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    Revista Dilogo Educacional

    ISSN: 1518-3483

    [email protected]

    Pontifcia Universidade Catlica do Paran

    Brasil

    Oliveira, Eliana de; Ens, Romilda Teodora; Freire Andrade, Daniela B. S.; Mussis, Carlo Ralph de

    ANLISE DE CONTEDO E PESQUISA NA REA DA EDUCAO

    Revista Dilogo Educacional, vol. 4, nm. 9, mayo-agosto, 2003, pp. 1-17Pontifcia Universidade Catlica do Paran

    Paran, Brasil

    Disponvel em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=189118067002

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    * D outoranda em Psicologia Social da Ecole des H autes Etudes em Sciences Sociales Paris/Frana.E-m ail: elianadolive@ hotm ail.com

    ** Professora e pesquisadora da Pontficia U niversidade Catlica do Paran. D outoranda do Program a deEstud os Ps-G raduados em Educao: Psicologia da Educao Pontfice U niversidade Catlica de SoPaulo. E-m ail: rom ilda@ bruc.com .br

    *** Professora e pesquisadora da U niversidade Federal de M ato G rosso. D outoranda do Program a de Estu-dos Ps-G raduados em Educao: Psicologia da Educao Pontfice U niversidade C atlica de SoPaulo. E-m ail: freire.d@ terra.com .br

    **** D outorando do Program a de Estudos Ps-G raduados em Educao: Psicologia da Educao PontficeU niversidade Catlica de So Paulo. E-m ail: crdem usis@ terra.com .br

    Revista Dilogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.9, p.11-27, maio/ago. 2003.

    Anlise de contedo e pesquisa na rea da educao

    ANLISE DE CONTEDO E PESQUISA NA REA

    DA EDUCAO1

    The content analysis and research in theeducational field

    Eliana de Oliveira *

    Romilda Teodora Ens**

    Daniela B. S. Freire Andrade***

    Carlo Ralph de Mussis****

    ResumoO presente texto, sobre o uso da anlise de contedo na rea da educao,procura ser um a contribuio pesquisa em educao no sentido de colo-car disposio do pesquisador este im portante procedim ento de interpre-tao de dados coletados. A partir deste p ropsito, o texto responde asseguintes questes: o que anlise de contedo, o que faz dela um m tododurvel, confivel, sendo plenam ente aceito at m esm o por revistas interna-cionais de grande rigor cientfico e m etodolgico? Q uais so as etapas desua execuo? Com o estas etapas se estruturam ? E finalm ente, quais so oslim ites da anlise de contedo? Para respond-las, este texto usa exem plosque clareiam o p rocesso de anlise de contedo.Palavras-chave: Pesquisa, Anlise de contedo, M etodologia de pesquisa.

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    Eliana de Oliveira et al.

    Revista Dilogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.9, p.11-27, maio/ago. 2003.

    RsumCe texte sur lutilisation de lanalyse de contenu dans le dom aine de lducation

    veut tre une contribution la recherche en Education, dans le sens de m ettre disposition du chercheur cette im portante procdure dinterprtation desdonnes collectes. D ans ce but, le texte rpond aux questions suivantes: quest-ce lanalyse de contenu? Q uest ce que la fait devenir une m thode durable,crdible, pleinem ent accepte dans des revues internationales de grande rigueurscientifique et m thodologique? Q uelles sont les tapes de son excution?Com m ent ces tapes sont-elles structures? Et finalem ent, quelles sont leslim ites de lanalyse de contenu? Pour y apporter des rponses ce texte sensert des exem ples qui claircissent le processus de lanalyse de contenu.Mots-clfs: Recherche, Analyse decontenu, M ethodologie de la recherche.

    A anli se de contedo no cont ex to da p r od uo doconhecimento

    A anlise de contedo, instrum ento de anlise interpretativa, um adas tcnicas de pesquisa m ais antigas - os prim rdios de sua utilizao rem on-tam a 1787 nos Estados U nidos, e sua em ergncia com o m todo de estudoaconteceu nas dcadas de 20 e 30 do sculo passado com o desenvolvim entodas Cincias Sociais, quando a cincia clssica entrava em crise. Com o sesabe, a atitude interpretativa faz parte do ser hum ano que deseja atingir oconhecim ento. D esde a herm enutica, arte de interpretar os textos sagradosou m isteriosos, o hom em praticava a interpretao com o form a de colocar asua observao sobre um dado fenm eno.

    N o sculo passado, esta atitude interpretativa subjacente ao hom em

    buscara se adaptar s norm as cientficas. Lassw ell (1915) usou a anlise decontedo para realizar anlise da im prensa e de propaganda nos Estados U ni-dos. A atitude interpretativa, que em erge dessa tcnica de anlise, diferencia-se da herm enutica. O s problem as suscitados pela Segunda G uerra M undialfavoreceram os estudos em pricos que utilizaram a tcnica de anlise de con-tedo no cam po da poltica, sob a form a de pesquisas pragm ticas.

