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ISBN 978-85-68242-26-1 Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo 414 EIXO TEMÁTICO: ( X) Arborização e Florestas Urbanas ( ) APP Urbana ( ) Arquitetura da Paisagem ( ) Infraestrutura Verde ( ) Jardins, Praças e Parques ( ) Tecnologia e Bioconstrução ( ) Urbanismo Ecológico Análise de podas drásticas na arborização da cidade de Ilha Solteira-SP Analysis of drastic pruning trees in the city of Ilha Solteira-SP Análisis de la poda drástica en árboles en la ciudad de Ilha Solteira-SP Patrick Luan Ferreira dos Santos Mestrando em Agronomia, UNESP/Ilha Solteira, Brasil [email protected] Regina Maria Monteiro de Castilho Professora Assistente Doutora, UNESP/Ilha Solteira, Brasil [email protected]

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EIXO TEMÁTICO: ( X) Arborização e Florestas Urbanas ( ) APP Urbana ( ) Arquitetura da Paisagem ( ) Infraestrutura Verde ( ) Jardins, Praças e Parques ( ) Tecnologia e Bioconstrução ( ) Urbanismo Ecológico

Análise de podas drásticas na arborização da cidade de Ilha Solteira-SP

Analysis of drastic pruning trees in the city of Ilha Solteira-SP

Análisis de la poda drástica en árboles en la ciudad de Ilha Solteira-SP

Patrick Luan Ferreira dos Santos Mestrando em Agronomia, UNESP/Ilha Solteira, Brasil

[email protected]

Regina Maria Monteiro de Castilho

Professora Assistente Doutora, UNESP/Ilha Solteira, Brasil [email protected]

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RESUMO A arborização de vias públicas desempenha papel fundamental na qualidade ambiental urbana, contudo muitas

vezes as podas realizadas nas espécies vegetais das cidades, é conduzida inadequadamente, sendo consideradas

drásticas, o que ocasiona grandes prejuízos na planta. Assim, o trabalho teve como objetivo analisar as podas

drásticas realizadas na arborização da cidade de Ilha Solteira-SP. O trabalho foi conduzido na cidade de Ilha Solteira,

onde foram coletadas árvores consideradas com poda drástica, e retiradas fotos das mesmas, ainda através do

Google street view, coletou-se fotos das mesmas antes de sofrer a poda, foi montada uma tabela com as espécies

analisadas e fotos das mesmas antes e após a poda. Conclui-se que as podas realizadas na cidade de Ilha Solteira,

tiveram toda a copa da árvore retirada, posto o antes e depois das imagens, e que a maioria das espécies foram

oitis.

PALAVRAS-CHAVE: Arborização urbana. Licania tomentosa. Erytrina variegata.

ABSTRACT

The afforestation of thoroughfares plays a key role in urban environmental quality, but often the pruning carried

out in the plant species of the cities, is conducted improperly, being considered drastic, which causes great damage

in the plant. Thus, the study aimed to analyze the drastic pruning carried out in the afforestation of the city of Ilha

Solteira-SP. The work was conducted in the city of Solteira Island, where trees considered with drastic pruning were

collected and taken photos of the same, yet via Google street view, gathered up photos of them before undergoing

pruning, has assembled a index with the analyzed species and photos of the same before and after pruning. It is

concluded that the pruning carried out in the city of Ilha Solteira, had the whole tree canopy removed, seeing

before and after images and that most species were Licania tomentosa.

KEYWORDS: Urban Afforestation. Licania tomentosa. Erytrina variegata.

RESUMEN

forestación con árboles juegan un papel clave en la calidad del medio ambiente urbano, pero a menudo la poda

realizada en las especies de plantas de las ciudades, se lleva a cabo de forma inadecuada, siendo considerado

drástica, lo que provoca un gran daño en la planta. Por lo tanto, el estudio tuvo como objetivo analizar la poda

drástica lleva a cabo en la forestación de la ciudad de Ilha Solteira-SP. El trabajo se llevó a cabo en la ciudad de Ilha

Solteira, donde se recogieron los árboles considerados con la poda drástica y fotos de las mismas, sin embargo, a

través de Google Street View, recogió fotos de ellos antes de someterse a la poda, una tabla se creó con el especies

analizadas y fotografías de la misma antes y después de la poda. Se concluye que la poda lleva a cabo en la ciudad

de Ilha Solteira, tenía toda la copa de los árboles quitadas, puesto el antes y después de las imágenes, y que la

mayoría de las especies fueron Licania tomentosa.

