Anais da 17 Mostra de Teatro da FAP
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anais17 mostra de teatro
da FAP14 a 19 de
junhode 2010
Rua dos Funcionários 1756 - Cabral( (
no Teatro
da FAPLaboratório
ISSN 2176-3089
Rosane SchlögelDiretora
Eulide Jazar WeibelVice-Diretora
Francisco de Assis Gaspar NetoCoord. do Colegiado do Curso de Bach. em Artes Cênicas
Elvira FazziniCoord. do Colegiado do Curso de Lic. em Teatro
Comissão Organizadora
Profª Márcia Moraes
Centro Acadêmico de Bacharelado em Artes Cênicas – CABACFabiane de Cézaro
Giuliano BilekMaitê Schneider
Vânia Franco
Centro Acadêmico de Licenciatura em Teatro - CALTFabrício MeloJean Franzoi
Leonardo Moita
Comissão de Seleção dos Projetos
Nádia LucianiSueli Araújo
Comissão CientíficaGuaraci da Silva Lopes Martins
Robson Rosseto
Coordenação Técnica do Teatro LaboratórioNádia Luciani
Francisco Nogueira
Comissão de Divulgação
Tiago Batista da Silva
Hélio Ricardo Sauthier
Francisco de Assis Gaspar NetoGiórgia Conceição
Márcia Moraes
Giuliano BilekRenata Cossio
SUMÁRIO
Apresentação........................................4
Programação.........................................5
Espetáculos...........................................6
Oficinas.................................................10
Artigo
Música de Cena ou Sonoplastia? Considerações sobre as confusões que rondam estes conceitos Everton Ribeiro.....................................12
APRESENTAÇÃO
No ano em que o Curso de Artes Cênicas Bacharelado completa 25 anos de existência, temos a alegria de realizar a 17 edição da Mostra no Teatro Laboratório da FAP. Um espaço de pesquisa e experimentação teatral que é o resultado do esforço, do entusiasmo e da dedicação de professores, alunos, funcionários e direção que ao longo destes anos se engajaram nesta conquista.
A 17 Mostra de Teatro da FAP tem como objetivo partilhar da produção artística dos Cursos de Artes Cênicas Bacharelado e Licenciatura em Teatro desenvolvida no primeiro semestre de 2010.
Após a apresentação dos espetáculos selecionados ocorrerão debates com a participação dos estudantes, do professor orientador e de um professor convidado, bem como da comunidade presente no evento, a fim de propiciar a troca de experiências.
O evento pretende ainda possibilitar o intercâmbio e o debate entre grupos teatrais universitários e egressos. Para tanto, neste ano contaremos com a participação do Grupo Antropofocus, cujos integrantes concluíram o curso de Artes Cênicas na FAP e que apresentarão o espetáculo “Contos Proibidos de Antropofocus”, explicitando seu processo de pesquisa e criação e sua inserção na vida profissional.
Durante a programação ainda acontecerão cursos que objetivam a atualização do conhecimento técnico e artístico e que terão como eixo central nesta edição o tema “a voz do ator”. Para tal, serão ofertadas 04 oficinas que enfocam a voz sob diferentes perspectivas, além da realização da mesa-redonda “Café Expressivo“ que abordará o tema Ação Vocal com a participação de profissionais da área da voz e teatro.
O evento é uma iniciativa dos Colegiados dos Cursos de Teatro da FAP, da Coordenadoria de Extensão e dos Centros Acadêmicos do Bacharelado em Artes Cênicas e Licenciatura em Teatro, CABAC e CALT.
