ANA PAULA FERNANDEZ GONZALEZ AIRES DESIGN...

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ANA PAULA FERNANDEZ GONZALEZ AIRES DESIGN & ARTE Monografia apresentada como requisito parcial a conclusao do cursa de pos-gradua<;ao em Poeticas Contemporaneas no Ensino da Arte. Universidade Tuiuti do Parana. Orientadora: Prof a , Gisele Pinna CURITIBA 2004 II

Transcript of ANA PAULA FERNANDEZ GONZALEZ AIRES DESIGN...

ANA PAULA FERNANDEZ GONZALEZ AIRES

DESIGN & ARTE

Monografia apresentada comorequisito parcial a conclusao docursa de pos-gradua<;ao emPoeticas Contemporaneas noEnsino da Arte. UniversidadeTuiuti do Parana.

Orientadora: Profa, Gisele Pinna

CURITIBA2004 •••

II

SUMARIO

lI •••----1

!I

II

IINTRODU~AO

2 0 DESIGN.

2.1 0 QUE E?2.2 COMO SURGIU ...............................•• 5

2.3 PRINCIPAlS MOVIMENTOS .

2.3.1 Arts& Crafts 11850-19141.

2.3.2 ArtNoveau 11880-19101 .8

92.3.3 DeutscherWerkbund 11907-19351................. . 102.3.4 Bauhaus 11919-19311................................ . 11

3 AARTE. . 14

3.1 DEFINI(;OES DIVERSAS SOBRE 0 QUE E ARTE . 14

3.2 DEFINI(;AO DE ARTE ADOTADA PARA A COMPREENSAO DESTE TRABALHO .. 16

3.3 A ARTE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL. . 183.4 A ARTE NA SOCIEDADE CONTEMPORANEA .

3.4.1 Expressionismo.

. 21

........ 22. 23

. 24

. 25

....... 26......... 27

3.4.2 Fauvismo .

3.4.3 Cubismo.3.4.4 Dadaismo.

3.4.5 Op-art3.4.6 Pop-art.

4 QUANDO 0 DESIGN E A ARTE SE ENCONTRAM 294.1 EXEMPLO NACIONAL DA FRUI(;AO DO DESIGN COM A ARTE 33

5 CONCLUSAO. . 36

REFERENCIAS . . 38

••___________ --.J :

01••• 11---------1

IlINTRODU~AO

A palavra design esta diretamente ligada a ideia de industria, tecnologia e

sistema.

a que vai ser apresentado neste trabalho e 0 conceito e urn pouco da

historia do design, proveniente da art€, assim como a conceito de arte e a

integrac;ao dos dois na sociedade. Muitos criticos e profissionais de design de hoje,

nao aceitam a design como arte.

Neste trabalho, a ideia nao e provar que design e arte, mas sim relatar ted a

a historia que mostra a trajet6ria do design, desde a epoca da monarquia,

passando pela RevolU(;ao Industrial, pela primeira guerra mundial, ate os dias de

hOje e tambem apresentar a hist6ria da art€, focalizando a arte conteporimea e as

principais artistas que mudaram conceitas com suas ideias.

Oessa forma pretende-se mostrar como design e arte se encontram e como

isso acontece na contemporaneidade.

iIiII •I:

~.--~- .•.-.. --- "----" .

design &, arte 02••••

20DESIGN

2.1 OQUE E?

Mas afinal, a que e design?

5e buscarmos auxflio de um dicionario, teremos diversos significados para 0

termo e como tal se buscarmos bibliografias que tratem sobre a mesmo assunto,

teremos talvez ate mais conceitos que aqueles encontrados na primeira pesquisa.

Alguns conceitos em comum acordo e outros totalmente divergentes. Porem a linha

que escolhi seguir neste trabalho, e a do design social, envoi vida com a sociedade e

com a hist6ria.

Neste trabalho, a palavra design sera sempre tratada como soluC;ao, ou seja,

design e uma soluC;ao.

No Brasil, 0 termo industrial design foi traduzido para desenho industrial, isso

porque nao temos uma palavra que possa substituir a palavra design sem que esta 0

retrate ao sentido total da mesma. Por exemplo, na Espanha desenho no senti do I

convencional e dibujo e no sentido industrial diseno. Nos EUA acontece a mesma

coisa, a palavra drawing e utilizada para 0 desenho convecional e design para

projeto. Porem, aqui no Brasil, nao temos essa opc;ao e ao inves de utilizarmos 0

termo design, preferimos fazer a traduc;ao, de uma forma incorreta.

Quando se traduz design para desenho, muitos valores sao perdidos, pois 0

design incorpora a criac;ao ao desenho, onde 0 mesmo fica sendo apenas uma

ferramenta para a aplicaC;ao do design.

o uso do termo desenho industrial fez com que a profissao se passasse

despercebida durante muito tempo no Brasil e ate fosse confundida. Alias nao e

surpresa pra nenhum designer ouvir de urn leigo a seguinte pergunta: "Quem faz

desenho industrial, projeta industrias?" au "Desenhista industrial e aquele que

desenha pec;as mecanicas?". Os profissionais da area, as empresas e as instituic;6es

de ensino, ja adotaram 0 terrno design. E 16gico que 0 termo esta sendo introduzido

nesse meio aos poucos eja se pode percebero sucesso da troca.

Existe urn conceito oficial do ICSID (International Council of Societies of

Industrial Design), que afirma que: "Desenho Industrial e urna atividade no extenso

campo da inovaC;ao tecnol6gica, uma disciplina envoi vida nos processos de

desenvolvimento de produtos, ligada as quest6es de uso, produc;ao, mercado,

utilidade e qualidade formal ou estetica dos produtos". (PBD, 1995, p.3)

Muitos autores e profissionais incorporaram a esse conceito valores mais••••

amplos: a arte, a cultura, a polftica. A ideia, de design apresentada pelos designers e

muito maiore menos tecnica. E com essa preocupac;ao de pensar 0 design, que este

trabalho se desenvolvera.

Segue alguns exemplos de como designers notorios definem sua profissao.

George Nelson (1908 - 1986) formado em arquitetura pel a Universidade de

Yale, em 1932, designer consultor e um dos principais cdticos e teoricos de design

do p6s-guerra, afirma que: "0 design ... e uma manifestac;ao da capacidade do

espinto humano para transeeder as suas limitac;6es" (NELSON et al. (1957) apud

FIELL,2001)

Bernd Lbbach , designer e sociologo alemao professor na Escola Superior de

Artes Aplicadas, deciara que para conceituar design e preciso considerar cinco

pontos: 0 usuario, 0 fabricante, 0 cdtico, 0 profissional de design e 0 advogado dos

usuarios. Ele propoe um conceito para cada um.

a) Usuario: "Design e 'desain"'. (LOBACH, 1976,

p.ll). Os usuarios nao sabem ao certo 0 significado do

termo. Para eles tudo que estiver ligado a estetica, ou

tiver um estilo diferente, esta ligado ao design. Muitas

pessoas confundem design com estilo. Sempre que

observamos uma propaganda de carro, por exemplo,

ouvimos a famosa Frase "esse carro possui um design

,.1Ii1 arrojado". A palavra design do exemplo deveria ser

trocada por "estilo" para assim enfatizar seu real valor

ao produto que possui um estil0 arrojado. Geralmente 0

usuario associ a 0 design ao belo, ao diferente, ao custo,

enfim, sao varias as associac;5es erroneas e que sao utilizadas com naturalidade e

parte da culpa por esse erro e das agencias de publicidade que estimulam essas

associac;6es sem fundamentos.

b) Fabricante: com relaC;ao ao fabricante, Lbbaeh prop6e um eoneeito para 0

mesmo: "0 design e 0 emprego econ6mico de meios esteticos no desenvolvimento

de produtos, de modo que estes atraiam a atenc;ao dos possiveis compradores, ao

mesmo tempo que se otimizam os valores dos produtos comercializados". (LDBACH,

1976, p.12)

c) edtieo: 0 edtieo de design ve a empresario como um explorador de

designers, onde esses sao obrigados a eomprar 0 produto de seu proprio trabalho. Ai:~~~~:~~~~_~~~:_~_\\Od~~~~~_~_:~_~~:~_.:~.~_~~~~_~~~._~~_~~~__~~_~~~~~~J:

041ges ..!9~!~C!!"'~~ ~ ~ .--------.---.-----~---~~._i

Iurn refinamento do capitalismo, uma bela aparencia que encobre 0 baixo valor '

utilitario de uma mercadoria para elevar seu valor de troca." (LOBACH, 1976, p.13) \

Ou seja, para a CritiCD, 0 designer nao esta para a sociedade como urn profissional !capaz de soluCionar problema, mas sim como uma ferramenta, utilizada pela Iindustria, a fim de valorizaros produtos, aumentando seu valor.

d) Profissional de design: 0 quarto ponto a ser considerado e 0 pr6prio i!designer que aD projetar urn produto, coloca-5e entre as interesses dcs usuarios e

do empresario. "Design e urn processo de resolu~ao de problemas atendendo as

rela<;oes do homem com seu ambiente tecnico". (LOBACH, 1976, p.14)

e) Advogado dcs usuarios: 0 ultimo ponto, pode ser considerado a postura

desejavel do designer. "Design e 0 processo de adapta<,;ao do ambiente 'artificial' as

necessidades fisicas e psfquicas dos homens na sociedade" (LOBACH, 1976, p.14)

Buscando sintetizar os conceitos apresentados, este trabalho usara 0

conceito que entende 0 design como uma soluC;ao que agrega 0 estilo, a tecnologia,

o processo industrial, a utilfdade, a funcionalidade, a simplicidade e 0 custo, 0 luxe e

a exclusividade, os aspectos culturaiS de cada regiao, os aspectos socials. Suportes

como esses, quando agregados, soluCionam um projeto e fazem com que 0 produto

seja considerado design.

Design e tambem uma area profissional que se preocupa com 0 bem estardas

pessoas. Antigamente 0 termo "suprir as necessidades" era muito utilizado para

definir a profissao, porem hoje, 0 que se

enfatiza e 0 desejo. Esse desejo nao esta

limitado apenas a uma cia sse especifica da

socidade, ele esta para todas. E 16gico que um

produto, qua-nao -Ta-n~ado no mercado e

pensado para atender um publico alvo

especifico, para quem 0 produto pode ter

mais ou menos valor, como uma obra de arte.

Porem a qualidade, a funcionalidade e a

estetica tem seus valores objetivos e af 0 que

encaminha 0 produto para 0 publico al~o e 0 Expremedor de frums citr1caS, projetado parPhilippe Starck JuJcy Salit:

custo baixo ou a exclusividade, au seja a

design esta para todas.

