Amora Seixal Setúbal Ano X Boletim Mensal Nº 107 ... · Carros tombaram no abismo. Foi horrível!...

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Capa: 1 A Voz do Poeta: 2 / Ecos Poéticos: 3 / Bocage: 4,11,12,13,15 / Rota Poética: 5 Cantinho dos Poetas 6 / Luz Poética: 7 / Faísca de Versos: 8 Tribuna do Vate: 9 / Contos e Poemas: 10 / Poetas da Nossa Terra: 14 / Ponto Final: 16 SUMÁRIO EDITORIAL «JANELA ABERTA AO MUNDO LUSÓFONO/UNIVERSAL» Amora - Seixal - Setúbal - Portugal | Ano X | Boletim Mensal Nº 107 | Fevereiro 2019 www.confradesdapoesia.pt - Email: [email protected] «Este é o seu espaço cultural dedicado à poesia» Deixamos ao critério dos autores a adesão ou não ao “Novo Acordo ortográfico” FICHA TÉCNICA Boletim Mensal Online Propriedade: Pinhal Dias - Amora / Portugal | Revisão: Conceição Tomé A Direção: Pinhal Dias - Fundador Colaboradores: Adelina Velho da Palma | Albertino Galvão | Albino Moura | Alfredo Mendes | Anabela Dias | Arménio Correia | Anna Paes | Artur Gomes | Carlos Alberto Varela | Carlos Bondoso | | Chico Bento | CMO | Conceição Tomé | Damásia Pestana | David Lopes | Filipe Papança | Filomena Camacho | Francisco Jordão | Helena Moleiro | Hermilo Grave | João C. dos Santos | João da Palma | Joaquim Sustelo | Jorge Humberto | José Branquinho | José Carlos Primaz | José Jacinto | José Maria Caldeira Gonçalves | José Silva | Luís Eusébio | Luís Fernandes | Luiz Poeta | Magui | Maria Petronilho | Maria Procópio | Mário Pão-Mole | Mário J. Pinheiro | Miraldino de Carvalho | Maria V. Afonso | Nelson Fontes | Nogueira Pardal / Paulo Taful / Pinhal Dias / Quim D’Abreu | Rosélia Martins / Santos Zoio | Silvais | Teresa Primo | Tito Olívio | Vitalino Pinhal CONFRADES DA POESIA Para nós não existe concorrência. Existem parceiros de actividade! Nesta edição colaboraram 54 poetas Tribuna do Vate …. página 9 O BOLETIM Mensal Online (PDF) denominado "Confrades da Poesia" foi fundado com a incumbência de instituir um Núcleo de Poetas, facultando aos (Confrades / Lusófonos) o ensejo dum convívio fraternal e poético. Pretendemos ser uma "Janela Aberta ao Mundo Lusófono e outros países “; explanando e dando a conhecer esta ARTE SUBLIME, que pratica- mos e gostamos de invocar aos quatro cantos do Mundo, apelando à Fraternidade e Paz Universal. Subsistimos pelos nossos próprios meios e sem fins lucrativos. Com isto pretendemos enaltecer a Poesia Lusófona, no acréscimo da Poesia Universal e difundir as obras dos nossos estimados Confrades que gentilmente aderiram ao projecto "ONLINE" deste Boletim. Promovemos PazA Direcção

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SUMÁRIO

EDITORIAL

«JANELA ABERTA AO MUNDO LUSÓFONO/UNIVERSAL»

Amora - Seixal - Setúbal - Portugal | Ano X | Boletim Mensal Nº 107 | Fevereiro 2019

www.confradesdapoesia.pt - Email: [email protected]

«Este é o seu espaço cultural dedicado à poesia»

Deixamos ao critério dos autores a adesão ou não ao “Novo Acordo ortográfico”

FICHA TÉCNICA Boletim Mensal Online Propriedade: Pinhal Dias - Amora / Portugal | Revisão: Conceição Tomé A Direção: Pinhal Dias - Fundador Colaboradores: Adelina Velho da Palma | Albertino Galvão | Albino Moura | Alfredo Mendes | Anabela Dias | Arménio Correia | Anna Paes | Artur Gomes | Carlos

Alberto Varela | Carlos Bondoso | | Chico Bento | CMO | Conceição Tomé | Damásia Pestana | David Lopes | Filipe Papança | Filomena Camacho | Francisco Jordão |

Helena Moleiro | Hermilo Grave | João C. dos Santos | João da Palma | Joaquim Sustelo | Jorge Humberto | José Branquinho | José Carlos Primaz | José Jacinto | José Maria Caldeira Gonçalves | José Silva | Luís Eusébio | Luís Fernandes | Luiz Poeta | Magui | Maria Petronilho | Maria Procópio | Mário Pão-Mole | Mário J. Pinheiro |

Miraldino de Carvalho | Maria V. Afonso | Nelson Fontes | Nogueira Pardal / Paulo Taful / Pinhal Dias / Quim D’Abreu | Rosélia Martins / Santos Zoio | Silvais |

Teresa Primo | Tito Olívio | Vitalino Pinhal

CONFRADES DA POESIA

Para nós não existe concorrência. Existem parceiros de actividade!

Nesta edição colaboraram 54 poetas

Tribuna do Vate …. página 9

O BOLETIM Mensal Online (PDF) denominado "Confrades da Poesia" foi fundado com a incumbência de instituir um Núcleo de Poetas, facultando aos (Confrades / Lusófonos) o ensejo dum convívio fraternal e poético. Pretendemos ser uma "Janela Aberta ao Mundo Lusófono e outros países “; explanando e dando a conhecer esta ARTE SUBLIME, que pratica-mos e gostamos de invocar aos quatro cantos do Mundo, apelando à Fraternidade e Paz Universal. Subsistimos pelos nossos próprios meios e sem fins lucrativos. Com isto pretendemos enaltecer a Poesia Lusófona, no acréscimo da Poesia Universal e difundir as obras dos nossos estimados Confrades que gentilmente aderiram ao projecto "ONLINE" deste Boletim.

“Promovemos Paz” A Direcção

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«A Voz do Poeta»

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

Pedreiras de Borba

Corações pétreos, mais duros que as pedreiras,

Valores pátrios estão lá bem distantes

Em desfavor dos cidadãos que, confiantes,

Lhes facultaram os assentos nas cadeiras.

O mal redobra quando são cabeças ocas

Cheias de nada como os poços dos dois lados,

O coração nas mãos, nos pés, com mil cuidados,

E com razão, que a condução tem horas loucas.

Foi retirada tanta pedra até ao fundo

Em tal acção de desvario, que descamba

Para a loucura; segue estrada em corda bamba,

Olhar de cima vê crateras de outro mundo.

Mas não há olhos para ver o tão visível?

Não há vontades de evitar antes que tombe?

Cuidados mil não impediram hecatombe,

Carros tombaram no abismo. Foi horrível!

Uma tragédia que ao lugar levou um fado,

Fado corrido que lhe fez parar o cante.

Lugar de Borba, continues doravante

Mais pelo vinho que por pedras afamado.

Entre acontecimentos inimagináveis,

Não fosse caso grave e sério, dava riso

Pensar que a culpa foi do vinho, que o aviso

Não chegou muito claramente aos responsáveis.

Lauro Portugal - Lisboa

FRIO JANEIRO

Vai frio o janeiro, neste ano bem seco,

E, todos os anos, o inverno é pesado.

Não há neve, aqui, mas estou congelado

E tanto me encolho, que fico marreco.

Quem dera uma chuva, do lado do sul,

Que empurre pró norte este frio malvado!

Ai meu calorzinho, meu sol destapado,

Te mostra este céu, espelhado de azul!

Me doem os pobres, vestidos de pouco,

Na manta-cartão, qual galinha no choco,

Na dor solitária que seu fado encerra.