Profª Ms. Marcia Moraes Helio Ricardo Sauthier Coordenadora da Mostra Coordenador de Extensão da FAP
PROGRAMAÇÃO14 a 19 de junho de 2010
13h30 – Abertura da 17 Mostra de Teatro da FAPLocal: Auditório da FAPCom a Direção da FAP
20h – O homem do banco branco e a amoreira – Minha Nossa Cia de TeatroDebate sobre o processo de pesquisa com os integrantes do elenco e com o professor orientador.Local: Teatro Laboratório - FAP
14h às 18h - OficinasLocal: Salas de Aula da FAPCorpo da palavraOficina de Canto Pássaros na garganta – Liane Guariente
– Moacir Ferraz
20h – Espetáculo Teatral convidado – Contos proibidos do AntropofocusBate papo sobre o processo de pesquisaLocal: Teatro Laboratório - FAP
14 de junho
15 de junho14h às 18h - OficinasLocal: Salas de Aula da FAPCorpo da palavra – Moacir FerrazA Voz da Comédia ou a Comédia da Voz - Danilo Correia
16 de junho 14h às 18h - OficinasLocal: Salas de Aula da FAPCorpo da palavra – Moacir FerrazA cor da voz – Viviane Mena e Andréa BernardiniOficina de Canto Pássaros na garganta – Liane GuarienteA Voz da Comédia ou a Comédia da Voz - Danilo Correia
09h - Café Pré-Expressivo com a Mesa-redonda sobre Ação VocalCom Olga Nenevê, Moacir Ferraz e Rosemari BrackLocal: Teatro Laboratório da FAP
14h às 18h – OficinaA cor da voz – Viviane Mena e Andréa Bernardini
20h – O ninho do Tigre – Coletivo NéctarDebate sobre o processo de pesquisa com os integrantes do elenco e com o professor orientador.Local: Teatro Laboratório - FAP
17 de junho 14h- Cena ou Sonoplastia? Considerações sobre as confusões que rondam estes conceitos» - Everton Ribeiro
14h30 - Mesa-redonda «Contribuições da Literatura na formação do aluno», com a Profª Ms. Rosi Kaminski, Profª Ms. Mônica de Souza Lopes e Profª Ms. Janaína Bacelo de Figueiredo.
Comunicação da pesquisa selecionada «Música de
20h - EscárnioDebate sobre o processo de pesquisa com os integrantes do elenco e com o professor orientador.Local: Teatro Laboratório da FAP
19 de junho
18 de junho
20h – Espetáculo Musical Convidado - Grupo Omundô - FAPBate papo sobre o processo de pesquisa com os integrantes do grupoLocal: Teatro Laboratório – FAP
14h às 18h – OficinasLocal: Salas de Aula da FAPA cor da voz – Viviana Mena e Andréa BernardiniOficina de Canto Pássaros na garganta – Liane Guariente
20h – A Mãe – Cia Atormente de TeatroDebate sobre o processo de pesquisa com os integrantes do elenco e com o professor orientador.Local: Teatro Laboratório - FAP
CONTOS PROIBIDOS DO ANTROPOFOCUS ANTROPOFOCUS
EspetáculosCONTOS PROIBIDOS DO ANTROPOFOCUS
ANTROPOFOCUS Dia 14/06/10 – 20h – Teatro Laboratório da FAP
Espetáculo Convidado
Espetáculos
Sinopse:Na peça CONTOS PROIBIDOS DE ANTROPOFOCUS o grupo enfrenta o desafio de fazer um espetáculo inteiro sem nenhum diálogo, onde a comunicação acontece através do som. Partindo da metáfora da incomunicabilidade, as cenas – ou Contos – acontecem em ambientes onde pessoas desconhecidas se encontram, mas raramente iniciam uma conversa: dentro de um ônibus, debaixo de uma marquise num dia de chuva ou em um banheiro masculino. Também há contos sobre segredos, coisas que fazemos e que preferiríamos que ninguém ficasse sabendo.
A idéia de fazer um espetáculo assim surgiu porque todos os grandes comediantes usam medidas sonoras para falar de seus trabalhos: o tom da cena, o tempo da piada, o ritmo da ação, o timming de comédia. Este projeto é uma investigação do grupo Antropofocus™ sobre força cômica que o som tem.
