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UNIC – UNIVERSIDADE DE CUIABÁ CURSO DE PSICOLOGIA SEMINARIO DE PSICOLOGIA ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO

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UNIC UNIVERSIDADE DE CUIABCURSO DE PSICOLOGIA

SEMINARIO DE PSICOLOGIAALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAO

CUIAB, 2014UNIC UNIVERSIDADE DE CUIABCURSO DE PSICOLOGIA

SEMINARIO DE PSICOLOGIAALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAO

Trabalho sob orientao da Profa. MS. Daniela M. Piloni.

Acadmicos:Aline Roberta BenckeSidney Felipe da Silva Junior

CUIAB, 2014SUMARIO

INTRODUO.............................................................................................................4ALTAS HABILIDADES................................................................................................5COMO RECONHECER UMA CRIANA SUPERDOTADA?......................................8TEORIAS DA INTELIGNCIA...................................................................................12FAMLIA COMO CONTEXTO DE DESENVOLVIMENTO.........................................13A FAMLIA DO ALUNO COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAO..............15DESAFIOS VIVENCIADOS PELAS FAMLIAS DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAO..........................................................................16ACOMPANHAMENTO PSICOLGICO FAMLIA E AO ALUNO COM ALTAS HABILIDADES..........................................................................................................18O PAPEL DA FAMLIA NO DESENVOLVIMENTO DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAO...........................................................................19PARCERIA ENTRE FAMLIA E ESCOLA.................................................................22QUESTES EMOCIONAIS.......................................................................................26CONCLUSO............................................................................................................28REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................29

INTRODUOO fenmeno das altas habilidades/superdotao um fato que vem crescendo na realidade mundial e brasileira. No possui um carter de doena, mas se constitui como um modo de vida diferente dos ditos normais, pois, a pessoa que possui altas habilidades muitas vezes sofre preconceito, no recebe o apoio suficiente para se desenvolver tanto na famlia como na escola, bem como possuem problemas emocionais complexos. Baseado nos estudos do MEC (Ministrio da educao), foram desenvolvidos livros, com tecnologia de ponta para atuao de professores e dos demais profissionais das escolas que estiverem diretamente ligados a essas pessoas. Esses livros se baseiam em estudos recentes sobre a superdotao, bem como as teorias clssicas da inteligncia, como a teoria da trade da inteligncia de Sternberg e a teoria das inteligncias mltiplas de Gardner. Trs tambm formas de detectar a superdotao, bem como de desenvolver as altas habilidades dessas pessoas. Falam tambm sobre aspectos emocionais e das dificuldades que as pessoas com altas habilidades enfrentam no contexto familiar e da escola. Por fim trazem tcnicas para estimular a socializao dessas crianas bem como para fomentar a qualidade de vida dessas pessoas.

ALTAS HABILIDADESAs pessoas com altas habilidades formam um grupo heterogneo, com caractersticas diferentes e habilidades diversificadas; diferem uns dos outros tambm por seus interesses, estilos de aprendizagem, nveis de motivao e de autoconceito, caractersticas de personalidade e principalmente por suas necessidades educacionais. Entendemos que tarefa dos educadores, sejam eles professores ou pais, compreender a superdotao em seus aspectos mais bsicos e assim se tornarem agentes na promoo do desenvolvimento dos potenciais, de forma a poder atender as necessidades especiais desta populao(VIRGOLIN, 2007. p. 11).A inteligncia, a criatividade, o entusiasmo e as habilidades das crianas so de grande importncia para um pas. Nesse sentido funo dos pais e professores o papel essencial no desenvolvimento dos talentos dessas crianas, servindo-lhes como fonte de informao, desenvolvendo-os o desejo em aprender e proporcionando-lhes um ambiente seguro e saldvel para que elas possam aperfeioar suas habilidades mentais.Sendo assim se faz necessrio estimular o desenvolvimento desses talentos a partir de praticas que favoream os trs papeis que a criana deve desenvolver que, so: o aventureiro, o artista e o atleta. O primeiro vem de uma disposio interior para explorar e conhecer, o segundo seria o que transforma as informaes obtidas anteriormente em novas ideias criativas e o ultimo seria o entusiasmo, a energia e a vontade necessrios pra fazer tudo isso.A famlia muito importante nesse processo, em que Bloom apud Virgolin (2007, p. 16 e 17) afirma que os seres humanos nascem com um grande potencial, porem o desempenho superior s aparece depois do encorajamento e estimulao da famlia. A escola tambm outro grande e importante agente transformador nesse sentindo, pois, devem guiar os esses alunos para que desenvolvam melhor seus traos de personalidade e talentos, implementando praticas que potencializem ao mximo essas pessoas. Porem essa escola, na realidade brasileira enfrenta problemas com a questo da superlotao, por mais que ela esteja bem estabelecida no contexto legislativo. Esses problemas so: falta de treinamento para os profissionais, falta de material adequado s necessidades do grupo, currculos que se adequem as necessidades dessas pessoas, falta de cursos de graduao e ps-graduao na rea, tcnicas mais modernas para identificar essas pessoas, falta de pesquisas sobre o assunto e falta de literatura especializada em nosso idioma.A SUPERDOTAO PELO OLHAR DO SENSO COMUMOs indivduos que se destacam por suas altas habilidades sempre foram fonte de curiosidade popular, sendo sempre buscados pelos meios de comunicao. Porm, deve-se esclarecer algumas denominaes a respeito da superdotao, para que haja um entendimento completo. Sendo assim, existem: As crianas precoces; porque apresentam habilidades especificas desenvolvidas prematuramente em qualquer rea do conhecimento, progredindo mais rpido que as outras crianas. As crianas prodgio; termo usado para caracterizar crianas que possuem um alto rendimento, comparvel ao de um adulto profissional, em um determinado campo cognitivo. Os gnios da humanidade; so aqueles que deram alguma contribuio original e de grande valor para a sociedade, em determinado tempo e so conhecidos como os grandes realizadores da humanidade, conhecidos por suas capacidades parecerem sem limites.