Janeiro vai frio. Quisera chovesse,

E a água da rua, correndo, varresse

A muita maldade, que existe na terra.

Tito Olívio - Faro

ROSAS E CRAVOS

*

Rosa:

Sou a mais linda flor

Que no jardim foi criada,

Sou a Rosa, sou amor

Tu, Cravo não vales nada!

*

Cravo:

Não sejas tão atrevida

Com esses piropos bravos,

Porque tu, sem mim na vida,

Não nascem Rosas e Cravos!

*

Ambos:

O Cravo gostou da Rosa

Algum tempo se passou

Ela, bonita e vaidosa,

Do Cravo se apaixonou!

*

Ambos:

Loucamente apaixonados

Neste país, Portugal,

Um dia foram casados,

O mais bonito casal!

*

João da Palma - Portimão

CIGANITA… EU CÁ NASCI

.

Olhei a pequenita cigana que se estava aproximar,

Com a sujita mão estendida, e tristeza no olhar,

Fazendo os gestos de quem estava com fominha…

Na esquina, ficou a cigana com duas já cresciditas,

Que se eram dela não sei, só vi que eram bonititas,

Mas precisando dum bom banho e roupa limpinha.

.

Apontou p’rá boquita no gesto de querer comer,

E eu logo fiquei sem jeito e sem saber o que fazer,

Olhando a criança que estava p’ra mim a olhar…

E pergunto: porque tudo isto está sucedendo…?

Porque as crianças estão nesta pobreza nascendo...?

E os pais, porque nada fazem para a vida mudar...?

… porque, estas crianças que p’ra nascer não pediram,

Caem logo no que a miséria tem de triste e profundo…

Pois, se no ventre materno a miséria já sentiram

Ainda mais a sentem, ao nascerem neste pobre mundo.

… e sentindo esta tristeza no coração a entrar,

Do saco das compras que tinha na mão,

Dei-lhe os bolos de que tanto gostava… mais o pão,

Restando-me as perguntas p’ra continuar a perguntar.

.

(J. Carlos) - Olhão da Restauração

O CASAL

Ele é gordo, ela muito lingrinhas,

porém em tudo o resto são iguais,

qualquer deles faz poses doutorais,

nenhum deles cumprimenta as vizinhas…

Ambos dizem suar as estopinhas

nos empregos, difíceis por demais,

e desdenham o dever dos casais

de gerar e educar criancinhas…

Às vezes ela levanta arraiais

mas regressa de rabo entre as perninhas

à míngua de alternativas reais…

Ele abre-lhe a porta sem fosquinhas

e torna aos relatórios sempre iguais

de sénior consultor pilha-galinhas…

Adelina Velho da Palma - Lisboa

“Uso prata e uso oiro

E uso o meu coração

P’ra alguns valho um tesoiro

P’ra outros nem um tostão”

Silvais – Alentejo

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3 Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

«Ecos Poéticos»

Vamos ser mais tolerantes.

A persentir a alma do errante

para ser mais tolerante…

A nossa vista

os nossos ouvidos,

se forem banhados de humildade

aí sentimos o pular do nosso coração

a gerar mais felicidade…

A paciência é um dom que se adquire

embutida na esfera fraternal

“Não no deixa andar”,

mas sim a tolerar,

por uma réstia de frequência

numa fluidez de melhor vivência,

aliviando tal dor

onde habita a paz e o amor

Pinhal Dias (Lahnip) PT

A NOITE ACONTECEU

Vesti-me de fato e gravata

perfumei as ombreiras

dei brilho aos sapatos

comprei na esquina mais próxima

um arranjo de flores

corri que nem um louco

não respeitei os sinais

perdi-me na avenida

fez-se tarde

e chovia

a noite aconteceu

e não vi Maria

Carlos Bondoso (CFBB)

Alcochete

ALEIXO

Na minha mesa de cabeceira

tenho um livro sempre á beira,

que às vezes, sem canseira,

leio e releio a noite inteira.

Na minha mesa de cabeceira

enquanto os olhos não fecho,

leio os poemas do Aleixo,

que contêm a Filosofia inteira.

José Jacinto – Casal do Marco

PARA UMA ROMEIRA

Que tão bem sabe viver

E muito conhecer

De festas, é a primeira…

Com tão belo despertar,

É bela esta caminheira,

Esbelta no seu andar…

D’esta Terra da Feira,

Romarias vai conhecer,

É esse o seu amar…

A Nossa Senhora da Livração,

Entrega seu coração;

A Nossa Senhora d’Agonia,

Lá vai por um dia;

Ao Senhor dos Desamparados,

Votos, Lhe são dados:

«P’ra se afastar a dor,

Com muita Paz e Amor»!...

Carlos Alberto S Varela

CASV - Paços de Brandão

Eu vi na doce calma do poente

Eu vi na doce calma do poente

Esse clarão do sol que se escondia

Teus olhos indagando o que sentia

Pousavam já nos meus suavemente

Será que essa beleza era diferente

Um pôr-do-sol... ou esse olhar que vi?

Nesse esplendor dos dois, o que senti?

Se é que ali se sabe o que se sente...

Olhei: bola de fogo em horizonte...

Os teus olhos brilhando ali defronte

Tudo era deslumbrante... extasiava!

Rendia-me ao esplendor da Natureza

Via no teu olhar tanta beleza

Não sei em qual dos dois eu me encontrava...

Joaquim Sustelo - Odivelas

OUVIR E ESCUTAR

Ouvir e escutar indubitavelmente não são sinónimos.

Ouvir tem o significado de entender, perceber - no sentido da audição - captando sons sem lhes atribuir grande importância: ou-

vir bater a porta, o carro chegar, o cão ladrar…

Normalmente o que se ouve não tem grande relevância. A atenção é efémera e votada ao esquecimento.

Mais do que ouvir há que saber escutar.

Escutar é prestar atenção ao que se ouve.

Escutar requer muito mais que função auditiva.

Exige participação, envolvimento, habilidade…

Escutar é desenvolver a capacidade de saber interpretar a linguagem corporal, códigos, mensagens evasivas…

Quem escuta envolve-se, emotivamente, com o interlocutor. Medita no que está a ser ouvido. Guarda, na memória, toda a men-

sagem captada.

Filomena Gomes Camacho - Londres

É O FIM DO MUNDO!

Só o cego é que não vê

Que existe tal barafunda.

Nalguns canais da TV

Abunda quem dá a bunda.

Reputo, com estranheza,

Em nome dos ofendidos:

Os erros da Natureza

Não são pra ser exibidos!

Têm direito a viver,

Pois culpados não serão.

Mas deveria de haver

Uma maior discrição.

Quem emprega tal mistela

-Esta opinião é minha-

Come da mesma gamela,

É da mesma panelinha!

Não se anda em boa via,

Nem é de boa cultura,

Fazer-se a apologia

Do que é contranatura.

Hermilo Rogério - Paivas

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«BOCAGE»

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

A NOITE E OS SONHOS

Todas as noites me deito

Contigo no pensamento

E mais voltas dou no leito

Que as voltas que dá o vento.

O outro lado da cama

Há muito que está vazio

Ninguém me fala nem chama

Porque secou o pavio.

A dormir dizem que falo

Coisas que ninguém entende

É a raiva que não calo

Pra bater em quem me ofende.

Os meus sonhos são mais loucos

Do que permite a loucura

Os fantasmas não são poucos

E a maleita não tem cura.

Montei o sol a cavalo

Puxei as rédeas a fundo

O astro não teve abalo

Cuspiu-me de volta ao Mundo.

Tito Olívio - Faro

PAZ E AMOR

Em cada linha curva do meu pensamento,

uma promessa de vida a despontar,

e na natureza morta

que me adorna o peito, um sombreado.