FICHA TÉCNICA
Elenco - Anne Celli, Andrei Moscheto, Danilo Correia, Jairo Bankhardt, Marcelo RodriguesSonoplastia e Assistência de Direção – Célio SaviIluminação – Anry AiderFigurinos - Fabianna Pescara & Renata SkrobotCenografia - Sérgio Richter e Antropofocus™Produção SP: Leonardo KedhiProdução - Andrei MoschetoDuração: 60 minutosClassificação Etária : 12 anos
Espetáculo seguido de debate com a Profª Ana Fabrício
Foto: Chico Nogueira
O NINHODO TIGRE O NINHO DO TIGREColetivo Néctar
Dia 15/06/09 – 20h - Teatro Laboratório da FAP
FICHA TÉCNICADireção: Marina NucciAção: Ailime Huckembeck, Anderson Bueno, Cassiana dos Reis Lopes, Iury Pietreski, Luma Bendini, Marina Nucci, Ricardo Trojan.Figurinos e maquiagem: Ailime HuckembeckOrientadora: Giorgia Conceição
SINOPSEVisto a camisa de força e antecipo o meu encontro com a morte. É desse impulso maldito que me vem a vontade de criar um buraco negro no tempo e no espaço “Real” onde eu, e quem mais comprar a proposta, possa se aventurar numa experiência singular. O ninho do Tigre se propõe como um Evento Cênico, uma experiência estética híbrida e uma vivência artística. A construção de um terreno fértil para que atores e público se tornem criadores de algo inédito.
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Espetáculo seguido de debate com a Profª Orientadora Giorgia Conceição e Profª Sueli Araujo
FICHA TÉCNICATexto e Direção - Léo MoitaAssistente de Direção - Talita NevesElenco - Fernanda Perondi e Léo MoitaCenografia - Varlei JaneiIluminação e maquiagem - Raul FreitasFigurino - Ailime HuckembeckAdereços - Rodrigo KleinaOperação de som - Bruno NicolettiOrientação: Profª Ana Cristina FabrícioRecomendação: Livre
SINOPSE
O espetáculo é resultado do projeto de pesquisa “O jogo teatral na construção do espetáculo”. De forma lúdica e poética o espetáculo comunga com os espectadores a história de um homem que espera seu amor perdido nos trilhos do “trem tempo” para juntos compartilharem os frutos da amoreira. A Minha Nossa Cia de Teatro é composta por alunos da FAP e UTFPR.
O HOMEM DO BANCO BRANCO E A AMOREIRA O HOMEM DO BANCO BRANCO E A AMOREIRAMinha Nossa Cia. de Teatro
Dia 16/06/10 - 20h – Teatro Laboratório
Espetáculo seguido de debate com a Profª Orientadora Ana Fabrício e Profª Elvira Fazzini
ESCÁRNIOESCÁRNIO Dia 17/06/10 20h – Teatro Laboratório da FAP
SINOPSEAh o desejo! Ah a carne! Ah o sangue!Desapegados seres de vida insólita. Vivem na esfera dos prazeres sem ao menos sepreocuparem com a preservação de seus corpos fluídos, membros secreção, órgãos genitália.Nada mais comum que uma morte por trepada..
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FICHA TÉCNICACriação Cênica: Cassiana Lopes e Sávio MalheirosAtores: Cassiana Lopes e Sávio MalheirosTexto: Baseado no Livro "Contos D´Escárnio - Textos Grotescos" de Hilda Hilst.Professora orientadora: Sueli AraújoColaboradores: Augusto Ribeiro (iluminação),Dimis Sores (figurino), Marina Nucci (movimentação cênica), Matilde Wrublevski (operação de som).
Espetáculo seguido de debate com a Profª Orientadora Sueli Araujoe Profª Luciana Barone
A MÃE A MÃE Cia. Atormente De Teatro
Dia 18/06/10 – 20h - Teatro Laboratório da FAP
FICHA TÉCNICATexto e Direção (fase inicial): Pedro Ganesh Duração: 30min
Faixa Etária: Livre Gênero: Drama Elenco: André Daniel e Leandro Martim
Professor Orientador: Paulo Biscaia Filho
Espetáculo seguido de debate com o Prof. Orientador Paulo Biscaia Filho e Profª Amábilis de Jesus
A Mãe retrata o universo psicológico em crise e a delicada relação de Gregor e Marcel, que ora beira o ódio e a insanidade, ora o sereno e fraterno. Todo o enredo é "temperado" por uma ausência, que se faz cada vez mais viva. Um tempo que parou, dias iguais sem descanso. Chuva. Surge a dúvida de quem seria mais louco, Marcel no seu "faz de conta" ou Gregor na realidade de um mundo caótico.
