ANÁLISE DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO PARA … · caixa requer alcance muito amplo para procurar a...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN ANGÉLICA BARBOSA LOPES GOMIDE ANÁLISE DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO PARA PREVENÇÃO DA FADIGA-UM ESTUDO DE CASO- OPERADOR DE CHECKOUTS Bauru 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN

ANGÉLICA BARBOSA LOPES GOMIDE

ANÁLISE DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO PARA PREVENÇÃO DA FADIGA-UM ESTUDO DE CASO-

OPERADOR DE CHECKOUTS

Bauru

2010

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ANGÉLICA BARBOSA LOPES GOMIDE

ANÁLISE DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO

PARA PREVENÇÃO DA FADIGA - UM ESTUDO

DE CASO-OPERADOR DE CHECKOUTS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Design da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, linha de pesquisa em Ergonomia, como requisito para obtenção do título de Mestre em Design. Orientador: Luiz Campos Gonzaga Porto.

BAURU

2010

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ANGÉLICA BARBOSA LOPES GOMIDE

ANÁLISE DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO

PARA PREVENÇÃO DA FADIGA - UM ESTUDO

DE CASO-OPERADOR DE CHECKOUTS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Design da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, linha de pesquisa em Ergonomia, como requisito para obtenção do título de Mestre em Design.

BANCA EXAMINADORA:

PROF.DR. LUIZ GONZAGA CAMPOS PORTO

PROFª DRª MARIA HELENA BORGATO

PROF.DR. JOSÉ FRANCISCO RODRIGUES

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Dedico este trabalho ao meu esposo José Manuel pelo apoio nos momentos

de indecisão, dificuldades e alegria que fizeram parte deste processo de

aprendizagem.

Ao meu filho Felipe que ainda nem entende os momentos de ausência

necessários para terminar esta dissertação.

A minha mãe de quem com certeza herdei o gosto pela docência e ao meu

pai por acreditar em meus objetivos e anseios.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que nunca me abandona e por permitir a realização de um

grande sonho;

Ao meu esposo José Manuel pelo incentivo e auxílio constante;

Aos meus pais pela minha formação e meus irmãos por acreditar fielmente

nos meus objetivos;

A minhas queridas amigas Priscila e Joellen pela amizade e pronta

colaboração;

Em especial:

Ao meu grande orientador Prof. Luiz Gonzaga Porto pela dedicação e apoio

em todas as fases da pesquisa;

A todos os docentes que fizeram parte da minha vida acadêmica;

Aos amigos da sala da UNESP por acompanhar toda a trajetória.

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.....

“Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais

evidente fica nossa ignorância.”

(John F. Kennedy)

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LISTA DE TABELAS

Figura 1: Configuração de checkouts: A (configuração básica); B (configuração

corredor frontal); C (configuração retro-frontal a 45º..............................................

Figura 2: Alterações bioquímicas que acompanham a fadiga...............................

Figura 3: Imagem propiciada pelo WinOWAS® de um exemplo de análise

biomecânica da carga de trabalho, utilizando-se o método OWAS®....................

Figura 4: Porcentagem de fadiga...........................................................................

Figura 5: Queixas dos sujeitos com fadiga intensa................................................

Figura6: Gráfico geral de recomendações por ações, gerado pelo método

OWAS ...................................................................................................................

Figura 7: Gráfico categoria de ações ...................................................................

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Classificação Nacional por Atividade Econômica (CNAE)................... 13

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15

2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 15

2.1 Características gerais do setor supermercadista no Brasil .......................... 15

2.1.1 Função do caixa de supermercado .............................................................. 15

2.1.2 Carga de trabalho do operador de caixa ...................................................... 18

2.1.3 A configuração do caixa ............................................................................... 21

2.2 Fadiga .......................................................................................................... 22

2.2.1 Fadiga muscular ........................................................................................ 223

2.2.2 Fadiga muscular relacionada a postura em pé de trabalho ......................... 24

2.2.3 Fisiologia da fadiga muscular ....................................................................... 29

3 OBJETIVOS ................................................................................................ 32

4 METODOLOGIA ........................................................................................ 333

4.1 Tipo de estudo ........................................................................................... 333

4.2 Local do estudo .......................................................................................... 333

4.3 Sujeitos ...................................................................................................... 333

4.4 Questionário bipolar ................................................................................... 333

4.4.1 Método OWAS ............................................................................................. 34

4.4.1.1 Aplicação do WinOWAS .............................................................................. 35

4.5 Materiais ........................................................................................................... 36

4.5.1 Equipamentos ................................................................................................ 36

4.6 Etapas da pesquisa ..................................................................................... 37

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 38

5.1 Análise da fadiga através do questionário bipolar ........................................ 38

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5.2 Resultados da avaliação da carga física de trabalho dos operadores de

checkouts pelo método OWAS .................................................................................. 40

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 44

REFÊRENCIAS ......................................................................................................... 45

ANEXOS ................................................................................................................... 51

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RESUMO

ANÁLISE DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO

PARA PREVENÇÃO DA FADIGA - UM ESTUDO

DE CASO-OPERADOR DE CHECKOUTS

A fadiga é a redução do desempenho muscular e que se for ignorada pode aumentar absenteísmo, reduzir produtividade e causar doenças osteo-musculares. A função de operador de checkouts é considerada altamente repetitiva e com elevados índices de dor e fadiga. Mediante a isto, esta pesquisa tem o objetivo de avaliar a carga física de trabalho dos operadores de checkouts para a prevenção da fadiga. O estudo foi realizado num supermercado de Valparaíso/SP, com um total de 12 funcionários incluídos na pesquisa. A coleta de dados foi realizada através da aplicação do questionário bipolar para avaliar a fadiga, enquanto as posturas assumidas durante o trabalho foram avaliados com a ferramenta computacional OWAS. O resultado do questionário bipolar evidenciou fadiga de moderada a intensa e presença de dor predominantemente nas costas, região lombar, pescoço, cabeça e pés, além da presença de cansaço visual. Esses dados não são condizentes com os dados apresentados pelo método OWAS que indicou os principais movimentos executados como categoria 1 (sem necessidade de intervenção) e categoria 2 (levemente prejudicial). Assim conclui-se que a fadiga nesses trabalhadores é de origem multifatorial, como posturas e posto de trabalho inadequado, além do manuseio repetitivo dos produtos. E que o método OWAS não é muito específico e, portanto não avalia em detalhes a carga de trabalho dos operadores de checkouts, podendo não apresentar resultados esperados para a sobrecarga exigida neste tipo de trabalho. Palavras chaves: Operador de Checkouts. Carga de Trabalho. Fadiga.

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ABSTRACT

ANALYSIS OF PHYSICAL WORK LOAD

FOR PREVENTION OF FATIGUE - A STUDY

CASE OF OPERATOR-CHECKOUTS

Operator-checkouts. Fatigue is the decrease in muscle performance and that if ignored can increase absenteeism, reduce productivity and cause osteo-muscular diseases. The operator checkouts function is considered highly repetitive and high levels of pain and Fatigue. Through this, this research aims to evaluate the physical load of work of operators of checkouts for the prevention of fatigue. The study was conducted in a supermarket in Valparaiso / SP, with a total of 12 employees included in the search query. The, data collection was performed using bipolar questionnaire to evaluate the fatigue and the postures assumed during work was assessed with a tool Owas. The questionnaire result showed bipolar fatigue moderate the presence of intense and predominantly back pain, lower back, neck, head and feet, fatigue and the presence of visual appearance. The data are not consistent with the data presented by the method Owas which indicated the main movements performed as a category 1 (no need intervention) and category 2 (slightly harmful). Thus it is concluded that fatigue in these workers is of multifactorial origin, such as job and attitudes inadequate, beyond the repetitive handling of products. And that the Owas method is not very specific and therefore does not assess in detail the workload of the operators of checkouts, and may not produce results commensurate with the overhead required in this type of work. Key words: Operator of Checkouts. Workload. Fatigue.