Uma cadência de instantes,

e de futuros por colher,

e o amor a renascer.

Ouvi as vozes dos anjos de pedra.

Quando me falaram de ti,

de como chegarias para me resgatar

à frieza mortuária das noites,

às horas vazias dos dias,

e fiz-me epígrafe e esperei.

Em cada cruz, uma crença.

E em cada letra capital

uma tempestade de anseios

cinzelados a fogo, e paixão,

até que do alto de um céu plúmbeo

de tristeza

te anunciaste, presente.

Em cada lágrima cristalina,

em cada suspiro do vento,

em cada folha ressequida, devolvida

aos dedos ressequidos dos Alamos,

numa primavera, rubra a germinar.

São as sementes plantadas no inverno,

que desprenham, as mais belas rosas,

e fazem dos corpos eterna profecia.

Mas é na fé, que já nos pertencia,

antes de nossos olhos se abrirem em flor

que jaz todo o mistério sideral

da vida imortal, de PAZ E AMOR!

Arménio Correia - Seixal

Suave flagrância

Suave flagrância

Uma melodia,

Águas cantantes

Salpicos de alegria...

Um silêncio quase sepulcral

Era o que existia.

No denso arvoredo

Minha alma se perdia,

A sombra do medo

Atrás de mim seguia.

Suave flagrância

Uma melodia.

Corria, corria, corria.

Damásia Pestana - Fernão Ferro

Um Sábado Sem Sol

Sábado, um pouco vago, comedido

Inerte a possibilidade de sonho

Este dia parece-me tristonho

Quero-o no entanto bem vivido.

Ergo ao Além um sábio pedido

Fora do cerco da tristeza me ponho

E a coragem que a mim mesmo imponho

Imprime-me um consolo desmedido.

De um tédio, outros dias foragida

Estarei em beleza divagando

Feliz, contente, exuberante a Vida.

Das emoções terei algum comando

E certa paz durável inserida.

A Aurea Mediocritas amando.

Maria Vitória Afonso - Cruz de Pau

Amora

O ESTRANHO BICHO-HOMEM

Os outros fumam e eu também quero fumar;

Os outros têm e também eu quero ter;

Os outros jogam e também eu quero jogar;

Os outros podem e também eu quero poder.

Os outros são bons e praticam o bem,

Dando comer e roupa aos sem-abrigo.

Eu não me meto nunca na vida de ninguém

E esse assunto já não é comigo!

Hermilo Grave - Paivas

Coração Vazio

Se as garras do amor

Deixam o coração ferido,

Não sente alegria ou dor

A vida perde o sentido.

Se o coração vive a chorar,

A vida perde o encanto,

Não há murmúrios no mar,

Nem há sussurros no vento.

Se o coração perde o sonhar,

As estrelas do firmamento,

Não elevam o pensamento,

E o céu deixa de ter ar.

Se o coração está vazio

Os sentidos entorpecem,

Os sonhos desaparecem,

E o mundo fica arredio!

São Tomé - Corroios

Ser amigo de verdade

é um bem adquirido

é um ser que nos é querido

e nos faz muito feliz

mas o velho ditado diz

não há amigos de verdade

e se nele houver falsidade

corta o mal pela raiz.

Vitalino Pinhal - Sesimbra

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«Rota Poética»

Amora como te chamam

I

Amora como te chamam

É um nome muito antigo

Aonde a família do Gama

Teve orgulho de ter vivido

II

Amora tem um sapal

Que enche com a maré

É uma reserva natural

Que se pode andar a pé

III

Tens quintas de antiguidades

Pertenceram à monarquia

Amora a tua cidade

Tem uma grande freguesia

IV

Tens casas senhoriais

Foram de gente de bem

Muitas quintas e quintais

Hoje parecem terras de ninguém

V

Amora tem condições

Mereces a mais-valia

És cidade com brasões

Dos tempos de fidalguia

VI

Em Amora nesta cidade

A Atalaia é importante

Ali se canta em liberdade

Avante camarada avante

Miraldino de Carvalho

DE TI NÃO QUERO EU NADA

Quando quis, tu não quiseste

por ti andei a sofrer

por veres que me perdeste

tens inveja do meu viver

Tantas coisas me chamavas

fedelho, miúdo eu sei

o que pedia não davas

hoje queres, nada darei

Enfim o tempo passou

cansaste-te de caminhar

por veres que crescido sou

querias tu atrás voltar

Foi longo esse passeio

foi curta a caminhada

podes crer que não te odeio

mas de ti não quero nada

Refrão

Deixa-te estar sossegada

pois contigo não me iludo

agora davas-me tudo,

mas de ti não quero nada

De seguir-te me cansei

cansei-me do teu desprezo

agora estou bem preso

ao amor que encontrei.

Chico Bento

Dällikon - Zurique - Suíça

Portal da Europa

Portugal,

Porta de entrada, início ou fim,

De uma Europa entorpecida.

Portal de entrada e saída,

De quem não fica indiferente,

A um povo cordial e diligente.

….

Portugal,

Não te deixes naufragar,

Nas redes dos prepotentes,

Porque o teu povo singular,

De grandes feitos no mar,

Acolheu dentro dos teus portões,

Imigrantes de várias civilizações,

Que vieram de todos os quadrantes.

….

Portugal,

País de pequenas dimensões

Porém de grandeza pujante,

Na coragem dos teus heróis,

Marinheiros das frágeis caravelas,

Sem temerem mitos ou procelas,

Fizerem de ti um admirável gigante!

São Tomé – Corroios

A VIDA CAMINHA

Sou alma que habita meu corpo

Sei que o tempo é cruel,

Que a vida caminha

E que deverei ser indigno da graça.

Irei confrontar a promessa de eternidade

E soltar asas amarradas.

A estrada e o longe vão ficando mais perto.

A vida caminha na agonia do fim do dia

Sequência repetível da despedida

De cada hora do relógio.

Quanto mais longe no dia vou,

Mais perto da noite estou.

Tive berço, cobertor, lareira,

E sonhos proibidos

Sem queixume e sem voz.

No rugir do trovão o tatuar de desejos.

Em tempestade de fogo, de solitária orgia,

A vida, que dura o espaço de um suspiro,

Caminha pela rotina do ser noite e dia.

João Coelho dos Santos - Lisboa

Mensageiro da Paz

As palavras que eu escrevo

Sob o céu azul, nas horas certas

Vou dando a vós aos poetas,

Neste mundo de ódio e de calma

É claro que até me atrevo?

Escrever o que sinto na alma…

Porque o estado de espirito me diz,

Escreve pela união e paz Luís,

Neste mundo real…de ódio e de calma,

Sou o mensageiro que falta faz

Chegar por perto ou distante,

A paz que o mundo precisa tanto..

Luís Neves - Amora

É Natal

O dia amanheceu claro e frio,

É Dezembro, é Inverno, é Natal,

É este dia aos outros não igual

Porque é o dia Maior que já se viu.

É dia de lembrar quem nos partiu

E também do abraço universal,

Da criação do bem e não do mal.

De perdoar até quem nos traiu.

É dia da família e do menino

Que sendo embora assim tão pequenino

Dizem que só nasceu p’ra nos salvar.

Não salvo, mas saúdo os meus irmãos

A quem fraternamente estendo as mãos

E abraço, neste meu modo de abraçar.

Nogueira Pardal - Verdizela

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

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«Cantinho dos Poetas»

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Tranquilamente …escrevo

Entusiasmo e extrema alegria

Elementos de boa escrita

Sendo esta uma pura fantasia

Passará muito bem, por erudita.

Que cantem com muito brilho e bonomia

Baladas e uma canção inaudita

Pois com elas chegaremos um dia

A atingir a poesia infinita.

