Análise da estrutura do treino

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  • 1. Universidade do Porto Faculdade de Cincias do Desporto ede Educao FsicaANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOLDissertao apresentada com vista obteno do Grau de Mestre em Cincias doDesporto rea de especializao emDesporto para Crianas e Jovens de acordocom o Decreto-lei n. 216/92, de 13 deOutubro, Captulo II, Artigo 5, pontos 1. e 2.e Captulo III, Artigo 17, ponto 1.Orientador: Professor Catedrtico Antnio Teixeira MarquesCo-orientao Professor Doutor Jlio Manuel Garganta da SilvaMrio Jorge Moiss Nogueira Porto, 2005

2. Ficha de Catalogao Ficha de CatalogaoNogueira, M. (2005). Anlise da estrutura do treino, no escalo de iniciados ejuvenis, em Futebol. Dissertao para provas de Mestrado no ramo de Cinciasdo Desporto. FCDEF-UP, Edio do autor.Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANAS EJOVENS, EXERCCIOS DE TREINO, CONTEDOS DE TREINO, MTODOSDE TREINO.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 3. DedicatriaDedicatria: Sandra, Pelo incentivo, compreenso, amor e amizade. Aos meus pais, irm e avs, Porque a eles devo tudo o que sou. famlia, Pela unio, fora e confiana transmitida.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 4. AgradecimentosAgradecimentosAo meu orientador de Mestrado, Professor Doutor Antnio Teixeira Marques,pela amizade, pela sua incomensurvel disponibilidade e pelo infinito apoio queme prestou. Agradeo tambm a cedncia de bibliografia e a partilha do seuconhecimento, que em muito me ajudou.Um enorme obrigado ao Professor Doutor Jlio Garganta, pela disponibilidadedemonstrada, no esclarecimento de dvidas, na indicao de bibliografia e pelointeresse demonstrado no estudo.O meu agradecimento aos Professores pertencentes ao gabinete de Futebol,pelo inefvel empenho e ajuda na procura e cedncia dos dossiers necessriospara o estudo.O meu sincero obrigado Marisa Silva Gomes, pela interminvel procura dosdossiers necessrios, para a realizao do estudo. E aos treinadores, quetiveram a amabilidade de os ceder, contribuindo desta forma para que esteprojecto se pode-se realizar e concluir. Diana, Srgio e Padrinhos, pelo seu empenho na cooperao de tarefasrealizadas acerca do nosso estudo. minha irm, ao Henry, Rui e Miguel, pela ajuda prestada nas questesinformticas Sandra, pelo carinho, empenho e incentivo constante, por todo o apoioprestado.Ao longo destes dois anos tenho a agradecer a todos os amigos do Curso deMestrado, pelo companheirismo.Para no ser injusto e no esquecer de ningum, a todos aqueles que meajudaram atravs das suas sugestes, dvidas e crticas. Agradeo tambmtoda a contribuio para que este trabalho se tornasse mais claro e completo.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOLI 5. AgradecimentosA todos os Professores e Funcionrios da Faculdade de Cincias do Desportoe de Educao Fsica, por me surpreenderem com o seu profissionalismo,orgulhando-me de ter realizado o Mestrado nesta Instituio.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL II 6. ndice Geralndice GeralAgradecimentos ... Indice Geral ... IIIndice de Figuras .Vndice de Quadros VIIResumo .XIAbstract .XIIIRsum .XVAbreviaturas .XVIII INTRODUO ... 11.1 Propsito e Problema do Estudo . ... . 11.2 Estrutura do Estudo...................................................................................................................... 3II REVISO DA LITERATURA ................................................ 52.1. O Futebol ....................................................................................................5 2.1.1 Futebol, sua Natureza e sua Essncia.....................................................................................................6 2.1.2 Futebol, um Jogo de Oposio/ Cooperao, um Jogo Tctico............................................................... 7 2.1.3.Prespectivas para o Ensino e Treino do Futebol enquanto JDC.............................................................. 11 2.1.4 Referncias Fundamentais para o Ensino do Futebol.............................................................................. 182.1.4.1 Condicionantes Estruturais e Fundamentais................................................................................. 182.1.4.2 Dimenso do Terreno de Jogo e Nmero de Jogadores............................................................... 182.1.4.3 Durao do Jogo............................................................................................................................192.1.4.4 Controlo da Bola............................................................................................................................ 212.1.4.5 Frequncia de Concretizao........................................................................................................212.1.4.6 Colocao de Alvos.......................................................................................................................222.2 Treino com Jovens....................................................................................................................... 22 2.2.1 O Treinador de Crianas e Jovens........................................................................................................... 24 2.2.2 Etapas de Preparao..............................................................................................................................26 2.2.3 Fases Sensveis de Treinabilidade..302.3 Exigncias Fsicas e Fisiolgicas do Jogo de Futebol.................................................................31 2.3.1 Importncia do Treino Aerbio em Futebol..............................................................................................33 2.3.2 Importncia do Treino Anaerbio em Futebol..........................................................................................352.4 Estrutura do Treino para Crianas e Jovens................................................................................ 36 2.4.1 Meios de Treino, Preparao Geral vs. Preparao Especfica...............................................................37 2.4.2 A Preparao Geral, na Formao Desportiva dos Jovens Futebolistas...40 2.4.3 O Exerccio no Processo de Treino.......................................................................................................... 41 2.4.4 Especificidade do Exerccios de Treino em Futebol.................................................................................44 2.5.5 Taxionomia dos Exerccios de Treino................................................................................................... 47 2.4.6 Estrutura da Carga de Treino....................................................................................................................55 2.4.7 Carga de Treino e Competio em Crianas e Jovens nos Desportos Colectivos.. 55 2.4.8 Contedos de Treino e sua Importncia no Treino de Crianas e Jovens........... 57ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOLIII 7. ndice GeralIII Metodologia...................................................................................................................................61 3.1. Objectivos..613.1.1 Objectivos Geral . 613.1.2 Objectivo Especfico.................. 613.1.3 Hipteses Orientadoras do Estudo.................................................. ..61 3.2 Categorizaro da Amostra...................................................................................... 62 3.3 Mtodo de Pesquisa . 633.3.1 Procedimentos e Instrumentos de Pesquisa...643.3.2 Caracterizao e Definio das Variveis... 64 3.3.2.1 Exerccios de Treino...................................................................................................................... 65 3.3.2.2 Carga de Treino............................................................................................................................. 65 3.3.2.3.Mtodo de Treino...........................................................................................................................66 3.3.2.4 Contedos de Treino..................................................................................................................... 66 3.4 Procedimentos estatstico............................................................................................................69IV APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS ...71 4.1. Exerccios de Treino....................................................................................................................71 4.2. Cargas de Treino . 734.2.1 Carga de Treino para cada Contedo de Treino......................................................................................734.2.2 Carga de Treino para o Desenvolvimento das Capacidades Motoras .. 77 4.3 Mtodos de Treino........................................................................................................................794.3.1 Metodologia de desenvolvimento das capacidades motoras condicionais ... 794.3.2 Exerccios Complementares/Fundamentais............................................................................................. 814.3.3 Exerccios Complementares (com ou sem oposio).............................................................................. 824.3.4 Exerccios Fundamentais.........................................................................................................................84 4.4 Contedos de Treino....................................................................................................................854.4.1 Contedos de treino desenvolvidos a partir dos EPG..............................................................................854.4.2 Contedos desenvolvidos atravs dos EEPG..........................................................................................884.4.3 Contedos desenvolvidos atravs dos EEP/Fase I..................................................................................924.4.4 Contedos desenvolvidos atravs dos EEP/Fase II.................................................................................944.4.5 Contedos desenvolvidos atravs dos EEP/Fase III................................................................................95V CONCLUSES ...................97VI RECOMENDAES PARA A PRTICA, NO TREINO DE JOVENS FUTEBOLISTAS 101 6.1 Recomendaes especficas aos resultados do nosso estudo 101 6.2 Recomendaes Gerais ..102VII SUGESTES... 105VIII BIBLIOGRAFIA ...................107IX ANEXOS ..................... 109ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL IV 8. ndice de Figuras ndice de FigurasFigura II 1. Princpios gerais da aco do jogo (adap. de Cerezo, 2000) .9Figura II 2. Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. de Cerezo, 2000)............................. 10Figura II 3. O Futebol como actividade motora complexa (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998)13Figura II 4. Cadeia acontecimental do comportamento Tctico/tcnico do jogador no jogo (adap. Bunker & Thorpe, 1992) .15Figura II 5. Cadeia acontecimental do comportamento Tctico/tcnico do jogador no jogo (adap Garganta & Pinto, 1998) . 