SINOPSE
GRUPO OMUNDÔGRUPO OMUNDÔ
Espetáculo Musical ConvidadoDia 19/06/09 – 20h – Teatro Laboratório da FAP
FICHA TÉCNICA
Direção: Plinio Silva
Grupo Instrumental: Bandolim: Eduardo Mercury. Cavaquinho: Cássio Menin. Contra baixo elétrico: Eduardo Mello. Flautas:, Igor Dallegrave, Marianna Helena, Mariana Zibetti, Mirela Fortunatti, Monalisa Couto. Percussão: Fábio Macedo, Álvaro Felipe Mery Aburto, Gabriela Bruel. Viola Caipira: Gabriela Bruel. Violinos: Anna Rachel, Aruana Tineu Moscheta.Violões: Daniel Amaral, Guilherme Silveira, Isaac Dias. Violoncelo: Emanuelle Kotsan e Noélle Bonacin. Grupo Vocal: Alysson Siqueira, Ana Letícia Zacharias dos Santos, Bene Dias, José Arimatéia Almeida, Karla F. Izidro, Maria Lúcia de Faria, Mariana Gomes Godinho de Catrso, Nara Lima Martins, Natalia Arezo Bermudez, Pauline Roeder, Rodrigo Luis de Queiróz Mendes, Rosanair Neves, Tatiana Cristina Luiz.
SinopseO grupo Omundô representa o projeto Música dos Povos, idealizado por Plinio Silva e Liane Guariente junto a toda a comunidade acadêmica da FAP. Cantores e instrumentistas dos vários cursos ofertados pela instituição se juntam para compartilhar um mosaico de timbres, idiomas, contextos geográficos e culturais os mais diversos. Temas tristes, alegres, nostálgicos, festivos e meditativos buscam conduzir o ouvinte as diversas sonoridades que compõe a trilha sonora do planeta que vivemos e compartilhamos.
OficinasOficinas14, 15 e 16 de junho14h às 18hSala de aula da FAP
16, 17 e 18 de junho14h às 18hSala de aula da FAP
A COR DA VOZ
A voz é o instrumento do corpo, o ar é o sustento da voz. A voz também é emoção e comunicação. A voz é a expressão do Ser Interno de cada Um. É única e possibilita inúmeras nuances de sons e cores.
Nesta oficina trabalhamos para o desbloqueio físico e emocional da voz, por meio da aplicação de exercícios baseados em princípios básicos de técnicas terapêuticas tais como Canto-terapia, Cromo-terapia aplicada à expressão vocal, Prana-yama, a ciência da respiração, entre outras.
Também propomos a vivencia da relação cor e som, por meio da expressão vocal e musical, ativando os principais centros de energia (chakras), favorecendo assim uma emissão livre, saudável e alegre da voz.
A oficina oferece ao participante a oportunidade de conhecer melhor o funcionamento do aparelho fonador, aprender técnicas para prevenir problemas decorrentes do uso exaustivo da voz e conscientizar-se da importância da saúde vocal.
Ministrante: Viviane Mena e Andréa Bernardini São professoras, cantoras, diretoras e instrumentistas. Palestrantes e facilitadoras nas áreas de Canto e Educação Musical com diversos cursos e oficinas ministradas desde 1997.
CORPO DA PALAVRA
O foco da oficina é o trabalho do ator em sua relação com a palavra, partindo da premissa de que a voz faz parte do corpo. O objetivo é explorar o potencial expressivo de vogais e consoantes por meio de um trabalho consciente com o fluxo respiratório, considerando algumas características do português falado no Brasil, como a articulação e a musicalidade.