    Com o explicar esta nova atitude em pirica que se distancia daherm enutica? Ao analisar a histria do desenvolvim ento da cincia, observa-se que esta se constitui com o conhecim ento sistem atizado, construdo histori-cam ente pelo hom em para conhecer a realidade, e verifica-se que as dem an-das que incentivam a produo cientfica correspondem s necessidades dequem a produz ou de quem est interessado nessa produo. O conhecim en-

    to e a anlise interpretativa do prprio conhecim ento , assim , um a constru-o que parte da realidade concreta, histrica e social dos hom ens.

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    M ais tarde, ao final dos anos 40-50 do sculo passado, im pregnadopelo conhecim ento sim plificador, Berelson (1954) apudB ardin (1979, p. 18)

    definiu a anlise de contedo ao dizer: um a tcnica de investigao quetem por finalidade a descrio objetiva, sistem tica e quantitativa do contedom anifesto da com unicao.

    N este perodo, os critrios estabelecidos por Lassw ell e B erelson (1954)apudB ardin (1979, p. 19) corresponderam a preocupao em trabalhar comam ostras reunidas de m aneira sistem tica, em interrogar-se sobre a validadedos procedim entos e dos resultados, em verificar a fidelidade dos codificadorese at a m edir a produtividade da anlise.

    A crise da certeza, frente com plexidade inerente aos dados, contri-buiu para em ergir um a proposta para o enfrentam ento das incertezas. Estacrise das cincias exigiu um a nova m aneira de interpretar os objetos investiga-dos, e no plano m etodolgico-epistem olgico se exigiu deixar de lado adicotom ia quantidade/qualidade. o prprio Berelson (1959) apudB ardin(1979, p. 20) que desencantado com o rum o do processo de anlise de con-tedo afirm ou: A anlise de contedo com o m todo, no possui qualidadesm gicas e raram ente se retira m ais do que nela se investe e algum as vezes atm enos; - no fim de contas, nada h que substitua as idias brilhantes.

    Idias brilhantes se fazem necessrias, pois o pesquisador busca pelom todo de anlise de contedo, segundo B ardin (1979, p.29), ultrapassar asincertezas e o enriquecim ento da leitura, tendo por base um m odelo form alcalcado na necessidade de descobrir, pelo questionam ento: O que vejo, porexem plo, na m ensagem , est realm ente contido nela? O utros podem com par-tilhar a m inha viso ou ela m uito pessoal? Ela vai alm das aparncias?

    O cam po de aplicao da anlise de contedo se torna cada vez m aisvasto. Isto fez H enry e M oscovici (1968) apudBardin (1979, p. 33) dizerem :

    tudo o que dito ou escrito suscetvel de ser subm etido a um a anlise decontedo. O u, ainda, lem bra a expresso de Lassw ell, Lener e PoolapudBardin (1979, p. 13) a anlise de contedo deve com ear onde os m odostradicionais de investigao acabam .

    Bardin (1979, p.42) resum e o terreno, o funcionam ento e o objetivoda anlise de contedo ao explicitar que o term o anlise de contedo :

    U m conjunto de tcnicas de anlise das com unicaes visando obter, porprocedim entos, sistem ticos e objetivos de descrio do contedo das m en-sagens, indicadores (quantitativos ou no) que perm itam a inferncia deconhecim entos relativos s condies de produo/recepo (variveisinferidas) destas m ensagens.

    A abordagem de anlise de contedo tem por finalidade, a partir deum conjunto de tcnicas parciais, m as com plem entares, explicar e sistem atizar

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    o contedo da m ensagem e o significado desse contedo, por m eio de dedu-es lgicas e justificadas, tendo com o referncia sua origem (quem em itiu) e

    o contexto da m ensagem ou os efeitos dessa m ensagem .N esse processo, faz-se necessrio considerar a totalidade de um tex-

    to, passando-o pelo crivo da classificao ou do recenseam ento, procurandoidentificar as freqncias ou ausncias de itens, ou seja, categorizar para intro-duzir um a ordem , segundo certos critrios, na desordem aparente.

    O m om ento da escolha dos critrios de classificao depende daqui-lo que se procura ou que se espera encontrar. O interesse no est na sim plesdescrio dos contedos, m esm o que esta seja a prim eira etapa necessria,para se chegar interpretao, m as em com o os dados podero contribuirpara a construo do conhecim ento aps serem tratados.

    O s conhecim entos deduzidos podem ser de natureza psicolgica,sociolgica, histrica, econm ica, por isso, a inteno da anlise de conte-do a inferncia2de conhecim entos relativos s condies de produo oude recep o. O pesquisador procura, com base nas categorias estabelecidas,inferir, ou seja, extrair um a conseqncia, deduzir de m aneira lgica conhe-cim entos sobre o em issor da m ensagem ou sobre o contexto em que esta foiem itida.

