ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE URBANA NA … Av. Boa Av. Mascarenhas Av. Abdias de Carvalho Av. Caxangá...

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ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE URBANA NA CIDADE DO RECIFE: UM OLHAR SOBRE OS PRINCIPAIS EIXOS VIÁRIOS DE PENETRAÇÃO Autor: Grupo PET-Geografia, Universidade Federal de Pernambuco e-mail: [email protected] tel: (81) 2126-8276 Resumo O espaço urbano apresenta-se complexo com uma pluralidade de elementos, usos e práticas. Contudo, tais elementos não se encontram corretamente distribuídos ao longo dos espaços públicos. A partir desta observação teve início a análise de como a população se relaciona com os objetos inseridos no espaço. Para tal, foram escolhidos seis importantes eixos viários da cidade do Recife, sendo eles as Av. Abdias de Carvalho, Boa Viagem, Caxangá, Mascarenhas de Moraes, Av. Norte e Av. Recife. O resultado encontrado mostrou que a situação do Recife não está fundamentada de modo a proporcionar o acesso pleno aos cidadãos. Apresentação do tema O tema do projeto a ser apresentado versa sobre a acessibilidade nos principais eixos de penetração da cidade do Recife, os quais destacam-se a Av. Abdias de Carvalho, Av. Boa Viagem, Av. Caxangá, Av. Mascarenhas de Moraes, Av. Norte e a Av. Recife. O Interesse de fazer essa pesquisa surge da idéia de que o espaço urbano encontra-se cada vez mais complexo, composto por uma pluralidade de elementos, usos e práticas. Com esta gama de elementos coexistindo no espaço, e uma grande diversidade de pessoas, os aglomerados urbanos precisam ser estruturados para garantir a todos os cidadãos o direito à Cidade. O  conceito  de  acessibilidade  está  relacionado  com  a disponibilidade de oportunidades oferecidas ao indivíduo para o seu acesso à cidade, acesso tal que tem que ser atribuído de condições viáveis de mobilidade, tanto para indivíduos em sãs condições físicas, quanto para indivíduos com necessidades especiais, enfim a população em geral que desfrutará desse acesso. Irá, portanto, nessa pesquisa, ser efetuada uma análise no que diz respeito à acessibilidade urbana no Recife em função de suas

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A NÁ L I SE   DA  A CESSI B I L I DA DE   UR BANA   NA  C ID ADE   DO   RECI FE:   UMO LHA R  SOB RE   O S   PRI NC IP AIS   E IX OS   V IÁ R I OS   DE   PENE TRAÇÃ O

A ut o r :   G r upo   PET­ G eog ra f i a ,   Un i ve rs i dad e   Fede ra l   d e   Pe r nam buco

e ­ ma i l :   d i r ce ucaden a@g m a i l . co mt e l :   (8 1 )   2126 ­ 8276

R es umo

O   espa ço   u rba no   ap r esen t a ­ se   c omp lexo   com   um a   p lu r a l i dade   dee le men tos ,   uso s   e   p rá t i cas .   Con t udo ,   t a i s   e le men to s   não   se   encon t r amco r r e t a me n t e   d i s t r i bu ído s   ao   l ongo   dos   espaços   púb l i cos .   A   p a r t i rde s ta   ob se rva ção   tev e   i n íc io   a   aná l i se   de   como   a   pop u laç ão   ser e l ac iona   com   os   ob j e to s   i nse r i do s   no   espaço .   Pa r a   ta l ,   f o r ames co lh idos   se i s   im po r t an te s   e i xos   v iá r i os   da   c idad e   do   Rec i f e ,   send oe le s   as   Av .   Abd ia s   de   Ca r va l ho ,   Boa   V ia gem ,   C axang á ,   M asca r enhasde   M or aes ,   Av .   No r te   e   Av .   Rec i f e .   O   resu l t ado   e nco n t ra do   mos t r ouqu e   a   s i t u ação   do   Rec i f e   não   es t á   f un dam en tad a   d e   m odo   ap r opo rc i ona r   o   acesso   p le no   aos   c ida dãos .

A present aç ã o   do   t ema

O   t em a   do   p r o j e to   a   se r   a p re sen t ado   ve rsa   sob r e   a   ace ss ib i l i dadeno s   p r i nc i pa i s   e i xos   de   p ene t ra ção   da   c idad e   d o   Rec i f e ,   os   qua i sde s ta cam ­ se   a   A v .   Abd ia s   d e   Ca r va l ho ,   Av .   B oa   V i agem ,   Av .   Caxan gá ,A v .   M asca ren has   de   M or aes ,   Av .   No r t e   e   a   Av .   Rec i f e .

O   I n t e r esse   de   faz e r   essa   pesq u i sa   su r ge   da   i dé i a   de   qu e   oes paço   u r bano   enco n t r a ­ se   cad a   ve z   m a i s   co mp l exo ,   c omp os to   po rum a   p lu r a l id ade   de   e l eme n to s ,   usos   e   p r á t i ca s .   Com   es t a   ga ma   dee le men tos   coex i s t i ndo   n o   e spaço ,   e   um a   g r ande   d i ve r s ida de   depe ssoas ,   os   ag lom er ados   u r bano s   p r ec i sa m   se r   es t r u t u r ados   pa r aga ran t i r   a   t odos   os   c idad ãos   o   d i re i t o   à   C idade .  

