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Alternativas ao uso de animais vivos na educaopela cincia responsvel

Reviso tcnica Odete MirandaGraduada em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC em 1986. Especialista em Clnica Mdica e Cardiologia. Professora da disciplina de Propedutica Clnica da Faculdade de Medicina do ABC desde 1989. Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Comisso de tica em Experimentao Animal da Faculdade de Medicina do ABC (CEEA-ABC) desde 1999. [email protected]

Antnio Carlos Gomes de Mattos Lombardi Formado em Medicina Veterinria pela Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia da Universidade de So Paulo (USP) em 1989. Ttulo de especialista em Homeopatia pela Associao Paulista de Homeopatia em 1998. Mestrando na Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Universidade de So Paulo (USP).

Srgio Greif

Alternativas ao uso de animais vivos na educaopela cincia responsvel

por amor

Dados Internacionais da Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Greif, Srgio Alternativas ao uso de animais vivos na educao pela cincia responsvel / Srgio Greif. So Paulo : Instituto Nina Rosa, 2003. (Projetos por amor vida)

Bibliografia. 1. Animais - Bem-estar 2. Animais - Direitos - Aspectos ticos e morais 3. Animais na pesquisa 4. Dissecao 5. Ensino - Mtodos 6. Viviseco I. Ttulo. II. Srie. 03-5533 __________________________________________ _______________ CDD-378.179 ndices para catlogo sistemtico: 1. Animais : Uso na educao : Mtodos alternativos : Ensino superior 378.179

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ISBN 85-89967-01-8

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sem a expressa autorizao da editora. I1 edio: outubro de 2003

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Voc deve ser a mudana que deseja ver no mundo. Mahatma Gandhi

Dedicado Lucimara, minha companheirinha de todas as horas

Agradeo aos colegas e amigos da InterNICHE, em especial a Thales Trz, Ursula Zinko, Nick Juckes, Jonathan Balcombe, Andrew Knight, Nria Querol i Vinas e Nedim Buyukmihci da AVAR, por todo o material at ento produzido, timas fontes de consulta. Aos amigos do Instituto Nina Rosa, ao Antonio Lombardi e Odete Miranda e TAPS, por todo o auxlio com a reviso e publicao do texto.

SUMRIO

O AUTOR,

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PREFCIO, 15 1. DISSECAO E USO DE ANIMAIS NA EDUCAO, 19 2. CONSIDERAES SOBRE O USO DE ANIMAIS VIVOS NA EDUCAO, 23

2.1. Impacto ambiental do uso de animais na educao, 24 2.2. Impactos no aprendizado causados pelo uso de animais na educao, 25 2.3. Dessensibilizao estudantil atravs da dissecao,. 26 2.3.1. Objeo de conscincia, 283. O EMPREGO DE MTODOS ALTERNATIVOS, 31

3.1. O que so mtodos alternativos?, 31 3.2. Fontes de pesquisa sobre mtodos alternativos, 354. EFETIVIDADE DO USO DE ALTERNATIVAS NA EDUCAO, 37 5. EXEMPLOS DE MODELOS ALTERNATIVOS PARA O ENSINO, 47

5.1. Modelos alternativos no ensino de biologia, do nvel fundamental ao superior, 47 5.1.1. Zoologia geral e dissecao de invertebrados, sapos, ratos e aves, 48 5.1.2. Anatomia e fisiologia comparada, 59 5.1.3. Fisiologia de sistemas isolados, 67 5.1.3.1. Biologia celular e molecular, 67 5.1.3.2. Sistema muscular, 70

5.1.3.3. Sistema nervoso e neuromuscular, 72 5.1.3.4. rgos dos sentidos, 77 5.1.3.5. Sistema cardiovascular, 78 5.1.3.6. Sistema linftico e imune, 87 5.1.3.7. Sistema respiratrio, 87 5.1.3.8. Sistema digestivo, 92 5.1.3.9. Sistemas reprodutor, urinrio e excretor, 96 5.1.4. Embriologia, 98 5.2. Modelos alternativos no ensino de medicina humana, veterinria e enfermagem, 99 5.2.1. Alternativas no treinamento de anatomia aplicada medicina veterinria, 100 5.2.2. Alternativas no treinamento cirrgico e de anestesia, 102 5.2.3. Alternativas em treinamento de procedimentos invasivos e clnicos, 113 5.2.4. Alternativas em treinamento de tcnicas de diagnstico em medicina veterinria, 120 5.2.5. Alternativas no estudo de farmacologia e toxicologia, 122 5.3. Modelos alternativos no ensino de psicologia, 1286 . BIBLIOGRAFIA, 1 3 1 7. APNDICE I - FONTES DE ALGUMAS DAS ALTERNATIVAS CITADAS, 1 4 1 8. APNDICE II - ESCOLAS MDICAS AMERICANAS QUE NO UTILIZAM ANIMAIS VIVOS, 1 6 3 9. NDICE REMISSIVO PARA AS ALTERNATIVAS NO ENSINO CITADAS, 1 6 7

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O

AUTOR

Srgio Greif nasceu em So Paulo em 1975 e logo cedo envolveuse com a questo do abuso de animais. Em 1980, sem precedentes na famlia ou crculo de amigos, Srgio tornou-se vegetariano por motivos ticos, adotando mais tarde, em 1998, o veganismo (filosofia adotada por pessoas que por princpios ticos no utilizam produtos de origem animal na alimentao, no vesturio, se abstm de produtos testados em animais e posicionam-se contra todas as formas de explorao e desrespeito vida animal (circos, rodeios, etc...). Em 1994 ingressou na Universidade Estadual de Campinas, no curso de Cincias Biolgicas, formando-se em 1998. Dentre os trabalhos acadmicos realizados durante a graduao, a maioria envolvia a utilizao do manejo integrado para o controle de pragas agrcolas, embora paralelamente, e em carter extra-acadmico, tenha desenvolvido atividades em busca de alternativas ao uso de animais na pesquisa, no ensino e na alimentao. A partir de 1999, Srgio realizou mestrado na rea de Cincias da Nutrio, defendendo tese e diversos ensaios cientficos sobre o hbito alimentar vegetariano. A partir de 1996, Srgio envolveu-se com organizaes internacionais que visam a substituio de animais de laboratrio por mtodos alternativos. Foi de fundamental importncia conhecer a New atravs da qual Srgio acessou os ensinamentos de Hans Ruesch, patrono do movimento pela abolio da vivisseco. Em 2000, Srgio escreveu conjuntamente com o bilogo Thales Trz o livro "A Verdadeira Face da Experimentao Animal: A sua sade em perigo", publicado pela Sociedade Educacional "Fala Bicho". Neste livro, os bilogos discorreram sobre a vivis-

Zealand Anti-Vivisection Society,

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seco (utilizao de animais vivos com finalidade cientifica), seu mrito como metodologia cientfica, problemas associados, bem como alternativas a estes mtodos. Como membro da InterNICHE Education), organizao mundial criada com o intuito de divulgar e implementar mtodos humanitrios na educao, Srgio sentiu-se compelido a tornar disponvel para o pblico brasileiro material de consulta acerca de quais mtodos existem para substituir o uso de animais vivos em sala de aula. Certamente esta lista no contempla todos os mtodos disponveis, e nem esta a pretenso da obra, mas acima de tudo demonstrar a possibilidade de algumas das substituies que podem ocorrer, bem como sua efetividade no processo de aprendizado de estudantes, conforme evidenciado neste livro. A obra em questo a que aqui despretensiosamente se apresenta. Em 2002 Srgio ingressou, atravs de concurso, em autarquia estadual voltada para a rea do meio ambiente, onde trabalha atualmente.

duais and Campaigns for a Humane

(International Network of Indivi-

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PREFCIO

O uso prejudicial de animais no ensino universitrio ainda regra na grande maioria das universidades brasileiras, e de fato no temos idia das propores deste mtodo em termos de quantidade de vidas animais desperdiadas, que muito possivelmente deve chegar casa das dezenas de milhares. Importante salientar de incio que a prtica centenria da vivisseco/dissecao no vitima somente cavalos, porcos-da-ndia, ces, ovelhas, gatos, vacas, rs, camundongos, porcos, ratos e outros animais; estudantes se tornam tambm vtimas indiretas de tais prticas. O uso de animais expe o estudante muitas vezes a contradies, como o de matar para salvar, ou desrespeitar para respeitar. Impe a muitos estudantes a deciso de cumprir com a tarefa e deixar para trs seus princpios ticos e/ou minimizar suas condies emocionais - e d e antemo sabemos que no h muito espao para a emoo no saber cientfico. O uso de animais um tema controverso que pode ser aberto em muitos leques, e questionado sobre muitas perspectivas que se intercalam. Gostaria de denotar algumas das abordagens que considero relevantes para a discusso desse tema. Uma abordagem psicolgica poderia considerar os fatores emocionais e cognitivos que possam vir a ser envolvidos ou acessados com a prtica, expressos por estudantes atravs de nervosismo, brincadeiras, tenso, apreenso, repulso, etc., juntamente com o possvel desenvolvimento de mecanismos de adaptao e dessensibilizao. Quanto a estes mecanismos, em muitas oportunidades pude entrar em contato com estudantes que iniciavam suas prticas com animais demonstran-

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do uma certa apreenso ou insegurana moral, que tende a minimizar com o tempo. O animal coisificado, afastado da condio de sujeito, re-significado, para que a prtica seja mais aceitvel. Uma abordagem pedaggica poderia levar em considerao o fator plural da sociedade em seus conjuntos de crenas e valores, em suas diferentes posturas em relao interao entre animais e humanos. Assim, a sala de aula passa a ser um mosaico, onde diversas opinies acerca desta relao podem ser encontradas e consideradas. Sob um prisma cultural, ao considerar a vivisseco/dissecao no como uma metodologia ahistrica e a-temporal (e portanto neutra), mas como resultado de um contexto histrico/social caracterstico de uma determinada poca, os valores inerentemente transmitidos por tal prtica seriam elucidados e trabalhados. O instrumento em questo problematizado em seu ideal pedaggico. Dentro de um enfoque hermenutico, a prpria expresso que o termo "uso" sugere dificilmente est dissociada de uma viso instrumental associada prtica em si. No somente a posio do ser humano como senhor e dominador dos animais e da natureza reforada neste contexto, como tambm o carter descartvel e consumvel da vida no-humana. Nos biotrios universitrios comum que se refira ao nmero de animais disponveis a tais prticas como estoque, e que se usem termos como demanda, produo e consumo de animais. Tais termos, naturalizados, possuem uma carga de significao relevante para a discusso em questo. Abordagens tcnicas so direcionadas mais propriamente a cursos onde o modelo em estudo no condiz em caractersticas em relao ao sujeito final, onde o conhecimento ou tcnica ser aplicada. Um exemplo disso o uso de ces para o ensino de tcnica cirrgica em medicina humana. Desconsiderar as diferenas relacionadas resistncia tecidual, coeficiente de sangramento, disposio e tamanho dos rgos, reao a anestsicos e outros aspectos fundamentais no podem garantir que estudantes que obtenham sucesso atravs do treinamento em quadrpedes o tenham quando o apliquem em seres humanos. Seres humanos ou animais tambm no so conjuntos de tecidos e rgos. O contexto psicolgico em que animais e humanos se encontram interfere no sucesso de intervenes mdicas. E ao praticar "cursos de corte e costura" em animais, educa-se para que este aspecto fundamental seja reduzido ou descartado. A educao em cirurgia hu-

