Amar pra Sempre - PerSe · de euforia, pois Nostalgia, além de ser uma pequena cidade do interior,...
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Amar pra Sempre Um romance da série
“No Mar da Vida”
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Amar pra Sempre
No Mar da Vida
Hêzaro Viana Belo
1ª Edição - No Mar da Vida 2014 by Hêzaro Viana Belo
Contato com o autor: [email protected] *
Acesse também: ficcaogospelmais.blogspot.com
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Dedicatória:
- Aos meus pais que me ensinaram tudo o que puderam sobre o
mar da vida,
- As minhas irmãs, cunhados e sobrinhos, pelas alegrias
compartilhadas diante ou em meio ao mar,
- Aos meus amigos que navegam ao meu lado,
possibilitando aprendizado nas tempestades: Jairo Anderson e
Elaine e seus filhos, Adriano Delfino e Marisa e seus filhos,
Isaías Jr. e Joseli e seu filho, Sueli Miranda. Conviver com
vocês, torna o mar da vida muito mais brando e suportável,
- Especialmente Kelly Cristine Gusmão Belo, minha
esposa e companheira de viagem, por ter aceitado dividir um
barco comigo, e, em meio a calmarias ou temporais, só Jesus e
eu sabemos a marinheira persistente que você é,
- Jesus, meu Mestre e Senhor. Agradeço por me guiar
sempre, independente do que eu esteja vivendo ou do que meu
pequeno e frágil barco enfrenta na navegação do viver. Saber
que um dia estarei contigo, salvo e seguro, já sem mar, somente
com os pés sobre a Rocha Inabalável, é o que me dá forças para
remar, ainda que muitas vezes prostrado, porém, certo da vitória
final.
- A todos os que entendem a diferença que faz ter Jesus
no barco.
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Introdução
Sempre gostei do mar. Quando criança, aguardava
ansioso pelo dia em que ouviria de minha mãe a seguinte frase
“sábado vamos para a casa da tia Alice”.
Tia Alice mora na praia, em Matinhos, e quando
chegava o dia de irmos para lá, acordávamos muito cedo, ainda
de madrugada, e me lembro de que minhas irmãs e eu nos
divertíamos muito, ao simples fazer a mala. Era uma
“risadada” só, uma euforia que nos invadia e não
controlávamos o tom da voz. Mamãe, sempre por perto e atenta
a tudo, dizia: “parem de bagunça, os vizinhos ainda estão
dormindo, vocês não moram no mato” – Uma delícia relembrar
aqueles dias... Eu estava feliz. Eu iria ver a praia. Eu iria ver o
mar.
Lembro-me de que, quando o ônibus chegava aos
balneários, olhando pela janela, eu podia ver o mar. Imenso, ele
brilhava diferente cada vez que uma nova onda se formava e
corria, como se estivesse vestida de prata para me encontrar, até
se transformar em abundantes espumas brancas, ao desfazer-se,
quebrando na orla e chegando até a areia. Não sei explicar a
sensação que eu tinha, mas ainda a sinto hoje, quando estou
indo visitar tia Alice.
Talvez nem fosse preciso dizer que quando chegávamos
a casa dela, meu desejo era correr para a praia, ver o mar, sentir
a água fria e cristalina em meus pés, no entanto, eu tinha de
esperar. Sim. Mamãe, sempre cuidadosa, não permitia que
fôssemos à praia sozinhos, e, apesar dos meus protestos na
época, hoje concordo com ela, realmente era muito perigoso. E
ainda é. Mas, quando ela dizia que podíamos ir até a orla, nova
correria era iniciada e, assim que ficávamos prontos, ela nos
levava, dizendo sempre até que ponto poderíamos entrar na
água, e muitas vezes, mamãe não permitia que nos
molhássemos – pode isso? – ou então, apenas pés e pernas
poderiam ser colocados na água. Como eu me sentia? Talvez
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você, leitor, pense que eu estivesse triste. Mas eu estava feliz.
Eu estava vendo e sentindo o mar.
Nunca aprendi a nadar o suficiente, já papai, sim, graças
a Deus, porque assim pôde me salvar quando, aos cinco anos de
idade, ao olhar o rio Itiberê de cima de um barranco, me lancei
às águas. Foi tão de repente que só me lembro de ter parado
para olhar o mar e em seguida já estava me debatendo sem
poder respirar. Papai, então de camisa e calça sociais – roupas
de crentes daquela época – sem hesitar, pulou de mais ou menos
uns três metros de altura, e salvou-me.
