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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL
CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO SOCIOESPACIAL DAS PRAÇAS DA
CIDADE DO RIO GRANDE COM O AUXÍLIO DE TÉCNICAS DE GEO-
PROCESSAMENTO
Karine Cabral
Orientador: Christiano Piccioni Toralles
Rio Grande/RS
Novembro/2015
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL
CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO
ii
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO SOCIOESPACIAL DAS PRAÇAS DA
CIDADE DO RIO GRANDE COM O AUXÍLIO DE TÉCNICAS DE GEO-
PROCESSAMENTO
Karine Cabral
Rio Grande/RS
Novembro/2015
Trabalho apresentado como pré-requisito pa-
ra a conclusão do Curso Técnico em Geopro-
cessamento do Instituto Federal de Educa-
ção, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Sul - Campus Rio Grande.
iii
KARINE CABRAL SILVA
Análise da distribuição socioespacial das praças da cidade do Rio Gran-de com auxílio de técnicas de geoprocessamento
Monografia defendida no Curso Técnico em Geoprocessamento do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Rio Grande e aprovada em 11 de dezembro de 2015, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores:
___________________________________________________ Prof. Me. CHRISTIANO PICCIONI TORALLES
(IFRS – Campus Rio Grande) Orientador
___________________________________________________ Prof. Dr. JEFFERSON RODRIGUES DOS SANTOS
(IFRS – Campus Rio Grande)
___________________________________________________ Prof.ª Esp. FABIANE BIEDRZYCKA DA SILVA GALARZ
(IFRS – Campus Rio Grande)
___________________________________________________ Prof. Me. OTÁVIO MARTINS PERES
(Universidade Federal de Pelotas)
Homologação:
___________________________________________________ Prof.ª Me. FRANCIANE DE LIMA COIMBRA
Coordenadora do Curso Técnico em Geoprocessamento
iv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. IX
RESUMO ............................................................................................................................... X
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11
1.1 Justificativa ............................................................................................................ 13
1.2 Área de estudo ...................................................................................................... 14
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 16
2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 16
2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 16
3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 17
3.1 REFERENCIAL TEMÁTICO .................................................................................. 17
3.1.1 Histórico de praças ....................................................................... 17
3.1.1.1 A praça no Brasil ............................................................................................................ 20
3.1.1.2 A cidade do Rio Grande .................................................................................................. 21
3.1.2 Importância das áreas verdes no ambiente urbano ..................... 23
3.2 REFERENCIAL METODOLÓGICO ....................................................................... 25
3.2.1 Orientações para o planejamento e distribuição de áreas verdes
no ambiente urbano ............................................................................... 25
3.2.2 Geoprocessamento ...................................................................... 28
3.2.2.1 Desenvolvimento do Geoprocessamento no Brasil ....................................................... 29
3.2.3 Sistemas de Informações Geográficas (SIG) ............................... 29
3.2.4 Diagrama de Voronoi.................................................................... 30
4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 32
4.1 Aquisição de informações ..................................................................................... 32
4.2 Recorte Espacial ................................................................................................... 32
4.3 Elaboração de banco de dados ............................................................................. 32
4.4 Mapeamento das áreas verdes e criação de um SIG ............................................ 33
4.5 Análise socioespaciais .......................................................................................... 33
4.6 Confecção de mapas temáticos ............................................................................ 34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 35
5.1 Aquisição de informações, construção do banco de dados e criação do SIG ........ 35
5.2 Indicadores absolutos............................................................................................ 39
v
5.2.1 Organização das Nações Unidas (ONU) ...................................... 39
5.2.2 Colegio Oficial de Arquitectos de Madrid (COAM) ....................... 40
5.3 Áreas de influência das áreas verdes .................................................................... 41
5.3.1 Kevin Lynch .................................................................................. 43
5.3.2 Área de influência dos parques .................................................... 45
5.3.3 Área de abrangência a partir de Diagramas de Voronoi............... 47
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 51
7. LIMITAÇÕES E CONTINUIDADES ................................................................................ 53
7.1 Limitações ............................................................................................................. 53
7.2 Continuidades ....................................................................................................... 53
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 54
9. APÊNDICES .................................................................................................................. 58
vi
LISTA DE QUADROS Quadro 1: Raio de influência das áreas verdes. .................................................................. 27
vii
LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1: Relação das Áreas Verdes com os habitantes ................................................. 39
Equação 2: Porcentagem de área verde no perímetro urbano ............................................ 40
Equação 3: Porcentagem de área abrangida pelas áreas verdes ....................................... 41
viii
LISTA DE APÊNDICES Apêndice 1: Fluxograma metodológico ............................................................................... 58
Apêndice 2: Banco de dados das Áreas Verdes do perímetro urbano do município do Rio
Grande, RS. ......................................................................................................................... 59
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Polis de Atenas, demarcando a ágora grega ao centro. ....................................... 12
Figura 2: Localização da área de estudos: área urbana da cidade do Rio Grande, RS. ...... 15
Figura 3: Desenho da Ágora de Atenas. ............................................................................. 17
Figura 4: Mapa da cidade de Palmanova, cidade projetada por Vincenzo Scamozz. .......... 18
Figura 5: Custo das áreas verdes no ambiente urbano ....................................................... 26
Figura 6: Diagrama de Voronoi planar de um conjunto de pontos ....................................... 31
Figura 7: Ferramenta para calcular diagramas de Voronoi.................................................. 34
Figura 8: Distribuição das áreas verdes no perímetro urbano do município do Rio Grande,
RS ....................................................................................................................................... 36
Figura 9: Distribuição dos centroides das áreas verdes no perímetro urbano do município do
Rio Grande, RS ................................................................................................................... 37
Figura 10: Distribuição dos centroides das áreas verdes no perímetro urbano do município
do Rio Grande, RS de acordo com o tipo ............................................................................. 38
Figura 11: Área de influência das áreas verdes no perímetro urbano do município do Rio
Grande, RS .......................................................................................................................... 42
Figura 12: Área de influência das Áreas Verdes com 1 ha ou mais de área e presença de
recreação infantil no perímetro urbano do município do Rio Grande, RS ............................. 44
Figura 13: Área de influência dos parques no perímetro urbano do município do Rio Grande,
RS ....................................................................................................................................... 46
Figura 14: Área de abrangência das áreas verdes definida por Diagramas de Voronoi
(classificação Natural Breaks). ............................................................................................. 48
Figura 15: Densidade demográfica dos setores censitários do perímetro urbano
(classificação Quantile) ........................................................................................................ 49
Figura 16: Renda média per capita dos setores censitários do perímetro urbano
(classificação Quantile) ........................................................................................................ 50
x
RESUMO
A sociedade utiliza, desde a Antiguidade, as praças públicas para a prática da democracia e convívio social. Nos dias atuais, as áreas verdes vêm sofrendo desvalorização como conse-quência da má preservação e os inúmeros tipos de poluição. Com o intuito de identificar as áreas verdes da zona urbana do município, o objetivo geral do presente trabalho é mapear, em um Sistema de Informações Geográficas (SIG) contendo as informações sobre as pra-ças e congêneres, e estudar as relações entre a área urbanizada e a distribuição delas. Com base em orientações sugeridas para o planejamento do ambiente urbano, foram feitas análises socioespaciais a partir de buffers e diagramas de Voronoi, para determinar a área de influência de cada área verde. No fim desta pesquisa, os resultados das análises socio-espaciais foram apresentados em mapas temáticos. Com as análises, foi possível perceber que há poucas áreas verdes no município levando em consideração seu tamanho e o núme-ro de habitantes. O trabalho tem grande relevância para a visualização da distribuição espa-cial das áreas verdes, podendo contribuir para que a comunidade e o Poder Público tomem ações que visem melhorar a qualidade dos espaços verdes no território da cidade.
Palavras chave: Sistema de Informações Geográficas (SIG), Geotecnologias, Áreas verdes, Planejamento urbano.
Como este trabalho deve ser referenciado: CABRAL SILVA, K. Análise da distribuição socioespacial das praças da cidade do Rio Grande com auxílio de técnicas de geoprocessamento. 2015. 64f. Monografia: (Curso Técnico em Geoprocessamento) – Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Rio Gran-de do Sul, Rio Grande, 2015.