    Precisa ficar claro, com o dizem H enry e M oscovici (1968)apudBardin(1979, p.40), que:

    Q ualquer anlise de contedo no visa o estudo da lngua ou da linguagem ,m as sim a determ inao m ais ou m enos parcial do que cham arem os ascondies de produodos textos, que so o seu objeto. O que tentam oscaracterizar so estas condies de produo e no os prprios textos. Oconjunto das condies de produo constitui o cam po das determ inaesdos textos.

    A expresso condies de produofoi considerado por Bardin umtanto vaga, por isso, ela prefere usar a denom inao: variveis inferidas, aqual possibilita considerar tanto a produo com o a inferncia sobre a recep-o da m ensagem . N o im porta o term o usado, preciso articular a superfciedos textos, descritas e analisadas, pelo m enos em alguns elem entos caracters-ticos e os fatores que determ inaram estas caractersticas, deduzidas logicam ente.(1979, p.40)

    Toda anlise de contedo que se faz de um texto3est fundam en-tada em princpios filosficos e tericos, que perm eiam a estrutura de pensardo p esquisador. A produo cientfica est diretam ente relacionada s dem an-das do m om ento histrico, assim com o s possibilidades oferecidas ao seu

    desenvolvim ento. O conhecim ento cientfico resulta da ao dialgica entre ascom plem entaridades e antagonism os da razo, da experincia, da im aginao

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    e da verificao. Esse conhecim ento no pode, assim , de m odo algum , serdissociado da vida hum ana e da relao social.

    Anli se de contedo e pesqu i sa na r ea de edu cao

    As cincias hum anas, na m etade do sculo XIX, passaram a seguir om odelo das cincias da natureza, e em seus estudos e pesquisas procuraramas caractersticas do em pirism o, da objetividade, da exp erim entao, da vali-dade. U m m odelo que m uito cedo teve reconhecido seus lim ites e inadequaesao objeto de estudo (o ser hum ano).

    O s pesquisadores, principalm ente da rea social, se utilizam usual-m ente de abordagens de pesquisa que levam a dados que no possuem atri-butos de quantidade diretam ente associados. Procedim entos com o a entrevis-ta, o questionrio, com questes abertas que precisam ser descritas, analisadase interpretadas, entre outros, so exem plos deste tipo de dado.

    A anlise de contedo desenvolve um arcabouo form al para a siste-m atizao de atributos qualitativos, e no m om ento de interpretar os dadoscoletados4que se d o entrelaam ento da pesquisa em educao com a anli-se de contedo. A essncia deste form alism o estatstica, pela sua concepoe form a de com pilao, um a anlise de contedo leva a m todos estatsticosm ultivariados.

    Por esta abrangncia m etodolgica, a anlise de contedo tam bmum a das tcnicas m ais utilizadas, ajudando o pesquisador, seja ele m estrando,doutorando, professor universitrio, participante de program as de iniciaocientfica a identificar a significao do texto que est se analisando.

    N a rea de educao, a anlise de contedo pode ser, sem dvida,

    um instrum ento de grande utilidade em estudos, em que os dados coletadossejam resultados de entrevistas (diretivas ou no), questionrios abertos, dis-cursos ou docum entos oficiais, textos literrios, artigos de jornais, em isses derdio e de televiso. Ela ajuda o educador a retirar do texto escrito seu conte-do m anifesto ou latente.

    O que anli se de cont edo?

    Pode-se dizer que a anlise de contedo um conjunto de tcnicasde explorao de docum entos, que procura identificar os principais conceitosou os principais tem as abordados em um determ inado texto. Ela com ea,geralm ente, por um a leitura flutuantepor m eio da qual o pesquisador, numtrabalho gradual de apropriao do texto, estabelece vrias idas e vindas entre

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    o docum ento analisado e as suas prp rias anotaes, at que com ecem aem ergir os contornos de suas prim eiras unidades de sentido. Estas unidades

    de sentido - palavras, conjunto de palavras form ando um a locuo ou tem as -so definidas passo a passo e guiam o pesquisador na busca das inform aescontidas no texto.

    O objetivo de toda anlise de contedo o deassinalar e classificarde maneira exaustiva e objetiva todas as unidades de sentido existentes no

    texto. Alm de perm itir que sobressaiam do docum ento suas grandes linhas,suas principais regularidades.

    A definio precisa e a ordenao rigorosa, destas unidades de senti-do, ajudaro o pesquisador a controlar suas prprias perspectivas, ideologiase crenas, ou seja, controlar sua prpria subjetividade, em prol de um a m aiorsistem atizao, objetividade e generalizao dos resultados obtidos.

    O objetivo final da anlise de contedo fornececer indicadores teisaos objetivos da pesquisa. O pesquisador poder, assim , interpretar os resulta-dos obtidos relacionando-os ao prprio contexto de produo do docum ento eaos objetivos do indivduo ou organizao/instituio que o elaborou.

