Ambiente Otimizado para a Aprendizagem · autísticos não sejam identificados até os cerca de 18...

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Ambiente Otimizado para a Aprendizagem Compreender a maneira como o cérebro da sua criança funciona é crucial para poder oferecer a ela uma ambiente otimizado para a aprendizagem. Abaixo apresentamos um breve resumo de alguns dos estudos sobre o cérebro de crianças com autismo. No final da página, encontram-se sugestões práticas para se implementar este conhecimento através da criação de um ambiente de aprendizado otimizado em casa. O autismo é referido como uma desordem de espectro devido à grande variedade de sintomas presentes em pessoas com o diagnóstico. Pesquisadores, utilizando tecnologias que possibilitam o estudo da estrutura cerebral, também afirmam que os cérebros de pessoas com o diagnóstico de autismo variam vastamente de um para o outro. Por consequência, alguns cientistas têm sugerido que devemos estudar não apenas a estrutura do cérebro, mas também o mecanismo em que neurônios (células cerebrais) individuais se conectam e comunicam para que encontremos o problema de conexão neural que afete todas as pessoas com autismo. Pesquisadores têm encontrado evidências de que a maneira com que alguns neurônios são conectados no cérebro de pessoas com autismo pode levar a uma correlação baixa entre sinal e ruído. Isto significa que muitos dos sinais que as células cerebrais estão enviando umas para as outras talvez venham acompanhados de “barulho” ou “ruído”, como a estática em um sinal de rádio. Esta é uma das explicações do porquê crianças com autismo tornariam-se hiper-estimuladas por informações sensoriais e teriam então dificuldade para escolher entre duas fontes diferentes de informação. Por exemplo, é geralmente mais difícil para uma criança com autismo conseguir ouvir o que o professor fala quando outras crianças estão fazendo barulho. Estudos analisando a eletricidade no cérebro de pessoas com autismo mostram que mesmo quando elas estão tentando ignorar certos aspectos de seu ambiente (como o barulho em uma sala de aula), seus cérebros respondem a estas informações do mesmo jeito que respondem à informação que a criança está tentando prestar atenção (como a voz do professor). O problema para muitas crianças com autismo parece ser o de “filtragem”, isto é, elas são menos capazes do que as crianças típicas de filtrar e descartar a informação sensorial que é irrelevante para o que elas estão tentando prestar atenção. Consequentemente, os cérebros daqueles com autismo dão igual valor para todos os estímulos recebidos, causando um bombardeio de informação sensorial com o qual a criança tem de lidar. Os cérebros de crianças típicas aprendem a filtrar e descartar os estímulos irrelevantes durante os primeiros anos de vida, o que possibilita que, ao começarem a frequentar a escola, consigam focar sua atenção na atividade pedida pelo professor. É muito difícil para um grande número de crianças com autismo conseguir aprender em um ambiente onde existem muitas informações sensoriais concomitantes (incluindo-se barulhos, toques, cheiros, estímulos visuais, etc.), como acontece em uma sala de aula. Crianças com autismo estão absorvendo uma quantidade enorme de informação a todo momento; isto significa que em algum ponto elas terão que escolher entre reter ou descartar essas informações. Estudos demonstram que, em comparação com pessoas neurotípicas, as pessoas com autismo tendem a retardar este processo de “escolha”. Uma analogia para este processo seria como andar pelos corredores de um

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Ambiente Otimizado para a Aprendizagem

Compreender a maneira como o cérebro da sua criança funciona é crucial para poder oferecer a ela uma

ambiente otimizado para a aprendizagem. Abaixo apresentamos um breve resumo de alguns dos estudos

sobre o cérebro de crianças com autismo. No final da página, encontram-se sugestões práticas para se

implementar este conhecimento através da criação de um ambiente de aprendizado otimizado em casa.

O autismo é referido como uma desordem de espectro devido à grande variedade de sintomas presentes

em pessoas com o diagnóstico. Pesquisadores, utilizando tecnologias que possibilitam o estudo da

estrutura cerebral, também afirmam que os cérebros de pessoas com o diagnóstico de autismo variam

vastamente de um para o outro. Por consequência, alguns cientistas têm sugerido que devemos estudar

não apenas a estrutura do cérebro, mas também o mecanismo em que neurônios (células cerebrais)

individuais se conectam e comunicam para que encontremos o problema de conexão neural que afete

todas as pessoas com autismo. Pesquisadores têm encontrado evidências de que a maneira com que

alguns neurônios são conectados no cérebro de pessoas com autismo pode levar a uma correlação baixa

entre sinal e ruído.

Isto significa que muitos dos sinais que as células cerebrais estão enviando umas para as outras talvez

venham acompanhados de “barulho” ou “ruído”, como a estática em um sinal de rádio. Esta é uma das

explicações do porquê crianças com autismo tornariam-se hiper-estimuladas por informações sensoriais e

teriam então dificuldade para escolher entre duas fontes diferentes de informação. Por exemplo, é

geralmente mais difícil para uma criança com autismo conseguir ouvir o que o professor fala quando

outras crianças estão fazendo barulho. Estudos analisando a eletricidade no cérebro de pessoas com

autismo mostram que mesmo quando elas estão tentando ignorar certos aspectos de seu ambiente (como

o barulho em uma sala de aula), seus cérebros respondem a estas informações do mesmo jeito que

respondem à informação que a criança está tentando prestar atenção (como a voz do professor). O

problema para muitas crianças com autismo parece ser o de “filtragem”, isto é, elas são menos capazes

do que as crianças típicas de filtrar e descartar a informação sensorial que é irrelevante para o que elas

estão tentando prestar atenção. Consequentemente, os cérebros daqueles com autismo dão igual valor

para todos os estímulos recebidos, causando um bombardeio de informação sensorial com o qual a

criança tem de lidar. Os cérebros de crianças típicas aprendem a filtrar e descartar os estímulos

irrelevantes durante os primeiros anos de vida, o que possibilita que, ao começarem a frequentar a

escola, consigam focar sua atenção na atividade pedida pelo professor. É muito difícil para um grande

número de crianças com autismo conseguir aprender em um ambiente onde existem muitas informações

sensoriais concomitantes (incluindo-se barulhos, toques, cheiros, estímulos visuais, etc.), como acontece

em uma sala de aula.

Crianças com autismo estão absorvendo uma quantidade enorme de informação a todo momento; isto

significa que em algum ponto elas terão que escolher entre reter ou descartar essas informações. Estudos

demonstram que, em comparação com pessoas neurotípicas, as pessoas com autismo tendem a retardar

este processo de “escolha”. Uma analogia para este processo seria como andar pelos corredores de um

supermercado e colocar em seu carrinho uma unidade de cada item a venda para apenas depois, na

chegada ao caixa, descartar o que você não quer comprar. Isto causa uma demora no processamento de

estímulos. Estudos com tecnologias que permitem ver quais partes do cérebro estão sendo utilizadas

durante uma tarefa confirmam que este é o fenômeno acontecendo dentro do cérebro de pessoas com

autismo. Há mais atividade nas regiões do cérebro designadas para o processamento de baixa ordem

(como o andar pelos corredores do supermercado) do que em regiões cerebrais especializadas para o

processamento de alta ordem (passar pelo caixa e levar para casa os itens que constavam na sua lista de

compras).

Talvez isto explique por que as crianças com autismo frequentemente apresentam dificuldades em áreas

de processamento de alta ordem (ex: atenção, organização, linguagem, etc.). Elas passariam tanto tempo

tentando lidar com a recepção de informação sensorial (baixa ordem) que acabariam não tendo tempo

para praticar o processamento de alta ordem que outras crianças da mesma idade praticam. Desta forma,

o cérebro da criança com autismo começaria a se desenvolver de forma diferenciada em relação ao

cérebro de seu irmão com desenvolvimento típico. Há sinais de que este estilo de processamento da

informação já se encontre presente na época do nascimento da criança, mesmo que os comportamentos

autísticos não sejam identificados até os cerca de 18 a 24 meses de idade.

Especialistas dão a este estilo de processamento (que limita-se em parte ao processamento de baixa

ordem) o nome de “ fraca coerência central”. A coerência central refere-se à habilidade de processar

contextualmente a informação recebida, associando informações para se chegar a um significado do todo,

geralmente às custas da memória de detalhes. Assim sendo, na fraca coerência central haveria a

tendência entre aqueles com autismo de prender-se ao processamento de detalhes ao invés da visão do

todo em uma situação. Por exemplo, após olhar para figuras idênticas e receberem a requisição para se

lembrarem do que estava na figura, uma pessoa típica provavelmente descreveria a cena como sendo

“um pôr-do-sol na floresta”, enquanto que uma pessoa com autismo poderia descrevê-la como “folhas

brilhantes, luz laranja e um galho com uma balança pendurada”. Este estilo de processamento é a razão

pela qual algumas pessoas com autismo, em comparação com pessoas típicas, apresentam

performances superiores em certas tarefas. Uma destas tarefas é o teste da figura inserida. Como um

exemplo desta tarefa, a figura de um carro seria apresentada para as pessoas. Todas conseguiriam

identificar facilmente o carro. Porém, quando fosse pedido que apontassem os três triângulos na figura, as

pessoas sem autismo seriam muito mais lentas do que aquelas com autismo. Isto se deve ao fato de

pessoas típicas focarem rapidamente no todo da figura, não prestando tanta atenção aos detalhes. As

pessoas com autismo identificariam rapidamente os triângulos por estarem acostumadas a ver o mundo

através dos detalhes.

Pesquisas envolvendo pessoas com autismo, desde estudos sobre como as células cerebrais conectam-

se até estudos sobre como as pessoas atuam em testes psicológicos, nos oferecem a imagem de um

mundo fragmentado, sobrecarregado e tomado por “barulho” para aqueles com autismo. Esta noção é

confirmada por relatos autobiográficos de pessoas com autismo. A compreensão do mundo fragmentado

e sobrecarregado de uma criança com autismo nos leva a ver a importância que tem o ambiente ao seu

redor na elaboração dos programas educacionais e nos tratamentos que a ela são oferecidos. Também

explica a razão das crianças com autismo procurarem ordem e previsibilidade em seus ambientes físicos.

Ambientes físicos com grandes quantidades de estimulação sensorial (ex: painéis com cores fortes,

barulho de fundo, etc.) aumentaram o “barulho” num sistema sensorial já sobrecarregado, tornando

extremamente difícil qualquer nova aprendizagem – como tentar aprender japonês dentro de um

barulhento shopping center. Devido à presença de outras crianças e do tamanho do espaço físico

necessário para abrigá-las, a sala de aula convencional é altamente limitada em termos de poder atender

às necessidades das crianças com autismo. Até a iluminação por meio de lâmpadas fluorescentes, tão

comum em salas de aula, tem sido apontada em estudos científicos como sendo um fator que afeta o

comportamento de crianças com autismo. Infelizmente, estas considerações relativas ao ambiente da

criança são geralmente desprezadas e têm sua importância desvalorizada quando programas

educacionais são oferecidos para crianças com autismo, ou ficam além dos limites físicos e materiais das

escolas convencionais.

A Criação do Ambiente

O primeiro passo para se construir um programa de tratamento para sua criança é providenciar a ela um

ambiente apropriado para a sua aprendizagem. Isto geralmente significa SIMPLIFICAR! Aqui estão

sugestões do que fazer:

1. Dedique um quarto em sua casa para a criança com autismo. Pode ser o dormitório de sua

criança ou um outro quarto (não muito grande, 4 X 4m é suficiente, e menor também é OK

dependendo da idade da sua criança). O quarto pode até ser dedicado à criança com autismo

apenas durante parte do dia (por exemplo, quando a criança compartilha um dormitório com

um irmão ou irmã). Faça o melhor possível dentro da situação em que você se encontra.

2. Remova todos os brinquedos eletrônicos do quarto escolhido. Isto inclui televisões, video-games

e qualquer coisa movida a pilha (até livros falados ou cantados e objetos que acendem luzes).

Estes objetos podem ser hiper-estimulantes para a criança com autismo e não encorajam a

interação social.

3. Crie espaço. O ideal é ter espaço aberto no quarto, como um chão livre de objetos para você

brincar com sua criança. Tenha o mínimo possível de móveis neste quarto. Além disso,

minimize a quantidade de brinquedos no quarto e, se possível, coloque todos eles numa

prateleira ou armário.

Estes são os primeiros passos recomendados por nós para a criação de um quarto de trabalho (ou quarto

de brincar/de interagir) em casa ou até em uma escola ou uma clínica. As simples medidas descritas aqui

ajudarão a acalmar o sistema nervoso hiperativo de sua criança ao oferecer a ela um mundo digerível e

administrável, criando-se então a fundação para oportunidades otimizadas de interações e subsequentes

aprendizagens.

(

As Crenças

A perspectiva convencional do autismo nos diz que esta é uma condição para toda a vida e que não há

possibilidade de recuperação. Esta é uma crença de enorme impacto, que tem causado muito sofrimento

e desespero entre os pais que se deparam com este diagnóstico. Tem também levado a muitas

abordagens de tratamentos direcionados para o manejo dos comportamentos e para o ensino das

habilidades às crianças ao invés de abordar a principal dificuldade da criança – os relacionamentos

sociais. Esta crença tem limitado imensamente as experiências dos pais com suas crianças com autismo.

E limitado o desenvolvimento social e emocional daqueles com autismo. Tem também direcionado grande

parte da pesquisa científica, o que faz com que a crença continue a ser propagada enquanto mais e mais

crianças são diagnosticadas e não se recuperam – porque ninguém acredita que seja possível. Assim

como todas influentes crenças, torna-se a realidade vivida.

No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, fundadores doPrograma Son-Rise®, ouviram

dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun, diagnosticado com

autismo severo e um QI abaixo de 40. Apesar disso, eles já conheciam o poder que possuem os

pensamentos/as crenças e decidiram não adotar esta perspectiva. Decidiram acreditar na ilimitada

capacidade humana para a cura e o crescimento, e puseram-se à procura de uma maneira de aproximar-

se de Raun. A partir da experimentação intuitiva e amorosa com Raun, há cerca de 30 anos atrás, eles

desenvolveram o Programa Son-Rise, programa que eles têm ensinado a milhares de famílias ao redor

do mundo. Raun se recuperou de seu autismo após 3 anos e meio de trabalho intensivo com seus pais.

Raun continuou a se desenvolver de maneira típica, cursou uma universidade altamente conceituada e

agora é o CEO do Autism Treatment Center of America fundado por seus pais. Os Kaufman acreditavam

tao firmemente na capacidade de seu filho que ofereceram a ele todas as oportunidades que puderam

para ajudá-lo a se desenvolver mesmo quando suas ações eram condenadas pelo “conhecimento”

convencional sobre o autismo.

“Eles decidiram acreditar na ilimitada capacidade humana para a cura e o crescimento.”

Desde a recuperação de Raun, milhares de crianças utilizando o Programa Son-Rise têm se

desenvolvido muito além das expectativas convencionais, e muitas delas têm apresentado

completa recuperação.

A visão tradicional e mais comum do autismo, que mudou pouco nos últimos 30 anos, é

frequentemente considerada como “realista”. A história da família Kaufman mostra que a visão

tradicional tem mais chance de ser sua realidade quando você escolhe adotar as crenças que

vêm com ela. A família Kaufman tem nos inspirado a acreditar que todas as crianças são

capazes de superar seus desafios, que elas querem se conectar aos outros, amar, rir, brincar e

aprender. E que cada criança é um indivíduo único e especial, que o diagnóstico de autismo não

significa nada em relação à capacidade de cada criança para mudar e para sentir-se inspirada

pelo amor e pela vida. Nossa experiência com famílias utilizando o Programa Son-Rise tem nos

mostrado que a adoção destas crenças não traz nenhum dano. Na verdade, como

consequências desta perspectiva “não-realista” encontramos relacionamentos fortalecidos entre

pais e filhos, profundo crescimento emocional, social e cognitivo, e uma experiência de alegria e

amor para toda a família.

Investigando as Crenças

Uma das mais efetivas ferramentas que encontramos para a investigação e transformação de crenças é o

Processo Option (“Processo da Opção”).

O Processo Option tem sido ensinado por Barry Neil e Samahria Kaufman – os dois pais que

desenvolveram o Programa Son-Rise® em seu pioneiro trabalho com o filho Raun nos anos 70. É uma

simples e altamente efetiva ferramenta para a transformação emocional. O casal Kaufman e os

profissionais do Option Institute e o Autism Treatment Center of America têm utilizado este processo para

ajudar milhares de pessoas a superar a depressão, ansiedade, medo, insegurança e outras emoções que

limitam as pessoas.

O Processo Option tem como base as seguintes premissas:

Tudo o que fazemos e sentimos vem da nossa maneira de pensar (nossas crenças).

Nós escolhemos adotar cada uma de nossas crenças e nós podemos escolher modificar estas

crenças.

Quando modificamos nossas crenças, nossas ações e emoções também são modificadas.

Este conhecimento é aplicado na forma de simples perguntas que possibilitam que o “explorador” (o

indivíduo que está estudando a si próprio) identifique as ações e emoções que ele ou ela gostaria de

modificar, para então descobrir as crenças que estão por trás destas ações e emoções, e finalmente

encontrar novas crenças que criarão novas ações e emoções.

O Processo Option é utilizado no Option Institute tanto na forma de sessões de diálogos

entre um consultor e um explorador, assim como na forma de dinâmicos e interativos

workshops de grupo. Também é utilizado como instrumento de ensino do Programa

Son-Rise® para pais e profissionais. Ajudar os pais e profissionais que trabalham com

crianças com autismo a se sentirem confortáveis, entusiasmados e tolerantes

(acolhedores) é crucial para a efetividade de qualquer Programa Son-Rise®. Os adultos

terão mais sucesso para criar atividades divertidas e envolventes para as crianças

quando sentirem-se desta forma, e as crianças com autismo responderão melhor a um

adulto que estiver sentindo-se feliz e energizado.

As Crenças dos Pais

Como o Processo Option (“Opção”) é utilizado dentro do Programa Son-Rise®?

A aprendizagem da utilização do Programa Son-Rise faz-se através de dinâmicas interações entre pais

(ou estudantes) e consultores. Nós não entregamos simplesmente a informação e esperamos que os pais

saiam dirigindo eficientemente o Programa Son-Rise. Trabalhamos com cada pai e mãe individualmente

para auxiliá-los a assimilar novas perspectivas, atitudes e técnicas que beneficiem suas crianças. Isto

começa com a consciência e compreensão da perspectiva atual da pessoa. Freqüentemente, as

perguntas do Option Process Dialogue (“Diálogo do Processo da Opção”) são utilizadas com o objetivo de

compreender os sistemas das crenças atuais dos pais. Através de conversas com o consultor, os pais

encontram suas próprias formas de adotar novas perspectivas e processar informações. Este tipo de

aprendizagem interativa (utilizando os mesmos princípios que utilizamos no quarto de trabalho com a

criança) possibilita a criação de um profundo, duradouro e muitas vezes transformador aprendizado.

“...uma perspectiva central do Programa Son-Rise é a crença nas possibilidades ilimitadas para uma

criança.”

Por exemplo, uma perspectiva central do Programa Son-Rise é a crença nas possibilidades ilimitadas

para uma criança. Sem dúvida, é a mensagem de esperança que inicialmente atrai muitas pessoas para o

Programa Son-Rise. Apesar disto, muitos pais descobrem que têm outras crenças que os impedem de

adotar a perspectiva das ilimitadas possibilidades nas interações diárias que mantêm com a criança. A

seguinte história verídica (com nomes fictícios) mostra como um de nossos consultores utilizou o

Processo Option para ajudar os pais a compreenderem seus próprios pensamentos.

A História de Steve e Emily

Steve e Emily, os pais de Tom, vinham procurando por formas de ajudar seu filho desde que haviam

percebido que ele era diferente. Era muito comum passarem as noites buscando informações em livros ou

na internet tentando encontrar uma maneira de ajudar seu filho. Tom havia sido diagnosticado com

autismo quando tinha 3 anos e meio de idade. Agora, com 6 anos, seus pais haviam encontrado formas

de lidar com alguns de seus comportamentos, mas não haviam encontrado nada que ajudasse Tom a

conseguir grandes saltos de desenvolvimento. Sim, ele havia aprendido algumas palavras, a pendurar

seu casaco quando chegava da escola, a levar seus pais até a geladeira ao invés de chorar quando

estava com fome. Emily e Steve eram muito gratos por essas habilidades desenvolvidas, e ao mesmo

tempo, desejavam mais para Tom. Eles queriam mais palavras? Mais habilidades? Estas coisas

certamente ajudariam Tom, mas não eram exatamente o que Emily e Steve queriam. Eles desejavam

conhecer melhor o filho, senti-lo próximo, conectar-se com ele para saber se ele os conhecia e os amava.

Eles conseguiam preciosos instantes de conexão. Steve gostava de rolar pelo quarto e pela cama com

Tom. Às vezes, durante estas brincadeiras, o pai notava o filho olhando de volta para ele, rindo, com a

face animada e os olhinhos brilhando em em meio à diversão compartilhada. Steve podia perceber em

Tom o reconhecimento e o prazer como se seus olhos estivessem dizendo “nós estamos brincando

juntos, pai, isto não é divertido?” Por cerca de um ou dois minutos, eles estavam juntos, rolando, rindo,

fazendo cócegas, como qualquer pai e filho brincando juntos. Steve aprendeu a saborear estes momentos

de conexão com Tom, a entregar-se à brincadeira e a tentar mantê-la pelo maior tempo possível. Ele

sabia que após alguns minutos esta versão brilhante de Tom começaria a se esvaecer. Primeiro ele

perderia o olhar de Tom, perceberia que Tom não mais olhava para ele, mas sim um olhar vago que

parecia atravessar a sua cabeça. Perceberia que seus olhos não mais brilhavam, se tornavam como que

“embaçados”. Steve então faria mais cócegas na barriga ou nos pés de Tom para tentar recuperar a

interação – isto às vezes funcionava. Mas o que acontecia com mais frequência era Steve observar seu

filho virar-se para o outro lado e em alguns instantes era como se ele desaparecesse em seu próprio

mundo. Tom saía da cama e do quarto sem nenhum comentário. Steve encontrava-se então ajoelhado na

cama lidando com dois sentimentos conflitantes: a alegria por ter brincado e um profundo sentimento de

perda.

O sentimento de perda relativo à repentina saída de Tom do quarto e a sensação de perda mais profunda

da infância de seu filho. Ele sentia como se tudo que ele havia imaginado quando Tom havia nascido –

jogos de baseball, futebol no quintal, construção de fortes – estava sendo cruelmente retirado de sua

realidade . Steve e Emily aprenderam a enterrar os sonhos que uma vez tinham sonhado para seu filho.

Quando Emily encontrou o site do Programa Son-Rise na internet ela não conseguiu acreditar. O filho

daquelas pessoas havia se recuperado do autismo – como era possível? Todas as pessoas com quem

ela havia conversado tinham lhe dito que a condição de Tom era permanente, que ele teria autismo

durante toda a vida. Mas havia aquela história e a história de outras famílias que haviam utilizado aquele

método. Durante os dias seguintes, Emily ficou dividida.

Quando ela voltava a ler o site do Programa Son-Rise ela sentia-se inspirada, empolgada, animada com

as possibilidades que aquilo poderia significar para sua família. Daí dúvidas começavam a aparecer,

“Como posso saber se funcionará para o Tom?”, “Será que eu consigo fazer isto?”, “Será que é

verdade?”, “Por que ninguém me contou sobre isto antes?”, “E se tentarmos, mas não funcionar?”, “Pode

ser verdade?” Ambos os pais alternavam-se entre a empolgação com as possibilidades deste novo

caminho e o medo de nutrir esperança em relação ao filho. “E se tivermos esperança e nada acontecer?”

Emily decidiu ligar para o Autism Treatment Center of America e passou 20 minutos conversando com um

pai que havia utilizado o Programa Son-Rise com seu próprio filho, um garoto que não tinha mais o

diagnóstico de autismo e que estava frequentando uma escola para crianças típicas sem nenhum traço de

suas dificuldades anteriores. E Emily inscreveu-se no curso de introdução Start-Up do Programa Son-

Rise.

A História de Steve e Emily

A Continuação da História de Steve e Emily

(Veja o começo da história)

Eu só voltei a trabalhar com Emily e Steve 6 meses depois quando fui até a casa deles para uma visita

domiciliar do Programa Son-Rise. Durante o curso de introdução Start-Up eles haviam aprendido como

criar um quarto de trabalho para Tom, além de todas as atitudes e técnicas básicas que eles precisavam

para começar a trabalhar com ele. Quando perguntei a eles como andava o programa, eles me contaram

muito empolgados sobre o quarto que Steve e seu irmão haviam construído e todos os brinquedos que

eles haviam conseguido para as prateleiras do quarto.

“Então como você se sente em relação ao seu tempo no quarto com o Tom?”, eu perguntei.

“Humm...bem... Tem sido OK”, Emily respondeu.

“O que OK significa para você?” Meu treinamento no Autism Treatment Center of America havia me

ensinado a sentir-se confortável para fazer perguntas que a maioria das pessoas não pergunta – eu

queria compreender melhor a experiência deles.

“Bem...hum...é bom ter este tempo no quarto com o Tom e ele tem realmente feito muito mais contato

visual do que ele costumava, e falado mais palavras também. Ele disse ‘nana’ na semana passada

quando ele queria uma banana. Foi a primeira vez que ele disse ‘nana’.”

“Isso é maravilhoso”, eu disse. “Então por que você descreve o seu tempo lá como ‘OK’?” As pessoas são

geralmente reticentes ao falar sobre situações em que não se sentem bem, eu também era quando

comecei este processo de questionar minhas emoções e as crenças que levavam a elas. E aprendi a

continuar a questionar de forma respeitosa.

Emily foi um pouco mais adiante, “Bem, porque eu realmente não acredito que sei o que estou fazendo lá.

Eu tento lembrar o que eu aprendi no curso Start-Up, mas nunca sei se o que estou fazendo é o certo.

Como, por exemplo, ontem: eu estava balançando o Tom nas costas como cavalinho e pedia para ele

dizer ‘balançar’, assim como aprendemos. Ele não dizia, então eu pedi mais algumas vezes e daí desisti.”

“Por que você desistiu?” A idéia de fazer esses tipos de perguntas costumava me amedrontar. Eu

costumava pensar que estas perguntas seriam percebidas como ataque ou crítica e acabava não as

perguntando.

O que eu sei agora é que se eu estou genuinamente curiosa em relação a uma pessoa e não a estou

julgando ou criticando, a minha atitude será transmitida nas minhas perguntas e as pessoas ficarão mais

abertas para respondê-las.

“Porque não estava funcionando. Ele apenas continuava pulando nas minhas costas e dando

gargalhadas.”

“Então, mesmo com ele não respondendo aos seus pedidos, por que você parou de tentar?” Eu podia ver

Emily parando e estudando a minha expressão facial, procurando pela intenção por trás de minha

pergunta direta. Continuei olhando para ela, de forma amorosa, desejando o melhor para ela, curiosa

sobre ela. Em um certo momento, ela parou de olhar para mim e pareceu mergulhar em seu próprio

universo buscando a resposta para a pergunta.

“Parecia sem sentido. Ele não estava dizendo nada. Eu não acreditava que ele fosse falar, então eu parei

de tentar”, ela finalmente disse.

Ali estava a crença dela. A crença que estava impedindo que ela conseguisse inspirar Tom a se

desenvolver o quanto ele pudesse – “eu não acreditava que ele fosse falar”. Eu queria ajudar Emily a ver

que este pensamento que ela tinha tido no quarto estava impedindo que ela conseguisse o que queria,

ajudar o Tom a sentir-se motivado para falar com ela. Eu fiquei curiosa para saber por que ela acreditava

que ele não iria falar a palavra, então fiz esta pergunta.

“Porque ele nunca disse esta palavra”, ela respondeu como a uma questão redundante.

“Mesmo nunca tendo dito a palavra ‘balançar’, por que naquele momento você acreditou que ele nunca

iria dizer?”, perguntei a ela.

“Eu entendo o que você quer dizer.”

Eu não queria dizer nada, eu estava apenas tentando entender por que ela estava tendo um pensamento

que estava claramente impedindo que ela conseguisse o que ela realmente queria. As pessoas

frequentemente reagem desta forma quando uma pergunta os ajuda a adotar uma nova perspectiva.

Emily expressou seu novo ponto de vista: “O fato de nunca ter falado a palavra antes não significa que ele

nunca irá fazê-lo. Ele nunca tinha dito ‘nana’ antes da semana passada e aí disse. Então eu entendo o

que você quer dizer, não há nenhuma razão para pensar que ele não irá dizer a palavra.” Emily sorriu e

balançou a cabeça para cima e para baixo, como que confirmando sua nova perspectiva.

Emily percebeu que ela poderia adotar uma crença diferente nesta situação, o que claramente resultaria

em ações diferentes por parte dela. Minha experiência com o Processo Option mostrou para mim que há

sempre uma razão para adotarmos qualquer crença. No caso de uma crença limitadora, a descoberta de

quais são as outras crenças que a sustentam pode ajudar a causar uma mudança de perspectiva ainda

maior e de repercussão mais ampla no comportamento do indivíduo. Por esta razão, fiz outra pergunta a

Emily.

“Eu entendo que você consegue ver a situação de uma nova maneira agora, mas por que você acha que

naquele momento você não acreditou que Tom conseguiria falar ‘balançar’?”

“Eu não sei,” foi sua rápida resposta. Quando os meus professores do Programa Son-Rise começaram a

me fazer perguntas deste tipo, esta era a minha resposta mais frequente. Naquele ponto do meu

treinamento, eu ainda não acreditava que havia uma razão para cada crença minha, e por ter pouca

prática em acessar aquelas razões eu terminava por ficar com a mente em branco, sem resposta. Minha

experiência com este processo veio mostrar para mim que todas as pessoas conseguem achar suas

respostas se elas quiserem, sendo assim, ofereci a Emily uma outra oportunidade para encontrar a

resposta.

“Então, se você tentar imaginar uma resposta, qual é a primeira coisa que vem à cabeça?” Isto

geralmente ajuda, alivia a pressão para que achemos a resposta “certa” e possibilita que encontremos

uma resposta.

“Ah! Sim...hum... o que vem à cabeça é que é mais fácil acreditar que Tom não consegue dizer a palavra

e desistir de pedir, do que acreditar que ele consegue.”

“Por quê?”

“Porque... e se eu acreditar que ele consegue dizer e ele não disser?”

“ O que aconteceria se fosse essa a situação?”

“Significaria que teria sido culpa minha. Se ele pudesse dizer, mas não dissesse, isto só poderia significar

que eu havia feito algo errado, que eu não estava pedindo da forma certa, o momento escolhido por mim

estava errado... algo errado.” Ela olhava para mim intensamente. “Se você fizesse tudo que pudesse para

ajudá-lo a falar a palavra e ele não a dissesse, por que isso significaria que teria sido por sua culpa?” Ao

ouvir a pergunta, Emily pareceu ficar pálida.

“Porque eu sou a mãe dele”, disse ela agora chorando e olhando para baixo.

As lágrimas para mim eram uma indicação de que estávamos chegando perto de algo que poderia

transformar profundamente a experiência de Emily com o seu filho. Em uma fase inicial do meu

treinamento, eu teria parado com as perguntas neste ponto e teria dito algo para acalmá-la e ajudá-la a

parar de chorar. Agora eu sabia que isto não era o melhor a fazer para ajudar Emily. Eu ofereci a ela um

lenço de papel e continuei nosso diálogo.

“Por que o fato de você ser a mãe dele significa que é sua culpa se ele não falar?”

“Porque eu teria falhado como mãe dele. Eu teria feito errado e ele não poderia contar comigo. Ele não

tem mais ninguém com quem contar, só eu e o Steve.” Ela chorava intensamente agora , torcendo o lenço

em suas mãos. Steve aproximou-se no sofá para confortá-la.

“Então por que, se você fizesse tudo que pudesse para ajudar o Tom a falar uma palavra e ele não

falasse, você diria a você mesma que você teria falhado?”

Emily olhou para mim através das lágrimas.

