Análise de Perfis de Sondagem SPT

download Análise de Perfis de Sondagem SPT

of 16

Transcript of Análise de Perfis de Sondagem SPT

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    1/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 38

    ANLISE DE PERFIS DE SONDAGEM SPT E CARACTERIZAOGEOTCNICA DE SOLOS DO MUNICPIO DE NATAL

    Kadson Ranniere da Rocha Cmara1 Alexandre da Costa Pereira2

    1

    Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Produo na Construo Civil (CEFET-RN);[email protected] do CEFET-RN (UNED), Engenheiro Civil, D.Sc.;

    [email protected]

    Recebido em maro de 2005 e Aceito em abril de 2005RESUMOO presente trabalho tem como objetivo a caracterizao geotcnica de solos do municpiode Natal para fins de obteno de parmetros de resistncia ao cisalhamento e dedeformabilidade do material. Quatro zonas foram definidas para a compilao de

    resultados de relatrios de sondagens tipo SPT (Standard Penetration Test), buscando-sedestacar aspectos que diferenciem geotecnicamente as zonas consideradas. Campanhas deensaios de laboratrio foram relizadas para a idendificao de caractersticas geotcnicas(perfil de umidades e granulometria, densidade das partculas e deformabilidade) de solodefinido como referncia para as anlises. Parmetros de resistncia ao cisalhamento e dedeformabilidade dos solos encontrados foram determinados mediante emprego deequaes empricas. Os resultados encontrados indicam haver importante variabilidade nas

    propriedades geotcnicas dos solos analisados, tanto para solos pertencentes a uma mesmazona como para solos de zonas distintas. O posicionamento das unidades geotcnicas e oestado de compacidade das mesmas consistem em variveis destacadas no estudorealizado.

    Palavras-chaves: Mecnica dos Solos; Ensaios In Situ; Perfis SPT; CaracterizaoGeotcnica.

    RESUMENEl presente trabajo tiene como objeto la caracterizacin geotcnica de suelos de la

    provincia de Natal para fines de obtencin de parmetros de resistencia al corte y dedeformacin del material. Cuatro zonas fueron definidas para la seleccin de resultados deinformes de prospeccin tipo SPT (Standard Penetration Test), buscndose destacaraspectos que diferencien geotecnicamente las zonas consideradas. Campaas de ensayos de

    laboratorio fueron realizadas para la identificacin de caractersticas geotcnicas (perfil dehumedades e granulometra, densidad de las partculas e deformabilidad) del suelo definidocomo referencia para los anlisis. Parmetros de resistencia al corte y de deformabilidad delos suelos se determinaron mediante el empleo de ecuaciones empricas. Los resultadosencontrados indican haber importante variabilidad en las propiedades geotcnicas de lossuelos analizados, tanto para suelos pertenecientes a una misma zona como para suelos dezonas distintas. El posicionamiento de las unidades geotcnicas y el estado de compacidaddas mismas consisten en variables destacadas en el estudio realizado.

    Palabras-llave: Mecnica de los Suelos; Ensayos In Situ; Perfiles SPT; CaracterizacinGeotcnica.

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    2/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 39

    1. INTRODUO

    O adequado conhecimento das caractersticas e parmetros geotcnicos dos soloslocais, principalmente daqueles relacionados com a resistncia e a defomabilidade dossolos, conduz a uma maior probabilidade de otimizao dos projetos de natureza

    geotcnica (fundaes de edifcios, estrutura de conteno de terras, pavimentao,...).Considerando que o ensaio SPT consiste no recurso experimental mais utilizado no mundopara a realizao de sondagens geotcnicas (notadamente para os solos granulares), oadequado conhecimento das potencialidades deste ensaio de campo representa fatorimportante dentro do processo de concepo e projeto das obras em geral.