    As etap as de ex ecuo d a Anli se de Con tedo: do qu a li ta -t i vo esta tst i ca

    As etapas que perm item ao pesquisador definir e classificar as unida-des de sentido e, assim , desvendar significaes novas e, m uitas vezes, ines-peradas do docum ento exigem a obedincia a um certo nm ero de etapas, odom nio de um certo nm ero de tcnicas e o trilhar de um cam inho, quecom ea pela realizao de operaes qualitativas e term ina com a aplicao

    de m odelos estatsticos. O rigor de execuo no im plica, porm , rigidez. Aocontrrio, a anlise de contedo perm ite ao pesquisador escolher entre um agam a de m todos, tcnicas e operaes, a condio para que estes sejamclaram ente definidos.

    Trata-se d e u m procedim ento antes de tudo pragm tico, cujalegitim izao depende essencialm ente do conjunto de operaes adotadas napesquisa. N este sentido, o pesquisador dever fundam entar suas aes, justi-ficando sem pre a organizao do trabalho, assim com o a confiabilidade e avalidade de seus instrum entos.

    A seguir, de m aneira sucinta, so descritas as principais etapas dodesenvolvim ento de um a anlise de contedo.

    Or gani zao do ma teri al d e tr abalh oU m a vez que a anlise de contedo foi julgada pelo pesquisador

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    com o sendo o m elhor m todo para responder aos objetivos globais de suapesquisa, necessrio constituir e organizar o m aterial de trabalho. Este pode-

    r, por exem plo, ser com posto de entrevistas transcritas de alunos, professo-res, funcionrios da escola, docum entos em itidos pelo M inistrio da Educaoe Cultura, artigos de jornais, etc. U m a vez tendo sido reunido o m aterial, eledever ser previam ente organizado, tendo em vista a sua m anipulao. O stextos podero ser reescritos em fichas, fotocopiados, im pressos, segundo avontade do pesquisador. O essencial que sua m anipulao seja fcil e possaser feita com um a certa rapidez. Em caso de anlise inform tica, o texto deve-r ser preparado conform e as exigncias do softwareutilizado.

    aconselhvel ainda, dependendo do tipo de anlise de contedoescolhido pelo pesquisador e do volum e do m aterial a ser analisado, procedera um a am ostra representativa aleatria, levar em considerao as variveis edefinir sobre a pertinncia destas para a anlise dos dados. Se for o caso, emum prim eiro m om ento, m elhor que sejam analisados unicam ente os docu-m entos da am ostra. O s resultados obtidos servem de guia, em seguida, seranalisado todo o conjunto da pesquisa, inclusive a am ostra previam ente sele-cionada.

    Por exem plo, se o pesquisador tem em m os um total de trintaentrevistas, poder estabelecer um a am ostra aleatria de cinco entrevistas eem um m om ento inicial classificar apenas o contedo destas cinco entrevis-tas. O s resultados serviro com o guia para um a anlise posterior de todasasentrevistas.

    Defi nio da s uni da des de regi str oA segunda etapa consiste na definio das unidades de registro, que

    sero utilizadas pelo pesquisador. Estas, com o j foi dito, podem ser constitu-

    das por palavras, conjunto de palavras (que pode corresponder, entre outros,aslogans, pronom es, locues adverbiais, locues verbais) ou tem as. Al-guns pesquisadores podero ainda adotar, com o unidade de registro, um per-sonagem , um acontecim ento ou at m esm o um objeto. O s objetivos da pes-quisa, assim com o um a prim eira leitura dos textos, ajudaro a determ inar a(s)unidade(s) de registro pertinentes para a pesquisador. Se a escolha dopesquiador repousar sobre um personagem , acontecim ento ou objeto, elepoder defini-lo por palavra ou conjunto de palavras. U m a vez que o tipo deunidade de registro foi definido, o pesquisador procede por reconhecim ento,buscando situ-lo no texto.

    Segundo U rung (1974), as unidades de registro podem ser classifica-das em funo de dois critrios: os critrios form ais e os critrios sem nticos.Se a unidade de registro escolhida pelo pesquisador for a palavra, e ele quiserclassific-la de acordo com critrios form ais, isto significa que ele levar em

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    considerao o grupo gram atical ao qual a palavra pertence: substantivo, ad-jetivo, verbo Trata-se de um procedim ento estilstico quantitativo utilizado,

    por exem plo, em certas anlises ideolgicas de discurso. Se o pesquisadordecidir classificar a palavra de acordo com critrios sem nticos, ele se interes-sar ao seu sentido (polissm ico, sinonm ico, m udanas de sentido, relaesreunindo as unidades significantes).