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mana e veterinria no Brasil, salvo poucas excees, ainda deixa muito a desejar em relao a inovaes didticas mais humanitrias. Uma abordagem financeira do uso de animais, pouco considerada quando o argumento apela para o investimento "alto" na implementao de metodologias alternativas, levaria em conta os gastos que a vivisseco/dissecao exigem, desde o uso de substncias e equipamentos exigidos, tempo consumido, corpo tcnico envolvido, aos processos de captura e transporte, estabelecimentos de "armazenamento e produo" (usando a terminologia padro), e gastos com alimentao, energia e gua para a manuteno destes animais. Finalmente, as abordagens ticas trazem tona as questes referentes ao status moral que os animais possuem em nossa sociedade em nossa relao com estes. Perguntas baseadas nestas questes nos indagariam: O que nos d o direito de utilizar animais? O que exclui animais de nossa esfera de considerao moral? Porque matar um rato pode ser mais aceitvel do que matar um co? Existiria diferena entre usar um co vira-lata e abandonado a um co de raa? Quais as implicaes morais desta justificativa? E assim por diante. O uso de animais na educao educa a uma tica antiquada que se transmite atravs do currculo oculto. Outras muitas abordagens ainda so possveis. Mas com o que foi brevemente apontado, este assunto tem sua amplitude relevada, e denota um potencial de debate que lhe caracterstico. Com este livro do colega e amigo Srgio Greif, espero que o quase-silncio encontrado na academia em relao a tal tradio seja quebrado em muitas vozes. Uma nova tendncia na educao est se manifestando, uma vez que uma preocupao ambiental e tica cada vez maior se insere dentro da academia, e entram em conflito com velhos mtodos que no correspondem mais realidade social e moral. So novos valores que pouco a pouco vo sendo considerados. Pessoalmente, vejo como uma questo de tempo, pois a prtica do uso de animais seja ela em que rea for, insustentvel do ponto de vista econmico, ecolgico, tico, pedaggico e principalmente, incompatvel com uma postura de respeito e cuidado para com a vida. Thales de A. e Trz, M.Sc. Coordenador da InternicheBrasil Prof. Depto de Metodologia do Ensino, U F S C

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DISSECAO E USO DE ANIMAIS NA EDUCAO

Dissecao a separao, com instrumentos cirrgicos, de partes do corpo ou rgos de animais mortos para estudo de sua anatomia 1. 1 Em um sentido mais amplo, o termo dissecao utilizado para se referir a qualquer vivisseco com propsitos didticos. Vivisseco, por sua vez, a prtica de se realizar intervenes em animais com propsitos cientficos, termo quase sempre empregado para o caso de animais vivos ou recm-abatidos2. A cada ano, 5,7 milhes de animais so usados no ensino secundrio e superior nos EUA 3. Sapos e ratos so os animais mais comumente dissecados em quase todas as instituies universitrias. Outras espcies incluem gatos, camundongos, minhocas, ces, coelhos, fetos de porcos e peixes. Esses animais chegam at as salas de aula atravs de criadores, capturas realizadas na natureza, furtos de particulares ou aquisio junto a rgos governamentais de captura de animais abandonados 4. Com efeito, o nmero de animais roubados para realizao de dissecaes grande, mesmo dentre aqueles que so adquiridos por intermdio de grandes instituies fornecedoras, conforme revelou investigao conduzida pelo PETA (People for the Ethical Treatment of Animais) em 1989, na Caro- lina do Norte, EUA5, As investigaes do PETA revelaram, alm dessas, muitas outras irregularidades nesses fornecedores de animais 4. No Brasil, a legislao aparentemente mais rgida do que a americana, mas, devido a diversos problemas operacionais em relao aos rgos executivos e judicirios nacionais, pouco se tem feito. Conforme discutem Greif & Trz2, os comits de tica institucionais, criados para regularizar o uso de animais na pesquisa, no tm o propsito de fiscalizar ou regular experimentos com animais, mas to somente subsidiar

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o pesquisador/professor com um aval, certificando que todos os procedimentos realizados foram conduzidos de forma tica. Nas universidades brasileiras, animais so empregados didaticamente para diversos fins; so exemplos destes: observao de fenmenos fisiolgicos e comportamentais a partir da administrao de substncias qumicas, estudos comportamentais em cativeiro, conhecimento da anatomia, obteno de clulas ou tecidos especficos e desenvolvimento de habilidades e tcnicas cirrgicas. Os experimentos so conduzidos em cursos de Medicina Humana e Veterinria, Odontologia, Farmcia e Bioqumica, Psicologia, Educao Fsica, Biologia, Qumica e Enfermagem2. Greif e Trz2 descrevem diversos exemplos de experimentos didticos bastante empregados em universidades: Miografia. Um msculo esqueltico, geralmente da perna, retirado de uma r viva eventualmente anestesiada com ter. A resposta fisiolgica a estmulos eltricos observada atravs do registro em grfico. Sistema nervoso. Uma r decapitada e um. instrumento pontiagudo (por exemplo, uma pina) introduzido repetidamente na sua espinha dorsal, secionada. Observa-se ento o movimento dos msculos esquelticos respondendo aos estmulos sem o comando do crebro (resposta arco-reflexo). Sistema cardiorrespiratrio. Um co anestesiado, o seu trax aberto e observa-se os movimentos pulmonares e cardacos, antes e aps a injeo de drogas como adrenalina e acetilcolina. O experimento termina com a injeo de elevada dose de v anestsico ou de acetilcolina, culminando com parada cardaca do animal. Anatomia interna. Para esse tipo de exerccios geralmente utilizase cadveres de animais de diferentes espcies, sacrificados de diversas maneiras. Estudos psicolgicos. Dentre os experimentos de cunho psicolgico mais utilizados, encontram-se os de privao de alimento e gua, experimentos baseados em castigo e recompensas (por exemplo, caixa de Skinner), experimentos de isolamento social, privao materna, induo de estresse atravs de diferentes mtodos, como eletrochoques, etc. Alguns desses animais20

so mantidos em condio experimental ao longo de toda a sua vida, outros so descartados por estarem inutilizados ou excessivamente estressados. Habilidades cirrgicas. Prtica utilizada nas faculdades de Medicina Humana e Veterinria, com o propsito de treinamento de tcnicas cirrgicas. Nestas tcnicas so geralmente utilizados animais vivos, que so sacrificados somente aps se recuperarem da anestesia. Farmacologia. Para essa finalidade, so utilizados geralmente animais de pequeno porte, como ratos e camundongos. So injetadas drogas, por via intravenosa, intramuscular, oral ou por gavagem. Os efeitos so visualizados e registrados. Lima6 descreve, em sua tese de mestrado, alguns experimentos realizados em aulas prticas de graduao do curso de Cincias Biolgicas da USP. Em um deles, cujo tema versava sobre a funo do cerebelo, fez- se a retirada cirrgica dessa estrutura, em pombos, para que se observasse suas conseqncias. Assim, esses animais perderam: a capacidade de se manterem em posio vertical, o senso de direo, o equilbrio, a capacidade de se alimentarem e apresentaram nuseas e vmitos constantes. Para que vrias turmas pudessem observar esse experimento, tais pombos, foram mantidos nessas condies por vrios dias e depois sacrificados. Outros experimentos neurofisiolgicos so citados pelo autor, tanto com pombos quanto com outros animais. Lima6 refere que as cobaias utilizadas nas aulas prticas eram expostas ao ter ou ao clorofrmio, com a finalidade de serem anestesiadas, porm, muitas evoluam para bito devido a dificuldade da administrao do tempo anestsico e das diferenas individuais presentes nas populaes de animais. Trz descreve situao em que um co acordou da anestesia no meio de uma aula de Fisiologia Humana do curso de biologia da Universidade Federal de Santa Catarina, estando ele com o trax aberto2. Lima6 cita casos, em que os anestsicos no so utilizados de forma alguma, por estes poderem ser considerados "comprometedores" dos objetivos do experimento. Dessa forma, outras tcnicas foram desenvolvidas para manter os animais vivos, porm sem capacidade

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de reao. O procedimento de conteno mais usado para pequenos animais fix-los com alfinetes em bandejas de dissecao ou o espinhalamento. Na tcnica de espinhalamento (seo da espinha dorsal), descrita pelo autor, o animal mantido vivo, com manuteno de todas as suas atividades vitais, embora sem mobilidade. Com efeito, segundo Wermus7, apenas em 15% dos experimentos em animais, algum tipo de anestesia empregado. Animais maiores como ces, gatos e macacos so geralmente amarrados firmemente mesa de cirurgia, ou contidos por aparelhos especialmente produzidos para esse fim6. Lima6 cita alguns experimentos em ces, como os que tm por objetivo verificar a resposta cardaca e urinaria a determinadas drogas. Descreve que durante determinada aula, o primeiro animal era submetido ao experimento, enquanto, o segundo aguardava sua utilizao pela prxima turma, amarrado ao p da mesa, assistindo a tudo o que se passava na bancada. Refere tambm, a repetio de verses dos experimentos de Pavlov, onde animais so induzidos a determinados comportamentos atravs do condicionamento, que se estabelece tanto atravs de processos de recompensa quanto de punio. O sacrifcio de camundongos, girando-os pela cauda e batendo-os contra um anteparo, foi uma tcnica presenciada pelo autor, para se abater esses animais sem a necessidade do uso de substncias qumicas; em alguns casos houve a necessidade de se repetir o procedimento para que o sucesso final da operao, o bito, fosse alcanado. A guilhotina outra tcnica utilizada para execuo de pequenos animais. Para descries mais detalhadas sobre diferentes experimentos realizados em animais tanto na pesquisa quanto na educao, recomenda-se a leitura dos livros de Greif & Trz 2, Schr-Manzoli8, Ruesch9, Singer10, bem como publicaes diversas nessa rea. Lima6 preocupou-se em reproduzir o sentimento de desconforto de muitos alunos, quando da presena dos pombos sem equilbrio, e dos pequenos animais espinhalados que esperneavam de dor no momento em que j deveriam estar imobilizados.

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CONSIDERAES SOBRE O USO DE ANIMAIS VIVOSNA EDUCAO

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A utilizao de animais para fins didticos vem sendo questionada em todo o mundo, tanto pela sociedade civil, quanto por cientistas, profissionais, educadores e estudantes2. A argumentao baseia-se em consideraes ticas, metodolgicas, psicolgicas e ambientais. Em todo o mundo, tem-se ressaltado a importncia da substituio do uso de animais por tcnicas mais inteligentes e responsveis2. No Brasil, a legislao relativa ao uso de animais no ensino est frente do que podemos encontrar na maioria dos pases: a Lei n6.638/79 declara nos itens I, III e V do artigo 3 ser a dissecao proibida nas seguintes condies: sem o emprego de anestesia; sem a superviso de tcnico especializado; em estabelecimentos de ensino de 1- e 2- graus e em quaisquer locais freqentados por menores de idade. A Lei de Crimes Ambientais, Lei n 9.605/98, declara no artigo 32: "Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domsticos ou domesticados, nativos ou exticos: Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa. 1 - Incorre nas mesmas penas quem realiza experincia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didticos ou cientficos, quando existirem recursos alternativos. 2 - A pena aumentada de um sexto a um tero se ocorre morte do animal.