11
1. INTRODUÇÃO
Até muito recentemente, a coleta de informações era feita apenas com docu-
mentos e mapas em papéis, dificultando a análise das mesmas. Com o desenvolvi-
mento tecnológico, o Geoprocessamento surge, possibilitando a coleta, armazena-
mento, processamento e análises de dados (CÂMARA et al, 2001). As representa-
ções do meio urbano evoluíram de acordo com esses avanços, trazendo consigo
muitas informações e análises importantes para a compreensão dos fenômenos re-
lativos à vida em sociedade.
O Geoprocessamento evoluiu quantitativa e qualitativamente, visto que inú-
meros conceitos e metodologias foram surgindo ao longo do tempo. Através do Ban-
co de Dados, por exemplo, pode-se armazenar incontáveis informações sobre o
mesmo objeto para, assim, fazer análises do espaço, como o tema do urbano, objeto
de estudos deste trabalho. Para o armazenamento e manipulação de dados é usado
um GIS – Geographical Information System (ou SIG – Sistemas de Informações Ge-
ográficas) –, que agrega muitos sentidos e conceitos no seu termo.
Com estas técnicas de Geoprocessamento – que incluem a Cartografia Digi-
tal, SIG, Banco de Dados, entre outros – neste trabalho são apresentadas análises
socioespaciais acerca da distribuição das áreas verdes (praças, largos e corredores
verdes) na cidade do Rio Grande, RS. O trabalho objetiva estudar as relações entre
a área urbanizada e a distribuição de praças e demais áreas verdes na cidade, con-
tribuindo para o planejamento urbano e a fim de trazer à sociedade um conhecimen-
to maior sobre as áreas de lazer e convívio social.
As praças são oriundas da ágora grega, grande praça pública que tinha como
principal objetivo reunir a sociedade a fim de praticar a democracia e o convívio en-
tre os cidadãos (eleições, mercados, assembleias etc.). As ágoras eram o centro da
polis (fig. 1) – cidades-estado – e, portanto, edifícios importantes foram construídos
em seu entorno.
12
Figura 1: Polis de Atenas, demarcando a ágora grega ao centro.
Fonte: PINHEIRO, 2012.
Nos dias atuais, as praças públicas trazem consigo benefícios importantes e
uma influência positiva no estado psicológico da população, que entra em contato
indireto com a natureza. Além disso, a vegetação no meio urbano tende a melhorar
o microclima da cidade, proporcionam sombras e atuam contra a poluição, além de
incrementar a biodiversidade.
Segundo Macedo e Robba (2003), as praças podem ser classificadas de
acordo com suas qualidades:
Valores ambientais: melhoria na ventilação urbana, visto que todo es-
paço livre e/ou público é importante para a circulação do ar; possibilita
dispersões de poluentes; controle de temperatura; melhoria do escoa-
mento de águas pluviais, já que uma superfície rugosa diminui a velo-
cidade do escoamento, evitando enchentes e deslizamentos;
Valores funcionais: lazer e práticas sociais;
Valores estéticos e simbólicos: são referências cênicas na paisagem
urbana, além de resgatar a imagem natural em meio ao caos da cida-
de.
13
Há, na cidade, uma desvalorização destes espaços livres públicos, podendo,
muitas vezes, serem alvos de poluição devido ao despejo de resíduos. A sociedade
está no seu momento moderno e, portanto, prefere recursos tecnológicos a aprovei-
tar seu tempo livre em convívio social. Em detrimento desse lazer em meio tecnoló-
gico, as praças foram cada vez mais esquecidas pela sociedade, porém fazem parte
do centro urbano e carregam consigo, além da história da cidade, grande parte do
verde ainda existente no ambiente urbano.
Um dos problemas fundamentais que acarretam a não procura por lazer em
meio à vegetação urbana é a má distribuição e o desconhecimento das praças. Por-
tanto, o presente trabalho traz uma forma de visualização dos espaços livres públi-
cos, possibilitando um melhor aproveitamento e planejamento de áreas verdes.
1.1 Justificativa
A proposta deste trabalho se dá pelo fato de que a população riograndina não
possui um conhecimento dos espaços livres públicos da cidade. Portanto, o tema foi
definido com o intuito de mapear as praças existentes no perímetro urbano da cida-
de do Rio Grande, RS, e verificar a sua distribuição no território, através de análises
socioespaciais.
A apresentação dos resultados será feita através de um Sistema de Informa-
ções Geográficas (SIG), que possibilita a visualização da distribuição das áreas ver-
des. Um dos resultados gerados por este trabalho será a análise de informações
espaciais destas praças em relação aos bairros da cidade, o que permite verificar se
elas estão bem distribuídas – de modo a contemplar a população riograndina em
todo o perímetro urbano – ou se há concentração ou rarefação de espaços verdes.
14
1.2 Área de estudo
O presente trabalho tem como objetivo principal, o mapeamento das áreas
verdes do município do Rio Grande (fig. 2), localizado no estado do Rio Grande do
Sul.
Rio Grande é uma cidade litorânea fundada em 1737, localizada entre o Oce-
ano Atlântico, Laguna dos Patos, Lagoa Mirim e Canal São Gonçalo. Atualmente,
segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (Cen-
so 2010) –, o município possui um total de 197.253 habitantes, sendo 189.472 deles
na área urbana. O perímetro urbano conta com 46 áreas verdes, que incluem as
praças, parques, largos e corredores verdes.
15
Figura 2: Localização da área de estudos: área urbana da cidade do Rio Grande,
RS.
Fonte: Própria deste trabalho
16
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
De modo a abordar o estudo de área verde e área urbanizada da cidade, o
objetivo geral desse trabalho é:
Analisar as relações entre a área urbanizada e a distribuição de praças
e demais áreas verdes na cidade do Rio Grande.
2.2 Objetivos Específicos
Para o objetivo principal tornar-se possível, podem ser destacados os objeti-
vos específicos, todos relacionados à metodologia do estudo:
Levantar dados de localização, idade, caráter, área de abrangência etc,
sobre as praças, parques e demais áreas verdes da cidade do Rio
Grande;
Montar um Sistema de Informações Geográficas – SIG sobre as pra-
ças, parques e similares da cidade do Rio Grande, contendo os dados
coletados no item anterior;
Analisar quantitativamente a distribuição de áreas verdes na cidade do
Rio Grande, relacionando a área ocupada por elas com a área efetiva-
mente urbanizada;
Analisar qualitativamente a distribuição de áreas verdes na cidade do
Rio Grande, verificando as suas áreas de abrangência e elaborando
correlações com a densidade e a renda per capita média do entorno;
Gerar mapas temáticos da distribuição espacial e dos resultados das
análises quantitativa e qualitativa das áreas verdes na cidade do Rio
Grande.
17
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 REFERENCIAL TEMÁTICO
3.1.1 Histórico de praças
A praça, um local de convívio em sociedade, um espaço público feito pela e
para a sociedade, é parte do meio urbano (FONT, 2003 apud DIZERÓ, 2006). Fo-
ram originadas pela ágora1 grega (fig. 3), a qual pode ser definida como uma grande
praça pública, que se tornou o centro urbano, pois muitos edifícios públicos começa-
ram a ser construídos em seu entorno. Este espaço aberto era destinado às funções
públicas (eleições, mercados, assembleias etc.), onde era praticada a democracia
grega. A partir de então, os espaços abertos passaram a ser destinados a discus-
sões entre os cidadãos (MACEDO e ROBBA, 2003). A sua finalidade era ser o ponto
de encontro de uma comunidade para discutir ideias e trocar mercadorias.
Figura 3: Desenho da Ágora de Atenas.
Fonte: PINHEIRO, 2012.
Na época do Império Romano, havia um local do Fórum em Roma onde ocor-
riam eventos religiosos, pista de corrida, reuniões sociais, dentre outros. O Fórum
Romano e as piazze italianas seguem o modelo de construção similar às ágoras
1 Ágora: palavra originada do verbo agorien, com significado de discutir, deliberar, tomar decisões. A
18
gregas: edifícios públicos e monumentais em seu entorno e inúmeras praças de-
sembocando em seu centro (PARADEDA, 2003).
De acordo com Luz (2011), na Idade Média pode-se considerar um espaço
urbano (ou uma cidade pequena) os burgos2 ou as cidades episcopais, local em que
os religiosos cumpriam suas funções. Mesmo pequenos, esses locais foram de ex-
trema importância para a organização do espaço urbano, visto que, a partir deles,
surgem o mercado e, consequentemente, a formação das grandes cidades e a evo-
lução do capitalismo.