A SUPERDOTAO PELO OLHAR DE CINCIAA definio brasileira atual sobre superdotao e altas habilidades considera aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem, que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. Essa definio postula que as pessoas com altas habilidades/superdotao apresentam potencial elevado em alguma das seguintes reas: Capacidade intelectual geral; Aptido acadmica especifica; Pensamento criativo e produtivo; Capacidade de liderana; Talento especial para as artes; Capacidade psicomotora.Existem tambm outros elementos importantes em respeito a superdotao, como a heterogeneidade, que seria o destaque em apenas uma rea, enquanto que na multipotencialidade a pessoa se destaca em varias reas diversas. H tambm as influencias da gentica e do ambiente. Em respeito a esse tema, Feldhusen apud Virgolin (2007, p. 34) diz que os talentos de uma pessoa surgem por uma disposio geral herdada da famlia ou de algum familiar prximo, bem como do estimulo do ambiente e que esse ambiente seja propicio para o desenvolvimento dessa pessoa e deste talento. Outro aspecto importante o das experincias cristalizadoras, que so percepes sbitas de aspectos que fazem toda a diferena para a pessoa, porem que no necessariamente so conscientes mas que viro a ser um dia. Joseph Renzulli apud Virgolin (2007, p. 36) cita tambm que pessoas com superdotao possuem um conjunto de habilidades especificas que seria:1. Habilidade acima da media em alguma rea do conhecimento;2. Grande envolvimento com a tarefa;3. Grande criatividade.Desta forma fica estabelecido o critrio que usaremos para o reconhecimento de uma pessoa superdotada. Sendo assim:COMO RECONHECER UMA CRIANA SUPERDOTADA?Segundo Renzulli apud Virgolin (2007, p. 43), h dois tipos de altas habilidades: Superdotao escolar e superdotao criativo-produtiva. A primeira chamada tambm de habilidade do teste ou aprendizagem da lio, facilmente identificadas por testes de QI e que possuem as seguintes caractersticas:

J segundo aspectos afetivo-emocionais o superdotado escolar se destaca por:

Os superdotados de ordem criativo-produtiva j so produtores de materiais e produtos originais, pensam de forma intuitiva e integrada, orientados para os problemas reais e se focam em desafios. Possuem tambm as seguintes caractersticas:

E se destacam pelas seguintes caractersticas emocionais:

Existe tambm uma lista feita por Galbraith e Delisle (1996) para ajudar os professores a identificar talentos e altas habilidades. Essa lista composta por 24 itens para que os professores escrevam os nomes do alunos que lhes vem a mente quando leem o determinado item. No necessariamente que os alunos com altas habilidades devam se encaixar em todos, mas fato que em muitos casos eles se encaixam numa gama considervel.NECESSIDADES SCIO-EMOCIONAISMuitos autores dizem que altos nveis cognitivos no necessariamente querem dizer altos nveis de desenvolvimento afetivo. Isso quer dizer que crianas com altas habilidades muitas vezes so caracterizadas por terem uma grande sensibilidade proveniente de uma grande quantidade de informaes e emoes que ela pode ou no absorver e processar. Essas informaes emocionais podem vir tanto de dentro como de fora, fazendo com que a criana tenha que aplicar suas habilidades cognitivas a esse material para que possa compreender o seu mundo emocional. Isso implica dizer que programas de estudos adequados a crianas com altas habilidades devem levar em considerao aspectos afetivos, ajudando essas crianas na compreenso dessas emoes bem como a aplicabilidade delas em outras reas.COMO TRABALHAR EM SALA DE AULA COM AS CARACTERSTICAS TPICAS DO SUPERDOTADO?Algumas das caractersticas da personalidade dos superdotados devem ser trabalhadas na escola, de forma que elas os ajudem e sejam fonte de prazer. So elas: Perfeccionismo; manejado de maneira adequada, ele altamente positivo para a busca de excelncia, no entanto deve-se estar atento a forma dos ideais abstratos dessas pessoas, pois, eles podem prejudicar a autoestima, os relacionamentos, a criatividade, a sade e a capacidade de gozar da vida dessa pessoa. Perceptividade; que seria a capacidade de obter bons insigths atravs da percepo aguada, que deve ser manejada de forma que esses insigths no fiquem apenas no campo das ideias e sim que sejam operacionalizados. Necessidade de entender; baseada numa grande curiosidade, essa busca constante por conhecimento se estimulada da forma correta pode ser crucial para o desenvolvimento das habilidades dessa pessoa. Sendo assim, deve-se incentivar essa pessoa a buscar fontes, tomar notas, observar e pensar abstratamente sobre a questo fazendo questionamentos. Necessidade de estimulao mental; com caractersticas como aprendizagem rpida, grande memoria e altos nveis de desenvolvimento, essas crianas tem tendncia a se interessar por novidades e coisas que so mentalmente estimulantes. Logo deve adequar o currculo para que eles no percam o interesse, utilizando recursos como a acelerao de serie, projetos independentes, cursos avanados e etc. Necessidade de preciso e exatido; por possurem processos complexos de pensamento, eles esperam que o mundo faa sentido, e reagem fortemente quando isso no acontece. Suas habilidades de perceberem mltiplas relaes entre as ideias os faz com que sintam necessidade de corrigir os seus prprios erros e o erros dos outros, o que no os favorece socialmente. Sendo assim, deve-se favorecer suas interaes sociais por meio de atividade estimulantes socialmente. Senso de humor; geralmente eles possuem um bom senso de humor, porem, por perceberem o mundo de uma forma diferente, exageram nos aspectos cmicos das situaes. Sensibilidade/simpatia; Esse quesito quando se funde a aspectos morais, o que faz com que eles se preocupem com os animais, com questes filosficas ou at mesmo com as crianas mais novas. H tambm aqueles que se preocupam com os outros desde tenra idade e esses so chamados de emocionalmente superdotados. Intensidade; a paixo por aprender encarada com muita intensidade, o que faz com que se concentrem em algo at o final, para s depois poder se concentrar em outra coisa. Perseverana; relaciona-se ao tpico anterior no que tange o poder de concentrao em atividades do seus interesses. A perseverana se relaciona com ao perodo d e ateno e habilidade de se concentrar, bem como a fora de vontade da criana, que aumentam com a idade. Autoconsciencia; Sternberg apud Virgolin (2007) dizia que crianas com altas habilidades so pensadores analticos, o que quer dizer que esto constantemente analisando tudo, separando na mente e vendo quais as formas de melhora-las, bem como a si mesmos. No conformidade; quando no lhes so dadas as devidas oportunidades, as crianas e jovens superdotados com frequncia desviam-se para canais auto-destrutivos. O que se deve fazer descobrir a fonte dessa no conformidade e buscar meios alternativos de sana-la. Questionamento da autoridade; desde muito cedo as crianas com altas habilidades aprendem o significado da injustia. Desde ento passam a questionar as regras e figuras de autoridade devido ao seu agudo senso de justia. Deve-se prestar ateno a relao que eles fazem com essas figuras de autoridade para que no haja negativismo perante as autoridades em geral. Introverso; alguns estudos demonstram que quanto maior o QI maior o nvel de introverso. As pessoas com altas habilidades retiram energia de dentro e aprendem a partir da observao. Eles tambm odeiam mudanas bruscas e possuem circulo social muito pequeno.