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No entanto, essas leis no so cumpridas por parte dos professores e autoridades. Mesmo com a existncia de recursos alternativos possibilitando a realizao de aulas prticas sem o uso de animais, abordando todas as atividades em que animais so tradicionalmente utilizados11, as prticas que utilizam animais so mantidas 2. Assim, a divulgao dos mtodos alternativos existentes, fundamental.2.1 Impacto ambiental do uso de animais na educao

A utilizao de animais silvestres, como sapos, em prticas acadmicas ocasiona enormes impactos ambientais, comparveis aos causados pela irradiao solar atravs de buracos na camada de oznio, poluio de cursos d'gua, uso indiscriminado de pesticidas e atropelamentos de animais selvagens12. Apesar da concepo errnea de que os sapos de laboratrio so animais domsticos provenientes de "fazendas de sapos"13, a captura desses no meio ambiente constante, pois as populaes criadas em cativeiro necessitam ser reabastecidas com novos indivduos, para se evitar a consanginidade 14. Em seu ambiente natural, os sapos consomem grande nmero de insetos, o que os torna responsveis pelo controle de pragas de cultivo. Anos antes da ndia haver abolido o trfico de sapos, o pas ganhava US$10 milhes por ano com sua exportao e gastava US$100 milhes com pesticidas qumicos para combater a infestao de insetos 15. Suas perdas agrcolas, neste perodo, eram muito grandes. Atualmente, Bangladesh o principal fornecedor de sapos da sia. A importao de animais exticos para laboratrios de outros pases, pode ainda causar impactos ambientais, quando esses, conseguem de alguma forma escapar e passam a se reproduzir nos novos ambientes, atacando ou competindo com as populaes nativas. No estudo realizado por Gibbs e colaboradores13, em 1971, para verificar as condies de captura e acondicionamento de sapos a serem usados principalmente na dissecao, os autores verificaram que os animais obtidos dos fornecedores, estavam com a sade bastante comprometida devido ao "declnio em sua qualidade de vida", fator esse que contribuiu para que a taxa de mortalidade fosse cerca de 15% nessa populao. Nessas condies, o valor cientfico e didtico desses animais praticamente nulo. A The Humane Society ofthe United States atesta que mesmo mais recentemente, essas condies no melhoraram16.

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2.2 Impactos no aprendizado causados pelo uso de animais na educao

comum que, experimentos realizados em animais para fins didticos no produzam os resultados almejados, dando muitas vezes margem a interpretaes confusas2. Estes resultados duvidosos so decorrentes de diferentes fatores: impercia tcnica na conduo do experimento; desequilbrio da sade fsica e psquica do animal, previamente ao incio do experimento; diferenas individuais de cada animal de uma mesma populao, entre outros. Conseqentemente, a interferncia desses fatores faz com que os professores tenham que explicar aos seus alunos o que esses deveriam ter observado no animal, visto que o experimento no atingiu a meta proposta para a formao do estudante17' 18, e o real aprendizado se deu atravs da leitura de livro didtico e acompanhamento de aulas expositivas. Mesmo quando os objetivos do experimento so atingidos, ainda assim a dissecao deixa muito a desejar, uma vez que o estudante concentra muito mais sua ateno no procedimento em si, do que nos objetivos da prtica. Um crescente nmero de artigos comprova, que estudantes que utilizaram mtodos alternativos em aulas prticas, aprenderam igualmente, e em alguns casos, at melhor, do que aqueles cuja aula se utilizou animais2'16. Mais detalhes sobre este tpico se encontram descritos no captulo 4. Estudantes secundrios com pouco ou nenhum interesse na carreira cientfica certamente no necessitam visualizar rgos naturais e em funcionamento para compreender fisiologia bsica; e estudantes que planejam cursar uma faculdade nas reas biolgicas (biologia, veterinria, medicina, etc.) certamente aprendero melhor se forem expostos a estudos de casos reais, em situao controlada, ou ainda, em cadveres ou modelos alternativos mais sofisticados, como modelos computacionais. Os estudantes que porventura possurem, ainda que inconscientemente, alguma considerao quanto ao fato de cortar um animal saudvel desnecessariamente, estaro preocupados demais para conseguirem se concentrar no contedo transmitido pelo professor. De fato, diversos estudos mostram uma atitude negativa por parte de diferentes amostras de estudantes, com relao ao uso de animais na educao19'32. No raro, estudantes com afinidade pelas carreiras das reas biolgicas desistem de seus cursos, quando advertidos da obrigatoriedade da prtica de dissecaes33-37. Esses alunos, devido sua maior sensibi-

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lidade, poderiam tornar-se profissionais da sade mais humanos ou cientistas de maior intuio, no entanto, so desestimulados a desenvolver suas habilidades2, e assim buscam cursos em outras reas.2.3 Dessensibilizao estudantil atravs da dissecao

A dessensibilizao definida por Heim38 como "diminuio da sensibilidade devido familiaridade" com a experimentao animal. Uma pessoa insensvel, segundo o autor, algum indiferente ao sofrimento animal, que no se preocupa com ele, que nega sua existncia ou cr que ele esteja abaixo dos objetivos de uma aula. Dissecaes em sala de aula dessensibilizam os estudantes quanto ao senso de reverncia e respeito vida e podem estimul-los a prejudicar animais em outras ocasies, como dentro de seu prprio ambiente domstico. Estudos mostram que, crianas que se identificam com as atividades de dissecao, ao contrrio do aprendizado e do gosto pela cincia pretendidos, tornam-se mais facilmente agressoras de seus colegas 39_45. A progresso da dessensibilizao notada quando muitos animais utilizados em dissecao aparecem mutilados, sem ter sido esse o objetivo da aula. Muitos autores descrevem ser esta uma prtica comum46-50, embora sem qualquer inteno didtica. Essa prtica, em casos extremos, pode se estender para outros momentos de suas vidas. Segundo Robert K. Ressler, responsvel por traar perfis psicolgicos de "serial killers" para o Federal Bureau Investigation (FBI) "Assassinos... muito freqentemente comeam matando e torturando animais quando crianas."51. O FBI observou que o histrico de crueldade contra animais um dos traos que normalmente aparecem em seus registros de assassinos e estupradores em srie 52, e o "Cdigo Internacional de Doenas" lista a crueldade com animais como critrio para o diagnstico de "Transtorno da Conduta" 53. H substancial literatura cientfica produzida relacionando a agressividade contra animais e a agressividade contra seres humanos 16,39,4147,51-56 histria repleta de exemplos como o de Jeffrey Dahmer, Patrick Sherrill57, Earl Kenneth Shriner58, Brenda Spencer59, Albert DeSalvo57, Carroll Edward Cole57, Kip Kinkel, Luke Woodham60, Eric Harris e Dylan Klebold61. Lima6 realizou uma anlise psicolgica sobre o processo de banalizao da vivisseco em estudantes universitrios, incluindo experi-

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mentos que muitas vezes atingiam dimenses extremamente violentas e cruis. Constatou-se falta de questionamento e comportamento acrtico por parte desses alunos, justamente os que mais deveriam se questionar, uma vez que seriam eles, cientistas em formao. Mesmo naqueles autodeclarados amantes da natureza e dos animais, prevalecia a atitude de passividade e inrcia. A prtica da vivisseco revelou-se desagradvel, para a maioria dos estudantes, porm esses a consideravam necessria para sua formao. Havia, por parte dos entrevistados, o que o autor da pesquisa denominou um forte comportamento antropocntrico, alienao no discurso, tecnicismo excessivo, estreitamento circunstancial no campo mental e acuamento decisrio e atitudinal6. Greif & Trz2 discutem que a vivisseco deve ser questionada tanto pela sociedade civil quanto pela cientfica. A defesa utilizada por professores e livros didticos favorveis vivisseco que pelo conhecimento adquirido, aprendemos a preservar a vida. Porm, quando os estudantes so induzidos a cortar animais que passaram a vida inteira em gaiolas de biotrios, ou que foram adquiridos atravs de abrigos municipais, cujos corpos sero descartados no lixo, certamente isso contribui para estimular o mecanicismo e o desprezo pela vida. O propsito da medicina humana e veterinria salvar vidas e amenizar a dor dos pacientes; contraditrio que na preparao de profissionais da sade, estes sejam os causadores da morte e do sofrimento de animais. Certamente, para a formao de mdicos, alegar-se- que o treinamento prejudica apenas a vida de animais, quando seu propsito salvar vidas humanas, mas no se pode deixar de considerar que animais so seres sensveis e capazes de sofrer, sentir medo e dor. O reflexo dessa prtica na educao mdica percebido pela maneira como a maioria dos profissionais da sade lida com seus pacientes humanos. Segundo o Dr. Albert Schweitzer: "Qualquer um que tenha se acostumado a considerar a vida de qualquer criatura como sendo sem valor, corre o risco de chegar tambm idia de que a vida humana no tem valor." Os docentes bem conhecem a associao entre exposio ao sofrimento animal e dessensibilizao estudantil, e muitos alegam ser esse principal propsito de determinados exerccios. Expor estudantes de medicina humana e veterinria a presenciar experincias que promovam dor e/ou sofrimento em animais de laboratrio, tem como conse

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qncia a perda do instinto de compaixo e o estmulo ao raciocnio frio sobre os procedimentos a serem empregados em cada caso. Se estudantes fossem, por outro lado, expostos a casos reais de animais e seres humanos padecendo de males no induzidos artificialmente, aprenderiam no apenas a raciocinar friamente sobre os procedimentos a serem empregados, como tambm no perderiam seus instintos primrios de compaixo, e inclusive desenvolveriam a sensibilidade para lidar com seus futuros pacientes2. A cincia necessita de profissionais prontos a conservar princpios ticos em suas carreiras, e no tecnicistas capazes de lidar com "problemas mecnicos". 2.3.1 Objeo de conscincia cada vez maior o numero de estudantes posicionando-se contra a dissecao em todos os nveis de ensino, antes mesmo da realizao do experimento em aula. Em 1987, Jenifer Graham objetou-se a dissecar um animal e foi ameaada pela escola. Jenifer recorreu a um tribunal na Califrnia, que compreendeu a problemtica e abriu precedentes para a atual lei estadual, que estabelece os direitos do estudante de no utilizar animais de forma destrutiva e prejudicial (Education Code sees 32.255 e seq.). Atualmente, cursos que utilizam animais vivos ou mortos, ou mesmo suas partes, necessitam notificar antecipadamente os estudantes, para que estes possam usufruir de seus direitos. O professores podem desenvolver um projeto educacional alternativo com "tempo e esforo comparveis" ou permitir simplesmente que o aluno se abstenha do projeto, no o prejudicando na nota final. A me de Jenifer e a National Anti-Vivisection Society disponibilizaram uma linha telefnica de apoio a estudantes que queiram evitar a dissecao. Desde o caso de Jenifer, milhares de estudantes em todo o mundo escolheram por cursar disciplinas nas reas biolgicas de forma humanitria, e muitas escolas concordaram com a idia, acatando a opo estudantil, por uma educao livre de violncia. Dados de 199562-63 revelam que, nos EUA, mais de 80% dos estudantes se opuseram pratica da vivisseco em sala de aula. Em diversos lugares, salas inteiras objetaram-se a participar de experimentos que prejudicassem animais. Balcombe16 realizou levantamento de diversos estudos, demonstrando atitudes de estudantes frente ao uso de animais na educao, obtendo uma percepo negativa, mas mui-