Segundo Paradeda (2003), na Idade Média e na Renascença, houve uma
valorização e harmonização entre as praças e os edifícios públicos. As cidades re-
nascentistas estabeleciam uma forma geométrica na rede de ruas, todas desembo-
cando num ponto central – as praças e prédios públicos (fig. 4).
Figura 4: Mapa da cidade de Palmanova, cidade projetada por Vincenzo Scamozz.
Fonte: DONATO, 2014.
O capitalismo se forma a partir de uma aliança estabelecida entre realeza e
o mercado e das doutrinas mercantilistas (LUZ, 2001). Em decorrência da criação
2 Burgos: concentração de pequenos comerciantes (LUZ, 2011)
19
dos Estados Absolutistas, ocorreu um acúmulo de capital e uma possibilidade de
expansão mercantilista, que deu origem às cidades coloniais. Essas cidades tinham
como característica principal a organização e ordenação precisa, onde as ruas e
avenidas tomavam a geometrização como elemento principal da paisagem urbana.
A praça surge dentro do meio urbano como um elemento que compõe e ordena a
paisagem urbana.
As cidades coloniais espanholas na América eram planejadas baseadas na
Lei das Índias, de Felipe II, escrita no século XVI, que explicitam padrões urbanísti-
cos sobre cidades já existentes, elaboradas por observação inteligente de constru-
ções já feitas (FERREIRA, 1997). Essa Lei definia um padrão rígido de traçado ur-
bano, como, por exemplo, as larguras das ruas eram iguais e seu cruzamento se
dava em ângulo reto; iguais também as dimensões, formas das praças; e definição
de doze ruas com origem em uma praça principal. Além disto, a Lei das Índias divi-
dia o território ao redor da povoação em ejido3, dehesas4 e tierras de propios5.
De acordo com Rhoden (2004), as Leis das Índias estiveram em vigor em
quase toda a América até o início do século XIX. Suas normas foram observadas
parcialmente nos períodos colonial e republicano, após a independência de colônias
hispano-americanas, que, até então, dominavam o pensamento liberal. A Constitui-
ção de 1830 do Uruguai possibilitou a continuidade da vigência formal da Lei, por-
tanto, essa legislação continuou em vigor no país mesmo após o término da domi-
nação espanhola (LENZI, 1992 apud RHODEN 2004).
A partir do século XVIII, houve uma alteração no equilíbrio do público e do
privado (LUZ, 2011). Os espaços livres públicos – praças, parques, largos, entre ou-
tros – acabaram perdendo sua importância. Com o desenvolvimento da burguesia e
da vida cultural, os teatros e bares tornam-se locais de convívio social e acabam
sendo usados apenas pela burguesia.
Houve, então, uma migração do comércio – atividade característica dos es-
paços públicos – para espaços fechados. Com o crescimento das cidades, é possí-
vel observar um aumento de pontos de encontro entre seus habitantes. A partir da
3 Ejido: reserva de terras para futuras extensões do traçado urbano (RHODEN, 2004)
4 Dehesas: terras comunitárias voltadas para a produção, pastoreio e abate de gado (RHODEN,
2004) 5 Tierras de próprios: idem.
20
necessidade de trazer o lazer à sociedade, surgem os jardins públicos, que ocupam
o espaço das praças.
3.1.1.1 A praça no Brasil
Entre as épocas do descobrimento do Brasil e a implantação do Império no
século XIX, a paisagem natural era o que predominava no país, deixando poucos
espaços com paisagens construídas. A partir do século XVIII, junto com a transfe-
rência da capital do país para o Rio de Janeiro, surgiram os primeiros jardins (PA-
RADEDA, 2003).
Porém, as praças já ganhavam destaque na época colonial, quando a Igreja
Católica era o centro das atividades sociais. As cidades coloniais brasileiras surgi-
ram a partir de doações de áreas de sesmarias para um determinado santo e, como
consequência disto, foram construídas capelas e paróquias para seu louvor (MARX,
1980 apud MACEDO e ROBBA, 2003). Portanto, os primeiros espaços livres públi-
cos formados nas cidades coloniais foram os adros das igrejas – espaços deixados
em frente às capelas.
A criação das cidades coloniais é bastante confundida com o surgimento das
praças, visto que as mesmas tiveram seu início no entorno de igrejas, prédios impor-
tantes e comércio. Macedo e Robba (2003) afirmam que, quanto mais as cidades
crescem, mais a sociedade toma os adros como elo entre a vida sacra e a mundana
por consequência da construção dos prédios e melhoramento do comércio local.
As piazze6 italianas – ou plazas – são chamadas de largos no Brasil, onde
era possível praticar atividades sociais, além do comércio. Nesses espaços livres era
possível observar a livre circulação de escravos e carretas. A caracterização destes
largos se dava a partir dos acontecimentos em seu entorno. A existência de uma
Igreja em seu entorno dava liberdade à construção de casas de famílias importantes,
prática de atividades comerciais e surgimento de edifícios importantes, como, por
exemplo, a Prefeitura Municipal. De acordo com Dizerò (2006, p. 11), “as praças, ao
longo da história urbana brasileira, desempenham diferentes papéis na sociedade,
no cotidiano, sendo local para prática de mercados e trocas”.
6 Piazze: espaços secos destinados ao comércio e convívio social (MACEDO E ROBBA, 2003).
21
Uma praça é, em geral, segundo Macedo e Robba (2003), um espaço públi-
co urbano livre de edificações que possibilita a livre transição e o convívio social en-
tre os cidadãos. Porém, as tipologias de praças são motivos de confusão entre inú-
meros leitores. As praças secas são denominadas largos, e, desde os seus primór-
dios, são espaços livres e públicos, com pouca presença de vegetação. Sendo as-
sim, elas possibilitam um pequeno comércio nas cidades, como, por exemplo, os
mercados – visto na Idade Média – e, portanto, tornam-se um local para convívio
social direto. Já as praças ajardinadas são, em geral, aquelas que possuem algum
tipo de vegetação e são destinadas ao lazer e convívio entre os cidadãos e com a
natureza.
O termo praça, no Brasil, é associado a espaços ajardinados, porém, no pre-
sente trabalho, é considerado praça todo o tipo de espaço público urbano destinado
ao lazer e convívio da população. Portanto, os espaços secos denominados largos,
também são considerados praças, visto que é um espaço livre e público onde a po-
pulação procura lazer e convívio social.
3.1.1.2 A cidade do Rio Grande
Para conhecer a origem das praças na cidade do Rio Grande, é importante
conhecer brevemente sua história. O município do Rio Grande tem seu surgimento
em fevereiro de 1737, com a chegada de Brigadeiro José da Silva Paes, que teve
como objetivo a prática de atividades bélicas (BITTENCOURT, 2007). Os principais
fatores para a vinda de portugueses eram a proximidade do espaço com a Colônia
do Sacramento, de domínio lusitano; a possibilidade de acesso ao território sulino
através da Laguna dos Patos; e a construção do único porto marítimo do sul do Bra-
sil (BITTENCOURT, 2007).
A formação da cidade se dá pela construção do Forte Jesus-Maria-José (um
presídio). Nos dias atuais, os fortes construídos ao longo do perímetro da cidade não
podem mais ser vistos, porém, com escavações realizadas, foi possível encontrar
resquícios de fossos de abastecimento de água (LUZ, 2011).
Com a quebra do Tratado de Madri, no século XVIII, Rio Grande – denomina-
do vila naquela época – tornou-se de domínio espanhol, que fez com que a cidade
perdesse uma condição administrativa. Porém, em 1776, foi reconquistado pelos
22
portugueses e, no século XIX, foi elevada à cidade e, por sofrer vantagens origina-
das da atividade pecuária, foi transformada em um centro comercial (LUZ, 2011).
Sendo assim, segundo Luz (2011), a cidade começa a ganhar forma urbana,
livrando-se do acúmulo de areia e áreas com forte possibilidade de alagamento.
Com isso, as ruas do centro da cidade foram calçadas e, logo após, as mais afasta-
das do mesmo.
A cidade do Rio Grande possui características portuárias e é uma das mais
antigas do país. Com o mercado crescendo, foram atraídos imigrantes de inúmeros
lugares e, por consequência disso, foram construídos casarões onde, hoje, se en-
contra o centro histórico da cidade. Sendo um município colonizado por portugue-
ses, suas construções são dotadas de significados e heranças de origem portugue-
sas, ou de outras influências europeias – incluindo as praças (LUZ, 2011).
