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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA Análise de elementos moduladores dos níveis da enzima COX-2 em células H9c2 infectadas com Trypanosoma cruzi; cepa Berenice-62 Suianne Letícia Antunes Mota Março- 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

Análise de elementos moduladores dos níveis da enzima COX-2

em células H9c2 infectadas com Trypanosoma cruzi; cepa Berenice-62

Suianne Letícia Antunes Mota

Março- 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

Análise de elementos moduladores dos níveis da enzima COX-2

em células H9c2 infectadas com Trypanosoma cruzi; cepa Berenice-62

Suianne Leticia Antunes Mota

Orientadora

Karen Cristiane Martinez Moraes

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Biotecnologia da

Universidade Federal de Ouro Preto como requisito

parcial para obtenção do Título de Mestre em

Bioquímica e Biologia Molecular.

Ouro Preto- Minas Gerais

Março- 2014

II

Dedico este trabalho a meus pais que mesmo estando longe, me ensinaram a não

desistir e enfrentar as dificuldades de cabeça erguida sem jamais humilhar o outro

para alcançar meus objetivos.

III

O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois,

a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã.

Leonardo Da Vinci

IV

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por tua infinita presença e pelas benções derramadas em minha

vida.

Aos meus pais Eurides e Gilberto pelo amor incondicional, conselhos e por me

fortalecerem ainda mais nesta caminhada.

Aos meus irmãos Lívia e Filipe pelo carinho e motivação.

A orientadora Dra Karen Cristiane Martinez de Moraes pela oportunidade e confiança.

Agradecimento especial à FAPEMIG pelos recursos financiados para a execução desse

trabalh

Ao Laboratório de Doença de Chagas, especialmente a professora Dra Terezinha Bahia,

Lívia Diniz e a Ludimila por me receberem de portas abertas e concessão do uso de seus

equipamentos.

Ao professor Luis Crocco pela concessão do uso de seu laboratório e equipamentos.

Aos professores do mestrado que em momento algum omitiram seus conhecimentos

frente as minhas dúvidas.

Aos amigos do LBBM, Walmir, Cintia, Andrea, Brenda, Fabiano, Érica, Victor, Sol e

Esther pelo os bons momentos.

Aos meus colegas de casa, Walmir, Gustavo, Rodrigo, Diogo, Valquíria e Walyson pela

ótima convivência. Sentirei muita falta de vocês.

Aos amigos feitos em Ouro Preto, Patrícia, Rory, Helton, Matheus, Maurício, Hellem,

Bijay, Deena, João, Fabiano e Barbara pelos bons momentos e por tornarem minha

estadia mais divertida.

As amigas de Moc, Pollyana, Sabrina, Amanda, Lorena, Tamyres pelo apoio e torcida.

V

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ................................................................................................... IV

RESUMO ..................................................................................................................... VIII

ABSTRACT ..................................................................................................................... X

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... XII

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. XIII

ABREVIATURAS ....................................................................................................... XIV

1- INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1.1 Aspectos gerais da doença de Chagas e do Trypanosoma cruzi ......................... 2

1.2 Ciclo de vida do Trypanosoma cruzi ................................................................... 4

1.3 O processo de adesão e invasão do parasito ........................................................ 6

1.4 Ciclooxigenase-2 (COX– 2) e o processo inflamatório / hipertrófico na doença

de Chagas .................................................................................................................. 8

1.5 Atuação de PTEN e Akt na modulação dos níveis da enzima COX-2 na

hipertrofia cardíaca chagásica ................................................................................ 12

1.6 miRNAs e a regulação da expressão gênica nas hipertrofias cardíacas ............ 15

1.7 A importância do modelo de estudo celular e a busca por marcadores

moleculares na doença de Chagas ........................................................................... 19

1.8 Justificativa ........................................................................................................ 20

2- OBJETIVOS ............................................................................................................... 22

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 23

2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 23

3- MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 24

3.1 Cultura celular ................................................................................................... 25

3.2 Obtenção de formas tripomastigotas do T. cruzi e infecções celulares ............. 25

3.3 Avaliação da infeção da cepa Be – 62 em células H9c2 por ensaios de ..............

microscopia ............................................................................................................. 26

3.3.1 Microscopia de contraste de fase: coloração com Giemsa ............................. 26

3.3.2 Microscopia de fluorescência: coloração com 4,6 diamino-2-fenilindol ....... 26

3.3.3 Percentual de Infecção .................................................................................... 27

3.4 Analisando a viabilidade celular: Os ensaios de citotoxicidade ........................ 27

VI

3.5 Níveis de Prostaglandina E2 .............................................................................. 27

3.6 Extração do RNA total e transcrição reversa .................................................... 28

3.6.1 Extração do RNA total ................................................................................... 28

3.6.2 Transcrição reversa ......................................................................................... 28

3.7 Análises transcricional de genes em reações de PCR quantitativa em tempo ......

real (qPCR) .............................................................................................................. 29

3.8 Análises da expressão de proteínas por Western blotting ................................. 30

3.8.1 Preparação do extrato proteico ....................................................................... 30

3.8.2 Transferência e revelação das membranas ..................................................... 31

3.9 Análises do padrão de expressão de miRNAs ................................................... 31

3.10 Análises de bioinformática e construções de redes moleculares ..................... 33

3.11 Análises estatísticas ......................................................................................... 33

3.12 Considerações éticas ........................................................................................ 33

4. RESULTADOS .......................................................................................................... 34

4. 1 Análise da infecção da cepa Be – 62 em células H9c2 .................................... 35

4.2 Investigando a sobrevivência celular pós-infecção com a cepa Be-62 .................

do T. cruzi: os ensaios de viabilidade celular .......................................................... 38

4.3 RNAm relacionados com processo hipertrófico ............................................... 38

4.4 A infecção parasitária modula o ambiente pró-inflamatório: a mensuração de

prostaglandina E2 (PGE2) ....................................................................................... 40

4.5 A expressão do RNAm e da proteína COX-2 estão aumentadas durante o..........

processo pró-inflamatório induzido por T. cruzi ..................................................... 40

4.6 A expressão gênica de PTEN encontra-se modulada nos tempos iniciais de ......

infecção por T. cruzi ................................................................................................ 42

4.7 A fosforilação da proteína PTEN é menor no intervalo de 0 horas de infecção ..

com T. cruzi ............................................................................................................. 43

4.8 A expressão do RNAm Akt 1 e Akt 2 está aumentada durante o processo ........

pró-inflamatório induzido por T. cruzi .................................................................... 44

4.9 Análise da expressão de miRNAs ..................................................................... 44

4.9.1 miRNAs com alvos em COX-2 ...................................................................... 45

4.9.2 miRNAs com alvos em PTEN ........................................................................ 46

4.9.3 miRNAs relacionados com o processo hipertrófico cardíaco ........................ 47

VII

4.10 Os miRNAs – 1, -21,-26b podem modular a expressão de genes relacionados

ao processo hipertrófico/ inflamatório .................................................................... 48

5. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 50

6. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 60

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 62

VIII

RESUMO

A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é responsável por

uma significante mortalidade e morbidade nas Américas Central e do Sul, afetando um

número significativo da população mundial. A doença desenvolveu-se ao longo de

décadas e a presença de mediadores inflamatórios e a hipertrofia cardíaca são

características comuns. Buscando uma compreensão dos mecanismos moleculares que

ocorrem no processo inflamatório e que subsidiem a caracterização de marcadores

moleculares na patologia chagásica, a proteína COX-2 tornou se objeto de estudo. Sabe-

se que a regulação desta proteína pode se dar a nível transcricional e/ou pós traducional,

envolvendo um conjunto de fatores protéicos e incluindo a participação de miRNAs.

Estudos recentes tem mostrado uma possível co-regulação indireta entre os níveis de

PTEN e de COX-2, mas até o momento, os resultados preliminares ainda não

elucidaram esses mecanismos. Particularmente, em relação à Doença de Chagas, poucos

são os estudos que focam na elucidação do processamento do mRNAs na doença e nos

fatores que co-regulam a proteína COX-2. Sendo assim, objetivou se nesse estudo

analisar os moduladores do processo pró-inflamatório/ hipertrófico em células H9c2

infectadas pela cepa Berenice-62 do T.cruzi, buscando a caracterização de marcadores

moleculares do processo inicial da Doença de Chagas. Para isso, os tempos de infecção

de 0, 2, 6, 12, 24 e 48 horas foram estudados, logo após 2 horas de interação com o

parasito. A comprovação da infectividade foi feita por ensaios de microscopia pela

coloração com Giemsa e Dapi. A análise transcricional de genes correlatos ao processo

inflamatório/ hipertrófico e de microRNAs foram realizados por ensaios de qRT-PCRs e

as análises das proteínas COX-2, PTEN, P-PTEN foram investigadas nos ensaios de

Western blots. Outros ensaios bioquímicos, como o de viabilidade celular e o de

mensuração de prostaglandina E2, foram realizados. Com os resultados, conclui-se que

a infecção com a cepa Be-62 diminui a viabilidade celular após 48 horas de infecção e

modula os níveis de expressão dos marcadores de hipertrofia cardíaca Anf, Bnp e β –

myhc, além de modular o ambiente pró-inflamatório nos intervalos iniciais de infecção,

considerando-se o aumento da expressão e da atividade da proteína COX-2 e no

aumento na produção de PGE2. Os resultados também demonstraram uma relação entre

os genes Cox-2, Pten, Akt, sugerindo uma possível correlação cruzada entre COX-2 e

IX

PTEN. Os microRNAs-26b, -463,-1 e -21, respectivamente, indicaram uma possível

regulação pós-traducional das proteínas COX-2 e PTEN, demonstrando um papel

fundamental na instalação do quadro de hipertrofia. Estudos futuros poderão validar o

papel dessas moléculas como marcadores moleculares e espera-se que os resultados do

presente estudo possam direcionar a caracterização de moléculas que auxiliem no

prognóstico e tratamento da doença de maneira direcionada, considerando-se a grande

variabilidade genética das cepas do T. cruzi.

X

ABSTRACT

The Chagas disease, caused by the protozoan Trypanosoma cruzi, is responsible for

significant mortality and morbidity in Central and South America, affecting a

significant number of the world population. The disease develops over decades and the

presence of inflammatory mediators and cardiac hypertrophy are common features.

Searching for an understanding of the molecular mechanisms that occur during the

inflammatory process, and that subsidize the characterization of molecular markers in

Chagas disease, COX - 2 protein became an object of study. It is known that the

regulation of this protein can occur at transcriptional and/ or post- translational level,

involving a number of protein factors and including the involvement of miRNAs.

Recent studies have shown a possible indirect co-regulation in the levels of PTEN and

COX - 2, but so far the preliminary results not yet elucidated these mechanisms.

Particularly in relation to Chagas disease, there are few studies that focus on the

elucidation of the processing of mRNAs in this disease and in the factors that co -

regulate COX - 2 protein. Therefore, this study was aimed to analyze the hypertrophic/

proinflammatory process modulators in H9c2 cells infected with strain Berenice -62 of

the Trypanosoma cruzi, searching for characterize the molecular markers of the initial

process of Chagas disease. For this reason, the time of infection of 0, 2, 6, 12, 24 and 48

hours were studied soon after 2 hours from the interaction with the parasite. The proof

of the infectivity was performed by microscopy assays by the staining with Giemsa and

Dapi. The transcriptional analysis of genes related to the inflammatory / hypertrophic

process and microRNAs were performed by qRT- PCR assays and the analyzes of

COX-2, PTEN, PTEN - P proteins were explored in Western blots assays. Other

biochemical assays such as cell viability and measurement of prostaglandin E2 were

performed. From the results, it is concluded that infection with Be- 62 strain decreases

cell viability after 48 hours of infection and modulates the levels of expression of

markers of cardiac hypertrophy Anf and Bnp β - myhc, in addition to modulate the

environment pro-inflammatory in the initial intervals of infections, considering the

increased expression and COX -2 protein activity and in the increased production of

PGE2. The results also demonstrated a relationship among cox-2, pten, akt genes

suggesting a possible cross- correlation between COX-2 and PTEN. MicroRNAs-26b, -

XI

463, -21 and -1 respectively indicate a possible posttranslational regulation of COX-2

and PTEN protein, demonstrating a crucial role in the installation of hypertrophy.

Future studies could validate the role of these molecules as molecular markers and it is

expected that the results of this study may direct the characterization of molecules that

assist in the prognosis and treatment of disease in targeted way, considering the high

genetic variability of strains of T. cruzi.

XII

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Sequências dos oligonucleotídeos utilizados na análise da expressão dos

gene.

Tabela 02: Sequências dos miRNAs e alvos envolvidos no processo hipertrófico e na

modulação de COX-2 e PTEN.

Tabela-3. miRNAs e genes alvos

XIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Morfologia das formas do T. cruzi.

Figura 02: Ciclo evolutivo do Trypanosoma cruzi

Figura 03: Esquema ilustrativo da via do ácido araquidônico

Figura 04: Representação esquemática da via PI3K/ Akt

Figura 05: Relação entre as proteínas PTEN, AKT e COX-2 na modulação do processo

hipertrófico mediado por infamação

Figura 06: Biogênese dos miRNAs

Figura 07: Análise do produto transcricional do gene β-actina.

Figura 08: Análise celular da infecção de células H9c2 pela cepa Berenice-62

Figura 09: Microscopia de fluorescência após 48 h de infecção da célula H9c2 pelo

parasito Be-62.

Figura 10: Índice de Infecção de células cardíacas H9c2 pela cepa Berenice-62

Figura 11: Número de amastigotas por célula infectada.

Figura 12: Viabilidade de células H9c2 infectada com T. cruzi Cepa Be-62.

Figura 13: Níveis de expressão do RNAm de genes relacionados ao processo

hipertrófico.

Figura 14: Níveis de PGE2 produzidos durante a infecção da célula H9c2 pela cepa Be-

62 do T. cruzi

Figura 15: Níveis de expressão da proteína e do RNAm de COX-2

Figura 16. Níveis de expressão da proteína e do RNAm de PTEN

Figura 17. Níveis de fosforilação da enzima- PTEN

Figura 18. Níveis de expressão do RNAm de Akt 1 e Akt 2

Figura 19. Níveis de expressão dos miRNAs com alvo em COX-2.

Figura 20. Níveis de expressão dos miRNAs com alvo em PTEN.

Figura 21. Níveis de expressão dos miRNAs envolvidos no processo hipertrófico.

Figura 22. Rede de interação entre miRNAs e seus alvos relacionados ao processo

hipertrófico mediado por inflamação.

XIV

ABREVIATURAS

AA: Ácido Araquidônico .

