Análise de Processos e Produtividade das Operações

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Análise de Processos e Produtividade das Operações Aplicação a um caso de estudo real CARLA CRISTINA DE JESUS MARQUÊS Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em ENGENHARIA E GESTÃO INDUSTRIAL Júri Presidente: Acácio Manuel de Oliveira Porta Nova Orientadora: Ana Paula Ferreira Dias Barbosa Povoa Vogais: José Aníbal da Silva Ferreira Fernando Henrique de Carvalho Cruz Dezembro 2007

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Page 1: Análise de Processos e Produtividade das Operações

Análise de Processos e Produtividade das Operações

Aplicação a um caso de estudo real

CARLA CRISTINA DE JESUS MARQUÊS

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

ENGENHARIA E GESTÃO INDUSTRIAL

Júri

Presidente: Acácio Manuel de Oliveira Porta Nova

Orientadora: Ana Paula Ferreira Dias Barbosa Povoa

Vogais: José Aníbal da Silva Ferreira

Fernando Henrique de Carvalho Cruz

Dezembro 2007

Page 2: Análise de Processos e Produtividade das Operações

i

Abstract

The increasing competitiveness and globalization of supply market addresses the

quality and price of products as their major differentiator factors in the logistic chain of a retail

distribution company. The way of maintain the profit will be improving the efficiency and

productivity of all the logistic chain.

This thesis is a study in the field of productivity and performance of an operational

company. It starts with an overview of the company and its singularities, to focus on the

warehouse operations and in its optimization level. This work can follow a reformulation in the

company logistics strategy and develop possibilities to improve quality and performance in a

retail distribution center making use of tools as quality management, layout planning or

statistics.

After follow the logic of giving conditions to a better work in the warehouse, it finally

addresses the productivity of its employees, and if it is difficult to improve what we can’t properly

measure, this work intends to show new ways to explore and measure warehouse operators

work, to develop more fair and accurate methods of motivation and compensation.

Key words: SCOR Method, Layout Planning, Quality, Productivity, Performance

Metrics.

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ii

Resumo

O aumento da concorrência e a globalização da oferta tornam a qualidade e o preço os

factores diferenciadores de maior importância na cadeia logística de uma empresa de

distribuição alimentar. A forma de manter as margens praticadas é apostar numa maior

eficiência de toda a cadeia logística.

Esta dissertação desenvolve o seu estudo no campo da produtividade e desempenho

de uma empresa operacional. Começa com um estudo e recolha de informações particulares

ao caso, para se focar nas operações de armazém e nos níveis de produtividade em prática e

desejados. Este trabalho acompanha uma reestruturação na estratégia logística da empresa e

desenvolve possibilidades de aumentar a qualidade e desempenho no centro de distribuição

alimentar ao fazer uso de ferramentas como a gestão da qualidade, planeamento de layout e

estatística.

Após aplicar toda a lógica de melhoramento nos processos do armazém estuda no final

a produtividade dos empregados desenvolvendo novas formas de medir a produtividade dos

operadores de armazém, para criar sistemas de motivação e compensação mais exactos e

justos.

Palavras-chave: Método SCOR, Planeamento de Armazém, Qualidade, Produtividade,

Medidas de Desempenho.

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iii

Agradecimentos

A escrita de uma dissertação de mestrado deve trazer sentimentos de satisfação,

realização e alegria. Este é um desses casos, que não teria tido sucesso sem o apoio e

dedicação de várias pessoas.

Ao nível académico, gostaria de agradecer à professora Ana Póvoa, a sua

disponibilidade e compreensão, apoio e orientação a nível de estudo e pessoal.

Ao nível profissional, quero agradecer a todas as pessoas intervenientes no meu

estudo na empresa Gestiretalho do grupo Jerónimo Martins, principalmente ao director nacional

da logística Dr. Silva Ferreira pelo sentido de direcção e incentivo.

Aos gestores operacionais Luís Pica e Fernando Câmara, pela pronta disponibilidade

em fornecer informação e considerações no trabalho desenvolvido. Assim como aos colegas

estagiários Dr. João Ferreira, Dr. Pedro Azevedo e Francisco Figueiredo pelo bom ambiente e

apoio descontraído ao longo da realização deste trabalho.

Por último numa nota pessoal, agradeço à minha família o apoio ao longo dos últimos

cinco anos de estudo que se encerram nesta tese final de mestrado. E não poderia nunca

esquecer de agradecer o apoio de todos os meus amigos, pelo equilíbrio e estima, em especial

à Sílvia Dinis e ao João Pedro, que me apoiaram durante o processo de escrita.

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iv

Índice

Abstract .......................................................................................................................................... i Resumo ......................................................................................................................................... ii Agradecimentos ........................................................................................................................... iii Índice ............................................................................................................................................ iv Tabelas.......................................................................................................................................... v Figuras ......................................................................................................................................... vi Capítulo 1 – Introdução ..............................................................................................................1

1.1 A Gestão da Cadeia de Abastecimento....................................................................... 1 1.2 O Problema.................................................................................................................. 3 1.3 Estrutura da Dissertação ............................................................................................ 4

Capítulo 2 – Caso de Estudo......................................................................................................5 2.1 Breve Apresentação da Empresa................................................................................ 5 2.2 A Cadeia Logística....................................................................................................... 7

2.2.1 Compra e abastecimento ............................................................................................ 7 2.2.2 Sistemas de informação.............................................................................................. 9 2.2.3 Transporte ................................................................................................................. 10 2.2.4 Armazenamento ........................................................................................................ 11

2.3 O Armazém de Não Perecíveis da Azambuja ........................................................... 13 2.3.1 A instalação ............................................................................................................... 14 2.3.2 Volume e variabilidade .............................................................................................. 17 2.3.3 Diversidade de fluxos ................................................................................................ 18 2.3.4 O redimensionamento logístico................................................................................. 20 2.3.5 A sequência de operações........................................................................................ 21 2.3.6 A produtividade.......................................................................................................... 23

2.4 Conclusões ................................................................................................................ 26 Capítulo 3 – Metodologias e Conceitos Fundamentais.........................................................27

3.1 A Qualidade e ferramentas de análise ...................................................................... 27 3.1.1 Six – sigma ................................................................................................................ 28 3.1.2 Ferramentas estatísticas ........................................................................................... 29

3.2 Modelo SCOR............................................................................................................ 30 3.3 Técnicas de Layout.................................................................................................... 33

3.3.1 Definição do Layout................................................................................................... 33 3.3.2 Recolha de dados fundamentais............................................................................... 34 3.3.3 Estrutura da operação ............................................................................................... 35 3.3.4 Tipos clássicos de Layout ......................................................................................... 35 3.3.5 Fluxos de material e execução.................................................................................. 37

3.4 Medir a Produtividade dos Operadores ..................................................................... 39 3.5 Conclusões ................................................................................................................ 40

Capítulo 4 – Análise do Caso em Estudo ...............................................................................41 4.1 Definir Processos....................................................................................................... 41

4.1.1 Diagramas de fluxo de trabalho ................................................................................ 41 4.1.2 Aproximação ao modelo SCOR ................................................................................ 47

4.2 Organizar a Operação ............................................................................................... 49 4.2.1 Redefinir o Layout ..................................................................................................... 50 4.2.2 Classes de SKU ........................................................................................................ 55