ALTAS HABILIDADES E AS TEORIAS DA INTELIGNCIAAs teorias da inteligncia vm sendo debatida desde o final do sculo XIX/Inicio do sculo XX at os dias atuais. Muitas teorias circundam esse campo, bem como muitas formas de medio tambm. Os testes de Q.I. so uma prova disso. Porem, quando se fala em altas habilidades, deve-se pensar na inteligncia como uma juno de diversos fatores e habilidades, que variam de pessoa pra pessoa, no podendo ser medidos apenas com um teste de Q.I. Sendo assim, elencamos duas das principais teorias que do explicaes melhores sobre o fenmeno das altas habilidades, que seriam:Teoria Tridica da inteligncia.Segundo essa teoria postulada por Robert Sternberg, o comportamento inteligente p muito amplo, no podendo ser medida apenas pelos testes de Q.I., pois, ela pode ocorrer de trs formas: inteligncia analtica, que o tipo de inteligncia da pessoa academicamente brilhante; a inteligncia criativa, em que o individuo no possui grades habilidades acadmicas, mas possui grande criatividade, capacidade de pensamento, imaginao e criador de grandes ideias criativas; e por fim a inteligncia pratica, que aquela que capaz de chegar em qualquer lugar, fazer um levantamento das necessidades para atingir uma meta, executar tudo que preciso com perfeio para que a meta seja alcanada. Desta forma Sternberg demonstra que no mundo so necessrios mais de um tipo de inteligncia, dependendo do tipo de situao.

Teoria das inteligncias mltiplasPara Gardner, o criador da teoria, a inteligncia seria uma serie de habilidades que permitiria o individuo resolver problemas e criar produtos pertinentes a um determinado grupo cultural e social. Ele destaca dois fatores importantes da inteligncia: ela envolve criatividade, na medida em que ela muito necessria para criar produtos e meios de facilitar a vida; e algumas inteligncias so mais valorizadas em determinadas culturas do que nas outras.Gardner identificou oito principais tipos de inteligncia, sendo eles: A lingustica; A lgico-matemtica; A espacial; A corpo-cinestsica; A musical; A naturalista; A interpessoal; E a intrapessoal.Complementando ainda, segundo o prprio Gardner apud Virgolin (2007):as inteligncias dependem de variveis do contexto, da cultura, da gentica e das oportunidades de aprendizagem de uma pessoa, o que faz com que os indivduos manifestem suas competncias em diferentes graus. Alm disso, as habilidades e inteligncias se combinam para que o indivduo possa desempenhar os diversos papis exigidos na sua cultura ou para desenvolver produtos culturais.(p. 54)

FAMLIA COMO CONTEXTO DE DESENVOLVIMENTOA famlia vista como um dos primeiros contextos de socializao dos indivduos, possuindo um papel fundamental para o entendimento do processo de desenvolvimento humano.Por muito tempo, a famlia conjugal moderna predominou como modelo socialmente aceito; O modelo tradicional entendido como um grupo composto por pai, me e lhos naturais desta unio, com papis de gnero claramente denidos.Esses pressupostos denidores da famlia tradicional esto sendo ultrapassados, na medida em que os padres de mudana na vida familiar moderna colocam a famlia nuclear, ou casais de genitores casados ou solteiros vivendo com seus lhos solteiros em uma mesma casa (Petzold, 1996, p. 29), em um espao secundrio. Algumas tipologias de famlia so genuinamente novas, como famlias de homossexuais ou com lhos concebidos por meio de inseminao articial, enquanto outras sempre existiram, mas s receberam uma denominao recentemente, como no caso das famlias reconstitudas. Trs outras formas de famlia vm aumentando nas sociedades ocidentais modernas: a poligamia, as famlias extensas e as famlias denominadas multi- geracionais. Com relao primeira, apesar de ilegal, constitui uma estrutura familiar cuja existncia no podemos negar, particularmente no Brasil, onde os homens formam nova famlia, mantendo, ao mesmo tempo, esposa e lhos de um casamento legal. Embora a famlia extensa seja comum em muitas culturas, o compartilhamento do mesmo espao, nas sociedades ocidentais, ocorre mais por razes prticas do que por concepo cultural (Stratton, 2003). Finalmente, as famlias multigeracionais, cujo convvio familiar ocorre entre quatro ou at mais geraes, surgiram a partir da melhoria da qualidade de vida, fator responsvel pelo prolongamento dos anos de vida da populao em sociedades ocidentais. A famlia, e as relaes que os membros familiares mantm entre si no so mais vistas, hoje, sem levar em considerao a sua integrao ao contexto scio-histrico-cultural. O processo de desenvolvimento implica momentos de estabilidade e caos, continuidade e descontinuidade (Aspesi, Dessen & Chagas, 2005). O movimento de mudana e continuidade ocorre a partir da inuncia de vrios fatores, dentre os quais destacamos o momento histrico de vida do indivduo; a sociedade e a singularidade de seus aspectos econmicos, polticos, culturais; o sistema familiar de origem do indivduo, envolvendo sua dinmica e especicidades, como valores, crenas, regras, opinies; as caractersticas fsicas e de personalidade do indivduo e sua subjetividade.