16Figura II 6. Contedos do conhecimento em desportos colectivos (adap. de Malglaive, 1990; Grhaigne & Godbout, 1995) .17ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOLV 9. ndice de Quadros ndice de QuadrosQuadro II 1. Grandes objectivos do treino e da preparao desportiva /adap. de Marques, (1985) 27Quadro II 2. Modelo das fases sensveis de treinabilidade durante a infncia e a juventude (adap. de Martin, 1999) . 30Quadro II 3. Preparao geral e preparao especial nas etapas de preparao desportiva em Futebol, (Adap. Marques, 1989) .38Quadro II 4. Preparao geral e preparao especial nas etapas de preparao Desportiva (adap. de Marques, (1989) . 38Quadro II 5. Sntese da classificao dos exerccios realizado por vrios autores (adap. de Bragada, 2000).....48Quadro II 6. Grelha taxionmica de classificao dos exerccios de treino (Castelo, 2003) 53Quadro II 7. Valores, mdias de treino (nmero de sesses, dias de treino no ano e frequncia de treino), competies (oficiais e de preparao) e proporo entre unidades de treino/competio (Adap. de Marques e col., 2000); Santos, 2001); Pinto e col., 2001) .56Quadro II 8. Valores de treino para: n. sesses, mdia de horas por semana, durao mdia, horas por poca e total de unidades (Pinto e col., 2003) .56Quadro II 9. Carga de treino e competio: n. de competies oficiais, no oficiais e relao treino/competio (Pinto e col., 2003)....56Quadro II 10. Nmero de dias de preparao e frequncia de treino (adap. de Marques e col., 2000; Marques, 1993; Martin, 1999; Santos, 2001; Pinto e col.2001) 57Quadro II 11. Caractersticas da carga de cada contedo do treino nos dois grupos de idades: valores mdios em minutos durante uma sesso de treino padro, valor total em minutos e valore percentuais durante uma temporada desportiva (adap. Marques e col,. 2000) . 59Quadro III 1. Principais caractersticas da amostra. 62Quadro III 2 Caracterizao das equipas pertencentes ao estudo, nmero de treinos, razo treino/competies ..63Quadro IV 1. Utilizao de meios de treino e tempo total de treino: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao 71Quadro IV 2. Utilizao de meios de treino e tempo total de treino para o escalo de iniciado e juvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao . 72Quadro IV 3. Caractersticas da carga de treino para o desenvolvimento fsico, tcnico e tcnico / tctico: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao 73Quadro IV 4. Caractersticas da carga de treino para o desenvolvimento fsico, tcnico e tcnico / tctico, para o escalo de iniciados e juvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao ..74Quadro IV 5. Percentagem da distribuio dos contedos de treino no basquetebol (adaptado de Pinto e col., 2001; Pinto e col., 2003) 75ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOLVII 10. ndice de QuadrosQuadro IV 6. Caractersticas da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escaloetrio dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores mdios (minutos) numa sesso de treino,somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao 77Quadro IV 7. Caractersticas da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalode iniciados e juvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) epercentagem durante um ano de preparao 78Quadro IV 8 Caractersticas da carga de treino para cada contedo de treino: valores mdios (minutos) numasesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao (Adaptadode Santos, 2001) . 79Quadro IV 9 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escaloetrio dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores mdios (minutos) numa sesso de treino,somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao 79Quadro IV 10 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalo de iniciados e juvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao .... 80Quadro IV 11 Preferncia metodolgica de utilizao de exerccios (complementares / fundamentais) no escalo etrio dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao ... 81Quadro IV 12 Preferncia metodolgica de utilizao de exerccios (complementares / fundamentais) no escalo de iniciados e juvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao . 82Quadro IV 13 Preferncia metodolgica de utilizao de exerccios complementares (com ou sem oposio) no escalo etrio dos 12 aos 16 anos: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao 82Quadro IV 14 Preferncia metodolgica de utilizao de exerccios complementares (com ou sem oposio) no escalo no escalo de iniciados e juvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao ... 83Quadro IV 15 Preferncia metodolgica de utilizao de exerccios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III) no escalo etrio dos 12 aos 16 anos: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao 84Quadro IV 16 Preferncia metodolgica de utilizao de exerccios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III) no escalo de iniciados e juvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao ..85Quadro IV 17 Caractersticas da carga treino para todos os contedos da amostra desenvolvidos atravs dos exerccios de preparao geral no escalo de iniciados e juvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano de preparao . 86ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL VIII 11. ndice de QuadrosQuadro IV 18 Caractersticas da carga treino para todos os contedos da amostra desenvolvidos atravs dosexerccios especficos de preparao geral no escalo de iniciados e juvenis: valores mdios(minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagem durante um ano depreparao . 89Quadro IV 19 Caractersticas da carga treino para todos os contedos da amostra desenvolvidos atravs dosexerccios especficos de preparao / fundamentais de fase I no escalo de iniciados ejuvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagemdurante um ano de preparao 92Quadro IV 20 Caractersticas da carga treino para todos os contedos da amostra desenvolvidos atravs dosexerccios especficos de preparao / fundamentais de fase II no escalo de iniciados ejuvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagemdurante um ano de preparao 94Quadro IV 21 Caractersticas da carga treino para todos os contedos da amostra desenvolvidos atravs dosexerccios especficos de preparao / fundamentais de fase III no escalo de iniciados ejuvenis: valores mdios (minutos) numa sesso de treino, somatrio (minutos) e percentagemdurante um ano de preparao 95ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOLIX 12. ResumoRESUMOA inexistncia de uma base terica para o trabalho dos treinadores de crianas ejovens leva a que este seja, de certa forma, emprico. O seu processo de treino , namaior parte das vezes, desconhecido pelos metodlogos do treino, devendo-se,muitas vezes, falta de documentos tericos ou indisponibilidade dos mesmosserem examinados (Marques, 1999).O objectivo desta investigao caracterizar a estrutura do treino em Futebol noescalo de iniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenas naestruturao do treino entre ambos.Para a realizao deste estudo, foram analisadas 625 unidades de treino de jovensjogadores de Futebol do sexo masculino. Para tal, foram revistos seis dossiers, dosquais trs pertencem a equipas do escalo de iniciados, e os restantes a trs equipasdo escalo de juvenis.Procedeu-se a uma pesquisa documental, em torno dos dossiers de treino do centrode treino de Futebol da Faculdade de Cincias do Desporto e Educao Fsica daUniversidade do Porto (FCDEF-UP). O estudo estatstico, realizado com o SPSS 10.0,incluiu uma anlise de frequncias, das medidas descritivas, tais como as mdias,desvios-padro e percentagens, e um T-test para comparao de escales etrios.Concluiu-se que a estruturao do treino do escalo de iniciados difere da dos juvenis,tendo-se verificado diferenas significativas, basicamente em todos os focos deanlise do nosso estudo. Os treinadores de futebol dos escales de iniciados e juvenisdo prioridade aos aspectos tcnico / tcticos (51%) e fsicos (41%) em detrimento dosaspectos tcnicos (8%). A resistncia a capacidade motora que mais se desenvolve(19%), seguindo-se a fora (8%) a flexibilidade (8%), sendo a velocidade (3%) e acoordenao (2%) as que menos se desenvolvem. Os treinadores das faixas etriasem estudo desenvolvem as capacidades motoras condicionais dos seus atletas deuma forma separada das questes tcnico e tcnico/tcticas.Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANAS E JOVENS,EXERCCIOS, CONTEDOS E MTODOS DE TREINO.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOLXI 13. Abstract AbstractThe inexistence of a theoretical basis for the children and youngs trainers work makesit, in a certain way, empiric. Their training process is, to a large extent, unknown to thetraining methodologists, due, a lot of times, to the lack of theoretical documents or tothe unavailability of the same ones to be examined (Marques, 1999).This investigations aim is to characterize the Soccer training structure in both initiateand juvenile step, to assert if there are differences in their training structures.In order to accomplish this study, 625 training units of young male Soccer players, ofthe former steps, were analyzed. Therefore six dossiers, concerning three teams of theinitiate step and three of the juvenile step, were reviewed.We carried out a documental research, regarding training dossiers of the center ofSoccer training of FCDEF-UP. The statistical study, accomplished with SPSS 10.0,included an analysis of frequencies, of descriptive measures, such as averages,standard-deviation and percentages, and a t-test for comparison of age steps.In short we may conclude that the training structure of the initiate step differs of thejuvenile one, having acknowledged significant differences, basically in all of the sampleanalysis of our study. Soccer trainers of the initiate and juvenile steps give priority totechnician / tactical (51%) and physical (41%) aspects over technical aspects (8%).Resistance is the motor capacity most improved by them (19%), followed by force(8%), flexibility (8%), being speed (3%) and coordination (2%) the least improved ones.The trainers of the focused age groups develop conditional motor capacities separatefrom technician subjects.KEY-WORDS: SOCCER, TRAINING STRUCTURE, CHILDREN AND YOUNGANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XIII 14. Rsum RsumLabsence dun support thorique pour le travail des entraneurs des enfants (12-14ans) et des jeunes (14-16 ans), le rend, dune certaine faon, empirique.Leur mthode dentranement est, dans la plupart des fois, inconnue des expertsdentranement, parce que, les documents ne sont pas disponibles.Lobjectif de cette investigation est caractriser la structure de lentranement dufootball dans les classes des enfants et des jeunes, et de vrifier sil existe desdiffrences entre eux.Pour la ralisation de cette tude ctait analys 625 units dentranement des jeunesjoueurs du football du sexe masculin. Dance ce but nous avon revu 6 dossiers, dont 3concernant le grupe des enfants et les autres le grupe des jeunes.Nous avon fait une recherche documentaire sur les dossiers dentranement de laFCDEF-UP. Ltude statistique, ralis avec le SPSS 10.0, inclu une analyse desfrquences, des mesures descriptives, telles que les moyennes, les carts type et lespourcentages, et un T-test pour la comparaison de groupes dge.Nous avon conclu que la structuration de lentranement de la classe des enfants estdiffrente de celle de la classe des jeunes. Nous avons vrifi des diffrencessignificatives presque dans tous les points analyss dans notre tude.Les entraneurs de football des classes des enfants et des jeunes accordent plus depriorit aux aspects technique/tactiques et physiques, quaux aspects techniques. Larsistance est la capacit motrice plus dveloppe tant suivie por la force et laflexibilit. La vitesse et la coordination ce prsentent comme moins dveloppes. Lesentraneurs dveloppent plutt les capacits motrices conditionnelles de ses athltesdune faon spare des aspectes techniques ou technique/tactiques.Mots-clefs: FOOTBALL, STRUCTURE DE LENTRAINEMENT, ENFANTS ETJEUNES.