4.3 Medir a Produtividade................................................................................................ 60 4.3.1 Apresentação do problema ....................................................................................... 60 4.3.2 Recolha de dados...................................................................................................... 60 4.3.3 Análise estatística...................................................................................................... 62 4.3.4 Tratamento estatístico ............................................................................................... 63 4.3.5 Interpretação de resultados....................................................................................... 69 4.3.6 Possibilidades de aplicação do modelo .................................................................... 70

4.4 Conclusões ................................................................................................................ 75 Capítulo 5 – Conclusões ao Caso ...........................................................................................76 Bibliografia...................................................................................................................................79 Anexos ....................................................................................................................................... i81

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v

Tabelas Tabela 1.1 – Esquema de objectivos e técnicas utilizadas...........................................................3 Tabela 2.1 – Indicadores Económico-Financeiros das lojas do grupo .........................................6 Tabela 2.2 – Distribuição das lojas por insígnia e por zona .......................................................10 Tabela 2.3 – Classificação geral da diversidade do sector alimentar.........................................12 Tabela 2.4 – Rotação dos trabalhadores no armazém...............................................................24 Tabela 3.1 – Medidas de desempenho ao longo da cadeia logística.........................................31 Tabela 3.2 – Características dos principais fluxos em armazém ...............................................36 Tabela 3.3 – Remuneração, Motivação e Avaliação de operadores de armazém.....................39 Tabela 4.1 – Associação das operações ao modelo SCOR.......................................................47 Tabela 4.2 – Número de lojas distribuído por horário e volume. ................................................53 Tabela 4.3 – Média Mensal de paletes/loja por horário e volume. .............................................53 Tabela 4.4 – Tempo de Paletização e Put-away para média 5 minutos ....................................54 Tabela 4.5 – Tempo de Paletização e Put-away para média 3 minutos ....................................54 Tabela 4.6 – Grupos considerados nas observações de mercadoria ........................................55 Tabela 4.7 – Classes de Consumo de supermercado em Portugal ...........................................56 Tabela 4.8 – Pontuações para agravamento nos factores de unidade de carga .......................57 Tabela 4.9 – Artigos de armazém JIT .........................................................................................58 Tabela 4.10 – Variação das médias mensais .............................................................................61 Tabela 4.11 – Correlações entre variáveis .................................................................................65 Tabela 4.12 – Sumário do Modelo e Estimativa dos Parâmetros...............................................66 Tabela 4.13 – Distribuição de casos e estimação de parâmetros ..............................................67 Tabela 4.14 – Sumário do Modelo e Estimativa dos Parâmetros...............................................68 Tabela 4.15 – Comparação entre sistemas de prémio ...............................................................71

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Figuras Figura 1.1 – Principais preocupações estruturais da cadeia logística..........................................2 Figura 2.1 - Lead-time da cadeia logística....................................................................................7 Figura 2.2 – Sistemas informáticos na logística do grupo Jerónimo Martins ...............................9 Figura 2.3 – Representação do mixing de produtos em armazém.............................................11 Figura 2.4 – Maqueta do armazém de não perecíveis da Azambuja .........................................13 Figura 2.5 – Esboço a 2 dimensões do armazém 5401 em Fevereiro 2007 ..............................14 Figura 2.6 – Bastidores e buffers no armazém 5401..................................................................15 Figura 2.7 – Novo armazém 5407 de sistema Just-in-Time .......................................................16 Figura 2.8 – Esboço da disposição do novo armazém JIT 5407. ...............................................16 Figura 2.9 – A evolução de caixas expedidas (não perecíveis) .................................................17 Figura 2.10 – Volume de JIT em função do volume total (não perecíveis) ................................19 Figura 2.11 – Tempos médios percentuais gastos por operação...............................................21 Figura 2.12 – Evolução da produtividade no armazém de não perecíveis.................................24 Figura 3.1 – Método SCOR.........................................................................................................30 Figura 3.2 – Método de Layout SLP ...........................................................................................34 Figura 3.3 – Centralização da recepção/expedição e armazenagem por classes .....................36 Figura 3.4 – Layout de um armazém típico ................................................................................38 Figura 4.1 – Diagrama de Ishikawa para o problema em análise ..............................................48 Figura 4.2 – Atribuição de espaços ao armazém JIT e respectivos fluxos de produtos. ...........51 Figura 4.3 – Pormenor do layout.................................................................................................53 Figura 4.4 – Pormenor das lojas e volume médio das lojas movimentado ................................54 Figura 4.5 – Produtividades médias diárias e mensais de UMC/hora........................................61 Figura 4.6 – Output de Produtividades em Excel .......................................................................62 Figura 4.7 – Gráfico da distribuição dos clusters pelas operações de armazém .......................64 Figura 4.8 – Gráfico de divisão de tipos de Execução em clusters ............................................64 Figura 4.9 – Distribuição de caixas/hora.....................................................................................66 Figura 4.10 – Número de observações nos intervalos de UMC/acção ......................................67 Figura 4.11 – Distribuição dos casos de 1 a 3 UMC/acção ........................................................68 Figura 4.12 – Sistemas de prémio na distribuição......................................................................70 Figura 4.13 – Sistemas de prémio no universo 1 a 3 umc/acção...............................................71 Figura 4.14 – Primeira possibilidade de prémio..........................................................................72 Figura 4.15 – Segunda possibilidade de prémio.........................................................................73 Figura 4.16 – Terceira possibilidade de prémio..........................................................................73

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Capítulo 1 – Introdução

Esta dissertação pretende apresentar e analisar diferentes possibilidades de aumentar

a produtividade na operação logística de um armazém numa cadeia de distribuição alimentar. A

definição e optimização dos processos que me proponho examinar terão como objectivo

melhorar a estratégia e métrica do desempenho operacional. Para tal, será necessário analisar

os processos e identificar as alterações que ocorrerem na empresa, de modo a possibilitar um

ajuste de todas as actividades operacionais.

A análise referida é desenvolvida sobre um caso real da empresa Jerónimo Martins. As

operações logísticas são inicialmente definidas de acordo com o modelo operacional de cadeia

de distribuição de referência internacional SCOR (Supply Chain Operations Reference).

Posteriormente, analisar-se-ão tópicos de relevância na organização da operação e definição

de layout, estudando-se as possibilidades de implementação de alterações, que se traduzam

em aumentos de produtividade e melhorias contínuas. O objectivo final é analisar e propor um

novo modelo para avaliar o desempenho dos operacionais no armazém, tornando o sistema de

prémio mais justo e orientado para os objectivos.

1.1 A Gestão da Cadeia de Abastecimento

O negócio de retalho consiste em fazer chegar ao consumidor final produtos

alimentares (carne, peixe, vegetais, massas), combinados com artigos de drogaria, perfumaria

e higiene, em superfícies comerciais de tamanho variável (de 200 a 2000m2 para

supermercados) (Goulart, 2004). A nível nacional, este segmento tem enorme cobertura a partir

dos anos 90, com um mercado crescentemente internacional e cada vez mais competitivo. O

aumento da concorrência e a globalização da oferta tornam a qualidade e o preço os factores

diferenciadores de maior importância. Assim, a forma de manter as margens praticadas será

apostar numa maior eficiência de toda a cadeia logística, através da redução dos custos da

cadeia mantendo ou mesmo melhorando a qualidade do serviço (Aldridge, 2000).