Ministrante: Moacir Ferraz Mestre em artes pelo Instituto de Artes da Unicamp, sendo o foco de sua pesquisa o ofício do ator, principalmente no que tange ao trato com a palavra em cena. Integrante há dezoito anos da Boa Companhia, de Campinas, é ator, diretor e sempre aliou a prática pedagógica ao trabalho
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14, 16 e 18 de junho14h às 18hSala de aula da FAP
15 e 16 de junho14h às 18hSala de aula da FAP
OFICINA DE CANTO PÁSSAROS NA GARGANTA
A oficina contemplará os efeitos melódicos e percussivos na voz: graves, médios, agudos, supergraves, superagudos e sua sustentação; sistema tonal, os timbres e a preparação de um personagem; o poder dos sons das consoantes; as nuances da voz num texto; histórias das canções e criação de uma cena musicada.
A VOZ DA COMÉDIA OU A COMÉDIA DA VOZ
A oficina enfoca o trabalho de criação realizado durante o espetáculo "Contos Proibidos de Antropofocus", quando o grupo fez uso do recurso vocal em forma de som, tirando a possibilidade de se usar a palavra.Como improvisar com o som da voz? Como descobrir as possibilidades e recursos técnicos para se chegar a comicidade da voz?
Ministrante: Liane GuarienteProfessora de Canto do curso de Bacharelado em Música Popular da Faculdade de Artes do Paraná. Preparadora vocal dos grupos Bayaka e Omundô da FAP e mestranda em Música pela UFPR.
Ministrante: Danilo CorreiaFoi músico popular e instrumentista até aos 21 anos, quando terminou o curso superior de Licenciatura em Letras. Fez cursos de extensão, no campo da voz, com Babaya, Barbatuques, Cia Dos a Deux e Carlos Simione (Lumen - Campinas). Formado pela Faculdade de Artes do Paraná em 2002, é um dos fundadores do grupo Antropofocus™ e sempre trabalhou com aulas de teatro para crianças, adultos e terceira idade.
MÚSICA DE CENA OU SONOPLASTIA?
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CONFUSÕES QUE RONDAM ESTES CONCEITOS
Everton Ribeiro, Faculdade de Artes do Paraná, Curitiba, PR
RESUMO: Neste trabalho são exploradas as dificuldades conceituais de música de cena e
sonoplastia. A partir de um processo de revisão bibliográfica do assunto e da coleta de depoimentos de
profissionais das áreas musical e teatral, propôs-se um delineamento do percurso realizado por estes
conceitos e da confusão vivenciada atualmente em relação a eles.
PALAVRAS-CHAVE: música de cena, sonoplastia, teatro, trilha sonora.
O presente artigo pretende discutir os equívocos cometidos em relação aos conceitos de música
de cena e sonoplastia na atualidade. Para Patrice Pavis, a maior diferença entre tais termos reside na idéia
de que música de cena é toda música utilizada na encenação de um espetáculo, “seja ela especialmente
composta para a peça ou emprestada de composições já existentes” (PAVIS, 1999, p. 254) e sonoplastia
seja a “reconstituição artificial de ruídos, sejam eles naturais ou não” (PAVIS, 1999, p. 367). O termo
sonoplastia data do século XX, conforme Antônio Geraldo da Cunha, e a principal definição trazida pelo
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa é “atividade artística e técnica que usa recursos sonoros
(música, ruídos, efeitos acústicos etc.)” (HOUAISS, 2001, p. 2609). Esse significado vai ao encontro da
idéia, por exemplo, de Raul Teixeira, quando inicia sua escrita sobre sonoplastia afirmando que para fazê-
la é preciso “deixar a música entrar no espetáculo, compor uma criação artística de tal forma que ela
penetre na cabeça e no coração do público sem que ele se dê conta [...]” (TEIXEIRA, 1998, p. 10). Aqui já
se instaura uma confusão! Enquanto Pavis afirma que qualquer investidura musical é considerada música
de cena, Teixeira diz que a música no espetáculo é sonoplastia. A própria legislação se mostra confusa
diante do assunto. A lei nº 6533, de 24 de maio de 1978 – que regulamenta as profissões de Artistas e de
Técnicos em Espetáculos de Diversões – descreve a função de sonoplasta como aquele que “elabora o
fundo musical ou efeitos sonoros especiais, ao vivo ou gravados, selecionando músicas, efeitos adequados
ao texto e de comum acordo com a equipe de criação; pesquisa as músicas ou efeitos, para montar a trilha
sonora [...]”. Aqui as descrições tornam-se ainda mais conflitantes.