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tas vezes declaradamente necessria, com relao a estas prticas. A resposta em alguns lugares, como no Instituto de Fisiologia de Marburg, Alemanha, foi o desenvolvimento por parte dos professores de simulaes computacionais, multimdias de alta qualidade, baseadas em

experimentos originais37. Em locais como o Brasil, a aceitao por parte das instituies, do direito de objeo de conscincia do estudante tende a ser a exceo, e no a regra. Esses so freqentemente coagidos a participar de aulas que ferem suas convices morais, frente ameaa de uma avaliao negativa e conseqente reprovao, Em muitos casos, esses estudantes sofrem presses psicolgicas de professores e colegas, de forma que deixam de lado seus sentimentos e foram-se a tomar parte nessas aulas, ou abandonam seus cursos. A National Anti-Vivisection Society (NAVS) produziu uma srie de brochuras com o intuito de auxiliar estudantes primrios, secundrios e de nvel superior, a refutar a dissecao quando esta fere seus princpios ticos e morais: "Saying No to Dissection: A Handbook for Elementary Students3', "Objecting to Dissection: A High School Students Handbook" 120 e "Objecting to Dissection: A College Studenfs Handbook*21. A InterNICHE (International Network of Individuais and Campaigns for Humane Education) uma rede internacional representada em mais de 30 pases, constituda de estudantes, professores e profissionais que lutam pelo estabelecimento de um sistema de educao humanitrio e pela liberdade de objea de conscincia de estudantes, estando esta tambm representada no Brasil (http:// www.internichebrasil.org). No Brasil, as principais barreiras para a efetiva substituio de animais nas faculdades so decorrentes da falta de informao e discusso sobre as alternativas existentes, bem como sobre os aspectos que envolvem o uso prejudicial de animais na educao. Estudantes no expem suas opinies, temendo represses por parte da instituio, dos professores e at mesmo de seus colegas. A maioria dos professores no aborda o assunto, fazendo com que as prticas de vivisseco e tornem mtodos normais e inquestionveis. As abordagens, quando existem, so inevitavelmente em favor do uso de animais, no vendo possibilidade de discusso, o que impede os estudantes de conhecerem melhor a questo2.

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3O EMPREGO DE MTODOS ALTERNATIVOS

3.1 O que so mtodos alternativos?

Dentro da filosofia dos 3Rs (Replacement, Reduction e Refinement), so considerados mtodos alternativos todos aqueles que se proponham a reduzir (Reduction) o numero de animais necessrios para se executar determinado experimento, diminuir o sofrimento animal atravs do melhor treinamento de pessoal e refinamento (Refinement) da tcnica e por fim, sempre que possvel, a completa substituio (Replacement) do uso de animais por outros mtodos. Greif & Trz2 analisam criticamente os 3Rs devido aos diferentes pressupostos assumidos para a adoo do conceito, preferindo restringir o termo "alternativas" somente para os casos em que os animais possam ser efetivamente substitudos. Em alguns casos, quando os animais no so utilizados de forma prejudicial, ou se utiliza cadveres de animais mortos por circunstncias alheias experimentao, ou ainda em casos em que o uso prejudicial se d, mas com o propsito da gravao de vdeos ou softwares, estes recursos podem ser considerados alternativos por pressuporem que os mesmos evitaro que mais animais venham a ser utilizados para realizao dos mesmos procedimentos. De fato, em defesa dos 3Rs tem-se proposto que o termo "alternativas" derive do radical "alternar", onde o propsito de seu emprego no seria jamais a completa substituio dos animais em experimentos ou na didtica, mas sim a "alternncia" de seu uso com o de tcnicas mais modernas. Seguindo o bom senso, porm, "alternativas" no presente trabalho segue uma definio menos rebuscada, que seria a da substitui31

o de uma tcnica por outra reciprocamente exclusiva, a opo pela adoo de uma tcnica, ao invs da outra. Esta definio estaria de acordo com a aplicao original do termo alternativa. Zinko et al.37 propem que, em futuro prximo, possvel que o uso de "mtodos alternativos" se torne a norma na maioria das universidades do mundo, de forma que este termo venha a se tornar redundante com o tempo. O termo "metodologia alternativa" bastante questionado pelo Dr. Croce (citado por Greif & Trz 2), tambm por pressupor empiricamente que o mtodo que utiliza animais seja padro e correto. Mesmo assim, por ser "alternativa" um termo amplamente empregado, este foi utilizado no presente trabalho, por motivos de convenincia. Estudantes e professores podem escolher dentre uma grande variedade de alternativas para serem utilizadas na educao, algumas delas bastante sofisticadas: Modelos e simuladores mecnicos; Filmes e vdeos interativos; Simulaes computacionais e de realidade virtual; Acompanhamento clnico em pacientes reais; Auto-experimentao no-invasivaa Utilizao no-invasiva e no-prejudicial de animaisb; Estudo anatmico em animais mortos por causas naturais ou circunstncias no-experimentais; Experimentos com vegetais, microorganismos e in vitro; Estudos de campo e observacionais.

a

b

Por auto-experimentao entenda-se experimentao tica no prprio ser humano. Inclui, entre outras metodologias, verificaes da freqncia cardaca, da presso sangnea, da freqncia respiratria, da temperatura, da condutncia da pele; observao de raio X, ultra som, ressonncia magntica, etc. Um professor criativo pode encontrar formas de utilizar animais vivos em suas aulas prticas sem prejuzo destes. Por exemplo, em 1999, o Dr. Nedim Buyukmihci relatou em palestra proferida em So Paulo que, durante a disciplina de oftalmologia veterinria por ele ministrada na Universidade da Califrnia, ele pedia para que os estudantes levassem para a aula seus prprios animais de estimao. Obviamente que os estudantes jamais dissecariam os olhos de seus prprios animais, e nem era este o objetivo da prtica, mas a manipulao de animais vivos era sem duvida importante para a formao de futuros veterinrios.

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Algumas vezes, a mera substituio do animal por um vegetal ou por um microorganismo suficiente. Outras vezes, experimentos tradicionais como o do nervo de sapo podem ser substitudos por simulao computacional acoplada ao sistema de aquisio de dados que permite a realizao de experimentos na prpria pessoa ou em colegas. Algumas vezes, um filmec pode complementar esta combinao, fornecendo

maiores possibilidades de visualizao 37. Simulaes computacionais podem ser altamente interativas e incorporar outros meios como grficos de alta qualidade, filmes e sons. Essas permitem no apenas explorar os tpicos mais amplamente, como tambm treinam estudantes para um mundo onde a tecnologia da informao ter maior participao em suas vidas. Recentes desenvolvimentos no campo da realidade virtual d tm disponibilizado tcnicas de imagem de alta tecnologia para o diagnstico e tratamento em medicina humana, descaracterizando qualquer argumento favorvel continuidade do uso de animais37.

c

O fato que caso manipulassem animais experimentais ou oriundos de agncias de controle de zoonoses, os estudantes provavelmente no tomariam o cuidado necessrio que deveriam ter com os animais de seus clientes. Porque se tratava de seus prprios animais, no entanto, os estudantes se mostravam atenciosos e mais cujdadosos. Outra vantagem deste tipo de aula prtica que os animais, ao fim desta, voltam para suas casas, sem prejuzos. Alguns animais, por terem seus organismos naturalmente transparentes, podem ser usados em aulas pftias para mostrarem determinados processos fisiolgicos (como digesto, circulao, etc.), sem que estes animais sofram qualquer prejuzo. o caso da pulga d'gua ( Daphnia pulex) e diversas espcies de peixes, como o Chanda ranga, o Hemigrammus ocellifer, o H. rhodostomus, o Rasbora trilineata, o Kryptopterus bicirrhis e quase todas as espcies de pit. O material audiovisual possui indubitvel valor educacional, especialmente para "costurar" uma conexo mais profunda entre os diferentes tpicos que esto sendo considerados naquela atividade. Lanando mo destes recursos, a aprendizagem terica se d atravs de exemplo prticos, as aulas se tornam mais interessantes e conclusivas, o conhecimento menos fragmentado, e os estudantes mais motivados6Barbosa & Sabbatini119 discutem que a utilizao de simuladores computacionais para o treinamento de anestesistas representa uma enorme revoluo para este campo da cincia, permitindo que haja um nmero muito maior de sees prticas em menor tempo, em comparao s prticas de ensino tradicionais. Alm disso, o uso de simuladores permite a experimentao repetitiva inserindo-se diversas variveis, intercorrncias e simulao de possvel mal funcionamento do equipamento, alm do treinamento de anestesia usando fenmenos e acidentes de ocorrncia rara.

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As vantagens do emprego destas tcnicas so: Muitos modelos no animais que podem ser aplicados no ensino das reas biolgicas tm menor custo que os animais propriamente ditos, se considerarmos o custo global de manuteno de biotrios, manipulao e preparao dos animais2. A maioria das alternativas possui vida util indeterminada, e quando descartveis, as peas de reposio podem ser adquiridas separadamente, sem necessidade de aquisio do sistema completo. Seu aparente "maior custo" compensado a mdio e longo prazo. O aprendizado dos estudantes se mostra na maioria das vezes superior quando estes interagem com softwares e modelos artificiais, provavelmente devido liberdade experimentada. No caso de simulaes interativas, o estudante pode voltar atrs em algum estgio do experimento que no haja compreendido inteiramente ou em que queira aprofundar os estudos64. Cada estudante pode aprender em seu prprio ritmo, podendo repetir o experimento quantas vezes forem necessrias65. Freqentemente, esse tipo de tecnologia permite que o aluno possa estudar em sua prpria casa, sem auxlio de tcnicos especializados2,64. O emprego desses mtodos condizente com os princpios ticos e morais de todos os estudantes, inclusive daqueles que se opem ao uso de animais para finalidades didticas 2. Essas metodologias, por serem humanitrias, no causam conflitos inconscientes em alunos que no se manifestam abertamente contra os experimentos, e transmitem aos estudantes, alm do contedo da matria, uma mensagem de compaixo pelos mais fracos e respeito pela vida. O uso de animais para fins didticos vem sendo abolido do currculo de muitas universidades do mundo (ver Apndice II), sendo substitudo pela crescente aplicao de metodologias alternativas: maior prova de serem estas viveis e possveis. As alternativas podem ser combinadas, complementando-se umas s outras, conforme a necessidade e o contedo a ser transmitido. Por exemplo, uma determinada simulao pode ser melhor compreendida mediante manipulao de mode