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XV 15. Abreviaturas AbreviaturasEPG Exerccios de preparao geralEEPG Exerccios especficos de preparao geralEEP Exerccios especficos de preparaoCMC Capacidades motoras condicionaisJDC Jogos Desportivos ColectivosANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOLXVII 16. IntroduoI. INTRODUO1.1 PROPSITO E PROBLEMA DO ESTUDOO presente estudo, corresponde Dissertao de Mestrado em Cincias doDesporto, variante Desporto para Crianas e Jovens, a apresentar naFaculdade de Cincias do Desporto e de Educao Fsica da Universidade doPorto, elaborada sob a orientao do Professor Catedrtico Antnio TeixeiraMarques e co orientado pelo Professor Doutor Jlio Manuel Garganta daSilva.O assunto versa caracterizar a estrutura do treino em Futebol no escalo deiniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenas na estruturao dotreino entre os escales de iniciados e juvenis.Castelo (2002), define treino como um processo pedaggico que tem comoobjectivo o desenvolvimento das capacidades tcnico / tcticas, fsicas epsicolgicas do praticante e, ou equipa no mbito das competies especficas,atravs da prtica metdica e planificada do exerccio, de acordo comprincpios e regras cientficas aliceradas no conhecimento cientfico.Para o treino de crianas e jovens, exige-se a definio de objectivos denatureza formativa e educativa, o que obriga a equacionar a metodologia detreino e preparao dos jovens como um processo pedaggico, onde ascaractersticas dos jovens atletas em formao tm de ser respeitadas (Pinto,2003). A preparao desportiva dos mais jovens dever entender o processode maturao numa perspectiva individual, com diferenas intersexuais einterindividuais, condicionando de forma decisiva, a formao desportiva(Marques e col., 2000)Pinto (2003), refere que o processo de formao composto por um conjuntode etapas / estdios, pelos quais o atleta vai passando e onde supostamenteirdesenvolverdiversascapacidades (fsicas, tcnicas, tcticas epsicolgicas). Por tal, os treinadores de formao deveriam confrontar-se, nomomento inicial de planeamento da poca desportiva, com um conjunto deANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 1 17. Introduoquestes centrais (O qu? Como? Quando?), cujas respostas estruturadasauxiliariam a modelar as suas intervenes, de uma forma mais ajustada aodesenvolvimento harmonioso dos jovens e a uma formao desportivaorientada para o sucesso.O mesmo autor, salienta que na realidade muitos dos treinadores de crianas ejovens intervm no treino de uma forma no sustentada por um planeamentode base cuidado, mas sim por um conjunto de pretenses empricasdecorrentes de um dfice da base conceptual.A inexistncia de uma base terica para o trabalho dos treinadores de crianase jovens, leva a que este seja de certa forma emprico. O seu processo detreino , na maior parte das vezes, desconhecido pelos metodlogos do treino,devendo-se muitas vezes falta de documentos tericos ou indisponibilidadedos mesmos serem examinados (Marques, 1999).Embora se fale muito no treino de Futebol, e tambm j se fale sobre o treinode jovens, at ao momento, ningum se preocupou em saber o que feito comos nossos jovens ao nvel do treino. A estrutura e os contedos de treino decrianas e jovens no so ainda bem conhecidos (Marques, 1989; Marques1990; Marques 1991; Marques, 1993).Marques e col. (2000), sustentam que a comparao entre os modelos dereferncia para o treino nestas fases de idade com os dados empricosdisponveis, podero ser extremamente importantes para uma melhorcompreenso da estrutura essencial do processo de treino de crianas ejovens.Assim, nossa pretenso que, atravs da realizao deste estudo se possacompreender qual a estrutura do treino utilizada pelos treinadores de iniciadose juvenis em Futebol, para que a possamos interpretar, descrever e comparar,procurando contribuir para a evoluo da metodologia de treino nos escalesde formao em Futebol.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL2 18. Introduo1.2 ESTRUTURAO DO ESTUDOIniciaremos o nosso estudo com o primeiro captulo que apresenta de formasucinta a investigao, situando a problemtica da estruturao do treino nosescales de formao em futebol, assim como o caminho que estainvestigao ir seguir.No segundo captulo, faremos uma reviso da literatura acerca dos aspectosrelacionados com o tema em questo. Caracterizaremos o Futebol comomodalidade desportiva colectiva, o treino com crianas e jovens, as exignciasfsicas e fisiolgicas do jogo de Futebol, e por fim, a estrutura do treino emcrianas e jovens.No terceiro captulo, referiremos a metodologia utilizada para a realizao doestudo, onde descrevemos o objectivo geral, os objectivos especficos e ashipteses orientadoras da investigao. Procederemos caracterizao daamostra, descrio do mtodo de pesquisa, e transcrio dosprocedimentos estatsticos utilizados.No quarto captulo apresentaremos os resultados e a respectiva discusso.No quinto captulo apresentaremos as concluses.No sexto captulo mencionaremos umas breves recomendaes para a prtica,no treino de jovens Futebolistas.No stimo captulo sero sugeridos possveis prolongamentos ao nossoestudo.No oitavo captulo apresentaremos a bibliografia utilizada para a realizaodeste estudo.No nono e ltimo captulo apresentaremos os anexos que consideramosnecessrios.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL3 19. Reviso da LiteraturaII. REVISO DA LITERATURA2.1 O FUTEBOLO futebol ocupa um lugar importante no contexto desportivo contemporneo,dado que, na sua expresso multitudinria, no apenas um espectculodesportivo, mas tambm um meio de educao fsica e desportiva, e umcampo de aplicao da cincia (Garganta, 2002).O mesmo autor, refere que no decurso da sua existncia, esta modalidade temsido ensinada, treinada e investigada, luz de diferentes perspectivas, as quaisdeixam perceber concepes diversas a propsito do contedo do jogo e dascaractersticas que o ensino e o treino devem assumir, na procura da eficcia.O desenrolar do jogo de Futebol encerra um conjunto diversificado desituaes momentneas do jogo que por si s, representam uma sucesso deacontecimentos imprevisveis. Os jogadores perante as situaes problemaque lhes sucedem no decorrer do jogo, tm de tomar decises certas no meiode uma grande imprevisibilidade.Perante isto, necessrio que o processo de interveno (treino) decorra cadavez mais da reflexo metdica e organizada da anlise competitiva docontedo do jogo, ajustando-se e adaptando-se a essa realidade. Estecontexto, orienta irremediavelmente a forma de encarar a prtica, no sendoesta reduzida simples alternncia entre a carga (esforo) e descanso(regenerao). Da a necessidade desta assentar numa base terica prticaformulada e fundamentada a partir da anlise do seu contedo, pois s assim,podemos intervir eficientemente nessa realidade competitiva. De forma aelaborar uma actividade metodolgica sistemtica e diferenciada, e definirigualmente os fundamentos pedaggicos do seu ensino (Castelo, 1994).ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 5 20. Reviso da Literatura2.1.1 FUTEBOL, SUA NATUREZA E SUA ESSNCIACada jogo desportivo, definido pelas suas regras, possui uma lgica internabem precisa, que ir influenciar e coordenar os comportamentos dos seusintervenientes (Tavares, 2002).O futebol pertence a um grupo de modalidades desportivas, que secaracterizam por revelarem caractersticas prprias e comuns, habitualmentedesignadas por jogos desportivos colectivos (JDC). Sem diminuir a importnciadas restantes caractersticas, a relao de oposio entre os elementos dasduas equipas em confronto e a relao de cooperao entre os elementos damesma equipa, ocorridas num contexto aleatrio, o que traduz a essncia dojogo de futebol (Garganta e Pinto, 1998). Castelo (1996) afirma que o futebol um jogo desportivo colectivo, no qual os intervenientes esto agrupados emduas equipas numa relao de adversidade rivalidade desportiva, numa lutaincessante pela conquista da posse de bola (respeitando as leis do jogo), como objectivo de a introduzir o maior nmero de vezes na baliza adversria eevitar o inverso, com vista obteno da vitria. Para que se atinja essafinalidade, o futebol possui uma dinmica prpria, um contedo que se definecomo essncia de jogo. Esta essncia moldada pelas leis do jogo, d origem auma srie de atitudes e comportamentos tcnico / tcticos mais ou menosestereotipados.Trata-se de uma actividade desportiva que ocorre em contextos nos quais oselementos que se defrontam disputam objectivos comuns, lutando para gerirem proveito prprio, o tempo e o espao, e realizando aces reversveis desinal contrrio (ataque versus defesa) aliceradas em relaes de oposioversus cooperao. Por tal, o futebol caracteriza-se por ser uma actividade frtilem acontecimentos que ocorrem em contextos permanentemente variveis deoposio e cooperao, e cuja frequncia, ordem cronolgica e complexidadeno podem ser pr determinadas (Garganta, 2002b).Garganta & Pinto (1998), referem que a ocorrncia de determinada aco dojogo, mesmo a mais elementar, como uma corrida ou salto, num dadoANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 6 21. Reviso da Literaturamomento poder ser mais ou menos pertinente, em funo das configuraesque o jogo apresenta nesse preciso momento, conferindo dimensoestratgico tctica uma importncia capital.Garganta (2002b) sustenta que a essncia estratgico tctica deste tipo demodalidades (jogos desportivos) decorre de um quadro de referncias quecontempla:-O tipo de foras (conflituidade) entre os efectivos que se defrontam;-A variabilidade, a imprevisibilidade e aleatoriedade do contexto em que as aces do jogo decorrem;-As caractersticas das habilidades motoras para agir num contexto especfico.2.1.2 