    Assim sendo, buscou-se neste trabalho apresentar os resultados de pesquisa sobre acaracterizao geotcnica de solos do municpio de Natal, no qual quatro zonas foramdefinidas para a compilao de resultados de relatrios de sondagens tipo SPT (StandardPenetration Test), buscando-se destacar aspectos que diferenciem geotecnicamente aszonas consideradas. Campanhas de ensaios de laboratrio foram relizadas para a

    idendificao de caractersticas geotcnicas (perfil de umidades e granulometria, densidadedas partculas e deformabilidade) de solo definido como referncia para as anlises.Parmetros de resistncia ao cisalhamento e de deformabilidade dos solos encontradosforam determinados mediante emprego de equaes empricas.

    Cientes da relevncia do mtodo de ensaio em questo e da importncia que o fatorconfiabilidade e a correta interpretao dos resultados do mesmo, o conhecimento prviodas caractersticas gerais dos solos regionais pode vir a ser de muita utilidade quando se

    buscam solues geotcnicas visando conciliar nveis aceitveis de segurana economia epraticidade sempre buscados.

    2. METODOLOGIA UTILIZADA

    Para o desenvolvimento do trabalho de pesquisa, recorreu-se nas primeiras etapasdo projeto compilao bibliogrfica relativa ao tema e ao levantamento de dados. Olevantamento de dados consistiu na coleta de relatrios de ensaios SPT realizados emdiversas regies do municpio de Natal. Aps esta primeira etapa, relacionada coleta dedados e definio de subgrupos de amostras representativas para as anlisessubseqentes, buscou-se tratar estatisticamente a varivel de estudo NSPT para os diversos

    perfis localizados no zoneamento considerado. Buscou-se definir perfis NSPT para as

    diversas unidades geotcnicas identificadas (Tabela I), bem como, para os perfis mdios decada zona.

    Tabela I Descries das unidades geotcnicas.Unid.

    GeotcnicaDescrio

    1 Solos arenosos, com matria orgnica e resto de metralha, aterrosno controlados.

    2 Areia fina e mdia com ou sem pedregulho.3 Areia fina e mdia, pouco siltosa, com ou sem pedregulho.4 Areia fina e mdia, silto-argilosa.

    5 Argila siltosa, com areia fina e mdia, com pedregulho.6 Turfa, argila orgnica.

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    3/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 40

    Passada a fase da anlise da variabilidade e medida da disperso de NSPT,determinou-se parmetros de resistncia (ngulo de atrito interno, ) e de deformabilidade(mdulo oedomtrico, E) mediante correlaes de natureza emprica. Para a determinaodo ngulo de atrito interno consideraram-se as expresses propostas por TERZAGHI(1946), GIBBS & HOLTZ (1957) e DE MELO (1971; 1967). Para a determinao do

    mdulo de compressibilidade dos solos estudados, foram utilizadas as correlaespropostas no mtodo de Young de areias e o SPT determinado por DAPPOLLONIO(1970) e por BOWLES (1987) para o mdulo oedomtrico. Para a verificao daadequao das correlaes empricas consideradas s condies dos solos estudadas, foramrealizadas campanhas de ensaios de laboratrio onde se avaliaram a relao entre osvalores de NSPT e da densidade relativa (Dr) dos solos estudados e os correspondentesvalores para os parmetros geotcnicos avaliados.

    Visando uma melhor distino da classificao geotcnica retirada dos relatrios desondagem SPT, definiram-se quatro zonas para o municpio de Natal (Figura 1). Convmdestacar que o zoneamento no se estendeu a zona norte do municpio de Natal (N. Sra. da

    Apresentao, Potengi, Pajuara, ...) devido a no dispormos de relatrios de furos desondagem SPT nesse local.

    Figura 1 Mapa das distines das quatros zonas de estudo.

    A Tabela II apresentada abaixo indica o quantitativo de furos de sondagemcorrespondentes a cada Zona de estudo.

    Tabela II: Nmero de furos de sondagem por Zona de estudo.

