Alongamento Muscular

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1 Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004. ALONGAMENTO MUSCULAR: UMA VERSÃO ATUALIZADA Adélia Oliveira da Conceição 1 George Alberto da Silva Dias 2 * Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais. ** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais. *** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista em Fisioterapia Neurofuncional. RESUMO: O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor- dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principais métodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivo do texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica das técnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionais da área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

ALONGAMENTO MUSCULAR: UMAVERSÃO ATUALIZADA

Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.

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ALONGAMENTO MUSCULAR: UMAVERSÃO ATUALIZADA

Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.

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1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

ALONGAMENTO MUSCULAR: UMAVERSÃO ATUALIZADA

Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.

Page 19: Alongamento Muscular

1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

ALONGAMENTO MUSCULAR: UMAVERSÃO ATUALIZADA

Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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3Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.

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1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

ALONGAMENTO MUSCULAR: UMAVERSÃO ATUALIZADA

Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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3Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.

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1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

ALONGAMENTO MUSCULAR: UMAVERSÃO ATUALIZADA

Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.

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Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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3Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.

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1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

ALONGAMENTO MUSCULAR: UMAVERSÃO ATUALIZADA

Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.

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1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

ALONGAMENTO MUSCULAR: UMAVERSÃO ATUALIZADA

Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.

mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.

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1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.

ALONGAMENTO MUSCULAR: UMAVERSÃO ATUALIZADA

Adélia Oliveira da Conceição 1

George Alberto da Silva Dias 2

* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista

em Fisioterapia Neurofuncional.

RESUMO:O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principaismétodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivodo texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica dastécnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionaisda área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.

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INTRODUÇÃO

O alongamento é umamanobra terapêutica utilizadapara aumentar o comprimento(alongar) de tecidos moles queestejam encurtados (KISNER,1998), podendo ser definido tam-bém como técnica utilizada paraaumentar a extensibilidademúsculotendinosa e do tecidoconjuntivo periarticular, de talmodo contribuindo para aumen-tar a flexibilidade articular(HALL; BRODY, 2001).

A flexibilidade sofre in-fluência de três fatores princi-pais: a estrutura óssea da arti-culação, a quantidade de tecidoperiarticular e a extensibilidadede tendões, ligamentos e tecidomuscular que cruzam a articu-lação (ALLSEN, 1999). Com adiminuição da extensibilidade omúsculo perde a capacidade dese deformar, restringindo a am-plitude articular na direção domovimento do qual é antagonis-ta (BRANDY, 2003), assimcomo hábitos sedentários são umdos maiores responsáveis pelaperda de flexibilidade, pois afalta de uso da estrutura em ar-cos extremos de movimento ar-ticular resulta na adaptação dostecidos conjuntivos a compri-mentos menores com conse-qüente perda da extensibilidade.Além disso, a redução da flexi-bilidade sendo responsável pormovimentos corporais incorre-tos contribui para o uso viciososda estrutura anatômica gerandoestresse mecânico e predispon-

do a lesões cumulativas do apa-relho locomotor (ALLSEN,1999).

As atividades de flexibi-lidade são comumente recomen-dadas como atividade pré-aque-cimento ou como procedimentopós-aquecimento conforme érecomendado pelos autores(BRANDY, 2003), (HALL;BRODY, 2001) e(ALLSEN,1999), são utilizadostambém para manter o funcio-namento normal do músculo evi-tando lesões, melhorar o desem-penho de atletas e auxiliar nareabilitação pós lesão. Comoconduta terapêutica é indicadopara aumentar a amplitude arti-cular, quando a causa de restri-ção de ADM for o componentemusculotendineo (BRADY,2003).

Tendo em vista estesaspectos, as manobras de flexi-bilidade articular são de grandeutilidade na pratica diária da fi-sioterapia, já que constantemen-te estes profissionais lidam compacientes que apresentam res-trição de amplitude articulardecorrentes de fatores intrínse-cos ou extrínsecos, por isso sefaz necessário o conhecimentoclaro e objetivo deste assunto,esclarecendo pontos de vista oupensamentos errôneos a respei-to desta técnica, que possam in-terferir na boa prática das ma-nobras que podem ser utilizadaspara o ganho de flexibilidadearticular.