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los de plstico ou massa, ou complementada com determinada observao in vitro, ou atravs de um vdeo. Muitos estudos comprovam o sucesso da aplicao de mtodos alternativos (capitulo 4), demonstrando que a completa substituio de animais no ensino uma questo de tempo. Apesar de recursos tecnolgicos, como softwares, simuladores e aparelhos que permitam a auto-experimentao serem citados freqentemente como metodologias alternativas a serem empregadas no ensino das reas biolgicas, a experincia clnica, a exposio de estudantes a situaes reais, e sua progressiva, atuao mediante acompanhamento de um profissional snior tambm merecem ser citadas como imprescindveis 2. Com as tcnicas disponveis atualmente, as possibildades de desenvolvimento de novas alternativas e o melhoramento dos produtos j existentes so praticamente ilimitados. Professores com experincia em dissecaes animais poderiam colocar seu conhecimento e experincia a servio de metodologias de ensino mais efetivas e humanitrias, contribuindo para o avano no campo das alternativas 37. Algumas vezes, o prprio professor pode desenvolver suas alternativas, segundo suas necessidades e condies especficas. Em outras, pode estimular os estudantes a desenvolverem alternativas, de forma que essas possam ser utilizadas como metodologia de ensino nas turmas vindouras. Isso por si s j representaria um aprendizado de qualidade.3.2 Fontes de pesquisa sobre mtodos alternativos

A difuso de alternativas ao uso de animais tem sido feita por diversas organizaes, empresas e indivduos isolados, atravs da Internet ou de material impresso. O livro "From Guinea Pigto Computer Mouse: alternative methods for a humane education"37, editado pela ento EuroNICHE, uma das mais completas obras publicadas a esse respeito. Na segunda edio do livro66, de 2003, editada j pela InterNICHE, houve uma completa reviso da obra, bem como atualizao das alternativas, constando hoje com mais de 500 recursos citados nas diferentes reas, alm de subsdios para elaborao de novos currculos. A New England Anti-Vivisection Society (NEAVS) distribui catlogo (Beyond Dissection) com grande quantidade de recursos alternativos ao uso de animais, a serem empregados como metodologia de35

ensino. A Association of Veternarians for Animal Rights (AVAR) tambm disponibiliza catlogo de alternativas67. Outras organizaes como o PETA (People for the Ethical Treatment of Animais) e a Humane Society of the United States (HSUS) distribuem material semelhante. A American Anti-Vivisection Society (AAVS) possui programa (Animal- Learr) de instruo para estudantes sobre alternativas ao uso de animais como metodologia de ensino e assuntos ambientais. Outras organizaes como a Norina (http://www.oslovet.veths.no/ NORINA), Association of Veternarians for Animal Rights (http:// www.AVAR.org) e o Physicians Committee for Responsible Medicine (http://www.pcrm.org) dispem de mecanismos de busca sobre alternativas na Internet. O manual de laboratrio de fisiologia de Russell68 fornece timas informaes sobre como conduzir experimentos nos prprios estudantes, sem ferir qualquer principio tico5. Para a produo do presente material foram consultados, alm das fontes acima citadas, diversos artigos tratando de temas especficos, bem como catlogos de empresas que comercializam algumas das alternativas citadas. J existe grande quantidade de alternativas disponveis, prontas para serem empregadas; no entanto, as informaes sobre elas, no estavam at ento sistematizadas de forma compreensvel para a maioria dos estudantes e professores, especialmente no Brasil. A adoo de metodologias didticas progressivas e mais humanas nas reas biolgicas desejvel, em todos os aspectos, para a formao de profissionais mais conscientes e responsveis.

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EFETIVIDADE DO USO DE ALTERNATIVASNA EDUCAO

4

O principal propsito educacional da dissecao transmitir o conhecimento tcnico nas reas de anatomia e fisiologia, dos diversos sistemas dos animais dissecados, bem como do modelo genrico representativo de um grupo. Outros objetivos dessas atividades podem ser: a comparao da evoluo de estruturas entre espcies diferentes de animais, ressaltando as diferenas individuais dentro de um mesmo grupo; a relao entre a estrutura e funo de rgos; a relao entre o organismo e seu ambiente, e o ensino do respeito pela vida 39,46. Ainda, apresenta como especial vantagem, fixar a ateno dos alunos, promover o conhecimento prtico e desenvolver-lhes o gosto pela cincia, tornando, dessa forma, as aulas mais interessantes. A dissecao pode, de fato, transmitir todo esse contedo para o estudante, incluindo o de respeito vida (como ocorre no caso da "dissecao tica", ver pgina 103). No entanto, muitos professores e instituies insistem na utilizao prejudicial de animais, recusando -se adoo de mtodos que contemplam e respeitam a tica individual, cujo conhecimento cientfico transferido to bem, ou melhor, do que com os mtodos que utilizam animais2,16,69. A Tabela 1 traz exemplos de diversos estudos publicados, avaliando a efetividade de mtodos alternativos na educao, quando comparados a mtodos de dissecao tradicional, tanto no ensino mdio como no superior, nos cursos de medicina veterinria, medicina humana, enfermagem e farmacologia.

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Tabela 1 Estudos publicados, comparando o desempenho no aprendizado entre mtodos "alternativos" e "tradicionais" nas reas biolgicas (adaptado das tabelas 3.1 e 5.2. de Balcombe16Autores Indivduos estudados

Cohen & Block, 1991 70

10 estudantes americanos de psicologia.

Dewhurst & Meehan, 1993 71 Dewhurst et al., 1994 72

65 estudantes universitrios britnicos. 14 estudantes britnicos de segundo ano de faculdade. 2.913 estudantes britnicos de primeiro ano de biologia. 473 estudantes americanos de enfermagem e medicina. 100 calouros de medicina americanos.

Downie & Meadows, 1995 73

Guy &c Frisby, 1992 74 Jones et al., 1978 75

Kinzey et al., 1993 76 Leathard & Dewhurst, 1995 77

61 estudantes colegiais americanos. 105 estudantes britnicos de medicina interna.

Leonard, 1992 78

142 calouros de biologia americanos.

Lieb, 1985 79 Prentice et a., 1977 80 Strauss & Kinzie, 1994 81 Dewhurst & Jenkinson, 199582

23 estudantes colegiais americanos. 16 estudantes de assistncia mdica americanos. 20 estudantes colegiais americanos. 20 estudantes biomdicos britnicos.

a

Desempenho equivalente;c

b

Significncia estatstica favorecendo alternativas;

Significncia estatstica favorecendo mtodos tradicionais.

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Principais resultados obtidos

Alunos que estudaram pombos selvagens em um parque da cidade apresentaram o mesmo desempenho daqueles que haviam realizado condicionamento com ratos em

laboratrio tradicional.51 Estudantes utilizando simulaes de computadores apresentaram o mesmo desempenho daqueles que utilizaram mtodos tradicionais em laboratrio de fisiologia e farmacologia. a Seis alunos trabalhando de forma independente com um programa de computador adquiriram o mesmo conhecimento - e a um quinto do custo - em relao a oito estudantes supervisionados utilizando ratos recm-abatidos. a Resultados de avaliao cumulativa de 308 alunos que estudaram com modelos de ratos, foranTos mesmos encontrados em 2.605 estudantes, que realizaram dissecao em ratos de verdade. a O desempenho de estudantes usando videodiscos interativos, foi semelhante ao daqueles, que aprenderam por meio de demonstraes tradicionais com cadveres. a A capacidade de aprendizagem de estudantes que utilizaram filmes, instrues transmitidas por computador e cadveres humanos dissecados foi a mesma daqueles ensinados por mtodos tradicionais de aulas e dissecao. a Os achados sugerem que o videodisco interativo, foi to efetivo quanto as dissecaes de sapos normalmente praticadas na aprendizagem de estudantes. a No houve diferena significativa no desempenho de estudantes que usaram animal vivo de laboratrio e aqueles que aprenderam com simulao computacional de motilidade intestinal. a No se verificou diferena significativa no aprendizado, comparando o uso de videodiscos ao uso de laboratrios tradicionais. No entanto, comparativamente, o grupo do videodisco gastou apenas 50% do tempo utilizado pelo grupo que usou animais. a As notas de avaliao foram equivalentes para os estudantes que dissecaram minhocas, e os que assistiram a uma palestra sobre a anatomia de minhocas. a Baseado no desempenho do aprendizado de alunos, os autores concluem que o uso de seqncias de slides sobre dissecaes anatmicas uma alternativa vivel dissecao.a

Dois grupos de colegiais, apresentaram o mesmo desempenho nos testes aplicados. Um grupo praticou em animais e o outro utilizou simulaes em videodisco. a O uso de pacotes computacionais poupou o tempo de professores, auxiliares e tcnicos; foi menos caro e mais efetivo; foi elogiado pelos estudantes; e reduziu de forma significativa o nmero de animais na escola. a

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Autores Carpenter et al., 1991 83

Indivduos estudados 24 estudantes de veterinria, cursando o 3 ano. 36 estudantes americanos de veterinria, cursando o 3ano.

reenfield et al., 1995 84

Pavletic et al, 1994 85

48 veterinrios americanos graduados.

White et al., 1992 86

Sete estudantes de veterinria, cursando o 4 ano, estudando por alternativas. 456 colegiais americanos.

Fowler & Brosius, 196887

Henman & Leach, 198388 Huang & Aloi, 199189

Estudantes britnicos de farmacologia. 150 calouros de biologia americanos.*

Lilienfield & Broering, 1994 90

252 estudantes americanos de medicina e graduados. 350 colegiais americanos de biologia.

McCollum, 1987 91

More &C Ralph, 1992 92

184 estudantes de biologia.

Phelps et al., 1992 93

Estudantes americanas de enfermagem.

Samsel et al., 1994 94

110 estudantes americanos mdicos.

Erickson & Clegg, 1993 95

82 estudantes americanos de veterinria.

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Principais resultados obtidos

No foram detectadas diferenas significativas no desempenho cirrgico de dois grupos, um treinado em animais vivos e outro em cadveres de animais de fonte relatada. a Um grupo de estudantes foi treinado em ces e gatos vivos e o outro em modelos de rgos fabricados. O desempenho de ambos foi equivalente quando suas habilidades cirrgicas foram avaliadas. a No foram encontradas diferenas na habilidade e confiana cirrgica de graduados que participaram de curso alternativo de estudo e daqueles que participaram de curso convencional de estudo. a Aps hesitarem em sua primeira cirurgia com tecidos vivos, os estudantes de um programa de laboratrio alternativo de cirurgia mostraram-se to habilidosos quanto aqueles treinados em laboratrio padro. a Estudantes que assistiram a filmes de dissecao animal (minhocas, lagostas, sapos, perca) demonstraram conhecimento maior desses animais em relao aos seus colegas que realizaram dissecaes. a Estudantes usando biovideografla obtiveram desempenho melhor nos testes em relao queles que utilizaram rgos verdadeiros.b Estudantes usando sistema interativo de videodisco assistido por computador, que inclua simulaes de dissecao, obtiveram melhor desempenho em relao queles que no utilizaram as instrues do computador.b Estudantes que utilizaram simulaes pelo computador atingiram melhor desempenho no exame final sobre sistema cardiovascular, que seus colegas de classe que no as utilizaram .b Cerca de 175 estudantes, cujo aprendizado das estruturas, funes e adaptaes de sapos, deu-se atravs de palestras, obtiveram melhor resultados nos testes, comparados aos outros 175 alunos que aprenderam praticando dissecaes em sapos. b O conhecimento adquirido por 92 estudantes de biologia que utilizaram cursos ministrados por computador, foi superior ao dos 92 estudantes que utilizaram animais de laboratrio.b Alunas que estudaram utilizando programa de vdeo interativo, apresentaram melhor desempenho nos testes, quando comparadas quelas ensinadas atravs de aulas e laboratrio de fisiologia, com a presena do animal vivo.b Estudantes em aula de fisiologia cardiovascular usaram demonstraes de computador e demonstraes com animais (ces), e consideraram o primeiro mtodo superior para o aprendizado.15 De quatorze mtodos de aprendizagem utilizados para ensino de cardiologia bsica e interpretao de eletrocardiograma, o aprendizado ativo baseado em computador, foi referido como superior na avaliao dos estudantes.b

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Autores Fawver et al., 1990 96

Indivduos estudados 85 estudantes do primeiro ano de veterinria.

