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A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra
Produção/construção e tecnologia, v. 3, n. 5, 2014
ISSN: 23170336
Análise da logística de beneficiamento de castanha, borracha e
frutas: o caso Cooperacre
CASTRO, M. J.
1*, CARVALHO, M. S.
1, ORMOND, K. X. O.
1, FARIAS, A. P. A
1,
MACEDO, D.M.1
Resumo: A temática Cooperativismo é muito estudada e vamos encontrar várias pesquisas sobre o
assunto, porém a maioria delas não trata sobre o processo produtivo das mesmas. Dessa forma, neste
segmento, muitos não percebem a importância da gestão da cadeia logística e de seu funcionamento como
um processo que requer cuidados, por isso muitas cooperativas chegam a estado de falência por estarem
em desvantagem no mercado competitivo. O presente estudo tem como objetivo descrever o processo
produtivo da cadeia produtiva dos principais produtos beneficiados e comercializados pela Cooperativa
Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre- COOPERACRE, castanha in natura e
beneficiada, borracha in natura e processamento de polpa de frutas, buscando ainda identificar os
membros que dela participam bem como os pontos críticos. Dessa forma, buscou-se conhecer todo o
processo de produção e beneficiamento, pois desde a aquisição da matéria- prima, a logística atua de
forma integrada tendo como principal elo a armazenagem e estocagem da produção procurando sempre
seguir padrões de manuseio, transporte da embalagem para o estoque e higiene dos produtos que são
beneficiados
Palavras-chave: Cooperacre, Logística, Armazenagem e estocagem.
Abstract: The theme is very Cooperatives studied and we find several studies on the subject, but most
of them is not on the same production process. Thus, in this segment, many do not realize the importance
of supply chain management and its operation as a process that requires care, so many cooperatives
even bankrupt because they are at a disadvantage in the competitive market. This study aims to
describe the production process of the suppl y chain of major products processed and marketed by
Central Cooperative Marketing Extractive Acre-Cooperacre, raw nuts and processed rubber fresh
and processing fruit pulp, still seeking identify members who participate as well as hotspots. Thus, we
sought to know the whole process of production and processing, as from the acquisition of raw
1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre
* Maria Jose de Castro, e-mail: [email protected]
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materials, logistics operates seamlessly link with the main storage and storage of production looking
always follow standards for handling, transport packing for the stock and hygiene products are benefited.
Keywords: Cooperacre, Logistics, Warehousing and storage
1. Introdução
As empresas, devido ao aumento da competitividade no mercado, estão
procurando estabelecer padrões de relacionamentos mais cooperativos com seus
fornecedores, buscando atuar através de uma cadeia logística integrada gerando, assim,
redução de custos para a manutenção de um bom nível de serviço ao consumidor. E
para o cooperativismo que é uma atividade econômica que tem por finalidade a
produção agrícola ou industrial ou a circulação de bens ou de serviços seguida de
normas e princípios que visam desenvolver e gerar melhores condições socioeconômicas
para os cooperados, essa realidade não é diferente.
No caso, enfatizamos que o gerenciamento das atividades logísticas é
fundamental para todos os segmentos empresariais, produtivos ou não. E é neste
contexto que se insere a logística que nos últimos anos tem ganhado uma nova
dimensão, deixando de ser apenas transporte e distribuição e passando a integrar
todos os processos ao longo da cadeia de valores, do fornecedor até o cliente final,
dando início então à gestão a cadeia de suprimentos. (FERRANTE, 2009).
O presente estudo tem como objetivo descrever o processo produtivo da cadeia
produtiva dos principais produtos beneficiados e comercializados pela Cooperativa
Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre- COOPERACRE, castanha in
natura e beneficiada, borracha in natura e processamento de polpa de frutas, buscando
ainda identificar os membros que dela participam bem como os pontos críticos. Para o
Estado do Acre, a Cooperacre exerce um papel fundamental, pois garante a compra de
toda a produção dos produtores/extrativistas que são associados à cooperativa, da qual
eles garantem o sustento de suas famílias, uma vez que desde os tempos antigos, essa é
uma das atividades que sempre teve sua importância para o acriano.