PROPRIEDADES DOSTECIDOS MOLES

Os métodos de alonga-mento empregados nas disci-plinas de atletismo, dança, fisi-oterapia e ioga podem variarbastante. Contudo, determinadoconhecimento é necessário emtodas essas disciplinas. Um co-nhecimento básico do mecanis-mo neuromuscular normal, in-cluindo desenvolvimento motor,anatomia, neurofisiologia ecinesiologia, é muito útil, se nãoessencial. Além disso, qualquerque seja o método de alongamen-to usado, o profissional da áreada saúde deve estar completa-mente familiarizado com a es-trutura e a função da articula-ção em questão. O profissionaldeve saber não somente o graude limitação do movimento, mastambém quais tecidos são res-ponsáveis pelas limitações(ALTER, 1999).

Os tecidos moles vari-am em características físicas emecânicas. Tanto os tecidoscontráteis como os não-contráteis são extensíveis e elás-ticos, mas os tecidos contráteistambém são contraíveis.Contratilidade é a habilidade deum músculo para encurtar edesenvolver tensão ao longo desua extensão. Distensibilidade(comumente conhecida comoextensibilidade) é a proprieda-de do tecido muscular em au-mentar o comprimento em res-posta a uma força aplicada ex-ternamente (ALTER, 1999).

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Assim quanto menor adistensibilidade de um tecidomole, maior deve ser a forçaque pode produzir um alonga-mento. Um tecido de altadistensibilidade não pode resis-tir a uma força de alongamen-to, assim como um tecido que émuito rígido, e precisará de umaforça maior que o tecido me-nos rígido para produzir o mes-mo grau de deformação. As-sim, os tecidos moles com mai-or rigidez são menos suscetí-veis a lesões como distensões eentorses (ALTER, 1999).

Os tecidos moles nãosão perfeitamente elásticos.Além do seu limite elástico, elesnão podem retornar a seu com-primento original uma vez quea força de alongamento é remo-vida. A diferença entre o com-primento original e o novo com-primento é chamada de disposi-ção permanente (alongamentoplástico ou deformação) ecorrelaciona-se a uma lesãotecidual menor (ALTER, 1999).

Os tecidos nãocontráteis são constituídos prin-cipalmente por colágeno, umaproteína mais abundante nosmamíferos que é um componen-te estrutural principal do tecidovivo. Nos vertebrados, porexemplo, o colágeno constituium terço ou mais das proteínastotais do corpo. As fibrascolagenosas aparecem sem core esbranquiçadas. Elas são ar-ranjadas em feixes e, exceto sobtensão, atravessam um cami-nho caracteristicamente ondu-lado. As fibras colágenas só são

capazes de um leve grau deextensibilidade. Elas são, con-tudo muito resistente ao estressede tração. Logo, são os princi-pais constituintes de estruturas,como ligamentos e tendões quesão submetidos a uma força detração (ALTER, 1999). Portan-to de acordo com as modifica-ções ocorridas no tecido conjun-tivo derivam de tensões a eleimpostas, se a tensão for pro-longada e contínua as molécu-las e os feixes do tecido conjun-tivo se alongam (BIENFAIT,1995).

MÉTODOS DEALONGAMENTO

Existem três tipos bási-cos de alongamento, o estático,o balístico e por facilitaçãoneuromuscular proprioceptiva(FNP). No método de alonga-mento estático, músculos e te-cidos são estirados e mantidosem posição estacionária em seumaior comprimento possível porum período de 15 a 60 segundos(HALL, BRODY, 2001). Já deacordo com Brandy (2003), oprocedimento realizado é alon-gar o músculo de forma lenta egradual. A baixa velocidade dealongamento do músculo evita aresposta neurológica do reflexodo estiramento e estimula a ati-vidade dos órgãos tendinosos degolgi facilitando o alongamentomuscular, o arco de movimentode ser mantido por um tempo deno mínimo 15 segundos e nomáximo 60 segundos, para que

haja adaptação das fibras ao novocomprimento.Nessa posiçãouma leve tensão deve ser per-cebida, o alongamento progride,aumentando de intensidade, àmedida que o paciente se adaptaa posição para então adquirir umnovo posicionamento.