AKT: serina-treonina quinase

ANF: Fator natriurético Atrial

ATP: Adenosina Trifosfato

BE-62: Berenice-62

BNP: Peptídeo Natriurético cerebral

Β-MYHC: Cadeia pesada de β-miosina

BSA: Albumina Sérica Bovina

CCC: Cardiomiopatia Chagásica Crônica

CK2: proteína-quinase

COX-2: Ciclooxigenase-2

COX-1: Ciclooxigenase-1

CREB: do Inglês ( cAMP response element binding protein),

cDNA: DNA complementar

DAPI: 4',6-diamidino-2-fenilindol

DMEM : Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium

DMSO: Dimetilsulfóxido

DNTP: Desoxirribonucleotídeos Fosfatados

DTT: Ditiotreitol

EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético

GPI: glicosilfosfatidilinositol

GPS: glicoproteínas

IFN: Interferon

IL: Interleucina

IL-1β: interleucina 1-Beta

IL-8: interleucina 8

MTT: (3-(4,5-Dimetiltiazol-2-yl)-2,5- brometo difeniltetrazolio

miRNA: microRNA

NFAT: Fator Nuclear de Células T Ativadas

NF-IL6: O Fator Nuclear de Interleucina 6

XV

NF-kB: Fator de Transcrição Nuclear κB

PBS: Tampão Fosfato Salino

PCR: Reação em Cadeia da Polimerase

PGIs: prostaciclinas

PGs: prostaglandinas

PGE2: Prostaglandina E2

PIP-3 – Fosfatidil Inositol 3 Fosfato

PIP-2 – Fosfatidil Inositol 2 Fosfato

PI3K – Fosfatidil Inositol 3 Quinase

PDK1 – Quinase 1 dependente de fosfoinositídeos-3

Pri-miRNA – miRNA primário

Pré-miRNA – Precursor de miRNA

PLA2: Fosfolipase A2

PTEN: proteína Fosfatase e Tensina Homóloga

qRT-PCR: do inglês, Quantitative Reverse Transcription PCR

RNA: Ácido Ribonucleico

RNAm: RNA mensageiro

SDS: Sulfato Dodecil de Sódio

SNPs: polimorfismo de nucleotídeo simples

TBS: Tampão de Tris Salina

TNF: Fator de Necrose Tumoral

Tris: Tris(hidroximetil)aminometano

TBXs:tromboxanos

1

1. INTRODUÇÃO

2

1.1 Aspectos gerais da doença de Chagas e do Trypanosoma cruzi

A doença de Chagas é uma enfermidade causada pelo protozoário Trypanosoma

cruzi, o qual pertence à ordem Kinetoplastida e família Trypanosomatidae (CHAGAS;

1909). Essa família é caracterizada pela existência de um único flagelo e de uma

organela denominada cinetoplasto (TELLERIA et al., 2006). Estima-se que dez

milhões de pessoas estejam infectadas em todo mundo e aproximadamente 120.000

encontrem-se em área de risco, sendo que a maioria está distribuída na América Latina

(CORRAL et al; 2013). No Brasil, aproximadamente cinco milhões de pessoas estão

infectadas com o T. cruzi, das quais 60% residem em áreas urbanas (GILBER et al.,

2013).

A principal forma de transmissão da doença se dá por via vetorial; insetos

hematófagos que pertencem à ordem Hemíptera, família Reduviidae, subfamília

Triatominae (GAUNT e MILES, 2000) que depositam as formas infectantes do parasito

juntamente às suas fezes no momento do repasto sanguíneo em um hospedeiro

vertebrado (MAZZA, 1936; BARRETO, 1990; DIAS, 1994). Existem também outros

modos de transmissão, tais como: transfusão de sangue, congênita, via oral, acidentes de

laboratório, manejo de animais infectados, transplante de órgãos e por intermédio do

leite materno (BRASIL, 2008).

A doença de Chagas apresenta duas fases; aguda e crônica. A fase aguda, que

compreende o período de até 3 a 4 meses após a infecção (PRATA et al; 1994), é

caracterizada por intensa proliferação do parasito nos tecidos do hospedeiro com

consequente reação inflamatória e presença de formas tripomastigotas no sangue

periférico. Os pacientes nessa fase são geralmente assintomáticos, entretanto podem

apresentar sinais de porta de entrada do parasito e/ou sintomas como: febre passageira,

linfoadenopatia, esplenomegalia branda e, mais raramente, uma miocardite intensa

(RASSI et al., 2000).

Na fase crônica os pacientes podem permanecer assintomáticos (fase

indeterminada) ou apresentar-se na forma cardíaca, digestiva ou mista. No entanto, a

forma cardíaca é uma das formas mais graves, pois é a principal responsável pela

ocorrência de morte súbita devido à miocardite crônica progressiva e fibrosante e/ou

hipertrofia do coração (BRENER et al., 2000 ).

3

Aproximadamente 20 a 30% dos doentes desenvolvem alterações no coração e,

apesar dos pacientes na fase indeterminada da doença Chagas terem, geralmente, um

bom prognóstico, essa situação pode mudar para um estágio avançado com

manifestações clínicas graves (ROCHA et al., 2003). A cardiopatia chagásica crônica

(CCC) pode evoluir para uma cardiomiopatia dilatada inflamatória infecciosa

(ANDRADE et al.,1983). No entanto a sua patogenia não está totalmente esclarecida,

sendo propostos mais estudos para explicar a gênese das lesões, mecanismos

inflamatórios ligados ao T. cruzi. (TAFURI, 1985; HIGUSHI, 2001).

A prevalência das diversas formas clínicas da doença tem sido atribuída ao perfil

genético diversificado da população de parasito, uma vez que os mecanismos de invasão

parasitária têm contribuído para a variabilidade genética de cepas do T. cruzi, sendo

uma questão fundamental para a compreensão dessa patologia (PIRES et al; 1996).

Considerando como uma espécie heterogênea, o parasito consiste em várias

subpopulações, que apresentam cepas distribuídas em hospedeiros mamíferos

(ZINGALES et al., 1998). Diversos estudos têm demonstrado que no sangue periférico

de animais infectados com diferentes cepas do T. cruzi são encontradas formas

tripomastigotas delgadas, largas e muito largas (BRENER e CHIARI; 1963).

Em 1909, Carlos Chagas já havia descrito a predominância de formas finas e

largas do parasito circulante (CHAGAS, 1909), mas foi em 1977 que Brener sugeriu a

caracterização do T. cruzi em dois tipos polares baseado na morfologia e no tropismo

tecidual do parasito. Cepas que apresentam a forma fina induzem infecções com altos

níveis de parasitemia e geralmente apresentam suscetibilidade a agentes

quimioterápicos, tendo tropismo maior por macrófagos. Já as formas mais largas

possuem infecções com baixos níveis de parasitemia e normalmente são resistentes a

agentes quimioterápicos, com tropismo maior por células musculares (BRENER et al;

1977).

Paralelamente, Andrade (1985) também sugeriu uma classificação baseada nos

critérios morfológicos e no tropismo tecidual, no qual cepas finas, como a cepa Y,

teriam um tropismo maior por células hematopoiéticas e fibroblastos e, as cepas mais

largas, como as cepas CL, Brasil, Colombiana, teriam um tropismo preferencial por

células cardíacas e esqueléticas. Em estudos feitos por Brener (1965), foi descrito um

tipo de cepa do T. cruzi que até então era desconhecida, a cepa Berenice 62 (Be-62), que

4

havia sido isolada três anos antes, em 1962, através do xenodiagnóstico da paciente

Berenice (primeira paciente infectada observada por Carlos Chagas) em Lassance, MG.

Esta cepa apresenta a forma delgada, induz infecções com altos níveis de parasitemia e

apresenta susceptibilidade a agentes quimioterápicos. No entanto, pouco se conhece

sobre os mecanismos de atuação da mesma envolvida na cardiopatia chagásica, uma vez

que há poucos dados na literatura sobre sua investigação.

Para a confirmação do diagnóstico, é necessário considerar os antecedentes

epidemiológicos do paciente, levando em consideração a possibilidade de contato direto

ou indireto com o parasito e também as evidências clínicas. Porém, mais de 50% dos

pacientes na fase crônica são assintomáticos, o que tem prejudicado muito o

diagnóstico. Para que haja a confirmação, é necessária a detecção do parasito através da

sorologia (L. MURCIA et al.,2013), sendo que a OMS recomenda a utilização de dois

métodos sorológicos diferentes para determinar o diagnóstico de infecção por T. cruzi

(GILBER et al.,2013).

Atualmente, não existem vacinas usadas no controle da doença de Chagas e os

medicamentos utilizados no tratamento de pacientes na fase aguda são o nifurtimox e o

benzonidazol. Contudo, o tratamento com essas drogas é bastante questionado, devido à

ineficiência contra o parasito durante a fase crônica, presença de efeitos colaterais

longos, alto custo do tratamento e surgimento de cepas resistentes às drogas (DIAS et

al., 2006). Sendo assim, estudos bioquímicos e moleculares acerca desse protozoário

são importantes, já que tais estudos proverão informações a respeito de possíveis alvos

para o desenvolvimento de novas drogas ou tratamentos.

1.2 Ciclo de Vida do Trypanosoma cruzi

O T. cruzi apresenta um ciclo de vida heteróxeno que foi descrito há mais de um

século pelo pesquisador Carlos Chagas (Chagas, 1909). Esse ciclo envolve tanto a

participação de hospedeiros invertebrados (triatomínio), que atuam como vetores do

parasito (DIAS, LARANJA, NÓBREGA, 1945), como uma grande variedade de

hospedeiros vertebrados tais como gambás, cachorros, gatos, tatus, cabras, ovelhas,

incluindo o homem, que servem como reservatório da doença (PESSOA, 1958;

COURA, 1966).

5

Conforme mostrado na figura abaixo, o parasito apresenta três formas distintas,

que podem ser encontradas em diferentes hospedeiros. Nos hospedeiros vertebrados são

observadas as formas amastigotas intracelulares e tripomastigotas sanguíneas, enquanto

nos hospedeiros invertebrados ocorrem as formas epimastigotas e tripomastigotas

metacíclicas (TYLER e ENGMAN, 2001).

Figura 01- Morfologia das formas do T. Cruzi. Em (A) Tripomastigota (B)

Epimastigota. (C) Amastigota. Acesso: Imagem: flech.com.ar em 12/11/2013

As formas amastigotas (Figura 1 C) possuem cerca de 5 μm de comprimento,

apresentam flagelo interno, ausência de membrana ondulante e possuem cinetoplasto

visível. As formas epimastigotas (Figura 1 B) apresentam cerca de 20 a 40 μm de

comprimento, membrana ondulante curta, flagelo livre e possuem o cinetoplasto

anterior ao núcleo. Já os tripomastigotas (Figura 1 A) possuem aproximadamente 25 μm

de comprimento, apresentam o cinetoplasto posterior ao núcleo, flagelo livre e presença

da membrana ondulante (BURLEIGH e WOOLSEY, 2002). Estes últimos são

eliminados junto às fezes do inseto vetor, que são liberados sobre a pele lesionada ou

mucosa íntegra do hospedeiro vertebrado durante o repasto sanguíneo, iniciando o ciclo.

Logo após, chegam ao interior das células, onde ocorre a diferenciação em amastigotas,

se multiplicam por divisão binária e se proliferam rapidamente formando ninhos. Após

6

a diferenciação em tripomastigotas, ocorre a ruptura da célula parasitada e a liberação

dos parasitos no meio extracelular (BRENNER e ANDRADE, 1979).

A infecção do hospedeiro invertebrado acontece durante o repasto sanguíneo,

onde em poucas horas após a ingestão, ocorre a diferenciação do tripomastigota em

epimastigota no tubo digestivo do vetor e, em seguida, as epimastigotas se transformam

em tripomastigotas metacíclicos, sendo esta a forma infectante para o hospedeiro

vertebrado (DE SOUZA, 2000; CARLIER e TORRICO, 2003).

Figura 02- Ciclo evolutivo do Trypanosoma cruzi / Acesso:

www.who.int/tdrdiseaseschagas - em 12/ 11/2013 adaptado da Organização Mundial da

Saúde (OMS).

1.3 O processo de adesão e invasão do parasito

A interação do parasito com a célula hospedeira é uma etapa crucial no processo

de invasão e inicia-se com a adesão do parasito à superfície celular. Esse processo

envolve a participação de diversas moléculas no reconhecimento celular, sendo estas

ancoradas em moléculas de glicosilfosfatidilinositol (GPI) (YOSHIDA et al; 2006).

Durante a adesão, ocorre um aumento intracelular de cálcio (Ca2+

) que,

juntamente com as glicoproteínas (Gps) de superfície, atuam favorecendo o processo de

interiorização do parasito (RUIZ et al.; 1998). Estudos recentes sugerem duas vias de

7

invasão diferentes – a dependente de lisossomos e uma alternativa dependente do

citoesqueleto de actina. A dependente de lisossomos compreende a formação de

vacúolos denominados vacúolos parasitóforo, que é formado pela fusão de lisossomos à

membrana celular (DO CAMPO,1996; BURLEIGH e ANDREWS, 1998; YOSHIDA,

1989; 2003). Posteriormente, a membrana sofre ruptura e permite o acesso do parasito

ao citoplasma. O vacúolo no qual o parasito se instala tem pH ácido, condição que pode

ser modificada através de agentes que inibem o processo de acidificação e permitem o

escape do parasito para o citoplasma (KULKARNI et al; 2009).

Já a via dependente do citoesqueleto de actina é estimulada pelo aumento de

cálcio no citoplasma da célula hospedeira que, após a interação com formas

tripomastigotas do T. cruzi, provoca uma reorganização no citoesqueleto de actina,

causando uma despolimerização de actina no local de entrada. As moléculas de F-actina

são acumuladas ao redor da membrana do vacúolo, que se forma no momento da

invasão. Desse modo, forma uma barreira que impede a fusão do vacúolo parasitóforo

com os lisossomos facilitando a invasão do parasito (RAJARAM et al; 2006).

Levando em consideração as particularidades metabólicas de cada cepa e os

mecanismos de invasão celular adotado, as glicoproteínas encontradas em

tripomastigotas metacíclicas vêm sendo amplamente estudadas (YOSHIDA et al., 1990;

RAMIREZ et al., 1993; PREVIATO et al., 1994). Particularmente, a gp82 correlaciona-

se com o aumento da concentração de cálcio intracelular e estão presentes na superfície

das cepas mais infectivas. Já as gp35/50 estão presentes em cepas menos infectivas e

induzem uma cascata de sinalização menos eficiente (DORTA et al., 1995; YOSHIDA

et al., 2000; 2006).

Considerando-se os mecanismos de adesão parasitária e invasão celular, muitos

trabalhos descrevem a relevância de outras proteínas em diversos processos biológicos

do parasito, como a cruzipaína, uma cisteíno-protease que se relaciona na invasão de

células pelo T. cruzi, que é essencial à sobrevivência do parasito. Estudos feitos por

ENGEL et al (1998) com camundongos, demonstraram que a utilização de inibidores da

cruzipaína são capazes de diminuir significativamente a invasão celular, exercendo um

papel importante na imunopatogênese da doença de Chagas experimental.

8

1.4 Ciclooxigenase -2 (COX– 2) e o processo inflamatório / hipertrófico na doença

de Chagas

Nos últimos anos, evidências crescentes demonstram que a inflamação crônica

exerce importante papel nas cardiomiopatias (BARRETO et al., 2009). Baseados nessas

observações, diversos autores já demostraram que, os processos pro-inflamatórios que

conduzem as hipertrofias cardíacas e a outras doenças é marcado principalmente pela

liberação de citocinas que são responsáveis pela modulação de mecanismos celulares

envolvidos na resposta inflamatória (CANDIA, 2007; GARCIA e INCERPI, 2008;

PONTES, 2004).

Entre as citocinas, o fator necrose tumoral (TNFα) é capaz de induzir a

liberação de outras citocinas, tais como a interleucina 1-Beta (IL-1β), a interleucina 8

(IL-8) que, por sua vez, estimula a produção da proteína ciclooxigenase 2 (COX-2),

uma proteína fundamental no controle do processo inflamatório (BASBAUM e

JULIUS, 2006; MOLLACE et al., 2005).

