Ana Carolina Santos Félix

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra II Farmácia Birra Ana Carolina Santos Félix 2020-2021

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

II

Farmácia Birra

Ana Carolina Santos Félix

2020-2021

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

II

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Birra

11 de janeiro a 30 de abril de 2021

1 de julho a 10 de julho de 2021

Ana Carolina Santos Félix

Orientadora: Dra. Márcia Ventura

Tutor FFUP: Profª. Doutora Helena Vasconcelos

agosto de 2021

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

III

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente

noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros

autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da

atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de

acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-

plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 25 de agosto de 2021

Ana Carolina Santos Félix

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

IV

Agradecimentos

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, nem nos deixam sós. Levam um pouco de

nós mesmos, deixam um pouco de si mesmo” (Antoine de Saint-Exupéry), e, após 5 anos,

impossível seria não levar o coração repleto de memórias e, sobretudo, de pessoas, que

caminharam sempre lado a lado comigo, e a quem dizer meramente obrigada não basta.

Agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, a casa que escolhi para

crescer e me dar as ferramentas que preciso para voar e me tornar uma boa profissional. Sem

dúvida uma faculdade feita de pessoas íntegras e focadas na formação não somente

académica mas humana dos alunos.

Agradecer à minha tutora, a professora Dr.ª Helena Vasconcelos pelo seu

acompanhamento, disponibilidade e auxílio durante estes meses de estágio.

Agradecer à equipa da Farmácia Birra por todos os ensinamentos que me transmitiram

e confiança que sempre depositaram em mim, obrigada pela vossa amizade. Agradecer em

especial à Dr.ª Márcia, a minha orientadora, uma excelente profissional e um modelo do que é

ser farmacêutico, obrigada por todas as gargalhadas e pela partilha de conhecimento.

Agradecer aos amigos que a Faculdade me deu, àqueles que comigo partilhavam a fila

da frente todos os dias e as inquietações da vida estudantil, vou recordar para sempre as

conversas amigas, os sorrisos e o companheirismo.

Agradecer aos amigos que o Porto me deu, àqueles a quem carinhosamente chamo

Manos Porto, verdadeiros irmãos não de sangue mas de coração, que todos os dias tornavam

menos difícil estar longe de casa e, comigo, festejavam cada conquista alcançada.

Agradecer aos meus anjos ocultos, aqueles que já o eram antes de eu iniciar esta

longa caminhada e aqueles que partiram entretanto. A avó Xi que partiu era eu ainda criança; o

Jean-Jack, o tio que me deixou no início desta caminhada e para quem sempre serei a sua

menina; e o avô Nelson, o meu verdadeiro amigo, aquele que mais ambicionava ver-me

formada e que partiu antes de esse dia chegar. Sei que ao longo destes anos caminharam

sempre junto a mim e que as minhas vitórias resultam, também, da vossa presença.

Agradecer à minha família por todo o apoio que sempre me deu e pela alegria com que

me recebiam todos os fins-de-semana. Aos meus pais pela presença incansável e por todos os

esforços que fizeram, por acreditarem em mim e por sempre me incentivarem a correr atrás

dos meus sonhos, muito do que sou devo a eles. Ao meu irmão, o típico irmão mais velho e

protetor, que celebra cada conquista minha como se fosse dele, obrigada pelo teu abraço

apertado e amparo. São e serão para sempre o meu porto de abrigo.

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

V

Resumo O estágio curricular é o culminar de um percurso muito árduo mas gratificante de 5

anos. É uma excelente oportunidade para colocar em prática os conhecimentos transmitidos no

curso bem como, adquirir novos.

Serve o presente relatório para descrever as atividades e projetos elaborados durante

o estágio curricular decorrido entre os períodos de 11 de janeiro a 30 de abril e 1 de julho a 10

de julho, de 2021, na Farmácia Birra. O relatório encontra-se dividido em duas partes: uma

primeira parte correspondente à descrição das atividades desenvolvidas na Farmácia durante o

período de estágio, descrição do espaço e das responsabilidades inerentes ao farmacêutico

comunitário e uma segunda parte onde se encontram descritos os três projetos que

implementei.

Após um período de reflexão sobre quais os projetos que acrescentariam valor à

farmácia, colaboradores e utentes, decidi que iria implementar três projetos: o primeiro projeto

que implementei consistiu na elaboração de um panfleto informativo sobre testes à Covid-19; o

segundo projeto na elaboração de um panfleto informativo sobre mascne e criação de um

vídeo informativo e promocional acerca do tema e produtos disponíveis para solucionar a

afeção dermatológica abordada e o terceiro projeto consistiu numa apresentação à equipa

sobre “Ostomias” e posterior disponibilização de um pequeno manual com informação

relevante, para o farmacêutico, sobre o tema. Considero que a implementação destes projetos

constituiu uma mais-valia quer para os colaboradores da farmácia quer para os utentes que

usufruem dos serviços da mesma, na medida em que permite tomar consciência sobre

problemáticas atuais (testes à Covid-19 e mascne) e sobre temáticas que são ainda pouca

abordadas por falta de à vontade para falar sobre as mesmas (Ostomias).

O meu estágio foi, sem dúvida, muito enriquecedor e permitiu-me despertar para o

mundo do trabalho. Fazendo uma retrospetiva, penso nestes meses como uma rampa de

lançamento para o meu futuro profissional e construção da minha identidade enquanto futura

farmacêutica.

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

VI

Índice Geral Declaração de Integridade ........................................................................................................... III

Agradecimentos............................................................................................................................ IV

Resumo ......................................................................................................................................... V

Índice Geral .................................................................................................................................. VI

Índice de Tabelas ......................................................................................................................... IX

Abreviaturas .................................................................................................................................. X

Introdução ...................................................................................................................................... 1

Parte I- Atividades desenvolvidas na Farmácia Comunitária ....................................................... 2

1. Farmácia Birra ........................................................................................................................... 2

1.1. Localização e Horário de Funcionamento .......................................................................... 2

1.2. Perfil do utente ................................................................................................................... 2

1.3. Recursos Humanos ............................................................................................................ 2

1.4. Espaço Exterior .................................................................................................................. 2

1.5. Espaço Interior ................................................................................................................... 2

1.6. Fontes de Informação ........................................................................................................ 3

2. Gestão da Farmácia .................................................................................................................. 4

2.1. Sistema Informático ............................................................................................................ 4

2.2. Gestão de Stocks ............................................................................................................... 4

2.3. Gestão de Encomendas e Fornecedores .......................................................................... 5

2.4. Receção de Encomendas .................................................................................................. 5

2.5. Armazenamento de Produtos............................................................................................. 6

2.6. Gestão de Devoluções ....................................................................................................... 7

2.7. Reservas ............................................................................................................................ 7

2.8. Controlo de prazos de validade.......................................................................................... 8

2.9. Controlo da Humidade e Temperatura ............................................................................... 8

2.10.Receituário e Faturação .................................................................................................... 8

3. Dispensa de Medicamentos e produtos de saúde .................................................................... 9

3.1.Dispensa de MSRM ............................................................................................................ 9

3.2.Prescrição Médica ............................................................................................................. 10

3.3.Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ............................................................... 11

3.4.Medicamentos Genéricos e Preços de Referência ........................................................... 11

3.5.Sistemas de Comparticipação........................................................................................... 12

3.6. Medicamentos Manipulados............................................................................................. 12

3.7.Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) ............................................... 13

3.8.Outros Produtos de Saúde ................................................................................................ 13

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

VII

3.8.1.Medicamentos de Uso Veterinário ................................................................................. 13

3.8.2.Suplementos alimentares e Produtos Fitoterápicos ...................................................... 14

3.8.3.Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC) .................................................... 14

3.8.4.Produtos de Puericultura ................................................................................................ 14

3.8.5.Dispositivos Médicos ...................................................................................................... 15

3.8.6.Medicamentos Homeopáticos ........................................................................................ 15

4. Serviços Prestados na FB ....................................................................................................... 15

4.1. Medição de parâmetros bioquímicos e fisiológicos ......................................................... 15

4.2. Administração de Injetáveis ............................................................................................. 16

4.3. Aconselhamento dermocosmético ................................................................................... 16

4.4. Testes à Covid-19 ............................................................................................................ 16

4.5. VALORMED ..................................................................................................................... 17

5. Formações ............................................................................................................................... 17

Parte II- Projetos desenvolvidos.................................................................................................. 18

Projeto I- Panfleto informativo “Testes à Covid-19” .................................................................... 18

1.Enquadramento Teórico ........................................................................................................... 18

1.1.Teste Molecular ................................................................................................................. 18

1.1.1.Fundamento do Teste Molecular ................................................................................... 18

1.1.2.Interpretação dos Resultados ........................................................................................ 19

1.1.3.Considerações ............................................................................................................... 19

1.2.Teste Sorológico ............................................................................................................... 19

1.2.1.Fundamento do Teste Sorológico .................................................................................. 20

1.2.2.Interpretação do Resultado ............................................................................................ 20

1.2.3.Considerações ............................................................................................................... 20

1.3. Teste de antigénio ............................................................................................................ 21

1.3.1.Fundamento do Teste de Antigénio ............................................................................... 21

1.3.2.Interpretação dos Resultados ........................................................................................ 22

1.3.3.Considerações ............................................................................................................... 22

1.4.Período indicado para realização de um teste .................................................................. 22

1.5.Validade do teste para viajar ............................................................................................. 22

1.6.Medidas de Proteção individual ........................................................................................ 22

2.Enquadramento Prático ............................................................................................................ 22

3.Objetivo e Método .................................................................................................................... 23

4.Resultados ................................................................................................................................ 23

5.Conclusão ................................................................................................................................. 23

Projeto II- Panfleto informativo e vídeo promocional sobre Mascne ........................................... 24

1.Enquadramento Teórico ........................................................................................................... 24

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

VIII

1.1.Conceito de mascne .......................................................................................................... 24

1.2.Fatores que desencadeiam a mascne .............................................................................. 24

1.3.População alvo .................................................................................................................. 24

1.4.Outras afeções dermatológicas ........................................................................................ 25

1.5.Cuidados a adotar para evitar e solucionar episódios de mascne ................................... 25

1.5.1.Limpeza e Hidratação da pele ....................................................................................... 25

1.5.1.1.Produtos Bioderma ...................................................................................................... 26

1.5.2.Escolha da máscara ....................................................................................................... 26

1.5.3.Alimentação .................................................................................................................... 26

1.5.4.Maquilhagem .................................................................................................................. 27

1.5.5.Tratamento tópico para acne ......................................................................................... 27

1.5.6.Farmacoterapia sistémica .............................................................................................. 27

2.Enquadramento Prático ............................................................................................................ 27

3.Objetivos e Método .................................................................................................................. 27

4.Resultados ................................................................................................................................ 28

5.Conclusão ................................................................................................................................. 29

Projeto III – Formação Interna sobre Ostomias .......................................................................... 29

1.Enquadramento teórico ............................................................................................................ 29

1.1.Conceito de Ostomia ......................................................................................................... 29

1.1.1.Colostomia...................................................................................................................... 29

1.1.2.Ileostomia ....................................................................................................................... 30

1.1.3.Urostomia ....................................................................................................................... 30

1.1.4.Traqueostomia ............................................................................................................... 30

1.2.Situações que motivam as ostomias ................................................................................. 30

1.3.Complicações das Ostomias de eliminação ..................................................................... 31

1.4.Dispositivos Médicos ......................................................................................................... 31

1.4.1.Sacos .............................................................................................................................. 31

1.4.2. Acessórios ..................................................................................................................... 32

1.5. Legislação ........................................................................................................................ 32

1.6. Higiene e Limpeza da pele periestomal ........................................................................... 32

1.7. Alimentação ...................................................................................................................... 33

1.8. Odor e Produção de Gases.............................................................................................. 33

1.9. Diarreia ............................................................................................................................. 34

1.10.Obstipação ...................................................................................................................... 34

1.11. Medicamentos ................................................................................................................ 34

1.12. Qualidade de vida .......................................................................................................... 35

1.12.1.Desporto ....................................................................................................................... 35

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

IX

1.12.2. Vida sexual ................................................................................................................... 35

2.Enquadramento prático ........................................................................................................ 36

3.Objetivo e Método ................................................................................................................ 36

4.Resultados ............................................................................................................................ 36

5.Conclusão ............................................................................................................................. 37

Conclusão ................................................................................................................................ 37

Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 37

Anexos ..................................................................................................................................... 47

Anexo I .................................................................................................................................... 47

Anexo II ................................................................................................................................... 47

Anexo III .................................................................................................................................. 47

Anexo IV .................................................................................................................................. 50

Anexo V ................................................................................................................................... 54

Anexo VI .................................................................................................................................. 55

Anexo VII ................................................................................................................................. 55

Anexo VIII ................................................................................................................................ 68

Anexo IX .................................................................................................................................. 75

Índice de Tabelas

Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas durante o período de estágio……………1

Tabela 2: Formações frequentadas durante o período de estágio………………………………..17

Tabela 3: Proteínas estruturais e respetiva função…………..……………………………………..21

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

X

Abreviaturas

AFP Associação de Farmácias de Portugal

ARS Administração Regional de Saúde

CCF Centro de Conferência de Faturas

cDNA Ácido Desoxirribonucleico complementar

CNP Código Nacional do Produto

DCI Denominação Comum Internacional

DNA Ácido Desoxirribonucleico

DT Diretor Técnico

FB Farmácia Birra

FC Farmácia Comunitária

FEFO “First expired first out”

FIFO “First in First out”

Ig Imunoglobulina

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

MNSRM Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica

PCHC Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

PCR Reação em cadeia de Polimerase

PVF Preço de Venda à Farmácia

PVP Preço de Venda ao Público

RCM Resumo das Características do medicamento

RDT Teste Rápido de Diagnóstico

RNA Ácido Ribonucleico

RT-PCR Transcrição Reversa seguida de Reação em Cadeia de Polimerase

SI Sistema Informático

SNS Serviço Nacional de Saúde

TNT Tecido não Tecido

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

1

Introdução

O farmacêutico é sem dúvida um profissional de saúde que detém um vasto

conhecimento em diversas áreas, provando, assim, a versatilidade da sua formação. É o

especialista do medicamento e, por isso, o seu papel na comunidade é muito relevante, desde

da promoção da saúde ao combate e prevenção da doença. A relação de proximidade e

confiança que é possível estabelecer na Farmácia Comunitária (FC) é prova da humanidade e

importância da profissão farmacêutica.

Durante o meu estágio curricular, realizado na Farmácia Birra (FB), tive a possibilidade

de perceber o quão importante a intervenção do farmacêutico é, na comunidade. Tive a

oportunidade de integrar uma equipa que desde sempre se preocupou em transmitir-me novos

conhecimentos e consolidar os adquiridos durante o meu percurso académico. Os

colaboradores deram-me as ferramentas necessárias para um bom desempenho das funções

inerentes ao farmacêutico comunitário e, também, muita autonomia o que me permitiu, em

simultâneo, realizar uma auto-aprendizagem.

As atividades que tive oportunidade de realizar e desenvolver ao longo do meu estágio

encontram-se discriminadas na tabela 1.

Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas durante o período de estágio.

Atividades janeiro fevereiro março abril julho

Receção e armazenamento de

encomendas

X

X

X

X

X

Determinação de parâmetros

bioquímicos

X

X

X

X

X

Organização e conferência do

receituário

X

X

Atendimento ao público

X

X

X

X

X

Controlo de validades

X

X

X

X

Projeto I

X

X

Projeto II

X

X

Projeto III

X

X

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

2

Parte I- Atividades desenvolvidas na Farmácia Comunitária

1. Farmácia Birra

1.1. Localização e Horário de Funcionamento

Há mais de 100 anos ao serviço da comunidade, a FB situada na praça da Liberdade

nº124, no centro do Porto e pertence ao grupo Sofarma, um grupo detentor de 7 farmácias

distribuídas pelo Porto, Braga, Gaia e Penafiel.

Encontra-se em funcionamento diariamente, das 8h às 22h, 365 dias por ano.

Atualmente, não faz serviços noturnos.

1.2. Perfil do utente

O perfil de utentes que usufrui dos serviços da FB é variado e muito heterogéneo,

desde doentes habituais que se deslocam com regularidade à farmácia para adquirir a sua

medicação crónica a clientes esporádicos que recorrem aos serviços da FB com o intuito de

solucionar problemas pontuais ou comprar produtos de dermocosmética. A grande maioria dos

clientes esporádicos é estrangeira dada a sua localização no centro histórico do Porto.

1.3. Recursos Humanos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, a direção técnica de uma

FC é assegurada por um farmacêutico, sendo este, responsável por garantir a qualidade e

segurança dos serviços prestados à comunidade. O Decreto-Lei, anteriormente mencionado,

define que a equipa tem de ser constituída, no mínimo, por dois farmacêuticos, de modo a

assegurar a existência, em caso de necessidade, de um farmacêutico que possa substituir o

diretor técnico (DT) [1]. Segundo consta na legislação em vigor, a equipa da FB é constituída

por 5 farmacêuticas, 3 técnicos de farmácia e uma conselheira de dermocosmética. O cargo de

DT pertence à Drª Graça Pereira Lopes.

1.4. Espaço Exterior

Cumprindo os requisitos enunciados no Manual de Boas Práticas para FC, no espaço

exterior está a cruz verde iluminada e, na fachada, o nome da farmácia, identificação da DT,

horário de funcionamento e informações relativas aos descontos aplicados na farmácia [2]. A

montra da farmácia é ampla e, periodicamente, modificada de acordo com a época do ano e

produtos ou serviços a publicitar. Na porta de entrada estão afixados o horário da farmácia e a

distribuição diária das Farmácias de Serviço no Porto [1]. Existe um monitor exterior, acoplado

à montra da FB, que serve de veículo de informação, que, de modo lúdico, publicita os serviços

e campanhas praticadas na farmácia.

1.5. Espaço Interior

O interior da FB é amplo e visualmente agradável: à entrada o utente tem uma máquina

com um sistema de senhas e, também, um recanto acolhedor onde pode aguardar de forma

ordeira e confortável pela sua vez. Ao seu alcance tem produtos de dermocosmética, higiene e

saúde oral e puericultura, dispostos em prateleiras, devidamente organizados conforme a

categoria a que pertencem.

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

3

Podemos delimitar vários espaços distintos na FB: o espaço de atendimento, o

gabinete de dermocosmética, o armazém de excedentes, a zona de receção de encomendas e

a zona de armazenamento de medicamentos.

No espaço de atendimento ao público existem 7 balcões dispostos segundo uma lógica

3+4, estando 3 balcões localizados perto da zona de “back office” e os restantes 4, distribuídos

ao longo da farmácia. Atrás dos 3 balcões estão expostos os Medicamentos não sujeitos a

receita médica (MNSRM) com maior rotação e mais aconselhados, variando consoante a

época do ano e as afeções mais comuns. Atrás dos restantes 4 balcões encontram-se

expostas as várias marcas de dermocosmética. O gabinete de dermocosmética destina-se às

consultas de aconselhamento dermocosmético e limpezas de pele, administração de injetáveis

e determinação de parâmetros bioquímicos. Durante o meu estágio, o gabinete era utilizado

para a realização de testes à Covid-19, no entanto, já no final do estágio, recuperou as suas

funções iniciais. No armazém de excedentes encontram-se os Medicamentos sujeitos a receita

médica (MSRM), MNSRM, produtos de dermocosmética, medicamentos de uso veterinário,

entre outros, que não cabem nas gavetas deslizantes ou prateleiras, devidamente organizados

de acordo com a categoria à qual pertencem e por ordem alfabética. Na zona de “back office”

existe um espaço destinado à receção de encomendas e uma área para arrumação dos MSRM

e suplementos alimentares. Os MSRM encontram-se distribuídos por gavetas deslizantes,

organizados por ordem alfabética, de acordo com o prazo de validade, dosagem e forma

farmacêutica. Os xaropes e soluções orais são armazenados nas gavetas inferiores. Os MSRM

genéricos encontram-se organizados por prateleiras também por ordem alfabética, de acordo

com o prazo de validade, dosagem e laboratório. Os suplementos estão agrupados, também,

por ordem alfabética. Existe, nessa zona, um frigorífico destinado ao armazenamento de

medicamentos de frio, que requerem uma temperatura compreendida entre os 2ºC e os 8ºC.

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes encontram-se armazenados num local

reservado e fechado com chave de segurança.

1.6. Fontes de Informação

O Farmacêutico deve manter-se atualizado, quer sob o ponto de vista técnico quer sob

o ponto de vista científico, pelo que, para tal, tem ao seu dispor diversas fontes de informação

de modo que, facilmente, consiga satisfazer as dúvidas dos utentes e até as suas e, assim,

exercer a sua função de modo exímio e consciente.

Na FB, para além da informação disponibilizada pelo Sistema Informático (SI), o

farmacêutico tem ao seu dispor o Prontuário Terapêutico, a Farmacopeia Portuguesa, o Índice

Nacional Terapêutico e o Código deontológico da Ordem dos Farmacêuticos.

Durante os atendimentos ao público senti, por várias vezes, a necessidade de consultar

a informação disponível no SI, visto ser uma fonte de informação de acesso mais imediato, de

modo a satisfazer as minhas dúvidas relativas à posologia, função ou contra-indicações de

alguns medicamentos. O ato de consultar as informações disponíveis no SI permitia-me fazer

um atendimento mais personalizado, detalhado e cuidadoso.

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

4

2. Gestão da Farmácia

2.1. Sistema Informático

O SI utilizado na FB é o Spharmv4.93.5t, pertencente à empresa SoftReis®. É um

sistema dinâmico e com inúmeras funcionalidades, que permite consultar a ficha do cliente,

tornando possível rastrear o seu historial terapêutico e saber quais os laboratórios que

usualmente compra, possibilita efetuar reservas, devoluções a fornecedores e alerta-nos,

durante os atendimentos, para as interações medicamentosas existentes entre os

medicamentos que o doente toma. O Spharm permite, também, controlar os prazos de validade

dos medicamentos uma vez que, quando este se encontra próximo do fim, é emitido um alerta,

durante o atendimento, referente à proximidade do final de prazo do medicamento dispensado.

O software permite dispensar mais do que uma prescrição médica no mesmo módulo de

atendimento e consultar de modo rápido o resumo das características dos medicamentos

(RCM).

Não conhecia o software com o qual trabalhei durante o meu período de estágio, o que,

inicialmente, constituiu uma preocupação e dificuldade para mim, visto que apenas conhecia e

tinha trabalhado com o Sifarma, num estágio extra-curricular e nas aulas de cuidados

farmacêuticos, todavia, reconheço que é um software intuitivo e com o qual aprendi a trabalhar

rápido e facilmente.

2.2. Gestão de Stocks

Uma boa gestão de stocks é essencial e fundamental para o correto funcionamento de

uma farmácia, visto que esta tem o dever de garantir, ao utente, o acesso ao medicamento, e,

para tal, deve possuir quantidades otimizadas de cada medicamento e produtos farmacêuticos,

com base na sua rotação, a fim de satisfazer as necessidades dos utentes. É dever de todas

as farmácias disponibilizar pelo menos 3 dos 5 medicamentos com preço de venda ao público

(PVP) mais baixo, permitindo assim ao utente exercer o seu direito de escolha [3].

Quando um medicamento ou produto farmacêutico é vendido, o SI cria,

automaticamente, uma sugestão de encomenda, de acordo com os valores pré-estabelecidos,

de stocks mínimo e máximo. Posteriormente, compete ao farmacêutico responsável pelas

encomendas aceitar ou não a sugestão do SI. Uma das grandes dificuldades inerente ao

processo de encomendas reside no facto de nem sempre o stock real corresponder ao stock

que consta no SI, sendo que tal pode derivar de situações de furtos, erros cometidos no

momento de dispensa e erros cometidos aquando da receção de encomendas. Os stocks são

revistos, também, no momento de verificação dos prazos de validade, o que permite, corrigir

qualquer erro de stock detetado.

Na FB, anualmente, é elaborado um inventário, de modo a verificar a correspondência

entre stocks, real e virtual, e, deste modo, acertar possíveis discrepâncias.

A gestão de stocks é uma tarefa que exige uma grande responsabilidade, pelo que,

durante o meu estágio não executei, de modo autónomo, esta função. No entanto, foi-me

explicado todo o processo envolvido e, quando solicitada, tive a oportunidade de ajustar os

stocks pré-estabelecidos e participar ativamente no processo de conferência. Sempre que,

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

5

durante um atendimento, detetava alguma discrepância entre stocks, real e virtual, alertava os

elementos da equipa da FB, para que posteriormente fosse corrigido esse erro.

2.3. Gestão de Encomendas e Fornecedores

Para existir uma boa gestão de stocks é importante que haja, também, uma correta

gestão de encomendas, de modo a evitar o desperdício de recursos materiais, humanos e

financeiros.

As encomendas podem ser instantâneas, correspondendo estas aos pedidos feitos por

contacto telefónico ou plataforma online, realizadas, essencialmente, quando um utente solicita

um medicamento ou produto em concreto que não está disponível, naquele momento, na

farmácia ou diárias, realizadas através do SI que, mediante o escoamento dos produtos, gera

uma sugestão de encomenda, sendo esta depois analisada, pelo profissional destacado para o

exercício da tarefa e, posteriormente, enviada ao fornecedor.

A realização de encomendas ao fornecedor é feita duas vezes por dia: ao final da

manhã e ao final da tarde. As encomendas instantâneas podem efetuar-se, por telefone, até ao

fecho da linha telefónica, ou através da plataforma online, a qualquer momento do dia.

O principal distribuidor grossista, da FB, é a OCP Portugal®, no entanto, a farmácia,

recebe, também, encomendas diretas, feitas pelo gestor, de outros laboratórios. A escolha do

fornecedor deve ser ponderada visto ser uma decisão crucial para uma eficiente gestão

financeira. Assim, no momento de escolha do fornecedor, deve ter-se em consideração a

eficiência, qualidade e condições do serviço, condições de pagamento, volume de aquisição

pretendido, descontos e bonificações.

Durante o meu estágio não tive a oportunidade de efetuar encomendas diárias nem

diretas. No grupo SOFARMA, existe uma equipa responsável unicamente por este

procedimento. Ainda assim, a equipa da FB desde sempre se preocupou em explicar-me

detalhadamente como se definem stocks e processam as encomendas, tendo tido a

possibilidade de acompanhar remotamente todo o processo relativo a esta tarefa. As únicas

encomendas que tive oportunidade de efetuar foram as instantâneas, quer via plataforma

digital quer através de contacto telefónico, quando, durante os atendimentos, o utente

pretendia adquirir um medicamento ou produto não disponível, naquele momento, na farmácia.

2.4. Receção de Encomendas

A receção de encomendas é uma tarefa diária na FB, que deve ser realizada de modo

correto e responsável visto permitir evitar erros de stock assim como erros associados à

marcação de preços e, por consequência, repercussões no momento do atendimento.

Os produtos chegam à farmácia em contentores, devidamente selados e com a

identificação da farmácia de destino e do fornecedor. De imediato, os medicamentos e

produtos farmacêuticos sujeitos a refrigeração, que estão armazenados em contentores de cor

distinta, sendo facilmente distinguíveis dos demais, são colocados no frigorífico de modo a não

quebrar a cadeia de frio. Junto dos contentores estão as faturas ou guias de remessa, onde

consta o nome da farmácia e do fornecedor, número da fatura, data, código nacional do

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

6

produto (CNP), designação do produto, quantidade encomendada, quantidade enviada, preço

de venda à farmácia (PVF), PVP e imposto sobre o valor acrescentado (IVA) aplicado ao

produto. Aquando da receção de encomendas é relevante verificar se as quantidades

encomendadas correspondem às que realmente estão no contentor, o prazo de validade de

cada produto, o PVP dos MSRM e a correspondência entre o valor faturado e o que deve ser

realmente cobrado. Alguns produtos farmacêuticos, conhecidos como produtos de venda livre,

não têm o PVP marcado, sendo necessário calculá-lo. O cálculo é feito de acordo com as

margens de comercialização, estipuladas pela farmácia, IVA e PVF. Segundo o Decreto-Lei n.º

25/2011, de 16 de junho, o preço deve ser marcado “através de impressão, etiqueta ou

carimbo” [4]. As margens máximas de comercialização permitidas para as farmácias estão

descritas no Decreto-Lei 97/2015, de 1 de junho, e são tanto maiores quanto o preço de venda

do medicamento ao armazenista [5].