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1 INTRODUÇÃO

Num mundo onde a busca por inovações tecnológicas vem de tornando, cada

vez mais freqüentes, o setor de supermercados tem incorporado tecnologias a sua

atividade, muitas vezes sem atentar para repercussão que a falta de um

planejamento pode causar. Particularmente no checkouts, a demanda por novas

tecnologias é mais intensa, já que este é um ponto fundamental na organização por

representar a interface entre o supermercado e o cliente (STOPA, 2009).

Diniz e Ferreira apud Santos (2004) chamam a atenção sobre a inadequação

do layout do checkouts, posto de trabalho do caixa. A atividade das operadoras de

caixa requer alcance muito amplo para procurar a mercadoria, empurra-lo até o lado

oposto, utilizar caixa de dinheiro, pegar sacos de embalagem e operar o teclado.

Assim como afirmam Battisti, Guimarães e Simas (2005), a profissão de

operador de checkouts de supermercado é caracterizada por movimentos repetitivos

e na maior parte do tempo há realização de movimentos alternados enquanto se

está no posto de trabalho. Sendo assim, essas posturas assumidas podem estar

influenciando e comprometendo o desempenho nas horas trabalhadas, gerando dor

e/ou desconforto corporal.

No Brasil, Diniz e Ferreira Jr. (1998) constatou uma elevada prevalência de

sintomas músculo-esquelético em operadores de checkouts, dos quais 77%

referiram dor ou fadiga muscular durante a última semana de trabalho. Os riscos de

se ignorar estes dados podem contribuir para um aumento do absenteísmo e de

custos médicos, risco de acidentes, menor produção e baixa qualidade de trabalho.

Tamanha preocupação, em março de 2007, o Ministério do trabalho e

emprego aprovou o anexo I da NR 17 (Portaria nº8, 30/05/2007), que trata das

condições de trabalho dos operadores de checkouts. Neste caso, o posto de

trabalho pode contribuir para o aparecimento de dor/desconforto no trabalho,

interferindo na qualidade de vida e na saúde dos trabalhadores, além de no

desempenho produtivo (BRASIL, 2007).

Partindo dessas considerações, este estudo objetivou verificar a carga física

de trabalho sofrida por operadores de checkouts em um supermercado. Com esta

análise, espera-se contribuir com a indicação de aspectos que possam ser

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melhorados ou transformados, no âmbito do trabalho, para a melhor realização das

atividades de forma a prevenir a fadiga, bem como auxiliar nos aspectos de

produtividade e qualidade do serviço realizado.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Características gerais do setor supermercadista no Brasil

O setor supermercadista faz parte do setor terciário da economia, o qual se

caracteriza por prestação de serviços ao público. Segundo Parente apud Deluca

(2004) os supermercados caracterizam-se pelo sistema de auto serviço, checkouts e

produtos dispostos de forma acessível, que permitem aos clientes se auto servirem

utilizando cestos e carrinhos.

No Brasil pela lei nº7208 de 13/11/1968, ficou estabelecido que supermercado

é o estabelecimento comercial varejista explorado por uma pessoa física ou jurídica

que,adotando o sistema de auto-serviço, expõe e vende gêneros alimentícios e

outras utilidades domésticas (SANTOS, 2004).

Segundo a Classificação Nacional por atividade econômica (CNAE) definida

pelo ministério do trabalho, o setor supermercadista está classificado segundo o

quadro abaixo:

código Descrição da atividade

52.11-6 Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de

produtos alimentícios, com área de venda superior a 5000 metros

quadrados-hipermercado.

52.12-4 Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de

produtos alimentícios, com área de venda entre 300 e 5000 metros

quadrados-supermercado.

Fonte: SANTOS, 2004

Quadro 1: Classificação Nacional por Atividade Econômica (CNAE).

2.1.1 Função do caixa de supermercado

De acordo com a literatura pesquisada, verificou-se que a profissão de

checkouts é uma das mais acometidas por queixas e/ou distúrbios relacionados ao

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trabalho. Segundo Estill, Kroemer e Mackay apud Trelha (2007), o setor de caixas

apresenta um índice de lesões músculo-esquelético de 2 a 3 vezes maiores que

outros setores em supermercados.

O operador de caixa é aquele funcionário encarregado de registrar todas as

mercadorias compradas pelos clientes, receber os pagamentos e dar o troco devido,

e seu posto de trabalho fica localizado na área chamada frente de loja, sendo esta

área crítica e importante, constituída por todas as operações de fechamento de

venda, além de nela também estarem os fiscais de caixa, empacotadores e

respectivo gerente (KASPER, 1991).

O trabalho de operador de caixa é muito complexo, provavelmente o mais

difícil de ser abordado do ponto de vista da organização do trabalho. Contribuem

para esta complexidade o fato do movimento nas lojas ser flutuante ao longo da

semana, podendo implicar em jornadas muito longas nos finais de semana (MELO

JR. E RODRIGUES, 2005).

Segundo Diniz e Ferreira Jr. (1998) aumentou a incidência de queixas de

fadiga muscular após a introdução da leitura ótica (66,2% dos operadores relataram

fadiga geral), visto que frequentemente o scanner é colocado em checkouts

convencionais sem nenhuma modificação prévia.

Ainda segundo Diniz e Ferreira Jr. apud Trelha (2007), nos operadores de

checkouts a prevalência de sintomas músculo-esqueléticos está relacionada à: 1)

necessidade de movimentos amplos para o alcance de mercadorias; 2) necessidade

de trabalho estático para a sustentação de peso; 3) incapacidade de alternar as

posturas em pé e sentada; 4) posturas desequilibradas com rotação e inclinação

lateral de tronco; 5) ausência de pausas programadas; 6) densidade de trabalho

irregular com picos de sobrecarga em fins de semana e véspera de feriado; 7)

ausência de alternância de tarefas.

Além desses fatores, de acordo com Couto (1999), o trabalho de operador de

caixa de supermercado é uma atividade que contém em si o fator básico para a

ocorrência de lesões por esforços repetitivos nos membros superiores: a

repetitividade dos movimentos. Segundo a literatura disponível, esta repetitividade

pode se tornar crítica quando o seu limite é ultrapassado e não existe o tempo

necessário para a recuperação da integridade dos tecidos, e por estas razões, é um

profissional submetido à alta exigência física e psíquica.

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Para Piccinini (2009) na função de caixa o tempo de ciclo é bastante

pequeno, sendo assim qualquer movimento representa um fator de risco e a

atividade é altamente repetitiva. Para Battisti, Guimarães e Simas (2005), 95% dos

operadores de checkouts julgam estar realizando movimentos repetitivos.

Estudo de Rodacki et al (2006) apud Teixeira et al (2009) indicaram que

devido ao significativo número de ciclos de movimentos realizados durante o dia,

mesmo que o operador manipule produtos leves, pode haver riscos para coluna.

Também complementa que não só a coluna é acometida como outras estruturas do

corpo são prejudicadas.

Na gênese da fisiopatologia desse processo, é descrito o uso da força

excessiva aplicada durante o manejo dos produtos, na maioria das vezes pesados

como sacos de arroz e embalagens pets de refrigerantes. Também a questão da

repetitividade dos movimentos que é a essência da atividade dos caixas, as posturas

incorretas dos membros superiores e o tempo insuficiente para recuperação dos

tecidos causada pela falta de pausas pré-determinadas ao longo da jornada são

fatores contributivos (REVISTA PROTEÇÃO, 2001).

Para Teixeira et al (2008) os sintomas músculo-esqueléticos apresentados

por esses trabalhadores podem estar relacionados com aspectos encontrados nos

postos de trabalho, em inconformidade com o Anexo 1 da NR 17. Trelha (2007)

relata que os operadores exercem suas funções em postos e trabalho que possuem

design padronizado e, portanto, não levam em consideração as diferenças

antropométricas individuais.