Johnson & Farmer, 1989 97

100 estudantes americanos de veterinria.

Sandquist, 1991 98

373 estudantes de veterinria americanos.

Matthews, 1998 100

20 estudantes americanos de biologia.

Conforme observado na reviso realizada por Balcombe 16, apenas os estudos de Matthews99,100 revelam um melhor aprendizado de estudantes mediante dissecao de animais, em relao a estudantes que tenham adotado modelos alternativos. Balcombe16,69, no entanto, defende que o modelo utilizado por Matthews (o programa de computador MacPig) seria extremamente rudimentar para ser utilizado por estudantes de biologia de nvel universitrio. Dessa forma, seria de se esperar que estudantes utilizando feto de porco de verdade reconhecessem melhor as partes em um porco dissecado, durante uma prova oral. Pavletic e colaboradores85 compararam a aquisio de habilidade cirrgica por doze veterinrios da turma de 1990 da Tufts University, que participaram de um curso alternativo de procedimentos cirrgicos e mdicos de pequenos animais, com 36 colegas que no o fizeram. A competncia cirrgica de cada indivduo foi avaliada por seus empregadores na poca em que foram contratados e doze meses aps. No foram encontradas diferenas significativas nessas ocasies para quaisquer dos fatores medidos, que incluram: habilidade de condu-, zir cirurgias comuns; procedimentos mdicos e diagnsticos; capacidade de realizar cirurgias ortopdicas e em tecidos finos; confiana e capacidade de realizar procedimentos sem qualquer assistncia. Os procedimentos mdicos e diagnsticos verificados foram: aspirao traqueal, cateterizao urinria masculina e feminina, aspirao de medula, puno venosa, aspirao com agulha, bipsias, exames oftalmolgicos e otolgicos, drenagem de fluido cerebral, cistocentese, colocao de cateteres venosos, entre outros.

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Principais resultados obtidos

O aprendizado da fisiologia cardiovascular por meio de simulaes interativas em videodisco, se mostrou equivalente, e necessitando menor tempo de aprendizagem, do que o realizado utilizando animal vivo.b Modelos inanimados mostraram-se mais eficazes para a aquisio de habilidade psicomotora bsica, comparados aos animais vivos, com a vantagem de poderem ser utilizados repetidamente b Cinqenta e um por cento dos estudantes manifestaram-se favorveis disponibilizao de alternativas nos laboratrios de cirurgia para os que no desejassem participar de cirurgias terminais.b Oito estudantes que dissecaram fetos de porcos obtiveram melhor desempenho em testes orais com porcos dissecados do que doze estudantes que estudaram com porcos computadorizados (MacPig).c

Da concluso de Pavletic et al.85: "o uso de cadveres durante o terceiro ano do programa de laboratrio, quando suplementado por treinamentos clnicos adicionais durante o quarto ano, pode prover treinamento comparvel ao provido pelo programa de laboratrio convencional". Fingland101 avaliou a experincia de aplicao de um novo currculo, em que estudantes de veterinria treinam suas habilidades cirrgicas atravs da castrao de animais de abrigos e pertencentes populao carente, ao invs de animais experimentais. Com relao a este assunto, o autor escreveu : "Estudantes do 'novo' currculo obtiveram melhor desempenho durante a realizao de ovariohiste- rectomia e em alguns aspectos da seco lateral do canal auditivo. Mais importante, o 'novo' currculo no compromete a educao de estudantes veterinrios, mas oferece formas melhores de se ensinar a habilidade cirrgica. O retorno que temos recebido dos clnicos, que os estudantes do 'novo' currculo so melhores preparados para realizar cirurgias". 101 Sobre o curso de Tcnicas Cirrgicas Bsicas: Laboratrio Alternativo da Washington State University (ver pgina 104) Anon 102 escreve: "Outro fator que... contribui para que o programa seja um sucesso permitir que os estudantes tomem conta dos animais, sendo responsveis por sua sade e bem-estar, pr e ps-cirrgico". Freqentemente, os animais se tornam um produto nas instituies de ensino, contrariando o que realmente deveria ocorrer: "Estudantes se ocupam tanto com a conduo apropriada de si prprios e da cirurgia, que se esquecem do fator mais importante, o animal... o melhor

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aprendizado ocorre quando o estudante responsvel no apenas por sua habilidade, mas pela sade e bem-estar do animal no qual o tratamento est sendo aplicado" 102 Nas observaes de White e colaboradores 86, estudantes da Disciplina de Cirurgia de Pequenos Animais, inseridos no programa de cirurgia alternativa se mostraram mais tmidos e hesitantes quanto realizao, pela primeira vez, de incises em tecido vivo. Segundo as palavras do autor "Esta hesitao apenas aparente na primeira cirurgia em tecido vivo". Logo aps, segundo o autor, estes estudantes passam a apresentar desempenho semelhante ao de seus colegas. Nas observaes de Holmberg e colaboradores 103, o sistema DASIE (citado na pgina 105) substitui com muitas vantagens o uso de animais, respondendo aos instrumentos cirrgicos de forma semelhante aos tecidos do abdome de ces. Ele permite a prtica de vrios tipos de suturas utilizadas clinicamente para procedimentos abdominais, gastrointestinais e urogenitais. Os vasos sangneos, simulados, permite ao estudante a prtica de pinar e ligar pontos especficos do tecido. A aceitao de DASIE muito boa pelos estudantes. Holmberg e colaboradores103 qualificam esse mtodo como "efetivo e menos estressante, de preparar (estudantes) para a cirurgia em animal vivo." Os manequins anatomicamente perfeitos permitem a estudantes e profissionais em treinamento a possibilidade de realizar exerccios que simulem situaes reais104. A despeito do que se diz em relao necessidade do uso de animais para aquisio de destreza profissional e auto-confiana, De Young & Richardson105 declaram:...nossa opinio que a auto-confiana dos estudantes aumentada enormemente, aps trabalharem com modelos plsticos. Suas habilidades motoras e a compreenso de princpios biomecnicos de fixao de fraturas e aplicao de implantes so superiores quelas resultantes do uso de animais de laboratrio vivos....

Outras vantagens da aplicao de modelos plsticos ou confeccionados em outro material so exemplificados nas citaes de Anon106 sobre o Sawbones (pgina 106):As vantagens do Sawbones so inmeras: laboratrios de animais vivos no oferecem exposio suficiente para manipulao ou tempo para que os estudantes desenvolvam as habilidades motoras necessrias e experincia em cirurgia ortopdica.

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Sawbones... (tm melhor custo-benefcio) quando comparados com a aquisio de animais vivos... Sawbones so mais facilmente obtidos (uma nica vez o necessrio) do que animais vivos (vrias remessas so necessrias).

O uso de simuladores tem diferentes vantagens em relao ao uso de animais de laboratrio ou mesmo cadveres. Esses so adquiridos a baixos custos, de maneira tica, so portteis e as aulas podem ocorrer em diferentes ambientes, no necessitando de laboratrios. possvel a utilizao desces modelos no ambiente domstico e no momento mais conveniente para o estudante. Esses simuladores permitem aos alunos com aprendizado mais lento ou com menor habilidade motora, repetirem mais vezes as passagens cujas dificuldades forem maiores, de forma a alcanarem o resultado desejado. Em laboratrios tradicionais, geralmente um grupo de estudantes recebe um nico animal, de forma que nem todos tm a oportunidade e tempo para realizarem as devidas prticas; o ambiente pode no ser o mais indicado para a concentrao e aprendizado de muitos deles. Os simuladores permitem a prtica repetitiva e isto ajuda a reforar as habilidades motoras, aumentar a confiana e a eficincia.107 A professora, Mabel B. Kinzie, da Universidade da Virginia, comparou estudantes que utilizavam videodisco interativo de sapo - desenvolvido por ela, com aqueles que usavam sapos reais. Observou-se que os estudantes que utilizavam programas de computador aprendiam anatomia da mesma forma, sem necessidade de formaldedo ou morte de animais saudveis. 108 Todas essas alternativas aplicadas, apesar de terem se mostrado pedagogicamente to ou mais efetivas para a formao de profissionais na rea da sade e das cincias da vida, tm seu uso limitado apenas pela maior ou menor facilidade de aquisio. Se considerarmos as demais vantagens desses mtodos alternativos, veremos que as universidades e as instituies de ensino deveriam promover a substituio do uso de animais na educao, de forma definitiva em todos os nveis. A introduo de mtodos alternativos no programa das disciplinas deve ser uma iniciativa dos professores, com aval dos diretores, dos rgos que fomentam o ensino e deve ter o apoio dos estudantes. Infelizmente, a grande maioria dos recursos aqui apresentados, especialmente os filmes e softwares, carecem de textos em portugus,

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limitando sua aplicao especialmente para estudantes de nvel elementar e mdio. No entanto, esse problema pode ser superado atravs da simples realizao de tradues para a lngua portuguesa. Na Universidade Estadual de Campinas, algumas disciplinas voltadas para a rea de educao, no curso de Licenciatura em Cincias Biolgicas, tm como objetivo o desenvolvimento de modelos, abrangendo tpicos especficos. Desta maneira, os futuros educadores tero a possibilidade de desenvolver seu prprio material didtico.

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5EXEMPLOS DE MODELOS ALTERNATIVOS PARA O ENSINO

5.1 Modelos alternativos no ensino de biologia, do nvel fundamental ao superior

Existe grande distino entre os estudantes de disciplinas de biologia em diferentes nveis; esta diferena se reflete nos tipos de modelos propostos para substituio de animais em aulas prticas. No entanto, visto que muitos dos modelos propostos para o nvel mdio simulam atividades que tambm estudantes acadmicos desempenham, no h razo significativa para distingui-los quando citados. Apenas deve-se fazer a ressalva de que, devido necessidade de um maior aprofundamento por parte de estudantes de nvel superior, estes devem adotar modelos mais condizentes com suas necessidades de aprendizado; ainda, a utilizao de modelos que se complementem uns aos outros, fornecendo desta forma uma viso mais ampla sobre o assunto, ser sempre mais recomendada. Muitos dos programas voltados para estudantes de nvel mdio apresentam atividades ldicas para melhor fixao da matria. Estas atividades, por motivos de tempo e mesmo de desenvolvimento cognitivo, no devem ser recomendadas para estudantes de nvel superior. Convm ressaltar que, por ser a biologia um campo de estudo bastante vasto, o presente trabalho no pde abordar efetivamente todas as possveis matrias onde animais esto sendo utilizados, sendo necessrio que os estudantes de nvel superior e principalmente professores busquem alternativas alm das aqui citadas, e que correspondam melhor e mais completamente s suas reas de interesse.