A logística é o conjunto do planeamento, operação e controlo do fluxo de materiais,

mercadorias, serviços e informações da empresa, que ao integrar e racionalizar as funções

sistémicas desde a produção até à entrega, asseguram vantagens competitivas na cadeia de

abastecimento e a consequente satisfação dos clientes. Os conhecimentos e planeamento

logístico remontam à necessidade de, durante as Grandes Guerras, planear rotas tendo em

conta factores como uma fonte de água potável próxima, transporte, armazenagem e

distribuição de equipamentos e mantimentos. Nos anos 50, as empresas começam a utilizar

estes conhecimentos para satisfazer os seus clientes, sendo nos anos 70 consolidados

conceitos de planeamento de produção como MRP (Material Requirements Planning), ou a

produção de acordo com a procura (Just-In-Time). Com as procuras irregulares dos novos

mercados globais na década de 80 e até à actualidade, as empresas passam a competir a

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nível mundial, precisam de ser ágeis na sua cadeia de distribuição pelo que acabam por

adoptar modelos globais de optimização operacional (Carvalho, 2004).

Neste contexto, a cadeia de distribuição de uma empresa depende de um largo

espectro de acções definidas para a mesma, que se distribuem hierarquicamente segundo

vários horizontes temporais. Começa por um nível estratégico, passando pelo táctico, até ao

operacional:

Nível estratégico – Tem um horizonte temporal de médio, longo prazo (1 a 5 anos), consiste

nas decisões gerais e definição de políticas de base para a actividade da empresa. A

concepção da cadeia de distribuição e suas estratégias acontece nesta etapa e tem em conta

uma diversidade de questões gerais, que são sintetizadas na Figura 1.1.

Nível táctico – Tem um horizonte temporal de médio prazo (6 meses a 1 ano) e consiste na

tomada de decisões com mais informação técnica e operacional. Orienta o plano estratégico

para a acção diária da empresa, com pequenas implementações de projectos evolutivos. Faz

análises de custo – benefício com base na operação presente e é orientada para a estratégia

futura.

Nível operacional – Tem um horizonte temporal imediato, consiste nas decisões do dia a dia.

Deve ser acompanhado por relatórios semanais e/ou mensais, que numa empresa saudável

mostram as evoluções controladas das implementações tácticas.

Decisões na cadeia de distribuição:

- Configuração da rede: número de armazéns, capacidade e custo dos armazéns, rotas de

transportes e localização das lojas.

- Gerir o Inventário: centralizar inventário, previsão de vendas, evitar o risco de obsolescência,

minimizar os custos de armazenagem, partilhar o risco com os fornecedores.

- Estratégias de distribuição: definir sistema push, pull ou combinado de acordo com o tipo de

negócio, definir tipo de distribuição e interface com o cliente.

- Alianças e Outsourcing: compreender as competências-chave e avaliar parcerias

estratégicas, decidir quanto a delegar parte da cadeia de valor.

- Internacionalização: compreender as diferenças culturais e as especificidades locais.

- Negociar na Internet: decidir quanto a comprar, vender, criar portal próprio ou negociar num

mercado on-line.

- O produto: Coordenar o design para facilitar o tratamento e agradar ao cliente, customizar ou

diferenciar o produto, tratar o aspecto, a marca, os locais de consumo e de venda.

- A informação: essencial para controlar a incerteza das previsões, controlar tempos de

produção, distribuição, criação de sistemas de base de dados para ajudar no tratamento de

dados e apoiar nas decisões, e na consciência das alterações (Levi, 2003).

Figura 1.1 – Principais preocupações estruturais da cadeia logística

Page 10: Análise de Processos e Produtividade das Operações

3

As decisões da estratégia global são aplicadas a uma sequência operacional, que se

repete nas diversas indústrias. Com toda a evolução que a logística tem sofrido recentemente,

a cadeia de abastecimento actualmente pretende tratar os múltiplos elementos como um único

sistema integrado, que apresenta as seguintes fases:

- Planeamento e compra

- Transporte de matérias-primas e produtos acabados

- Recepção e verificação de mercadoria

- Armazenamento e operação

- Expedição

- Logística inversa (reciclagem e devoluções)

Estas operações logísticas estão a tentar ser definidas pelo modelo de referência

internacional SCOR, que as divide em Plan, Source, Make, Deliver e Return. Para cada uma

delas tenta definir processos e estabelecer métricas para medir o seu desempenho.

1.2 O Problema

Sendo a Jerónimo Martins SGPS, SA uma empresa grande e em constante processo

de optimização e melhoramento, envolveu-se num projecto de ‘Redimensionamento Logístico’,

que consistiu em tomar responsabilidade por novas linhas de produto (que até então estavam

entregues a um parceiro logístico 3PL (third-part logistics)) e redimensionar as suas

necessidades de espaço com o aumento do volume de vendas, numa tentativa de baixar

custos às movimentações de caixas, assim como aumentar eficiência e sinergias. Para que a

eficiência realmente aumente teremos de criar condições de fluxos rápidos e armazém

organizado aos factores produtivos, que neste tipo de armazém são principalmente as

pessoas. Estas terão um acompanhamento da sua produtividade ao longo do tempo, para

compreender o sucesso das optimizações, enquanto ao mesmo tempo e como resultado de

reorganização de processos, são questionadas as métricas utilizadas para medir o

desempenho das pessoas na operação e tentar adequar os prémios de produtividade dos

funcionários às necessidades da empresa.

De uma forma esquemática, para atingir os objectivos estipulados, iremos utilizar áreas

do conhecimento diferentes e aplicaremos as suas ferramentas.

Necessidade/

Objectivo

Descrever

processos Definir as operações

Medir as

operações

Técnicas

necessárias Flowchart

Técnicas de

layout e picking

Stock keeping units

Técnicas de

produtividade

e motivação

Ferramentas Modelo SCOR Gestão da qualidade

total Estatística

Tabela 1.1 – Esquema de objectivos e técnicas utilizadas

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1.3 Estrutura da Dissertação

Esta dissertação organiza-se da seguinte forma:

• Capítulo 1: trata-se do presente capítulo onde se faz uma breve apresentação da área

e negócio do retalho em Portugal ao longo do tempo, seguido por uma introdução ao

tipo de problema e aos conceitos gerais de gestão da cadeia de distribuição logística.

Com o objectivo de envolver o leitor no tipo de problema e seu enquadramento geral

• Capítulo 2: caracteriza-se a empresa em estudo, definindo a sua história e evolução.

Faz-se a análise da envolvente e estratégia macro da empresa e abordam-se as

características da cadeia de distribuição até aos processos operacionais de armazém.

• Capítulo 3: pretende por um lado fazer a revisão dos conceitos abordados com

aplicação útil ao problema em estudo, apresentando as tendências evolutivas da área

logística, factores que contribuem para o aumento da performance logística e humana.

Por outro lado, explica as metodologias e técnicas aplicadas ao estudo e ao tratamento

de toda a informação.

• Capítulo 4: desenvolve a análise dos dados históricos, expõe o tratamento destes,

apresentando evoluções e possíveis conclusões por partes.

• Capítulo 5: apresenta conclusões e possíveis implementações por parte da empresa

bem como identifica linhas de trabalho futuro.