PALABRAS CLAVE: Urban repoblación forestal. Licania tomentosa. Erytrina variegata.

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Introdução

A arborização de vias públicas desempenha papel fundamental na qualidade ambiental

urbana. A presença de vegetação nas cidades proporciona melhorias de ordem social e

microclimática, minimiza a poluição hídrica, visual e sonora, além de propiciar condições para

a manutenção da flora e fauna (MASCARÓ; MASCARÓ, 2002).

Áreas de vegetação são extremamente relevantes para a qualidade de vida, conservação de

biodiversidade, e melhorar a convivência no meio de vida. O maior contato das pessoas com

áreas verdes proporciona maior valorização desse bem por essas (BIONDI; ALTHAUS, 2005). As

áreas verdes urbanas aplicam-se as áreas públicas e privadas, cobertas por alguma espécie de

vegetação, podendo este espaço ser planejado ou não. A área verde, geralmente, encontra-se

em terrenos baldios, quintais de edificações, em praças, parques e nos passeios (DEMATTÊ,

1997). Além disso, de modo geral a arborização das cidades brasileiras não obedece a um

planejamento anterior e por isso decorrem vários problemas, como arvores em locais

inadequados e podas drásticas (GONÇALVES, et. al, 2004).

Para que as árvores cumpram com suas funções no ambiente urbano, mantendo-se em estado

adequado e sadio, é necessária a adoção de práticas sistematizadas de manutenção, dentre as

quais a poda, que deve ser conduzida por profissionais e norteada por conhecimentos técnico-

científicos (MILANO; DALCIN, 2000).

Contudo, a poda de árvores é regulamentada por leis municipais, e para ocorrer esse processo

é fundamental realizar um pedido junto à prefeitura da cidade, e esperar que este seja

aprovado ou não. E após a aprovação do mesmo, a poda deve ser realizada adequadamente,

de forma a não prejudicar o desenvolvimento da espécie vegetal.

Quando a poda é conduzida inadvertidamente, sem o uso de técnicas especificas, prejudica a

planta, deixando-a exposta a agentes externos e desconfigurando sua arquitetura. A exposição

do lenho permite a entrada de microorganismos e artrópodes que degradam a madeira e

afetam negativamente sua fitossanidade. Os aspectos fitossanitários negativos mais notados

em árvores urbanas são os ataques por pragas e doenças, responsáveis pela biodeterioração

do vegetal (MARTINS; ANDRADE; ANGELIS, 2010)

Segundo a secretaria do verde e meio ambiente da prefeitura de São Paulo (2016) é preciso

que o agente responsável pela execução ou supervisão do manejo da arborização tenha em

mente que, ao realizar a poda, está cometendo uma agressão a um organismo vivo, que possui

estrutura e funções bem definidas e processos próprios de defesa contra seus inimigos

naturais. Diante disso, a escolha do tipo de poda, a técnica de corte e a época da intervenção

são decisões que podem condenar uma árvore à morte lenta ou contribuir para o seu

desenvolvimento biológico.

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Assim, uma poda realizada inadequadamente, pode ser considerada como drástica, pois

consiste na retirada de braços inteiros e na excessiva redução do tamanho da copa, resultando

em danos permanentes à árvore, e o responsável pela execução pode ser autuado e multado

pelos órgãos competentes.

Objetivos

O Trabalho teve como objetivo analisar as podas drásticas realizadas na arborização da cidade

de Ilha Solteira-SP.

Metodologia

O trabalho foi conduzido na cidade de Ilha Solteira/SP, com latitude 20º22’S, longitude

51º22’WGR e altitude média de 335m, e população de 26 443 habitantes, (IBGE- Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016). Segundo a classificação de Köppen o clima da

região é do tipo Aw, caracterizado por estação chuvosa no verão e seca no inverno, definido

como tropical úmido, apresentando temperatura média anual de 24,5oC e precipitação média

anual de 1.232 mm com umidade relativa média anual de 64,8% (HERNANDEZ; LEMOS FILHO;

BUZETTI, 1995).

Foram analisadas as condições da arborização do município, onde se realizou a coleta árvores

observadas com podas drásticas em torno da cidade, e retiradas fotos das mesmas, no dia 27

de agosto de 2016. Para tal, utilizou-se uma ficha de campo, em que os critérios de análise

foram adaptados de Silva Filho et al. (2002) e Bortoleto (2004), entre eles:

Identificação: número de controle atribuído a cada árvore para controle dos dados,

logradouro, espécie, gênero e família botânica.

