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A MARCA NÃO MORRE
Giovana Gaspar Ferreira
Marco Antonio da Silva
Marcos Evaristo Martins
Maria do Carmo Madella Shimohorao
** Roberto Miranda
Curso de graduação:
ADMINISTRAÇÃO[Polo Paraíso]
Orientador Acadêmico:
Profº Esp. Antonio Fernandes
RESUMO
A proposta deste artigo científico é apresentar o ciclo de gestão da marca presente em todaestratégia empresarial que visa conquistar consumidores em grandes mercados. O brandequity (valor da marca) é cada dia mais importante para as empresas e implica nodesenvolvimento de estratégias competitivas eficientes na busca do melhor posicionamento
dos seus produtos no mercado frente à ameaça constante da concorrência pela preferência doconsumidor.
Palavras Chave: Posicionamento, Estratégia, Marketing, Administração, Marca
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INTRODUÇÃO
―Imagine que você está num supermercado. De repente, você toma um susto:todos os biscoitos estão embalados de maneira igual, envoltos numaembalagem padrão e sem nenhuma marca que os identifique.‖ (Citação parcial do artigo: O que é marca? – Portal do INPI)
A cena apresenta uma visão clara do que aconteceria se produtos e serviços fossem
colocados à venda sem uma marca e ao mesmo tempo expressa as dificuldades de uma
empresa em ter visibilidade e tocar o seu negócio.
Desde os anos 90, quando o mercado brasileiro abriu suas fronteiras para o
competitivo mundo globalizado trazendo uma enxurrada de produtos importados, ter a marca
em destaque nas prateleiras dos supermercados, nas lojas de departamentos e em rótulos de
serviços especializados, tornou-se imprescindível para o negócio dar certo.
Apesar dos fabricantes nacionais comercializarem produtos similares aos importados,
nestes tinha algo que os diferenciavam em qualidade.
Diante de um público consumidor mais exigente, que despertara da escravidão dos
oligopólios nacionais, estes produtos desconhecidos no geral passaram por uma espécie de
seleção natural, na qual o público elegeu aquele que oferecia as maiores vantagens. E duranteesse período de maturação do emergente mercado consumidor brasileiro presenciamos a
derrocada de empresários despreparados para enfrentar essa monumental concorrência
imprimida na marca.
O brasileiro, entretanto, passou a gerenciar com mais cuidado o seu poder de compra,
experimentando e adquirindo produtos que atendiam suas necessidades, diferenciando-os
facilmente pela marca.
A concorrência dos produtos importados obrigou os empresários brasileiros arepensar suas estratégias de posicionamento no mercado e alguns deles conseguiram recuperar
seu espaço de vendas revitalizando as embalagens.
No entanto, as marcas estrangeiras continham algo muito além do nome da sociedade
ou a denominação do produto, pois traziam embutidos no nome um sentimento de qualidade e
confiança percebido por quem o compra.
Nossa temática tem relação com o trabalho de três grandes autores: Porter, Ries e
Kotler, cujas teorias preconizaram os fundamentos da estratégia de posicionamento da marca.Neste trabalho veremos como o branding ajuda a ter estas características
incorporadas à marca através do processo de planejamento estratégico da empresa.
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1 — O CONCEITO DE MARCA
Quando um empresário abre sua empresa ele necessita de um nome associado àamplitude do negócio que represente valor para o consumidor. O conceito da marca leva em
consideração tudo aquilo que se refere à identidade da empresa e resume a uma representação
simbólica, de fácil reconhecimento pelo público-alvo, sendo um símbolo e/ou logotipo no
âmbito e competência do designer gráfico.
Para Kotler e Keller, a marca representa a entrega de valor (brand equity) dentro de
um conjunto de benefícios oferecidos aos clientes para atender suas necessidades.
(Administração de Marketing, 12ª Ed., pág. 22)A criação de nomes (naming) e o logotipo de marcas (design) normalmente são
confiados a uma consultoria especializada que elabora as etapas do processo, abordando desde
pesquisas e levantamentos, à estratégia definida no escopo da avaliação de mercado para cada
cliente.
Processo idêntico ocorre tanto para concepção de novas marcas, quanto na
reformulação de marcas permanentes do mercado, cujo método incorpora as áreas de design,
estratégia, marketing, branding e gestão corporativa.