    Zona Nmero de furos01 2802 3003 3104 07

    Realizou-se um furo de sondagem nas instalaes do CEFET-RN, correspondente auma das zonas de estudo (zona 02), para a coleta de amostras de solo com o intuito deefetuar ensaios de laboratrio (granulometria, densidade real, umidade e deformabilidade)e correlacion-los com as outras zonas em questo e realizar a verificao da adequaodas correlaes empricas.

    Zona 01

    Zona 02

    Zona 03

    Zona 04

    VIA COSTEIRA

    FORTE DOS

    REIS MAGOS

    RIO POTENGI

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    4/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 41

    Nos ensaios de laboratrio, o de granulometria foi por peneiramento, o dadensidade real pelo mtodo do picnmetro, o de deformabilidade por meio do ensaiooedomtrico e o da umidade por meio da pesagem da amostra mida coletada no local ( insitu) e o da amostra seca em estufa a 110 C por 24 horas. Todas as experincias realizadasforam com a amostra coletadas no furo de sondagem realizado nas instalaes do CEFET-

    RN, correspondendo Zona 02.

    3. RESULTADOS OBTIDOS

    Atravs da anlise dos perfis de sondagem SPT conseguimos classificar o solo daszonas de estudos em seis unidades geotcnicas. So elas: Aterro e matria orgnica; Areiafina e grossa com ou sem pedregulhos; Areia siltosa; areia silto-argilosa; Argila siltosa; eTurfa. Com esses perfis de sondagem SPT (101 perfis), tambm conseguimos determinar,alm da sua estratigrafia, o NSPT mximo e o mnimo, as unidades geotcnicascaractersticas (Figuras 2, 3, 4 e 5) e o nvel dgua (quando existente) presente para cada

    zona estudada. Desse modo, conseguimos traar um perfil geotcnico caracterstico decada zona.

    Figura 2 Unidades Geotcnicas da Zona 01.

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    5/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 42

    Figura 3 Unidade geotcnica da Zona 02.

    Figura 4 Unidade geotcnica da Zona 03.

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    6/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 43

    Figura 5 Unidade geotcnica da Zona 04.

    Com os resultados da experincia realizada com a amostra de solo coletada noCEFET-RN (correspondente Zona 02) obtivemos a curva granulomtrica, o perfil deumidade, a densidade real das partculas e a deformabilidade do solo, o que nos forneceu

    parmetros necessrios para efetuarmos a classificao do solo pelo mtodo HRB(Highway Research Board) e pelo sistema unificado U.S.C.S. (Unified Soil ClassificationSystem).

    Atravs da densidade relativa e do ngulo de atrito, obtidos atravs de expressesempricas, conseguimos determinar os parmetros de resistncia do solo onde serocorrelacionados com o resultado do ensaio oedomtrico. Mediante o ensaio da densidadereal pelo mtodo do picnmetro, conseguimos obter a densidade real das partculas e us-la

    como um dado no ensaio oedomtrico para determinar a capacidade de carga e bem comopara previso de recalques do solo.

    4. ANLISE DOS RESULTADOS

    Atravs da anlise das unidades geotcnicas apresentadas nos perfis de sondagempara cada furo de sondagem possibilitou-se projetar perfis mdios para a varivel NSPT bemcomo a classificao geotcnica do solo para cada zona de estudo. As Figuras 6, 7, 8 e 9,

    portanto, apresentam os perfis representativos para as diversas unidades geotcnicasdefinidas, bem como a posi do nvel d`gua presente para cada zona estudada.

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    7/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 44

    Figura 6 NSPT mdio para a Zona 01

    Figura 7 NSPT mdio para a zona 02

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    8/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 45

    Figura 8 NSPT mdio para a zona 03

    Figura 9 NSPT mdio para a zona 04

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    9/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 46

    Com os resultados obtidos no ensaio de granulometria por peneiramento,possibilitou-se adquirir dados suficientes para realizar a classificao do solo, quanto aoseu uso, pelo mtodo dos sistemas de classificao do solo. Pelo sistema de classificaoHRB o solo classificou-se como Solo Granular; A-3; compostos de areia fina; no-plstico(NP). Para o sistema unificado U.S.C.S. o solo classificou-se como uma areia limpa mal

    graduada (SP).

