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PRÉ-UNIVERSITÁRIO/SEED-DASE POLO LAGARTO 2010 GEOGRAFIA- PROF. ROBSON FREIRE TEMA: América Anglo-saxônica Estados Unidos, potência mundial Primeira nação a se industrializar fora da Europa, os Estados Unidos são um dos únicos países americanos que integram o G-7 e uma superpotência agrícola, industrial e militar mundial. E pensar que tudo começou com apenas Treze Colônias inglesas na costa atlântica da América do Norte! O destino Manifesto Depois de conquistar a independência em 1776, a nova nação iniciou sua expansão territorial tendo como justificativa a ideologia do Destino Manifesto, ou seja, a certeza de que o povo americano fora predestinado por Deus a ocupar e colonizar as terras que se estendiam até o Pacífico. A maior parte dos primeiros habitantes dos Estados Unidos era protestante que via o lucro e as riquezas como conseqüência de uma escolha divina e do trabalho, e não como um pecado. Essa ética protestante foi um importante fator cultural que justificou a expansão territorial norte-americana ser considerada natural e benéfica, e não como uma agressão aos povos que já habitavam o território. Na realidade, a doutrina do Destino Manifesto justificou, no início, a conquista de terras até o limite natural imposto pelo rio Mississipi (área original das Treze Colônias inglesas); posteriormente, foram conquistados novos territórios que se estendem até o oceano Pacífico. A incorporação de novos territórios fez parte do período do imperialismo interno, que se iniciou na independência que a nação americana obteve em relação à Inglaterra em 1776, e continuou durante o século XIX, no período conhecido como Marcha para o Oeste. Do Atlântico ao Pacífico A expansão dos Estados Unidos para o Oeste envolveu tanto tratados e acordos como guerras e o extermínio da população nativa. Nessa primeira fase de ocupação do território, além das guerras foi preciso solucionar duas dificuldades básicas: um meio de transporte que permitisse percorrer grandes distâncias e gente para povoar e trabalhar nas novas terras. As soluções encontradas foram a construção de ferrovias transcontinentais e a imigração, principalmente européia. Dessa forma, na segunda metade do século XIX, os Estados Unidos já ocupavam a parte do território que possuem hoje na América do Norte. A América para os americanos À medida que as colônias da América Central e da América do Sul iam se tornando independentes, os Estados Unidos também se fortaleciam como potência continental. Em 1825, o presidente norte-americano James Monroe deixou claro que o país não toleraria influencia de potências européias na América em um discurso que ficou conhecido como Doutrina Monroe. A partir daí, sempre com nomes diferentes, como a Política do Big Stick, do presidente Theodore Roosevelt (1904), ou a Doutrina da Segurança Nacional, empregada na Guerra Fria, os Estados Unidos passaram a realizar, sob qualquer pretexto, intervenções armadas na América Latina, para garantir sua hegemonia no conjunto do continente americano. Dois fatos destacaram-se nessa fase de expansão continental norte-americana. Um deles

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TEMA: América Anglo-saxônica Estados Unidos, potência mundial

Primeira nação a se industrializar fora da Europa, os Estados Unidos são um dos únicos países americanos que integram o G-7 e uma superpotência agrícola, industrial e militar mundial. E pensar que tudo começou com apenas Treze Colônias inglesas na costa atlântica da América do Norte!

O destino Manifesto

Depois de conquistar a independência em 1776, a nova nação iniciou sua expansão territorial tendo como justificativa a ideologia do Destino Manifesto, ou seja, a certeza de que o povo americano fora predestinado por Deus a ocupar e colonizar as terras que se estendiam até o Pacífico. A maior parte dos primeiros habitantes dos Estados Unidos era protestante que via o lucro e as riquezas como conseqüência de uma escolha divina e do trabalho, e não como um pecado. Essa ética protestante foi um importante fator cultural que justificou a expansão territorial norte-americana ser considerada natural e benéfica, e não como uma agressão aos povos que já habitavam o território.