Page 12: Análise de Processos e Produtividade das Operações

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Capítulo 2 – Caso de Estudo

“Quando se analisa a indústria portuguesa, verifica-se que o tempo gasto em

operações que não acrescentam valor aos produtos é assustador. E só pelo simples facto de

se reorganizar um layout e eliminar os processos sem valor acrescentado começa-se a

produzir muito mais rapidamente. Isto significa maior capacidade de resposta a alterações da

procura. Como se faz mais com as mesmas pessoas e a um menor custo, a oportunidade de

gerar melhores margens e poder praticar preços mais competitivos é também muito maior. O

que é uma boa oportunidade para ganhar quota de mercado”

João Caratão, sénior manager da Price Waterhouse Coopers Consulting

à revista Exame – 20 de Março 2002

2.1 Breve Apresentação da Empresa

Apesar da longa história de qualidade da loja de Jerónimo Martins no Chiado, só em

1921 a empresa começa a ganhar visibilidade com a associação aos Grandes Armazéns

Reunidos e alargamento das lojas retalhistas. Os anos 80 são de grande crescimento, com a

criação da empresa de supermercados Pingo Doce e respectiva expansão por joint-ventures e

aquisições. Entre as aquisições, entra no mercado de grandes superfícies com o cash & carry

Recheio em 1985. Nos anos 90, a expansão e aquisições continuam com o primeiro Feira

Nova (supermercado de maior dimensão) e a compra do Lidosol na Madeira. Após esta

enorme expansão nacional, a empresa repensa a sua estratégia e dá prioridade à

internacionalização, pelo que cria com sucesso ao longo dos anos 90, a cadeia de distribuição

Biedronka na Polónia.

Em 2006, a Jerónimo Martins detém as insígnias Pingo Doce (189 supermercados em

Portugal continental e 13 supermercados na Madeira), Feira Nova (9 hipermercados e 29 mini-

hipers) e Recheio (31 cash & carries e 2 plataformas de Food Service em Portugal continental).

Detém ainda cerca de 900 lojas de desconto da insígnia Biedronka na Polónia.

A Tabela 2.1 reporta ao ano de 2006 e mostra esquematicamente os números

absolutos de lojas, a área total das lojas do grupo por insígnia e as vendas totais em milhões

de euros. Analisa também a média geral de vendas por m2, que é de 8 milhões de euros por m2

para a Madeira, o dobro para a Polónia, mas fica-se pelos 6 milhões de euros na insígnia Pingo

Doce decrescendo para supermercados de formato maior. O aumento do volume de vendas

ronda os 6% para as insígnias Feira Nova e Recheio, e duplica para os supermercados Pingo

Doce, comprovando o sucesso da estratégia recente de preços competitivos e conveniência. O

crescimento nas vendas mais significativo, é sem dúvida nas lojas da Polónia, que se não tiver

em conta as vendas das novas lojas que abriram, aumentou vendas em 23%.

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Ano 2006 Pingo Doce Lidosol Feira Nova Recheio Biedronka

Número de lojas 189 13 38 33 905

Área de Vendas (m2) 161.279 10.319 150.189 110.005 452.952

Vendas líquidas (milhões de €)

967.619 81.998 739.665 601.258 6.638.213

Vendas por m2 (milhões de €) 6,42 8,01 5,36 5,59 16,12

Crescimento em volume 14% 7,2% 8% 4,1% 11,8%

Crescimento Like-for-like1 11,2% 2,1% 3,6% 23,4%

Tabela 2.1 – Indicadores Económico-Financeiros das lojas do grupo

Em 2007 vão ser abertas 24 novas Lojas em Portugal continental perfazendo um

conjunto total de 298 lojas, e pretende-se comemorar a abertura da loja número 1000 na

Polónia.

Todos os estabelecimentos de vendas da empresa têm vindo a efectuar um

reposicionamento de preços e um layout de loja mais atractivo e agradável. Nos segmentos em

que é possível, também pretende diferenciar-se pelo crescimento de vendas das marcas

próprias ou exclusivas.

A cadeia de supermercados Pingo Doce manteve em 2006 a estratégia: preços

competitivos, conveniência e proximidade, forte sortido de perecíveis, remodelação e qualidade

das lojas. O Feira Nova aposta na consolidação da sua presença no mercado das médias

superfícies, mas os hipermercados da cadeia continuaram a ser afectados pelo difícil

enquadramento competitivo do formato em Portugal e na Europa. O Recheio centrou as

vendas no segmento HoReCa2, que conduziu a uma forte aposta em perecíveis e no

desenvolvimento da marca própria (MasterChef). Na Madeira, o Pingo Doce aumentou as

vendas. Apesar do decréscimo da actividade do retalho tradicional, o Recheio da Madeira

consolidou a sua liderança no mercado, e destacou-se com a importante parceria iniciada com

o Grupo Pestana.

A cadeia Biedronka conseguiu crescimento das vendas e expansão do parque de lojas

(116 aberturas). O peso da Biedronka nas vendas consolidadas do Grupo cresceu de 35,2%,

em 2005, para 38,9%, em 2006 (Relatório e Contas JM, 2006)

Apesar deste trabalho explorar apenas a Jerónimo Martins Distribuição representada

pela empresa Gestiretalho, o grupo detém também uma parte de Indústria com a FimaVG, a

LeverElida, e a IgloOlá.

1 Like-for-like pressupõe uma base sem variação da superfície comercial de vendas, não tem em conta o crescimento por abertura de novas lojas. 2 Insígnia de Hotéis, Restaurantes e Cafés

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2.2 A Cadeia Logística

Para abastecer todos estes pontos de venda, o grupo Jerónimo Martins conta com a

empresa Gestiretalho, que pertence ao grupo e é exclusivamente responsável pelas tarefas

logísticas de contactar fornecedores e fazer compras de acordo com previsões de vendas,

fazer a conferência de mercadoria e combinar os produtos de cada fornecedor para cada loja

em sistemas de armazém, fazendo chegar essa mercadoria aos estabelecimentos comerciais

de venda ao público.

2.2.1 Compra e abastecimento

Podemos caracterizar a encomenda como o início da cadeia de abastecimento, sendo

uma actividade próxima ao processo negocial e logístico. O fornecedor estabelece uma relação

com a empresa distribuidora, que pretende disponibilizar um conjunto de produtos (sortido) aos

seus clientes. Será sempre o consumidor final que desencadeia o processo de compra, ao

adquirir ou mostrar intenção de adquirir determinado produto o consumidor desencadeia a

necessidade do ponto de venda repor o stock, de acordo com as técnicas vigentes. Assim,

quando o produto atinge um nível pré-determinado de stock de segurança ou ponto periódico é

feito um novo pedido de encomenda, de acordo com o período de carência esperado (lead-

time) que tem em conta o tempo de reposição da Gestiretalho e o tempo de reposição do

fornecedor. Neste âmbito, foi desenvolvido um sistema de multi-lead time aos fornecedores

para que tenham mais facilidade em corresponder aos tempos de entrega desejados, incutindo

flexibilidade ao processo e permitindo calcular previsões mais reais (Figura 2.1).

(lead-time do fornecedor) (lead-time da Gestiretalho)

Figura 2.1 - Lead-time da cadeia logística

A análise de encomenda é normalmente mista, envolvendo sazonalidade das vendas,

histórico de períodos homólogos recentes e desvios ao lead-time. O processo de compra é

antecedido por uma fase de procurement, na qual o cliente (neste caso o distribuidor

Gestiretalho) avalia os potenciais fornecedores e as alternativas disponíveis no mercado, de

acordo com preço e quantidade, disponibilidade de entregas e qualidade dos produtos.

Passada esta fase de negociação e escolha de fornecedores, o processo torna-se mais fluido e

rotineiro. O fornecedor deve especificar as características do seu produto e os responsáveis

lançam a ordem de compra. Posteriormente, o fornecedor passa a entregar os produtos no

ponto de venda acordado (maioritariamente no Centro de Distribuição) e envia a factura que

descrimina as especificações do produto, quantidades e data de pagamento (Christopher,

1998).