O   conce i to   d e   acess i b i l i dad e   e s tá   r e l ac iona do   com   ad i sp on ib i l i dad e   d e   opo r t un i dades   o fe rec i das   ao   i n d i v íd uo   pa r a   o   seuac esso   à   c i dad e ,   a cesso   ta l   qu e   t em   q ue   se r   a t r i b u ído   de   co nd içõesv iáv e i s   de   m ob i l i dade ,   t a n to   pa ra   i nd i v íduos   em   sãs   cond içõe s   f ís i cas ,qu an t o   pa r a   i nd i v íduos   c om   n ecess i dades   espec i a i s ,   en f im   a   po pu laçãoem   ge r a l   que   des f ru t a r á   desse   aces so .

I rá ,   po r ta n t o ,   n essa   pesqu i sa ,   se r   e f e tu ada   um a   aná l i se   no   q ued iz   r espe i to   à   a cess ib i l i dade   u rba na   no   Rec i fe   em   f unção   de   sua s

p r i nc ipa i s   v i as   de   acesso ,   o   que   com pr eend e   desde   das   aven id as   e   suao r gan i zaçã o ,   p ro ssegu i ndo   com   as   es t ru tu r as   que   i r ão   d a r   f o r m a   aop r oce sso   e   a l m e jan do ,   o   em ba t e   f i na l :   a   dev id a   c i r cu l ação   dosc ida dãos   nesse   p r oces so .

Ju st i f i ca t i va

A   ques t ão   d a   acess ib i l i dad e   nos   d ias   a t ua i s   vem   sendot ra ba l hada   com o   um   im po r t an te   e l em en t o   pa r a   o   d ese nvo l v i men to   dom e i o   a mb i en t e   u r ban o ,   em   f unçã o   de   u ma   bu sca   pe lo   exe rc íc i o   dac ida dan ia .

No   Brasil,   este   tema   tem   se   mostrado   em   processo   inicial   de   aplicação,   neste

sentido,   iniciativas   estão   sendo   tomadas   através   de   um   sistema   legislativo   federal   e

municipal que objetivam melhorias na estrutura urbana e qualidade de vida.

A análise das condições de acessibilidade nos principais eixos de penetração da

cidade   do   Recife,   constituirá   numa   medida   valiosa   para   se   perceber   o   impacto   das

intervenções sobre essa rede, identificando suas principais atribuições e deficiências. 

Desta   forma,   o   estudo   da   acessibilidade   urbana   na   cidade   do   Recife   poderá

proporcionar   uma   contribuição   relevante,   com   o   intuito   de   subsidiar   um   melhor

aproveitamento das políticas públicas, como também intervenções privadas. Além disto, a

pesquisa poderá fortalecer a discussão teórica sobre os conceitos referidos, incentivando o

exercício da cidadania.

Fu ndament aç ã o   d o   Prob l ema

E s ta   pes qu i sa   pa r te   de   uma   inqu ie t açã o ,   com o   vem   sen do

es t r u t u ra da   a   acess i b i l i dade   na   c idade   do   Rec i f e?   Com o   é   pe rceb ida

es sa   acess ib i l i dad e   n os   p r i nc ip a i s   e i xos   v iá r i os   de   p en e t r ação   da

c ida de?

L e g e n dA v .   B o a  A v .  M a s c a r e n h a s  

A v .   A b d i a s  d e   C a r v a l h oA v .   C a x a n g á

A v .   R e c i f e

A v .   N o r t e

A   c i dade   do   Re c i f e   possu i   um a   á r ea   de   ap rox im ada me n t e   218 , 7

km ² ,   de   aco rdo   com   o   A t l a s   do   Desenvo l v im en t o   Hum ano   d o   PNUD 1 ,

l oca l i zada   a   08 º05 ’   de   La t i t ude   S u l   e   34 º   88 ’   de   Long i t ude   Oes t e ,

ap res en t a ­ se   com o   u ma   das   ma i s   im po r t an te s   c idad es   do   No rde s te

b r as i l e i r o   ao   l ad o   d e   Fo r t a leza   e   Sa l vado r .

Fo n te :

h t t p : / / w ww. r e c i f e . p e . gov . b r / c i d ade /p r o je t os / m apas / m apa 0p . j pg

Lo ca l i za ç ão   da   Á re a   d e   Es t udo

1 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ­ PNUD

Reg ião  Met ropo l i t ana  do  Rec i fe ,  des taque  pa ra  Rec i feFon te :  Observa tó r io  de  Po l í t i cas  Púb l icas  Urbanas  e  Ges tão  

Mapa  do  Bras i lFon te :  A t las  Geográ f i co  

D ad a   a   sua   fo r m ação   e conôm ica   e   te r r i t o r i a l   es t a   c i dade   t rá s

co ns igo   a l gum as   he ran ças   do   pe r íod o   co l on ia l   e   a lgum as   em er gê nc ias

t íp icas   das   g r ande s   c id ades   do s   pa i ses   em   p ro cesso   de

de senvo l v i me n to .  

O   c r esc im en to   do   Rec i f e   se   deve   à   che gada   de   g ran de

co n t i ngen te   de   pesso as ,   em   fun ção   do   i ncênd io   da   c i dade   de   O l i n da ,

em   1631 .   C om   a   chega da   do s   ho land eses ,   R ec i f e   t o r na ­ se   a   sede   do

G ove r no   da   Cap i t an ia   de   Pe r nam buco .   E ,   com   essa   nova   cond içã o   a

c ida de   pa ssa   po r   um a   se r i e   d e   r e f o r m as   u r bana s ,   des t e   pe r ío do   de

t ra ns f o r ma çõe s   su rge m   vá r i os   e d i f íc io s ,   casas ,   r uas   e   cam inho s .