FUTEBOL, UM JOGO DE OPOSIO / COOPERAO, UM JOGO TCTICOLosa e Castillo (2000), referem que o futebol possuiu uma estrutura efuncionalidade muito complexa e absolutamente distinta dos desportos ondepredomina a tcnica. O futebol pertence ao grupo dos desportos decooperao / oposio, a tcnica somente um dos seis parmetros queconfiguram a lgica interna do mesmo (regras, tcnica, espao, tempo,comunicao e estratgia). A execuo tcnica do possuidor da bola, vai serdirectamente influenciada por factores como a situao espacial da bola, doscompanheiros e dos adversrios. Aces marcadas por a incerteza, que porconsequncia reportam o futebol a um desporto onde a percepo e a tomadade deciso so no mnimo de igual importncia execuo.O jogo de futebol exige que os seus praticantes possuam uma adequadacapacidade de deciso, que precede e implica uma ajustada leitura de jogo(Garganta & Pinto, 1998). Somente aps uma correcta leitura de jogo, sepoder materializar a aco atravs dos atributos tcnicos. Os mesmos autoresafirmam que os factores de execuo tcnica so sempre determinados por umcontexto tctico. Pois face ao jogo, o problema primeiro de natureza tctica,ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 7 22. Reviso da Literaturaisto , o praticante deve saber o que fazer, para poder resolver o problemasubsequente, o como fazer, seleccionando e utilizando a resposta motora maisadequada (Garganta, 2002a).O futebol como desporto colectivo caracteriza-se por ser um confronto entreduas equipas, que em competio so constitudas por onze elementos, o queperfaz a quantia de vinte e dois elementos a interagirem ao mesmo tempo, oque torna mais complexa a leitura de jogo. As aces dos jogadores deveroser conjugadas mediante os seus companheiros e adversrios, um jogo decooperao/oposio pois implica uma constante comunicao entre osmembros da mesma equipa e uma contra comunicao entre adversrios. Aoobservarmos um jogo de Futebol minimamente organizado, mesmo que ambasas equipas em confronto no se distingam pela cor ou padro do equipamento, possvel, passado algum tempo, identificar os elementos constituintes decada uma delas. Esta possibilidade resulta do facto de que a referida relaode oposio/cooperao, para ser sustentvel e eficaz, reclama dos jogadorescomportamentos congruentes com as sucessivas situaes do jogo, de acordocom os respectivos objectivos de sinal contrrio de cada uma das equipas(Garganta, 2002). Obrigando desta forma a que os seus intervenientescooperem de uma forma congruente e harmoniosa nas distintas fases de jogo(ataque, defesa), procurando desenvolver as aces de jogo mais adequadass situaes de momento, aces essas, que iro ser influenciadas pelasmudanas que se produzem em torno do mesmo, da bola, dos companheiros eadversrios.Cerezo (2000) define os princpios gerais da aco de jogo em funo daequipa possuir ou no, a bola (Figura II-1).ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 8 23. Reviso da Literatura Princpios Gerais da aco de jogoAtaque DefesaTransioManuteno da posse de bolaRecuperar a posse de bola Progresso com bola na direcoImpedir a progresso da bola da baliza adversriana direco da baliza Procura do desequilibro defensivo Proteger a baliza evitandocom o intuito de finalizaro goloFigura II-1: Princpios gerais da aco do jogo (adap. de Cerezo, 2000)Os jogadores devero organizar-se para realizar as aces de jogo maisadequadas, face fase de jogo em que se encontram, influenciada pela posseou no de bola. Tendo como objectivo a obteno do golo nos momentos emque possuem a bola, e evitar que a equipa adversria obtenha a posse de bola,afastando desta forma a possibilidade de sofrer um golo.O Futebol, poder definir-se quanto sua estrutura, como um desportocolectivo onde se produz uma interaco motriz entre os participantes, comoconsequncia da presena de companheiros e adversrios, utilizando umespao comum (standard) e com uma participao simultnea mediante umacooperao/oposio. (Cerezo, 2000)ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 9 24. Reviso da Literatura PRTICA DE FUTEBOL Objectivo: realizar movimentos, esforos e aces em sequncias variveis e intermitentes para que a bola chegue sua meta (golo) e/ou evitar o inverso Interaco motriz Utilizao do Espao Presena de companheiros eComum (Standard) AdversriosIncertoPARTICIPAO SimultneaCooperao/oposio(desporto sociomotriz)ANLISE FUNCIONAL COMO DESPORTO DE EQUIPAFigura II-2: Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. Cerezo, 2000)O futebol um jogo de equipa, um jogo em que as aces individuais devemser totalmente congruentes com a participao simultnea dos companheiros eadversrios. O desempenho motor, a tcnica, condicionada pelo momento,pelo adversrio, pelos companheiros, e se quisermos ser mais especficos,pelas condies climatricas, pelo resultado, etc. O futebol essencialmenteum jogo tctico, um jogo de momentos felizes e de momentos menos felizesonde a deciso tomada por um jogador, numa fraco de segundo, pode levaruma equipa glria ou no.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 10 25. Reviso da Literatura2.1.3 PERSPECTIVAS PARA O ENSINO E TREINO DO FUTEBOL ENQUANTO JOGODESPORTIVO COLECTIVO (JDC)Desde os anos 60, que a didctica dos jogos desportivos repousa numa anliseformal e mecanicista. Os processos de ensino e treino tm consistido em fazeradquirir aos praticantes sucesses de gestos tcnicos, empregando-se muitotempo no ensino da tcnica e muito pouco, ou nenhum no ensino do jogopropriamente dito (Grhaigne & Guillon, 1992).O ensino e treino dos JDC, obedeceram inicialmente a uma metodologia deeminncia tcnica a partir do domnio dos Skills motores, antes daaprendizagem, da compreenso e gesto do envolvimento do jogo (Grhaigne& Godbout, 1995), resultado das influncias dos desportos individuais, atento, mais avanados nas suas concepes de ensino e treino.Alguns autores comearam a questionar este mtodo, por enfatizar aaprendizagem das habilidades tcnicas antes da compreenso do jogo.Garganta (1997) questiona-o referindo que, um jogador considerado bomtecnicamente sem a oposio de adversrios, poder no o ser quandocolocado em situao de jogo com oposio. Pois os praticantes sujeitos aplicao do modelo tcnico de ensino dos jogos desportivos, revelam umpoder de iniciativa limitado e um escasso conhecimento do jogo, pois existepouca transferncia da aprendizagem tcnica para situao real de jogo.Queiroz (1986) refere que, enquanto para uns, o jogo a soma das funestcnicas e tcticas parciais, cujo domnio (parcelar) permite atingir o xitoglobal, para outros, o jogo no pode ser separado nas suas vriascomponentes. Englobando-se nesta ltima perspectiva, defende ainda aconstituio da indivisibilidade das componentes como o princpio metodolgicofundamental do ensino e treino do jogo.O Futebol exige dos praticantes uma adequada capacidade de deciso, que irdecorrer de uma ajustada leitura de jogo. No momento de materializar a aco,ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL11 26. Reviso da Literaturatorna-se necessrio utilizar uma gama de recursos motores especficos,genericamente designados por tcnica (Garganta & Pinto, 1998).Os mesmos autores afirmam que no futebol, os factores de execuo,designados por tcnica, so sempre determinados por um contexto tctico,levando a que a verdadeira dimenso da tcnica repouse na sua utilidade paraservir a inteligncia e a capacidade de deciso tctica dos jogadores e dasequipas no jogo.No entanto, no treino, por vezes privilegiada a dimenso eficincia (forma derealizao) da habilidade, independentemente das dimenses eficcia(finalidade) e adaptao, isto , do ajustamento das solues e respostas aocontexto (Graa, 1994). Esta perspectiva ensina o modo de fazer (tcnica)separado das razes (tctica), Bunker & Thorpe (1982) constataram que,quando a tcnica abordada atravs de situaes que ocorrem margem dosrequisitos tcticos, ela adquire um transfere diminuto para o jogo.No decurso de um jogo surgem tarefas motoras de grande complexidade paracuja resoluo no existe um modelo de execuo fixo (Faria & Tavares, 1992).Mombaerts (1998); Cerezo (2001) consideram o futebol como uma actividademotora complexa, uma actividade de regulao externa, em que os seusintervenientes devero realizar as aces aps uma anlise prvia da situao(Figura II-3).Segundo os mesmos autores, um jogador quando se depara com uma situaodecorrente do jogo (com ou sem bola, com um adversrio directo ou indirecto)dever pr em prtica a sua habilidade motriz, para resolver o problemamomentneo com que se depara, atravs:- Do seu mecanismo perceptivo, que poder informar sobre os estmulospresentes (companheiros, adversrios, bola...), sobre as relaesespao temporais (distncias dos jogadores, bola; ritmo de execuo,etc.). O jogador dever observar, para obter a informao mais correcta,da situao momentnea;ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL12 27. Reviso da Literatura- Do seu mecanismo de deciso, planeio mental sobre o que se poderfazer numa dada situao, anlise ou antecipao de uma situao paraa solucionar. Mombaerts (1998), salienta a importncia de os jogadoresdesenvolverem a inteligncia de jogo mediante a capacidade deestabelecerem estratgias motoras, pondo-as em prtica atravs da suatctica individual e colectiva. O autor considera este mecanismofundamental e determinante para esta modalidade desportiva;- Do seu mecanismo de execuo, resposta motriz para resolver asituao de jogo, sendo necessrio utilizar as capacidades motoras,assim como, as habilidades tcnicas. Habilidade para resolver umproblema do jogoRequer Mecanismo O que se passa? PerceptivoObservar Informao da situao Estmulos, Relaes Espaciais e TemporaisMecanismo dedecisoO que fazer? Analisar/decidirResposta adequada Capacidades Cognitivas: TcticaComo fazer? Mecanismo deReSoluo da situao Resposta motriz execuo Estmulos, Relaes Espaciais e TemporaisObjectivo Obter um comportamento ptimo em competio, atravs da utilizao de todas as capacidades e habilidades individuais actuando colectivamente.FiguraII-3: O Futebol como uma actividade motora complexa. (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998)ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 13 28. Reviso da LiteraturaNesta perspectiva, numa partida de futebol afigura-se mais importante sabergerir regras de funcionamento, ou princpios de aco do que utilizar tcnicasestereotipadas ou esquemas tcticos rgidos e pr-determinados. O bomjogador ajusta-se no apenas situao que v mas tambm quilo que prev,decidindo em funo das probabilidades de evoluo do jogo (Garganta &Pinto, 1998; Garganta 2002a). Fuentes e col.(1998), sustentam a necessidadede se trabalhar mais os mecanismos de percepo e deciso, do que osmecanismos especficos de execuo, pois consideram preponderante, nasetapas de formao, que os praticantes aprendam a observar e a perceber oque se sucede sua volta, de forma a que analisem adequadamente assituaes que surgem em jogo, podendo desta forma responder com eficcia.Em funo da experincia que os praticantes adquirem com o treino e suacriatividade, estas respostas podero vir a ser cada vez mais adequadas eoriginais.Bunkers & Thorpe (1982) propem um modelo que, proporciona uma maiorconscincia tctica do jogo, uma vez que integra os padres de decisocaractersticos da actividade (Figura II-4).ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL14 29. Reviso da Literatura(1) Jogo(2) Apreciao(6) Aco Motora APRENDIZ(3) Conscincia(5) Habilidadetctica motora(4) Decises: O que fazer? Como fazer?Figura II-4 Cadeia Acontecimental do Comportamento Tctico-Tcnico do Jogador no Jogo. (Bunker & Thorpe, 1992)Nos JDC a dimenso tctica ocupa o ncleo da estrutura de rendimento(Konzag, 1991; Faria & Tavares, 1992; Grhaigne, 1992), pelo que a funoprincipal dos demais factores, sejam eles de natureza tcnica, fsica oupsquica, a de cooperar no sentido de facultarem o acesso a desempenhostcticos de nvel cada vez mais elevado. fundamental iniciar-se a aprendizagem, valorizando estes aspectos, ou seja,toda a aco tcnica deve ter um fim tctico, se tal no acontecer o treinopoder ser inconsequente.De acordo com as afirmaes anteriores, torna-se lgico que o ensino e otreino em futebol no devero restringir-se a aspectos biomecnicos, ao gestoem si, mas atender sobretudo s imposies da sua adequao s situaesdo jogo (Garganta & Pinto, 1998).ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 15 30. Reviso da LiteraturaJogo Apreenso do Aco jogoMotoraCapacidadeHabilidadetctica motora Decises: O que fazer?Figura II-5 - Cadeia Acontecimental do Comportamento Tctico / Tcnico do Jogador no Jogo (Garganta & Pinto, 1998)Todas as aces tcnicas, para que sejam eficazes necessitam, para alm deuma execuo correcta, da sua execuo no timing certo, se tal no ocorrer,a aco tcnica ir perder a sua importncia.A tcnica importante? Mesquita, (1997) argumenta que, o ensino dos JDC uma competncia que est obrigatoriamente dependente da mestria dastcnicas do jogo. Ser portador de uma boa tcnica permite ao jogador ficarliberto para ler o jogo e consequente decidir melhor, prevalecendo na relaocom a bola, o controlo quinestsico em detrimento do visual, o jogadortecnicamente evoludo fica liberto para analisar as situaes de jogo e,consequentemente, poder optar pelas melhores solues. Mas, a tcnica srevela a sua importncia quando aplicada oportunamente, isto , quandoocorre uma execuo tcnica, tacticamente correcta.A aprendizagem dos procedimentos tcnicos constitui apenas uma parte dospressupostos necessrios para que, em situao de jogo, os praticantes sejamcapazes de resolver os problemas que o contexto especfico lhes coloca.Desde os primeiros momentos da aprendizagem, importa que os praticantesassimilem um conjunto de princpios que vo do modo como cada um serelaciona com o mbil do jogo (bola), at forma de comunicar com os colegasANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 16 31. Reviso da Literaturae contra-comunicar com os adversrios, passando pela noo de ocupaoracional do espao de jogo (Garganta & Pinto, 1998).Malglaive (1990) e Grhaigne & Godbout (1995), sustentam que o sistema deconhecimento, nos desportos colectivos, decorre de regras de aco, regras deorganizao e capacidades motoras (Figura II-6). Regras de acoRegras de gesto eorganizao do jogo Organizao colectiva e individual CapacidadesmotorasFigura II-6- Contedos do Conhecimento em Desportos Colectivos. (Malglaive, 1990 ; Grhaigne & Godbout, 1995)As regras de aco so orientaes bsicas acerca do conhecimento tctico dojogo, que definem as condies a respeitar e os elementos a ter em conta paraque a aco seja eficaz (Grhaigne & Guillon, 1991). As regras de organizaodo jogo, esto relacionadas com a lgica da actividade, nomeadamente com adimenso da rea de jogo, com a repartio dos jogadores no terreno, com adistribuio de papis e alguns preceitos simples de organizao que podempermitir a elaborao de estratgias. As capacidades motoras, englobam aactividade perceptiva e decisional do jogador, bem como os aspectos daexecuo motora propriamente dita.A evoluo do Futebol ter necessariamente de apostar, de forma inequvoca,no entendimento e no ensino do jogo (Garganta & Pinto 1998), estando ostreinadores obrigados, em todos os nveis de ensino e treino do jogo, aprocurar formas e mtodos que promovam jogadores que pensem e raciocinemem cada uma das aces em que intervm (Greco, 1988). necessrio que ojogador compreenda a lgica interna do jogo, os princpios gerais e especficosANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL17 32. Reviso da Literaturaque regem o seu comportamento, e seja capaz de os aplicar de formainteligente, depois de uma anlise prvia da situao de jogo (Crdenas, 2000).2.1.4 REFERNCIAS FUNDAMENTAIS PARA O ENSINO DO FUTEBOLActualmente, a perspectiva de ensino e treino mais emergente aquela que apartir de uma anlise do jogo e da sua estrutura, apresenta o ensino e treino deuma forma mais global, com uma dimenso mais complexa e mais prxima darealidade do jogo. Esta viso emergiu no sentido de superar a tendnciadominante de corte analtico, mecanicista e tcnico, apoiando-se na psicologiacognitiva e nos modelos de execuo (Garganta, 1994)Esta concepo de treino integral tem como ponto de partida o Futebolenquanto jogo, no qual os problemas fundamentais dos jogadores so, por umlado a adaptao das suas condutas em relao de oposio (jogar contraadversrios), e por outro a adaptao das suas condutas relao decolaborao (jogar com os companheiros) (Mombaerts, 1998). 2.1.4.1 CONDICIONANTES ESTRUTURAIS E FUNCIONAISSe compararmos o Futebol, no plano estrutural, com outros denominadosgrandes jogos desportivos colectivos (Andebol, Basquetebol e Voleibol),constatamos algumas diferenas extensivas ao plano funcional, que nospermitem retirar ilaes importantes para a orientao do processo deensino/treino deste jogo (Garganta & Pinto, 1998): 2.1.4.2 DIMENSO DO TERRENO DE JOGO E NMERO DE JOGADORESQuanto maior for o espao de jogo mais elevado ter de ser a capacidade parao cobrir, mental e fisicamente. Deste modo, uma educao mental sistemticatorna o jogador capaz de utilizar, de uma forma inteligente o conhecimentoadquirido, atravs das suas caractersticas psicomotoras (Mahlo, 1980).Sabe-se que um campo de Futebol de onze um espao muito grande,correspondendo aproximadamente superfcie de 10 campos de Andebol, 20campos de Basquetebol e 50 campos de Voleibol (Bauer & Ueberle, 1988 cit.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL18 33. Reviso da LiteraturaGarganta & Pinto, 1998). Para alm disso, o nmero de jogadores a referenciarnum jogo, condiciona a complexidade inerente percepo das situaes(leitura do jogo).O desenvolvimento da progressiva extenso do campo perceptivo (da visocentrada na bola, viso centrada no jogo) um dos aspectos maisimportantes a que se deve atender na formao, na medida em que o jogo deFutebol reclama uma atitude tctica permanente.A capacidade de raciocinar tacticamente, mediante as variadas e imprevistassituaes-problema a que o jogo submete os atletas, tem de ser desenvolvidano treino, isto , aumentar e consolidar a capacidade de controlo cinestsicosobre a execuo do movimento quando em posse de bola, capacitando-ospara utilizarem a viso para as funes de leitura do jogo (jogar de cabealevantada). Para que tal possa ocorrer Guterman (1996) refere que, sernecessrio a construo de noes de jogo segundo processos altamenteparticipativos, uma vez que, jogar nas condies regulamentares dacompetio formal, leva a que essa participao possa vir a ser bastantereduzida.Esta uma das muitas razes pelas quais se torna aconselhvel que, nasfases iniciais quando o praticante tem dificuldade em controlar a bola, o jogoseja aprendido num espao mais reduzido e com um menor nmero dejogadores (5 ou 7 jogadores, por exemplo), tornando os exerccios maisadaptados s reais dificuldades do jogador, podendo o assim aumentar aaprendizagem do mesmo (Queiroz, 1986).2.1.4.3 DURAO DO JOGOO jogador de Futebol deve estar capacitado para responder eficazmente ssituaes, agindo duma forma rpida e coordenada e repetindo essas acesao longo do jogo.De notar, por exemplo, que, para equipas seniores, do tempo estabelecido parauma partida de Futebol de onze (90 minutos), o tempo de jogo efectivo deANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL19 34. Reviso da Literaturaapenas 50 minutos. Durante este tempo, cada equipa poder estar na posse dabola, em mdia, 25 minutos e cada jogador entre 30 segundos (defesascentrais) e um mximo de 3 minutos (para os condutores de jogo). Durantetodo o restante tempo os jogadores seleccionam informaes, analisam-nas etomam decises (Bauer & Ueberle, 1988 cit. por Garganta & Pinto, 1998);Grhaigne, 1992).A aprendizagem adequada destes aspectos passa pela utilizao de tcnicas ede procedimentos de ensino que provoquem um confronto do aluno comproblemas, para os quais ele vai procurar soluo. Esta metodologia procuraenfrentar o jogador com situaes prticas, nas quais a lgica do movimentoseja entendida de uma forma progressiva, para que quando lhe sejaapresentado o problema, na sua globalidade, tenha possibilidades de o superarcom xito (Mombaerts, 1998; Cerezo, 2001).O ensino do Futebol visa a formao de jogadores inteligentes, tornando-oscapazes de actuar e tomar decises em funo da leitura das diferentessituaes que o jogo lhes oferece (Mangas, 1999). Deste modo o pensamentotctico um pressuposto a desenvolver desde a aprendizagem do jogo (Thorpe& Bunker, 1982).Esta constatao implica que seja estabelecida uma relao entre a tcnica e atctica em favor desta e que se atribua uma grande importncia ao jogo sembola. Esta necessidade evidente quando se verifica a existncia de jogadoresque nos testes tcnicos obtm a mxima pontuao, onde a sua capacidade dedrible perante um obstculo imvel, os seus malabarismos, as suas fintas sotecnicamente perfeitas, mas perante a aplicao no terreno de jogo no tem amesma eficcia, quando faz um drible bem, mas fora de tempo, quando remataatravs de uma execuo correcta, mas na direco do guarda-redes (FraduaUriondo, 1997).ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL20 35. Reviso da Literatura2.1.4.4 CONTROLO DA BOLAO Futebol, o Andebol e o Basquetebol, so jogos de territrio comum eparticipao simultnea, em que existe luta directa pela posse da bola. Noentanto, as possibilidades de assegurar o controlo da bola so teoricamentemaiores para os jogadores de Andebol e de Basquetebol do que para ospraticantes de Futebol. A utilizao das mos (no Andebol e no Basquetebol)permite agarrar a bola e assim melhor a proteger e controlar, bem como dar-lhea direco desejada.A aprendizagem do jogo de Futebol implica a construo da mestria da relaocom a bola, em funo das exigncias tcticas do jogo. A limitao especficadesta aprendizagem passa pela necessidade do praticante de Futebol ter quejogar a bola quase exclusivamente com os membros inferiores, estando estessimultaneamente implicados no equilbrio do corpo e nos deslocamentos.Acresce o facto do jogo se desenvolver, predominantemente, num plano baixo,o que concorre para dificultar a disponibilizao da viso para efectuar a"leitura do jogo".Ler o jogo seguramente uma tarefa difcil de conseguir com pleno sucessopela quantidade e complexidade dos factores a que est sujeito. no entantouma tarefa de extrema importncia para o jogador e determinante para osucesso das competncias que lhe esto atribudas. (Martins, 1999).Neste contexto, quando um jogador erra frequentemente determinada respostamotora, torna-se importante identificar se tal decorre duma leitura deficiente dasituao (mecanismo perceptivo e de deciso mental), ou se deriva da suaineficincia tcnica ou fsica para responder a tal situao. 