    Ao contrrio da palavra, o tem a classificado unicam ente em catego-rias sem nticas. Este procedim ento em pregado, com grande freqncia, empesquisas (a m aior parte dos trabalhos de anlise de contedo utiliza o tem acom o unidade de registro), sua delim itao , portanto, um a tarefa delicada.O conjunto de palavras, um a vez definido pelo seu valor sem ntico, tam bm considerado com o tem a.

    Def i ni o e deli mi tao do temaSegundo M oscovici (1976, p. 293-294), o tem a geralm ente um a

    proposio tipo que exprim e toda um a fam ilia de proposies tendo relaocom um m esm o contedo diversam ente form ulado [...] Sua funo a deresum ir o contedo. Assim , ele aparece com o um a assertiva tornando poss-vel um contedo varivel. Ele constitui ao m esm o tem po um a relao nam edida em que serve de m ediador entre um a parte do conjunto com um aoutra.

    Segundo U rung (1974, p. 26), o tem a pode ser evocado em um anica afirm ao ou desenvolvido em um a passagem de texto inteira; ele podeaparecer sob form a de um a aluso em um detalhe (a escolha de um a palavraou m esm o um a form a gram atical) ou estar presente, difuso, dentro de um apassagem .

    A afirm ao de U rung revela o que pode ser um a grande dificuldade

    da anlise de contedo baseada no tem a: onde se deve operar o corte, estabe-lecendo os lim ites do tem a?

    N o exem plo dado pela pesquisa, realizada por O liveira (1997), sobrerepresentao social e im agem das crianas de rua veiculada pela im prensa,pode-se analisar a delim itao tem tica na construo da categoriauso dedrogas.

    O tem a pode ser evocado em um a nica frase:Segundo os m oradores, os m enores tem o hbito de se agrupar e cheirarcola em plena luz do dia (Jornal O G lobo),ou ser desenvolvido em um a passagem (im plicando ento em sua form ula-o a redao de vrias frases):

    Estas crianas fazem uso de drogas e dever do Estado proteg-las, afirm ouo Juiz. Por sua deciso, os m enores dependentes de drogas com o m aconha

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    e cocana tero um dossir junto da D iviso de Proteo a Criana e aoAdolescente, sendo em seguida enviadas para o C onselho Tutelar. M arcia

    Juliano, delegada da D PCA aprova esta m edida: estas crianas no podemtom ar sozinhas a deciso de abondonar o vcio. Elas precisam de ajuda doEstado(Jornal O G lobo), O incidente aconteceu logo aps a parada donibus da linha 388 na Avenida Chile, onde o chofer pediu ajuda ao Sargen-to Joo Rodrigues, do 13Batalho de polcia, para tirar as crianas dedentro do nibus, pois elas cheiravam cola e faziam barulho. O sargentotirou as crianas e na rua foi ajudado por um hom em branco, vestindo um aroupa escura. (Jornal O G lobo).

    Def i nio de cat egor i asA terceira etapa da pesquisa consiste na definio das categorias.

    Esta etapa muito importante, pois a qualidade de uma anlise de contedo

    possui uma dependncia como o seu sistema de categorias.A categorizaogera classes que renem um grupo de elem entos da unidade de registro. Asclasses so com piladas a partir da correspondncia entre a significao, algica do senso com um e a orientao terica do pesquisador. Portanto, oscritrios para a categorizao podem ser sem nticos; sintticos; lxico ou ex-pressivos. Ainda, Bardin (1979) indica a possibilidade de um a categorizaocom categorias a priori,sugeridas pelo referencial terico e com categorias a

    posteriori,elaboradas aps a anlise do m aterial.O sistem a de categorizao com posto por um reagrupam ento pro-

    gressivo de categorias, cuja am plitude varia de um a forte generalidade atum a generalidade fraca, com o o caso da sub-categoria. Bauer (2000) sugereque todas as unidades de registro sejam categorizadas m esm o que para issodeva se criar categorias, tais com o: outroou no se aplica, e que as catego-

    rias devem ser exclusivas e auto-excludentes sob pena de haver problem asquanto a fidedignidade. Alm disso, as categorias a posteriori devem serconstrudas, levando em considerao a orientao terica e os objetivos dapesquisa.

    Bardin (1979) indica que um a boa categoria deve suscitar a exclusom tua, a hom ogeneidade, a pertinncia, a objetividade e fidelidade e a produ-tividade. Bauer (2000) sugere princpios para aquilo que ele cham a de quali-dade na anlise de contedo, destacando: a) coerncia e sim plicidade doreferencial de codificao, b) transparncia da docum entao, c) fidedignida-de, d) validao, e) boa resoluo dos trs principais dilem as estabelecidos naanlise de contedo 4.

    Com relao coerncia e sim plicidade da codificao, destaca-se a

    indicao de um nico princpio ordenador da atribuio das categorias, talprincpio deve estar pautado em idias superiores que organizaro o referencial

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    de codificao de form a coerente. A partir do princpio ordenador, tem -se as noesprim rias que se desm em bram em categorias secundrias ou sub-categorias.