A receção de encomendas foi uma das primeiras tarefas que me foi atribuída e que,

desde sempre, realizei autonomamente. Considero que esta é uma tarefa relevante e que me

permitiu familiarizar com o SI, aprender a calcular o preço dos MNSRM e despertar a minha

atenção para a importância de uma boa gestão de stocks. É uma tarefa de grande

responsabilidade e que exige muita concentração uma vez que qualquer erro cometido em

backoffice repercutir-se-á no atendimento ao público. Inicialmente, senti dificuldade na tarefa

de cálculo dos preços dos medicamentos de venda livre, pelo que, não executava

autonomamente esta tarefa. Porém, após sensivelmente 1 mês de estágio, comecei a perceber

como se procedia a esse cálculo e a executar essa tarefa de modo independente.

2.5. Armazenamento de Produtos

Depois de rececionados, os medicamentos e produtos farmacêuticos têm de ser

armazenados de acordo com as condições definidas pelos respetivos produtores. Este

processo deve ser feito com atenção e responsabilidade de modo a evitar a arrumação de um

medicamento no local errado, o que se traduzirá em atendimentos mais demorados, possíveis

perdas de vendas e erros de stock.

Na FB os medicamentos encontram-se armazenados por ordem alfabética e de acordo

com o princípio “first in first out” (FIFO) e “first expired first out” (FEFO). O mesmo se aplica aos

produtos que requerem refrigeração. Todas as condições de armazenamento exigidas são

satisfeitas, de entre as quais, temperatura não superior a 25ºC e humidade relativa inferior a

60%. Estas condições são controladas pelos termohigrómetros espalhados pela farmácia.

A par da receção de encomendas, o armazenamento dos medicamentos foi, também,

uma das primeiras tarefas que me foi atribuída. O facto de rececionar e também arrumar os

medicamentos e produtos farmacêuticos, no local correspondente, possibilitou-me uma rápida

familiarização com a sua localização e assim evitar perdas de tempo, à procura dos produtos

requeridos pelos utentes, quando comecei autonomamente a atender ao público.

Page 17: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

7

2.6. Gestão de Devoluções

Aquando da receção de encomendas é importante verificar se todos os medicamentos

se encontram conformes uma vez que qualquer falha ou não conformidade que seja detetada

deve ser reportada ao fornecedor e o produto tem de ser devolvido. É justificável a devolução

de um produto quando: a embalagem do medicamento está danificada; o produto não foi

encomendado ou o medicamento tem um prazo de validade curto, o que não permite a sua

venda em tempo útil; é emitida uma circular de recolha de produtos ou lotes, pela Autoridade

Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) ou pelo próprio laboratório e

quando há alterações organoléticas do produto.

A devolução de um produto é feita através do SI por emissão de uma nota de

devolução na qual consta o nome do produto, CNP, quantidade devolvida, data de validade,

motivo da devolução, fornecedor e número da fatura. Este documento é emitido em três vias, o

triplicado fica arquivado na farmácia e o original e duplicado são enviados juntamente com o

produto a devolver. Caso a devolução seja aceite a farmácia pode optar por receber um crédito

ou trocar o produto por outro igual mas em condições para venda. No caso de ser rejeitada, o

produto é novamente enviado para a farmácia, podendo esta optar por colocá-lo em quebras

ou comercializá-lo, dependendo da situação.

Durante o estágio tive a oportunidade de proceder a várias devoluções e posterior

regularização. Inicialmente senti alguma dificuldade na execução desta tarefa visto que, como

não era algo que fizesse com frequência, nem sempre me sentia segura para o fazer de forma

autónoma. Porém, após repetir o procedimento algumas vezes, comecei a sentir-me mais

confiante e a realizar com maior facilidade esta tarefa. Reconheço que este é um processo

fundamental para uma melhor gestão dos recursos financeiros da farmácia.

2.7. Reservas

Como consequência de situações de rutura de stock, dificuldades financeiras dos

utentes, ou inexistência de um medicamento ou produto na farmácia, frequentemente, surge a

necessidade de um utente fazer uma reserva.

No momento da receção de encomendas é necessário verificar se existem reservas

sendo que, os medicamentos ou produtos farmacêuticos que se encontrem reservados são, de

imediato, separados dos restantes e colocados num local específico de acordo com a

existência, ou não, de um pagamento prévio. Deste modo, as reservas pagas encontram-se

armazenadas numa gaveta enquanto as reservas não pagas se encontram num balcão,

devidamente identificadas.

Ao longo do estágio, de acordo com as necessidades de cada utente, procedi à

realização e posterior regulação de inúmeras reservas, quer pagas quer não pagas, tendo o

cuidado de, caso a tarefa de receção de encomendas estivesse a meu cargo, separar os

medicamentos ou produtos farmacêuticos, dos demais, e alertar os utentes de que estes já se

encontravam na farmácia.

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

8

2.8. Controlo de prazos de validade

O controlo dos prazos de validade é uma atividade de extrema relevância em FC visto

permitir garantir a segurança e qualidade dos medicamentos e produtos dispensados aos

utentes e, também, evitar desperdícios económicos, uma vez que os produtos com validade

prestes a expirar devem ser escoados prioritariamente.

Mensalmente, é emitida uma lista com os produtos cuja validade termine dentro de dois

meses, sendo estes retirados para um contentor, para posterior escoamento ou devolução ao

fornecedor. Simultaneamente, a par da monitorização das validades, é também verificado o

stock, tal como anteriormente mencionei.

Executei, ao longo do estágio, várias vezes a tarefa de controlo das validades, o que

despertou em mim uma maior consciência da importância deste parâmetro na segurança e

qualidade de um produto. Simultaneamente possibilitou que mais facilmente reconhecesse a

localização de cada medicamento ou produto farmacêutico.

2.9. Controlo da Humidade e Temperatura

De acordo com o previsto no Decreto-lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, a FB dispõe de

um sistema de medição e registo da temperatura e humidade que permite verificar o

cumprimento das condições de armazenamento adequadas a cada medicamento, que se

designa termohigrómetro, e se encontra no armazém de excedentes, na zona de

armazenamento dos medicamentos, no frigorífico e na zona de atendimento. Deste modo,

torna-se possível monitorizar a temperatura, das várias zonas destinadas à arrumação dos

medicamentos e produtos farmacêuticos, e assegurar a estabilidade dos mesmos [1].

Na FB os dados dos termohigrómetros são transferidos, mensalmente, para o

computador, de modo a tornar possível verificar as condições a que os medicamentos

estiveram sujeitos no decorrer daquele mês. Esses dados são armazenados na farmácia.

Tive a oportunidade de visualizar o documento anteriormente mencionado bem como

de receber, por parte da farmacêutica responsável pela tarefa, uma explicação de todo o

processo e relevância, do mesmo, quer no ciclo de vida do medicamento quer para a FB.

2.10. Receituário e Faturação

A conferência das receitas médicas compreende a organização e retificação, destas,

conforme os diferentes organismos de comparticipação. Durante o processo de conferência

das receitas médicas manuais, é necessário verificar a entidade comparticipadora, a data de

validade, a identificação do utente, o seu número de beneficiário, a forma farmacêutica, dose e

quantidade do medicamento prescrito e a assinatura do médico. Caso seja detetada alguma

não conformidade, esta deve ser corrigida. As receitas são agrupadas em lotes, constituídos

por 30 receitas cada um. O mesmo não se verifica para as receitas médicas eletrónicas. Nestes

casos, confere-se apenas a assinatura no papel do organismo correspondente e se o cartão

apresentado corresponde ao organismo inserido. No final do mês é impresso um verbete de

lote e é feita a sua faturação e posterior envio às entidades correspondentes [6].

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

9

Tendo por base, a Portaria nº223/2015, de 27 de julho, se o organismo responsável

pela comparticipação for o Serviço Nacional de Saúde (SNS), as receitas médicas são

enviadas para a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte passando pelo Centro de

Conferência de Faturas (CCF). Neste caso, o receituário do SNS deve ser enviado até ao

décimo dia útil de cada mês para a ARS [6,7]. Caso a entidade responsável pela

comparticipação não seja o SNS, o receituário é enviado para a Associação de Farmácias de

Portugal (AFP) que, posteriormente, entrega as receitas médicas às respetivas entidades

competentes e distribui o pagamento das entidades à FB, inclusive o do SNS.

Durante o estágio tive a oportunidade de organizar os lotes de receitas médicas

manuais bem como agrupar os comprovativos de comparticipação de acordo com o respetivo

sistema, sempre sob a supervisão de um farmacêutico, o que contribuiu para uma melhor

compreensão do processo. Após organizar todas as receitas médicas, foi-me possível

acompanhar o restante processo de retificação e também faturação levado a cabo pelo

farmacêutico responsável pela tarefa.

3. Dispensa de Medicamentos e produtos de saúde

A FC é, muitas vezes, o primeiro local onde os utentes se dirigem com o intuito de

esclarecer dúvidas e solucionar os seus problemas de saúde. Compete, portanto, ao

farmacêutico saber dar resposta ao utente e, também, estabelecer, sempre que necessário, a

conexão entre este e o médico. O ato de dispensa de um medicamento ou produto

farmacêutico é de extrema relevância e responsabilidade devendo o farmacêutico atuar sempre

em conformidade com o código deontológico. O farmacêutico é responsável por validar a

prescrição médica, aconselhar e indicar, sempre que possível, o medicamento mais adequado

a cada situação e doente, garantindo sempre que este conhece a terapêutica e reúne todas as

condições para uma boa adesão à mesma.

3.1. Dispensa de MSRM

Os MSRM são todos aqueles cuja sua dispensa implica que o utente apresente na

farmácia uma prescrição médica válida. Um medicamento é classificado como MSRM, segundo

o artigo nº.114 do Decreto-Lei nº. 176/2006, de 30 de agosto, quando [8]:

a) Possa constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando

usado para o fim a que se destina, caso seja utilizado sem vigilância médica;

b) Possa constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando utilizado com frequência

em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

c) Contenha substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou

reações adversas seja indispensável aprofundar;

d) Se destina a ser administrado por via parentérica.

Os MSRM podem agrupar-se em três categorias distintas: medicamentos de receita

médica renovável, destinados a tratamentos prolongados ou crónicos; medicamentos de

receita médica especial, o que abrange os psicotrópicos e estupefacientes, e que possam ser

utilizados para fins ilícitos e os medicamentos de receita médica restrita que são os de uso

Page 20: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

10

hospitalar, ambulatório ou que se destinam a patologias que são diagnosticadas apenas em

ambiente hospitalar ou similar.

A dispensa de MSRM constituiu uma parte integrante do meu estágio, uma vez que

uma grande maioria dos utentes se desloca à farmácia com o intuito adquirir os medicamentos

prescritos pelo médico. Ainda assim, analisava cuidadosamente cada prescrição e o historial

do doente de modo a verificar eventuais incompatibilidades que pudessem resultar em dano

para o doente.

3.2.Prescrição Médica

A receita médica constitui o documento que estabelece a conexão farmacêutico -

médico. Neste, deve constar o nome do utente, plano de comparticipação, indicação da

denominação comum internacional (DCI) do medicamento, dosagem, prazo de validade, forma

farmacêutica, posologia e quantidade de embalagens [9]. Existem dois tipos de prescrição

médica:

- Prescrição manual, atualmente menos utilizada visto que a sua apresentação é

justificável e aceitável apenas em situações de inadaptação do prescritor, falência do sistema

informático, prescrição médica ao domicílio ou prescrição médica máxima de 40 receitas

médicas por mês. Para que o farmacêutico considere a prescrição válida deve assegurar a

presença da identificação (vinheta) e assinatura do médico prescritor, número da receita, nome

do utente, número de beneficiário, regime de comparticipação, logótipo dos 40 anos do SNS e

data de validade. Em acréscimo, não são aceites receitas médicas rasuradas, com caligrafias

diferentes e escritas a lápis ou canetas de cores distintas, sob pena de terem sido adulteradas.

Podem ser prescritos, no máximo, 4 medicamentos ou produtos farmacêuticos, apenas dois

por linha e um máximo de 4 embalagens por receita, à exceção dos medicamentos de dose

individual visto que, nesses casos, podem ser prescritas até 4 embalagens por linha. O maior

inconveniente inerente a este tipo de receitas médicas é o facto de, obrigatoriamente, todos os

medicamentos terem de ser dispensados de uma vez. Depois de dispensados os

medicamentos, as receitas médicas são carimbadas e rubricadas pelo farmacêutico ou técnico

responsável pelo ato de dispensa, sendo posteriormente arquivadas. As receitas manuais têm

validade de 30 dias, após a data de emissão, e não são renováveis [6,7];

- Prescrição eletrónica: disponível em dois formatos; a prescrição médica materializada

e prescrição médica desmaterializada. Os dados que devem constar na receita de modo a

permitir a dispensa da medicação são o número da receita eletrónica, o código de dispensa e o

código de direito de opção. Os medicamentos podem ser dispensados faseadamente,

contrariamente ao que se verifica com as prescrições manuais. A validade das receitas

eletrónicas varia entre 30 dias, 6 meses e mais recentemente, 1 ano, medida adotada pelos

médicos devido à pandemia [6,7].

Tive a oportunidade de contactar com os dois tipos de prescrições existentes, o que

considero relevante para a minha formação visto ter permitido desenvolver o meu espírito

crítico e atenção. Face às receitas manuais considero que as receitas eletrónicas permitem que

se realize uma dispensa mais segura da medicação uma vez que qualquer erro cometido a

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

11

nível da cedência de um medicamento, é detetado pelo SI impossibilitando o operador de

prosseguir. Em acréscimo, considero que o facto de o utente ter a opção de poder adquirir a

medicação conforme as suas necessidades é um fator preponderante, principalmente devido a

questões monetárias.

3.3.Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são uma classe medicamentos

sujeita a uma monitorização especial uma vez que estes atuam ao nível do sistema nervoso

central, o que se repercute numa alteração dos processos mentais e da perceção, emoções e

comportamento. São frequentemente prescritos para alívio e tratamento da dor mas o seu uso

deve ser racionalizado visto causarem dependência. Os medicamentos que contêm

substâncias listadas no Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, são integrados nesta classe [9].

A dispensa dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes requer um cuidado

especial e acrescido visto que, no ato da dispensa, é necessário identificar o médico prescritor,

o utente (nome completo e morada) e o adquirente (nome completo, número e validade do

documento de identificação e data de nascimento). A dispensa somente é realizada mediante a

apresentação de um documento de identificação, que pode ser: o cartão de cidadão, bilhete de

identidade, carta de condução ou passaporte, para os cidadãos estrangeiros. Após a dispensa

é emitido um talão que é posteriormente arquivado. Mensalmente é enviado ao INFARMED um

documento com a quantidade de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes dispensados

nesse mesmo mês, que é gerado pelo SI. O documento deve ser enviado ao INFARMED até

ao dia 8 do mês seguinte [3].

Ao longo do estágio realizei, várias vezes, a dispensa de medicamentos psicotrópicos e

estupefacientes o que despertou em mim um maior sentido de responsabilidade. Tive também

a oportunidade de acompanhar a verificação e confirmação do documento a enviar ao

INFARMED bem como visualizar o envio do mesmo.

3.4.Medicamentos Genéricos e Preços de Referência

Segundo a definição do INFARMED, um medicamento genérico é um “medicamento

com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma

farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada

por estudos de biodisponibilidade apropriados” [8].

Ao dispor do utente, a farmácia deverá ter um stock mínimo de três medicamentos com

a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, entre os cinco preços mais baixos

de cada grupo homogéneo para que este possa exercer o seu direito de opção. A criação de

grupos homogéneos e a atribuição de preços de referência é feita trimestralmente [10].

Durante o estágio tive a oportunidade de verificar que a maioria dos utentes opta, no

momento da dispensa, por medicamentos genéricos, visto estes serem, por norma,

substancialmente mais acessíveis, do ponto de vista económico, face aos de marca. Porém,

existem ainda muitas dúvidas relativamente à eficácia destes medicamentos e, até, alguma

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

12

relutância em adquiri-los, por parte de alguns utentes, pelo que durante o meu estágio, por

várias vezes, tive de dar resposta a inúmeras inquietações e dúvidas relativas a esta temática.

3.5.Sistemas de Comparticipação

De modo a garantir o acesso ao medicamento a todos os cidadãos, o SNS estabelece

um regime de comparticipação, consoante a situação do utente, primando pelo princípio da

equidade. Existem essencialmente dois regimes de comparticipação: o geral e o especial.

Relativamente ao regime geral, podem definir-se diferentes escalões de

comparticipação de acordo com a indicação terapêutica dos medicamentos, o seu uso, as

entidades que o prescrevem e o consumo acrescido por parte de doentes que sofrem de

determinadas patologias [11]. Os escalões existentes são: o A-90%, B- 69%, C-37%, D15%

[12]. Quanto ao regime especial, este pode ser atribuído em função de patologias, ou grupos

especiais de utentes, ou de acordo com os rendimentos do beneficiário.

Por exemplo, no caso da comparticipação em função dos rendimentos do beneficiário,

o escalão A é acrescido de 5%, e os escalões B,C e D são acrescidos de 15%, para os

pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal

garantida em vigor no ano civil passado ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais

em vigor. Caso estes doentes optem por um medicamento cujo PVP se inclua no grupo dos 5

preços mais baixos para esse grupo homogéneo, a comparticipação é de 100% [13]. No caso

da comparticipação de medicamentos para doenças específicas ou grupos especiais de

utentes, esta é estabelecida por despacho do membro do Governo responsável pela área da

saúde [13]. Algumas das patologias específicas são: dor crónica não oncológica moderada a

forte, ictiose, psoríase, procriação medicamente assistida e lúpus. Para usufruir do regime de

comparticipação especial, na prescrição deve constar a especialidade do médico prescritor e a

menção da portaria correspondente à patologia [14]. A comparticipação de manipulados e de

dispositivos médicos para a auto monitorização de pessoas com diabetes, câmaras expansoras

e dispositivos médicos para apoio a doentes ostomizados, com incontinência e retenção

urinária também são abrangidas por um regime de comparticipação especial [14]. Existem

também, outras entidades que abrangem algumas pessoas com o intuito de complementar a

comparticipação feita pelo SNS.

Durante o estágio tive a oportunidade de conhecer diversos regimes de

comparticipação especial bem como compreender como estes atuam.

3.6. Medicamentos Manipulados

Um medicamento manipulado corresponde a “qualquer fórmula magistral ou preparado

oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico” [15]. Este pode

ser preparado com base numa prescrição médica ou recorrendo a fontes de informação como

compêndios, farmacopeia ou formulário galénico, sempre com a garantia do cumprimento das

boas práticas de fabrico a observar na preparação de medicamentos manipulados, em

farmácia de oficina e hospitalar, descritas da Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho [16].

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

13

Na FB não se preparam manipulados, pelo que não me foi possível ter contacto com

esta realidade. Quando um medicamento manipulado é requerido à FB, esta efetua uma

encomenda a uma farmácia próxima.

3.7.Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)

Um MNSRM, vulgarmente conhecido por medicamento de “venda livre”, corresponde a

um medicamento que não cumpre os requisitos anteriormente mencionados para os MSRM e

não é comparticipado, salvo se previsto na legislação que define o regime de comparticipação

do Estado no preço dos medicamentos [8]. São solicitados em casos de automedicação ou por

indicação farmacêutica. É necessário fazer uma dispensa assertiva e focada no doente de

modo a solucionar o seu problema e promover o uso reacional deste tipo de medicamentos.

Para mim, a dispensa de MNSRM foi, sem dúvida, o maior desafio do meu estágio uma

vez que exige uma escuta atenta das queixas e inquietações do doente, tornando-se

necessário para tal conhecer as suas patologias e intolerâncias, e um conhecimento

abrangente dos medicamentos disponíveis, para a finalidade pretendida, e que melhor se

adequam ao utente.

3.8. Outros Produtos de Saúde

3.8.1.Medicamentos de Uso Veterinário

De acordo com o Decreto-Lei nº.314/2009, de 28 de outubro, os medicamentos

veterinários são definidos como “toda a substância, ou associação de substâncias,

apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais

ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a

estabelecer um diagnóstico médico veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica,

imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [17]. Estes

são regulados pela Direção Geral de Veterinária. Os medicamentos de uso veterinário devem

estar devidamente identificados, pelo que, na cartonagem deve constar, em fundo verde, a

inscrição “Uso Veterinário”. O recurso a este tipo de medicamentos assume uma particular

relevância não somente para a saúde e bem-estar do animal mas também em termos de saúde

pública, visto prevenir a disseminação de doenças transmitidas pelos animais. Existem também

medicamentos de uso humano que podem ser administrados em animas mas apenas,

mediante apresentação de prescrição veterinária. Nesta devem constar algumas informações,

como a identificação do médico veterinário, data e assinatura, de modo a que esta seja valida e

o medicamento possa ser dispensado.

Durante o meu estágio, por várias vezes, foi-me pedido aconselhamento relativamente

a este tipo de medicamentos. Apercebi-me que é uma área que não dominamos, enquanto

profissionais de saúde, visto haver um fraco investimento neste âmbito a nível de formação.

Posto isto, senti, particularmente nos primeiros meses de estágio, necessidade de procurar

informação relativa a este tipo de medicamentos.

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

14

3.8.2.Suplementos alimentares e Produtos Fitoterápicos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 136/2003, de 28 de junho, os suplementos

alimentares são definidos como “géneros alimentícios que se destinam a complementar e

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico”. Na cartonagem deste

tipo de produtos não podem constar indicações de propriedades preventivas, tratamento ou

curativas assim como, não pode alegar-se explicitamente, que regime alimentar equilibrado e

variado não constitui uma fonte suficiente de nutrientes em geral [18,19].

Ao longo do estágio tive a oportunidade de constatar que, de facto, os suplementos

alimentares são produtos muito solicitados na farmácia e cujo perfil de vendas se altera em

função da época do ano. Muitos dos utentes tomam suplementos por indicação médica, no

entanto a maioria pede, ainda assim, aconselhamento ao farmacêutico. De entre a panóplia de

suplementos atualmente existente, e ao nosso dispor, para mim, o aconselhamento destes

produtos, face às necessidades do utente requerente, constituiu um verdadeiro desafio o que

exigiu de mim, um grande investimento a nível de formação neste âmbito.

3.8.3.Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC)

Segundo o Decreto-Lei n.º 189/2008, de 24 de setembro, um produto cosmético é

definido como substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas

superfícies corporais, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade exclusiva de

limpar, perfumar, modificar o aspeto, proteger, manter em bom estado ou corrigir os odores

corporais [20].

A FB possui uma vasta gama de PCHC da qual constam prestigiadas marcas de

dermocosmética existentes no mercado, de modo a dar resposta às particularidades de cada

utente. A FB integra, na sua equipa, uma conselheira de dermocosmética, o que permite um

atendimento mais personalizado e ajustado.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de aconselhar vários utentes quanto a este

tipo de produtos, em função das suas necessidades. Confesso que face à diversidade de

marcas e produtos existentes, o aconselhamento de PCHC foi um grande desafio, porém

suscitou-me um grande interesse por esta área. O facto de a FB integrar uma conselheira de

dermocosmética veio a revelar-se uma mais-valia pois pude aprender mais sobre as

particularidades de cada marca e gama de produtos.

3.8.4. Produtos de Puericultura

De acordo com o Decreto-Lei n.º 10/2007, de 18 de janeiro, os produtos de puericultura

destinam-se a facilitar o sono, o relaxamento, a higiene, a alimentação e a sucção das crianças

[21].

Na FB existe, na zona de atendimento, uma área dedicada exclusivamente à

puericultura. O utente tem ao seu alcance vários produtos, de entre os quais chupetas,

biberões, produtos de higiene e cuidado diário para o bebé e para a mãe, entre outros.

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

15

Uma vez que os produtos de puericultura não são solicitados com frequência, a FB

dispõe de um stock reduzido, mas ajustado ao consumo verificado usualmente, deste tipo de

produtos.

3.8.5.Dispositivos Médicos

Segundo o Decreto-Lei nº 145/2009, de 17 de junho, os dispositivos médicos são

definidos como qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo

utilizado isoladamente ou em combinação, cujo principal efeito pretendido no corpo humano

não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua

função possa ser apoiada por esses meios, destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres

humanos para fins de prevenção, diagnóstico ou tratamento de uma doença humana [22].

Ao longo do estágio tive a possibilidade de contactar com vários dispositivos médicos

e, assim, constatar que, de facto, existem diversos dispositivos ao dispor do utente. Os mais

procurados incluem material ortopédico, material de penso e dispositivos para controlo da

glicémia. Atendendo ao contexto pandémico em que nos encontramos saliento que durante o

período correspondente ao meu estágio, os produtos que dispensei com maior frequência

incluem equipamentos de proteção individual, enquadrados como dispositivos médicos [23].

3.8.6.Medicamentos Homeopáticos

De acordo com o INFARMED, um medicamento homeopático corresponde a um

produto obtido a partir de substâncias intituladas stocks ou matérias-primas homeopáticas e em

concordância com o processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, da

farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro [8].

Na FB existe um conjunto reduzido de medicamentos homeopáticos, sendo que

aqueles com os quais mais me familiarizei foram as designadas cepas, que são medicamentos

homeopáticos, apresentados sob a forma de grânulos, disponíveis como auxílio no controlo de

várias afeções.

4. Serviços Prestados na FB

A prestação de serviços farmacêuticos à comunidade é, sem dúvida, uma atividade de

extrema relevância quer para a farmácia quer para o utente. O dever do farmacêutico,

enquanto profissional de saúde, é combater a doença mas, principalmente preveni-la, e através

dos serviços prestados aos utentes é possível, com frequência, monitorizar parâmetros

determinantes para o bem-estar do utente e, assim, despistar situações potencialmente

perigosas para este.

4.1. Medição de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

Uma monitorização regular dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos é essencial para

a deteção precoce, de possíveis patologias, que possam resultar em dano, futuro, para o

doente. O farmacêutico desempenha um papel fundamental no rastreio e despiste destes

mesmos problemas que, caso exista uma intervenção atempada, podem ser facilmente

solucionados.

Page 26: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

16

Na FB é possível medir a tensão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos. Para esse

efeito existe um gabinete que confere uma maior privacidade e descrição ao utente. A medição

dos parâmetros anteriormente mencionados tem um custo associado.

Durante o estágio tive a oportunidade de fazer a medição de alguns parâmetros

bioquímicos e fisiológicos, de entre os quais, a pressão arterial e glicemia, garantindo sempre a

segurança do doente e a minha. Durante a intervenção procurava sempre saber quais as

patologias, se existentes, o motivo da ida à farmácia e qual a medicação crónica que

usualmente toma. Para mim era sempre um desafio relacionar o resultado das medições com

as queixas e medicação do utente. Considero que este tipo de serviços aproxima o

farmacêutico dos utentes e fortalece a relação de confiança entre ambos.

4.2. Administração de Injetáveis

A equipa da FB integra farmacêuticos capacitados para proceder à administração de

injetáveis. Assim, os utentes podem deslocar-se à farmácia para esse efeito e requerer a

administração de medicamentos injetáveis e vacinas, logo que estas não constem no plano

nacional de vacinação. A administração ocorre num gabinete apropriado e com a privacidade

necessária para o processo.

Durante o estágio, e devido à situação pandémica em que nos encontramos, não me

foi possível assistir à administração de injetáveis porque o serviço se encontrava suspenso. No

findar do estágio o serviço foi reativado mas devido às regras de segurança, não me foi

permitido fazer parte do processo pois, no gabinete existente para essa finalidade, só podiam

estar o farmacêutico e o doente.

4.3. Aconselhamento dermocosmético

Na FB um dos serviços oferecido é o de aconselhamento dermocosmético. Como tal,

uma das colaboradoras da farmácia assume o papel de conselheira tendo, para exercício da

sua função, um gabinete apropriado para tal.

Durante o estágio o serviço de aconselhamento dermocosmético esteve suspenso, no

entanto a colaboradora desde sempre manifestou interesse em apresentar-me os produtos

dermocosméticos, disponíveis na farmácia, e a sua função. Quando num atendimento era

solicitada a colaboração da conselheira de dermocosmética, procurava, se possível,

acompanhar o atendimento e, deste modo, aprender mais sobre esta área que é realmente

muito vasta.

4.4. Testes à Covid-19

Tendo em consideração a atual situação do país, e mundo, a FB realiza testes rápidos

de antigénio e de anticorpos. A realização dos testes ocorre no gabinete de aconselhamento

dermocosmético, motivo pelo qual o serviço anteriormente referido se encontra suspenso.