Livio Tragtenberg (1999) quando começa a falar sobre concepção de música de cena leva em
consideração, é claro, todas as informações da dramaturgia se apropriando de sua experiência
musical, ou seja, das estruturas fundamentais da música – ritmo, melodia, harmonia. Para nossa reflexão o
mais importante é ressaltar que Tragtenberg deixa claro que o trabalho sonoro é construído a partir de uma
concepção (seja ela qual for) e que as diferenciações estabelecidas na linguagem cinematográfica entre a
edição de sons e da autoria da “trilha sonora” não é relevante para se pensar o aspecto do teatro
contemporâneo. Pelas próprias exigências técnicas serem complementares para as duas formas de
manipulação sonora a distinção entre “ruído e música é estranha e estéril” (TRAGTENBERG, 1999, p. 45).
É interessante salientar que estes termos (ruído e música) são os adotados por Tadeusz Kowzan (1988)
quando este discorre sobre os treze signos do teatro. De certa forma, o pensamento de Tragtenberg trabalha
com a possibilidade de argumentar que quando falamos de música de cena e sonoplastia estamos falando da
mesma coisa. Mas se chegarmos à conclusão lógica de que essa é uma premissa verdadeira, estaríamos
impossibilitando outras reflexões sobre o assunto.
Na verdade, a sonoplastia trabalha com funções bastante específicas na cena, segundo Roberto Gill
Camargo (1986). Para ele, existe formas de sonoplastia como, por exemplo: interferência, diálogo,
pontuação, titulação etc. Estas duas últimas formas caracterizam um papel bastante semelhante à
considerada trilha sonora, pois a pontuação traz o propósito da espécie de música de fundo e a titulação é
considerada a música tema de um personagem ou cena – atualmente agarrada com “unhas e dentes” nas
formatações das telenovelas.
Durante esta pesquisa, em 2007, realizei uma coleta de quatro depoimentos de profissionais da arte
com conhecimentos tanto em música quanto em teatro. Todos responderam às seguintes perguntas:
* Para você, existe diferença entre música de cena e sonoplastia? O que caracteriza as confusões
destes conceitos? Como você exemplifica sua crença nesta questão?
Era recomendado aos entrevistados de que respondessem de uma forma intuitiva, sem o receio de
fugir dos ditames acadêmicos, para que se aproveitasse seu contato natural com determinada questão.
Daniele Madrid afirma que estes conceitos são bastante indefinidos para ela. Acredita que música
de cena é aquela executada em cena e sonoplastia a música para a cena. Para ela, a sonoplastia está vinculada
ao som mecânico e a música de cena com o acontecimento ao vivo, sem levar em consideração a participação
atuante do músico na encenação. Esse entendimento de Madrid tem singularidades com o depoimento de
Chico Nogueira quando este diz que a sonoplastia é pesquisa de material já existente, seja música ou ruído.
Para ele, música de cena é composição musical específica para determinado espetáculo, quem escreve
partitura. Como sonoplasta, Nogueira diz que não é compositor, mas altera através dos recursos da
informática quando corta, junta e faz mixagem.
Para Carlos Alberto Cortes é bastante comum esta confusão. A sonoplastia, para ele, é uma
ambientação sonora na cena – os ruídos, por exemplo – sem, necessariamente, ser o elemento musical
enquanto a trilha sonora (que ele considera como sinônimo de música de cena) envolve o elemento musical
trabalhando em função da cena – harmonia, ritmo, melodia e arranjos. Cortes diz ainda que a sonoplastia é
uma linguagem musical e que não deveria ser competência de um estudo no âmbito do teatro, pois engloba
diversos fatores relacionados aos estudos da audição.