Mediante a presença de um estímulo pró-inflamatório, ocorre a ativação da via

do ácido araquidônico e as proteínas ciclooxigenases (COXs) estão diretamente

envolvidas com essa via metabólica. O ácido araquidônico (AA), presente na membrana

plasmática, é metabolizado pela ação da enzima fosfolipase A2 (PLA2) e, na sequência,

é processado pelas enzimas ciclooxigenases (COX-1 e COX-2), dando origem aos

prostanóides como as prostaglandinas (PGs) e prostaciclinas (PGIs) e aos, tromboxanos

(TBXs), como esquematizado na figura 3 (HINZ e BRUNE, 2002).

9

Figura 03. Esquema ilustrativo da via do ácido araquidônico (adaptado de Mollace et

al., 2005).

As enzimas COXs podem ser encontradas em duas isoformas: a proteína COX-1

é expressa constitutivamente em vários tecidos e está relacionada à produção de

prostanóides relevantes em processos fisiológicos. A proteína COX-2 é induzida em

tecidos inflamados em resposta a agentes pró-inflamatórios e é responsável pela

produção de prostanóides e tromboxanos ligados a eventos patológicos (VANE,1998; O

BANNION, 1999; KUMMER e COELHO, 2002). Em humanos, essas enzimas

compartilham uma homologia de seqüência de aproximadamente 60%, porém os genes

localizam-se em diferentes cromossomos e as enzimas diferem quanto a sua regulação,

expressão e distribuição. COX-1 possui um gene com aproximadamente 22 kb e 11

exons, que transcrevem um RNA mensageiro (RNAm) de 2.8 kb. Já COX-2 possui 8.3

kb, apresenta10 exons e transcrevem um RNAm de 4.6 kb (LIU et al., 2001).

A ativação transcricional do gene cox-2 e sua expressão protéica são reguladas

por uma intrincada via metabólica onde elementos se interconectam. Em resposta a um

estímulo de estresse celular, vários fatores de transcrição parecem se correlacionar com

a ativação do gene cox-2 (MATSUI; 2013), incluindo o Fator Nuclear de Interleucina 6

10

(NF-IL6) , CREB ( cAMP response element binding protein), Fator Nuclear de Células

T Ativadas (NFAT) e Fator Nuclear-kB (NF-kB). Particularmente, NF-kB caracteriza-

se como um regulador de genes que codificam receptores de citocinas e moléculas de

adesão celular que dirigem as respostas imunes e inflamatórias (TANABE e TOHNAI,

2002; GASPARINI et al., 2003; ST-GERMAIN et al., 2004). Além disso, o NF-kB,

também tem sido apontado como um fator responsável pela ativação transcricional de

genes relacionados a processos hipertróficos (CORTEZ et al., 2007).

Estudos feitos por ZHANG et al (2005) demonstraram que os níveis de

expressão do RNAm cox-2 apresentam um perfil diferenciado entre indivíduos em

resposta a agentes ambientais. Esta variabilidade pode ser determinada por fatores

moleculares, como o polimorfismo de nucleotídeo simples (SNPs), nas regiões

funcionais do gene que codifica esta proteína. Essa variação pode alterar a expressão, a

atividade da enzima e/ ou a sua síntese e degradação, influenciando o potencial de

susceptibilidade a doenças de etiologia inflamatória, como as cardiopatias.

Em células normais, cox-2 não é só transcrito em baixos níveis, como o seu

RNAm é degrado rapidamente (SULLY et al., 2004) e a atividade funcional da proteína

pode ainda ser protetora ou deletéria, dependendo da intensidade e do estímulo que

conduz a sua expressão (MUKHERJEE, et al., 2001). MENDEZ e LAPOINTE (2002)

observaram que, durante o processo inflamatório, miócitos ventriculares de ratos

neonatais apresentaram um aumento da proteína COX-2, estimulando assim a síntese de

(PGE2) e, consequentemente, o crescimento celular dos cardiomiócitos. Os mesmos

autores, em 2004, ainda mostraram que a inibição de COX-2 em miocárdios de ratos

neonatos diminuiu a hipertrofia. Já WANG et al, (2009) demonstraram que, em falhas

cardíacas de miocárdio humano, também são identificadas alterações nos níveis da

proteína COX-2. Por outro lado, BATLOUNI (2009) demonstrou que a COX-2 possui

efeitos cardioprotetores pois, ao administrarem aos animais uma droga inibidora

da COX-2, o efeito cardioprotetor foi eliminado e o risco de desenvolverem infarto do

miocárdio foi aumentando.

Interessantemente, evidências crescentes mostram que a infecção pelo

Trypanosoma cruzi produz uma resposta inflamatória intensa em diversos tecidos,

incluindo o coração, e o parasito induz a produção de quantidades acentuadas de

citocinas e quimiocinas em resposta à infecção (MACHADO et al., 2008).

11

Corroborando com esses dados, TAFURI (1973) demostrou que o processo inflamatório

causado pelo o parasito conduz a várias alterações na morfofisiologia do coração,

provocadas por infiltrado de células inflamatórias que, por sua vez, invadem as fibras

miocárdicas, causando lise das células não parasitadas e miocardite, contribuindo assim

para o processo hipertrófico.

Considerando a inflamação por T. cruzi como um precedente de hipertrofia

cardíaca que se instala ao longo da infecção parasitária, observa-se um aumento nos

níveis de PGE2, uma das principais prostaglandinas produzidas durante a resposta

imune pela via das ciclooxigenases, que pode estar correlacionada com a progressão da

doença. Estudos feitos por ABDALLA et al (2008) mostraram que os altos níveis de

PGE2 causam maiores danos teciduais ao coração de camundongos infectados e a

inibição da COX-2 foi capaz de diminuir esses danos. MICHELIN (2005) observou que

as prostaglandinas produzidas principalmente por COX-2 estão envolvidas na

imunossupressão da fase aguda da infecção por T. cruzi, pois, ao administrarem aos

animais o meloxicam (um inibidor da COX-2), a parasitemia reduziu significativamente

e atrasou a mortalidade dos animais infectados.

STERIN e BORDA (1996) também demostraram em camundongos infectados

por T.cruzi um aumento na produção de PGE2 quando comparados com animais não

infectados. BORGES (1998) evidenciou ainda que o aumento dos níveis de PGE2

durante a infecção pode contribuir para a evolução dessa enfermidade.

Baseado nos diversos estudos torna-se evidente que a proteina COX-2 e a PGE2

modulam a resposta do hospedeiro, o que a torna um alvo potencial no tratamento

farmacológico da doença. No entanto, pouco se conhece sobre os mecanismos

moleculares desta proteína nas cardiopatias chagásicas.

12

1.5 Atuação de PTEN e Akt na modulação dos níveis da enzima COX-2 na

hipertrofia cardíaca chagásica

Estudos apontam uma correlação indireta entre o processo inflamatório mediado

pela proteína COX-2 com os mecanismos de ação da proteína Fosfatase e Tensina

Homóloga (PTEN). No entanto, esse mecanismo ainda precisa ser esclarecido (ST-

GERMAIN et al., 2004; LI et al., 2011).

PTEN é uma proteína codificada pelo gene pten, um supressor de tumor que em

humanos está localizado no cromossoma 10q23. Mutações nesse gene estão

relacionadas, na maioria das vezes, ao desenvolvimento de tumores (LI et al., 1997).

PTEN atua na via da proteína Akt/ PI3K, que se caracteriza como uma serina-treonina

quinase. Inicialmente, o fosfatidilinositol (4,5)-bifosfato (PIP2) é convertido pela ação

da enzima fosfatidilinositol 3 quinase (PI3K) em fosfatidilinositol-3,4,5 -trifosfato

(PIP3). A perda da função de PTEN, bem como a ativação PI3K, resulta em acúmulo de

PIP3, que recruta Akt para a membrana, a qual é fosforilada pela proteína PDK1,

ativando-a, como mostra a figura abaixo (CANTLEY, 2002; CARNERO, 2008;

GEORGESCU, 2011).

Figura 04. Representação esquemática da via PI3K/ Akt. A inativação de PTEN resulta

em acúmulo de PIP3 que recruta Akt para a membrana. PDK1 fosforila Akt, que, por

sua vez, interage com várias vias de sinalização celular (adaptado de MOCANU e

YELLON, 2007).

13

Akt, por sua vez, é uma proteína que possui três subtipos: Akt1, Akt2 e Akt3.

Estas são decodificadas por três genes diferentes, que possuem aproximadamente 80%

de homologia e são expressos em níveis variáveis, dependendo do tipo de tecido

(COFFER e WOODGETT, 1991; I. HERS et al., 2011). As isoformas Akt1 e Akt2 são

predominantemente expressas no músculo-esquelético, cérebro, coração e pulmão, e a

isoforma Akt3 é predominante no cérebro e testículo (JONES et al., 1991).

Em condições patofisiológicas, a ativação de PTEN pode ser suficiente para

regular positivamente a via PI3K/ Akt, reduzindo a morte celular associada com a lesão

e impedindo a hipertrofia e a malignidade de tumores (MOCANU e YELLON , 2003;

CHUENKOVA et al, 2011). No tecido cardíaco, PTEN desempenha um papel

importante na regulação do equilíbrio entre a sobrevivência e a morte celular

(SCHWARTZBAUER e ROBBINS, 2001; PROUD, 2004). Em condições normais,

PTEN mantém os níveis de PIP3 baixos; enquanto que, na sua ausência, promove o

aumento da concentração de PIP3 e da sinalização de Akt, que promove a progressão

não coordenada do ciclo celular através de vários estímulos que se intercruzam (DI

CRISTOFANO e PANDOLFI, 2000).

A regulação da atividade de PTEN é complexa. Sabe se que um dos mecanismos

da sua inativação pode ser através da fosforilação (ROSA, 2008; GEORGESCU, 2011).

A principal enzima responsável por este processo é uma proteína-quinase chamada

CK2, expressa ubiquamente que é responsável por regular uma variedade de processos

biológicos, incluindo o crescimento e sobrevivência celular (MEGGIO e PINNA, 2003).

CK2 é super-expressa em células cancerosas e promove o crescimento de tumores

através da regulação da atividade de genes supressores tumorais e a sobrevivência de

células (DRYGIN et al; 2009). Além disso, a super-expressão de CK2 tem sido

associada a vários estados patológicos, inclusive nas patologias cardiovasculares

(GARCIA et al; 2010). De maneira indireta, a proteína COX-2 também tem sido

relacionada à regulação desse processo. Li et al., (2011) demonstram em seus estudos

que a proteína COX-2 favorece a fosforilação de PTEN pela mediação da CK2,

inativando a atividade fosfatásica de PTEN. Por sua vez, PTEN desempenha um papel

importante na regulação do equilíbrio entre a sobrevivência e a morte de muitos tipos de

células, incluindo os cardiomiócitos, como mostrado abaixo na figura 5

(SCHWARTZBAUER e ROBBINS, 2001; PROUD, 2004).

14

Figura 05: Relação entre as proteínas PTEN, AKT e COX-2 na modulação do processo

hipertrófico mediado por inflamação (MOTA, 2014).

A perda de PTEN desempenha um papel chave na supressão do

desenvolvimento patológico da hipertrofia, considerando-se que PTEN está associado a

uma grande variedade de respostas adaptativas hipertróficas em cardiomiócitos

(CRACKOWER et al; 2002). Estudos feitos por OUDIT e PENNINGER (2008), com

camundongos nocaute, mostraram que, no coração, a perda de PTEN leva a um

aumento da concentração de Akt1/ PI3K, resultando em hipertrofia e resistência a

apoptose. Em estudos subsequentes realizados pelos mesmos autores (2009), com ratos

neonatos, demonstrou-se que a atividade de PI3K é essencial para o crescimento das

células, tanto em respostas adaptativas (fisiológicas), quanto patológicas, como na

hipertrofia. Os inibidores de PI3K são capazes de reduzir o tamanho dos cardiomiócitos,

enquanto que a super-expressão de PI3K aumenta o volume dessas células.

Paralelamente, SCHWARTZBAUER e ROBBINS (2001) demonstraram que

PTEN mutante conduz a hipertrofia dos cardiomiócitos, devido ao significativo

aumento na síntese de proteínas e, consequentemente, no volume das células. De modo

15

semelhante, MATSUI et al (2002) demonstraram que a super-expressão de Akt1 em

camundongos resulta em um aumento tecidual e consequentemente hipertrofia do

músculo esquelético.

Por sua vez, CHUENKOVA (2001) relacionou a via Akt/ PI3K com

sobrevivência das células, na infecção por T. cruzi, sugerindo um papel importante na

patogênese da doença de Chagas. Corroborando com esses dados PETERSEN et al

(2006) demostraram que, o início do processo infeccioso, desencadeado pela infecção,

ativa várias vias de sinalização celular, incluindo a via Akt/ PI3K e NF-kB, que

contribui para estimulação de hipertrofia de cardiomiócitos e o próprio processo pró-

inflamatório. Além disso, a ativação de via bioquímica controlada por Akt, quando da

invasão pelo T. cruzi, modula positivamente o processo de invasão celular (BURLEIGH

e WOOLSEY , 2002).

No entanto, os mecanismos correlacionados com inativação de PTEN e com a

ativação da proteina COX-2, sobretudo na hipertrofia cardiaca chagásica, são pouco

esclarecidos, sendo necessários mais estudos para uma melhor compreensão de tais

mecanismos. PTEN aparece como um co-regulador da atividade de COX-2, cabendo

uma maior atenção a esse estudo e, futuramente, poderá subsidiar o desenvovimento de

drogas pela indústria farmacêutica.

1.6 miRNAs e a regulação da expressão gênica nas hipertrofias cardíacas

O controle da expressão gênica é vital para permitir que uma célula mantenha

sua homeostase. Considerando os elementos que regulam e/ou modulam a expressão

gênica, os microRNAs (miRNAs) tem ganhado posição de destaque na comunidade

cientifica. São pequenas moléculas de RNAs não-codificantes, de 18-24 nucleotídeos,

que modulam a expressão de genes (XIN DUAN e XIAOHUA WANG, 2011).

Os miRNAs foram descobertos quando LEE e colaboradores (1993)

identificaram o miRNA lin-4 em Caenorhabidits elegans, seguido pelo miRNA (let-7),

também em nematóide. E hoje sabe se que os miRNAs são reguladores fundamentais da

expressão gênica de plantas e animais. Essas moléculas foram caracterizadas em

diferentes espécies, apresentando-se relativamente bem conservados e já foram

relacionadas com diversos processos biológicos, tais como: o desenvolvimento,

16

proliferação, diferenciação do crescimento celular e apoptose (LEWIS, 2003; HE e

HANNON, 2004; KIMURA, 2006; ZHANG, 2008; ALMEIDA, 2011 ).

Realizam a repressão da síntese proteica através do emparelhamento da região 3‘

não traduzida (3’ UTR) do RNA mensageiro da molécula alvo. Este mecanismo permite

a redução dos níveis protéicos de seus genes-alvo, seja pela degradação do RNA

mensageiro ou pela inibição da tradução (JI et al, 2009). Até o momento, identificaram-

se mais de 700 miRNAs sequenciado em seres humanos e cerca de 150 a 200 expressos

no coração e, análises bioinformáticas, indicam que o número de genes seja mais de

1000 (KUKREJA, 2011; SILVA, 2012).

Os miRNAs são inicialmente transcritos (figura 6) em miRNAs primário (pri-

miRNAs), que são processados no núcleo pela enzima Drosha (LEE et al., 2004). Estes

precursores originam os (pré-miRNAs), que são similares à estrutura de um grampo, e

que são exportados para o citoplasma pela enzima exportina 5 (HAVENS et al., 2012).