Durante o estágio foi-me possível, ainda que devidamente equipada e distanciada,

visualizar a realização de um teste rápido de antigénio e, deste modo, compreender o

procedimento inerente. No entanto, dado o risco existente e tendo por objetivo limitar a

quantidade de colaboradores expostos ao perigo, a função que, frequentemente me foi

Page 27: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

17

incumbida, foi a de registo dos dados de identificação dos utentes que se propunham realizar o

teste, bem como a de informar sobre qualquer dúvida que pudesse surgir sobre o assunto

Covid-19.

4.5. VALORMED

A Valormed® é uma entidade sem fins lucrativos, responsável pela gestão dos

resíduos de medicamentos fora de uso bem como embalagens vazias de origem doméstica.

Tem como objetivo principal a recolha e tratamento dos resíduos de forma segura e

responsável de modo a preservar o meio ambiente e a saúde pública [24].

Na FB o contentor da VALORMED está à entrada da farmácia permitindo aos utentes

depositar nesse local, de forma autónoma, os medicamentos fora de uso ou embalagens

vazias. Este contentor é posteriormente selado e registado por um colaborador no SI, sendo

depois recolhido por uma distribuidora e os resíduos transportados para os Centros de Triagem

onde são separados e classificados para serem entregues a gestores de resíduos

responsáveis pelo tratamento adequado [25].

Durante o estágio, e ao contrário do que pensava, muitos utentes já conheciam o

contentor e traziam os seus medicamentos, fora de validade ou que já não eram usados, e

embalagens vazias com o intuito de os depositar no mesmo.

5. Formações

O Farmacêutico, à semelhança dos demais profissionais, deve estar em permanente

formação e ser detentor dos conhecimentos mais atualizados. Para que tal seja possível,

existem atualmente, muitos profissionais focados na formação dos farmacêuticos comunitários

bem como plataformas digitais que, de forma lúdica, transmitem conhecimentos úteis e atuais.

Ao longo do meu estágio pude assistir a algumas formações que considero terem sido

uma mais-valia visto que, todo o conhecimento adquirido se veio a revelar útil em situações de

aconselhamento ou indicação farmacêutica. Na tabela 2 é possível consultar quais as

formações a que tive a oportunidade de assistir.

Tabela 2: Formações frequentadas durante o período de estágio.

Data Entidade Responsável Tema

4 fevereiro 2021 Pharmagenius Marcas de Inverno Johnson e

Jhonson

5 fevereiro 2021 Pierre Fabre Avene Skin and Cancer

18 fevereiro 2021 Pharma Nord Selénio, Selenoproteínas e

Patologias da Tiróide

13 março 2021 NAOS Dermacongresso

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

18

Parte II- Projetos desenvolvidos

Projeto I- Panfleto informativo “Testes à Covid-19”

1.Enquadramento Teórico

No final de 2019, na cidade de Wuhan, foi identificado, pela primeira vez, um vírus

responsável por infeções respiratórias graves, designado SARS-CoV-2, pertencente à família

dos coronavírus, que se propagou, rapidamente, por todo o mundo, originando uma pandemia.

SARS-CoV-2 é a designação atribuída ao novo coronavírus, cujo significado é “síndrome

respiratória aguda grave – coronavírus 2”. COVID-19 é a doença provocada pelo coronavírus

SARS-CoV-2 [26].

Tendo em vista o impedimento da propagação do SARS-CoV-2, a testagem da

população veio a revelar-se um procedimento de extrema relevância para que se torne possível

reduzir, e até mesmo travar, a transmissão do vírus, estudar a sua prevalência e tomar

medidas de saúde pública conscientes [27,28]. Existem dois tipos de testes: os de diagnóstico,

que permitem detetar infeções ativas, e os sorológicos, que permitem averiguar a existência de

anticorpos no organismo do indivíduo testado [29]. É importante perceber as diferenças

existentes entres os diferentes tipos de testes bem como as suas particularidades de modo a

combater a desinformação e, simultaneamente, a propagação do vírus na comunidade.

1.1. Teste Molecular

O coronavírus é um vírus de Ácido Ribonucleico (RNA) de cadeia simples e sentido

positivo [30]. O teste molecular, vulgarmente designado por Transcrição Reversa seguida de

Reação em Cadeia de Polimerase (RT-PCR), é um teste de diagnóstico, que permite a deteção

de material genético do vírus, ou seja do seu RNA, na amostra recolhida e, por conseguinte,

torna possível a deteção de infeções ativas [27,29].

O teste molecular apresenta elevada especificidade e sensibilidade sendo o método

eleito para efeito de diagnóstico de uma infeção [27,31].

1.1.1.Fundamento do Teste Molecular

A execução do teste implica a recolha de uma amostra de exsudado nasal,

nasofaríngeo ou de saliva por inserção de uma zaragatoa no nariz ou recolha de cuspo,

respetivamente [29,31].

Após a recolha da amostra e posterior análise, ocorre, numa primeira fase, o processo

de extração que consiste no isolamento do material genético de qualquer vírus presente na

amostra recolhida. À amostra é adicionada uma mistura de reação que contém Ácido

Desoxirribonucleico (DNA) polimerase, transcriptase reversa, sondas fluorescentes, blocos de

construção e “primers” específicos para SARS-CoV-2 [32]. Segue-se a etapa de transcrição

reversa que se baseia na conversão de RNA em Ácido Desoxirribonucleico complementar

(cDNA), pela transcriptase reversa, e, após esse processo, ocorre a denominada Reação em

Cadeia de Polimerase (PCR) e, consequente, produção de milhões de cópias do vírus a partir

de uma pequena porção de material genético [27,32]. O processo de PCR engloba 3 etapas

fundamentais: a primeira é a desnaturação, que visa quebrar a dupla cadeia de DNA,

Page 29: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

19

seguindo-se o anelamento conseguido devido à adição de “primers” específicos para o SARS-

CoV-2, que se ligam à cadeia de DNA molde e, por último, a elongação que visa a síntese da

molécula. O processo repete-se várias vezes, ocorrendo cerca de 40 ciclos [32]. Caso o vírus

esteja presente na amostra recolhida, as sondas fluorescentes ligar-se-ão especificamente ao

DNA, emitindo uma luz fluorescente que será detetada pelo equipamento utilizado [27,32].

1.1.2. Interpretação dos Resultados

Positivo: Indicativo da presença do vírus na amostra recolhida e, por conseguinte, de

uma infeção ativa. O indivíduo infetado deve cumprir o isolamento obrigatório, em casa,

mantendo-se sempre em contacto com o seu médico para que este consiga monitorizar a

evolução do seu estado de saúde. Deve, também, repousar, manter-se hidratado e tomar a

medicação, aconselhada pelo médico [33].

Negativo: Não foi detetado material genético do vírus na amostra recolhida o que

indicia ausência de infeção. É necessário avaliar o quadro clínico do doente a fim de verificar

se existem sintomas associados pois podemos estar perante um falso negativo, situação que

pode ocorrer quando a carga viral é baixa ou a amostra foi recolhida de modo incorreto [34].

Assim, o vírus não é detetável, o resultado é considerado negativo quando na realidade existe

uma infeção. A carga viral é principalmente baixa nos primeiros dias bem como nos últimos

[33].

1.1.3. Considerações

O resultado do RT-PCR surge, normalmente, 24 horas após a realização do teste

[29,31]. É um método que requer técnicos devidamente treinados, para realizar os testes e

interpretar os resultados, e equipamentos complexos pelo que, estas condicionantes levam a

que estes apenas possam ser realizados em laboratórios e hospitais [27].

1.2. Teste Sorológico

Os testes sorológicos permitem a deteção de anticorpos no organismo de um indivíduo.

O tempo de produção e surgimento de anticorpos é variável porém, geralmente, estes surgem

alguns dias ou semanas após a infeção [29].

Os principais alvos detetados, através dos testes sorológicos, são anticorpos do tipo

Imunoglobulina (Ig) G, IgM e IgA. Os anticorpos do tipo IgM são produzidos numa fase inicial

da infeção, surgindo, normalmente, 5 a 10 dias após o início dos sintomas. Os anticorpos do

tipo IgG desempenham um papel mais evidente na fase final da infeção e no estabelecimento

da memória imunológica a longo prazo. Os anticorpos do tipo IgA, presentes,

predominantemente no tecido da mucosa, de acordo com estudos recentes, podem também

desempenhar um papel relevante na resposta imune e progressão da doença e, portanto, ser

usados para efeitos de deteção. No entanto, os mais utilizados são os anticorpos do tipo IgG e

IgM [27].

De entre outras metodologias que permitem a deteção de anticorpos, os Testes

Rápidos de Diagnóstico (RDT) constituem um método célere e simples muito utilizado nas

farmácias [27].

Page 30: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

20

1.2.1. Fundamento do Teste Sorológico

A execução do teste implica a recolha de uma amostra de sangue, obtida através da

picada de um dedo [29,31].

O RDT tem por base a tecnologia de imunoensaio de fluxo lateral [27,31,35]. A cassete,

utilizada para realização do teste, é constituída por um poço, uma zona de conjugação, uma

membrana de nitrocelulose, uma zona de deteção e uma zona de adsorção [27]. O teste possui

3 linhas pré-revestidas: a linha de controlo ou linha “C”, a linha teste “M” e a linha teste “G”, na

superfície da membrana de nitrocelulose. O anticorpo IgY de galinha e o anticorpo monoclonal

anti-SARS-CoV-2 NP reveste a linha de controlo. O anticorpo monoclonal anti-IgG humano e o

anticorpo monoclonal anti-IgM humano revestem as linhas de teste “G” e “M”, respetivamente.

A proteína nucleocapsídica recombinante SARS-CoV-2 conjugada com partículas de ouro é

usada como detetor nas linhas de teste “M” e “G”. A amostra recolhida é colocada no poço e,

caso existam anticorpos presentes na mesma, estes interagem com a proteína recombinante,

conjugada com partículas de ouro, formando o complexo anticorpo-antigénio-partícula de ouro.

O complexo move-se por capilaridade, ao longo da membrana, até às linhas “M” e “G”, onde

será capturado pelo anticorpo monoclonal anti-IgG e/ou anti-IgM. Se o resultado for positivo

surge uma linha vermelha na janela de resultados. Se o resultado for negativo não surge

qualquer coloração. A linha controlo deverá aparecer sempre, de modo a assegurar que o teste

foi realizado adequadamente e que os reagentes utilizados mantinham as suas características

[35].

1.2.2. Interpretação do Resultado

IgG positivo e IgM negativo: O sistema imunológico produziu anticorpos do tipo IgG, que

surgem já numa fase final da infeção, existindo, deste modo, suspeita de uma infeção passada

[36].

IgM positivo e IgG negativo: O sistema imunológico está a produzir anticorpos do tipo IgM,

que surgem numa fase inicial da infeção, existindo, deste modo, suspeita de uma infeção

recente. O teste pode ser repetido, posteriormente, após cerca de 14 a 21 dias, a fim de

confirmar se existem anticorpos do tipo IgG [36].

IgG positivo e IgM positivo: O sistema imunológico está a produzir ativamente anticorpos

para uma infeção em decurso que, provavelmente, teve início há mais de 14 dias. O indivíduo

deve isolar-se de imediato e contactar o médico, visto que, a situação mais provável, é que

esteja em decurso uma infeção e o indivíduo seja assintomático [36].

IgG negativo e IgM negativo: O sistema imunológico não produziu, até ao momento,

anticorpos não existindo, por conseguinte, suspeita de infeção recente ou passada. No entanto

há a possibilidade de, caso tenha ocorrido uma exposição recente ao vírus, o sistema

imunológico não ter ainda produzido anticorpos [36].

1.2.3.Considerações

O RDT de anticorpos pode ser executado na farmácia, hospitais ou clínicas de saúde e

laboratórios [27]. Os resultados surgem 10 a 15 minutos após a execução do teste [29,31].

Page 31: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

21

1.3. Teste de antigénio

O teste de antigénio permite a deteção de proteínas específicas do vírus na amostra

recolhida [27,31]. O genoma do vírus codifica pelo menos 4 proteínas estruturais, como é

possível verificar na tabela 3:

Tabela 3: Proteínas estruturais e respetiva função.

Proteína Estrutural Função

Proteína da Nucleocápside (N) Liga-se ao genoma do RNA para produzir a

nucleocápside.

Proteína Spike (S) Proteína essencial para a entrada do vírus

nas células.

Proteína do Invólucro (E) Interage com a proteína M para formar o

invólucro.

Proteína de Membrana (M) Determina a forma do invólucro.

Determina a organização do vírus.

Tendo em conta a localização e função das proteínas S e N estas são alvos potenciais

e preferenciais para a deteção de uma infeção [27].

1.3.1. Fundamento do Teste de Antigénio

A execução do teste implica a recolha de uma amostra de exsudado nasal,

nasofaríngeo ou de saliva por inserção de uma zaragatoa no nariz ou recolha de cuspo,

respetivamente [29,31].

O RDT tem por base a tecnologia de imunoensaio de fluxo lateral [27,31,37]. A cassete,

utilizada para realização do teste, é constituída por um poço, uma zona de conjugação, uma

membrana de nitrocelulose, uma zona de deteção e uma zona de adsorção [27]. O teste tem

duas linhas pré-revestidas, a linha de controlo ou “C” e a linha teste ou “T”, na superfície da

membrana de nitrocelulose. O anticorpo monoclonal anti-SARS-CoV-2 de rato reveste a linha

de teste e o anticorpo monoclonal anti-IgY de galinha reveste a linha de controlo. Anticorpos

monoclonais anti-SARS-CoV-2 de rato conjugados com partículas de ouro são usados como

detetores. A amostra é colocada no poço e, caso existam antigénios, estes interagem com o

anticorpo monoclonal anti-SARS-CoV-2 conjugado com partículas de ouro, formando o

completo antigénio-anticorpo-partícula de ouro. O complexo formado move-se por capilaridade

ao longo da membrana até à linha de teste, onde será capturado pelo anticorpo monoclonal

anti-SARS-CoV-2 de rato. Se o resultado for positivo surge uma linha vermelha na janela de

resultados. Se o resultado for negativo não surge qualquer coloração. A linha controlo deverá

aparecer sempre, de modo a assegurar que o teste foi realizado adequadamente e que os

reagentes utilizados mantinham as suas características [37].

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

22

1.3.2. Interpretação dos Resultados

Resultado positivo: É indicativo da presença de antigénios e, por conseguinte, de

uma infeção ativa. O indivíduo deve cumprir o isolamento obrigatório, em casa, mantendo-se

sempre em contacto com o seu médico para que este consiga monitorizar a evolução do seu

estado de saúde. Deve, também, repousar, manter-se hidratado e tomar a medicação

aconselhada pelo médico [38].

Resultado Negativo: É indicativo da ausência de antigénios e, por conseguinte, não

existe suspeita de infeção. No entanto, é necessário avaliar o quadro clínico do doente a fim de

verificar se existem sintomas associados pois podemos estar perante um falso negativo [38].

1.3.3. Considerações

O RDT de antigénio pode ser executado na farmácia, hospitais ou clínicas de saúde e

laboratórios [27]. Os resultados surgem 10 a 15 minutos após a execução do teste [29,31].

1.4. Período indicado para realização de um teste

O pico da infeção é atingido cerca de 2 dias antes e 1 dia depois do surgimento dos

sintomas. Usualmente, os sintomas surgem 5 dias após a exposição ao vírus, pelo que,

idealmente, um teste deve ser realizado apenas após esse período [39].

1.5. Validade do teste para viajar

Pessoas que pretendam viajar, devem, previamente, consultar quais as restrições

impostas nas fronteiras de cada país, disponíveis online e ao alcance de qualquer cidadão [40].

Devem, também, informar-se junto da companhia de viagem sobre quais os critérios que

definem a validade de um teste [41].

1.6. Medidas de Proteção individual

Independentemente do resultado obtido, após a realização do teste à Covid-19, o

cumprimento das medidas de proteção individual é de caráter obrigatório. Assim, de modo a

prevenir e travar a disseminação do vírus, é essencial manter o distanciamento social, utilizar

equipamentos de proteção individual, adotar hábitos de desinfeção e higienização, das mãos e

superfícies com as quais contactamos, e estar alerta para o surgimento de possíveis sintomas

[42,43]. A adoção destas medidas permite não só a proteção individual mas, também, dos que

nos rodeiam.

2.Enquadramento Prático

Fruto da situação pandémica que vivemos e tendo em consideração que um dos

serviços prestados à população pela FB é a execução de testes à Covid-19, durante o meu

estágio constatei que um grande número de utentes e cidadãos de nacionalidade estrangeira

se dirigiam à farmácia com o intuito de realizar um teste. Apercebi-me, logo na primeira

semana de estágio, que existiam muitas dúvidas por parte dos utentes, relativamente aos tipos

de testes existentes e local onde podem ser realizados e, deste modo, considerei pertinente

elaborar um panfleto informativo a fim de combater a desinformação inerente ao tema.

Page 33: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

23

3. Objetivo e Método

Com a implementação deste projeto pretendia, essencialmente, dar resposta às

dúvidas dos utentes (e que eram várias), através de um documento passível de ser levado para

casa e consultado a qualquer momento, em caso de necessidade.

Elaborei um panfleto (Anexo I) no qual coloquei informações relativas aos RDT, de

anticorpos e antigénio, realizados na farmácia, e relativas ao teste molecular uma vez que,

apesar de este não ser realizado na farmácia, era frequentemente confundido com o RDT de

antigénio. Reservei uma secção do panfleto, para respostas a perguntas frequentemente

colocadas na farmácia e recomendações, fruto da constatação do desconhecimento de alguns

conceitos e medidas essenciais ao combate do vírus. O maior constrangimento que encontrei,

foi condensar a informação reunida e transpô-la para uma linguagem simples e acessível para

todos.

Fiz uma versão portuguesa e uma versão inglesa (Anexo I) do panfleto, uma vez que a

FB é local de passagem para vários cidadãos estrangeiros, também eles com muitas dúvidas,

pelo que considerei relevante abranger toda a população servida pela mesma. Disponibilizei,

ainda, um QRcode (Anexo I) através do qual se tornava possível aceder ao panfleto sem ser

necessário manipulá-lo, ficando este acessível, para consulta, no telemóvel.

4. Resultados

Imprimi 30 panfletos de cada versão, uma vez que se encontrava disponível o QRcode

para acesso ao mesmo, por uma questão ambiental e para incentivar à digitalização do código

e evitar a manipulação do panfleto. Relativamente aos panfletos impressos, no final do meu

estágio, não existiam já exemplares. Quanto aos panfletos digitalizados, infelizmente, a

aplicação que utilizei para criar o QRcode não me permite controlar a quantidade de pessoas

que acedeu ao mesmo, porém, pude aperceber-me que os utentes mais jovens optavam por

scanizar o QRcode enquanto os utentes de mais idade, optavam por levar consigo o panfleto.

Por várias vezes, quando um utente se dirigia ao balcão a fim de ser atendido, trazia consigo o

panfleto e discutia junto do colaborador as informações elencadas neste, o que revela interesse

pela temática e reforça a importância da implementação do projeto.

5.Conclusão

Como mencionei anteriormente, na FB, são realizados testes à Covid-19, pelo que a

existência de um suporte informativo, que possa ser consultado, quando necessário, e utilizado

pelos próprios colaboradores da farmácia para expor a temática, constitui um bom veículo de

informação. Através do mesmo, conseguíamos, mais facilmente, dar resposta às questões dos

utentes, o que se revelou particularmente importante para aqueles que pretendiam marcar um

teste e tinham dúvidas sobre qual deveriam marcar, face às suas necessidades, bem como o

local onde o poderiam fazer. Considero, em suma, que a implementação do projeto se revelou

uma mais-valia quer para a farmácia quer para os utentes.

Page 34: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

24

Projeto II- Panfleto informativo e vídeo promocional sobre Mascne

1.Enquadramento Teórico

Derivado da situação pandémica que vivemos, o uso de máscara tornou-se uma

medida de proteção individual de caráter obrigatório, porém, a sua utilização está,

aparentemente, associada a modificações no microbioma cutâneo facial [44]. Como resultado

da utilização de máscara por períodos prolongados, a pele fica irritada e podem surgir lesões

na área da face abrangida pela mesma, sob a forma de acne, situação designada por mascne

[44,45].

1.1. Conceito de mascne

A mascne, nova forma de acne, é um subtipo de acne mecânica desencadeada pelo

uso frequente, e por períodos prolongados, de máscara [45,46]. Considera-se que um indivíduo

sofre de mascne quando a acne surge cerca de 6 semanas após a utilização regular de

máscara ou quando ocorre uma pioria da acne pré-existente na área da face abrangida pela

mesma [46]. Manifesta-se, sobretudo, sob a forma de acne de oclusão, com pústulas,

microcomedões e papúlas que se localizam no queixo e se apresentam simetricamente ao

longo da mandíbula [45].

1.2. Fatores que desencadeiam a mascne

A composição da microbiota da pele é variável e depende, principalmente, da fisiologia

dos vários locais do corpo humano [47]. As áreas da pele com maior produção de sebo, como

é o caso da face, apresentam uma grande abundância de espécies lipofílicas de Cutibacterium

acnes, uma bactéria colonizadora dos folículos sebáceos, associada a manifestações de acne

[48].

O uso regular de máscara induz a perturbação da microbiota da pele, uma vez que

conduz ao aumento do seu pH, temperatura, humidade e potencia a produção de sebo, fatores

reconhecidos como pró-comedogénicos, capazes de promover a multiplicação de

Cutibacterium acnes. No seguimento da multiplicação do microrganismo anteriormente

mencionado, ocorre a ativação do sistema imune inato e, por consequência, inflamação

cutânea, manifestada sob a forma de pápulas e pústulas [45,46,48].

1.3. População alvo

Qualquer indivíduo pode sofrer de mascne mesmo não tendo um historial prévio de

acne ou qualquer outra afeção dermatológica em específico. Em detrimento da utilização de

máscara, a pele pode ficar mais oleosa, visto ocorrer uma maior produção de sebo, e, como

consequência, podem surgir pontos negros e, caso ocorra proliferação bacteriana, borbulhas.

[45,46]. Esta afeção surge principalmente em pessoas com pele sensível e reativa ou em

indivíduos com pele com tendência acneica [45].

Page 35: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

25

1.4.Outras afeções dermatológicas

O uso de máscara por longos períodos não se traduz apenas no surgimento e/ou

agravamento da acne pré-existente mas, também, no aparecimento e pioria de outras afeções

dermatológicas facilmente confundíveis com mascne, de entre as quais:

Eczema: caracterizado pela existência de uma inflamação, prurido, secura ou vermelhidão,

que surge em detrimento da resposta inflamatória induzida por Staphilococcus aureus [45,48];

Dermatite seborreica: caracterizada pela presença de áreas vermelhas cobertas por escamas

oleosas de tonalidade amarelada, que surge devido à proliferação de Malassezia furfur, um

microorganismo comensal, que prolifera como consequência do aumento da produção de sebo

[45,48];

Foliculite: caracterizada pela presença de um folículo inflamado, semelhante a uma borbulha e

que resulta da proliferação de bactérias Gram-negativo [45,48].

É importante saber distinguir episódios de mascne dos problemas de pele

anteriormente mencionados uma vez que a intervenção a considerar em cada situação é

distinta.

1.5. Cuidados a adotar para evitar e solucionar episódios de mascne

Uma vez que a mascne surge como consequência do aumento da produção de sebo e

alterações na integridade da barreira cutânea, a prevenção e tratamento desta afeção

dermatológica passa por adotar comportamentos que permitam a manutenção da integridade

da pele e reduzam a produção de sebo [46,48]. As diretrizes de tratamento propostas incluem

cuidados de higiene e hidratação do rosto, escolha da máscara mais adequada, cuidados com

a alimentação, com o uso de maquilhagem e, se necessário, o recurso a tratamento

farmacológico, em última instância [46].

1.5.1. Limpeza e Hidratação da pele

A limpeza do rosto é uma das etapas primárias e fundamentais, numa rotina diária, e

que permite manter a pele saudável. Os produtos de limpeza utilizados devem ser suaves, com

um pH próximo de 5 e não comedogénicos [45,46]. Deve evitar-se lavar o rosto com água

quente ou com produtos irritantes, como etanol, visto estes potenciarem a rutura da barreira

cutânea. Deve privilegiar-se o recurso a produtos constituídos por ácido salicílico ou sulfato de

zinco, substâncias que permitem controlar a produção de sebo e possuem ação anti-

inflamatória [48].

Depois da limpeza, a hidratação é uma etapa crucial para garantir a manutenção da

integridade da pele. Formulações que contenham ureia e ácido lático devem ser evitadas uma

vez que em contacto com o suor, e em ambiente húmido, podem alterar o pH da pele. Deve

privilegiar-se produtos que contenham hialuronato de sódio e ácido poliglutâmico uma vez que

reduzem a perda de água transepidérmica [48]. O hidratante deve ser não comedogénico e

aplicar-se cerca de 30 minutos antes da colocação da máscara para que possa ser absorvido

pela pele [45]. Para além de promover a hidratação da pele, o recurso a produtos hidratantes

reduz a fricção entre o rosto e a máscara [46].

Page 36: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

26

A aplicação de protetor solar, apesar do uso da máscara, continua a ser, por

excelência, crucial, uma vez que, em simultâneo, hidrata e protege a pele das radiações

solares [48].

1.5.1.1. Produtos Bioderma

A Bioderma® é uma marca de produtos dermocosméticos, reconhecida por

dermatologistas que apresenta duas gamas de produtos indicadas para pele sensível e reativa,

gama Sensibio, e para pele com tendência acneica, gama Sebium, os tipos de pele com maior

propensão para sofrer de mascne. Os produtos pertences às gamas anteriormente destacadas

são suaves, não comedogénicos, e, apresentam na sua constituição, ingredientes com

propriedades anti-inflamatórias e que permitem a redução da produção de sebo, como o ácido

salicílico e o sulfato de zinco [45].

1.5.2. Escolha da máscara

Tendo em consideração a situação pandémica que atravessamos, não usar máscara

não é solução, portanto, a prevenção e resolução de episódios de mascne passa por

experimentar os vários tipos de máscaras existentes a fim de perceber qual a mais indicada

para cada tipo de pele, sem nunca comprometer a proteção que deve ser fornecida por este

tipo de equipamentos. Máscaras de algodão, seda, linho e fibras naturais permitem uma maior

respirabilidade quando comparadas com máscaras constituídas por fibras sintéticas uma vez

que absorvem a humidade e, desse modo, permitem manter a superfície da pele seca e reduzir

o crescimento de microrganismos [48]. As máscaras devem ajustar-se à face e apresentar

poucas dobras para reduzir a fricção entre a pele e a máscara [46,48]. Máscaras reutilizáveis

devem ser lavadas a elevadas temperaturas, para garantir a eliminação de possíveis

microrganismos, e secas na totalidade. As máscaras reutilizáveis devem ser trocadas a cada

4h, no caso das cirúrgicas, ou a cada 8h, no caso das autofiltrantes (FFP2) [48].

1.5.3. Alimentação

Beber água e manter uma alimentação saudável não contribui somente para a

manutenção da saúde física mas, também, para a manutenção da integridade da pele. Beber

pelo menos 1,5L de água por dia, permite manter a pele hidratada [49]. Evitar alimentos

gordurosos contribui para a regulação da oleosidade e regeneração da pele. As manifestações

de acne são episódios de caráter inflamatório que surgem como resultado do aumento irregular

da produção de sebo, pelo que evitar alimentos que possam provocar uma sobre estimulação

das hormonas responsáveis pela produção de sebo é uma atitude que pode contribuir para

evitar e resolver episódios de mascne. Alimentos como leite, carne vermelha e queijo devem

evitar-se sob pena de potenciar a produção de sebo (Anexo II). Deve privilegiar-se o consumo

de alimentos ricos em zinco, selénio, vitamina A, vitamina C, ómega-3 e antioxidantes dado as

suas propriedades anti-inflamatórias e papel como coadjuvantes na eliminação de impurezas

acumuladas no corpo [50].

Page 37: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

27

1.5.4. Maquilhagem

A maquilhagem deve ser evitada uma vez que esta pode promover a obstrução dos

poros e, consequentemente, agravar episódios de mascne. Deve privilegiar produtos não

comedogénicos e aplicá-los cerca de 30 minutos antes de colocar a máscara, de modo a

promover a sua absorção. A maquilhagem deve ser removida com a maior brevidade possível

para permitir que a pele respire [49].