“Bem, quando você coloca desta maneira...” Mais uma vez, uma simples pergunta nascida de curiosidade

e aceitação tinha aberto mais uma porta para um novo jeito de pensar. “Talvez eu esteja sendo muito

dura comigo mesma. Eu estava fazendo tudo que eu sabia fazer para ajudá-lo a falar a palavra, eu estava

fazendo o melhor que eu podia. E o Tom também, nós dois estávamos fazendo o melhor que podíamos.

Ele não disse a palavra, mas talvez se eu tivesse tentado algo diferente ou apenas continuado a tentar

por mais tempo ele poderia ter falado. Eu desisti porque eu estava com medo de ser um fracasso.”

Emily relaxou o corpo no encosto do sofá e sorriu. “Por que você está sorrindo?”, perguntei.

“Porque eu estou vendo de maneira diferente. Eu vejo que se eu não estou tão ocupada em me culpar

pelo que Tom não está fazendo, me sentindo mal por isso, eu terei mais tempo para tentar fazer coisas

que serão na verdade mais úteis para ele. Uau! Isso vai fazer com que seja muito mais fácil estar no

quarto com ele. Vai fazer tudo mais fácil!”

Emily e Steve haviam sentido-se inicialmente atraídos pelo Programa Son-Rise porque este oferecia

esperança. O programa os convidava para uma aventura onde outros haviam enxergado apenas uma rua

sem-saída. Durante os 5 dias do curso Start-Up, eles haviam se emocionado com as experiências de

famílias que haviam feito o programa antes deles e haviam ficado profundamente inspirados com a idéia

de acreditar em possibilidades ilimitadas para Tom. Emily havia retornado para casa acreditando que Tom

poderia aprender todas as coisas que ela desejava para ele. Ele começou a falar mais palavras e a utilizar

maior contato visual nos primeiros meses do programa domiciliar de sua família. Mas foi após deste

diálogo do processo Option que o desenvolvimento de Tom realmente acelerou porque Steve e Emily

começaram a conseguir implementar o programa sem que seus medos e inseguranças em relação a eles

mesmos bloqueassem o caminho.

Este foi o início para Emily. O início de uma maior compreensão de como ela operava e o início de

brincadeiras com o Tom nutridas principalmente por amor e entusiasmo ao invés de culpa e medo.

Durante os dois dias de visitas domiciliares, e subsequentes consultas por telefone, Emily continuou a

investigar sua auto-crítica, enquanto Steve investigou seus sentimentos de perda e adquiriu maior

consciência de como eles afetavam suas interações com Tom. O Programa Son-Rise que eles

implementaram tornou-se uma experiência de aprendizado para todos eles.

Os Sentimentos

Muitos de nós vivem o dia-a-dia com pouca consciência de como nos sentimos. Estamos geralmente

muito ocupados na realização de tarefas e raramente encontramos tempo para sentir. Sentir-se inspirado

por sua criança com autismo (ou por qualquer outro aspecto da sua vida) não é apenas um exercício

mental para se descobrir uma perspectiva inspiradora pela qual você pode ver o mundo. É o sentir que

esta perspectiva é real para você, e sentir-se bem enquanto você a adota. São nossos sentimentos que

dão significado para nossas vidas e para as experiências que criamos para nós mesmos.

Em nossa cultura, muita ênfase é colocada em emoções como o medo, raiva e tristeza. E de fato, estas

são as emoções que as pessoas mais tendem a lembrar-se da experiência, e também as expressadas

mais intensamente. Estas experiências emocionais também são as mais estressantes para o corpo e a

mente, e não facilitam a criação de um ambiente estimulante e de expansão para você ou sua família.

Mas quando nos sentimos entusiasmados, inspirados e alegres, nos colocamos em um outro estado. Um

em que temos abundância de energia, enxergamos possibilidades ilimitadas, e nos envolvemos

profundamente com os eventos de nossas vidas e com as pessoas ao nosso redor.

Um jeito fácil de se começar este processo é através da apreciação. Muito cedo em nossas vidas somos

todos ensinados a dizer “obrigado” quando as pessoas nos oferecem algo. Mas em que frequência

sentimos uma sensação física e emocional de profunda gratidão ao dizermos “obrigado”? Geralmente

somos ensinados a dizer “obrigado” para sermos “bem-educados” e mostrarmos consideração pela

pessoa que nos oferece o presente. Raramente somos ensinados a sentir uma emoção de profunda

gratidão e a compartilhar este sentimento com a outra pessoa.

Apreciação é um estado identificável cientificamente. Há um certo padrão fisiológico que corresponde a

uma pessoa sentindo apreciação. Os cientistas vêm recentemente descobrindo que maiores períodos em

um estado de apreciação levam a maior longevidade, melhoras na saúde, relacionamentos e funções

mentais (veja Recursos para maiores informações). Todos os pais apreciam suas crianças; pais de

crianças com autismo muitas vezes acabam preocupando-se tanto com a criança que esquecem-se de

focar no amor e apreciação que eles naturalmente têm. É fácil fazer – tente agora seguindo estes 3

passos:

Sentir Uma Maior Apreciação

1. Qual é a atividade favorita de sua criança? Ela gosta de alinhar objetos, pular na cama, rodar em

círculos, fazer barulhos, falar sobre dinossauros? Escolha uma das atividades de sua criança e

vá fazê-la com sua criança. Não estamos falando sobre ficar no mesmo quarto enquanto

apenas a sua criança brinca, estamos falando sobre correr com ela, ou deitar no chão e alinhar

os carros com ela. Faça o que a criança estiver fazendo mesmo que a atividade pareça uma

tolice. Siga (acompanhe) a sua criança. Não tente guiar ou direcionar, apenas siga a criança.

2. Enquanto você acompanha a criança na atividade dela, procure envolver-se com a atividade. No

Programa Son-Rise, isto é chamado de “estar presente”. Desapegue-se de quaisquer outros

pensamentos. Pare de pensar no que as outras pessoas iriam pensar se elas vissem você

correndo e balançando as suas mãos. Não preste atenção a pensamentos como “Isso é uma

tolice”, “Eu sou muito velho para isso”, “Minha criança vai pensar que eu enlouqueci!”. Apenas

envolva-se na atividade, qualquer que seja.

3. Uma vez “presente” na atividade, comece a procurar uma forma de apreciar esta experiência e a

criança que você está acompanhando. Você poderia olhar para sua criança e sentir-se grato

por ela ter encontrado uma atividade que ela claramente gosta. Você poderia encontrar algo na

atividade que você aprecia – o que você sente no seu corpo ao fazer a atividade, como você

vê as coisas durante a atividade, ou algum som que você ouve. Encontre algo em relação a

esta atividade que você consegue genuinamente apreciar. Daí foque neste sentimento de

apreciação enquanto você continua a seguir sua criança. Esteja consciente de como você se

sente neste estado de apreciação e gratidão enquanto você acompanha sua criança na

atividade escolhida por ela. Tente fazer esta apreciação maior e maior enquanto você continua.

Um número cada vez maior de psicólogos e pesquisadores estão percebendo que o amor e a expressão

sincera de apreciação por uma criança são componentes essenciais (há muito tempo ignorados) para a

educação e o desenvolvimento de uma criança. A ciência está começando a compreender a importância

destas profundas emoções humanas no desenvolvimento de uma criança, especialmente no

desenvolvimento de crianças com autismo. Esta noção é importantíssima para o Programa Son-Rise,

abordagem que não se desenvolveu através de experimentações científicas, mas através do ilimitado

amor e desejo de dois pais para se conectar com seu filho.

As Intenções

Passar a se sentir de forma radicalmente diferente em relação a ser pai ou mãe de uma criança com

autismo é algo que requer prática- assim como qualquer outra habilidade que valha a pena se esforçar para

adquirir. O poder da nossa vontade é muito grande. A atual neurociência tem demonstrado que podemos

literalmente modificar a estrutura de nossos cérebros quando nos concentramos em novos jeitos de pensar

(veja em Material de Apoio). Se você investir diariamente na incrível força que seus pensamentos

possuem, você treinará o seu cérebro para pensar sobre o autismo de forma diferente, e o seu corpo para

se sentir de forma diferente em relação ao autismo. Isto significa que todos os dias você acordará e

decidirá novamente sentir-se grato por sua criança ser exatamente do jeito que ela é.

Toda vez que você interagir com sua criança lembre-se de que sua profunda apreciação por ela é mais

importante do que seus pensamentos em relação ao aprendizado dela. A apreciação genuína do atual

estágio de desenvolvimento da sua criança é o primeiro passo para se inspirar mais crescimento. Se você

perceber que está se sentindo estressado ou infeliz em relação à condição ou comportamento de sua

criança, decida retornar para o estado de apreciação.

Todos os pais amam suas crianças. Muitas vezes, pais de crianças com autismo acabam focando mais em

pensamentos de preocupação, desespero ou pesar em relação às suas crianças ao invés de focarem no

amor e apreciação que eles sentem por elas. Os 30 anos de experiência com o Programa Son-Rise têm

nos mostrado que quando os pais conseguem focar essencialmente no amor, as crianças começam a

responder e se desenvolver mais. Este processo tem início com a tomada de decisão por parte dos pais

para realizarem esta mudança consciente do jeito de pensar.

Informe-se

A visão convencional do autismo é a de uma condição permanente e irreversível. Com frequência, o

autismo é visto como uma tragédia e as crianças são vistas como defeituosas e com a necessidade de

conserto. A Inspirados pelo Autismo adota uma perspectiva diferente – uma de esperança e crença em

possibilidades ilimitadas. Nós temos observado que o autismo não precisa ser uma condição para toda a

vida, e que crianças com autismo sentem-se motivadas para aprender e interagir quando são oferecidos a

elas ambientes físicos e sociais otimizados.

Nossas ações são guiadas por nossas percepções, isto é, o que nós vemos e acreditamos direciona as

nossas ações. E nossas ações, por sua vez, têm consequências neste mundo que percebemos e sobre o

qual elaboramos crenças. Estas crenças então guiam nossas ações. Portanto, se adotamos a crença de

que o autismo é uma condição permanente e irreversível, esta crença direcionará nossas ações. Guiados

por esta crença, faz sentido que não tentemos reverter o autismo, mas apenas administrá-lo. Isto explica

o porquê de tantas abordagens de tratamento focarem no manejo de comportamentos e ensino de

habilidades básicas de auto-ajuda ao invés de trabalharem com a essência da questão – a motivação e a

aptidão para a interação social. Esta abordagem do autismo, durante os últimos 50 anos, tem sustentado

a crença original do autismo como sendo irreversível. E assim o ciclo continua...

Os fundadores do Programa Son-Rise, Barry e Samahria Kaufman, escolheram intencionalmente

acreditar em algo diferente em relação ao autismo de seu filho. Eles decidiram acreditar que era possível

aproximar-se dele apesar de ser tão introspectivo, e de não possuírem nenhuma “evidência” como

suporte para esta crença. Eles decidiram acreditar assim mesmo. As ações que se seguiram após esta

decisão formaram as técnicas e atitudes do que hoje é chamado Programa Son-Rise. Os resultados

observados por eles ajudaram a fortalecer a crença na reversibilidade do autismo, e eles passaram a

trabalhar com outras crianças. Mais uma vez, o ciclo continua.

A questão não é saber qual perspectiva está certa, mas qual perspectiva é a mais útil.

Informações sobre o autismo sob a ótica convencional do autismo estão amplamente disponíveis. Nós

recomendamos que todos os pais aprendam sobre o autismo e suas abordagens de tratamento através

das diversas perspectivas para que encontrem aquela que mais os agrada. As páginas seguintes

apresentam informações sobre o autismo e seu tratamento através da perspectiva da Inspirados pelo

Autismo, explicando como esta perspectiva coincide com os achados de recentes pesquisas na área de

psicologia e neurociência.

“...Ter esperança apenas ajuda, nunca causa danos, eu não acredito que a esperança possa ser “falsa”.

Quando eu fui diagnosticado com autismo de grau severo, meus pais decidiram ver possibilidades onde

outros não viam nenhuma saída, e foi essa perspectiva que possibilitou minha recuperação completa.”

Raun K. Kaufman

© 2009 Inspirados pelo Autismo -- Conta

1. Passe 30 minutos por dia 1:1 (um a um) com sua criança. · Leve sua criança para o quarto mais calmo e silencioso de sua casa. · Faça o melhor para preparar o quarto de forma que não haja interrupções nesses 30 minutos. · Leve com você uma pequena caixa de brinquedos ou atividades. (Deixe os brinquedos eletrônicos do lado de fora). · Pouco a pouco aumente o tempo que você passa 1:1 com sua criança com acréscimos de 15 minutos. 2. “Junte-se” à criança. Como uma maneira de entender e construir uma relação mais profunda com sua criança faça exatamente o que ela está fazendo. Concentre-se em se divertir nesse momento “no mundo dela”. Por exemplo: · Se sua criança estiver pulando numa bola, pule numa bola também. · Se sua criança estiver correndo de um lado para o outro, corra de um lado para o outro. · Se sua criança estiver recitando a cena de um filme ou livro, recite a mesma cena com ela. · Se sua criança estiver resolvendo problemas de matemática, faça os seus próprios problemas de matemática com ela. · Se sua criança estiver olhando fixamente para a parede, olhe para a parede com ela. · Faça o que ela estiver fazendo, exatamente da mesma forma. · À medida que você fizer o que ela estiver fazendo, concentre-se em realmente se divertir com a atividade. 3. Concentre-se no contato visual. Quanto mais a criança olhar mais ela aprenderá. Quanto mais você se concentrar no contato visual com sua criança, mais esse contato aumentará – dando a oportunidade de sua criança aprender com você. O contato visual é de fundamental importância para todos os aprendizados futuros. Por exemplo: · Celebre com sua criança cada vez em que ela olhar para você. Você pode dizer, “Uau, eu adoro quando você olha para mim!” ou “O seu olhar é lindo!” ou “Obrigado por olhar para mim.” Não importa o que você diga, mas sim que você se sinta entusiasmado e agradecido pelo fato de sua criança ter escolhido olhar diretamente para os seus olhos. · Traga a atenção para a sua face e olhos. Torne o seu rosto interessante usando chapéus, óculos divertidos, adesivos e pinturas, etc. · Posicione-se em frente à criança, no nível dos olhos ou abaixo, tornando mais fácil

para ela olhar para você. Quando oferecer brinquedos, alimentos ou algo para beber, posicione-os na altura dos seus olhos próprios olhos. Postado por Marcelo Rodrigues às 12:58 Marcadores: Programa Son-Rise, Terapias

1 comentários: No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, fundadores do Programa Son-Rise®, ouviram dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun, diagnosticado com autismo severo e um QI abaixo de 40. Decidiram porém acreditar na ilimitada capacidade humana para a cura e o crescimento, e puseram-se à procura de uma maneira de

aproximar-se de Raun. Foi a partir da experimentação intuitiva e amorosa com Raun, há cerca de 30 anos atrás, que eles desenvolveram o Programa Son-Rise. Raun se recuperou de seu autismo após 3 anos e meio de trabalho intensivo com seus pais. Ele continuou a se desenvolver de maneira típica, cursou uma universidade altamente conceituada e agora é o CEO do Autism Treatment Center of América, fundado por seus pais em Massachusetts, nos EUA. Desde a recuperação de Raun, milhares de crianças utilizando o Programa Son-Rise têm se desenvolvido muito além das expectativas

convencionais, algumas delas apresentado completa recuperação. O Programa Son-Rise é centrado na criança (ou no adulto com autismo). Isto significa que o tratamento parte do desenvolvimento inicial de uma profunda compreensão e genuína apreciação da criança, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus interesses. O Programa Son-Rise descreve isto como o “ir até o mundo da criança”, buscando fazer a ponte entre o mundo convencional e o mundo desta criança em especial. Com esta

atitude, o adulto facilitador vê a criança como um ser único e maravilhoso, não como alguém que precisa “ser consertado”, e pergunta-se “como eu posso me relacionar e me comunicar melhor com essa criança?” Quando a criança sente-se segura e aceita por este adulto, maior é a sua receptividade ao convite para interação que o adulto venha a fazer.

O Programa Son-Rise oferece uma abordagem prática e abrangente para

inspirar as crianças (e adultos) com autismo a participarem ativamente em

interações divertidas, espontâneas e dinâmicas com os pais, outros adultos e

crianças. O corpo de experiência do Programa Son-Rise demonstra que

quando uma criança com autismo passa a participar deste tipo de

experiência interativa, ela torna-se aberta, receptiva e motivada para

aprender novas habilidades e informações. A participação da criança nestas

interações seria então fator chave para o tratamento e recuperação do

autismo. O papel dos pais é essencial neste processo de tratamento. O

Programa Son-Rise propõe a implementação de um programa dirigido pelos

pais no domicílio da criança, e os instrui na construção um ambiente físico

e social otimizado que estimule uma profunda ligação emocional com sua

criança e facilite o seu aprendizado social.

Durante todo o processo, o crescimento emocional dos pais é enfatizado. Orientação atitudinal é oferecida para os pais para ajudá-los a trabalhar quaisquer crenças limitantes ou sentimentos negativos em relação a eles mesmos, à criança ou ao diagnóstico da criança. Instruções práticas são oferecidas para auxiliar os pais na criação de uma nova perspectiva que os

habilite para relacionarem-se com a criança a partir de um profundo sentimento de apreciação e alegria.

As sessões individuais (um-para-um) do Programa Son-Rise são realizadas

na residência da pessoa com autismo, em um quarto especialmente

preparado com poucas distrações visuais e auditivas, contendo brinquedos e

materiais motivadores para a criança ou adulto com autismo que sirvam

como instrumento de facilitação para a interação e subseqüente

aprendizagem.

Os pais aprendem a construir experiências interativas estimulantes que convidem sua criança a desenvolver-se socialmente dentro de um currículo claramente definido. No Programa Son-Rise, toda a aprendizagem acontece no contexto de uma interação divertida, amorosa e espontânea que inspira tanto pais como criança. O Programa Son-Rise é lúdico. Isto significa que dá-se ênfase à criação de divertidas e motivadoras atividades nas quais a criança esteja empolgada para participar. A ênfase está na diversão. Ao seguir os interesses da criança e compreender os princípios básicos do brincar, torna-se fácil a criação de atividades motivadoras para esta criança. O mesmo aplica-se para o trabalho com um adulto. As atividades são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao estágio de desenvolvimento específico do indivíduo, qualquer que seja sua idade. Uma vez que a pessoa com autismo esteja motivada para interagir com um adulto, este adulto facilitador poderá então criar interações que a ajudarão a aprender todas as habilidades do desenvolvimento que são aprendidas através de interações dinâmicas com outras pessoas (por exemplo, habilidades de linguagem e de conversação, o contato de olho-no-olho, a brincadeira criativa, a imaginação, as sutilezas do relacionamento humano). O Programa Son-Rise instrui os pais na criação destas efetivas interações com a criança de forma que eles possam dirigir o programa de sua criança e ajudá-la durante todas as interações diárias com ela.

Diversos tratamentos biomédicos e abordagens educacionais têm sido desenvolvidos mundialmente com o objetivo de promover o desenvolvimento social e a recuperação das pessoas com autismo, dentre eles o Programa Son-Rise*. O programa é um eficiente método educacional para crianças com autismo, desenvolvido pelo The Autism Treatment Center of America, em Massachusetts, nos Estados Unidos, e tem sido aplicado em diversos países com excelentes resultados. No início dos anos 70, o casal Barry e

Samahria Kaufman, fundadores do Programa Son-Rise, ouviram dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun, diagnosticado com autismo severo e um QI abaixo de 30. Decidiram, porém, acreditar na ilimitada capacidade humana para a cura e o desenvolvimento, e puseram-se à procura de uma maneira de aproximar-se de Raun – que se encontrava em estado de total isolamento, não interagindo nem mesmo com os pais. Foi a partir da experimentação criativa e amorosa com Raun, cerca de 30 anos atrás, que eles desenvolveram o Programa Son-Rise. Raun Kaufman se recuperou de seu autismo após três anos e meio de trabalho intensivo com seus pais. Ele continuou a se desenvolver de maneira típica, cursou uma universidade altamente conceituada e agora é o CEO do Autism Treatment Center of America, fundado por seus pais em Massachusetts, nos EUA. Desde a recuperação de Raun, milhares de crianças utilizando o Programa Son-Rise têm se desenvolvido muito além das expectativas convencionais, algumas delas têm apresentado total recuperação do autismo. Os resultados do Programa Son-Rise têm recebido cobertura da mídia internacional, principalmente nos EUA e Europa, destacando-se o documentário produzido pela TV inglesa BBC intitulado “I Want My Little Boy Back” (“Eu Quero Meu Garotinho de Volta”), e o filme produzido pela NBC americana inspirado na história da família Kaufman “Son-Rise – A Miracle of Love” (lançado no Brasil com o título “Meu Filho Meu Mundo”, pela Globo Vídeo).

A Aplicação do Programa

“No Programa Son-Rise, a aceitação da pessoa com autismo, associada a uma atitude positiva – de entusiasmo e esperança – em relação ao potencial de desenvolvimento desta pessoa, são princípios básicos para o tratamento.”

O Programa Son-Rise oferece uma abordagem educacional prática e abrangente para inspirar as crianças, adolescentes e adultos com autismo a participarem ativamente em interações divertidas, espontâneas e dinâmicas com os pais, outros adultos e crianças. O corpo de experiência do Programa Son-Rise demonstra que quando uma pessoa com autismo passa a participar deste tipo de experiência interativa, ela torna-se mais aberta, receptiva e motivada para aprender novas habilidades e informações. A participação da pessoa nestas interações seria então fator-chave para o tratamento e recuperação do autismo.

O Programa Son-Rise é centrado na criança (ou no adulto) com autismo. Isto significa que o tratamento tem início na busca de uma profunda compreensão e genuína apreciação da criança, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus interesses. O Programa Son-Rise descreve isto como o “ir até o mundo da criança”, buscando fazer a ponte entre o mundo convencional e o mundo desta criança em especial. Com esta atitude, o adulto facilitador vê a criança como um ser único a ser respeitado, não como alguém que precisa “ser consertado”, e pergunta-se, “como eu posso me relacionar e me comunicar melhor com essa criança?”. Quando a criança sente-se segura e aceita por este adulto, maior é a sua receptividade ao convite para interação que o adulto venha a fazer.

Nesta abordagem centrada na criança, adotamos um estilo responsivo de interação, onde procuramos responder aos sinais de comunicação que a criança nos oferece, sejam estes verbais ou não verbais. Em primeiro lugar, observamos o estado de disponibilidade para interação em que ela se encontra a cada momento. Ao notarmos uma criança em comportamento repetitivo e/ou de isolamento, caso este não seja um comportamento que promova qualquer risco para a sua integridade física, dos outros, ou da propriedade, permitimos que o comportamento ocorra, para que a criança possa fazer a sua autorregulação e satisfazer suas necessidades sensoriais. Além de respeitarmos o ritmo da criança, nos juntamos a ela, fazendo o que ela faz naquele momento. Esta experiência demonstra para a criança a nossa aceitação e nos informa sobre muitos de seus interesses, assim como de suas necessidades e preferências sensoriais. Estas valiosas informações nos ajudam em outros momentos a criar atividades interativas que atendam a estas necessidades e preferências da criança.

Enquanto nos juntamos à criança, permanecemos disponíveis para interagir com ela quando ela quiser e puder. Quando ela passa a nos oferecer “sinais verdes para a interação”, como por exemplo, olhando em nossa direção ou para o que estamos fazendo, olhando em nossos olhos, falando conosco, oferecendo algum contato físico, seu estado de disponibilidade está mudando e ela está agora interessada em nós e em nosso mundo. Aproveitamos esta oportunidade para tentarmos então criar alguma atividade interativa com ela, convidando-a para interagir conosco em uma atividade que possa ser interessante e divertida para ela. Enquanto a criança participa da atividade ou da brincadeira, inserimos metas educacionais personalizadas que ajudam a criança a aprender brincando. Quanto mais motivada a criança estiver dentro da atividade, mais participações conseguiremos solicitar dela e, de uma forma divertida, incentivá-la a superar suas dificuldades e desenvolver suas habilidades.

No Programa Son-Rise, toda a aprendizagem acontece no contexto de uma interação divertida, amorosa e dinâmica. A ênfase está na diversão. O mesmo aplica-se para o trabalho com um adulto. As atividades

são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao estágio de desenvolvimento específico do indivíduo, qualquer que seja sua idade.

O papel dos pais é essencial neste processo de tratamento. O Programa Son-Rise propõe a implementação de um programa domiciliar dirigido pelos pais, os quais podem contar com o auxílio de um grupo multidisciplinar de profissionais e voluntários. As sessões individuais (um-para-um) do programa são realizadas na residência da criança ou adulto com autismo, em um quarto especialmente preparado com poucas distrações visuais e auditivas, contendo brinquedos e materiais motivadores para a criança ou adulto com autismo que sirvam como instrumento de facilitação para a interação e subsequente aprendizagem. Os pais aprendem a construir, no dia-a-dia, experiências interativas estimulantes que convidem a criança a desenvolver-se socialmente dentro de um currículo claramente definido.

Ao propor uma abordagem inter-relacional, de valorização do relacionamento com a pessoa com autismo, o Programa Son-Rise promove oportunidades para que pais, profissionais e crianças construam, juntos, novas formas de se comunicarem e de interagirem, em que atividades motivacionais e lúdicas fornecem a base para o aprendizado social, emocional e cognitivo, para a autonomia e para a inclusão social.

Para informações sobre o Programa Son-Rise e dicas de sua aplicação, visite o site Inspirados pelo Autismo (www.inspiradospeloautismo.com.br) ou o site do instituto Autism Treatment Center of America (www.autismtreatment.org).

Mariana Tolezani é diretora da Inspirados pelo Autismo e facilitadora infantil certificada no Programa Son-Rise®, em 2006, pelo Autism Treatment Center of America (ATCA), em Massachusetts, EUA, além de ser formada em Comunicação Social, pela Escola de Comunicações e Artes da USP.

*Programa Son Rise é uma marca registrada pertencente ao The Option Institute & Fellowship, nos EUA.

Atividades Interativas

Esta página contém uma série de exemplos de atividades que podem ser criadas dentro do quarto de

brincar / interagir do Programa Son-Rise® para auxiliar crianças e adultos com autismo a interagir e

desenvolver suas habilidades sociais. As atividades abaixo estão divididas em duas partes, atividades

com metas educacionais variadas e atividades com metas específicas da área da comunicação verbal.

Recomendamos que a leitura das atividades siga a ordem apresentada nesta página:

Atividades Interativas Educacionais

Atividades Interativas para Desenvolver a Linguagem

ATIVIDADES INTERATIVAS EDUCACIONAIS

As atividades abaixo são exemplos de atividades interativas criadas dentro do quarto de brincar / interagir

do Programa Son-Rise®. As atividades podem ser adaptadas para a faixa etária, interesses e estágio de

desenvolvimento social de cada criança ou adulto com autismo. As metas educacionais de algumas

atividades também podem ser modificadas de acordo com as necessidades de cada pessoa. Por

exemplo, no Pega-Pega Surpresa, a meta apresentada é o aumento do contato visual, mas poderia ser

também a comunicação verbal, e o facilitador então solicitaria que a criança, ao invés fazer contato visual

através dos buracos do lençol, falasse uma palavra ou uma sentença para dar continuidade ao pega-

pega, de acordo com o estágio de desenvolvimento da comunicação verbal da criança.

Identifique o estágio de desenvolvimento social da criança ou adulto com autismo (ver Modelo de

Desenvolvimento do Programa Son-Rise) e elabore atividades divertidas e apropriadas às necessidades

de cada pessoa.

1. Caça ao Quebra-Cabeça

Meta: Inspirar um aumento do intervalo de atenção compartilhada.

Motivações / Interesses: Figuras, quebra-cabeças e passeios no colo ou de cavalinho.

Preparação: Imprima da internet ou desenhe uma versão grande de um dos personagens favoritos da

criança (Barney, um dos Backyardigans, Mickey, etc.). Plastifique com papel contact (para tornar o

material mais durável) e corte e pedaços para fazer um quebra-cabeça. Quando você entrar no quarto,

coloque as peças do quebra-cabeça em alguns pontos da prateleira.

Início da Atividade: Quando a criança oferecer a você um “Sinal Verde para Interação”*, apresente a

atividade pegando uma ou duas peças da prateleira. Explique animadamente que figura será formada

quando vocês pegarem todas as peças. Diga também que a maneira de pegar mais peças é ela subir no

seu colo ou costas para vocês passearem juntos pelo quarto procurando cada peça. Se a criança não

subir no seu colo imediatamente, procure convidá-la outras vezes quando ela oferecer Sinais Verdes até

que ela suba no seu colo.

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Passeie pelo quarto com a criança em seu

colo (ou costas) de formas divertidas. Pegue uma peça por vez e a leve até a mesa para adicioná-la ao

quebra-cabeça. Demonstre para a criança como pode ser divertido observar a figura crescer e se tornar o

personagem.

Solicitação: O objetivo aqui é prolongar a duração do intervalo de atenção compartilhada da criança,

portanto a única coisa a se solicitar é que a criança suba novamente em suas costas para vocês irem

pegar uma nova peça. Se a criança entrar em comportamento de isolamento e repetição antes de

completar o quebra-cabeça, junte-se à criança fazendo o que ela estiver fazendo. Quando ela oferecer

um novo Sinal Verde, convide-a para a atividade do quebra-cabeça novamente.

*Sinal Verde para Interação: Depois de um período de isolamento, a criança demonstrará estar disponível

para uma interação social através de um “Sinal Verde”. Há 3 tipos de Sinais Verdes: Contato visual;

Comunicação verbal; Contato físico.

2. Pega-Pega Surpresa

Meta: Estimular um maior contato visual (olho no olho).

Motivações / Interesses: Pega-pega ou cócegas; fantasias ou chapéus.

Preparação: Providencie uma sacola cheia de fantasias, chapéus, máscaras, asas, etc. Separe um

pedaço grande de papelão ou um lençol que você possa pendurar no teto para funcionar como um

biombo. Corte um ou dois buracos no papelão ou lençol no nível dos olhos da criança.

Início da Atividade: Quando a criança oferecer um Sinal Verde, apresente a atividade correndo atrás da

criança de forma divertida. Adapte a atividade para incluir os interesses de sua criança. Por exemplo, se

ela gosta de cócegas, corra atrás dela e faça cócegas no final.

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Se a criança demonstrar que quer que

você corra e faça cócegas de novo, corra para trás do papel ou lençol e esconda-se enquanto veste um

chapéu ou uma peruca. Apareça com a nova fantasia e corra atrás da criança. Repita esta rotina vestindo

cada vez uma fantasia diferente. Você pode fingir ser um personagem diferente com cada fantasia. Cada

personagem tem uma aparência, voz, jeito de falar, de correr e de fazer cócega diferente dos outros

personagens. Isto trará variação, dinamismo e suspense à atividade, tornando-a ainda mais divertida para

sua criança.

Solicitação: Quando você já tiver corrido com diferentes fantasias algumas vezes e a criança estiver

altamente motivada para mais corridas suas, você pode começar a solicitar. Vá para trás do papelão ou

lençol para trocar de fantasia e, antes de sair para mostrar a nova fantasia, coloque seus olhos no buraco

do “biombo” e peça para a criança olhar para os seus olhos através do buraco. Assim que ela olhar, pule

para fora do biombo e corra atrás dela. A cada vez que você se esconder atrás do biombo para trocar de

fantasia, solicite que a criança olhe nos seus olhos através do buraco antes de você aparecer.

3. Pescando as Sentenças

Meta: Estimular a utilização de sentenças mais longas.

Motivações / Interesses: Atividades físicas (ex: passear de cavalinho, balançar, rodar, pular na bola

grande, etc.)