No citoplasma, os pré-miRNAs são processadas pela enzima Dicer, formando um

duplex de RNA com 22 pares de nucleotídeos (VARGAS, 2013; SCHOFIELD, 2011).

O complexo proteico denominado RISC separa o duplex, sendo que uma das fitas é

degradada enquanto a outra é direcionada para regiões alvo nos RNA, desencadeando o

silenciamento do RNA (BATISTA e VERBISCK, 2009).

Figura 06: Biogênese dos miRNAs. Adaptado por BATISTA e VERBISCK (2009).

17

Estudos apontam o envolvimento dessas pequenas moléculas nas patologias

cardiovasculares (BARRY, 2008; ZHANG, 2008). Alguns miRNAs estão presentes

especificamente em determinados tipos de tecidos ou células, incluindo o tecido

cardíaco. Estudos sugerem que os miRNAs desempenham um papel crucial na

patogênese da insuficiência cardíaca, pois alguns miRNAs estão altamente expressos

no coração como o miR-1, miR-21, miR-133 e miR-208 e alguns deles estão associados

ao desenvolvimento da hipertrofia cardíaca ( ZHANG, 2008; CARVALHO, 2012).

MATKOVICH e colaboradores (2009) avaliaram o perfil de expressão de

miRNAs em pacientes com insuficiência cardíaca, antes e depois do tratamento com

dispositivos de assistência ventricular esquerda e concluíram que, 71,4% dos miRNAs

diferencialmente regulados na insuficiência cardíaca foram normalizados após o

tratamento. Esses resultados sugerem que os miRNAs podem servir como marcadores

de recuperação do miocárdio em pacientes com insuficiência cardíaca avançada. Por

outro lado, THUM e colaboradores (2008) induziram ratos à hipertrofia cardíaca por

meio de sobrecarga de pressão e, após três semanas, administraram uma droga chamada

antagomir, que foi desenvolvida para inibir funcionalmente o miR-21. Como resultado,

eles observaram que os ratos apresentaram uma regressão significativa da hipertrofia

cardíaca e fibrose, além da atenuação do comprometimento da função cardíaca.

Considerando a relevância de miRNAs no equilíbrio celular, a análise de

expressão dessas pequenas moléculas poderá ser de grande utilidade como ferramenta

diagnóstica e prognóstica em processos patológicos, pois existem evidências de que elas

possam estar regulando COX-2 e que também funcionem como um marcador molecular

em diversas patologias. Em estudos feitos, JI et al. (2009) demostraram que células de

carcinoma nasofaríngeo tratados com desferrioxamine (DFON), os miR- 26a e miR-

26b regulam a expressão de COX-2. Paralelamente, STRILLACCI et al., (2009)

demostraram que o miR-101 também podem modular os níveis de COX-2

Levando em consideração a regulação cruzada entre COX-2 e PTEN, análises de

bioinformática demonstram a presença de pelo o menos 20 sítios na porção 3’-UTR

desses genes, que são possíveis de ligação de miRNAs comuns (LI et al; 2011).

Reforçando essas observações, HUSE et al. (2013) demonstraram que o miR- 26a

regulam a expressão de PTEN.

18

A regulação pós-transcricional de PTEN por miRNAs também tem sido

relacionada com desenvolvimento de patologias, inclusive na hipertrofia. MENG (2008)

demonstrou que, em células de carcinoma hepatocelular, a inibição do miR-21 promove

o aumento da expressão da proteína PTEN, sendo um alvo direto do miR-21. Por fim,

WEIYUN WU (2013) também mostrou um local de ligação do miR-32, na região 3`-

UTR de PTEN. Já em cardiomiócitos, PTEN foi identificado como sendo um alvo do

miR-22, sugerindo que o aumento da regulação do miR-22 pode ser responsável pela

diminuição da regulação de PTEN durante hipertrofia. (X U et al; 2011)

Embora a maioria das pesquisas evidencie o envolvimento dos miRNAs em

células cancerígenas, trabalhos recentes têm demostrado a importância dos miRNAs

expressos nas patologias cardiovasculares e crescentes são as evidências que sugerem

que os miRNAs representam um papel fundamental na regulação da diferenciação

celular cardiovascular (KUKREJA, 2001; VAN, 2011; CARVALHO, 2012). Caso

ocorra alguma desregulação da função do miRNA, doenças cardiovasculares podem se

manifestar, tais como: a hipertrofia cardíaca, a formação da lesão vascular e arritmias

cardíacas ( ZHANG, 2008; YANG, 2011).

Assim como o aumento da expressão de alguns miRNAs pode estar relacionado

ao desencadeamento de processos patogênicos, a diminuição da expressão dessas

moléculas também pode levar a um estado patológico. Sabe-se que miRNAs podem

permanecer por longos períodos estáveis no plasma e a abundância dos miRNAs

circulantes pode variar de acordo com o tipo da doença, possibilitando assim o uso de

miRNAs extracelulares como marcadores de diversas doenças humanas, inclusive no

diagnóstico e prognóstico de doenças cardíacas (MITCHELL, 2008; SMALL,2010;

LATERZA,2009; TURCHINOVICH, 2011; VARGAS, 2013).

Está cada vez mais evidente o potencial dos miRNAs como nova ferramenta

biotecnológica. Entretanto, muitos estudos são ainda necessários para compreender o

papel do miRNAs na hipertrofia cardíaca e, em particular, na hipertrofia mediada pela

inflamação decorrente da infecção por T. cruzi, que também pode ser regulada por vias

bioquímicas moduladas por COX-2 e PTEN.

19

1.7 A importância do modelo de estudo celular e a busca por marcadores

moleculares na doença de Chagas

Com os recentes avanços na tecnologia, a utilização de técnicas que permitem

uma compreensão mais detalhada dos mecanismos moleculares da célula auxilia no

desenvolvimento de novas drogas. Particularmente, o que assegura o desenvolvimento

da doença de Chagas são as etapas iniciais da invasão e infecção celular. Sendo assim,

um modelo de cultura de células que simule um comportamento in vivo se faz

necessário. A cultura celular permite a manutenção de células vivas independente do

organismo que a originou, além de garantir uma reprodutibilidade dos experimentos e

redução do uso de animais (MIN-HSIEN, SONG-BIN, GWO-BIN, 2010)

O modelo celular utilizado no nosso estudo foram células H9c2 (tecido cardíaco

de embrião de rato recém-nascidos), utilizadas como modelo experimental ex vivo,

também considerada por alguns autores como in vitro. Estudos já demonstram a

importância da utilização dessas células em diferentes patologias cardíacas, sendo,

portanto, consideradas bons modelos para potenciais estudos moleculares em patologias

do coração (BESHAY, 2007; VILMA, 2008; SARAH, 2011).

Nos últimos anos, o desenvolvimento de modelos experimentais no estudo

da doença de Chagas proporcionou um avanço importante na medicina. No entanto,

a maioria dos estudos da infecção por Trypanosoma cruzi faz o uso de modelos animais,

sendo a cultura de células um modelo alternativo para se estudar essa patologia (JORGE

e CASTRO; 2000). A busca por marcadores moleculares correlatos à doença é

constante. Entretanto, para tal, a caracterização molecular das vias de sinalização dessa

doença se faz necessária.

Sabe-se que a agressão ao músculo cardíaco é mediada principalmente pela

resposta imune do hospedeiro (CUNHA-NETO, 2005; MACHADO, 2008). Uma

deficiência na regulação da resposta imune pode levar a um intenso processo

inflamatório e, consequentemente, a um dano tecidual. Com o objetivo de evitar o dano,

várias vias regulatórias atuam no sentido de controlar a inflamação. As células

regulatórias e as citocinas tem papel importante nesta modulação e, entre estas, as

interleucinas, que tem efeito modulador da resposta imune e, por sua vez, promovem a

ativação de diversas proteínas, entre as quais a proteína COX-2 (BASBAUM e JULIUS,

2006).

20

Interessantemente, a regulação e expressão da proteína COX-2 podem ocorrer

em nível transcricional e envolver a participação de fatores de transcrição, ou pós-

transcricional, tais como o envolvimento de miRNAs e através de fosforilação de

proteínas como a supressora tumoral PTEN, sugerindo assim uma possível modulação

dos níveis de expressão da mesma. Entretanto, um dos maiores desafios na doença de

Chagas tem sido a busca por marcadores moleculares, pois com o advento da tecnologia

genética e da biologia molecular, surgiram diversas técnicas que utilizam marcadores

moleculares. Porém, a maioria dos estudos está voltado para o diagnóstico de doenças

auto-imunes, doenças inflamatórias crônicas e neoplasias. Estudos mais recentes

poderão ser úteis no diagnóstico precoce de doenças infecciosas e parasitárias, bem

como na doença de Chagas (DALE e CHAPARRO, 1997; SCHRIEFER,2008). A

caracterização de marcadores moleculares na doença de Chagas poderá direcionar um

tratamento mais direcionado ao paciente.

A descoberta de mecanismos moleculares envolvidos no desenvolvimento da

Doença Chagas é essencial para que marcadores moleculares possam ser identificados.

No entanto, a diversidade genética de populações de T.cruzi tem sido caracterizada

como um desafio à compreensão de alterações que ocorrem durante o processo

infeccioso e, sobretudo, na determinação das diferentes formas clínicas. Até hoje, pouco

se conhece sobre os mecanismos de atuação da cepa Berenice 62 e a sua relação com a

proteína COX-2 e como seu RNAm é modulado na hipertrofia chagásica, sendo

necessários estudos que busquem potenciais marcadores moleculares que poderão, no

futuro, permitir uma melhor compressão dessa patologia (BORGES et al; 1998;

MACHADO et al., 2008). Espera-se, portanto, que os resultados do presente estudo

possam direcionar a caracterização de novos marcadores que auxiliem no prognóstico e

tratamento direcionado da doença de Chagas, bem como no desenvolvimento de novas

drogas.

1.8- JUSTIFICATIVA

A doença de Chagas constitui um grave problema de saúde pública,

especialmente na América Latina, onde é considerada como uma das principais causas

de problemas cardíacos. Embora essa enfermidade tenha sido amplamente estudada,

muitos aspectos ainda carecem de investigação. Considerando os mecanismos pró-

21

inflamatórios desencadeados pela proteína COX-2 como um precedente das

hipertrofias, a atenção especial tem sido dada a essa proteína. Sabe-se que a atividade

pró-inflamatória da COX-2 é apontada como importante elemento na regulação da

hipertrofia cardíaca mediado pela inflamação. No entanto, os mecanismos de ação da

proteína COX-2 desencadeados pela infecção causada por T. cruzi e particularidades

relacionadas ao processamento do seu RNAm da doença precisam ser esclarecidos.

Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi analisar moduladores do processo pró-

inflamatório/ hipertrófico em células H9c2 infectadas pela cepa Berenice-62 do T.cruzi,

buscando a caracterização de marcadores moleculares do processo inicial da patologia.

Além disso, buscar maiores detalhes sobre a infecção da cepa em tecido cardíaco poderá

colaborar para um maior conhecimento dos mecanismos moleculares que asseguram o

desenvolvimento da doença, tornando-se uma ferramenta importante na busca de

marcadores moleculares e na determinação de potenciais alvos terapêuticos.

22

2. OBJETIVOS

23

2.1 Objetivo Geral

Analisar moduladores do processo pró-inflamatório/ hipertrófico em células H9c2

infectadas pela cepa Berenice-62 do T.cruzi, buscando a caracterização de marcadores

moleculares do processo inicial da doença de Chagas experimental.

2.2 Objetivos específicos

- Avaliar a infectividade da cepa Berenice-62 do T. cruzi em células H9c2 nos tempos

de infecção de 0, 2, 6, 12, 24 e 48 horas, logos após 2 horas de interação com o parasito;

- Analisar a viabilidade celular após a infecção de H9c2 pela cepa Berenice-62 nos

diferentes tempos de infecção;

-Análisar o nível transcricional dos genes Bnp,Anf e B-myhc correlacionados com o

processo pró-inflamatório/ hipertórfico;

- Acompanhar os níveis de PGE2 produzidos durante o processo inflamatório causado

por T. cruzi ;

- Investigar a associação entre as proteínas COX-2 e PTEN;

-Investigar níveis transcricionais de microRNAs caracterizados como possíveis

moduladores da expressão de COX-2 e PTEN.

24

3. MATERIAIS E MÉTODOS

25

3.1 Cultura celular

Para a execução deste estudo, dois tipos de células foram utilizadas: a linhagem

celular H9c2 (ATCC CRL-1446) oriundas de tecido cardíaco de embrião de rato (Rattus

norvergicus) e células Vero (ATCC: CCL81™) oriundas de rim de macaco verde

(Cercopithecus aethiops). Essas linhagens foram cultivadas em garrafas apropriadas de

175 cm2 em meio Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium (DMEM - Life Technologies)

suplementado com 10% de soro fetal bovino. As culturas foram incubadas em estufa,

contendo 5% de CO2 e mantidas à temperatura de 37°C.

3.2 Obtenção de formas tripomastigotas do T. cruzi e infecções celulares

Para que ocorresse a infecção, camundongos do tipo Swiss foram infectados

com a cepa Berenice-62 do T. cruzi (Protocolo nº 2011/76) e, posteriormente, foi feito a

coleta de sangue dos animais no dia do pico de parasitemia (8º dia de infecção). Logo

após, os parasitos (107

parasitos) foram utilizados na infecção de células VERO e

incubados em estufa a 37ºC. Após 48 horas, as células VERO foram lavadas

extensivamente com solução salina de fosfato (PBS – 1X = 2,7 mM de KCl, 1,5 mM de

KH2PO4, 137 mM NaCl, 8 mM de Na2HPO4, pH 7,4) e, em seguida, foi adicionado

novo meio de cultura. As culturas foram então mantidas a 33 ºC para obtenção das

formas tripomastigotas. Após a liberação das mesmas para o meio extracelular, todo o

meio de cultura foi aspirado e centrifugado a 600 rpm, durante 3 minutos, a 26 ºC, para

abaixar as células VERO. O sobrenadante foi coletado e centrifugado novamente, a

1300 rpm, durante 10 minutos, a 4 ºC, para precipitação das formas tripomastigotas.

Estas foram contadas e, aproximadamente, 1 x 107 parasitos foram incubados com 1 x

106 células H9c2 durante 2 horas em estufa a 37°C e 5% CO2 para permitir a interação

da célula com o parasito . Em seguida, as tripomastigotas que não entraram nas células

foram removidas com PBS e novo meio de cultura foi adicionado à garrafa infectada, a

qual foi incubada novamente a 37°C e 5% CO2. As garrafas de cultura,

independentemente infectadas, foram analisadas em diferentes intervalos: 0 hora, 2, 6,

12, 24 e 48 horas após interação de 2 horas.

