Ana Lúcia - O fazedor de luzes - Conto de Mia Couto

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Escola Secundária Artística António Arroio Fazedor de luz Livro: Na berma de nenhuma estrada e outros contos Ana Lúcia Máximo Silvestre 2008/09 Profª. Elisabete Miguel

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Ana Lúcia - nº 6 - 10º ano - trabalho para apresentação oral - Português - Profª. Eli

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Ao ser-me solicitado elaborar um projecto de trabalho sobre

um conto de Mia Couto, para apresentação oral na turma,

decidi analisar o livro para saber qual deles gostaria mais de

trabalhar, foi então que escolhi o conto FAZEDOR DE

ESTRELAS.

O conto narra a história de uma menina que, à nascença,

perdeu a mãe e foi criada pelo seu pai. Pai que a menina

considera o seu ponto seguro.

Uma história fascinante - de que eu muito gostei, pela magia

que emerge das palavras - entre um pai e uma filha, rodeados

de estrelas.

Achei muito interessante a maneira como a menina se refere

ao pai, e a maneira como a pai se preocupa com a filha. E pelo

amor que une os dois.

Penso que numa história cheia de magia é interessante

retratar o facto de a estrela ser considerada um caminho

depois da morte pois o pai refere uma das estrelas como

sendo a estrela onde se encontra a sua mulher, a mãe da sua

filha, e outra como sendo o seu lugar após a morte. O pai

refere-se àquela estrela como uma escolha, ele prefere ir para

o céu após a sua morte do que ir para o cemitério. Gostei

também particularmente da parte em que ele pede à filha para

nunca olhar para o céu enquanto estiver a chorar, para mim

ele tinha medo de a perder no meio das estrelas como se, ao

chorar diante delas, elas se deslocassem até à tristeza da

menina e a levassem com elas, é como se uma visão

maravilhosa se tornasse numa visão fosca. Como se víssemos

algo mais para além daquilo que nos é mostrado. E quando a

menina estava a relembrar os tempos que viveu com o seu

pai, a estrela que lhe pedira, a menina começou a chorar

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diante das estrelas, e ao chorar ouviu a voz do seu pai dizer

para ela limpar as lágrimas, mas já era tarde de mais, a luz da

estrela já a tinha alcançado…

O conto está repleto de frases lindíssimas, que muito me

sensibilizaram. De difícil escolha, após muitas hesitações,

acabei por seleccionar três excertos:

- Pai, eu quero uma estrela!

- Estrela, não: é muito custosa de criar.

Eu insistia, Queria possuir estrela como as outras meninas

tinham brinquedos, bonecos, cachorros. Aqui, no rés da terra,

eu não podia ter nada.

Aqui, tocou-me a maneira como a rapariga se refere e se

interessa por uma estrela, ela queria uma estrela como quem

quer um brinquedo, e isso encanta-me por ser criança e

querer ter tudo e tudo está ao alcance, basta sonhar com

coisas e logo as podemos ter. Sem dúvida, foi o lado da

inocência que me cativou.

“ Em minha toda vida, eu conheci só aquela exclusiva mão

dele, docemente áspera como pedra. Aquele côncavo de sua

mão era minha gruta, meu reconchego. E mais um agasalho;

as estranhas falas com que ele me nevoava o adormecer”

Emocionei-me com as imagens para a mão do pai, símbolo da

perfeita união entre os dois. A comparação antitética para a

doçura e dureza da mão do pai que era «docemente áspera

como a pedra» e que era «gruta» protectora e «reconchego»

tranquilizador. Também me sensibilizou a metáfora para a voz

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do pai, voz que agasalhava e que “nevoava” o adormecer da

menina.

“ - Você nunca olhe o céu enquanto estiver chorando.

Promete?

- Então, me dê uma estrela, pai.

Nunca veja a noite por através da lágrima - insistiu ele, sério”

O pai que tinha medo, preocupação, por ver a tristeza da filha

chorando diante da noite, olhando para o céu, talvez em busca

de uma companhia – a da mãe? – para atenuar a sua solidão.

O pai quer que a filha não sofra, que tenha uma visão linda,

mesmo da escuridão, mesmo da noite, e as lágrimas nos olhos

impedem a visão – do que há para lá dos escuros do

momento?

Ilustração

(mostrada na apresentação oral – numa cartolina grande)

A minha ilustração do conto é feita com imagens que

representam passagens dos momentos que mais me

marcaram na leitura deste conto.

Eu escolhi fazer com imagens pois assim torna-se mais real a

visão do conto como se fossem fotografias que comprovem a

passagem da menina por diferentes fases.

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Usei uma imagem do céu estrelado para representar a noite

em que a menina e o seu pai se deitaram a olhar o céu. Retirei

um olhar brilhante que representa a curiosidade, o desejo, que

a menina tem de ter uma estrela.