1.5.5. Tratamento tópico para acne

Situações mais extremas podem exigir tratamento tópico, sendo que os produtos

utilizados devem possuir atividade antibacteriana e anti-inflamatória de modo a promover a

regulação da produção de sebo. Formulações que na sua constituição apresentem peróxido de

benzoílo, ácido salicílico e alfa-hidroxiácidos, devem ser usadas com precaução de modo a não

irritar a pele. Formulações que na sua composição possuam óxido de zinco poderão ser uma

boa opção uma vez que a substância anteriormente mencionada possui propriedades

antibacterianas. Também formulações constituídas por retinoides em combinação com agentes

antibacterianos poderão ser utilizadas uma vez que permitem minimizar a irritação local, reduzir

o atrito entre a pele e a máscara e tratar a infeção, porém apenas segundo indicação médica

[48].

1.5.6. Farmacoterapia sistémica

O recurso a farmacoterapia sistémica poderá ser uma opção em situações severas,

sendo a terapêutica mais utilizada a isotretinoína. O tratamento exige uma monitorização

rigorosa, uma vez que existem vários efeitos secundários decorrentes da terapia com o

medicamento atrás referido que podem ser exacerbados devido ao uso de máscara [48].

2.Enquadramento Prático

Tendo em consideração que uma parte significativa da população desconhece o

conceito de mascne, afirmação que sustento baseando-me na quantidade de utentes que

durante o meu estágio se deslocaram à farmácia com o intuito de solucionar episódios de

mascne sem ter conhecimento da existência desta problemática, considerei pertinente

sensibilizar a população para esta temática. Em acréscimo, uma vez que na FB é prestado o

serviço de aconselhamento dermocosmético considerei interessante e uma mais-valia, para

mim e para a farmácia, explorar essa área.

3.Objetivos e Método

Na FB todos os meses é eleita uma marca de produtos dermocosméticos sob a qual é

aplicado um desconto, sendo o principal objetivo dos colaboradores, durante o mês

correspondente, destacar a marca selecionada e promover a sua venda.

Com a implementação deste projeto pretendia alcançar vários objetivos, de entre os

quais: sensibilizar os utentes e colaboradores da farmácia para a temática e publicitar os

produtos da marca do mês indicados para peles com maior propensão para sofrer de mascne,

procurando potenciar a sua venda e, assim, auxiliar a equipa no cumprimento dos seus

Page 38: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

28

objetivos. A nível pessoal defini, também, como objetivos explorar a área da dermocosmética e,

deste modo, familiarizar-me com os produtos existentes e passíveis de serem usados para

solucionar episódios de mascne, e adquirir pequenas noções de marketing.

Elaborei um panfleto informativo sobre mascne (Anexo III) onde considerei relevante

explicitar a temática bem como recomendações para prevenir e solucionar o problema. À

semelhança do projeto implementado anteriormente, disponibilizei duas versões do mesmo,

uma em português e outra em inglês (Anexo III) e os respetivos QRcode (Anexo III), de modo

a evitar a manipulação desnecessária, do panfleto. Realizei, também, um vídeo informativo e

promocional alusivo ao tema (Anexo IV), que durante o mês de março esteve em destaque no

televisor da farmácia, e no qual expus o problema e dei a conhecer a marca do mês e quais os

produtos recomendados para episódios de mascne. Atualmente, existe por parte da população

uma grande preocupação relativamente ao consumo de cuidados de saúde. Uma parte

significativa da população antes de recorrer ao médico desloca-se à farmácia à procura de

aconselhamento, por parte do farmacêutico, para solucionar as suas afeções, e, deste modo,

torna-se relevante pôr em prática campanhas de sensibilização e consciencialização para que

os utentes tenham conhecimento dos seus problemas de saúde e de como atuar face à sua

existência [51].

Considerei relevante elaborar o vídeo uma vez que a produção de conteúdos digitais

constitui um veículo de informação atual, lúdico e criativo que permite alertar a população para

uma temática em particular e captar a sua atenção para um determinado produto ou gama de

produtos enquanto aguardam pelo seu atendimento [51]. Ao sensibilizar o utente para afeções

cuja solução passa por produtos disponíveis na farmácia, estamos também a promover a sua

venda.

Durante o mês de março, a marca de dermocosmética eleita, como marca do mês, foi a

Bioderma®, que apresenta uma gama de produtos indicados para peles sensíveis e com

tendência acneica e, por isso, indicados para peles com mascne. Durante o mês de fevereiro,

em conjunto com a colaboradora de dermocosmética, selecionei os produtos da marca

existentes na farmácia e indicados para o problema abordado a fim de fazer uma breve

apresentação dos mesmos, no vídeo, de modo a captar a atenção do utente.

4.Resultados

À semelhança do procedimento adotado aquando da implementação do Projeto I,

imprimi 30 panfletos de cada versão, portuguesa e inglesa, uma vez mais por questões

ambientais, para evitar a manipulação desnecessária dos mesmos e potenciar a leitura dos

QRcode. No final do meu estágio já não existiam exemplares impressos. Relativamente aos

QRcode, reforço que não tinha forma de controlar a quantidade de pessoas que acederam ao

panfleto.

Pude verificar que, sobretudo como consequência da visualização do vídeo, as

pessoas que se dirigiam à farmácia conversavam com os colaboradores sobre a temática,

revelando muito desconhecimento e, também, muita curiosidade pela mesma. Muitas já tinham

experienciado episódios de mascne sem ter conhecimento, na realidade, de que problema se

Page 39: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

29

tratava. Constatei, que a procura por produtos da marca Bioderma® aumentou, também, em

detrimento da referência ao desconto aplicado à marca do mês, no vídeo.

5.Conclusão

Considero que o resultado obtido com a implementação do projeto foi positivo na

medida em que em resposta aos panfletos disponibilizados e visualização do vídeo divulgado

no televisor da farmácia, consegui sensibilizar os utentes para a temática.

A nível pessoal foi também muito desafiante e aliciante o desenvolvimento deste

projeto visto que me permitiu conhecer uma elevada panóplia de produtos e adquirir algumas

noções de marketing.

Para a equipa da farmácia revelou-se também uma mais-valia o desenvolvimento do

projeto, uma vez que permitiu a familiarização dos colaboradores com o tema e produtos da

marca Bioderma® passíveis de serem utilizados para efeitos de prevenção e solução de

episódios de mascne e possibilitou dar um maior destaque à marca do mês e assim potenciar a

sua venda e, por consequência, contribuir para atingir os objetivos da equipa.

Projeto III – Formação Interna sobre Ostomias

1. Enquadramento teórico

Anualmente milhares de pessoas, por diversos problemas de saúde, são submetidas a

uma ostomia, no entanto, apesar de esta ser uma realidade comum, verifica-se, ainda, uma

grande relutância em falar sobre o tema [52]. A cirurgia acarreta inúmeras mudanças no estilo

de vida dos ostomizados e, por consequência, no modo como os doentes se relacionam

consigo próprios e com os que os rodeiam. Existem muitas dúvidas por parte dos ostomizados

e dos cuidadores, o que reforça a necessidade do farmacêutico ser conhecedor do tema e de

como aconselhar quem se dirige à farmácia, visto que nem sempre é possível, com rapidez,

consultar o médico ou enfermeiro estomaterapeuta.

1.1. Conceito de Ostomia

Ostomia é a designação atribuída à cirurgia que visa a criação de um estoma, que é

uma abertura, localizada na parede abdominal ou outra, com o intuito de eliminar efluentes

biológicos [53]. Uma ostomia pode ser de caráter temporário, quando a situação é reversível,

(sendo possível a reconstituição do trânsito intestinal ou urinário e o restabelecimento da sua

função), ou permanente (quando não é possível recuperar a função intestinal ou urinária)

[53,54]. Existem 2 tipos de ostomias: as de eliminação, categoria na qual se inserem a

colostomia, ileostomia e urostomia (os tipos de ostomia às quais atribuirei um maior enfoque

neste projeto), e as de respiração designadas por traqueostomias [53].

1.1.1. Colostomia

Uma colostomia é um procedimento que consiste na exteriorização de uma porção do

intestino grosso através da parede abdominal. Dependendo da porção do intestino lesada, a

colostomia pode assumir diferentes localizações [55,56]. Existem três tipos de colostomias, em

função da sua localização:

Page 40: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

30

Colostomia ascendente: quando a lesão existente se situa no cólon ascendente sendo um

tipo de ostomia pouco comum. As fezes são líquidas ou semi-líquidas e fluem continuamente,

sendo muito irritantes para a pele [55,56].

Colostomia descendente: quando a lesão existente se situa no cólon descendente sendo o

tipo de ostomia mais comum. As fezes são semiformadas e menos irritantes para a pele, em

comparação com as fezes características da colostomia ascendente [55,56].

Colostomia sigmóidea: quando há exteriorização da parte inferior do intestino grosso,

imediatamente antes do reto. As fezes são formadas e portanto não são irritantes para a pele

[55,56].

1.1.2. Ileostomia

A ileostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na exteriorização de uma

porção do intestino delgado (íleo) através do abdómen. As fezes são muito fluídas visto que

não ocorre a absorção de líquidos no intestino grosso. Os doentes ileostomizados devem

monitorizar, atentamente, o equilíbrio eletrolítico e, também, vigiar, com regularidade, a pele

periestomal uma vez que o efluente eliminado é rico em enzimas digestivas e tem um pH

alcalino, pelo que pode originar irritações cutâneas [55,57].

1.1.3. Urostomia

A urostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na criação de uma abertura

artificial dos condutos urinários de modo a permitir a eliminação de efluentes. A urina,

normalmente, tem um pH ácido, o que a torna irritante para a pele periestomal, pelo que se

torna relevante monitorizar, com regularidade, a pele circundante ao estoma [58,59].

O tipo mais comum de urostomia é a de conduto ileal, também designada por cirurgia

de Bricker, feita em detrimento da remoção da bexiga. O procedimento consiste na remoção de

uma porção do intestino delgado que é encerrada numa das extremidades do abdómen. Os

dois ureteres são conectados a essa porção do intestino, funcionando como um reservatório,

uma nova bexiga. A parte proximal é exteriorizada através da parede abdominal, originando um

estoma [58,59].

A ureterostomia consiste na exteriorização de um ou de ambos os ureteres através da

parede do abdómen, originando um estoma, geralmente, temporário [58,59].

1.1.4. Traqueostomia

Uma traqueostomia é um tipo de ostomia construída na traqueia através do pescoço.

As causas frequentemente associadas a este tipo de ostomia são tumores na laringe, paragem

respiratória ou cardíaca e insuficiência respiratória grave [60,61].

1.2. Situações que motivam as ostomias

Na origem de uma ostomia pode estar um acidente, que levou a traumatismos, ou uma

doença. De entre as doenças mais frequentemente associadas a este procedimento estão o

cancro do reto, cólon e ânus, doenças inflamatórias, como a doença de Crohn, colite ulcerosa e

doença inflamatória intestinal, doença diverticular e carcinoma da bexiga [55,57].

Page 41: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

31

1.3. Complicações das Ostomias de eliminação

As complicações, decorrentes de uma ostomia, podem ser classificas como precoces

ou tardias. De entre as complicações precoces, que surgem no primeiro mês após o

procedimento, estão edemas, hemorragias, irritações cutâneas, deiscência mucocutânea,

ulceração e necrose. A deiscência mucocutânea, designação atribuída ao afastamento entre o

estoma e pele periestomal, é uma complicação que surge, com frequência, em pessoas obesas

e que tem como consequência a criação de uma cavidade por onde podem vazar efluentes. A

deiscência mucocutânea pode levar a estenose. A necrose pode ocorrer na cirurgia ou

posteriormente, pelo que, quando se verificam situações similares deve avaliar-se o modo

como o doente coloca o saco de ostomia, visto que caso o dispositivo seja colocado

incorretamente pode afetar o fluxo sanguíneo [55,62].

De entre as complicações tardias estão a dermatite, a hérnia periestomal, os

granulomas, a formação de cristais, a retração e a estenose [55,62]. O tipo de complicação

pode ser indicativo de que, a nível dos cuidados relativos ao estoma ou troca dos dispositivos,

existe algum problema. Assim, no caso de:

Dermatite: é recomendável avaliar a técnica de substituição do saco e os cuidados de higiene

e, em caso de sangramento, encaminhar para o médico ou enfermeiro estomatoterapeuta

[55,62].

Hérnia Periestomal: é recomendável fazer uma massagem no local da hérnia em direção ao

interior do abdómen e o uso de cinto [55,62].

Granulomas: é necessário adequar o recorte do dispositivo ao estoma [55,62].

Formação de cristais: é recomendável a lavagem do estoma e da pele periestomal com

vinagre, promover a ingestão de citrinos e de água e adequar o recorte do dispositivo ao

estoma [55,62].

Retração: é recomendável aconselhar o uso de cinto e optar por usar uma placa convexa para

evitar a fuga de efluentes [55, 62].

Estenose: é importante referenciar para o enfermeiro estomaterapeuta para ensino da técnica

de dilatação digital e irrigação [55,62].

1.4. Dispositivos Médicos

Existem dispositivos e acessórios, escolhidos em função do tipo de ostomia, que

permitem uma melhoria na qualidade de vida do doente e um maior controlo de situações

desconfortáveis e complicações que podem surgir [63,64].

1.4.1.Sacos

Existem três tipos de sacos: os fechados, os drenáveis e os sacos de urostomia. Os

sacos fechados, indicados para doentes colostomizados, devem ser utilizados apenas uma vez

e apresentam, na sua constituição, um filtro que permite controlar o odor libertado pelos gases.

Os sacos drenáveis apresentam uma extremidade drenável e são, geralmente, utilizados em

doentes ileostomizados. Os sacos de urostomias têm uma torneira através da qual é possível

drenar a urina [63,64].

Page 42: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

32

Existem sistemas de uma peça e sistemas de duas peças. Os sistemas de uma peça,

utilizados principalmente em doentes colostomizados, são auto-aderentes uma vez que

possuem uma base protetora cutânea adesiva que permite a fixação do saco ao estoma. O

saco de uma peça é feito em material tecido não tecido (TNT) e apresenta uma face de carvão.

A base adesiva é feita de material antialérgico. Os sacos de duas peças são constituídos por

uma placa com características adesivas onde o saco encaixa, através de um aro de plástico. A

vantagem associada aos sacos de duas peças é evitar a maceração da pele periestomal uma

vez que o saco pode ser trocado sem que a placa adesiva seja removida, sendo esta apenas

trocada a cada 2 a 3 dias. As placas de fixação são feitas de material antialérgico e estão

disponíveis em vários tamanhos, podendo ser planas ou moldáveis, recortáveis ou convexas,

rígidas ou flexíveis e ter fixação adesiva ou mecânica. A placa deve ser escolhida em função

do estoma, deste modo, a placa plana é indicada para estomas protusos e a placa convexa

para estomas retraídos, planos ou quando existem dobras cutâneas. As placas flexíveis são

preferíveis quando o abdómen apresenta muitas irregularidades. As placas recortáveis são

indicadas para estomas cujo tamanho não esteja bem definido [63,64].

1.4.2. Acessórios

Existe uma grande variedade de acessórios ao dispor do doente ostomizado. Estes

podem ser agrupados de acordo com a finalidade para a qual foram concebidos. Assim,

existem acessórios de: suporte, como cintos e faixas abdominais, que permitem a fixação dos

dispositivos; proteção, como sprays, que permitem a regeneração da pele macerada; remoção,

como toalhetes e sprays, que permitem remover mais facilmente os dispositivos;

espessamento, como gelificantes, que levam ao espessamento das fezes e diminuem também

a produção de gases e de nivelamento, como pastas niveladoras, que promovem uma maior

adesão entre os dispositivos e o estoma, particularmente úteis em indivíduos que apresentem

pregas ou irregularidades cutâneas. Existem, também, desodorizantes que permitem inibir o

odor dos gases [63,64].

1.5. Legislação

Desde o dia 1 de abril de 2017 que os doentes ostomizados, beneficiários do SNS,

podem usufruir de uma comparticipação, a nível da aquisição de dispositivos médicos de apoio

à ostomia. Segundo o constante na Portaria n.º 92- F/2017, de 3 de março, o estado

comparticipa a 100% os dispositivos médicos contemplados no anexo I da referida portaria. A

prescrição dos dispositivos médicos incluídos na comparticipação é feita por via eletrónica e é

obrigatório que nela conste a marca e o modelo do dispositivo, salvo as exceções

contempladas, pela mesma. Os doentes ostomizados podem adquirir os dispositivos

abrangidos pelo regime de comparticipação na farmácia [65].

1.6.Higiene e Limpeza da pele periestomal

É essencial adotar hábitos de higienização da pele periestomal de modo a evitar possíveis

complicações. É importante que o doente ostomizado saiba como limpar o seu estoma e como

colocar os dispositivos e sacos corretamente [66].

Page 43: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

33

O estoma deve ser limpo com um sabão neutro e com uma compressa TNT, segundo

movimentos circulares. Caso existam pelos em redor do estoma, estes devem ser removidos

com o auxílio de uma tesoura de pontas redondas. Não é aconselhada aplicação de cremes

gordos sob pena de comprometer a adesão dos dispositivos à pele [66].

O saco deve ser trocado antes que o seu conteúdo atinja cerca de metade da sua

capacidade total. Nos sistemas de uma peça, o saco deve ser retirado de cima para baixo,

seguindo-se o processo de higienização do estoma. Após a limpeza da pele periestomal, o

doente deve medir o seu estoma e, no caso de utilizar sacos recortáveis, recortar a proteção e

aparar as imperfeições. O saco deve ser colocado debaixo para cima. O processo é muito

similar para sistemas de duas peças, no entanto primeiramente coloca-se a placa e somente

depois o saco coletor [66].

1.7. Alimentação

Salvo restrições alimentares anteriores à cirurgia, ao doente ostomizado não é imposta

qualquer restrição ou dieta, podendo e devendo, este, fazer uma alimentação variada e

equilibrada, de modo a evitar deficiências nutricionais e carências vitamínicas. O doente

ostomizado deve, gradualmente, introduzir, no seu plano alimentar, os alimentos que

costumava comer, bem como novos, a fim de monitorizar qual o efeito que cada alimento tem

sob o funcionamento do seu estoma [52,67].

Para doentes ileostomizados e colostomizados é recomendável a ingestão de pelo

menos 1,5L a 2,0L de água, por dia, uma vez que existe um risco potenciado de desidratação

como consequência das alterações a nível da absorção de água. No caso de doentes

portadores de uma urostomia estes devem ingerir cerca de 3L de água por dia [52,67].

Nas primeiras 6 a 8 semanas após a cirurgia, é essencial que o doente mantenha uma

dieta pouco fibrosa, sobretudo doentes portadores de uma ileostomia sob pena de ocorrer

obstrução do íleo [52,67].

Doentes portadores de uma urostomia devem consumir, preferencialmente, alimentos

ácidos, de modo a manter a acidez da urina e evitar a sua alcalinização, uma vez que uma

urina com pH alcalino pode potenciar, infeções, a formação de cristais e libertação de odor

[52,67].

Os doentes portadores de ostomias devem mastigar muito bem os alimentos, comer

devagar, com frequência e pouca quantidade em cada refeição [52,67].

O doente deve conhecer quais os alimentos que alteram a consistência das fezes, que

exacerbam o odor dos efluentes, que promovem a obstrução do estoma e que alteram a cor

dos produtos excretados (Anexo V) para que, assim, seja possível que este elabore o seu

plano alimentar com base nos efeitos que um determinado alimento poderá ter sob a sua

qualidade de vida [52,67].

1.8. Odor e Produção de Gases

Uma das principais preocupações dos doentes portadores de ostomias é o odor, no

entanto, atualmente, os sacos existentes têm um filtro de carvão que permite um maior controlo

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

34

do mesmo. O doente pode também, controlar o odor através da alimentação, evitando

determinados alimentos que intensificam o odor e consumindo outros que ajudem a reduzi-lo

(Anexo V) [52,67].

A produção de gases constitui também um motivo de constrangimento para muitos

doentes. Estes podem ter origem no ar que o indivíduo engole ou no consumo de alguns

alimentos que, por isso, podem evitar-se para que seja possível controlar esta situação (Anexo

V)[52,67]. É importante fazer refeições pequenas entre as principais visto que o jejum

prolongado potencia a produção de gases [52,67].

1.9. Diarreia

A diarreia é uma afeção bastante frequente e associada, principalmente, a casos de

ileostomia e colostomia ascendente, que requer alguns cuidados visto que pode potenciar

situações de desidratação. Deste modo, torna-se importante que estes doentes ingiram

bastantes líquidos e adaptem a sua alimentação, consumindo alimentos que permitam

aumentar a consistência das fezes. Alimentos com elevado teor de açúcar devem ser evitados

visto agravarem casos de diarreia (Anexo V) [52,67].

1.10. Obstipação

A obstipação é uma afeção pouco frequente mas que pode ocorrer principalmente em

doentes colostomizados. Nesse caso, o doente deve beber mais líquidos e, gradualmente,

inserir na sua dieta alimentos ricos em fibra (Anexo V). O doente pode recorrer a um laxante

mas, apenas, após consultar o médico [52,67].

1.11. Medicamentos

As pessoas portadoras de ostomias devem ter um cuidado acrescido face à medicação

que tomam, quer pontualmente quer cronicamente, visto que a absorção dos medicamentos se

encontra alterada. O médico e o farmacêutico devem privilegiar o recurso a formas

farmacêuticas de rápida dissolução ou medicamentos de libertação modificada, em detrimento

de medicamentos de libertação controlada sob pena de não serem totalmente absorvidos antes

de serem excretados [52,68].

Os doentes ileostomizados são os mais propensos a manifestar alterações

farmacocinéticas uma vez que uma grande maioria dos medicamentos é absorvida no intestino

delgado. Deste modo, esses doentes carecem de uma maior atenção [52,68].

Doentes do sexo feminino devem optar por outro método contracetivo que não a pílula,

por uma questão de segurança e precaução, ou, utilizar sempre um método barreira em

combinação com o anticoncecional oral [52,68].

É essencial ter em consideração que o consumo de determinados grupos de

medicamentos poderá ter impacto na motilidade intestinal, provocar alteração da cor das fezes

e urina, originar desequilíbrio eletrolítico e perturbar o funcionamento do estoma (Anexo VI)

[52,68].

Os antibióticos devem ser administrados, cuidadosamente, em doentes ileostomizados

e colostomizados visto poderem provocar diarreia e, consequentemente, levar à desidratação.

Page 45: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

35

Em acréscimo, os antibióticos, assim como outras classes de medicamentos, como

corticosteroides e imunossupressores, poderão potenciar o surgimento de infeções fúngicas

secundárias ao redor do estoma como consequência da modificação da flora normal e

compromisso do sistema imunitário [52,68].

Os antiácidos são também um grupo terapêutico que inspira alguma atenção e que

devem ser escolhidos em função da ostomia. Assim, devem evitar-se antiácidos com magnésio

nas ileostomias e colostomias, sob pena de provocar diarreia, antiácidos com alumínio nas

ileostomias, visto poder ocorrer prisão de ventre e antiácidos com cálcio uma vez que podem

levar à formação de cristais [52,68].

Os anti-inflamatórios não esteroides, antiagregantes plaquetares e anticoagulantes

podem provocar hemorragia interna, pelo que o recurso a este tipo de classes medicamentosas

deve ser feito apenas quando necessário e sempre sob monitorização [52,68].

Os diuréticos podem originar desequilíbrio eletrolítico e, por conseguinte, desidratação,

logo, a toma deste tipo de medicamentos, principalmente, em doentes ileostomizados e

urostomizados deve ser feita com precaução [52,68].

O farmacêutico deverá avaliar, de modo individualizado, a situação de cada doente de

modo a prestar-lhe um aconselhamento direcionado e personalizado.

1.12. Qualidade de vida

É importante existir por parte dos cuidadores, profissionais de saúde e familiares um

acompanhamento próximo da pessoa ostomizada pois a maioria não aceita facilmente as

mudanças que uma ostomia acarreta para a sua vida. Deve existir um trabalho multidisciplinar

e uma reeducação do ostomizado uma vez que este pode viver com qualidade e, desde que

com os devidos cuidados, executar as suas tarefas diárias e aquelas que lhe dão maior prazer.

É indispensável adquirir alguns cuidados para que a pessoa ostomizada possa retornar

às suas atividades sem receios ou complexos, considerações simples como ter consigo uma

pequena mala com produtos de higiene, um sistema para troca ou uma muda de roupa interior.

O doente deve também ter consigo a declaração que atesta a sua condição de portador de

uma ostomia [52].

1.12.1.Desporto

Manter as atividades desportivas e de lazer é importante, os doentes ostomizados

podem e devem praticar desporto, evitando os desportos mais violentos e de contacto, como

box ou luta livre, sob pena de ocorrer danificação do saco [52].

1.12.2. Vida sexual

Deve existir cumplicidade entre o casal para que rapidamente ambos se adaptem à

nova realidade. Não há qualquer problema para a pessoa portadora de ostomias em ter o saco

colocado durante as relações, no entanto esta pode, através da técnica de irrigação, que

consiste numa técnica de limpeza mecânica que visa o movimento normal do cólon, alcançar

um maior controlo sob a saída dos efluentes e dispensar o uso de saco durante as relações

[52].

Page 46: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

36

Núm

ero

de c

ola

bora

do

res

2. Enquadramento prático

Após expor à equipa da FB a minha vontade de realizar uma formação interna e de,

junto desta, discutir qual a temática que mais sentido faria abordar, prontamente, concluímos

que ostomias seria o mote da formação. O tema surgiu da necessidade de informação nesta

área uma vez que é um tema pouco explorado mas muito relevante por existirem muitas

dúvidas por parte da população relativamente à temática e, também, porque na farmácia são

levantados os acessórios para ostomizados o que acresce em nós, a responsabilidade de,

enquanto profissionais de saúde, saber dar resposta às inquietações da comunidade. O facto

de existir um doente ostomizado que mensalmente se dirige à farmácia para levantar os seus

acessórios reforçou a necessidade de desenvolver o tema em questão.

3.Objetivo e Método

Com a realização da formação pretendia sensibilizar a equipa da FB para o tema,

disponibilizar-lhes ferramentas para melhor saberem responder às necessidades dos

ostomizados e cuidadores e mostrar-lhes a importância do farmacêutico neste âmbito. Em

simultâneo, a implementação deste projeto tinha como foco o doente ostomizado pois uma

equipa informada e atualizada consegue prestar o melhor aconselhamento e auxílio à

população.

Elaborei uma apresentação (Anexo VII) no Canva de modo a transmitir a informação,

que considerei ser necessária e relevante, de uma forma lúdica, criativa e pedagógica.

Organizei, também, um pequeno manual (Anexo VIII), com considerações sobre o tema que foi

impresso e colocado num sítio de fácil e rápido acesso para que, em caso de necessidade, os

colaboradores da farmácia pudessem consultar o documento e esclarecer eventuais dúvidas. A

formação foi ministrada por turnos, de 30 minutos cada, para que o funcionamento da farmácia

não fosse perturbado e para que todos os colaboradores tivessem acesso à mesma.

4. Resultado

Considero que o projeto implementado teve um impacto positivo na equipa, afirmação

que sustento com base nos resultados obtidos após preenchimento de um inquérito de

satisfação (Anexo IX). Recebi um bom feedback por parte dos colaboradores da farmácia quer

relativamente à formação, conteúdo e modo como estava organizada, quer relativamente à

relevância do tema, como é possível verificar pela Figura 1.

.

Conteúdo e Organização da Formação

Relevância da Formação

Impacto da Formação

Conteúdo e Organização do Manual

Conteúdos avaliados no inquérito de Satisfação

Figura 1: Resultados do Inquérito de Satisfação.

Pertinência da Temática

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

37

5.Conclusão

Após dialogar com a equipa sobre a formação ministrada e perceber qual o impacto

que esta teve para os colaboradores, concluo que a implementação deste projeto se revelou

uma mais-valia para a farmácia e, futuramente, se revelará um fator diferenciador para os

utentes, uma vez que uma equipa informada e com o conhecimento necessário pode

aconselhar e auxiliar o doente ostomizado ou cuidadores, prestando-lhes um atendimento mais

cuidado e personalizado. Apercebi-me que, de facto, esta temática é pouco abordada em FC,

pelo que a aquisição de conhecimento, sobre o tema, era uma necessidade da farmácia.