•~rodut~~~~~:·~~~~_~~~_~~cid~_e~_~~_~~~_~~~_~~~~.~~_~~~:~<,;aa ~m sua~J :

o designere muitas vezes considerado um artista. Muitas pessoas compram

& arte05

••• ca-----~.-~~~-.---.---.-~-~- ..-.-.-------~-----.----,I

por exemplo 0 expremedor de frutas dtricas Juicy Sa/if do designer

Je Starck. Algumas pessoas nem utilizam 0 produto, apesar de ter um

::Itisfatorio. Os expremedores eletricos desempenham essa fun<;;:aoem

porem a satisfa<;;:ao, 0 desejo e a exclusividade de ter um objeto

. _J por um designer especffico e 0 que fascina 0 consumidor. Phillippe Starck i

nasceu em Paris em 1949 e estudou na Escola Central de Artes Decorativas (Ecole

Centraledes Arts Decoratifs). Arquiteto e designer, aos 20 anos dirigiu um escritorio

construindo casas inflaveis. Ele defende que 0 papel do designer e criar mais

felicidade com menDs meios. Phillippe Starck e considerado um fdolo entre os

projetistas de produto e, sem duvida, um designer que marcou 0 seculo xx.

2.2 COMO SURGIU

Quando nos perguntamos quando surgiu 0 design, entramos num labirinto

onde a safda e algo que esta muito distante do nosso mundo. Recapitulando sobre 0

conceito de design usado neste trabalhol onde 0 design e uma solu<;ao que agrega

valores de estetica, funcionalidade, durabilidade, materia is, produ<;ao, podemos

dizerque 0 design e tao antigo quanto 0 hom em .

Utilizando esse conceito como base, podemos concluir que 0 design surgiu

com a necessidade de solucionar problemas e facilitar atividades diarias.

Existem muitos autores que pesquisam apenas 0 surgimento do design,

porem a dificuldade e muito grande, pois as pesquisas sao baseadas muitas vezes

nas versoes historicas e sabemos que a historia trata de assuntos que julgue

importantes, esquecendo outros que podem ser essenciais para a descoberta do

assunto.

o surgimento do design pode ser dividido em tres eta pas : a historical a

te6rica e a funcionaL

Segundo Dijon de Moraes (1999), os primeiros modelos de produtos

reproduzidos em serie pelo metodo artesanal, se deu no perfodo medieval, nas

cidades mais ricas e desenvolvidas da Europa OCidental, onde para satisfazer as

exigencias da corte, do clero e dos ricos mercantes, foram criados diversos

laboratorios que desenvolviam em nivel artesanal e limitadamente uma variada

gama de utensilios de uso domestico que tinham elevado valor artistico econsideraveJ qualidade produtiva.

•II

••••

06••••--~I

!No seculo XVII, artistas e artesaos tiveram urn grande apeio com 0

surgimento do mecenato, onde a monarquia era a poder controlador. Atraves do

mecenato, diversas instituic;oes manufatureiras eram financiadas e controladas pela

Coroa. Entre elas podemos citar a Gobeli na Franc;a, que era conhecida pelos seus

tapetes, moveis e objetos em metal e a Meisse, da Sax6nia, onde a pesquisa e a

experiencia em utensilios de porcelana, fcram os pontos marcantes.

Alguns autores (Argan, 1992; Heskett, 1997) atribuem 0 surgimento dessa

proflssao ao sistema de divisao de trabalho na Revoluc;ao Industrial, que separou a

criac;ao e a confecc;ao do prod uta, antes integractas na atividade do artesao, em

momentos e sujeitos diferentes.

A Revoluc;ao Industrial descreve a periodo da rapida industrializac;ao que

varreu a Gra-Bretanha entre 1760 e 1840 e que provocou alterac;6es tecnolagicas,

sacio-ec6nomicas e culturais.

Nessa epoca 0 poder humano de dar forma ao ambiente onde vivia

aumentava progressivamente. A industria mecanizada foi 0 principal instrumento

dessa transformac;ao.

Embora as raizes do design estivessem na tradic;ao artesanal, seu surgimento

nao se deu simplesmente per uma evoluC;ao linear do trabalho manual a produc;ao

mecanica mas sim de novas fatores e influencias que abrangeram uma variedade

cada vez maior, tanto nas formas, na funcionalidade, nos materiais e na fabricac;ao.

o nascimento do design nessa epoca destr6i, de certa forma, 0 valor do

artesao, pais com as maquinas a trabalho manual era descartado. 0 grande

problema das industrias foi que nesse periodo ainda nao existia um profissional para

projetar os produtos e Esses eram geralmente c6pias de produtos artesanais. A

capia e a fabricac;ao dos produtos industriais eram feitas pelos proprios operadores

das maquinas. Alem de terem seus produtos plagiados, os artesaos nao tinham

mais mercado, pais os prec;os eram incombativeis.

o surgimento do design profissional veia a partir da Primeira Guerra Mundial,

onde a capacidade produtiva estimulou uma enarme explosao de consumo.

Com a expansao da produc;aa em massa, as investimentos foram muito altos

e a busca pela reduc;ao de prec;os e aumento das vendas deram aos produtos valores

importantes para a sucesso dos objetivos. Os profissionais passaram a se preocupar

rnais com a padronizac;ao, com os metodos de produc,;ao, novas materiais e

principal mente com a forma visual que foi a pe<;a-chave para a aumento das vendas.

Em 1927 houve uma depressao no mercado americana, onde muitas•••.-- __ ~ ~ __.__ ~ .._..J.

07de5 ig!1_ ~~ . ••••

1

iempresas pequenas tiveram que fechar suas portas ou foram compradas pelas

grandes empresas, mas com 0 crash de Wall Street em 1929, as empresas que

sobreviveram sofreram press6es competitivas. Com a necessidade de 58 firmaremno mercado, estas comec;;aram a buscar novas diferenciais e a chave para essa

estabilidade e sucesso foi investir nos profissionais de design.

Os designers, em sua malaria, tin ham forma~ao

ligada a publicidade e propaganda, au qualquer arealigada a arte. Com essa experiencia eles tin ham urn

grande trunfo que faz parte do sucesso da profissao, que

e saber trabalhar em equipe e conciliar as pontos

discordantes. Outra vantagem e saber como lanc;ar 0

prod uta no mercado, poiS a depressao no mercado de

1927, teve como uma das principais falhas a falta de

publici dade. 0 prod uta sozinho nao fala por si, e preciso

apresenta-Io ao consumidar, fazer com que este secamera forografica Vanity Kodak

apaixone nao 56 pel a praduto, mas tambem pela marca.

A kodak e um empresa que pode ser usada como exemplo da exigEmcia do

mercado dessa epoca. Em 1927, a artista famosa Walter Darwin Teague, que

comec;ou a fazer experiencias com design de prod uta em meados dos anos 20, foi

contratado pela Eastman Kodak para projetarcameras e suas embalagens. Em 1928

introduziu um elemento de moda com a Vanity Kodak, cujo corpo e fole eram

produzidos numa serie de cores com linhas

cromadas e uma caixa forrada de seda

combinando. Teague tinha uma grande

preocupac;ao com os fatores tecnicos. Sua

habilidade para resolver problemas tecnicos em

termos de forma estetica estabeleceu uma

relac;ao de trabalho com a kodak que durou sua

vida inteira. Um exemplo classico dessa

-- ., '., '(JJ '

'- ,,' .~_••" --.'l"'1__ -

j, :-~~ ~:t 'r-

Camera Kodak Bantam Special, 1936.

habilidade foi a camera Kodak Bantam Special,

produzida em 1936. A Bantam era uma camera manual reduzida a elementos

basicos para a facilidade de usa. As faixas metalicas horizontais na caixa parecem a

princfpio decorativas, mas faram levantadas do corpa para limitar a area da 1

superffcie sabre a qual a cobertura laqueada tinha de ser espalhada, reduzinda I.assim 0 perigo de rachaduras e descascamento. , - -', I :--------------------i~--)- .-J •

08•••••--------·----~l

Segundo Dormer (1993), a consolidal;ao e 0 cresci menta do design como

atividade profissional autonoma somente ocorreu a partir de 1945, gra<;as aversatilidade dos designers em acompanhar as mudanc;as que ocorreram, e que

continuam ocorrendo, no mercado, na tecnologia e na manufatura do rnundo p6s-

guerra.

2.3 PRINCIPAlS MOVIMENTOS

Foram varios os movimentos que fizeram e ainda fazem parte da historia do

design. Alguns desses movimentos merecem uma atenc;aoespecial.

):1 Shakers

" Arts & Crafts 11850-19141

"Aesthetic Movement (Movimento Estetico) 11870 - 19001

" Jugendstil 11880-19101

"Art Noveau 11880 - 19101

"DeutscherWerkbund 11907-19351

nConstructivism (Construtivismo) 11917 - 19351

" Destijl 11917-19311

"Bauhaus 11919-19311

"International Style (Estilo Internacional) 11920 - 1980 I" Art Deco 11920-19391

"OrganicDesign 11930-19601 11990-Presentel

"Stremlining (Aerodinamica) 11930 - 19501

"P6s-Guerra 11945-19581

"POP 11958-19721

" Radical Design 11968 - 19781

"High Tech I Matt black 11972 - 19851

"Post-Mocernism (P6s-Modernismo) 11978 - Presentel

I2.3.1Arts&Crafts 11850-19141 I

i

Com 0 crescimento do processo de desenvolvimento industrial, surgiram I:---------------_. ~ __.J •

tambem debates, questionamentos e movimento contri3rios ao processo industrial.

o primeiro movimento opositor surgiu em Londres, chamava-se Arts & Crafts (Artes

e Offcios) e foi idealizado e dirigido por John Ruskin e Willian Morris.

Esse movimento tinha como caracteristicas fundamentais dois pontos que

eram seus ideias.

a primeiro ponto era a proposta de divisao da arte atraves de duas

denominac;6es distintas, a arte pura au belas-artes e a arte aplicada au artesanato.

Nessa epoca, os objetos ja eram produzidos pelos processos industriais e receberam

outras denominac;6es, como arte decorativa e arte industrial.

a segundo ponto era 0 modelo de atuac;ao da industria e dos produtos

derivado pela mesma. A qualidade dos produtos produzidos por esse sistema

industrial era criticado peJo movimento, que a julgava baixa. Com essa critica, eles

defendiam 0 retorno ao sistema artesanal como meiO de produc;ao e manutenc;ao da

real autenticidade do produto em serie.