    A seguir, o exem plo do trabalho de O liveira, no qual a unidade deregistro tem aorientou a leitura dos artigos dos jornais O G lobo e Folha de SoPaulo. N o total, a pesquisa reuniu 35 tem as que foram , em seguida, reagrupadosem 15 categorias. Trs destas categorias esto descritas abaixo - Definio daCriana de Rua, Rua e Famlia,acom panhadas por seus respectivos tem as.

    Defi nio ( t i p ologi a) da cr ia na d e r ua

    A criana de rua definida em funo das caractersticas de seu corpo(m asculino, fem inino, negro, ndio, )A criana de rua definida em funo de sua estrutura fsica (im agem nega-tiva de si-m esm o, agressividade, ternura)

    A criana de rua definida em funo de com portam entos prprios a suaidade (correr, brincar, )A criana de rua definida em funo de seu percurso escolar (sem i-analfabeto, fracasso escolar, ).A criana de rua definida em funo do trabalho (trabalhador, trabalhadorautnom o, )A criana de rua definida em funo da lei (delinqente, traficante dedrogas ).A criana de rua definida em funo dos m aus tratam entos recebidos(um a criana de rua um a criana m altratada)A criana de rua definida em funo de seu pertencim ento a gruposdesfavorecidos (excludos, m israveis, ..)

    Rua

    A rua um lugar onde a criana escolhe ficar (diverso, liberdade, )A rua um lugar onde a criana perm anece por falta de opes (a rua umlugar de sobrevivncia)A rua um lugar onde a criana est exposta ao perigoA rua um lugar onde a criana coloca o outro em perigo

    Famli a

    A fam ilia da criana desestruturada (grande pobreza, prom iscuidade, vio-lncia, alcoolism o,...)

    A fam ilia da criana bem estruturada (presena dos dois pais, solidarieda-de entre os m em bros da fam lia..)

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    As categorias podem , ainda, ser previam ente construdas (anlisespor categorias previam ente construdas) ou podem ser definidas m edida que

    estas forem encontradas no texto (anlises sem nticas inferidas do texto).N aturalm ente, este no um processo rgido. U m pesquisador que tenha pr-definido suas unidades de registro (e suas categorias) poder rem anej-lasdepois de ter realizado um a prim eira leitura do texto.

    O trabalho de Feitosa Andrade (2001) oferece um exem plo desteprocesso. Em seu trabalho sobre estigm a, ideologia e im agem da prostituioinfanto-juvenil, veiculada pela m dia, a unidade de anlise referente aopertencim ento tnico-racial das crianas e adolescentes foi banida, pois noconstavam nos artigos de jornais. As categorias que guiaram Andrade (2001)na leitura do jornal Folha de So Paulo esto ilustradas na grade figura 1.

    FIG U RA 1 G rade sobre o tem a

    ATRIBUTOS UTILIZADOS PARA DESCREVER OS PERSONAGENS NAPROSTITUIO INFANTO-JUVENIL

    Nmero da Personagem

    UI

    Ano

    Caso

    Regio

    Tipo de personagem

    Identificao da(s) personagem(ns)

    Idade

    Sexo

    Somente para o sexo feminino

    EscolaridadeRegio de procedncia

    Outra atividade

    Vnculo familiar

    Idade de incio na prosti tuio

    Tempo na prosti tuio

    Remunerao

    Local da atividade

    Coadjuvante

    Sade

    Finalidade da remunerao

    Justificativa p/a entrada na PIJ

    Justificativa p/ a permanncia na PIJ

    Prognstico de vida

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    A coda gem ( enumer ao) e anli se fr eqencia lA construo de um a grade, seja ela baseada em palavras, conjunto

    de palavras ou tem as, definidos previam ente ou no, depende de um sistem ade codagem . Cada palavra, conjunto de palavras ou tem as assinalados notexto, assim com o cada categoria, deve ser precedida por um nm ero.A gradedever tambm ser submetida a uma anlise freqencial que permitir saber

    quantas vezes determinado tema ou palavra aparece no texto.A anlise de freqncia pode ser feita intergrupo ou intragrupo. N a

    contagem intergrupo cada unidade de sentido que aparecer duas vezes oum ais em um texto s ser considerada um a nica vez. N a contagem intragrupo,o p esquisador levar em conta o nm ero de vezes que cada unidade de sen-tido aparecer no texto. A ordem de apario da unidade de sentido no textopoder ainda ser ou no considerada na contagem freqencial. A deciso derealizar um a contagem intergrupo ou intragrupo depende das questes feitaspelo pesquisador e depender dos objetivos da pesquisa.

    Qua li da de na anli se: a qu esto da tr ansp ar nci a da do cumentao eda f i dedignid ade da anlise

    A transparncia da docum entao exige do pesquisador a construode registros explicativos dos procedim entos e decises tom adas no curso daanlise de contedo.