Conclusão Após uma introspeção e reflexão acerca do meu estágio, considero que este constituiu

uma excelente oportunidade de aprendizagem na medida em que me permitiu adquirir e

desenvolver novos conhecimentos bem como colocar em prática os já adquiridos. Reconheço

que este estágio me ajudou a combater e ultrapassar as minhas inseguranças pois sinto que

evolui bastante. Estou agora mais segura e confiante e, também, mais atenta e responsável

para enfrentar situações futuras. O facto de integrar uma equipa e assumir responsabilidades,

despertou em mim uma maior consciência para o que me rodeia e para o impacto que,

enquanto farmacêutica, posso ter na vida do outro.

Durante o estágio pude colocar em prática os conhecimentos assimilados na faculdade

mas, sobretudo, adquirir novos, não explorados durante o meu percurso académico e

igualmente importantes para o exercício da profissão farmacêutica, como noções de gestão e

comunicação. Pude aperceber-me do quão bom, mas também árduo é trabalhar em equipa e

respeitar a opinião e atos dos colegas de profissão. Uma boa comunicação é sem dúvida a

chave do sucesso, e esta deve existir não unicamente entre o farmacêutico e o utente mas,

também, e principalmente, entre colegas de trabalho. Ter a oportunidade de pensar e

desenvolver projetos úteis para a farmácia e para o utente foi desafiante, no entanto, saber que

um projeto por mim implementado pode impactar, em certa medida, e positivamente, a vida de

alguém é deveras muito gratificante. O maior desafio que enfrentei foi o atendimento ao público

pois apesar de me considerar uma pessoa comunicativa, ter a missão de garantir que o utente

compreende a informação que lhe é transmitida e adere à terapêutica nem sempre é fácil.

Em suma, considero o que o estágio teve um impacto positivo, na minha formação, e

que me moldou não só enquanto futuro farmacêutica, mas, também, pessoalmente. Neste

momento, posso afirmar que tenho um léxico de conhecimentos mais diverso e rico e que este

período constituiu o primeiro passo de um longo caminho que se avizinha.

Referências Bibliográficas [1] Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, Regime jurídico das farmácias de oficina, Diário

da República, 1.ª série, n.º 168, 2007, 6083 - 6091. Disponível em: https://dre.pt/home/-

/dre/641148/details/maximized (acedido a 5 de março de 2021).

[2]H.Coelho, et al. Boas Práticas Farmacêuticas para a farmácia comunitária. 3ª Edição, 2009.

Page 48: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

38

[3]Infarmed. Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde. 2015. [online]

Disponível em: https://www.infarmed.pt/documents/15786/17838/Normas_Dispensa/4c1aea02-

a266-4176-b3ee-a2983bdfe790 (acedido a 20 de março de 2021).

[4]Decreto-Lei n.º 25/2011, de 16 de junho, Estabelece a obrigatoriedade da indicação do preço

de venda ao público (PVP) na rotulagem dos medicamentos, Diário da República, 1ª série, nº

115, 2011. Disponível em: https://dre.pt/pesquisa/-/search/670005/details/maximized (acedido a

25 de março de 2021).

[5]Decreto-Lei n.º 97/2015, de 1 de junho, Cria o Sistema Nacional de Avaliação de

Tecnologias de Saúde, Diário da República, 1ª série, nº105, 2015, 3453-3464.Disponível

em:https://dre.pt/home/-/dre/67356991/details/maximized?p_auth=2jnk7Nkz (acedido a 25 de

março de 2021).

[6]ACSS-Administração Central do Sistema de Saúde I.P,. Manual de Relacionamento das

Farmácias com o Centro de Conferência de Faturas do SNS. 2015. [online] Disponível em:

https://ccmsns.min-saude.pt/wp-content/uploads/2019/03/Manual-de-Relacionamento-de-

Farm%C3%A1cias_v1.16.pdf (acedido a 7 de abril de 2021).

[7]Portaria n.º 223/2015, de 27 de julho, Regula o procedimento de pagamento da

comparticipação do Estado no preço de venda ao público (PVP) dos medicamentos

dispensados a beneficiários do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Diário da República, 1ª

série, nº144, 2015, 5034-5037.Disponível em: https://dre.pt/home/-

/dre/69879390/details/maximized (acedido a 8 de abril de 2021).

[8]Decreto-Lei nº. 176/2006, de 30 de agosto, Estatuto do Medicamento, Diário da República,

1ª série, nº167, 2006,6297-6320. Disponível em: https://dre.pt/pesquisa/-

/search/540387/details/maximized (acedido a 15 de abril de 2021).

[9]Decreto-Lei N.º 15/93, de 22 de janeiro, Legislação de combate à droga, Diário da República,

1ª série, nº18,1993,234-243. Disponível em: https://dre.pt/pesquisa/-

/search/585178/details/maximized (acedido a 20 de abril de 2021).

[10]Decreto-Lei n.º 11/2012, de 8 de março, Estabelece as novas regras de prescrição e

dispensa de medicamento, Diário da República, 1ªsérie, nº49, 2012,978-979. Disponível em:

https://dre.pt/pesquisa/-/search/542271/details/maximized (acedido a 21 de abril de 2021).

[11]INFARMED. Regimes excepcionais de comparticipação. 2021. [online] Disponível em:

http://www.infarmed.pt – (acedido a 3 de maio de 2021).

[12] Serviço Nacional de Saúde. Regime de comparticipação de medicamentos.2021. [online]

Disponível em: https://www.infarmed.pt/documents/15786/1072289/106-C_DL_129_2005.pdf

(acedido a 5 de maio de 2021).

[13] Decreto-Lei n.º 48-A/2010 de 13 de maio, Regime geral das comparticipações do Estado

no preço dos medicamentos, Diário da República eletrónico,1ª série, nº93,2010, 1654(2)-

1654(15). Disponível em: https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-/search/227779/details/maximized

(acedido a 8 de maio de 2021).

Page 49: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

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[14]INFARMED. Comparticipação de dispositivos médicos. 2021. [online] Disponível em:

https://dre.pt/web/guest/legislacaoconsolidada//lc/115165180/201804260400/73532343/diploma

/indice - (acedido a 9 de maio de 2021).

[15]Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de abril, Regula a prescrição e a preparação de

medicamentos manipulados, Diário da República, 1ªsérie, nº95,2004,2439-2441. Disponível

em: https://dre.pt/pesquisa/-/search/223251/details/maximized (acedido a 15 de maio de 2021).

[16]Portaria nº 594/2004, de 2 de junho, Boas práticas a observar na preparação de

medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar, Diário da República, 1ª série-

B, nº129, 2004. Disponível em: https://dre.pt/pesquisa/-/search/261875/details/maximized

(acedido a 28 de maio de 2021).

[17]Decreto-Lei nº 314/2009, de 28 de outubro, Diário da República, 1.ª série, nº209, 2009,

8106-8120. Disponível em: https://dre.pt/home/-/dre/483106/details/maximized (acedido a 1 de

junho de 2021).

[18]Decreto-Lei n.º 118/2015, de 23 junho, Diário da República, 1ªsérie, nº120,2015,4389.-

4394.Disponível em: https://dre.pt/home/-/dre/67541745/details/maximized (acedido a 5 de

junho de 2021).

[19]Decreto-Lei n.º 136/2003, de 28 de junho, Diário da República, 1ªsérie-A,nº147,2003,3724-

3728.Disponível em: https://dre.pt/pesquisa/-/search/693251/details/maximized (acedido 11 de

junho de 2021).

[20]Decreto-Lei n.º 189/2008, de 24 de setembro, Estabelece o regime jurídico dos produtos

cosméticos e de higiene corporal ,Diário da República, 1ª série, nº185,2008,6826-6840.

Disponível em: https://dre.pt/pesquisa/-/search/452215/details/maximized (acedido a 15 de

junho de 2021).

[21]Decreto-Lei n.º 10/2007, de 18 de janeiro, Diário da República, 1ªsérie, nº13, 2007,447-

448.Disponível em: https://dre.pt/home/-/dre/522805/details/maximized (acedido a 25 de junho

de 2021).

[22]Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de junho, Estabelece as regras a que devem obedecer a

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nº115,2009,3707-3740. Disponível em: https://dre.pt/pesquisa/-

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[23]INFARMED. Máscaras Cirúrgicas-Dispositivos Médicos (DM) versus Aparelhos de Proteção

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em: https://www.infarmed.pt/documents/15786/3584301/M%C3%A1scaras+Cir%C3%

BArgicasDispositivos+M%C3%A9dicos+%28DM%29+versus+Aparelhos+de+Prote%C3%A

7%C3%A3o+Respirat%C3%B3ria+Filtrantes+-

+Equipamentos+de+Prote%C3%A7%C3%A3o+Individual+%28EPI%29/733267cf46d3-c102-

bc19-bb5e1b6048a0 (acedido a 1 de julho de 2021).

[24]VALORMED. Quem somos. 2021. [online] Disponível em:

http://www.valormed.pt/paginas/2/quem-somos/ (acedido a 2 de julho de 2021).

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[25]VALORMED. Processo. 2021. [online] Disponível em:

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[28]SNS24. Transmissão. 2021. [online] Disponível em:

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janeiro de 2021).

[29]FDA. Coronavirus Disease 2019 Testing Basics. 2021. [online] Disponível em:

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[30]Seah, I., Su, X., & Lingam, G. Revisiting the dangers of the coronavirus in the

ophthalmology practice. 2020.

[31]Chang, M. C., Hur, J., & Park, D. Interpreting the COVID-19 test results: a guide for

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[32]National Collaborating Center for Infectious Diseases. Understanding RT-PCR Tests and

Results. 2021. [online] Disponível em: https://nccid.ca/publications/understanding-rt-pcr-tests-

and-results (acedido a 18 de janeiro de 2021).

[33]Cleveland Clinic. COVID-19 and PCR Testing. 2021. [online] Disponível em:

https://my.clevelandclinic.org/health/diagnostics/21462-covid-19-and-pcr-testing (acedido a 19

de janeiro de 2021).

[34]CDC. Test for current infection. 2021. [online] Disponível em:

https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/testing/diagnostic-testing.html (acedido a 20 de

janeiro de 2021).

[35]Biogen. Fundamento do Teste. 2020. [online] Disponível em: https://www.biogen.es/pt/kits-

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test-sd-biosensor.html (acedido a 21 de janeiro de 2021).

[36] Jacofsky, D., Jacofsky, E. M., & Jacofsky, M. Understanding antibody testing for COVID-

19. The Journal of arthroplasty. 2020; 35(7), S74-S81.

[37]Biogen. Fundamento do Teste. 2020. [online] Disponível em: https://www.biogen.es/pt/kits-

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tests.html (acedido a 22 de janeiro de 2021).

[38]CDC. Testing Overview. 2021. [online] Disponível em:

https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/testing-overview.html (acedido a 25 de janeiro

de 2021).

[39]Hackensack Meridian Health. Exposed to Covid-19? Here’s when to get testes. 2020.

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https://www.hackensackmeridianhealth.org/HealthU/2020/12/03/exposed-to-covid-heres-when-

to-get-tested/ (acedido a 26 de janeiro de 2021).

Page 51: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

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[40]SNS24. Prevenção dos Viajantes. 2021. [online] Disponível em:

https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/covid-19/prevencao/prevencao-dos-

viajantes/#sec-0 (acedido a 21 de janeiro de 2021).

[41]ANA. Perguntas Frequentes. 2021. [online] Disponível em:

https://www.ana.pt/pt/institucional/a-ana/perguntas-frequentes (acedido a 22 de janeiro de

2021).

[42]SNS 24. Medidas Preventivas. 2021. [online] Disponível em:

https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/covid-19/prevencao/medidas-preventivas/

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[43]CDC. Prevention. 2020. [online] Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-

ncov/prevent-getting-sick/prevention.html (acedido a 24 de janeiro de 2021).

[44]Damiani, G., Gironi, L.C., Grada, A., et al. COVID-19 related masks increase severity of

both acne (maskne) and rosacea (mask rosacea): Multi-center, real-life, telemedical, and

observational prospective study. Dermatologic Therapy. 2021; 34:e14848.

[45]BIODERMA. Mascne. 2021. [online] Disponível em: https://www.bioderma.pt/sua-pele/pele-

mista-oleosa-acneica/mascne-borbulhas-por-baixo-da-sua-mascara-encontre-aqui-algumas-

informacoes (acedido a 15 de fevereiro de 2021).

[46]Gomolin, T., Cline A., Russo M. Maskne: Exacerbation or Eruption of Acne During the

COVID-19 Pandemic. 2020.

[47]Byrd, A. L., Belkaid, Y., & Segre, J. A. The human skin microbiome. Nature Reviews

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mascne/vmag82765.aspx (acedido a 20 de fevereiro de 2021).

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[56]Convatec. Colostomia. 2021. [online] Disponível em:

https://www.convatec.pt/ostomia/antes-da-cirurgia/informa%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-

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[57]Direção Geral da Saúde, Norma n.º 015/2016 de 28/10/2016.Indicações Clínicas e

Intervenção nas Ostomias de Eliminação Intestinal em Idade Pediátrica e no Adulto. Disponível

em: http://www.arsnorte.min-saude.pt/wp-content/uploads/sites/3/2017/12/Norma_015-

2016_Ostomizados.pdf (Acedido a 17 de junho de 2021).

[58]Direção Geral da Saúde, Norma n.º 012/2016 de 28/10/2016. Indicações Clínicas e

Intervenção nas Ostomias de Eliminação Urinária em Idade Pediátrica e no Adulto. Disponível

em: http://www.arsnorte.min-saude.pt/wp-content/uploads/sites/3/2017/12/Norma_012-

2016_Ostomizados.pdf (acedido a 17 de junho de 2021).

[59]Convatec. Cirurgia de Urostomia. 2021. [online] Disponível em:

https://www.convatec.pt/ostomia/antes-da-cirurgia/informa%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-

cirurgia/urostomia/ (acedido a 17 de junho de 2021).

[60]Direção Geral de Saúde, Norma nº011/2016 de 28/18/2016. Indicações Clínicas e

Intervenção nas Ostomias Respiratórias em Idade Pediátrica e no Adulto. Disponível em:

Indicacoes-Clinicas-e-Intervencao-nas-Ostomias-Respiratorias-em-Idade-Pediatrica-e-no-

Adulto.pdf (min-saude.pt) (acedido a 5 de junho de 2021).

[61]NHS. Overview Tracheostomy. 2019. [online] Disponível em:

https://www.nhs.uk/conditions/tracheostomy/ (acedido a 6 de junho de 2021).

[62]Butler, D.L. Early postoperative complications following ostomy surgery: a review. Journal of

Wound Ostomy & Continence Nursing.2009; 36: 513-519.

[63]Rolstand, B.S., et al. Peristomal skin complications: prevention and management. Ostomy

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[64]Convatec. O que é um saco coletor para ostomia. 2021. Disponível em:

https://www.convatec.pt/ostomia/informa%C3%A7%C3%B5es-sobre-os-dispositivos/o-que-

%C3%A9-um-saco-coletor-para-ostomia/ (acedido a 17 de junho de 2021).

[65]Portaria n.º 92-E/2017, de 3 de março, Estabelece o regime de comparticipação do Estado

no preço de dispositivos médicos para apoio a doentes com incontinência ou retenção urinária,

destinados a beneficiários do Serviço Nacional de Saúde, Diário da República, n.º 45,

1ªsérie,2017, 1192-(4)- 1192-(8). Disponível em: https://dre.pt/application/file/a/106551520

(acedido a 1 de julho 2021).

[66] Alvey, B., & Beck, D. Peristomal Dermatology. Clinics in Colon and Rectal Surgery. 2008;

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[67]AHC. Eating Well after Ostomy Surgery. 2013. [online] Disponível em:

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Page 53: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

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[68] Atkins, R. Medications and the Ostomate. The Consultant Pharmacist. 2015. 30(7), 407–

412.

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ANEXOS

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Anexo I- Panfleto Informativo “Testes à Covid-19” (Versão Portuguesa)

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Anexo I- Panfleto Informativo “Testes à Covid-19” (Versão Inglesa)

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Anexo I- QRcode para acesso ao panfleto informativo “Testes à Covid-19”

Versão inglesa Versão Portuguesa

Anexo II- Efeito da alimentação sob a mascne

Alimentos que potenciam episódios de

mascne

Alimentos benéficos

Farinha branca, alimentos fritos, leite, queijo,

carnes vermelhas

Salmão, pescada, alho, sementes de girassol,

frango, ovos, abóbora, batata doce, limão,

laranja, nozes, frutos vermelhos, espinafres

Anexo III- Panfleto Informativo “Mascne: Verdade ou Mito?” (Versão Portuguesa)

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Anexo III- Panfleto Informativo “Mascne: Verdade ou Mito?” (Versão Inglesa)

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Anexo III- QRcode para acesso ao panfleto informativo “Mascne: Verdade ou Mito?”

QRcode Versão Portuguesa QRcode Versão Inglesa

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Anexo IV- Vídeo Informativo e Promocional “Mascne: Verdade ou Mito”

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Anexo V- Dieta do Ostomizado

Alimentos que promovem a produção de gases

Feijão, soja, pepino, laticínios, frutos secos, cebola, rabanete, couve flor, bebidas alcoólicas, bebidas com gás

Alimentos que intensificam o odor

Espargos, brócolos, couve, azeite, alho, cebola, ovos, peixe, manteiga de amendoim, queijos forte

Alimentos que controlam o odor

Natas, Sumo de arando, sumo de laranja, iogurte, molho de tomate

Alimentos que controlam a diarreia

Sumo de maçã, banana, arroz cozido, manteiga de amendoim, tapioca, pão torrado

Alimentos que promovem obstrução do estoma

Cogumelos, milho, uvas, pipocas, ananás, nozes

Alimentos que aliviam a obstipação

Café, fruta, legumes cozidos, líquidos

Alimentos que conferem coloração vermelha ao

estoma

Morangos, beterraba, molho de tomate

Alimentos Acidificantes Carnes, queijo, pão e cereais, bolachas, ovos, frutos secos, massa, arroz, peixe, arando, ameixas desidratas

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra

55

Anexo VI- Medicamentos no Ostomizado

Anexo VII- Formação Interna sobre Ostomias

Fármaco Efeito

Anticolinérgicos Diminuição da atividade peristáltica intestinal.

Associados a situações de obstipação.

Analgésicos Diminuição da motilidade intestinal. Associados a

situações de obstipação.

Antiácidos Alcalinização da urina e possível formação de cristais

nos doentes com urostomia. Diarreia osmótica,

obstipação, litíase cálcica.

Diuréticos Variação do volume de urina. Desequilíbrio

eletrolítico. Desidratação.

Laxantes e antidiarreicos Aumento do risco de desidratação e desequilíbrio

eletrolítico.

Suplementos de ferro

Carvão Ativado

Nitrofurantoína

Doxorrubicina

Promovem a alteração da cor das fezes e urina.

Suplementos de ferro (verde escuro)

Carvão ativado (pretas)

Nitrofurantoína (urina castanha)

Doxorrubicina (urina vermelha)

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Anexo VIII- Manual de cuidados e conselhos para a pessoa portadora de Ostomia

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Anexo IX- Inquérito de Satisfação sobre a Formação Interna

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2020-2021

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

Ana Carolina Santos Félix

2020-2021

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

II

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes

e Alto Douro

maio a junho de 2021

Ana Carolina Santos Félix

Maria Manuel Fernandes Graça e Saraiva Rodrigues

Orientadora: Dra. Almerinda Alves

agosto de 2021

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

III

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é da minha autoria e não foi utilizado previamente nou-

tro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores

(afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e en-

contram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as

normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui

um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 25 de agosto de 2021

Ana Carolina Santos Félix

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

IV

Agradecimentos

Um agradecimento à equipa do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro por

tão bem me ter recebido e por sempre se ter preocupado em integrar-me e envolver-me nas

tarefas diárias por eles executadas. Um agradecimento especial à Drª Almerinda pela partilha

de conhecimentos e pelo exímio trabalho, cuidado e atenção que durante o estágio teve para

comigo. Um obrigada à Drª Ana Sofia, Drª Cláudia, Drª Suzanne, Drª Cecília e Drª Rita pelos

ensinamentos transmitidos e pela preocupação em envolver-me nas suas atividades quotidia-

nas.

Um agradecimento à minha colega e amiga Maria, a minha companheira de estágio,

pelo companheirismo, ajuda e boa disposição. Sem dúvida que partilhar esta experiência conti-

go a tornou mais especial.

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

V

Resumo O nosso Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar decorreu nos Serviços

Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) - Unidade de

Vila Real, com início no dia 1 de maio de 2021 e términus a 30 de junho do mesmo ano. Serve

o presente relatório para descrever todas as atividades farmacêuticas observadas e desenvol-

vidas ao longo dos 2 meses de estágio.

Durante o estágio foi-nos dada a possibilidade de integrar uma equipa multidisciplinar

e, com o auxílio dos vários profissionais, perceber qual a aplicabilidade dos conhecimentos

obtidos na faculdade e, ainda, adquirir outros. Tivemos oportunidade de acompanhar e realizar,

sempre sob supervisão, todas as atividades inerentes à profissão do farmacêutico hospitalar,

como: a dispensa da medicação em ambulatório; validação de prescrições médicas; prepara-

ção de medicação destinada a doentes oncológicos; reposição de medicação sujeita a controlo

especial, entre outras. Em suma, existiu sempre, por parte dos profissionais de saúde que nos

monitorizaram, uma intencionalidade de nos colocarem nas suas posições, para que adquirís-

semos ferramentas para o nosso futuro profissional.

De referir que este estágio tornou possível a assimilação de técnicas de gestão no âm-

bito da Farmácia Hospitalar e mostrou a importância de uma boa comunicação e veiculação da

informação no seio de uma equipa.

Para além dos conhecimentos técnicos e científicos adquiridos junto dos Técnicos Su-

periores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) e do Farmacêutico Hospitalar, foram-nos expli-

cadas as várias particularidades dos serviços farmacêuticos por parte dos Assistentes Opera-

cionais (AO), o que se revelou importante para a compreensão do ciclo do medicamento e das

funções dos vários profissionais envolvidos.

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

VI

Índice

Declaração de Integridade ........................................................................................................... III

Agradecimentos............................................................................................................................ IV

Resumo ......................................................................................................................................... V

Índice ............................................................................................................................................ VI

Lista de Acrónimos ..................................................................................................................... VIII

Introdução ...................................................................................................................................... 1

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro ...................................................................... 1

1. Farmácia Hospitalar e Serviços Farmacêuticos do CHTMAD .................................................. 1

2. Código Hospitalar Nacional do Medicamento ........................................................................... 3

3. Ciclo dos Medicamentos e Produtos Farmacêuticos ................................................................ 3

3.1. Sistema de Gestão de Farmácia e de Armazém ............................................................... 3

3.2. Seleção e Aquisição de Medicamentos e Outros Produtos Farmacêuticos ...................... 3

3.3. Receção e Conferência de Medicamentos e Outros Produtos Farmacêuticos ................ 5

3.4. Armazenamento e Controlo dos Prazos de Validade ........................................................ 5

4. Produção e Controlo dos Medicamentos .................................................................................. 6

4.1. Preparação de Formas Farmacêuticas Não Estéreis ........................................................ 7

4.1.1. Doses Unitárias Sólidas- Reembalagem e Rotulagem ............................................... 7

4.1.2. Preparação de Medicamentos em Doses Individuais e Específicas .......................... 8

4.1.3. Medicamentos Manipulados ........................................................................................ 8

4.2. Preparação de Formas Farmacêuticas Estéreis ................................................................ 9

4.2.1. Preparação de Fármacos Citostáticos ........................................................................ 9

4.2.2. Nutrição Parentérica .................................................................................................. 12

4.3. Sistemas de Distribuição de Medicamentos .................................................................... 12

4.3.1. Distribuição Clássica ................................................................................................. 13

4.3.2. Distribuição Individual em Dose Unitária .................................................................. 13

4.3.3. Reposição de Stock por Níveis ................................................................................. 14

4.3.4. Distribuição Personalizada de Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial ou

Distribuição Individualizada ................................................................................................. 14

4.3.4.1. Benzodiazepinas, Estupefacientes e Psicotrópicos ............................................... 15

4.3.4.2. Hemoderivados ...................................................................................................... 15

4.3.4.3. Estimulantes da Hematopoiese.............................................................................. 15

4.3.4.4. Medicamentos Extra-Formulário ............................................................................ 16

4.3.5. Distribuição em Regime de Ambulatório ................................................................... 16

5. Ensaios Clínicos ...................................................................................................................... 17

6. Erros de Medicação ................................................................................................................ 18

Page 93: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

VII

7. Pedidos de Informação ........................................................................................................... 19

8. Emergência Hospitalar ............................................................................................................ 20

9. Atividades Complementares ................................................................................................... 21

Conclusão .................................................................................................................................... 22

Bibliografia ................................................................................................................................... 22

ANEXOS ...................................................................................................................................... 26

Anexo I .................................................................................................................................... 27

Anexo II ................................................................................................................................... 27

Anexo III .................................................................................................................................. 28

Anexo IV .................................................................................................................................. 28

Anexo V ................................................................................................................................... 29

Anexo VI .................................................................................................................................. 29

Anexo VII ................................................................................................................................. 30

Anexo VIII ................................................................................................................................ 30

Anexo IX .................................................................................................................................. 31

Anexo X ................................................................................................................................... 31

Anexo XI .................................................................................................................................. 32

Anexo XII ................................................................................................................................. 32

Anexo XIII ................................................................................................................................ 33

Anexo XIV ................................................................................................................................ 33

Anexo XV ................................................................................................................................. 34

Anexo XVI ................................................................................................................................ 35

Anexo XVII ............................................................................................................................... 36

Anexo XVIII .............................................................................................................................. 37

Anexo XIX ................................................................................................................................ 37

Page 94: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

VIII

Lista de Acrónimos

AEX- Autorização de Utilização Excecional

AIM- Autorização de Introdução no Mercado

AIP- Autorização de Importação Paralela

AO- Assistentes Operacionais

ARS- Administração Regional de Saúde

AT- Assistentes Técnicos

AUE- Autorização de Utilização Especial

AVAC- Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado

CA- Conselho de Administração

CAUL- Certificado de Autorização de Utilização do Lote

CEC- Comissão de Ética Competente

CEIC- Comissão de Ética para a Investigação Clínica

CFL-SB- Câmara de Fluxo Laminar de Segurança Biológica

CFT- Comissão de Farmácia e Terapêutica

CHNM- Código Hospitalar Nacional do Medicamento

CHTMAD- Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

CIM- Centro de Informação do Medicamento

CNFT- Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica

DCI- Denominação Comum Internacional

DIDU- Distribuição Individual em Dose Unitária

DT- Diretora Técnica

EMA- Agência Europeia do Medicamento

EPI- Equipamento de Proteção Individual

FEFO- “First Expired First Out”

FFP-“Filtering Facepiece”

FHNM- Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos

FIFO- “First In First Out “

GHAF- Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

HEPA- “High Efficiency Particle Air”

INCM- Imprensa Nacional da Casa da Moeda

INFARMED- Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

ISO- “International Standard Organization”

IVRS- “Interactive Voice Response System”

IWRS- “Interactive Web Response System”

LASA- “Look-Alike-Sound-Alike”

ME- Medicamento Experimental

PE- Ponto de Encomenda

Page 95: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

IX

PPCIRA- Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência a Antimi-

crobianos

PV- Prazo de Validade

RCM- Resumo das Caraterísticas do Medicamento

SCQ- Sistema de Controlo de Qualidade

SFH- Serviços Farmacêuticos Hospitalares

SNS- Serviço Nacional de Saúde

TSDT- Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica

UCIC- Unidade de Cuidados Intensivos Coronários

UCIP- Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes

UCPC- Unidade Centralizada de Preparação de Citotóxicos

Page 96: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

1

Introdução Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares (SFH) constituem uma estrutura fundamental

dos cuidados de saúde e são imprescindíveis no funcionamento de qualquer Hospital, uma vez

que são eles que garantem a medicação apropriada a cada um dos doentes em regime de

internamento ou ambulatório.

O farmacêutico hospitalar é parte ativa e integrante de uma vasta equipa multidiscipli-

nar de profissionais de saúde que trabalha todos os dias para e em prol do doente. É o profis-

sional “especialista do medicamento” e, portanto, é responsável por supervisionar e atuar em

todas as etapas do circuito do medicamento. Para além disso, é também responsável por

transmitir toda a informação científica relativa ao medicamento e por promover o seu uso racio-

nal, para que seja assegurada a qualidade, segurança e eficácia do tratamento de cada doen-

te. A farmacovigilância da terapêutica de cada um dos doentes é uma outra área que está

igualmente a cargo do farmacêutico, juntamente com outros profissionais de saúde.