Preparação: Em letras bem grandes, escreva as sentenças que descrevem atividades que você acredita

que sua criança terá interesse em participar. Por exemplo: “Eu quero passear de cavalo”, “Eu quero

balançar devagar”, “Eu quero pular na estrada de buracos”, “Eu quero voar de avião”, “Faça passeio de

elefante”, “Faça passeio de espirro”! Seja criativo em relação aos tipos de passeios, balanços e pulos que

você pode oferecer para a criança. Escreva quantas sentenças você conseguir inventar para ações que

você vai oferecer. Plastifique as sentenças para que elas possam ser reutilizadas. Depois corte as

sentenças em 3 partes para criar “piscinas” de palavras / frases. A 1ª piscina irá conter os inícios das

sentenças (ex: “Eu quero”, “Faça”, etc). A 2ª piscina terá as ações motivadoras (ex: “o passeio”,

“balançar”, etc.). A 3ª piscina terá as palavras descritivas da ação (ex: “de cavalo”, “de avião”, “de espirro”,

“devagar”, etc.). Cole um clipe de metal em cada pedaço de papel. Improvise uma vara de pescar com um

pequeno imã no fim da linha. Coloque as 3 piscinas (caixas, bacias) de categorias de palavras no quarto

de brincar / interagir.

Início da Atividade: Quando sua criança oferecer um Sinal Verde, corra para a 2ª piscina (verbos, ações)

e pesque você mesmo um pedaço de papel com uma palavra de ação. Leia a palavra para a criança e

ofereça a ação correspondente (um passeio, balanço ou pulo).

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Agora pesque uma palavra da 2ª e uma da

3ª piscina, e leia a combinação para a criança (ex: “pulo de elefante”). Ofereça esta ação para a criança.

Faça isto várias vezes até que sua criança esteja motivada o suficiente para vir ajudá-lo a pescar uma

palavra de cada piscina.

Solicitação: Quando sua criança estiver bem motivada dentro da atividade, você pode pedir para que ela

leia a sentença inteira ou para que repita depois de você. E você oferece a ação motivadora. Esta

atividade pode evoluir para um momento em que a criança não precise mais das palavras por escrito para

ajudá-la a elaborar uma sentença completa.

4. O Incrível Repórter

Meta: Inspirar um maior interesse em outras pessoas.

Motivações /Interesses: Jogo imaginativo, troféus, prêmios, medalhas.

Preparação: Separe para o quarto todos os brinquedos e objetos que se encaixem em uma temática de

expedições / safáris (ex: binóculos, telefone velho, chapéus, cordas, mochilas, comidas de plástico,

figuras de animais, etc.). Faça um mapa do território que vocês irão explorar na expedição. Faça um

“Caderninho de Notas do Repórter” com perguntas que você escreveu para a criança utilizar. Estas serão

perguntas que a criança fará para você quando você estiver fingindo ser personagens diversos (ex: “O

que você mais gosta da vida na savana africana?”)

Início da Atividade: Mostre o mapa para a criança de maneira muito animada e explique que um “jornal”

local quer que vocês façam uma reportagem sobre animais exóticos, dinossauros, alienígenas, pessoas

(o que quer que você acredite que seria mais interessante para a criança) que vivem naquele local do

mapa. Inicie a atividade oferecendo à criança uma maneira simples e física de participar, por exemplo,

segurar o mapa, dirigir o jipe, procurar girafas através dos binóculos, etc. Avise para a criança que

quando ela voltar para a redação do jornal com a reportagem ela receberá uma medalha ou troféu do

mais “Incrível Repórter”.

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Enquanto vocês viajam pelo território que

vocês criaram, utilize os seus 3E’s* para ajudar sua criança a ficar ainda mais motivada pela atividade.

Finja ser um dos animais (ou alienígenas, etc.) e se apresente à criança. Agindo como o personagem,

conte animadamente sobre você, respondendo a todas as perguntas que estão escritas no “Caderninho

de Notas do Repórter” sem que a criança precise fazer as perguntas.

Solicitação: Quando a criança estiver altamente envolvida na atividade, comece a pedir para ela fazer o

papel do repórter mais ativamente. Estimule a criança a perguntar para você as perguntas escritas no

caderno enquanto você finge ser os vários personagens que vocês encontram pelo caminho. Depois de

fazer isto com alguns personagens, diga para a criança que o repórter que provavelmente ganhará o

prêmio de “Incrível Repórter” será aquele que inventar novas perguntas para fazer. Encoraje a criança a

fazer perguntas que não estão escritas no caderno.

* 3E’s: Uma técnica fundamental do Programa Son-Rise. Os 3E’s são Energia, Entusiasmo e

Empolgação.

5. A Conversa com os Dados

Meta: Conversação com conteúdo social.

Motivação / Interesses: O assunto que sua criança goste de conversar (ex: carros, etc.).

Preparação: Faça dois dados gigantes (caixas quadradas embaladas em papel). Um dado será o dado

das “situações”, cada face terá uma situação diferente relacionada com a área de interesse de sua

criança (ex: o carro quebrando, comprando um novo carro, etc.). No outro dado, escreva em cada face

nomes de pessoas que sua criança conhece (ex: membros da família, voluntários do programa, o seu

nome e o nome da criança).

Início da Atividade: Explique para a criança a atividade. Neste jogo, cada um tem a sua vez para jogar

ambos os dados ao mesmo tempo. A combinação entre a situação e o nome da pessoa dita então o

tópico da conversa. A idéia é conversar sobre como aquela pessoa específica agiria naquela determinada

situação. Queremos encorajar conversas que tenham o foco em informações pessoais ao invés de

informações factuais. Se você jogar os dados e obtiver a mesma combinação uma segunda vez, jogue o

dado dos nomes novamente até que você tenha um nome diferente como tópico da conversa.

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Você joga os dados primeiro e então

descreve como você acha que aquela pessoa agiria naquela determinada situação. Descreva a situação

de forma animada, divertida, e bem detalhada, como se estivesse pintando um quadro da cena. Procure

adicionar na sua descrição vários interesses da criança. Por exemplo, se a criança gosta de humor tipo

“pastelão”, inclua na história pessoas escorregando ou deixando coisas cair, etc. Estimule a criança a ter

a vez dela. Auxilie a criança a contar a história o quanto você achar necessário, e celebre quaisquer

idéias ela oferecer. Continue alternando a vez entre os jogadores.

Solicitação: Quando a criança entender bem o mecanismo do jogo e estiver altamente motivada, comece

a introduzir desafios maiores. Ofereça menos auxílio, fique em silêncio e espere que a criança ofereça

mais idéias espontaneamente. Se a criança oferecer uma descrição apenas factual do que poderia

acontecer naquela situação, ou uma descrição geral não relacionada à pessoa em questão, celebre esta

descrição e solicite que ela traga elementos mais específicos para aquela história tendo em mente como

aquela pessoa em particular agiria naquele contexto. Se necessário, ofereça algumas dicas relativas à

personalidade daquela pessoa específica (ex: “Você se lembra como o Beto gosta de conversar o tempo

todo? O que você acha que ele faria se o carro dele quebrasse?”).

(Direitos autorais reservados ao The Option Institute and Fellowship, site www.autismtreatmentcenter.org)

15 IDÉIAS DE ATIVIDADES PARA DESENVOLVER A LINGUAGEM

Os exemplos sugeridos abaixo para atividades interativas com o objetivo de desenvolver a comunicação

verbal são apenas breves descrições das atividades. No Programa Son-Rise, os facilitadores procuram

construir a interação e ajudar a pessoa com autismo a ficar altamente motivada por uma ação deste

facilitador antes de solicitar algo dela. Por exemplo, o facilitador faz cócegas várias vezes na criança sem

pedir nada para ela. Apenas quando a criança já está altamente motivada pelas cócegas e demonstra de

alguma forma querer mais, o facilitador solicita algo que é um desafio para ela, como falar uma palavra

isolada ou sentença, olhar nos olhos, fazer algum gesto ou performance física específica, etc.

No momento em que a pessoa está altamente motivada por uma ação do facilitador, ela tem a motivação

como sua aliada para superar suas dificuldades e desenvolver habilidades. Ela supera suas dificuldades

enquanto brinca! O prazer e a diversão na interação social levam a pessoa com autismo a querer interagir

cada vez mais com outras pessoas e, conseqüentemente, aprender novas habilidades sociais. Investir na

conexão amorosa e divertida com a pessoa com autismo beneficia o relacionamento e o aprendizado

social. Divirta-se com as atividades!

1. Ofereça variações divertidas dentro de uma mesma motivação (interesse) para permitir a

repetição de uma mesma palavra.

Por exemplo: Torne-se uma “Máquina de Apertar”. Modele a palavra “apertar” para a pessoa, pendure um

papel com a palavra “apertar” na sua camiseta, ofereça várias formas de apertar a pessoa (massagem) e,

quando ela estiver altamente motivada, peça para ela falar a palavra “apertar” para a “Máquina de

Apertar” funcionar. Utilizando o mesmo princípio, você pode criar uma atividade onde você é a “Máquina

de Comer” (que vai “comendo o pé ou mão” da pessoa) e a palavra que a pessoa fala é “comer”. Você

também pode ser a “Caixa de Música”, e a pessoa fala a palavra “música” para você começar a tocar

instrumentos ou cantar.

2. Pratique sons específicos da articulação de fala em uma canção.

Por exemplo: Se a pessoa gosta da canção “Seu Lobato Tinha um Sítio”, adapte os versos para incluir

sons de fala que a pessoa tem dificuldade para articular. Você pode cantar “Era ‘t-t-t’ prá cá, era ‘t-t-t’ prá

lá, ia ia iou” se a pessoa tiver dificuldade em pronunciar o “T”. Você canta e convida a pessoa para cantar

com você.

3. Demonstre para a pessoa que quando ela diz a palavra inteira de forma clara ela consegue mais

o que quer do que quando diz aproximações da palavra.

Por exemplo: Se a pessoa tende a omitir as consoantes iniciais das palavras, prenda um papel com a

letra “C” na sua mão direita e as letras “ócega” na sua mão esquerda. Se a pessoa disser “ócega”, faça

cócegas nela com a mão esquerda. Quando ela disser a palavra toda, ofereça cócegas com suas duas

mãos. Você pode criar o mesmo tipo de atividade com palavras como “massagem”, “carinho”, etc.

4. Seja o médico de língua! Concentre o foco nos movimentos da língua para auxiliar uma

articulação de sons mais clara.

Por exemplo: Providencie um conjunto de fantoches e bonecos de pelúcia que abrem a boca. Você

poderia até colar línguas de papel ou tecido em cada boca. Cada boneco tem uma dificuldade específica

no movimento da língua. Peça para a pessoa com autismo para ajudar você a examinar a boca de cada

boneco com um daqueles palitos (ou com a própria mão). Prescreva vários movimentos de língua para

cada boneco. Depois de examinar todos os bonecos, faça com que um dos bonecos examine a pessoa

com autismo e prescreva para ela um exercício específico de língua. Se a pessoa quiser, ela pode

examinar você também!

5. Combine várias das motivações da pessoa para que a atividade seja ainda mais atraente.

Por exemplo: Faça um cartaz com a palavra “Música” e outro com a palavra “Correr” ou “Pegar”. Modele a

brincadeira jogando uma almofada em um cartaz. Jogue na palavra “Música” e comece a tocar um

instrumento ou cantar. Jogue na palavra “Pegar” e saia correndo em direção à pessoa para um “pega-

pega”. Quando a pessoa estiver altamente motivada por “música” ou “pegar”, peça para ela dizer a

palavra correspondente à ação que deseja.

6. A pessoa dá as instruções para você achá-la no quarto e ganha o prêmio de “Melhor Instrutor”.

Por exemplo: Entre no quarto com um grande chapéu na cabeça e anuncie que a pessoa acaba de

ganhar um prêmio muito especial. Quando você estiver prestes a entregar o prêmio para ela, faça com

que o seu chapéu cubra os seus olhos e estimule a pessoa a ajudar você a chegar até ela sem conseguir

enxergar. No início, ela pode utilizar comandos simples como “para frente” e “para trás”. Depois de um

tempo, você pode se colocar atrás de obstáculos para encorajá-la a dizer “Passe por cima do banco”, ou

“Pule sobre a almofada”.

7. Crie sentenças ao oferecer variações em cima de uma mesma motivação, demonstrando para a

pessoa que ela consegue exatamente o que quer quando utiliza sentenças mais longas.

Por exemplo: Crie um cartaz com a silhueta de um corpo. Nomeie cada parte do corpo com um cartão

removível. Na parte de cima do cartaz, escreva “Colorir ______”. Peça para a pessoa pegar o cartão que

corresponde à parte do corpo que ela quer que seja colorida e que o coloque no espaço para completar a

sentença. Quando ela estiver altamente motivada, estimule a pessoa a dizer a sentença completa. Se ela

disser apenas “colorir”, responda colorindo algo fora do corpo. Se ela disser apenas “perna”, responda

balançando a sua própria perna. A idéia é incentivar a pessoa a dizer “colorir perna” ou “colorir a perna”

para você “entender” e colorir a perna no corpo do cartaz.

8. Escreva uma sentença em uma cartolina e a cole com fita crepe no chão. Peça para a pessoa

pisar em cima e dizer cada palavra da sentença para ganhar a ação motivadora ainda mais rápido.

Por exemplo: A sentença pode ser “Eu quero uma canção”. Quando a pessoa terminar de falar a

sentença, imediatamente comece a cantar a canção favorita da pessoa. Quando você terminar aquela

canção, peça para a pessoa falar a sentença de novo e, quando ela completar a sentença, cante uma

outra canção.

9. Construa sentenças com blocos que caem no chão.

Por exemplo: Providencie blocos bem grandes (como tijolos de papel ou espuma, ou até caixas de

sapato). Cole em cada bloco uma palavra da sentença “Eu quero que os blocos caiam”. Comece a

construir uma torre com o bloco que tem a palavra “Eu” no chão. Continue a construir a torre e a sentença

assim por diante. Quando a pessoa disser a sentença completa, faça com que a torre desabe de forma

divertida.

10. Pegue palavras para combiná-las em uma sentença e então dramatizar a ação de cada

sentença.

Por exemplo: Monte um trilho de trem em volta do quarto e a cada estação ofereça para a pessoa um

série de opções de cartões com uma palavra em cada um. Peça para a pessoa escolher uma das

palavras e colocar o cartão como carga no trem. Quando o trem chegar ao fim da linha e tiver algumas

palavras nele, ajude a pessoa a combinar as palavras e criar uma sentença para falar. Depois de criada a

sentença, você dramatiza a cena correspondente. Por exemplo, a sentença é “O macaco pula na floresta”

e você pula pelo quarto dançando e cantando como um macaco.

11. Invente uma canção sobre um tópico que é do interesse da pessoa e peça para ela completar

com palavras ou sentenças de forma a estimular sua comunicação verbal espontânea.

Por exemplo: Invente uma canção sobre a Barbie viajando pelo mundo. Você pode utilizar a melodia de

uma canção conhecida e modificar a letra. Quando a pessoa estiver altamente motivada, experimente

deixar “espaços” em silêncio para ver se ela completa com alguma palavra espontânea.

12. Invente uma história engraçada e até sem sentido para estimular a fala espontânea.

Por exemplo: Faça uma pilha de cartões com uma palavra em cada um, palavras relacionadas aos

interesses da pessoa. Inclua cartões que contenham apenas um ponto de interrogação. Escreva então

uma história com a pessoa em uma cartolina. Escreva meia sentença e faça uma pausa. Pegue um

cartão e use a palavra para completar a sentença. Se você pegar um ponto de interrogação, você ou a

pessoa podem inventar qualquer palavra para escrever naquele ponto da história. Quanto mais

engraçada e sem sentido a história melhor!

13. Estimule sentenças mais completas e espontâneas encorajando a pessoa a inventar histórias

engraçadas.

Por exemplo: Faça duas pilhas de cartões. Uma pilha contém figuras de pessoas fazendo diferentes

ações. A outra pilha contém figuras de diversos objetos. Comece pegando um cartão de cada pilha e crie

uma sentença que associe uma palavra com a outra. Por exemplo, você pega um cartão de um homem

cortando a grama e outro de uma escova de cabelo. Você poderia então dizer “O Beto esqueceu que ele

tinha uma máquina de cortar grama e usou a escova de cabelo para cortar a grama do jardim”. Convide a

pessoa para fazer uma sentença na vez dela.

14. A pessoa com autismo é o entrevistador de um programa de rádio! Encoraje a conversação

através da dramatização de vários personagens.

Por exemplo: Traga um gravador para o quarto e represente os diversos personagens que serão

entrevistados pela pessoa. Você pode representar o elenco de um filme ou livro favorito. Estimule a

pessoa a entrevistá-lo por 3 minutos. Se ela mudar o assunto, pare de gravar e a estimule a voltar para o

assunto da entrevista.

15. Jogue “Boliche de Conversa” para praticar a habilidade de alternar a vez de falar sobre um

assunto.

Por exemplo: No fundo de cada pino de boliche está escrito um tópico para conversa (ex: férias, o mar,

seu melhor amigo, etc.). A cada vez que você derrubar os pinos, escolha um deles e fale sobre o

respectivo tema por 1 minuto. Você pode utilizar um cronômetro durante a atividade.

Autismo

Autismo é a denominação dada a um conjunto de comportamentos derivados de um desenvolvimento

neurológico/metabólico atípico. Há evidências de que esta diferença neurológica esteja presente desde o

nascimento (veja Material de Apoio) ou até um período anterior. No entanto, os comportamentos

observados – através dos quais a desordem é diagnosticada – tendem a ser apenas detectáveis a partir

da idade de cerca de 18 meses.

A desordem atinge indivíduos de ambos os sexos e de todas as etnias, classes sociais e origens

geográficas. A incidência é maior entre o sexo masculino (4 vezes mais comum em meninos do que

meninas). Pesquisas científicas de estudo da desordem têm sido desenvolvidas em diversos países, mas

a comunidade científica ainda não chegou a um consenso em relação às causas do autismo. Há fortes

evidências, no entanto, de que exista de uma predisposição genética (Rutter, 2005), e que fatores

ambientais sejam o gatilho para o aparecimento dos sintomas. Também tem sido sugerido que o autismo

seja causado por um distúrbio da integração sensorial (Smith-Myles & Simpson, 1998), atrasos de

maturação dos reflexos primários (Teitelbaum, Benton & Shah, 2004), disfunção do sistema imunológico

(Pardo, Vargas & Zimmerman, 2006), ou problemas gastro-intestinais (Gurney, McPheeters & Davis,

2006).

Os recentes números de estatísticas do autismo entre a população dos Estados Unidos e da Europa

apontam para a existência de uma epidemia atual do autismo, com os números de estatísticas nacionais

nos EUA saltando de 1 em cada 2500 pessoas na década de 1990 para 1 caso de autismo em cada 110

crianças em 2009 (fonte: Centers for Disease Control, EUA). A ASA – Autism Society of America – estima

que existam atualmente 1,5 milhões de americanos afetados pelo autismo. O mesmo quadro tem sido

observado no Reino Unido, com a incidência subindo de 1:2500 em 1993 para 1:100 em 2009. Estes

números tornam a desordem mais comum do que o câncer infantil, o diabetes e a AIDS.

No Brasil, país com uma população de cerca de 190 milhões de pessoas em 2007, estimava-se que havia

cerca de 1 milhão de casos de autismo (fonte: Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das

Clínicas da Universidade de São Paulo, 2007). O aumento dos casos de autismo no Brasil tem sido

relatado por instituições ligadas ao atendimento de famílias de crianças com autismo em todas as regiões

brasileiras.

No passado, o autismo foi freqüentemente considerado um distúrbio comportamental, com alguns

cientistas tendo até adotado a teoria de que o autismo era causado pelo fenômeno das “mães -

geladeiras”. Pesquisas mais modernas têm descartado totalmente esta perspectiva. Na maioria dos

últimos sessenta anos (desde que o autismo foi primeiramente descrito por Kanner, em 1943), a

desordem foi estudada em termos de comportamentos apresentados ao invés do estudo do subjacente

desenvolvimento neurológico. Por conseqüência, os diagnósticos atuais ainda são feitos com base em

comportamentos observáveis, o que significa um atraso na elaboração do diagnóstico na maioria dos

casos. Recentes pesquisas com o foco na identificação de características neurológicas do autismo têm

sido desenvolvidas com o objetivo de auxiliar o processo de diagnóstico, a intervenção precoce e

recuperação.

Nos dias de hoje, o Autismo é freqüentemente referido como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA),

nomenclatura que indica uma ampla variação na sintomatologia. Crianças com os diagnósticos de

Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ou Transtorno Global do Desenvolvimento (TID, ou a sigla PDD

em inglês), Transtorno Invasivo Não Especificado do Desenvolvimento (sigla PDD-NOS em inglês) ou

Síndrome de Asperger tendem a exibir comportamentos similares em um nível moderado.

Os comportamentos que geralmente levam ao diagnóstico do Autismo ou Transtorno do Espectro do

Autismo são comumente classificados em três pilares. Estes descrevem dificuldades nas seguintes

áreas:

1. Interação Social

2. Comunicação e Linguagem

3. Comportamentos repetitivos e de auto-estimulação (incluindo-se aqui os interesses restritos e

dificuldades na área de imaginação)

O que os comuns critérios de diagnóstico falham em reconhecer são as habilidades e talentos exibidos

por pessoas diagnosticadas com autismo. Há diversos relatos científicos e anedotários sobre habilidades

incríveis que várias pessoas com autismo possuem. Em uma das extremidades deste espectro

encontram-se as pessoas que são referidas como “savants”, as quais apresentam habilidades

extraordinárias, geralmente nas áreas de matemática, música ou arte. (Happe, 1999).

Já os milhares de pessoas com autismo que não desenvolvem habilidades de “savants”, também

possuem diversas habilidades especiais. Muitas pessoas com autismo apresentam habilidades de

percepção viso-espacial altamente desenvolvidas (em Happe, 1999). Nós já trabalhamos com crianças de

5 anos de idade capazes de montar um quebra-cabeça de 500 peças em questão de minutos com o lado

da figura virado para baixo. Outras pessoas com autismo são capazes de memorizar uma cena na rua

para depois, em casa, desenhar a cena com os mais minuciosos detalhes (ex: Steven Wiltshire).

Um grande número de pessoas com autismo, numa proporção maior do que na população que não

apresenta autismo, possui ouvido absoluto – a habilidade de identificar uma nota musical ouvida. Há

outros casos de pessoas com autismo que, assim como o personagem do filme “Rainman”, são capazes

de fazer cálculos matemáticos extremamente complexos. Nós também trabalhamos com crianças que,

aos 4 anos de idade, eram capazes de multiplicar 2 números de 3 dígitos cada em suas “cabeças”. Estas

crianças não haviam recebido nenhum treinamento em matemática, mas haviam apresentado esta

habilidade em idades precoces. A mãe de um adolescente com quem trabalhamos relatou que seu filho

havia começado a aprender matemática sozinho aos dois anos de idade, e que aos cinco já se divertia

solucionando problemas de cálculo.

Inspirados pelo Autismo vê cada criança em sua totalidade ao invés de focar apenas nas dificuldades da

criança. Ao valorizar os talentos e motivações da criança você pode ajudá-la a superar suas dificuldades.

Isto é amplamente aceito na educação de crianças de desenvolvimento típico. Esta noção tem sido

ignorada em abordagens educacionais ao autismo, onde procura-se afastar a criança de seus interesses

e habilidades adquiridas por serem consideradas “obsessões”. Estas habilidades têm sido consideradas

de alguma forma danosas à criança, chegando-se à adoção de medidas extremas (ainda presentes em

algumas terapias) para afastar as crianças de seus interesses, incluindo-se choques elétricos e jatos de

água.

A velha perspectiva tem visto o autismo como uma desordem comportamental. Como conseqüência deste

pensamento, as abordagens têm focado na mudança do comportamento, tentando eliminar os chamados

comportamentos atípicos. A nova linha de pensamento vê o autismo como o desenvolvimento resultante

de um sistema neurobiológico programado para operar de forma diferente. A conseqüência desta nova

forma de pensar o autismo é a terapia que busca oferecer um ambiente físico e social que leve em conta

esta diferença biológica e que promova o aprendizado e o bem-estar de cada criança.

Profissionais de abordagens relacionais como a do Programa Son-Rise têm visto durante as últimas três

décadas que a aceitação e apreciação das atividades e interesses da criança auxilia na construção de

uma ponte que pode levar à interação social com uma criança com autismo. Através da interação social,

muitas outras habilidades podem ser aprendidas pela criança. Atuais estudos científicos demonstram o

valor desta abordagem (veja Material de Apoio, ex: Dawson & Galpert, 1990; Kim & Mahoney, 2004;

Mahoney & Perales, 2005 e Trivette, 2003).

Nestes anos de luta, vi muita coisa errada sobre o autismo, algumas

me levaram a atitudes que hoje sei serem inadequadas. Muitas

desinformações nos levam a problemas emocionais, a dificuldades mil que

podem e devem ser evitadas:

O Mito: os autistas têm mundo próprio.

A Verdade: os autistas têm dificuldades de comunicação, mas mundo

próprio de jeito nenhum. O duro é que se comunicar é difícil para eles, nós

não entendemos, acaba nossa paciência e os conflitos vêm. Ensiná-los a se

comunicar pode ser difícil, mas acaba com estes conflitos.

O Mito: Os autistas são super inteligentes.

A Verdade: assim como as pessoas normais, os autistas tem variações de

inteligência se comparados um ao outro. É muito comum apresentarem

níveis de retardo mental.

O Mito: os autistas não gostam de carinho.

A Verdade: todos gostam de carinho, com os autistas não é diferente.

Acontece que alguns têm dificuldades com relação a sensação tátil, podem

sentir-se sufocados com um abraço por exemplo. Nestes casos deve-se ir

aos poucos, querer um abraço eles querem, a questão é entender as

sensações. Procure avisar antes que vai abraça-lo, prepare-o primeiro por

assim dizer. Com o tempo esta fase será dispensada. O carinho faz bem

para eles como faz para nós.

O Mito: Os autistas gostam de ficar sozinhos.

A Verdade: os autistas gostam de estar com os outros, principalmente se

sentir-se bem com as pessoas, mesmo que não participem, gostam de

estar perto dos outros. Podem as vezes estranhar quando o barulho for

excessivo, ou gritar em sinal de satisfação, quando seus gritos não são

compreendidos, muitas vezes pensamos que não estão gostando. Tente

interpretar seus gritos.

O Mito: Eles são assim por causa da mãe ou porque não são amados.

A Verdade: o autismo é um distúrbio neurológico, pode acontecer em

qualquer família, religião etc. A maior parte das famílias em todo o mundo

tendem a mimá-los e superprotegê-los, são muito amados, a teoria da mãe

geladeira foi criada por ignorância, no início do século passado e foi por

terra pouco tempo depois. É um absurdo sem nexo.

O Mito: os autistas não gostam das pessoas.

A Verdade: os autistas amam sim, só que nem sempre sabem demonstrar

isto. Os problemas e dificuldades de comunicação deles os impedem de ser

tão carinhosos ou expressivos, mas acredite que mesmo quietinho, no

canto deles, eles amam sim, sentem sim, até mais que os outros.

O Mito: os autistas não entendem nada do que está acontecendo.

A Verdade: os autistas podem estar entendendo sim, nossa medida de

entendimento se dá pela fala, logo se a pessoa não fala, acreditamos não

estar entendendo, mas assim como qualquer criança que achamos não

estar prestando atenção, não estar entendendo, de repente a criança vem

com uma tirada qualquer e vemos que ela não perdeu nada do que se

falou, o autista só tem a desvantagem de não poder falar. Pense bem antes

de falar algo perto deles.

O Mito: O certo é interná-lo, afinal numa instituição saberão como cuidá-lo.

A Verdade: Toda a criança precisa do amor de sua família, a instituição

pode ter terapeutas, médicos, mas o autista precisa de mais do que isto,

precisa de amor, de todo o amor que uma família pode dar, as terapias

fazem parte, uma mãe, um pai ou alguém levá-lo e trazê-lo também.

O Mito: Ele grita, esperneia porque é mal educado

A Verdade: o autista não sabe se comunicar, tem medos, tem dificuldades

com o novo, prefere a segurança da rotina, então um caminho novo, a

saída de um brinquedo leva-os a tentar uma desesperada comunicação, e

usam a que sabem melhor, gritar e espernear. Nós sabemos que isto não é

certo, mas nos irritamos, nos preocupamos com olhares dos outros, as

vezes até ouvimos aqueles que dizem que a criança precisa apanhar, mas

nada disto é necessário, se desse certo bater, todo o burro viraria doutor!

Esta fase de gritar e espernear passa, é duro, mas passa. Mesmo que

pareça que ele não entenda, diga antes de sair que vai por ali, por aqui etc.

e seja firme em suas decisões. Não ligue para os olhares dos outros, você

tem mais o que fazer. Não bata na criança , isto não ajudará em nada, nem

a você e nem a ele. Diga com firmeza que precisa ir embora por exemplo, e

mantenha-se firme por fora, por mais difícil que seja. Esta fase passa, eles

precisarão ser a firmeza do outro.

Lucy Santos.

Brinquedos e Materiais

Recomendamos brinquedos e objetos que sejam duráveis e não tóxicos, que possam ser jogados,

amassados e até mordidos, sem representar nenhum perigo para a saúde e segurança da criança.

Brinquedos que funcionam sozinhos, movidos a pilha, com luzes e sons, podem estimular que a criança

brinque sozinha com eles, sem precisar que alguém “anime” os brinquedos para elas. Esses brinquedos

podem distrair a criança e também ser hiperestimulantes. Por estas razões, NÃO utilizamos brinquedos

e objetos elétricos ou eletrônicos no quarto de brincar/interagir. Também procuramos não utilizar

areia, grandes quantidades de peças muito pequenas e água, pois estas substâncias também costumam

distrair muito as crianças.

Preferimos brinquedos que estimulem a criatividade e imaginação, podendo ser utilizados de diversas

formas. Por exemplo, um conjunto de blocos grandes pode ser utilizado como muro do castelo ou da casa

dos ‘Três Porquinhos”, pode ser uma ponte, uma cidade, uma cama ou uma torre que será destruída pelo

“Lobo” ou por uma onda do mar.

E, muito importante, procuramos brinquedos que estimulem a interação. O fantoche é um bom exemplo,

pois ele não costuma ser tão interessante por si só, ele geralmente precisa de um adulto que o anime

para que ele fique mais divertido para a criança.

Abaixo encontra-se um trecho retirado da tradução do texto sobre materiais para o desenvolvimento

social dentro do quarto do Son-Rise:

“Muitos brinquedos no mercado têm como objetivo manter a criança ocupada e distraída enquanto os

pais se ocupam com outras tarefas ou atividades. Nós queremos o oposto disto! Quando uma criança

quiser ficar em isolamento, ela encontrará um jeito para se isolar, não importando quais brinquedos

estejam disponíveis. Mesmo assim, procuramos utilizar brinquedos que costumam promover interações

ao invés de brincadeiras solitárias. Por exemplo, sua criança poderia permanecer isolada ao brincar

com um fantoche, mas ela também poderia achar a atividade mais divertida quando você animasse o

fantoche. O fantoche então ofereceria a você a oportunidade de se tornar parte do interesse de sua

criança.

Se há brinquedos e objetos específicos que sua criança gosta (ou até que os utiliza enquanto está em

“ismos” – comportamentos repetitivos e de isolamento), com a exceção de brinquedos a pilha ou

brinquedos que contêm uma grande quantidade de areia, pecinhas ou água, nós sugerimos que você

mantenha estes brinquedos disponíveis na prateleira do quarto para sua criança brincar.

Sugerimos que você mantenha no quarto apenas alguns destes brinquedos que a criança utiliza em

“ismos”. Por exemplo, se sua criança costuma brincar de forma repetitiva e isolada com trens e possui

50 trens, diminua o número de trens no quarto para apenas 6. Se a criança gosta de ficar em “ismo”

com barbantes, mantenha dois barbantes no quarto ao invés de um saco inteiro de barbantes.

Nós não acreditamos que seja necessário ter sempre um par de cada brinquedo, mas recomendamos

que você tenha 2 de cada brinquedo que sua criança gosta de brincar em isolamento para que você

possa se juntar à criança utilizando o mesmo brinquedo.