Na realidade, a doutrina do Destino Manifesto justificou, no início, a conquista de terras até o limite natural imposto pelo rio Mississipi (área original das Treze Colônias inglesas); posteriormente, foram conquistados novos territórios que se estendem até o oceano Pacífico. A incorporação de novos territórios fez parte do período do imperialismo interno, que se iniciou na independência que a nação americana obteve em relação à Inglaterra em 1776, e continuou durante o século XIX, no período conhecido como Marcha para o Oeste.

Do Atlântico ao Pacífico

A expansão dos Estados Unidos para o

Oeste envolveu tanto tratados e acordos como guerras e o extermínio da população nativa.

Nessa primeira fase de ocupação do território, além das guerras foi preciso solucionar duas dificuldades básicas: um meio de transporte que permitisse percorrer grandes distâncias e gente para povoar e trabalhar nas novas terras. As soluções encontradas foram a construção de ferrovias transcontinentais e a imigração, principalmente européia. Dessa forma, na segunda metade do século XIX, os Estados Unidos já ocupavam a parte do território que possuem hoje na América do Norte.

A América para os americanos

À medida que as colônias da América Central e da América do Sul iam se tornando independentes, os Estados Unidos também se fortaleciam como potência continental. Em 1825, o presidente norte-americano James Monroe deixou claro que o país não toleraria influencia de potências européias na América em um discurso que ficou conhecido como Doutrina Monroe. A partir daí, sempre com nomes diferentes, como a Política do Big Stick, do presidente Theodore Roosevelt (1904), ou a Doutrina da Segurança Nacional, empregada na Guerra Fria, os Estados Unidos passaram a realizar, sob qualquer pretexto, intervenções armadas na América Latina, para garantir sua hegemonia no conjunto do continente americano.

Dois fatos destacaram-se nessa fase de expansão continental norte-americana. Um deles

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foi a construção do canal do Panamá, concluída em 1914. O canal foi devolvido aos panamenhos em primeiro de janeiro de 2000. O outro, também nesse período, foi o controle econômico de Cuba pelos norte-americanos, em troca da ajuda na guerra de independência dos cubanos contra a Espanha.

A expansão planetária

Uma vez garantida a hegemonia na América, os Estados Unidos partiram para a ocupação de ilhas do Pacífico Sul, numa visão estratégica que se revelaria importante no futuro, mais precisamente na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A arrancada industrial

No século XIX, após o principal conflito norte-americano, a Guerra Civil Americana ou Guerra de Secessão (1861-1865), em que as elites do Norte (caracterizado pelo predomínio da mão-de-obra assalariada, pequenas propriedades e uma economia voltada para o mercado interno) venceram o Sul agrário (caracterizado pelo predomínio de latifúndios, mão-de-obra escrava negra e um mercado voltado para a exportação de gêneros agrícolas), o país iniciou seu processo de industrialização. Foi essa burguesia formada por comerciantes capitalistas que criou as condições para a industrialização da região Nordeste do país (espaço compreendido entre a costa atlântica e os Grandes Lagos). Essa área reunia na época (século XIX) condições para tornar os Estados Unidos a primeira nação, fora da Europa, a realizar a Revolução Industrial:

jazidas de minério de ferro em escudos cristalinos nos estados de Minnesota e Winsconsin (ao lado do Lago Superior);

jazidas de carvão em bacias sedimentares nos estados da Pensilvânia e Ohio;

os Grandes Lagos, ligados pelo rio São Lourenço ao oceano Atlântico, tornaram-se importantes vias de transporte;

um espaço integrado por ferrovias;

mercado consumidor interno, constituídos de assalariados que compravam e vendiam mercadorias, estimulando dessa forma as atividades comerciais e industriais.

A expansão territorial, a ética protestante, o trabalho assalariado, a diversidade mineral, as ferrovias e a expansão industrial resultaram na formação da nação mais rica do mundo desde o fim do século XIX. Essa posição se consolidou no período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando os Estados Unidos passaram a ser o grande exportador para uma Europa em guerra e arrasada.

A crise de 1929

O notável crescimento dos anos de ouro da economia dos Estados Unidos (os anos 1920), impulsionada pelo liberalismo econômico, teve um final infeliz com a crise de 1929 na Bolsa de Nova Yorque. Os anos 1930 foram de reconstrução, do New Deal e do Estado de Bem-Estar Social. Em 1939, o país foi ‘’beneficiado’’ por uma nova guerra mundial, passando a dominar a economia do mundo capitalista a partir desse conflito, em 1945.