( ALV ES,   2004 )

A   pa r t i r   da   m e t ade   do   sécu lo   X I X ,   com eça m   a   se r   e labo r ado s

p r o j e t os   pa r a   so luc i ona r   p r ob lem as   do   po r t o   .   Fo i   da í   q ue   se   t omo u   a

de c i são   de   r e f o r m a r   o   Ba i r ro   do   R ec i f e   onde   fo i   p au tad a   um a   sé r i e   de

p r o j e t os .   Da í   se   i n i c i ou   a   m a io r   exp ansão   u rb ana   do   núc leo   da   c i dade .

–   Ad i c iona r   a s   re fo r m as   e   t ra ns f o r ma çõe s   u r ban as   no   Rec i f e   ­  

O   p e r íodo   co r r esp onden t e   ao   f i na l   d o   s écu lo   X IX   e   i n íc i o   do

sé cu lo   XX   f o i   o   que   exp ress ou   a   p r esença   m ar can te   de   e lem en t os

ide n t i f i cado s   com o   s i na l i zad o re s   d e   e spaços   púb l i co s   e   da   sua

a r t i cu l ação ,   t a i s   com o   os   a r cos   e   pon t es ,   nos   ba i r ro s   que   co mp õem   a

á r ea   de   ocupaçã o   i n i c i a l   d o   Rec i f e ,   o u   se j a ,   os   b a i r r os   do   R ec i fe ,

S an to   A n t ôn io   e   Sã o   José .  

O bse r va ndo   a   pa i sa gem   u r bana   a   pa r t i r   da   l oca l i zação   do s   seu s

pá t i os ,   l a r gos   e   p r aças ,   a lém   d as   suas   r e laç ões   com   os   r i os ,   o   m ar ,   a

ve ge t ação ,   o s   ed i f íc ios   e   as   ru as ,   desvend a ra m ­ se   vá r i as   p a i sagen s

qu e   a inda   pe r m ane cem   em   boa   pa r te ,   apesa r   da s   desca rac te r i zaç ões

de co r ren t es   de   a ções   u r ban ís t i cas   oco r r i das   de   f o r m a   f r agm en t ada   ao

lon go   do   tem p o   ­   sob r e t udo   a   abe r t u r a   e   o   a l a r gam en to   de   v i as .

O s   e lem en t os   cons t r u ído s   p e rm i t i a m   a   c i r cu l ação   e   a lgu ns   d e le s ,

t a i s   com o   o s   a r cos   e   as   pon tes   se   de f i n em   como   ma rc os   na   pa i s agem ,

ind uz indo   e   f ac i l i t an do   a   p assagem   a t r avés   das   ru as .   As   r uas ,

p r i m i t i vos   de f i n i do res   da   es t ru t u r a   u r bana ,   p ro po r c ion am   a   l i gação

m a i s   d i r e t a   dos   esp aços   púb l i cos .  

A o   m esm o   t em po ,   o   t ra çado   das   l i nhas   de   b onde   en f a t i zava   os

e i xo s   p r i nc i pa i s   de f i n i d os   pe las   r uas ,   g e ra l men t e   passa ndo   o u

t ange nc ia ndo   os   esp aços   pú b l i cos .   A s   po n te s   pe rm i t i am   a   con t i nu idad e

do s   e i xos   de f i n i dos   pe las   ru as ,   a lém   de   se r v i r e m   d e   t e r ra ço   pa r a   o

de l e i t e   da   pa i sage m .   Os   ca i s   ab r i n do ­ se   pa r a   o   r i o ,   p r opo r c i onava m

l iga ções   a t r avés   da s   ág uas ,   e   pa r a   o   con t i ne n te ,   en quan t o   os

pe rcu rso s   i n t eg r ava m   g e ra lm en t e   tod os   esses   e lem en t os .  

P o r t an t o ,   esses   e l em en t os   cons t r u ído s ,   ao   m esm o   t em po   e m   q ue

da vam   sup o r t e   à s   f unçõe s   de sem penha das   nos   ed i f íc ios ,   de f i n i am

m ar cos   na   pa i sage m   in t eg r ando   os   e l eme n to s   na t u r a i s   e   os   espa ços

pú b l i cos .

O s   e leme n to s   na t u r a i s ,   o s   e le me n to s   cons t r u ído s   e   os   ed i f íc i os ,

ob se r vados   em   co n j un t o ,   re l ac iona vam ­ se   en t r e   s i   e   co m   os   esp aços

pú b l i cos .   Sua   a r t i c u laçã o   se   f az i a   a t r avés   dos   usos   p ra t i cados ,   dos

so ns   p r oduz i dos ,   d os   m arco s   ve r t i ca i s   ou   ho r i zon t a i s   es tab e lec idos ,   ou

da s   pe r spec t i vas   p r opo rc i onad as   p e l o   seu   con jun t o .

A   o r i g em   dos   esp aços   pú b l i cos   e   d os   e leme n to s   s ina l i zado r es   da

su a   a r t i cu la ção   se   c on f unde   co m   a   h i s t ó r i a   da   p ró p r i a   c i dade   do

R ec i fe ,   o   que   re fo r ça   a   im po r t ânc i a   de   um   s i s tem a   de   espaç os   p úb l i cos

qu e   conco r r a   pa r a   o   se u   o rde nam en t o .  