Fornecedor Centro de

Distribuição

Lojas

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No centro de distribuição procede-se à correspondência entre o pedido efectuado por

computador e o efectivamente entregue, donde nasce o cálculo do nível de serviço do

fornecedor, na óptica do cliente Gestiretalho. Assim que é recebido o produto, este é

adicionado ao sistema logístico de informação de stocks do Armazém, que procede à posterior

execução, enquanto a área de compras recebe o registo da entrega real, comparando-a com a

encomenda, de modo a estabelecer o nível de serviço do fornecedor, passando então à fase

final de pagamento.

Deste modo, é fácil verificar como o processo logístico é desencadeado pela compra,

sendo um sistema tipo pull, conduzido pela procura a jusante e que necessita de ser

processado com urgência numa cadeia integrada e ágil, com comunicação rápida entre

computadores, isenta de burocracia e erros.

Na empresa, é a chamada equipa de Supply Chain quem trata do reaprovisionamento,

existem equipas divididas por tipo de produto que negoceiam e são responsáveis pelo

desempenho dos fornecedores, de acordo com características particulares de produtos

agrupados em:

- Bazar Ligeiro Feira Nova e Bazar Pesado

- Detergentes e Produtos de Higiene + Bazar Ligeiro PD & Têxtil

- Bebidas (Vinhos e Destilados)

- Bebidas (Refrigerantes e Cervejas)

- Alimentar

- Congelados e Perecíveis

Para o fluxo de produtos Stock, cada equipa verifica os níveis de inventário, faz

previsões de vendas para garantir o nível de serviço às lojas e contacta directamente com

fornecedores para fazer a colocação das encomendas necessárias. São apoiados pelos

sistemas de planeamento de produção MRP e CRP.

No fluxo de produtos Just-in-Time (JIT) é a procura nas lojas que vai puxar o

inventário, as lojas efectuam o seu pedido de compra por computador e o sistema

automaticamente coloca as encomendas aos fornecedores de acordo com o lead-time

acordado.

O fluxo Cross-Docking pressupõe uma parceria mais profunda com o fornecedor, na

medida que ele entrega o seu leque de produtos já agrupado por lojas. Esta é uma mais-valia

para a empresa, mas também para o fornecedor, que pode ter maior volume de encomendas

do seu produto por acrescentar valor num serviço adicional.

Por fim, para categorias de Perecíveis muito especificas como os enchidos, os iogurtes,

carnes, frutas, existem os Gestores de Categoria que têm economia de experiência e

conhecimento desses produtos e tratam directamente dos seus fornecedores numa relação

muito próxima e de exigência na qualidade.

Assim, as equipas que tratam do reaprovisionamento, independentemente do fluxo ou

categoria de produto, têm de escolher fornecedores, definir o tipo de parceria e avaliar o

Page 16: Análise de Processos e Produtividade das Operações

9

desempenho ao certificar a qualidade, manter a comunicação e garantir a entrega dos produtos

na quantidade encomendada, nos prazos ajustados e de acordo com o lead-time estipulado.

A equipa de Dados Mestres trabalha com a função de suporte informático à Supply

Chain e trata de inserir produtos novos, alterar ou eliminar produtos descontinuados nos

sistemas de informação, para poderem manter o programa de gestão de armazém e de

listagem nas lojas actualizado.

2.2.2 Sistemas de informação

Os sistemas informáticos da empresa pretendem-se interligados e a trocar dados, para

promover a agilidade e integração da cadeia logística. As tecnologias suportam os fluxos de

informação intra e inter empresas, com ramificações em quase toda a organização (Moura,

2006). O sistema SAP (Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados) é

responsável pelas ordens de compra e remessa e controlo de inventário, o WPMS (Warehouse

Physical Management System) é o sistema de gestão das operações do armazém e o

INOPLAN faz a previsão e gestão das rotas dos camiões na distribuição. A partilha de dados

ao longo de toda a cadeia (incluindo fornecedor e cliente) é suportada por um sistema EDI

(Electronic Data Interchange) que elimina as necessidades de introdução manual de dados e

formato papel, assim como possibilita sistemas de identificação automática por código de

barras, de acordo com as normas europeias EAN (European Article Numbering).

Figura 2.2 – Sistemas informáticos na logística do grupo Jerónimo Martins

O sistema SAP (Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados) é o

Order Management System responsável pela gestão dos pedidos POS (Point of Sales) de

reaprovisionamento futuros às lojas e pela agregação aos pedidos feitos em MRP. Deste

modo, à hora estipulada por cada armazém, de acordo com a operação, o sistema fecha as

ordens de compra e envia os pedidos agregados por produtos aos fornecedores (Ordens de

Compra), e os pedidos agregados por loja (Ordens de Remessa) e fornecedor ao sistema

WPMS.

Page 17: Análise de Processos e Produtividade das Operações

10

O sistema WPMS é um típico software de Warehouse Physical Management System

que assume o controlo de todas as actividades que ocorrem dentro do armazém, tais como: o

controlo da entrada e saída de veículos, a recepção de mercadorias, a execução de pedidos de

clientes, a expedição das viaturas e todos os movimentos de paletes ou outro tipo de

contentores com o apoio de uma aplicação que corre em qualquer terminal móvel de rádio

frequência e controla as actividades efectuadas pelos operadores do armazém, com recurso à

leitura óptica de códigos de barras.

O INOPLAN é o software que trata a informação das janelas temporais de entrega nas

lojas, a capacidade máxima dos veículos e as estimativas de produção do sistema WPMS (o

número de paletes previstas por loja). É a principal ferramenta no que respeita à atribuição de

cais de expedição e é mantida pelos responsáveis de transporte.

2.2.3 Transporte

O grupo logístico é responsável pelos produtos comercializados em todos os pontos de

venda a nível nacional. Os estabelecimentos comerciais caracterizam-se por vender produtos

de grande consumo e estão distribuídos por todo o continente, concentrando-se em zonas

residenciais e principalmente na grande Lisboa e grande Porto. As lojas em Portugal

continental em 2007, contabilizando as 24 novas lojas perfazem um conjunto total de 298 lojas,

divididas por zonas de distribuição Norte (acima do eixo Coimbra/ Viseu) e zona Sul (as

restantes).

Insígnias Zona SUL

Zona Norte

Total

Pingo Doce 130 88 218 Feira Nova 21 25 46

Recheio 21 13 34 Total 172 126 298

Tabela 2.2 – Distribuição das lojas por insígnia e por zona

O departamento de transportes é então responsável por manter os níveis de serviço

dos armazéns Gestiretalho de Guardeiras/ Vila do Conde (para o Norte) e Azambuja (para o

Sul) a todas as lojas do grupo. O transporte tem uma importância fundamental na cadeia

logística, dado que confere ao material transportado uma mudança posicional que o aproxima

do mercado final onde o consumidor lhe atribui valor efectivo. Assim, se a mercadoria for

transportada por um sistema eficiente, o valor do produto no cliente chega para cobrir os custos

e ainda vai gerar uma margem (Carvalho, 2001).