Segundo Stopa (2009) a seqüência de operações do caixa para o

atendimento a um cliente é descrita assim:

1) O operador aciona a esteira para aproximar as mercadorias que foram

colocadas na borda do balcão pelo cliente;

2) Pega a mercadoria com a mão esquerda;

3) Puxa a mercadoria até a posição ideal de leitura do código. Se muito

pesada, este movimento é realizado com as duas mãos;

4) Escaneia a mercadoria;

5) Quando não é possível fazer a leitura, digita o código com a mão direita;

6) O operador torce o tronco da direita para a esquerda, voltando se

ligeiramente para trás;

7) Coloca a mercadoria sobre a esteira que leva à zona de empacotamento;

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8) Com o pé direito, pressiona o pedal que aciona a esteira;

9) As operações de 1 a 8 são realizadas até que todas as mercadorias

tenham sido registradas;

10) O operador informa o valor da compra ao cliente e, caso o pagamento

seja feito em cheque ou cartão, aciona o sinal luminoso localizado abaixo

da máquina registradora para chamar as fiscais de caixa.

Naturalmente, o operador procura a posição de maior conforto ao

desempenhar sua atividade de trabalho. Desta forma, as operações descritas acima

ocorrem na posição sentada e em pé, de acordo com a vontade do operador. Existe

também o fator psicossocial adicional: o estresse causado pelo sistema de cobrança

instituído pelas chefias, baseado no número de itens passados por minuto, com a

ameaça implícita e explícita de que aqueles que não obtiverem a produtividade

estarão correndo riscos de demissão (REVISTA PROTEÇÃO, 2001) .

Segundo relato do Sindicato dos Comerciários de São Paulo (2001), o

estresse tem crescido no setor supermercadista, apesar da dificuldade de

reconhecimento de agravos relacionados à saúde mental pelo INSS. “Sabemos que

as condições impostas pelas empresas têm gerado o surgimento e o aumento no

número destes casos”. Segundo afirmam, as causas estão ligadas ao excesso de

carga horária de trabalho, pressão da chefia, responsabilidade com documentos ou

dinheiro da empresa, reação após acidente de trabalho grave ou catastrófico ou

mesmo após assalto no trabalho (REVISTA PROTEÇÃO, 2001).

2.1.2 Carga de trabalho do operador de caixa

Com o aparecimento das linhas de montagem, o trabalhador passou a

executar somente uma parcela ou segmento do produto final, com movimentos

repetitivos e posturas nem sempre adequada às suas condições pessoais (TRELHA

et al, 2007).

A carga de trabalho está presente em todas as atividades e segundo Wisner

(2003), pode ser analisada sobre três modalidades: física, cognitiva e psíquica. A

carga física compreende atividade muscular, gestos, postura corporal e

deslocamentos durante a atividade. A carga física de trabalho geralmente associada

às atividades do operador de caixa é o levantamento e transporte de mercadorias

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pesadas sobre o posto de trabalho. Na atividade dos operadores de caixa, a

dificuldade no levantamento de peso está na necessidade de elevar a carga e

posicionar o código de barras no leitor.

Em relação à postura, normalmente são consideradas três posições: de pé,

sentado, deitado. A posição de pé apresenta um interesse particular, sendo a mais

usada entre os operadores. O fluxo de clientes é contínuo ao longo da jornada de

trabalho, com picos nos horários que antecedem as refeições, aos sábados e na

véspera de feriados, restringindo o operador às tarefas de checagem. A velocidade

com que o operador trabalha é influenciada pela fila de espera dos clientes que são

por si só, agentes de pressão para acelerar o ritmo de trabalho. (QUADROS, 2006)

Fatores ambientais também estão incluídos na carga física, pois causam

impacto no organismo do trabalhador, reduzindo sua capacidade funcional. Os

fatores mais comuns no ambiente de trabalho do operador de caixa são: níveis de

ruído, vibração, temperaturas extremas (frio e calor) e iluminação (QUADROS,

2006).

No Brasil, entre os trabalhadores do comércio e serviços, o setor de

supermercados é o que apresenta maior incidência de Distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho (DORT) - um conjunto de afecções das estruturas do

sistema osteomuscular, de origem ocupacional e decorrente de: uso repetitivo de

grupos musculares; uso forçado de grupos musculares; e manutenção de posturas

inadequadas que atingem principalmente os membros superiores, a região escapular

e o pescoço (BRASIL, 1998).

Avanços tecnológicos, como a introdução do leitor óptico nos caixas de

supermercado, aperfeiçoaram o serviço prestado aos clientes. Entretanto, este

benefício ocasionou um custo para a saúde dos operadores, traduzido pelas lesões

por esforços repetitivos (CARRASCO, 1995). No Canadá, enfatiza-se o aumento da

incidência de queixas dos trabalhadores em relação à fadiga muscular após a

introdução da leitura óptica, visto que freqüentemente o scanner é colocado em

checkouts convencionais sem nenhuma adaptação. Não somente a introdução da

leitura óptica, mas a pressão do tempo que o operador sofre a fim de evitar a

formação de grandes filas de espera leva-o a acelerar o ritmo de trabalho. Desse

modo, aumenta-se tanto a sobrecarga física quanto a mental, aliando-se a isso a

espera por parte dos clientes por um serviço mais rápido e eficiente (TRELHA et al,

2007).

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Segundo Peres (1999) o desnível entre a superfície da esteira e a balança do

caixa do supermercado, faz com que não seja possível o deslizamento das

mercadorias sobre a balança para leitura óptica, sendo, portanto necessária a

elevação e sustentação dos produtos pelos trabalhadores. Essa condição

inadequada do checkouts leva a sobrecarga dos membros superiores e tronco. Para

Iida (2005), a estrutura da coluna vertebral pode ser capaz de suportar cargas no

sentido vertical, porém essas estruturas são mais frágeis quando as forças não

apresentam a mesma direção que seu eixo, como é o caso da manipulação de

produtos no checkouts. Diniz e Ferreira Jr. (1998) afirmam que a utilização de esteira

rolante antes e depois da leitura ótica facilita a movimentação das mercadorias e

impede o esforço excessivo para alcançá-las. Ainda constataram uma elevada

prevalência de sintomas músculo-esquelético em operadores de checkouts, dos

quais 77% referiram dor ou fadiga muscular durante a última semana de trabalho.

Dados epidemiológicos têm demonstrado que cerca de 60% dos operadores

de caixa referiram sintomas de incômodo na região lombar com uma intensidade

entre moderada e forte (CABEÇAS, 1999). Mackay et al. (1998) demonstraram que a

porcentagem dos sintomas músculo-esquelético apresentados entre caixas de

supermercado foram relacionadas a diversas partes do copo, entretanto, 54%

relataram queixas na região dorsal.

Entre os operadores de checkouts, os sintomas músculo-esquelético são mais

freqüentes nos membros inferiores e na coluna lombar. Stopa (2009) realizou um

estudo para constatar o desconforto causado pela atividade e, principalmente, pelos

movimentos exigidos em decorrência das limitações do posto de trabalho, onde

verificou quais regiões do corpo mais agredidas pela atividade no checkouts. Os

resultados indicaram que 17% das 289 queixas relativas a dores no corpo ao final de

uma jornada de trabalho, estavam relacionadas à coluna, 13% ao braço esquerdo e

à região lombar, e 11% ao ombro esquerdo. 95% dos entrevistados atribuíram a

causa das dores às atividades desenvolvidas durante o trabalho. Observou-se

também que os homens sentem menos dores que as mulheres, já que 44% dos

homens entrevistados não sentem dores, enquanto que apenas 10% das mulheres

responderam o mesmo. Isto se deve ao fato de possuírem mais musculatura e,

portanto, resistirem melhor aos movimentos.

No estudo de Spinelli e Sales (2006) a incidência de dor é maior na região

lombar (74%), pescoço (26%), costas e pernas, enquanto as demais regiões

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apresentam incidências mais discretas. E no estudo de Batiz et al (2009) dos

entrevistados 81% apresentaram dor na região lombar, 54% dores nos ombros, 50%

nas costas, e 49% no pescoço. Entretanto, no estudo de Ballardin et al (2005) as

maiores queixas predominaram nos ombros (74,5%), na cintura escapular (58,3%),

braços (49,01%) e pernas (47,05%).

Em Chavalitsakulchat et al (1993) apud Vieira (2004) os fatores que

contribuem para a gênese de distúrbios músculo-esquelético são classificados em 3

grandes categorias: a insuficiência de conhecimento dos princípios ergonômicos na

concepção dos métodos e dos postos de trabalho; a falta de adaptação de máquinas

e equipamentos importados às características da população local; a ausência de

uma organização do trabalho adequada.