O s   pá t i os   com   suas   i g r e j as ,   os   l a r gos   com   se us   m erca dos ,   as

p r aça s   com   seus   ed i f íc i os   c ív i co s   e   os   fo r t es ,   e   os   c a i s   com   seu   po r to

­   e r a   ass i m   que   ge ra l m en t e   se   ap rese n ta vam   os   espaços   púb l i cos ,

a t r avés   de   um a   r e l ação   en t r e   a   pa i sage m   u rba na   e   a   pa i sagem   n a tu ra l

do   s í t i o .

O s   e lem en t os   cons t r u ído s   e s tab e lec i am ­ se   com o   m arco s   v i su a i s

e   conec t o r es   das   fun ções   u r ban as   da   é poca ,   e   os   e lem en tos   na t u r a i s

pa r t i c i pavam   a t r avés   de   sua   be leza   ­   o s   r i os ,   o   ma r   e   a   veg e ta ção   ­

p r opo rc i onan do   a   co mpr e ensão   da   c i dade   do   Re c i f e .  

A   f o r m a   de   d i s t r i bu i ção   dos   espa ços   púb l i cos ,   co ns i de r ando   sua

qu an t i da de   e   qua l i dade ,   a lém   d a   im po r tân c ia   d i s pensad a   aos

e le men tos   s i na l i za do r es ,   se ja   e lem en tos   n a tu ra i s   ou   cons t r u ídos ,

r e f l e t e   as   p r i o r i dades   de   ação   cons i de r ada   ao   l ongo   da   h i s t ó r i a

u r ban a .  

N es te   se n t i do ,   enqu an t o   se   p r i v i l eg ia   a   c i r cu l ação   dos   pedes t r es

e   a   u t i l i zaçã o   do   t r anspo r t e   co l e t i vo ,   com o   p ôd e   se r   ve r i f i cad o   no

R ec i fe   a t é   o   sécu l o   X I X ,   r edu z ­ se   a   necess i dade   d e   e s ta c iona men t o   e

os   p r ob l em as   do   cong es t i ona men t o   do   t rân s i t o ,   a lém   de   ap r ox im a r   a s

pe ssoas   en t re   s i   e   suas   re laçõe s   co m   os   esp aços   púb l i cos .    

A ss i m,   a   c idade   do   Rec i f e ,   é   pa l co   de   um   p r oces so   com p le xo   de

es t r u t u ra ção ,   po i s   a   m esm a   passo u   a   exe r ce r   a   f unção   de   um a

loca l i dade   c en t ra l   co m   um   a l t o   n íve l   de   se r v iço s   que   sã o   pos t os   à

d isp os içã o   dos   c idad ãos .  

D es ta   ma ne i r a ,   e s te   t r aba l ho   te n ta r á   d i scu t i r   a   acess i b i l i dade

u r ban a   d a   c id ade   do   Rec i f e ,   u t i l i zan do   os   co nce i t os   d e   espaço   p úb l i co ,

ac ess ib i l i d ade   e   i n f o r m açõe s   sob r e   a   l eg i s l a ção   v i gen t e   em   âm bi t o

na c i ona l   e   m un i c ipa l .   Pa r a   tan to   se r á   necessá r i o   ana l i s a r   o s   p r i nc i pa i s

e i xo s   v i á r i os   d e   pene t ra ção   da   c i da de   do   Re c i fe   como   loca l   de

av e r i guaçã o   d as   q ue s tõe s   p r opo s ta s   pa r a   o   t ra ba l ho

O   p r ocesso   de   l ocom oçã o   d as   pesso as   em   a mb i en t es   u r ban os   é

ba s ta n te   com p lexo .   A   d i s t r i bu ição   espa c ia l   d as   a t i v i da des   e   dos

co mpo nen t es   des t e   a mb ien t e   são   as   pe ças   f und am en t a i s   nes t e

p r oce sso ,   ressa l t ando   que   essa   a cess ib i l i d ade   se   da r á   em   f unção   da

se pa r ação   es pac ia l   do   de s t i no   e   do   l uga r   de   o r i g em .

V e r i f i ca ­ se   qu e   o   f enô me no   de   c i r cu la ção   das   pessoa s   e   sua

r e l ação   co m   a   c i dade   e s tã o   co r re l ac i onado s   co m   a   d i s t r i b u içã o

es pac ia l   da s   a t i v i dad es ,   como   ta mbé m   com   a s   d i spos i çõ es   do

m ob i l iá r i o   u r bano   e   a   es t ru t u r a   que   dão   v i a   pa r a   o   acesso .  

Referencial Teórico

A ce ss i b i l i dad e

A   c ida de   em   sua   com pos i ção   e voca   a   i dé i a   de   p lu ra l i dade   de

ob j e to s   e   pes soas .   Ass im ,   c ada   e le men to   exe r ce   u ma   f unção   p ró p r i a

on de   à   t e i a   de   r e laç ões   des t es   f o r j a m   um   am b i en t e   com p l exo ,   ou   se ja ,

o   espaço   é   f r u t o   de   um   con j un t o   de   o b j e to s   e   açõ es   q ue   se   encon t r am

as soc iad os   e   a r t i cu la dos   en t re   s i .