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5.1-1 Zoologia geral e dissecao de invertebrados, sapos, ratos e aves I. SoftwaresCompanhias como o Cambridge Development Laboratory possuem grande variedade de softwares educacionais para todos os nveis, disponveis em Apple II, Commodore 64, PC IBM e Macintosh. Os softwares abrangem vrios tpicos da biologia, entre eles biologia geral, anatomia, fisiologia, zoologia, bioqumica, gentica e dinmica de populaes. Outras companhias possuem produtos de interesse especial no ensino de zoologia e dissecaes:

Visifrog um programa de computador que utiliza recursos grficos de alta resoluo, incluindo teoria e testes sobre estruturas anatmicas e suas funes biolgicas em sapos. As atividades incluem jogos de identificao de perguntas e respostas; apresentao de slides abrangendo vrios tpicos, como musculatura do sapo, sistema cardiovascular, respiratrio e esqueltico. O estudante tem a oportunidade de apontar as estruturas sobre as quais queira saber mais e se aprofundar em determinado tpico. No jogo de identificao, o indicador aponta para uma determinada estrutura e o estudante deve relacion-la a uma chave de resposta. O programa sugere planos de estudo. O pacote laboratorial inclui 5 discos, manual do professor e testes em folhas para serem aplicados aos estudantes. Disponvel para Macintosh e IBM. Fonte: Ventura Educational Systems

Operation: FrogEsse programa simula uma dissecao de sapo em tempo real, permitindo ao aluno assisti-la quantas vezes forem necessrias, examinando os rgos detalhadamente, repetindo trechos de maior interesse, ou ainda no bem compreendidos. Permite ainda que o estudante "reconstrua" o sapo. Pode-se selecionar os instrumentos adequados para remover os rgos do animal, e a cada passo uma animao explica a funo de cada rgo. Possui ainda elementos de comparao, como o do corao humano e de sapos. O programa totalmente interativo,48

fornece diagramas e seqncias, janelas para ajuda e avisos sobre possveis falhas cometidas pelos estudantes. Caso o estudante seja bem sucedido na reconstruo do sapo, este volta vida e passa a saltar pela tela. Disponvel para Apple, Macintosh e MS-DOS. Fonte: Scholastic, Inc.

FrogDissection

um programa de anatomia que demonstra, passo a passo, todo o procedimento de dissecao de um sapo, com grficos coloridos, definio de estruturas do corpo, perguntas de reviso e manual para professores. Disponvel para IBM, Apple e Macintosh. Fonte: Cross Educational Software.

Classifying A n imals with Backbo nesEsse programa segue o esquema de um jogo. Explora a anatomia externa de vertebrados e conduz o estudante no processo de classificao dos animais de acordo com suas estruturas, ciclo de vida, habitats e hbitos. Disponvel para Apple II. Fonte: William K. Bradford Publishing Company.

Classifying Animais Without BackbonesEsse programa segue o esquema de um jogo. Explora a anatomia externa dos invertebrados e conduz o estudante no processo de classificao dos animais de acordo com suas estruturas, ciclo de vida, habitats e hbitos. Disponvel para Apple II. Fonte: William K. Bradford Publishing Company.

The WormEsse programa introduz o estudante no curso de anatomia de invertebrados, por meio da seco transversal de uma minhoca. Os tpicos abordados incluem digesto, sentido, controle do corpo e reproduo. As atividades propostas visam aprimorar a habilidade dos estudantes para identificar as partes anatmicas, oferecendo ainda testes auto-aplicveis. Indicado para o ensino fundamental e mdio. O programa inclui testes e guia do professor. Disponvel para Apple, IBM e Macintosh.49

Outros programas podero ser adquiridos, tais como: The fetalpig (feto de porco), The shark (tubaro), The sea lamprey (lampreia marinha), e Marine invertebrates (invertebrados do mar), havendo desconto para o pacote com 5 programas. Fonte: Ventura Educational Systems.

The Rat StackAtlas interativo, que mostra atravs de fotos e diagramas a anatomia funcional do rato, bem como os estgios da dissecao. A imagem se destaca ao passar o cursor por cima de suas diferentes reas, o que permite a disseco de reas especficas do corpo do animal. Para alguns casos existem informaes anatmicas e fisiolgicas detalhadas. O usurio poder solicitar mais informaes sobre temas onde queira se aprofundar, recebendo ento textos adicionais sobre cada estrutura, ou sobre o rato como um todo. Atravs de uma senha de acesso, podese inserir e armazenar informaes complementares numa base de dados. O programa disponibiliza testes, e permite a insero de novas perguntas. Disponvel para estudo independente e reviso tutorial. Fonte: Sheffield BioScience Programs.

Compurat

Esse programa simula o processo completo de dissecao e reconhecido como um excelente recurso didtico, acompanha livreto de instrues detalhadas. indicado para o nvel mdio e superior. Fonte: Blue Cross of ndia.

Bird Anatomy II um banco de dados em multimdia, que oferece imagens da anatomia de aves e textos descritivos. Contm informaes completas sobre anatomia, com links que remetem a textos explicativos e a segmentos de filmes que mostram o comportamento das aves no campo, recursos esses importantes, para o conhecimento da dinmica, a exemplo do vo. Funciona interativamente com a srie do videodisco Pioneer "Encyclopedia of Animais", volume de aves. Fonte: Yale Press50

II. Modelos Existe grande variedade de modelos plsticos de anatomia humana e de animais (minhocas, insetos, lagostas, mexilhes, lesmas, estrelas-do-mar e vertebrados). Esses modelos esto includos nos catlogos de diversas companhias, entre elas: Nebraska Scientific, Fisher Science Education, NASCO, Connecticut Valley Biological; Wards Biological Supply Company, VWR/Sargent- Welch, Carolina Biologicals, National Teaching Aids, etc. Zoology Models Activity Set Consiste em sete modelos (mexilho, lagosta, minhoca, feto de porco, sapo, gafanhoto e perca) apresentados em livros em alto-relevo e transparncias coloridas. Cada modelo ilustra as estruturas internas do animal com detalhes grficos, substituindo a necessidade do uso do animal real. Cada modelo de animal pode ser adquirido separadamente. Fonte: Hubbard Scientific Zoology Set

Essa coleo de sete modelos (clula animal, ameba, hidra, minhoca, lagosta, gafanhoto e sapo) moldados em plstico durvel e pintados mo por artistas, apresenta grande riqueza de detalhes. Para uso em nvel mdio e superior. Fonte: Carolina Biological Supply Company Bio-LOGICAL Models

So modelos de anatomia em vinil, bidimensionais, com rgos removveis. As partes dos modelos so numeradas e correspondem a mapas que remetem a instrues informativas. Os modelos BioLOGICAL oferecem estudos comparativos entre a anatomia de humanos e sapos. A dissecao pode ser repetida inmeras vezes, pelo mesmo estudante. Para uso no ensino fundamental e mdio. Os modelos disponveis so: humanos, sapos e minhocas. Fonte: National Teaching Aids.

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Great American

Bullfrog

Pode ser usado do nvel elementar ao universitrio. Esse modelo possui o dobro do tamanho do sapo-boi natural, feito de plstico vinil, inquebrvel, "dissecvel", com cada parte numerada: corao com seus compartimentos visveis, mandbula, lngua e glote. Cortes estratgicos permitem observar os alvolos nos pulmes, o estmago, o lume do intestino grosso, o crebro, o sistema nervoso, o olho, o nervo ptico e todos os ossos do crnio e esqueleto. Os sistemas circulatrio, reprodutivo e os demais podem ser dissecados separadamente. Fonte: Denoyer-Geppert

The Perch ModelModelo bastante acurado de uma perca (Osteichthye), com demonstraes de seus rgos internos. Acompanha guia associativo das estruturas s funes de forma inteligvel. Para uso no ensino fundamental e mdio. Fonte: Nystrom, Herff Jones, Inc.

AlligatorModelo de dissecao mediana de jacar mostrando anatomia interna. Possui cerca de 70 cm de comprimento, fixado em uma base, moldado em plstico durvel e pintado mo para trazer maior riqueza de detalhes e textura. Fonte: Carolina Biological Supply Company

ChickenModelo plstico de uma galinha. Fonte: Lehrmittel-Service

PigeonModelo bastante semelhante a uma pomba real. Mostra a anatomia tpica da ave e os componentes importantes de sua estrutura. O ovrio e oviduto possuem um ovo formado completamente. O manual identifica 52 partes-chave.Fonte: Wards Biological Supply Co.52

FetalPig

Modelo em tamanho real, modelado a partir de um feto de porco verdadeiro, apresenta a maior parte dos rgos internos, vasos sangneos e anatomia geral do animal. O manual identifica 96 partes-chave. Fonte: Wards Biological Supply Co

Cat Dissection ModelEsse modelo grande o suficiente para ilustrar, com bastante detalhes, a anatomia vascular de um gato. O corao removvel para se mostrar sua relao com a aorta, veia cava e vasos pulmonares. Um dos rins seccionado para se observar a circulao renal. Uma chave com 91 estruturas identificadas acompanha o modelo. Fonte: Wards Biological Supply Co III. Livros Vrios livros, que fornecem alternativas dissecao animal e aos estudos de zoologia, esto disponveis no mercado: O "The Zoology Coloring Book", publicado pela Harper Collins Publishing (pode ser adquirido pelo catlogo da Wards Biological Supply) apropriado para estudantes colegiais e universitrios. A National Association for Humane and Environmental Education (NAHEE) disponibiliza um conjunto de informaes sobre alternativas especficas para alguns dos mais comuns experimentos biolgicos e de dissecao, as Alternative Project Sheets.