Torres (2008) listou fatos importantes que aconteceram ao logo da história da
cidade. Um dos acontecimentos mais importantes no desenvolvimento urbano da
cidade foi a construção da Praça Xavier Ferreira, de estilo francês, na década de
1820, quando um botânico francês chamado Saint-Hilaire descreveu um espaço pa-
ra a construção de uma futura praça, na Rua da Praia – atual Rua Marechal Floriano
Peixoto.
Na primeira metade do século XIX, a Praça Dr. Pio era palco de apresenta-
ções de circo, instalações de parques de diversões e festas religiosas. Com a cons-
trução de prédios como os Correios e Telégrafos, a praça tornou-se largo e as escul-
turas presentes foram transferidas para a Praça Xavier Ferreira (TORRES, 2008).
Torres (2008) cita, ainda, a Praça Tamandaré como evento de extrema impor-
tância na história da cidade. Antigamente era chamada de Praça dos Quartéis e
possuía poços para captação de água. Por ser constituída por alagadiços, a praça
foi palco de inúmeras mortes por afogamento. Em homenagem ao Almirante Ta-
mandaré, recebeu o nome em 1865 a assumiu um título concreto de “praça” a partir
da década de 1890. Nos dias atuais, há um monumento-túmulo em homenagem à
Bento Gonçalves da Silva, onde estão seus restos mortais.
Na década de 1850, a Praça Barão de São José do Norte teve sua constru-
ção ao lado do hospital da cidade. Até 1855 foi palco principal de muitos enforca-
mentos de escravos acusados de homicídio (TORRES, 2008).
23
Em 1873, foi instalada a estátua de Vênus de Banho onde seria o ponto prin-
cipal da captação de água: Praça São Pedro. Nesta praça foi inaugurado um busto
em homenagem à Júlio de Castilhos e, portanto, a praça foi renomeada e a estátua
de Vênus foi transferida para a Praça Tamandaré (TORRES, 2008).
A partir do século XX, de acordo com Luz (2011), iniciou uma formação da
classe operária por consequência dos investimentos fabris instalados na cidade.
Com a criação do Superporto, no final do século XX, e o atual Polo Naval, Rio Gran-
de provou uma expansão do ambiente urbano com o surgimento de novos loteamen-
tos e, por consequência, a criação de novas áreas verdes.
3.1.2 Importância das áreas verdes no ambiente urbano
Nas cidades onde ocorreu devastação da vegetação original, cedendo lugar a
área urbana – ruas asfaltadas, avenidas, edifícios, entre outros –, houve alterações
no seu microclima (OLIVEIRA e MASCARÓ, 2007). As áreas urbanas menos privile-
giadas por projetos de elaboração e manutenção de qualquer tipo de área verde –
praças, parques, jardins públicos, corredores verdes etc. – sofrem uma mudança
perceptível, visto que a temperatura das cidades aumenta, além de não serem agra-
ciados por sombras oriundas da arborização urbana.
As áreas verdes são projetos de arborização urbana que estabilizam o micro-
clima e contribuem para a preservação do ambiente verde no meio urbano. Além
disto, segundo Macedo e Robba (2003), elas proporcionam valores ambientais, fun-
cionais e estéticos. Elas também se tornam atraentes para a mobilidade da fauna,
visto que oferecem abrigo e, muitas vezes, alimento. Sendo assim, tornam-se luga-
res mais preservados a fim de atender a todos – animais e cidadãos. Além disto, as
praças podem tornar-se um espaço para prática de esportes e convívio social.
A contribuição estética das praças não pode ser deixada de lado quando se
trata de importância, pois, quando são preservadas e sofrem manutenção regular-
mente, tornam-se objeto de atração turística e embelezamento das cidades. De ma-
neira educacional, as praças contribuem na formação intelectual dos cidadãos, visto
que podem ser estudadas relacionando-as com a biologia, paisagismo, arte, arquite-
tura, dentre outros.
De acordo com Dizeró (2006, p. 07):
24
“O espaço público urbano praça, portador de símbolos, mítico, que congre-ga o imaginário e o real, marco arquitetônico e local de ação, palco de trans-formações históricas e socioculturais, é fundamental para a cidade e seus cidadãos.”
Cidades que possuem um bom sistema de manutenção e preservação das
áreas verdes tornam-se mais agradáveis visualmente e, por conta disto, atraem visi-
tantes de outros locais. O conhecimento da importância das áreas verdes para a so-
ciedade é essencial, pois, assim, a preservação e a valorização das mesmas tor-
nam-se eficazes, visando à qualidade de vida da população e a conservação do
meio ambiente.
A seguir, são listadas algumas das funções positivas das áreas verdes (GO-
MÊS e SOARES, 2003):
Composição atmosférica: ação purificadora por fixação de materiais re-
siduais, depuração de microorganismos, reciclagem de gases através
de mecanismos fotossintéticos e fixação de gases tóxicos;
Equilíbrio solo-clima-vegetação: a vegetação suaviza as temperaturas
quentes filtrando a radiação, contribui na conservação da umidade do
solo, reduz a velocidade do vento, mantém as propriedades do solo
(permeabilidade e fertilidade), abriga fauna existente na região e influ-
encia o balanço hídrico;
Níveis de ruído: amortece os ruídos de fundo sonoro contínuo e des-
contínuo, ocorrentes nas cidades grandes;
Estético: quebra da monotonia da paisagem causada pelas grandes
edificações, valorização do espaço urbano, constitui um elemento de
interação entre as atividades humanas e o meio ambiente.
25
3.2 REFERENCIAL METODOLÓGICO
3.2.1 Orientações para o planejamento e distribuição de áreas verdes no am-
biente urbano
No planejamento, há inúmeras leis e orientações para a construção do espa-
ço. Desde o início da urbanização, houve uma necessidade de definição das limita-
ções do uso privado para organizar as cidades.
No Brasil, houve grande influência do Direito Romano e as primeiras legisla-
ções para organizar o espaço de uso público foram estabelecidas nas Cartas Ré-
gias, no período colonial. Gouvêa (2008) cita as orientações urbanísticas para a for-
mação e organização do espaço das cidades brasileiras coloniais:
Orientação dos assentamentos urbanos, com a absorção de assenta-
mentos já existentes;
Determinação de áreas para implantação de órgãos controladores
(igrejas, câmara, cadeia, quartéis);
Definição do alinhamento de casas para obter a mesma largura de ruas
a fim de facilitar a circulação.
A partir do século XIX, houve um aumento no fluxo de pessoas e veículos nas
cidades e, por conta disto, as ruas já não suportavam esse crescente aumento e a
falta de saneamento básico provocou inúmeras doenças (GOUVÊA, 2008). Foi ne-
cessária uma reorganização do espaço urbano visando solucionar os problemas que
afetavam a comunidade nesse período. Portanto, pode ser percebida uma importân-
cia das limitações urbanísticas no sentido de manter a proteção à comunidade e or-
ganizar as cidades a fim de facilitar a circulação de pessoas e veículos, bem como a
preservação e estética do espaço (GOUVÊA, 2008).
As cidades, hoje, possuem um Plano Diretor que é um instrumento que prevê
áreas de expansão e preservação do meio urbano e define normas e regras para a
construção de casas, edifícios, áreas verdes etc. Todavia, muitos municípios não
possuem regramentos para distribuição de áreas verdes em seus planos diretores.
Mascaró (2005) cita orientações para a quantidade de áreas verdes que se
deve manter no espaço urbano:
26
O Colegio Oficial de Arquitectos de Madrid (COAM) recomenda 10% da
área total da cidade;
A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda uma área de 10
metros quadrados por habitante;
Kevin Lynch recomenda 1 hectare de praça ou parque que possui re-
creação infantil para cada 2 mil habitantes num raio de 1 quilômetro.
Além disso, Mascaró (2005) afirma que uma cidade que possui um parque
central é mais econômica que outra com uma mesma área verde, porém dividida em
pequenos espaços espalhados por todo o perímetro da cidade (fig. 6).
Figura 5: Custo das áreas verdes no ambiente urbano
Fonte: MASCARÓ, 2005.
Corônio e Muret (1976 apud COSTA, 2012) propõem um raio de influência
das áreas verdes, levando em consideração duas questões: o raio ao redor da área
no qual há um despertar de interesse na visita e o quanto a pessoa deve percorrer
para encontrar uma área verde. O quadro 1 mostra uma classificação das áreas ver-
des, segundo esses autores.
27
Quadro 1: Raio de influência das áreas verdes.
