81 - - -

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“In Memoriam”

Há um tempo também para a saudade. Um tempo em que nós temos de esquecer das preocupações rotineiras, dos assuntos, graves ou frívolos, que fazem o nosso dia a dia. Um tempo, enfim, em que o espírito se debruça sobre si mesmo e encara o significado da vida, com tudo o que ela nos traz de bom e de ruim, de compensador e angustiante. É o tempo da morte, quando vemos partir, para a viagem sem retorno, aqueles que integraram o quadro de nossa existência, conosco rindo e sofrendo , conosco tendo alegrias e decepções.

Mestre RAYMUNDO NONNATO DE CASTRO morreu e, por isso, hoje é tempo de saudade. Os cora-ções se constrangem com a ida do velho professor que, tendo dedicado toda a sua vida ao Direito, via cumprir-se a mais velha e inexorável das leis. Choram os que lhe eram ligados por laços de parentesco, mas não só esses. Choram, ainda, todos os que puderam aprender a admirar

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ele fala de Direito, de Política, de História e de muito mais. Felix fala de política, mas não fala para políticos. Fala de Direito, mas não fala para operadores do Direito. Ele fala para todos.

Além desses temas, ele aborda, sempre de forma deliciosa, o amor por sua terra, o orgulho dos filhos (que nem merecemos, mas que nos deixa prosa), os amigos, a saudade, as religiões, que ele não professa, mas que respeita, a educação e a falta de educação, as desigualdades sociais. Enfim, Felix fala de tudo ao escrever

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ISBN 978-85-8425-578-8