    Atravs das experincias desenvolvidas no laboratrio (anlise ttil-visual, perfil deumidade, a distribuio granulomtrica e a densidade real das partculas da amostra de solocoletada no CEFET-RN) comprovamos a classificao tpica do solo apresentada no perfildos relatrios de sondagem SPT correspondente Zona 02. Com esses resultados,conseguimos classificar o solo da Zona 02, quanto as suas unidades geotcnicas e suaestratigrafia, como um solo de caracterstica arenosa, com pouca presena de finos (silte eargila) e rpida absoro de gua nas camadas iniciais de solo (os primeiro 50cm), deacordo com o perfil de umidade, evidenciando uma elevada permeabilidade do solo(Figura 10).

    Figura 10 Perfil de umidades do solo.

    Com o perfil de umidades obtido dos ensaios experimentais, conseguimosidentificar a pouca presena de finos na camada inicial do solo, em torno dos primeiros50cm, o que tpico de solos arenosos. Como aps os primeiros 50cm o perfil de umidademanteve-se constante, classificou-se como uma presena maior de finos do que na camadainicial. Essas anlises foram comprovadas com os resultado do ensaio de granulometriaque apresentaram uma maior quantidade de finos aps o primeiro metro de profundidade(Figura 11).

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    10/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 47

    Figura 11 Distribuio granulomtrica do solo.

    Tabela III Porcentagens passando na peneira N200 ( < 75m).Profundidade (m) % passando na peneira N200

    1,0 1,082,0 2,333,0 4,083,5 4,13

    Atravs de expresses empricas aplicados nos resultado de NSPT obtidos dosrelatrios de sondagens, conseguimos obter a tenso admissvel (Equaes 1 e 2) do solona seo entre as zonas, para seis primeiros metros de profundidade, densidade relativa e ongulo de atrito do solo.

    Areiasadm = N / 4 + . h (1)

    Argilasadm = N / 6 + . h(2)

    Para o emprego das Equaes 1 e 2 citadas, o valor do peso especfico dos solos (),em tf/m3, foi tomado como funo do ndide de penetrao NSPT (Tabela IV), e o valor hcorresponde profundidade dos pontos estudados, em metros. O valor resultante de admseria dado em tf/m2.

    CURVA GRANULOMTRICA

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    0,01 0,1 1 10

    Dime tro das partculas (m m)

    Porcentagemq

    uepassa(%)

    Z = 1,0m

    Z = 2,0m

    Z = 3,0m

    Z = 3,5m

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    11/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 48

    Tabela IV Valores de pesos especficos em funo de NSPT.Solos Arenosos

    NSPT < 4 4 - 10 10 - 30 30 - 50 > 50 --- (t/m3) < 1,5 1,5 1,6 1,7 1,8 ---

    Solos Argilosos

    NSPT < 2 2 - 4 4 - 8 8 - 15 15 - 30 > 30 (t/m3) --- 1,5 1,6 1,6 1,7 1,8

    Quanto determinao dos parmetros relacionados com a deformabilidade eresistncia dos solos estudados, temos as Equaes 3 e 4 (densidade relativa) e a Equao 5(ngulo de atrito do solo) para a anlise dos mesmos. Convm que se destaque que as

    propostas apresentadas neste trabalho consistem em formulaes baseadas em mtodosempricos, sendo necessria a confrontao dos resultados obtidos a partir das mesmasmediante a realizao de ensaios de laboratrio.