AS ETAPAS EVOLUTIVAS DO GRUPO FAMILIARO primeiro estgio do desenvolvimento familiar caracterizado pela separao do jovem adulto de sua famlia de origem e pela busca da prpria independncia nanceira e emocional. O segundo estgio a unio das famlias de origem dos jovens adultos pelo casamento, ou seja, a etapa de estabelecimento de uma nova relao conjugal. A terceira etapa do ciclo de vida familiar a transio do casal decorrente do nascimento dos lhos; o momento em que os cnjuges se tornam genitores e a famlia convive com crianas pequenas. O quarto estgio a transformao do sistema familiar em funo do perodo da adolescncia dos lhos. A prxima etapa a chegada das famlias ao meio da vida, proporcionando os recursos e o suporte necessrio para que os lhos se tornem independentes e construam seus espaos pessoais e prossionais, dando prosseguimento trajetria do ciclo de vida familiar. O sexto e ltimo estgio proposto por Carter e McGoldrick (1989/1995) a famlia no estgio tardio da vida, ou seja, a etapa em que os genitores cam idosos ou chegam ao que quotidianamente denominado terceira idade. Os pais de crianas superdotadas monitoram os lhos visando o acompanhamento de seu progresso, mas raramente so rgidos, dominadores e autoritrios, j que valorizam a independncia nos lhos. A maioria dos pais reconhece as habilidades de suas crianas por volta de 5 anos de idade, o que intensica os desaos do ciclo de vida familiar em que as famlias convivem com crianas pequenas.

A FAMLIA DO ALUNO COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAOFamlias de pessoas com altas habilidades/superdotao tm sido estudadas e suas caractersticas tm sido mapeadas pela literatura h mais de um sculo, indicando a inuncia do contexto familiar no desenvolvimento dos talentos dos lhos (Aspesi, 2003).

PRTICAS EDUCATIVASAs prticas educativas, disciplinares ou de cuidado so estratgias utilizadas pelos pais na socializao dos lhos, sendo tais prticas inuciadas pelos fatores loscos, sociais, histricos e culturais. As prticas educativas, portanto, esto baseadas no repertrio de atitudes ou crenas e valores dos pais e podem ser agrupadas em tcnicas coercitivas e tcnicas indutivas. As tcnicas coercitivas so denidas como a aplicao do uso direto de fora verbal ou fsica, punio e privao de privilgios para forar a criana a comportar-se da maneira esperada pelos pais. As tcnicas indutivas aplicam o uso da explicao e da descrio de regras, esclarecendo a respeito das conseqncias fsicas e emocionais do comportamento do lho para com as pessoas.

ESTILOS PARENTAISOs estilos parentais so denidos por Reppold, Pacheco, Bardagi e Hutz (2002) como sendo um conjunto de atitudes e manifestaes dos pais em direo aos lhos que caracterizam a natureza da interao entre esses (p. 23). Esta categorizao dene o estilo dos pais em trs grupos: autoritrio,com autoridade e permissivo. Os estilos parentais tambm so descritos por Maccoby e Martin (1983) em uma tipologia baseada nos estudos de Baumrind, a partir de duas dimenses: a exigncia e a responsividade dos pais. Na dimenso denominada de exigncia parental, incluem-se as atitudes dos pais que buscam monitorar o comportamento dos lhos por meio de regras e limites. A responsividade, por outro lado, refere-se s atitudes compreensivas dos pais para com os lhos, visando sincronia na relao, apoio emocional, comunicao, desenvolvimento da autonomia e da autoconana dos lhos.

SEIS PRINCIPAIS GENERALIZAESWinner (1998) expe seis principais caractersticas que podem servir para generalizar o perl de um ambiente familiar relacionado s altas habili- dades/superdotao dos lhos. As seis generalizaes desse perl so: O superdotado ocupa uma posio especial entre os membros da famlia, sendo, geralmente, primognito ou lho nico; As crianas com altas habilidades/superdotao crescem em ambientes enriquecidos; As famlias so centradas nos lhos, sendo o foco da famlia voltado para assegurar que seus lhos recebam treinamento, desde tenra idade, no domnio o qual tenha manifestado talento; Os pais denem como modelo, para os lhos, padres altos de desempenho, alm de expressarem alta expectativa em relao ao rendimento ou produo dos lhos; Os pais sabem conceder independncia aos lhos, ao mesmo tempo em que monitoram seu desenvolvimento; O ambiente familiar de crianas com altas habilidades/superdotao que mais conduzem o desenvolvimento dos talentos dos lhos aquele que combina alta expectativa e estmulos, ao mesmo tempo em que oferece suporte e apoio aos lhos.