Os riscos de se ignorar estes princípios podem ser resumidos em aumento do

absenteísmo e de custos médicos, risco de acidentes, menor produção e baixa

qualidade de trabalho (TRELHA et al, 2007).

No checkouts, a tecnologia tem peso importante sobre o controle do tempo de

atendimento, do ritmo e dos erros de operação, o que implica, necessariamente

numa avaliação do grau de produtividade e de confiabilidade da operação. Além

disso, o registro automático das vendas possibilita o controle do estoque e o controle

sobre a rentabilidade do empreendimento.

A implantação de sistema automatizado nas frentes de loja tem-se dado de

forma empírica no que diz respeito à ergonomia. De modo geral, as empresas visam

produtividade e eficiência sem se ater ao planejamento ergonômico do posto de

trabalho (PERES, 1999).

Para Trelha et al (2007), os movimentos e as posturas durante o período de

trabalho, associado a inadequação do posto, favorecem a sobrecarga das estruturas

musculoesqueléticas.

2.1.3 A configuração do caixa

O termo caixa é utilizado para identificar as operações de registro e cobrança

das mercadorias colocadas na bancada. O registro das mercadorias pode ser feito

por meio da digitação de preços ou códigos no teclado ou por leitura óptica. O

tamanho da área de venda do estabelecimento, de modo que o número de caixas

22

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necessários para o espaço de vendas é determinado primeiramente pelas

dimensões estruturais (SANTOS, 2004) e de acordo com Floris e Giommi (1997), por

fatores secundários tais como: localização do estabelecimento, tipo de marketing e

pelos usos e costumes de uma cidade.

Figura 1: Configuração de checkouts: A (configuração básica); B (configuração

corredor frontal); C (configuração retro-frontal a 45º)

Fonte: FLORIS; GIOMMI, 1997

Existem vários configurações de checkouts. Eles contem diferentes

equipamentos e são adaptados as necessidades físicas e estilos de cada

estabelecimento. Os caixas existentes na maioria dos supermercados de médio e

grande porte são compostos por: balcão onde são depositadas as mercadorias para

tomada de preço; esteira rolante acionada pelo operador; scanner (para leitura do

código de barras); teclado para digitação; balança; emissor de cupom fiscal; leitor de

cartão de crédito; gaveta para numerário; monitor; botão para chamada do fiscal;

gaveta; caixa plástica ou suporte para armazenagem de sacolas plásticas; cadeira e

bancada para empacotamento dos produtos. Geralmente, o posto de trabalho do

operador de caixa fica localizado na entrada da loja, sendo esta área importante,

pois nele são efetuadas todas as operações de fechamento de venda (SANTOS,

2004).

2.2 Fadiga

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2.2.1 Fadiga muscular

O entendimento do limite de resistência do sistema músculo-esquelético

possui grande aplicabilidade na ergonomia, pois as determinações de limites

aceitáveis da fadiga muscular em atividades laborais ajudam a prever quais são as

atividades ocupacionais saudáveis ao trabalhador (FILLUS, 2006). Um indivíduo

quando submetido a uma carga de trabalho, desenvolve estruturas metabólicas,

endócrinas, biomecânicas, psicológicas e cognitivas que ocasionam a adaptação, ou

à enfermidade se forem extrapolados os limitadores apropriados ao funcionamento

do organismo humano.

A fadiga é característica de alguns tipos de trabalho como os que ocorrem

monotonia, falta de motivação para trabalhar, sobrecarga de tarefa, aumento da

informatização, novos processos industriais que ainda muitas vezes levam as

pessoas a permanecerem por longos períodos em posições quase estáticas frente

aos postos de trabalho, desempenhando tarefas mecânicas e repetitivas (PEREIRA,

2009)

Segundo Verdussen apud Miranda (2004), toda atividade física ocasiona

fadiga, como conseqüência dos processos fisiológicos ocorridos no desempenho de

um esforço. Estes procedimentos são a queima de elementos energéticos que

induzem a uma aceleração do batimento cardíaco, de forma a compensar, pelo

afluxo mais rápido de sangue aos pulmões a maior taxa de oxigênio consumido. Os

trabalhadores muitas vezes têm uma percepção de sua fadiga, de seu estado de

saúde, e se relacionam com as características da situação de trabalho.

Grandjean (1998) relaciona a fadiga com uma capacidade de produção

diminuída e uma perda de motivação para qualquer atividade. Porém, deve-se fazer

uma distinção entre a fadiga muscular e a fadiga generalizada. A fadiga muscular é

um acontecimento agudo e doloroso, que o atingido sente em sua musculatura

sobrecarregada de forma localizada. Já a fadiga generalizada é uma sensação

difusa, que é acompanhada de uma indolência e falta de motivação para qualquer

atividade.

Qualquer alteração pode gerar solicitações funcionais prejudiciais que

ocasionam aumento de fadiga no trabalhador e leva ao longo do tempo a lesões

graves, até mesmo irreversíveis (CHAFFIN, 2001).

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Este tipo de falência é vista por muitos pesquisadores como uma adaptação

do sistema neuromuscular que ajuda a prevenir lesões musculares graves. As

mudanças metabólicas musculares e o comprometimento da sua ativação

contribuem para o declínio da potência muscular resultando em fadiga. Se a

velocidade das contrações aumentarem durante uma atividade, chega-se a um limite

que resultará em fadiga muscular (metabolismo anaeróbico), o que é muito

observado nos casos de DORTs principalmente de membros superiores (CAILLET,

1999).

Enoka ; Stuart (2000) relatam que a fadiga não ocorre por um mecanismo

isolado; os mecanismos que a envolvem variam de condição, denominada

dependência da tarefa, ou seja, fatores que envolvem a atividade física, como

músculos envolvidos, duração da atividade e quantidade de força.

Enoka (2000) considera esses mecanismos como uma classe de efeitos que

envolvem os processos motores e sensoriais interferindo e prejudicando o

desempenho. A fadiga é o efeito do esforço continuado, que provoca uma redução

reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse

trabalho. A fadiga é causada por um conjunto complexo de fatores, cujos efeitos são

cumulativos. São fatores fisiológicos relacionados com a intensidade e duração do

trabalho físico e intelectual; depois há os fatores psicológicos como monotonia e falta

de motivação; e por fim os fatores ambientais e sociais como iluminação, ruídos e

relacionamento com a chefia (GRANDJEAN, 1998).

Ainda segundo Grandjean (1998) o fenômeno de redução do desempenho do

músculo após estresse é denominado fadiga muscular, em fisiologia, e é

caracterizado não apenas pela redução da força, mas também pela redução da

velocidade do movimento. Aí recai a explicação para os problemas de coordenação

e aumento de erros e acidentes que se seguem à fadiga muscular.

A fadiga fisiológica é reversível desde que não ultrapasse certos limites, e o

corpo se recupera com pausas concedidas durante o trabalho ou com repouso

diário. Entretanto existe a fadiga crônica que não é aliviada com pausas ou sono,

tem efeito cumulativo e pode levar a doença. Nessa fase o repouso não é mais

suficiente para recuperação, devendo procurar tratamento médico (IIDA, 2005).

2.2.2 Fadiga muscular relacionada à postura em pé de trabalho

25

25

Segundo Oliver; Middletich (1998), postura é a posição assumida pelo corpo,

quer seja por meio da ação integrada dos músculos operando para contra atuar com

a força da gravidade, quer seja quando mantida durante inatividade muscular. Além

dos mecanismos intrínsecos que influenciam a postura, como é o caso

principalmente do sistema muscular, fatores extrínsecos, tais como as superfícies de

sustentação, precisam também ser considerados, uma vez que o modo como elas

são construídas torna-se um aspecto importante que influencia as posturas da

coluna.