A potência dos anos 1990

Com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos assumiram isoladamente o lugar de única potência econômica e militar do mundo. TABELA 1: INDICADORES SOCIOECONÔMICOS

ÁREA: 9.364.000 km²

POPULAÇÃO: 281.421.906 hab.

PIB: (1929): 8.350,1 trilhões de dólares

RENDA PER CAPTA: 30.600 dólares FONTES: US Census Bereau 2000

A organização do espaço econômico norte-americano

Ao mesmo tempo que os Estados Unidos

impunham sua supremacia econômica ao mundo, seu espaço econômico foi sendo organizado segundo as características assumidas pelo país em escala global.

Podemos considerar, nos Estados Unidos, duas principais regiões geoeconômicas, caracterizadas por diferentes processos de industrialização e que se misturam às faixas onde é praticada uma das mais modernas agriculturas do mundo, os cinturões agrícolas (belts, em inglês), que constituem a terceira região geoeconômica do país.

Principais regiões industrializadas dos Estados Unidos Manufacturing Belt

O Manufacturing Belt, ou Cinturão Fabril, compreende a região que se estende do Nordeste dos Estados Unidos até os Grandes Lagos. Área onde se iniciou a industrialização do país, forma atualmente a maior concentração urbano-industrial do mundo, tendo como uma de suas características a megalópole Boswash (áreas metropolitanas de Boston, Nova Yorque, Filadélfia, Baltimore e Washington, que se fundiram).

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Algumas das cidades localizadas nessa

área formam ou ainda permanecem especializadas em determinados ramos industriais, como Chicago (a terceira maior cidade, capital do Meio-Oeste, localizada no estado de Illinois) e suas indústrias alimentícias. Aí está sediada a principal Bolsa de Valores de produtos agropecuários do mundo. Cleveland, no estado de Ohio, destaca-se por sua produção siderúrgica e por ser importante centro médico e universitário. Detroit, considerada a capital do automóvel, já foi sede das montadoras GM, Ford e Chrysler, e Pittsburgh, em virtude do grande número de siderúrgicas, é considerada como ‘’a cidade do aço’’. Nova Yorque é a maior cidade norte-americana, principal porto, pólo turístico e industrial do país e centro financeiro mundial. Boston, cidade antiga e tradicional, é um tecnopolo, sede do MIT (Massachussetts Institure of Technology).

Sun Belt

A expressão Sun Belt (Cinturão do Sol) é relativa às nova áreas industriais que foram criadas principalmente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e que se diferenciaram da tradicional industrialização do Nordeste por utilizar novas tecnologias, como a informática, a biotecnologia, a indústria aeroespacial e a microeletrônica, típicas da Terceira Revolução Industrial.

Essas novas áreas industriais têm seus principais centros no estado do Texa (Sul) e na Califórnia (Oeste). No Texas (segundo estado mais populoso, após a Califórnia) está a sede de importantes empresas transnacionais, como a de petróleo Texaco (Texas Company), a de aviação American Airlines; a de microcomputadores Compac, a Nasa (Centro Espacial de Houston) e um importante tecnopolo localizado em Austin.

Na costa Oeste, o estado da Califórnia tem no eixo São Francisco-Los Angeles sua principal área industrial, que envolve o importante tecnopolo do Vale do Silício. Ainda merecem destaque os tecnopolo da costa oeste: São Francisco, Los Angeles e Santa Fé. Aí estão instaladas indústrias bélicas, automobilísticas, petroquímicas, navais, aeronáuticas, alimentícias, entre outras, e importantes universidades, como Berkeley. Ainda na costa oeste, encontramos grandes centros industriais, como Siattle e Portland.

Outras áreas do Sudeste e do Sul merecem destaque, como os estados da Flórida (pólo turístico e centro aeroespacial), Louisiana (petroquímica), Geórgia (sede da Coca-Cola e da companhia aérea Delta Airlines) e o Alabama (indústrias siderúrgicas).