O bede cendo   a   essa   lóg ica   com p l exa   o   a to   de   exe r ce r   d i r e i t o   e

de ve r es   es t á   i n t im am en t e   l i gad o   à s   von t ades   dos   Se res   Hum anos   o u

as   sua s   necess i dad es   i ns t ru m en ta i s .   Com   i sso ,   e le   po de   se r

m an i fe s t ado   d e   d i f e r en te s   ma ne i ras ,   t a i s   como :   vo n ta de   de   exe r ce r

um a   p r o f i s são ,   con hece r   novas   pe ssoas   o u   s i mp lesm en t e   i r   e   v i r   d e

f o r m a   segu r a   e   o b j e t i va .

E n t r e me n t es ,   os   espaço s   u r ban os   não   o fe rec em   cond içõe s   pa ra

qu e   os   hom ens   e xe rç am   de   f o rm a   s im p l es   u m   d i re i t o   ga ran t i do   pe l a

co ns t i t u ição   –   d i r e i t o   de   i r   e   v i r   ­ ,   po i s   os   c i t ad in os   d i spu t am   os

pa sse ios   púb l i co s   e   v ias   d e   acesso   com   t oda   s o r t e   de   eq u i pam en t os   e

m ob i l iá r i o s   u r ban os .  

N ão   r a r o   é   po ss íve l   pe r cebe r   que   as   g ran des   me t r ópo l es

b r as i l e i r as   so f r em   com   a   f a l t a   de   p l ane ja men to   e   co m   a   não   a r t i cu l ação

da s   d iv e rsa s   fu nções   de   um a   c id ade .   I s so   denunc ia   um   pe nsam en t o

es té r i l   d a   d i men são   com p lexa   da   so c i edade ,   on de   os   espa ços   e r am

co nceb ido s   nu m   p la no   ho mog êneo   des r esp e i t ando   as   espec i f i c i da des

da   cond i ção   h uma na .  

P a ra   que   a   c ida de   es t i m u le   os   d i r e i t os   e   deve r es   de   tod os   os

ind i v ídu os   e   g r upo s ,   deve ­ se   pensa r   em   um   con jun t o   de   no r ma s .

C ód igos   que   es t i mu l em   a   re l ação   en t r e   o b j e t os   e   pe ssoas   de   f o r m a   a

t o r na r   m a i s   acess íve l   à   cone xão   en t re   os   e lem en t os   u r ban os .   Es t i mu l a r

a   c r i ação   de   cód igos   que   se jam   in t e l i g íve i s   pa r a   tod os   os   c i dadã os   e

qu e   r espe i tem   as   esp ec i f i c i da des   é   es t im u l a r   e   d esenvo l ve r   a

ac ess ib i l i d ade .

A o   l o ngo   do   te mpo ,   o   conce i to   de   ace ss ib i l i da de   vem   sen do

de senvo l v i do   e   deba t i d o   po r   p r o f i s s i ona i s   de   d i ve r sas   á r eas   do

co nhec im en t o .   A   essa   d i m ensão   i n te r d i sc ip l i na r   é   um   dos   p r im e i r os

p r ob l em as   qu e   se   encon t r a   p r a   de f i n i r   o   conce i to   de   acess i b i l i dade .

To ma ndo   com o   p on to   de   pa r t i da   o   senso   comu m   t em ­ se   segun do

o   d i c i on á r i o   “ Au r é l i o ”   a   ace ss ib i l i da de   com o   a lgo   ou   pess oa   de   aces so

f ác i l .   O   que   já   evoca   uma   p r im e i ra   ap rox i m ação   co m   a   i dé i a   do   que

ve nha   a   se r   acess ib i l i dade   nos   m e ios   u rb anos ,   po r ém   há   que   se

ac resce n t a r   e m   qu e   cond i ções   e   a   quem   esse   ace sso   oco r r a   de

m ane i r a   fá c i l .

S eg undo   a   A ssoc iação   B r as i l e i ra   de   No r m as   Técn i cas   ( ABN T)

ac ess ib i l i d ade   é   a   poss i b i l i d ade   e   cond i ção   de   a l ca nce ,   pe rcep ção   e

en ten d im en t o   pa r a   a   u t i l i zação   com   segu r anç a   e   au ton omi a   de

ed i f i cações ,   espaço ,   m ob i l i á r i o ,   eq u i pam en t os   e   e l em en t os   u r banos

( NR B  905 0 ,   200 4 ) .

D e   aco r do   c om   J ones   ( 1981 )   a   ace ss ib i l i da de   é   a   op o r t un i dade

qu e   u m   ind i v i du o ,   em   u m   dad o   l oca l ,   possu i   pa ra   t om ar   pa r te   em   uma

a t i v i dade   pa r t i cu l a r   ou   um a   sé r i e   d e   a t i v i dad es .   Ou   se ja ,   a   c i dade

ac ess íve l   se r i a   aque l a   q ue   o f e r ece   mú l t i p l as   opo r t un i dade s   pa r a   seus

c ida dãos ,   não   só   de   cam in hos ,   m as   s im   de   pe r spec t i vas   de   v id a .