Nesse contexto, a pesquisa se justifica pela importância que a cadeia
produtiva do segmento representa para o estado e região, tendo em vista que faz parte
dos arranjos produtivos locais e vem se estruturando no estado devido à impulsão da
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agroecologia como foco de desenvolvimento sustentável definido pelas políticas
estaduais. Além de ser um segmento que movimenta grandes quantidades de
suprimentos, desde a extração das matérias-primas até a entrega dos produtos finais aos
consumidores, envolvendo dessa forma intensas operações logísticas de transporte,
armazenagem, importação e exportação de produtos.
Materiais e Métodos
Esta pesquisa caracteriza-se como de natureza exploratória e descritiva. Na
pesquisa exploratória porque buscou conhecer nos referenciais bibliográficos nacionais e
internacionais a temática sobre gestão da cadeia de suprimentos voltada para o
cooperativismo, fato esse que se tornou um desafio dada a carência de trabalhos nessa
área. Segundo Gil (2008), “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade
de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a
formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores”.
A pesquisa também pode ser classificada como de natureza descritiva, pois em
relação aos procedimentos de pesquisa, adotou-se o estudo de caso, que, segundo Yin
(2010), esse método de investigação compreende um estudo exaustivo de um ou
poucos objetos, permitindo assim um amplo e detalhado conhecimento do objeto de
estudo.
A coleta de dados deu-se deu através do estudo de caso que teve o intuito de
detalhar o objeto pesquisado e cumprir o objetivo da pesquisa que é descrever
produtivo e a cadeia produtiva dos principais produtos beneficiados e comercializados o
processo pela Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre-
COOPERACRE, castanha in natura e beneficiada, a borracha in natura e
processamento de polpa de frutas, buscando ainda identificar os membros que dela
participam bem como os pontos críticos. A pesquisa contou ainda, com visitas técnicas à
empresa onde se utilizou da técnica da entrevista com questões abertas e
semiestruturadas respondidas pelo gerente comercial da Cooperativa Central de
Comercialização Extrativista do Estado do Acre- COOPERACRE. A entrevista foi
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guiada por um roteiro específico (desenvolvido pelos autores) para identificar e
responder às questões descrição do produtivo e da cadeia produtiva dos principais
produtos beneficiados e comercializados, identificando também as condições de
armazenagem e estocagem dos produtos desde a sua origem até o momento da venda.
Fundamentação teórica
3.1 A logística e sua importância para as organizações
As empresas têm utilizado a logística como fator estratégico para melhoria da
eficiência do atendimento às necessidades de seus clientes colocando em evidência o
quanto o conceito logístico vem sendo desenvolvido e sua aplicabilidade expandida,
principalmente quando se trata de setores altamente qualificados que visam aumento de
produção com custos reduzidos o que “agrega valor de lugar, de tempo, de qualidade e
de informação à cadeia produtiva” (NOVAES, 2007, p.35).
Atualmente, a logística pode ser considerada como um macroprocesso que envolve
desde abastecimento (aquisição de matéria-prima e materiais necessários à produção);
planta (produção); e distribuição de produtos acabados e até mesmo tudo que envolve a
logística reversa que são os chamados serviços de pós venda, pós consumo de uma
empresa. Nesse sentido, segundo Christopher (2011, p.3), “a logística é em essência
uma orientação e uma estrutura de planejamento que visam criar um único plano para o
fluxo de produtos e informações por meio de um negócio”.
Há ainda outra definição de acordo com a definição do Council of Supply Chain
Professionals norte-americano, relatando que logística é o processo de planejar,
implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos,
bem como serviços e informações associadas, cobrindo desde o ponto de origem até o
ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.
Segundo Novaes (2007), o processo logístico “compõe-se de alguns elementos
básicos o que exige excelência tanto na qualidade do produto quanto na excelência
do processo”, ou seja, colocar o produto certo no lugar certo, na hora certa e com
custos reduzidos, conforme evidenciado na figura abaixo:
Figura 1. Elementos básicos da Logística. Fonte: NOVAES (2007).