Poda sofrida: sinais de poda visíveis no indivíduo arbóreo, classificando-se em poda drástica,

que se caracteriza como aquela que apresenta: (a) remoção total da copa, permanecendo

acima do tronco apenas os ramos principais com menos de um metro de comprimento nas

árvores adultas; b) remoção total de um ou mais ramos principais, resultando no desequilíbrio

da árvore; c) remoção total da copa da árvore, restando apenas o tronco (MAREK, 2008).

Posteriormente, foram coletadas imagens do Google street view dos mesmos locais onde

foram coletados os dados das arvores, para comparação entre antes e depois das podas.

Resultados

A Tabela 1 apresenta as espécies que foram coletadas com poda drástica na cidade de Ilha

solteira, com nome vulgar e científico.

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Tabela 1: Espécies identificadas como poda drástica na cidade de Ilha Solteira-SP

Nota-se na tabela 1, que das 5 espécies constatadas com poda drástica, a maior frequência são

de árvores de oitis, isso se deve, pois de acordo com Pinheiro et al (2011), em trabalho com

levantamento das frequências de árvores utilizadas na arborização de Ilha Solteira, a espécie

Licania tomentosa (oiti), foi a predominante com 83% de incidência, sendo que isso se deve às

excelentes características desta espécie para condições de arborização urbana.

As figuras 1 e 2 mostram as condições da espécie número 1 da Tabela 1, na data de 2012, de

acordo com as imagens coletadas no Google street view.

Figura 1: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, antes de sofrer poda drástica, 2012.

Fonte: Google Street View, (2016).

Número Espécie

Nome vulgar Nome científico

1 Oiti Licania tomentosa

2 Oiti Licania tomentosa

3 Oiti Licania tomentosa

4 Oiti Licania tomentosa

5 Eritrina Erytrina variegata

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Figura 2: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, antes de sofrer poda drástica, 2012.

Fonte: Google Street View, (2016).

As figuras 3 e 4 mostram as condições da espécie número 1 da Tabela 1, na data de 2016, de

acordo com as imagens coletadas pelo próprio autor.

Figura 3: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, após sofrer poda drástica, 2016.

Fonte: próprio autor

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Figura 4: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, após sofrer poda drástica, 2016.

Fonte: próprio autor

A figura 5 mostra as condições da espécie número 2 da Tabela 1, na data de 2012, de acordo

com as imagens coletadas no Google street view.

Figura 5: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, antes de sofrer poda drástica, 2012.

Fonte: Google Street View, (2016).

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A figura 6 mostra as condições da espécie número 2 da Tabela 1, na data de 2016, de acordo

com as imagens coletadas pelo próprio autor.

Figura 6: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, após sofrer poda drástica, 2016.

Fonte: próprio autor

As figuras 7 e 8 mostram as condições da espécie número 3 da Tabela 1, na data de 2012, de

acordo com as imagens coletadas no Google street view.

Figura 7: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, antes de sofrer poda drástica, 2012.

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Fonte: Google Street View, (2016).

Figura 8: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, antes de sofrer poda drástica, 2012.

Fonte: Google Street View, (2016).

A figura 9 mostra as condições da espécie número 3 da Tabela 1, na data de 2016, de acordo

com as imagens coletadas pelo próprio autor.

Figura 9: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, após sofrer poda drástica, 2016.

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Fonte: próprio autor

As figuras 10 e 11 mostram as condições da espécie número 4 da Tabela 1, na data de 2012, de

acordo com as imagens coletadas no Google street view.

Figura 10: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, antes de sofrer poda drástica, 2012.

Fonte: Google Street View, (2016).

Figura 11: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, antes de sofrer poda drástica, 2012.

Fonte: Google Street View, (2016).

As figuras 12 e 13 mostram as condições da espécie número 4 da Tabela 1, na data de 2016, de

acordo com as imagens coletadas pelo próprio autor.

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Figura 12: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, após sofrer poda drástica, 2016.

Fote: próprio autor

Figura 13: Árvore de oito em Ilha Solteira-SP, após sofrer poda drástica, 2016

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Fonte: próprio autor

As figuras 14 e 15 mostram as condições da espécie número 5 da Tabela 1, na data de 2012, de

acordo com as imagens coletadas no Google street view.

Figura 14: Árvore de Eritrina em Ilha Solteira-SP, antes de sofrer poda drástica, 2012.

Fonte: Google Street View, (2016).