Os cinturões agrícolas

Uma agricultura modernizada

Em geral, nos países desenvolvidos o espaço destinado a agricultura é maior e sua exploração é mais intensa e emprega mais tecnologia que nos países subdesenvolvidos.

No entanto, isso não significa que a agricultura tem um papel predominante no total da riqueza gerada naqueles países.

Assim como na maior parte dos países europeus e no Canadá, nos Estados Unidos os cultivos em geral são comerciais, ou seja, estão voltados para o mercado de consumo interno e externo. Ao contrário das culturas de subsistência, são cultivos típicos da economia capitalista e dominam amplamente o espaço agrário do mundo inteiro.

Tradicionalmente, a região agrícola por excelência dos Estados Unidos é a porção central. Graças às exportações agrícolas dessa área, foi possível financiar em parte a industrialização do Nordeste. Ainda hoje os produtos agrícolas desempenham um papel importante nas exportações do país. Principais cultivos

O espaço agrícola americano é dividido em grandes áreas monocultoras, os chamados cinturões, ou belts, com destaque para os cultivos de trigo, algodão e milho. Há também os cinturões pecuários do oeste (pecuária de corte) e nordeste (pecuária leiteira).

Na região dos Grandes Lagos, onde há grande concentração populacional, predominam as culturas voltadas para o abastecimento urbano, como as de verduras e legumes, além da criação de gado leiteiro e de aves.

Já as regiões áridas são aproveitadas para a pecuária extensiva.

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A agricultura dos Estados Unidos, a mais

moderna e produtiva do mundo, organiza sua produção em grandes faixas ou cinturões agrícolas (belts), especializados no cultivo de determinados produtos. Veja o mapa dos cinturões agrícolas, quais são esses cinturões. Com exceção do Cinturão do Consumo Diário, os cinturões agrícolas constituem a região geoeconômica denominada Meio-Oeste. QUADRO HUMANO População

O Censo realizado nos Estados Unidos em 2000 revelou que o país teve o maior crescimento populacional num período de dez anos (1990-2000). A população, pela primeira vez depois de um século, aumentou em todos os estados. A Califórnia (33,8 milhões), o Texas (20,8 milhões) e Nova Yorque (18,9 milhões) são os três estados mais populosos.

O aumento populacional da década 1990-2000 foi de 13,2%, o que significou mais 32,7 milhões no total de habitantes. Antes, o recorde era do período 1950-1960, chamado de baby-boom, que sucedeu à Segunda Guerra Mundial. São consideradas causas para o grande crescimento populacional os seguintes fatores:

natalidade maior que mortalidade;

imigração;

maior precisão das técnicas empregadas no censo.

Distribuição da população

Os Estados Unidos são o terceiro país mais populoso do mundo.

A distribuição da população sofre a influência de fatores históricos, econômicos e naturais.

Assim, a maior concentração populacional está no Nordeste do país. Isso se deve aos seguintes fatores:

é a região de ocupação mais antiga;

é a região de maior concentração industrial e de cidades;

As atividades agrícolas da região são as que exigem mais mão-de-obra, como é o caso das culturas de verduras e de legumes e da criação de gado leiteiro (cinturão do leite).

As densidades demográficas diminuem de nordeste para sudoeste. Isso acontece porque a agricultura vai se tornando mais mecanizada e, conseqüentemente, empregando menos mão-de-obra. Ao mesmo tempo, as propriedades rurais vão se tornando maiores.

As densidades mais baixas estão no oeste do país, nos planaltos localizados entre as cadeias de montanhas. Nessa região, as baixas densidades são explicadas pelo relevo, pelo clima árido e pela atividade econômica predominante – a pecuária extensiva, que exige pouca mão-de-obra. Indicadores sociais

Apesar de todos os indicadores sociais dos Estados Unidos serem típicos de países desenvolvidos – reduzidas taxas de mortalidade infantil; baixo crescimento demográfico; taxas de analfabetismo próximas de zero, elevada renda per capta; entre outros --, na década de 1980 o país passou por um processo de empobrecimento da população, resultante basicamente da redução dos benefícios sociais e da elevação dos impostos. Essa tendência prosseguiu na década de 1990. Os imigrantes

Muitos consideram que grande parte do empobrecimento médio da população foi decorrente não de medidas governamentais, mas do expressivo aumento de imigrantes legais e ilegais no país.