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Nesse contexto, a cadeia de suprimentos segundo o que enfatiza Chopra e
Meindl (2003) apud Dalé et al (2010) consiste em todas as partes envolvidas, direta ou
indiretamente, em atender as requisições dos clientes, e que a mesma inclui, além
dos fabricantes e fornecedores, transportadoras, empresas de armazenagem, varejistas
e consumidores. Dessa forma, a gestão da cadeia de suprimentos pode ser vista como
um conjunto de métodos utilizados com objetivo de melhorar a integração e gestão dentro
de uma organização, que envolve: distribuição, transporte, armazenagem, estoques, custos
logísticos e outros, visando otimização na produção e garantindo ao cliente final o
produto certo, na hora certa e nas condições desejadas, tendo os custos, ao longo da
cadeia, gerenciados de forma eficiente, contribuindo para um desempenho ótimo da
empresa como um todo.
É importante ressaltar que a cadeia de suprimentos é parte do conceito de
logística integrada atuante dentro de uma organização a qual procura estabelecer
valores para adequação de uma visão sistêmica quanto ao processo produtivo, o que
acarretará melhoria dos resultados ao longo da cadeia logística.
3.2 A importância da gestão de custos logísticos
O custo está diretamente ligado à produção de bens ou serviços que uma
empresa adquire, tais como: matéria-prima, componentes e outros insumos necessários à
produção e etc. Ainda neste contexto, é válido ressaltar que sempre haverá diferenças
significativas na rentabilidade entre clientes, pois clientes diferentes compram
diferentes quantidades de produtos também diferentes, porém o custo para se atender a
esses clientes normalmente varia bastante.
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Alguns autores afirmam que o custo é um dos principais determinantes para o
sucesso competitivo, pois estes permit em determinar os padrões de custo de produção
ou produto/mercadoria. Assim o Instituto dos Coordenadores Gerenciais – IMA (1992)
define custos logísticos como: “Custos de planejar, implementar e controlar todo o
inventário de entrada (inbound), em processo e de saída (outbound), desde o ponto de
origem até o ponto de consumo”.
Desta forma, deve se considerar como custos logísticos aqueles que são
gerados durante todo o fluxo de materiais e bens, o que engloba desde o ponto de
fabricação até a entrega ao cliente. Existem três pontos fundamentais que são necessários
para o gerenciamento eficiente dos custos logísticos. São eles:
Suprimentos - É importante que a empresa escolha bem seus fornecedores
e determine o tamanho do lote de compra. Dessa forma, seus produtos serão
adquiridos de forma mais racional, diminuindo seus custos.
Apoio à Produção - A distribuição do lucro ou despesa deve ser
proporcionalment e dividida entre as partes interessadas para que não ocorram casos
de supertaxar os produtos que mais vendem e sobretaxar aqueles que menos
vendem.
Distribuição Física - É essencial ter o controle de custos abrangendo desde a
saída das mercadorias até a sua entrega final. Dessa forma, é possível
identificar os clientes de acordo com o seu nível de serviço, possibilitando um
embasament o sobre a rentabilidade de seus clientes para a área comercial.
Além desses pontos fundamentais supracitados, existem ainda quatro elementos
básicos que formam os custos logísticos, que são os custos com armazenagem,
estocagem, processament o de pedidos e por fim os custos com transporte que são
considerados um dos maiores custos logísticos tendo como grande relevância o preço
final do produto. Assim, é possível observar que tamanha é a necessidade de aprimorar a
gestão de custos logísticos, principalmente no Brasil, pois só assim os empresários
passariam a ter uma ampla visibilidade referente a cada componente de custo, bem
como análise de custo logístico total, o que provocaria um novo desafio para os sistemas
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de informações contábil-gerenciais com contexto da competitividade e sobrevivência
das empresas nos mercado.
Resultados e Discussões
4.1 A Indústria de beneficiamento – Cooperacre
A Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estadodo Acre–
COOPERACRE foi fundada em dezembro de 2001, é uma Central que congrega 25
pessoas jurídicas (associações e cooperativas extrativistas) espalhadas em mais de 10
municípios do Estado do Acre, representando mais de 1.800 famílias extrativistas nas
regionais do Alto Acre, Baixo Acre e Purus. Possui duas usinas de beneficiamento de
castanha – uma em Brasiléia e outra em Xapuri - administradas pela matriz que fica em
Rio Branco/AC e uma agroindústria para processamento de polpa de frutas. Nas três
filiais, a cooperativa possui, em média, 200 funcionários cuja seleção é feita através
de currículo e entrevista pessoal, passando em seguida por um período de teste até a
contratação final.