Força, poetas desta nossa era

Escrevam pois com mais ou menos rima

Seja ela indelével primavera.

Tal qual como as aves em liberdade

Criem gostosamente uma obra-prima

Com muita beleza e sinceridade.

Amadeu Afonso – Cruz de Pau

Memórias do marujinho.

“Honrai a Pátria que ela vos contempla”

Foi a sortes, por esmola

marujinho alistado

cumprimento de escola

jaz…com honras de estado

Marujinho partiu em missão

numa réstia de saudades,

lá longe, mais sol e mais calor.

S.P.M. era um elo de alegria,

num vaivém de telegramas, que satisfazia,

que secavam as lágrimas

com palavras recebidas de amor…

Do marujinho ao marujão

encenado por um Almirante

e todos saberão…

Almirante que vive sonhando

escuta o marujinho cantando,

mas sai fora do enredo

e o que lhe apraz dizer:

- “Quem tem cu tem medo”

E o marujinho foi abraçado em segredo…

O Almirante na hora ficou afinadinho,

com as memórias do marujinho…

Pinhal Dias (Lahnip) Amora/PT

Amor Paz e Vida

Amor a Paz e a Vida

Ideia para sempre bela.

Muitos lutaram em vida.

Para morrerem por ela.

Podes tu sempre lutar.

Por cada ideal maior.

Ajuda o mundo a mudar.

Mas a mudar para melhor.

Faz sempre, no dia a dia.

Gestos com sinceridade.

E sentirás a alegria.

De viver com mais verdade.

Então temos de lutar.

E convencer o universo

Para as consciências mudar.

Com a força de cada verso

Que o sol no seu esplendor

Possa aquecer com verdade.

Quem luta por mais amor.

E uma melhor sociedade.

E se tu também não queres

Viver na Guerra no horror

Junta-te a mim se quiseres

Viver em paz e Amor

Artur Manuel Gomes - Amora

Só quem ama sabe do amor!

Porque me dizes que não sabes

se me amas o suficiente, p’ra ousar

o mesmo caminho, que este que

te quero ofertar, se te enleias

Nos meus braços, após a trovoada?

E aconchego teu corpo no meu corpo

sussurrando-te baixinho – chiu! Dorme,

Meu amor, sossega os teus medos!

E tu estremeces, e procuras meu

peito, onde repousar tua mão…

E vendo-te dormir em paz felicidade

é o meu nome, gravado na galeria.

Só quem ama sabe do amor, entre

um casal que se manifesta raríssima

intuição do estar presente e saber

que assim acontece, sem presunção.

Jorge Humberto - Santa-Iria-da-Azóia

Para Ti

Eu fui para ti

A brisa levemente perfumada

Que te preencheu a vida por momentos

e passou.

Uma papoila à beira do caminho

Que o seu belo sorriso te ofereceu

e murchou.

A música do encanto arrebatado e terno

Que deu asas aos sonhos que sonhaste

E se calou.

Mas tu para mim

Foste um rochedo duro esmagador

Que caiu

Não sei donde nem porquê

Mas que ficou.

Quim D’Abreu – Almada

De Palavra Em Palavra

Deslumbro-me com as palavras

Que encontro no caminho

As quais guardo em segredo

Só depois é que as escrevo.

Vão saindo uma a uma

Sem escolher hora e local

Como se fossem ensaiadas

Para mais um recital

Onde o principal actor

Tem papel fundamental.

São simplesmente palavras

Sim bem o sei que o são

Foram encontradas na alma

Saíram do coração.

Numa ânsia que desperta

Toda a minha atenção

No momento e hora certa

Que por fim se completam

Com carinho e paixão

De serem escritas por mim .

São feitiço dos meus olhos

As flores do meu jardim

Que a minha alma saciam

E me dão mais vida e cor.

Que me dão felicidade

Porque lhes dei liberdade

E lhes abri o caminho

Para que fossem voar

Tal e qual um passarinho

Sem destino de parar !

Fátima Monteiro

Vila Pouca de Aguiar

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

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«Luz Poética»

Assim seja

Que se abram

Todas as portas

Que se escancarem

Todas as janelas .

Que se estiquem todas as asas

Que se partam todas as grilhetas.

Que sejam navegáveis todos os rios

Todos os mares .

Que se envergonhem

Encolham e mirrem.

Que se emperrem todos os engulhos

Todos os escolhos .

Que atrofiam

Que tolhem

Os nossos caminhos

Os nossos passos.

E atrapalham as nossas vidas .

Para que possamos finalmente

Em terra caminhar, caminhar

Nos ares voar , voar

Livremente e sempre !

Carmindo Carvalho - Suíça

VESTIDA DE FLORES

Que alegria em todas estas Flores!

Viva! Venha bailar com plenitude

Nesta colorida festa de odores

Que trazem o perfume de juventude.

As Flores sempre vêm anunciar

Da Natureza, a ressurreição.

Sorrindo com o astro Sol a raiar,

Elas cantam do Amor bela canção.

Cantam horas e embelezam os dias...

Depois escondem sua frágil beleza,

Para que outras desabrochem em poesias...

E assim, obedecem a lei da Natureza.

Pra que nunca seja quebrada

Esta dança de cores vestida,

A Natureza fez uma bela grinalda

Com as flores que enfeitam a Vida!

Efigênia Coutinho Mallemont

Balneário Camboriú/BR

CANSAÇO

Este cansaço constante

Deste Viver do Nada ...

Causam um vazio insano

Um desapego

Um vaguear num mar

De revoltas águas paradas !...

Sinto-me vaguear no tempo

Vivendo sem estar presente

Andando ao sabor do vento

Já nem pensando no momento !...

Desisti .. de Sonhar !...

Como tudo era tao lindo

Os sonhos sempre sorrindo...

Hoje olho no tempo

Que loucura acreditar ...

Viver a sonhar ...

Sonhos sem realidade !..

Que aos poucos se vão

Vida sem futuro

Onde tudo é fugaz ...

Finalmente descobri

Que a Vida é Ilusão

Onde aos poucos todos se Vão !...

E eu neste cansaço constante

Vou aos poucos partindo

Sem forças ... desistindo

Da pouca força que sinto!...

Ficar farta desta Vida !...

MAGUI - Sesimbra

ESTE MEU CORAÇÃO

Quando meu coração parar…

Não deixarei de amar!

No meu coração… há sempre um lugar

Quando quero fechar o meu coração

Não posso!

Quando quero deixar

De sentir a desgraça…

Não! Não posso fechar o coração!

Quando quero viver em paz,

Quando penso no que tu me dás

Não posso fechar o coração!

Quando penso na pobreza

Quando quero ajudar o ser humano

Não! Não posso parar o coração!

Mas posso abrir a mão!

Quando penso que há lares sem pão

E passarinhos na gaiola…

Sem liberdade…

Não! Não posso abafar o grito!

Meu bendito coração!

Na minha alma há um conflito…

Quando penso na falsa caridade

E nas crianças indefesas…

E nas que pedem esmola, porta em porta…

Não! Minha alma não se conforta !

E meu coração se abre…

Não ! Não posso fechar o coração!

Meu coração tem cadeado!

É sempre um coração apaixonado!

Maria José Fraqueza

De Noite Ao Luar

Será mito, ou vocação?

Dar vida a muitas flores,

Dar sorte aos amores:

Oh Lua! És inspiração.

Poeta em qualquer idade

Maduro ou na mocidade

Lhe falas ao coração.

Hoje digo com verdade;

O quanto sinto a saudade

Dos tempos que já lá vão.

Na lua nova vejo a meninice.

Quarto crescente a juventude.

Na lua cheia a atitude;

Seja homem ou mulher

A conseguir o que quer.

Marcando a existência.

E logo vem a decadência

Com o quarto minguante,

Eis que chegou a velhice;

Passou a vida: num instante.