Como morávamos perto do rio Itiberê – que é um braço
de mar - vi muitos corpos de pessoas que perderam suas vidas
no mar. Eu mesmo perdi um tio para o mar, e olha que este fora
pescador por anos...
Mas o mar é assim mesmo: lindo, atraente, necessário e
imprevisível. Extremamente perigoso, ao ponto de fazer com
que minha avó paterna, mulher acostumada a navegar,
reclamasse, sempre que via meu pai sair para passear de barco:
“parem de andar de barco sem necessidade, água é mole”...
dizia a sábia velhinha.
Mas eu gosto muito do mar. Gosto muito mais do que o
conheço. Apenas olhando para ele, meu estresse vai embora.
Consigo relaxar e compor canções. Gosto de cantar quando
estou na praia e de ler também. E, inevitavelmente, penso no
poder de Deus toda vez que vejo o mar. Se estou diante dele ou
dentro dele, ou o vejo numa foto ou filme, o mar sempre me faz
pensar no quão grande é o meu Deus.
Foi pensando em tudo isso, que decidi escrever No Mar
da Vida. Para ser mais exato, foi após alguns meses de casado,
pensando que agora eu teria de navegar em meu próprio barco
com a minha esposa, tendo as nossas próprias experiências no
imenso mar que é a vida, que resolvi escrever o livro.
O mar da vida é tão ou muito mais perigoso do que o
mar físico. Suas ondas não são visíveis, mas são capazes de
tragar o mais experiente dos marinheiros. Sua pressão não pode
ser medida pela ciência, mas pode ser sentida em toda sua
magnitude quando enfrentamos uma tempestade. O único item
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que faz com que o mar da vida se equipare ao físico, é que
ambos são totalmente controlados pela autoridade de Jesus.
Apenas uma palavra do Mestre faz com que um mar imenso e
bravio, torne-se um lago calmo e tranquilo. Eu sou testemunha
disso. Quantas vezes clamei por Jesus e Ele me socorreu em
meio à prova!
Verdade é que, nem sempre o Senhor quer que
naveguemos por águas tranquilas, ainda assim, é glorioso saber
que, em tais circunstâncias, Ele tem o controle do timão e
conhece detalhadamente o mar e as ondas que nele se levantam.
Ainda que Jesus esteja dormindo em nosso barco enquanto
lutamos à exaustão contra a fúria do mar, podemos seguir
confiantes de que não sofreremos dano algum. Mas é
extremamente importante que Ele, o Criador dos mares, esteja
conosco no barco.
Espero realmente que, ao ler este livro, que é uma obra
simples e imperfeita por ter sido escrito por um humano,
portanto, alguém também imperfeito, você aprenda com os
personagens que, ter Jesus no barco, entregar a Ele o comando
da nossa embarcação e clamar por Ele sempre e em qualquer
circunstância, são as únicas e imprescindíveis maneiras de se
vencer o Mar da Vida.
JESUS é o Homem que até o vento e o bravo mar
obedecem.
O Autor
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“Quando passares pelas águas Eu estarei contigo”...
Isaías 43.2a
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Capítulo Um
A roda-gigante desacelerava para a troca de passageiros
e também de operador.
Já passava das 18 horas e, a partir daquele momento,
todo o parque era iluminado para chamar ainda mais a atenção
dos moradores da pequena cidade de Nostalgia, uma rotina que
se repetia diariamente nas últimas duas semanas.
O parque chegara à cidade muito tempo depois do
último ter ido embora, e mesmo não sendo um parque tão
completo como os que se veem nas grandes capitais, era motivo
de euforia, pois Nostalgia, além de ser uma pequena cidade do
interior, era também um lugar onde quase nada de diferente
acontecia.
Joana estava animada ao lado da amiga Andréia e
comemoravam que desta vez seriam as primeiras a subir no
brinquedo mais disputado de todo o parque. Felizmente não
tinham desistido de esperar quando entraram na enorme fila que
se formara diante do brinquedo. Sorrindo, Joana relembrou as
palavras da avó, dona Olívia, que insistira para que a neta fosse
com a amiga ao parque em seu último dia na cidade.
- Não se incomode comigo, ficarei bem sozinha. Vá
divertir-se um pouco, menina - dissera a velha acomodada em
uma cadeira de balanço na espaçosa varanda que circundava
toda a casa.