C ami nha ndo   pa r a   um a   com pr eens ão   de   aces s ib i l i dad e   m a is

p r óx i ma   da   r e la ção   do s   c i dadã os   com   o s   e le men tos   u rb anos   enco n t r a ­

se   em   Dav idso n   ( 199 5 )   que   ace ss ib i l i dade   é   a   f ac i l i dad e   com   que   cada

pe ssoa ,   em   um   da do   po n to ,   pode   te r   acesso ,   v i a   s i s t em a   de   t ra nspo r te

( qua l que r   qu e   se ja   o   m odo   ou   sub ­ s i s tem a   de   t ran spo r t e ) ,   a   t odos   os

ou t r os   l ug a re s   em   um a   á r ea   de f i n i da ,   l ev ando   e m   cons id e ra ção   as

va r i ações   de   a t i v i da des   e   o   cus t o   p e rce b ido   pa ra   a t i n g í ­ l o s .   O   au t o r

p r opõ e   a i nd a   um a   m ed ida   neg a t i va   cha mad a   d e   i so l ame n t o .   O   a um en t o

na   acess i b i l i dade   i mp l i ca   um a   d i m i nu ição   do   i so lam en t o   (o u

de su t i l i dade )   de   de t e r m ina do   l oca l .   E s te   s i s t em a   ou   su b ­ s i s t em a   de

t ra nspo r t es   p ode   se r   cons i de r ado   com o   os   p róp r i os   pés ,   um   ca r r o ,   u m

t ra nspo r t e   co l e t i vo ,   um a   cade i r a   d e   r oda s   ou   a   p r óp r ia   ca lçada .

O ut r os   au t o r es   con ce i t uam   ace ss ib i l i da de   de   uma   m a is   fo r m a

ge ra l .   Bo m   e xem p lo   é   en con t ra do   em   Ra ia   J r   (20 00 )   qu ando   de f i ne   a

ac ess ib i l i d ade   com o   um a   med ida   de   es fo rç o   pa r a   se   t r ansp o r   um a

se pa r ação   espac ia l ,   ca r ac t e r i zad a   pe la s   op o r t un i dade s   ap res en t ada s

ao   i nd i v i duo   ou   g r upo   de   i nd i v íduos ,   pa r a   que   pos sam   exe r ce r   suas

a t i v i dades  

E m   Sanche s   (1 996 )   encon t ra ­ se   que   a   acess i b i l i dade   é

co ns ide r ada   um   f a t o r   que   p e rm i t e   a va l i a r   a   f ac i l i da de   de   aces so   da

po pu lação   de   um a   d e te r m i nada   á r ea   às   opo r t un i dades   de   em pr ego   e

ao s   equ ip ame n t os   soc ia i s   da   c id ade .  

O u t r o   c once i t o   é   o   de   qu e   a cess ib i l i d ade   é   um a   me d ida   da

f ac i l i dade   de   u m   ind i v i duo   em   pe rse gu i r   um a   a t i v i dade   de   u m   t i p o

de se jado ,   em   loca i s   de se jad os ,   po r   um   de se jad o   m odo   e   num   dese ja do

t em po   ( BH AT;   K OCK ELM AN ;   CH EN ;   HANDY ;   M AHM AS SAN I ;   WES TON ,

20 00 ) .

A o   se   an a l i sa r   a   f o r m a   co mo   a   acess ib i l i dad e   é   con ceb id a   pe los

d i ve rso s   au to r es   t êm ­ se   a   im p r ess ão   de   que   ca da   re f l exão   sob r e   a

m esm a   é   i m p re gnada   da   i n t enc i ona l i dade   do   ob j e to   de   cad a   c iênc i a

es pec i f i c a   es tud a .   Nes t a   d i men são   te n ta ­ se   aqu i   pe rceb e r   o   v i és

ge og r á f i co   da   i dé i a   de   a cess ib i l i d ade ,   pensand o   a   me sm a   com o   pa r te

es senc ia l   do   p r oces so   peda gó g ico   u r bano   on de   o   que   se ja   l eva ndo   em

co ns ide r ação   se ja   a   d im ens ão   soc ia l ,   ou   se j a ,   o   d i r e i t o   à   c i dade ,   o

d i r e i t o   a   c i r cu l a r ,   hab i ta r   e   des f ru ta r   d e   t oda s   as   opo r t un i dade s   qu e   a

c ida de   o f e r ece .

N es ta   d im ens ão   t em ­ se   q ue   a   acess ib i l i d ade   é   con ceb ida   com o   o

e le men to   f undam en t a l   p a ra   se   es t abe l ece r   um a   r e la ção   saudá ve l   e n t r e

os   hab i t an t es   da   c i dade   (pe ssoas   sãs   ou   com   a lgum   t i po   de   l i m i t ação )

e   os   e l eme n to s   e   equ ipa men to s   u r bano s ,   ga r an t i n do   que   os   c i t ad inos

ex e rça m   seus   d i re i t o s   e   deve r es   de   hab i ta r ,   c i r cu la r ,   “ degu s ta r ”   a

c ida de   a t r avés   de   l ocom oção   p r óp r ia   e   d e   m ane i r a   au t ôno ma   u t i l i zan do

co mo   r ecu rso   t oda   a   r ede   d e   c i r cu l ação   de   m ane i r a   f ác i l ,   segu ra   e

ob j e t i va ,   a t r avés   d e   um a   pe r spec t i va   de   i n t e ra ção   do s   d i f e ren t es

e le men tos   da   c idade .

N essa   l i nha   p e rce be ­ se   que   a   a cess ib i l i d ad e   u r bana   é   cond iç ão

s ine   qu a   non   pa r a   se   es ta be le ce r   um a   re lação   saudá ve l   e   ha r mo n iosa

en t r e   os   hab i tan tes   da   c i dade   e   os   e lem en t os   e   eq u i pam en t os   u rb anos

t endo   co mo   pano   de   f und o   d essa   cond içã o   h a rm ôn i ca   as   i dé i a s   de

qu a l i dade   de   v i da .