Esses ideais foram interpretados pela sociedade e industria como utopicos,

pais a tendenCia de qualquer setor e sempre a evoluc;ao e a RevoluC;ao Industrial fOi

esse marco.

2.3.2 Art Noveau 11880 - 19101

a Art Noveau nasceu em Glasgow, na Escocia, desenvolveu-se em Bruxelas,

na Belgica e seguiu em direc;ao a Paris, Viena, Moscou, Berlim e Italia.

o movimento surgiu apos a segunda metade do sEkulo XIX e, nessa epoca, 0

exodo rural estava em alta. Familias inteiras procuravam os grandes centr~s para

trabalharem nas industrias.

Diversos artistas e arquitetos como Henry Van de Velde, Mackmurdo, Emile

Galle, Hector Guimard, Paul Hankar e Gustave Serrurier, tin ham 0 objetivo de se

libertarem dos estilos antigos, como 0 estilo greco-romano, e para isso propuseram

a criac;ao de urn novo estilo que nao tivesse semelhanc;as com os estilos ensinados

nas academias. Suas preferencias OUinfluencias vinham da natureza.

"0 Art Noveau se formou em uma atmosfera espiritual fortemente

influenciada pelas descobertas advindas das ciencias naturais, e especial mente

atraves da blologla, da botanlca e da flslologla". (HEKESTT, 1988, p.68) •as designers que integravam este movimento, buscavam na natureza aquilo t:.-----------.-- _._--_.- _---- --.--..~--------- ----_._------_-.! •

que a homem ainda nao tinha feito: formas organicas e sensuais, abominando as

intelectuals. Eles nao se preocupavam multo com a funcionalidade, diziam que 0

pr6prio elemento decorativo torna-se a elemento funcional.

No decorrer do movimento, Van de Velde nao considerava mais a industria

como destruidora das caracteristicas artistieas e insistiu no processo intelectual de

transformar a natureza em ornamento. "Ir a natureza e realmente ir a fonte, mas,

diante de uma planta viva a homem deve pereorrer um processo elaborado de

sele~ao e analise. As formas naturais devem ser reduzidas a meros sfmbolos".

(MORAES, 1999, p.23)

Alem das formas, 0 movimento propunha ainda a utiliza<;ao de materiais

como a vidro, a ferro, a bronze e outros metals de faeil fundi~ao e reprodu<;ao na

industrializa<;ao das pe<;as, pais alem de serem materiaisde faeil proeesso industrial,

ainda se encaixavam na proposta do movimento de quebra com os paradigmas

academicos.

2.3.3 DeutscherWerkbund 11907-19351

Esse movimento nasceu em Berlim, na Alemanha, de onde seguiu para

Londres. Ofundadordo Werkbundfoi Hermann Muthesius.

Muthesius acreditava na divisao da arte pura e da arte aplicada, a primeiro

ponto da ideologia do movimento criticava a processo e os metodos da

ind ustria Iiza~ao crescente.

o Werkbund, propunha a uniao dos artistas e da industria. Os artistas

deveriam trabalhar junto as industrias no desenvolvimento de seus produtos, na

tentativa de melhorar a condi<;ao de trabalho dos operarios. "Pela primeira vez, a

artista e a artesao buscaram, juntos, melhor condi~ao de vida e rnelhor qualidade

dos produtos industriais". (MORAES, 1999, p.25)

Urn dos ideiais desse movimento, foi a de despertar a lado social na industria,

atraves da arte aplieada. Muitas duvidas e incertezas referentes ao novo sistema

produtivo eausavam euforia, ainda de uma forma discreta, nos empreendedores

quanta aos lucros a serem obtidos atraves de uma maior produ~ao pelo sistema Iindustrial e pelo aumento do numero de consumidores. I

Os termos forma e fUnI;ilo foram muito utilizados no inicio da industrializac;ao, I.

po~em ~~da nao ~:i~i~~~~_ados _~~ m::~~~~form~e r~~~rente ao i:

11L~~s i~3< a!"'te ----~ ~---------~-,,-----.-,-- ----~--------~~lartista e a fun~ao a industria. .1

A partir desse movimento, houve urn amadurecimendo em rela~ao amecaniza~ao e da organiza~ao das divis6es do trabalho. I

iI!

2.3.4Bauhaus 11919-19311

A Bauhaus (Casa de Canstru,aa), fa; fundada par Walter Group;us em 1919

na cidade de Weimar, na Alemanha.

Tinha como objetivo a tentativa de unir 0 idealismo social e a realidade

comercial, separados ate ao final da Primeira Grande Gruerra e promover uma

resposta adequada a cultura tecnol6gica emergente.

Pode ser interpretada como urn laboratorio, urn centro de estudos que reuniu

profissionais decididos a testar novas concep~5es artfsticas. A ideia era formar

arquitetos, pintores, escultores e

designers em urn ambiente de oficina. A

proposta era semelhante a de Willian

Morris do Arts & Crafts, onde concordava

apenas com 0 primeiro ponto, como 0

movimento Deutscher Werkbund.

A escola contribuiu de forma

significativa para a defini<;ao do papel do

designer. No primeiro ano de curso, os

alunos da escola aprendiam os principios basicos do design e a teo ria da cor. Depois

de concluir essa etapa, os alunos, nas varias oficinas situadas em dois ediffcios,

aprendiam pelo menos uma arte. Essas oficinas pretendiam ser auto-suficientes,

trabalhando para clientes privados.

Na primeira fase da Bauhaus, Goupius contou com famosos professores

pintores, artistas e intelectuais: J. Itten, Paul Klee, Oscar Schlemmer, Lyonel

feininger, Wassily, Kandinsdky, Adolf Meyer, Moholy-Nagy e Josef Albers, entre

outros.

Implementada para promover a uniao entre a arte e a te§Cnica, apresentou

nos seus primeiros anos de funCionamento uma orienta<;ao individualista, i,valorizando a expressao pessoal do artista na concep<;ao do produto. A partir de j.

1923, recebeu influencia da estetica do movimento Stijl (1917 - 1931), I' :---~~----.--.----------------------.--.----------~-.-----.-.------------.--.-~--.

12C~~~.9~~~.t"'!::!! ~_,~ . ~ ~_~ __.___ •••II~~------lapropriando-se de sua morfologia baseada nas formas elementares e nas cores

primarias, esse movimento enalteceu a

maquina e 0 contrale racional do processo

criativo. Essa orientat;:ao estetica vinha ao

encontro dos interesses da escola emestreitar a seu relacionamento com a

industria, com a produc;ao em massa e 0

emprego das maquinas. Neste perfocto, a

escola comec;ou a produzir modelos de

produtos para industria, consolidando a

estetica que caracteriza a Bauhaus ate 05

dias de hoje. Essa linguagem estetica foi

chamada par Maldonado de "funcianalismo

tecnico-formalista". (MALDONADO, 1997,

p.68) 0 formalismo e uma orientac;ao projetual que prioriza a forma extern a do

Cadeira Wassify, 1925Projetada par Marcel Breuer em Ilomenagemao seu amigo Wassily Kandinsky.

produto. "A preocupa<;ao do designer, segundo este principia, refere-se somente aaparencia estetica, sem levar em conta a processo prod uti va". (MALDONADO, 1977,

p. 12) Essa influencia pode ser transmitida nos produtos de um dos mais expressivos

alunos e depois professor da Bauhaus, Marcel Breuer.

Do laboratorio de m6veis coordenado par Breuer, surgiram experiencias

representativas para a evolu<;ao da cadeira e uma grande contribui<;ao para a

tecnologia industrial, como a introdu<;ao das primeiras cadeiras em tuba de a<;o

curvadas, que se tornaram classicos do design do nosso seculo. A cadeira Wassily,

assim denominada em homenagem a seu amigo Wassily Kandinsky, e um exemplo.

Em 1925 Gropius fai for<;ado a mudar a Bauhaus para a cidade de Dessau.

Esta cidade industrial, que beneficiava de empn2stimos de assistencia vindos da

America, ofereceu a Bauhaus apoio financeiro, a qual a escola tanto precisava. Esse

apoio foi dado com a condi<;ao que a escola se auto-sustentasse parcial mente

atraves da produ<;ao e venda dos seus trabalhos.

Com a apoio financeiro, Groupius construiu a ediffcio para a escola na cidade,

com estrutura pre-fabricada altamente racional. Nessa altura ela ja estava

desiludido com 0 socialismo e 0 capitalismo industrial poderia beneficiar as

trabalhadores e a sobrevivencia da escola.

Em 1928, Hannes Meyer assume a dire<;ao da escola e passa a priorizar um i.fa

:~_r:=~~~~~:~_~~~_~~_~_.~~~lta<;a~~~_~~~~t~V.i~:~_~.~~~z_~ ..:~~._~~~~_~~~~~~_~ __J :

13C~~~_~i~~_~_~t:_~~ ~ ~_________________ •• II fI--·-------l

ibusca de solu<;5es coletivas e de uma estetica !

universal, baseada em conceitos como fun<;ao,padroes e normas, adotando uma postura

anti-arte.

Tentou acrescentar ao curricula da escolal

aulas de economia, psicologia, socilogia,

biologia e marxismo e fechou a oficina de

teatro e reorganizou as outras oficinas num

esfon;o de livrar a escola da condi<;ao artftica

na qual 5e encontrava. Durante a sua dire<;ao,

a aproxima<;ao da Bauhaus ao design tornou-cadelra 8arrefona, 1929 Projetada porMies van der Rohe

5e mais cientifica.

Em julho de 1930, Meyer foi destituido do cargo par problemas politicos e a

escola passou a ser dirigida par Ludwig Mies van der Rohe. Este propunha como

filosofia uma integra<;ao entre a arquitetura e 0 design, projetando, dessa forma 0

mobiliario como componente integrante do espa~o interior dos edificios.

Mies van der Rohe, tambem fez varias experiencias na aplica~ao e no uso do

metal curvado e fundido em cadeiras, chegando a uma sintese perfeita de

simplicidade formal e de racionaliza~ao construtiva nos seus projetos.

A Bauhaus teve suas atividades encerradas em 1933, pelo partido nazista,

porem ja havia contribuido, com suas referencias esteticas e culturais, para uma

grande parte da produ~ao industrial da era moderna.

---~--~.---~-----.--.----.-~------.-.--- ,.