Localização Instalações Raio de influência
Condomínios (200 a 500
unidades habitacionais)
- Áreas de jogos e brincadei-
ras;
- Áreas de descanso para ido-
sos;
-Gramados decorativos;
30 a 100 metros
Vizinhança (1.000 a
1.200 unidades habitaci-
onais)
- Parques infantis;
- Áreas para jogos livres;
- Jardins e praças públicas;
- Pistas de caminhada;
250 a 300 metros
Bairro (4.000 a 5.000
unidades habitacionais)
- Jardins públicos;
- Área para jogos e passeios;
- Áreas esportivas;
- Pistas de caminhada;
- Parques de bairro;
500 a 800 metros
Cidade (a cada 50 mil
habitantes)
- Parques verdes (natureza
domesticada);
- Parques de atrações;
- Equipamentos esportivos
polivalentes;
- Jardins botânicos;
- Zoológicos;
- Parques urbanos;
800 a 2 mil metros
Área metropolitana
- Parques metropolitanos (na-
tureza intocada);
- Hipódromos;
- Áreas de lazer ao ar livre;
- Florestas abertas ao passeio;
- Áreas de camping.
Acima de 2 mil metros
Fonte: CORONIO E MURET, 1976 apud COSTA, 2012.
28
Os valores apresentados no quadro 1 são muito importantes para a organiza-
ção do espaço, visto que elas foram aplicadas nas análises socioespaciais. A distri-
buição das áreas verdes da cidade do Rio Grande, apresentada no Capítulo 5, foi
avaliada levando em consideração as orientações comentadas neste capítulo.
3.2.2 Geoprocessamento
Há pouco tempo atrás, a obtenção de informações sobre a distribuição geográ-
fica de objetos e fenômenos era feita através de mapas em papel e documentos,
que dificultavam a análise de inúmeros dados. Com as inovações tecnológicas sur-
gindo a partir da década de 1960, foi possível armazenar e analisar as informações
adquiridas (CÂMARA e DAVIS, 2001).
Os primeiros Sistemas de Informações Geográficas (SIG) surgiram na década
de 1960, como parte fundamental de um programa do governo canadense com o
intuito de criar um banco de dados dos recursos naturais (CÂMARA e DAVIS, 2001).
Eram muito difíceis de usar, pois, além de não existir monitores gráficos de boa reso-
lução, a mão de obra e os computadores necessários eram extremamente caros.
Já na década de 1970, foram desenvolvidos hardwares mais acessíveis. Nes-
ta mesma década surgiram os primeiros sistemas CAD – Computer Aided Design –
possibilitando uma melhora na produção de plantas e desenhos, além de terem ser-
vido de base para o desenvolvimento da cartografia digital (CÂMARA et al, 2001).
A tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica inicia um crescimento
que dura desde a década de 1980 até os dias atuais. Os SIGs foram beneficiados
pelo grande avanço da tecnologia de informação e pela construção de centros de
estudos. O NCGIA – National Centre for Geographical Information and Analysis – foi
o ponto inicial para o início do Geoprocessamento como disciplina científica (CÂ-
MARA e DAVIS, 2001).
Portanto, de acordo com Câmara et al (2001), o Geoprocessamento permite a
realização de análises complexas ao juntar informações de diferentes fontes em um
banco de dados georreferenciados.
29
3.2.2.1 Desenvolvimento do Geoprocessamento no Brasil
De acordo com Câmara e Davis (2001), o primeiro SIG implantado no país foi
o Canadian Geographical Information System, criado pelo Dr. Roger Tomlinson, que
incentivou a formação de inúmeros grupos interessados no desenvolvimento da
mais nova tecnologia de informação.
Entre os exemplos de grupos, estão o da UFRJ – Universidade Federal do
Rio de Janeiro –, que desenvolveu um Sistema de Análise Geo-Ambiental (SAGA); o
CPqD/TELEBRÁS, que desenvolveu um Sistema Automatizado de Gerência da Re-
de Externa (SAGRE), uma aplicação do Geoprocessamento na rede telefônica; e o
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais –, responsável pelo desenvolvi-
mento da tecnologia do Sensoriamento Remoto (Divisão de Processamento de Ima-
gens – DPI) no Brasil.
A partir da década de 1990, a DPI desenvolveu um Sistema de Tratamento de
Imagens (SITIM), que foi base de um conjunto de projetos ambientais, e o Sistema
de Informações Geográficas (SIG) para PC/DOS e, posteriormente, o desenvolvi-
mento de um Sistema para Processamento de Informações Geográficas (SPRING)
para MS/WINDOWS e UNIX (CÂMARA e DAVIS, 2001).
3.2.3 Sistemas de Informações Geográficas (SIG)
Um sistema de informações contém um conjunto de dados e ferramentas para
trabalhar com os mesmos. As informações extraídas de cada objeto podem ser
apresentadas na forma analógica – mapas, documentos em papel etc. – ou em for-
mato digital – arquivos em computador. O conjunto dessas informações de dados é
definido como um banco de dados – base de um Sistema de Informações Geográfi-
cas (SIG).
Ao longo dos anos, surgiram inúmeras definições de um SIG, como citado
abaixo (apud CÂMARA e QUEIROZ, 2004):
BURROUGH (1986): conjunto de ferramentas para coleta, armazena-
mento, recuperação e exibição de dados reais para determinados pro-
pósitos;
30
AZEMOY, SMITH E SICHERMAN (1987): um banco de dados espaci-
ais, que opera um conjunto de procedimentos para responder a consul-
tas sobre entidades espaciais.
COWEN (1988): sistema de apoio à decisão que envolve a integração
de dados espacialmente referenciados em um ambiente de resolução
de problemas;
ARONOFF (1989): qualquer conjunto de procedimentos (manuais ou
baseados em computador) destinados a armazenar e manipular dados
georreferenciados;
De acordo com Pereira e Silva (2001), os sistemas de informações são even-
tos do “mundo real”, enquanto os Sistemas de Informações Geográficas são consi-
derados modelos de sistemas do “mundo real”. Um SIG, portanto, é um modelo de
representação do mundo real, ou seja, um SIG urbano pode ser a representação de
uma cidade.
3.2.4 Diagrama de Voronoi
Um diagrama de Voronoi é uma decomposição de um espaço, definido pela
distância de um determinado conjunto de locais (DINIS, 2013) (fig. 6). É calculada a
distância de um local a outro e, assim, traçada uma linha na metade. Esse procedi-
mento é realizado para todo o conjunto de ponto. Foi desenvolvido por G. F. Voronoi
que, em sua tese de doutorado publicada em 1896, desenvolveu um método onde é
determinada a área de influência de um centro em específico em função de outros
centros.
31
Figura 6: Diagrama de Voronoi planar de um conjunto de pontos
Fonte: DINIS, 2013.
Em um SIG, o diagrama pode resolver problemas relacionados à distância,
consultando um banco de dados envolvendo uma mesma informação. No caso do
presente trabalho, por exemplo, o diagrama de Voronoi pode ser aplicado na deter-
minação das áreas de abrangência das praças, podendo informar à população qual
praça se encontra mais perto.
32
4. MATERIAIS E MÉTODOS
As técnicas de Geoprocessamento foram utilizadas no presente trabalho para
desenvolver um estudo socioespacial, relacionando a distribuição das áreas verdes
na área urbana do município do Rio Grande. A seguir, serão apresentadas as etapas
que foram necessárias para a realização do mapeamento desses espaços verdes e
as análises qualitativas e quantitativas (apêndice 1).
4.1 Aquisição de informações
Primeiramente, foi efetuado um contato com a Secretaria Municipal de Coor-
denação e Planejamento (SMCP) a fim de adquirir a lista de praças da cidade, a
qual foi avaliada e atualizada para dar prosseguimento ao estudo. Além disso, foi
necessária a obtenção de informações dos setores censitários e renda per capita
através do site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, com o obje-
tivo de fazer relações entre as áreas verdes e fatores sociais.
4.2 Recorte Espacial
Para o presente trabalho, foi determinado como área de estudo o distrito sede
do município do Rio Grande, que foi visto com mais detalhes no item 1.2. Ao definir
este recorte, foi levado em consideração o perímetro urbano definido pelo Plano Di-
retor do município, através da lei nº 6.585, de 20 de agosto de 2008.
Através do software AutoCAD e um mapa da linha de costa do município do
Rio Grande, foi possível fazer o recorte espacial da área urbana delimitada por lei.