Resumindo, o farmacêutico desempenha um papel crucial e insubstituível, no que diz

respeito à prestação de cuidados de saúde ao doente, por todos os motivos supramenciona-

dos.

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

O CHTMAD é constituído atualmente por 4 Unidades Hospitalares, que se complemen-

tam para prestar cuidados de saúde de proximidade: o Hospital de S. Pedro, em Vila Real; o

Hospital de Proximidade de Lamego, em Lamego; o Hospital Distrital de Chaves, em Chaves e

a Unidade de Cuidados Paliativos em Vila Pouca de Aguiar [1,2]. Encontra-se inserido na Ad-

ministração Regional de Saúde (ARS) Norte, sendo que a sua área de abrangência inclui a

população de Tarouca, Tabuaço, São João da Pesqueira, Montalegre, Lamego, Chaves, Boti-

cas, Armamar, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Santa Marta de Penaguião, Sabrosa, Ribeira

de Pena, Peso da Régua, Murça, Mondim de Basto, Mesão Frio e Alijó, alcançando cerca de

300.000 habitantes. Para além de abranger estes municípios, para algumas valências, engloba

ainda a parte Norte do distrito de Vila Real, a parte Sul do distrito de Bragança, o Norte do dis-

trito de Viseu e a área Leste do distrito do Porto, servindo um total de cerca de 500.000 habi-

tantes [3,4]. Está inserido numa área de 120.000 m2 e inclui um edifício hospitalar monobloco

de 9 Pisos com mais 8 pavilhões complementares. Acresce, ainda, o Centro Oncológico, e a

nova Urgência Geral, Urgência Pediátrica, Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes (UCIP)

e Unidade de Cuidados Intensivos Coronários (UCIC). Estas últimas são construções relativa-

mente recentes que vieram melhorar os cuidados de saúde prestados à população [5].

O Conselho de Administração (CA) é o órgão máximo de gestão e supervisionamento

do CHTMAD, sendo constituído por uma presidente, uma diretora clínica, um enfermeiro diretor

e dois vogais executivos. Tem ainda o apoio de várias comissões de apoio técnico, de entre as

quais se destaca a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) [6,7].

1. Farmácia Hospitalar e Serviços Farmacêuticos do CHTMAD

Segundo o Decreto-Lei n.º 44 204, de 2 de fevereiro de 1962, a Farmácia Hospitalar é

caracterizada como: “conjunto de atividades farmacêuticas exercidas em organismos hospitala-

res ou serviços a eles ligados para colaborar nas funções de assistência que pertencem a es-

ses organismos e serviços e promover a ação de investigação científica e de ensino que lhes

Page 97: Ana Carolina Santos Félix

Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

2

couber” [8]. Os SFH são responsáveis por exercer as atividades de Farmácia Hospitalar, o que

inclui a gestão do medicamento- seleção, aquisição/preparação, verificação analítica, armaze-

namento e distribuição; gestão dos medicamentos experimentais; gestão de outros produtos

farmacêuticos (dipositivos médicos, reagentes); fornecimento de apoio técnico aos serviços

que dele careçam; promoção e apoio da investigação na área das ciências e da técnica farma-

cêutica; colaboração na preparação e aperfeiçoamento do pessoal destinado a estes serviços;

implementação e monitorização da política de medicamentos [8,9]. Os SFH têm ainda como

funções: a participação em Comissões Técnicas - CFT, Programa Nacional de Prevenção e

Controlo de Infeções e de Resistência a Antimicrobianos (PPCIRA), Comissão de Ética, entre

outras; a colaboração na realização de protocolos terapêuticos; a preparação da Nutrição Pa-

rentérica; a participação ativa em Ensaios Clínicos, Farmácia Clínica, Farmacocinética, Farma-

covigilância; a contribuição no fornecimento da informação sobre os medicamentos e outros

produtos de saúde e o desenvolvimento de ações de formação [9]. A principal missão dos SFH

consiste em dispensar o medicamento certo, na dose correta e garantir o cumprimento da

prescrição médica por parte do doente, em regime de ambulatório ou internamento, no sentido

de promover o uso racional do medicamento [10].

Em suma e de acordo com o Manual da Farmácia Hospitalar, os SFH são o serviço

que, nos Hospitais, prestam os cuidados farmacêuticos, assegurando a terapêutica medica-

mentosa aos doentes, bem como a qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos; inte-

gram as equipas de cuidados de saúde e promovem ações de investigação científica e de en-

sino [9]. A direção dos SFH terá de ser, impreterivelmente, assegurada por um farmacêutico

hospitalar, sendo que, no caso do CHTMAD, esse cargo é da responsabilidade da Dra. Alme-

rinda Alves [9].

Atualmente, os SFH da Unidade de Vila Real são constituídos por 9 Farmacêuticas, 8

TSDT, 3 Assistentes Técnicos (AT) e 5 AO, perfazendo um total de 25 profissionais.

O espaço físico dos SFH situa-se no 1º piso do edifício F, o que facilita o acesso ao ex-

terior para cargas e descargas dos fornecedores. A farmácia é composta por várias divisões:

sala de reuniões/sala de refeições; gabinetes destinados à chefe do serviço, aos farmacêuti-

cos, aos TSDT e aos administrativos; zona de vestiário; sala do Centro de Informação do Medi-

camento (CIM); área de ambulatório; laboratório; zona de reembalagem; área de distribuição;

armazém; zona de receção e conferência de encomendas; armazém de inflamáveis e armazém

de injetáveis de grande volume. Todas estas divisões estão fisicamente interligadas entre si, à

exceção do armazém de injetáveis de grande volume. Na parte exterior, encontra-se ainda uma

área reservada ao armazenamento de gases medicinais.

A Unidade Centralizada de Preparação de Citotóxicos (UCPC) encontra-se situada no

edifício H, edifício de Oncologia, para evitar o transporte de citotóxicos e, consequentemente,

evitar acidentes e atrasos desnecessários. Desta forma, a preparação dos citotóxicos é feita no

serviço de Oncologia e administrada imediatamente a seguir à sua preparação.

É importante salientar que os SFH do CHTMAD são certificados pela norma “Internati-

onal Standard Organization” (ISO) 9001:2008 desde 2010, tendo sido, entretanto, atualizada

para a norma ISO 9001:2015. Esta norma permite implementar um Sistema de Controlo de

Qualidade (SCQ) nos SFH, no sentido de melhorar e tornar mais eficaz a gestão de qualidade

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

3

dos medicamentos. Para isso, existe um Manual de Qualidade que explicita todos os princípios

e procedimentos que devem ser adotados, tendo em conta a norma anteriormente referida [11].

Os SFH da Unidade de Vila Real funcionam nos dias úteis das 9h às 19h, havendo

sempre um farmacêutico de prevenção das 19h à 00h, nesses mesmos dias. Aos Sábados,

Domingos e Feriados, o farmacêutico fica de prevenção das 9h à 00h.

2. Código Hospitalar Nacional do Medicamento

De acordo com a Portaria nº155/2007 de 31 de janeiro, o Código Hospitalar Nacional

do Medicamento (CHNM) é um sistema de codificação atribuído pela Autoridade Nacional do

Medicamento e Produtos de Saúde, I.P (INFARMED) a todos os medicamentos com Autoriza-

ção de Introdução no Mercado (AIM) ou com Autorização de Utilização Especial (AUE), Autori-

zação de Utilização Excecional (AEX) e Autorização de Importação Paralela (AIP) e que é dis-

ponibilizado aos Hospitais [12,13].

O CHNM surgiu da necessidade de uniformizar toda a informação relativa a todos os

medicamentos usados nos Hospitais e noutros serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Assim, os Hospitais conseguem aceder, de forma automática, a um conjunto de informações

relevantes para a prática da Farmácia Hospitalar. De referir que este sistema é aplicado obriga-

toriamente a todos os medicamentos usados no Hospital e noutros serviços do SNS [13].

3. Ciclo dos Medicamentos e Produtos Farmacêuticos

3.1. Sistema de Gestão de Farmácia e de Armazém

Os SFH do CHTMAD fazem a gestão dos medicamentos, informaticamente, através do

programa Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia (GHAF) marca da ST+I - Serviços Técni-

cos De Informática, Unipessoal, Lda. Cada colaborador dos SFH tem um código pessoal, bem

como uma palavra-passe que lhes garante o acesso a diferentes níveis do sistema, consoante

a classe profissional e funções desempenhadas nos SFH. Através do GHAF é possível gerir

todo o processo de compra e gestão do inventário, o que envolve a realização de encomendas,

transferências entre armazéns, requisições, débitos nos diferentes centros de custos, verifica-

ção de stocks, entre outros. É, também, possível validar as prescrições médicas, em regime de

internamento e de ambulatório, aceder ao histórico do doente e verificar as suas patologias e

terapêutica efetuada, emitir alertas, conferir preços dos medicamentos e consultar o encargo

financeiro dos tratamentos para o doente.

Durante o nosso estágio foram-nos explicadas as várias particularidades e funcionali-

dades do GHAF. Tivemos oportunidade de trabalhar com este software aquando do registo dos

débitos de medicação e impressão de etiquetas com os dados dos doentes.

3.2. Seleção e Aquisição de Medicamentos e Outros Produtos Farmacêuticos

A Diretora Técnica (DT) dos SFH é a responsável pela seleção e aquisição dos produ-

tos farmacêuticos necessários para o CHTMAD, tendo por base as necessidades terapêuticas

dos doentes do Centro Hospitalar, assim como o Formulário Hospitalar Nacional de Medica-

mentos (FHNM) [9]. A Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica (CNFT) tem o dever de

elaborar e atualizar o FHNM, incluindo e/ou excluindo medicamentos em falta ou constantes

neste, respetivamente. Segundo o Despacho n.º 2061-C/2013, de 1 de fevereiro de 2013, é,

também, da responsabilidade da CNFT analisar a utilização de medicamentos não abrangidos

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

4

pelo formulário, visto que, por vezes, é necessário recorrer a uma terapêutica em particular,

não constante no FHNM [14]. Desta forma, surge a necessidade de introduzir novos medica-

mentos na adenda do respetivo formulário, sendo função das CFT dos Hospitais do SNS e das

Administrações de Saúde o reporte destas situações. A decisão de introduzir ou não o medi-

camento depende da sua relevância na terapêutica e qualidade de vida do doente e, ainda, de

critérios fármaco-económicos [9,14].

No CHTMAD, os produtos farmacêuticos são selecionados pelo Sistema de Aprovisio-

namento em conjunto com os SFH, sendo a seleção efetuada com base na previsão de con-

sumos anual. O diretor de cada serviço, em parceria com a DT dos SFH, elabora as previsões,

entregando-as, posteriormente, ao aprovisionamento para que sejam avaliadas e, em seguida,

ao CA para aprovação dos concursos abertos. Durante o processo de seleção dos produtos

farmacêuticos, para além da previsão de consumos, deve ter-se em consideração parâmetros

como: pontos de encomenda (PE), que correspondem a uma previsão do momento em que

deve efetuar-se a encomenda, estabelecidos com base no historial de consumos relativos aos

últimos meses; produtos abaixo do PE; pontos de alerta; faltas detetadas pelos colaboradores;

informação solicitada aos laboratórios e propostas efetuadas.

O Sistema de Aprovisionamento, conjuntamente com a DT dos SFH, elabora um ca-

derno de encargos, com o intuito de dar seguimento ao processo de compra. O documento

elaborado deve conter todas as cláusulas e informações relevantes sobre o processo de com-

pra, como critérios de seleção e desempate na escolha de um fornecedor, para determinado

produto farmacêutico. Seguidamente é aberto um Concurso Público, através do qual vários

fornecedores manifestam o seu interesse e apresentam as suas propostas de venda, para um

determinado produto farmacêutico, com base nas cláusulas estabelecidas. As propostas apre-

sentadas são analisadas por um júri, composto usualmente por três elementos, que pode inclu-

ir farmacêuticos, médicos e enfermeiros. A escolha do fornecedor será feita em função do

cumprimento dos critérios impostos e relação custo/benefício. Após este processo, a proposta

de adjudicação final é submetida para aprovação ao CA e introduzida no sistema informático,

possibilitando a aquisição do produto. É relevante ter em consideração que os processos de

compra se baseiam em previsões, pelo que, por vezes, poderão surgir necessidades não con-

templadas. Nesses casos, a aquisição de um determinado produto, pode ser efetuada através

de “ajuste direto”, caso o mesmo conste no catálogo da Administração Central do Sistema de

Saúde. Assim, a escolha do fornecedor é feita em função daquele que reúne as melhores con-

dições comerciais e que não tem avaliação negativa, através do estabelecimento de um con-

tacto telefónico. Perante situações que carecem de maior urgência como, por exemplo, em

caso de rutura de stocks, os SFH do CHTMAD podem pedir emprestado, o medicamento, a

outros Centros Hospitalares ou comprar à farmácia Lordelo, uma farmácia próxima do Hospital

de Vila Real.

Quando os protocolos terapêuticos contemplam medicamentos que não estão inseridos

no FHNM é necessário ter em consideração que, nesses casos, terá de ser entregue à CFT um

pedido de introdução do medicamento (Anexo I). O pedido pode ser veiculado sob a forma de

AUE, quando o medicamento que se pretende utilizar já dispõe de AIM, porém não se encontra

comercializado em Portugal, sendo que, caso seja autorizado, durante três anos pode ser utili-

zado por todos os doentes que necessitem do medicamento; ou então sob a forma de AEX,

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

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(Anexo II), quando o fármaco dispõe de AIM e é comercializado em Portugal, contudo carece

de avaliação económica, sendo a autorização feita apenas para um doente específico. O pedi-

do fica sujeito à avaliação e análise da CFT, que é responsável por emitir um parecer que será

decisivo para a compra do medicamento. A aquisição de fármacos sujeitos a controlo especial,

como benzodiazepinas, estupefacientes e psicotrópicos, obedece a normas singulares que

obrigam ao preenchimento de um documento específico, pela DT dos SFH, presente no Anexo

VII da Portaria n.º 981/98, de 8 de junho, que será enviado ao fornecedor, junto com a nota de

encomenda original [15].

3.3. Receção e Conferência de Medicamentos e Outros Produtos Farmacêuticos

A receção e conferência da maioria dos medicamentos e produtos farmacêuticos é feita

pelo AO e/ou por um TSDT, isto porque, no caso das benzodiazepinas, psicotrópicos, estupe-

facientes, hemoderivados e medicamentos para ensaios clínicos, é o farmacêutico o profissio-

nal responsável pela sua receção e conferência.

No momento de receção da encomenda, é imperativo a confirmação do estado das

embalagens, prazo de validade (PV), número de unidades, lote e acondicionamento, produtos

tóxicos, inflamáveis, entre outros. Esta conferência é conseguida, uma vez que juntamente com

a encomenda, o fornecedor envia uma Guia de Remessa ou Fatura que permitirá uma verifica-

ção qualitativa, quantitativa e administrativa. Importante referir que, se for detetada alguma

não-conformidade, o profissional responsável deve notificá-la, preenchendo um documento

específico e contactando o fornecedor para expor a situação [11].

Existem medicamentos, como os hemoderivados, medicamentos manipulados e vaci-

nas que requerem documentação adicional, nomeadamente certificados de libertação de lote e

certificados de controlo de matérias-primas, para que possam ser usados pelos SFH. No caso

dos medicamentos hemoderivados, o fornecedor envia o Boletim de Análise e o Certificado de

Libertação de Lote ou Certificado de Autorização de Utilização de Lotes (CAUL), aprovados

pelo INFARMED. Para além disso, todos os medicamentos que exigem um Certificado de Li-

bertação de Lote para a sua utilização, terão de ser, obrigatoriamente, conferidos por um far-

macêutico [11].

Relativamente aos citotóxicos, estes devem conter um rótulo com o nome “Citotóxico” e

“Biohazard”, de forma a estarem devidamente identificados. No fim da receção e conferência,

serão transportados em malas próprias para a UCPC, onde serão armazenados [11].

No fim de todo este processo de receção e conferência de encomendas, as Guias de

Remessa ou Faturas têm de ser assinadas e datadas pelo profissional responsável por esta

tarefa. Posteriormente, todos os dados, desde quantidade, lote, preço, PV até o número de

Guia de Remessa ou Fatura, serão introduzidos no sistema informático GHAF por um AT.

Durante o período de estágio, pudemos observar o processo de receção e conferência

de encomendas efetuado pelos profissionais do SFH e perceber a importância de uma correta

conferência das mesmas.

3.4. Armazenamento e Controlo dos Prazos de Validade

Os medicamentos e outros produtos farmacêuticos devem ser armazenados em condi-

ções apropriadas de espaço, luz, temperatura, humidade e segurança. Nos SFH da Unidade de

Vila Real, todos os medicamentos e produtos farmacêuticos são armazenados de acordo com

o tipo de produto, volume, condições especiais de armazenamento e ritmo de escoamento, não

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

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esquecendo que a ordem de armazenamento obedece aos princípios “First Expired First Out”

(FEFO) e “First In First Out” (FIFO). O FEFO indica que os produtos com PV mais curto em

relação à data presente serão os primeiros a ser dispensados e o FIFO indica que os produtos

armazenados há mais tempo devem ser dispensados primeiro [11].

As zonas de armazenamento dos SFH de Vila Real são: o armazém geral, onde se ar-

mazena a maior parte dos medicamentos; o armazém de injetáveis de grande volu-

me/armazém de soros; o armazém de produtos inflamáveis, local com uma porta e armários

antifogo, bacias de retenção e um sistema Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado

(AVAC); o armazém Unidose; frigoríficos, cuja temperatura e humidade são controladas e onde

se armazenam todos os medicamentos que necessitam de estar refrigerados a uma temperatu-

ra entre 2 e 8ºC; cofre e armários com fecho de segurança, que se encontram localizados no

CIM. O cofre destina-se ao armazenamento de psicotrópicos e estupefacientes. Os armários

com fecho de segurança armazenam as benzodiazepinas, hemoderivados e medicamentos

usados nos Ensaios Clínicos; Kardex®, um equipamento que permite o armazenamento e a

dispensa de medicamentos (Anexo III); áreas destinadas ao armazenamento de material de

penso; áreas destinadas ao armazenamento de nutrição entérica e parentérica e armazém de

citostáticos, situado na UCPC.

Em qualquer um dos locais de armazenamento acima mencionados, os medicamentos

e produtos farmacêuticos estão organizados por ordem alfabética de Denominação Comum

Internacional (DCI) e identificados com etiquetas com a inscrição de DCI, dose, forma farma-

cêutica e código. Estas etiquetas apresentam diferentes cores consoante as distintas doses

que o medicamento possa apresentar. Deste modo, a etiqueta vermelha corresponde à dose

mais elevada, a etiqueta branca corresponde à dose mais baixa e as etiquetas azul e verde

representam as doses intermédias.

De salientar que todos os medicamentos que tenham DCI e/ou fonética e/ou aspeto

semelhante e que, por isso, possam ser confundidos entre si, devem ser rotulados com uma

etiqueta com o nome “ Look-Alike Sound-Alike” (LASA), a fim de evitar a troca de medicamen-

tos [16]. Para além disso, as soluções concentradas de eletrólitos devem ser rotuladas com

uma etiqueta com a frase “Deve ser diluído”.

No decorrer do estágio, tivemos oportunidade de observar e participar no armazena-

mento de medicamentos e produtos farmacêuticos. Esta tarefa permitiu-nos conhecer os locais

destinados a armazenar os medicamentos e produtos farmacêuticos e perceber de que modo

estes se encontram organizados nos SFH do CHTMAD.

4. Produção e Controlo dos Medicamentos

De acordo com o Programa do Medicamento Hospitalar do Ministério da Saúde, a Far-

macotecnia é definida como “setor dos SFH onde é efetuada a preparação de formulações de

medicamentos necessários ao Hospital e que não se encontram disponíveis no mercado”. Este

setor é extraordinariamente importante, por causa da existência de determinados grupos na

população que requerem necessidades terapêuticas específicas e que, por isso, necessitam de

condições especiais de manipulação ou operações de reembalagem e rotulagem [9,17].

A preparação e prescrição de medicamentos manipulados são reguladas pelo Decreto-

Lei n.º 95/2004 e pela Portaria n.º 594/2004, que aprovam as “Boas Práticas a Observar na

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Preparação de Medicamentos Manipulados em Farmácia de Oficina e Hospitalar” [18,19]. De

salientar que as Boas Práticas de Fabrico descritas na Farmacopeia Portuguesa e na Farma-

copeia Europeia devem ser igualmente cumpridas, aquando da preparação de formas farma-

cêuticas estéreis e não estéreis.

4.1. Preparação de Formas Farmacêuticas Não Estéreis

Nos SFH da Unidade de Vila Real, a preparação de formas farmacêuticas não estéreis

está mais direcionada para a preparação de doses individuais e específicas, através do fracio-

namento de medicamentos comercializados, reembalagem e rotulagem, preparação de medi-

camentos manipulados e preparações asséticas (soluções desinfetantes). Todas estas opera-

ções são realizadas em ambiente não esterilizado, porém, controlado.

Atualmente, existe uma vasta variedade de medicamentos disponível no mercado far-

macêutico. Por este motivo, todas as operações acima enumeradas são cada vez menos exe-

cutadas. Ainda assim, existem situações, como a incompatibilidade de vários medicamentos

comercializados com características fisiológicas específicas de determinados grupos de doen-

tes, que requerem a preparação de medicamentos manipulados ou que exigem operações de

reembalagem e rotulagem [17].

No CHTMAD, o medicamento manipulado mais solicitado é a suspensão oral para o

tratamento de mucosites causadas pelo tratamento de quimioterapia. Para além desse, ainda

se prepara Soluto de Lugol, Soluto de Alúmen e várias soluções desinfetantes.

4.1.1. Doses Unitárias Sólidas- Reembalagem e Rotulagem

A reembalagem e rotulagem de medicamentos em formato unidose são operações que

devem ser executadas, primando sempre por garantir a qualidade e segurança do medicamen-

to. Segundo o Manual de Farmácia Hospitalar, os processos de reembalagem e rotulagem de

medicamentos permitem aos SFH dispensar o medicamento na dose que foi prescrita pelo

médico, de forma individualizada. Este procedimento permite reduzir o tempo de enfermagem

dedicado à preparação da medicação a administrar e, assim, diminuir os erros de administra-

ção, proteger o medicamento reembalado dos agentes ambientais reduzindo o seu risco de

contaminação, garantir a identificação do medicamento reembalado e acima de tudo assegurar

que o medicamento reembalado pode ser usado com rapidez e segurança [9].

Nos SFH do CHTMAD- Unidade de Vila Real, existe uma área especificamente desti-

nada às operações de reembalagem e rotulagem. Esta zona encontra-se equipada com uma

máquina de embalamento semi-automática acoplada a um sistema informático que possibilita a

programação individual das diferentes operações e a inserção dos dados a constar no rótulo.

Os processos de reembalagem e rotulagem são tarefas da responsabilidade de TSDT, mas

que são supervisionadas e validadas por um farmacêutico [11]. Este processo tem início com a

limpeza e desinfeção com álcool a 70% (v/v) da bancada de trabalho e do equipamento de

reembalagem e rotulagem, seguida de verificação do medicamento que vai ser reembalado,

bem como de todas as informações que serão inseridas no sistema informático: DCI, dose,

forma farmacêutica, laboratório fabricante, número de lote e PV calculado e atribuído pelo pró-

prio SFH. Além disso, diferentes medicamentos devem ser reembalados em momentos diferen-

tes, de forma a minimizar qualquer tipo de erro e contaminação [11].

A propósito do PV atribuído ao medicamento reembalado, no caso de o medicamento

não sofrer qualquer tipo de manipulação e ser reembalado na sua embalagem de origem, este

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deve corresponder ao definido pelo fabricante. Se o medicamento for manipulado, este, não

poderá ultrapassar 25% do tempo restante entre a data de reembalagem e o PV do acondicio-

namento do fabricante e não poderá exceder um período de 6 meses a partir da data de reem-

balagem. De salientar que, se a data de reembalagem ocorrer até ao 15º dia do mês, a valida-

de atribuída ao medicamento será o último dia do mês anterior. Pelo contrário, se a data ocor-

rer após o 15º dia do mês, a validade atribuída será o último dia do mês em questão [11]. Exis-

tem exceções a estas regras, como é o caso do Captopril. Este é um medicamento que apre-

senta características específicas de estabilidade e, como tal, foi definido que o seu PV máximo

não poderá ser superior a 3 meses, após o processo de reembalagem.

No caso dos medicamentos orais sólidos de grande dimensão que impossibilitem a sua

reembalagem, como o Ácido Valproico, procede-se à rotulagem manual, que consiste na cola-

gem manual dos rótulos com todos os dados anteriormente indicados [11].

No fim do processo de reembalagem/rotulagem, o farmacêutico fica responsável pela

libertação do lote, após verificar o rótulo e a conformidade do produto final [11].

4.1.2. Preparação de Medicamentos em Doses Individuais e Específicas

A preparação de doses individuais e específicas assume particular importância nos

serviços de Neonatologia e Pediatria. A maioria dos medicamentos existentes no mercado são

aprovados após a realização de ensaios clínicos na população adulta, o que impossibilita a

extrapolação destes estudos para a população pediátrica. Para além disso, este grupo de do-

entes apresenta diferenças fisiológicas ao longo do seu desenvolvimento, o que impede uma

consistência dos resultados obtidos nos estudos científicos. Assim, a eficácia e segurança dos

medicamentos não se encontram comprovadas na população pediátrica, estando o seu uso

completamente desaconselhado neste grupo etário. Acresce ainda a dificuldade que as crian-

ças têm em deglutir comprimidos e cápsulas. Por estes motivos, surge a necessidade de pre-

parar medicamentos em doses individuais e específicas, também, denominados de “Papéis

Medicamentosos”, através da pulverização das formas sólidas orais comercializadas ou através

da preparação de formulações líquidas orais extemporâneas [17].

4.1.3. Medicamentos Manipulados

Os SFH da Unidade de Vila Real não preparam uma quantidade relevante de medica-

mentos manipulados, isto porque, o Hospital de Vila Real estabeleceu um acordo com uma

farmácia localizada nas suas proximidades, que assume a responsabilidade pela manipulação

de todos os medicamentos que sejam necessários para qualquer um dos serviços.

Antes da preparação propriamente dita dos medicamentos manipulados, o farmacêuti-

co tem de validar a prescrição médica, verificando a dosagem da(s) substância(s) ativa(s) e

garantindo a ausência de incompatibilidades e interações, salvaguardando, desta forma, a se-

gurança da preparação e, consequentemente, do doente [11,18].

De acordo com a Portaria nº 594/2004, de 2 de junho, a preparação dos medicamentos

manipulados deve ser realizada por um DT ou por um TSDT sob supervisão. A técnica de pre-

paração mais apropriada, bem como a realização dos cálculos é da responsabilidade do ope-

rador. No entanto, os cálculos devem ser sujeitos a uma segunda verificação. Antes de come-

çar a manipular, o operador deve equipar-se com vestuário adequado, verificar a disponibilida-

de das matérias-primas necessárias, bem como o seu PV. Deve, ainda, certificar-se do bom

funcionamento e estado de limpeza dos equipamentos e utensílios que serão necessários à

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

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sua preparação. Seguidamente, o operador deve executar de forma rigorosa o protocolo esta-

belecido para a preparação, para que o produto final contenha o teor de substância ativa esti-

pulado e satisfaça as exigências descritas na monografia genérica relativa à fórmula farmacêu-

tica que se encontra na Farmacopeia Portuguesa [11,18]. Juntamente com a preparação do

manipulado, o operador deve proceder ao preenchimento da Ficha de Preparação de Medica-

mentos Manipulados (Anexo IV), onde regista a composição qualitativa, quantitativa e quanti-

dade preparada do medicamento, lotes e PV das matérias-primas. Por fim, o medicamento

manipulado deve ser devidamente acondicionado e rotulado com todas as informações ineren-

tes à sua identificação e que possibilitam a rastreabilidade do produto: nome do local de traba-

lho (SFH do CHTMAD), DCI, dosagem, forma farmacêutica, quantidade dispensada, PV, nome

do doente ou processo clínicoe nome do DT. Em casos que exijam condições específicas de

armazenamento, estas devem ser indicadas [11].