I

IIII.I.________J:

14C~~.?J51t1__&_ar~~ --------- -------------~---~~-l

i3.AARTE

3.1 DEFINH:;OES DIVERSAS SOBRE 0 QUE E ARTE

Existem diversas defini~5es sobre a arte, eo que vai ser apresentado neste

trabalho, sao conceitos de alguns autores.

o escritor russo Leon Toistoi, famoso mundialmente como sabio e pregador,

defende em seu livra "0 que e Arte?" (1898), que a arte deve comunicar as pessoas

sentimentos do bern, aD inves de mostrar 0 que e bela, pois ambos sao

contradit6rios e nao podem conviver em harmonia, 0 bern e eterno e a beleza

temporaria. Ele queria purificar a arte de todos as sentimentos ruins, todos as

misterios falsos e escravizantes, tudo 0 que e ambfguo, irracional, contradit6rio. Par

iSSG, condena diversos artistas, como Nietzsche, Shakespeare, Dante, Goethe,

Rafael, Michelangelo, Bach e Beethovem.

Ja 0 professor de historia da Arte, Jorge Coli, admite que e quase impasslvel

canceituar a arte. Para ele, apesar das pessaas nao saberem a conceita sabre a

tema, elas sabem identificar abras de arte, e issa em funC;;aa da cultura que recebem

no dia a dia. "Tados sabemos que a Mona Lisa, que a Nona Sinfonia de Beethovem,

que a Divina Comedia, que Guernica de Picasso, ou 0 Davi de Michelangelo sao

indiscutivelmente, obras de arte. Assim, mesmo sem possuirmos uma definiC;;ao

clara e logica do conceito, somos capazes de identificar algumas produc;;6es da

cultura em que vivemos como sendo 'arte'" (COLI, 2000, p.OS)

Marcel Duchamp foi um artista decisivo para 0 aparecimento da arte objetual.

A ideia de apropriaC;;ao de um objeto industrializado rompeu com as convenc;;6es

tecnicas e formais da arte, implicando em questionamentos que englobam duvidas

sobre a ideia da autoria, assim como as habilidades manuais do artista. "Duchamp

acreditava que tudo era arte, desde que alguem assim 0 quisesse e que pusesse em

qualquer objeto, modificado ou nao, sua assinatura". (ARGAN, 1994) Foi um dos

primeiros artistas precursores da nova arte, onde a estetica nao e mais 0 elemento

principal das obras de arte. Um exemplo dessa teoria, apresentada por Duchamp, foi isua obra entitulada Fonte e canhecida como Urinal. I

A Fonte de Duchamp teve sua primeira apari~ao na Sociedade para Artistas IIndependentes em Nova Yorque, onde ele era um dos diretores do grupo. Essa Iorganiza~ao tinha como inspira~ao 0 Sa lao dos Independentes de Paris, onde se !pagava U$ 6,00 para expordois trabalhose sua escolha. I :

Duchamp incorformado com a organiza~ao, decidiu provocar os responsaveis I.~~---.---~-~.-~--- .~ .~ . . ._._.~ . . . J •

151/de~51~3~~~________________ ~ __ ~"-"-~

I!A Fonte nada mais era do que urn urinal de porcelana, no qual Duchamp

pela escolha dos objetos criando urn pseudonimo para apresentar a Fonte.

mudou sua posic;ao sabre 0 lado plano e assinou com 0 pseudonimo de R. Mutt na

base do urinal.

Os organizadores acharam uma piada de mal gosto do

artista R. Mutt, porem, como ele havia pago a taxa, a Fonte

fai colocada na galeria junto com as outras obras, em urn

lugarque quase ninguem viu.

Para Duchamp a concept;ao de obra de arte era mais

importante que a produto acabado. A Fonte de Marcel Duchamp

Outro artista considerado polemico fai Joseph Beuys.

Nascido na Alemanha, suas obras eram carregadas de metilforas e ironias e 0

criteria de valorizac;ao das mesmas nao estava agregado a estetica, mas sim ao seu 1

poder de comunicac;ao, e ele obtinha isso com grande sucesso: cad a pessoa

interpreta as metaforas transmitidas par ele a sua maneira, muitas vezes positivas e

outras negativas.

Para Beuys toda pessoa e um artista. A experh2ncia pessoal eo unico caminho

capaz de nortear a criac;ao.

"( ... ) Quando eu digo que toda gente e artista, eu quero dizer que cada um pode

concentrar a sua vida nessa perspectiva: pode cultivar a artiscidade tanto na pintura

como na musica, na tecnica, na cura de doenc;as, na economia au em qualquer outro

dominio( ... ) A nossa ideia cultural e muitas vezes redutora. 0 dilema dos museus e

das instituic;5es culturais e que limitam a campo da arte, isolando-a numa torre de

marfim." (1979 - entrevista com Franz Hak)

As obras de Beuys eram extrema mentes politicas. Elas intervinham na

sociedade, seja na questao ecologica, questao social, na valorizac;ao da vida, enfim,

cada material utilizado, cad a performance constitura um sentido para a cotidiano.

A performance mais conhecida foi Coyote. I like America and America likes

me, Beuys articula varios arquetipos para que a populac;ao, nao so americana,

consiga estabelecer um significado profunda.

A perfomance comec;a no dia 21/05/1974, quando Joseph Beyus chega ao

aeroporto John F. Kennedy, em Nova Yorque. Envolto de cobertores de feltro, e

carregado em uma maca e transportado em uma ambulancia a uma galeria em

Manhattan. E colocado em uma sala com grades na compania de um coiote, ondeE••______________________________________________________________-.1 •

pela primeira vez, desde a sua chegada, pisa em solo americana. Na sala, alem do

16R •••~~-----~-----~-------,

icoiote, hi! uma bengala que ele segura, exemplares do jornal The Wall Street

iJournal, mais cobertores de feltro e uma lanterna.

Ao enclausurar-se par quatro dias com 0 cOiote dentro da sala, Beuys procura

o dialogo com 0 animal selvagem, estabelecendo uma ponte. Esta permite revelar a

possibilidade de encontro entre dais mundos: a Europa e as Estados Unidos. Apesar

das divergencias entre parses, sejam elas par posses de terras, economia, religiao, e

ou, qualqueroutro motivo, a necessidade de manter urn ponte de dialogo para pocter

conectar as rupturas e de as sanar, esta ao alcance de qualquer serexistente.

Ele tinha como objetivo derrubar 0 mundo 'materialista' governado pela

dinheiro e utilizava como arquetipo na sua performance 0 cOiote que urinava todos

os dias sobre os exemplares do jornal The Wall Street Journal.

As suas obras eram pictoricas, suas esculturas, suas instalc;oes eram apenas

pretextos para a criaC;ao de foruns de debates.

Para ele 0 mais importante nao e 0 objeto artistico, mas 0 pensamento e a

aC;ao artfstica. Por iSso, Beuys considerava que a 'criatividade' nao e monopolio das iartes.

Os conceitos apresentados dao uma nOC;ao da diversidade de pensamentos

entre criticos e artistas, 0 que torn a quase impossivel conceituar um tema tao

complexo como a arte .

3.2 DEFINI~iio DE ARTE ADOTADA PARA A COMPREENSiio OESTE TRABALHO.

o conceito de arte mais propfcio para este trabalho e 0 da arte ligada acriatividade, como 0 que Beuys defendia. Todo mundo pode ser um artista, nao

importa mais 0 objeto artistico e sim 0 pensamento. Esse canceito esM dentro da

arte contemporanea que foi marcada pela rompimento com os padroes utilizados

ate entao. Ela abandonou todo e qualquer suporte. A arte saiu da tela, ganhou vida e

valores que estavam alem do "ser" belo, ela passa a comunicar a fazer parte da vida

das pessoas.

A palavra contemporanea diz respeito a tudo aquilo que se faz hoje, porem

isso nao significa que os artistas atuais estejam produzindo obras de arte com a

linguagem de hoje. A arte moderna, movimento anterior a arte contemporanea nos

deixou um legado rico e suficiente para influenciar os artistas do mundo inteiro. .Essa nova arte teve seu infcio nos anos 60 com a queda do modernismo e 0 I •

-----~~-------~-~-------~.-~-~~----------~--~------~--~-------~--~-j:

17~~~!~~~~~~--~---~----~ ----~~----~-~--~~-----~-.-----~-~~

Iinfcio do pos-modernismo.

a grande objetivo do pos-moderno era popularizar 0 erudito e tarnar 0

intelectual acessfvel. Inspiravam-se livremente na historia,

alterando a cor, a textura OU 0 material, muitas vezes numa parodia

muito bern humorada da Fonte original. Marcel Duchamp e urn

exemplo disso, alem da Fonte, obra ja citada neste trabalho, ele

tambem alterou e modificou diversas obras, uma delas foi a Monalisa

de Leonardo da Vinci, onde quebrou todas a convent;6es ao tratar de

maneira tao futil uma obra considera pela mundo, como uma das

mais preciosas.

"As experimenta<;oes de poeticas e as propostas de interven<;6es esteticas ( .. ),

concordam num ponto: 0 que quer que possa ou deva fazer 0 artista, 0 que ele nao

pode nem deve absolutamente fazer e produzir obras de arte no sentido tradicional

do termo, isto e, objetos aos

quais se sobreponha um valor

excendente e que, par

conseguinte, sejam frulveis

apenas por uma elite cuja

riqueza e, portanto, cuja

capacidade de poder assim

aumentem". (KLAUS, 2000, p.

41)

Para mel har entendi mento do

conceito escolhido, desenvolvi

para este trabalho, um raciocfnio

ilustrado sobre 0 que e arte. A

melhor forma encontrada pala

ilustraro conceito, e a arvore.

Se imaginarmos uma arvore e

pensarmos qual seria a parte mais importante e mais forte da mesma, 0 tronco e 0

que nos vem a cabe~a, pais em geral e 0 maior, e que "sustenta", enfim e a partir dele

que os galhos e a copa vao se formar. Pais bem, nesse exemplo 0 tranco e a arte. As

raizes sao as ramifica~6es da arte, onde cad a uma ainda possui mais ramifica~5es, Icomo a pintura que possui os diversos estilos e movimentos que caracterizam cada

i:r-obra. Como esta sendo mostrado no exemp!o, essas ramifica~5es podem ser

~~-~------~~----~~-----~ - --~-- -~ --.-_. ._~ __ ~_. ~ .. _.J •

~-------,,compostas peJa pintura, escultura, design, fotografia, cinema, literatura, musica,

enfim par inumeras classes e caracterfscas artisticas e sao elas que na verdade

estruturam e sustentam a arte.

A arte, porem, nao pode ser considerada arte, apenas por fazer parte de uma

dessas ramificac;oes, senao 0 objeto artistico estaria antes do pensamento artistico,

a que nao se encaixa com a defini.;ao escolhida.