4.3 Elaboração de banco de dados
Com a lista de praças disponibilizada pela Prefeitura Municipal do Rio Gran-
de, e saídas de campo para verificação das áreas verdes e coleta de outros dados,
foi possível a criação de um banco de dados contendo informações como a denomi-
nação (tipo), o nome, a localização, ano de criação, estado de conservação, presen-
33
ça de arborização e se há prática de esportes – quadra de esportes, pista de atle-
tismo, academia ao ar livre etc.
4.4 Mapeamento das áreas verdes e criação de um SIG
Com o banco de dados já elaborado seguindo orientações da Secretaria Mu-
nicipal de Coordenação e Planejamento, foi feito um mapeamento das áreas verdes
com softwares apropriados, como o ArcGIS (versão 10), cedido pelo curso de Geo-
processamento. Além disso, foi utilizado o software Google Earth para conferir as
coordenadas e a localização das áreas verdes, a fim de mapeá-las corretamente.
Com a localização das áreas verdes, foi possível vetorizá-las através do
ArcGIS para que seja possível o cálculo da área e a porcentagem das mesmas em
relação a área total do perímetro urbano. Com as áreas verdes mapeadas em polí-
gonos, foram calculados os seus centróides7, para definir a área de abrangência
através de Diagramas de Voronoi.
A elaboração do SIG foi bem simples, levando em consideração aspectos im-
portantes das áreas verdes, vistos na elaboração do banco de dados. Além disso, o
banco de dados foi atualizado com informações da área de cada área verde.
4.5 Análise socioespaciais
No SIG elaborado, foi apresentado o mapeamento das áreas verdes, bem
como a elaboração das análises socioespaciais, visando verificar a situação da dis-
tribuição espacial, a partir das orientações para planejamento urbano vistas no item
3.1.3, e suas relações com as características da população de entorno. Para isso,
com auxílio de técnicas de criação de buffers, diagramas de Voronoi (visto no item
3.2.3), foram feitas as seguintes operações:
Relação da área total das praças com a área efetivamente urbanizada, com-
parando com o índice indicado pelo Colegio Oficial de Arquitectos de Madrid;
7 Centro de massa de um polígono
34
Relação da área total das praças com a população total do perímetro urbano
(verificada a partir dos setores censitários do IBGE), comparando com o índi-
ce indicado pela ONU;
Relação da área das praças com quantidade de habitantes no entorno ime-
diato, usando buffers, comparando com o índice indicado por Kevin Lynch;
Verificação de concentração ou dispersão de praças no território (ou seja, a
área de abrangência), a partir do uso de diagramas de Voronoi, calculados no
software ArcGIS, a partir de uma ferramenta básica de geoestatística (fig. 7);
Figura 7: Ferramenta para calcular diagramas de Voronoi.
Fonte: software ArcGIS 10.
4.6 Confecção de mapas temáticos
Foram confeccionados mapas temáticos a partir de conhecimentos de Carto-
grafia, com base nas análises quantitativas e qualitativas, bem como a distribuição
das áreas verdes no perímetro urbano.
35
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da organização e análise dos dados obtidos de cada área verde da
cidade, foi elaborado um Sistema de Informações Geográficas – SIG através do sof-
tware ArcGIS (versão 10). Com a sobreposição de informações apresentada no SIG,
foi possível visualizar espacialmente as áreas verdes, permitindo análises quantitati-
vas e qualitativas, obtendo resultados apresentados nos itens a seguir:
5.1 Aquisição de informações, construção do banco de dados e criação do
SIG
As informações sobre as áreas verdes foram adquiridas através de contatos
com a Secretaria Municipal de Coordenação e Planejamento (SMCP), do software
Google Earth e de saídas a campo para verificar o estado de conservação. Com a
lista em mãos, foi elaborado um banco de dados parcial, com poucas informações, a
fim de mapear as áreas verdes, para, assim, vetorizá-las através do ArcGIS. Ao fa-
zer a vetorização (fig.8), foi possível calcular a área de cada uma para, posterior-
mente, fazer as devidas análises espaciais.
O apêndice 2 apresenta o banco de dados estruturado das áreas verdes, com
atributos como denominação (tipo), nome, localização, presença de atividade espor-
tiva, presença de playgrounds, área total, presença de arborização, ano de criação e
bairro. As áreas verdes foram mapeadas (fig. 9) levando em consideração os seus
perímetros e também seus centroides, calculados após a vetorização das mesmas a
partir de uma ferramenta do ArcGIS para conversão de polígonos para pontos.
Com os centroides, foi possível a confecção do mapa da distribuição dos cen-
tróides no perímetro urbano, de acordo com o seu tipo – praça, largo, parque ou cor-
redor verde – (fig. 10). A produção deste produto cartográfico foi importante para
melhor visualizar a distribuição das mesmas no perímetro urbano.
Foi verificado que os largos (praças secas) estão quase todos aglomeradas
no centro da cidade, tendo apenas um largo no bairro Cassino. Há uma grande ca-
rência de parques na cidade, tendo apenas dois – um no bairro Parque Marinha e
outro no bairro Parque.
36
Figura 8: Distribuição das áreas verdes no perímetro urbano do município do Rio Grande, RS
Fonte: Própria deste trabalho.
37
Figura 9: Distribuição dos centroides das áreas verdes no perímetro urbano do município do Rio Grande, RS
Fonte: Própria deste trabalho.
38
Figura 10: Distribuição dos centroides das áreas verdes no perímetro urbano do município do Rio Grande, RS de acordo com o tipo
Fonte: Própria deste trabalho.
39
As análises espaciais estão organizadas partindo do uso de indicadores abso-
lutos de áreas verdes relacionados com a área efetivamente urbanizada (AEU)8 e a
população total, conforme as orientações da ONU e do COAM. Após, são apresen-
tadas análises a partir das áreas de abrangências (ou de influência) com uso de buf-
fers, atuando como uma relativização dos indicadores absolutos. Por fim, avançando
nas possibilidades relativização em análises espaciais urbanas com áreas de abran-
gências, são gerados diagramas de Voronoi, os quais informam efetivamente qual é
a área urbana em que um determinado atributo atua como posição de maior proxi-
midade.
5.2 Indicadores absolutos
5.2.1 Organização das Nações Unidas (ONU)
De acordo com Mascaró (2005), a ONU recomenda que, em uma cidade, haja
pelo menos 10 m² de área verde por habitante. A partir da equação 1, foi possível
determinar se a cidade está de acordo com as recomendações do ONU.
Equação 1: Relação das Áreas Verdes com os habitantes
∑
∑
Onde,
∑AV: somatório das áreas das praças, parques, largos e corredores verdes
∑PU: somatório da população urbana total dos setores censitários correspon-
dentes ao perímetro urbano do município
Atualmente, segundo informações do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE –, o município possui um total de 189.472 habitantes
no perímetro urbano. Ao vetorizar as áreas verdes do perímetro urbano, foi encon-
8 Área realmente urbanizada dentro do perímetro urbano do município
40
trada uma área total de 58 ha de área verde. Ao aplicar a equação 1, foi encontrado
um resultado de 3,06 m² de área verde por habitante. Um índice muito baixo, levan-
do em consideração o tamanho da cidade e o seu número de habitantes.
5.2.2 Colegio Oficial de Arquitectos de Madrid (COAM)
O Colegio Oficial de Arquitectos de Madrid (COAM) recomenda que, em uma
cidade, 10% da área total seja área verde. A partir da equação 2, foi obtido um resul-
tado de 0,5% de área verde na área total efetivamente urbanizada. O índice obtido é
muito baixo, onde se pôde concluir a carência de áreas verdes na cidade.
Equação 2: Porcentagem de área verde no perímetro urbano
∑
∑
Onde,
∑AV: somatório das áreas das praças, parques, largos e corredores verdes
∑AEU: somatório das áreas que compõem a AEU
41
5.3 Áreas de influência das áreas verdes
Para definir a área de influência (buffers), de modo heurístico, mas consideran-
do as recomendações de Coronio e Muret (1976 apud COSTA, 2012) (quadro 1),
foram determinados raios de proximidade de 300 a 1200 metros. Onde até 300 me-
tros é considerada alta proximidade, de 300 a 600 metros é considerado média pro-
ximidade, de 600 a 1200 é considerada baixa proximidade e acima de 1200 metros
não é considerada como área de influência. A figura 11 mostra que nem toda a área
efetivamente urbanizada (AEU) é atendida por áreas verdes. Para encontrar a por-
centagem de área realmente abrangida, foi necessário um cálculo matemático:
Equação 3: Porcentagem de área abrangida pelas áreas verdes
∑
∑
Onde,
∑AB: somatório das áreas dos buffers que interseccionam a AEU;
∑AEU: somatório das áreas que compõem a AEU
Com uma AEU de 5.451 ha e uma área de buffers (baixa proximidade – 1200
metros) de 362,9 ha, a partir desta equação, foi descoberto que 28,5% da AEU é
abrangida por áreas verdes. Por serem mais afastados do centro da cidade ou do
balneário Cassino, bairros como a Barra, o Senandes e o Bolaxa são pouco ou nem
são atendidos pelas áreas verdes.