DESAFIOS VIVENCIADOS PELAS FAMLIAS DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAO comum observar nas famlias de lhos com altas habilidades/superdotao certo conito no que se refere ao tipo de orientao dada educao dos lhos. Por um lado, h os pais que pensam que seus lhos deveriam viver sua infncia e adolescncia sem receber qualquer diferenciao em sua educao. Esses pais no demonstram expectativa alguma em relao ao desempenho dos lhos. Dessa forma, as necessidades dos lhos cam desatendidas e percebe-se um sub-rendimento de suas capacidades e talentos, alm de desajustes de ordem emocional e social (Silverman, 1997).Por outro lado, h os pais que enfatizam em demasia, ou seja, de forma no natural, as habilidades ou talentos dos lhos a ponto de nunca se mostrarem satisfeitos com o desempenho deles, mesmo quando estes esto dando o mximo de seus esforos. So pais que parecem realizar-se pessoalmente por meio das conquistas ou sucessos dos lhos.DIFICULDADE DOS ALUNOS AO LIDAREM COM SUAS CARACTERSTICAS DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAOAs caractersticas de altas habilidades/superdotao, quando se apresentam, podem trazer uma combinao de reaes afetivas e comportamentais tanto no aluno como no ambiente em que ele est. Ao contrrio do que muitas pessoas pensam, ser superdotado no signica ter uma vida de sucesso garantido. A literatura indica que h diculdades a serem superadas e, em muitos momentos desse percurso, nota-se sofrimento devido ao fato de o aluno sentir-se diferente e inadequado na vida acadmica e social (Cross, 2001).

Quadro 1. Descrio de Traos Admirados em Alunos com Altas Habilidades/Superdotao e Respectivos Problemas Comportamentais Associados.

TRAOS ADMIRADOSPROBLEMAS COMPORTAMENTAIS

Proficincia verbalFala em demasia sobre assuntos que seus pares no acompanham ou se interessam.

Longos ciclos de atenoHiperfoco de ateno, com muita resistncia de interrupo.

Aprendizagem rpidaNegligncia com o contedo acadmico.

CriatividadeFuga para a fantasia; rejeio norma.

Aprendizagem independenteInabilidade para aceitar ajuda; estabelecimento de padres elevados e no razoveis de desempenho.

Pensamento crticoAtitude crtica em relao aos outros; perfeccionismo.

Preferncia por complexidadeResistncia para solues simples.

No Quadro 1, possvel analisar como alguns traos valorizados pela sociedade podem espelhar problemas comportamentais no dia a dia das relaes de um aluno com altas habilidades/ superdotao e seus contextos de desenvolvimento (Saunders & Espeland, 1991).

ACOMPANHAMENTO PSICOLGICO FAMLIA E AO ALUNO COM ALTAS HABILIDADESUm dos modelos ecientes de atendimento ou acompanhamento psicolgico famlia e ao aluno o que busca uma parceria famlia-escola. Essa parceria a melhor alternativa para concentrar os recursos dos dois principais contextos de desenvolvimento do aluno (Dettmann & Colangelo, 2004). No Brasil, o psiclogo escolar ainda encontra-se em processo de delineamento de suas aes (Guzzo, 2001). O atendimento educacional ao aluno com altas habilidades/superdotao expressa com clareza a necessidade de atuao deste prossional, desde o processo de encaminhamento do aluno aos programas especiais, passando pela avaliao psicodiagnstica e pelo atendimento s necessidades psicolgicas do aluno, bem como prestando apoio famlia e comunidade escolar sobre como lidar com as necessidades de aprendizagem dos alunos com altas habilidades (Aspesi, 2003).A literatura na rea da superdotao concorda que h importantes benefcios para a educao e o desenvolvimento scio-afetivo dos alunos quando os pais ou a famlia esto diretamente envolvidos aos programas especiais de atendimento ao superdotado (Dettmann & Colangelo, 2004). Para que os pais sejam, realmente, envolvidos na educao de seus lhos, so necessrios cooperao e apoio de toda a comunidade escolar, principalmente o psiclogo escolar, que desempenhar, dentre outras funes, o papel de um conselheiro atuante no espao de interseo entre o contexto familiar e o contexto escolar. Cabe ressaltar que o psiclogo que atua na rea de aconselhamento ao aluno, famlia e escola deve ter conhecimentos tanto da rea clnica como da rea escolar. Visto que esse prossional estar diante de questes comuns a essas duas reas de atuao.Algumas sugestes de estratgias sero fornecidas com o objetivo de nortear a ao do psiclogo nos programas de atendimento ao aluno com altas habilidades / superdotao. Fornecer o mximo de informaes sobre as caractersticas cognitivas e scio-afetivas dos alunos com esse perl para que os pais e toda a comunidade escolar sintam-se mais conantes em tomar decises acerca da identicao e educao dos alunos com altas habilidades; Participar do processo de identicao do aluno com altas habilidades/superdotao, no que se refere ao processo de avaliao psicolgica; Conduzir grupos de atendimento psicoeducacional direcionados aos pais de alunos com altas habilidades/superdotao. Conduzir grupos de atendimento psico-educacional direcionados aos alunos com altas habilidades/superdotao. Conduzir reunies para estudos de caso, quando houver necessidade de esclarecer observaes sobre o desenvolvimento de um aluno, denir estratgias de interveno, prestar orientaes a professores e a famlia, bem como envolver outros prossionais da sade ou de outras reas no acompanhamento ao aluno. Fazer visitas peridicas escola regular do aluno, com o objetivo de esclarecer dvidas da comunidade escolar sobre estratgias de adaptao curricular, avano de srie e sobre caractersticas especcas do aluno.

O PAPEL DA FAMLIA NO DESENVOLVIMENTO DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAOQuando nascem crianas com ms-formaes e decincias fsicas explicitadas por sintomas ou sndromes muito conhecidas, imediatamente a condio de criana com necessidades especiais pode ser identicada, diagnosticada e, suas famlias, orientadas para o atendimento mais adequado. Contudo, o nascimento de crianas que viro a ser identicadas por suas altas habilidades/ superdotao no traz evidncias imediatas ou pistas prenunciadas. apenas no decorrer do seu desenvolvimento que suas caractersticas singulares chamaro a ateno da famlia.Muitas vezes, as famlias so surpreendidas pela precocidade da expresso e do pleno domnio de habilidades de leitura, escrita ou clculo matemtico esperadas, apenas, para o perodo em que a criana j estivesse matriculada na escola e vivenciado experincias pedaggicas.