O fluxo anual de novos imigrantes (mais de 800 mil são legais e, aproximadamente, 500 mil são ilegais) não provoca diretamente o empobrecimento da população em geral. Porém, seu efeito cumulativo é grande. A maior parte das pessoas que integram as classes mais baixas são imigrantes e, como já chegam ao país pobres, elas agravam os baixos indicadores sociais.

Na década de 1950, dois terços do total de imigrantes vinham da Europa e do Canadá. Nos anos 1980, quase metade dos imigrantes era originária do México e de países da América Latina e do Caribe, e quase 40% chegavam da Ásia.

A questão é que esses imigrantes não falam inglês, engrossam a mão-de-obra não qualificada, aceitam péssimos empregos e não tem direito a seguro-saúde, entre outros benefícios.

REGIÕES GEOGRÁFICAS

Os EUA possuem a mais desenvolvida economia do mundo. A sua produção é elevada em quase todos os setores, além de extremamente sofisticada.

Esse grande avanço se deve a um conjunto de fatores, no qual os recursos naturais estão associados ao capital e ao aprimoramento técnico humano. Estes se somam para atender às

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exigências de um mercado consumidor muito valorizado em razão de seu alto poder aquisitivo.

Além disso, usando a sua influência em

diversas partes do mundo, os EUA conquistaram grandes mercados, explorando as potencialidades de outros países. Para melhor compreender o desenvolvimento dos Estados Unidos podemos dividi-lo em cinco regiões geoeconômicas:

Sul – Num predomínio de planícies e clima subtropical, desenvolvi-se, na Península da Flórida e fachada do Golfo do México, a fruticultura (fruit- belt), com destaque especial para os cítricos, principalmente laranja. Nessa mesma faixa ocorrem os cultivos de arroz, cana-de-açúcar, tabaco e outros produtos de clima mais quente.

Na região do Golfo do México ainda há exploração de petróleo, com a maior produção nacional nos estados do Texas, Oklahoma, Arkansas e Louisiana, além do gás natural.

O grande centro industrial dessa região é Houston, no Texas, onde se destacam as indústrias: petroquímica e de alumínio, alimentícia, têxtil e a metalúrgica beneficiada pelo potencial térmico.

Nordeste – É a região ao sul dos Grandes Lagos, com predomínio de terras baixas e os Montes Apalaches a leste.

A floresta temperada que ocupava esse espaço já foi praticamente devastada porque nessa região encontra-se a maior concentração urbana e industrial do globo: as cidades de Duluth, Chicago, Detroit, Cleveland, Pittsburg e Buffalo (próximo aos Grandes Lagos), Boston, Filadélfia, Baltimore e a magalópole de Nova York. Esse espaço geográfico é ocupado por cerca de 50% da população absoluta dos EUA.

Essa economia predominante industrial tem como destaque a siderurgia, metalurgia, indústria química, mecânica, automobilística e eletrônica.

Grande parte dessas indústrias conta com os principais recursos da região: o carvão explorado nos Apalaches, no estado da Pensilvânia, e o minério de ferro, explorado próximo ao Lago Superior, nos estados de

Minnesota e Wisconsin, tendo Duluth como centro principal.

É importante lembrar que a região tem nos Grandes Lagos, junto com o rio São Lourenço, a via de escoamento para a maior parte da produção.

Planícies Centrais – Esse é o celeiro agrícola dos EUA, onde estão o wheat-belt (trigo) e o corn-belt (milho).

Nessa região das pradarias, a agricultura é toda mecanizada. A extensão das superfícies cultivadas e a utilização de tecnologia avançada de plantio, associadas à variedade de clima e solo, permitem uma produção em grande escala.

Por isso, os Estados Unidos constituem o primeiro mercado mundial de produtos agrícolas.

Com toda tecnologia empregada, o que se tem nas planícies é uma agroindústria muito desenvolvida, que escoa todos os seus produtos pela rede hidrográfica navegável, onde se destaca o complexo Mississipi-Missouri.