2.1.4.5 FREQUNCIA DE CONCRETIZAOEm equipas de jogadores de elite, em mdia, no Andebol consegue-se um goloem cada dois minutos; nos jogos de Basquetebol e de Voleibol consegue-seconcretizar pontos em cada minuto. A relao entre as aces de ataque exitos quantificveis aproximadamente nestas modalidades de 2 para 1,ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL21 36. Reviso da Literaturaenquanto que no Futebol apenas de 50 para 1. Isto permite que, noraramente no Futebol, equipas de nvel inferior possam conseguir bonsresultados frente a equipas de elevado nvel, o que dificilmente acontecenoutros desportos de equipa.Estas constataes no devem conduzir a uma diminuio da importnciaatribuda finalizao no ensino/treino do Futebol. Bem pelo contrrio, dever-se- propiciar a criao de um grande e variado nmero de ocasies definalizao, quando no o praticante perde de vista o objectivo central do jogo(o golo) e centra a sua actuao ao nvel do jogo de transio, provocando umdesequilbrio entre jogo indirecto e jogo directo. 2.1.4.6 COLOCAO DE ALVOSNo Futebol, tal como no Andebol, e duma forma diversa do que acontece noBasquetebol e no Voleibol, a colocao dos alvos (balizas) na vertical, faz"variar" a sua largura aparente, em funo da posio (ngulo) em que esto aser visualizadas pelo jogador (Grhaigne, 1992). Esta indicao reveste-se degrande importncia na construo do pensamento tctico do principiante, namedida em que permite interiorizar as noes de conquista/defesa do eixo doterreno, de jogo directo e indirecto, e de abertura/fecho de ngulos de remate.2.2 TREINO COM CRIANAS E JOVENSSobre o treino com crianas e jovens e sua participao desportiva, muito setem escrito em vrios artigos e muito se tem dito em conferncias sobre otema. A polmica entre os especialistas na matria existe e subsiste,envolvendo sobretudo, as consequncias para a sade criando controvrsiasobre a participao de crianas e jovens no desporto de rendimento (Marquese Oliveira, 2002). Polmica que levanta reflexes, essencialmente sobre, quaisdevero ser as configuraes e contornos da actividade de treino e competioem crianas e jovens, elevando a problemtica, ao motivar divergnciasconcernentes s melhores estratgias de actuao (Marques e Oliveira, 2002).Esta problemtica que se levanta, que desenvolve teorias implicandoconvergncias e divergncias entre os especialistas, no um problema ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL22 37. Reviso da Literaturacincia. O verdadeiro problema reside no facto da teoria e pratica, na maioriados casos, ainda estarem extremamente distantes para o que seria desejvel.Isto , tudo que se escreve e se diz sobre o tema , por vezes ou quasesempre, to depressa aplaudido e louvado, como esquecido por aqueles quedeveriam por toda a teoria em prtica.Os problemas surgem quando, o treino e a participao competitiva de crianase jovens tende a reproduzir e a adaptar os conhecimentos e formas deorganizao do desporto de alto rendimento (com algumas adaptaesindispensveis) (Marques, 1997); (Proena, 1998). Quando a valorizao ereconhecimento social dos mais jovens, atravs dos resultados competitivos, tanto maior quanto menores so as hipteses de xito do clube, nascompeties seniores (Proena, 1998). Quando para muitos treinadores,dirigentes e pais, a vitria nas competies continua a ser o objectivo principal,onde a procura do rendimento imediato impe estratgias de treino queproduzem resultados a curto prazo, mas comprometem os resultados futuros efrustram as expectativas de crianas e jovens, subvertendo toda a lgica daformao (Marques, 1997).Estes erros esto associados na maioria dos casos especializao precoce eao abandono prematuro da prtica desportiva. Erros cometidos em nome deinteresses inconfessados, por falta de preparao pedaggica e cientfica,jamais podero ser tolerados nos dias de hoje, pois os conhecimentoscientficos sobre a optimizao dos pressupostos do rendimento e sobre odesenvolvimento do indivduo nas fases evolutivas mostram claramente quenada se justifica para tal. A no ser a ignorncia ou interesses reprovveis(Marques, 1991). Por tal no se peam vitrias aos treinadores dos maisjovens. No desporto, como em tudo, o tempo de formao de preparao(Marques & Oliveira, 2002 pp65).Marques (1997); Marques, (1991) sustenta que a preparao desportiva decrianas e jovens no pode estar subordinada a interesses pessoais,cientficos, materiais e financeiros, ou a outros interesses, que, valorizandoexclusivamente o rendimento, podero tornar a criana num instrumento deANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL23 38. Reviso da Literaturapreocupaes que, para alm de serem gravosas para os mesmos poderohipotecar o seu futuro desportivo.Marques, (1991) refere que a preparao desportiva poder ser umpressuposto fundamental para o desenvolvimento harmonioso da criana etambm para a criao de condies para a optimizao do rendimentodesportivo, desde que:- Se realize em articulao com a escola;- Seja enquadrada pelos melhores professores de desporto ou tcnicosdesportivos;- Tenha como referncia axial a sade fsica e mental da criana, orespeito pela sua individualidade biolgica, e a observncia dasparticularidades de cada especialidade desportiva.O treino e a competio devem situar-se num quadro estrito de respeito pelaeducao, formao e defesa dos interesses dos jovens atletas (Marques,1999)2.2.1 O TREINADOR DE CRIANAS E JOVENSTreinar crianas e jovens tudo menos uma tarefa fcil, pois trata-se de umprocesso complexo de gerir, o que exige treinadores bem preparados. No setrata apenas de utilizar metodologias de treino que se coadunem comexperincias vividas como atletas ou plagiar o treino dos seniores. O processode formao que se prolonga por vrios anos, para que tenha um requerimentoeficaz das mais valias pedaggicas, de extrema importncia para odesenvolvimento dos jovens e do desporto, requer e exige no apenastreinadores qualificados no plano tcnico cientfico, como treinadores comuma particular sensibilidade para as questes pedaggicas (Marques, 2002).Marques, (2002) sustenta que para se ser treinador de crianas e jovensexistem trs condies essenciais:ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL24 39. Reviso da Literatura-Gostar do desporto em questo;-Gostar de trabalhar com crianas e jovens;-Estar preparado para um trabalho exigente, demorado e cujos resultados no so visveis e vo aproveitar a terceiros. Lee, (1999) refere que, compete ao treinador:-Ensinar as tcnicas e organizar sesses de treino de acordo com o nvel de cada atleta;-Proporcionar bastante tempo de prtica;-Definir objectivos individuais para cada jovem;-Corrigir os erros e explicar de forma clara a forma de os ultrapassar;-Apreciar as crianas pelo modo como evoluem e no por comparao com os outros.O treinador dever proporcionar aos seus atletas uma formao completa, oque significa que o mesmo tem, para alm de tarefas desportivas estritas,responsabilidades pedaggicas pelo presente e futuro das crianas que lhesso confiadas. Tal exige conhecimentos sobre o desenvolvimento motor,biolgico, psquico e social das crianas e jovens, mas tambm capacidade deintegrao desses conhecimentos nas propostas da prtica. Assim sendo aformao desportiva exige tcnicos qualificados (Marques, 1991;Marques,1999).O treinador ter de ter em mente que, os grandes resultados desportivosdificilmente iro surgir merc de um trabalho a curto prazo, que a preparaodos atletas um processo longo, demorado e complexo, sendo necessriocontemplar diferentes etapas, subordinadas aos grandes objectivos do treino eda preparao desportiva (Marques, 1985). Somente assim podero surgircampees, na vida e no desporto.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL25 40. Reviso da Literatura2.2.2 ETAPAS DE PREPARAOA preparao de um atleta para que mais tarde possa vir a ter expectativas derendimento elevado, um processo a longo prazo. Um processo quecontempla vrias etapas, das quais umas esto directamente relacionadas como rendimento e as restantes com ele indirectamente relacionadas, sendocausa ou consequncia do mesmo (Marques, 1985).Etapas essas que devero subsistir e se subdividir, no apenas por merosaspectos organizativos mas sim por aspectos profundamente ligados scincias biolgicas, mdicas, humanas, sociais... que se coadunem com asetapas do desenvolvimento ontognico do ser humano ao mesmo tempo quesubordinam e integram os grandes objectivos do treino e da preparaodesportiva (Marques, 1985).O autor subdivide as etapas de preparao de um atleta em: (Quadro II-1) -Etapa de preparao preliminar; -Etapa de especializao inicial ou de base; -Etapa de especializao aprofundada; -Etapa de performances maximais; -Etapa de manuteno das performances; -Etapa de manuteno do nvel geral de treino.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL26 41. Reviso da LiteraturaQuadro II-1 Grandes objectivos do treino e da preparao desportiva. (adap. de Marques, 1985)RefernciasOrientaes metodolgicasEtapasObjectivosSuas justificaes provveis dominantes Rpida maturao do sistema nervoso: Dominncia de uma formaoCriao dosdesenvolvimento da geral-muitipla e diversificada.fundamentos da rede sinptica e De preparao7/8 aos 11/12Desenvolvimento dasprestao desportiva.mielinizao. preliminar anoscapacidades desportivas gerais.Optimizao dos pr- Evoluo mais lenta Incidncia de trabalho em requisitos motoresdas outras estruturasvolume.biolgicas. Perodo Pr-Seleco inicial e inicio da pubertrio eespecializao.pubertrio. Rpido Desenvolvimento das Desenvolvimento e desenvolvimento de capacidades motoras gerais.aperfeioamento dos certas estruturas (Prtica de uma 2 modalidade. De fundamentos damorfolgicas Desenvolvimento gradual das especializao 11/12 aos 14prestao. Introduosseas) capacidades motorasinicial ou de anos de elementos que acompanhada deespecficas. Predominnciabasecondicionam de uma forma maisainda do treino geral e em forma directa o lenta das estruturas volume. Inicio da participaorendimento. orgnicas em competies (11/13anos).