Muitos pais perguntam quantos brinquedos eles deveriam ter no quarto. O objetivo é oferecer uma

variedade de brinquedos diferentes, mas que a prateleira não esteja tão cheia a ponto de ficar difícil

para que você e a criança vejam quais são os brinquedos disponíveis. Nossos quartos de

brincar/interagir em nosso centro de atendimento possuem 3 prateleiras com 2,5 m de comprimento, e

parte da prateleira é reservada para lanches, bebidas, trocas de roupas, fraldas, etc.”

Direitos autorais reservados para The Option Institute and Fellowship © 2001.

Utilize brinquedos como aqueles que as crianças utilizavam 40 anos atrás. Muitos dos brinquedos

eletrônicos modernos, aqueles encontrados hoje em grandes lojas de brinquedos, tendem a estimular que

a criança se entretenha sozinha com o brinquedo ao invés de estimular que ela brinque com o brinquedo

de forma interativa.

Brinquedos como os “antigos” incluem:

blocos grandes para montar

bolhas de sabão

brinquedos de borracha que podem ser mordidos

carrinhos/aviões/trens sem bateria

bolas

jogo de boliche de plástico

baldes

2 bolas grandes de fisioterapia

pequena cama elástica

pequeno escorregador (Clique aqui para ver um modelo)

brinquedos para incentivar o uso da imaginação (ex: cesta de piquenique, louças e comidinhas

de plástico, kit de médico, dinheiro de brincadeirinha, etc.).

jogos tipo dominó, jogo da memória, quebra-cabeças

jogos de tabuleiro (ex: jogos físicos como “Twister”, jogos cooperativos, jogos onde os

participantes agem como diferentes personagens ou animais, jogos com perguntas sobre fatos

ou perguntas pessoais, etc.) Importante: podem ser confeccionados em casa para que se

empregue os interesses únicos de cada criança ou adulto.

livros

letras e números de plástico ou outro material dúravel

material para colorir, desenhar e escrever (papel, cartolina, giz de cera, canetinhas, tesoura sem

ponta, fita crepe, lousa, etc)

instrumentos musicais simples (tambor, pandeiro, gaita, flauta, sino, xilofone, chocalho,

microfone que amplifica a voz sem utilizar pilha ou bateria)

acessórios para fantasias (ex: tapa-olho de pirata, avental, máscaras de animais, capas,

chapéus, óculos de plástico, etc.),

caixa sensorial (ex: lenços, penas, luvas de borracha, escovas, objetos com formatos diferentes

e tecidos com texturas variadas)

bichos de pelúcia/personagens favoritos/bonecos

fantoches de mão e dedo

pintura facial

cobertor

bexigas para encher

Você não precisa ter todos os brinquedos mencionados. Escolha os brinquedos e objetos que

você acha que seu filho poderia se interessar. Lembramos que o importante é prover brinquedos e

objetos que sejam do interesse de seu filho. Se ele gostar de retalhos coloridos, providencie retalhos

coloridos, se gostar de dinossauros, ofereça dinossauros, etc.

Os brinquedos, em sua maioria, podem ser confeccionados em casa e improvisados com diversos

materiais, como por exemplo caixas de papelão, panos, baldes e potes, garrafas de plástico.

Talvez seja melhor manter alguns dos acessórios de fantasias e objetos para atividades de imaginação

fora do quarto e apenas trazê-los para dentro quando você for utilizá-los na sessão. Isso ajuda a manter o

quarto e as prateleiras menos lotadas (o que acontece muito!).

Recomendamos poucos quebra-cabeças, pois eles costumam ser atividades menos interativas.

Jogos de tabuleiro podem ser úteis para crianças em um estágio de desenvolvimento mais avançado,

mas não os utilizaríamos o tempo todo.

Por fim, é ótimo quando a criança brinca com os brinquedos da prateleira, mas muitas crianças

simplesmente não se interessam pelos objetos e brinquedos da prateleira. Tudo bem se isso

acontecer. A nossa prioridade está na interação. Se você conseguir interações que envolvam canções,

brincadeiras físicas ou que não envolvam nenhum brinquedo, continue a estimular essas atividades e não

se preocupe com os brinquedos.

Como Autismo é Tratado

Nós da Inspirados pelo Autismo temos visto que as famílias que são capazes de facilitar os mais altos

níveis de crescimento em suas crianças tendem a optar por uma abordagem abrangente ao autismo. Isto

é, elas vêem o autismo como parte de sua criança ao invés de um inimigo a ser combatido, e procuram

auxiliar a criança adaptando o seu ambiente físico, promovendo uma educação social diferenciada,

tratamentos de integração sensorial e tratamentos biológicos. Estas famílias estão conscientes de que o

cérebro/sistema neurológico e metabolismo de sua criança tem se desenvolvido de forma diferente e

procuram maneiras de se relacionar com a criança levando em conta estas diferenças, ao mesmo tempo

em que acreditam profundamente na capacidade de sua criança para aprender e se adaptar.

Autismo não é o inimigo. Os pais que adotam o ponto de vista do autismo como inimigo e tentam eliminar

o autismo como se fosse um invasor de sua criança tendem a vivenciar uma grande quantidade de

estresse e desconforto, o que , por sua vez, afeta suas interações com a criança. Isto não facilita a

formação entre pais e filhos de interações mutualmente prazerosas, interações estas que temos visto

serem tão essenciais na promoção do desenvolvimento global de qualquer criança – inclusive aquelas

com autismo.

Assim, acreditamos que o primeiro passo dentro do tratamento do autismo é a ACEITAÇÃO. Por

ACEITAÇÃO não queremos dizer “desistir” ou “fazer nada”, e sim, não resistir ou julgar a criança ou o

autismo. Muitas pessoas com autismo recebem a mensagem diária de que quase tudo o que fazem é

errado, podendo levá-las à perspectiva de que elas "são" erradas. Em uma perspectiva de aceitação, a

pessoa com autismo não é errada, é diferente. Podemos dizer: “Estamos bem. Sim, eu quero ajudar

minha criança a aprender a ser mais social, mas ela está bem neste momento.” Esta é uma s imples

afirmação, mas uma que tem o poder de influenciar profundamente o relacionamento dos pais (e

profissionais) com a criança. E a partir desta perspectiva de aceitação, os pais e profissionais podem

buscar auxiliar suas criancas!

Depois que a ACEITAÇÃO é genuinamente alcançada, encontramos quatro áreas de ações que

consideramos cruciais dentro de uma abordagem de tratamento ao autismo.

1. A criação de um constante ambiente de aprendizagem otimizado. Devido a conexões diferentes

nos cérebros de crianças com autismo, elas percebem seu meio-ambiente de forma

diferenciada em relação a uma criança neurotípica. Ao adaptarmos o ambiente físico e social

de uma criança nós podemos criar condições que possibilitem a ela um maior nível de conforto,

interatividade social e concentração.

2. A criação de interações sociais estimulantes e dinâmicas, elaboradas a partir das metas de

desenvolvimento da criança, com o objetivo de promover o desenvolvimento emocional, social

e de comunicação. Estas sessões beneficiam-se do ambiente de aprendizagem otimizado para

estabelecer um programa de educação social individualizado para sua criança.

3. A facilitação da reorganização cerebral e integração sensorial através de jogos/brincadeiras e

tecnologias apropriadas. Beneficiando-se dos avanços da moderna neurociência, estes

métodos podem auxiliar na superação de desafios sensório-perceptuais vivenciados por muitas

crianças e adultos com autismo.

4. A adoção de um tratamento biológico para abordar desequilíbrios bioquímicos internos. As

necessidades biológicas dentro do espectro do autismo variam dramaticamente desde dietas

relativamente simples até complexos protocolos médicos.

Consideração fundamental para o efetivo tratamento do autismo é a da plasticidade do cérebro. Ou seja,

que o cérebro é capaz de se modificar em termos de estrutura e funcionalidade em resposta às mudanças

do ambiente e aos estímulos sensoriais. Até a década de 70, a plasticidade cerebral não era reconhecida

pela maioria dos médicos e neurocientistas. A crença generalizada daquele período era a de que o

cérebro de uma criança tinha plasticidade apenas nos primeiros anos de vida, e que após 3 ou 4 anos de

idade o crescimento neurológico era interrompido e o cérebro tornava-se uma estrutura rígida. Durante os

últimos 10 anos, uma grande quantidade de pesquisas têm descartado a idéia da rigidez cerebral e

apontado para a presença da plasticidade cerebral durante toda a vida do indivíduo. Por exemplo,

utilizando moderna tecnologia de imagens cerebrais, pesquisadores do Semel Institute of Neuroscience

and Human Behavior da universidade americana UCLA, em conjunto com pesquisadores da Mount Sinai

School of Medicine, recentemente publicaram um estudo no General Arquives of Psychiatry. Eles

ensinaram crianças dentro do Espectro do Autismo a prestar maior atenção a alguns estímulos sociais

(como a expressão facial e de voz) e constataram que as regiões cerebrais que haviam previamente

apresentado baixa atividade em resposta àqueles estímulos, passaram a apresentar níveis normais de

atividade após o treinamento. Isto significa que os cérebros destas crianças transformaram-se em

resposta à mudança dos estímulos do ambiente.

“Acreditar na ilimitada capacidade humana!”

Criando um Quarto de Brincar

Os princípios do Programa Son-Rise tornam-se ainda mais efetivos quando integrados ao dia-a-dia da

criança. Eventos diários como as refeições, os hábitos de higiene e a hora de dormir representam ótimas

oportunidades para encorajar o desenvolvimento social. Muitas crianças com autismo também necessitam

de um ambiente especialmente construído para auxiliar na aceleração do aprendizado.

Princípios-Chave: A Criação de um Quarto de Brincar do Programa Son-Rise

Cada família é diferente. Sendo assim, cada quarto de brincar também deve ser diferente. Mas há dois

princípios importantes para a criação de um quarto de brincar em casa:

Poucas Distrações Sensoriais

Crianças com autismo tendem a apresentar dificuldades em filtrar e descartar informações sensoriais, o

que pode levá-las a se distrair pelos vários sons, imagens, texturas e cheiros. Quanto mais

conseguirmos simplificar o ambiente sensorial de uma criança, mais fácil será para ela focar em

interações sociais e no aprendizado de novas habilidades.

A Criança Obtendo o Controle

Devido à experiência de bombardeamento sensorial que crianças com autismo frequentemente

vivenciam, elas costumam procurar oportunidades para que se sintam em controle de seu ambiente.

Quando uma criança se sente em controle da situação, também se torna mais fácil para ela prestar

atenção nas interações e aprendizados sociais.

O Quarto

O ideal é escolher um quarto silencioso, longe das principais atividades da casa ou das distrações vindas

de fora da casa. Geralmente, os pais escolhem um quarto extra ou o próprio dormitório da criança, mas

isto não é uma regra. Cada família faz o melhor que pode com o espaço disponível em casa.

Se você escolher um dormitório, é importante que considere como irá minimizar as distrações neste

quarto. Talvez você precise retirar alguns dos móveis ou assegurar-se de que tudo pode ser guardado em

um armário ou despensa durante as horas de atividades no quarto. Para algumas crianças, a cama pode

ser um elemento de distração – elas podem querer se esconder debaixo das cobertas ou pular no colchão

o dia todo!

Neste caso, você poderia remover a estrutura da cama e, durante a noite, manter apenas o colchão no

quarto, o qual pode ser retirado durante o dia.

O quarto de brincar costuma ter em média cerca de 4m X 4m, apesar destas medidas não representarem

um prérequisito indispensável. Um quarto bem menor pode funcionar bem, especialmente para crianças

mais novas. Quartos maiores também podem funcionar, mas leve em conta que um quarto muito grande

pode tornar mais difícil a tarefa de se manter a

atenção de uma criança.

Diminuir as Distrações - A Criança Sentir que Tem o Controle

Retire o máximo de móveis que você puder do quarto escolhido. O ideal seria que você retirasse todos os

móveis, exceto uma mesa e uma (ou duas) cadeiras, de tamanho

apropriado para sua criança. Se o quarto escolhido for o dormitório da criança e você não tiver para onde

remover os móveis, apenas assegure se de que todas as superfícies dos móveis fiquem livres de objetos.

As paredes do quarto devem ser pintadas com uma cor neutra. Cores fortes, contrastes ou estampas na

parede podem ser elementos de grande distração para crianças com autismo. O mesmo vale para o piso

do quarto.

Vale a pena considerar qual seria o piso mais apropriado para o quarto, uma vez que existe uma boa

chance de que grande parte do trabalho seja realizado no chão (especialmente com crianças mais

novas). É importante que o piso seja confortável. Nós geralmente utilizamos piso de vinil sobre uma

forração de carpete para que tenhamos uma superfície macia e fácil de limpar durante o trabalho. Há

também outras opções de pisos macios, como aqueles utilizados em academias de ginástica. Carpete

pode funcionar também, principalmente se sua criança não costuma derramar líquidos no chão.

Nós recomendamos o uso de lâmpadas incandescentes neste quarto. Lâmpadas fluorescentes piscam

(de forma imperceptível para muitas pessoas), mas as crianças com autismo frequentemente percebem e

distraem-se com isto.

Neste ambiente, você não precisará impor tantos limites para a criança, pois ela estará em um ambiente

seguro onde poderá fazer quase tudo, sentindo-se então em controle da situação. O ambiente também

oferecerá para a criança a previsibilidade e segurança - um ambiente conhecido, onde apenas uma

pessoa por vez interagirá com ela.

Móveis e Equipamentos

Os móveis e equipamentos que você utilizará dependem da idade e necessidades sensoriais de sua

criança. Para uma criança mais nova que gosta de correr, pular ou escalar, aconselhamos que você

encontre uma maneira segura de oferecer estas atividades dentro do quarto. Um jeito de fazer isso é

retirar toda a mobília desnecessária do quarto, mantendo apenas uma pequena mesa e uma cadeira para

as refeições ou atividades como desenho, etc. Você pode então providenciar equipamentos como um

pequeno escorregador ou uma estrutura para escalar, uma pequena cama elástica ou duas grandes bolas

de fisioterapia. Para uma criança menos ativa ou mais velha, você pode providenciar uma mesa maior e

um lugar confortável para se sentar.

Recomendamos o uso de um espelho de cerca de 1,60 m (altura) por 1,50 m (largura) colado de forma

segura na parede a partir do chão ou rodapé. A principal função do espelho no quarto é estimular e

facilitar o contato visual com a criança. O espelho também contribui para o aprendizado de consciência

corporal da criança. E ainda outra função seria a de facilitar a observação e gravação das sessões devido

à multiplicação dos ângulos de visão.

Brinquedos

A escolha dos brinquedos também depende dos interesses da sua criança. Mantenha o quarto livre de

qualquer brinquedo eletrônico, isto inclui video games, TVs, computadores ou qualquer outro brinquedo

que utilize pilhas. Estes brinquedos ou equipamentos podem distrair e absorver uma grande parte da

atenção das crianças. Lembre-se que o principal foco no quarto está na interação social.

Procure escolher brinquedos que possam ser utilizados de diversas maneiras. Por exemplo, brinquedos

de pelúcia, fantoches, fantasias, instrumentos musicais e blocos de montar. Equipamentos de esportes

são frequentemente úteis, como bolas, cestas de basquete, gol, pinos de boliche ou pequenas raquetes.

Mesmo que sua criança ainda não esteja desenhando ou escrevendo, mantenha papel, canetas, giz e

lápis disponíveis no quarto para que você possa desenhar figuras, escrever palavras e começar a

encorajar sua criança a fazer o mesmo. Se sua criança já for capaz de participar em jogos mais

estruturados (ex: jogos de tabuleiros ou cartas), você pode ter alguns destes no quarto também.

É importante que você inclua no quarto vários objetos que sua criança costuma utilizar durante

comportamentos de isolamento. Se ela gostar de segurar pedaços de fios, tenha alguns tipos de fios no

quarto. Se a criança gostar de alinhar carros de miniatura, tenha alguns destes disponíveis (não mais do

que 10). Coloque todos estes brinquedos em uma ou duas prateleiras a uma altura de cerca de 1,75m. A

intenção é que a prateleira esteja alta o suficiente para que sua criança precise de sua ajuda para

alcançar os brinquedos, mas não alta de modo que criança não consiga ver quais são os brinquedos lá

disponíveis. Para crianças mais velhas que conseguem alcançar tão alto quanto você, a altura da

prateleira não é tão importante.

Para mais informações sobre os brinquedos e materiais do quarto, visite a página Brinquedos e

Materiais.

Sistema de Observação

Se você pretende ter outras pessoas trabalhando no quarto com sua criança, providencie uma maneira de

observar estas pessoas no quarto, para que você possa treiná-las com maior efetividade. A observação

da sessão pode ser feita através de um espelho falso na porta do quarto ou um sistema de câmeras

ligadas a um monitor fora do quarto.

Educação Social

Pesquisadores têm encontrado cada vez mais resultados que dão suporte às “abordagens relacionais” -

aquelas com foco na qualidade da interação entre facilitador e criança - no tratamento do autismo. No

final da página, encontram-se técnicas que você pode começar a aplicar imediatamente para encorajar o

desenvolvimento social de sua criança com autismo.

As primeiras teorias viam o autismo como uma desordem comportamental e, por consequência,

buscavam tratá-lo através da modificação comportamental, ou seja, o reforço de comportamentos não-

autísticos e a punição de comportamentos autísticos para a eliminação dos sintomas do autismo. Esta

perspectiva floresceu nos anos 50, após as Síndromes do Autismo e de Asperger terem sido descritas

pela primeira vez.

A psicologia moderna enfatiza a importância crucial de se estudar os pensamentos, as emoções e a

experiência consciente com o objetivo de melhor compreender os seres humanos. Desta psicologia tem

sido construída uma nova perspectiva em relação ao autismo, associando o autismo com a dificuldade em

se estabelecer relações básicas. Recentes estudos demonstram que é possível notar-se sinais precoces

do autismo em crianças de cerca de 6 meses de idade. Atualmente, estes sinais costumam ser

identificados apenas em retrospecto, mas os pesquisadores têm se esforçado para desenvolver métodos

que possibilitem a identificação do autismo anterior aos 2 anos e meio ou 3 anos de idade. Crianças com

autismo (ou aquelas que num período posterior serão diagnosticadas com autismo) não se orientam

socialmente de maneira típica. Isto significa que elas não prestam tanta atenção aos estímulos sociais

como as outras crianças, estímulos como, por exemplo, um adulto chamando-as pelo nome ou olhando

para o olho delas. Estas são habilidades sociais básicas que crianças de desenvolvimento típico

aprendem nos primeiros meses de vida. As crianças que têm um atraso na aprendizagem da habilidade

de orientação social apresentam dificuldade no processamento de estímulos sociais e apresentam então

atraso no desenvolvimento de habilidades como a atenção compartilhada (prestar atenção à mesma

atividade ou ao tópico que outra pessoa está prestando) e o compartilhar experiências emocionais com os

outros. Estes são passos cruciais durante os primeiros anos do desenvolvimento da criança e formam a

fundação para todo o aprendizado social e boa parte do aprendizado cognitivo. Sem a habilidade de

atenção compartilhada, o indivíduo não é capaz de sustentar uma conversa ou até envolver-se em uma

simples brincadeira de cócegas por muito tempo. De maneira similar, esta criança não consegue colocar-

se “no lugar de outra pessoa” e imaginar o que a outra pessoa possa estar pensando ou sentindo

(desenvolvendo a Teoria da Mente), o que é vital para a participação em trocas sociais dinâmicas e

espontâneas. Sem estas habilidades, a criança com autismo fica perdida na arena social – a qual

modifica-se a todo instante – e procura focar em pontos que seu cérebro está melhor equipado para

processar, como objetos e sistemas mecânicos não dinâmicos.

Ainda não está claro por que crianças com autismo respondem aos estímulos sociais desta maneira.

Alguns pesquisadores apontam para o fato de os estímulos sociais apresentarem natureza complexa,

diversificada e dinâmica, o que representaria para cérebros estruturados da maneira discutida na página

anterior - Ambiente - um desafio maior na hora de serem processados (ou filtrados), em comparação com

estímulos fixos e não dinâmicos.

Hoje em dia, é amplamente aceita entre a comunidade de psicólogos e pedagogos a noção de que

crianças típicas aprendem através de interações sociais recíprocas e que os primeiros relacionamentos

formam a fundação que possibilita as crianças sintam-se seguras para explorar o mundo. As crianças que

se desenvolvem com um cérebro autístico tendem a ter dificuldade para engajar-se nesta educação social

básica e fundamental. É com este pensamento em foco que as atuais abordagens relacionais buscam

ajudar os pais para que ofereçam a seus filhos a educação social que eles não puderam aproveitar. Entre

as atuais abordagens relacionais, citamos algumas como o Programa Son-Rise, Floortime, RDI e

HANEN.

Colocando em Prática

Aqui estão alguns simples primeiros passos – porém de grande impacto – que você pode tomar para

começar a redirecionar a educação social de sua criança.

1. Passe pelo menos 30 minutos por dia no quarto especial que você preparou para sua criança ou,

neste estágio, em qualquer quarto silencioso onde você possa estar sozinho com a sua

criança.

2. Siga a sua criança. Faça qualquer coisa que ela queira fazer. Não há nenhuma atividade em

particular que você deva fazer, apenas faça o que a criança quiser. Você também poderia

seguir as instruções na página Os Sentimentos para criar um profundo senso de apreciação

por sua criança e pelo que ela está escolhendo fazer. Procure divertir-se ao invés de tentar

ensinar qualquer coisa para sua criança. Lembre-se que o simples ato de brincar com outra

pessoa é a meta aqui, que a interação é muito mais importante para a criança com autismo do

que qualquer informação que talvez você consiga ajudá-la a aprender neste ponto. Apenas

divirta-se!

Tenha como foco o contato visual. Procure posicionar-se em frente à sua criança e o no

mesmo nível do olhos dela enquanto vocês brincam juntos. Antes de entregar um brinquedo

para a criança, procure posicioná-lo próximo aos seus próprios olhos, o que poderá facilitar

com que ela olhe para você. Por fim, CELEBRE todas as vezes que sua criança olhar nos seus

olhos – elogie, aplauda, cante – qualquer coisa que você tiver vontade de fazer para celebrá-la.

O seu objetivo é fazer a experiência de contato visual prazerosa para sua criança. Brinque!

Seja engraçado, ninguém está observando! Divirta-se com você mesmo, com sua criança e

com o simples ato de olhar no olho desta preciosa pessoa.

Início do Programa

Ao começar algo novo, vivenciamos novos desafios, dúvidas, e até momentos de frustração. A Inspirados

pelo Autismo busca auxiliar o início da sua maravilhosa viagem junto ao seu filho. Ao brincar com a

criança com autismo de uma maneira em que a criança participe mentalmente, emocionalmente e

fisicamente, um novo crescimento cerebral estará sendo solidificado. Abaixo encontram-se informações e

links para ajudá-lo na sua jornada para uma perspectiva inspirada pelo autismo.

Todo crescimento neurológico é solidificado através de ações. Decidir adotar uma nova perspectiva é

uma coisa, investir em ações físicas derivadas desta perspectiva é que a tornará uma realidade para

você.

1. Passe 30 minutos por dia 1:1 (um a um) com sua criança.

Leve sua criança para o quarto mais calmo e silencioso de sua casa.

Faça o melhor para preparar o quarto de forma que não haja interrupções nesses 30 minutos.

Leve com você uma pequena caixa de brinquedos ou atividades. (Deixe os brinquedos

eletrônicos do lado de fora.)

Pouco a pouco aumente o tempo que você passa 1:1 com sua criança com acréscimos de 15

minutos.

2. “Junte-se” à criança.

Como uma maneira de entender e construir uma relação mais profunda com sua criança faça

exatamente o que ela está fazendo. Concentre-se em se divertir nesse momento “no mundo dela” (Um

aspecto marcante do Programa Son-Rise).

Por exemplo:

Se sua criança estiver pulando numa bola, pule numa bola também.

Se sua criança estiver correndo de um lado para o outro, corra de um lado para o outro.

Se sua criança estiver recitando a cena de um filme ou livro, recite a mesma cena com ela.

Se sua criança estiver resolvendo problemas de matemática, faça os seus próprios problemas de

matemática com ela.

Se ela estiver olhando fixamente para a parede, olhe para a parede com ela.

Faça o que ela estiver fazendo, exatamente da mesma forma.

À medida que você fizer o que ela estiver fazendo, concentre-se em realmente se divertir com a

atividade.

3. Concentre-se no contato visual.

Quanto mais a criança olhar mais ela aprenderá. Quanto mais você se concentrar no contato visual com

sua criança, mais esse contato aumentará – dando a oportunidade de sua criança aprender com você.

O contato visual é de fundamental importância para todos os aprendizados futuros.

Por exemplo:

Celebre sua criança cada vez em que ela olhar para você. Você pode dizer, “Uau, eu adoro

quando você olha para mim!” ou “O seu olhar é lindo!” ou “Obrigado por olhar para mim.” Não

importa o que você diga, mas sim que você se sinta entusiasmado e agradecido pelo fato de

sua criança ter escolhido olhar diretamente para os seus olhos.

Traga a atenção para a sua face e olhos. Torne o seu rosto interessante usando chapéus, óculos

divertidos, adesivos e pinturas, etc.

Posicione-se em frente à criança, no nível dos olhos ou abaixo, tornando mais fácil para ela olhar

para você. Quando oferecer brinquedos, alimentos ou algo para beber, posicione-os na altura

dos seus próprios olhos.

Por acreditarmos na eficácia do Programa Son-Rise estamos oferecendo a você uma amostra de nossos

princípios. Estes princípios podem ser aplicados imediatamente com sua criança especial. (Observação:

Sugerimos que você escolha uma técnica que se aplique a sua criança e use-a consistentemente em

cada oportunidade durante 2 a 4 dias.)

1ª Área de Desafio:

A criança tem verbalização limitada ou não fala.

Princípios para Orientação:

Se você ensinar que a linguagem é para comunicação (e não apenas sons para serem

memorizados e repetidos), você mostra para a criança que existe um motivo para falar.

Se a linguagem é vista como útil e divertida, as crianças ficam motivadas para usá-la.

Aplicando os Princípios:

Responda rapidamente aos sons que sua criança emitir. Quando a criança emitir um som

(mesmo que você não tenha certeza do que ela quer dizer), mova-se rapidamente e ofereça

algo mesmo que você não saiba o que ela está pedindo. Demonstre que comunicações verbais

fazem com que as pessoas se movam. Mostre a ela que a fala lhe trará poder.

Mostre que cada palavra falada resulta em uma ação. Ensine inicialmente verbos e substantivos

associados a ações. Essas palavras são mais fáceis de responder e mostram o poder da

linguagem. Ex: se você ensina a expressão colo, você pode carregar seu filho no colo cada vez

que ele usar essa expressão. Em contraste, se você ensina a palavra mesa, não há ação

específica resultante do uso dessa palavra. Exemplos de substantivos efetivos: bola ou bolha

(de sabão).

Celebre cada tentativa de comunicação. Se sua criança tentar dizer uma palavra, vibre e celebre

intensamente! Queremos que as crianças fiquem empolgadas ao tentar e tentar e tentar de

novo. Para isto celebramos não apenas o sucesso, mas também qualquer esforço feito pela

criança.

2ª Área de Desafio:

A criança é incapaz ou não quer participar das atividades do cotidiano (ex: escovar os dentes, usar o

banheiro, higiene pessoal, preparo das próprias refeições, vestir-se, etc.).

Princípios para Orientação:

Todas as pessoas (crianças e jovens adultos) se movem em direção ao que é divertido e

prazeroso. Se estas atividades forem vistas como agradáveis, nossas crianças ficarão

motivadas para participar delas ao invés de evitá-las .

As pessoas necessitam de um tempo para aprender – vale a pena investir tempo para ajudar sua

criança a adquirir novas habilidades.

Aplicando os Princípios:

Faça/ensine essas atividades continuamente durante o dia. Ao invés de apenas fazê-las durante

as horas mais ocupadas do dia (ex: quando tenta apressar as crianças para saírem de casa

para que não percam o ônibus escolar), procure outras oportunidades para ensinar

vagarosamente essas atividades.

Dê atenção e celebre todos os membros da família que participarem dessas atividades (ex: “Viva

papai! Você vestiu o seu próprio casaco!”).

Tenha reações grandes e empolgadas para qualquer sinal de interesse ou disposição da criança

nessa área (ex: quando a criança olhar para a escova de dente, quando ela vestir a camisa ao

contrário, etc.).

Torne a atividade divertida! (O quê? Escovar os dentes de forma divertida? Sim! Escovar os

dentes pode ser divertido!)

Seja flexível em relação ao tempo. Se sua criança se esquiva para não pentear o cabelo, ao

invés de forçá-la ou pressioná-la, espere 10 minutos e tente de novo.

3ª Área de Desafio:

A criança exibe comportamentos ritualísticos e repetitivos de auto-estimulação.

Princípios para Orientação:

Crianças e adultos utilizam estes comportamentos para organizar a compreensão do ambiente

em que estão inseridos e adquirir uma sensação de controle interno.

Estes comportamentos podem ter natureza curativa.

Estes rituais podem ser uma porta de entrada para a interação humana e relacionamentos

sociais.

Estes comportamentos são confortantes para as crianças e têm um propósito mesmo quando

não os compreendemos.

Aplicando os Princípios:

Ao invés de tentar parar um comportamento forçadamente, “junte-se” a este comportamento para

ajudar a brincadeira solitária se tornar uma brincadeira a dois. Faça parte verdadeiramente dos

“jogos” da criança antes de pedir a ela para fazer parte dos seus.

“Junte-se” às atividades de sua criança imitando exatamente o que ela faz (Ex: se sua criança

está balançando as mãos, balance suas mãos com ela.). Posicione-se de forma que sua

criança possa ver o que você está fazendo.

4ª Área de Desafio:

A criança possui um amplo vocabulário ou fala usando sentenças, mas não apresenta a habilidade de

usar a linguagem eficientemente em situações sociais.

Princípios para Orientação:

Se ajudarmos uma criança a estabelecer confiança na comunicação social, ela tentará mais

vezes.

As crianças são motivadas a usar as suas habilidades verbais com os outros quando a elas é

mostrado o benefício trazido pela comunicação.

Aplicando os Princípios:

Recrie situações sociais em um ambiente livre de distrações inventando brincadeiras que

simulem circunstâncias sociais conhecidas.

Ofereça frases/sentenças específicas que você quer que a criança aprenda, dentro de um

contexto de uma atividade ou jogo estimulante. (Ex: ao invés de corrigir a criança ou “alimentá-

la” com sentenças para repetir, crie um jogo chamado “supermercado” e mostre a ela como

interagir com você enquanto você finge ser o caixa.)

Mostre-se entusiasmado para conversar sobre o tema de interesse de sua criança (Ex: Turma da

Mônica, dinossauros, perguntas repetitivas como “A que horas é o jantar?”, etc.). Seja um

modelo. Se quisermos que ela converse sobre as nossas áreas de interesse, primeiro temos

que conversar sobre os interesses dela. Após termos prestado atenção nas áreas de interesse

da criança, podemos então começar a conduzir gentilmente a conversa em direções diferentes.

Ao invés de corrigi-la continuamente ou mostrar a ela como o que ela está dizendo está fora de

contexto ou já foi dito antes, celebre o fato de que ela está se comunicando com você. Deixe

que ela saiba o quanto você adora ouvi-la falar e compartilhar.

5ª Área de Desafio:

A criança grita, chora, bate, joga objetos, etc.

Princípios para Orientação:

As crianças utilizam esses comportamentos porque eles funcionam. Se uma criança está

gritando, é porque aprendeu que dessa forma ela consegue o que quer. Se este

comportamento perder a utilidade ela não o usará mais.

Toda criança ou adulto está fazendo o melhor que pode. Seja qual for a razão, nesse momento

eles não são capazes de encontrar uma outra forma de agir. Se pudessem, fariam.

Nossas reações desempenham um papel vital em encorajar ou diminuir a freqüência de cada um

destes comportamentos.

Aplicando os Princípios:

Não demonstre reação. Mantenha sua expressão facial e sua voz em um tom neutro (ex: não

grite, não franza as sobrancelhas, não faça careta, etc.). Sempre se movimente

vagarosamente e com calma durante esse momento, pois assim você minimiza as suas

reações, deixando de ser um possível apoio para esses comportamentos.