Como já foi referido anteriormente, a preparação de medicamentos manipulados no

CHTMAD é diminuta, sendo a “Suspensão IPO” a mais solicitada (Anexo V). Durante o está-

gio, pudemos observar a preparação desta suspensão, empregue no tratamento de mucosites,

uma reação adversa, muito frequente, nos doentes que fazem tratamentos oncológicos. Como

tal, os SFH da Unidade de Vila Real preparam esta suspensão constituída por nistatina (anti-

fúngico), lidocaína a 2% (anestésico) e bicarbonato de sódio a 1,4% (corretor de pH: alcalini-

zante) e concedem-na a todos os doentes que manifestam esta reação.

4.2. Preparação de Formas Farmacêuticas Estéreis

A preparação de formas farmacêuticas estéreis exige execução de técnica assética,

para diminuir o risco de contaminação microbiológica e garantir a inexistência de pirogénios,

assegurando, desta forma, a esterilidade das preparações. Por este motivo, a sua preparação

é feita em sala limpa, e a entrada de pessoal e material deve sempre atravessar vários ambien-

tes de limpeza crescente, sendo feita por antecâmeras. Para além disso, é imprescindível o

controlo diário de diversos fatores ambientais, nomeadamente a temperatura, pressão e humi-

dade [9,20].

4.2.1. Preparação de Fármacos Citostáticos

A preparação de fármacos citostáticos ou citotóxicos é feita na UCPC. Nesta Unidade,

para além de se preparar os citostáticos necessários para o Hospital de Dia e para o Interna-

mento da Unidade de Oncologia da Unidade de Vila Real, ainda se preparam todos os citotóxi-

cos necessários para a Unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros e para a Unidade Hospi-

talar de Chaves. Para além disso, é na UCPC que são preparados todos os fármacos biológi-

cos destinados a serem administrados por via intravenosa para a Medicina das Doenças Auto-

Imunes, Gastroenterologia, Hematologia e Pneumatologia. De referir que os medicamentos

citotóxicos são a única forma farmacêutica estéril preparada nos SFH do CHTMAD.

A equipa da UCPC é rotativa e é constituída por dois TSDT e por duas farmacêuticas.

Esta Unidade é constituída por uma sala de manipulação, também denominada de sala limpa

ou branca, pertencente à Classe A; por uma antecâmera, também designada de sala semi-

limpa ou cinzenta e pela sala suja ou negra. Na sala branca é onde se efetua a preparação de

citotóxicos, na sala cinzenta é onde os TSDT vestem o Equipamento de Proteção Individual

(EPI) e, na sala negra é onde se encontra o lavatório para lavagem de mãos e chuveiro de

emergência [21]. A sala limpa encontra-se equipada como uma Câmara de Fluxo Laminar de

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Segurança Biológica (CFL-SB) de Classe II, Tipo B, com fluxo de ar unidirecional com veloci-

dade constante e estipulada e um filtro “High Efficiancy Particle Air” (HEPA), garantindo assim

um ambiente assético. A CFL-SB encontra-se permanentemente ligada para evitar ao máximo

a formação de aerossóis, assegurando a proteção do operador e apoiante. Para além disso,

impede que haja contaminação microbiana da preparação, de modo a garantir a sua esterilida-

de [21].

Para assegurar a qualidade dos medicamentos citotóxicos sob o ponto de vista de as-

sepsia e esterilidade, todas as fases que envolvem a preparação destes medicamentos, desde

o acesso à sala de manipulação até à entrega do medicamento citotóxico, seguem as normas e

precauções descritas no Manual de Farmácia Hospitalar, no Manual de Boas Práticas de Far-

mácia Hospitalar e no Manual de Procedimentos de Citostáticos [9,22,23].

A preparação de medicamentos citotóxicos é da responsabilidade de dois TSDT (um

operador e outro que apoia), sob a supervisão de uma farmacêutica que se encontra no exteri-

or da sala limpa. A comunicação entre a farmacêutica supervisora e os dois TSDT, bem como a

transferência de material e de matérias-primas do exterior para o interior da sala de preparação

é sempre feita através do transfer, uma janela de dupla porta com um sistema duplo de encra-

vamento, que mantém a pressão negativa no interior da sala de manipulação. De salientar que

o transfer não pode ser aberto em simultâneo, no sentido de minimizar o risco de contaminação

da sala de preparação de citotostáticos [9].

Antes da chegada das prescrições médicas e respetivas validações dos ciclos de qui-

mioterapia, os dois TSDT devem lavar e desinfetar as mãos e, posteriormente, devem equipar-

se na antecâmera com o EPI (farda cirúrgica, calçado, pés plásticos descartáveis, bata de pro-

teção com punhos, luvas, touca, máscara FFP2 ou FFP3). De seguida, entram na sala branca,

calçam o segundo par de luvas esterilizado e desinfetam todas as superfícies com álcool a

70%. O uso de dois pares de luvas serve para garantir uma maior eficácia na proteção do ope-

rador e do apoiante no manuseamento e preparação de medicamentos citotóxicos [21].

Para que se dê início à preparação dos medicamentos citotóxicos é necessário que o

médico responsável dê o seu parecer positivo, através do envio da prescrição médica (Anexo

VI), via email. Nesta prescrição consta a identificação do doente, a condição médica diagnosti-

cada, os dados clínicos do doente e toda a informação relativa à dose dos diferentes citotóxi-

cos do esquema terapêutico, tempo previsto de perfusão, solvente utilizado para diluição e

respetivo volume, ritmo e via de administração e fármacos adjuvantes do ciclo de quimiotera-

pia, como é o caso dos antieméticos, anti-inflamatórios ou protetores gástricos. Segue-se a

análise e verificação da prescrição mediante o protocolo instituído e confirmação dos dados do

doente.

Na Unidade de Vila Real, a preparação de medicamentos citotóxicos é realizada por

volumetria, sendo por isso imprescindível, durante a análise do ciclo de quimioterapia, a con-

firmação dos cálculos do volume de fármaco, assim como a confirmação do volume de solven-

te usado para diluir e/ou reconstituir. Os cálculos da quantidade de fármaco são feitos, na mai-

oria das vezes, com base na superfície corporal do doente. Depois, com base na quantidade

de fármaco e na sua concentração, é calculado o respetivo volume de citotóxico. Se for deteta-

do algum erro de prescrição, a farmacêutica deve reportar, de imediato, ao médico responsá-

vel. A preparação só é concluída após este enviar a prescrição com o erro retificado.

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Segue-se a impressão de um rótulo colante onde consta a identificação do doente, data

e hora de impressão, nome do fármaco, respetiva dose e volume, solvente de diluição e respe-

tivo volume, volume total da preparação, tipo de administração, débito e duração da adminis-

tração, estabilidade do medicamento citotóxico, observações, TSDT que prepara, TSDT que

apoia e farmacêutico responsável. A informação contida neste rótulo permite a preparação de

todo material e matérias-primas necessárias à manipulação de cada citostático. Desta forma, o

farmacêutico prepara um tabuleiro em inox com o citostático, reconstituinte (água ou soro fisio-

lógico 0,9%) (se aplicável), sistema de administração (se aplicável), diluente (soro fisiológico

0,9% ou glicose 5%) e, por fim, o rótulo de identificação. Todo este material/matérias-primas

será enviado para o interior da sala de manipulação através do “transfer”, depois de devida-

mente desinfetado com álcool a 70%. Aquando do envio, é necessário fazer o preenchimento

de uma folha específica, registando o nome do fármaco, a sua concentração, a dose prescrita,

a quantidade enviada e o respetivo lote, no sentido de rastrear todo este processo.

No interior da sala branca, o TSDT que está a prestar apoio receciona o tabuleiro, con-

firma o material/matérias-primas recebido e acrescenta outros dispositivos necessários para

preparar o citostático, de acordo com o indicado para cada fármaco- agulha, seringa ou spikes.

Procede-se à preparação do citotóxico, conforme o rótulo enviado, servindo este, como ordem

de preparação. De salientar que, o TSDT de apoio tem a responsabilidade de conferir todas as

medições e procedimentos efetuados pelo operador, verificar a existência de partículas em

suspensão ou precipitado e a coloração da preparação, fazendo assim uma dupla verificação.

É extremamente importante conhecer as propriedades dos diferentes fármacos. Um exemplo, é

o caso da Doxorrubicina que em solução apresenta uma coloração vermelha.

Depois da preparação do medicamento citostático, este tem de ser validado por um

farmacêutico. Nesse sentido, o TSDT de apoio mostra a preparação devidamente identificada e

o respetivo rótulo de identificação ao farmacêutico, através de uma janela, para que este confi-

ra o nome do doente, o fármaco e o respetivo volume preparado. No caso de ser aprovado pelo

farmacêutico, o medicamento é embalado num invólucro destinado ao transporte de citotóxicos

(Anexo VII). O rótulo identificativo é colado nesse mesmo invólucro. O farmacêutico recolhe o

medicamento citostático pela transfer, valida a preparação no Sclínico, para que fique registado

no sistema que o medicamento está preparado e coloca-o, posteriormente, numa mala de

transporte específica identificada com o dístico “Citostáticos”. Por fim, o AO recolhe os medi-

camentos citotóxicos e transporta-os até ao Hospital de Dia, para que os enfermeiros proce-

dam à sua administração, depois de efetuarem nova validação. No caso da preparação ser

transportada para Macedo de Cavaleiros ou Chaves, terá de ser embalada numa embalagem

específica de transporte de citostáticos. No final da preparação de todos os citostáticos, os

TSDT voltam a desinfetar todas as superfícies com álcool a 70% e, posteriormente, desequi-

pam-se na antecâmera, descartando todo o EPI.

Importante referir que existem situações que impossibilitam a administração do citotóxi-

co já preparado, como por exemplo, o aparecimento de uma reação adversa ao medicamento.

Nestes casos, avalia-se a possibilidade de reaproveitar o medicamento para outro doente, após

ajuste da diluição, caso seja necessário, no sentido de minimizar o desperdício. Se isso não for

de todo possível, procede-se ao preenchimento de um impresso de registo de inutilizações de

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citostáticos, onde é discriminado o nome do fármaco e o volume rejeitado. Subsequentemente,

a preparação será encaminhada para incineração.

Durante o nosso estágio, tivemos oportunidade de estar duas semanas na UCPC a ob-

servar e participar em todas as etapas necessárias para a preparação de citostáticos, sob a

supervisão de uma farmacêutica- confirmação da prescrição mediante o protocolo instituído e

confirmação dos dados do doente, verificação e cálculo do volume de citostáticos, elaboração

de rótulos, dispensa de matérias-primas/material necessário para a preparação, registo de

dose, quantidade e lotes de todos os fármacos e comparação da informação descrita no rótulo

com a descrita no recipiente, após a preparação do medicamento. Tivemos ainda a possibilida-

de de entrar na sala branca e ver de perto a preparação e manuseamento de medicamentos

citotóxicos. Desta forma, conseguimos perceber todo o processo de manipulação e, ainda,

entender melhor qual o material que teríamos de dispensar para a preparação de cada um dos

citotóxicos. No decorrer da segunda semana, já desempenhávamos determinadas funções,

nomeadamente a dispensa de matérias-primas/material necessário para a preparação citotóxi-

cos e o preenchimento da folha específica, acima mencionada, de forma autónoma.

4.2.2. Nutrição Parentérica

A nutrição parentérica consiste no aporte de nutrientes, em quantidades apropriadas,

que sejam indispensáveis à saúde e bem-estar do doente, por via intravenosa, sempre que não

é possível a sua administração por via oral ou entérica. Segundo o Manual de Nutrição Artifici-

al: “o objetivo de um suporte nutricional é fornecer uma nutrição equilibrada, de tal modo que

sejam, tanto quanto possível, evitadas ou compensadas as alterações metabólicas indesejá-

veis, prevenindo a instalação de malnutrição ou corrigindo a malnutrição pré-existente” [13].

No CHTMAD- Unidade de Vila Real não se procede à preparação de dietas destinadas

à administração parenteral, uma vez que o número de doentes que necessita deste tipo de

nutrição é reduzido e porque já existe no mercado uma vasta gama de produtos que faz face

às necessidades dos doentes. Este tipo de nutrição precisa de ser prescrita pelo médico e,

posteriormente, validada pelo farmacêutico.

De referir que existe um protocolo de cooperação entre o CHTMAD e o Centro Hospita-

lar de S. João no Porto, sendo este último responsável pela preparação e envio da nutrição

parentérica para o Hospital de Vila Real, a pedido, principalmente, do Serviço de Neonatologia.

4.3. Sistemas de Distribuição de Medicamentos

A última etapa do ciclo do medicamento é a distribuição, sendo esta uma etapa de ex-

trema relevância e que tem como principais objetivos: garantir e racionar os medicamentos

dispensados de acordo com a prescrição médica, assegurar a correta administração do medi-

camento, monitorizar a terapêutica e reduzir possíveis erros associados ao uso do medicamen-

to. Esta etapa permite uma melhor gestão dos custos associados à terapêutica e também de

recursos humanos, visto possibilitar a redução do tempo de enfermaria dedicado às tarefas

administrativas e a obtenção de mais tempo para a manipulação dos medicamentos [9]. Se-

gundo as Boas Práticas em Farmácia Hospitalar do Colégio da Especialidade da Ordem dos

Farmacêuticos, a distribuição dos medicamentos num Hospital divide-se em três categorias: a

distribuição a doentes em regime de internamento, que engloba o Sistema de Distribuição em

Dose Unitária e/ou Individual e o Sistema de Reposição de Stocks Nivelados; a distribuição

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individualizada que abrange a dispensa de medicamentos sujeitos a legislação restritiva, como

estupefacientes, psicotrópicos e hemoderivados e a distribuição a doentes em ambulatório [24].

4.3.1. Distribuição Clássica

A distribuição clássica, ou tradicional, existe para dar resposta às situações em que

não é viável uma dispensa da medicação em dose unitária [22]. É um método de distribuição

muito útil e que permite a reposição dos stocks pré-estabelecidos mediante as necessidades

de cada serviço [9]. O enfermeiro-chefe, semanalmente ou quando necessário, elabora um

pedido de medicação, no GHAF, que é posteriormente rececionado e analisado na farmácia.

Os TSDT preparam o pedido, sob a supervisão de um farmacêutico, e os AO transportam a

medicação e produtos requeridos até ao serviço requisitante. Aí é conferido o pedido e a folha

de requisição é assinada e devolvida aos SFH [22].

4.3.2. Distribuição Individual em Dose Unitária

A Distribuição Individual em Dose Unitária (DIDU) consiste na dispensa e distribuição

diária da medicação a doentes em regime de internamento, de acordo com as doses prescritas

pelo médico, para um período de 24 horas, exceto aos fins-de-semana ou feriados, em que a

preparação e distribuição da medicação é efetuada na véspera e para um período mais alarga-

do [9]. A medicação é dispensada na sua forma unitária e devidamente identificada pela DCI,

dosagem, PV e lote [14]. Depois do médico efetuar a prescrição online, o farmacêutico faz a

respetiva validação, tendo o cuidado de verificar a dosagem, frequência de administração, inte-

rações, duplicações de medicação, duração e adequação do tratamento ao doente [9,14]. Após

a validação, é elaborado um perfil farmacoterapêutico para cada doente, que é enviado para o

Kardex® [9]. O Kardex® é um sistema de armazenamento, informatizado, constituído por vá-

rias gavetas e no qual estão os medicamentos e produtos com maior rotação, permitindo, as-

sim, uma distribuição rápida e eficaz por medicamento [11]. Os TSDT retiram a medicação do

Kardex®, de acordo com as informações fornecidas pelo equipamento e fazem a sua distribui-

ção por gavetas, que são devidamente identificadas com o nome e o número do processo do

doente. Os produtos que não cabem nas gavetas são enviados separadamente e devidamente

identificados. Se um determinado medicamento prescrito não está armazenado no Kardex® é

emitido um mapa de incidências com todos os medicamentos em falta e que devem ser colo-

cados nas respetivas gavetas pelo TSDT. Caso um medicamento não esteja disponível nos

SFH é emitido um Alerta da Farmácia que é colocado na gaveta do doente. Os medicamentos

que necessitem de refrigeração são preparados pelo TSDT, devidamente identificados, coloca-

dos novamente no frio e retirados apenas na hora de entrega [11]. Durante a preparação da

DIDU podem ser efetuadas alterações, nomeadamente a nível de prescrição médica ou dos

serviços, tendo o farmacêutico o dever de verificar a existência de alterações e elaborar um

mapa de diferenças, para correção das mesmas. Após o processo de preparação, os AO

transportam as malas de medicação, corretamente fechadas e identificadas até ao serviço cor-

respondente. Medicamentos sujeitos a um controlo especial, como benzodiazepinas, estupefa-

cientes, psicotrópicos ou medicamentos de SOS, não são distribuídos pelo sistema DIDU, são

colocados nos Pyxis® dos serviços respetivos [11]. Os medicamentos destinados ao interna-

mento pediátrico são, atualmente, preparados pelo farmacêutico.

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Ao longo do nosso estágio tivemos oportunidade de acompanhar a preparação da DI-

DU, levada a cabo pelos TSDT. Preparamos, com regularidade, a medicação destinada ao

serviço de pediatria, sempre sob a supervisão do farmacêutico responsável.

4.3.3. Reposição de Stock por Níveis

No CHTMAD existe um sistema semiautomático de distribuição designado por Pyxis

MedStation® (Anexo VIII) em praticamente todos os serviços. O sistema anteriormente menci-

onado é formado por vários módulos, constituídos por armários e/ou frigoríficos. O acesso ao

Pyxis® é concedido mediante a colocação das credenciais do profissional de saúde que pre-

tende aceder ao sistema, sendo apenas possível dispensar um medicamento depois da sua

autenticação e colocação dos dados identificativos do doente. Os medicamentos são armaze-

nados e organizados por diferentes níveis de acordo com a segurança necessária: gavetas de

baixa segurança, que garantem o acesso a todos os medicamentos; gavetas de segurança

média, constituídas por vários compartimentos fechados, que abrem apenas quando o medi-

camento é selecionado e gavetas de alta segurança, que garantem o acesso a um comparti-

mento de cada vez, no qual se encontra apenas uma unidade do medicamento selecionado,

normalmente psicotrópicos ou estupefacientes.

De modo a suprir as necessidades dos diferentes serviços, os TSDT, diariamente, fa-

zem o levantamento das falhas dos medicamentos armazenados nos Pyxis®, tendo como ori-

entação o stock mínimo e máximo ajustado, mediante os consumos de cada serviço. Quando é

atingido o stock mínimo de um medicamento, este é inserido na lista de necessidades de medi-

camentos em falta, podendo o TSDT aceder à lista através da consola central do sistema Pyxis

MedStation® [11]. Tendo por base a lista emitida, a medicação é preparada e, posteriormente,

reposta no Pyxis® pelos TSDT, à exceção dos medicamentos sujeitos a controlo especial, co-

mo benzodiazepinas, estupefacientes e psicotrópicos que são conferidos e repostos pelo far-

macêutico. Ambos os profissionais devem verificar as quantidades existentes e armazenar a

medicação de acordo com o princípio “FEFO” e “FIFO”. Apesar de ser um sistema bastante

eficiente e que permite um melhor controlo da medicação, apresenta algumas falhas, de entre

as quais, as possíveis discrepâncias existentes entre a quantidade de unidades em stock e as

que realmente estão na gaveta, sobretudo nas gavetas de baixa e média segurança. Por este

motivo é relevante uma manutenção atenta e regular dos stocks, bem como o registo das dife-

renças detetadas, quer pelos TSDT, quer pelos farmacêuticos.

Durante o nosso estágio tivemos oportunidade de preparar a medicação constante na

lista relativa às falhas de benzodiazepinas e psicotrópicos, assim como auxiliar o farmacêutico

responsável na reposição da medicação nos Pyxis®, nos diversos serviços do CHTMAD.

4.3.4. Distribuição Personalizada de Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial

ou Distribuição Individualizada

A Distribuição Individualizada de medicamentos engloba a distribuição de medicamen-

tos e produtos farmacêuticos sujeitos a controlo especial, dos quais são exemplo, as benzodi-

azepinas, estupefacientes e psicotrópicos, hemoderivados, estimulantes da hematopoiese,

medicamentos extra-formulário e material de penso (Anexo IX) [9]. Dependendo do tipo de

medicação ou produto farmacêutico requisitado torna-se necessário o preenchimento de um

modelo específico de prescrição/distribuição.

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4.3.4.1. Benzodiazepinas, Estupefacientes e Psicotrópicos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, todas as substâncias passí-

veis de provocar dependência física e psíquica, bem como efeitos secundários graves estão

sujeitas a um maior controlo e monitorização [25]. Os medicamentos sujeitos a controlo especi-

al estão armazenados num armário metálico, organizados por ordem alfabética e consoante a

dosagem, que deve estar sempre fechado e ser aberto, apenas, em caso de necessidade [9].

A dispensa de medicamentos da classe das benzodiazepinas, estupefacientes e psico-

trópicos é feita, somente, mediante o preenchimento do Modelo nº 1509 da Imprensa Nacional

da Casa da Moeda (INCM) definido pela Portaria nº 981/98 de 8 de junho (Anexo X) [15]. O

modelo deve ser preenchido em duplicado com a DCI, forma farmacêutica, lote de fabrico, do-

sagem, informação do doente, e assinado pelo médico do serviço requisitante e pela DT dos

SFH, depois da verificação. O farmacêutico valida a prescrição e prepara a medicação, envian-

do-a de seguida para o serviço clínico, juntamente com o duplicado do impresso. O preenchi-

mento do Modelo nº 1509 é também obrigatório na transferência de benzodiazepinas e psico-

trópicos entre as diferentes unidades do CHTMAD e em serviços que não têm Pyxis®.

4.3.4.2. Hemoderivados

Os medicamentos derivados do plasma humano são um grupo particular e diferenciado

dentro das especialidades farmacêuticas [24]. O INFARMED é responsável pela libertação

oficial de lotes de medicamentos de origem biológica, no qual se incluem os hemoderivados

[22]. Após uma avaliação detalhada da documentação de produção de cada lote individual e a

execução de ensaios laboratoriais definidos é emitido o certificado de análise e o CAUL que

devem, obrigatoriamente, acompanhar os hemoderivados [26,27]. A prescrição desta medica-

ção é feita conforme o Despacho conjunto n.º 1051/2000, que determina o preenchimento do

Modelo n.º 1804 da INCM (Anexo XI) pelo médico prescritor e pelo farmacêutico que dispensa

e regista as informações relativas ao doente e ao medicamento libertado (Anexo XII), de modo

a tornar possível o rastreio dos lotes administrados [28, 29].

Durante o estágio tivemos possibilidade de proceder à dispensa de medicamentos he-

moderivados e ao preenchimento do modelo anteriormente mencionado, sempre sob a super-

visão do farmacêutico responsável.

4.3.4.3. Estimulantes da Hematopoiese

A legislação em vigor para a cedência de eritropoetinas, nomeadamente o Despacho

n.º 11 619/2003, de 22 de maio, o Despacho n.º 10/96, de 16 de maio, o Despacho n.º 9

825/98, de 13 de maio e o Despacho n.º 6370/2002, de 7 de março regulam a prescrição, dis-

tribuição e a comparticipação dos estimulantes da hematopoiese aos doentes renais crónicos

[29,30,31,32]. É disponibilizada, diariamente, aos SFH, por parte do serviço de Nefrologia, a

agenda dos doentes insuficientes renais crónicos que naquele dia realizam tratamento e, por

conseguinte, necessitam de estimulantes da hematopoiese. O farmacêutico responsável pelo

serviço recebe a prescrição, valida-a e dispensa-a, tendo o cuidado de acondicionar devida-

mente os medicamentos numa mala refrigeradora. Durante o processo de dispensa, o farma-

cêutico regista o lote e identifica as embalagens com as etiquetas do doente para que, posteri-

ormente, a equipa de enfermagem proceda à validação e administração dos medicamentos.

Durante o estágio foi-nos dada a possibilidade de preparar e dispensar este tipo de

medicação e, também, debitá-la, sempre sob a supervisão do farmacêutico responsável.

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4.3.4.4. Medicamentos Extra-Formulário

Os medicamentos que não constam no FHNM estão sujeitos ao preenchimento de uma

justificação extra-formulário, por parte do médico prescritor, sempre que este pretende instituir

uma terapêutica com recurso a esses medicamentos, por considerar ser uma mais valia para o

doente. Deste modo, no impresso deve constar a justificação clínica do caso e a comparação

entre a terapia pretendida e a alternativa constate no FHNM (Anexo XIII). Posteriormente, a

CFT, ou quando necessário, a CNFT avalia a justificação que acompanha o formulário e emite

um parecer positivo, caso permita a utilização do medicamento ou um parecer negativo, caso

não considere relevante o recurso ao medicamento em questão [9]. Se a autorização for con-

cedida, por se comprovar que o medicamento constitui uma vantagem para um número alarga-

do de doentes, poderá verificar-se a introdução do medicamento no Hospital. Se o medicamen-

to for utilizado apenas por um doente é concedida uma AEX.

4.3.5. Distribuição em Regime de Ambulatório

A dispensa de medicamentos em regime de ambulatório surge como uma mais valia

para o doente, uma vez que permite a redução dos custos associados ao internamento, a dimi-

nuição dos riscos subjacentes à permanência no Hospital e, ainda, permite dar continuidade

aos tratamentos iniciados, em ambiente familiar [9].

A farmácia de ambulatório é uma unidade especializada na cedência de determinadas

terapêuticas que são alvo de um maior controlo e vigilância, visto poderem estar na origem de

reações adversas graves e, assim, exigirem o acompanhamento personalizado do farmacêuti-

co, para que o doente não abandone a terapêutica em curso. Todos os medicamentos dispen-

sados pela farmácia de ambulatório são comparticipados a 100% [9]. Os medicamentos dis-

pensados na farmácia de ambulatório são aqueles que são abrangidos por regimes especiais

de comparticipação de dispensa exclusiva em Farmácia Hospitalar, de acordo com a legislação

nacional em vigor. Segundo a circular normativa N.º 01/CD/2012, as quantidades a dispensar

para tratamento de doenças crónicas a um doente não devem ultrapassar um período de trinta

dias. Por norma, os medicamentos são dispensados em quantidade suficiente para que o do-

ente consiga manter o tratamento até à consulta seguinte, não ultrapassando os sessenta dias.

Todavia, existem exceções, devidamente autorizadas pelo CA, em que a quantidade de medi-

cação dispensada é superior, para manter o tratamento por um período mais alargado [33].

Existem, no CHTMAD- Unidade de Vila Real, duas farmácias de ambulatório, uma no

edifício central e outra no edifício de Oncologia. Para que se torne possível, por parte dos SFH,

a dispensa dos medicamentos, os doentes devem apresentar uma receita médica manual ou

informatizada, onde conste a identificação do doente, data da prescrição, designação do medi-

camento por DCI, indicação da dose, forma farmacêutica, via de administração e identificação

do médico prescritor [9]. O farmacêutico valida a prescrição médica e verifica a identificação do

doente e do médico. Após a avaliação da conformidade da prescrição, o farmacêutico deve

fazer uma dispensa segura da medicação, tendo sempre em atenção o perfil farmacoterapêuti-

co do doente. No primeiro ato de dispensa, torna-se particularmente relevante que a medica-

ção seja cedida ao próprio doente, para que este receba toda a informação necessária (modo

de administração, posologia, possíveis efeitos secundários e condições especiais de armaze-

namento), de modo a fazer uma correta adesão à terapêutica [22]. Em deslocações posteriores

à farmácia, os medicamentos podem ser cedidos ao próprio ou ao cuidador, após a devida

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identificação. O farmacêutico regista na receita e guia de tratamento do doente as quantidades

dispensadas, a data de levantamento e assina. Regista também o lote e o PV, sempre que o

medicamento dispensando corresponda a um medicamento biológico ou a um medicamento

cedido para tratamento pós-operatório de cirurgia em ambulatório. Posteriormente debita a

medicação por doente e, numa situação normal, pedir-lhe-ia para assinar. Porém, no contexto

em que estagiámos, o farmacêutico recolhe o número do cartão de identificação do doente ou

cuidador, a fim de evitar a manipulação da guia de tratamento [9,33]. Por fim, é arquivada a

receita em pasta própria, por patologia e por ordem alfabética.

Quando existe medicação devolvida, procede-se à sua verificação (PV, estado de con-

servação) e à sua revertência por doente. De referir que medicação devolvida que não estava

prescrita ao doente é revertida ao serviço. Em caso de necessidade de dispensar medicação

não programada, o farmacêutico, após verificar a prescrição, procede ao ajuste da mesma e

regista a alteração, sendo que, posteriormente, o TSDT envia a medicação solicitada.