Para que as ramificac;oes, que sustentam e dao vida ao tronco se complete

como arte, elas recebem alguns valores e influencias do galhos que sao sustentados

e alimentados pela propria tranca e esses valores podem ser cia ssifi cad os como

criatividade, educac;ao, economia, cultura, politica, enfim valores que fa<;am parte

do cotidiano das pessoas e que possam sertransformados junto com as ramificac;5es

em obras de arte que serao apresentadas a sociedade, que nesse exemplo e

representada pela copa da arvore e que tambem necessita dos valores

representadas pelos galhos para compreenderde forma criativa as abras de arte.

3.3 AARTE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL

Antes da Revoluc;ao Industrial, todas as pec;as construidas manualmente

eram conSideradas pe.;as artisticas, pois eram feitas por artesaos e eram unicas.

Pon:§m com a chegada das maquinas esse conceito cai, pois a mesma pec;a

construfda por um artesao, que levava um tempo consideravel e que custava um

prec;o mais elevado em conseqUencia do trabalho, poderia ser feita por uma

maquina em grande escala, em um tempo curto e com 0 prec;o de venda multo

abaixo do praduto do artesao.

A partir dar, tudo a que antes passou a ser construido em serie pelas

maquinas, deixa de ser arte.

De certo modo os objetos industriais deram as obras de arte mais valor "( ... )

Par ser unica, a obra de arte ganha um carater sarado e passou a ser cultuada, de

modo especial nos museus" (PROEN<;;A, 2003, p. 182)

Apesar do objeto industrial ter deixado de ser arte, por nao ser mais IiIi •

____ ~~~ e:_ econ~~izar ~:_:~~~=-:a_d~:~~:~:~~~~ le:va mese~J :

construido pelo artesao e por nao ser mais uma pec;a unica, as maquinas

despertaram a interesse do hom em para outras areas artisticas como a fotografia e

o cinema.

18••••

19L. ~~sig~_&_~~~ ...---~-- .. -~-.-----.-- ----- .. ------------ ---!.~~-lanos para ser acabado, podia flear pronto em pouquissimo tempo com 0 surgimento !da fotografia. "A fotografia, par exemplo, substitui a pintura, eo artista-fotografo

praticamente ja nao precisava 'usar as maos', como Fazia a pintar, mas sim operar

sua maquina e submeter 0 filme exposto a luz e a uma serie de processos quimicos,

ate abter urn negativD, da qual podem ser feitas inumeras fotografias." (PROENc;A,

2003, p. 183)

Essa nova arte nao esta relacionada ao artista propriamente dito, mas sim

com 0 "Fazer medJnico", a arte esta ligada a maquina para ser realizada.

Assim como a discussao de que design tambem e arte, a fotografia safre esse

mesmo problema. 0 que os crfticos alegam e que a fotografia e um registro e nao

uma obra, porem, muitos artistas desenvolvem projetos fotogritficos e sao famosos

no mundo inteiro. Um grande exemplo e 0 artista brasileiro Vik Muniz. Suas obras

sao utilizadas tanto pela arte como para os meios de comunical;aO em massa. 0

artista evidencia, simultaneamente, a 'magica' da crial;ao artistica - reproduzindo

imagens a partir de materiais como terra, ac;ucar ou chocolate - e a possibilidade de

manipulac;ao da 'verdade' na construc;ao de uma imagem, exercida pela industria da

informac;ao. "Antes de mais nada Vik estabelece uma relac;ao entre desenho e

fotografia, entre memoria e presente" (AGUILAR, 2000, p. 212)

o trabalho do artista e desenvolvido a partir de uma imagem projetada sobre

uma mesa onde, com materiais como areia, ac;ucar, chocolate, macarrao, enfim,

materials nao convencionais da pintura, ele redesenha a imagem projetada,

fotografando todo 0 processo e quando terminado, ele recolhe 0 material utilizado

para urn recepiente e a obra de arte apresentada e a fotografia do que foi construido.

Em uma conversa com a a artista plastica Re Rodrigues, Vik diz que sua

perspectiva nao e criar outra realidade ou uma ilusao. "0 que considero mais

importante e a relat;;ao da obra com 0 espectador. Trabalho para olhar alguem

olhando 0 meu trabalho." Ele acredita que toda imagem e uma mentira, uma ilusao.

"N6s artistas nao temos ferramentas para trabalhar com realidade alguma. Meu

trabalho mostra ao espectador a medida de sua prorpia crent;;a na imagern. Tento

trabalharcom coisas simples, mas as coisas simples sao na verdade rna is complexas

e sofisticadas." Vik Muniz busca, sobretudo, a sensac;ao, rnais do que interpretac;oes

racionais. "Quero fazer 0 espectader sentir e fac;o com que ele olhe em varias

direc;6es. Vou conduzindo 0 seu olhar, mas ha um limite daquito que se pode dizer. Eprecise deixar urn espac;o para que 0 espectador acrescente urn pouco de sua

propria vi sao".

II •I:-- -- ..---- . -----1 •

, de5ig~& at'te~~~~~~~~ --~-~-~ ~-----~----~--~l

IOutra arte que surgiu com a industria foi 0 cinema, esse alem de de pender da

Vik Muniz provoca confus6es em rela<;ao ao seu trabalho, onde muitos nao

sabem como classifica-Io, pade ser uma fotD de Dutra foto, OU0 que?

maquina para ser realizado, tambem depende para ser apresentado.

A arte industrial agregou a vida social diversos valores e come<;a a ser feita

dentro do modo de produ<;ao capitalista industrial, em serle e dirigida ao mercado. 0

cinema e urn grande exemplo disso, pois

tambem e vista como uma industria ondepassu] equipes dirigidas a atividades

industriais diversas, demanda altos

investimento para produzir grande

quantidade de objetos (capias) e assim

reduzir a custo final de cada unidade,

permitindo que esta possa ser vend ida por

urn prec;;o acessive! a grandes multid5es.

Uma grande obra do cinema que

ret rata uma critica da arte em relac;;ao a

industria foi Tempos Modemos (1936) de

Charlie Chaplin. 0 filme conta a historia de

urn vagabundo que durante a depressao

da decada de 1930, torna-se operario em

uma industria. A quantidade de ideias e

tecnicas exploradas e apresentadas no

fUme retrata uma dura crftica a industria e

a ganancia. A critica e voltada

principal mente ao estado de confusao, alienac;;ao e mecanizac;;ao dos Estados Unidos

CIIIIUE CHIPIta

Te.mpos Mode.mos de Chalie Chdplin

durante a depressao de 30. 0 filme retrata tambem urn estado de desumanizac;ao

implacavel I alern da desorganizac;;ao e da gan2mcia dos americanos e do resto do

mundo, frente ao surgimento de novas tecnologias. Chaplin e engolido pelas

engrenagens de uma maquina, enlouquece devido ao ritmo alucinante de trabalho e

e esbofeteado por urna maquina que em tese facilitaria a ingestao de alimentos.

Alem da critica em relac;;ao a industria, ele tambem retrata a perseguic;;ao dos

Estados Unidos e do mundo inteiro em relac;;ao as pessoas que eram contrarias a

esse progresso desornado e que de alguma forma demonstravam essa opc;;ao.

Quanta rna is inovadora e moderna for a industria, mais valores ela agregara a •••~ -- -- • __ ~~~_~_~ ~_~~ ~~~~~.J •

20

21(~5ign~_~r_~,=- , ••••

saciedade e a que haje e cansiderada arte'=:-:::te paden; na::~- ------1I

III

imaginar, essa importancia se justifica pela influencia que 0 cantata com varias Ipraduc;5es artisticas exercem sabre a percepc;aa e as ideias que resultam em iindividuos formadores de opiniao. A arte reflete sabre 0 papel do homem, sua II

rela~aocom 0 meio e consigo mesmo, sugere repensar as faces da "verdadeira

verdade" em que vive.

3.4 A ARTE NA SOCIEDADE CONTEMPORANEA (~A importancia da insen;;:ao da arte na sociedade, v~>~;lerUd~ue pod em os

Os artistas se motivam com os acontecimentos que as rodeiam, esses

possuem uma caracteristica fundamental para transformar esses acontecimentos

em obras que permitam a troca de informa<;6es com a sociedade, que e a

criatividade.

A ideia do que e e porque e Feito arte hoje, nao Faria senti do nenhum para um

artesao I artista que esculpia porta is rom.€micos ou fabricava os portais goticos. Nem

para artistas como Michelangelo que esculpia estatuas como Davi e que pintava

afrescos como 0 da Capela Sistina, procurando chegar a perfeiC;ao.

A arte vem tomando rumos diferentes desde a sua existencia. Antigamente

ela era Jigada exclusivamente a estetica. Alem disso, 0 artista nao obtinha 0 valor \ipelo seu trabalho, a merito pela criatividade era atribufda a Deus e nao ao artista. As !

estatuas goticas, por exemplo, eram vistas antes de tudo como meios para invocar Iuma entidade, nao eram vistas como obras de arte. Esses conceitos come~am a cair Icom 0 Renascimento, onde a sociedade burguesa ganhava forma nas republicas

italianas, pelas maos dos artistas. "Com 0 Renascimento, 0 artista, com sua ,I

personalidade propria, original e criadora, come~a a adquirir desde entao verdadeirai

carta de cidadania e distinguir-se do artesanato. Tudo isso e inseparavel do Ihumanismo burgues, renascentista, que afirma a autonomia do homem ante Deus e Ia natureza," (VASQUEZ, 1999, p, 40 - 41) I

Como existem diversos conceitos, estilos e movimentos artfsticos, nesse !capitulo sera abordada com maior enfase a interaC;ao da arte contemporanea com a i

Isociedade. I

Com a arte contemporanea ou pos-moderna, nasce um novo estilo art/stico. I :o termo pos-moderno foi criado pelo historiador ingles Arnold Toynbee, em 1947, ao I •____ _ ------.J •

22C~~~51~~ _~-.-!.~~_~ ~. ~ . ~___ • • • •

designar tada e qualquer tipo de mudanc;a ocorrida nas cien::~-:-artes e -:a~-l

sociedades avan<;adas. Essa nova arte destr6i val ores que ainda cultivamos,

diversos segmentos sao criados e cad a um cultiva urn novo entendimento do que

sera a arte a partir daquele momento.

o SEkulo XX 5e inicia com uma serie de acontecimentos importantes e

marcantes para toda a humanidade. Na sociedade, as diferenc;as entre as classes da

burguesia e do proletariado, acentuam-se e 0 capitalismo organizado faz com que os

primeiros movimentos sindicais apareC;am e passem a interferir nas sociedades

industrializadas. Tambem ja nas primeiras decadas do seculo ocorrem profundas

conturba<;6es politicas como: a Primeira Guerra Mundial, a Revoluc;ao Russa, 0

fascismo na Italia e 0 nazismo na Alemanha. Nas proximas decadas surge mais uma

nova Guerra Mundial e com ela 0 inicio das pesquisas e 0 uso da energia nuclear.