Ao invés de tentar ignorar esses comportamentos, explique com uma voz calma e amorosa que

você não a entende quando se comunica com você dessa maneira. Mesmo que sua criança

não saiba falar, sua explicação é útil tanto em conteúdo quanto em tom.

Evite dar a “recompensa” que ela quer. Se você oferecer o que ela quer quando grita, você a

ensina que essa é uma forma efetiva de comunicação.

• Cuide de si mesmo. Minimizar suas reações não significa que você tenha que permitir que

sua criança bata em você. Tente colocar um travesseiro na sua frente e vagarosamente se

movimente para outro lugar.

Ofereça uma alternativa. Se sua criança está puxando seu cabelo, ofereça a ela uma corda para

puxar no lugar. Se estiver atirando blocos, ofereça então uma almofada ou um brinquedo mais

fofo para que ela jogue.

Dê reações substanciais de celebração cada vez que sua criança for gentil ou pedir algo de uma

maneira que você prefira.

Mova-se rapidamente quando ela pedir algo de forma gentil e clara, pois assim você mostra a ela

o contraste entre esses tipos de comunicação.

Integração Sensorial

Todas as crianças dentro do espectro autístico apresentam alguma forma de particularidade sensorial.

Assim como tudo o mais relacionado ao autismo, há uma grande variação no grau de intensidade e na

forma das experiências sensoriais vividas por aqueles com autismo.

Algumas crianças são hipersensíveis quanto à recepção de informações sensoriais. Por exemplo,

crianças relatam serem capazes de ouvir conversas ou o som de móveis sendo arrastados em outros

prédios. Outras crianças são tão sensíveis ao estímulo táctil (toque) que não toleram a sensação da

etiqueta em suas camisetas. Por outro lado, algumas crianças aparentam ser hiposensíveis a estímulos

sensoriais, ou seja, são pouco sensíveis e necessitam de uma maior intensidade de estímulo para que

este seja percebido. Como exemplo, algumas crianças buscam a sensação de intensa pressão ao serem

massageadas ou ao serem firmemente enroladas em pesados cobertores. Pesquisadores com Judith

Bluestone (Instituto HANDLE, em Seattle, EUA), apontam para a possibilidade da hiposensibilidade ser na

verdade uma hipersensibilidade ao extremo, o que levaria a pessoa a bloquear totalmente uma

determinada sensação.

Muitas crianças no espectro aparentam ter complexos padrões de sensibilidades sensoriais. Por exemplo,

uma criança pode ser hipersensível a sons e cheiros, mas hiposensível ao toque. Em outros casos, as

sensibilidades das crianças parecem mudar de um momento para o outro, ou dentro de períodos de dias

ou semanas. Elas podem ser hipersensíveis à luz em um dia e parecer hiposensíveis ou não afetadas

pela luz em um outro dia. A ciência de hoje ainda não consegue explicar completamente por que isto

acontece.

Integração sensorial refere-se ao processo de organização cerebral para eficientemente processar a

recepção de informação sensorial em uma representação coerente do mundo. As crianças neurotípicas

aprendem a integrar seus sentidos nos primeiros anos. Elas o fazem através de interações com as

pessoas próximas e através de brincadeiras exploratórias. Na verdade, toda e qualquer ação da criança

resulta em informação sensorial para o cérebro, o que contribui para o processo de organização e

integração. Quando você vê um bebê colocando objetos na boca ou batendo objetos no chão você está

testemunhando os métodos naturais do cérebro para a integração sensorial. Quando sua criança de 4

anos pula na cama, roda em torno do próprio eixo até ficar tonta ou quer que você a segure de cabeça

para baixo, ela está integrando seus sentidos. O sistema vestibular (que controla o equilíbrio) continua a

amadurecer até a adolescência, o que explica o porquê dos adolescentes buscarem experiências

intensas como as das montanhas-russas, enquanto que os adultos geralmente não as toleram

fisicamente.

Crianças com autismo não são diferentes em relação a isto. Elas também recebem a informação sensorial

que ajuda o cérebro a se organizar através de atividades como rodar, balançar, correr, pular, bater, tocar,

mastigar, apertar, e cheirar! A diferença é que crianças com autismo geralmente necessitam fazer estas

atividades por períodos maiores e de forma mais intensa do que outras crianças. Algumas delas também

continuam a precisar destes tipos de estímulos engajando-se em comportamentos auto-estimulatórios

que não seriam considerados “apropriados” para suas idades em nossa sociedade. Devido a

comportamentos desta natureza, crianças com autismo são amplamente incompreendidas e, em alguns

casos, maltratadas.

Abordagens comportamentais tradicionais ao autismo têm visto estas atividades de auto-estimulação

sensorial como “ruins” ou “inapropriadas”, e buscam eliminá-las. Diversas estratégias foram utilizadas no

passado para eliminar estes comportamentos, desde o amarrar as mãos das crianças em suas cadeiras

até a “terapia” de eletrochoque. Versões mais modernas tendem a não ser tão extremas, apesar da

filosofia continuar a ser a mesma, a de eliminar (ou pelo menos interromper e redirecionar) estes

comportamentos em nome de uma “normalidade social” ou habilidade de se concentrar durante as aulas.

Nossa experiência , assim como conclusões de estudos recentes (ex: Hirstein et al, 2001), nos demonstra

que as crianças com autismo necessitam deste estímulo sensorial para ajudá-las a organizar seus

sentidos (devido às diferenças neurológicas discutidas na seção Ambiente), e que a interrupção forçada

destas atividades de fato aumenta os níveis de estresse, reduz a integração sensorial e a habilidade da

criança de se concentrar durante a aprendizagem.

A Inspirados pelo Autismo adota uma perspectiva diferente em relação a estas atividades, uma

perspectiva que consideramos ser de respeito e apreciação pela função destas atividades, assim como o

sincero prazer por compartilhar a atividade (como descrito na páginaOs Sentimentos). Pesquisas

científicas recentes mostram que a técnica de "juntar-se" à criança nestas atividades promove maior

interatividade social em crianças com autismo. Muitas das necessidades de integração sensorial de sua

criança podem ser atendidas através de brincadeira intencional dentro de um quarto de brincar/quarto de

trabalho. Profissionais especializados em terapias de integração sensorial podem orientar os pais em

como auxiliar suas crianças durante as sessões de quarto. Entre as abordagens de terapias de integração

sensorial e treinamento para a auto-regulação, citamos o Treinamento de Integração Auditiva (sigla AIT

em inglês), exercícios da metodologia HANDLE, Fast ForWord, e N

Perguntas e Respostas

Recebemos várias perguntas de pais e profissionais relativas à implementação do Programa Son-Rise®

com crianças e adultos com autismo. Sean Fitzgerald e Mariana Tolezani respondem aqui às perguntas

mais frequentes. Esperamos com esta página contribuir para a maior compreensão dos princípios,

implantação e aperfeiçoamento do Programa Son-Rise desenvolvido por cada família e profissional.

Clique em cada pergunta para visualizar a resposta.

1. Posso utilizar o grande interesse do Rodrigo por números e letras dentro do quarto do Son Rise

sem ser diretiva? Como fazer isto? Geralmente ele quer brincar com livros todo o tempo.

2. Quando nosso filho solicita ajuda ele balbucia "hummm" "hummm" "hummm" (aumentando o

volume e a intensidade, ele vai apertando os botões). Buscamos atendê-lo, ou seja, damos o auxílio

solicitado por ele. Como devemos agir nessas ocasiões, continuar a atender ou não atender mesmo que

leve a um aumento de stress de todos em casa e dele mesmo?

3. Quando nosso filho fica altamente conectado, é muito comum ele se comportar de maneira muito

eufórica, mais especificamente, ele trinca os dentes, faz um som alto "hiiii" "hiiii", dá tapas (não muito

fortes) na sua própria cabeça, pernas e barriga além de dar chutes no chão. Qual deve ser nossa atitude

neste momento já que buscamos mais momentos de alta conexão com ele? Os tapinhas e gemidos são

rápidos e passageiros e logo ele volta a interagir. Existe algo que possa minimizar isso ou neste período

curto é como se ele tivesse estas reações de auto-estimulação em isolamento? Devo juntar-me a ele

nestes breves instantes de euforia, ou seja, repetir os mesmos movimentos dele?

4. Há momentos em que nosso filho fica brincando sozinho em outro quarto e faz o som "man man

man", não se sabe se ele está tentando chamar alguém ou se é apenas um gemido sem significado,

assim, nestes casos seria válido a mãe se dirigir imediatamente até ele para celebrar ou manter-se

indiferente pois é um contexto em que ele está realizando uma atividade em isolamento?

5. Tenho uma dúvida, que considero muito relevante: Entendi, lendo algumas poucas informações,

que o Son-Rise não adota o Teacch e o PECs. Mas, posso trabalhar a “abordagem Son-Rise” com a

“Técnica ABA”? São inteiramente compatíveis? Estávamos usando o ABA e o Pecs com o Leo e iniciando

o Teacch. Depois do curso, o Alberto insistiu em mudar – abandonamos o PECs e o Teacch -, mas

percebo que o comportamento do Leo está mais difícil. A razão da mudança de comportamento pode ser

melhor explicada com este exemplo: hora do banho – antes eu avisava o Leo que já estava perto da hora

do banho e que ele poderia continuar brincando “só mais um pouquinho” (ele entende a expressão),

passados poucos minutos, eu o chamava para o banho e o direcionava para o banheiro. Quando iniciei

esta técnica ele relutava (birra) em deixar a atividade que estava fazendo, mas com o passar do tempo

extinguiu-se a resistência, porque ele percebeu que a birra não funcionava mais. Agora, depois do curso

Son-Rise, o Alberto quer brincar com ele até que surja a oportunidade ideal para levá-lo para o banho,

evitando ser “diretivo”. Eu não concordo, porque a rotina virou um caos, atrasa o banho, atraso o sono e

eu estou mais cansada e o Leo mais desestruturado. Foi em razão desse tipo de exemplo que me veio a

questão: Son-Rise e ABA funcionam juntos?

6. O Programa Son-Rise e ABA são compatíveis?

7. E a escola Montessori, é compatível?

8. Como eu trabalho as habilidades de leitura e escrita no quarto de brincar/interagir?

9. Quais são os brinquedos que vocês sugerem que utilizemos no quarto do Son-Rise?

10. Tenho uma dúvida que já está me deixando louca, o Renato não quer fazer cocô, ele está

prendendo, fazendo contrações para não fazê-lo e isso está machucando o bumbum porque sai muito

pouquinho e com isso causando assadura. Como devo agir, pois ele não está com intestino preso, o

pouquinho que sai é normal não está ressecado, já dei laxante coloquei supositório e até agora nada. Se

você puder me dizer como fazer eu agradeço.

11. No Calendário de Programas de Cursos de Grupo 2008 do site do The Autism Treatment Center

of America não aparece o Intensive Program (Curso Intensivo), no qual tenho muito interesse. Como é

feito o agendamento deste curso intensivo para a família?

12. Ainda quanto ao Curso Intensivo nos EUA. Nós não falamos inglês. Nós sabemos que

poderíamos contratar um tradutor intérprete para nos atender, entretanto tenho uma dúvida muito

relevante, como os terapeutas vão atuar com nosso filho visto que ele tem ouvido apenas palavras e

frases em português desde que nasceu, apesar de ser não-verbal. Como se dariam as interações verbais

entre ele e os terapeutas na semana que estivesse sendo assistido diretamente em Massachusetts?

13. Como começar a procurar e treinar voluntários?

14. Para o Program Son-Rise, há um número máximo de pessoas para integrar a equipe de

facilitadores no atendimento ao nosso filho? Será que uma variedade muito grande de pessoas na equipe

daria menos controle ao nosso filho no quarto de brincar?

15. Pelo o que eu pude entender, o Son-Rise é um programa domiciliar dirigido pelos pais. Nos EUA,

quando a família decide adotar o programa eles tiram seus filhos de outras terapias? Essa é minha

dúvida, devo tirá-lo da fonoaudióloga e investir somente no Son-Rise?

16. Minha filha chora muito quando quer algo. Às vezes não tenho tempo nem de descobrir o que ela

quer antes dela começar a chorar. Outras vezes sei exatamente o que ela quer, mas acabei de falar para

ela que ela vai precisar esperar um pouco... Não sei o que fazer!

17. Quando crianças e adultos com autismo batem em si mesmos ou nos outros, pode ser que eles

estejam sentindo alguma dor ou desconforto e estejam tentando se livrar da dor através deste ato de se

bater ou bater nos outros?

18. Qual é a maneira mais efetiva de se estar com o meu filho quando ele está em isolamento,

parado e olhando para o nada?

19. Devemos tentar reduzir a frequência dos comportamentos de repetição e isolamento até que não

mais ocorram?

20. O que posso fazer para ajudar meu filho a começar a utilizar o penico ou vaso sanitário e deixar

de usar fraldas?

21. Quanto ao desenvolvimento de habilidades de minha filha com autismo, em quais eu deveria

focar primeiro?

22. O progresso em uma área do desenvolvimento pode provocar a demora em outra área do

desenvolvimento? Por exemplo, um aumento no contato visual e menos desenvolvimento da linguagem,

ou um aumento das habilidades de coordenação motora e diminuição da linguagem, etc.

23. A criança deve ser poupada de sentimentos negativos como o medo, raiva, tristeza? Ou estes

sentimentos devem ser simulados pelo facilitador para ajudar o aprendizado destes por parte da criança?

24. Quando começar a utilizar menos o quarto de brincar/interagir e passar a utilizar outros

ambientes para as atividades da criança ou adulto com autismo?

25. Como e quando um programa Son-Rise termina? Ou a pessoa com autismo precisa de “contínuo

suporte”?

26. Meu filho tem 16 anos e gosta de jogar sempre os mesmos jogos de tabuleiro, algumas vezes de

forma bem rígida e olhando pouco para mim. O que posso fazer para ajudá-lo a se interessar por outros

jogos e para tornar estas atividades mais interativas?

Posso utilizar o grande interesse do Rodrigo por números e letras dentro do quarto do Son Rise sem ser diretiva? Como fazer isto? Geralmente ele quer brincar com livros todo o tempo.

É ótimo que você queira utilizar o interesse do Rodrigo por letras e números! E que queira introduzir os números e letras de forma não-diretiva ou responsiva. Eu acredito que adotar um estilo de interação responsivo trará para você a melhor oportunidade para se criar e prolongar interações sociais com o Rodrigo. Para adotar um estilo de interação responsivo, procure iniciar uma interação com letras

e números SOMENTE quando você receber um sinal verde para interação. Você se lembra de quando eu e Kat apresentamos os estados de disponibilidade no curso? Uma criança pode estar em um desses três estados: em isolamento, interessada ou altamente

conectada. Quando a criança apresenta-se interessada ou altamente conectada, ela está oferecendo sinais verdes para interação e você pode iniciar qualquer atividade que você acredite que pode ser motivadora para sua criança – inclusive letras e números. Lembrete: Os sinais de que o Rodrigo está no estado de isolamento incluem um envolvimento em

uma atividade que exclui qualquer outra pessoa, contato visual mínimo ou ausente, resposta mínima ou ausente para os comentários e perguntas dos outros. Este é o momento para se juntar ao comportamento de isolamento dele fazendo aquilo que ele estiver fazendo, sem tentar distraí-lo ou pedir nada para ele. Os sinais de que Rodrigo está interessado incluem um aumento no contato visual e/ou

contato físico como por exemplo pegar na mão da pessoa e levá-la até algum lugar, ou tocar na pessoa com o pé. Os sinais de que ele está altamente conectado incluem um contato visual maior ou até

constante, expressões faciais animadas (sorriso), e respostas oferecidas aos pedidos e ações das outras pessoas. Você mencionou que ele “geralmente quer brincar com livros o tempo todo”. Tenho algumas questões em relação a isso. Os livros possuem um foco específico em letras e números ou são simplesmente livros de histórias? Se forem livros que apresentam um foco em letras e números, você poderia tentar encontrarmaneiras de se construir ou de se adicionar uma ação relacionada às letras e números do livro. Por exemplo, se o livro possuir uma página com o tema da letra “B”, talvez eu enfatize o “B” e ofereça a brincadeira de “bolhas” (de sabão). Se for um livro de números e houver um número “6” na página, eu poderia construir uma torre com 6 blocos e daí derrubá-la. Permita-se

experimentar muitas maneiras de se construir uma interação a partir da atividade favorita dele. (Importante: caso os livros sejam a atividade favorita dele, talvez ele queira, algumas vezes, brincar com eles de forma mais isolada e rígida – se isso acontecer, seja responsivo eNÃO adicione algo ou construa uma interação dentro da atividade dele se ele não quiser. Neste caso, espere por momentos dentro desta atividade dele em que

ele pareça estar mais flexível e mais aberto para você, e adicione algo à atividade apenas nestes momentos. Além dos livros, você pode oferecer quaisquer atividades divertidas (cócegas,

carregar de cavalinho, pega-pega, canções, etc) enquanto enfatiza a parte de letras e números da brincadeira. Por exemplo, enquanto dou 5 passos gigantes para correr atrás

dele, eu poderia prender a letra C na minha camisa e daí oferecer cócegas para ele. Eu poderia usar letras de plástico para escrever a palavra “Cantar” e cantaria uma das

canções favoritas dele. Depois embaralharia as letras e pediria para ele colocá-las na ordem correta para formar a palavra “Cantar” novamente, e cantaria mais uma vez para ele. Divirta-se com estas atividades e, é claro, adapte as sugestões para que funcionem ainda

mais para o Rodrigo de acordo com os interesses dele. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Quando nosso filho solicita ajuda ele balbucia "hummm" "hummm" "hummm" (aumentando o volume e a intensidade, ele vai apertando os botões). Buscamos atendê-lo, ou seja, damos o auxílio solicitado por ele. Como devemos agir nessas ocasiões, continuar a atender ou não atender mesmo que leve a um aumento de stress de todos em casa e dele mesmo?

Parece que “hummm” “hummm” é uma comunicação para ele. É ótimo que ele esteja se comunicando com você!

Primeiro, lide com “hummm” “hummm” como uma comunicação. Sinta-se e demonstre-se empolgado com isto! Responda ao som com uma celebração e uma ação – especialmente após ele ter ficado em isolamento por um tempo e estiver começando a interagir e se comunicar novamente. Como um segundo passo, finja não entender quando estiver respondendo. Se você achar que ele quer uma bebida, o celebre pelo som e rapidamente pegue um carrinho e dê para ele. Quando ele empurrar o carrinho demonstrando não o querer e disser “hummm” “hummm” de novo, pegue a bebida e fale (modele) claramente a palavra “BEBIDA”, faça uma pequena pausa e dê a bebida para ele. Ele perceberá que você quer ajudá-lo,

que está sendo responsivo com ele e que um som ou palavra diferente vai ajudá-lo a conseguir a bebida mais rapidamente. Em seguida, quando ele estiver realmente muito motivado (poderia ser durante uma brincadeira/atividade favorita ou por sua bebida ou comida favorita) e você perceber que ele está relativamente mais flexível (ao contrário dos momentos em que ele está mais rígido e menos aberto às suas contribuições), após fingir não entendê-lo e oferecer o objeto incorreto, modele o nome do objeto ou ação que você acha que ele quer efaça uma pausa sem oferecer aquilo para ele. Dê a oportunidade para ele tentar fazer novos

sons. O incentive a fazer os sons uma, duas, três, quatro, até cinco vezes. Ele verá que você ainda está tentando ajudá-lo, mas que leva mais tempo para conseguir algo quando ele não faz o som relacionado àquele objeto. De qualquer jeito, ele ainda consegue o objeto! Sempre que ele fizer um som diferente de “hummm” “hummm”, celebre (elogie, faça festa) e ofereça uma resposta (ação/objeto) imediata. Faça isso mesmo que o som diferente não apresente nenhum fonema da palavra que você está modelando e solicitando que ele fale.

Por exemplo, você pede para ele dizer “bebida” e ele diz “mo”. O mais importante é que ele comece a fazer novos sons. Divirta-se com isso. Seja paciente, mantenha-se entusiasmado e acredite em seu filho. E, por último, não foque apenas na solicitação de linguagem com seu filho. De vez

em quando, deixe de lado as solicitações de linguagem, e concentre-se em solicitar que ele participe fisicamente, como por exemplo, “levante o seu pé para ganhar cócegas!”, “sente-se na cadeira e eu trago a bebida”, “dê o prato para mim e eu trago a comida”, etc. Estas solicitações permitirão que seu filho se sinta confiante para ter sucesso nas suas

participações em interações, em um momento em que ainda é difícil para ele ter esse êxito na área da linguagem. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Quando nosso filho fica altamente conectado, é muito comum ele se comportar de maneira muito eufórica, mais especificamente, ele trinca os dentes, faz um som alto "hiiii" "hiiii", dá tapas (não muito fortes) na sua própria cabeça, pernas e barriga além de dar chutes no chão. Qual deve ser nossa atitude neste momento já que buscamos mais momentos de alta conexão com ele? Os tapinhas e gemidos são rápidos e passageiros e logo ele volta a interagir. Existe algo que possa minimizar isso ou neste período curto é como se ele tivesse estas reações de auto-estimulação em isolamento? Devo juntar-me a ele nestes breves instantes de euforia, ou seja, repetir os mesmos movimentos dele?

Quando ele estiver altamente conectado e apresentar este comportamento, mantenha uma atitude calma e relaxada e permita que ele termine de agir daquela forma antes de continuar com a atividade (talvez de uma maneira mais calma). Algumas crianças apresentam dificuldades para auto-regular sua energia e/ou suas emoções. Estes tipos de comportamentos descritos por você podem ajudar a criança na auto-regulação quando elas se tornam hiperestimuladas. Em outros casos, a criança pode investir nestes comportamentos com o objetivo de aumentar sua energia e concentração. Quanto mais

seu filho praticar interações, mais oportunidades ele terá para aprender a se regular durante atividades. Mais uma coisa para se observar: antes dele trincar os dentes, balbuciar “hiii” e se bater, o que você estava fazendo? Em alguns casos, se um dos pais ou a pessoa que cuida da criança tenta tirar a criança de alguma atividade dela ou insiste em ter a atenção da criança quando ela não quer mais prestar atenção, observamos a criança se envolver em comportamentos como os descritos acima. Se este for o caso de vocês, procure perceber mais rapidamente quando seu filho deixar de estar interessado ou altamente conectado e JUNTE-SE a ele sem fazer demandas, perguntas ou tentar chamar sua atenção. E se ele apresentar esses comportamentos enquanto estiver em isolamento, você pode se juntar a ele como uma maneira de aprender mais sobre a experiência sensorial que ele pode estar vivenciando. Daí você poderia oferecer estímulos para regular sua energia como massagens, abraços ou atividades físicas. Ofereça estas atividades para regulação de energia somente quando ele demonstrar abertura e interesse por elas. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Há momentos em que nosso filho fica brincando sozinho em outro quarto e faz o som "man man man", não se sabe se ele está tentando chamar alguém ou se é apenas um gemido sem significado, assim, nestes casos seria válido a mãe se dirigir imediatamente até ele para celebrar ou manter-se indiferente pois é um contexto em que

ele está realizando uma atividade em isolamento?

Se você estiver no quarto de brincar/interagir, o celebre e ofereça uma ação ou um objeto assim que ele fizer este som. Se ele ignorá-lo, o empurrar para longe ou parecer não

interessado em você, junte-se ao som dele. Se ele continuar fazendo o som, junte-se ao som (fazendo o mesmo som), e de vez em quando o celebre e ofereça uma ação para ver se ele está se comunicando e interessado no que você está oferecendo. Se ele ainda não estiver interessado, junte-se a ele e a seus sons por períodos maiores sem celebrar e responder aos sons. Se você estiver fora do quarto de brincar/interagir, procure seguir os mesmos passos acima quando possível. Porém, se você estiver ocupado e envolvido em outra atividade

você pode continuar o que estiver fazendo. De vez em quando ofereça celebrações, respostas e até junte-se quando puder, mas não se preocupe em fazê-lo o tempo todo ou até na maior parte do tempo. Valorize o tempo de “um-para-um” agendado para ficar com seu filho no quarto de brincar/interagir ou em outro ambiente da casa. Esta rotina o permite

se concentrar totalmente e responder intencionalmente ao seu filho durante uma hora “marcada” ou um período de tempo específico. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Tenho uma dúvida, que considero muito relevante: Entendi, lendo algumas poucas informações, que o Son-Rise não adota o Teacch e o PECs. Mas, posso trabalhar a “abordagem Son-Rise” com a “Técnica ABA”? São inteiramente compatíveis? Estávamos usando o ABA e o Pecs com o Leo e iniciando o Teacch. Depois do curso, o Alberto insistiu em mudar – abandonamos o PECs e o Teacch -, mas percebo que o

comportamento do Leo está mais difícil. A razão da mudança de comportamento pode ser melhor explicada com este exemplo: hora do banho – antes eu avisava o Leo que já estava perto da hora do banho e que ele poderia continuar brincando “só mais um pouquinho” (ele entende a expressão), passados poucos minutos, eu o chamava para o banho e o direcionava para o banheiro. Quando iniciei esta técnica ele relutava (birra) em deixar a atividade que estava fazendo, mas com o passar do tempo extinguiu-se a resistência, porque ele percebeu que a birra não funcionava mais. Agora, depois do curso Son-Rise, o Alberto quer brincar com ele até que surja a oportunidade ideal para levá-lo para o banho, evitando ser “diretivo”. Eu não concordo, porque a rotina virou um caos, atrasa o banho, atraso o sono e eu estou mais cansada e o Leo mais desestruturado. Foi em razão desse tipo de exemplo que me veio a questão: Son-Rise e ABA funcionam juntos?

Eu acho fantástico que você está aberta para experimentar novas técnicas e estratégias, e que tanto você como o Alberto estão envolvidos no processo de fazer as melhores escolhas para ajudar o Leo. Você pode ter uma rotina com hora do banho e hora de dormir. Na verdade, ambas

podem ser muito úteis para auxiliar tanto o Leo como vocês. Se ele já está familiarizado e parece se beneficiar de calendários visuais como os que o programa TEACCH recomenda, você pode continuar a utilizá-los durante a hora do banho e hora de dormir. No Son-Rise, nós podemos introduzir uma rotina, mas não manipulamos a criança fisicamente de modo a forçá-la a seguir a rotina, pois em nossa experiência este tipo de atitude não

estimula o tipo de interação social e flexibilidade que nós desejamos promover em nossas relações com uma criança/adulto com autismo. Ao invés de manipular e forçar, nós somos entusiasmados, persistentes e flexíveis enquanto encorajamos a hora do banho e de dormir. Apesar desta abordagem demandar a curto prazo um período de tempo maior para a atividade, notamos que a longo prazo nos ajuda a conseguir muito mais o que queremos. Como um exemplo, na hora do banho nós podemos encorajar o banho com entusiasmo ao mesmo tempo que damos um jeito de tornar outras atividades que competiriam com o banho indisponíveis naquele momento. Podemos desligar a TV ou o

computador, fechar a porta para o quarto dos pais se ele gosta de pular na cama, parar uma brincadeira que vocês vinham brincando com ele, etc. Avise com entusiasmo que está quase na hora do banho. Depois de alguns minutos o avisando, o estimule a vir para o banheiro com você. Se ele não vier imediatamente, você pode começar a encher a banheira, preparar um banho de espuma ou adicionar os brinquedos ou objetos favoritos dele no box do chuveiro ou na banheira. Faça um pouco de barulho como se você estivesse se divertindo no banheiro. Tente tornar o banho o

lugar mais interessante e divertido da casa nesse momento. Se ele vier para o banho sozinho, ou até se aproximar da banheira, faça festa e o celebre por isso. Não brinque com ele de forma entusiasmada em uma outra área da casa a não ser que você possa brincar só um pouquinho e depois ajudá-lo a vir para o banho. Se ele estiver brincando com o brinquedo favorito, eu posso trazer o brinquedo para o banheiro (se ele largar o brinquedo e o objeto estiver disponível para eu pegar – eu não vou tirar o brinquedo dele). Também posso trazer um lanchinho favorito para o banheiro como uma maneira de inicialmente estimulá-lo a vir para o banho sozinho.

Dependendo do estágio de desenvolvimento social dele, você poderia também fazer “combinados”/”tratos” com ele em que ele poderia fazer algo que ele quer muito fazer (para o qual ele necessita da sua ajuda ou permissão para fazer) após o banho. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

O Programa Son-Rise e ABA são compatíveis?

A metodologia ABA é implementada de forma amplamente variada. Alguns programas ABA são consideravelmente mais diretivos e manipulativos do que outros, portanto a resposta depende tanto do tipo de programa ABA utilizado como do grau de flexibilidade apresentado por cada criança em particular. De maneira geral, eu sugiro que aqueles que participaram do workshop procurem utilizar o máximo que puderem da abordagem do Son-Rise e de um estilo responsivo de interação, observando os benefícios que esta

abordagem pode trazer para sua criança e sua família. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

E a escola Montessori, é compatível?

É importante que você escolha o ambiente escolar mais adequado para cada criança/adulto em particular. Enquanto algumas crianças desenvolvem-se mais em ambientes mais flexíveis, outras parecem se beneficiar de ambientes mais estruturados. Quando falamos de escolas para pessoas que se encontram no espectro do autismo, não há apenas UMA escola adequada. Portanto, a escola Montessori pode ser compatível com um Programa Son-Rise, mas depende também de sua criança. Tendo observado crianças no espectro do autismo em escolas montessorianas, posso dizer que considero este um ambiente útil para se oferecer um período de tempo de convívio com outras crianças por ser um ambiente escolar menos estruturado e com maior liberdade. Eu trabalhei com muitas crianças que, depois de um período de Programa Son-Rise em tempo integral, fizeram a transição para o sistema escolar através de uma escola montessoriana (geralmente em meio período). Após 1 ou 2 anos em uma escola montessoriana, muitas mudaram para escolas mais convencionais com um ambiente mais estruturado e menos flexível. Quando as crianças estão prontas para uma maior estrutura (facilmente seguem instruções, podem se concentrar e prestar atenção por períodos maiores, podem permanecer sentadas por mais tempo), elas frequentemente se desenvolvem ainda mais em ambientes estruturados. Já para uma criança que ainda não consegue sentar-se quieta e tem dificuldade para se concentrar e seguir instruções, o ambiente mais estruturado e rígido geralmente encontrado em uma escola convencional pode ser um ambiente mais difícil para o aprendizado e, em alguns casos, um ambiente mais difícil para se passar o dia. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Como eu trabalho as habilidades de leitura e escrita no quarto de brincar/interagir?