Oeste – O que se tem no Oeste? As Montanhas Rochosas e a Cadeia da Costa. Um clima árido e as estepes – vazio demográfico. No entanto, a região também tem produção.

Tem exploração de minérios como o cobre, que é extraído junto às Rochosas, nos estados de Montana, Utah e Arizona.

No Oeste, nas regiões áridas e semi-áridas, ocorre o cultivo de irrigação, voltado principalmente para legumes e frutas.

No setor criatório, os EUA apresentam grande importância em rebanhos eqüinos, suínos, ovinos e também nos galináceos. O rebanho bovino é o terceiro do mundo em quantidade, porém o maior em aproveitamento econômico, principalmente na produção de carne. O gado suíno também é um grande destaque mundial.

A pecuária extensiva ocorre no Centro-Oeste. Os grandes rebanhos do país distribuem-se pelas pradarias e estepes, onde permanecem o tempo necessário para a engorda. Em virtude do nível das técnicas criatórias, os resultados alcançados têm sido excepcionais, com grande diminuição do tempo de permanência do animal no campo.

Costa do Pacífico – Nessa estreita planície, limitada a leste pela Cadeia da Costa, os rios curtos e de cursos acidentados destacam-se pelo potencial hidrelétrico e pela irrigação, como o Colorado, ao Sul; e o Columbia, ao Norte.

A mais importante região dos Estados Unidos em fruticultura é a Califórnia, onde há

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bastante diversificação nessa produção. A uva é o seu grande destaque.

Nessa região também se destacam a exploração de petróleo e centros industriais como os de Seattle, San Francisco, Los Angeles e San Diego, com especial produção nos setores aeronáutico, mecânico, siderúrgico, alimentar, cinematográfico, eletrônico e petroquímico. Essa região também é grande destaque na tecnologia de informática, daí ser denominada ‘’vale do silício’’.

A principal cidade, Los Angeles, na Califórnia, tem a segunda maior concentração humana do país, com intensa presença de latino-americanos, especialmente mexicanos.

AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA Quadro natural Relevo

O relevo da América Anglo-saxônica, a exemplo do que ocorre em todo o continente,

caracteriza-se por apresentar-se em três porções bem definidas:

a porção oriental, voltada para o Atlântico, constituídas de planaltos e dobramentos antigos, marcados por intenso processo erosivo e, conseqüentemente, por baixas altitudes;

a porção ocidental, voltada para o Pacífico, composta por um sistema montanhoso de grande porte, formado a partir de uma série de dobramentos modernos (origem cenozóica), o

que explica as elevadas altitudes e a ocorrência de vulcanismo e abalos sísmicos no local;

a porção central, onde identificamos a existência de extensas planícies, em sua maior parte de origem glacial, o que justifica a presença de inúmeros lagos.

Na porção oriental, destaca-se a

existência de extensos planaltos cristalinos, como o Planalto do Labrador, no Canadá, e os Montes Apalaches, localizados em sua maior parte, nos Estados Unidos.

O Planalto do Labrador é de origem pré-cambriana, sendo, portanto, bastante aplainado.

Os Apalaches, uma das mais ricas regiões carboníferas da América, estendem-se por mais de 2.500 km paralelamente ao Atlântico, das províncias atlânticas do Canadá ao estado da Geórgia, no sul dos Estados Unidos.

A porção ocidental da América Anglo-saxônica é ocupada por uma série de dobramentos modernos e planaltos intermontanos.

Os dobramentos modernos estendem-se no sentido norte-sul, do Alasca até a fronteira dos Estados Unidos com o México. As duas principais formações são a Cadeia da Costa, onde se situa o Monte McKinley, o ponto culminante da América Anglo-saxônica, e as Montanhas Rochosas, o mais portentoso dobramento moderno da região.

Os planaltos intermontanos são circundados pelos dobramentos modernos. Destacam-se, pela extensão, o Planalto da Colúmbia Britânica e a Grande Bacia, onde estão o Grande Lago Salgado e o Vale da Morte (depressão absoluta localizada a 86m abaixo do nível do mar). Mais a Leste, encontra-se o Planalto do Colorado, onde se localiza o Grand Canyon, vale profundamente escavado pela ação erosiva do Rio Colorado.