26

3.3 Avaliação da infeção pela cepa Be – 62 em células H9c2 por ensaios de

microscopia

3.3.1 Microscopia de contraste de fase: coloração por Giemsa

Para confirmar a infecção das células H9c2 pela cepa Be-62 de T. cruzi e avaliar

a sua eficiência, 3,0 x 104 células H9c2 foram cultivadas sobre lamínulas de vidro

circulares em placas contendo 24 poços. Após atingirem 80% de confluência, as células

foram infectadas com as formas tripomastigota do T. cruzi, conforme descrito acima, na

proporção de 10:1 (parasitos: célula). Durante 2 horas, as células foram incubadas com

o parasito a 37°C e 5% CO2. Após esse intervalo, as células foram lavadas com PBS

para remoção das formas tripomastigotas não internalizadas. Em seguida, meio de

cultura fresco foi adicionado às células, que novamente foram incubadas nas condições

previamente descritas. A infecção celular foi avaliada em diferentes intervalos de

infecção (0, 2, 6, 12, 24 e 48 horas). Após os tempos de incubação, as células foram

lavadas com PBS 1 X e fixadas em metanol por 7 minutos. Em seguida, foram

mergulhadas em solução de Giemsa (Merck) diluída na proporção 1:10 (1mL de

Giemsa para 9 mL de agua) durante 10 minutos e à temperatura ambiente. As lamínulas

foram lavadas com água e, após a coloração, foram montadas sobre as lâminas com

Entellan (Merck). Posteriormente, foram feitas fotografias do material em microscópio

óptico modelo Nikon, ECLIPSE E200, utilizando-se câmera OLYMPUS LENS.

3.3.2 Microscopia de fluorescência: coloração com 4,6 diamino-2-fenilindol

A infecção também foi analisada por microscopia de fluorescência após

coloração do material nuclear com 4,6 diamino-2-fenilindol (DAPI, Sigma-Aldirch). Os

mesmos procedimentos para a coloração com Giemsa foram adotados, com exceção de

que, após os respectivos intervalos de infecção (0, 2, 6, 12, 24 e 48 horas), as células

foram lavadas com PBS 0,5 X e fixadas com solução de 3.8 % de paraformaldeído,

contendo PBS 0,5 X, 0,2% de Triton X-100 (Sigma-Aldrich), durante 7 minutos, a 37ºC

e, em seguida, foram lavadas novamente com PBS 0,5 X. Posteriormente, as lamínulas

foram incubadas com solução de albumina bovina a 1%, durante 2 h, para impedir

marcações inespecíficas. Em seguida, foram processadas as marcações do núcleo celular

com a concentração final de 3,33 mg/mL diluído em PBS por um intervalo de 3

minutos. Após sucessivas lavagens com PBS 0,5 X, as lâminas foram montadas em

27

meio contendo 200 mM de n-propil-galato (Sigma-Aldrich) e glicerol a 90%.

Fotografias do material foram feitas utilizando microscópio modelo Leica DMLB.

3.3.3 Percentual de Infecção

O percentual de células infectadas e o número de amastigotas por célula foram

avaliados pela contagem do número de células e do número de amastigotas, após

tempos variados de infecção. Para isso, as imagens foram capturadas no aumento de 100

X e contadas em microscópio óptico modelo Nikon, ECLIPSE E200, logo após a

coloração com Giemsa e DAPI. Esses valores foram obtidos a partir da contagem de

100 células por lamínula, incluindo infectadas e não infectadas.

3.4 Análise da viabilidade celular: ensaios de citotoxicidade

Para analisar a viabilidade das células infectadas pelo T. cruzi, a atividade

metabólica das células foi investigada pelo ensaio de MTT (Mosman, 1983). Esse

clássico ensaio avalia a redução do MTT (Brometo de 3-[4,5-dimetil-tiazol-2-]-2,5-

difeniltetrazólio - Sigma - Aldrich) pela atividade de desidrogenases mitocondriais,

resultando na formação de cristais de formazan no interior das células. Para esses

ensaios,

1,5 x 104 células foram cultivadas em placas de 96 poços a 37°C e 5% CO2.

Quando as culturas atingiram aproximadamente 80% de confluência, elas foram

infectadas com as formas tripomastigota do T. cruzi, na relação 10:1 (parasito / célula) e

as células foram novamente incubadas por diferentes intervalos. Logo após, foi

adicionado 0.5 mg/mL do reagente MTT e posteriormente, a placa foi incubada por 2

horas a 37°C e 5% CO2, seguindo os tempos de infecção 0 hora, 2, 6, 12, 24 e 48 horas.

Após esse período, o MTT foi removido e foi adicionado a placa 100 um do reagente

DMSO e após 30 minutos, foi feita a leitura em comprimento de onda 550 nm no leitor

de ELISA / Molecular Devices.

3.5 Níveis de Prostaglandina E2

Para a mensuração dos níveis de Prostaglandina E2 (PGE2), foi utilizado o

sobrenadante das células H9c2 infectadas com a cepa Be-62 do T. cruzi em diferentes

tempos de infecção (0 hora, 2, 6, 12, 24 e 48 horas). Posteriormente, foram coletados

28

para análise, utilizando-se o produto comercial Prostaglandin E2 EIA- Monoclonal®

(Cayman Chemical Company). O método é baseado na competição entre PGE2 da

amostra e PGE2 conjudada à acetilcolinesterase, por uma quantidade limitada de

anticorpo de PGE2 monoclonal presente no kit. A amostra foi pipetada em placa de

Elisa com 96 poços contendo o anticorpo policlonal anti IgG de rato, no qual se liga o

anticorpo monoclonal de PGE2. Logo após, a placa foi lavada para remover os reagentes

não ligados, e então incubada com 200 µL do reagente Ellman´s. A densidade ótica das

soluções foi avaliada por espectrofotometria e a análise da absorbância foi feita em

leitor de ELISA / Molecular Devices em um comprimento de onda de 412 nm.

3.6 Extração do RNA total e Transcrição reversa

3.6.1 Extração do RNA total

Células H9c2 foram infectadas com a cepa Be-62 e, posteriormente, coletadas

por tripsinização. Após lavagens apropriadas com PBS 1 x, as amostras foram

ressuspensas em 1ml de Trizol®

(Life Technologies) e centrifugadas a 12.000 g por 10

minutos a 4ºC. O sobrenadante foi coletado e transferido para um novo tubo.

Posteriormente, foi mantida a temperatura ambiente durante 5 minutos. Logo após,

adicionou-se 200 ul de clorofórmio (Sigma-Aldrich). A mistura foi homogeneizada

vigorosamente por 15 segundos e, depois, foi mantida à temperatura ambiente por 3

minutos. Em seguida, realizou-se nova centrifugação de 12.000 g por 10 minutos a 4ºC.

A fase aquosa foi transferida para um novo tubo, cuidadosamente, para evitar

contaminação da fase fenólica. Foi adicionado 500 ul de álcool isopropílico seguido de

nova centrifugação ( 10 minutos, a 12.000g a 4ºC). O precipitado foi lavado com álcool

70% e, posteriormente, foi rapidamente seco à temperatura ambiente. As amostras

foram quantificadas com o comprimento de onda de 260 nm, utilizando

espectrofotômetro, e a pureza das amostras foi medida pela razão entre as absorbâncias

de 260, 280 e 230 nm.

3.6.2 Transcrição reversa

Após a extração do RNA total, foi realizada a transcrição reversa para a

obtenção do cDNA, utilizando o kit High Capacity cDNA Reverse Transcription

(Applied Biossystems - Life Technologies), Foi pipetado um volume final de 10µL,

29

sendo utilizados 1µg de RNA total nas reações, 10 mM de oligonucleotídeos (10x RT

Random primer), 10 mM de dNTPs(25x dNTP), 1,25 U da enzima Muiti ScriptTM

Reverse Transcriptase, e água livre de RNAse . A mistura foi incubada a 25ºC por 10

minutos, posteriormente 120 minutos a 37ºC e 85º por 5 minutos, em um termociclador

para inativação da atividade da trasncriptase. Para avaliar a eficiência da RNA total, foi

feita a reação de PCR utilizando β-actina (NM_031144.3) como normalizador. A

Análise do produto transcricional é observada na (Figura 07).

Figura 7: Análise do produto transcricional do gene β-actina, obtido por extração do

RNA total em gel de agarose 1 %.

3.7 Análises transcricional de genes em reações de PCR quantitativa em tempo real

(qPCR)

A expressão dos transcritos cox-2, pten e akt e de genes relacionados com o

processo hipertrófico; Fator natriurético atrial (Anf) peptídeo natriurético cerebral (Bnp)

e miosina de cadeia pesada do tipo beta (β-Myhc) foram analisados em ensaios de PCR

em tempo real (qPCR). As reações, de 10 µL foram montadas em placas de 96 poços

0,75 µM de conjunto de oligonucleotídeos específicos para cada gene (sense e reverso)

(Tabela 1), 2 µL de cDNA diluído 10 vezes e 5µL do produto SYBR® Green PCR

Master Mix (Applied Biosystes - Life Technologies). As análises foram realizadas em

triplicata e a expressão transcricional do gene da β-actina foi utilizada como

normalizador. As reações foram processadas no aparelho ABI 7500 (Applied Biosystes

- Life Technologies). A análise da quantificação relativa da expressão gênica foi feita

pelo (ΔCT) e os valores foram ajustados da baseline em 3 -15 ciclos e do threshold em

0,2 para todas as amostras. Os oligonucleotídeos utilizados foram desenhados

utilizando-se o programa Gene Runner (Version 3.05), e foram utilizadas sequências

dos RNAm de Rattus norvegicus disponíveis em bancos de dados do NCBI.

30

Tabela 1: Sequências dos oligonucleotídeos utilizados na análise da expressão dos gene

/ (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/nucleotide).

Gene Primer Nº de Acesso

F:5' CAGCCCACCAACTTACAATG

R:5' CATCAGCCACAGGAGGAAG

F:5' CCAGGACCAGAGGAAACC

R:5' GTCATTATCCGCACGCTC

F:5' GCTTACTGAGAACCGTGTCC

R:5' GGTCGTGGGTCTGGAATG

F 5` CTGCCACCACAGGACACAG

R 5`AGGGAAGGGAACGCAAAC

F:5' TGGGCTCCTTCTCCATCACC

R:5' GCCAAAAGGCCAGGAAGAGG

F:5' CAGAACAATCCACGATGCAG

R:5' GCTGTCTCTGAGCCATTTCC

F:5' GCCTACCTCATGGGACTGAA

R:5' ACTTCTGCCCTTTGGTGAC

F:5' TGGTGGGTATGGGTCAGAAG

R:5' CAATGCCGTGTTCAATGG

NM_27498.1

cox-2

pten

akt1

akt 2

anf

NM_017232.3

NM_031606.1

NM_033230.1

NM_017093.1

NM_25297.1

NM_031144.3

bnp

β-actina

Βmyhc NM_017240.1

3.8 Análises da expressão de proteínas por Western blotting

3.8.1 Preparação do extrato proteico

Para analisar a expressão das proteínas COX-2, PTEN, P-PTEN e β-actina

foram realizados ensaios de Western blotting. A partir de extratos protéicos totais de,

células H9c2 infectadas pela cepa Berenice-62, nos tempos de infecção de 0, 2, 6, 12,

24 e 48 horas. Os extratos celulares foram preparados ressuspendendo-se as células em

tampão contendo 10 mM Tris-HCl pH 7.9, 100 mM NaCl, 2,5 mM MgCl2, 0.5% Triton

X-100, 05 mM ditiotreitol (DTT) e 0.5 mM de fluoreto de fenilmetilsulfonil – (PMSF,

Sigma - Aldrich). Aos extratos celulares foram adicionados também 40 μM de

leupeptina, a fim de se evitar proteases.

O material ressuspenso foi centrifugado a 2000 rpm por 4 minutos a 4 ◦C e, em

seguida, o sobrenadante foi coletado e centrifugado novamente a 2000 rpm, por 4

minutos. As amostras foram então sonicadas (aparelho Branson Sonifier 250 Watts de

potência) durante10 ciclos alternados, a cada 20 segundos, para quebrar amostras de

DNA. As amostras preparadas foram quantificadas por espectrofotometria, utilizando o

reagente de Bradford (Sigma-Aldrich). Para a construção da curva padrão foi utilizado

diluições seriadas de albumina sérica bovina (BSA) a 20µg/mL. Após a quantificação,

31

foi adicionado 60 μg de proteína ao tampão de corrida concentrado 6X SDS (100 mM

Tris-HCl, pH 6.8, 20% (w/v), glicerol, 4% (w/v) SDS, 0.001% (w/v) azul de

bromofenol), juntamente com 1% de betamercaptoetanol (Sigma-Aldrich). As amostras

foram posteriormente desnaturadas a 95ºC, em banho-maria, durante 5 minutos e,

posteriormente, submetidas à eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida a 100

V e 25 mA, por aproximadamente 1 h e 30 minutos.

3.8.2 Transferência e revelação das membranas

As proteínas presentes no gel foram transferidas para as membranas de

nitrocelulose (Santa Cruz Biotechnology) em sistema de transferência elétrica semi -

úmida, utilizando solução de transferência (25mM Tris-HCl, 0,192 M de glicina, 10%

metanol). A transferência foi realizada durante 1 hora e 20 minutos, sob corrente

elétrica de 100 V e 300mA . Logo após, as membranas foram bloqueadas, utilizando-se

solução de Blotto (leite em pó desnatado 5%) diluídos em TBS (150mM NaCl, 50mM

Tris-HCl pH 7.6 ), por 12 horas. Em seguida, as membranas foram lavadas 3 x com

TBS, durante 7 minutos, para retirar o excesso de leite. Após o bloqueio, as membranas

foram incubadas separadamente com os anticorpos primários policlonais de coelho de

COX-2 (Cayman), PTEN e P-PTEN (Cell Signalling) e b-actina (Cell Siganlling),

diluídos em TBS, na concentração de 1:250, durante 24 horas, a 4◦C . As membranas

foram lavadas 3 x com TBS, durante 7 minutos. Posteriormente, a membrana foi

incubada com o anticorpo secundário policlonal anti IgG de Coelho (Caymam), diluído

em TBS na concentração de 1:6.000, durante 4 horas, sob temperatura ambiente. As

membranas foram lavadas novamente e, em seguida, foram reveladas utilizando-se o

produto ECL Plus Western Blot detection Reagents (GE Healthcare), na concentração

1:1 e visualizadas pela sensibilização de filme de raios-X expostos sob a membrana por

intervalos variados. Em seguida, foi revelado. Após a revelação, foi feito a

quantificação das bandas através da densidade ótica, utilizando-se o programa Quantity

One® (Biorad).

3.9 Análises do padrão de expressão de miRNAs

A análise de expressão dos miRNAs foi analisada. Para isso, 1 x 106

células

H9c2 foram infectadas pela a cepa Be- 62 do T. cruzi nos tempos de infecção de 0, 2, 6,

32

12, 24 e 48 horas. Posteriormente, foram utilizadas na preparação de extratos de RNAm

total, enriquecidos com miRNAs, com o reagente miRNAse mini kit (Qiagen®). Os

miRNAs foram isolados com o auxílio do produto comercial miRNAse mini kit

(Qiagen®). Depois de devida quantificação em espectrofotômetro, os miRNAs isolados

foram utilizados em reações de transcrição reversa com os reagentes Miscript II RT Kit

(Qiagen®

), seguindo as recomendações do fornecedor.

A expressão dos miRNAs foi obtida através da quantificação por PCR em tempo

real, utilizando-se o MiScript SYBR® Green PCR Kit (Qiagen®) com os

oligonucleotídeos descritos abaixo. Os oligonucleotídeos utilizados foram desenhados

utilizando o banco de dados Blast, disponíveis em: (www.ncbi.lm.nih.gov/Blast), mirDB

(http://mirdb.org/miRDB/), MiRBase (http://www.mirbase.org/), TargetScan

(http://www.targetscan.org/). Os resultados foram analisados através do método do ΔCt

para cálculo da expressão gênica relativa dos miRNAs, seguindo as recomendações do

fornecedor do aparelho de qPCR 7500 (Applied Biossystems - Life Technologies). O

gene U6 foi utilizado como normalizador.