Houve ainda a conquista do espac;o, 0 usa crescente da computac;ao e dos sate!iites,

passando a comunicar a sociedade com mais rapidez em distantes partes do mundo.

Nesse contexto de acontecimentos, surgem novos movimentos artisticos que de um

modo ou de outro, expressam a perplexidade do homem contemporaneo

Alguns dos principais movimentos artfsticos do seculo xx foram:

II Expressionismo

II Fauvismo

II Cubismo

IIAbstracionismo

II Futurismo

II Dadafsmo

II Surrealismo

nOp-art

II Pop-art

3.4.1 Expressionismo

Esse fOi 0 primeiro grande movimento da pintura moderna. Teve origem em

Dresden, Alemanha, entre 1904 e 1905. 0 expressionismo foi uma grande reac;ao ao

i1

I-o expressionismo, ao contrario, procurou expressar as emoc;5es humanas e II~-~--~-~-~-~-----~---~-~~.-~~-~-~~~~__~~~__~~~~~~ ~_~__~~ J :

impressionismo, movimento que se preocupou apenas com as sensac;5es de luz e

cor, esquecendo as sentimentos humanos e a problematica da sociedade moderna.

interpretar as angustias que caracterizavam 0 homem do inicio do seculo xx.Tinha como caracteristica a tendencia a traduzir em linhas e cores os

sentimentos mais dramaticos do homem. 0

desenho era propositalmente deFormado, Fazendo

com que a Figura passasse uma sensa~ao de

angustia e realidade da epoca que estava sendo

retratada. Um dos maiores artistas desse

mavimenta fai Edvard Munch (1863-1944). A sua

abra 0 Grita (1893) e um exempla das temas que

sensibilizaram os artistas dessa epoca. Na obra, a

imagem da Figura humana nao e retratada em suas

lin has reais, e sim sobre linhas contorcidas. "As

linhas sinuosas do ceu e da agua, e a linha diagonal

da ponte, conduzem 0 olhar do observador para a

boca da Figura que se abre num grito perturbador."

o Grito (1893), de Edvard Munch (PROEN~A, 2001, p. 152)

Por utilizar como caracteristica a deForma~ao, expressando com maior

realidade 0 pessimismo em relaC;ao ao mundo e fugindo das regras tradicionais de

equilibrio da composiC;ao e da harmonia das coresj essa tecnica e considerada por

muitoscomoFeia.

o expressionismo e traduzido por muitos como um clima inquietante e

melanc61ico em relaC;ao ao mundo.

3.4.2 Fauvismo

o fauvismo surgiu em 1905, em Paris, durante a realizac;ao do Salao de

outono, onde alguns pintores Foram chamados de Fauves (Feras) pelo critico Louis

Vauxvelles.

Tinham como principal caracteristica 0 usa das cores intensas. Elas eram

utillzadas assim como vinham nos tubas, os artistas nao se preocupavam em

mistura-Ias ou matiza-Ias. j

Alem das cores, as Formas eram simples e eles nao se preocupavam em Iretratardeacordocomoelas realmente eram. j •

________~~~:_~:::~~~~_~~~_~~~.~_~"n_~~~~~~ __~~~~~~~_~~~~OIVi~_~~~_~~_=osto__ j :

24

Henri Matisse (1869-1954) foi

urn dos principais artistas desse

movimento. Sua caracteristica mais

forte e a despreocupa<;ao com 0

realismo, tanto em rela<;ao as formas

das figuras quanta ern rela<;ao as cores.

pelas cores puras, que atualmente

estao nos inumeros objetos do nosso

cotidiano e nas muitas pec;as do nosso

v€stuario.

3.4.3 Cubismo

Esse movimento teve sua origem na obra de Cezanne, que dizia que a pintura

deveria tratarformas da natureza como 5e fossem cones, esferas e cilindros.

Entretanto, 0 movimento fai alem disso, as artistas passaram a representar

os objetos com todas as suas partes (frontal, lateral e superior) num mesmo plano.

Essa atitude de decompor as objetos nao tinha nenhum compromisso com a

aparencia real dos mesmos. A ideia do movimento, era representar 0 abandono da

busca da ilusao da perspectiva ou das tres dimensoes dos seres, tao explorados

pelos pintores renascentistas.

Com 0 tempo, 0 movimento cresceu e se expandiu em duas segmenta~5es: 0

cubismo analitico e 0 cubismo sintetico.o cubismo analitico teve seu inicio com Picasso e Braque entre 1908 e 1911. A

ideia era trabalhar com poucas cores, geralmente a preto, a cinza, tons de marrom e

ocre. Nao se preocupavam com 0 usa de mais cores, pois a ideia era definir um tema

e apresenta-Io com todos os seus pianos, porem essa tecnica chegou em um ponto

que as figuras eram tao fragmentadas, que era impossivel reconhecer 0 que havia

sido pintado.

o cubismo sintetico foi uma rea~ao dos artistas a excessiva fragmenta~ao dos

objetos. A ideia de representar 0 objeto nas 3 dimens5es em um unico plano,

tambem era meta desse novo estilo. "Basicamente, essa tendencia procurou tomar

as figuras novamente reconheciveis. Mas, apesar de ter havido uma certa

recupera~ao da imagem real dos objetos, isso nao significou 0 retorno a um••••

25U!~si£l-,,-~~rte ----~------~------.-- ------~..'!~_l

Itratamento realista do tema." (PROEN<;;A, 2001, p. 155) i

Pablo Picasso (1881 - 1973) foi sem duvida, urn dos maiores artistas do

seculo xx. Fai urn artista que nao 5e prendeu a urn unico estilo, ele diversificava sua

arte com varias tecnicas de pintura. Dentro do cubismo passou par vckias fases, as

rnais conhecidas fcram a fase azul (1901 - 1904) onde a artista representa a

tristeza e a melancolia da sociedade rnais carente, e a fase rosa (1905 - 1907) onde

representa a alegria do pove atraves de imagens de arlequins e acrobatas.

Tempos de pais Picasso, passa a 58 preocupar com a sociedade europeia e com

as conflitos que viriam acontecer. Pintou seu rnais famosa mural a Guernica (1937)

que foi uma forma que artista encontrou para expressar sua revolta ao ataque

nazista a regiao de Guernica situada nos arredores da cidade de Biscaia.

Essa obra, Picaso passa nao 56 sua indignac;ao contra 0 ataque, mas tambem

a imponencia diante do avanc;o da tecnologia e a impotencia da Espanha diante 0

acontecido.

o painel encontra-se dominado no alto pel a luz - simbolo da mortifera

tecnologia - seguidas de duas figuras de animais. No centro um cavalo apavorado,

em disparada, representa as for~as irracionais da destruiC;ao. A direita dele, im6vel,

o perfil de um touro que representa a Espanha, impotente diante da destruic;ao que a

envolvia. Logo abaixo do touro, lima mae com 0 filho morto no colo. Ela clam a ao

ceus por uma intervenc;ao. Trata-se da moderna Pieta de Picasso. Uma figura

masculina, esquartejada geometricamente, domina as partes inferiores. A direita,

uma mulher com os seios expostos e gravida, voltada para a luz, implora pela vida,

enquanto outra incinerada, ergue inutilmente as brac;;os para 0 vazio, enquanto lima ••••

26~~j.9n 5~art~ ~~~

II

Esse movimento fei criado em 1916, em Zurique, na Sui<;,;a, par artistas de !varias nacionalidades, exilados nessa cidade. Eles eram contrarias do envolvimento Ide seus proprios paises na guerra. Fundaram 0 movimento para expressar suas !decepc;5es em relac;ao a incapacidade das ciencias, religio3o, filosofia que 5e !revelaram pouco eficazes em evitar a destruic;ao da Europa. !

o nome dada, como ficau rnais conhecido 0 movimento, e de origem francesa

casa arde em cham as. Naquele caos, a tecnologia aparece esmagando a vida.

3.4.4 Dadafsmo

e signifiea "cava/o de pau", na linguagem infantil. Em urn primeiro momento 0 nome

parece nao fazer sentido, porem foi uma forma que 0 grupo encontrou de mostrar

que arte nao tinha mais nenhum sentido diante da irracionalidade da guerra. Sua

proposta e que a arte ficasse solta das amarras nacionalistas e Fosse apenas

resultado do automatismo psiquico, selecionando e combinando elementos por

acaso. "E preciso considerar tambem que os estudos de Freud chamavam a aten<;ao

para um aspecto novo da realidade humana. Eles revelavam que muitos atos

praticados pelos homens sao automaticos e independentes de um encadeamento de I

I

INo in[cio da segunda metade desse seculo, II

os grandes centros urbanos ja estavam

recuperados dos estragos provocados pela ISegunda Guerra Mundial. A industria teve sua

capacidade de produ<;ao redobrada e fOi dentro II

desse contexto que nascem dois movimentos de

expressao artistica a op-arte a pop-art. IOp-art vem de optical art, que significa arte !

optica. Fei criada par Victor Vasarely. Ela busca I.Chert-Ond (1971) de Victor Vasarely atingir 0 espectador por meia da combina<;ao de I:

--- .---------------------.- .

Marcel Duchamp foi um dos fundadores do movimento.

razces 16gicas." (PROEN!;A, 2001, p. 165)

3.4.50p-art

27i~5j.9~~to.'O - ------------------~-lcores frias e quentes e da superposi,ilo de tramas geometricas. A sensa,ilo e de Imovimento e se a obra for rotacionada, 5e 0 espectador decidir olhar par angulac;6es

diferentes, ele continuara venda urn conjunto, au seja, a obra nao perde 0 sentido. E !II

Sao varios os tipos de percepc;ao visual, truques como utilizar linhas de

uma especie de ilusao de otica.

perspectiva para dar impressao do espac;o tridimensional, cores m;sturadas para dar

impressao de luz e de sombra, e outros.

As caracteristicas desse movimento sao:

l:t Confusao da imagem e dofundo;

Jl ilusaode movimento;

:t1 profundidade;

Jl usa de cores repetitivas e contrastante;

Jl formas abstratas criadas de forma sistematica.

Esse movimento proveniente da dlkada de 50, sofreu influencias do

dadaismo de Marcel Duchamp. Teve seu inicio quando alguns artistas, ap6s

estudarem os simbolos e produtos do mundo da propaganda, principalmente

americana, passaram a transforma-Ios em temas de suas obras.