1.1 — O SIGNIFICADO DA MARCA
Paralelamente à definição do escopo da empresa o projeto da marca demanda, além
da identidade visual (design), uma identidade verbal (estilo) relacionada às funções de
comunicação e funcionalidade da marca. Nesta etapa são definidos os slogans e taglines que
apresentam em profundidade as estratégias de identificação e diferenciação da marca frenteaos consumidores e à concorrência.
Um projeto de design pode despertar a percepção do consumidor ou arruinar o
produto. Por isso é um processo fundamental de criação integrado à cultura de administração
de marketing das empresas cada vez mais preocupadas com a aparência de seus produtos.
Depois de dar imagem e personalidade à marca uma empresa estará pronta para atuar
no segmento de mercado pretendido.
A marca pode ter características que a tornam influente e persuasiva. Uma simplesimagem carrega as principais características pela qual a empresa será lembrada. E para que
esta associação se concretize embutem certos atributos no seu signo percebidos pelo seu
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público-alvo.
Em seu livro, As emoções das marcas (1998), Marc Gobé afirma que os estímulos
contidos numa marca permitem torná-las inesquecíveis. Por isso é fundamental ao criar uma
marca pensar em estimular os cinco sentidos dos consumidores (Emotional Branding, 2002),
inspirando desejos latentes e momentos de satisfação.
O poder da marca manifesta-se através da estratégia de penetração de mercado com o
uso de peças publicitárias desenvolvidas para abordar o consumidor de diferentes formas, seja
através do formato e da cor da embalagem ou pelo tipo de anuncio criativo a ser veiculado.
A marca consolidada torna-se um valioso ativo da empresa e por meio de processos
de gestão da marca é possível calcular o seu valor de mercado, colocando a empresa em
evidencia no mundo dos negócios.
1.2 — BRANDING - AVALIAÇÃO E GESTÃO DA MARCA
Branding é um processo de construção de marca formado de diversas fases em que o
conceito principal é gerado a partir do entendimento das necessidades e desejos das pessoas que se
relacionam com a marca.
No mercado de capitais, o que garante o futuro da empresa é o valor percebido portodos os agentes com que se relaciona: acionistas, gestores, fornecedores, distribuidores,
funcionários e principalmente clientes. Por essa razão a marca tornou-se tão relevante e o
valor da marca (brand equity) passou a somar ao patrimônio, que nas principais companhias
chega a ter valorização muitas vezes superior à soma dos bens tangíveis.
Uma boa gestão dos bens patrimoniais e da marca traz benefício geral para a empresa
na forma de qualificação da mão de obra, melhor garantia perante o cumprimento dos deveres
tributários e maior agilidade na tomada de decisões. Maximiano (2006) afirma que o entendimento das forças competitivas, criadas por
Porter (1980), de um ramo de negócios é fundamental para o desenvolvimento da estratégia.
Mas para poder gerir adequadamente uma marca devemos ter em conta que esta tem
um ciclo de vida como qualquer outro ativo (geração, proteção, uso ou exploração e extinção).
De tal forma que devem aplicar-se políticas e procedimentos específicos para cada um desses
ciclos e, ao mesmo tempo, aplicar estratégias alinhadas com a missão e a visão da empresa.
Al Ries (1970) em seu livro: Posicionamento – Como a mídia faz a sua cabeça,lançado em 1972, reforçou o conceito de marketing em sua teoria que traduz a busca pelo
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posicionamento da marca: definir o alvo, direcionar o foco para conquistar o mercado e
buscar a liderança da posição.
2 — O CICLO DE VIDA DA MARCA
Marcas são forças perenes da economia, ajustando o equilíbrio da oferta quando
nascem e revitalizando-a quando são substituídas ou quando desaparecem.
Uma marca nasce ao se fazer o registro oficial no órgão competente e ao fim do
processo, que dura cerca de dois anos e meio, o titular torna-se seu proprietário definitivo.
2.1 — CONSTRUINDO UM NOME
Existem mil critérios para a escolha da marca de uma empresa e geralmente aquele
escolhido tem algo haver com o ambiente cultural onde vivem os proprietários, suas crenças
ou algum preceito particular que levou a empreender a sociedade em determinado ramo.