Maria de Jesus Procópio

Paivas/Amora

Desculpe

Ah!

Desculpe este ar de amar Este dom de doar.

Desculpe quando te ligo. E te falo de prazer

Quando te encho de afago

Desculpe este ar inocente Este jeito demente.

Esta volúpia em amar.

Desculpe quando te chamo

Te beijo

Te abraço Te aperto.

(É, que meu amor é tanto que não posso viver sem dizer:

Te amo.)

Desculpe se te sufoco,

Se te toco.

Se te deixo em foco. Desculpe se te amo tanto assim.

Anna Paes - Brasília

Esperança Natalícia

No princípio era o verbo.

O verbo estava junto do pai.

E o verbo fez-se carne.

Nascido do ventre de Maria

Arca Salvífica,

Ele é a paz,

A justiça,

A verdade,

O bem,

O amor.

Alegria beatífica

Surpresa magnífica

Espírito que se liberta

Igreja que nasce

Corpo místico

Esperança Natalícia.

Filipe Papança - Lisboa

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

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«Faísca de Versos»

“NÃO ME CALO, NEM ABALO”

Poeta, eu também não, eu não me calo!

Eu junto a minha voz, também à tua

Aqui, em qualquer lado e na rua,

Prometo nesta luta, acompanhá-lo!

Escrevo, às vezes canto e também falo,

A arma da caneta é uma pua…

Que fura c’o a verdade nua e crua…

Eu sempre gritarei, e não abalo!

Poeta, no silêncio dá um grito

Aclara sempre o dito por não dito

Defende a causa certa e a razão!

Faz uma rima forte à confiança,

Rima honestidade com esperança,

E mata com poesias, a corrupção!

João da Palma - Portimão

Ainda sobre CHARGES E GAMBUZINOS...

deixo-vos o meu pensamento ilustrado nestes versos:

Eu escrevo aquilo que eu sou!...

E não aquilo que querem que eu seja.

Alguns sonham ir aonde eu vou,

Outros não vão!... nem sequer por inveja!

Silvino Potêncio – Natal / Brasil

O estado da nação

Ouço dizer ao governo

que isto está a melhorar

vemos nós no dia a dia

só empresas a fechar

Julgo ser culpa do euro

a causa deste inferno

estamos no bom caminho

ouço dizer ao governo

Ó bom povo português

olhai que vos estão a tramar

quem mama é que vai dizendo

que isto está a melhorar

Para distrair o povo

lança o governo a fantasia

os politicos mais ricoos

vemos nós no dia a dia

Portugal teve mais crises

que conseguiu ultrapassar

mas vê-se com este governo

só empresas a fechar.

Chico Bento - Suíça

GOLD+GOLD=a m...

Dois ou três meses atrás

comentei com uma pessoa,

(e nem fui sequer mordaz),

ser os GOLD bem capaz

não cheirar a coisa boa...

Não sou bruxo nem profeta

mas confesso nem estranhei

ver gente ao governo afecta

nesta embrulhada da treta

agora a contas com a lei

Sempre achei inusitada

dos vistos a concessão...

e “matei” logo a charada

não vendo investir em nada

a não ser casa ou mansão

Nenhuma empresa montada

nenhum emprego criado...

int’ressa é “massa” lavada

meio milhão e mais nada

que o visto é logo passado

Puxou-se o fio à meada

mas falta agora saber

se esta tão grande embrulhada

chega a ser desembrulhada

como eu penso deva ser

Não me quero convencer!...

Mas será desta que vemos

a justiça não ceder

aos int’resses e ao poder

de quem todos nós sabemos?!

Esperemos para ver

se isto é só mera fumaça

que acaba por esvaecer

sem se chegar a saber

quem engendrou a trapaça

Se o que consta for verdade,

(eu cá por mim não duvido)...

se actue em conformidade

e que a lei, por piedade

não seja dura de ouvido

E puna, severamente,

mesmo que ostentem “galões”

todo o interveniente

nesta patranha indecente

enquadrando os figurões

Gold, gold, dá milhões!...

Vão à merda seus…

Abgalvão - Fernão Ferro

Sem rei nem roque

Cada verso é o que é

Esta verso foi aonde?

Foi pró mar e veio de lá

De mãozinhas a abanar.

Foi pró mar? Mas que gracinha!

O que é que foi lá fazer?

Foi ao mar pescar sardinhas

Para fazer uma açordinha.

Por favor! Que salgalhada.

Que pouca vergonha é esta!

Estes versos mais parecem

As inaptidões do Crato.

Escolas sem professores

Onde é que já se viu tal?

A não ser, a não ser.. ah,

Só se for em Portugal.

Airesplácido – Amadora

Embrulhos de protagonismo.

Há gente que governa este mundo Pelas sombras, dizem-se democráticos São corruptos por um saco sem fundo

Se entram na prisão!? Ficam dramáticos

Esses embrulhos de protagonismo Que adulteraram a economia

Esses governantes do cataclismo Banca rota!? A todos prometia!

Nas eleições… Todos eles prometem Amantes de si mesmo que arrefecem Fazem desmaiar o mundo platónico

Balança num peso e duas medidas Vil sociedade de classes perdidas

Onde são graduados p’lo Gin Tónico

Pinhal Dias (Lahnip) – Amora - PT

A ROSA E A LARANJA

Num país encantado, foi a rosa Eleita pelo povo p’ra mandar… Houve festa, foguetes pelo ar E chorou a laranja, invejosa!

A rosa, mais não fez do que roubar O ouro e toda a pedra preciosa!...

A nação veio em peso, furiosa Elegendo a laranja em seu lugar.

Mas o povo infeliz depressa viu

Que, mau grado seu esforço e a labuta, O novo governante não serviu…

Iniciou, então, mais uma luta,

Mas nem com essa luta conseguiu Correr de vez com os filhos da fruta!

Carlos Fragata - Sesimbra

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

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«Tribuna do Vate»

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

Corações distantes

Ouço o teu chamar

Mas não consigo caminhar

Pela esteira de prata

Que a lua deixa no mar.

Mas estou sempre atento

Ao segredar do vento

E ouço o teu murmurar

Que num doce lamento

Me conta do teu penar

Vou buscar o meu bote

Envergar o meu capote

E remar, remar, remar

Até te conseguir achar

Espera por mim numa penha

E acena-me com o teu lenço

Não há mar que me detenha

Porque é a ti que pertenço

Se houver um contratempo

E na tempestade naufragar

Tens de pedir um desejo

E um beijo ao vento ofertar

Porque só a força de um beijo

Molhado em lágrimas de sal

Consegue vencer o temporal

...................................

Rogério Pires - Seixal

Vou declamar o mais belo

poema de amor

Vou depois gravá-lo

nas pétalas de uma flor

Para quando o vento as soprar

Todo o mundo poder escutar

......................

Rogério Pires

Os meus olhos vagueiam pela beira do tempo

Onde tu fitas o horizonte tentando ver.

Mas, meu amor, já devias saber

Que só eu vejo o sol. Só eu vejo o mar

Que guardas no teu olhar

Abres os lábios e eu

Sou o sopro que os vai beijar

Deixando-te o peito a palpitar.

Rogério Pires – Seixal

A Rosa

Tinha uma

rosa na mão

Veio uma menina

E pediu-ma

Eu de rosa na mão

Não dei

E chorei

Dou

Ou não dou

E dei.

Albino Moura - Almada

O secreto desejo

Em que vivo

No deserto de mim

Deixa chamar

Com um grito

A secreta ternura

Dos abraços amados

Albino Moura - Almada

Lugar íntimo

No respirar

Em silêncio

De lábios cerrados

No liberto desejo

E no lugar qu ficou

A intimidade perdida.