    Dr = N (GIBSS e HOLTZ, 1957) (3)(0,23 + 16)1/2

    Dr = N (SKEMPTON, 1967) (4)(0,28 + 27)1/2

    (1,49 Dr) x TAN = 0,712 (DE MELLO, 1971) (5)

    Pode-se observar na Figura 12 que o perfil para o parmetro densidade relativa paracada Zona apresenta-se com comportamento bastante diferenciado para as regiesestudadas, tanto em relao s magnitudes dos valores encontrados como tambm emrelao forma como o parmetro estudado evolui com a profundidade. Para as Zonas 02 e03 se observa comportamento bastante similar para a evoluo do parmetro, o quetambm se observa comparando-se os perfis representativos das Zonas 01 e 04, emboraeste ltimo se apresente na forma de valores bastante diferenciados em relao smagnitudes encontradas.

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    12/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 49

    Figura 12 Variao da densidade relativa Dr em funo da profundidade para cada Zona.

    Na figura 13, temos o parmetro da tenso admissvel para cada Zona. Na Zona 01,observa-se um comportamento diferenciado em relao as Zonas 02, 03 e 04 queapresentam comportamento, praticamente, semelhante para evoluo do parmetro deacordo com a profundidade.

    Tenso admissvel

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    0 5 10 15 20 25 30

    Tenso (tf/m)

    Profundidade(m)

    Zona 01

    Zona 02

    Zona 03

    Zona 04

    Figura 13 Tenso admissvel em funo da profundidade para cada Zona.

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    13/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 50

    Em relao ao estudo da compressibilidade do solo, teremos o parmetro decompressibilidade E (mdulo de Young) como objeto de estudo a partir de correlaesempricas referenciadas a resultados de ensaios de sondagem a percusso (NSPT). Convmque se destaque que expresses propondo as correlaes entre o valor de compressibilidadee o nmero de golpes N obtido no ensaio SPT devem, necessariamente, estar referenciados

    ao local de estudo, tipo de solo em questo e do modo de obteno do valor representativoda compressibilidade do solo, de forma que os erros envolvidos na utilizao generalizadadessas correlaes possam ser minimizadas.

    Pela correlao entre o mdulo de Young para as areias e o SPT, conseguimosdeterminar o mdulo deformao para as distintas Zonas de estudo, com referncias nasanlises propostas por DAPPOLLONIO (1970) (Figura 14) e BOWLES (1987) (Figura15), nas quais o mdulo E se apresenta como funo linear de NSPT na forma E= Eo +tg. NSPT, sendo Eo tomado igual a 196 e 80 kgf/cm

    2, e o coeficiente linear da reta deregresso tomado igual a 7,9 e 4, respectivamente para as expresses propostas porDAPPOLLONIO (1970) e por BOWLES (1987).

    Mdulo de Deformao E (kgf/cm2)

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    0,0 2,0 4,0 6,0 8,0

    Profundidade (m)

    E(kgf/cm

    2)

    Zona 01 Zona 02Zona 03 Zona 04

    Figura 14 Mdulo deformao para cada Zona de acordo com DAppollonio (1970).

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    14/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 51

    Mdulo de Deformao E (kgf/cm2)

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    0,0 2,0 4,0 6,0 8,0

    Profundidade (m)

    E(kgf/cm

    2)

    Zona 01 Zona 02Zona 03 Zona 04

    Figura 15 Mdulo deformao para cada Zona de acordo com Bowles (1987).

    Como se pode observar nos grficos apresentados nas figuras 14 e 15, temos umavariao nos valores para o citado parmetro da ordem do dobro da sua magnitude, o querefora a importncia da anlise criteriosa de resultados obtidos a partir de correlaesempricas. interessante que se busque sempre a comparao entre valores obtidos evalores tpicos esperados para o solo em questo, bem como mediante a comprovao com

    programas experimentais em laboratrio ou em campo (ensaios in situ tipo prova de carga).Como valores tpicos para o mdulo de deformao (E) em solos arenosos de

    compacidade muito fofa a fofa (NSPT 10) se situam na faixa entre 100 e 250kgf/cm2

    , epara solos arenosos compactos temos o parmetro em questo variando entre 500 e 1000kgf/cm2 (BOWLES, 1977), podemos verificar que a proposta de BOWLES (1987) comomais conservadora para o solo estudado, sendo conveniente ressaltar que a correlao

    proposta por DAPPOLLONIO (1970) refere-se a resultados experimentais obtidosmediante o procedimento do ensaio de placa. Para a validao dos valores encontradosseria conveniente a anlise contrastada com resultados de provas de carga.