    O s registros necessrios com preendem : lista sum ria das categorias;distribuio das freqncias com a devida num erao e definio; e o cadernode cdigos, definido com o um a unidade de texto ilustrativa que se aplica acada categoria. Ainda preciso assegurar a discusso sobre com o o pesquisa-dor tratou a questo da fidedignidade da codificao e do tem po exigido para

    que tal processo fosse considerado aceitvel.Para Bauer (2002), a transparncia em pesquisa um a espcie de

    prestao pblica de contas, servindo de suporte p ara futuras rep licaes.O grau aceitvel de concordncia entre os intrpretes ou codificadores

    denom inado fidedignidade5. N este caso, pode-se verificar a fidedignidade de um am atriz de categorizao a partir de, no m nim o, duas codificaes que podem serelaboradas por um codificador em dois m om entos diferentes ou por dois ou m aisgrupos de codificadores que codificam o m aterial, ao m esm o tem po.

    Para determ inar o grau de concordncia entre as codificaes, Bauer(2000) sugere os ndices de fidedignidade (phi,kappaou alpha).

    Anli se estati sti ca mu lti var i ad a e inter p r etaoA anlise da distribuio de freqncias fornece um parm etro estatsti-

    co prelim inar para a avaliao do padro de respostas obtido. M as, conform e o

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    nm ero de unidades de anlise e a com plexidade das hipteses a serem testadas, necessrio utilizar m odelos m atem ticos m ais robustos. N este caso, os cham a-

    dos m odelos m ais robustos.A busca pela fidedignidade na anlise de contedo im plica em procedi-

    m entos estatsticos que, conform e B auer (2000), podem ser utilizados para m ensuraro grau de concordncia entre os codificadores.

    Para tanto, m odelos estatsticos m ultivariados surgem com o procedi-m entos adequados para fundam entar a interpretao dos resultados e testar a suaconsistncia6.

    Para explorar essa questo, faz-se necessrio percorrer um m odelo deanlise que explicita todo o encadeam ento de procedim entos necessrios ao cum -prim ento das etapas de um a anlise de contedo, com destaque ao tratam entoestatstico.

    O algortm o presente na figura 2 apresenta um a proposta de um m odeloexperim ental estatstico m ultivariado, aplicado anlise de contedo, quatro faseso determ inam .

    FIG U RA 2 Algortm o: m odelo de anlise

    Fonte: O rganizado pelos autores.

    As fases Ae Bcorresponde a etapas j supracitadas referentes com pilao de um a am ostra aleatria7e com pilao de um a estrutura decategorias8.

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    N este m odelo, um procedim ento estatstico de com parao de classi-ficaes independentes proposto para se avaliar a consistncia estatstica do

    desenho do sistem a de categorias. N o caso duas, ou m ais, classificaes dasparcelas experim entais por conjuntos de pesquisadores, ou am ostras, inde-pendentes fornecem subsdios para um procedim ento estatstico.

    U m a m atriz confuso(tabela 1) com pila os resultados de um con-junto de juzes, esta m atriz associa s suas colunas ao sistem a de categorias,no caso definidas com o variveis binrias, e as linhas correspondem s parce-las experim entais.

    TABELA 1- Representao da m atriz de confuso

    O fim da Fase Be a Fase Crefletem um a opo de m odelo exp e-rim ental. Para este trabalho optam os, apenas com o opo e exem plo, pordois grupos de juzes trabalhando de form a independente em um a m esm aam ostra. Por este desenho experim ental, pode-se aplicar um a estatstica de

    dados em parelhados, um m odelo adequado o K appa de Cohen 9.Essa estatstica varia de 0 a 1, ajuste nulo e m xim o, respectivam ente.

    O s resultados obtidos podem ser avaliados por um teste estatstico convenci-onal10, se o resultado for no significativo (a um nvel de significncia de 5% ),entre os procedim entos abaixo, ao m enos um ser necessrio:

    1. Reavaliao dos critrios de classificao;2. Com pilao do sistem a de categorias;3. Classificao de um a nova am ostra e avaliao do ajuste.

    A Fase Dse caracteriza p ela aplicao de m odelos estatsticosm ultivariados. So usuais os seguintes m odelos: anlise fatorial, anlise devarincia e reescalonam ento m ultidim ensional11.

    Esses m odelos no so m utuam ente exclusivos, a sua com binao

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    em diversas estratgias m etodolgicas pode levar a resultados com plem enta-res, alm de potencializar m ais possibilidades de avaliao da verossim ilhana

    dos resultados obtidos.

    Os li mi tes da a nli se de cont edo

    M esm o se do ponto de vista tcnico, o desenrolar da anlise de con-tedo responde a um bom nivel de rigor, algum as crticas so feitas, lem bran-do os lim ites de toda anlise de contedo. Assim , a anlise de contedo tem ticatem sido considerada subjetiva e at m esm o im pressionista, pois desde oincio ela repousa sobre um a atividade interpretativa e um a codificao intui-tivado pesquisador.