Tivemos oportunidade de observar e participar em vários atendimentos na farmácia de

ambulatório, perceber como se valida e debita a medicação e auxiliar a farmacêutica responsá-

vel na dispensa dos medicamentos.

5. Ensaios Clínicos

Ao abrigo da Lei nº 21/2014 de 16 de abril, que regulamenta toda a investigação clíni-

ca, um ensaio clínico é definido como “qualquer investigação conduzida no ser humano, desti-

nada a descobrir ou a verificar os efeitos clínicos, farmacológicos ou outros efeitos farmacodi-

nâmicos de um ou mais medicamentos experimentais (ME), ou a identificar os efeitos indesejá-

veis de um ou mais ME, ou a analisar a absorção, a distribuição, o metabolismo e a eliminação

de um ou mais ME, a fim de apurar a respetiva segurança ou eficácia” [34]. Os SFH são res-

ponsáveis pela receção, armazenamento, preparação, dispensa, recolha e devolução ou des-

truição do medicamento, tendo o dever de elaborar um documento descritivo do circuito ME,

contendo elementos relativos à receção, ao armazenamento, à dispensa e à administração do

mesmo.

Durante a fase de investigação e desenvolvimento de um medicamento, este passa por

várias etapas obrigatórias e decisivas para a sua aprovação e introdução no mercado (Anexo

XIV). Após a sua comercialização fica, ainda, sujeito a um período de vigilância, de modo a

garantir a sua segurança, qualidade e eficácia. É da responsabilidade do INFARMED e da Co-

missão de Ética Competente (CEC) a supervisão do decurso do estudo clínico e o cumprimen-

to das condições necessárias ao seu desenvolvimento. Compete à Comissão de Ética para a

Investigação Clínica (CEIC) garantir a implementação dos princípios de boas práticas clínicas e

as orientações científicas relativas aos ensaios clínicos [35].

A realização de ensaios clínicos implica o envolvimento de 4 entidades imprescindíveis:

o participante, pessoa que participa no estudo; o investigador, entidade encarregue da realiza-

ção do estudo clínico; o promotor, organismo responsável pela conceção, realização, gestão ou

financiamento de um estudo clínico e o monitor, que é o profissional dotado de competência

científica ou clínica, nomeado pelo promotor, e responsável por acompanhar e monitorizar o

estudo clínico, bem como manter o promotor permanentemente informado [35].

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Para que seja possível a implementação e a execução de um ensaio clínico, deverá

existir um acordo entre o promotor de ensaio e o CA. O promotor deve fornecer toda a docu-

mentação relativa ao ensaio em decurso, sendo que este só terá início após autorização do

CA. Seguidamente o promotor ou o monitor agendam uma reunião com os SFH, na qual ocorre

a apresentação da equipa interveniente, assim como a explicitação das características do en-

saio clínico e respetivo protocolo. Neste momento, o “Dossier da Farmácia” que inclui toda a

documentação referente ao estudo clínico (Anexo XV), é entregue aos SFH [11].

No CHTMAD- Unidade de Vila Real, apenas são realizados ensaios clínicos de Fase II

e Fase III, pelo que só participam indivíduos doentes. Estes participantes são escolhidos pelo

médico investigador, após uma rigorosa análise do seu perfil tendo sempre em conta todos os

critérios de inclusão pré-definidos pelo promotor. O doente deve estar consciente de todo o

procedimento implicado no estudo clínico, sendo da responsabilidade do médico conscienciali-

zá-lo dos riscos associados, explicar detalhadamente as várias fases inerentes ao estudo e

recolher o seu consentimento informado [35].

Quando o ME é rececionado, o farmacêutico tem o dever de verificar a quantidade

recebida, o acondicionamento, o número de lote, o PV e o número do kit, preencher o modelo

definido pelo promotor com esses mesmos dados e, por fim, assinar. A Guia de Remessa é

assinada e datada, sendo, posteriormente, arquivada no dossier dos ensaios clínicos. Impor-

tante referir que qualquer anomalia detetada deve ser devidamente registada e o promotor

deve ser imediatamente informado via “Interactive Web Response System” (IWRS), “Interactive

Voice Response System” (IVRS) ou via email. O ME fica armazenado num local definido pelo

promotor, mediante as condições de conservação exigidas [11].

No momento da dispensa do ME por parte do farmacêutico, deve-se proceder ao pre-

enchimento de um modelo predefinido pelo promotor, de forma a documentar todos os dados.

De salientar que o medicamento pode ser entregue ao doente ou ao profissional hospitalar

intermediário que ficou antecipadamente definido. No fim, o farmacêutico recolhe o ME não

administrado, assim como as embalagens vazias.

Os participantes do ensaio clínico devem deslocar-se frequentemente à Unidade de

Vila Real, com o intuito de realizarem exames de monitorização, que possam avaliar a sua

condição atual e a evolução da doença. No caso de surgirem reações adversas, é da respon-

sabilidade do investigador comunicá-las, num prazo máximo de 24 horas [35]. Atualmente, no

Hospital de Vila Real, estão a decorrer 7 ensaios clínicos, 2 de Cardiologia, 4 de Oncologia e 1

de Pediatria.

6. Erros de Medicação

Segundo a Agência Europeia do Medicamento (EMA), o Erro de Medicação é definido

como a “falha não intencional no processo de tratamento farmacológico que leva a, ou tem

potencial de produzir dano no doente” [36].

No CHTMAD foi elaborada uma norma designada de “Registo e Análise de Erros de

Medicação”, onde se encontra definida a metodologia a usar na deteção e registo de Erros de

Medicação, bem como posterior análise das suas causas, para que se possa garantir uma con-

tínua melhoria do processo. Sempre que ocorre um Erro de Medicação no Hospital, a notifica-

ção do erro é da responsabilidade do profissional de saúde que o detetou, através do preen-

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chimento de um documento (Anexo XVI). Este registo aplica-se a todo o circuito do medica-

mento, desde a prescrição, validação, preparação, dispensa até à conservação e administra-

ção. Os tipos de erros que podem ser cometidos são vários, entre os quais se destaca a pres-

crição de dose/frequência inadequada.

Os erros de medicação são classificados segundo o seu grau de gravidade em: Erro

do Tipo A, circunstâncias que podem causar erro; Erro do Tipo B, quando o erro ocorre, mas

não chega ao doente e Erro do Tipo C, quando o erro afeta o doente diretamente.

Como foi supramencionado, quando ocorre um Erro do Tipo C, significa que este erro

chegou ao doente. Desta forma, tem de se avisar imediatamente o médico responsável pelo

serviço onde o doente se encontra, para que tome conhecimento da situação e possa acompa-

nhar e avaliar a situação clínica do doente de uma forma mais atenta e minuciosa.

A identificação dos Erros de Medicação tem um carácter meramente formativo e nunca

punitivo. Deste modo, o registo dos erros não pode ser usado para outros fins, se não aqueles

que permitam a análise das causas do erro, no sentido de o mesmo não voltar a ser cometido

e, assim, garantir uma melhoria contínua do processo. Desta forma, no final de cada mês, é

elaborado um relatório de Erros de Medicação que é exposto nas reuniões da CFT sendo, pos-

teriormente, enviado ao Gabinete de Qualidade, aos diretores e enfermeiros-chefes dos servi-

ços.

Toda esta temática de Erros de Medicação foi-nos explicada pela Dra. Cláudia, a res-

ponsável por esta área. Pudemos fazer o registo de vários tipos de erros de medicação e clas-

sificá-los consoante a gravidade. Esta tarefa permitiu-nos ter uma noção real dos erros mais

frequentes que surgem no CHTMAD, bem como, perceber a importância da sua notificação e

registo. Assim, pudemos constatar que o erro mais notificado e, por isso, o mais frequente é o

erro que ocorre durante a prescrição- dose/frequência inadequada, classificado como Erro do

Tipo B. Importante referir que a notificação de erros dos hemoderivados, assim como o relató-

rio dos mesmos é elaborado em separado, sendo a incidência destes erros baixa, quando

comparada com a restante medicação. Todos os registos de Erros de Medicação são arquiva-

dos num dossier, consoante o ano e mês em que ocorrem.

7. Pedidos de Informação

O farmacêutico é considerado o “especialista do medicamento” e, como tal, é respon-

sável por fornecer todas as informações necessárias, bem como esclarecer todas as dúvidas

que possam surgir sobre os medicamentos.

O CIM corresponde a uma unidade física dentro dos SFH do CHTMAD, onde se encon-

tra disponível toda a informação científica relacionada com o medicamento.

Os Pedidos de Informação são feitos pelos profissionais de saúde e são endereçados

aos SFH por via telefónica, por escrito ou mesmo pessoalmente. Quando este chega aos SFH

efetua-se o registo do Pedido de Informação num modelo específico (Anexo XVII). Neste do-

cumento o farmacêutico deve registar: se o pedido foi solicitado ou proativo; número do pedido;

data e hora em que este foi recebido; tempo de resposta; profissional de saúde que fez o Pedi-

do de Informação; qual o serviço a que pertence; o seu contacto e o tipo de contacto (telefóni-

co, pessoal ou escrito); qual a pergunta que foi exposta aos SFH; caso se refira a um doente

preencher os dados do próprio; área de consulta; fontes de informação usadas; resposta à

pergunta colocada; qual a documentação enviada e, em caso de necessidade, observações.

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Nos Pedidos de Informação cujas questões foram colocadas pela primeira vez e para as quais

não existe informação para uma resposta imediata, o farmacêutico deve fazer uma pesquisa

bibliográfica, recorrendo ao CIM ou a outras fontes fidedignas. A elaboração da resposta deve

ser sucinta e concreta. Por fim, a transmissão de informação ao profissional de saúde que a

solicitou pode ser efetuada por email, via intranet ou em papel [11].

A transmissão de informação sobre medicamentos pode ser ativa/proativa ou passi-

va/solicitada. A informação ativa/proativa refere-se à informação recolhida pelos SFH de forma

autónoma que, posteriormente, será transmitida com recurso a folhetos informativos, seminá-

rios, via email, entre outros. A informação passiva/solicitada corresponde às respostas dadas

às perguntas que são colocadas pelos profissionais de saúde [9].

Durante o decorrer do estágio, tivemos oportunidade de fazer o registo informático de

várias respostas já efetuadas a inúmeros Pedidos de Informação. Assim, pudemos fornecer

resposta a várias questões, de entre as quais: “Como administrar Octagam?”, “Para uma crian-

ça de 2 anos que precisa de efetuar tratamento com clindamicina, pode-se abrir as cápsulas de

clindamicina ou é necessária manipulação?”, “Como administrar Penicilina G?”. Estes docu-

mentos são posteriormente impressos, arquivados e organizados num dossier específico, ten-

do em conta o mês e ano em que sucederam. Deste modo, pudemos perceber quais os tipos

de dúvidas que são colocadas aos SFH e ainda adquirir novo conhecimento.

8. Emergência Hospitalar

Em situações de emergência hospitalar, nomeadamente casos que exijam reanimação

cardiorrespiratória, o Hospital dispõe, em cada um dos serviços, de carros de emergência

(Anexo XVIII). Estes são estruturas móveis ou transportáveis que possuem um conjunto de

fármacos, bem como uma vasta quantidade de material e equipamentos que possam ser ne-

cessários e úteis numa situação de emergência hospitalar. De acordo com as normas do

CHTMAD, os fármacos de 1ª linha em situações de emergência encontram-se na primeira ga-

veta do carro de emergência. De salientar que o conteúdo do carro de emergência é específico

para cada serviço. Desta forma, os SFH dispensam medicação 24 horas por dia, qualquer que

seja a situação, por intermédio destes carros [37].

Os carros de emergência têm de ser vistoriados e revistos periodicamente, para que

estejam sempre operacionais. Assim, o PV dos fármacos tem de ser verificado mensalmente e

a gestão de stock dos mesmos deve ser realizada com especial atenção. Quando o PV se en-

contra a 3 meses de caducar, o farmacêutico é responsável por substituir a medicação por um

PV mais longo. A medicação recolhida será encaminhada para outros serviços do Hospital em

que o medicamento tenha uma maior rotatividade. Sempre que se utiliza a medicação do carro

de emergência para uma situação que assim o justifique, o farmacêutico deve repor a medica-

ção em falta, imediatamente. Para além disso, os carros de emergência carecem de processos

de manutenção e verificação específicos e periódicos [37].

Durante o estágio, fizemos a vistoria do carro de emergência do serviço de Oncologia e

Gastroenterologia que consistiu na substituição de toda a medicação, cujo PV estaria próximo

de expirar. Preparamos ainda a medicação do carro de emergência de Vila Pouca.

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9. Atividades Complementares

Ao longo do estágio pudemos realizar algumas atividades complementares à nossa

aprendizagem, que contribuíram para um melhor entendimento das responsabilidades e fun-

ções inerentes aos que diariamente trabalham em prol do doente.

Foi-nos concedida a oportunidade de visitar o Hospital de Dia de Hemodiálise e perce-

ber como é que o mesmo funciona, através de uma detalhada explicação ministrada pelo en-

fermeiro responsável pelo serviço. O serviço de diálise destina-se a doentes renais crónicos

que se deslocam até ao Hospital, duas a três vezes por semana, consoante o seu esquema

terapêutico, a fim de realizarem as sessões de Hemodiálise. Durante esta visita foi, também,

possível aprender sobre diálise peritoneal com uma das enfermeiras, que nos sensibilizou para

a temática.

Durante o período de estágio em que estivemos na Unidade de Oncologia foi-nos dada

a possibilidade de assistir a uma breve apresentação oral sobre o serviço de Oncologia e todo

o seu funcionamento, bem como todas as normas legisladas que devem ser tidas em conta.

Tivemos, ainda, oportunidade de assistir à preparação de vacinas para a Covid-19, o

que nos permitiu familiarizar, quer com a técnica de preparação necessária, quer com o papel

do farmacêutico no processo, enquanto supervisor do mesmo.

Assistimos ao Congresso Spring and Cancer, que reuniu os mais conceituados especi-

alistas na área de Oncologia e onde teve lugar a partilha de conhecimento científico sobre o

cancro e as terapêuticas disponíveis.

Elaboramos um vídeo sobre reconciliação terapêutica (Anexo XIX), para posterior pu-

blicação na página do CHTMAD, com o intuito de dar a conhecer o tema e reforçar a sua rele-

vância em contexto hospitalar. A ideia surgiu, visto as farmacêuticas do CHTMAD pretenderem,

em breve, implementar um projeto piloto de reconciliação terapêutica. Deste modo, a concreti-

zação do nosso vídeo constitui um suporte teórico, que pode ser uma mais valia para sensibili-

zar os demais profissionais de saúde e outros para a temática.

Ao longo do estágio elaborámos, quando necessário e solicitado, tabelas comparativas

de medicamentos, onde estavam reunidas informações relativas à farmacodinâmica e farma-

cocinética do medicamento em questão, de modo a dar resposta a Pedidos de Informação, por

parte de vários serviços. A elaboração das tabelas permitiu-nos assimilar novos conhecimentos

e familiarizarmo-nos com novos fármacos.

Durante o período de estágio, decorreu nos SFH uma auditoria, tendo-nos sido dada a

possibilidade de a acompanhar e, assim, perceber quais os aspetos, práticos e burocráticos,

determinantes para a aprovação dos SFH e manutenção da qualidade deste serviço.

Por fim, tivemos oportunidade de ouvir uma breve explicação sobre o PPCIRA. Este foi

implementado com o intuito de controlar e prevenir infeções associadas aos cuidados de saú-

de, promover o uso correto dos antibióticos e reduzir a resistência aos mesmos. Desde a sua

criação e instituição tornou-se possível racionalizar o uso dos antimicrobianos de largo espetro

e limitar a sua utilização somente a situações devidamente justificadas, o que tem vindo a con-

tribuir amplamente para a redução das resistências a antimicrobianos [38].

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Conclusão

O estágio em Farmácia Hospitalar revelou ser uma mais-valia para a nossa formação

enquanto futuras farmacêuticas, tendo despertado interesse por esta área e vontade de futu-

ramente enveredar por esta saída profissional.

Pudemos contactar com uma nova realidade, que nos permitiu valorizar o papel do

farmacêutico hospitalar, enquanto profissional de saúde, e ter uma perspetiva mais alargada da

aplicabilidade do seu trabalho. Integrámos uma vasta equipa multidisciplinar que nos possibili-

tou observar e participar em várias atividades inerentes ao ciclo de vida do medicamento e,

assim, percecionar de perto todas as funções da responsabilidade do farmacêutico hospitalar.

Para além dos SFH do Hospital de Vila Real, tivemos oportunidade de visitar inúmeros

serviços do mesmo, contactar com diversos profissionais de saúde e perceber como se articu-

lam e interagem entre si em prol da saúde e bem-estar do doente.

Neste período de estágio, constatámos que o farmacêutico hospitalar é um elemento

imprescindível na equipa, enquanto profissional responsável pela garantia da qualidade, segu-

rança e eficácia do medicamento.

Em suma, consideramos que a experiência foi bastante enriquecedora e nos permitiu

adquirir conhecimento científico e novas competências, tanto a nível profissional como pessoal.

Bibliografia

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https://www.sns.gov.pt/entidades-de-saude/centro-hospitalar-de-tras-os-montes-e-alto-douro-

epe/ (acedido a 4 de junho de 2021).

[2]CHTMAD. História do CHTMAD. 2021. [online] Disponível em:

http://chtmad.com/historia.html (acedido a 4 de junho de 2021).

[3]SNS.CHTMAD. 2021. [online] Disponível em: https://www.sns.gov.pt/entidades-de-

saude/centro-hospitalar-de-tras-os-montes-e-alto-douro-epe/ (acedido a 4 de junho de 2021).

[4]CHTMAD. Caracterização e área de influência. 2021. [online] Disponível em:

http://www.chtmad.min-saude.pt/orgaos-de-gestao/caracterizacao-da-area-de-influencia/ (ace-

dido a 4 de junho de 2021).

[5]FMUP. CHTMAD. 2021. [online] Disponível em:

https://afiliacoes.med.up.pt/index.php/instituicoes/afiliadas/10-chtmad?id=10 (acedido a 4 de

junho de 2021).

[6]CHTMAD. Composição do CA. 2021. [online] Disponível em: http://www.chtmad.min-

saude.pt/orgaos-de-gestao/composicao-do-ca/ (acedido a 5 de junho de 2021).

[7]CHTMAD. Organograma. 2021. [online] Disponível em: http://www.chtmad.min-

saude.pt/orgaos-de-gestao/organizacao/organigrama/ (acedido a 5 de junho de 2021).

[8]Decreto-Lei n.º 44 204, de 2 de fevereiro, Regulamento Geral da farmácia hospitalar, IN-

FARMED. Disponível em:

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

23

https://www.infarmed.pt/documents/15786/1068150/decreto_lei_44204-1962.pdf (acedido a 5

de junho de 2021).

[9]INFARMED. Manual da Farmácia Hospitalar. 2005. [online] Disponível em:

https://www.infarmed.pt/documents/15786/17838/manual.pdf/a8395577-fb6a-4a48-b295-

6905ac60ec6c (acedido a 7 de junho de 2021).

[10]CHTMAD. Serviços Farmacêuticos. 2009. [online] Disponível em: http://farmacia-

chtmad.blogspot.com/ (acedido a 7 de junho de 2021).

[11]Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE. Ma-

nual da Qualidade dos Serviços Farmaceuticos. Atualizado em junho de 2018.

[12]INFARMED. Código Hospitalar Nacional do Medicamento. 2016. [online] Disponível em:

https://www.infarmed.pt/web/infarmed/profissionais-de-saude/pesquisa/chnm (acedido a 8 de

junho de 2021).

[13] Portaria n.º 155/2007, de 31 de janeiro, Cria o Código Hospitalar Nacional do Medicamento

(CHNM), Diário da República, 1ªsérie, nº22, 2007, 889-890. Disponível em:

https://dre.pt/application/conteudo/518245 (acedido a 7 de junho de 2021).

[14]Despacho n.º 2061-C/2013, de 1 de fevereiro, Cria a Comissão Nacional de Farmácia e

Terapêutica e estabelece as suas competências e composição, Diário da República, 2ª série,

n.º 24,2013. Disponível em:https://www.infarmed.pt/documents/15786/1068535/052-

C_Desp_2061-C_2013_4ALT.pdf (acedido a 8 de junho de 2021).

[15] Portaria n.º 981/98, de 8 de junho, Execução das medidas de controlo de estupefacientes

e psicotrópicos, INFARMED. Disponível em

https://www.infarmed.pt/documents/15786/1070504/Portaria+n.%C2%BA+981-

98%2C+de+8+de+Junho/98730b43-704e-49f1-a2ed-338962a58357 (acedido a 10 de junho de

2021).

[16]DGS. Medicamentos com nome ortográfico, fonético ou aspeto semelhantes. 2015. [online]

Disponível em: https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-

0202014-de-30122014-pdf.aspx (acedido a 10 de junho de 2021).

[17] L.Lemos. Manipulação de Medicamentos na Farmácia Hospitalar. Boletim do CIM - Revista

da Ordem dos Farmacêuticos. 2011. [online] Disponível em:

https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/publicacoes/boletim-do-cim/boletim-do-cim-jan-fev-2011/

(acedido a 12 de junho de 2021).

[18] Portaria nº 594/2004, de 2 de junho, Aprova as boas práticas a observar na preparação de

medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar, INFARMED. Disponível em:

https://www.infarmed.pt/documents/15786/17838/portaria_594-2004.pdf/d8b8cac3-3250-4d05-

b44b-51c5f43b601a (acedido a 15 de junho de 2021).

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24

[19] Decreto-Lei nº 95/2004, de 22 de abril, Regula a prescrição e a preparação de medica-

mentos manipulados, Diário da República, 1ªsérie-A, nº95,2004, 2439-2441. Disponível em:

https://dre.pt/pesquisa/-/search/223251/details/maximized (acedido a 15 de junho de 2021).

[20]Ordem dos Farmacêuticos. Manual de preparação de citotóxicos. 2013. [online] Disponível

em:

https://www.ordemfarmaceuticos.pt/fotos/publicacoes/manual_citotoxicos_16297557285941255

f09f07.pdf (acedido a 17 de junho de 2021).

[21]A.S.Gonçalves. Estudo comparativo dos Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual

aplicáveis a uma Unidade Centralizada de Preparação de Citostáticos (UCPC). Tese de Mes-

trado, Instituto Politécnico de Bragança, 2018.

[22] Ordem dos Farmacêuticos. Manual das Boas Práticas em Farmácia Hospitalar. 2018. [on-

line] Disponível em:

https://www.ordemfarmaceuticos.pt/fotos/publicacoes/mbpfh_capitulo_i_vfinal_17815111995a8

eee5ad0c17.pdf (acedido a 10 de junho de 2021).

[23] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE. -

Manual de Procedimentos de Citostáticos. Atualizado em 2014.

[24] Conselho do Colégio da Especialidade da Farmácia Hospitalar da Ordem dos Farmacêuti-

cos. Boas Práticas da Farmácia Hospitalar. 1ª edição ed. Ordem dos Farmacêuticos, Lisboa,

1999.

[25] Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, Regime jurídico do tráfico e consumo de estupefa-

cientes e psicotrópicos, Diário da República, 1ªsérie-A, nº18, 1993, 234-244. Disponível em:

https://dre.pt/pesquisa/-/search/585178/details/normal (acedido a 15 de junho de 2021).

[26]F.Braga. Medicamentos Derivados do Plasma Humano. Boletim do Cim - Revista da Ordem

dos Farmacêuticos. 2013. [online] Disponível em:

https://www.ordemfarmaceuticos.pt/fotos/publicacoes/bc.107_medicamentos_derivados_do_pla

sma_humano_seguranca_e_desempenho_dos_produtos_fronteira_2601856985a12ebd888db2

.pdf (acedido a 22 de junho de 2021).

[27]Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, Estatuto do Medicamento, Diário da República,

1ªsérie, nº167, 2007, 6297-6300. Disponível em: https://dre.pt/pesquisa/-

/search/540387/details/maximized (acedido a 16 de junho de 2021).

[28]Despacho conjunto n.º 1051/2000, Identificação e registo dos medicamentos hemoderiva-

dos, INFARMED. Disponível em: https://dre.pt/home/-/dre/114251216/details/2/maximized

(acedido a 16 de junho de 2021).

[29]Despacho n.º 11619/2003, de 22 de maio, Condições de dispensa e utilização de medica-

mentos prescritos a doentes insuficientes renais crónicos e transplantados renais, INFARMED.

Disponível em: https://direitodamedicina.sanchoeassociados.com/legislacao/despacho-11-

6192003/ (acedido a 14 de junho de 2021).

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Relatório de Estágio Profissionalizante I Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

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[30]Despacho n.º 10/96, de 16 de maio, Acesso à Hormona Eritropoetina para os doentes insu-

ficientes renais crónicos, INFARMED. Disponível em: https://gid.min-

saude.pt/publicacoes/medicamentos/Despacho_10_96.pdf (acedido a 13 de junho de 2021).

[31]Despacho n.º 9825/98, de 13 de maio, Acesso ao medicamento Eritropoetina Humana Re-

combinante, INFARMED. Disponível em: https://gid.min-

saude.pt/publicacoes/medicamentos/Despacho_9825_98_Medicamentos_Eritropoetina.pdf

(acedido a 14 de junho de 2021).

[32]Despacho n.º 6370/2002, de 7 de março, Acesso aos medicamentos darbepoetina alfa,

epoetina alfa e epoetina beta, Diário da República, 2ªsérie, nº69,2002. Disponível em:

https://www.infarmed.pt/documents/15786/1072289/despacho_6370-2002.pdf (acedido a 15 de

junho de 2021).

[33]INFARMED,Circular Normativa N.º 01/CD/2012. Procedimentos de cedência de medica-

mentos no ambulatório hospitalar. Disponível em:

https://www.infarmed.pt/documents/15786/1154797/Procedimentos+de+ced%C3%AAncia+de+

medicamentos+no+ambulat%C3%B3rio+hospitalar/f82c9f45-6f63-47c2-900d-

1f5dbff74765?version=1.2 (acedido a 17 de junho de 2021).

[34]Lei n.º 21/2014, de 16 de abril, Aprova a lei da investigação clínica, Diário da República,

1ªsérie, nº75,2014, 2450-2460. Disponível em:

https://www.infarmed.pt/documents/15786/1068535/036-B1_Lei_21_2014_1alt.pdf (acedido a

25 de junho de 2021).

[35]Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE. Ma-

nual de Ensaios Clínicos.

[36]Agência Europeia do Medicamento. Good practice guide on recording, coding, reporting

and assessment of medication errors. 2015. [online] Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/regulatory-procedural-guideline/draft-good-practice-

guide-recording-coding-reporting-assessment-medication-errors_en.pdf (acedido a 14 de junho

de 2021).

[37]DGS, Orientação da Direção-Geral de Saúde Nº 008/2011.Organização do material de

emergência nos serviços e unidades de Saúde. Disponível em: https://www.dgs.pt/ (acedido a

15 de junho de 2021).

[38]CHTMAD. Relatório de Atividades, GCL-Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e

de Resistência aos Antimicrobianos. 2020.

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ANEXOS

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Anexo I- Pedido de Introdução de um Medicamento à Adenda Hospitalar do FHNM

Anexo II- Autorização de Utilização Excecional (AEX)

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Anexo III- Kardex

Anexo IV- Ficha de Preparação da “Suspensão IPO”

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Anexo V- Suspensão Oral para o tratamento de Mucosites

Anexo VI- Prescrição médica, UCPC

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Anexo VII- Medicamento citostático embalado, UCPC

Anexo VIII- Pyxis

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Anexo IX- Formulário de requisição de material de penso

Anexo X- Requisição de estupefacientes, psicotrópicos e benzodiazepinas

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Anexo XI- Modelo nº1804 referente à utilização de medicamentos hemoderivados

Anexo XII- Registo de distribuição de hemoderivados

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Anexo XIII- Justificação de Medicamento Extra-Formulário

Anexo XIV- Fases dos Ensaios Clínicos

12 – 18 meses

1,5 – 2,5 anos

3 – 4 anos

Até ao fim da

comercialização

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Anexo XV- Documentação Ensaios Clínicos

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Anexo XV- Documentação Ensaios Clínicos (continuação)

Anexo XVI- Registo de Erros de Medicação

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Anexo XVI- Registo de Erros de Medicação (continuação)

Anexo XVII- Pedido de Informação

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Anexo XVIII- Carro de Emergência

Anexo XIX- Projeto desenvolvido sobre Reconciliação Terapêutica

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