Tabela 02. Sequências dos miRNAs e alvos envolvidos no processo hipertrófico e na

modulação de COX-2 e PTEN

miRNA Sequencia Alvo

COX-2

rno-miR-26A

rno-miR-26B

rno-miR-16-5P

rno-miR-7F-2-3P

COX-2

COX-2

COX-2

5'-TTCAAGTAATCCAGGATAGGCT

5'- TTCAAGTAATTCAGGATAGGT

5´:TAGCAGCACGTAAATATTGGCG

rno-miR-21

5´:CTATACAGTCTACTGTCTTTC

Normalizadorrno-miR-U6

rno-miR-873 PTEN5´:GCAGGAACTTGTGAGTCTCCT

5´:TGGCCCCTGCGCAAGGATG

rno-miR-463* 5´: TACCTAATTTGTTGTCCATCA PTEN

rno-miR-1 5' TGGAATGTAAAGAAGTGTGTAT Hipertrofia

5' TAGCTTATCAGACTGATGTTGA Hipertrofia

33

3.10 – Análises de bioinformática e construções de redes moleculares

Foram utilizadas técnicas de bioinformáticas disponíveis no programa

Cytoscape®

Versão 2.8.1. Foi construído um diagrama mostrando redes moleculares de

interação entre os miRNAs escolhidos com os alvos relacionados a COX-2, PTEN, Akt

e ao processo hipertrófico/ inflamatórios.

3.11 Análises estatísticas

As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software GraphPad

Prism 5.0. Os resultados foram relatados pela média ± desvio padrão e avaliado por

análise de variância One-Way ANOVA, seguido por teste de Dunnett, sendo

considerado significante p<0,05.

3.11 Considerações éticas

Para a realização deste experimento, foram utilizados camundongos mantidos no

biotério da Universidade Federal de Ouro Preto, sob - responsabilidade do laboratório

de Doença de Chagas da mesma Universidade. A utilização desses animais foi aprovada

pelo Comitê de Ética em Uso de animal da Universidade Federal de Ouro Preto, sob o

Protocolo nº 2011/76 e “Manutenção de cepas do T. Cruzi in vivo” válido até 10/2015.

34

4. RESULTADOS

35

4. 1 Análise da infecção pela cepa Be – 62 em células H9c2

Para avaliar o padrão da infecção celular pela cepa Be-62 do T. cruzi, foram

investigados o perfil celular e bioquímico das células H9c2 imediatamente após 2 horas

de interação com o parasito. Os tempos de infecção de 0, 2, 6, 12, 24 e 48 horas foram

investigados. As células foram coradas pelo Giemsa e analisadas em microscópio óptico

modelo Leica DMLB. Em cada análise 100 células foram contadas e a infecção foi

verificada pela presença das formas amastigotas do parasito no interior do citoplasma. A

Figura 7 ilustra a infecção das células H9c2 pela cepa Be-62 nas células H9c2, e as

formas amastigotas são apontadas no final das setas.

Figura 8. Análise celular da infecção de células H9c2 pela cepa Berenice-62: a

Figura representa a evolução temporal da infecção. A) células não infectadas, B), C) ,

D, E) e F) representam os intervalos de infecção celular de 0, 2, 6,12, 24 e 48 horas.

Considerando-se o maior número de amastigotas no intervalo de 48 h de

infecção, devido a multiplicação do parasito no interior da célula, análises de

microscopia de fluorescência utilizando o corante 4',6-Diamidino-2-phenylindole

(DAPI – Sigma-Aldrich) foram realizadas. Para isso, 100 células foram novamente

36

analisadas e contadas e o número de amastigotas foi verificado em microscópio modelo

Leica DMLB.

Figura 9. Microscopia de fluorescência após 48 h de infecção da célula H9c2 pela cepa

Be-62 do T. cruzi.

Baseado nas análises de microscopia, o percentual de infeção foi estimado

através da contagem do número de células infectadas, o que permitiu a determinação da

taxa de infecção celular. Uma taxa de infecção de 9% foi verificada em todos os tempos

estudados. As análises foram realizadas em triplicata.

37

T e m p o d e in fe c ç ã o

Pe

rc

etu

al

de

in

feç

ão

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

5

1 0

1 5

Figura 10. Índice de Infecção de células cardíacas H9c2 pela cepa Berenice-62. O

teste estatístico One-Way ANOVA foi realizado.

Paralelamente, o número de amastigotas intracelulares, foi determinado em

diferentes tempos por meio da contagem das amastigotas do parasito dentro das células

infectadas. Observamos que esses valores aumentaram no tempo de 48 horas em

decorrência da proliferação do parasito.

T e m p o d e in fe c ç ã o

me

ro

de

am

as

tig

ota

s/c

elú

la

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

1 0

2 0

3 0

4 0***

Figura 11. Número de amastigotas por célula infectada. Foi aplicado teste estatístico

One-Way ANOVA.

38

4.2 Investigando a sobrevivência celular pós-infecção pela cepa Be-62 do T. cruzi:

os ensaios de viabilidade celular

Ensaios de viabilidade celular foram realizados para analisar o efeito do parasito

na sobrevivência celular. Os resultados demonstraram que nos intervalos de 0, 2 e 6

horas não houve alteração significativa na viabilidade celular, sendo observada uma

pequena diminuição nos tempos de 12 e 24 horas. No entanto, no intervalo de 48 horas

de infecção parasitária, houve uma redução de 50 % na viabilidade celular quando

comparado com o controle.

T e m p o d e in fe c ç ã o

Via

bil

ida

de

Ce

lula

r

C o n tr o le0 H 2 H 6 H 1 2 H 2 4 H 4 8 H

0

5 0

1 0 0

1 5 0

***

Figura 12: Viabilidade de células H9c2 infectada com T. cruzi Cepa Be-62. Os

tempos de infecção de 0, 2, 6, 12,24 e 48 horas foram analisados. Foi feito o teste

estatístico One-Way ANOVA com pós-teste de Dunnett. Os experimentos foram

realizados em triplicata biológica e técnica, onde *p<0,05; **p<0,01 e ***p<0,001.

4. 3 RNAm relacionados com processo hipertrófico

A expressão do RNAm de genes relacionados ao processo hipertrófico foi

realizadas pelo método de qPCR após a infecção de células H9c2 por T. cruzi. Os

resultados demostraram uma diminuição nos níveis de expressão do RNAm de Anf em

todos os tempos de infecção sendo que nos intervalos de 0, 2 e 6 horas esses valores

caíram cerca de 65% quando comparado com o controle. Os níveis de expressão do

RNAm de Myhc também mantiveram diminuídos nos intervalos entre 0 a 24 horas,

tendo um pequeno aumento no tempo de 48 horas de aproximadamente 20% em relação

ao controle. Por outro lado, a análise do RNAm de Bnp (Figura 17C) revelou uma

39

oscilação nos seus níveis entre os intervalos 0 a 24 horas, sendo que em 6 horas esses

valores tiveram um aumento de aproximadamente sete vezes em relação ao controle,

seguido por uma diminuição significativa em 48 horas quando comparado com o grupo

controle, sugerindo um controle do mecanismo de estresse celular.

B N P

T e m p o d e in fe c ç ã o

Ex

pre

o G

ên

ica

Re

lati

va

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

2

4

6

8

1 0

***

A N F

T e m p o d e in fe c ç ã o

Ex

pre

o G

ên

ica

Re

lati

va

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

*** ******

Figura 13. Níveis de expressão do RNAm de genes relacionados ao processo

hipertrófico. Expressão do RNAm obtido pelo método de qPCR . O método teve a β-

actina como gene normalizador. Foi aplicado teste estatístico One-Way ANOVA com

pós-teste de Dunnett. Os experimentos foram realizados em triplicata biológica e

técnica, onde *p<0,05; **p<0,01 e ***p<0,001.

A

)

B

)

C

)

40

4.4 A infecção parasitária modula o ambiente pró-inflamatório: a mensuração de

prostaglandina E2 (PGE2)

Os níveis de PGE2 produzidos durante a infecção de células H9c2 pela cepa Be-

62 do T. cruzi foram mensurados e foi observado, que nas condições estudadas, a cepa

Be-62 induz aumento da síntese de PGE2 significativamente em todos os tempos de

infecção estudados. A análise dos resultados demonstrou que no intervalo de 0 hora de

infecção ocorreu um aumento de aproximadamente 80 % nos níveis de PGE2 quando

comparado com o controle. Interessantemente, a presença do parasito manteve os níveis

de PGE2 mais elevados que a condição controle em todos os tempos de infecção

analisados.

Co

ntr

ole 0

H2H

6H

12H

24H

48H

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0 ***

PG

E2

(p

g/

ml)

T e m p o d e in fe c ç ã o

Figura 14. Níveis de PGE2 produzidos durante a infecção da célula H9c2 pela cepa

Be-62 doT. cruzi. Foram estudados os tempos de infecção de 0, 2, 6,12, 24 e 48 horas.

Foi aplicado teste estatístico One-Way ANOVA com pós-teste de Dunnett. Os

experimentos foram realizados em triplicata biológica e técnica, onde *p<0,05;

**p<0,01 e ***p<0,001.

4.5 A expressão do RNAm e da proteína COX-2 estão aumentadas durante o

processo pró-inflamatório induzido por T. cruzi

A Figura 13 A e 13 B, representam os gráficos da expressão do RNAm de Cox-

2e da sua proteína durante o processo pró-inflamatório celular modulado pelo T. cruzi.

As análises realizadas por qPCR (Figura 13 A) demonstram um aumento significativo

41

dos níveis transcricionais do RNAm de Cox-2 no intervalo de 0 horas, e esse aumento

foi 16 vezes maior quando comparado ao controle, decaindo na sequência dos intervalos

analisados. Sendo que nos intervalos de 24 e 48h, os níveis de Cox-2 mantiveram

abaixo do controle. Nas análises feitas pelo o método de Western blotting, os valores

também permaneceram aumentados. A Figura 13 B, mostra um aumento significativo

da expressão nos tempos iniciais de infecção de 0, 2 e 6 horas (140 %, 90 % e 76%

respectivamente), em comparação ao o controle. Nos intervalos seguintes esses valores

foram reduzidos.

R N A m d e c o x -2

T e m p o d e in fe c ç ã o

Ex

pre

o G

ên

ica

Re

lati

va

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

5

1 0

1 5

2 0

***

*

***

Figura 15. Níveis de expressão da proteína e do RNAm de COX-2. A) Expressão do

RNAm obtido pelo método de qPCR . B) Expressão da proteína obtida pelo método de

Western blotting. Ambos os métodos tiveram a β-actina como gene normalizador. Foi

aplicado teste estatístico One-Way ANOVA com pós-teste de Dunnett. Os experimentos

foram realizados em triplicata biológica e técnica, onde *p<0,05; **p<0,01 e

***p<0,001.

P r o te ín a C O X -2

Co

ntr

ole 0

H2H

6H

12H

24H

48H

0

1

2

3

***

*****

T e m p o d e in fe c ç ã o

Ex

pre

ss

ão

Pro

teic

a

A

)

B

)

42

4.6 A expressão gênica de PTEN encontra-se modulada nos tempos iniciais de

infecção por T. cruzi

Considerando os objetivos centrais desse projeto, análises da expressão do

RNAm e da proteína PTEN também foram realizadas. As análises feitas por qPCR

(Figura 14 A) demonstraram uma aumento significativo no nível transcricional de Pten

em todos os tempos de infecção. Um aumento mais expressivo foi observado após 6

horas de infecção aproximadamente três vezes mais que o controle. A Figura 14 B

apresenta resultados obtidos pelo método de Western blotting, uma diminuição da

expressão proteica de PTEN nos tempos iniciais de 0, 2 e 6 horas foram observadas,

sendo que esses valores foram de aproximadamente a metade do valor encontrado na

condição controle. No entanto, houve um aumento significativo da expressão de PTEN

nos intervalos de 12 e 24 horas de infecção (126 e 152% respectivamente em relação ao

controle). A análise ainda demonstrou que no intervalo de 48 horas a expressão proteica

de PTEN diminui quando da comparação com o intervalo de 24 h. Entretanto, foi

observado um aumento global de 23% nos níveis da proteína, em relação ao controle.

R N A m d e p te n

T e m p o d e in fe c ç ã o

Ex

pre

o G

ên

ica

Re

lati

va

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

1

2

3

4***

Figura 16. Níveis de expressão gênica de pten. A) Expressão do RNAm obtido pelo

método de qPCR . B) Expressão da proteína obtida pelo método de Western blotting.

Ambos os métodos tiveram a β-actina como gene normalizador. Foi aplicado teste

P ro te ín a P T E N

Co

ntr

ole 0

H2H

6H

12H

24H

48H

0

1

2

3

******

***

*

T e m p o d e in fe c ç ã o

Ex

pre

ss

ão

Pro

teic

a

A

)B

)

43

estatístico One-Way ANOVA com pós-teste de Dunnett. Os experimentos foram

realizados em triplicata biológica e técnica, onde *p<0,05; **p<0,01 e ***p<0,001.

4.7 A fosforilação da proteína PTEN é menor no intervalo de 0 horas de infecção

com T. cruzi

A expressão da proteína P-PTEN também foi analisada por ensaios de Western

blotting para saber o quanto dessa proteína esta sendo fosforilada. Observou- se que o

nível de fosforilação da proteína diminui em 67% do valor no intervalo de 0 hora,

quando comparado ao controle. Nos intervalos seguintes (2, 6 e 12 h) um aumento de

35% nos níveis de fosforilação da proteína foi detectado quando comparado com o

controle. No intervalo de 24 horas ocorreu uma queda nos níveis de fosforilação da

proteína para novamente ter esses níveis aumentados em 48h (33% maior em relação ao

controle).

P -P T E N

Co

ntr

ole 0

H2H

6H

12H

24H

48H

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5 ***

Ex

pre

ss

ão

Pro

teic

a

Figura 17. Níveis de fosforilação da enzima- PTEN. Obtido pelo método de Western

Blot. A β-actina foi escolhida como gene normalizador. Foi aplicado teste estatístico

One-Way ANOVA com pós-teste de Dunnett. Os experimentos foram realizados em

triplicata biológica e técnica, onde *p<0,05; **p<0,01 e ***p<0,001.

44

4.8 A expressão do RNAm Akt 1 e Akt 2 está aumentada durante o processo pró-

inflamatório induzido por T. cruzi

O gráfico seguinte mostra a expressão gênica de Akt 1 e Akt 2 pelo o método de

qPCR. A Figura 16 A mostra a expressão gênica de Akt 1; observou-se um aumento na

expressão do RNAm de Akt 1 em todos os tempos de infecção, sendo mais expressivo

no intervalo de 0 h (176%) quando comparado com o controle. No entanto, no tempo de

48 horas de infecção a expressão não apresentou diferença significativa em relação ao

controle, porem apresentou expressão significante menor em relação aos outros tempos.

A figura 16 B mostra a expressão gênica de Akt 2, onde se observa um aumento

significativo da expressão (maior que 400%) em todos os tempos e analisados quando

comparado ao controle.