(metabolismoCompeties simplificadas, anaerbio) e nmero reduzido, espaadas.muscular. Seleco intermdia.Desenvolvimento sistemtico e Aprofundamento ecom cargas progressivas Progressivadireccionamento (volume e intensidade) das maturao e mais especfico dacapacidades motoras consolidao de preparao nodeterminante do rendimento de todas as estruturas De15 aos 18sentido douma forma directa. Maior (com particular especializaoanosdesenvolvimento incidncia do treino especfico, incidncia asaprofundada acelerado dosindividualizao progressiva doorgnicas efactores treino e das competies. musculares)determinantes do Aumento da participao em relacionadas comorendimento. competies considervel.rendimento.Primeiras competies internacionais (na fase final).Martin et al. (2001), refere-se ao processo de treino a longo prazo subjugando-o a trs etapas, que constituem trs nveis de treino:-Formao geral bsica;ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL27 42. Reviso da Literatura- Treino de jovens: Treino dos fundamentos; Treino de consolidao; Treino de integrao.- Treino de alto rendimento.O autor divide a formao desportiva em duas fases ou etapas fundamentais, aprimeira, formao geral, tem como objectivos melhorar de uma formadiversificada o estado geral de rendimento desportivo e despertar um interesseestvel pela a actividade desportiva (mediante o conhecimento mais preciso deuma modalidade) atravs de uma participao desportiva variada. A segunda,treino com jovens, tem como principais objectivos, a melhoria a longo prazo doestado de rendimento prprio de uma modalidade, at atingir o nvel ideal paraque possa vir a integrar futuramente o treino de alto rendimento, estabilizar osnveis de motivao dos atletas para a obteno de um bom rendimento namodalidade e participar eficazmente em competies dentro da categoriacorrespondente a idade dos mesmos. Martin et al (2001) estabelece comoobjectivos directores para cada seco de treino de jovens:1- Treino de fundamentos:- Alcanar um bom estado de rendimento geral multilateral;- Desenvolver capacidades bsicas prprias da modalidade e aprender astcnicas motrizes fundamentais da mesma;- Conhecer e experimentar diversos mtodos de treino especficos damodalidade;- Participar com xito em campeonatos nacionais.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL28 43. Reviso da Literatura-1- Treino de consolidao:- Elevar o estado de rendimento prprio da modalidade;- Dominar tcnicas importantes da modalidade;- Conhecer mtodos de treino especficos da modalidade,- Estabilizar a motivao para o rendimento dentro da modalidade;- Participar com xito em campeonatos nacionais.2- Treino de integrao- Elevar novamente o estado de rendimento fsico prprio da modalidade;- Dominar com virtuosidade o repertrio tcnico especfico da modalidade;- Tolerar as cargas de treino necessrias aos distintos ciclos de treino;- Participar com xito em campeonatos nacionais e internacionais dascategorias de idades superiores, dentro do escalo jovem.Do treinador de crianas e jovens exigido conhecimento cientfico sobre odesenvolvimento das mesmas, baseando-se em conhecimentos que derivamdas cincias biolgicas, mdicas, humanas, sociais etc., conhecimentos sobreo desenvolvimento ontognico do ser humano e um profundo conhecimentosobre a modalidade. S assim o treinador poder responder as questes como:Quando, como e porqu o desenvolvimento de determinadas capacidades econtedos? Que estratgiasseromais apropriadaspara taisdesenvolvimentos? etc.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL29 44. Reviso da Literatura 2.2.3 FASE SENSVEIS DE TREINABILIDADEMartin, (1999) define fases sensveis de treino como perodos limitados detempo na vida dos indivduos, em que eles respondem de forma mais intensado que noutros perodos, a determinados estmulos do ambiente exterior.O autor em questo, prope um modelo de fases sensveis de treinabilidadedurante a infncia e a juventude (Quadro II-2), baseando-se na observao daprtica do treino e nos resultados de investigaes nas cincias do desporto.Quadro II-2 Modelo das fases sensveis de treinabilidade durante a infncia e a juventude (adap. de Martin, 1999).Crianas JovensCapacidades6/7-9/1010/12-12/1313/14-14/15 14/15-16/18Aprendizagem das tcnicas da*******__modalidade Reaco****___Ritmo **** ****__ Equilbrio **** ****__Orientao*** _ ******* Diferenciao**** ****__Velocidade**** ****__Fora Mxima __ **** **** Fora Veloz*******__ Resistncia Aerbia************Resistncia Anaerbia_*********Martin (1999) refere que o momento ideal para a aprendizagem das tcnicastem a sua primeira fase sensvel entre os 8/9 anos, considerando esta a melhorfase para o efeito, a segunda fase sensvel ocorre durante a adolescncia12/13 anos, pois ocorre uma associao entre a tcnica e a fora onde poderocorrer uma melhoria da performance mecnica dos movimentos.O autor sugere os 7 anos e os 9 /10 anos, como os melhores para odesenvolvimento das capacidades coordenativas.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 30 45. Reviso da LiteraturaTodas as formas de expresso da velocidade, tm a sua fase sensvel durantea infncia, particularmente entre os 6/7 anos e os 9/10 anos (Martin, 1999). Oautor refere que, no treino de crianas, a orientao de base dever serprioritariamente para a aprendizagem e treino das diferentes manifestaes davelocidadeMartin, (1999) considera a puberdade uma fase sensvel, extremamenteimportante para o treino da fora mxima e da fora resistente, devido aoaumento destas capacidades neste perodo. J a fora veloz tem a sua fasesensvel entre 8/9 anos de idade.A resistncia aerbia treinvel em todos os perodos, no se podendo, nestecaso falar de fases sensveis de treino (Martin, 1999)J a resistncia anaerbia o autor salienta que esta capacidade se encontraem constante transformao, sendo que o seu aumento se d com amaturidade dos pr-requisitos enzimticos.2.3 EXIGNCIAS FSICAS E FISIOLGICAS DO JOGO DE FUTEBOLO Futebol caracteriza-se por ser um desporto que requer a execuo deaces motoras de forma intermitente, com e sem bola, que variamaleatoriamente de jogo para jogo, pois so determinadas pelas particularidadesde movimentao tctica exigidas em cada competio impondo aospraticantes uma elevada intensidade de esforo (Bangsbo, 1993).Soares (1998) refere que, as exigncias do futebol podem ser classificadas emtermos de capacidades tcnicas, tcticas, psicolgicas e fsicas. O autorsalienta que no entanto todos estes factores esto interligados, sendo de fcilconstatao o facto de um jogador mal preparado fisicamente estar maissusceptvel a erros de ordem tcnica, por fadiga perifrica, e de ordem tctica,como provvel origem na fadiga central. Da a necessidade de se conhecercom exactido as exigncias fsicas impostas pela competio. Pois segundo omesmo autor, s a partir do conhecimento do esforo especfico dos jogadores,ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL31 46. Reviso da Literaturano plano tctico e estratgico da equipa, se podem programar treinoscorrespondentes s suas necessidades.As exigncias energticas funcionais do jogo de Futebol, tm vindo a seravaliadas, a partir da actividade desenvolvida pelos jogadores durante acompetio (Garganta, 1999).Os investigadores na tentativa de configurar o perfil energtico funcional dojogo de Futebol, nas vrias solicitaes que este impe aos jogadores, tmtraado vrios caminhos, Garganta (1999) refere que de acordo com aliteratura os mais explorados so:- A caracterizao de indicadores externos: distncias percorridas,durao, frequncia, tipo de intensidade dos deslocamentos produzidos,repartio dos esforos e pausas;-A caracterizao de indicadores internos: frequncia cardaca, lactatosanguneo e consumo mximo de oxignio.Atravs de vrios estudos realizados nesta matria foi se chegando a algunsvalores de referncia, que se podero revelar de extrema utilidade para aestruturao do treino em Futebol.Segundo Garganta (1999), um jogador de Futebol percorre em mdia, entre 7 a12 km por jogo. Sendo que os jogadores em mdia realizam corridas a umaintensidade sub mximal em distncias entre 5 a 15 metros (Rebelo, 1993).Ekblom (1986) sugere que a maior diferena entre equipas de nveis distintosno a distncia que os jogadores percorrem, mas a percentagem que ofazem a grande intensidade.Estes so alguns indicadores externos que os especialistas conseguiramencontrar nos seus estudos. Quanto aos indicadores internos tambm se foramrealizando alguns estudos onde se chegaram a concluses importantes.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL32 47. Reviso da LiteraturaAo longo do jogo de Futebol, a frequncia cardaca situa-se volta de 85% dafrequncia cardaca mxima (Bruyn-Prevost e Thilens, 1983 cit. Garganta,1999; Ekblom, 1986), registando-se valores que podero variar entre 160 bpme 180 btm (Bruyn-Prevost e Thilens, 1983 cit. Garganta, 1999).Segundo Ekblom (1986) a intensidade mdia de uma partida de futebolcorresponde a 75-80% do Vo2 max (consumo mximo de oxignio), estesvalores indicam que o metabolismo aerbio no jogo de Futebol, maisimportante do que o metabolismo anaerbio (Marchal, 1996).A concentrao de lactato sanguneo segundo Bangsbo (1993), apresentavalores variveis de jogador para jogador, encontrando-se no entanto umaconcentrao mdia de 4 a 7 mmol/l, no entanto em diferentes fases do jogo,mediante a intensidade do mesmo, podero vir a encontrar-se concentraesde 11 a 15 mmol/l. 2.3.1 IMPORTNCIA DO TREINO AERBIO EM FUTEBOLGrant e Mc Milan (2001), justificam a importncia de uma adequadapreparao aerbia nos jogadores de futebol, pela elevada durao do jogo,exigindo que os mesmos percorram 8 a 14 Km, a uma intensidade mdia decerca de 75% do seu Vo2 mximo. Tendo o sistema aerbio uma contribuio,de cerca de 90 % do total de energia requerida no jogo.Segundo Bangsbo (1996), o treino aerbio permite o aumento do Vo2 mx., oque possibilita ao futebolista, realizar exerccios de alta intensidade, duranteum perodo mais prolongado de tempo, permitindo um elevado consumo deoxignio durante o jogo.O treino aerbio permite o aumento da utilizao de gorduras, poupando asreservas de glicognio, de extrema importncia para os esforos intensos,promovendo assim o atraso da fadiga (Reylly, 1990; Soares e Rebelo, 1993).Bangsbo (1994, 1996, 1999) refere como objectivos gerais do treino aerbio, oaumento da capacidade do jogador manter um ritmo de trabalho elevadoANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL33 48. Reviso da Literaturadurante o decorrer do jogo, e a minimizao do decrscimo tcnico e dasfalhas de concentrao, provocadas pela fadiga no final do jogo.O autor define, os seguintes objectivos especficos do treino aerbio emFutebol:- Melhorar a capacidade do sistema cardiovascular no transporte de O2,de modo que uma maior percentagem de energia necessria para oexerccio intenso possa ser fornecida de modo aerbio, permitindo aofutebolista realizar exerccios intensos durante mais tempo;- Melhorar a capacidade dos msculos utilizarem O2 e assim oxidarem asgorduras durante perodos de exerccios prolongados, poupando destaforma as reservas de glicognio muscular, permitindo a realizao deexerccios intensos durante o jogo;- Aumentar a capacidade de recuperao aps um exerccio de altaintensidade, diminuindo o tempo de recuperao do jogador para arealizao de um novo esforo.O autor divide o treino aerbio em trs categorias:- Treino de recuperao: envolve a realizao de actividades ligeiras,como corrida lenta ou jogos de baixa intensidade, situaes quepermitam que o jogador recupere rapidamente, sendo adequado utilizareste tipo de exerccios no dia seguinte ao jogo, aps treinosdesgastantes, ou perodos em que tenha muitas sesses de treino ejogos frequentes, sendo esta a forma de se evitar situaes desobretreino;-Treino aerbio de baixa intensidade: visa o aumento da capilarizao edo potencial oxidativo do msculo, intervindo desta forma mais a nvelperifrico (Bangsbo, 1996). A consequente utilizao de substratos levaao aumento da resistncia aerbia, permitindo desta forma ao futebolistarealizar os esforos durante mais tempo (Bangsbo, 1994; Bangsbo,ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL34 49. Reviso da Literatura1996), permitindo ainda que o jogador recupere com mais facilidade aexerccios de alta intensidade (Bangsbo, 1994);- Treino aerbio de alta intensidade: tambm designado por treino dapotncia aerbia, visa a melhoria dos factores centrais, estandoestritamente relacionado com o aumento do VO2 mx (Bangsbo, 1996).Este tipo de exerccios contribuem para o aumento da capacidade doFutebolista realizar exerccios de alta intensidade durante perodos detempo prolongados (Bangsbo, 1994; Bangsbo, 1996).Bangsbo (1994;1996; 1999) considera que o treino aerbio dever serrealizado fundamentalmente com bola. Para que este tipo de treino tenha umefeito benfico na capacidade de trabalho aerbio de um jogador, numaactividade que dever ter a durao de 15 a 90 minutos. 