As posturas podem ser mais ou menos confortáveis ou prejudiciais para a

saúde, dependendo fundamentalmente das condições de trabalho que tenha para

realizar suas atividades. O controle da postura de pé depende de informações

sensório-motoras, como base para a representação interna do corpo pelo sistema

nervoso central, que através de estratégias adequadas assegura a estabilidade do

sistema. As correções do eixo do corpo pelos mecanismos de controle postural,

suscitadas como conseqüência da própria dinâmica do organismo vivo, conferem ao

corpo humano pequenas e constantes oscilações quando de pé, com importante

papel na distribuição da pressão nas plantas dos pés e na eficiência do retorno

venoso (GUYTON, 1997).

Pompeu (1999) chama a atenção para a necessidade de adaptação dos

equipamentos de trabalho com as características de cada indivíduo. Se o ambiente

não é convenientemente projetado, o indivíduo acaba se adaptando, porém isso

além de causar fadiga e desconforto, reduz seu desempenho de forma assustadora.

(POMPEU, 1999)

Oliver; Middletich (1998) consideram que a postura normal, idealmente ereta,

seria aquela na qual o eixo de gravidade passaria pela linha média entre os

seguintes pontos colaterais: processos mastóides; um ponto imediatamente anterior

às articulações do ombro; as articulações do quadril (ou imediatamente posteriores);

um ponto imediatamente anterior ao centro das articulações dos joelhos e às

articulações dos tornozelos. Ainda segundo Oliver; Middletich (1998) uma postura

rígida é assumida quando a pessoa está em pé em atenção ou é solicitada a ficar

em pé reta. Essa é uma postura não natural que exige esforço consciente, contração

aumentada dos músculos, e dispêndio aumentado de energia.

26

26

Dul; Weerdmeester (2004) recomendam que não se deva passar o dia todo

trabalhando na posição de pé, pois longos períodos causam dores nas costas e

pernas.

A manutenção de postura em pé é muitas vezes relacionada às varizes, no

entanto, o papel da postura durante o trabalho no aumento de varizes é uma

questão ainda muito controversa: enquanto alguns autores defendem o aumento das

varizes em pessoas que trabalham em pé (pela estase venosa), outros, referem à

postura sentada como um dos fatores que predispõe à formação de varizes (ângulos

de 90º no quadril e joelhos favorecendo dificuldades circulatórias). Maffey (1995),

após examinar a fundo vários trabalhos sobre o assunto, conclui que de acordo com

a opinião disseminada, as veias varicosas podem ser olhadas, pelo menos em parte,

como moléstia ocupacional e assim, como conseqüência direta ou indireta da

civilização. Entretanto, dados estatísticos testados e confiáveis raramente são

apresentados para sustentar esta hipótese.

A postura em pé acaba por ser um dos fatores indutivos para LER/DORT,

principalmente, de membros inferiores e coluna vertebral. Isto se deve à sobrecarga

física exercida sobre o sistema músculo esquelético e ao esforço de manutenção

estática dos músculos de todo o corpo contra - atuando à força da gravidade.

Com relação às posturas de trabalho, a NR 17 sugere que "sempre que o

trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser

planejado ou adaptado para esta posição". Ainda, a recomendação é de que para

trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas e mesas

devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e

operação, com altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o

tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho. Além

disso, devem ter características dimensionais que possibilitem o posicionamento e a

movimentação adequados dos segmentos corporais (BRASIL, 2007) .

Iida (2005) afirma que um trabalhador durante uma jornada de trabalho pode

assumir centenas de posturas diferentes, e em cada tipo de postura, um diferente

tipo de musculatura é requisitado. Se o trabalhador atuar na postura em pé durante

toda jornada, maior número de grupos musculares estará atuando contra a ação da

gravidade proporcionando maior desconforto e dor, acionando precocemente o

mecanismo de fadiga muscular. Quando o trabalhador atua numa postura que se

27

27

sinta confortável e sem dor, apresentará melhores índices de eficiência e

produtividade.

A fadiga é um dos principais fatores que concorre para reduzir a produtividade

(FILUS, 2006).

Os principais fatores que induzem à fadiga muscular são trabalho repetitivo,

trabalho muscular estático, posturas e gestos críticos. As posturas críticas

geralmente estão associadas a postos de trabalho mal projetados, que não

permitem um posicionamento anatômico e fisiológico adequado, assim como podem

estar associadas a movimentos de flexão e rotação do tronco. Considerando gestos

e posturas utilizados pelos trabalhadores de checkouts, identifica-se a postura em pé

durante quase toda a jornada. No estudo de Stopa (2009) 33% dos entrevistados

disseram que preferem trabalhar somente sentados, 12% trabalham somente em pé,

35% alternam as posições, mas ficam mais tempo sentados, 15% ficam mais tempo

em pé, trabalhando sentados na menor parte do tempo e 5% não têm preferência.

Segundo Iida (2005), o trabalho estático ocorre, por exemplo, com os

músculos dorsais e das pernas para manter a posição de pé. Ainda conforme o

autor, o trabalho estático é altamente fatigante e, sempre que possível, deve ser

evitado. Quando isso não for possível, pode ser aliviado, por meio de mudanças de

posturas, melhor posicionamento de peças e ferramentas no posto de trabalho ou

por meio de apoios para partes do corpo, com o objetivo de reduzir as contrações

estáticas dos músculos. Pausas também devem ser concedidas, de curta duração,

mas com elevada freqüência para permitir o relaxamento muscular e o alívio da

fadiga. Ramazzini (1999) se expressou sobre “as doenças dos que trabalham em

pé”, citando como causas as posições dos membros, dos movimentos corporais

inadequados, que enquanto trabalham , apresentam transtornos mórbidos, levando

o corpo à fadiga.

A grande parte do dia de uma pessoa é dedicada ao trabalho, afetando assim

sua qualidade de vida e de seus dependentes e, portanto, suas atividades laborais

devem ser realizadas em condições tais que ajudem a promover a saúde, o

equilíbrio bio-psico-físico-social deste indivíduo. Como o corpo está sujeito à carga

tanto parado quanto em movimento, faz-se necessário diferenciar trabalho muscular

estático de trabalho muscular dinâmico. O trabalho muscular estático se caracteriza

por uma contração demorada do músculo e não há trabalho útil mensurável, pois

não há alteração do comprimento dos músculos envolvidos. O trabalho muscular

28

28

dinâmico caracteriza-se por uma seqüência rítmica de contração e relaxamento da

musculatura envolvida (SELL, 2002).

Conforme Grandjean (1998), a fisiologia do trabalho distingue duas formas de

esforço muscular: o trabalho muscular dinâmico e o estático. O trabalho dinâmico

caracteriza-se por uma seqüência rítmica de contração e extensão, portanto de

tensionamento e relaxamento, da musculatura em trabalho. Já o trabalho estático,

em oposição, caracteriza-se por um estado de contração prolongada da

musculatura, o que geralmente implica um trabalho de manutenção de postura. Para

manter as diferentes posições e posturas é necessário contrair os músculos, o que

representa trabalho muscular estático e solicita a pessoa, levando rapidamente a

fadiga (SELL, 2002). Quando estas posições e posturas são exigidas diariamente

em uma rotina de 8 horas diárias, sobrecarrega o organismo levando o

desenvolvimento de LER/DORTs.

No trabalho estático, os vasos sangüíneos são pressionados pela pressão

interna, contra o tecido muscular; por isso flui menos sangue para o músculo. No

trabalho dinâmico, ao contrário, como quando se caminha o músculo age como uma

moto bomba sobre a circulação sangüínea: a contração expulsa o sangue dos

músculos, enquanto que o relaxamento subseqüente favorece o influxo de sangue

renovado. Por este mecanismo, a circulação de sangue é aumentada em várias

vezes: o músculo recebe realmente de dez a vinte vezes mais sangue do que em

repouso. No trabalho dinâmico, o músculo recebe um grande afluxo de sangue,

obtendo assim o açúcar de alta energia e oxigênio, enquanto que os resíduos

formados (catabólitos) são eliminados. Em contraste, o músculo que faz trabalho

estático não recebe energia nem oxigênio do sangue, e deve usar suas próprias

reservas. Além disso, (e isto talvez seja o maior prejuízo), os resíduos metabólicos

não são retirados, ao contrário, acumulam-se e causam a aguda dor da fadiga

muscular (GRANDJEAN, 1998).