Os principais objetivos da Cooperacre estão ligados à viabilização do sistema de
cooperativismo em rede, permitir o acesso direto aos mercados mais promissores,
melhorar o nível tecnológico da produção em toda a rede de associados, modernizar os
modelos de gestão e administração das cooperativas e associações, e por fim,
valorizar a floresta com atividades extrativistas de baixo impacto ambiental buscando
alternativas de uso dos recursos naturais que respeitem valores éticos ambientais. No
seu aspecto de gestão se destaca como uma Organização social, de gestão participativa
e assistência ao cooperado.
4.2 Aquisições dos insumos para produção
A cooperativa em questão trabalha com o beneficiamento de castanha,
processamento da polpa de frutas e venda de borracha in natura. Toda a matéria- prima
é fornecida pelos associados que são os produtores das comunidades cadastrados
pela Cooperacre. Assim, é garantida a aquisição de toda a safra para posterior
beneficiamento e comercialização da produção. O preço pago é decidido em
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assembleia geral, após os administradores consultarem os preços oferecidos pelos
concorrentes. O recurso da compra é repassado para a associação antecipadamente, após
uma estimativa de produção. Por ano, geralmente é comprado em média 500 mil latas de
castanha, 450 toneladas de borracha e 50 toneladas de frutas.
A Cooperacre possui certificação orgânica ECOCERT BRASIL, que realiza a
certificação voltada para o mercado interno, pois é acreditada para suas atividades
internacionais segundo o guia ISO 65, que assegura aos produtores brasileiros
certificados pela ECOCERT BRASIL acesso aos principais mercados mundiais de
produtos orgânicos. Um certificado que traz em sua embalagem um selo que garante
ao consumidor que alguns cuidados foram tomados de acordo com a legislação de
orgânicos no Brasil. Além disso, a todo o resíduo da cooperativa é dado um destino
final adequado. Neste caso, temos como exemplo a venda da castanha podre ao RECA
(Reflorestament o Econômico Consorciado Adensado) que, após extração de óleo
que contém uma substância chamada safrol (ajuda a fixar o cheiro de perfumes e
hidratantes na pele), é repassada para a empresa NATURA. Já a casca da castanha
serve como lenha para caldeiras, para enfeitar jardins, além de ser utilizada também em
ramais de difícil acesso. Ainda tem o reaproveitamento do pó da castanha que é vendido
para adubo orgânico.
4.3 Produtos e o processo produtivo
Os principais produtos que fazem parte do fluxo de produção da rede Cooperacre
são: a borracha, o processamento da polpa de frutas e o beneficiamento da castanha
que representa o produto de maior representatividade no processo produtivo e de vendas
4.3.1 Borracha
A produção da borracha (que a Cooperacre apenas comercializa) é obtida
diretamente do seringueiro que extrai o látex da seringueira por meio da sangria
(remoção de um pequeno volume de casca) conforme figura 2. Este processo que
permite o escoamento da seiva líquida densa e viscosa, é colhido em pequenas canecas
afixadas na extremidade inferior do corte, que endurece lentamente, em contato com o
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ar. Após três ou quatro horas da sangria, o látex é retirado das canecas e
acondicionado, adicionando amônia, numa proporção de 0,05% como estabilizadora,
evitando a coagulação precoce. Neste caso, é mais vantajosa a venda da borracha assim
que ela é estocada, pois quanto mais tempo passar armazenada ocorrerá a perda de
líquido deixando-a mais leve e consequentemente “mais barata” em relação à
quantidade comprada, uma vez que o preço para venda varia de acordo com sua
pesagem.
Figura 2. Imagens da extração do látex e da borracha in natura pronta para ser
comercializada.
Fonte: elaborada pelos autores.
O período de maior produção da borracha varia de maio a novembro e é a
cooperativa quem fica responsável pelo transporte da produção da filial até a matriz. Sua
destinação final vai principalmente para São Paulo-SP e Espírito Santo-ES e geralmente
são transportadas em toneladas por empresas terceirizadas.