Muitos pais enviaram perguntas sobre a estimulação de leitura e escrita no quarto. Você pode trabalhar qualquer habilidade, inclusive de leitura e escrita, quando sua criança estiver motivada e envolvida em uma interação social no quarto. Por exemplo, se sua criança gostar de:

Cócegas

Leitura Passear de cavalinho Canções Vozes divertidas e atividades de imaginação Dinossauros

Quando você estiver em uma atividade interativa utilizando qualquer um destes interesses acima, espere até que sua criança esteja realmente motivada e conectada, antecipando já com muita expectativa o clímax da parte mais divertida da atividade. Este é o momento ideal para solicitar algo na área das letras ou números, levando em conta o estágio de desenvolvimento de cada criança/adulto. Como um exemplo, estou passeando com a criança no colo pelo quarto todo. Eu posso dar duas ou três voltas sem pedir nada para ela (fazendo pequenas pausas entre cada volta para aumentar ainda mais a expectativa). Quando eu perceber que a criança já está bem motivada (talvez apresente maior contato visual, expressão facial animada, sorridente, etc), eu posso solicitar que ela escreva a letra P no seu “bilhete de passear”, ou que ela faça um círculo em volta da figura de um cavalo (se eu estiver fingindo carregá-la como um cavalinho). Em um outro exemplo, minha criança está interessada em dinossauros e eu estou fingindo ser um tiranossauro rex que a persegue pelo quarto. Eu pego um número 5 de plástico e digo que vou dar cinco passos gigantes de tiranossauro rex para pegá-la. Eu dou os 5 passos e faço rugidos de dinossauro. Daí eu digo que posso dar 7 passos gigantes para

pegá-la. Peço que ela pegue o número 7 de plástico e o dê para mim antes de dar os passos. Eu ajusto a minha solicitação de acordo com o estágio de desenvolvimento de minha criança. Por exemplo, eu tenho 6 bolas de pingue-pongue e minha criança está interessada na atividade com o tema do tiranossauro rex. Eu posso fingir que as 6 bolas são ovos de dinossauro e que se ela estiver perto dos ovos o dinossauro vai rugir, persegui-la e fazer cócegas nela. Depois de fazer isso uma ou duas vezes sem demandar nada da criança para ajudá-la a ficar ainda mais motivada, eu posso pedir que ela divida os ovos por 2, por 3, etc. É claro que os interesses e motivações de cada criança ou adulto serão diferentes. E o estágio de desafio a ser trabalhado com cada criança em relação a letras, números, escrita e leitura também será diferente. É por isso que é tão importante seguir as motivações de sua criança e entender que em muitas ocasiões talvez a sua criança não esteja interessada na atividade que você está propondo. INTERAÇÃO, CONEXÃO E O RELACIONAMENTO ENTRE VOCÊS DOIS É MAIS IMPORTANTE DO QUE LETRAS, NÚMEROS E LEITURA. É POR ISSO QUE SUGIRO QUE VOCÊ SE CONCENTRE PRIMEIRO EM: CONTATO VISUAL, COMUNICAÇÃO VERBAL, INTERVALO DE ATENÇÃO COMPARTILHADA E FLEXIBILIDADE. Se você se concentrar nas habilidades acadêmicas muito cedo, isso pode levar a uma experiência de frustração tanto para você como para sua criança. Se ela ainda não apresenta o grau de concentração necessário para facilmente aprender o conteúdo, a experiência não será divertida para ela e você se tornará menos atraente por forçar que ela faça algo. Conforme sua criança aprenda a se envolver mais nas interações e a interagir com pessoas por períodos maiores, ficará cada vez mais fácil para ela aprender qualquer coisa,

inclusive números e letras. Além disso, eu conheço muitas crianças que apresentam habilidades de leitura e matemática adequadas para a idade ou até em níveis muito elevados para a idade, mas que apresentam comportamentos muito autísticos e não utilizam estas habilidades de maneira funcional. Suas crianças são inteligentes. Ensinar para elas letras e números não irá curar o autismo delas. Ajudá-las com seu currículo social através de brincadeiras e atividades pelas quais

elas se sentem motivadas é o que temos visto fazer a maior diferença no desenvolvimento de uma criança. Eu não estou dizendo para não trabalharem com letras, números, leitura, etc. Eu estou apenas dizendo para você não cair na ilusão de que estas são as coisas mais importantes para sua criança aprender no momento. E para não se concentrar tanto

nestas atividades de forma a abandonar outras atividades motivadoras que poderiam ajudar a prolongar o intervalo de atenção compartilhada e aumentar a comunicação interativa de sua criança. Enfim, já vi muitas crianças dentro do espectro do autismo aprenderem a ler sozinhas. No

Programa Son-Rise, nós nos concentramos em ajudar a criança a adquirir habilidades sociais que permitam que ela consiga prestar mais atenção, ser mais flexível e aprender habilidades acadêmicas em um ambiente escolar. Algumas o fazem de forma simultânea (Son-Rise e escola). Outras, com maior freqüência, participam de um Programa Son-Rise em tempo integral e, quando encontram-se em um estágio avançado de seu programa tendo adquirido mais habilidades sociais, são reintroduzidas ao ambiente escolar. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Quais são os brinquedos que vocês sugerem que utilizemos no quarto do Son-

Rise?

Recomendamos brinquedos e objetos que sejam duráveis e não tóxicos, que possam

ser jogados, amassados e até mordidos, sem representar nenhum perigo para a saúde e segurança da criança. Brinquedos que funcionam sozinhos, movidos a pilha, com luzes e sons, podem estimular que a criança brinque sozinha com eles, sem precisar que alguém “anime” os brinquedos para elas. Esses brinquedos podem distrair a criança e também ser hiperestimulantes. Por estas razões, NÃO utilizamos brinquedos e objetos elétricos ou eletrônicos no quarto de brincar/interagir. Também procuramos não utilizar areia, grandes quantidades de

peças muito pequenas e água, pois estas substâncias também costumam distrair muito as crianças. Preferimos brinquedos que estimulem a criatividade e imaginação, podendo ser

utilizados de diversas formas. Por exemplo, um conjunto de blocos grandes pode ser utilizado como muro do castelo ou da casa dos ‘Três Porquinhos”, pode ser uma ponte, uma cidade, uma cama ou uma torre que será destruída pelo “Lobo” ou por uma onda do mar. E, muito importante, procuramos brinquedos que estimulem a interação. O fantoche é um

bom exemplo, pois ele não costuma ser tão interessante por si só, ele geralmente precisa de um adulto que o anime para que ele fique mais divertido para a criança. Abaixo encontra-se um trecho retirado da tradução do texto sobre materiais para o desenvolvimento social dentro do quarto do Son-Rise:

“Muitos brinquedos no mercado têm como objetivo manter a criança ocupada e distraída enquanto os pais se ocupam com outras tarefas ou atividades. Nós queremos o oposto

disto! Quando uma criança quiser ficar em isolamento, ela encontrará um jeito para se isolar, não importando quais brinquedos estejam disponíveis. Mesmo assim, procuramos utilizar brinquedos que costumam promover interações ao invés de brincadeiras solitárias. Por exemplo, sua criança poderia permanecer isolada ao brincar com um fantoche, mas ela também poderia achar a atividade mais divertida quando você animasse o fantoche. O fantoche então ofereceria a você a oportunidade de se tornar parte do interesse de sua criança. Se há brinquedos e objetos específicos que sua criança gosta (ou até que os utiliza

enquanto está em “ismos” – comportamentos repetitivos e de isolamento), com a exceção de brinquedos a pilha ou brinquedos que contêm uma grande quantidade de areia, pecinhas ou água, nós sugerimos que você mantenha estes brinquedos disponíveis na prateleira do quarto para sua criança brincar.

Sugerimos que você mantenha no quarto apenas alguns destes brinquedos que a criança utiliza em “ismos”. Por exemplo, se sua criança costuma brincar de forma repetitiva e isolada com trens e possui 50 trens, diminua o número de trens no quarto para apenas 6. Se a criança gosta de ficar em “ismo” com barbantes, mantenha dois barbantes no quarto

ao invés de um saco inteiro de barbantes. Nós não acreditamos que seja necessário ter sempre um par de cada brinquedo, mas recomendamos que você tenha 2 de cada brinquedo que sua criança gosta de brincar em

isolamento para que você possa se juntar à criança utilizando o mesmo brinquedo. Muitos pais perguntam quantos brinquedos eles deveriam ter no quarto. O objetivo é oferecer uma variedade de brinquedos diferentes, mas que a prateleira não esteja tão cheia a ponto de ficar difícil para que você e a criança vejam quais são os brinquedos

disponíveis. Nossos quartos de brincar/interagir em nosso centro de atendimento possuem 3 prateleiras com 2,5 m de comprimento, e parte da prateleira é reservada para lanches,

bebidas, trocas de roupas, fraldas, etc.” Direitos autorais reservados para The Option Institute and Fellowship © 2001.

Utilize brinquedos como aqueles que as crianças utilizavam 40 anos atrás. Muitos dos

brinquedos eletrônicos modernos, aqueles encontrados hoje em grandes lojas de brinquedos, tendem a estimular que a criança se entretenha sozinha com o brinquedo ao invés de estimular que ela brinque com o brinquedo de forma interativa.

Brinquedos como os “antigos” incluem:

blocos grandes para montar bolhas de sabão brinquedos de borracha que podem ser mordidos

carrinhos/aviões/trens sem bateria bolas jogo de boliche de plástico baldes

2 bolas grandes de fisioterapia pequena cama elástica pequeno escorregador (Clique aqui para ver um modelo) brinquedos para incentivar o uso da imaginação (ex: cesta de piquenique, louças e comidinhas de plástico, kit de médico, dinheiro de brincadeirinha, etc.).

jogos tipo dominó, jogo da memória, quebra-cabeças jogos de tabuleiro (ex: jogos físicos como “Twister”, jogos cooperativos, jogos onde os participantes agem como diferentes personagens ou animais, jogos com perguntas sobre fatos ou perguntas pessoais, etc.) Importante: podem ser confeccionados

em casa para que se empregue os interesses únicos de cada criança ou adulto. livros letras e números de plástico ou outro material dúravel material para colorir, desenhar e escrever (papel, cartolina, giz de cera, canetinhas, tesoura sem ponta, fita crepe, lousa, etc) instrumentos musicais simples (tambor, pandeiro, gaita, flauta, sino, xilofone, chocalho, microfone que amplifica a voz sem utilizar pilha ou bateria) acessórios para fantasias (ex: tapa-olho de pirata, avental, máscaras de animais, capas, chapéus, óculos de plástico, etc.),

caixa sensorial (ex: lenços, penas, luvas de borracha, escovas, objetos com formatos diferentes e tecidos com texturas variadas) bichos de pelúcia/personagens favoritos/bonecos fantoches de mão e dedo pintura facial cobertor bexigas para encher

Você não precisa ter todos os brinquedos mencionados. Escolha os brinquedos e objetos que você acha que seu filho poderia se interessar. Lembramos que o

importante é prover brinquedos e objetos que sejam do interesse de seu filho. Se ele gostar de retalhos coloridos, providencie retalhos coloridos, se gostar de dinossauros, ofereça dinossauros, etc. Os brinquedos, em sua maioria, podem ser confeccionados em casa e improvisados com diversos materiais, como por exemplo caixas de papelão, panos, baldes e potes, garrafas de plástico.

Talvez seja melhor manter alguns dos acessórios de fantasias e objetos para atividades de imaginação fora do quarto e apenas trazê-los para dentro quando você for utilizá-los na sessão. Isso ajuda a manter o quarto e as prateleiras menos lotadas (o que acontece

muito!). Recomendamos poucos quebra-cabeças, pois eles costumam ser atividades menos interativas. Jogos de tabuleiro podem ser úteis para crianças em um estágio de desenvolvimento mais avançado, mas não os utilizaríamos o tempo todo. Por fim, é ótimo quando a criança brinca com os brinquedos da prateleira, mas muitas crianças simplesmente não se interessam pelos objetos e brinquedos da prateleira. Tudo bem se isso acontecer. A nossa prioridade está na interação. Se você

conseguir interações que envolvam canções, brincadeiras físicas ou que não envolvam nenhum brinquedo, continue a estimular essas atividades e não se preocupe com os brinquedos. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Tenho uma dúvida que já está me deixando louca, o Renato não quer fazer cocô, ele está prendendo, fazendo contrações para não fazê-lo e isso está machucando o bumbum porque sai muito pouquinho e com isso causando assadura. Como devo agir,

pois ele não está com intestino preso, o pouquinho que sai é normal não está ressecado, já dei laxante coloquei supositório e até agora nada. Se você puder me dizer como fazer eu agradeço.

Celebre o que ele está fazendo! Elogie seu filho pelo pouquinho de cocô que ele faz. Mantenha-se descontraída, confortável, e calmamente o estimule a continuar quando ele parar. Não insista para que ele se sente no vaso novamente e termine de fazer cocô, pois parece que isto não está funcionando e pode transformar a atividade em uma batalha por controle. Uma das razões dele não querer fazer cocô pode ser a de que ele está tentando obter o controle da situação. Se este for o motivo, você terá melhores resultados se responder à situação de maneira calma e confortável, e encorajá-lo gentilmente sem insistir.

Em algums casos, as crianças vivenciam sensações intensificadas que tornam o ato de fazer cocô difícil para elas. Se este for o caso com o seu filho, as pessoas ao redor o ajudarão mais quando estiverem calmas e compreensivas em relação a esta dificuldade apresentada por ele. Se o seu filho realmente tem experiências sensoriais intensificadas,

você também pode ajudá-lo através da introdução de elementos de integração sensorial em seu programa. Há muitos livros ou sites na internet com informações oferecidas por profissionais especializados em integração sensorial. Por exemplo:

*“The Fabric of Autism -Weaving the Threads into a Cogent Theory”, livro de Judith Bluestone - fundadora do Instituto HANDLE nos EUA, ela mesma encaixando-se dentro do espectro do autismo. A autora faz um relato de suas próprias dificuldades sensoriais na infância e adolescência, explicando também como o autismo seria uma desordem multi-sistêmica no organismo de uma pessoa, e oferecendo idéias de como tratar a desordem pensando no corpo integrado como um todo. O site da HANDLE ( www.handle.org) oferece dicas de atividades de integração sensorial. *“The Out-of-Sync Child, Recognizing and Coping with Sensory Processing Disorder” e ”The Out-of-Sync Child has Fun – Activities for Kids with Sensory Integration Dysfunction”,

ambos livros de Carol Stock Kranowitz, oferecem explicações sobre dificuldades de integração sensorial e diversas atividades divertidas com o objetivo de promover a integração sensorial. Dentro do programa Son-Rise, nós poderíamos sugerir massagens variadas (ex: apertar os pés, mãos, etc.) em diversos momentos do dia, pois isso pode ajudar a equilibrar sensibilidades tácteis. Você também pode fazer massagens na barriga (com permissão

dele) quando você achar que ele está prestes a fazer cocô, pois esta ação pode facilitar o movimento dos intestinos. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

No Calendário de Programas de Cursos de Grupo 2008 do site do The Autism Treatment Center of America não aparece o Intensive Program (Curso Intensivo), no qual tenho muito interesse. Como é feito o agendamento deste curso intensivo para a família?

Entendemos porque você está interessado no Curso Intensivo do Programa Son-Rise, em que a família leva a criança até Massachusetts, nos EUA, para fazer durante 5 dias um trabalho contínuo com a criança e treinamento intensivo dos familiares para que aprendam a aplicar a metodologia. É um curso altamente efetivo e é o predileto de várias famílias que participam dele. Há, no entanto, uma lista de espera de mais de um ano para este curso. Para mais informações, por favor, contate o Vince em [email protected]. Ele pode oferecer informações detalhadas em relação à lista de espera atual, os custos envolvidos, o processo de bolsas para descontos, e o processo de inscrição na lista de espera. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Ainda quanto ao Curso Intensivo nos EUA. Nós não falamos inglês. Nós sabemos que poderíamos contratar um tradutor intérprete para nos atender, entretanto tenho uma dúvida muito relevante, como os terapeutas vão atuar com nosso filho visto que ele tem ouvido apenas palavras e frases em português desde que nasceu, apesar de ser não-verbal. Como se dariam as interações verbais entre ele e os terapeutas na semana que

estivesse sendo assistido diretamente em Massachusetts?

Se a criança é não-verbal ou sua habilidade de comunicação verbal é ainda bastante limitada, a equipe de profissionais do Programa Son-Rise aprende um conjunto específico

de palavras e frases em português. Se a criança é mais verbal e fala em sentenças, a equipe necessita então de um tradutor presente no quarto de brincar/interagir. O Vince pode oferecer uma orientação mais detalhada baseando-se na situação específica de cada família. Temos visto uma eficácia muito grande no trabalho dos facilitadores do Son-Rise com crianças que falam outras línguas que não o inglês. Desenvolvemos técnicas que facilitam a concentração da criança na ação e entonação da fala do facilitador, e em seguida no “áudio” da tradução de um intérprete. Para a surpresa de muitos pais, suas crianças

rapidamente se adaptam ao relacionamento intermediado pelo áudio de tradução. Dizemos “áudio” porque o tradutor procura permanecer praticamente inerte dentro do quarto, apenas traduzindo a fala tanto da criança como do facilitador, reproduzindo na voz toda a entonação do que é falado na sessão, mas não apresentando nenhuma expressão

corporal ou facial para evitar que a criança queira olhar para o tradutor ao invés do facilitador. Se a criança vai até o tradutor, este procura não apresentar nenhuma reação, ao contrário do facilitador, que se mantém responsivo durante toda a sessão, e expressivo durante todas as interações.

Não estimulamos durante a sessão que a criança aprenda ou fale em inglês, mas que fale em sua própria língua, no caso em português. E, como mencionado acima, se a criança apresenta uma habilidade de comunicação verbal em um estágio básico, o facilitador aprende um conjunto de palavras e expressões que podem ser úteis dentro da dinâmica do quarto e as utiliza diretamente na hora de celebrar a criança, modelar (nomear) ações ou objetos para ela e até solicitar que a criança fale estas palavras. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Como começar a procurar e treinar voluntários?

O recrutamento e treinamento de voluntários serão áreas trabalhadas em maior profundidade durante o Workshop Avançado. Por enquanto, adiantamos que uma das maneiras mais efetivas de se recrutar costuma ser a distribuição de cartazes e folders em universidades, principalmente nas faculdades de psicologia e educação, mas

também faculdades de artes cênicas e interpretação, artes plásticas, comunicação social, enfermagem, terapia ocupacional, fonoaudiologia, bibliotecas, academias de ginástica e yoga, APAEs, AMAs, escolas especiais e centros de habilitação para pessoas com necessidades especiais. Algumas famílias optam por colocar os cartazes em clubes e igrejas também. Há famílias que conseguem o apoio de algum professor universitário para que os estudantes envolvidos no programa Son-Rise da criança recebam créditos como se fosse um estágio para o curso universitário.

Muitas famílias também contatam o jornal impresso local e perguntam se eles estariam interessados em publicar um artigo relacionado à criança e ao programa que estão desenvolvendo para ela. Muitos jornais possuem uma seção local e estão procurando por histórias como estas. No artigo, você poderia mencionar que está procurando por voluntários e oferecer um número de telefone e email para contato. A bela oportunidade de se estar com a sua criança, somada à empolgação que vocês tiverem pelo programa Son-Rise que estão desenvolvendo para sua criança, são fatores que podem motivar muito as pessoas para que queiram participar do programa. É importante que as pessoas se comprometam como se comprometeriam a um trabalho remunerado, pois a responsabilidade é a mesma. Não será um favor para vocês ou seu filho, e sim uma fantástica oportunidade de vida para todos! Você pode avisar que todo o treinamento será oferecido por você gratuitamente para

os voluntários, e que você oferecerá sessões freqüentes de feedback para eles. Passe a mensagem da beleza do programa, de como é divertido, prazeroso, e muito humano. É importante não sobrecarregar os voluntários com muitas informações e solicitações no início, mas estimulá-los a se juntar ao seu filho de forma amorosa, respeitosa e divertida, para brincar com ele e formar um vínculo. Recomendamos sessões curtas no início e,

conforme o nível de conforto e de habilidades do voluntário gradualmente aumenta, vá aumentando aos poucos a duração das sessões.

Você pode pedir que eles leiam as informações do site Inspirados pelo Autismo e www.son-rise.org caso leiam também em inglês. E, no caso de fluência do inglês, que leiam os livros do Barry Neil Kaufman sugeridos aqui neste site, assim como o DVD

legendado de introdução. Utilize o material do workshop de introdução de março e vídeos de sessões como material de apoio para treinar os voluntários. Como recomendado no manual do curso Start-Up nos EUA, é muito importante treinar seus voluntários com certa regularidade. Certifique-se de que você e seus voluntários

agendem um horário semanal para que você possa dar feedback a cada um deles. Normalmente, o melhor momento para se dar o feedback é aquele imediatamente após você ter observado o voluntário, em ação, no quarto de brincar/interagir. Quando já tiver seu pequeno grupo de voluntários, ou mesmo se o grupo for formado por apenas duas pessoas, agende regularmente reuniões semanais ou quinzenais. É

extremamente importante manter essas reuniões de grupo. Elas dão uma direção sólida ao seu programa e permitem que vocês elaborem e ajustem as metas educacionais à medida que mudanças na criança ocorram.

Para um suporte contínuo e acompanhamento do treinamento de seus voluntários, sugerimos que você envie, com a frequência que desejar, um vídeo de uma sessão de um de vocês com a sua criança para que vocês possam receber feedback de um de nossos consultores. (Ver “Consultas Telefônicas” em nossa página de serviços.) No Workshop Avançado nós teremos um tópico relativo a como treinar e dar feedback para os voluntários após as sessões de quarto com sua criança. Para mais informações sobre recrutamento de voluntários, leia Recrutando

Voluntários.pdf. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Para o Program Son-Rise, há um número máximo de pessoas para integrar a equipe de facilitadores no atendimento ao nosso filho? Será que uma variedade muito grande de pessoas na equipe daria menos controle ao nosso filho no quarto de brincar?

Nós sugerimos um número de 4 a 8 voluntários no programa. Algumas famílias encontram bons resultados com um número de voluntários acima do sugerido, mas muitas vezes pode chegar a ser confuso para a criança e difícil para os pais a tarefa de coordenação e treinamento de tantas pessoas. O que acontece freqüentemente nestes casos com tantas pessoas é que cada uma

participa de sessões apenas 1 vez por semana, por 1 ou 2 horas. Com esta freqüência, as pessoas levam um período de tempo maior para construir um relacionamento com a criança. É por isso que recomendamos que cada voluntário participe de sessões pelo menos 2 vezes por semana ou 1 vez por semana em sessões mais longas (3 horas, mesmo que haja um intervalo para descanso). Um outro motivo pelo qual recomendamos que os voluntários dediquem um mínimo de 4 a 6 horas por semana é que vocês pais investirão tempo e energia no treinamento de cada voluntário, e compensa mais investir naqueles que podem se dedicar mais ao programa.

Aqueles que vierem de 2 a 3 vezes por semana, provavelmente se envolverão mais no programa, participarão de reuniões, criarão um vínculo com a sua criança mais rápido. E você terá o mesmo tanto de trabalho para treinar uma pessoa que virá apenas 1 hora por semana, dar feedback para ela, contar como foi a reunião do grupo, etc.

Por isso, recomendamos de 4 a 8 voluntários que dediquem ao programa pelo menos 4 horas semanais. Isso geralmente significa que a família tem menos voluntários, mas que trabalham um mesmo número de horas no quarto de brincar/interagir que um grande grupo trabalharia, e estes voluntários tendem a ter um treinamento melhor, um grau de

comprometimento maior, e um envolvimento mais profundo com a criança. Para mais informações sobre recrutamento de voluntários, leia Recrutando Voluntários.pdf. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Pelo o que eu pude entender, o Son-Rise é um programa domiciliar dirigido pelos pais. Nos EUA, quando a família decide adotar o programa eles tiram seus filhos de outras terapias? Essa é minha dúvida, devo tirá-lo da fonoaudióloga e investir somente no Son-Rise?

Cada família decide em relação ao que é melhor para sua criança. Algumas continuam com outras terapias, outras as param por um período e concentram-se apenas no

Programa Son-Rise. Em sua situação específica, faça as seguintes considerações. Em primeiro lugar, o quanto a sua criança tem se beneficiado com as sessões de

fonoaudiologia até o momento? Ele tem obtido um progresso claro e substancial na fala? Caso a resposta seja positiva, recomendamos que você continue com a terapia. No caso de uma resposta negativa, você poderia talvez interromper a terapia por um tempo e observar como sua criança responderia a um Programa Son-Rise mais intensivo. Nós também nos perguntaríamos se a profissional de fonoaudiologia de seu filho é muito diretiva e se de alguma forma seu trabalho entra em conflito com o que você vem trabalhando no seu programa Son-Rise. Se isso estiver acontecendo, e você também não estiver observando progressos evidentes, recomendamos que você pare a terapia por um tempo. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Minha filha chora muito quando quer algo. Às vezes não tenho tempo nem de descobrir o que ela quer antes dela começar a chorar. Outras vezes sei exatamente o que ela quer, mas acabei de falar para ela que ela vai precisar esperar um pouco... Não sei o que fazer!

Antes de qualquer coisa, seria muito útil você notar como você tem se sentido em relação ao choro dela. É difícil para você? Você se sente angustiada, triste? Notamos em nossa prática diária que quanto mais confortável conseguimos ficar em relação ao choro, mais efetivos somos para ajudar a pessoa a escolher outras formas de comunicação. Freqüentemente (nem todas as vezes, mas em muitas das vezes) as crianças e adultos com autismo choram para pessoas que de alguma forma “alimentam” o choro. Por este

motivo, recomendamos que você observe suas respostas ao choro:

Você passa a agir de forma mais rápida para dar para sua filha o que ela quer quando ela chora? De alguma forma você muda o que vinha fazendo quando ela chora de forma que ela compreenda que chorar “funciona”? Você se sente e demonstra estar desconfortável com o choro dela, fazendo de tudo para ela parar de chorar? Você dá muito mais atenção quando ela chora?

Você abre concessões no limite que havia imposto quando ela começa a chorar?

Se você adota qualquer uma destas respostas, a mensagem que sua filha recebe é: “chorar faz com que eu ganhe o que quero, chorar é uma forma de comunicação que traz recompensas”. Queremos demonstrar para criança que há outras formas de comunicação mais eficientes, como a fala ou os gestos calmos, etc. Quando sua filha falar (ou emitir qualquer som calmo mesmo que possua pouca clareza) ou utilizar algum gesto calmo, sem choro, ofereça ações animadas e rápidas como

resposta para o que ela está pedindo. Seja super responsivo aos sinais dela quando ela utiliza formas de comunicação que você prefere. Já quando ela chorar, ofereça respostas lentas e demonstre não entendê-la tão bem

quanto quando ela fala. Procure não gratificar o choro. Este contraste de respostas a ajudará a entender que a fala e gestos são bem mais eficientes que o choro para que ela consiga o que quer. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Quando crianças e adultos com autismo batem em si mesmos ou nos outros, pode

ser que eles estejam sentindo alguma dor ou desconforto e estejam tentando se livrar da dor através deste ato de se bater ou bater nos outros?

É possível. Em geral, há 3 razões para uma criança ou adulto com autismo se bater ou bater nos outros. A primeira razão é o que chamamos de “apertar os botões”. Isto

significa que a pessoa está batendo para ganhar alguma reação de alguma pessoa em seu ambiente. É uma maneira de se adquirir mais controle de seu ambiente, provocando uma reação que já é conhecida e esperada. Se uma criança ou adulto que deseja ter uma sensação maior de controle em sua vida sabe que, ao bater nela mesma em outra pessoa, ela conseguirá que a mãe, pai ou qualquer outra pessoa ofereça a ela uma intensa reação, mesmo que seja uma reação de desaprovação, ela continuará investindo nesta estratégia para ganhar a atenção e forte reação. Lembre-se que esta pessoa está fazendo o melhor que pode com as habilidades que possui! A melhor maneira de se responder a este comportamento é manter-se calmo e restringir suas ações ao mínimo. Portanto, se você precisa proteger uma outra criança ou a si mesmo das agressões físicas da pessoa com autismo, procure fazer isto da forma mais calma possível, com uma reação mínima, ao invés de uma atitude dramática carregada de um tom emotivo intenso e negativo. Desta forma, sua resposta será menos atraente e interessante para uma pessoa que está

tentando apertar os seus botões e conseguir uma reação sua. Você pode então oferecer grandes reações para celebrar aqueles comportamentos mais gentis e cuidadosos da pessoa com autismo. Uma outra razão para a pessoa se bater ou bater nos outros pode ser a tentativa de auto-regulação sensorial ou de energia física. Se uma pessoa com autismo apresenta

repentinas “explosões” de energia ou de sensações em seu corpo, ela pode achar que irá conseguir regular/ajustar seu corpo se bater em si mesmo ou em outra pessoa. Se este for o caso com a criança ou adulto, mantenha-se calmo e, com a permissão da pessoa com

autismo, ofereça massagens variadas e diferentes estímulos tácteis. Por exemplo, se ela estiver batendo em sua própria cabeça, ofereça um toque com pressão em sua cabeça, etc. Recomendamos que os familiares procurem se informar sobre dietas especiais, exames e protocolos específicos para auxiliar pessoas com autismo na área biológica.

Uma terceira razão pela qual a pessoa pode bater em si ou nos outros pode ser a tentativa de comunicação. Talvez a pessoa esteja tentando comunicar algo como: “saia de perto de mim”, “ me dê o objeto agora”, ou simplesmente “não!”. Se você acha que sabe o que a pessoa quer, por exemplo dizer “não” para uma atividade, ofereça para a pessoa uma forma de comunicação alternativa ao bater. Por exemplo, você diria: “você pode dizer ‘não’ se você não quer que eu cante.” Você poderia então começar a cantar algumas poucas palavras, modelar você mesmo a palavra “não”, e parar de cantar imediatamente após sua palavra “não”. Se a pessoa continuar prestando atenção e você sentir que ela está aberta

para suas contribuições, você pode recomeçar a cantar calmamente e baixinho, daí fazer uma pausa e perguntar “Não?”, oferecendo para a pessoa a oportunidade de dizer “não” ao invés de bater. É importante perceber se, antes de partir para a ação de bater, a pessoa vinha tentando comunicar a você ou a outra pessoa que ela NÃO queria algo mas só foi atendida quando começou a bater? Se este for o caso, a pessoa está aprendendo que o ato de bater é uma poderosa e útil forma de se comunicar. Para evitar que a pessoa utilize este tipo de estratégia de comunicação, responda às comunicações que são precursoras ao ato de bater para que a pessoa não precise intensificar a comunicação e chegar a bater para ser entendida. Algumas vezes, as três razões para bater em si mesmo ou nos outros misturam-se ou alternam-se em um mesmo evento. Por isso, talvez você precise modificar a sua resposta de acordo com a criança ou adulto em questão e o momento específico de cada evento. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Qual é a maneira mais efetiva de se estar com o meu filho quando ele está em isolamento, parado e olhando para o nada?

Quando uma criança está em isolamento, ela sempre está fazendo alguma coisa. No caso do seu filho, parece que ele está absorvido em alguma experiência sensorial. Quando ele está olhando para o nada, há uma grande probabilidade dele estar olhando para algo – provavelmente com uma concentração muito maior do que a que nós utilizaríamos ao olhar algo ao nosso redor. Ou talvez esteja ouvindo atenciosamente algum som. Talvez esteja absorvido pela sensação de suas roupas em contato com seu corpo ou o movimento do ar em sua pele. Ele pode também estar concentrado em alguma fragrância no ar. Quando as crianças e adultos no espectro do autismo são capazes de contar verbalmente como são suas experiências, eles muitas vezes relatam um universo com experiências sensoriais muito mais intensas do que a maioria das pessoas neurotípicas. Nós queremos ajudá-los a interagir muito mais conosco em “nosso mundo”. Muitas vezes, o melhor jeito de facilitar uma maior interatividade é permitir que a pessoa continue e “complete” sua atividade de isolamento e que ela mesma inicie a interação conosco (olhando em nossos olhos, aproximando-se de nós através de um contato físico, ou comunicando-se conosco de forma verbal ou não verbal). Quando uma pessoa com

autismo termina espontaneamente sua atividade de isolamento e inicia uma interação, notamos que há uma probabilidade maior dela permanecer em uma interação conosco por períodos mais longos.

Junte-se ao comportamento de seu filho, fazendo o que ele está fazendo. Tente descobrir mais sobre o que está absorvendo a atenção dele. Tente aprender mais sobre o mundo em que ele vive. Tente apreciar tudo de seu filho – até a parte dele que está em isolamento. Saiba que se você conseguir se sentir bem ao ficar parada olhando para o nada (ou para algo) junto com ele, ele perceberá e vocês poderão construir uma conexão

até mais profunda do que vocês já têm. Duas pessoas que gostam do mesmo programa de TV constroem uma conexão através da atividade e interesse compartilhado. Imagine que ele está assistindo a algum tipo de “programa de TV” e nós é que não conseguimos ver o que está passando na tela...

Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Devemos tentar reduzir a frequência dos comportamentos de repetição e isolamento até que não mais ocorram?

Ao invés de procurar impedir a ocorrência dos comportamentos de isolamento e repetição (os “ISMOs”), indo “contra” a pessoa com autismo, nós nos concentramos em promover o aumento da interatividade e envolvimento social. Quando as habilidades sociais aumentam, os “ismos” de uma pessoa com autismo tendem a naturalmente diminuir em sua frequência. A pessoa passa a ter menos necessidade de investir nestes

comportamentos. Algumas pessoas chegam a não apresentar mais nenhum “ismo”, o comportamento extingue-se completamente. Outras pessoas continuam a se engajar em atividades repetitivas e de isolamento mesmo apresentando níveis cada vez mais altos de

interatividade social. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

O que posso fazer para ajudar meu filho a começar a utilizar o penico ou vaso sanitário e deixar de usar fraldas?