O último depoimento registrado foi o de Márcio Mattana que afirma fazer sentido a diferenciação
entre os dois termos. Na disciplina de sonoplastia na FAP é estudada a articulação de todos os signos
sonoros. Como exemplo ele se apropria das características de uma das últimas peças dele: Aperitivos. Há
ações bastante específicas: batida na porta, caída na escada, toca o despertador. Isso tudo faz parte da cena.
Quando ele, porém, coloca intervenções com a música do U2, por exemplo, estas servem como
dramaturgia sonora, pois essa canção não está tocando na casa da pessoa, logo elas não são ouvidas pelas
personagens. Essa música cria apenas uma atmosfera do que o espetáculo está querendo transmitir neste
momento, pontuando (retornamos, pois, aos conceitos de formas da sonoplastia discorridos sobre
Camargo). Quando se põe uma trilha doce de comédia romântica não existe uma relação direta com a cena,
mas sim de uma contracena. Esse recurso de separação, segundo Mattana, pode ser bastante interessante
quando há uma permissão ao público de brincar com as duas coisas, com os sons escutados durante a
encenação.
Dentre os percalços desta pesquisa, arrisco expor em que momento se iniciou uma amálgama dos
conceitos aqui expostos. Quando Jean-Jacques Roubine (1998) fala que os naturalistas foram os primeiros
a questionar a tradição da música de cena como a manutenção de um certo clima durante as pausas para
troca de cenário e que, para eles, a sonoplastia era capaz de intervir na paisagem sonora, começo a perceber,
na verdade, que a separação destes conceitos só faz sentido em determinadas circunstâncias. Pela própria
consideração de Mattana sobre o trabalho sonoro desenvolvido em Aperitivos, parece que estes conceitos
só fazem sentido quando utilizados num contexto de teatro representacional, que dialoga com a realidade.
Em outros pensamentos cênicos, como o de Brecht, que se apropria das canções para uma relação de
distanciamento, e da performance, que se propõe a trabalhar com um tempo real em que qualquer
intervenção sonora exerce um papel igualitário, não há possibilidade de pensar tudo isso de uma forma
apartada.
Por fim, é importante refletir que certos conceitos, ao longo da história do teatro, têm sido
ressignificados: e qualquer ressignificação é passível de provocar confusões. Durante esta
pesquisa, percebe-se que a confusão que a motivou responde-se parcialmente pelas escolhas estéticas que
um artista faz pelo seu trabalho. Alguns dos questionamentos aqui expostos, explicitaram possibilidades de
serem respondidos e são as pluralidades de uso de um conceito que torna rica a reflexão sobre a arte: outra
terminologia conceituada de forma plural ou, muitas vezes, nem conceituada.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Quadro anexo ao Decreto nº 82.383, de 05 de setembro de 1978. Títulos e descrições das funções
em que se desdobram as atividades de artistas e técnicos em espetáculos de diversões. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 06 out. 1978. Disponível em: <www.lexml.gov.br>. Acesso em: 31/05/2007.
BRASIL. Lei n. 6.533, de 24 de maio de 1978. Dispõe sobre a regulamentação das profissões de Artistas e de
técnico em Espetáculos de Diversões, e dá outras providências. Diário da República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 26 mai. 1978. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 31/05/2007.
CAMARGO, Roberto Gill. A sonoplastia no teatro. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Artes Cênicas,
1986.
GUINSBURG, Jacó; COELHO NETTO, Teixeira; CARDOSO, Reni Chaves (org). Semiologia do teatro. 2.
ed. São Paulo: Perspectiva, 1988.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. Trad. J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. 2. ed. São Paulo:
Perspectiva, 1999.
ROUBINE, Jean-Jacques. A linguagem da encenação teatral. Trad. Yan Michalski. 2ª edição. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.
TEIXEIRA, Raul. A sonoplastia no teatro. Teatro da Juventude, São Paulo, v. 4, nº 20, p. 10-13, 1998.
TRAGTENBERG, Livio. Música de cena: dramaturgia sonora. São Paulo: Perspectiva; FAPESP, 1999.
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