T e m p o d e in fe c ç ã o

Ex

pre

o G

ên

ica

Re

lati

va

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

1

2

3

R N A m d e A k t 1

_ _ _ _ _ _ _ _ * * * _ _ _ _ _ _ _ _

T e m p o d e in fe c ç ã o

Ex

pre

o G

ên

ica

Re

lati

va

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

2

4

6

8

R N A m d e A k t 2

_ _ _ _ _ _ _ _ _ * * * _ _ _ _ _ _ _ _ _

Figura 18. Níveis de expressão do RNAm de Akt 1 e Akt 2 . Expressão do RNAm

obtido pelo método de qPCR . O método teve a β-actina como gene normalizador. Foi

aplicado teste estatístico One-Way ANOVA com pós-teste de Dunnett. Os experimentos

foram realizados em triplicata biológica e técnica, onde *p<0,05; **p<0,01 e

***p<0,001.

4.9 Análise da expressão de miRNAs

miRNAs candidatos a modulação dos níveis transcricionais e proteicos de

COX-2 e PTEN e de genes corrrelacionados ao processo hipertrófico foram analisados

em ensaio de qPCR. Buscas em banco de dados (mirDB http://mirdb.org/miRDB,

A

)

B

)

45

MiRBase http://www.mirbase.org) nortearam nossa investigação e considerando-se os

objetivos específicos os miRNA -1, -21, -26a, -26b, -463, -873, -16-5p e - let 7f-23p de

Rattus norvergicus foram analisados. A análise foi realizada buscando-se identificar

possíveis marcadores moleculares moduladores do processo inflamatório/ hipertrófico

mediado pela infecção parasitária.

4.9.1 miRNAs com alvos em COX-2

A análise dos resultados demonstram que os miRNAs 16-5p e let 7f-2-3p

tiveram seus níveis de expressão alterados em quase todos os tempos de infecção

célula/parasito quando comparados com o controle. Para o miRNA 16-5p (Figura 19 A),

os intervalos de 2 e 24 h foram os mais expressivos (140 e 500 % respectivamente em

relação ao controle) e para o miRNA - let 7f-23p (Figura 19 B) os aumentos foram

significativos, em todos os tempos analisados com exceção do intervalo de 12 h (que

teve redução de 23 % em relação ao controle. A Figura 19 C) demostraram que o

miRNA 26a teve seus níveis reduzidos 68% ao longo das 48 horas de infecção. Por

outro lado o miRNA -26b (Figura 19 D) mostrou um interessante padrão de oscilação

que se correlaciona ao RNA cox-2, com nível significativamente reduzido em 0 h (89%

menor que o nível de expressão transcricional quando comparado ao controle)

46

m iR -1 6 -5 p

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

2

4

6

8

***

***

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pre

o R

ela

tiv

a

m iR -le t-7 f-2 -3 p

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

**

*

***

Ex

pre

o R

ela

tiv

a

m iR 2 6 a

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

Ex

pre

o R

ela

tiv

a

***

m iR -2 6 b

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

Ex

pre

o R

ela

tiv

a

****

Figura 19. Níveis de expressão dos miRNAs. Os miRNAs-16-5p (A) – let 7f-2-3p (B)

- 26a (C), -26b (D) foram obtidos pelo ensaio de qPCR . O método teve a β-actina

como gene normalizador. Foi aplicado teste estatístico One-Way ANOVA com pós-teste

de Dunnett. Os experimentos foram realizados em triplicata biológica e técnica, onde

*p<0,05; **p<0,01 e ***p<0,001.

4.9.2 miRNAs com alvos em PTEN

Os resultados obtidos da análise do perfil de expressão gênica mostraram que o

miR-873 (Figura 20A) teve um aumento da expressão apenas no intervalos de 0, 12 e 24

horas de infecção, sendo mais expressivo no intervalo de 12 horas que apresentou um

valor oito vezes maior que a condição controle. A análise também revelou uma aumento

na expressão do miR-463* (Figura 20B) porém esse aumento foi mais significativo nos

intervalos de 0, 2, 6 e 24 horas de infecção, sendo que em 2 horas esse aumento foi dez

maior que o controle.

A

)

B

)

CD

)

47

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

2

4

6

8

1 0

***

***

**Ex

pre

o R

ela

tiv

a m iR 8 7 3

m iR - 4 6 3 *

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0 .0 0

0 .0 5

0 .1 0

0 .1 5

***

*

15

10

5

0

Ex

pre

o R

ela

tiv

a

Figura 20. Níveis de expressão dos miRNAs. Os miRNAs-873 (A) – 463 (B) foram

obtidos pelo ensaio de qPCR . O método teve a β-actina como gene normalizador. Foi

aplicado teste estatístico One-Way ANOVA com pós-teste de Dunnett. **p<0.01 e

***p<0.001.

4.9.3 miRNAs relacionados com o processo hipertrófico cardíaco

Os níveis de expressão relativa do miR-21 (Figura 21A), tiveram uma queda na

expressão no intervalo de 0, 2 e 6 de aproximadamente 10% quando comparado ao

controle e logo em seguida, no intervalo de 12, 24 e 48 horas de infecção houve um

aumento significativo da expressão cerca de 70 % quando comparado ao controle . Já o

miR-1 (Figura 21B) mostraram uma expressão diminuída em todos os intervalos de

infecção analisados .

A B

48

Co

ntr

ole

0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5 ***

m iR -2 1

Ex

pre

o R

ela

tiv

a

C

on

tro

le0 H

2 H

6 H

12 H

24 H

48 H

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5 m iR -1

***

Ex

pre

o R

ela

tiv

a

Figura 21. Níveis de expressão dos miRNAs. Os miRNAs-21 (A) –1 (B) foram

obtidos pelo ensaio de qPCR . O método teve a β-actina como gene normalizador. Foi

aplicado teste estatístico One-Way ANOVA com pós-teste de Dunnett. Os experimentos

foram realizados em triplicata biológica e técnica, onde *p<0,05; **p<0,01 e

***p<0,001.

4.10 Os miRNAs – 1, -21, -26b podem modular a expressão de genes relacionados

ao processo hipertrófico/ inflamatório

Foram utilizadas ferramentas de bioinformáticas disponíveis na internet tais

como Blast (www.ncbi.lm.nih.gov/Blast), mirDB (http://mirdb.org/miRDB/), MiRBase

(http://www.mirbase.org/), TargetScan (http://www.targetscan.org/) para busca de

potenciais alvos dos miRNAs -1, -21, -26b. Os alvos selecionados foram àqueles

relacionados à via do processo hipertrófico mediado por inflamação. Estes alvos podem

ser visualizados na Tabela 3 e são representados na Figura 22.

Tabela-3. miRNAs e genes alvos

miRNA Score Alvo

rno-miR-26b 86 Pten

rno-miR-1 66 Pla2

rno-miR-1 70 Akt

Akt

54 Ptgs 2

rno-miR-21 50 P13k

rno-miR-21 62 Pla2

rno-miR-26b

rno-miR-26b

56

A B

49

Figura 22. Rede de interação entre miRNAs e seus alvos relacionados ao processo

hipertrófico mediado por inflamação.

50

5. DISCUSSÃO

51

A doença de Chagas, causada pelo agente etiológico Trypanosoma cruzi,

constitui um grave problema de saúde pública, que se distribui predominantemente no

continente Americano (RASSI et al; 2010). A cardiopatia é uma das formas mais graves

da doença de Chagas, sendo a hipertrofia cardíaca uma característica comum no estágio

crônico da doença (TANOWITZ, 2009; MARTINS-MELO, 2012).

Muitos estudos apontam a presença da proteína COX-2 no processo hipertrófico

(MENDEZ e LAPOINTE; 2002). Buscando uma maior compressão, o presente estudo

investigou mecanismos moleculares inerentes a COX-2 no processo hipertrófico

induzido pela inflamação causada por T. cruzi, visando à caracterização de marcadores

moleculares da patogenia. Sabe-se que a regulação da expressão gênica se dá em nível

transcricional e, até mesmo, pós-traducional, com o envolvimento de diferentes

elementos. Particularmente, a regulação da expressão da COX-2 ainda é obscura, mas

estudos apontam uma regulação indireta entre COX-2 e a proteína supressora tumoral

PTEN (LI et al; 2011) e o envolvimento de alguns miRNAs (JI et al, 2009;

STRILLACCI et al, 2009). Considerando-se o desafio de entender as particularidades

mecanísticas da regulação fina de COX-2 e a presença do estímulo pró-inflamatório na

doença de Chagas, objetivamos nesse estudo investigar a regulação da expressão de

COX-2, visando à identificação de alguns de seus possíveis moduladores. Para isso,

células H9c2 (células cardíacas de ratos neonatos) foram infectadas com o T. cruzi

(Figura 8 e 9) e os tempos iniciais de infecção foram investigados, focando-se na análise

da fase aguda da doença.

A cepa escolhida para execução dos experimentos foi a cepa Berenice-62. Esta é

uma cepa pouco estudada. É caracterizada por ser delgada e é semelhante à cepa Y, em

relação à morfologia e sensibilidade a agentes quimioterápicos, motivo pelo o qual nos

levou a estudá-la. Para analisarmos o comportamento dessa cepa em o nosso modelo de

estudo, as células H9c2 infectadas foram analisadas, através de microscopia óptica, para

avaliar a porcentagem de células infectadas e o número de amastigotas por célula nos

intervalos de infecção de 0, 2, 6, 12, 24 e 48 horas. Nossos resultados demonstraram

uma baixa infectividade em todos os intervalos analisados, verificando-se uma taxa de

infecção celular de aproximadamente 9% (Figura 10). Interessantemente, a análise

microscópica demonstrou que o número de amastigotas intracelulares teve um aumento

significativo após 48 horas de infecção, provavelmente devido o processo de

52

proliferação do parasito (Figura 11). O aumento ou a diminuição da carga parasitária

tem sido relacionado com a variabilidade genética das cepas do T. cruzi, que parece

exercer um papel fundamental no processo, podendo apresentar uma maior ou menor

capacidade multiplicativa (BRENER; 1978). Corroborando com esses dados,

SCHARFSTEIN (1999) demostrou em seus estudos que camundongos infectados com

diferentes cepas do T. cruzi apresentaram diferenças significativas na infectividade,

dependendo da virulência, patogenicidade e tropismo de cada uma. Além disso, o

sistema imune também tem sido apontado como fundamental na progressão da doença,

pois pode estar envolvido tanto na redução da taxa parasitária, bem como no

aparecimento de lesões na fase crônica da doença (CUNHA NETO; 2008).

O efeito modulador do parasito na sobrevivência celular também foi investigado.

Para isso, ensaios de citotoxidade foram realizados utilizando o teste MTT, que avalia a

atividade das desidrogenases mitocondriais à partir da redução do MTT, produzindo um

sal de formazan insolúvel e que, posteriormente, é solubilizado para quantificação em

espectrofotômetro (MOSMANN; 1983). Nossos resultados indicaram uma diminuição

da viabilidade celular em, aproximadamente, 50% no período de 48 horas de infecção,

quando comparado com o controle (Figura 12), período este que coincide com o

aumento do número de amastigotas intracelulares devido a multiplicação do parasito por

divisão binária (Figura 11). Interessantemente, estudos demonstram que a resposta

imune causada pela presença do parasita ou antígenos do próprio T.cruzi induz à

apoptose das células cardíacas (ANDRADE, 1985; BRENER, 1997; MACHADO,

2000; HENRIQUES-PONS, 2002; SOUZA, 2003; KIERSZENBAUM, 2005; CUNHA-

NETO, 2008; MELO, 2008). Por outro lado, a presença do parasito no interior da célula

tem sido apontada como crucial na inibição da apoptose. Para sobreviver o tempo

suficiente para reproduzir- se, o parasito tem a capacidade de modular vias apoptóticas

e, dessa maneira, garantir a sua sobrevivência ou disseminação no hospedeiro (BROW,

1996; GREN, 2004). Corroborando com esses achados, estudos in vitro feitos por

PETERSEN, et al,(2006) demostraram que a modulação das vias de apoptose está

correlacionada com a presença do parasito intracelular, que parece ser uma estratégia do

T. cruzi para promover a sua própria sobrevivência e crescimento.

De maneira semelhante, estudos vêm demonstrando que, durante a infecção,

tanto o parasito como proteínas produzidas por ele, como a cruzipaína, são capazes de

53

manter a viabilidade celular, por meio da ativação de via PI3K/Akt, garantindo a sua

permanência no interior da célula e impedindo temporariamente a morte celular

(BURLEIGH e WOOLSEY, 2002; AOKI, 2004). Estudos feitos por WILKOWSKY et

al. (2001) demonstraram que a via PI3K/Akt é um importante regulador do processo de

invasão por T. cruzi. Além disso, também estimula mecanismos que favorecem a sua

própria sobrevivência nas células parasitadas (PROCÓPIO, 1999; CHUENKOVA,

2001). A indução ou a inibição da apoptose pode estar relacionada com o controle da

carga parasitária ou mecanismo de escape do parasito da resposta imunológica

produzida durante a infecção. Embora ROSA DA SILVA (2009) sugira que alterações

nas mensurações de absorbâncias devam-se provavelmente à presença de proteínas do

próprio parasito que interfiram nas análises do MTT e, não especificamente,

correlacionando com a diminuição da viabilidade celular. No entanto, é importante

salientarmos que não foram feitos estudos que avaliem o mecanismo de morte. Mais

estudos precisam ser feitos a fim de esclarecermos tais mecanismos.

Considerando que durante o processo pró-inflamatório ocorre o aumento da

expressão de marcadores fenotípicos da hipertrofia (HUNTER e CHIEN; 1996), o nível

transcricional dos genes Anf, Bnpe β-Myhc foram investigados após a infecção de

células H9c2 com o T. cruzi. Particularmente, os peptídeos natriuréticos são

considerados marcadores de hipertrofia e insuficiência cardíaca e podem ser utilizados

tanto no diagnóstico como no prognóstico das cardiopatias (RICHARDS, 2007). De

modo relevante, nossos resultados demonstraram uma diminuição da expressão de Anf

(Figura 13 A) em todos os intervalos de infecção analisados. Um padrão semelhante de

expressão foi verificado nas análises de β-Myhc (Figura 13 B), com exceção do

intervalo de 48 horas, que teve um pequeno aumento em relação ao controle. Estes

resultados corroboram com os estudos de FRANCHINI (2001), que demonstraram que

em corações de ratos submetidos a uma sobrecarga de pressão, ocorre o aumento dos

níveis do RNAm de β – Myhc apenas entre o segundo e o terceiro dias e que as

alterações no RNAm desse gene depende da intensidade da hipertrofia cardíaca e da

espécie estudada. Paralelamente, GOODMAN (1993) demonstrou em seus estudos que

no coração chagásico a expressão de Anf depende da intensidade da patologia, pois pode

se manifestar de forma intensa em alguns indivíduos e de baixa intensidade em outros.

54

Por outro lado, os níveis de expressão de Bnp (Figura 13C) revelaram uma

oscilação nos seus níveis entre os intervalos 0 a 24 horas, sendo que em 48 horas

ocorreu diminuição significativa dos seus níveis, quando comparado com o controle. O

processo de remodelação cardíaca é influenciado por diversos estímulos e, entre eles, o

aumento da concentração de oxido nítrico, cálcio e estresse oxidativo (OGAWA; 2002).

Esse processo é marcado principalmente pela modificação do padrão de expressão de

varias proteínas, com a re-expressão de genes do período fetal, tais como o Bnp

(KOGLIN; 2001). Provavelmente, o processo de multiplicação do T. cruzi no interior da

célula pode ter gerado espécies reativas do oxigênio que podem ter contribuído para

oscilações nos níveis do RNAm desse gene, sugerindo um controle do mecanismo de

estresse celular desencadeado pela infecção. A fase aguda da doença é bastante

complexa e nela está envolvida a presença do parasito, a sua multiplicação, morte

celular e a resposta imunológica que levam à evolução da enfermidade (MELO; 2005).