Quanto ao treino da utilização do vaso sanitário, recomendo que, se for uma criança, o facilitador encoraje a criança a utilizar o vaso através de estímulos divertidos, convites animados, brincadeiras que contribuam para a conscientização da possibilidade de se

fazer xixi no penico ou vaso, e de como esta possibilidade pode ser divertida para a criança (ex: teatrinhos com fantoches utilizando o banheiro, músicas favoritas com a letra

adaptada para o tema, desenhos, decorações próximas ao vaso, livros e conversas),dando bastante controle para a criança utilizar o banheiro quando quiser,

se quiser. De maneira geral, quando os pais querem ajudar a criança a utilizar o vaso, costumo recomendar que tirem as fraldas da criança durante o dia quando a criança for permanecer em casa, em local fácil de se limpar episódios de xixi e cocô nas calças e no chão. O melhor lugar para se fazer isso costuma ser o quarto de brincar/interagir, pois acompanhamos a criança durante todas as sessões, e ficamos atentos para os sinais precursores de que a criança está para fazer xixi ou cocô, podendo então convidá-la para o penico ou vaso antes que isso ocorra. Cada vez que a criança faz xixi ou cocô na roupa ou no chão, limpo sem demonstrar nenhuma reprovação, bronca ou emoção intensa, para não alimentar este ato da criança com uma atitude que pode ser interessante para ela. Acredito que ela está fazendo o melhor que pode. Explico que preciso parar de brincar um pouco para limpar o xixi e o faço tranquilamente. Ao mesmo tempo, incentivo a criança a fazer no vaso na próxima vez. Por último, e muito importante, celebro apaixonadamente cada vez que a criança se aproxima ou chega a utilizar o penico ou vaso, fazendo muita festa mesmo para encorajá-la a repetir este ato em outras ocasiões. Recomendo também o uso de modelagem (que o pai e/ou mãe contem para a criança que eles também utilizam o banheiro e, se possível, que “mostrem” o vaso sanitário sendo utilizado por eles mesmos ou por irmãozinhos da criança). Para algumas pessoas, o penico ou vaso de acampamento (“camping potty” – apresenta um bom tamanho para adultos e possui um reservatório selado embaixo) funcionam melhor que o vaso sanitário convencional, seja por estarem no próprio quarto de brincar/interagir, pelo tamanho ou pelo fato de não terem água no fundo.

Com os adolescentes e adultos com autismo, tento utilizar as mesmas estratégias, mas costumo conversar mais com a pessoa sobre as razões higiênicas para a utilização do vaso e até sobre as regras sociais relativas ao fato, e adapto tanto a conversa quanto as atividades estimuladoras ao estágio de desenvolvimento social/cognitivo da pessoa e suas diferentes motivações. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Quanto ao desenvolvimento de habilidades de minha filha com autismo, em quais eu deveria focar primeiro?

Cada pessoa com autismo tem dificuldades e talentos únicos. O programa deve se adaptar às necessidades, talentos e interesses de cada pessoa. Através de atividades prazerosas, utilizamos os interesses da pessoa para ajudá-la a superar suas dificuldades e

desenvolver suas habilidades. No Programa Son-Rise, focamos principalmente no desenvolvimento das seguintes habilidades sociais:

Contato Visual – olhar nos olhos

Comunicação Verbal – falar, conversar Intervalo de Atenção Compartilhada – interagir Flexibilidade

Você pode incorporar a promoção de habilidades secundárias o quanto quiser. Mas dê prioridade às habilidades sociais, pois elas são fundamentais para que uma pessoa com autismo torne-se uma pessoa independente, expressiva, ativa e participante na sociedade. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

O progresso em uma área do desenvolvimento pode provocar a demora em outra

área do desenvolvimento? Por exemplo, um aumento no contato visual e menos desenvolvimento da linguagem, ou um aumento das habilidades de coordenação motora e diminuição da linguagem, etc.

Quando algumas pessoas com autismo desenvolvem alguma área de habilidades, o contato visual por exemplo, as habilidades de comunicação podem temporariamente diminuir, ou vice-versa. Isto parece acontecer porque elas estão concentrando uma boa parte de sua energia em uma área de grande dificuldade para elas, o que faz com que tenham menos energia para desenvolver uma outra área de habilidades que também é difícil para elas. Nestes casos, celebraríamos o crescimento e desenvolvimento que está ocorrendo, e procuraríamos equilibrar o desenvolvimento investindo mais na promoção das áreas que não estão se desenvolvendo tanto. Você pode fazer isto através da criação de mais oportunidades de aprendizado nas áreas que precisam de um reforço. Por exemplo, se a criança está desenvolvendo o contato visual, mas sua linguagem não parece progredir tanto, procuraríamos elaborar mais atividades motivadoras em que tivéssemos a oportunidade de focar na linguagem e solicitar que a criança ou adulto com autismo falasse mais.

Quanto ao desenvolvimento da coordenação motora, temos notado que, na maioria das vezes em que a pessoa com autismo desenvolve sua coordenação motora, o desenvolvimento desta área oferece suporte para o desenvolvimento de outras áreas de habilidades.

Também é comum observarmos períodos em que a pessoa com autismo desenvolve diversas habilidades seguidos por períodos em que parece “regredir” enquanto integra seu novo aprendizado. Estes períodos de introversão e integração são então seguidos por mais um período de crescimento e aprendizado.

Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

A criança deve ser poupada de sentimentos negativos como o medo, raiva, tristeza? Ou estes sentimentos devem ser simulados pelo facilitador para ajudar o aprendizado destes por parte da criança?

Nos estágios iniciais do programa nós enfatizamos a alegria, conforto e calma. Queremos ajudar as pessoas com autismo a se sentirem motivadas para interagir conosco e com

nosso mundo, e quanto mais prazeroso nosso mundo for para a criança ou adulto com autismo, maior a probabilidade de eles quererem estar ainda mais conosco. Queremos facilitar a interação! Em estágios mais avançados do programa, quando a pessoa apresenta um maior grau de interatividade e desenvolvimento social, muitas oportunidades espontâneas surgem para que ajudemos a pessoa a aprender sobre o medo, raiva, tristeza, etc. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Quando começar a utilizar menos o quarto de brincar/interagir e passar a utilizar outros ambientes para as atividades da criança ou adulto com autismo?

Quando a pessoa começa a apresentar várias das habilidades dos estágios 3 e 4 do

Modelo de Desenvolvimento, nós começamos a fazer a transição gradual para outros ambientes. Em linhas gerais, recomendamos que as seguintes considerações sejam feitas ao se analisar como a pessoa com autismo poderá se beneficiar de cada novo ambiente:

Qual é o nível de distração (desatenção) que a pessoa apresenta em ambientes externos? O quanto você precisa ser mais controlador e menos responsivo em ambientes externos com o objetivo de proteger a pessoa com autismo, outras pessoas, objetos, etc? O quanto a pessoa com autismo torna-se mais controladora e inflexível em ambientes externos? Qual é o nível de interatividade da pessoa em ambientes externos se comparado com o nível de interatividade em ambientes internos da casa?

A maioria das crianças e adultos com autismo demonstram que estão aptos para permanecer mais tempo em ambientes externos quando apresentam um alto grau de interatividade e de comunicação dentro do quarto de brincar/interagir e na casa. Neste

momento, ambientes externos tornam-se cada vez mais úteis para o desenvolvimento da pessoa com autismo. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Como e quando um programa Son-Rise termina? Ou a pessoa com autismo precisa de “contínuo suporte”?

Depende de cada pessoa com autismo. Algumas famílias terminam seu Programa Son-Rise quando a pessoa já adquiriu todas as habilidades do estágio 4 e apresenta muitas das habilidades do estágio 5. Algumas pessoas precisam de suporte enquanto não atingem estes estágios e suas famílias continuam utilizando o método no quarto de brincar/interagir, em casa ou em

outros ambientes, mesmo que por muitos anos. Mesmo as pessoas que continuam precisando de alguma forma de suporte constantemente crescem, se transformam e vão adiante em seu desenvolvimento. Clique aqui para voltar à lista de perguntas.

Meu filho tem 16 anos e gosta de jogar sempre os mesmos jogos de tabuleiro, algumas vezes de forma bem rígida e olhando pouco para mim. O que posso fazer para ajudá-lo a se interessar por outros jogos e para tornar estas atividades mais interativas?

Que bom que você está buscando formas de ajudar seu filho a interagir mais através das atividades que ele tem interesse! Celebre o que ele já está fazendo, que é jogar os jogos COM você, seguir as regras, deixar que você tenha a sua vez, etc.!

Nos momentos em que ele estiver mais rígido, olhando menos para você, interagindo pouco dentro da atividade, permita que ele tenha o controle sobre a atividade e continue a jogar do jeito que ele quiser. E divirta-se com a atividade do

jeitinho que ele gosta de fazer. Aprenda mais sobre o mundo de seu filho ao compartilhar com ele esta atividade. Quando você sentir que ele está de certa forma mais aberto para as suas participações, olhando mais, falando de forma mais espontânea, sorrindo, dando sinais verdes para interagir mais, procure oferecer divertidas contribuições suas à atividade. Você pode começar com pequenas contribuições, por

exemplo, fazer uma cara engraçada quando for a sua vez de jogar o dado e ele olhar para você, fazer uma animada festa qualquer que seja o resultado do seu dado, falar com a voz de algum personagem interessante, levantar da cadeira ou do chão para fazer a sua “dança da sorte” antes de jogar o dado, etc. Celebre as participações dele também. Quanto mais flexível e motivado pela sua participação ele estiver, ofereça mais contribuições suas. Desta forma, o foco de atenção estará mais e mais em você, e a

atividade mais interativa e flexível. Se ele se tornar mais rígido durante o jogo, volte a jogar da maneira que ele quiser, dando mais controle para ele, sendo responsiva aos sinais que

ele oferece. Uma outra forma de variar a atividade é sugerir animadamente logo de início outras regras ou regras adicionais ao jogo conhecido. Procure trazer ao jogo outras temáticas que já são do interesse do seu filho. Por exemplo, se você sabe que o seu filho gosta de aviões

e vocês vão jogar Banco Imobiliário, você pode sugerir que algumas das pecinhas sejam aviões, ou que vocês adicionem a figura de um aeroporto em um dos cantos do tabuleiro, com valor para compra ou aluguel, etc. Inventar o seu próprio jogo de tabuleiro também pode ser uma maneira muito eficaz

para se estimular a interação, a flexibilidade e o desenvolvimento de habilidades sociais. Pense nas temáticas que são interessantes para seu filho. Desenhe em uma cartolina o caminho do jogo, e em cada casa adicione tarefas para cada jogador que você sabe que são motivadoras para o seu filho e que podem incentivá-lo a desenvolver habilidades sociais como o contato visual, a conversação, a flexibilidade, o intervalo de atenção compartilhada, ou outras habilidades que façam parte das metas educacionais do programa de desenvolvimento de seu filho. Alterne tarefas mais fáceis com tarefas mais difíceis, e dê ênfase à diversão. Exemplos de tarefas: imitar um gorila, andar fingindo que está com o pé doendo, inventar uma sentença utilizando uma determinada palavra, contar algo que aconteceu na última viagem, fazer uma pergunta pessoal para o outro jogador e ouvir a resposta (ex: “qual é a sua comida preferida?”), etc. Você pode plastificar a cartolina para poder utilizá-la novamente em outras sessões. E também criar novos jogos utilizando diferentes combinações dos interesses do seu filho.

Programa SON-RISE No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, fundadores do Programa Son-Rise®,

ouviram dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun,

diagnosticado com autismo severo e um QI abaixo de 40. Decidiram porém acreditar na ilimitada

capacidade humana para a cura e o crescimento, e puseram-se à procura de uma maneira de

aproximar-se de Raun. Foi a partir da experimentação intuitiva e amorosa com Raun, há cerca de

30 anos atrás, que eles desenvolveram o Programa Son-Rise. Raun se recuperou de seu autismo

após 3 anos e meio de trabalho intensivo com seus pais. Ele continuou a se desenvolver de

maneira típica, cursou uma universidade altamente conceituada e agora é o CEO do Autism

Treatment Center of América, fundado por seus pais em Massachusetts, nos EUA. Desde a

recuperação de Raun, milhares de crianças utilizando o Programa Son-Rise têm se desenvolvido

muito além das expectativas convencionais, algumas delas apresentado completa recuperação.

O Programa Son-Rise é centrado na criança (ou no adulto com autismo). Isto significa que o

tratamento parte do desenvolvimento inicial de uma profunda compreensão e genuína apreciação

da criança, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus interesses. O

Programa Son-Rise descreve isto como o “ir até o mundo da criança”, buscando fazer a ponte

entre o mundo convencional e o mundo desta criança em especial. Com esta atitude, o adulto

facilitador vê a criança como um ser único e maravilhoso, não como alguém que precisa “ser

consertado”, e pergunta-se “como eu posso me relacionar e me comunicar melhor com essa

criança?” Quando a criança sente-se segura e aceita por este adulto, maior é a sua receptividade

ao convite para interação que o adulto venha a fazer.

O Programa Son-Rise oferece uma abordagem prática e abrangente para inspirar as crianças (e

adultos) com autismo a participarem ativamente em interações divertidas, espontâneas e

dinâmicas com os pais, outros adultos e crianças. O corpo de experiência do Programa Son-Rise

demonstra que quando uma criança com autismo passa a participar deste tipo de experiência

interativa, ela torna-se aberta, receptiva e motivada para aprender novas habilidades e

informações. A participação da criança nestas interações seria então fator chave para o

tratamento e recuperação do autismo. O papel dos pais é essencial neste processo de tratamento.

O Programa Son-Rise propõe a implementação de um programa dirigido pelos pais no domicílio da

criança, e os instrui na construção um ambiente físico e social otimizado que estimule uma

profunda ligação emocional com sua criança e facilite o seu aprendizado social.

Durante todo o processo, o crescimento emocional dos pais é enfatizado. Orientação atitudinal é

oferecida para os pais para ajudá-los a trabalhar quaisquer crenças limitantes ou sentimentos

negativos em relação a eles mesmos, à criança ou ao diagnóstico da criança. Instruções práticas

são oferecidas para auxiliar os pais na criação de uma nova perspectiva que os habilite para

relacionarem-se com a criança a partir de um profundo sentimento de apreciação e alegria.

As sessões individuais (um-para-um) do Programa Son-Rise são realizadas na residência da

pessoa com autismo, em um quarto especialmente preparado com poucas distrações visuais e

auditivas, contendo brinquedos e materiais motivadores para a criança ou adulto com autismo que

sirvam como instrumento de facilitação para a interação e subseqüente aprendizagem.

Os pais aprendem a construir experiências interativas estimulantes que convidem sua criança a

desenvolver-se socialmente dentro de um currículo claramente definido. No Programa Son-Rise,

toda a aprendizagem acontece no contexto de uma interação divertida, amorosa e espontânea que

inspira tanto pais como criança. O Programa Son-Rise é lúdico. Isto significa que dá-se ênfase à

criação de divertidas e motivadoras atividades nas quais a criança esteja empolgada para

participar. A ênfase está na diversão.

Ao seguir os interesses da criança e compreender os princípios básicos do brincar, torna-se fácil a

criação de atividades motivadoras para esta criança. O mesmo aplica-se para o trabalho com um

adulto. As atividades são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao estágio de

desenvolvimento específico do indivíduo, qualquer que seja sua idade. Uma vez que a pessoa com

autismo esteja motivada para interagir com um adulto, este adulto facilitador poderá então criar

interações que a ajudarão a aprender todas as habilidades do desenvolvimento que são

aprendidas através de interações dinâmicas com outras pessoas (por exemplo, habilidades de

linguagem e de conversação, o contato de olho-no-olho, a brincadeira criativa, a imaginação, as

sutilezas do relacionamento humano). O Programa Son-Rise instrui os pais na criação destas

efetivas interações com a criança de forma que eles possam dirigir o programa de sua criança e

ajudá-la durante todas as interações diárias com ela.

As Crenças A perspectiva convencional do autismo nos diz que esta é uma condição para toda a vida e que não há

possibilidade de recuperação. Esta é uma crença de enorme impacto, que tem causado muito sofrimento

e desespero entre os pais que se deparam com este diagnóstico. Tem também levado a muitas

abordagens de tratamentos direcionados para o manejo dos comportamentos e para o ensino das

habilidades às crianças ao invés de abordar a principal dificuldade da criança – os relacionamentos

sociais. Esta crença tem limitado imensamente as experiências dos pais com suas crianças com autismo.

E limitado o desenvolvimento social e emocional daqueles com autismo. Tem também direcionado grande

parte da pesquisa científica, o que faz com que a crença continue a ser propagada enquanto mais e mais

crianças são diagnosticadas e não se recuperam – porque ninguém acredita que seja possível. Assim

como todas influentes crenças, torna-se a realidade vivida.

No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, fundadores doPrograma Son-Rise®, ouviram

dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun, diagnosticado com

autismo severo e um QI abaixo de 40. Apesar disso, eles já conheciam o poder que possuem os

pensamentos/as crenças e decidiram não adotar esta perspectiva. Decidiram acreditar na ilimitada

capacidade humana para a cura e o crescimento, e puseram-se à procura de uma maneira de aproximar-

se de Raun. A partir da experimentação intuitiva e amorosa com Raun, há cerca de 30 anos atrás, eles

desenvolveram o Programa Son-Rise, programa que eles têm ensinado a milhares de famílias ao redor

do mundo. Raun se recuperou de seu autismo após 3 anos e meio de trabalho intensivo com seus pais.

Raun continuou a se desenvolver de maneira típica, cursou uma universidade altamente conceituada e

agora é o CEO do Autism Treatment Center of America fundado por seus pais. Os Kaufman acreditavam

tao firmemente na capacidade de seu filho que ofereceram a ele todas as oportunidades que puderam

para ajudá-lo a se desenvolver mesmo quando suas ações eram condenadas pelo “conhecimento”

convencional sobre o autismo.

“Eles decidiram acreditar na ilimitada capacidade humana para a cura e o crescimento.”

Desde a recuperação de Raun, milhares de crianças utilizando o Programa Son-Rise têm se desenvolvido

muito além das expectativas convencionais, e muitas delas têm apresentado completa recuperação.

A visão tradicional e mais comum do autismo, que mudou pouco nos últimos 30 anos, é frequentemente

considerada como “realista”. A história da família Kaufman mostra que a visão tradicional tem mais

chance de ser sua realidade quando você escolhe adotar as crenças que vêm com ela. A família Kaufman

tem nos inspirado a acreditar que todas as crianças são capazes de superar seus desafios, que elas

querem se conectar aos outros, amar, rir, brincar e aprender. E que cada criança é um indivíduo único e

especial, que o diagnóstico de autismo não significa nada em relação à capacidade de cada criança para

mudar e para sentir-se inspirada pelo amor e pela vida. Nossa experiência com famílias utilizando o

Programa Son-Rise tem nos mostrado que a adoção destas crenças não traz nenhum dano. Na verdade,

como consequências desta perspectiva “não-realista” encontramos relacionamentos fortalecidos entre

pais e filhos, profundo crescimento emocional, social e cognitivo, e uma experiência de alegria e amor

para toda a família.

Investigando as Crenças Uma das mais efetivas ferramentas que encontramos para a investigação e transformação de crenças é o

Processo Option (“Processo da Opção”).

O Processo Option tem sido ensinado por Barry Neil e Samahria Kaufman – os dois pais que

desenvolveram o Programa Son-Rise® em seu pioneiro trabalho com o filho Raun nos anos 70. É uma

simples e altamente efetiva ferramenta para a transformação emocional. O casal Kaufman e os

profissionais do Option Institute e o Autism Treatment Center of America têm utilizado este processo para

ajudar milhares de pessoas a superar a depressão, ansiedade, medo, insegurança e outras emoções que

limitam as pessoas.

O processo de opção tem como base as seguintes premissas:

1. Tudo o que fazemos e sentimos vem da nossa maneira de pensar, de nossas

crenças;

2. Nós podemos adotar cada uma das nossas crenças e nós podemos escolher

modificar estas crenças;

3. Quando modificamos nossas crenças, nossas ações e emoções também são

modificadas.

Este conhecimento é aplicado na forma de simples perguntas que possibilitam que o “explorador” (o

indivíduo que está estudando a si próprio) identifique as ações e emoções que ele ou ela gostaria de

modificar, para então descobrir as crenças que estão por trás destas ações e emoções, e finalmente

encontrar novas crenças que criarão novas ações e emoções.

O Processo Option é utilizado no Option Institute tanto na forma de sessões de diálogos entre um

consultor e um explorador, assim como na forma de dinâmicos e interativos workshops de grupo.

Também é utilizado como instrumento de ensino do Programa Son-Rise® para pais e profissionais.

Ajudar os pais e profissionais que trabalham com crianças com autismo a se sentirem confortáveis,

entusiasmados e tolerantes (acolhedores) é crucial para a efetividade de qualquer Programa Son-Rise®.

Os adultos terão mais sucesso para criar atividades divertidas e envolventes para as crianças quando

sentirem-se desta forma, e as crianças com autismo responderão melhor a um adulto que estiver

sentindo-se feliz e energizado.

As Crenças dos Pais Como o Processo Option (“Opção”) é utilizado dentro do Programa Son-Rise®?

A aprendizagem da utilização do Programa Son-Rise faz-se através de dinâmicas interações entre pais

(ou estudantes) e consultores. Nós não entregamos simplesmente a informação e esperamos que os pais

saiam dirigindo eficientemente o Programa Son-Rise. Trabalhamos com cada pai e mãe individualmente

para auxiliá-los a assimilar novas perspectivas, atitudes e técnicas que beneficiem suas crianças. Isto

começa com a consciência e compreensão da perspectiva atual da pessoa. Freqüentemente, as

perguntas do Option Process Dialogue (“Diálogo do Processo da Opção”) são utilizadas com o objetivo de

compreender os sistemas das crenças atuais dos pais. Através de conversas com o consultor, os pais

encontram suas próprias formas de adotar novas perspectivas e processar informações. Este tipo de

aprendizagem interativa (utilizando os mesmos princípios que utilizamos no quarto de trabalho com a

criança) possibilita a criação de um profundo, duradouro e muitas vezes transformador aprendizado.

“...uma perspectiva central do Programa Son-Rise é a crença nas possibilidades ilimitadas para uma

criança.”

Por exemplo, uma perspectiva central do Programa Son-Rise é a crença nas possibilidades ilimitadas

para uma criança. Sem dúvida, é a mensagem de esperança que inicialmente atrai muitas pessoas para o

Programa Son-Rise. Apesar disto, muitos pais descobrem que têm outras crenças que os impedem de

adotar a perspectiva das ilimitadas possibilidades nas interações diárias que mantêm com a criança. A

seguinte história verídica (com nomes fictícios) mostra como um de nossos consultores utilizou o

Processo Option para ajudar os pais a compreenderem seus próprios pensamentos.

A História de Steve e Emily

Steve e Emily, os pais de Tom, vinham procurando por formas de ajudar seu filho desde que haviam

percebido que ele era diferente. Era muito comum passarem as noites buscando informações em livros ou

na internet tentando encontrar uma maneira de ajudar seu filho. Tom havia sido diagnosticado com

autismo quando tinha 3 anos e meio de idade. Agora, com 6 anos, seus pais haviam encontrado formas

de lidar com alguns de seus comportamentos, mas não haviam encontrado nada que ajudasse Tom a

conseguir grandes saltos de desenvolvimento. Sim, ele havia aprendido algumas palavras, a pendurar

seu casaco quando chegava da escola, a levar seus pais até a geladeira ao invés de chorar quando

estava com fome. Emily e Steve eram muito gratos por essas habilidades desenvolvidas, e ao mesmo

tempo, desejavam mais para Tom. Eles queriam mais palavras? Mais habilidades? Estas coisas

certamente ajudariam Tom, mas não eram exatamente o que Emily e Steve queriam. Eles desejavam

conhecer melhor o filho, senti-lo próximo, conectar-se com ele para saber se ele os conhecia e os amava.

Eles conseguiam preciosos instantes de conexão. Steve gostava de rolar pelo quarto e pela cama com

Tom. Às vezes, durante estas brincadeiras, o pai notava o filho olhando de volta para ele, rindo, com a

face animada e os olhinhos brilhando em em meio à diversão compartilhada. Steve podia perceber em

Tom o reconhecimento e o prazer como se seus olhos estivessem dizendo “nós estamos brincando

juntos, pai, isto não é divertido?” Por cerca de um ou dois minutos, eles estavam juntos, rolando, rindo,

fazendo cócegas, como qualquer pai e filho brincando juntos. Steve aprendeu a saborear estes momentos

de conexão com Tom, a entregar-se à brincadeira e a tentar mantê-la pelo maior tempo possível. Ele

sabia que após alguns minutos esta versão brilhante de Tom começaria a se esvaecer. Primeiro ele

perderia o olhar de Tom, perceberia que Tom não mais olhava para ele, mas sim um olhar vago que

parecia atravessar a sua cabeça. Perceberia que seus olhos não mais brilhavam, se tornavam como que

“embaçados”. Steve então faria mais cócegas na barriga ou nos pés de Tom para tentar recuperar a

interação – isto às vezes funcionava. Mas o que acontecia com mais frequência era Steve observar seu

filho virar-se para o outro lado e em alguns instantes era como se ele desaparecesse em seu próprio

mundo. Tom saía da cama e do quarto sem nenhum comentário. Steve encontrava-se então ajoelhado na

cama lidando com dois sentimentos conflitantes: a alegria por ter brincado e um profundo sentimento de

perda.

O sentimento de perda relativo à repentina saída de Tom do quarto e a sensação de perda mais profunda

da infância de seu filho. Ele sentia como se tudo que ele havia imaginado quando Tom havia nascido –

jogos de baseball, futebol no quintal, construção de fortes – estava sendo cruelmente retirado de sua

realidade . Steve e Emily aprenderam a enterrar os sonhos que uma vez tinham sonhado para seu filho.

Quando Emily encontrou o site do Programa Son-Rise na internet ela não conseguiu acreditar. O filho

daquelas pessoas havia se recuperado do autismo – como era possível? Todas as pessoas com quem

ela havia conversado tinham lhe dito que a condição de Tom era permanente, que ele teria autismo

durante toda a vida. Mas havia aquela história e a história de outras famílias que haviam utilizado aquele

método. Durante os dias seguintes, Emily ficou dividida.

Quando ela voltava a ler o site do Programa Son-Rise ela sentia-se inspirada, empolgada, animada com

as possibilidades que aquilo poderia significar para sua família. Daí dúvidas começavam a aparecer,

“Como posso saber se funcionará para o Tom?”, “Será que eu consigo fazer isto?”, “Será que é

verdade?”, “Por que ninguém me contou sobre isto antes?”, “E se tentarmos, mas não funcionar?”, “Pode

ser verdade?” Ambos os pais alternavam-se entre a empolgação com as possibilidades deste novo

caminho e o medo de nutrir esperança em relação ao filho. “E se tivermos esperança e nada acontecer?”

Emily decidiu ligar para o Autism Treatment Center of America e passou 20 minutos conversando com um

pai que havia utilizado o Programa Son-Rise com seu próprio filho, um garoto que não tinha mais o

diagnóstico de autismo e que estava frequentando uma escola para crianças típicas sem nenhum traço de

suas dificuldades anteriores. E Emily inscreveu-se no curso de introdução Start-Up do Programa Son-

Rise.

A História de Steve e Emily A Continuação da História de Steve e Emily

(Eu só voltei a trabalhar com Emily e Steve 6 meses depois quando fui até a casa deles para uma visita

domiciliar do Programa Son-Rise. Durante o curso de introdução Start-Up eles haviam aprendido como

criar um quarto de trabalho para Tom, além de todas as atitudes e técnicas básicas que eles precisavam

para começar a trabalhar com ele. Quando perguntei a eles como andava o programa, eles me contaram

muito empolgados sobre o quarto que Steve e seu irmão haviam construído e todos os brinquedos que

eles haviam conseguido para as prateleiras do quarto.

“Então como você se sente em relação ao seu tempo no quarto com o Tom?”, eu perguntei.

“Humm...bem... Tem sido OK”, Emily respondeu.

“O que OK significa para você?” Meu treinamento no Autism Treatment Center of America havia me

ensinado a sentir-se confortável para fazer perguntas que a maioria das pessoas não pergunta – eu

queria compreender melhor a experiência deles.

“Bem...hum...é bom ter este tempo no quarto com o Tom e ele tem realmente feito muito mais contato

visual do que ele costumava, e falado mais palavras também. Ele disse ‘nana’ na semana passada

quando ele queria uma banana. Foi a primeira vez que ele disse ‘nana’.”

“Isso é maravilhoso”, eu disse. “Então por que você descreve o seu tempo lá como ‘OK’?” As pessoas são

geralmente reticentes ao falar sobre situações em que não se sentem bem, eu também era quando

comecei este processo de questionar minhas emoções e as crenças que levavam a elas. E aprendi a

continuar a questionar de forma respeitosa.

Emily foi um pouco mais adiante, “Bem, porque eu realmente não acredito que sei o que estou fazendo lá.

Eu tento lembrar o que eu aprendi no curso Start-Up, mas nunca sei se o que estou fazendo é o certo.

Como, por exemplo, ontem: eu estava balançando o Tom nas costas como cavalinho e pedia para ele

dizer ‘balançar’, assim como aprendemos. Ele não dizia, então eu pedi mais algumas vezes e daí desisti.”

“Por que você desistiu?” A idéia de fazer esses tipos de perguntas costumava me amedrontar. Eu

costumava pensar que estas perguntas seriam percebidas como ataque ou crítica e acabava não as

perguntando.

O que eu sei agora é que se eu estou genuinamente curiosa em relação a uma pessoa e não a estou

julgando ou criticando, a minha atitude será transmitida nas minhas perguntas e as pessoas ficarão mais

abertas para respondê-las.

“Porque não estava funcionando. Ele apenas continuava pulando nas minhas costas e dando

gargalhadas.”

“Então, mesmo com ele não respondendo aos seus pedidos, por que você parou de tentar?” Eu podia ver

Emily parando e estudando a minha expressão facial, procurando pela intenção por trás de minha

pergunta direta. Continuei olhando para ela, de forma amorosa, desejando o melhor para ela, curiosa

sobre ela. Em um certo momento, ela parou de olhar para mim e pareceu mergulhar em seu próprio

universo buscando a resposta para a pergunta.

“Parecia sem sentido. Ele não estava dizendo nada. Eu não acreditava que ele fosse falar, então eu parei

de tentar”, ela finalmente disse.

Ali estava a crença dela. A crença que estava impedindo que ela conseguisse inspirar Tom a se

desenvolver o quanto ele pudesse – “eu não acreditava que ele fosse falar”. Eu queria ajudar Emily a ver

que este pensamento que ela tinha tido no quarto estava impedindo que ela conseguisse o que queria,

ajudar o Tom a sentir-se motivado para falar com ela. Eu fiquei curiosa para saber por que ela acreditava

que ele não iria falar a palavra, então fiz esta pergunta.

“Porque ele nunca disse esta palavra”, ela respondeu como a uma questão redundante.

“Mesmo nunca tendo dito a palavra ‘balançar’, por que naquele momento você acreditou que ele nunca

iria dizer?”, perguntei a ela.

“Eu entendo o que você quer dizer.”

Eu não queria dizer nada, eu estava apenas tentando entender por que ela estava tendo um pensamento

que estava claramente impedindo que ela conseguisse o que ela realmente queria. As pessoas

frequentemente reagem desta forma quando uma pergunta os ajuda a adotar uma nova perspectiva.

Emily expressou seu novo ponto de vista: “O fato de nunca ter falado a palavra antes não significa que ele

nunca irá fazê-lo. Ele nunca tinha dito ‘nana’ antes da semana passada e aí disse. Então eu entendo o

que você quer dizer, não há nenhuma razão para pensar que ele não irá dizer a palavra.” Emily sorriu e

balançou a cabeça para cima e para baixo, como que confirmando sua nova perspectiva.

