Amadurecência
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Amadurecência
Não temas a amadurecênciaAmadurecer é o parto da vidaParto-me da essênciaComo uma fuga do senso Amadurecer é evocar a sombra Do meu bicho interiorDisfarçada de infânciaParto-me da juventude plena e sem planos
Inquilina do meu inseto interiorAmadureço quadradaQueimando minha flora Parto-me abortando manias e demônios
Flagelo-me na amadurecênciaParto-me da adolescênciaInvado minha essência E deixo-me amadurecer.
Notas de rodapé
Existem milhões de homensUns grandes e outros pequenosRedondos e quadradosDe qualquer forma são todos homens
Desprovidos de apegoPossuem vidaNão duvidam do corpoPara eles, tudo é capaz
Alimentam-se de nósDa nossa paz e paciênciaRegurgitam assuntos enquanto bebemDescansam sobre a nossa carne
Repousam ao nosso ladoSonhando penetrar os seus espermatozoidesAssim são os homens exteriores...
Alguns carregam a futilidade se de “mais tolos”Abusam da própria miséria intelectualComo uma droga sonífera da alma Refletida no espelho do armário
Antes do sono, o beijo de boa noite.Antes da insônia, a benção do prazer carnal.Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.A família.
Assim são os homens exterioresDesligados, não se reproduzem.São inférteis e infiéis.A cria que se crie a dona que se dane.
E assim se proliferamNo desejo e no prazerSeus sintomas?Uma canícula ansiada ao nosso toque
Um certo estado de ereçãoConformado com o que parece ser prazerosoÉ mais fácil atuar quando a senteSilenciam-se após o coitoO orgasmo se anima maisE assim ou menos assimDescompromissados com seu próprio rumoDesprovidos de caráter e coragem
Desatentos com seu próprio tesouroQue somos nósCaem...Desacordam todos os dias
Não menstruam e nem mensuramSuas perdasDe serem observadosPor nós
No leito de amorObserva-se cada movimentoA respiração perfeita em seu grande tóraxDesenhado por Deus
Lábios contornados de doçuraPernas e pés másculos Entrelaçados ao nossoPrazer carnal
E assim desatentosDesapegadosSilenciam-se na incertezaAssim são os homens exteriores
SE ACHO É O QUE ACHO
Não sei se é o achoMas se me acho É porque não me perdiMas o que acho É o que os outros achamSó sei o que achoAquilo que encontro no riacho
Mas que diachoNão acho o que quero acharMas acho que os opostos se distraemE que os dispostos se atraem.Sinta-se à vontade de achar o que achoJá que não acho nada
Mas acho que o riachoEsconde o que achoAcho que todos são livres Para acharem o que quiseremDiacho! Sou livre para conjugarO verbo que quiser
Eu achoTu achasEle achaNós achamosVós achaisEles acham que sabem de tudoMas eu acho que não sabem
Se acho não é o que achoMas água do riacho é o que acho
Mas como pode diachoUm peixe vivo viverFora da água friaMas o acho é não achar nadaÉ apenas o que acho
a ri da ca es
Debaixo de uma escada em espiralPergunto-me Onde posso chegar?
Chego onde eu Me permito chegarPosso chegar?
Chegar no topoDessa mesma escadaOnde em cada degrau
a ri da ca es
Se escondem versos Meus, e de outros tambémQue passaram por ali
Recombino os atosDo teatro da vidaAlmática.
Com Outros Olhos
Invoca-se diante dos olhosO medo como primeiro senso
Invocando a fuga
Prevalecendo a escuridãoA inquietudeDisfarçada de juventude
Os olhos observamO flagelo da velhiceImunizando a sabedoria
Vendo com outros olhosO sorriso da criançaCheio de dentes
Com outros olhosO sorriso banguelaDa maturidade
- com outros olhos-
Carne PodreCorpo meu! Fétido agoraJá fora um belo corpoApreciado e desejado
Minha carne flamejanteAscendiam desejosDe homens e mulheres
Abusei da sorteHoje apodreçoNa amargura e na solidão
Minha carne jaz podreCheia de germesCorroendo minhas entranhas
Padecerei aquiApodrecendo na imensa dorDa carne podre.
Flash
Tento não lembrar de você
O teu rosto está por toda parte
Mas você se foi...
Ficaram apenas as lembranças
Os versos que fiz pra ti
Dei meu sangue
Minha vida
Mas você jogou fora
Você se foi...
Tento não lembrar de você
Jurou que não me deixaria
Que nunca me esqueceria
Você se foi...
Você me deixou
E me esqueceu
Agora é apenas um Flash
E fotos de nós dois.
Sentimentos
Sentimentos tolos Sentimentos inúteis Sentimentos devastadores
Sentimentos que me fizeram mal.
Eu gostaria apenas dizer Adeus! Adeus...
Adeus para a vida Que não tive o direito de escolher Sentimentos de dor Ódio,ira,rancor... Sentimentos esse que agora ocupam o vazio de m'alma
Um instante
Queria poder te ver pelo menos mais uma vez.Saber como você está,
Mas na verdade gostaria mesmo era de sentir o teu cheiro novamente.
Nem que fosse pela última vez
Sentir o gosto dos teus lábios.
Sentir o teu ser em mim
Em mais um instante
Só mais um instante.
Sem explicação
Sem explicação as coisas vão acontecendo.
Chega de repente e destrói tudo o que vê pela frente.
Deixa marcas de dor e solidão.
Restam apenas as luzes da cidade,
Onde eu encontrei refúgio.
Vendo as luzes da cidade
Fecho os meus olhos e imagino você em minha frente.
Heroína
Como é bom sonhar com você!
Toda vez que isso acontece
m'alma se eleva
Ao mais alto dos cosmos!...