Dentre as vantagens doalongamento estático Allsen(1999), descreve que contribuipara o alivio das dores muscu-lares e para melhora da flexibi-lidade, já Hall e Brody (2001)acrescentam que reduzem o gas-to de energia global, diminuema possibilidade de ultrapassar aextensibilidade tecidual e dimi-nui a possibilidade de causardores musculares, Brandy(2003) afirma também que elereduz a atividade dos fusos mus-culares e aumenta consideravel-mente a atividade dos órgãostendinosos de golgi (OTG).

O alongamento Balís-tico, o músculo é levado a secontrair e relaxar de forma rá-pida e repetida, levando adeflagração de estímulos quemandam o músculo contrair aoinvés de relaxar (reflexo deestiramento), aumentando a pos-sibilidade de causar micro lesõesque posteriormente podem inter-ferir no bom funcionamento domúsculo. Apesar disso, esse tipode técnica tem eficácia paramelhora da flexibilidade de umapopulação restrita (atletas), umavez que para um bom rendimen-to em atividades dinâmicas sãonecessárias atividades balísti-cas. Para tanto se sugere umprograma de flexibilidade dinâ-

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mico em que o individuo passapor uma serie de alongamentosbalísticos, onde se varia a velo-cidade (lento – rápido) e a am-plitude de movimento (arcocompleto ou incompleto), sendoque antes desse programa oindividuo passa por uma serie dealongamentos estáticos até pro-gredir para as atividades balís-ticas de baixa, média e alta ve-locidade (BRADY, 2003).

Allsen (1999), concordacom o autor quando ele se refe-re à reação muscular ao alon-gamento balístico e possibilida-de de lesões, mas acrescentaque seus efeitos benéficos podemser potencializados quando rea-lizados como atividade pós-aquecimento, pois a temperatu-ra dos tecidos encontram-semais elevada, tornando-os maismaleáveis e menos passiveis delesão. Acredita-se, também,que o condicionamento possaafrouxar as conexões de actina-miosina aumentando a eficáciado alongamento (HALL;BRODY, 2001).

Um dos tópicos maiscontroversos da ciência dos es-portes é o valor relativo dos pro-gramas de alongamento balísticoversus estático para desenvolvera flexibilidade. A controvérsiaé complicada pela falta de pes-quisa sobre a flexibilidade balís-tica. O alongamento balístico édifícil de avaliar por causa danecessidade de equipamentoelaborado e habilidade técnicana mensuração da força que érequerida para mover a articu-lação através de sua amplitude

de movimento em ambas as ve-locidades, rápida e lenta(STAMFORD, 1981). Há, con-tudo, uma quantidade considerá-vel de pesquisas indicando queambos os métodos, balístico eestático, são eficazes no desen-volvimento da flexibilidade(CORBIN e NOBLE, 1980;LOGAN e EGSTROM, 1961;SADY, WORTMAN eBLANKE, 1982; STAMFORD,1981; WEBER e KRAUS, 1949,apud ALTER, 1999).

O alongamento por fa-cilitação proprioceptivaneuromuscular é a outra técni-ca utilizada, que de acordo comKnott e Voss, as técnicas deFPN são métodos “para promo-ver ou acelerar a resposta de ummecanismo neuromuscular pelaestimulação deproprioceptores”. Com basenesses conceitos de influenciara resposta muscular, podem-seusar as técnicas de FPN parafortalecer os músculos e aumen-tar sua flexibilidade articular(ALLSEN, 1999).