Segundo o direito de propriedade industrial:
I - Expressões tradicionais e termos de uso corrente, trivial e disseminado,
reproduzidos em dicionários, integram o patrimônio cultural de um povo.
Palavras dotadas dessas características podem inspirar o registro de marcas,
pelas peculiaridades de suas expressões eufônicas ou pela sua inegável
repercussão associativas no imaginário do consumidor. (DJU – Data
11/04/2008 – Página 750)
O importante ao fazer a escolha de um nome comercial é que ele tenha a cara do
produto ou serviço e desperte o desejo no consumidor de usá-lo e torná-lo seu. Mas nemsempre o mais simples é o mais indicado. Por exemplo: A palavra TICKET é expressão de
uso comum, e não é de ser declarada nulidade de registro se existem outras marcas que
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contêm o signo no nome convivendo no mercado. Apelo desprovido (PRIMEIRA TURMA
ESPECIALIZADA, 10/03/2009).
Criar um nome para a marca é um trabalho que exige pesquisa e reflexão. Muitos
pontos são definidos após intenso debate entre profissionais das mais variadas especialidades
ligadas à produção do evento. No caso dos nomes comerciais, além da preocupação com
atributos do nome, da estética e do layout é preciso consultar o banco de dados do INPI para
verificar se o nome desejado pode ser registrado.
Se for uma marca de alto renome nacional ou de propriedade de uma multinacional
fora do país, a lei 9.279/96 concede proteção nos ramos de atuação nos artigos abaixo:
Art. 125. À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será
assegurada proteção especial, em todos os ramos de atividade.Art. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nostermos do art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção daPropriedade Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estarpreviamente depositada ou registrada no Brasil.
Há milhares de nomes de marcas proprietárias registradas no órgão e inventar um
novo nome, que seja atraente para o mercado de consumo, é uma missão cada vez mais difícil.
Alguns recorrem à numerologia e ao esoterismo para encontrar um nome de sorte, mas o ideal
é preocupar-se com a sorte do nome após tê-lo criado.Caso esteja apropriado ao mercado alvo não importa se o nome for familiar, uma
locução de palavras ou um conjunto de iniciais. O destino da marca está nos valores que ela
traduz para a sociedade.
O brand management envolve a estratégia de posicionamento da marca e determina
as ações na forma de comunicação dos atributos da empresa para venda de seus produtos e
serviços. Estes atributos, partindo do pressuposto no marketing holístico (Kotler et al, 2006),
integram as três questões básicas do gerenciamento da cadeia de valor: exploração de valor,
criação de valor e entrega de valor. Embora aparentem serem etéreos os atributos são
percebidos pelo consumidor ao fazer uso do mix de produtos e da infraestrutura constituída
com a finalidade de construir relacionamentos de longo prazo.
Se estas experiências se revelarem satisfatórias e prósperas o mercado consumidor
emitirá um sinal, favorável ou não, que retornará à empresa na forma de demanda. Este ciclo
mercadológico se vier a tornar-se rotineiro, estabelecerá as diretrizes de posicionamento da
marca no mercado. E a fidelidade do consumidor é o que constrói a longevidade da marca.
A arte de construir marcas como símbolos mitológicos esta baseada na Teoria de
Carl Jung (Psicanalista 1875-1961) que descreve os arquétipos de uma representação do
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pensamento e valor. Os arquétipos identificados contêm instinto de posse, idealismo, etc.,
encontrados em expressões contagiantes, como: COCA-COLA: alegria de viver; OMO: a
valorização da dona de casa; MALBORO: o dono do seu território.
Leszek Kolakowski (Filósofo 1927-2009) analisou o comportamento do homem
moderno a partir do desejo da apropriação tecnológica das coisas e o desejo de posse que se
expressa em um consumo excessivo (Kolakowski, 1981) e enfatiza o valor da marca
transformando-a em mito, que é algo transcendente.
E para ter valor é preciso que a marca seja reconhecida com a força com que está
representada e inteligível a todos. Para conseguir isso, uma opção é seguir as 11 diretrizes de
Wally Ollins (2005), em seu livro A Marca.