Em linhas gerais, ainda segundo Grandjean (1998), pode-se falar em trabalho

estático, nas seguintes condições:

a) Quando um elevado gasto de força muscular exige uma contração

muscular por 10 seg. ou mais;

b) Quando com gasto médio de força muscular, a contração muscular dura 1

min. ou mais;

29

29

c) Quando com um esforço leve (cerca de 1/3 da força máxima), a contração

durar 4 minutos ou mais.

Exemplos de esforços estáticos:

a) Trabalhos nos quais existe movimentação de tronco para frente ou para os

lados;

b) Trabalho com os braços parados a favor da gravidade;

c) Manipulação que exige braços esticados na horizontal (consertos,

manutenção);

d) Colocar o peso do corpo numa perna, enquanto a outra está acionando

um pedal;

e) Ficar de pé em um local por longo período de tempo;

f) Levantar e carregar pesos.

2.2.3 Fisiologia da fadiga muscular

O fenômeno da diminuição do rendimento do músculo após a exigência

chama-se em fisiologia, de fadiga muscular. Ela não é só por diminuição da força,

mas também por prolongamento do tempo de movimentação do músculo (PANZER,

2004). Sabe-se que os músculos nutrem-se principalmente no período de

relaxamento. A pressão interna do músculo durante atividades estáticas pode

ultrapassar o valor da pressão arterial do sangue e ocasionar um fechamento dos

vasos sanguíneos responsáveis pela sua nutrição, ocasionando o acúmulo de acido

lático e irritação das terminações nervosas, causando dor (TRELHA et al, 2007).

A fadiga muscular ocorre devido a certas reações químicas no músculo. Na

medida em que o trabalho progride, energia precisa ser fornecida, pela quebra da

molécula de glicogênio liberando acido láctico. O acido láctico é um subproduto que

precisa ser removido do músculo, pois seu acumulo causa dor e sensação de fadiga

muscular. As reações oxidativas que ocorrem na corrente sanguínea alem de suprir

as necessidades energéticas, no trabalho aeróbico, removem o acido láctico. Essas

reações continuam até algum tempo após atividade muscular ter cessado

(WOODSON apud SANTOS, 2004) .

É bastante conhecido que o acúmulo de ácido lático nos músculos engajados

num trabalho intenso realizados em condições metabólicas anaeróbicas constitui um

30

30

sinal de alteração da homeostase e resultam em sintomas de fadiga local

(ASTRAND; RODAHL, 1986). Segundo Guyton (1997) “estudos demonstram que a

fadiga muscular aumenta em proporção quase direta com a intensidade de depleção

do glicogênio muscular”, ou seja, quanto maior o tempo de contração muscular,

menor será a quantidade para suprir a necessidade de contração do músculo

levando a fadiga. A realização de trabalhos musculares repetitivos dinâmicos ou

estáticos pode acarretar em fadiga precoce proveniente deste déficit de nutrientes

(DEFANI E PILATTI, 2005).

Com base fisiológica, entende-se por fadiga muscular um processo normal

que ocorre no corpo humano: o resultado da utilização de energia em resposta ao

esforço muscular intenso. É importante enfatizar que os locais de ocorrência de

fadiga são bastante dependentes do tipo de exercício que a desencadeia. Portanto,

apenas uma parte dos grupamentos musculares pode estar envolvida à medida que

a fadiga se desenvolve devido ao exercício específico. E a combinação complexa

dos exercícios e grupos musculares irá determinar à dinâmica da fadiga (FILUS,

2006).

A interrupção do fluxo sanguíneo através do músculo em contração conduz a

fadiga muscular quase que completa, em cerca de um minuto, devido a obvia perda

de suprimento de nutrientes (GUYTON, 1997).

Um músculo sem irrigação sanguínea se fadiga rapidamente, não sendo

possível contraí-lo por mais de 1 ou 2 minutos. Se ao invés de mantiver o músculo

contraído, ele for contraído e relaxado alternadamente, o próprio músculo funciona

como uma bomba sanguínea ativando a circulação nos capilares, isso faz aumentar

a quantidade de sangue circulado em até 20 vezes, em relação à situação de

repouso. Isso significa dizer que o músculo passa a receber mais oxigênio,

aumentando sua resistência à fadiga (IIDA, 2005).

A fadiga fisiológica resulta do acumulo de acido lático no músculo. Quando

atividade muscular é muito intensa, o ritmo de produção do acido lático, como

subproduto do metabolismo é maior que a capacidade do sistema circulatório em

removê-lo, provocando então um desequilíbrio. A fadiga decorre também do

esgotamento das reservas de energia que se manifesta pelo baixo teor de açúcar no

sangue (IIDA, 2005). Segundo Renner (2005) a fadiga muscular é um evento que

sinaliza o início das alterações músculo-esqueléticas, causando dor sensação de

cansaço, peso e formigamento dos membros superiores. Ainda segundo Renner

31

31

(2005) as alterações bioquímicas que acompanham a fadiga podem ser

esquematizadas como a figura 2.

Figura 2: Alterações bioquímicas que acompanham a fadiga.

Fonte: RENNER, 2005

32

32

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Analisar a carga física de trabalho em operadores de checkouts, visando à

prevenção da fadiga.

33

33

4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de estudo

Trata-se de uma pesquisa de campo, com estudo de caso de 12 operadores

de checkouts..

4.2 Local do estudo

A aplicação do estudo foi realizada em campo, em um supermercado de

médio porte situado na cidade de Valparaíso/SP, no período diurno, durante o mês

de janeiro/2010.

4.3 Sujeitos

Foram definidos como sujeitos da pesquisa 12 colaboradores (100% da

população considerada), todos do sexo feminino, de idades entre 18 e 38 anos de

um supermercado de Valparaíso/SP. Os sujeitos trabalham num período de 8hs com

2hs de almoço, caracterizada pela postura em pé e sem sistema de rodízios de

funções.

4.4 Instrumentos utilizados

Como ferramenta para avaliação da carga física empregou-se o método Owas

e para avaliação da fadiga empregou-se o questionário bipolar (COUTO, 1996).

4.4.1 Questionário bipolar

A fadiga no trabalho foi avaliada por meio de questionário bipolar (ANEXO A)

que é dividido em três etapas sendo a primeira aplicada no início da jornada de

trabalho, a segunda no horário que o funcionário estiver saindo para o almoço e a

34

34

terceira no final da jornada. Não pode ser aplicado em funcionários com menos de

dois meses de função, aqueles que estejam com LER/DORT, lombalgias e quadro

de dor, e aqueles que tenham retornado das férias nas últimas três semanas. Esse

método possibilita avaliar a sensação subjetiva dos funcionários, onde respondem

sempre as questões referindo-se as sensações do indivíduo naquele momento. O

questionário é constituído de 14 perguntas com dois extremos em cada pergunta, e

no seu conteúdo estão os números de 1 a 7 para quantificação da situação. Há um

conjunto de três questionários por funcionário e quanto mais para a direita à

marcação maior a fadiga.

4.4.2 Método OWAS

As posturas assumidas durante o trabalho, neste estudo, foram avaliados com

a ferramenta ocupacional WInOWAS (KIVI; MATTILA, 1991). A ferramenta utiliza a

classificação do grau de esforço físico por categorias de ações determinadas com

base nas posturas de trabalho e na força exercida durante uma ação especifica.

(PORTICH, 2001)

Silva e Amaral (2006) consideram a ferramenta OWAS aplicável e prática

quanto à identificação e avaliação de posturas e movimentos de trabalho

desfavoráveis.

O método OWAS é uma ferramenta semi-quantitativa que se baseia em

observação direta ou indireta, os dados são selecionados com base em perguntas e

convertidos em escala numérica ou diagrama (PAVANI, 2007).