Era tarde de domingo e desde que o parque chegara era
a segunda vez que as jovens tinham oportunidade de visitá-lo.
- Vovó, ficarei em casa – retrucara Joana - O dia está
tão quente que o parque deve estar vazio ou todos os brinquedos
estão derretendo ao sol.
- Já disse que você precisa sair um pouco, Joana. Ou
pretende perder sua vida cuidando de mim? Eu sou uma velha e
não uma inválida que precisa de cuidados o tempo todo. E além
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disso, você precisa arrumar um namorado, alguém para fazer
planos, casar...
- Vovó, não estou precisando de um namorado e nem
estou à procura de um – Joana parecia chateada com a
insistência da avó de que ela precisava sair para conhecer
alguém com quem casar. Estava sentada em uma cadeira ao
lado da avó lendo um dos romances de sua escritora favorita.
Fechou o livro, colocou-o de lado e com as mãos na cintura e
um leve sorriso nos lábios disse: – Está querendo se ver livre de
mim, é isso? O que pretende aprontar assim que eu sair?
- Nada mesmo. O que mais eu faria além dos meus
tricôs e biscoitos? E não mude de assunto, estamos falando de
você, porque todas as minhas aventuras eu vivi na juventude,
coisa que você está perdendo – dona Olívia ergueu as mãos ao
céu - Como pode, meu Deus, minha neta mais inteligente e
bonita estar sozinha aos 20 anos?
Joana percebeu que a avó não iria desistir tão fácil
daquela ideia e resolveu aceitar a sugestão. - Está bem vovó,
mais tarde ligo para Andréia e combino com ela para irmos ao
parque à noite. Está bem assim?
- Não, não está – dona Olívia respondeu rapidamente
ainda fitando as flores. – Esqueceu que hoje à noite vou receber
minhas amigas?
- É verdade vovó, já ia me esquecendo. Então, por isso
preciso ficar em casa para ajudá-la a preparar alguma coisa para
as visitas.
Dona Olívia pareceu não ouvir a neta. Simplesmente
respondeu: - Vá enquanto é cedo. Hoje é o último dia do parque
na cidade. Depois disso só Deus sabe quando vai acontecer algo
diferente nesse fim de mundo novamente – virou-se para a neta
e continuou falando enquanto um sorriso leve ameaçava
aparecer em seus lábios um tanto enrugados: - Quem sabe hoje
você conhece o grande amor da sua vida!
- Duvido muito, vovó – Joana fez pouco caso das
palavras da velha, mas não pode negar a si mesma que tais
palavras fizeram seu coração acelerar-se um pouco.
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- Duvida por quê? – espantou-se a avó, e depois de um
suspiro que mais parecia uma prece de saudade, continuou a
falar com um brilho tão intenso no olhar que Joana teve certeza
de que, por alguns instantes, sua velha avó rejuvenescera alguns
anos – Foi assim que conheci seu avô. Como ele era lindo! –
dona Olívia cruzou os dedos das mãos como que para conter
uma emoção que era só dela. – Deixe-me lhe contar como foi.
- Não, vovó, por favor. Já ouvi tantas vezes esta história
que sei toda ela de cor. Sabe de uma coisa? Acho que vou me
aprontar para ir ao parque agora mesmo. Tudo bem? – Joana
terminou sorrindo.
- Isso mesmo. Vá logo ou contarei esta história a você
muitas vezes até que as visitas cheguem – dona Olívia também
sorria enquanto acompanhava com o olhar a neta correr
rapidamente para o interior do antigo casarão que
compartilhavam.
Quando Joana reapareceu já estava pronta. Ligou para a
amiga combinando o encontro e depois se ajoelhou ao lado da
avó. - Tem certeza que vai ficar bem, vovó? – perguntou.
- Claro que sim querida, não se preocupe – ela acariciou
as mãos da neta que estavam em seu colo. – Logo Rosa e
Margarida estarão aqui. Vá e divirta-se.
- Está bem. Mas não vou demorar, certo?
- Tudo bem, mas não volte muito cedo ou então corre
sério risco de não conhecer seu grande amor.
Novamente o coração de Joana acelerou e ela imaginou
se por acaso encontraria ele, aquele rapaz lindo que vira
algumas vezes na rua, mas do qual não sabia nem o nome.
Piscou os olhos rapidamente várias vezes para espantar o
pensamento. - Vovó, você só pensa nisso! Eu vou apenas
passear. Volto antes mesmo de você sentir minha falta.