A figura 15 mostra as condições da espécie número 5 da Tabela 1, na data de 2016, de acordo

com as imagens coletadas pelo próprio autor.

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Figura 15: Árvore de Eritrina em Ilha Solteira-SP, após sofrer poda drástica, 2016.

Fonte: próprio autor

Nota-se que todas as espécies avaliadas sofreram grande poda drástica, sendo retirada toda a

sua copa. De todas as árvores analisadas, apenas a Eritrina se encontrava sob fiação, podendo

talvez a sua poda ser justificada. Todas as imagens mostram que as árvores se encontravam

em calçadas de residências, onde possivelmente os moradores do local tenham relação com a

poda das árvores.

Com a realização desse tipo de poda, ocorre um desequilibro entre folhas e raízes ocasionando

uma reação compensatória no vegetal (MILANO; DALCIN, 2000). Segundo os mesmos autores,

essa reação manifesta-se através da quebra de dormências das gemas epicórmicas, gerando

brotações que levam a um aumento do número de podas, pois a ausência do controle das

brotações gera em pouco tempo novos galhos a serem podados novamente. Estes novos

galhos são frágeis e suscetíveis a quedas devido a ações intempéricas. Fátima (2005) salienta

que a realização da poda drástica pode fazer com que os ramos epicórmicos atinjam as

eventuais fiações elétricas próximas mais rapidamente. No presente trabalho, caso não ocorra

morte das árvores podadas, espera-se que ocorra a formação desses tipos de ramos.

Martins, Andrade e Angelis (2010), avaliando as podas em árvores urbanas em Luiziana/PR,

observaram que das espécies observadas, Ligustrum lucidum foi à espécie mais afetada, com

67,3% dos casos, seguida por Tibouchina granulosa (8,4%), Caesalpinia pluviosa (7,5%), e

Schinus molle (6,9%).

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Os mesmos autores, verificaram que dentre as árvores em que foi realizada poda drástica, um

total de 41,12% de árvores não se encontravam sob a rede elétrica, no presente trabalho,

apenas Eritrina se encontrava sob fiação.

O uso de árvores sob fiação vem sendo empregada de maneira errônea nas cidades. Esta

prática deve ser substituída gradativamente, principalmente nos novos indivíduos presentes

na arborização, uma vez que consiste em uma medida supressora e deve ser utilizada somente

em casos de extrema necessidade, por agredir a integridade da planta, deixando-a exposta a

agentes externos, além de desconfigurar a árvore arquitetonicamente ocasionando a redução

ou perda dos benefícios estéticos do vegetal (MARTINS; ANDRADE; ANGELIS, 2010).

Ainda, esse tipo de poda, deixa a planta exposta a agentes externos, a exposição do lenho

permite a entrada de microorganismos e artrópodes que degradam a madeira e afetam

negativamente sua fitossanidade. Os aspectos fitossanitários negativos mais notados em

árvores urbanas são os ataques por pragas e doenças, responsáveis pela biodeterioração do

vegetal (MARTINS; ANDRADE; ANGELIS, 2010). No Brasil, segundo Brazolin (2010), os cupins

são responsáveis por grandes prejuízos à arborização urbana, não sendo rara a presença de

ninhos nas árvores.

Estes dados refletem a situação de maior parte das cidades brasileiras, onde a prática da poda

de árvores nas ruas é executada de maneira empírica e sem a utilização de técnicas e pessoal

habilitado. A poda sempre será uma agressão à árvore, por isso deve ser feita de modo a

facilitar a cicatrização do corte, caso contrário, ocorrerá prejuízos na planta (LIMA, 2007).

Segundo a Coelba (2002), o planejamento adequado da arborização poderá contribuir para a

melhoria dessa convivência no meio urbano. Isso, no entanto, requer o reconhecimento da

realidade local, ou seja, dos padrões urbanísticos, culturais e biológicos predominantes.

Ainda, vale ressaltar que os autores responsáveis pelas podas drásticas no presente trabalho,

podem ser autuados e multados, mediante a denúncias por parte da população, uma vez que

leis municipais protegem esse tipo de acontecimento

Conclusão

A cidade de Ilha Solteira/SP apresenta algumas espécies de árvores com podas drásticas,

sendo em sua maioria Oitis. Com o auxilio da ferramenta do Google, foi possível observar a

quão podada foram ás árvores; as espécies analisadas apresentaram toda a sua copa retirada,

o que causa grandes prejuízos no desenvolvimento da planta.

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