E sp aç o   Pú b l i co

A   idé i a   d e   que   as   c idade s   possu em   u ma   es fe ra   púb l i ca   ( espa ço

pe r t ence n t e   ao   uso   co le t i vo )   e   u ma   es f e r a   p r i vada   (   cu jo   a   p ose   e

m anu ten ção   co r r es pond em   aos   i n t e r esse s   de   um   ou   de te r m i nados

ind i v ídu os )   é   an t i ga .   M as   só   i r a   se   de f i n i r   com p le ta me n t e   com o   a

U rba n ís t i ca   G re ga   du r an t e   a   An t i g ü i dade   C lá ss i ca .   Pa ra   os   G r egos ,   o

es paço     que   rep rese n t av a   o   púb l i co ,   que   e r a   dese jad o   p e l a   pop u l ação

e   onde   se   e xe rc i a   a   c idad an ia   e r a   a   Ágo r a .          

E s ta   ca ra c t e r ís t i ca   pe r deu ­ se   com   as   c idad es   m ed ieva i s

eu rop é i a s ,   qu e   cons t r u í r am ­ se   a t r avés   da   a p ro p r i ação   de   t e r r as

pu b l i cas   e   da   de f i n ição   de so rd enada   de   r uas   e s t r e i t as   e   i nsa lub r es .

A pe nas   no   sécu lo   X I X ,   co m   o   u rb an i s mo   s an i ta r i s ta ,   a t r avés   da s

in t e r vençõ es   d e   H au sma nn   em   Pa r i s   e   de   I l de l f ons   Ce r dá   em

B arce lon a ,   é   que   o   espaço   da   co le t i v i dade   (pú b l i co )   com eçou   a   se r   r e ­

pe nsado .

P a ra   i n i c i a r ­ se   as   d i scussõ es     sob re   o   te ma   espa ço   pub l i co ,   f az ­

se   necessá r i o   de f i n i r   o   que   é   espaço ,   e   o   que   é   pú b l i co .   Segund o

M i l to n   San tos ,   o   espaço   em   q ua l que r   é poca ,   é   o   r esu l t ado   do

ca same n t o   i nd i v i dua l   en t re   s i s tem a s   de   ob je t os   e   s i s te m as   de   açõ es ,

en quad r ado s   na   d in âm ica   das   re laçõ es   e conôm ica s ,   po l í t i cas   e

cu l t u ra i s   espec í f i cas   das   d i f e r en t es   fo r ma ções   soc ia i s .   Já   a   pa l av r a

pú b l i co   é   de f i n i ção   j u r íd i ca   que   que r   d i ze r   o   con t r a r i o ,   o   o pos t o   de

p r i vado ,   e   qu e   es t a   po r   sua   vez   r em e t e   s ign i f i ca t i vam en t e   a

co le t i v i da de .

D en t r o   des t a   conce pção   d iv e rso s   au to r es     o   co nce i t uam .   Seg undo

( fu lan o ,   2 00 4 )   o   espaço   púb l i co   é   o   l ug a r   de   conv ív i o   e   de

so c i ab i l i da de   en t re   os   d i ve rso s   ex t ra t os   soc i a i s ,   ou   se ja ,   o   e spaço   d e

c i v i l i dade ,   de   con ta t o   e   de   de senvo l v im en t o   das   p r á t i cas   de

co nv i vên c i a   c om   o   d i f e re n t e .

S eg undo   VA Z   ( 2001 )   o   e spaço   p úb l i co   é   o   con jun to   de   l uga res   de

do m ín i o   d o   co l e t i vo   e   g e r i dos   p e la s   i ns t i t u içõe s   go ve r nam en t a i s ,   onde

é   p ro ib ida   a   s ua   u t i l i zação   p r i vad a .     As   Á rea s   do   pa t r i m ôn i o   púb l i co

po dem   te r   u so   co nced ido   ao   se t o r   p r i vad o   a t r avés   de   c oncessão .

N es te   co n te x t o     os   espa ços   Púb l i cos   pod em   se r :

• L iv r es   ­   espaço   de   c i r cu la ção ,   ex . :   V ias   púb l i cas ,   p raç as ,   j a r d in s

( com   u sos   m ú l t i p l o s ) .

• Te mp ora r i a me n t e   l i v r es     ( sem i ­ es pec ia l i zados )   ­   cen t ros   com er c ia i s ,

ga l e r i as   e   pa r que s .

• C om   Con t r o le   de   acess o   (   espec i a l i zados )   ­   P r aça   ce n t r a l ,

ca lç adão ,   r ua   com er c ia l ,   e t c .

• P rese rva ção   e   conse rvaçã o   ­   Rese r vas   e co ló g icas   e   g ran des

pa rqu es .

A i nda   ex i s t e   o s   es paços   que   possuem   ce r t a   r es t r i ção     ao   ace sso

e   à   c i r cu l ação   pe r t encen te   a   es fe ra   púb l i ca :   s ão   os   ed i f íc i os   e

eq u i pam en t os   púb l i cos   com o ,   esco la s ,   h osp i t a i s ,   cen t r o   d e   cu l t u r a ,

e t c .

Le g is laç ão

O   s i s t em a   l eg i s l a t i vo   pod e   se r   enca rad o   com o   fon te   p r im a r ia   pa r a

se   es t abe lece r   as   d im ensõe s   da   acess ib i l i dade   de   um a   m ane i r a   am p l a ,

po i s   t odo   o   có d igo   l ega l   é   desen vo l v ido   pa r a   ga r an t i r   d i re i t o   e   de ve r es

ao s   c idadã os .  