    5. CONCLUSO

    Qualquer que seja o porte da obra, a sondagem percusso com SPT representa umvalioso recurso para ser empregado na tomada de decises como a escolha do tipo defundao que ser utilizado, com influncia direta nos padres de segurana, qualidade eeconomia.

    A grande vantagem de localizar num mapa geotcnico, uma base de dados desondagens SPT, a possibilidade de comparao do tipo de solo em que ela se enquadra

    pelo mapa e suas caractersticas indicadas pela sondagem. O terreno fica melhorrepresentado em superfcie e tambm em profundidade, permitindo uma melhorvisualizao e interpretao do relevo, podendo, assim, analisar a ocorrncia dos diversostipos de solo conforme a morfologia do terreno. Assim, esta base de dados muitas vezes

    pode auxiliar na estimativa do tipo e caractersticas da fundao a ser usada. Entretanto,

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    15/16

    CMARA e PEREIRA (2005)

    Holos, ano 21, maio/2005 52

    como o solo varia de um ponto de estudo para outro, sempre necessria a execuo desondagens em projetos de fundaes.

    Se os Municpios processassem desta forma o seu volume de informao,certamente melhorariam significativamente a qualidade das construes nas suas reas de

    influncia. Embora o custo inicial de adaptao deste modelo no seja agradvel, asvantagens subjacentes a ele, so bastante compensatrias e bvias. Alm disso, depois asentidades competentes poderiam recolher de cada uma destas as informaes que depois de

    processada permite construir mapas geotcnicos de mbito regional e nacional.

    6. AGRADECIMENTOS

    Somos gratos primeiramente a Deus que nos concedeu vida, sade e sabedoria para arealizao desse trabalho, a nossa equipe executora que sempre nos ajudou esclarecendodvidas e nos fornecendo suporte tcnico necessrio para o bom andamento e rendimento

    desse trabalho, ao CEFET-RN por nos ceder os seus laboratrios para a realizao dascampanhas de ensaios e aprimoramento do estudo e aos nossos pais por sempre ter nosapoiados e nos dado fora nos momentos difceis.

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ASTM - D1586-58. Standard method for penetration test and split barrel sampling ofsoils. USA, 1958.

    De Mello, V.F.B. The Standard Penetration Test State-of-the-Art Report. 4th Pan-American Conf. Soil Mech. Found. Eng., Puerto Rico, 1, 1-86, 1971.

    Decourt, L. e Quaresma, A. R. Capacidade de carga de estacas a partir de valores SPT .Proc. VI COBRAMSEF, Rio de JaneIro, 45-53, 1978.

    Gibbs, H.J. & Holtz, W.G. Research on determining the density of sands by spoonpenetration testing. Proc. 4th Int. Conf. Soil Mech. Found. Engineering, London, 1, 35-39, 1957.

    NBR 6484-1980. Execuo de Sondagens de simples reconhecimento dos solos. NBR.Associao Brasileira de Normas Tcnicas.

    NBR 7250/1982. Identificao e descrio de amostras de solos obtidas emsondagens de simples reconhecimento dos solos. ABNT Associao Brasileira de

    Normas Tcnicas. Abril de 1982.

    NBR 8036/1983. Programao de sondagens de simples reconhecimento. ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas. Junho de 1983.

    NBR 6484/2001. Solo -Sondagens de simples reconhecimento com SPT Mtodo

    de ensaio. ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas.

  • 7/31/2019 Anlise de Perfis de Sondagem SPT

    16/16