A porção central da América Anglo-saxônica abriga grandes planícies, tais como:

Planície Lacustre do Canadá, que ocupa praticamente todo o norte do país, onde se localizam inúmeros lagos, como o Grande Urso e o Grande Escravo;

Planície dos Grandes Lagos, na fronteira do Canadá com os Estados Unidos, região de grande importância industrial;

Planície do Mississipi, onde se encontram a mais importante bacia hidrográfica norte-americana, a do Mississipi-Missouri, e as principais regiões agrícolas do país.

Hidrografia

A América Anglo-saxônica é muito rica em

lagos, sobretudo os de origem glacial, concentrados no Canadá. Esse país possui aproximadamente 150 mil lagos, que ocupam

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mais de 8% do seu território (cerca de 800.000 km²). Entre as principais formações lacustres destacam-se os Grandes Lagos – Superior, Michigan, Huron, Erie e Ontário --, na fronteira do Canadá com os Estados Unidos. Entre os lagos Erie e Ontário, situam-se as Cataratas do Niágara, intensamente aproveitadas para a produção de energia elétrica.

O Canadá e os Estados Unidos são muito ricos em rios, aproveitados tanto para a navegação (rios de planície) como para a produção de energia elétrica. (rios planálticos).

Quatro rios da América Anglo-saxônica

destacam-se pela grande importância econômica. São eles:

São Lourenço (1.200 km) – verdadeiro canal de integração entre os Grandes Lagos e o oceano Atlântico, esse rio é intensamente aproveitado para a navegação. Corta a mais importante região econômica do Canadá, onde banha centros urbanos como Montreal e Quebec;

Mississipi (3.785 km) – nasce no lago Itasca, no estado de Minnesota, atravessa as Planícies Centrais nos Estados Unidos e desemboca no Golfo de México, formando um intenso delta. É muito aproveitado para navegação e banha importantes cidades, como Minneapolis, St. Louis e Nova Orleans, situada junto ao seu delta. Esse rio possui numerosos afluentes, destacando-se, pela extensão, o Missouri (4.293 km);

Colúmbia e Colorado – atravessam planaltos áridos e semi-áridos da porção ocidental do território norte –americano, antes de desembocarem no Pacífico. Esses rios planálticos, por apresentarem grande potencial hidrelétrico, são bastante aproveitados para a geração de energia elétrica, favorecendo muito a expansão industrial da costa oeste dos estados Unidos.

A AMÉRICA LATINA

Por que será que persiste a idéia de que a América Latina é formada por “repúblicas de bananas”?

Na realidade, nada justifica a forma pejorativa com que alguns países desenvolvidos se referem à parte menos desenvolvida da América. Entretanto, os resultados divulgados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre a situação socioeconômica desses países, em 2001, não são nada animadores.

INTRODUÇÃO

Colonizada predominantemente por espanhóis e portugueses, a América Latina abrange o território do continente americano situado ao sul do rio Grande, na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Seu território supera a casa dos 20 milhões de quilômetros quadrados e situa-se em sua maior parte, na zona intertropical.

Herdeira da colonização de exploração, a América Latina integra, do ponto vista socioeconômico, o denominado mundo subdesenvolvido que, na maior parte dos casos, indica a ocorrência de graves deficiências sociais e econômicas.

Em decorrência da grande diversidade de ordem natural, humana e econômica presentes no território latino-americano, identificam-se três unidades distintas: o México, a América Central e a América do Sul.

Formação histórica

O principal ponto de união que existe entre os países que constituem a América Latina é a sua formação histórica, ou seja, o tipo de colonização a que foram submetidos, a partir do século XVI, por potências européias da época.

A colonização da América Latina foi diferente da que se deu na América Anglo-saxônica, isto é, nos Estados Unidos e no Canadá. Nestes dois países prevaleceu o que chamamos de colônias de povoamento, enquanto na América Latina predominaram as colônias de exploração.