Escolhi também representar a mão do seu pai, a mão que a

menina diz ser o seu ponto seguro, a mão onde está a sua

gruta e o seu agasalho. Dentro da mão encontra-se a menina

deitada como se estivesse a agarrar-se para se manter mais

quente, mais protegida.

Por fim, tenho a imagem da rapariga quando estava a olhar

para o céu chorando, e a estrela vem ao seu alcance.

O papel de fundo é uma estrela para representar a noite.

Simbologia da estrela

A estrela pode ter como significado figurado o “alguém ou algo especial”

Também é considerada um símbolo de espiritualidade, de verdade e de esperança. Há quem considere que as estrelas são as forças das lutas

entre a escuridão e o desconhecido.

Alguns símbolos das estrelas:

O pentagrama é um símbolo poderoso de protecção e

equilíbrio. Este pentagrama incorpora o símbolo oriental de ying-yang para realçar sua harmonia com a natureza.

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O “hexograma” é um símbolo forte da interacção de Deus com a raça humana.

A estrela sete pontas é um símbolo de integração e o místico devido a seus elos com o número sete. É associado com as

sete planetas da astrologia clássica e a outros sistemas de sete, tal como o chakras do Hinduismo.

A estrela oito pontas é um símbolo de plenitude e regeneração, e é ligado a sistemas de oito pontas tal

como trigramas do I Ching, a roda pagã do ano e o "Ogdoad" do Egipto antigo.

A estrela de nove pontas é um símbolo de realização e de

estabilidade. Também pode ser relacionado a sistemas de nove pontas, tal como os nove kanji taoísta (centros mediúnicos)

que são semelhante ao chacra do Hinduísmo.

Categorias da narrativa

Relevo

As acções da personagem principal são relevantes para a

historia porque a historia é narrada por esta mesma, e sem as

suas acções a personagem secundária não existe.

Na estrutura da acção a situação inicial começa “ estou

deitada, baixo do céu […] caçadores de perfumes.” l.1 até à

l.5.

A peripécias e o ponto culminante começam em “ – pai, eu

quero ter […] estrela que ela está” até à linha 111

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E, por fim, no desenlace “agora deitada de novo nas […]

primeiras, mãos me seguraram a existência. Da linha 112 até

à linha 121.

Personagens

A personagem principal é a filha.

Na personagem secundária temos o pai que é caracterizado

fisicamente como “ … aquela exclusiva mão dele, docemente

áspera como a pedra. Aquele côncavo de sua mão era minha

gruta…” e psicologicamente “homem vagaroso e vago,

sabedor de coisas sem teor.”

No processo de caracterização temos a directa porque é ela

que retrata a caracterização da segunda personagem.

Espaço

A narrativa começa num espaço que se situa nas traseiras da

casa ao ar livre. E permanece assim no desenrolar do conto

referido o espaço físico “ voltamos ao quintal, deitávamos a

assistir ao céu.”

Na introdução da narrativa encontramos um espaço

psicológico, curioso, feliz, seguro, triste.

“ – pai , eu quero uma estrela!” ; “ estou deitada, baixo do céu

estreloso, lembrando meu pai.”

” nesse há muito…deitávamos, á noite , a apanhar frescos.” ; “

aquele côncavo da sua mão era minha gruta.”

“ E em meus olhos deixo aguar uma tristeza.”

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Tempo

O tempo cronológico da narrativa passa-se numa noite,

“…baixo do céu estreloso…”, e o tempo psicológico passa-se

numa noite do passado “nesse há muito…”

Narrador

O narrador é participante porque conta a historia na 1ª pessoa

do singular. E a sua focalização é omnisciente “ na realidade,

meu nascimento foi um luto para meu pai…”

Na posição é objectiva porque não toma posição perante os

acontecimentos.

Conclusão

Para concluir quero afirmar que este trabalho foi muito

interessante, e que, apesar das dificultadas inicialmente

sentidas para compreender a conto, consegui elaborar todas

as tarefas propostas. Foi-me particularmente gratificante a

pesquisa de símbolos, a elaboração da ilustração. Sei que me é

útil a revisão que precisei de dar em conceitos teóricos como

os das categorias da narrativa. O facto de ter de elaborar uma

reflexão escrita levou-me a ponderar sobre questões que

jamais antes havia feito.

E coloquei questões sobre a existência de alguma forma de

vida após a morte.

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Que o meu trabalho vos agrade e contribua para a vontade de

ler e de conhecer Mia Couto, autor que eu antes também não

conhecia.

Plano da apresentação oral

1. Fazer uma leitura pessoal do conto.

1.1. Apresentar o meu desenho

1.2. Explicação da minha escolha para o

desenho.

2. Tempos:

Primeira parte: entre 3 a 5 minutos

Segunda parte: 2minutos

Terceira parte: 3 minutos