O modo de transporte utilizado pela empresa em Portugal Continental é

exclusivamente o rodoviário, que em parceria próxima com quatro empresas transportadoras

ZÁS, TFS, TJA, TRACAR formam um sistema de transporte versátil, de grande cobertura

geográfica e serviço rápido de entrega ponto a ponto. A empresa Zás faz parte do grupo e foi

criada em 2005, para diminuir a dependência nas empresas subcontratadas, aumentar o poder

Page 18: Análise de Processos e Produtividade das Operações

11

sobre as rotas, controlo de custos, qualidade e produtividade, assim como rastreio dos seus

produtos.

Estes transportadores têm um controlo apertado dos seus movimentos, sendo os

condutores acompanhados por sistema de localização GPS (Global Positioning System) e um

método de selo (um código aleatório que sela o contentor de mercadoria e é conferido à

chegada e saída de cada carga/descarga). Assim, os transportadores chegam ao armazém

para carregar a mercadoria executada por lojas e carregam de acordo com o planeamento feito

pelo seu responsável (que agregou lojas por volumes e localizações com o apoio do sistema

informático). Posteriormente, é feita a conferência das vias retiradas de cada palete, com a

informação do sistema de armazém, é dada autorização para o motorista carregar, selar o

veículo e preencher o protocolo com as lojas que vai visitar, suas identificações de condutor e

matrícula e o número aleatório de selo para conferência na portaria. O condutor leva também a

lista de produtos que entrega à loja para conferência e descarrega nos locais estipulados de

acordo com uma janela temporal preestabelecida (time-table). Na volta, os camiões trazem

geralmente as unidades de carga (paletes) vazias, mas alguns já fazem o backhaulding,

trazendo na volta a mercadoria de alguns fornecedores.

2.2.4 Armazenamento

O armazenamento é a actividade intermédia, a interface do fornecedor e com o cliente.

É a verdadeira parte operacional da cadeia de distribuição, que se aproxima das matérias da

gestão da produção/operações. Sendo o principal tema de estudo nesta dissertação será

desenvolvido adiante para o caso específico do armazém de não perecíveis (produtos que não

se deterioram no curto prazo) da Azambuja.

No contexto, adiantamos apenas que esta operação intermédia recebe a mercadoria

que chega dividida por fornecedor, e é organizada para que saía misturada de acordo com os

pedidos das lojas, na Figura 2.3 as setas a entrar e sair do armazém podem representar um

camião com paletes ou uma palete com produtos, representando um mixing de produtos.

Figura 2.3 – Representação do mixing de produtos em armazém

Page 19: Análise de Processos e Produtividade das Operações

12

Estes espaços físicos, que outrora tinham grandes níveis de inventário para evitar

quebras, estão tendencialmente a tornar-se sítios de reabastecimentos rápidos e contínuos

(quick response/ continuous replenishment), mais pequenos e com fluxos rápidos ao longo do

pipeline logístico, incluindo as operações de armazém. O armazenamento inclui um enorme

leque de temas tratados, como a rotação de produtos, a eficiência da disposição física do

espaço de trabalho (layout), a sequência e eficiência das operações, entre outros. Todos os

factores contribuindo para diminuir os custos de manuseamento de mercadorias, aumentar a

comunicação e partilha de dados e diminuir os tempos entre o fornecedor e cliente.

Os armazéns estão localizados de acordo com estratégias definidas pela empresa a

um nível hierárquico superior, no caso da Gestiretalho com uma estratégia de centralização no

continente, os armazéns na Azambuja servem a zona Sul e em Guardeiras/Vila do Conde

servem o Norte. As lojas da Madeira são aprovisionadas com o apoio de ambos os armazéns

do continente. As lojas do Norte são suportadas pelo armazém de Guardeiras 5501- Não

perecíveis Stock e JIT com 12 500 m2 e o centro de distribuição de Vila do Conde com 20 900

m2 , que abrange os armazéns 5504-Frescos, 5505-Frutas e vegetais, 5508-Congelados, e

5508-Peixe.

O centro de distribuição da Azambuja, com uma área total de 48 000 m2 é composto

pelos armazéns 5401-Não perecíveis, 5407-Não perecíveis JIT, 5403-Frutas e vegetais, 5404-

Frescos e 5409- Peixe. A existência de vários armazéns prende-se com as características dos

produtos deste ramos de retalho e grande consumo, que sendo perecíveis têm características

singulares e requisitos de conservação diferentes. Na Tabela 2.3 apresenta-se a classificação

dos produtos referidos

Pingo Doce – Feira Nova – Recheio Perecíveis Não perecíveis

Frescos Frutas e Vegetais

Peixe Congelados Alimentar e DPH

JIT JIT JIT JIT Stock JIT

- Carne - Iogurtes

- Leite do dia

- Frutas - Vegetais

- Batata/ cebola

- Peixaria - Bacalhau

- Carne - Peixe

- Alimentar - DPH

- Bazar Ligeiro - Bazar Pesado

Tabela 2.3 – Classificação geral da diversidade do sector alimentar

Todos os produtos perecíveis operam em sistema Just-in-Time, já que os níveis de

qualidade e prazos de validade exigidos são mais rigorosos. O acondicionamento de produtos

frescos e congelados em temperaturas controladas apropriadas obrigam à separação de

armazéns, que acabam por funcionar como centros de distribuição. O único armazém que pode

operar armazenagem de produtos por tempos mais longos e a temperatura ambiente, é o

armazém de não perecíveis 5401, que operava até Março de 2007 os dois sistemas de

resposta em tempos de ciclo para Stock e Just-in-Time (ver Figura 2.4). Com o

Redimensionamento logístico da empresa, foi adicionado à lista de armazéns o 5407, apenas

para não perecíveis em sistema Just-in-Time, ficando o armazém de não perecíveis 5401

Page 20: Análise de Processos e Produtividade das Operações

13

exclusivamente dedicado a manter fluxos de armazenamento, e abarcando a nova

responsabilidade de gerir o bazar pesado e ligeiro, como desenvolveremos ao longo do

trabalho.

Figura 2.4 – Maqueta do armazém de não perecíveis da Azambuja

2.3 O Armazém de Não Perecíveis da Azambuja

A categoria de produtos Não Perecíveis como o nome indica, são mercadorias com

prazos de validade mais longos e sem necessidade de temperaturas controladas. Sendo a

empresa Gestiretalho de distribuição, não faz qualquer transformação dos produtos, o único

tratamento que têm entre a entrada e saída, é a combinação dos produtos de diferentes

fornecedores para servir diferentes lojas.

Devemos reafirmar que ao longo do estudo a empresa se reestruturou na sua

estratégia e dimensionamento. Em Fevereiro de 2007 foram recolhidos processos e métodos

de operação no único armazém de não perecíveis da Azambuja, que depois se dividiram com a

aquisição de uma nova instalação. O estudo desenvolvido acompanha esta evolução e

participa dela.

As linhas de produto da categoria de não perecíveis contam com uma parte Alimentar

(de bebidas, biscoitos e todos os alimentos que possam estar à temperatura ambiente); uma

parte de Detergentes e Produtos de Higiene (DPH) com produtos de higiene de pequena

dimensão e limpeza. Recentemente a empresa tomou responsabilidade pelas linhas de produto

Bazar Ligeiro (BL) que grande parte são promoções e artigos de época como artigos escolar,

flores, chapéus; e Bazar Pesado (BP) como frigoríficos, máquinas de lavar, entre outros.

Dentro destas linhas de produto, é importante separar fluxos de produtos alimentar /

não alimentar no armazém para evitar contaminação da comida. Apenas o papel e plástico

podem acompanhar ambos os fluxos.