42
Figura 11: Área de influência das áreas verdes no perímetro urbano do município do Rio Grande, RS
Fonte: Própria deste trabalho
43
5.3.1 Kevin Lynch
Segundo Mascaró (2005), o autor Kevin Lynch recomenda que, em uma cida-
de, haja pelo menos 1 hectare de área verde com recreação infantil para cada 2 mil
habitantes num raio de 1 quilômetro. Infelizmente isto não acontece na cidade. De
um total de 46 áreas verdes, 23 possuem 1 hectare ou mais de área, não atendendo
toda a população riograndina (fig.12). A área total abrangida por essas áreas verdes
é de 314,4 ha.
Utilizando novamente a equação 3, com o valor do buffer modificado para 1
quilômetro, apenas para aquelas praças com área igual ou acima de 1 hectare e
presença de recreação infantil, foi obtido um resultado de 24,69% de área abrangida
da área total. Um índice muito baixo, levando em consideração o número de habitan-
tes do perímetro urbano. Através da equação 1, obteve-se um resultado de 2,10 m²
por habitante da zona urbana, um valor muito baixo em relação às recomendações
da ONU.
44
Figura 12: Área de influência das Áreas Verdes com 1 ha ou mais de área e presença de recreação infantil no perímetro
urbano do município do Rio Grande, RS
Fonte: Própria deste trabalho
45
5.3.2 Área de influência dos parques
De acordo com Corônio e Muret (1976 apud COSTA, 2012), na escala
de cidade (cada 50 mil habitantes) recomenda que tenha 1 parque num raio de
2 km. A cidade apresenta uma realidade que não atende ao recomendado, pois
existem apenas duas áreas verdes denominadas como parques em todo o pe-
rímetro urbano (fig. 13).
46
Figura 13: Área de influência dos parques no perímetro urbano do município do Rio Grande, RS
Fonte: Própria deste trabalho
47
5.3.3 Área de abrangência a partir de Diagramas de Voronoi
A partir dos centroides das áreas verdes calculados anteriormente, foi
possível gerar diagramas de Voronoi. Os diagramas de Voronoi são calculados
levando em consideração as distâncias entre os centroides, onde é traçada
uma linha na metade do percurso. A intersecção entre estas linhas tem como
resultado um mapa de polígonos que define a área de abrangência das áreas
verdes (fig. 14).
O resultado gerado neste trabalho não apresenta uma verdade na área de
abrangência, pois o mapa mostra a Barra sendo abrangida pelas áreas verdes
do centro e bairros da proximidade, porém a população urbana dessa região
não é realmente atendida.
A figura 15 apresenta a densidade demográfica dos setores censitários
urbanos, obtidos no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IB-
GE. A partir deste mapa, é possível verificar onde há mais habitantes por hec-
tare de área do setor censitário. Comparando visualmente com o mapa gerado
a partir de diagramas de Voronoi, pode-se perceber que as áreas verdes estão
mais concentradas em áreas com maior número de habitantes como, por
exemplo, o bairro Centro.
Além do mapa de densidade demográfica, foi confeccionado um mapa de
renda média per capita, também por setor censitário. Alguns setores não pos-
suem informações de renda (fig. 16). A partir desse mapa, foi possível verificar
que aparentemente a maior concentração de áreas verdes acontece nas áreas,
onde a renda média per capita é maior.
48
Figura 14: Área de abrangência das áreas verdes definida por Diagramas de Voronoi (classificação Natural Breaks).
Fonte: Própria deste trabalho.
49
Figura 15: Densidade demográfica dos setores censitários do perímetro urbano (classificação Quantile)
Fonte: Própria deste trabalho.
50
Figura 16: Renda média per capita dos setores censitários do perímetro urbano (classificação Quantile)
Fonte: Própria deste trabalho.
51
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As áreas verdes são de extrema importância na sociedade, visto que
adquirem valores ambientais, funcionais e estéticos. Suas funções são positi-
vas à vida em sociedade, fazendo com que os espaços verdes tornem as cida-
des mais atrativas. Todavia, atualmente, há uma depreciação desses lugares
devido à má conservação.
O presente trabalho trouxe como tema principal a distribuição das áreas
verdes no tecido urbano. A partir das análises socioespaciais, foi possível visu-
alizar em números a carência de áreas verdes na cidade tanto relativas à área
urbanizada, quanto à população, bem como a má distribuição das mesmas em
seu território urbanizado. Embora haja uma forte carência na dotação de áreas
verdes na cidade, as áreas verdes ocorrem de modo concentrado ou nas pro-
ximidades das maiores densidades populacionais.
Considerando a área de influência de cada área verde relacionada com
fatores sociais da população, pode-se concluir que a má distribuição delas no
perímetro urbano é muito prejudicada. Isso pode ser claramente percebido pela
sobreposição do mapa de diagramas de Voronoi (fig.14) com os mapas de
densidade demográfica (fig. 15) e renda média per capita (fig. 16). Ainda que
apenas a partir de uma análise visual dos resultados, é possível verificar a exis-
tência de correlação entre as áreas de abrangência e fatores sociais, onde os
menores polígonos do diagrama de Voronoi (menores áreas) localizam-se en-
torno de moradias com renda média alta, enquanto os polígonos maiores (mai-
ores áreas) localizam-se no entorno de moradias com renda média baixa. Além
da carência quantitativa de áreas verdes e da má distribuição delas no espaço
urbano, percebe-se, portanto, uma distribuição desigual das áreas verdes,
ocorrendo maior concentração onde há população com renda média per capita
alta, historicamente socialmente privilegiados; enquanto a menor concentração
é encontrada em áreas menos favorecidas economicamente e socialmente.
A partir dos objetivos iniciais do presente trabalho, foram feitas análises
quanto à relação entre a área efetivamente urbanizada (AEU) e as áreas ver-
des do perímetro urbano. Alguns objetivos específicos não foram alcançados,
52
como a análise qualitativa da distribuição das áreas verdes através da elabora-
ção de correlações espaciais com a densidade e renda média per capita, ainda
que tenha sido realizada uma interpretação a partir de análise visual dos ma-
pas de resultados, como já abordado.
Com as análises espaciais, foi possível perceber que há poucas áreas
verdes no município levando em consideração seu tamanho e o número de
habitantes. Assim, o presente trabalho traz como contribuição a criação de um
Sistema de Informações Geográficas – SIG – com informações de cada área
verde do perímetro urbano da cidade do Rio Grande. Este SIG, além de possi-
bilitar continuidades do trabalho, tem grande relevância para a visualização da
distribuição espacial das áreas verdes, podendo contribuir para que a comuni-
dade e o Poder Público tomem ações que visem melhorar a qualidade e a
equidade dos espaços verdes no território da cidade.
53
7. LIMITAÇÕES E CONTINUIDADES
7.1 Limitações
Devido à falta de dados, não foi possível fazer as análises qualitativas de
evolução urbana a partir de mapas gerados com dados de idade das áreas
verdes. Também não foi possível fazer análises quanto à presença de arbori-
zação e o caráter (esportivo, contemplação, dentre outros).
Um dos resultados a ser gerado seria um mapa de correlação espacial
entre os raios de proximidade (a partir de buffers) e fatores sociais, como a
renda média per capita do setor censitário.
7.2 Continuidades
O trabalho pode ser continuado adicionando outros atributos às áreas
verdes, como o estado de conservação das mesmas e o seu caráter – contem-
plação, esportivo, recreação infantil, dentre outros –, e fazer análises entre os
raios de proximidade e fatores sociais dos setores censitários. Além da adição
de atributos, o trabalho pode ser disponibilizado em um WebSIG, para que a
população riograndina e outras tenham acesso a essas informações.
54
8. REFERÊNCIAS
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lidades e cultura no Brasil Meridional (Panorama da história do Rio Grande).