4.3.2 Processamento de polpa de frutas
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Outro fluxo de produção importante para a cooperativa é o processamento de
polpa de frutas que, com apoio e incentivo do poder público e estadual, foi reativado há
dois anos dobrando sua capacidade e ampliando o beneficiamento de 40 para 80
toneladas do produto por mês. O processamento da polpa de frutas é feito por
intermédio da agroindústria instalada no Polo Agro florestal Geraldo Mesquita que tem a
capacidade de receber uma tonelada de frutas por hora, além de abrigar as que
estiverem em processo de maturação. Máquinas de pré-lavagem fazem a higiene inicial
das frutas que são levadas automaticamente para tanques de borbulhamento passando
pelo processo de sanitização, através do qual a fruta recebe um banho de cloro que atua
sobre os micro- organismos. Cortinas de isolamento entre uma sala e outra garantem
padrão de sanidade para evitar a contaminação dos alimentos. Alguns funcionários
capacitados para tal função são designados para operar alguns dos poucos equipamentos
que necessitam de intervenção humana. O restante do procedimento é realizado por
processamento automático de fluxo constante.
As polpas processadas são: açaí, cajá, maracujá, goiaba, acerola, cupuaçu,
manga, graviola e abacaxi. Elas são armazenadas e congeladas na própria matriz até que
seja entregue aos clientes/consumidores finais. Em se tratando de frutas o manejo do
produto requer cuidados especiais de modo a agregar valor e qualidade ao produto
acabado e para que não haja contaminação do produto, a cooperativa procura manter
padrões de higiene em todas as fases de processamento procurando estabelecer a saída
dos produtos respeitando o prazo de validade. Neste caso, é utilizada a técnica do PEPS
que consiste no método de armazenagem em que o produto primeiro a estar disponível
em estoque é o primeiro a sair.
Tabela 1. Tabela de venda de polpa de frutas. Rio Branco, junho/2013.
MEDIDA
400g
SABORES MEDI
DA 1 kg R$ 3,10 Abacaxi R$
7,30 R$ 3,20 Açaí R$
5,50 R$ 2,70 Cupuaçu R$
5,70 R$ 3,50 Maracujá R$
6,00
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Fonte: Adaptada pelos autores com base nos dados coletados na pesquisa.
4.3.3 Beneficiamento da castanha
Em relação ao processo de beneficiamento da castanha são seguidos alguns
passos para o seu processamento. Primeiro a castanha in natura é transportada de
caminhão até o armazém onde fica estocada até a iniciação do ciclo de beneficiamento.
Em seguida é feito o processo de secagem, classificação e auto lavagem que segue por
uma esteira para outra máquina onde será realizado o descasque. Depois é levada para
uma câmara fria e em seguida para uma estufa que receberá um choque térmico fazendo
com que a casca se desprenda da castanha. Após esse processo quente a castanha fica em
repouso por volta de 4 a 5 horas. Caso a casca não se desprenda o processo de
choque térmico é repetido.
O próximo passo é a seleção verde ou inspeção I, nesse processo parte do
trabalho passa ser manual sendo feito principalmente pelas mulheres (por
acreditarem que tenham maior sensibilidade nas mãos) que ficam sentadas ao redor de
uma esteira por onde passam as castanhas. A partir daí, há uma seleção para fazer a
retirada das que estão podres e imaturas e caso alguma passar despercebida, esta será
retirada na inspeção final. Após isso, a castanha segue para desidratação,
resfriamento, inspeção final, embalagem e estoque até a sua distribuição ao atacado ou
varejo.
Ao analisar o fluxo de produção de toda cadeia produtiva da Cooperacre, fica
evidente a sua preocupação quanto à qualidade dos produtos finais, para que estes
estejam de acordo com os requisitos pré-estabelecidos tanto pela cooperativa quanto pelos
consumidores/compradores seja no atacado ou varejo. Assim, a cooperativa fica apta a
fazer parte da competitividade de mercado, principalmente local. Abaixo segue o fluxo
produtivo do principal produto beneficiado pela Cooperacre que é a castanha.
Figura 3. Fluxo simplificado do processo de beneficiamento da castanha-Cooperacre.