Você é como uma heroína
Feita especialmente pra mim
Levando-me a uma nostalgia.
Agora,
Que eu viciei em você!
O que você fez?
Me abandonou!
Abandonou-Me...
No auge do meu vício
Quando já havia me corroído
Tudo dentro de mim, ainda latejava, ainda vivia.
O que me resta?
Sonhar com você!
Foi o único jeito
Que encontrei para...
Estar com você!
Doença
Meus piores sentimentos e dores
Alojaram-se em meu coração
Como um parasita...
Um vírus que mata lentamente.
Nenhum medicamento é capaz de curar
Um vírus tão leal como esse.
Tento sozinha...
Vencê-lo de qualquer modo.
Apego-me a pequenos detalhes
Para amenizar a dor que essa doença me causa.
Já não tenho mais um coração.
Foi terrivelmente devorado por esse vírus
Sobraram apenas as dores...
Sei o que causou essa terrível doença
Mas tenho agora que...
Apenas suportá-la
E tentar viver com ela.
Se é que consigo...
Não!
A dor
A dor que sinto agora
É como se m'alma estivesse se desvaindo de meu corpo.
Uma dor estranha...
Eu não a sentia há poucos minutos.
É como se meu coração estivesse sendo arrancado
Ainda batendo.
A dor de um vazio...
De uma solidão...
Agora como uma hemorragia
Vou perdendo...
Os sentidos... A vida!
Se é que ainda estou viva.
Inverno
Os dias estão frios
Mas eu nem sei mais
Se esse frio que sinto
É o inverno que realmente chegou
Ou é o meu coração que congelou.
Cada dia é apenas mais um dia
De solidão, de vazio.
Se nem mesmo as folhas caem sozinhas
Em dias de outono
Por que eu sempre caio sozinha?
Está tão frio aqui!
Que nem sei mais
Se estou viva ou morta.
Não preciso de um novo amor
Mas de dias quentes com amor.
Libertação
Os dias passam despercebidos
Diante de meus olhos
Não consigo me libertar.
Prendo-me em meus sentimentos.
Assim como na escuridão da noite,
Ardendo em silêncio e em lágrimas
A cada tentativa de libertar-me
tentativas sem êxito
Sou castigada, torturada
por meus medos e dores.
Bato na porta com força...
Grito por socorro.
Gritos de dor.
Me forçam a lembrar de coisas,
Coisas que tento esquecer
Coisas que machucam e até matam
Isso que meus medos já avisaram...
"Só será liberta se alguém
que te amar de verdade
resgatar o teu coração"
Matei meu coração!
E por um erro cometido
Estou destinada a ficar presa... aqui com os meus medos.
Haikai
Quero sentir o calor do teu corpoO afagar dos teus braços
Que me protegem
O teu sorriso sereno
Transparece a tua alma.Os teus lábios tocando os meus
Me permitem sentir o doce som das noites serenas.
O Tempo
Os momentos ao teu lado o mundo parava e girava ao nosso redor.O tempo deixava de existir
Quando você se aproximava As imagens passavam vagarosamenteCom você eu ficava presa no tempo.
Não sentia os dias passarAs estrelas brilhavam, E duravam mais tempo no céu.
Você fazia o meu tempo parar.Você se foi e o meu tempo Se tornou estático e paralelo.
Sem cores e sem o brilho dos teus olhos.Já que eu não posso voltar no tempo para um ter um novo começo,Irei começar de novo para ter um novo fim.
Caixinha
Queria ter uma caixinha para guardar
O que me fizesse sofrer.
Queria ter uma caixinha para guardar momentos, por toda vida.
Essa seria a caixinha mais vazia.
Queria uma caixinha de aço para guardar o meu coração que está cansado de tanto sofrer por ti meu caro boêmio.
Queria uma caixinha para guardar
A tua voz serena.
Queria uma caixinha para guardar meu corpo
Cansado de tanto sofrer e carregar esse coração sangrento e ferido.
Queria uma caixinha para guardar
Todas as minhas lembranças
Que ainda assombram a minha memória.
E agora o que eu quero é uma caixa bem grande
Que possa caber todas essas caixinhas
E arremessa-las no mar do esquecimento
Ou no seu próprio esquecimento.
Orvalho da manhã
O orvalho da manhãÉ o suor derramadopelos amantes da noite.
Amantes que se amam em segredoAmantes que se amam nos becosAmantes que não temem os perigos da noite.
Amantes que se esforçamem deixar os seus suorespara que possam ser lembrados de suas noites de amor.No orvalho da manhã.
Gosto
Eu gosto de olhar você,
Vê-lo de longe e distraído.
Gosto de ouvir você rir,
Ouvir as palavras saindo da sua boca,
De escutar seus suspiros,
Suspirar com você.
É bom pensar em você,
Abraçando o travesseiro,
Antes de dormir ou logo ao acordar.
Gosto da sua boca,
De beijá-la, morder os seus lábios,
De sentir seus dentes mordendo meu corpo.
Gosto da sua língua,
De sentir sua língua,
Lamber você.
Quero estar com você o tempo todo,
Gosto de sentir sua falta,
Matar esta falta.
Gosto de estar perto de você,
Tocar você, de sentir a sua pele,
Apertar você.
Gosto do seu perfume,
De sentir o seu cheiro,
Cheirar você.
Quero passar frio,
Gosto de sentir seu abraço,
Seus braços, sentir seu calor.
Gosto do seu rosto,
De bagunçar seu cabelo,
Beijar seu queixo, morder sua orelha.
Gosto de falar com você,
Sorrir com você, tudo com você.
Gosto de dizer ‘te amo’,
De ouvir ‘eu te amo’,
Sentir isso, sentir tudo,
Infinitamente mais, só por você.