Segundo Ligeiro (2010), o método OWAS tem por objetivo avaliar as posturas

assumidas por colaboradores por meio da observação do pesquisador. A

identificação das 72 posturas típicas admitidas pela ferramenta (combinação das

quatro típicas do dorso, 3 dos braços e 7 das pernas) é definida por 6 dígitos onde 3

que descrevem a posição dos segmentos corpóreos, 1 a carga e 2 o local ou estágio

em que a postura foi observada. Em seguida a identificação da postura é

classificada em uma das quatro categorias que apontam diferentes níveis de

desconforto e urgência de intervenção:

a) Classe 1: postura normal que dispensa cuidados, a não ser em casos

excepcionais;

35

35

b) Classe 2: postura que deve ser verificada durante a próxima revisão

rotineira dos métodos de trabalho. A carga física de trabalho é levemente

prejudicial, sendo necessário adotar mediadas para mudar a postura em

um futuro próximo;

c) Classe 3: postura que deve merecer atenção a curto prazo. A carga física

e trabalho é prejudicial, sendo necessárias medidas para mudar a postura

o mais rápido possível;

d) Classe 4: postura que deve merecer atenção imediata. A carga física é

extremamente prejudicial.

Entretanto para facilitar o uso dessa ferramenta encontra-se disponível o

software chamado WinOWAS, com o qual pode-se avaliar posturas catalogadas,

previamente filmadas, em intervalos de 30 segundos, no mínimo, 100 o número de

observações. (KIVI; MATILA, 1991 apud GUIMARÃES; PORTICH, 2002)

4.4.2.1 Aplicação do WinOWAS

Segundo Ligeiro (2010) primeiramente é necessário à observação do local de

trabalho a ser avaliado para identificar as atividades da tarefa e classificá-las como

cíclicas ou não cíclicas. Outro elemento importante nesse software é a freqüência e

o tempo despendido em cada postura que pode ser verificado coma ajuda de um

cronômetro.

Em seguida devem-se registrar as posturas identificando-as pelo código, a

partir da seleção da atividade em intervalos constantes ou variáveis. Esta avaliação

pode ou não utilizar como auxílio imagens para registro da tarefa (LIGEIRO, 2010).

Após a definição da postura no software representando um código, por ele

estabelecido, o mesmo classifica-a em quatro categorias ou classes. A percentagem

de tempo de duração da postura na jornada de trabalho ou a combinação dos 4

primeiros dígitos do código, determinado pelo software, refere-se as variáveis de

posição dos elementos (dorso, braços, pernas e carga) que a postura recebeu

classificando sua categoria. (LIGEIRO, 2010).

A figura 3 apresenta um exemplo de análise de carga física de trabalho, com

a ferramenta computacional WinOWAS.

36

36

4.5 Materiais

4.5.1 Equipamentos

� Máquina fotográfica digital Kodak 10.2 mega pixels para filmagem das

principais movimentos realizados pelos operadores de checkouts;

� Microcomputador Positivo para aplicação do software OWAS e rodagem

da filmagem;

� Xérox dos questionários e canetas para preenchimento.

Figura 3: Imagem propiciada pelo WinOWAS® de um exemplo de análise

biomecânica da carga de trabalho, utilizando-se o método OWAS®.

37

37

4.6 Etapas da pesquisa

Numa primeira etapa, com duração de aproximadamente dois dias, os

sujeitos foram informados por meio do Termo de Consentimento Livre Esclarecido

(ANEXO B) sobre a participação voluntária, não remunerada e, sem dano moral e

profissional, à saúde ou qualquer aspecto físico e psicológico, do indivíduo

participante. Também foi esclarecido que o participante poderia desistir da pesquisa

a qualquer momento sem estar sujeito a indenizações de qualquer espécie. Em

seguida foi feita uma observação da atividade de checkouts. O trabalho de operador

de checkouts é realizado na posição ortostática e estática, associado os movimentos

de rotação, inclinação lateral e anterior de tronco. As principais posturas utilizadas

pelos operadores de checkouts foram selecionadas para análise pelo método

OWAS, sendo elas: prono-supinação do antebraço realizado durante a leitura óptica

do código de barras; rotação mais inclinação lateral do tronco realizado para pegar

as mercadorias e passar para esteira posterior; digitação; postura ortostática

utilizada durante toda jornada de trabalho e inclinação do tronco para frente para

registro de mercadorias.

Depois numa segunda etapa, com duração aproximada de 15 dias, foram aplicadas

nos 12 sujeitos, individualmente, as três etapas do questionário bipolar, a primeira no

início do turno, a segunda antes do almoço e a terceira no final do turno de trabalho,

resultando em 36 aplicações. Posteriormente, como o posto de trabalho é o mesmo

para todos os trabalhadores, foi selecionado aleatoriamente apenas um sujeito para

ser filmado e analisado pelo método OWAS. O método OWAS analisa a atividade

durante um ciclo de trabalho de no máximo 30 segundos, o que equivale a pegar a

mercadoria, passar pelo leitor ótico e colocar na esteira posterior. Durante o ciclo

observado o movimento de prono - supinação foi realizado durante 7 segundos;

rotação mais inclinação lateral do tronco 4 segundos; digitação 5 segundos; postura

ortostática 30 segundos e inclinação para frente do tronco 5 segundos.

38

38

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise da fadiga através do questionário bipolar

No questionário bipolar dos 12 sujeitos entrevistados, 50% apresentaram

fadiga intensa, 25% fadiga moderada e 25% ausência de fadiga, conforme indica a

figura 4.

Figura 4: Porcentagem de fadiga

É importante observar que as variabilidades individuais no comportamento

dos trabalhadores quando realizam atividades ocupacionais levam uns a sentirem

os efeitos da fadiga e outros não (PEREIRA, 2009).

Dos 12 sujeitos, 50% acharam o trabalho cansativo, repetitivo e monótono,

estando condizentes com os dados da pesquisa de Bastin et al (2009).

Quando estudadas as queixas dos sujeitos com ausência de fadiga e fadiga

moderada, estes não apresentaram dor, cansaço ou perda de produtividade em

nenhum período do dia. Enquanto, os sujeitos com fadiga intensa apresentaram

cansaço, cansaço visual, quadro álgico nas costas, região lombar, pernas, pés,

cabeça e braço esquerdo, sem, contudo apresentarem queda na produtividade ao

longo do dia, o que pode ser visualizado na figura 5.

39

39

Figura 5: Queixas dos sujeitos com fadiga intensa

O estudo de Teixeira (2009) comprova os dados encontrados no presente

estudo em que a prevalência de queixas de dor está relacionada ao pescoço

(100%), membro superior esquerdo (18%), dor na região superior das costas (80%),

na região lombar (33%) e cabeça (80%), como indicam também os estudos de Melo

Júnior e Rodrigues (2005).

Ainda segundo o estudo de Melo Júnior e Rodrigues (2005) 77,27% dos

operadores de checkouts declararam apresentar dor durante a jornada de trabalho e

apenas 22,73% declararam não senti-la. Neste estudo, 50% dos indivíduos que

participaram do levantamento de dados não apresentaram dor/desconforto.

Os estudos de Spinelli e Sales (2006) indicam a incidência de dor é maior na

região lombar (74%) ,pescoço (26%), costas e pernas, enquanto as demais regiões

apresentam incidências mais discretas. Pelo estudo de Batiz et al (2009) 81% dos

entrevistados apresentaram dor na região lombar, 54% dores nos ombros, 50% nas

costas, e 49% no pescoço. Entretanto, no estudo de Ballardin et al (2005) as

maiores queixas predominaram nos ombros (74,5%), na cintura escapular (58,3%),

braços (49,01%) e pernas (47,05%). Os dados resultantes deste estudo observados

na figura 5 apresentam valores tais que podem ser confirmados pelos valores acima

mencionados.

Observando as atividades notaram-se a discrepância entre as atividades

realizadas com o braço direito e esquerdo. Foi possível avaliar que a dor no braço

esquerdo(18% dos sujeitos relataram dor) justifica-se devido a sua maior exigência

40

40

comparado com o lado direito( nenhum sujeito relatou dor ), em função da

necessidade de pegar, levantar, girar e empurrar mercadorias para a esteira

posterior. Também a coluna lombar e costas são alvos de grandes queixas porque

refletem o cansaço de todo corpo e a sobrecarga das atividades realizadas durante

todo o dia. Neste estudo foi constatado que o trabalho era realizado na postura

ortostática fazendo com que os trabalhadores adotassem cada vez mais posturas

desequilibradas, isso favorece a adoção de posições desfavoráveis que podem levar

à desvios da coluna vertebral, além de provocar estase sanguínea nos membros

inferiores, contribuindo para o surgimento de dores nos joelhos, pernas, quadris.