COMO FUNCIONAM AS FAMLIAS DE CRIANAS COM ALTAS HABILIDADES?Embora esteja superado o mito de que as famlias no devem ser informadas de que alguma de suas crianas superdotada (Alencar, 1986), observa-se que muitas no sabem como lidar com o fato de ter um lho com potencial elevado. Alm disso, a famlia sofre quando se conscientiza de que a sociedade ainda cultiva preconceitos com relao s altas habilidades/superdotao. Um deles negao de que altas habilidades/superdotao no existem, pois todos so iguais. Outro o de que a criana no precisa de apoio ou ajuda pedaggica especializada para desenvolver suas habilidades, pois j nasceu inteligente e existem muitos mais alunos que precisam de ajuda do que os alunos com altas habilidades/superdotao.A famlia sofre porque no encontra prossionais especializados, tanto nas escolas pblicas como nas particulares, ou nos poderes pblicos constitudos, para as providncias, hoje legalizadas, de acelerao de estudos, de enriquecimento ou de aprofundamento curricular. Estas estratgias poderiam ajudar a minimizar o desinteresse e o tdio que a criana apresenta em sala de aula.A famlia sofre preocupada com as representaes cristalizadas de que a criana precoce, autodidata, talentosa ou com altas habilidades/superdotao perde a infncia quando no se interessa pelas prticas ldicas habituais de seus pares, dedicando-se aos interesses acima de sua faixa etria. No raro a famlia ouvir comentrios equivocados, produzidos por imagens que representam formas universais de infncia, ou que fazem referncia a infncia com base em parmetros estereotipados, estigmatizados, impostos ou, mesmo, comerciais.Quanto menos esclarecida for a famlia, mais ela fantasiar os proveitos e vantagens que poder tirar da situao de ter um lho com altas habili- dades/superdotao. Quanto mais esclarecida, mais conitos poder viver por no encontrar na sociedade receptividade, aceitao e atendimento apropriado s necessidades educacionais especiais de sua criana. importante que a famlia esteja informada dos avanos legais que a sociedade brasileira j conquistou e dos direitos que a criana e o adoles- cente com altas habilidades/superdotao j adquiriu. Assim, a famlia poder requerer o atendimento educacional especializado mais adequado sua criana ou adolescente.

A SNDROME DE ASPERGERApesar de no haver consenso entre os estudiosos quanto ao perl das crianas, adolescentes e adultos que apresentam esta sndrome, consenso que pelo menos trs caractersticas bsicas ele apresenta: a peculiar idiossincrasia da manifestao de reas de interesse especial, responsveis pela identicao de reas de talento; a decincia na socializao e, embora sejam freqentemente notados como estando em seu prprio mundo, preocupados com seus prprios compromissos, raramente so distantes como as crianas com autismo; diferenas observveis na forma como usam a linguagem, cuja prosdia (aspectos da linguagem falada como volume, ento- nao, inexo, velocidade etc.) , freqen- temente, diferente, podendo soar de modo formal ou pedante. Estes indivduos no usam expresses idiomticas e grias ou as empregam equivocadamente, porque so tomadas literalmente.As crianas, adolescentes e adultos com altas habilidades/superdotao e sndrome de Asperger tm direito incluso escolar. Entretanto, as escolas no sabem como lidar com estas pessoas. Com relao educao dos indivduos com altas habilidades/superdotao com sndrome de Asperger, a famlia, particularmente a me, quem est conseguindo romper barreiras de maior isolamento que a sociedade tenta impor a estas crianas e adolescentes. a me, interessada no desenvolvimento de seus lhos e lhas, quem recebe o diagnstico. Quando a avaliao e orientao so bem feitas, comeam as rotinas de psiclogos, fonoaudilogos e terapeutas ocupacionais, a m de desenvolver habilidades bsicas ao ser humano como a expresso do sentimento e o autoconhecimento, a fala e a utilizao do corpo de maneira adequada. Mdico, apenas para os casos em que lho com sndrome de Asperger apresenta, tambm, hipertenso, um quadro neurolgico mais grave como convulses, ou outro quadro qualquer.A escola a etapa seguinte, aquela em que a me se desdobra para que o lho se adapte a uma sociedade,seja escolarizado com competncia pros- sional. Mas a escola ainda apresenta certas dicul- dades para trabalhar com a diversidade extrema, ela no consegue estabelecer vnculos com sujeitos que dependem dela, como mediadora, do seu desenvolvimento.

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAO E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEMEstudos mais recentes revelam que alunos com altas habilidades/superdotao podem apresentar diculdades de aprendizagem. Tambm sabemos que alunos com potencial superior podem apresentar Transtorno de Dcit de Ateno/Hiperatividade - TDAH.Como conseqncia, a famlia vive situaes de grande complexidade. Por um lado, lhos so altamente competentes e por outro apresentam grande fragilidade cognitiva, o que pode afetar, profundamente, seu desenvolvimento emocional, em especial sua auto-estima.