As colônias de Exploração, que foi o tipo de colonização dominante do século XVI ao XVIII, deviam ser organizadas para atender aos interesses econômicos da metrópole, da nação colonizadora. As metrópoles colonizadoras utilizavam suas colônias para aumentar sua riqueza. Assim, a riqueza e o bem-estar dos

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povos colonizados pouco importavam. O importante era o enriquecimento da metrópole.

A função das colônias, portanto, era fornecer produtos minerais a preços baixos ou produzir gêneros agrícolas. Como se tratava de produzir bens primários – isto é, produtos como açúcar, ouro, prata, diamantes, madeira, etc. – a baixíssimos custos, o trabalhador utilizado era aquele que custava pouco e trabalhava bastante. Assim, escravizaram o indígena e, especialmente, o negro africano, para serem usados como mão-de-obra barata.

Situação atual de subdesenvolvimento e dependência

O tipo de colonização dos países latino-americanos deu origem à situação atual de dependência e subdesenvolvimento.

A dependência é quase uma continuação da economia colonial. Após a independência política das colônias – fato ocorrido principalmente na primeira metade do século XIX --, o tipo de economia que já existia pouco mudou. Os novos países continuaram subordinados aos interesses das grandes potências, dos países desenvolvidos. A mão-de-obra em geral, mesmo deixando de ser escrava, continuou e continua ainda, em sua grande maioria, mal remunerada. Apesar de se trabalhar bem mais nos países subdesenvolvidos, as condições de consumo e a qualidade de vida nesses países são bem inferiores às dos países desenvolvidos.

Em sua intensa maioria, os países latino-americanos foram até a primeira metade do século XIX colônias da Espanha ou de Portugal. Mas, antes mesmo de se tornarem independentes, eles ficaram subordinados economicamente à Grã-Bretanha, a grande potência mundial nos séculos XVIII e XIX. O ouro brasileiro, por exemplo, extraído no século XVIII na região das minas (atualmente Mato Grosso, Goiás, e Minas Gerais), acabou indo muito mais para lá do que para Portugal.

Isso aconteceu porque, nesse período, Portugal já era uma potência européia de segunda categoria, que realizava acordos desfavoráveis com a Grã-Bretanha para manter seus domínios coloniais com a proteção inglesa.

O enorme poderio da Grã-Bretanha foi enfraquecido no século XX. Esse fato se acentuou com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e culminou com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nesses dois momentos os países europeus, ou pelo menos os mais poderosos econômica e militarmente (Grã-Bretanha, Alemanha, França, Itália, Bélgica e Holanda), sofreram enormes perdas materiais e humanas.

Sai a Grã-Bretanha, entram os Estados Unidos

Com o declínio e o enfraquecimento econômico e militar da Grã-Bretanha e das demais potências européias da época, os Estados Unidos assumiram o papel de grande líder e potência capitalista. Fortalecendo seu domínio sobre a América Latina. No século XX, portanto, os Estados Unidos acabaram ocupando o lugar da Grã-Bretanha como principal país dominante, comandando e influenciando as economias das nações latino-americanas.

Embora os Estados Unidos exerçam grande influência sobre a maioria dos governos latino-americanos, os rumos políticos de cada nação são decididos dentro do próprio país e não no exterior. Apesar de sofrerem influências externas, os países latino-americanos, especialmente os maiores e mais importantes, possuem vida política própria e complexa, como é o caso do Brasil, da Argentina e do México. Mas os interesses externos – como a necessidade de pagar dívidas internacionais, o poderio das empresas estrangeiras, os valores e padrões culturais importados – são muito grandes. Esse fato, por sinal, é comum em todos os países subdesenvolvidos ou do Sul.

As atividades econômicas nos países do Sul estão voltados para o mercado externo. Os melhores gêneros agrícolas, por exemplo, são exportados, enquanto os piores ficam para o consumo interno, como acontece com o café no Brasil. Os melhores solos são utilizados para cultivar gêneros de exportação ou produtos agrícolas que servirão de matérias-primas para as indústrias, em geral estrangeiras, como é o caso da cana-de-açúcar, para a fabricação do álcool, ou do fumo, para a indústria de cigarro. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Lúcia Marina de & Tércio Barbosa Rigolim. Geografia, Série Novo Ensino Médio. São Paulo. V. Único. Ed. Ática. 2004.

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