No presente estudo 80% dos sujeitos relataram dor de cabeça, o que pode ser

explicado pelo estudo de Riesco et al(2006) em que os entrevistados indicaram no

questionário de estresse ocupacional altos índices de agentes estressores no

trabalho de checkouts e que as conseqüências desses estresses justificariam as

enxaquecas,insônia e fadiga muscular, bem como constatou Martins(2000).

Nesta pesquisa a queda na produtividade não é relatada por nenhum dos

funcionários inclusive aqueles com fadiga intensa. Resultados interessantes e que

despertam certa atenção, uma vez que contrariam os relatos dos seguintes autores

Iida(2005) , Ulbricht(2000) e Couto(1999 ) .

5.2 Resultados da avaliação da carga física de trabalho dos operadores de

checkouts pelo método OWAS

Na atividade analisada os funcionários ficam na posição ortostática e estática,

associada os movimentos de torção, inclinação lateral e anterior de tronco para

alcance e empacotamento de mercadorias. Não há lugar para descanso das pernas,

sendo que o supermercado em questão não oferecia pausas regulares durante a

jornada de trabalho, apenas horário destinado a almoço.

O movimento de flexão anterior do tronco era utilizado para abertura da

gaveta de dinheiro, atividades de digitação e ortografia e também limpeza do posto.

Observou-se rotação da coluna cervical durante visualização da saída do

comprovante de compra e, visualização da tela. Para leitura óptica do código de

barras o funcionário utiliza movimentos de prono-supinção de antebraço, flexo-

41

41

extensão e desvio radial-ulnar do punho, simultaneamente a postura estática de

ombros e MMSS em grande parte do tempo.

As figuras 6 e 7 mostram os resultados da analise biomecânica dos

operadores de checkouts, pelo método OWAS.

Figura 6: Gráfico geral de recomendações por ações, gerado pelo método OWAS.

42

42

Figura 7: Gráfico categoria de ações

Na aplicação do software WinOWAS, das posturas analisadas, 60% se

enquadram na categoria 1 (não necessitam de mudanças) e 40% na categoria 2

(levemente prejudicial). Sendo que os movimentos de prono-supinação, digitação e

inclinação do tronco para frente foram classificados como categoria 1 e os

movimentos de rotação mais inclinação lateral do tronco e postura ortostática foram

classificados como categoria 2, como mostra a figura 7.

A análise da postura da coluna revelou que 20% dos movimentos são feitos

com tronco dobrado, 60% tronco torcido e 20% tronco torcido e dobrado. Em relação

aos braços 60% são feitos com braços abaixo da linha dos ombros e 40% um braço

acima do ombro. Já os membros inferiores 100% estão apoiados sobre as duas

pernas. E como mostra a figura 6 à carga nunca ultrapassa 20 kg (100%), mas

associado com posturas alteradas da coluna pode causar constrangimentos

biomecânicos e justificariam as queixas de dor nas costas e coluna lombar.

Após a análise biomecânica dos principais movimentos realizados pelo

operador de checkouts, conclui-se que, os movimentos de rotação e inclinação

lateral do tronco e a postura ortostática devem ser verificados para mudanças no

método de trabalho num futuro próximo, a fim de prevenir a fadiga e

constrangimentos posturais.

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Os dados encontrados no questionário bipolar em que predominam as

queixas de fadiga intensa, não são justificados pelo método OWAS onde foi obtido

que as posturas adotadas não requerem intervenção imediata e a carga física de

trabalho é apenas levemente prejudicial. O que corrobora com estudo de Santos

(2004), Signori et al (2004) e Pinto et al (2006).

Contudo, se comparado aos resultados de outros estudos que sugerem

índices elevados de carga física nos operadores de checkouts, o método OWAS não

se mostrou adequado para verificar a carga de trabalho. O que pode ser explicado

pelo estudo de Falcão (2007), e também pelo estudo de Guimarães e Naveiro(2004).

Como a análise ergonômica do posto de trabalho não foi realizada neste

estudo, as queixas de dor/desconforto e os resultados de fadiga intensa podem estar

associados a essas inconformidades e as posturas inadequadas adotadas devido a

elas, conforme afirma o estudo de Peres(1999). Outro fator que pode justificar as

queixas de fadiga muscular, não relacionadas com a carga física avaliada pelo

método OWAS, pode ser a repetitividade dos movimentos realizados durante a

jornada de trabalho, dados que corroboram com os estudos de Rodacki et al(2006)

apud Teixeira et al(2009).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve o propósito de analisar a carga física de trabalho objetivando

a prevenção da fadiga, em operadores de checkouts. Pode-se observar que apesar

do questionário bipolar ter indicado fadiga de moderada a intensa em 75% dos

funcionários, os dados não corroboram com os resultados obtidos no método Owas

que classificou os principais movimentos realizados pelos operadores como

categoria 1 (sem necessidade de intervenção) e categoria 2 (levemente prejudicial).

Através dos resultados encontrados conclui-se que a fadiga está relacionada

a outros fatores, que não a carga física, como a repetitividade dos movimentos e a

inadequação ergonômica dos checkouts. E que o método OWAS não é muito

específico e, portanto não avalia em detalhes a carga de trabalho dos operadores de

checkouts, podendo não apresentar resultados condizentes com a sobrecarga

exigida neste tipo de trabalho.

Finalmente, sugere-se uma série de ações para auxiliar na prevenção da

fadiga neste posto de trabalho, como a implantação de esteira rolante antes e depois

do leitor óptico, utilização de cadeira giratória para alternar postura e facilitar a

visualização do monitor e diminuir rotação de tronco; e para reduzir a repetitividade

sugere-se rotatividade dos funcionários. Essas medidas ergonômicas também

contribuem para redução de erros e diminuição de prejuízos operacionais e técnicos,

otimizando o trabalho.

Recomenda-se para trabalhos futuros avaliar o posto de trabalho dos

operadores de checkouts utilizando outras ferramentas ergonômicas, e que se

correlacionem com os resultados de queixas relacionados pelos funcionários.

Também se julga necessário considerar nestes estudos a repetitividade dos

movimentos e duração do turno de serviço.

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REFÊRENCIAS

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ANEXO A

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ANEXO B

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Dados de identificação:

Título do Projeto: “ANÁLISE DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO PARA

PREVENÇÃO DA FADIGA - UM ESTUDO DE CASO-OPERADOR DE

CHECKOUTS.”

Pesquisador Responsável: ANGÉLICA LOPES GOMIDE

Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: UNESP - BAURU Telefones para contato: (18) 34011679

O Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa

“ANÁLISE DA CARGA FÍSICA DE TRABALHO PARA PREVENÇÃO DA FADIGA - UM ESTUDO DE CASO-OPERADOR DE CHECKOUTS”, de responsabilidade da pesquisadora ANGÉLICA LOPES GOMIDE e orientação de LUIZ GONZAGA CAMPOS PORTO,com objetivo de avaliar a carga de trabalho no setor de checkouts para a prevenção da fadiga. A pesquisa não lhe acarretará nenhum desconforto ou risco que possa comprometer sua saúde e/ou que lhe cause constrangimento, muito menos lhe prejudicará em seu ambiente de trabalho.

Caso persista alguma dúvida sobre a pesquisa estou à disposição nos telefones acima mencionados para lhe explicar sobre os procedimentos, riscos e outros assuntos relacionados com a pesquisa.

É importante ressaltar que sua participação é voluntária e que este consentimento poderá ser retirado a qualquer momento, sem nenhum prejuízo à sua pessoa. Além disso, sua privacidade será garantida e as informações aqui obtidas serão estritamente para a realização do estudo, portanto são confidencias.

Eu, ________________________________________, RG nº __________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.

Valparaíso, 25 de janeiro de 2010.

_____________________________ Assinatura do voluntário

_______________________________ Angélica Barbosa Lopes Gomide

Pesquisadora

_______________________________ Luiz Gonzaga Campos Porto

Orientador