―O consumidor de hoje não é o mesmo de trinta anos atrás. A cultura e os hábitos
mudam e as marcas precisam se adaptar às variações‖ (Ivan Pinto, professor de gestão de
marcas da ESPM).
Philip Kotler (2000) combinou os pensamentos de Porter e Ries, junto com os seus
defende a teoria de que o posicionamento de uma empresa é fruto de uma combinação de
diversas estratégias, vantagens competitivas, marketing, passando pela análise competitiva da
marca (processo de compreensão do mercado) e do gerenciamento da cadeia de valor
(processo de relacionamento com os clientes) propiciando o modo de tornar a Marca oprincipal ativo da organização.
Mas para que a marca atinja o seu maior objetivo, a satisfação do cliente e o lucro,
perpetuando-se na cultura de consumo, os gestores devem proceder à manipulação do signo
criando valor para a realidade atual (processo de realização de uma nova oferta). Ou seja, a
marca deverá acompanhar a evolução dos costumes sociais e empreender prazeres emocionais
onde o produto deixa de servir e passa a significar algo mais na vida de quem os consome.
Uma mercadoria pode perder a função utilitária e passar a representar um estilo devida. Devido ao poder que ganham do mercado, marcas podem referenciar uma linha de
produtos, como é o caso da Bombril, que virou sinônimo de palha de aço ou do Ipod,
sinônimo de tocador de música portátil.
São varias as razões que levam uma empresa a criar novas associações à marca
mediante análise de oportunidades e ameaças (análise Swot), sem que se perca o foco no
objetivo principal para a qual foi criada. Alterações geopolíticas, movimentos sociais,
políticas ambientais, realização de torneios internacionais e guerras podem interceder na
evolução de produtos e serviços.
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O gestor atento aos sinais de mudança que impliquem em ação para posicionamento
da marca procurará em tempo hábil mudar a maneira com que se faz a comunicação da marca,
seja usando de maior espaço publicitário ou rejuvenescendo a identidade visual em
embalagens e logotipos para indicar ao consumidor de que a empresa acompanha tendências.
Mas nem sempre uma mudança traz benefícios imediatos, existe o risco da campanha
publicitária não ser bem sucedida e vir a prejudicar a relação com os consumidores.
Com o advento da internet estas correções de diretrizes são mais comuns e ficam
cada vez mais eficazes à medida que as empresas utilizam da virtualidade para dirigir-se a um
publico diversificado.
2.2 — EXTINÇÃO OU DEPRECIAÇÃO DA MARCA
Apesar da abundante extrapolação de registro de marcas no INPI, há um imenso
número destas que simplesmente estão fora de uso por inúmeras razões.
Uma destas razões está na pratica de algumas empresas em registrar diversos nomes
para utilização futura, acrescentando-se a isso os registros de marcas cujos produtos foram
desenvolvidos, mas não chegaram a entrar no mercado por ocasião da analise mercadológica
com consumidores potenciais ter indicado a desaprovação do produto.
Outro motivo baseia-se na extinção da linha de produção de determinado produto
cujo propósito representaria a substituição de tal produto por outro equivalente, mas com um
nome mais forte para concorrer no mercado. Nesse caso, incluem-se as marcas de empresas
falidas ou que foram adquiridas em processos de compra do controle acionário (fusão) ou do
ativo remanescente (incorporação).
Uma marca pode desaparecer gradativamente, sendo substituída por outra. O Grupo
Santander, por exemplo, faz uso frequente ao incorporar outras instituições financeiras.
Quando uma marca é registrada no Brasil, após um processo, que dura cerca de dois
anos e meio, o proprietário tem o direito exclusivo de usá-la por um período de dez anos findo
o qual deverá prorrogar o registro mesmo que não tenha utilizado a marca durante o período
de vigência. Contudo, as despesas correntes são contabilizadas, e na atual conjuntura é
atribuído valor à marca, que passou a ser reconhecida como ativo intangível, portanto, sujeita
a valorização ou depreciação no mercado.
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Este empecilho jurídico dá provisão às empresas para registrarem vários nomes sem
esperar que se faça uso destes, mantendo-os na base de dados do INPI até que sejam
prorrogados ou então abandonados.