Reproduziam os componentes mais marcantes da cultura popular, de grande

influencia na vida cotidiana. Esse movimento se opunha ao

expressionismo abstrato, que dominava a cena estetica

desde a final da Segunda Guerra, voltando a uma arte

figurativa. Utiliza como base a televisao, a fotografia, as

quadrinhos, 0 cinema e a publicidade.

a movimento tinha como objetivo criticar

ironicamente a sociedade, atraves dos proprios objetos de

consumo. Utilizava signos esteticos maSSificados da

pubricidade, usando como materiais, tinta acrilica, poliester,

latex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes,

reproduzindo os objetos do cotidiano em tamanhos

3.4.6 Pop-art

Campbell Soup (1968)de AndyWahrol

relativamente grandes, transformando 0 real em hiper-real.

Ao mesmo tempo que 0 movimento criticou 0 consumo exagerado da

sociedade em rela~ao a esses produtos americanos, ere fez com que a consumo ·•••

28~5ign _~ ar:.!.,, ~!~

sabre esses produtos aumentassem, pois quanta rnais signos utilizavam para !construir essa critica, rnais propaganda faziarn_ Eo caso da sopa campbell, de Andy IWarhol (1927 - 1987) urn dos principais artistas do movimento. Alem disso, muito

do que era considerado brega, virou moda, e ja que tanto 0 gosto como a arte ternurn determinado valor no contexto historica, a pop art proporcionou a

transforma!;i3o do que era considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte da

sociedade, ja que utilizava as objetos que faziam parte do cotidiano da mesma,

desmitificando a arte para todos.

II

II

I

I:---- J :

29~~.9n _&. aC!.~ . --~.=-.::c.:::.-'i.

4. QUANDO 0 DESIGN EA ARTE SE ENCONTRAM

Quando se assacia arte e design, a [deia que nos vern e que essa assocja~ao,

de certa forma, se limita ao artesanato, pois antes da Revolut;ao Industrial, essa

uniao de valores era base para as projetos dos produtos desenvolvidos. Neste

trabalho, a ideja nao e provar que 0 design e arte, mas mostrar a interferencia da

arte sobre urn produta quando agregada a ele como meia de pesquisa, au seja,

valorizar estudos relacionados aDs aspectos sociais e culturais das regioes, sabre os

projetos dos produtos.

Aos 35 anos de eXistencia, 0 ICSID (International Council of Societies of

Industrial Design) utiliza uma defini~ao diferente da proposta de 1961.

"0 design industrtial e uma atividade crlativa rujo objetivo e determinar as propriedadesformais dos objetos produzidos industrial mente. Por propriedades formais nao se deveen tender apenas as caracteristicas exteriores mas, sobetudo, as relac;:Cles estruturais efuncionais que fazem de um objeto (ou de um sistema de objeto) uma unidade coerente, tantodo ponto de vista do produtor como do consumidor. 0 design abrange todos os aspectos doambiente humano condlcionado pela prodw;ao industrial". (PBO et al (1995) apud MORAES(1999))

Essa nova definic;;ao aerescenta ao design valores e earacteristicas modernas

e sociais. Dijon de Moraes (1999) eita os aspectos da soeiedade, que devem ser

considerados e pratieados pelos designers.

It A rapida evoluc,;ao da tecnofogia industrial;It 0 aparecimento de novos materiais;It a rapida mudanc;:a do comportamento social humano;It as novas necessidades do usuario;It 0 advento da informatica;It a era pos-industrial;Ita considerac;:ao dos aspectos psicofislologicos (cognitivos, psicologicos esubjetivos);

It 0 surgimento dos produtos interativos;It os aspectos semiologlcos e semanticos dos produtos;It 0 surgimento do mundo virtual;It as novas possibilidades de consumo do mundo eletr6nico;It os novas produtos eletronicos de entretenimento e lazer;It a crescente interac;:ao entre design industrial, grafico e visual atraves de produtos deinterface;

II 0 design nao somente como atividade projetual, mas como centro das declsoes eestrategias empresariais;

It 0 design como centro filosofico e politico;It 0 design como referil!ncia de identidade de uma gerac;:ao e urn tempo." (MORAES, 1999,

p.S6)

A preocupac;ao com 0 rumo que a profissao tomava iniciou-se pratieamente,

na deeada de 70, quando varios te6ricos, fil6sofos e estudiosos do design se I.j:--- -----------! •

reuniram e iniciaram um grande discurso sobre a real condic;;ao do design.

d~~l9n__&-"r:.!:.'=._~-------------~----------~~--~~·-liAS paises desenvolvidos eram grande produtores e dominavam as paises nao

desenvolvidos, ja que estes naG possuiam recursos au tecnologia convenientes

para participar do mercado industrial. foram criadast entao, duas terminologias

para a profissao: 0 design de centro que era referente aos paises desenvolvidos e a

design de periferia referente aos paises naG desenvolvidos. Na verdade, esse

dualismo criado pelos estudiosos sempre existiu desde 0 inicio da historia do design

e 58 extende ate os dias de hoje. Dijom de Moraes (1999), eita algumas dualidades

que marcaram e marcam a profissao de design durante todos Esses seculos.

J:t artesanal x industrialJ:t operario x patraoJ:t arte pura x arte aplicadalI: forma x fun~~olI: arte x tecnicalI: natural x artificiallI: metodo x intuh;aolI: mecanica x eletr6nicalI: regional x globallI: conservador x revolucionariolI: moderno x p6s-modernolI: sociedade industrial x sociedade pos-industriallI: real x virtual"(MORAES, 1999, p. 76)

A preocupa~ao com a nao participa~ao dos paises nao desenvolvidos na

economia industrial, fOi, de certa forma, solucionada com ideias que utilizam a

tecnologia, mesmo precaria, desses lugares como forma de renda. Isso fez com que

o design industrial praticado pelos paises desenvolvidos e acusado de ser elitista,

passasse a dividiro mercado com outro tipo de design proveniente da aplica~ao e do

uso de uma tecnologia alternativa (adaptavel) e que serviu como modelo de design

para os paises em via de desenvolvimento. Esse segmento de design vem ganhando

cad a vez mais for~a no mercado. A socidade esta buscando nos objetos valores

culturais, nao quer somente tecnologia aplicada, ela quer identidade.

Dijom de Moraes (1999) acredita que essa nova identidade tern que ser

apresentada para os estudandes de design pelas escolas que as formam. Ele diz que

os estudantes devem ser habituados ao usa do raciocinio reflexivo e analitico

durante as fases de desenvolvimento de um projeto. Devem aplicar valores

humanisticos e culturais como fatores de diferencia<;ao como gera<;ao de novas

alternativas para 0 produto. Ete afirma que se os estudantes e profissionais nao

procederem dessa forma, correrao 0 serio risco de se tornarem simples usuarios dos

fatores objetivos da projeta~ao, ou seja, serao profissionais preocupados em tratar Iem seus prejetos apenas de val ores funcionais e esteticos, deixando de lado a busca l.

I.

I •- ~_. __ .__ .__ .__ . ~ .. ~ .. ~.__. _. ._._ ._~ __-..-J •

30

~~ . .=.•• a!

da identidade que a sociedade tanto procura hoje nos produtos. !a aluno tem que aproximar-se do contexto, se preocupar com a situac;ao que !

!envolve 0 tema projetual proposto.

"( ... ) nao se deve pensar ern urna cadeira, mas no ata de assentar; nao se faz necessario pensar nocapo, mas no ata de beber. Ere, necessariamente, naa deve pensar em uma vitrina, mas no ata deexpor e mastrar algum objeto, e assim sucessivamente com infinitos exemplos e aplica~6es. Umprojeto, uma vez direcionado por tais enfoques, tem a possibilidade de apresentar solu~oes rnaisinovadoras, diferenciadas e as vezes inusitadas." (MORAES, 1999, P.155)

A expansao que 0 termo design obteve durante todos esses seculos, foi uma

das causas da ligac;ao do design e da tecnologia, deixando de lado, muitas vezes, as

aspectos culturais e sociais tao importantes para dar identidade ao objeto.

Wilton Azevedo (1988), afirma que 0 designer tem que ficar atento ao que

acontece no cotidiano, desde as coisas mais simples do dia a dia, como as tarefas

desempenhadas pelas pessoas, um fUme, uma novela, enfim, assim como as coisas

mais complexas, como politica, economia e acontecimentos do mundo inteiro.

a autor cita tambem a dificuldade dos alunos quando ingressam no curso de

desenho industrial, pois com a massificac;ao do term 0, eles acabam valorizando

somente 0 desenho do objeto e estranham quando encontram materias que

ensinam a histaria da arte ou aulas praticas em ateliers de arte.

Para ele 0 diferenCial do design esta no fato de ser um objeto de capia.

"Podemos dizer que ao estudar 0 modelo vivo estamos transformando nosso ato de

olhar em uma manifestac;ao gratica, numa forma de representar a realidade, e 0

mesmo ocorre quando olharnos para urn cafeteira. Isto acontece, entretanto, se

nos limitarmos simplesmente a copiar a cafeteira. No momenta que a

transformamos em objeto de capia, ela nao e mais desenho, ela e design."

(AZEVEDO, 1988 p. 9)

Essa afirmaC;ao do autor nao se limita apenas ao ato do desenho, mas sim do

desenho como projeto e soluc;ao dentro do conceito de design adotado para este

trabalho e citado anteriormente.

Ele faz ainda uma analogia com quadros de Van Gogh, em questao a obra Os

girass6is, onde diz que:

"E rnuito tacit imaginar que Van Gogh compos visualmente seus quadros, e nao podemosdescartar que, para um dos maiores pintores do impressionisrno, tenlla havido inten~ao ou umplano a priori de urna pintura em forma de esbo~o ou rough. Entao porque Van Gogh nao eraurn designerse ao pintar seus girassois, ele estava tentando cornprovar que a luz emitida peloquadro se faz atraves de pontos continuos e suas cores complementares, estava pensandocomo pinto." (AZEVEDO, 1988p.l0)

31

••••

Provavelmente a resposta que vem a mente e que Van Gogh naa poderia ser

um designer parque era um pintar, um artista e nao produzia em serie, mas essa

questaa esta relacionada ao design grafico que tambem sofre problemas quado

relacionada a arte.

Para Anamaria de Maraes (1999), a integraC;ao da arte com 0 design ja

existia, porem camec;a a desaparcerentre os seculas XVI e XVIII.