2.3.2 IMPORTNCIA DO TREINO AENAERBIO EM FUTEBOLO treino anaerbio origina o aumento da actividade da creatina qunase e dasenzimas glicolticas, aumentando a taxa de produo de energia pela viaanaerbia (Bangsbo, 1996). Melhorando a sincronizao entre o sistemanervoso e os msculos, e aumenta a capacidade de produo e remoo delactato (Bangsbo, 1994).Bangsbo (1994, 1996, 1999) refere, como objectivo geral do treino anaerbio,desenvolver a capacidade de realizar repetidamente exerccio de altaintensidade, considerando, como objectivos especficos:- Melhorar a capacidade de produzir potncia rapidamente, de modo amelhorar o rendimento das actividades intensas do jogo;- Melhora a capacidade de produzir energia continuamente atravs da viaanaerbia, permitindo ao futebolista realizar exerccios de altaintensidade durante longos perodos de tempo;- Melhorar a capacidade de recuperar aps um perodo de exercciointenso.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL35 50. Reviso da LiteraturaO autor, divide o treino anaerbio, em treino de velocidade e treino deresistncia de velocidade. Sendo o treino de velocidade fundamental para oatleta se impor s frequentes aces intensas e de curta durao do jogo,estando desta forma a solicitar o metabolismo anaerbio alctico de altaintensidade, o treino de resistncia de velocidade, permite dar melhor respostanos perodos mais longos de alta intensidade, sendo a energia necessriaproduzida principalmente pelo sistema anaerbio lctico.O treino anaerbio deve ser realizado de modo intervalado, devido elevadaintensidade dos exerccios (Bangsbo 1994; 1996; 1999).O autor salienta, a importncia de se treinar as categorias da resistnciaanaerbia, da forma mais aproximada possvel da realidade do jogo, isto maioritariamente realizado atravs de exerccios com bola.2.4 ESTRUTURA DO TREINO PARA CRIANAS E JOVENSO processo de formao composto por um conjunto de etapas/estdios nasquais o atleta poder assimilar, desenvolver e consolidar diversas capacidades(fsicas, tcnicas, tcticas e psicolgicas). Estas componentes ou factores detreino, adquirem uma determinada estrutura (substncia e mtodo) e dinmica(temporalidade) durante todo o processo de treino. Os treinadores daformao, devero confrontar-se no incio de cada poca desportiva, com umconjunto de questes centrais (O qu? Como? Quando?). Responder a estasquestes dever ser o objectivo de cada treinador de formao, modelandoassim as suas intervenes no treino s reais necessidades dos seus atletas,contribuindo para um desenvolvimento e preparao desportiva adequada parauma formao harmoniosa dos seus discpulos (Pinto et al., 2003). Os autoresantecedentes sabem que, nem sempre na prtica isto se verifica, afirmandoque frequentemente, a interveno do treinador no treino dos mais jovens no sustentada por um planeamento de base cuidado, mas sim por um conjuntode pretenses empricas decorrentes de um dfice da base conceptual, talfacto compromete a formao das crianas e jovens envolvidas no processo.ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL36 51. Reviso da LiteraturaSo vrios os artigos cientficos que alertam sobre a importncia da qualidadee eficincia do treino com crianas e jovens. No entanto, continua a saber-semuito pouco acerca de qual dever ser a estruturao e organizao do treinoem crianas e jovens (Marques, 1989; Marques, 1991; Marques, 1993;Marques, Marques 1999; Marques e col., 2000). Este facto deve-se em muito, abstinncia e a inadequada utilizao das bases tericas na estruturao eorganizao do treino por parte dos treinadores (Marques 1999; Marques ecol., 2000). importante salientar que o treino de criana e jovens, pouco conhecido anvel metodolgico, porque os documentos de registro, se existem, na suamaioria so de difcil anlise (Marques e col., 2000), o que dificulta em muito otrabalho dos investigadores. Contudo, realizaram-se alguns estudos cientficosno nosso pas em desportos colectivos (Marques e col. (2000); Pinto e col.(2001); Pinto e col. (2003); Santos (2001); Furriel (2002) que procuramresponder a questes que tm sido o foco de discusso entre os especialistas(Marques e col., 2000). Discusses essas, que se centram em torno deproblemas como, qual dever ser a estrutura e dinmica da carga, quais osmeios, mtodos e contedos de treino mais apropriados para o longo processode formao dos atletas. Procurando atravs da anlise dos dossiers,comparar os modelos de treino propostos pelos especialistas para as idadesem questo, referenciados na literatura da especialidade, com o que narealidade se faz durante um plano anual de treinos. Desejando desta forma queo conhecimento sobre a estrutura do treino em crianas e jovens se torne umarealidade (Marques e col., 2000).2.4.1 MEIOS DE TREINO, PREPARAO GERAL VS. PREPARAO ESPECFICAOs meios de treino revelaram-se ao longo do tempo, um tema bastanteinteressante, mas tambm extremamente controverso entre os principaisespecialistas da rea do treino. Facto que se deve s diferentes posiesdefendidas pelos mesmos quanto importncia que se dever dar no treino,aos meios de treino gerais e especficos. (Marques, 1989; Marques, 1990;Marques, 1991; Marques e col., 2000). Surgiram desta forma duas teoriasANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL37 52. Reviso da Literaturacontraditrias, por um lado uma que defendia a necessidade de no sedescontextualizar o treino dos mais jovens de problemas relevantes dacompetio. Os defensores desta teoria argumentavam que as possibilidadesdo organismo eram limitadas, sendo sustentada e recomendada uma rpidaespecializao. Contrapondo a teoria anterior, desenvolvia-se a teoria daformao multilateral, com o principio director do treino, no estdio de treino debase, regia-se pedagogicamente pela directiva de que o treino deveria incluirformas de actividade diversificadas, pois a formao desportiva multilateral eraconsiderada determinante para o processo de desenvolvimento e maturaodos jovens atletas, o que no iria suceder com um treino estritamenteespecializado (Marques, 1999).Embora exista uma certa contraposio no que concerne importncia que sedever dar aos meios de treino de preparao geral e especficos, a maioriados autores defendem a tese de que, no incio da preparao desportiva sedever dar uma maior importncia aos meios de treino de preparao geral doque aos meios de preparao especial. Importncia, que dever diminuir com oaumento da idade e da especializao desportiva, por tal, a preparao geraldever ser tanto mais elevada quanto mais prximo se estiver da fase inicial depreparao desportiva, essa importncia tender a diminuir de uma forma maislenta medida que o processo se aproxima da sua fase terminal (Marques,1989; Marques e col., 2000).Quadro II-3: Preparao Geral e Preparao Especial nas etapas de Preparao Desportiva em Futebol, Tschiene, inProdente (1983). Adaptado de Marques, (1989). Meio de Preparao8-10 anos10-12 anos Incio Idade RendimentoPrep. Geral (%) 353025Prep. Especial (%)657075Quadro II-4: Preparao Geral e Preparao Especial nas etapas de Preparao Desportiva. Futebol, Stiehler et al.(1988). Adaptado de Marques, (1989). Etapas de Preparao Idades (anos)P. Geral (%) P. Especial (%)Treino de Base10-14 50-3050-70 Treino de Construo 15-183961Treino Evoludo 18-201585ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL38 53. Reviso da LiteraturaTorna-se inequvoca a importncia da preparao geral no treino de crianas ejovens, essencialmente no incio da formao desportiva onde se deverprocurar que atravs do treino, os praticantes adquiram os requisitosnecessrios para que possam ter xito nas restantes etapas de formaodesportiva. Marques e Oliveira (2001) sustentam que anterior aquisio detoda a estrutura complexa dos gestos e das aces desportivas dever estaruma cultura motora no especializada, constituda por um repertrio de gestosmotores e comportamentos motores que se caracterizam por serem maissimples, sem o qual no se evoluir de forma eficiente e estvel, noaprofundamento do rendimento desportivo. Trata-se do reconhecimento porparte dos especialistas que a forma desportiva no se faz na dependnciaestrita, sistemtica e exclusiva dos fundamentos da cultura da futura actividadeespecializada. Aceitam-se como vlidos os princpios da especializaocrescente, onde modelos mais avanados do desporto devero funcionar comoelementos estruturantes da formao dos jovens desportistas.As duas teorias extremistas, rpida especializao e formao multilateral,cremos que deram origem a uma posio mais equilibrada e mais adaptada aoprocesso de formao desportiva dos mais jovens, pois sustenta umaorientao no sentido de um esforo da unidade entre o treino geral e o treinoespecial, sendo esta orientao condicionada por uma maior especializao dotreino multilateral. Revelando-se no ser recomendvel, no incio daespecializao, recorrer a uma formao multilateral independente do desporto,pois a formao multilateral dever ser determinada pela estrutura dorendimento (Marques, 1999).Assim sendo, a rcio entre o treino geral e o treino especial dever ter emconsiderao os seguintes aspectos (Marques e col., 2000; Marques, 1999):- As exigncias de cada desporto em concreto;- As caractersticas de cada fase de ontognese;ANLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL39 54. Reviso da Literatura- A necessidade de valorizao ou de compensao de componentesparticulares;- As alteraes do estado de treino no percurso da formao desportiva.2.4.2 A PREPARAO GERAL NAFORMAO DESPORTIVA DOSJOVENSFUTEBOLISTASNum estudo recente realizado por Marques e col. (2000), sobre a estrutura dotreino de jovens atletas Port