    N o se enquadrando totalm ente nos lim ites rigorosos de um a defini-o cientfica, a anlise de contedo tem tica acorda, no entanto, algum asvantagens aos pesquisadores que decidem em preg-la. Assim , ela ultrapassaos lim ites de um a anlise lim itada unicam ente ao contedo m anifesto. A op-o de realizar um a anlise tem tica, em detrim ento de um a anlise de con-tedo m anifesto, na qual os dados seriam plenam ente quantificveis, justifica-se pela vontade de se com preender o sentido pleno do discurso, inclusive ode assinalar os seus contedos latentes.

    U m a segunda questo colocada queles que optam pela anlise decontedo tem tica ou no com o m todo, diz respeito interpretaao deresultados feita por critrios que previlegiam a freqncia. Ao se tom ar com orespostas palavras de G higlione et al (1980) sobre a anlise de contedo feitaa partir de entrevistas

    D e fato, nada garante que um tem a freqente necessariam ente um tem aim portante ou, ao contrrio, que um tem a pouco freqente no esteja emrelao com um a representao essencial, porm reprim ida ou dificilm enteverbalizada []. O fato que um tem a seja freqentem ente abordado em um aentrevista pode sim plesm ente querer dizer que ele esta m ais disponivel nosesquem as de conversa, o que evidentem ente no deixa entrever em nada aim portncia deste tem a no sistem a de representaes sobre o assunto.

    M esm o sendo im perfeita, a interpretao baseada em freqncias um m odo de definir o contedo relacionado a determ inado assunto, e perm iteao pesquisador reconstitutir um corpo de representaes. Se bem executada,os resultado obtidos fornecem um a base form al estvel para o desenvolvi-m ento de m odelos estatsticos m ultivariados e, enfim , potencializar a apreen-

    so das significaes inerentes ao objeto de estudo.A anlise de contedo oferece um m odelo experim ental bem defini-

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    do, que parte de um a concepo orientada ao entendim ento do objeto deestudo12, e, para tanto, se utiliza de m odelos que garantem um a interpretao

    form al dos resultados com espao para a criatividade, m as sem abrir m o doideal de reprodutibilidade e transparncia das condies experim entais. Semser um m todo perfeito, se configura com o um procedim ento confiavl paraatingir as linhas m estras de um texto.

    Notas

    1 Texto organizado a partir dos encontros na disciplina-projeto: M apas M entais, Program a de Ps-G radu-

    ao em Educao: Psicologia da Educao, Pontficia U niversidade Catlica de So Paulo. Sob aresponsabilidade da Prof. Dr. Clarilza Prado de Souza.

    2 Inferncia a operao lgica, pela qual se adm ite um a prop osio em virtude da sua ligao comoutras proposies j aceitas com o verdadeiras. (BARD IN , 1979, p. 39)

    3 Para Bardin (1979, p. 39) dois tipos de docum entos podem ser subm etidos a anlise: do cum entosnaturais, produzidos espontaneam ente na realidade; e docum entos suscitados pelas necessidades deestudo (por exem plo: respostas a questionrios de inquritos, testes, experincias, etc.).

    4 E conseqente ajuste entre a interpretao e o m odelo form al.

    5 O bservao das relaes estabelecidas entre: 1) am ostragem e codificao, 2) espao de tem po ecom plexidade da codificao e 3) fidedignidade e validade.

    6 Fidedignidade refere-se quilo que digno de crdito, de confiana, de f.

    7 Por consistncia entende-se: estabilidade de opinio ou de com portam ento por parte de um ou m ais

    codificadores. D iz-se que a codificao est consistente quando apresenta ausncia de contradio,coerncia lgica; com patibilidade.

    8 E resultante de um a leitura flutuantedo corpusobtido, a qual possibilita um a avaliao inicial do

    corpus.

    9 Sendo esta im anente de um a leitura form aldo corpus.

    10 N ovam ente, esta op o configura apenas um exem plo. Para este caso um a outra possibilidade o testede sim etria de M cN em ar. Em outros desenhos experim entais, estatsticas diferentes poderiam ser pro-postas com resultados sem elhantes.

    11 Suplem entado p or um a sim ulao de M onte Carlo.

    12 D estacam os estes m odelos, m as diversos outros m odelos podem ser adotados, com o exem plo: a an-

    lise de agrupam ento, a anlise de classificao hierrquica im plicativa e a anlise de discrim inante.

    13 Trabalha, sem dicotom ia, com atributos, com m aior e m enor potencial de quantificao.

    Refernci as

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    Eliana de Oliveira et al.

    Revista Dilogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.9, p.11-27, maio/ago. 2003.

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    Recebido em 2/5/03Aprovado em 22/7/03

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