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4.4 Armazenagem e estocagem dos produtos
4.4.1 Da castanha
O armazenamento da castanha in natura é feito em galpões construídos em
madeira, assegurando a qualidade do produto. Esses galpões são localizados na
cooperativa central (Rio Branco) para receber a produção de Sena Madureira, Plácido de
Castro, Porto Acre, Vila Nova Califórnia e Extrema; na filial (Brasiléia) para receber
produção dos seringais adjacentes; e na filial (Xapuri) para receber produção do
município de Capixaba e dos seringais adjacentes.
Os armazéns têm, em média, uma capacidade de armazenagem de 80 a 100 mil
latas aproximadamente. A castanha chega como lata de 18 litros que corresponde a 18 kg,
no armazém é transformada em quilo e para seu ensacamento em sacos de fibra é
utilizado um medidor chamado equitolitro, uma espécie de carrinho com capacidade
de 5 latas, cada saco comporta 6 latas. O galpão é abastecido em média com 500 mil
kg de castanha. A média de estocagem é 300 mil latas de acordo com o mercado. A
armazenagem da castanha, principalmente da in natura, tem que ser em temperatura
ambiente, em local arejado, protegido da luz, umidade e calor excessivo.
A estocagem da castanha após o seu beneficiamento fica entre 3 a 4 mil caixas
com 20 kg e ficam armazenadas de acordo com os lotes de fabricação obedecendo à
validade dos produtos na hora da saída. Todo o controle de estoque (entrada e saída) é
monitorado por planilhas no EXCEL a qual é alimentada de acordo com os dados
repassados pelas indústrias de beneficiamento (entrada) e dados repassados pelo setor
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de vendas (saída). O estoque mínimo que a cooperativa trabalha mensalmente é de
4.000 caixas de castanha equivalente a 80.000 kg de castanha beneficiada.
Figura 4. Imagens referentes à armazenagem da Castanha in natura e
beneficiada.
4.4.2 Da borracha
No caso do armazenamento da borracha o que é levado em consideração é o
período que ela fica estocada, pois quanto maior o tempo em que ela permanecer no
armazém mais ela vai eliminando o seu líquido e, consequentemente, diminuindo seu
valor para venda. Por isso, o setor de vendas tem que estar constantemente atento quanto
à entrada e saída de produção para que não ocorram prejuízos significativos para
cooperativa em questão. O galpão da borracha é localizado na cooperativa central sendo
esse o ponto de partida para comercialização para fora do Estado.
4.4.3 Da polpa de frutas
Quanto ao armazenamento da polpa de frutas,o produto permaneça armazenado
com temperatura que varia de -10º a – 18º C, tendo validade por um ano, o que manterá a
qualidade do produto e a fidelização de seus clientes. Com relação aos estoques,
geralmente mantêm-se estoques mínimos do produto para que, no período de
entressafras, a polpa possa ser oferecida ao consumidor com a mesma qualidade. A
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cooperativa procura manter polpa congelada pelo menor tempo possível para
preservação das características originais mantendo-as mais próximas dos frutos in
natura. A polpa após ser beneficiada é armazenada em câmara frias construídas na
cooperativa central e na própria agroindústria também localizada em Rio Branco.
Em seguida, o produto é lançado no mercado de acordo com as normas da Vigilância
Sanitária. Por isso, são utilizadas embalagens a vácuo reduzindo o ar e inibindo o
crescimento de bactérias e fungos ao redor do produto, aumentando a vida útil desse
produto basicamente em 3 a 5 vezes do seu tempo normal de vida enquanto refrigerado.
4.5 Custos logísticos na atividade da Cooperacre
Em todo o processo produtivo da cooperativa há custos logísticos desde a
aquisição da matéria- prima ate o produto acabado que chega até o consumidor final.
Por isso, a cooperativa trabalha com uma margem de lucro de 30% para suprir os
imprevistos. Os custos logísticos estão relacionados a todo o processo de produção da
cooperativa que vai desde a aquisição de matéria- prima, transporte, o gerenciamento
do estoque e armazenagem, processamento de pedidos, até os custos com as
embalagens e, principalmente com a logomarca dos produtos que são fornecidos por meio
de licitação. Entre todos os serviços de logística comparados a outras empresas, o
transporte é o mais complexo, pois quando o caminhão vai buscar o produto
geralmente ele vai vazio e, dependendo do acesso às comunidades mais distantes, este
pode demorar de três a quatro dias para transportar a matéria-prima até a indústria de
beneficiamento.