As alterações dos níveis de Bnp podem estar envolvidas com as formas clínicas da

doença e diversos estudos já demonstraram que, na circulação de pacientes chagásicos

com cardiomiopatia, ocorre um aumento de Bnp, contudo, esse aumento tem sido

relacionado com a evolução da doença (PIAZZA,1994; DAVIDSON;1996;

RIBEIRO,2002 ; BENVENUTI, 2003).

Analisamos também os níveis de PGE2 produzidos durante a infecção de células

H9c2 pela cepa Be-62 do T. cruzi, considerando-se que a prostaglandina tem um efeito

imunomodulador na resposta imune na infecção por Trypanosoma cruzi (ABDALLA et

al., 2008). Observamos o aumento dos níveis da PGE2 durante todos os intervalos

estudados (Figura 14), sendo mais expressivo no intervalo de 0 hora, período este que

coincide com o aumento da expressão de COX-2 (Figura 15 A), sugerindo que a

infecção parasitária modula o ambiente pró-inflamatório. Na literatura, vários trabalhos

descrevem o aumento da produção de PGE2 durante a infecção com o T. cruzi e os

resultados apresentam uma correlação com a evolução da enfermidade (STERIN e

BORDA 1996; BORGES 1998; MICHELIN 2005; ABDALLA, 2008). Isso pode ser

explicado pelo fato de que processo inflamatório produzido em resposta ao hospedeiro

pode ter desencadeado uma reação exacerbada em resposta ao estímulo desencadeador,

conduzindo, assim, para uma expressão aumentada dos níveis de PGE2 e,

consequentemente, da expressão de COX-2.

55

A COX-2 é uma enzima chave na síntese de prostaglandinas e, em condições

normais, é expressa em pequenas quantidades (SULLY et al., 2004). Porém, durante o

processo inflamatório, ocorre aumento dos níveis transcricionais e também aumento da

estabilidade do RNAm (CHAOUKIet al., 2009). Estes resultados sugerem que a

inibição da COX-2, bem como da síntese da prostaglandina, tem um papel importante

na reversão da imunossupressão dessa patologia. Estudos feitos por CORRAL (2013)

demonstraram que a proteina COX-2 é expressa em corações e em cardiomiócitos

infectados pelo T. Cruzi, sugerindo um papel importante na patogênese da

cardiomiopatia chagásica crônica. ABDALLA (2008) demonstrou que o tratamento

com drogas inibidoras de COX-2 é capaz de diminuir danos no tecido cardíaco de

animais infectados por T. cruzi. Além disso, MUKHERJEE (2011) evidenciou que a

inibição da síntese de PGE2 reduz os infiltrados inflamatórios e a fibrose cardíaca em

corações de camundongos infectados por T. cruzi. Acreditamos que a compreensão da

mecanística da regulação da enzima COX-2 possa ser utilizada como alvo terapêutico

capaz de modular os danos cardíacos causados pela infecção do T. Cruzi no processo

inicial da Doença de Chagas.

Investigar a regulação cruzada de COX-2 e PTEN, na busca das particularidades

mecanísticas que apontem a presença de marcadores moleculares nessa via bioquímica,

torna-se relevante. Sendo assim, o nível transcricional dos genes Cox-2, Pten e Akt

foram analisados através de ensaios de PCR em tempo real. A análise da expressão

proteica de COX-2, PTEN e P-PTEN também foi investigada pelo o método Western

blotting. Nossos resultados demonstraram que a invasão parasitária induziu uma

modulação na expressão do RNAm e da expressão proteica de COX-2, nos intervalos

iniciais de infecção, uma vez que observamos um aumento do RNAm deste gene nos

intervalos de 0, 2 e 6 horas de interação célula/parasito (Figura 15 A). A expressão da

proteína COX-2 também aumentou nos intervalos iniciais de infecção, de 0, 2 e 6 horas

(Figura 15 B), retornando aos níveis basais nos demais intervalos. No entanto esse

aumento foi mais significativo no tempo de 0 hora. Vários fatores podem promover o

aumento da expressão da Cox-2, entre eles, a liberação de citocinas, fatores de

crescimento, hormônios e oncogenes (BURLEIGH; 2002). No entanto, esta indução é

quase sempre de curta duração e pode regressar aos valores basais num intervalo de 24 a

48 horas, caso o estímulo inicial seja retirado (STACK e DUBOIS, 2001).

56

Ao correlacionarmos a expressão proteica de COX-2 com os níveis de expressão

de PTEN, observamos um aumento do RNAm de PTEN em todos os intervalos de

infecção (Figura16 A) e uma diminuição da proteína nos intervalos iniciais de 0, 2 e 6

horas (Figura 16 B). De uma maneira interessante, notamos que, onde os níveis da

proteína COX-2 encontram-se elevados (Figura15 B), os níveis da proteína PTEN

encontram-se diminuídos (Figura 16 B). Concordando com esses dados notamos ainda

que, em relação ao controle, a fosforilação de PTEN foi menor no intervalo de 0 hora

(Figura 17), sugerindo uma correlação de expressão entre PTEN e COX-2. Nossa

hipótese é que a expressão de COX-2 pode estar envolvida na fosforilação de PTEN

através da ativação da Caseína quinase-2 (CK-2) que, por sua vez, suprime atividade de

PTEN, desempenhando um papel significativo no desenvolvimento de hipertrofia

através da ativação da via PI3K/AKT.

Na literatura, encontram-se descritos alguns estudos que demonstraram uma

relação entre o aumento dos níveis de COX-2 e a diminuição de PTEN. LI et al. (2011)

sugeriram em seus estudos que a expressão de COX-2 pode regular a expressão de

PTEN. COVEY et al.(2007) demonstraram ainda que PTEN correlaciona-se de maneira

indireta com a expressão de COX-2, modulando a atividade de Akt. Estudos feitos por

ST- GERMAIN et al.(2004) também demonstraram que a perda de PTEN, bem como

ativação de Akt, exerce uma função regulatória sobre a expressão de NF-KB (Fator de

transcrição) aumentando, assim, os níveis de COX- 2. De maneira semelhante, KUNDU

(2006) sugeriu que a expressão alterada dos níveis da COX-2 pode estar relacionada

com a fosforilação do IkB que, por sua vez, transloca NF-KB para o núcleo,

contribuindo para a ativação de genes como o da COX-2.

Paralelamente, nossos resultados demostraram um aumento da expressão gênica

de Akt1 e Akt2 (Figura 18 A e 18 B) em todos os intervalos de infecção quando

comparados com a condição controle, sugerindo uma co-relação direta com COX-2.

Tais achados encontram concordância na literatura, uma vez que diversos trabalhos vêm

demostrando que a via de sinalização de Akt está relacionada com a ação de COX-2

(CHUENKOVA, 2001; BURLEIGH e WOOLSEY , 2002; O`CONNOR, 2004). Além

disso, estudos feitos por HIRAOKA (2001) demonstraram que cardiomiócitos de ratos

neonatos infectados com o T. cruzi, na presença da via de sinalização PI3K/Akt, pode

ativar o NF-KB, culminando, assim, para o desenvolvimento de hipertrofia cardíaca.

57

Contudo, para elucidarmos tais mecanismos, futuros estudos deverão ser realizados a

fim de esclarecermos como COX-2 poderia interferir na fosforilação PTEN. Na

literatura, são poucos os estudos que investigam essa regulação. Estudos

complementares poderão contribuir na compreensão da doença de Chagas a partir do

conhecimento da expressão e regulação da COX-2 na fase inicial da infecção por T.

cruzi, pois o nosso trabalho demonstrou uma relação entre os genes Cox-2, PTEN e Akt,

sugerindo uma possível participação desses elementos na instalação do processo

hipertrófico.

Considerando-se os objetivos centrais do presente estudo, buscamos investigar a

participação de moléculas efetoras na regulação da expressão gênica e, entre esses

elementos, procuramos investigar o perfil de expressão de microRNAs, uma vez que

vários estudos apontam o papel dessas moléculas no desenvolvimento de patologias

cardiovasculares (ZHANG, 2008; WANG, 2010; LI, 2011; CARVALHO, 2012). Sendo

assim, para investigarmos o possível envolvimento de miRNAs na regulação pós-

transcricional de COX-2, PTEN e dos pró-inflamatórios/hipertróficos, ensaios de qPCR

foram realizados. Cabe a observação de que a escolha dos miRNAs investigados

respalda-se numa busca em banco de dados.

Com relação aos miRNAs, com alvo em COX-2, nossos resultados

demonstraram que a infecção das células com a cepa Be-62 induziu um aumento dos

miR-16-5p e -let 7f-2-3p (Figura 19 A e 19 B) e uma diminuição do miR-26a (Figura 19

C). A análise do conjunto desses resultados infere que esses miRNAs parecem não estar

envolvidos na regulação de COX-2 no períodos de infecção analisados, pois os níveis

de expressão dos mesmos não estão correlacionados com alterações nos níveis da

proteína COX-2. No entanto, o miR - 26b parece estar envolvido na regulação de COX-

2, pois, os níveis destes miRNAs encontram-se baixos onde os níveis de expressão de

COX-2 apresentam-se aumentados, sugerindo uma possível regulação dos níveis da

proteína COX-2 por miRNA. Concordando parcialmente com esses dados, JI et al.

(2009) demonstraram que o miR- 26b regula a expressão de COX-2 em células de

carcinoma nasofaríngeo. No entanto, o papel desses reguladores na doença de Chagas

ainda é pouco explorado, considerando-se que no plasma sanguíneo essas moléculas são

estáveis (VARGAS, 2013). Um estudo mais detalhado poderá levar à caracterização de

58

miRNAs como marcadores moleculares da Doença de Chagas de maneira precisa,

direcionando assim para o tratamento.

Ao analisarmos os miRNAs, com alvo em PTEN, observamos que o miR-873

(Figura 20 A) teve um aumento da expressão nos tempos de 0, 2 e 24 horas. Já o miR-

463 (Figura 20 B) teve um aumento da expressão nos tempos de 0, 2, 6 e 24 horas.

Tomando em conjunto com os níveis da proteína PTEN, podemos verificar que parece

haver regulação da expressão de PTEN pelo miR-463 nos tempos iniciais de 0, 2 e 6

horas, pois os níveis destes miRNAs apresentam-se altos onde os níveis da proteína

COX-2 foram diminuídos. Entretanto, o papel deste miRNA na regulação de PTEN não

se encontra descrito na literatura e, os resultados apresentados, portanto, são pioneiros e

muito promissores. Para um maior esclarecimento, serão necessários mais estudos que

investiguem essa regulação.

De maneira interessante, o miR-1 (Figura 21 B) teve uma diminuição da

expressão em todos os tempos estudados. Já o miR-21(Figura 21 A) teve um aumento

da expressão nos tempos finais de 12, 24 e 48 horas, sugerindo um possível

envolvimento desses miRNAS na instalação do processo pró-inflamatório/ hipertrófico.

Esta situação encontra se em concordância com a literatura, uma vez que o aumento da

expressão dos miRNAs podem estar relacionados ao desencadeamento de processos

patogênicos e, a diminuição da expressão dessas moléculas, também pode levar a um

estado patológico. Estudos demonstram que a sobre-expressão do miR-1 atenua a

hipertrofia dos cardiomiócitos. Em contrapartida, a sua sub-expressão causa hipertrofia

cardíaca (SAYED et al., 2007; IKEDA et al., 2009). A diminuição dos níveis de

expressão destes miRNAs nas patologias cardiovasculares já foi referida por outros

autores, o que sugere que os miRNAs desempenham um importante papel nas doenças

cardíacas, uma vez que a desregulação pode conduzir à hipertrofia cardíaca (CARÈ et

al., 2007; SAYED et al., 2007). Por outo lado, o miR-21 teve um aumento da expressão

nos tempos finais de infecção por T. cruzi. Diversos autores já demonstraram que a

sobre-expressão do miR-21 leva à hipertrofia dos cardiomiócitos (VAN ROOIJ et al.,

2008; THUM, 2008; SMALL e OLSON, 2011), reforçando a veracidade dos resultados

obtidos com o nosso modelo de investigação celular da Doença de Chagas.

Considerando-se os resultados obtidos na investigação da expressão de miRNAs

em ensaios de qPCR, onde focamos em Cox-2 e Pten, ferramentas básicas de

59

bioinformática disponíveis em banco de dados da internet foram utilizadas para

identificar outros possíveis alvos dos miRNAs de interesse. Para essas análises

selecionamos os miRNAs -1, -21, -26b (Figura 22) e construímos uma pequena e

hipotética rede de interação entre os miRNAs escolhidos. Seus alvos foram desenhados

utilizando o programa TargetScan (Tabela 3). As análises demonstraram que o miR-1 e

o miR-21 tem como alvo a via Akt/P13k e a Fosfolipase A2 (Pla2). Já miR-26b foi

identificado como alvo envolvido indiretamente na expressão de COX-2, PTEN e Akt,

demonstrando um papel fundamental na instalação do quadro de hipertrofia.

O estudo desses miRNAs é de grande importância devido ao envolvimento

dessas pequenas moléculas na modulação da regulação da expressão gênica que

subsidia o processo inflamatório/ hipertrófico. Contudo, a participação das mesmas na

doença de Chagas ainda não está completamente esclarecida. Os resultados

apresentados nesse trabalho podem ser caracterizados como um primeiro passo no

esclarecimento da regulação fina da expressão gênica. Desta forma, estudos que

permitam um maior detalhamento sobre as vias de sinalização envolvidas na infecção

parasitária, bem como a identificação dos mecanismos pelos quais a expressão das

proteínas correlacionadas é modulada na doença Chagas, colaborarão com a

caracterização de marcadores moleculares da patologia, auxiliarão em métodos

diagnósticos mais precisos e no tratamento pertinente aos seus pacientes.

60

6. CONCLUSÃO

61

- A infecção de células H9c2 pela cepa Berenice-62 diminui as taxas de viabilidade

celular após 48 horas.

- A infecção pela cepa Berenice-62 modula os níveis de expressão dos marcadores de

hipertrofia cardíaca Anf, Bnp e β -myhc, bem como o ambiente pró-inflamatório nos

tempos iniciais de infecção considerando-se o aumento da expressão e da atividade da

proteína COX-2 e o aumento na produção de PGE2.

- Nossos resultados também demostraram uma relação entre os genes Cox-2, Pten, Akt

sugerindo uma possível correlação cruzada entre COX-2 e PTEN.

- O miRNA -26b parece está envolvido na regulação pós-traducional da proteína COX-

2. Já os microRNAs -16-5p, -let 7f-2-3p,-26a parecem não estar envolvidos nessa

regulação.

- O miRNA -463 parece está envolvido na regulação pós-traducional da proteína PTEN.

Já O miRNA -873 parece não estar envolvidos nessa regulação.

- A expressão alterada dos microRNAs, -1 e -21 sugere um possível envolvimento

desses miRNAS na instalação do processo pró-inflamatório/ hipertrófico ;

- A caracterização de marcadores moleculares na doença de Chagas é relevante, espera-

se que os resultados do presente estudo possam direcionar a caracterização de novos

marcadores que auxiliem no prognóstico e tratamento direcionado da doença, bem

como no desenvolvimento de novas drogas.

62

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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