Uma contração breveantes de um alongamento estáti-co do músculo é o ponto chavepara as técnicas de FPN paraaumentar a flexibilidade muscu-lar. A terminologia usada paradescrever as atividades de alon-gamento por FPN tem variadoconsideravelmente, incluindo ouso de novos termos como: con-trair-relaxar, manter-relaxar,manter em reversão lenta-rela-xar, contração do agonista, con-trair—relaxar com contração doagonista e manter—relaxar com

contração do agonista. Alémdisso, às vezes, se usa o mesmotermo para diferentes técnicasde alongamento por FPN, por-tanto três técnicas de alonga-mento por FPN vão ser defini-das como: manter-relaxar, con-trair-relaxar e manter em rever-são lenta-relaxar (ALLSEN,1999).

Na técnica manter-relaxar, oprofissional move passivamen-te o membro a ser alongado atéo final da amplitude de movi-mento. Uma vez atingido o finalda amplitude de movimento, opaciente aplica uma contraçãoisométrica, no músculo que sequer alongar, contra resistênciaimposta pelo profissional por 6s,após a remoção da contração omúsculo relaxa-se e o profissio-nal aplica alongamento, manten-do-o por cerca de 10 a 20s. Semabaixar o membro, pode-se re-petir este processo de três a cin-co vezes, para então retorná-loao seu posicionamento inicial. Acontração isométrica do músculoque está sendo alongado acarre-ta um aumento da tensão nessemúsculo, o que estimula o ór-gão tendinoso de golgi. O OTGcausa então um relaxamento re-flexo do músculo (inibiçãoautógena) antes que o músculoseja movido a uma nova posiçãode alongamento e alongado pas-sivamente (ALLSEN, 1999).

Uma outra técnica utili-zada é contrair-relaxar, em quese faz o mesmo procedimentoda técnica anterior, assim oprofissional solicita ao pacientepara tentar executar uma con-

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tração concêntrica do músculooposto ao músculo que está sen-do alongado, causando um alon-gamento maior, ou seja, emqualquer grupo muscularsinérgico uma contração doagonista causa um relaxamentoreflexo do músculo antagonista,possibilitando ao músculo anta-gonista relaxar para um alonga-mento mais eficaz (inibição re-cíproca). Enquanto o pacienteexecuta a contração concêntri-ca do músculo, causando umalongamento maior, o profissi-onal aproveita qualquer ampli-tude de movimento que tenhasido ganha, mantendo, assim, omembro na nova posição dealongamento, o profissionalpede ao paciente a relaxar emanter a posição por 10 a 20 s.Sem abaixar o membro, pode-se repetir a técnica de três a cin-co vezes para retorná-la a posi-ção inicial (ALLSEN, 1999).

A técnica de manter emreversão lenta-relaxar segue osmesmos procedimentos das téc-nicas anteriores, em que o paci-ente aplica uma força isométricacontra o profissional por 6s, con-traindo assim o músculo a seralongado (inibição autógena).Depois da contração isométricado músculo, o profissional soli-cita ao paciente para tentar exe-cutar uma contração concêntri-ca do músculo oposto, causandoum alongamento maior (inibiçãorecíproca), aproveitando qual-quer amplitude de movimentoque tenha sido ganha, mantendoo membro na nova posição de

alongamento, o profissional so-licita ao paciente relaxar e man-ter a posição por 10 a 20 s. Semretornar a posição inicial, pode-se repetir a técnica três a cincovezes e depois retornar aoposicionamento inicial. Portan-to as técnicas de alongamentopor FPN são eficazes em au-mentar a flexibilidade muscular,a escolha da técnica depende dasituação apresentada pelo paci-ente (ALLSEN, 1999).

EFEITOS DOALONGAMENTO

Os efeitos do alonga-mento se dividem em agudos ecrônicos, pois os agudos ou ime-diatos são resultado daflexibilização do componenteelástico da unidademusculotendinosa, obtidos comexercícios sistemáticos de alon-gamento. Os efeitos crônicos oua longo prazo são o acréscimono número de sarcômeros queimplica o aumento do compri-mento muscular. Estes efeitospodem permanecer por determi-nado período após a interrupçãodos exercícios (HALL;BRODY,2001).