PARCERIA ENTRE FAMLIA E ESCOLAPais de crianas e jovens com altas habilidades/superdotao, como os pais de quaisquer crianas com necessidades especiais, so marinheiros de primeira viagem sem bssola ou leme: esperavam por uma criana que poderia ser criada/educada como eles prprios o foram, como outras crianas da famlia o so, como a crianada da vizinhana o . No entanto, percebem desde cedo que tm, em casa, uma criana que apresenta um desenvolvimento no s mais rpido do que aquele das outras no seu entorno, mas tambm entremeado de comportamentos diferentes: falam ou andam extremamente cedo, aprendem a ler sem ajuda, fazem clculos mentais em idade ainda pr-escolar, usam palavras difceis e frases complicadas, fazem perguntas interminveis, se interessam por assuntos estranhos, enm, chamam a ateno de todos por serem diferentes do que se determinou chamar normal. Logo os pais tentam um contato com a escola para conrmar ou afastar a idia de problema.Para seu alvio, o primeiro movimento da escola o de negar qualquer comportamento fora do padro. No entanto, ainda que aliviados pela negao da escola, os pais seguem observando os comportamentos de seus lhos, comparando-os aos de outras crianas. s vezes, a escola nesse momento j percebeu que h algo de estranho. s vezes a escola no quer perceber, insiste em no perceber. Outras vezes a escola tem uma criana de 2 ou 3 anos, ainda no Maternal, que j sabe ler, mas nenhum prossional se deu conta do fato. Quando, pressionada pelos pais, j no pode mais negar que h algo diferente com aquela criana, a escola rapidamente recomenda que os pais busquem um terapeuta, qualquer terapeuta: fonoaudilogo, psicomotricista, psicoterapeuta, psicopedagogo, algum que diga que, de fato, a criana precisa ser tratada por um prossional de fora da escola, para cur-la do problema. Nesse momento, se inicia um caminho de buscas, de avanos e retrocessos, de promessas e desiluses.Quando a educao de crianas com altas habilidades/superdotao considerada, uma das primeiras questes analisadas o fato de que o seu desenvolvimento assincrnico. As escolas, de uma forma geral, esto preparadas para trabalhar com turmas homogneas: as crianas tm a mesma idade e, portanto, os pros- sionais concluem que tero os mesmos ritmos de aprendizagem. No entanto,sabe-se que,mesmo comparando-se crianas que no apresentam especiais diferenas no seu desenvolvimento, seus ritmos individuais so diferentes. Maiores so os problemas das crianas com necessidades educacionais especiais cujas diferenas so ainda mais marcantes.Porm sabe-se tambm que possvel planejar, dentro de uma mesma sala de aula, adaptaes curriculares que atendero tanto as crianas mais rpidas quanto aquelas que aprendem mais lentamente. OS ANOS DA EDUCAO INFANTILAs crianas precoces, ao entrarem para o Maternal ou o Jardim de Infncia, muitas vezes apresentam uma rea de seu desenvolvimento que se compara ao de crianas dois, trs ou quatro anos mais velhas. s vezes seus pais se do conta da precocidade, s vezes no. s vezes alertam a escola, s vezes no.Pais de primognitos com altas habilidades/ superdotao muitas vezes no se do conta de que seus lhos so mais avanados do que a mdia, at que os vem na companhia de outras crianas da mesma idade, o que geralmente ocorre quando as crianas entram para a escola e comeam a conviver com outras. A precocidade mais freqentemente notada nas reas acadmicas - linguagem e matemtica - e nas reas artsticas - artes visuais e msica. Segundo Winner (1998), a razo pela qual essas reas atraem mais as crianas pequenas pode ser porque so reas altamente estruturadas, regidas por regras e que no dependem de vastos conhecimentos acumulados. No entanto, a autora arma que h outras reas em que a precocidade tem sido identicada: xadrez, bal, ginstica, patinao, tnis, natao e teatro. Qualquer que seja a rea da precocidade, importante que as crianas participem de programas de educao infantil que reconheam o seu avano e permitam que continuem se desenvolvendo no seu ritmo individual.Porm muitos pais optam por no dizer nada na escola, por medo de serem taxados de pretenciosos, exibidos, dotados de imaginao frtil, caa de privilgios para seus lhos, e assim por diante. Assim, se calam, na expectativa - ou esperana - de que talvez seja mesmo sua imaginao ou que, aos poucos, as diferenas desapaream. Foi assim que um dia, uma criana de 2 anos e meio estava febril, e sua professora foi procura da caixa de primeiros socorros para dar-lhe um antitrmico. Em p, ao lado da professora, a pequenina leu: aspirina, tilenol, novalgina ... e sua professora levou um susto. No tinha a menor idia de que a menina j sabia ler.Um erro clssico pensar que todas as reas de desenvolvimento devem estar sincronizadas e que, uma vez que o domnio em uma rea est avanado, necessrio trabalho rduo nas outras, para que a criana possa apresentar um desenvolvimento harmonioso, ainda que fora dos padres da idade. Isto no possvel. Tambm impossvel segurar o desenvolvimento das reas precoces, na espera de que as outras reas se desenvolvam.Assim, necessrio que se planejem atividades que atendam s habilidades do aluno, mas que, por outro lado, dispensem outras que, em crianas com desenvolvimento tpico, costumam acompanhar as primeiras.

PRIMEIRO SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTALO aluno com altas habilidades/superdotao com talentos especiais nas reas acadmicas - principalmente linguagem e lgica - necessita de desaos acadmicos para que suas habilidades se desenvolvam apropriadamente. Uma vez iniciada a educao formal, importantes adaptaes so necessrias. O aluno com talentos acadmicos tem grande facilidade para ler e entender o contedo do que l e/ou tem grande facilidade com a lgica, o que facilita o aprendizado de aritmtica. De maneira geral, as adaptaes que devem ser solicitadas s escolas se referem acelerao e ao enriquecimento dos contedos. Os programas de acelerao caracterizam-se por adiantar os alunos, fazendo-os saltar sries ou adiantar-se em apenas uma ou algumas matrias. O enriquecimento feito para que o aluno possa, por um lado, aprender os contedos em maior profundidade e, por outro, estudar assuntos que vo alm dos determinados no currculo regular. O enriquecimento exige dos professores e demais prossionais da escola uma habilidade maior - a de diversicar as atividades dentro da prpria sala de aula. .Outra adaptao vivel a substituio de aulas com contedos que os alunos j dominam por aulas de outras matrias, oferecidas em sries mais adiantadas. o caso das aulas de segundo idioma ou de informtica, muitas vezes oferecidas apenas no segundo segmento do Ensino Fundamental.