No procedimento da compra, a cooperativa faz uma reunião com os
representantes das associações da cooperativa e antecipa o pagamento, depois a
cooperativa se encarrega de buscar o produto com frota própria. Na cooperativa, o
carro chefe obedece a seguinte ordem: castanha, borracha e por último as frutas. A
castanha é comprada em lata que corresponde a de 18 litros e na cooperativa é
transformada em quilo. O preço pago pela aquisição da castanha depende do mercado e
da época, houve um ano que a variação foi de 23 a 25 reais a lata. Sua classificação varia
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CLASSIFICAÇÃO EMBALAGEM 200 g EMBALAGEM 500 g EMBALAGEM 1 kg
Média R$ 7,00 R$ 12,00 R$ 26,00
Larje R$ 8,00 R$ 14,50 R$ 28,00
em três tipos: Pequena, Media e Larje e o preço pelo qual é vendido, é de acordo
com o tamanho da embalagem que pode ser de 200 g, 500 g ou 1 kg, conforme
demonstrado na tabela 2.
Tabela 2. Valor de venda da castanha beneficiada em Rio Branco, junho/2013.
Fonte: Adaptada pelos autores com base nos dados coletados na pesquisa.
Com relação à borracha destacamos que ela é comprada em quilo, a cooperativa
paga um valor médio de R$ 5,00/kg, considerando aí um valor tributário de R$1,80/Kg
tendo também o incentivo do governo que paga uma parte que é o subsidio estadual,
podendo chegar a um preço de até R$ 3,90/kg e, então, a Cooperativa repassa aos
cooperados produtores o valor de R$ 5,00/Kg. Com relação ao transporte, a carga e
descarga de uma carreta corresponde a R$ 0,03 centavos o kg sendo que a borracha é
vendida no mínimo de uma tonelada (uma carreta). A quantidade de vendas varia de 30
a 32 toneladas de borracha e dependendo do período, essa média pode aumentar ou
diminuir.
5. Considerações finais
A gestão adequada da cadeia de suprimentos é a principal responsável pelos
resultados desenvolvidos e alcançados dentro da cooperativa utilizando todo o seu
conjunto de métodos usados para uma melhor gestão de todos os parâmetros desde a
matéria-prima até o consumidor final. Através da pesquisa realizada na
COOPERACRE, foi possível observar que a cooperativa tem se preocupado não somente
com os seus resultados alcançados, mas também com os meios que alavancam sua
produção, deixando claro que o consumidor/cliente final é a parte mais important e de
seu processo produtivo. Por isso, se faz necessário que haja uma interação com toda a
cadeia logística, principalmente a de suprimentos e de custos logísticos, para que se
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obtenha melhoria de desempenho em todo o processo interno e externo deixando de
ser apenas uma eficiência localizada.
Hoje os clientes estão requerendo cada vez mais melhoria no nível de serviço,
porém nã o está disposto a pagar custos altos por isso, o que acaba gerando grandes
desafios no mundo empresarial. A Cooperacre procura manter sua essência cooperativa,
ou seja, os cooperados são informados por meio de uma assembleia geral que é realizada
uma vez por ano e que tem o objetivo de informar os acontecimentos ocorridos nos
negócios. Assim, analisam relatórios e tomam decisões coletivas assumindo a
responsabilidade sobre sucessos e erros. Além disso, a Cooperacre é uma cooperativa de
produtores rurais que há alguns anos vem contribuindo para o fortalecimento das
cadeias produtivas da borracha e da castanha e recentemente do processamento de
polpa de frutas no Acre somando, significativamente, na composição da renda das
famílias extrativistas.
Para o segmento pesquisado é importante destacar o papel da logística que atua
em todo o processo de produção, desde a aquisição da matéria- prima, tendo como
principal função integrar os elos da armazenagem e estocagem da produção procurando
sempre seguir padrões de manuseio, transporte da embalagem para o estoque e higiene
dos produtos que são beneficiados.
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