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Grande (1737 – 1947) – Biblios. Rio Grande, v. 22 (2), p. 9-18. Rio Grande,
2008.
58
9. APÊNDICES
Apêndice 1: Fluxograma metodológico
Recorte Espacial
Aquisição das informa-
ções das áreas verdes
Construção do banco de
dados
Coleta de informações
dos setores censitários
Mapeamento das áreas
verdes (vetorização em
ambiente SIG)
Construção do SIG
Cálculo dos centróides
(centro de massa de um
polígono)
Determinação das áreas
de influência (buffers –
300m, 600m, 1200m)
Análises socioespaciais
(Kevin Lynch, ONU,
COAM)
Determinação das áreas
de abrangência (Dia-
gramas de Voronoi)
Análises dos resultados
do diagrama de Voronoi
com fatores sociais
Análises socioespaciais
Confecção de mapas temáticos (distribuição espacial, buffers, diagramas de Voronoi, renda média per capita, densidade
demográfica)
59
Apêndice 2: Banco de dados das Áreas Verdes do perímetro urbano do município do Rio Grande, RS.
DENOMINAÇÃO (TIPO)
NOME LOCALIZAÇÃO BAIRRO ANO DE
CRIAÇÃO
PRESENÇA DE ARBORI-
ZAÇÃO
PLAYGROUND
ATIVIDA-DE ES-
PORTIVA
ÁREA (m²)
Parque Albatroz Rua Oiapoque Parque Marinha
1984 Sim Não Sim 66330
Largo Antônio Costa
Lopes Rua Aquidaban / Rua Paranaguá
Centro s/d Sim Não Não 1436
Praça Argentina Av. Argentina Bucholz s/d Sim Sim Sim 10290
Corredor Verde Av. Atlântica Av. Atlântica Cassino s/d Sim Sim Sim 100710
Corredor Verde Av. Henrique
Pancada Av. Henrique Pan-
cada Cidade Nova
s/d Sim Sim Sim 59700
Corredor Verde Av. Portugal Av. Portugal Cidade Nova
s/d Sim Não Sim 15384,4
Corredor Verde Av. Rio Grande Av. Rio Grande Cassino s/d Sim Sim Sim 28265,9
Praça Bandeira Av. Silva Paes /
Rua Alm. Barroso Centro s/d Sim Sim Não 4824
Praça Barão São José
do Norte Rua Aquidaban /
Santa Casa Centro 1850 Sim Não Não 3974
Praça Bonfim Rua Duque de Ca-
xias / Rua João Alfredo
Centro s/d Sim Sim Não 574,4
60
DENOMINAÇÃO (TIPO)
NOME LOCALIZAÇÃO BAIRRO ANO DE
CRIAÇÃO
PRESENÇA DE ARBORI-
ZAÇÃO
PLAYGROUND
ATIVIDA-DE ES-
PORTIVA
ÁREA (m²)
Corredor Verde Buarque de Ma-
cedo Av. Buarque de
Macedo Centro s/d Sim Não Não 27690,4
Praça Bucholz Rua Groelândia /
Rua EUA Bucholz s/d Sim Sim Não 543,6
Praça Buenos Aires Rua Gen. Canabar-
ro Centro s/d Sim Não Não 810,5
Largo Casarão Av. Rio Grande Cassino s/d Sim Não Não 18590
Praça Castelo Branco Rua Irmão Isício Castelo Branco
s/d Sim Sim Sim 19080
Praça Cohab IV Rua 13 / Rua 14 Cohab IV s/d Sim Sim Sim 9650
Praça Didio Capos
Duhá Rua Rio de Janeiro Cassino 1978 Sim Não Sim 6512
Largo Dr. Alcides Lima Rua 24 de Maio / Rua Luiz Loréa
Centro s/d Sim Não Não 193,6
Praça Dr. Francisco
Bastos Av. Perimetral /
Museu Centro s/d Sim Sim Sim 12480
61
DENOMINAÇÃO (TIPO)
NOME LOCALIZAÇÃO BAIRRO ANO DE
CRIAÇÃO
PRESENÇA DE ARBORI-
ZAÇÃO
PLAYGROUND
ATIVIDA-DE ES-
PORTIVA
ÁREA (m²)
Praça Dr. José Alexan-
dre Zachi Rua Tiradentes / Rua Gen. Abreu
Cohab I 1974 Sim Sim Sim 4472
Praça Dr. Miguel de
Castro Moreira Rua Tiradentes / Rua Dom Bosco
Miguel de Castro Moreira
s/d Sim Sim Sim 4585
Praça Dr. Pedro Gatti Rua Visc. de Mauá
/ Av. Henrique Pancada
Lagoa Henrique Pancada
1988 Sim Sim Não 745,2
Largo Dr. Pio X Rua Gen. Neto /
Calçadão Centro 1800 Sim Não Não 690,3
Praça Edison Miller
Barlen
Rua XV de No-vembro / Av. Por-
tugal
Cidade Nova
1985 Sim Sim Não 1277
Praça Forças Armadas
– 6º GAC Rua Senador Cor-
rêa Centro s/d Sim Não Sim 12930
Praça Golbery Rua Arroio Grande / Rua Rogério Pé-
rez Cassino 2015 Sim Não Sim 5754
62
DENOMINAÇÃO (TIPO)
NOME LOCALIZAÇÃO BAIRRO ANO DE
CRIAÇÃO
PRESENÇA DE ARBORI-
ZAÇÃO
PLAYGROUND
ATIVIDA-DE ES-
PORTIVA
ÁREA (m²)
Praça Júlio de Casti-
lhos Rua Andradas / Rua Luiz Loréa
Centro 1873 Sim Não Não 855,3
Praça Lambari Fundos da Escola
Porto Seguro Parque Marinha
1995 Sim Sim Sim 6886
Largo M. Eurico de Magalhães
Fundos do Correi-os e Telégrafos
Centro s/d Sim Não Não 159,8
Praça Melvin Jones Rua Valporto / Rua
24 de Maio Centro s/d Sim Não Não 639,6
Praça Montividéo Rua Gen. Neto Centro s/d Sim Não Não 1941
Praça Nações Unidas Rua Dr. Nascimen-to / Rua Cel. Sam-
paio Centro s/d Sim Não Não 1022
Largo Philantropia Rua Gen. Vitorino / Av. Major Carlos
Pinto Centro 1972 Sim Não Não 470,8
Largo Princesa Leo-
poldina Fundos da Biblio-
teca Riograndense Centro s/d Não Não Não 518,5
63
DENOMINAÇÃO (TIPO)
NOME LOCALIZAÇÃO BAIRRO ANO DE
CRIAÇÃO
PRESENÇA DE ARBORI-
ZAÇÃO
PLAYGROUND
ATIVIDA-DE ES-
PORTIVA
ÁREA (m²)
Praça Roberto Tele-
chea
Av. Cid. De Pelotas / Rua Augusto Du-
prat Cohab II s/d Sim Não Não 1617
Praça Salgado Filho Rua Salgado Filho / Rua Apelles POA
Centro s/d Não Sim Não 1272
Praça São João Rua Pandiá Caló-
geras São João s/d Sim Sim Sim 18590
Praça Saraiva Rua Cristóvão Co-
lombo Cidade Nova
1993 Sim Sim Sim 42680
Praça Saveiros Rua Saveiros / Rua
Fragatas Parque Marinha
s/d Não Sim Sim 8960
Praça Sete de Setem-
bro Av. Silva Paes Centro s/d Sim Sim Sim 7854
Largo Silveira Martins Mercado / Rua Ma-
rechal Floriano Centro 1972 Não Não Não 542,9
Praça Tamandaré Rua 24 de Maio / Rua Gen. Neto
Centro 1820 Sim Sim Não 47910
64
DENOMINAÇÃO (TIPO)
NOME LOCALIZAÇÃO BAIRRO ANO DE
CRIAÇÃO
PRESENÇA DE ARBORI-
ZAÇÃO
PLAYGROUND
ATIVIDA-DE ES-
PORTIVA
ÁREA (m²)
Parque Trabalhador Av. Presidente
Vargas / Pórtico Pórtico 1990 Sim Sim Sim 6776
Praça Trevo Rua A / Rua D Jardim
Humaitá s/d Sim Sim Não 872
Praça Xavier Ferreira Rua Marechal Flo-
riano / Rua Gen Osório
Centro 1820 Sim Não Não 16330
Corredor Verde XV de Novembro XV de Novembro Cidade Nova
s/d Sim Não Sim 13562