- Espero que não - disse dona Olívia. Deu um beijo no
rosto da neta e recomendou: - Apenas cuide-se minha querida.
Vá com Deus.
- Amém – respondeu a jovem e saiu, descendo
graciosamente as escadas brancas da varanda enquanto era
observada pela avó que a amava.
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Andréia sorria enquanto Joana reproduzia a conversa
que tivera com a avó.
- Imagine que minha avó acha que posso ficar solteira
para o resto da vida só porque ainda não tenho um namorado
aos 20 anos.
- Solteira pra sempre talvez não, mas, bem que você
podia conhecer alguém, sair para conversar... Só fica dentro de
casa! Tá certo que, ultimamente, sei em quem você anda
pensando...
- Para! – Joana exclamou puxando a amiga por um dos
braços e continuou falando num tom de voz bem mais baixo: -
Olha que estamos numa fila onde quase todos nos conhecem.
Quer que amanhã cedo estejam anunciando que namoro um
cara estranho, misterioso? Sabe que essa gente ouve uma coisa
e conta outra.
Andréia deu de ombros ignorando a preocupação da
amiga e insistiu: - Mas é verdade, não é? Gostaria que fosse ele,
o desconhecido, que chamasse você para um passeio. Tenho
certeza.
- Não posso negar que seria um belo convite. Mas
também, ele é lindo!
- É, talvez não seja assim tão lindo, mas... – Andréia
interrompeu a frase e olhou atentamente por cima dos ombros
de Joana. Segurou o cotovelo da amiga e recomeçou a falar num
muxoxo enquanto arregalava os olhos: - Você não vai acreditar,
Jô.
- O que aconteceu? – quis saber Joana.
- Olhe você mesma porque é seu dia de sorte.
- Não, não pode ser – Joana imaginava o que veria.
- Pode e é. Olhe, olhe logo – Andréia literalmente
forçava o braço de Joana para que ela se voltasse para a direção
contrária.
- Não, Andréia, por favor. É ele?
- Claro. Olhe logo, ele precisa ver você.
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- Não, Andréia. Mesmo porque eu acho que ele já me
viu pelo tamanho da sua euforia – Joana resistiu.
Andréia voltou-se para ela, colocou a mão esquerda na
cintura para dar mais seriedade ao que diria em seguida. - Já faz
quase dois meses que vocês ficam nesse negócio de se olhar de
longe e você ainda não sabe nem o nome dele – Andréia revirou
os olhos. – Isso está ficando chato! Quer namorar por telepatia?
É isso? Nunca namorei dessa forma, mas acredito que é a coisa
mais brega e sem graça que existe. Então, quer ou não quer
conhecê-lo? Ãh? Responda logo.
- Si... Não... Sim. Mas não assim – Joana estava quase
em pânico.
- Hã? Como... não assim? – Andréia perguntou abrindo
as duas mãos como se fosse receber algo.
- Não assim... num parque... prestes a subir numa roda-
gigante. Que vergonha, Andréia!
- Acho que você é meio louca, Joana – concluiu a
amiga. – Não existe nada mais romântico que conhecer seu
amor num parque, pelo menos não aqui em Nostalgia. Até sua
avó já viveu isso e você, nada. Vamos, vire-se e olhe logo,
mostre interesse antes de subirmos no brinquedo.
- Não, Andréia. Prefiro ir embora. Não quero que ele
me veja aqui.
- Agora já foi, querida. Ele acaba de nos ver e está
olhando bem para cá – Andréia anunciou sorrindo e mordendo
os lábios como uma criança sapeca. Depois voltou a insistir. –
Vire-se e olhe para ele, por favor.
Joana soltou um gritinho de êxtase antes de falar. -
Você é uma peste, Andréia - Como estou? – Joana tentava dar
um jeito nos cabelos ao mesmo tempo que contraía os lábios
para dar mais cor.
- Linda como sempre. Agora olhe porque já estou
perdendo a paciência.
Joana respirou profundamente como se estivesse prestes
a tomar uma grande decisão, deu uma ajeitadinha na blusa e aos
poucos se virou na direção tão indicada pela amiga. Então seus
olhares se cruzaram. Joana viu que ele estava bem mais
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próximo do que Andréia dissera e temeu que ele tivesse ouvido
alguma das declarações da amiga. Porém, bastou que o rapaz
sorrisse para que esse medo desaparecesse. Seu coração estava
acelerado e suas mãos frias e queria muito poder caminhar até
ele, vê-lo de perto, mas parecia que seus pés estavam pregados
ao chão. Achava-se ridícula por não conseguir esboçar nenhuma
reação; hipnotizada pelo olhar do desconhecido. Foi Andréia
quem a trouxe de volta à realidade com um cutucão em seu
braço.