Caso o registro não se renove isso acaba permitindo a quem interessar entrar com
novo pedido de registro. Porém, a conturbada situação jurídica envolvendo a marca, este novo
registro poderá ser aprovado dentro de quatro anos.
Devido à dificuldade de criar nomes fortes para um novo produto ou serviço cada
vez mais empresas vem recorrendo à aquisição de marcas extintas para satisfazer sua
necessidade de reconhecimento imediato pelo consumidor.
3 — MARCAS QUE SÃO BEM SUCEDIDAS E OUTRAS
Para Kotler (2006), o sucesso da empresa depende não apenas do grau de excelência
com que cada departamento desempenha seu trabalho, mas também do grau de excelência
com que as diversas atividades departamentais são coordenadas para conduzir os processos
centrais de negócios.
Uma marca torna-se forte no mercado (trustmark) dependendo do modelo de gestão
empreendedora escolhido para a marca ser percebida por seu público-alvo. A isto se inclui:
infraestrutura industrial e linha de montagem, capacitação da mão de obra e negociação com
fornecedores, empenho do conceito de marketing em vendas e exposição da marca.
Num momento de grande criatividade, Howard Schultz abriu um café que só serve
café. Hoje, a Starbucks oferece 30 variedades daquela bebida e é uma das marcas mais
populares da América.
Já a rede Blockbuster imperou no Brasil desde 1995, através da BWU do Grupo
Unibanco, e em 2007, a rede de videolocadora foi arrematada pelas Lojas Americanas ao
preço de R$ 186,2 milhões.
Uma marca com qualidades associativas se fixa na mente do consumidor como um
componente de escolha, de decisão, devido às impressões que retém em sua memória de
longo prazo. Do ramo automotivo a Volvo, por exemplo, inspira segurança nas pessoas. Já a
fabricante alemã Mercedez, por sua vez, desperta prestígio em quem adquiri seus produtos.
Estas marcas contêm características emocionais que as diferem quando o consumidor
toma a decisão de comprar, pois sabe que lhe trará boas expectativas de satisfação. Esta
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atração pelo produto passa a ser percebida pelos agentes do mercado e classifica a empresa
pela sua visibilidade e força de venda (Martins, J. S. 2006).
Mas para que os consumidores usem o nome da sua marca quando se referem a um
tipo de produto, ela tem de ser a primeira a chegar ao mercado. Volto a citar o exemplo da
Bombril, cujo nome virou sinônimo de palha de aço e recentemente teve sua hegemonia
ameaçada pela marca Assolan. Esta concorrente iniciou uma campanha publicitária agressiva
na mídia e na gôndola, conquistando uma fatia do público da empresa ícone de mercado.
Entendemos que, quando uma nova marca chega para disputar certo segmento de
mercado, o plano estratégico de posicionamento deverá focar ações de longo prazo.
3.1 — MANTENDO O SUCESSO
Michael Porter (1980) e suas estratégias genéricas defendem a necessidade de uma
empresa construir uma posição exclusiva no mercado, lançando os pilares da estratégia da
diferenciação: custos, diferenciação do produto e enfoque, que consiste em criar um valor
percebido com exclusividade pelo cliente destacando a empresa no seu segmento de mercado
com uma estratégia apoiada em um conjunto de vantagens competitivas distintas.
Durante o período em que a empresa se mantiver em atividade seus gestores deverão
tomar uma série de medidas transitórias e redefinir o conceito embutido na marca. E uma
ferramenta habitual para o desenvolvimento de uma comunicação eficaz e tomada de decisão
é a pesquisa de avaliação da imagem onde um público seleto responde a quesitos de um
questionário transmitindo suas impressões em relação ao uso de determinado produto ou
serviço (Kotler, 12ª Ed., pág. 539).
Em suma, o que a empresa puder fazer e que seus concorrentes não fazem, será
aquilo que colocará a marca em destaque nos negócios. Foi o que fez a Federal Express. De
uma simples transportadora aérea, tornou-se naquela que faz entrega de um dia para o outro. E
a eficiência logística por trás deste conceito passou a incutir a marca da empresa na mente dos
consumidores como sendo aquela que presta bons serviços e não falha no prazo estipulado.