A o   assum i r   o   u rb ano   com o   e l eme n to   ba l i zado r   e   f i o   condu t o r   da

an á l i se   ace rca   da   aces s ib i l i dade   encon t r am ­ se   a   cons t i t u içã o   f ede ra l

( ve r   t r echo   da   cons t i t u i ção   em   anexo   ao   tex t o )   co mo   doc ume n to

f unda me n t a l   pa r a   conce be r   o   d i r e i t o   à   c i dade ,   po i s   e l a   es t abe l ece   e

ide n t i f i ca   as   ne cess id ades   i ns t rum e n t a i s   p a ra   o   dese nvo l v im en to   d a

v ida .  

S eg u indo   po r   essa   t r i l ha   de   i nve s t i gação   é   poss íve l   e n te nde r   o

s i s t em a   l ega l   com o   u m   e lem en t o   r íg id o   que   não   co nsegue   en ten de r

t oda   a   com p le x idade   e   f l u i dez   da   v ida   u rb ana .   É   co mo   se   t odo   o

co n j un t o   d e   l e i s   f u nc ion asse   com o   peça s   de   um   jogo   d e   b lo cos   ond e

ex is te m   á r eas   m a i s   sa l i en t es   e   á re as   de   r een t r ân c ia s   qu e   se   enca i xa m

f o r m ando   um a   f i g u ra   rú s t i ca   sem   c u rva s .   D es t a   f o r m a   o   p lan o   l eg a l   não

en ca i xa   no   p la no   r ea l ,   po rém   e l e   se r ve   p ra   b a l i za r   e   aux i l i a r   na

co ndução   das   ações   dos   hum anos .  

N o   e n ta n to   há   qu e   se   pe r cebe r   qu e   quando   se   abando na   as

r e f e r ênc i as   t eó r i co s   c ien t i f i cas   e   se   i n i c i a   um   p r ocesso   de   busca

ac e rca   do   qu e   a   l eg i s l ação   en ten de   po r   acess i b i l i da de   se   pe r cebe   que

es se   te r mo   es t á   i mp reg nado   de   um   sen t i ndo   m u i to   m eno s   ab r ange n te ,

e le   es t á   d i r e ta m en t e   v incu lado   ao   ace sso   de   pess oas   com   de f i c i ênc ia

e / ou   res t r i ções   f ís i cas .   F ác i l   i den t i f i c áve l   na   ca r ac t e r i z ação   de

a lg uma s   l e i s ,   com o   po r   exem p l o :  

Le i   n º   4 .61 3   ­   de   2   de   a b r i l   d e   1965   e   o   D ecre t o   n º   58 .9 32   de   29   de

ju lh o   de   1966   que   r egu lam en t a   a   l e i   ­   " I sen ta   dos   im pos tos   de

i mp or t aç ão   e   de   cons umo ,   be m   co mo   da   t axa   de   despa cho   aduan e i ro ,

os   ve íc u los   espe c ia i s   des t i n ados   a   uso   ex c l us i vo   de   pa r ap l ég i cos   ou

de   pe ssoas   p o r t ado r as   d e   d e fe i t os   f ís i cos ,   os   qu a i s   f i quem

i mp oss ib i l i t a dos   de   u t i l i za r   os   m ode l os   com uns " .

Le i   n º   7 .40 5   ­   de   12   de   No vem bro   de   1985   ­   "To rna   ob r i ga t ó r i a   a

co lo cação   do   S ím bo lo   I n t e r nac i ona l   de   A ce sso   em   t odo s   os   l oca i s   e

se rv i ços   que   pe r m i ta m   sua   u t i l i zação   po r   pesso as   po r t ado ra s   de

de f i c iênc i a ,   e   dá   o u t r as   p r ov idê nc ias " .  

Le i   n º   7 .85 3   ( ve r   co rpo   da   l e i   e m   a nexo )   ­   de   24   de   ou t ub r o   d e   1989   ­

"D i spõ e   so b re   o   a po i o   às   pessoa s   po r ta do r as   de   de f i c iê nc ia ,   sua

in t eg r ação   soc ia l ,   so b re   a   Coo r dena do r ia   N ac io na l   pa r a   I n te g ra ção   da

P essoa   P o r tad o ra   de   De f i c i ên c ia   ( CO RD E) ,   i ns t i t u i   a   t u t e la

ju r i s d i c i on a l   de   i n t e re sses   co l e t i vos   o u   d i f uso s   de ssas   pes soas ,

d i sc ip l i na   a   a tua ção   do   M in i s t é r i o   Púb l i co ,   de f i ne   c r i me s ,   e   dá   ou t r as

p r ov i dênc i as " .

Le i   n º   8 .16 0   ­   de   08   de   Jane i r o   de   1991 .   ­   "D i spõ e   sob r e   a

ca rac t e r i zação   de   s ím bo l o   que   pe r m i t a   a   i den t i f i cação   de   pesso as

po r t ado r as   d e   de f i c i ênc ia   aud i t i va " .  

Le i   n º   8 .89 9   ­   de   29   de   j unh o   de   1994   ­   "Co ncede   passe   l i v re   às

pe ssoas   po r ta do r as   de   de f i c iê nc ia   no   s i s t em a   de   t r anspo r t e   c o l e t i vo

in t e r es tad ua l "