De acordo comSobierajski (2004) existem ou-tros efeitos promovidos pelosexercícios de alongamentocomo: redução de tensõesmusculares,prevenção de lesõescomo as distensões,estiramentos (a capacidade de

um tecido em se moldar às ten-sões diminui a probabilidade delesão), auxílio na recuperaçãomuscular após uma atividade fí-sica, desenvolvimento de cons-ciência corporal, benefício acoordenação por tornar os mo-vimentos mais soltos e fáceis ea ativação da circulação.

As técnicas de FNP po-dem ter melhores resultados queas estáticas ou balísticas paraproduzir efeitos agudos sobre aamplitude dinâmica de movi-mento (HALL; BRODY, 2001).

INDICAÇÕES DOALONGAMENTO

Segundo Kisner (1998)as indicações do alongamentosão quando a amplitude de mo-vimento está limitada como re-sultado de contraturas, adesõese formações de tecidocicatricial, levando ao encurta-mento de músculos, tecidoconectivo e pele; quando as li-mitações podem levar a defor-midades estruturais que podemser prevenidas; quando ascontraturas interferem com asatividades funcionais cotidianas;quando existe fraqueza muscu-lar e retração nos tecidos opos-tos. Os músculos retraídos de-vem ser alongados antes que osmúsculos fracos possam ser efe-tivamente fortalecidos.

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CONTRA-INDICAÇÕES

Existem algumas con-tra-indicações para o uso dastécnicas de alongamento segun-do Kisner (1998) quando um blo-queio ósseo limita a mobilidadearticular ou após uma fraturarecente, evidências de proces-sos inflamatórios ou infecciosoagudo intra ou extra-articular esensação de dor, trauma nos te-cidos ou quando existemcontraturas ou os tecidos molesencurtados estiverem promoven-do aumento na estabilidade arti-cular em substituição a estabili-dade estrutural normal ou quan-do forem a base de habilidadefuncionais, principalmente empacientes com paralisia ou fra-queza muscular.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os conhecimentos so-bre a biomecânica dos tecidosmoles são de grande valia paraa aplicação das técnicas de alon-gamento muscular em várioscasos.

Apesar da variabilidadede técnicas cada uma possui suaparticularidade, não havendo umponto comum entre elas, e po-

dem ser comparadas em rela-ção ao seu grau de eficiência .segundo Hall e Brody (2001), astécnicas de FNP são mais efi-cazes, quando comparadas àstécnicas estáticas ou balísticas.No entanto, não existem estudosconcretos que comprovem taleficiência.

Outro ponto a ser anali-sado é o emprego do alongamen-to balístico como forma de tera-pia, ainda muito questionada emrelação a sua real eficácia du-rante o programa de tratamen-to. Apesar dos questionamentosrelacionados aos seus efeitos le-sivos, essa técnica pode ser per-feitamente aplicável a uma po-pulação específica (atletas), quepossuem estrutura do aparelholocomotor preparado para rece-ber esse tipo de atividade. Sen-do assim, ao contrabalançarseus efeitos gerais, os benéficossão relativamente maiores queos lesivos.

Logo, se faz necessárioo conhecimento real a respeitodas várias técnicas levando-seem consideração itens como:procedimentos, precauções eaplicabilidade; para que assimse possa obter sucesso ao trata-mento empregado.

REFERÊNCIAS:

ALLSEN, P. E; HARRINSON,J. M; BARBARA, V. Exercí-cio e qualidade de vida: umaabordagem personalizada. 6.ed. São Paulo: Manole, 1999.

ALTER, M. J. Ciência da fle-xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:Artmed, 1999.

BANDY, D. W; SANDRES, B.Exercícios terapêuticos: técni-cas para intervenção. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan,2003.

BIENFAIT, M. Osdesequilíbrios estáticos. 3. ed.São Paulo: Summus, 1995.

_________. Fisiologia da tera-pia manual. São Paulo:Summus, 1989.

HALL, M. C; BRODY, T. L.Exercícios terapêuticos: nabusca da função.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001

KISNER, C; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: funda-mentos e técnicas. 3. ed. SãoPaulo: Manole, 1998.

SOBIERAJSKI, F. Efeito doalongamento. Disponível em:<http//: www.corpohumano.hpg. ig.com.br.> Acesso em:13.abr.2004.