Um estudo do ranking das empresas 2009/2010, aponta as marcas que perderam
espaço ao deixarem de investir por causa da crise ou que naquele período não ofereceram uma
relação clara de custo-benefício ao consumidor.
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As empresas que investiram em inovação e tecnologia, com foco no médio e longo
prazo, definindo novas estratégias e reformulando o mix de produtos, conseguiram manter-se
e até crescer no ranking.
3.2 — REVITALIZANDO A MARCA
A maneira eficiente de revitalizar uma marca é a mudança de paradigma através da
analise de pesquisa de mercado (briefing). Dependendo do produto a resposta à vinculação do
consumidor pode ser bem simples, como usar merchandising no ponto de venda alterando o
rótulo ou as cores da embalagem.
Mas grandes marcas desenvolvem uma estratégia de propaganda com o propósito de
informar, persuadir, lembrar ou reforçar o valor da marca em meio a determinado público
(Kotler, 12ª Ed., pág. 567).
Por ser mensurável, a propaganda oferece uma analise completa dos objetivos e
eficácia da comunicação nos negócios. Um investimento na construção do brand equity
(Kotler, 12ª Ed., pág. 568).
Outro método bastante utilizado na manutenção do posicionamento da marca é a
promoção de vendas, que consiste em oferecer um incentivo à compra por parte do
consumidor ou do comércio por meio da concessão de benefícios.
Desde os anos 90, vem sendo praticada no Brasil o conceito de Responsabilidade
Social Empresarial que se tornou um item explorado em peças publicitárias para promover
benefícios e estimular a preferência do consumidor. Gradualmente estas empresas estão
criando uma imagem preferencial no âmbito da sustentabilidade ambiental, agregando valor à
marca, tornando-se importante na avaliação feita dos consumidores e investidores potenciais.
Através do instituto de pesquisa ETHOS sabe-se qual empresa adota comportamento
ético como parte de sua missão e filosofia de trabalho e essa visão de negocio atende
pequenas, médias e grandes empresas, trazendo melhorias na relação de trabalho, nos
parceiros de negócios e principalmente com o consumidor.
4 — QUANDO A MARCA MORRE
As marcas perecem de causa natural.
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Assim como qualquer outro item de consumo que leva uma marca conhecida do
público a sua longevidade depende, nos dias de hoje, da combinação de fatores considerados
imprescindíveis para que se perpetue no seu segmento de mercado.
O processo de globalização intensificou a prática de estratégias para retirada de
marcas consideradas ineficientes pelas companhias multinacionais, por causa do seu design
antiquado ou para universalizar marcas que podem cruzar fronteiras. Para ter uma estratégia
de produção globalizada (comunicação integrada de marketing) a marca deve estar apta a
fazer uso em exportação e importação de produtos, dentro e fora do território nacional.
Citando a experiência da Unilever em reduzir seu portfólio de marcas, de 1.600, em
2001, para cerca de 400 nos dias atuais. O produto sabão Campeiro, a partir de 2002, foi
substituído gradualmente ao longo de dois anos pela marca internacional Surf, sendo que aestratégia de marketing adotada previa o surgimento do novo nome na mesma embalagem,
logo abaixo do logo, mas menor e conforme o tempo foi passando e o novo logo sendo
percebido pelo consumidor, o novo nome foi crescendo na embalagem enquanto o nome
antigo desaparecia num processo de conversão visual.
Para aliviar as dores do processo frente a contagiante identificação da marca com o
consumidor, o brand management organiza etapas de como será efetuada a substituição da
sedução ao produto de referida marca e a migração do consumidor ao novo signo.Por ser muito difícil fazer um consumidor esquecer uma marca que o deixou
satisfeito durante vários anos de sua vida, os departamentos de marketing criam truques
visuais e artifícios em peças publicitárias para fazer com que o consumidor perceba a mesma
sensação ao adquirir praticamente o mesmo produto com a nova marca. No caso da
substituição ocorrer devido à inovação tecnológica, a marca deixa de ser compatível com as
necessidades do consumidor e desaparece naturalmente à medida que ocorre o rebaixamento
do produto a categoria de obsoleto. O Pentium da INTEL, por exemplo, sucumbiu frente àconcorrência do processador Athlon da AMD que demonstrava mais velocidade e custava
menos.