Page 21: Análise de Processos e Produtividade das Operações

14

2.3.1 A instalação O armazém de não perecíveis é uma instalação de temperatura ambiente, que ocupa

24 000 m2 na Azambuja. No seu interior processam-se as operações de mixing de artigos para

servir todos os produtos não perecíveis às lojas sul do grupo. O armazém tem 42 portas para

carga e descarga dos produtos, apenas num dos lados do armazém pelo que este é do tipo

fluxo quebrado (consultar o tópico 3.3.4). No seu interior o espaço junto às portas são

corredores para fazer o put-away temporário enquanto se confirma a mercadoria na Recepção,

e para colocar os produtos prontos para Expedição. O resto do armazém é preenchido por 931

bastidores.

Todo o armazém está equipado para fazer inventário de produtos, pelo que existem 30

corredores (31 filas de bastidores) com o sentido das portas e dois corredores horizontais que

separam as docas dos bastidores (racks ou estantes), e dividem os próprios bastidores em 16

+ 14. Cada bastidor tem 5 pisos em altura, armazena mercadoria de ambos os lados e tem

capacidade para três paletes lado a lado (Figura 2.5 e 2.6).

A Figura 2.5 mostra a atribuição de espaços de picking do piso térreo em Fevereiro de

2007, quando a parte amarela junto às docas estava reservada a meias paletes e cross-

docking, os bastidores a cor de rosa estavam reservados ao fluxo JIT (deixar produtos) para

execução e armazenamento temporário de mercadoria até ser puxada para as docas para

expedição. Todo o resto estava reservado ao sistema Stock (colher produtos) de construção de

paletes. Todos os buffers nos níveis superiores do bastidor estão reservados ao

armazenamento de paletes completas para execução à palete e para reabastecer os slots de

picking de execução à caixa (desenvolvido ao longo deste capítulo).

30 corredores

1 slot de picking com espaço para 3 paletes

41 portas

1

16 b

asti

do

res

14 b

asti

do

res

Figura 2.5 – Esboço a 2 dimensões do armazém 5401 em Fevereiro 2007

Page 22: Análise de Processos e Produtividade das Operações

15

Tendo estas características físicas em conta, sabemos que o armazém tem capacidade

para 931 espaços a multiplicar por ambos os lados que perfaz 1862 espaços de picking no rés-

do-chão com capacidade para três paletes cada um. A combinação de mercadoria na

execução seja em sistema colher ou deixar só poderá ser feita no piso térreo do armazém.

Adicionalmente o armazém possibilita esses 1862 espaços a multiplicar pelas outras quatro

alturas de bastidores (ver Figura 2.6) para ter armazenamento temporário (nos buffers) em

sistema aleatório (existe armazenamento dedicado e aleatório: o primeiro dedica os buffers

temporários por cima do espaço de picking ao mesmo produto que está a ser executado no

rés-do-chão para diminuir tempos de abaixamento; quando o armazém está muito lotado o

sistema aleatório é mais útil pois permite armazenar mais paletes de forma aleatória no

armazém).

Figura 2.6 – Bastidores e buffers no armazém 5401

Em Abril de 2007, a empresa aluga um novo armazém de 10 000 m2 a dois quilómetros

do complexo da Azambuja, que utiliza para manter o sistema Just-in-Time. Como a operação

JIT é toda de execução no piso térreo, o novo armazém tem uma estrutura muito simples, é um

armazém que apenas tem espaço físico para carregar as baterias dos empilhadores, tem as 25

portas também em fluxo quebrado e todas as actividades de suporte como cantina, escritórios

e vestiários no primeiro andar (aliás como o anterior). No layout de execução tem linhas

dispostas no chão indicativas do sítio que se deve colocar a palete e barras pendentes do tecto

para se afixar o nome das lojas, como se vê na próxima Figura 2.7.

Page 23: Análise de Processos e Produtividade das Operações

16

Figura 2.7 – Novo armazém 5407 de sistema Just-in-Time

Os sítios das lojas duplicam-se e estão separados pelo corredor, de um lado para

executar os produtos alimentares num espaço que se vê na Figura 2.8 (a cinzento) e do outro

para colocar as paletes quando estão completas e esperam para ser expedidas (a verde).

Alimentar

A executar A executar

Recepção Alimentar Expedição [extra]

DPH

DPH

DPH

Bazar

Bazar

Expedição Norte

Bat

eria

s

Recepção Não - Alimentar

Produtos de Valor

Figura 2.8 – Esboço da disposição do novo armazém JIT 5407.

Page 24: Análise de Processos e Produtividade das Operações

17

2.3.2 Volume e variabilidade

Focando-nos só no estudo da logística dos produtos não perecíveis, identificamos ao

longo do tempo, apesar da sazonalidade, um aumento considerável no volume de Unidades de

Medida de Compra (UMC) expedidas pelo armazém da Azambuja (a UMC representa uma

caixa). Inicia-se em Janeiro de 2005 desde 1,5 milhões de caixas até atingir os 3,5 milhões no

mês de Maio de 2007 (ver Figura 2.9).

UMC's totais

00,5

11,5

22,5

33,5

4Ja

neiro

Abr

il

Julh

o

Out

ubro

Jane

iro

Abr

il

Julh

o

Out

ubro

Jane

iro

Abr

il

Julh

o

Out

ubro

2005 2006 2007

Milh

ões

de u

nida

des

Figura 2.9 – A evolução de caixas expedidas (não perecíveis)

É certo que o aumento da metodologia JIT aumenta a rotação do produto e permite

movimentar mais unidades, mas esta prática não é suficiente para contrabalançar o

crescimento do volume de vendas e de produtos em stock no armazém, pelo que a falta de

espaço é uma característica fácil de observar, com as vendas/m2 a aumentar.

Os armazéns ou centros de distribuição de empresas de produção caracterizam-se por

ter em armazém um leque pequeno de produtos limitado à sua gama de produção. Um outro

nível de complexidade será o tipo de centros de distribuição que armazenam produtos de

várias marcas, mas do mesmo tipo. Temos por exemplo os grandes revendedores de roupa,

bebidas, electrodomésticos, que apesar de muito específicos nas suas características,

partilham características dentro do grupo, como o volume, o peso, a fragilidade ou a forma.

A distribuição no retalho é singular e difícil devido à variabilidade e prazo de validade

dos produtos. A variabilidade aumenta à medida que os pontos de venda são mais pequenos,

de acordo com o critério de centralização. Assim, as grandes superfícies com capacidade para

inventário e algum volume de vendas, podem fazer pedidos para maior stock de segurança na

loja, possibilitar a compra de paletes completas mais fáceis de executar.

No entanto, lojas mais pequenas como o Pingo Doce, não têm capacidade nem

rotatividade suficiente para constituir stock, pelo que necessitam de fazer pedidos diários das

pequenas quantidades que foram vendidas na loja. Este procedimento incentiva a grande

Page 25: Análise de Processos e Produtividade das Operações

18

variabilidade de produtos, que se terão de combinar em paletes de pequenas quantidades

diárias.

Assim o sector de retalho, e particularmente a Jerónimo Martins precisa de ser eficiente

na distribuição de um grande número de produtos alimentares, e recentemente de bazar ligeiro

e pesado. Estes caracterizam-se pelo peso, volume, fragilidade e pelas diferentes formas.