- Ele está vindo para cá – disse baixinho.
- Hã? O quê? – Joana assustou-se.
- Ele, o desconhecido meio conhecido, está vindo para
cá – Andréia também estava eufórica.
- Não! – Joana quase gritou. – Preciso ir, preciso ir
embora.
- Não seja boba. Tente fugir e irei puxá-la pelos
cabelos.
- Por favor, vamos! – Joana suplicou.
- Tarde demais – foi o que Andréia teve tempo de falar
porque o rapaz chegou antes de ela pensar na frase seguinte.
- Oi! Tudo bem? – ele cumprimentou sorrindo.
- Olá! – foi Andréia quem respondeu. Joana estava
como que encantada.
O jovem dirigiu-se diretamente a ela. - E você como
vai? – perguntou sorrindo.
- Ah... – um misto de timidez e admiração a impedia de
pronunciar sequer uma palavra.
Andréia a socorreu mais uma vez. - Ela está bem. Aliás,
ela está muito bem. Não é querida? – falou tomando a amiga
por ambos os braços e colocando-a a sua frente.
- Ah, sim... Me desculpem – Joana finalmente
conseguiu falar. – Estou tão aérea! – Joana sentiu um cutucão
vindo de Andréia ao mesmo tempo em que percebia que estava
dando muito na cara sobre sua atração pelo rapaz. – Acho que
minha pressão baixou devido ao calor – deu um risinho e
continuou: - É verdade, sempre fico aérea quando o dia está
muito quente, é incrível. Acho que terei de fazer alguns exames
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médicos para ver como anda meu organismo... E... – antes que
continuasse a falar sentiu novo cutucão nas costas. “Ai que
dor”, pensou. “Assim vou acabar saindo daqui toda cheia de
hematomas”. “Céus! Não é possível que eu esteja falando tanta
besteira assim e justo na frente dele”. “Que tonta eu sou!”
“Ele vai achar que sou uma biruta doentia”. “De onde foi que
tirei essa ideia de exames médicos?” “Que vergonha!”.
Andréia não podia acreditar no vexame que sua amiga
estava dando.
- Muito prazer! – ele finalmente apresentou-se. – Eu me
chamo Arthur.
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Capítulo Dois
Uma estrondosa gargalhada se ouviu e Andréia quase
esbofeteou Joana quando se deu conta de que a amiga ria do
nome do rapaz a sua frente. Olhou assustada para Arthur que
parecia contrariado com a situação e tentou pensar em alguma
coisa que os tirasse daquela situação embaraçosa. A única
solução que encontrou foi mais rápida que seu pensamento.
Outro cutucão nas costas de Joana.
- Heiii... – Joana tentou reclamar, mas a fúria no olhar
de Andréia dizia que ela estava pronta a esganá-la nos próximos
dois segundos – Desculpe – disse voltando-se para Arthur – Eu
me distraí... – nova risada. – Lembrei de outra coisa... Enfim,
nada relevante – Joana parecia mesmo meio doida. Olhou para a
amiga que lhe devolveu um olhar cheio de fúria e Joana
finalmente recobrou o juízo. - Que indelicadeza a minha!
Desculpe... Arthur, eu sou Joana – e apontando a mão com
dedos delicados para Andréia, apresentou: - E esta é Andréia,
minha amiga.
- Sua...? – Andréia tentou corrigir.
- Ah, sim, ia me esquecendo. Minha melhor amiga. Se
não disser isso ela me mata – Joana já não parecia a mesma
pessoa de meio minuto atrás.
- Prazer em conhecê-la, Andréia. – Arthur falou
beijando-a no rosto duas vezes.
Joana inquietou-se por dentro porque, em sua opinião, a
primeira a receber tal cumprimento deveria ser ela. “Será que
estraguei tudo com minha loucura?” - pensou, para em seguida
descobrir que Arthur estava mesmo ali era por causa dela.
- E quanto a você - ele a fitou nos olhos mesmo tendo
de abaixar um bom tanto a cabeça, pois era bem maior que as
duas. – É um prazer, um grande prazer conhecê-la, Joana. E seu
nome é lindo. Arthur se aproximou um pouco mais e inclinou-
se para beijá-la no rosto.