The Endangered Species HandbookContm uma srie de informaes sobre espcies ameaadas de extino, das causas e conseqncias da depredao ambiental e da vida silvestre e o quanto a ao popular pode influenciar a legislao. Estudantes aprendem a apreciar a biologia como o "estudo da vida", tomando parte em projetos interdisciplinares que abordam comportamento animal, ecologia, meio ambiente e depredao da vida silvestre. Para ensino fundamental e mdio. Fornece cpia gratuita para professores. Fonte: The Animal Welfare Institute,

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Atlas of CatAnatomyFotografias e grandes desenhos so apresentados de maneira bastante didtica. Publicado pela University of Washington Press, esta mesma srie possui livros sobre dissecao de feto de porco, cao, e sapo. Para ensino mdio e superior. Fonte: Science Kit & Boreal Laboratories

Science Coloring Books uma coleo composta por seis livros coloridos: Anatomia, Fisiologia, Biologia, O Crebro Humano, Biologia Marinha, Zoologia, e Botnica. Fonte: Harper Collins Publishing IV Vdeos Diversos vdeos esto disponveis para serem usados em sala de aula, substituindo completamente a necessidade de animais. Na maioria dos casos, como nos vdeos produzidos pela IWF (The Flight Movement of Insects - 3 minutos; Phormia Regine 3 minutos; The Wing Mechanism of the Bee - 11 minutos), esses recursos permitem melhor visualizao do exerccio propriamente dito, como tambm do funcionamento do organismo em questo. A seguir vo alguns exemplos de alternativas disponveis:

The Froglnside OutVdeo de duas partes (Durao: Parte I, 29 min.; Parte II, 38 min.) que de forma cativante ensina a anatomia interna e externa do sapo. Na Parte I, mostrado o sapo explorando seu mundo e so explicados tpicos como a sua habilidade de saltar e mtodos de camuflagem, sob o ponto de vista anatmico. Na Parte II, o espectador conduzido atravs de uma dissecao de sapo, aos principais rgos e sistemas do corpo, e respectivas discusses. Recomendado para estudantes do nvel mdio e superior. Fonte: Instructivision.

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Its a Frogs LifeEsse vdeo com durao de uma hora, descreve uma srie de adaptaes que permitem s diferentes espcies de sapos sobreviverem, como a diminuio na sua taxa metablica e os diferentes tipos de ovos adaptados a cada ambiente. Recomendado para todos os nveis. Fonte: Ethical Science & Education Coalition

Dissection and Anatomy Videotapes: Complete Series (Durao: 8-46 min.)Atravs de um magnfico trabalho de cmeras, o espectador obtm vises detalhadas dos rgos internos de sapos e suas funes. A narrao concomitante oferece ao estudante melhor entendimento sobre a fisiologia e anatomia do sapo. Os vdeos abordam ainda, a anatomia de gatos, mexilhes, lagostas, minhocas, gafanhotos, percas, ratos, tubares, estrelas do mar, fetos de porco e sapos-boi. Para uso no ensino de nvel mdio e superior. Fonte: NASCO

Dissection ofa Gastropod MolluscVdeo com durao de 18 minutos, mostrando a dissecao de um molusco gastrpode. Fonte: University of Aberdeen Television, Department of Medicai Illustration

Octopus DissectionVdeo com durao de 20 minutos, mostrando a dissecao de um polvo. Fonte: University of Aberdeen Television, Department of Medicai Illustration

Earthworm DissectionVdeo com durao de 10 minutos, mostrando a dissecao de uma minhoca. Acompanha o vdeo, instrues por escrito, ressaltando alguns detalhes sobre sistemas e rgos.Fonte: Wards Biological Supply Co.55

Crayfish DissectionVdeo com durao de 15 minutos, mostrando a dissecao de uma lagosta. Acompanha o vdeo, instrues por escrito, ressaltando alguns detalhes sobre sistemas e rgos. Fonte: Wards Biological Supply Co

Grasshopper

Vdeo com durao de 8 minutos, mostrando a dissecao de um gafanhoto. Acompanha o vdeo, instrues por escrito, ressaltando alguns detalhes sobre sistemas e rgos. Fonte: Wards Biological Supply Co

Starfish DissectionVdeo com durao de 8 minutos, mostrando a dissecao de uma estrela do mar. Acompanha o vdeo, instrues por escrito, ressaltando alguns detalhes sobre sistemas e rgos. Fonte: Wards Biological Supply Co

Dogfish DissectionVdeo com durao de 25 minutos, mostrando a dissecao de um cao. Acompanha o vdeo, instrues por escrito, ressaltando alguns detalhes sobre sistemas e rgos. Fonte: Wards Biological Supply Co

The Anatomy ofthe SharkEsse vdeo com durao de 1 hora, mostra a dissecao de um cao como modelo de peixe cartilaginoso. Os principais rgos so mostrados. Inclui manual do professor. Fonte: Carolina Biological Supply Company

Perch DissectionVdeo com durao de 13 minutos, mostrando a dissecao de uma perca, como exemplo de peixe sseo. Acompanha o vdeo, instrues por escrito, ressaltando alguns detalhes sobre sistemas e rgos. Fonte: Wards Biological Supply Co56

Dissectinga Torto iseVdeo com durao de 14 minutos, mostrando a disseco de uma tartaruga. Fonte: Scottish Council for Educational Technology

Cat DissectionVdeo com durao de 46 minutos, mostra a dissecao de um gato. Acompanha o vdeo, instrues por escrito, ressaltando alguns detalhes sobre sistemas e rgos. Fonte: Wards Biological Supply Co

Anatomy ofthe CowEsse vdeo interessante para comparar a anatomia de mamferos, ruminantes e no ruminantes. Fonte: Uiversity of Utrecht

Dissection Video Series 1So vdeos de alta qualidade tcnica apresentando as dissecaes de forma detalhada em diferentes animais (minhocas, sapos, fetos de porco, gato, estrela do mar e lagosta). Segue junto, um roteiro impresso com referncias numeradas e glossrio completo. Fonte: Clearvue/eav V. Videodisco

The FrogEsse videodisco prov uma reviso detalhada sobre anatomia, fisiologia e comportamento do sapo, incluindo apresentao de slides e trechos de filmes, que podem ser assistidos de forma intercalada. Os grficos coloridos auxiliam na compreenso e as imagens podem ser "congeladas" na tela, permitindo ao estudante despender o tempo que for preciso em cada assunto. Para uso no ensino mdio e superior. Fonte: Optical Data Corporation.

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VI. Slides e fotografias The Dissection of the Bullfrog Coleo com 50 slides fotogrficos, tirados durante dissecaes de sapos, que demostram a localizao dos rgos. O manual fornece as informaes suplementares necessrias. Fonte: Wards Biological Supply Company. VII. Dissecaes virtuais on-line na Internet Diversos Animais e Seus rgos Dissecao virtual de gato, lesma, olho de vaca, minhoca, sapo, corao de porco, crebro de carneiro, estrela do mar, camundongo e porco. Endereo: http://biology.miningco.com/science/biology Criaturas Virtuais Endereo: http://k-2.stanford.edu/features Dissecao de Crebro de Carneiro Endereo: http://academic. uofs.edu/department/psych/sheep Dissecao Interativa de Sapo Endereo: http://curry.edschool.virginia.edu/go/frog Dissecao On-Line de Gato

Endereos: http://library.thinkquest.org/15401 /?tqskip= 1 http://www. bhs, berkley.k 12. ca. us/departments/science/ anatomy/cat/index.html Dissecao Virtual de Sapo

Endereos: http://www-itg.lbl.gov/vfrog/portuguese/dissect.html http://george.lbl.gov/ITG.hm.pg.docs/dissect/potuguese/ dissect.html

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Dissecao

Virtual de Porco http://biosci.cbs.umn.edu/class/biol/! 106/pig.htm

Endereos: http://mail.fkchs.sad27.kl 2.me.us/fkchs/upi/

Dissecao

Virtual de Lula

Endereo:http://biog-l 01-104.bio.cornell.edu/BioG101_l 04/ tutorials/animals/squid.html Dissecao de Olho de Vaca Endereo: http://www.exploratorium.edu/learning_studio/cow_eye Dissecao de Minhoca

Endereo: http://www.microscopy-uk.org.uk/mag/articles/ worm.html 5.1.2 Anatomia e fisiologia comparada

I. Modelos Crnios e esqueletos de plstico podem ser obtidos atravs da DenoyerGeppert, Anatomical Chart Company, entre outras companhias. Diversos outros modelos anatmicos de sistemas e rgos individuais podem ser obtidos de companhias como Nystrom, Denoyer-Geppert, e Anatomical Chart Company. Alguns so descritos a seguir. Anamods

Modelos realsticos representando nove diferentes rgos e sistemas do corpo humano. So fabricados a partir de vinil resistente, o estudante pode marcar caneta e limpar aps. Cada um deles vem com sugesto de aulas, guia de atividades e chaves de estudo que localizam e explicam claramente as funes das estruturas. Existe ainda um pacote de anatomia comparada, que aborda corao e crebro de humanos, perus, tartarugas, sapos e peixes. Indicado para estudantes do nvel mdio e superior. Cada modelo pode ser adquirido separadamente, todos com desconto.Fonte: Redco Science.

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The FetalPigTrata-se de uma disposio detalhada do sistema corpreo, supostamente, mais semelhante ao nosso. Em uma parte distinta, h um grfico reproduzindo os rgos internos e padres bsicos de suprimento de sangue. O modelo de feto de porco vem tambm com um modelo auxiliar que expe detalhes dos rgos em cores vivas. Inclui plano de aula. Para uso no nvel mdio e superior. Fonte: EMD, Division of Fisher Scientific

"Dudley" Hubbard,

TheFunctioningTorso

Trata-se de um modelo de ser humano de 90 centmetros de altura, que demonstra o funcionamento de 5 sistemas. O tronco pode ser aberto revelando os sistemas digestrio, circulatrio, respiratrio, urinrio e sensorial, tornando-se funcionais de acordo com a manipulao dos estudantes. Acompanha guia ilustrado, contendo 76 pginas, para o professor, informaes e estratgias de ensino passo a passo. Indicado para estudantes do nvel fundamental e mdio3. Fonte: NASCO

Torso ofYouth um modelo 3-D, porttil, composto por mais de 100 estruturas intrincadas do corpo. Quando aberto revela os sistemas respiratrio, circulatrio, digestrio, urinrio e nervoso. Os pulmes, corao e rgos do sistema digestrio so removveis para observao. Oferece plano de aula de 54 pginas, com diversas informaes e atividades para estudantes. Vrios outros modelos de tronco cientificamente perfeitos esto disponveis nessa fonte. Indicado para uso em todos os nveis. Fonte: EMD, Division of Fisher Scientific.

The Thin Man um modelo com tamanho prximo do real, colorido, constitudo de diversas camadas transparentes removveis uma a uma. Permia

Modelos de tronco de anatomia humana com partes removveis podem tambm ser obtidos da: Denoyer-Ceppert, Nystrom, e National Teaching Aids.

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te ao estudante, viso tridimensional, em profundidade, revelando a relao fsica entre os rgos e suas principais estruturas. Fonte: Denoyer-Geppert

II. Softwares The Probe SeriesInclui 22 programas de computador com o objetivo de se estudar os rgos. O Heart Probe ausculta os batimentos cardacos e demonstra a interao entre as quatro cavidades. Os fluxos sangneos venoso e arterial so distinguveis por suas cores. No Brain Probe, o estudante move o indicador para uma determinada rea do crebro e imediatamente o computador identifica e define as estruturas. O programa explora o crebro em trs diferentes cortes: seco mdia sagital, seco mdia frontal e crtex cerebral. Fonte: Cambridge Development Lab

The Body WorksExplora os sistemas, estruturas e funes do corpo em detalhes. Este mtodo auxilia o estudante a realizar jornada atravs do corpo. Vasta base de dados permite exame detalhado do corpo humano em toda sua extenso. Indicado para todos os nveis. Disponvel para IBM. Fonte: Software Marketing Corporation.

The Body in FocusEsse programa ensina os intricados mecanismos que permitem ao corpo desempenhar