Albino Moura - Almada

Fez-se branco

Fez-se branco O olhar Puro Do teu Corpo. Albino Moura - Almada

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«Contos e Poemas»

AFRICANDO-ME

Escrevo…

A arqueologia aponta África como um continente, ocupando um quinto da Terra.

No Continente Africano podemos notar a pluralidade de idiomas, sendo mais de mil as línguas faladas. Na

religião também é relevante a diversidade, assim como nos regimes políticos, atividades económicas e for-

mas de construções habitacionais.

Grande parte da História de África foi contada pelos seus colonizadores.

O narrador, de uma outra cultura, torna-se etnocêntrico e eurocêntrico – conceitos antropológicos.

O conceito etnocêntrico inculca, de forma subtil ou exacerbada, ideias de inferioridade racial e cultural. O

etnocentrismo dificulta a compreensão para o que é normal, sendo apenas diferente.

O eurocentrismo, por sua vez, é um sistema ideológico que realça a cultura europeia como a mais constitu-

tiva do mundo.

O continente Africano, foi dividido, pelos seus colonizadores, sem que estes tivessem levado em conta os

interesses ou característica culturais dos seus habitantes.

Povos da mesma etnia ficaram separados, por fronteiras, coabitando com os seus inimigos tradicionais.

Este é um dos problemas que persisti até os nossos dias.

Apesar de tudo o que se escreveu, África teve sempre a sua história, cultura, ciência, religião…

simbolizada por uma bem alicerçada hierarquia composta por reis, chefes…distinguindo-se, muitos deles,

como reinos de grande soberania e impérios do mais elevado poder!

Algo bastante relevante que gostaria de ressaltar, na Família Africana, sendo comum em toda a Africa,

apesar da divisão geográfica: a homogeneidade da Família!

A Família Africana não é apenas nuclear (pais e filhos) como no mundo ocidental. Esta é muito mais alar-

gada! É formada por um sem número de elementos que engloba os primos e todos os seus parentes, os

avós, sobrinhos, cunhados e seus parentes…

Filomena Gomes Camacho - Londres

Introito

Desbravamos a terra procurando

O que nos satisfaça nesta vida.

Uma causa maior, uma saída,

Passamos nosso tempo imaginando.

Procuramos a terra prometida

Vivemos nossa vida nos amando,

Em afagos de amor, mas até quando

Durará esta lida comedida.

Passando pela vida, nos perdemos,

Nossos sonhos alados se confundem

Com a semente agreste que trazemos

Nossas mentes pensantes de profetas,

Malhando-nos o corpo não iludem.

Gerando os heróis, homens poetas!

Arménio Correia - Seixal

Aquela rosa amarela

Hoje entrou-me na alma a poesia

Aproximei-me calma da roseira

Que para uma sólida alegria

A rosa amarela brotou fagueira.

Eu olhei para ela com ironia

Iria cortar essa flor primeira

E será que ela triste se sentiria?

Queria dá-la ao poeta de magia.

Não permaneças triste é para o Aires.

Um poeta sensível e plácido

Que tem paixão de rosas amarelas.

Quero que no jardim alegre paires

Não ponhas esse ar triste e talvez ácido

Dá-me muitas rosas, que eu quero vê-las.

Maria Vitória Afonso - Cruz de Pau

ESTRADA DA VIDA

*

Pela Estrada da Vida, caminhando,

Sei lá, eu já as pedras que pisei!

Pelas mesmas, às vezes tropecei,

Caindo e a seguir, me levantando!

*

Queria ser veloz, me acautelando

Por veredas sinuosas, eu passei!

Estreitas azinhagas, escusei…

Seguindo por atalhos, tropeçando!

*

E na Estrada da Vida, esta passada…

Mirando os contornos da Estrada,

Cá vou serenamente, por aqui!

*

Mudando de percurso, num senão…

Sou eu, que aqui estou, em Portimão,

Onde bons pavimentos, percorri!

*

João da Palma - Portimão

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

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«BOCAGE»

No Seixal se construiu

I

No seixal se construiu

Uma caravela de fama

Com ela se conseguiu

E a Índia se descobriu

O herói Vasco da Gama

II

Seixal terra de riqueza

De gente que ali viveu

Na quinta da marquesa

Aonde vivia a nobreza

E o dom que era o seu

III

Foi terra de fidalguia

Ficou a recordação

Ao lado da sua baía

Pouca gente ali vivia

Nos tempos que lá vão

IV

De frente à Arrentela

Do Seixal é freguesia

Viam-se barcos à vela

Uma imagem tão bela

Noutro tempo se vivia

V

Foi terra de pescadores

Da pesca do bacalhau

Também de navegadores

Hoje guarda os seus valores

Os modelos das suas naus

VI

Por isso a sua história

Não deve ser esquecida

Os seus tempos de glória

Escrita ficou na memória

De uma época já vivida

VII

Seixal é uma cidade

De grande população

Com a sua antiguidade

Tem vida de qualidade

Outros tempos já lá vão

Miraldino de Carvalho

Corroios

AMORA

Amora,

Que cora

Quando o Rio a beija,

Também sabe ser dura

Com quem não deseja.

Amora

Namora o Rio,

Que se deita no seu colo

E lhe rega o solo,

Mesmo vazio.

Amora,

Fruto silvestre,

Nunca precisou de mestre

Para aprender a ser doce

Ou ter amargura,

Nem antes nem agora,

Sua essência é Pura.

Amora

Está segura

Do seu valor,

Da sua imagem.

Amora,

“ Senhora”

Não quer Senhor

Quer homenagem.

Amora

É dona da sua Margem.

Amora

Não presta vassalagem.

Amora,

Não é só “predial”,

Amora é essencial.

Vale tanto como o Seixal.

Amora,

Capital,

Amora,

Municipal.

Amora É Fundamental.

José Manuel da Cruz Vaz

Pertenço Á Natureza

Sou filha da Natureza

Banhada pelo rei Sol

Beijada pelas luas de Verão

E chuvas de Inverno

As estrelas foram minhas companheiras

Ao meu primeiro vagido

Eu vim a este mundo

Tentar dar o que Deus me deu

Bondade, carinho, sabedoria

Sou as suas raízes

Na tristeza ou na alegria

É este o meu sentido…

Filha da Natureza

Do mar, das serras, do universo

Dos mistérios, da morte, e da vida

Que vivem dentro de mim

Que quero aprofundar

Para os outros entregar

Esse sentir que dá paz à alma

E quando sentir em pleno, esse bem-estar

O Sol vai reflectir mais esplendor

Junto à luz de Deus

Que vem derramar ao nosso mundo

Mais compreensão, mais ternura e muito amor

Ivone Mendes - Setúbal

ÉDIPO

Sempre ouvi dizer que isto de ser filho único não é lá

grande coisa, ainda por cima se se fica órfão na mais

tenra idade. Sei-o por experiência. Aconteceu-me aos

três anos e o mistério do assassínio ainda hoje permanece

insolúvel.

Clássico. Atiçador de fogão, crânio esfacelado, nem

vestígios nem provas.

Sonho muitas vezes com isso, cada vez é a maior clare-

za.

Esta noite tenho a certeza. Fui testemunha.

Ele, sentado a ler à lareira.

Por detrás, o meu Édipo gigante ergue a arma sem con-

templações.

Já está.

A minha mãe chora de cara lavada, mas a partir daquele

momento. Ficou só para mim.

Joaquim Evónio – (Saudoso Confrade)

Ó MAR

Sem fim!

És infinito mistério de alegria!

És fonte inesgotável!

Contraste/antagónico

Ás vezes trazes,

Outras levas,

Mas quantas vezes lá ficam?!

Vais?! …

Vens?! :::

És o bem?

És o mal?