"0 'artista' / artesao era um trabalhador especializado que participava do sistema decorpora~5es e sua atividade pertencia as 'artes mecanicas', por oposi~ao as 'artes liberais' quesao os saberes. A partir dos seculos XVi e XVIII os artesaos Independentes da Idade Mediatendem a desaprecer, e em seu lugar, surgem as assalariados, que cada vez depend em maisdo capltalista - mercador - intermediario - empreendedor."(COUTO; OLIVEIRA, 1999, p. 158)

a capitalisma de certa forma subtrai do profissional, isso praticamente em

todas as areas, a artiscidade tao defendida por Beuys e acrescenta os valores

tecnologicos. 1550 faz com que as profissionais naa desempenhem seu papel com a

motivaC;ao que era feito antes. Um medico de hOje, por exemplo, nao pensa como

podera salvar uma vida ou curar uma enfermidade, mas sim no quanto a tecnologia

ira avanc;ar para poder faze-Io. Com 0 tempo a criatividade das pessoas esta se

transformando em dependencia tecnologica, onde a mais importante nao e porque e

coma foi feito, mas sim para que servira.

E possive1 observar em objetos industrriais, em mfdias digitais e impressas a

identidade com a tecnologia, onde muitos acabam tendo a mesma cara.

A quantidade de aspectos culturais que existem em todo 0 mundo, abre

espac;o para uma massificaC;ao da tecnologia que substitu; nossa propria identidade.

o homem esta tao alucinado com essa ideia que cientistas do mundo inteiro

trabalham em pesquisas de inteligencia artificial, OU seja, fazer com que uma

maquina pense e reaja a estimulos como nos, seres humanos.

a que pode parecer tao banal com rela<;ao a busca da arte e dos aspectos

culturais e sociais para com a profissao de design, ou qualquer outra, sera essencial

na futuro para a sociedade redescobrirsua propria identidade.

Essa ideia de unir valores culturais e criatividade, e a base da arte, pelo

menos para 0 conceito de arte escolhido para este trabalho, onde 0 objeto artistico

nao e 0 principal, mas sim tudo aquilo que e transmitida porele. iI

_________~_J~

32••••

33

4.1 EXEMPLO NACIONAL DA FRUIt;:AO DO DESIGN COM A ARTE

••••---------------l

Ii

Ao longo deste trabalho, fcram apontados alguns designers e seus projetos

como referencia no design e na arte.

Urn grande exemplo da integrac;;ao da arte com 0 design e 0 trabalho dos

Irmaos Campana: Humberto Campana e Fernando Campana. Sao hoje grandes

estrelas internacionais. Possuem uma trajetoria de pouco rna is de 10 anos, onde

comec;;aram com pec;;as limitadas, em relac;;ao a produ<,;:ao, alcanc;;ando com sua

criatividade, a fama internaCional.

o processo criativo dos irmaos e simples: ele parte de urn olhar atento, em

caminhadas pela (idade, no percuSD a pe de casa ao estudio. Flagram cenas do I

cotidiano, processam as ideias e inovam com soluc;;5es de uma natural simplicidade

que chegam a parecer obvias.

o trabalho dos Irmaos Campana se encaixa na terminologia do design de

perderia apontada no item anterior, onde os designers buscam principal mente

recursos provenientes do proprio meio. 0 Brasil ainda nao e um pais desenvolvido,

mas possui diversos recursos naturais e uma tecnologia adaptavel, onde e passive I

desenvolver projetos que possam ser reconhecidos mundialmente, caindo por fim 0

eterno tabu do design elitista dos paises desenvolvidos e de tecnologia avanc;ada_

Em urn workshop em Belem do Para, os Irmaos Campana desenvolveram

uma atividade utilizando como material, a fibra de coco ralada, que e um material

estranho e bruto, impregnada com latex natural. Eles conduziram os alunos a

soluc;5es inovadoras, a criac;aa de projetos delicados que pareceriam impossiveis a

uma primeira vi sao ou abordagem do material.

Eles possuem um "olhar" que ultrapassa 0 limite do visivel, encontrando ern !cad a paisagem, objeto ou material, um pretexto, ou estfmulo para a criac;ao. E uma !criac;ao sempre muito brasileira. I

Seguem alguns produtos projetados peloslrmaos Campana. Ii

III1 :

____ - ~ -------------- 1 :

I~~sig~~te __ . .__ ~

IAO longo deste trabalho, forarn apontados alguns designers e seus projetos I

IUrn grande exemplo da integra(,;ao da arte com 0 design e 0 trabalho dos !

4.1 EXEMPLO NACIQNAL OA FRUII;;iiO DO DESIGN COM A ARTE

como referencia no design e na arte.

[rmaos Campana: Humberto Campana e Fernando Campana. Sao hoje grandes

estrelas internacionaiS. Possuem uma trajetoria de pouco mais de 10 anos, on de

comec;aram com pec;as limitadas, em relac;ao a produ(,;ao, alcan(,;ando com sua

criatividade, a fama internacional.

o processo criativo dos irmaos e simples: ele parte de um olhar atento, em

caminhadas pel a cidadet no percuso a pe de casa ao estudio. Flagram cenas do

cotidiano, processam as ideias e inovam com solu~6es de uma natural sirnplicidade

que chegam a parecer obvias.

o trabalho dos [rmaos Campana se encaixa na terminologia do design de

periferia apontada no item anterior, onde as designers buscam principalmente

recursas pravenientes do proprio meio. 0 Brasil ainda nao e urn pais desenvolvido,

mas passu! diversos recursas naturaiS e uma tecnologia adaptavel, onde e possivel

desenvolver projetos que possam ser reconhecidos mundialmente, caindo par fim a

eterno tabu do design elitista dos paises desenvolvidos e de tecnologia avanc;ada.

Em urn workshop em Belem do Para, os [rmaos Campana desenvolveram

uma atividade utilizando como material, a fibra de coco ralada, que e urn material

estranho e bruta, impregnada com latex natural. Eles canduziram as alunos a

soluc;6es inovadoras, a cria(,;ao de projetos delicados que pareceriam impossiveis a

uma primeira visao au abordagem do material.

Eles possuem um "olhar" que ultrapassa a limite do visivel, encontrando em

cad a paisagem, objeto au material, um pretexto, au estimulo para a cria(,;ao. E uma

criac;ao sempre muito brasileira.

Seguem alguns produtas projetados peloslrmaos Campana.

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1

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33

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Cadeira Favela (1990). Seu processo construtivo e semeillanteao processo utllizado na constu~oes de casas e barracos demadeira nas favelas. Apesar da aparencla bruta, os Irmaoscampana garantem que ela e muito confortilVel.

----~------ -- - ~-~----- I

I

I

III

Cadeira Vermelha - Pec;a mais fotograda no ISalao do Movel, em f;mao (1998)

L ..J

34

35

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Cadeira de discos (1992). Feita com madeira e metal !- -~-~-~--~--- --~--~-------~-.-j

........--__JiIi

II

i:I--.--------- ...J •

/ ~(' des icm &. arte II •• rIL ~~--,,__ ~~ . . . ..,. -------·-~,I5. CONCLU5AO

INa atualidade, existem meiDs de comunicac;;ao capazes de colocar uma I

,I

imensagem ao alcance de grande numero de individuos, contribuindo para que 0 que

S8 pensava sabre arte e a design seja difundido, ao inves de ficar restrito aos Iambientes espedficos de especialistas au de grupos culturais fechados.

Contudo, cuidados devem ser tornados quando S8 tern pela Frente uma

industria cultural, fruto de uma sociedade industrializada, e capitalista. Mais

especificamente, sociedade de consumo.

A Industria Cultural permite que seus "produtos" sejam trocados par maeda,

promovendo a deturpac;;ao do gosto popular; simplifica ao maximo seus produtos,

obtendo uma atitude passiva do consumidor; assume uma atitude paternalista,

controlando 0 consumidor ao inves de colocar-se a sua disposi~ao.

Frente a isso, os individuos correm riscos socia is, pOiS a for~a do capital e do

consumo faz com que nao meditem sobre si mesmos e sobre 0 meio social ao red~r,

podendo-se transformar com isso em mercadorias.

Nesse senti do, 0 presente trabalho ao refletir sobre 0 design procurou

construir uma rota hist6rica do mesmo, vislumbrando, com isso, sua import2lncia e,

da arte, como possibilidade de auxiliar na provoca~ao conceitual nessa realidade.

Revisitar conceitos e termos e procurar descobrir a for<;a que possuem a partir de

seus contextos hist6ricos de origem e ao mesmo tempo, redimensionar energias

para continuidade no mundo contemporaneo.

Arte e 0 design acabaram sendo assumidos e consumidos como produtos da

industria cultural na atualidade. De certa maneira, sao vistos como portadores de

mensagens e conteudos a servi<;o de determinados grupos economicos, com 0

interesse na margem de lucratividade e seletividade sociocultural. Entretanto, tal

utiliza~ao vem sendo desconstrufda, pois todo produto traz em si OSvestfgios, as

marcas do sistema produtor que 0 construiu, as tendencias do artista e as rafzes de

seu tempo cultural.

Da mesma maneira, a design, enquanto projeto-ideia-desenho-realiza<;ao de

alguem que intervem estetico e tecnicamente no mundo mediante a aprecia<;ao, a

usa e a manejo transformador sobre os objetos.

Assumimos que a pr6pria realidade possui uma nova fluidez, conforme BAUMANN

(2001):

Os f/ufdos se movem facilmente. E/es "f/uem': "escorrem", "esvaem-••••

37C9~~5t~~~~~~_~~~~ --.--.--...-------------.~--~-~~-~ -~--~~i

!se'~ "respingam'~ "transbordam", "vazam': "inundam", " barrifam","pingam", sao "filtrados'~ "desti/ados"; dfferentemente dos s6/Idos,nao sao faci/mente contidos contornam certos obstaculos, dissolvemQutros e invadem au inundam seu caminho. (. . .) A extraordfnariamobi/idade dos flufdos e 0 que as associa a ideia de "Ieveza". (. .. )Associamos "Ieveza" au "ausencia de peso" a mobilidade e ainconstimcia: sabemos que pela pratica que quanta mats levesviajamos, com maior facilidade e rapidez nos movemos. Essas saorazoes para considerar "f/uidez" au "liquidez" como metaforasadequadas quando queremos captara natureza da presente rase, novade muitas maneiras, na historia da modernidade. (P.8-9)

Nessa fluidez, mais uma vez a arte se faz importante, tanto para projetar

e avisar-nos do mundo em continua constru~ao.

38~~sig!t ~_~rte - --~----. ------------------~~_l

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