Nem sempre o fim de uma marca é decisão da empresa. Em processo de fusão e
incorporação o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) pode sugerir a
eliminação da marca. No caso da Kollynos, líder do mercado de creme dental até 1997,
quando foi incorporada à Colgate-Palmolive, esse órgão regulador exigiu o fim da marca sob
o pretexto de que juntas as empresas deteriam mais de 70% de participação no mercado. Com
isso o nome Kollynos foi substituído pela marca Sorriso.
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Uma operação que leve à extinção de uma marca pode levar anos para ser concluída
e seu sucesso depende da sustentabilidade da empresa. Grandes corporações planejam com
mais eficiência e fazem investimentos altíssimos para não afugentar seus clientes.
A Nestlé adquiriu a concorrente Yopa para não perder mercado, mas promoveu uma
mudança significativa ao associar seu nome institucional aos sorvetes mantendo o padrão da
embalagem conceituada pela antecessora.
A transição de marcas é tarefa complexa e uma necessidade vital para a
sobrevivência da empresa, oferecendo vantagem competitiva num mercado cada dia mais
exigente.
Marcas extintas
Fusões, realinhamento de produtos e fraco desempenho provocaram o fim de algumasmarcas tradicionais no mercado brasileiro.
YopaDe 1972 a 2000
BamerindusDe 1952 a 1999
CampeiroDe 1984 a 2004(1)
KolynosDe 1917 a 1997
Por que desapareceu A Nestlé passou a usar
a própria marcainstitucional parabatizar a linha de
sorvetes.
Por que desapareceu O nome do banco
paranaense foiabandonado depois da
compra pelo HSBC.
Por que desapareceu A Unilever decidiualinhar as marcas
internacionais e trocouo nome por Surf, que
já existia em outrospaíses.
Por que desapareceu Ao comprar a Kolynosdo Brasil, em 1995, aColgate-Palmolive foi
obrigada a matar amarca por
determinação doCade(2).
(1) Período em que esteve sob o controle da Unilever
(2) Conselho Administrativo de Defesa Econômica
5 — CONCLUSÃO
Ao pensarmos na maneira de como iríamos terminar este artigo notamos queguardamos vivas lembranças dos momentos mais interessantes de nossas vidas graças à
identidade de um produto, cuja marca nos faz recordar daquilo que ficou para trás, e que
parecia estar perdido para sempre.
E então nos perguntamos: Por que os momentos mais felizes de nossas vidas estão
associados à lembrança de alguma marca?
Do mesmo jeito que um garoto se lembra de quando calçou o seu primeiro tênis
Nike, no passado poucas eram as marcas existentes com capacidade de nos influenciar de
modo a levarmos conosco para sempre a lembrança na memória.
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As marcas não são apenas reveladoras das qualidades de um produto ou das virtudes
de seu usuário, ela é um marco no tempo de vida de uma pessoa e no contexto de uma época
em que as marcas trouxeram estilos personificados por seus consumidores. As marcas fazem
ainda o consumidor assumir um comportamento e levam alguns a encontrar a si mesmo.
Marcas unem pessoas e dão significado a momentos de nossas vidas até o quanto elas durem.
E a marca dura enquanto houver alguém que se lembre dela, enquanto ainda houver
boas lembranças para serem compartilhadas e enquanto houver uma vida a ser lembrada.
Por esse motivo lúdico as marcas não morrem.
Como podemos ver depois de esgotadas as possibilidades de uso comercial as marcas
são mantidas na escrituração contábil até serem arquivadas em documentos históricos. Estes
guardam todo o significado de sua existência passando a viver na sua forma etérea eincorpórea que em muitos casos vai além de quaisquer pretensões.
A marca, como referencia essencial a vida das pessoas, fica eternamente figurada no
pensamento do indivíduo que compartilhou o produto pela sensação de conforto e saciedade
percebida junto a outros consumidores. São nossas lembranças de época cujo rótulo retrata a
classe consumista de uma geração.
Todos nós deixamos a nossa marca na vida de alguém. E dessa maneira nos
incluímos na memória escrita pela história.Assim será também para o consumidor ao fazer uso da marca. Transformando aquela
sensação especial, que dita o comportamento, em incentivo para almejar novas realizações e
levar uma vida agradável.
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