Demasiado intrigante

Para um simples mortal…

Catarina Malanho Semedo

Amora

Quem VIVE em POESIA

-não tem disponibilidade

(para o resto…)

mas…

se TUDO É POESIA :

-Qual é

o resto ?

Santos Zoio. Paço de Arcos

No passado o Natal.

era vivido com humildade

aqui no Zambujal

e em todas terras em geral

não se exibia a vaidade.

Havia a noite do galo

muitos iam para a igreja

era para o povo um regalo

eu calar não me calo

já há muitos que o não deseja

Vitalino Pinhal - Sesimbra

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

Desculpe

Ah!

Desculpe este ar de amar

Este dom de doar.

Desculpe quando te ligo.

E te falo de prazer

Quando te encho de afago

Desculpe este ar inocente

Este jeito demente.

Esta volúpia em amar.

Desculpe quando te chamo

Te beijo

Te abraço

Te aperto.

(É, que meu amor é tanto

que não posso viver sem dizer:

Te amo.)

Desculpe se te sufoco,

Se te toco.

Se te deixo em foco.

Desculpe se te amo tanto assim.

Anna Paes - Brasília

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«BOCAGE»

Liberdade é só solidão

Se buscas a passagem

Que dá para a liberdade

O teu destino

Tens que a encontrar

dentro de ti

Ou na lanterna do Aladino

Se te sentes perdido

No ocaso deste mundo

Por tudo e nada

Ninguém se perde

Tudo é caminho

O mundo é apenas estrada

E se queres ser luz e farol

Pela tua voz pela tua mão

Tens que saber também

Se queres ser livre

Liberdade é só Solidão

Como começa a estrada

Deves viver a vida

Como quem dança

Faça o amor

O que fizer

Não faças Deus dum malmequer

Se queres beber com a gente

O cálice da vida

Faz-te vizinho

Tens que ter céu

Tens que ter Deus

Dentro do copo do teu vinho

Mas se queres ser luz e farol

Pela tua mão pela tua voz

Se queres ser livre

Tens que saber irmão

Liberdade é só Solidão

Se ouvires dizer que o vento

Leva para longe o verso

que penso e digo

Deixa levar, deixa dizer

O vento é o nosso melhor amigo

Mais que a filosofia

Mais do que liberdade

Com muito mais valor

Há uma valia

Uma verdade

O amor ainda é o melhor

Paco Bandeira - Elvas

ECOS DA PRIMAVERA

Há no teu olhar

Uma Primavera em flor,

Uma oferta d'amor,

Um intenso desejo d'amar.

Há no teu olhar

Andorinhas a caminho

De morarem no fofo ninho

Onde tu sonhas morar.

Há no teu olhar

Um brilho de diamantes,

Um futuro feito d'instantes

Que abrigam o sonho bom de o dar.

Há no teu olhar

Uma fonte jorrando prazer,

Onde só bebe quem souber

Entrar em ti por ele e, ficar.

Quim d’Abreu – Almada

MEU CÂNTICO DE AMOR

Fosse eu um rouxinol te cantaria,

embevecida, em meus trinados belos,

a mais alegre e excelsa melodia

que houvera, a festejar os nossos elos.

Porém, me falta a voz, p’la idolatria

à resposta encontrada aos meus apelos,

que mágica ou divina se diria,

p’los dons que nem ousava concebê-los.

E é tanta a festa a estrelejar no peito

que abafa qualquer hino de emoção,

sufocados a voz e o coração.

E o meu canto de amor assim calado,

explode no teu corpo ao ser beijado

p’las notas que componho em nosso leito!

Carmo Vasconcelos

Lisboa/Portugal

Elevação

Quando o Senhor contemplamos,

Nossa alma e ser elevamos.

Como é a Ele que amamos,

Olhos para Ele tenhamos!

CMO – Qtª do Conde

HOJE...

HOJE...

Dou graças a Deus

Por toda uma vida

já passada,

que me é querida!

Pela esta vida que vivo

no momento.

Cheguei até aqui

pra meu próprio

contentamento

Grato ao Céu

por tanta graça tida.

HOJE...

Sou o que sou.

Sou quem sou!

Valho pouco,

mas, consciente,

não desisto,

Não perco a esperança!

Luto cada dia

para ser melhor.

HOJE...

agradeço quanto recebi.

Sonho, ainda,

um mundo bem melhor!

Sem ambição desmedida...

usufruir justamente

da paz de espírito

Do saber útil!

Da inspiração maior.

HOJE...

quero viver com o próximo

em harmonia!

Dormir tranquilo

consciente do bem que fiz.

Ser solidário,

ajudando quem precisa!

Dedicação sem limites

que não cansa.

Dar alegria aos tristes

sem esperança!

Ser feliz com eles,

dizendo-lhes convicto:

-Estou aqui ao vosso lado

dia-a-dia.

JGRBranquinho

Quinta da Piedade

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

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«BOCAGE»

O Papel das mulheres na igreja

Depois de criar o homem,

Deus o olha com carinho!

Todo o animal tinha par,

Só Adão, estava sozinho.

Deus queria vê-lo feliz

E agiu sem mais demora;

Derramou sobre ele um sono

E formou-lhe uma adjutora,

Não da cabeça do homem,

Para não o governar,

Não foi feita dos seus pés

Para ele não a pisar.

Foi feita então do seu lado

P'ra poder ser amparada,

E perto do coração,

Para por ele ser amada.

Deus quer a mulher sujeita

Ao marido, como ao Senhor,

Como a igreja a Cristo,

Em união e amor.

Também ordena que o esposo,

Seja o chefe da família!

Jesus se submeteu ao pai

E obedeceu sem quezília.

Cristo é o cabeça do homem!

E o homem da mulher!

Deus o cabeça de Cristo,

São as Glórias que Deus quer.

Ambos têm seu valor,

Mas cumprem funções diferentes;

Há no papel das mulheres,

Aspectos muito abrangentes.

A mulher dentro da igreja

Vergonhoso é se falar!

Devem por causa dos anjos,

Um véu na cabeça usar.

Deus não permite mulheres

Pregando à congregação!

Desobedecem a Deus,

E caem em transgressão.

Pois Deus primeiro fez o homem,

E ele não foi iludido!

A mulher sendo enganada,

Fez o que era proibido.

Ambos têm o privilégio

Com o Senhor ter comunhão

Levando ao trono da Graça

O poder da oração.

Como mães é importante,

Os seus filhos ensinar,

No caminho do Senhor,

A ler a Bíblia e orar.

Ensinar outras mulheres,

Com espírito de humildade;

A serem fiéis em tudo,

Principalmente à Verdade.

Não deve ser maldizente,

Deve exercer o perdão;

Vestir-se decentemente,

Ter um carácter cristão.

Tanto homens como mulheres,

Têm um papel bem profundo:

Devem ser o sal da terra

E também a luz do mundo.

Anabela Dias - Paivas/Amora

Um lenço branco

Eu queria um lenço branco

Para dizer adeus

A um sorriso sepultado.

Depois voltar à vida

E beber o quotidiano

Sem tédio, nem solidão.

Sabendo que fenecias

Por que me sorriste assim

Fingindo a Eternidade?!