Emily percebeu que ela poderia adotar uma crença diferente nesta situação, o que claramente resultaria

em ações diferentes por parte dela. Minha experiência com o Processo Option mostrou para mim que há

sempre uma razão para adotarmos qualquer crença. No caso de uma crença limitadora, a descoberta de

quais são as outras crenças que a sustentam pode ajudar a causar uma mudança de perspectiva ainda

maior e de repercussão mais ampla no comportamento do indivíduo. Por esta razão, fiz outra pergunta a

Emily.

“Eu entendo que você consegue ver a situação de uma nova maneira agora, mas por que você acha que

naquele momento você não acreditou que Tom conseguiria falar ‘balançar’?”

“Eu não sei,” foi sua rápida resposta. Quando os meus professores do Programa Son-Rise começaram a

me fazer perguntas deste tipo, esta era a minha resposta mais frequente. Naquele ponto do meu

treinamento, eu ainda não acreditava que havia uma razão para cada crença minha, e por ter pouca

prática em acessar aquelas razões eu terminava por ficar com a mente em branco, sem resposta. Minha

experiência com este processo veio mostrar para mim que todas as pessoas conseguem achar suas

respostas se elas quiserem, sendo assim, ofereci a Emily uma outra oportunidade para encontrar a

resposta.

“Então, se você tentar imaginar uma resposta, qual é a primeira coisa que vem à cabeça?” Isto

geralmente ajuda, alivia a pressão para que achemos a resposta “certa” e possibilita que encontremos

uma resposta.

“Ah! Sim...hum... o que vem à cabeça é que é mais fácil acreditar que Tom não consegue dizer a palavra

e desistir de pedir, do que acreditar que ele consegue.”

“Por quê?”

“Porque... e se eu acreditar que ele consegue dizer e ele não disser?”

“ O que aconteceria se fosse essa a situação?”

“Significaria que teria sido culpa minha. Se ele pudesse dizer, mas não dissesse, isto só poderia significar

que eu havia feito algo errado, que eu não estava pedindo da forma certa, o momento escolhido por mim

estava errado... algo errado.” Ela olhava para mim intensamente. “Se você fizesse tudo que pudesse para

ajudá-lo a falar a palavra e ele não a dissesse, por que isso significaria que teria sido por sua culpa?” Ao

ouvir a pergunta, Emily pareceu ficar pálida.

“Porque eu sou a mãe dele”, disse ela agora chorando e olhando para baixo.

As lágrimas para mim eram uma indicação de que estávamos chegando perto de algo que poderia

transformar profundamente a experiência de Emily com o seu filho. Em uma fase inicial do meu

treinamento, eu teria parado com as perguntas neste ponto e teria dito algo para acalmá-la e ajudá-la a

parar de chorar. Agora eu sabia que isto não era o melhor a fazer para ajudar Emily. Eu ofereci a ela um

lenço de papel e continuei nosso diálogo.

“Por que o fato de você ser a mãe dele significa que é sua culpa se ele não falar?”

“Porque eu teria falhado como mãe dele. Eu teria feito errado e ele não poderia contar comigo. Ele não

tem mais ninguém com quem contar, só eu e o Steve.” Ela chorava intensamente agora , torcendo o lenço

em suas mãos. Steve aproximou-se no sofá para confortá-la.

“Então por que, se você fizesse tudo que pudesse para ajudar o Tom a falar uma palavra e ele não

falasse, você diria a você mesma que você teria falhado?”

Emily olhou para mim através das lágrimas.

“Bem, quando você coloca desta maneira...” Mais uma vez, uma simples pergunta nascida de curiosidade

e aceitação tinha aberto mais uma porta para um novo jeito de pensar. “Talvez eu esteja sendo muito

dura comigo mesma. Eu estava fazendo tudo que eu sabia fazer para ajudá-lo a falar a palavra, eu estava

fazendo o melhor que eu podia. E o Tom também, nós dois estávamos fazendo o melhor que podíamos.

Ele não disse a palavra, mas talvez se eu tivesse tentado algo diferente ou apenas continuado a tentar

por mais tempo ele poderia ter falado. Eu desisti porque eu estava com medo de ser um fracasso.”

Emily relaxou o corpo no encosto do sofá e sorriu. “Por que você está sorrindo?”, perguntei.

“Porque eu estou vendo de maneira diferente. Eu vejo que se eu não estou tão ocupada em me culpar

pelo que Tom não está fazendo, me sentindo mal por isso, eu terei mais tempo para tentar fazer coisas

que serão na verdade mais úteis para ele. Uau! Isso vai fazer com que seja muito mais fácil estar no

quarto com ele. Vai fazer tudo mais fácil!”

Emily e Steve haviam sentido-se inicialmente atraídos pelo Programa Son-Rise porque este oferecia

esperança. O programa os convidava para uma aventura onde outros haviam enxergado apenas uma rua

sem-saída. Durante os 5 dias do curso Start-Up, eles haviam se emocionado com as experiências de

famílias que haviam feito o programa antes deles e haviam ficado profundamente inspirados com a idéia

de acreditar em possibilidades ilimitadas para Tom. Emily havia retornado para casa acreditando que Tom

poderia aprender todas as coisas que ela desejava para ele. Ele começou a falar mais palavras e a utilizar

maior contato visual nos primeiros meses do programa domiciliar de sua família. Mas foi após deste

diálogo do processo Option que o desenvolvimento de Tom realmente acelerou porque Steve e Emily

começaram a conseguir implementar o programa sem que seus medos e inseguranças em relação a eles

mesmos bloqueassem o caminho.

Este foi o início para Emily. O início de uma maior compreensão de como ela operava e o início de

brincadeiras com o Tom nutridas principalmente por amor e entusiasmo ao invés de culpa e medo.

Durante os dois dias de visitas domiciliares, e subsequentes consultas por telefone, Emily continuou a

investigar sua auto-crítica, enquanto Steve investigou seus sentimentos de perda e adquiriu maior

consciência de como eles afetavam suas interações com Tom. O Programa Son-Rise que eles

implementaram tornou-se uma experiência de aprendizado para todos eles.

Os Sentimentos

Muitos de nós vivem o dia-a-dia com pouca consciência de como nos sentimos. Estamos geralmente

muito ocupados na realização de tarefas e raramente encontramos tempo para sentir. Sentir-se inspirado

por sua criança com autismo (ou por qualquer outro aspecto da sua vida) não é apenas um exercício

mental para se descobrir uma perspectiva inspiradora pela qual você pode ver o mundo. É o sentir que

esta perspectiva é real para você, e sentir-se bem enquanto você a adota. São nossos sentimentos que

dão significado para nossas vidas e para as experiências que criamos para nós mesmos.

Em nossa cultura, muita ênfase é colocada em emoções como o medo, raiva e tristeza. E de fato, estas

são as emoções que as pessoas mais tendem a lembrar-se da experiência, e também as expressadas

mais intensamente. Estas experiências emocionais também são as mais estressantes para o corpo e a

mente, e não facilitam a criação de um ambiente estimulante e de expansão para você ou sua família.

Mas quando nos sentimos entusiasmados, inspirados e alegres, nos colocamos em um outro estado. Um

em que temos abundância de energia, enxergamos possibilidades ilimitadas, e nos envolvemos

profundamente com os eventos de nossas vidas e com as pessoas ao nosso redor.

Um jeito fácil de se começar este processo é através da apreciação. Muito cedo em nossas vidas somos

todos ensinados a dizer “obrigado” quando as pessoas nos oferecem algo. Mas em que frequência

sentimos uma sensação física e emocional de profunda gratidão ao dizermos “obrigado”? Geralmente

somos ensinados a dizer “obrigado” para sermos “bem-educados” e mostrarmos consideração pela

pessoa que nos oferece o presente. Raramente somos ensinados a sentir uma emoção de profunda

gratidão e a compartilhar este sentimento com a outra pessoa.

Apreciação é um estado identificável cientificamente. Há um certo padrão fisiológico que corresponde a

uma pessoa sentindo apreciação. Os cientistas vêm recentemente descobrindo que maiores períodos em

um estado de apreciação levam a maior longevidade, melhoras na saúde, relacionamentos e funções

mentais (veja Recursos para maiores informações). Todos os pais apreciam suas crianças; pais de

crianças com autismo muitas vezes acabam preocupando-se tanto com a criança que esquecem-se de

focar no amor e apreciação que eles naturalmente têm. É fácil fazer – tente agora seguindo estes 3

passos:

1. Qual a atividade favorita da sua criança? Ela gosta de alinhar objetos, pular na

cama, rodar em círculos, fazer barulhos, falar sobre dinossauros? Escolha uma das

atividades de sua criança e vá fazê-la com ela. Não é ficar no mesmo quarto enquanto a

criança brinca, estamos falando em correr com ela, ou deitar no chão e alinhar os carros

com ela. Faça o que a criança estiver fazendo mesmo que a atividade pareça uma tolice.

Siga e acompanhe a criança. Não tente guiar ou direcionar apenas siga a criança.

2. Enquanto você acompanha a criança na atividade dela, procure envolver-se na

atividade. No programa son-rise isto é chamado de estar presente. Desapegue-se de

quaisquer outros pensamentos. Pare de pensar no que as pessoas iriam pensar se elas

vissem você correndo e balançando as mãos. Não preste atenção a pensamentos como:

“isso é uma tolice”, “eu estou velho demais para isso”, “minha criança vai pensar que eu

enlouqueci!”. Apenas envolva-se na atividade, qualquer que seja.

3. Uma vez presente na atividade, comece a procurar uma forma de apreciar a

experiência e a criança que está acompanhando. Você poderia olhar para a criança e

sentir-se grato por ela ter encontrado uma atividade que ela realmente gosta. Você

poderia encontrar na atividade algo que você aprecia, o que você sente no seu corpo ao

fazer a atividade, como você vê s coisas durante a atividade, ou algum som que você

ouve. Encontre algo em relação a esta atividade que você consegue genuinamente

apreciar. Daí foque este sentimento de apreciação enquanto você continua a seguir sua

criança. Esteja consciente de como você se sente neste estado de apreciação e gratidão

enquanto você acompanha sua criança na atividade escolhida por ela. Tente fazer esta

apreciação maior e maior enquanto você continua.

Um número cada vez maior de psicólogos e pesquisadores estão percebendo que o amor e a expressão

sincera de apreciação por uma criança são componentes essenciais (há muito tempo ignorados) para a

educação e o desenvolvimento de uma criança. A ciência está começando a compreender a importância

destas profundas emoções humanas no desenvolvimento de uma criança, especialmente no

desenvolvimento de crianças com autismo. Esta noção é importantíssima para o Programa Son-Rise,

abordagem que não se desenvolveu através de experimentações científicas, mas através do ilimitado

amor e desejo de dois pais para se conectar com seu filho.

As Intenções Passar a se sentir de forma radicalmente diferente em relação a ser pai ou mãe de uma criança com

autismo é algo que requer prática- assim como qualquer outra habilidade que valha a pena se esforçar

para adquirir. O poder da nossa vontade é muito grande. A atual neurociência tem demonstrado que

podemos literalmente modificar a estrutura de nossos cérebros quando nos concentramos em novos

jeitos de pensar (veja em Material de Apoio). Se você investir diariamente na incrível força que seus

pensamentos possuem, você treinará o seu cérebro para pensar sobre o autismo de forma diferente, e o

seu corpo para se sentir de forma diferente em relação ao autismo. Isto significa que todos os dias você

acordará e decidirá novamente sentir-se grato por sua criança ser exatamente do jeito que ela é.

Toda vez que você interagir com sua criança lembre-se de que sua profunda apreciação por ela é mais

importante do que seus pensamentos em relação ao aprendizado dela. A apreciação genuína do atual

estágio de desenvolvimento da sua criança é o primeiro passo para se inspirar mais crescimento. Se você

perceber que está se sentindo estressado ou infeliz em relação à condição ou comportamento de sua

criança, decida retornar para o estado de apreciação.

Todos os pais amam suas crianças. Muitas vezes, pais de crianças com autismo acabam focando mais

em pensamentos de preocupação, desespero ou pesar em relação às suas crianças ao invés de focarem

no amor e apreciação que eles sentem por elas. Os 30 anos de experiência com o Programa Son-Rise

têm nos mostrado que quando os pais conseguem focar essencialmente no amor, as crianças começam a

responder e se desenvolver mais. Este processo tem início com a tomada de decisão por parte dos pais

para realizarem esta mudança consciente do jeito de pensar.

Informe-se A visão convencional do autismo é a de uma condição permanente e irreversível. Com frequência, o

autismo é visto como uma tragédia e as crianças são vistas como defeituosas e com a necessidade de

conserto. A Inspirados pelo Autismo adota uma perspectiva diferente – uma de esperança e crença em

possibilidades ilimitadas. Nós temos observado que o autismo não precisa ser uma condição para toda a

vida, e que crianças com autismo sentem-se motivadas para aprender e interagir quando são oferecidos a

elas ambientes físicos e sociais otimizados.

Nossas ações são guiadas por nossas percepções, isto é, o que nós vemos e acreditamos direciona as

nossas ações. E nossas ações, por sua vez, têm consequências neste mundo que percebemos e sobre o

qual elaboramos crenças. Estas crenças então guiam nossas ações. Portanto, se adotamos a crença de

que o autismo é uma condição permanente e irreversível, esta crença direcionará nossas ações. Guiados

por esta crença, faz sentido que não tentemos reverter o autismo, mas apenas administrá-lo. Isto explica

o porquê de tantas abordagens de tratamento focarem no manejo de comportamentos e ensino de

habilidades básicas de auto-ajuda ao invés de trabalharem com a essência da questão – a motivação e a

aptidão para a interação social. Esta abordagem do autismo, durante os últimos 50 anos, tem sustentado

a crença original do autismo como sendo irreversível. E assim o ciclo continua...

Os fundadores do Programa Son-Rise, Barry e Samahria Kaufman, escolheram intencionalmente

acreditar em algo diferente em relação ao autismo de seu filho. Eles decidiram acreditar que era possível

aproximar-se dele apesar de ser tão introspectivo, e de não possuírem nenhuma “evidência” como

suporte para esta crença. Eles decidiram acreditar assim mesmo. As ações que se seguiram após esta

decisão formaram as técnicas e atitudes do que hoje é chamado Programa Son-Rise. Os resultados

observados por eles ajudaram a fortalecer a crença na reversibilidade do autismo, e eles passaram a

trabalhar com outras crianças. Mais uma vez, o ciclo continua.

A questão não é saber qual perspectiva está certa, mas qual perspectiva é a mais útil.

Informações sobre o autismo sob a ótica convencional do autismo estão amplamente disponíveis. Nós

recomendamos que todos os pais aprendam sobre o autismo e suas abordagens de tratamento através

das diversas perspectivas para que encontrem aquela que mais os agrada. As páginas seguintes

apresentam informações sobre o autismo e seu tratamento através da perspectiva da Inspirados pelo

Autismo, explicando como esta perspectiva coincide com os achados de recentes pesquisas na área de

psicologia e neurociência.

“...Ter esperança apenas ajuda, nunca causa danos, eu não acredito que a esperança possa ser “falsa”.

Quando eu fui diagnosticado com autismo de grau severo, meus pais decidiram ver possibilidades onde

outros não viam nenhuma saída, e foi essa perspectiva que possibilitou minha recuperação completa.”

Raun K. Kaufman

© 2009 Inspirados pelo Autismo -- Conta

1. Passe 30 minutos por dia 1:1 (um a um) com sua criança. · Leve sua criança para o quarto mais calmo e silencioso de sua casa. · Faça o melhor para preparar o quarto de forma que não haja interrupções nesses 30 minutos. · Leve com você uma pequena caixa de brinquedos ou atividades. (Deixe os brinquedos eletrônicos do lado de fora). · Pouco a pouco aumente o tempo que você passa 1:1 com sua criança com acréscimos de 15 minutos. 2. “Junte-se” à criança. Como uma maneira de entender e construir uma relação mais profunda com sua criança faça exatamente o que ela está fazendo. Concentre-se em se divertir nesse momento “no mundo dela”.

Por exemplo: · Se sua criança estiver pulando numa bola, pule numa bola também. · Se sua criança estiver correndo de um lado para o outro, corra de um lado para o outro. · Se sua criança estiver recitando a cena de um filme ou livro, recite a mesma cena com ela. · Se sua criança estiver resolvendo problemas de matemática, faça os seus próprios problemas de matemática com ela. · Se sua criança estiver olhando fixamente para a parede, olhe para a parede com ela. · Faça o que ela estiver fazendo, exatamente da mesma forma. · À medida que você fizer o que ela estiver fazendo, concentre-se em realmente se divertir com a atividade. 3. Concentre-se no contato visual. Quanto mais a criança olhar mais ela aprenderá. Quanto mais você se concentrar no contato visual com sua criança, mais esse contato aumentará – dando a oportunidade de sua criança aprender com você. O contato visual é de fundamental importância para todos os aprendizados futuros. Por exemplo: · Celebre com sua criança cada vez em que ela olhar para você. Você pode dizer, “Uau, eu adoro quando você olha para mim!” ou “O seu olhar é lindo!” ou “Obrigado por olhar para mim.” Não importa o que você diga, mas sim que você se sinta entusiasmado e agradecido pelo fato de sua criança ter escolhido olhar diretamente para os seus olhos. · Traga a atenção para a sua face e olhos. Torne o seu rosto interessante usando chapéus, óculos divertidos, adesivos e pinturas, etc. · Posicione-se em frente à criança, no nível dos olhos ou abaixo, tornando mais fácil para ela olhar para você. Quando oferecer brinquedos, alimentos ou algo para beber, posicione-os na altura dos seus olhos próprios olhos.

No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, fundadores do Programa Son-Rise®, ouviram dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun, diagnosticado com autismo severo e um QI

abaixo de 40. Decidiram porém acreditar na ilimitada capacidade humana para a cura e o crescimento, e puseram-se à procura de uma maneira de aproximar-se de Raun. Foi a partir da experimentação intuitiva e amorosa com Raun, há cerca de 30 anos atrás, que eles desenvolveram o Programa Son-Rise. Raun se recuperou de seu autismo após 3 anos e meio de trabalho intensivo com seus pais. Ele continuou a se desenvolver de maneira típica, cursou uma universidade altamente conceituada e agora é o CEO do Autism Treatment Center of América, fundado por seus pais em Massachusetts, nos

EUA. Desde a recuperação de Raun, milhares de crianças utilizando o Programa Son-Rise têm se desenvolvido muito além das expectativas convencionais, algumas delas apresentado completa recuperação.

O Programa Son-Rise é centrado na criança (ou no adulto com autismo). Isto significa que o tratamento parte do desenvolvimento inicial de uma profunda compreensão e genuína apreciação da criança, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus interesses. O Programa Son-Rise descreve isto como o “ir até o mundo da criança”, buscando fazer a ponte entre o mundo convencional e o mundo desta criança em especial. Com esta

atitude, o adulto facilitador vê a criança como um ser único e maravilhoso, não como alguém que precisa “ser consertado”, e pergunta-se “como eu posso me relacionar e me comunicar melhor com essa criança?” Quando a criança sente-se segura e aceita por este adulto, maior é a sua receptividade ao convite para interação que o adulto venha a fazer.

O Programa Son-Rise oferece uma abordagem prática e abrangente para

inspirar as crianças (e adultos) com autismo a participarem ativamente em

interações divertidas, espontâneas e dinâmicas com os pais, outros adultos e

crianças. O corpo de experiência do Programa Son-Rise demonstra que

quando uma criança com autismo passa a participar deste tipo de

experiência interativa, ela torna-se aberta, receptiva e motivada para

aprender novas habilidades e informações. A participação da criança nestas

interações seria então fator chave para o tratamento e recuperação do

autismo. O papel dos pais é essencial neste processo de tratamento. O

Programa Son-Rise propõe a implementação de um programa dirigido pelos

pais no domicílio da criança, e os instrui na construção um ambiente físico

e social otimizado que estimule uma profunda ligação emocional com sua

criança e facilite o seu aprendizado social. Durante todo o processo, o crescimento emocional dos pais é enfatizado.

Orientação atitudinal é oferecida para os pais para ajudá-los a trabalhar quaisquer crenças limitantes ou sentimentos negativos em relação a eles mesmos, à criança ou ao diagnóstico da criança. Instruções práticas são oferecidas para auxiliar os pais na criação de uma nova perspectiva que os habilite para relacionarem-se com a criança a partir de um profundo sentimento de apreciação e alegria.

As sessões individuais (um-para-um) do Programa Son-Rise são realizadas

na residência da pessoa com autismo, em um quarto especialmente

preparado com poucas distrações visuais e auditivas, contendo brinquedos e

materiais motivadores para a criança ou adulto com autismo que sirvam

como instrumento de facilitação para a interação e subseqüente

aprendizagem.

Os pais aprendem a construir experiências interativas estimulantes que convidem sua criança a desenvolver-se socialmente dentro de um currículo claramente definido. No Programa Son-Rise, toda a aprendizagem acontece no contexto de uma interação divertida,

amorosa e espontânea que inspira tanto pais como criança. O Programa Son-Rise é lúdico. Isto significa que dá-se ênfase à criação de divertidas e motivadoras atividades nas quais a criança esteja empolgada para participar. A ênfase está na diversão. Ao seguir os interesses da criança e compreender os princípios básicos do brincar, torna-se fácil a criação de atividades motivadoras para esta criança. O mesmo aplica-se para o trabalho com um adulto. As atividades são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao estágio de desenvolvimento específico do indivíduo, qualquer que seja sua idade. Uma vez que a pessoa com autismo esteja motivada para interagir com um adulto, este adulto facilitador poderá então criar interações que a ajudarão a aprender todas as habilidades do desenvolvimento que são aprendidas através de interações dinâmicas com outras pessoas (por exemplo, habilidades de linguagem e de conversação, o contato de olho-no-olho, a brincadeira criativa, a imaginação, as sutilezas do relacionamento humano). O Programa Son-Rise instrui os pais na criação destas efetivas interações com a criança de forma que eles possam dirigir o programa de sua criança e ajudá-la durante todas as interações diárias com ela.

TRATAMENTOS BIOMÉDICOS

Diversos tratamentos biomédicos e abordagens educacionais têm sido desenvolvidos mundialmente com o objetivo de promover o desenvolvimento social e a recuperação das pessoas com autismo, dentre eles o Programa Son-Rise*. O programa é um eficiente método educacional para crianças com autismo, desenvolvido pelo The Autism Treatment Center of America, em Massachusetts, nos Estados Unidos, e tem sido aplicado em diversos países com excelentes resultados. No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, fundadores do Programa Son-Rise, ouviram dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun, diagnosticado com autismo severo e um QI abaixo de 30. Decidiram, porém, acreditar na ilimitada capacidade humana para a cura e o desenvolvimento, e puseram-se à procura de uma maneira de aproximar-se de Raun – que se encontrava em estado de total isolamento, não interagindo nem mesmo com os pais. Foi a partir da experimentação criativa e amorosa com Raun, cerca de 30 anos atrás, que eles desenvolveram o Programa Son-Rise. Raun Kaufman se recuperou de seu autismo após três anos e meio de trabalho intensivo com seus pais. Ele continuou a se desenvolver de maneira típica, cursou uma universidade altamente conceituada e agora é o CEO do Autism Treatment Center of America, fundado por seus pais em Massachusetts, nos EUA. Desde a recuperação de Raun, milhares de crianças utilizando o Programa Son-Rise têm se desenvolvido muito além das expectativas convencionais, algumas delas têm apresentado total recuperação do autismo. Os resultados do Programa Son-Rise têm recebido cobertura da mídia internacional, principalmente nos EUA e Europa, destacando-se o documentário produzido pela TV inglesa BBC intitulado “I Want My Little Boy Back” (“Eu Quero Meu Garotinho de Volta”), e o filme produzido pela NBC americana inspirado na história da família Kaufman “Son-Rise – A Miracle of Love” (lançado no Brasil com o título “Meu Filho Meu Mundo”, pela Globo Vídeo).

A Aplicação do Programa

“No Programa Son-Rise, a aceitação da pessoa com autismo, associada a uma atitude positiva – de entusiasmo e esperança – em relação ao potencial de desenvolvimento desta pessoa, são princípios básicos para o tratamento.”

O Programa Son-Rise oferece uma abordagem educacional prática e abrangente para inspirar as crianças, adolescentes e adultos com autismo a participarem ativamente em interações divertidas, espontâneas e dinâmicas com os pais, outros adultos e crianças. O corpo de experiência do Programa

Son-Rise demonstra que quando uma pessoa com autismo passa a participar deste tipo de experiência interativa, ela torna-se mais aberta, receptiva e motivada para aprender novas habilidades e informações. A participação da pessoa nestas interações seria então fator-chave para o tratamento e recuperação do autismo.

O Programa Son-Rise é centrado na criança (ou no adulto) com autismo. Isto significa que o tratamento tem início na busca de uma profunda compreensão e genuína apreciação da criança, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus interesses. O Programa Son-Rise descreve isto como o “ir até o mundo da criança”, buscando fazer a ponte entre o mundo convencional e o mundo desta criança em especial. Com esta atitude, o adulto facilitador vê a criança como um ser único a ser respeitado, não como alguém que precisa “ser consertado”, e pergunta-se, “como eu posso me relacionar e me comunicar melhor com essa criança?”. Quando a criança sente-se segura e aceita por este adulto, maior é a sua receptividade ao convite para interação que o adulto venha a fazer.

Nesta abordagem centrada na criança, adotamos um estilo responsivo de interação, onde procuramos responder aos sinais de comunicação que a criança nos oferece, sejam estes verbais ou não verbais. Em primeiro lugar, observamos o estado de disponibilidade para interação em que ela se encontra a cada momento. Ao notarmos uma criança em comportamento repetitivo e/ou de isolamento, caso este não seja um comportamento que promova qualquer risco para a sua integridade física, dos outros, ou da propriedade, permitimos que o comportamento ocorra, para que a criança possa fazer a sua autorregulação e satisfazer suas necessidades sensoriais. Além de respeitarmos o ritmo da criança, nos juntamos a ela, fazendo o que ela faz naquele momento. Esta experiência demonstra para a criança a nossa aceitação e nos informa sobre muitos de seus interesses, assim como de suas necessidades e preferências sensoriais. Estas valiosas informações nos ajudam em outros momentos a criar atividades interativas que atendam a estas necessidades e preferências da criança.

Enquanto nos juntamos à criança, permanecemos disponíveis para interagir com ela quando ela quiser e puder. Quando ela passa a nos oferecer “sinais verdes para a interação”, como por exemplo, olhando em nossa direção ou para o que estamos fazendo, olhando em nossos olhos, falando conosco, oferecendo algum contato físico, seu estado de disponibilidade está mudando e ela está agora interessada em nós e em nosso mundo. Aproveitamos esta oportunidade para tentarmos então criar alguma atividade interativa com ela, convidando-a para interagir conosco em uma atividade que possa ser interessante e divertida para ela. Enquanto a criança participa da atividade ou da brincadeira, inserimos metas educacionais personalizadas que ajudam a criança a aprender brincando. Quanto mais motivada a criança estiver dentro da atividade, mais participações conseguiremos solicitar dela e, de uma forma divertida, incentivá-la a superar suas dificuldades e desenvolver suas habilidades.

No Programa Son-Rise, toda a aprendizagem acontece no contexto de uma interação divertida, amorosa e dinâmica. A ênfase está na diversão. O mesmo aplica-se para o trabalho com um adulto. As atividades são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao estágio de desenvolvimento específico do indivíduo, qualquer que seja sua idade.

O papel dos pais é essencial neste processo de tratamento. O Programa Son-Rise propõe a implementação de um programa domiciliar dirigido pelos pais, os quais podem contar com o auxílio de um grupo multidisciplinar de profissionais e voluntários. As sessões individuais (um-para-um) do programa são realizadas na residência da criança ou adulto com autismo, em um quarto especialmente preparado com poucas distrações visuais e auditivas, contendo brinquedos e materiais motivadores para a criança ou adulto com autismo que sirvam como instrumento de facilitação para a interação e subsequente aprendizagem. Os pais aprendem a construir, no dia-a-dia, experiências interativas estimulantes que convidem a criança a desenvolver-se socialmente dentro de um currículo claramente definido.

Ao propor uma abordagem inter-relacional, de valorização do relacionamento com a pessoa com autismo, o Programa Son-Rise promove oportunidades para que pais, profissionais e crianças construam, juntos, novas formas de se comunicarem e de interagirem, em que atividades motivacionais e lúdicas fornecem a base para o aprendizado social, emocional e cognitivo, para a autonomia e para a inclusão social.

Para informações sobre o Programa Son-Rise e dicas de sua aplicação, visite o site Inspirados pelo Autismo (www.inspiradospeloautismo.com.br) ou o site do instituto Autism Treatment Center of America (www.autismtreatment.org).

Tratamento Biomédico

O termo biomédico abrange um grande leque de tratamentos para o autismo, desde medicamentos

prescritos até suplementos probióticos e dietas orgânicas. A cobertura completa deste tópico vai além

da proposta deste site. Recomendamos que os pais e profissionais informem-se sobre os diversos

tratamentos biomédicos (ou "biológicos") existentes.

Entre os tratamentos biomédicos, temos observado que as dietas orgânicas, dietas isentas de glúten e

caseína, dietas dos carboidratos específicos podem ter como efeitos desde a melhora de problemas

relacionados à digestão e sono, até o aumento de concentração, maior interatividade social, e

maximização da linguagem.

Diversas crianças dentro do espectro apresentam dificuldades gastro-intestinais como a constipação

crônica ou a diarréia, inchaço ou desconforto. Muitas crianças também são sensíveis ou alérgicas a

diversas comidas e substâncias. Uma grande parcela das crianças com autismo apresenta intolerância ao

glúten (proteína encontrada em grãos como o trigo e a aveia) e à caseína (proteína presente no leite e

laticínios). O sistema digestivo destas crianças apresenta dificuldade para digerir estas duas complexas

proteínas – que acabam escapando para a corrente sanguínea como peptídios. A estrutura molecular

destes peptídios lembra a dos opiáceos (por exemplo, a heroína e morfina) e parece afetar o cérebro de

forma similar aos narcóticos. Crianças com intolerância ao glúten e à caseína costumam “viciar-se” em

alimentos que possuem estas proteínas. Na verdade, algumas crianças não aceitam comer nada a não

ser alimentos que contenham glúten e caseína, presas então em um ciclo de dependência bioquímica. A

dieta isenta de glúten e caseína permite que a criança libere-se deste ciclo e interrompa a corrente de

substâncias similares às opiáceas para seus cérebros. Também possibilita a implementação de uma dieta

mais variada e nutritiva que beneficie a saúde e o desenvolvimento global.

É nossa recomendação que todas as crianças com autismo sejam pelo menos testadas para identificar

possíveis sensibilidades a alimentos. Não se desmotive caso sua criança não aceite facilmente novos

alimentos. Nós já passamos por este processo com centenas de famílias. Com persistência, você pode

inspirar sua criança a comer novos e variados alimentos.

Muitos pais que escolhem adotar uma dieta isenta de glúten e caseína são guiados por médicos que

seguem as orientações de um protocolo da organização americana DAN! (Derrote o Autismo Agora!),

assim como o protocolo da médica americana Dra. Amy Yasko. Muitas famílias têm relatado excelentes

resultados também com dietas orgânicas, a dieta dos carboidratos específicos, acupuntura, homeopatia.

Quando diversos tratamentos são oferecidos simultaneamente para uma criança com autismo, torna-se

impossível avaliar com precisão o impacto de cada abordagem. Em nossa experiência de trabalho com

famílias que utilizaram ao mesmo tempo o Programa Son-Rise e dietas especiais e/ou protocolos

individualizados, observamos em muitas crianças um progresso dramático que parecia ser relacionado

diretamente à dieta ou ao protocolo. Em outros casos, vimos crianças fazerem progressos, mas sem a

possibilidade de determinarmos se o progresso devia-se à dieta/protocolo biomédico, ao Programa Son-

Rise, ou a ambos.