SEGUNDO SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTALA entrada no segundo segmento do ensino fundamental signica o incio do trabalho acadmico com especialistas. Esta mudana extremamente signicativa para os alunos com altas habilidades/superdotao. A partir desse momento, eles podero trabalhar diretamente com prossionais que conhecem suas matrias em muito maior profundidade do que os professores do primeiro segmento, formados em cursos de nvel mdio de formao de professores ou em cursos de pedagogia,nos quais maior nfase dada s teorias de educao e de aprendizagem.Na verdade, os alunos podem se especializar em diversos assuntos, sendo que os nicos requisitos para isso so o interesse em especializar-se e a existncia de um prossional da rea que queira ajud-lo a explorar os limites do conhecimento. ENSINO MDIOO aluno com altas habilidades/superdotao, que chega ao Ensino Mdio tendo freqentado uma escola que lhe proporcionava suplementaes curriculares, normalmente est habituado a buscar os assuntos que lhe interessam e a trabalhar de forma independente. Por outro lado, muitas vezes j cumpriu parte do contedo deste nvel de ensino por meio de aceleraes oferecidas durante o Ensino Fundamental. Assim, as suplementaes devero oferecer aprendizagens em nveis ainda mais altos.O caminho do estudo individualizado,com um mentor, permite que os alunos iniciem um trabalho srio em determinados assuntos tais como matemtica, fsica, qumica, biologia, ou mesmo literatura, histria ou losoa. Um problema que afeta uma quantidade de jovens com altas habilidades/superdotao a indeciso prossional. Por serem capazes em vrias reas de produo humana e por terem uma curiosidade extraordinria e um interesse sem limites, desejam se engajar em um nmero desproporcionalmente grande de atividadesQUESTES EMOCIONAISAlguns estudos indicam que crianas e jovens com altas habilidades/superdotao so altamente motivados, bem ajustados, socialmente maduros, abertos a novas experincias, independentes e possuidores de autoconceito positivo e de altos nveis de tolerncia em relao a ambigidades. Outros estudos, no entanto, revelam que essas crianas e jovens so mais vulnerveis a diculdades sociais e emocionais relacionadas com a questo das altas habilidades/superdotao. (Keiley, 2002). Na verdade, quanto mais altos os nveis de superdotao, maiores parecem ser os riscos de desenvolvimento de comportamentos de isolamento, que podem ser precursores de depresso e ansiedade. No entanto, embora para muitos a busca pelo isolamento seja um comportamento negativo, Winnicott (1990), psicanalista britnico, acredita que ela pode ser muito positiva: a capacidade de car s um fenmeno altamente sosticado e tem muitos fatores contribuintes. Est intimamente relacionada com a maturidade emocional (p. 37).O perfeccionismo outra questo considerada quando se trata do desenvolvimento emocional da criana e do jovem com altas habilidades/superdotao. Schuler (2002) acredita que o perfeccionismo uma combinao de pensamentos e comportamentos geralmente associados com altas expectativas para o desempenho individualOutra questo relevante a grande sensibilidade de alunos com altas habilidades/superdotao com relao a injustias sociais, perdas pessoais, rejeies etc. Estes alunos demonstram grande frustrao quando so capazes de entender intelectualmente a natureza e a gravidade de injustias pessoais ou globais, sendo, no entanto, totalmente incapazes de agir para evit-las (Neihart, 2002).

QUESTES SOCIAISO desenvolvimento assincrnico de crianas e jovens com altas habilidades/superdotao uma possvel causa de desajustes sociais. Estes ocorrem pelo fato dos alunos estarem sempre fora do compasso em seu contexto social: quando so agrupados com pares da mesma idade, esto fora de compasso em termos cognitivos; quando so agrupados com pares intelectuais, esto fora de compasso em termos sociais. Este descompasso por vezes leva ao isolamento social. O isolamento social ocorre com bastante freqncia justamente quando o aluno no devidamente acelerado para receber a educao de que necessita, com pares intelectuais. E o grande problema do isolamento social que, por vezes, conduz depresso.Um ponto interessante a ser considerado a viso do aluno com relao ao isolamento social. Pesquisas indicam que diferentes grupos de alunos com altas habilidades/superdotao interpretam o isolamento social de diferentes maneiras. Enquanto alguns grupos consideram o isolamento como negativo, muitos no o vem como negativo de todo e consideram que o isolamento extremamente positivo, pois permite o trabalho independente e criativo.

CONCLUSOAo final deste trabalho podemos concluir que, embora muito se tenha avanado politicas publicas e educacionais, ainda se tem muito que avanar para melhor interao da pessoa com altas habilidades/ superdotao com o meio social em que est inserida. evidente que ainda se tem muitos mitos sobre a superdotao e, por isso, muitos no a vem como necessidades especiais, pois acreditam que a pessoa um gnio e no precisa de nenhuma ajuda. Assim muitos ignoram que o desenvolvimento dessas pessoas assincronico, mentes de adultos em corpo de crianas e se tratadas como indivduos sem necessidade de mais nada alem do conhecimento podem se tornar adultos com mente de crianas, pois uma das grandes dificuldades dessas pessoas a interao social e no trata-las como pessoas com necessidades especiais s agrava a situao.Por isso faz-se necessrio que a psicologia, principalmente escolar, pois est onde em geral primeiro se nota a diferena das crianas, estar preparada para esclarecer esses mitos e auxiliar a criana, famlia, escola e amigos a lidar com essa condio e tentar erradicar o preconceito, pois se por um lado a deficincia faz com as pessoas os achem inferiores a superdotao faz com as pessoas se sintam inferiorizadas pela pessoa com superdotao.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASFLEITH, Denise de Souza (Org.) A construo de prticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotao: volume 3: o aluno e a famlia / organizao: Denise de Souza Fleith. - Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Especial, 2007. 73 p.: il. color.VIRGOLIM, Angela M. R. Altas habilidades/superdotao: encorajando potenciais / Angela M. R. Virgolim - Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Especial, 2007. 70 p.: il. color.