Maria Vitória Afonso

Cruz de Pau/Amora

Homem quem em dono se arvora

da mulher que desposou

não dignifica a que outrora

o gerou e amamentou

Abgalvão - Fernão Ferro

Noiva Solitária

era um lindo dia que despontava

naquela casa naquele cantinho

a linda menina bem se enfeitava

sonhando com seu novo ninho

seu terno coração enamorado

apenas sentia sonhos de amor

esperava seu principe encantado

na sua mão lindo ramo em flor

rodopiou ao compasso do piano

uma alegre melodia a seu gosto

vestiu o branco vestido de pano

lindo como aquele dia de Agosto

chegou a hora desejada de sair

ao encontro do bem amado seu

à porta da igreja estava a sorrir

entre abraços e beijos era o céu

seguiram para casa já casados

em busca do momento desejado

esperando abraços apertados

ele saira como se tinha enganado

olhando em redor não o enxergou

nem um beijo sequer lhe dera

olhando para o vestido que ficou

chorou lágrimas a dor a vencera

pobre noiva estava desesperada

como fora assim tão iludida

sonhar amor fora abandonada

perdera o amor da sua vida

navegando entre mil abrolhos

aquele amor sido seu primeiro

lamentava da vida os escolhos

aquele belo amor marinheiro.

Rosélia Martins – P.StºAdrião

“Eu gostava de morrer

Um dia no meio do mar

P’ra terra não me comer

E os peixes alimentar”

Silvais – Alentejo

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

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«POETAS DA NOSSA TERRA»

14

SEM RESPOSTA

Entrei dentro de mim, pra descansar

E pus-me a meditar na minha vida.

Será que foi plo sol por mim vivida

Ou pelo lado escuro do pecar?

Virei-me e revirei-me no repouso

E nem um voar de asa aconteceu.

Não foi a flor da alma, que morreu,

E não pergunto a Deus, que tal não ouso.

Então, gritei bem alto o desespero,

Silêncio desse nada, que não quero,

Ausência do saber, que o homem tem.

Então, tentei pedir, mas com bom modo,

Perdão por qualquer mal, ao mundo todo,

E não tive resposta de ninguém.

Tito Olívio - Faro

Ter amigos virtuais

Eu gosto e não rejeito.

Mas eu gosto muito mais

De ter amigos do peito.

Hermilo Rogério - Paivas

Perto da Madrugada

Uivam os ventos num recanto do jardim,

choro sozinha já perto da madrugada,

pois os castelos com as torres de marfim

foram visão, feneceram, hoje são nada.

Sonhos de outrora, doce cheiro de jasmim

ainda aflora minha face macerada,

mas indiferente passa o tempo...e por fim,

uma lágrima vai caindo envergonhada.

Por tudo aquilo que ao tempo foi cedido

fiquei perdida numa senda sem sentido,

e a alma desvalida me acompanha.

Choro em vão num sofrer despercebido

e no meu reino de quimeras já perdido

aos ventos lanço esta dor assim tamanha!

Natália Parelho Fernandes - Entroncamento

A SEMENTEIRA

Semeei tantos ventos

Nessa monção que por aí passou

Ventos alegres, ventos nossos

Que espero receber a sua colheita

Em passos rápidos e breves.

Nessa esperança vive sempre

Quem mais arrecadou.

Anabela Mestre – Cruz de Pau

QUERER

Quero-te Tanto

E o tempo passou ...

O Outono veio visitar-me ...

Trouxe apenas as folhas

Já envelhecidas caídas

Sem força ...

Perderam todo o Vigor !...

Quero-te Tanto

Que o Tanto foi passando !...

E o Querer esse ?...

Resolveu esconder -se

Tomou o tom Outonal ...

E com Leveza

Amarelado Querer

Vai envelhecendo no tempo...

Tempo que urge no Querer!...

Quero-te Tanto !...

Que não consigo mais

Querer parar o tempo !...

Esperando que um dia

Todo o meu Querer ...

Não se perca no tempo !...

E sem mais ...

Eu fico dizendo para Mim ...

Quero-te Tanto ...

Sem medida e sem Fim !...

MAGUI - Sesimbra

COISAS…

DO TEMPO QUE PASSA

Penso no tempo que passa… e não perdoa,

Em que muitas coisas sucederam… algumas á toa,

Mas todas formando uma vida de que fui gostando…

Muitas, deixaram-me boas recordações,

Outras houve que não passaram de meras ilusões,

Mas todas fazendo parte da vida que está passando.

Também muitas, muitas coisas, eu conheci,

Dalgumas muito gostei, outras houve que nem as vi,

Mas todas elas pertença do meu já longo caminho…

Algumas eram belas flores, apesar de pequeninas,

Outras eram grandes, só que eram ervas daninhas,

Mas todas, boas e más, serviram para compor o destino.

Hoje olho em frente, e já quase vejo o final da estrada,

E nela ainda vejo rochas que me obrigam à sua escalada,

Mas também outro céu azul, prometendo outro lugar…

E mesmo caminhando neste meu passo já arrastado,

Continuo olhando o que me rodeia… para todo o lado,

Para ver a beleza da vida, e dela, poder tudo disfrutar.

… e estas são coisas do tempo que está passando,

São sentimentos com lembranças para recordar,

São coisas do mundo… onde andamos caminhando.

José Carlos Primaz

(Olhão da Restauração)

Eterna Noite

É muito tarde já, e eu sinto a alma opressa

Sozinho no meu quarto aonde a solidão

Transforma sem demora, transforma sem perdão,

Minha vigília triste em noite mais espessa!

E as horas vão caindo; parece que não cessa

O aperto que tortura o meu pobre coração,

Que mansamente reza, a Deus, uma oração

Para que o dia venha e o sol nele apareça!

Para que, enfim, liberte de mim esta amargueza,

Que a solidão me traz em dor que dilacera

E a noite adensa mais em amargura fera!...

Mas ah! Eu sei que Deus não ouvirá a reza,

Que vai do peito meu em pedido bom, puro,

Pedir-lhe que um dia morra lá em Vale Escuro

Nelson Fontes Carvalho – Belverde

PAZ

A paz já não mora aqui

Houve alguém que a levou

E só a lembrança deixou

Num requinte de amor ausente.

Ficaram memórias

Ficou a carta por escrever,

Mas a paz,

Essa,

Já não mora aqui.

Prenúncios de tempos vindouros

Ausências cada vez

Mais tenazes

Porque o tempo avança

Na sua cupidez

E assim vai sendo

Cada vez mais

A paz não mora aqui.

Anabela Mestre – Cruz de Pau

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

Page 15: Amora Seixal Setúbal Ano X Boletim Mensal Nº 107 ... · Carros tombaram no abismo. Foi horrível! Uma tragédia que ao lugar levou um fado, Fado corrido que lhe fez parar o cante.

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«BOCAGE»

Quota anual 2019 da Rádio Confrades da Poesia em Dia: Amadeu Afonso, Anabela Silvestre Gaspar; Filipe Papança;

Francisco Jordão; João Coelho dos Santos; João da Palma; Lúcia de Carvalho; Silvino Potêncio; Tito Olívio

Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019

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«Rádio Confrades da Poesia»

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“RCP” online desde 28/042017 http://www.radioconfradesdapoesia.comunidades.net/

RCP – RÁDIO CONFRADES DA POSIA

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Enquanto você navega pela Internet poderá ser um fiel ouvinte e participativo da nossa RCP que é um espaço criado para o seu

entretenimento Musical e Poético, que estará online 24 horas por dia, sem fins lucrativos.

DJ - Pinhal Dias; fará semanalmente cinco emissões em directo online; poderá acrescer um especial directo...

«Ponto Final»

Feitura do Boletim

O Boletim será sempre colocado à disposição dos nossos leitores mensalmente!

Futuramente os Confrades enviarão os seus trabalhos em word até final do mês a decorrer.

A feitura do Boletim será a partir do dia 1 até ao dia 2, que corresponderá à data de saída...

Os seus poemas devem vir sempre identificados com o seu nome ou pseudónimo e localidade de onde escreve seu poema.

O Tema continua a ser Livre! Para sua orientação sugerimos que consulte as páginas das Efemérides e Normas no site dos Con-frades... Durante o ano corrente, é acrescido do “ESPECIAL NATAL “

http://www.confradesdapoesia.pt/normas.htm

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Voltamos a 2/03/19

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