2.3.3 Diversidade de fluxos Já introduzimos as diferentes metodologias de reaprovisionamento numa cadeia de

abastecimento em capítulos anteriores. Neste ponto pretendemos ligar as singularidades

desses métodos às características da operação nos armazéns. A empresa trabalhou com os

produtos não perecíveis sempre em sistema de ponto de encomenda com manutenção de

Stocks de segurança em bastidores dum armazém cheio de racks para maximizar o espaço

3D. Com o surgir dos sistemas de quick response, a empresa aderiu ao sistema JIT em 2004.

Na sua tentativa de inovar e estabelecer parcerias com fornecedores para diminuir lead-time, a

empresa mantém com alguns fornecedores experiências de Cross-Docking nas quais os

produtos de determinado fornecedor chegam ao armazém já agregados por loja.

Os não perecíveis por não terem características tão restritas, começaram por ser

armazenados em Stock, num tipo comum de Armazém, com estantes em altura para poder

atribuir uma terceira dimensão (em altura) ao espaço do armazém.

A ideia era ter produtos de quantidade nas racks em altura, e ter nos espaços rés-do-

chão paletes de produtos em stock que poderiam ser combinadas, slots de picking. Assim,

quando uma loja faz o pedido em stock, ela está representada por uma palete que se vai

movimentando num porta paletes conduzido por um operador, que vê no sistema WPMS as

necessidades dessa loja, segue a rota indicada pelo sistema e vai reunindo para a loja os

produtos em stock na quantidade indicada (como um cesto de compras quando vamos ao

supermercado), no final o sistema sabe em que caís essa palete de produtos combinados deve

ser colocada e o caixeiro deixa-a lá para expedição. Em altura estão paletes completas de

stock com muita rotação, para as lojas de maior volume que pedem paletes completas.

Umas das dificuldade de operação numa empresa de distribuição alimentar, é a

distinção entre a urgência dos materiais e a sua rotatividade. Assim, a distinção entre produtos

e lojas que funcionam em fluxo de JIT e Stock é importante, pois a filosofia supõe-se diferente.

A filosofia Just-In-Time surge na produção e distribuição e pretende ser um sistema

Pull de produção em função da procura. Na Gestiretalho por exemplo, os produtos são

encomendados ao fornecedor em função da procura na loja. Este modelo traz vantagens

enormes, já que diminui os tempos de espera, os níveis de inventário e a variabilidade no

sistema, tornando a empresa mais ágil na resposta às alterações de mercado, e evitando a

obsolescência dos produtos.

Page 26: Análise de Processos e Produtividade das Operações

19

A introdução da produção em JIT na empresa Jerónimo Martins ocorreu em Outubro de 2004

representando um volume de cerca de 5 % das vendas. O crescimento deste procedimento

aconteceu no piso térreo de um armazém, no meio de racks que ocupavam todo o armazém

com destino a stock, o que limitava a produtividade das pessoas envolvidas, tanto no fluxo JIT

como Stock. Actualmente, mais de 45% do volume de encomendas são processadas usando o

sistema JIT (ver Figura 2.10) e pretende-se que mais fornecedores venham a aderir através da

implementação da Solução JIT Multi-Lead Time (nem todos os fornecedores têm capacidade

para responder no dia “n+1” a pedidos colocados no dia “n”, pelo que alguns produtos podem

ser entregues nos dias “n+2” ou “n+3”).

. Com este sistema prevê-se a redução de custos de operação e reaprovisionamento,

diminuição das quebras, redução dos custos de transporte, libertação de espaço de armazém

com a diminuição de stock e melhoria da qualidade dos produtos devido ao aumento do prazo

de validade dos artigos.

% JIT

05

101520253035404550

Jane

iro

Abr

il

Julh

o

Out

ubro

Jane

iro

Abr

il

Julh

o

Out

ubro

Jane

iro

Abr

il

Julh

o

Out

ubro

2005 2006 2007

%

Figura 2.10 – Volume de JIT em função do volume total (não perecíveis)

Para que o sistema JIT seja possível, tem que existir tecnologia avançada de partilha

de informação que a Jerónimo Martins tem vindo a desenvolver com o seu portal. O sucesso

deste tipo de produção depende também do enorme controlo e confiança nos fornecedores,

pois a entrega atempada e nas quantidades correctas é fundamental para manter os níveis de

serviço.

Um outro sistema que exige confiança e parceria com os fornecedores é o cross-

docking, com o mesmo objectivo de diminuir tempos de encomenda e melhorar níveis de

serviço. O cross-docking apresenta-se à empresa como um fluxo de mercadoria que não

precisa de ser combinada, já que são produtos que vêm combinados do fornecedor, por acordo

prévio, de forma a facilitar a execução por loja de produtos combinados a montante. Esta

prática pressupõe muita confiança no fornecedor e a existência de um leque de produtos do

fornecedor em quantidade interessante à empresa, que justifique a combinação a montante. A

execução desta técnica é mais rápida, mas a recepção por loja do sistema pode em algumas

situações revelar-se complicada.

Page 27: Análise de Processos e Produtividade das Operações

20

2.3.4 O redimensionamento logístico

Sintetizando os pormenores apresentados anteriormente quanto às dificuldades da

sobrelotação no antigo armazém, deixam-se agora pormenores das principais limitações no

armazém de não perecíveis em Fevereiro de 2007. Este operava em sistema conjunto de

fluxos. A recepção de produtos era conjunta, tendo os chefes de turno de distinguir os fluxos

JIT e Stock aquando da chegada de cada fornecedor.

Também no layout operava o Fluxo JIT (com Cross-Docking) e Stock. O Armazém era

composto por racks em todo o seu layout, resultado da falta de espaço. Sendo necessário

executar as mercadorias no piso térreo do layout, criavam-se variadas limitações à operação:

- Os espaços de picking disponíveis para execução estavam limitados ao piso 0 do

armazém de 24 000 m2, tendo que albergar a execução JIT com mais de 150 lojas Pingo Doce

e Feira Nova e ainda um enorme número de produtos Alimentar, Bazar e DPH para a execução

stock de lojas PD, FN e Recheio, o número de slots de picking não era suficiente.

- Esta limitação provocava um défice no número de produtos disponíveis para

execução stock, ocorrendo muitas vezes situações de ‘abaixamento por pedido’ de um caixeiro,

tendo este de esperar que o letdown (o empilhador que consegue baixar as paletes das

estantes nas quatro alturas acima da execução) fosse buscar a palete pedida ao seu local de

arrumação aleatório e a trouxesse ao local de execução no piso 0.

- Os abaixamentos frequentes, fosse para o reabastecimento de execução à caixa para

lojas ou para execução de paletes completas, provocavam transito no piso térreo, todo ele de

corredores de execução. Levando operadores letdown e caixeiros a ter de esperar para utilizar

o mesmo espaço.

- A lotação do armazém não permitia a separação dos produtos por categorias, ou seja,

em vez de agrupar os produtos por tipo, peso, forma, etc. Era necessário atender a categorias

prioritárias como rotatividade para que maior número de produtos percorressem a menor

distância possível, como num armazém normal. Isto dificultava a montagem da palete no stock,

já que ao percorrer o layout, a diversidade de pesos e formas era muito grande.

Para minimizar a sobrelotação do piso térreo de armazém, foram criados turnos (que

também aumentavam o rácio de utilização das máquinas). Eram colocados os produtos de

menor rotatividade nos buffers de arrumação com maior utilização dos slots de picking no piso

Zero. Por exemplo, os slots da execução JIT continham nessas estantes acima os produtos de

menor rotatividade. Os buffers de arrumação em altura com maior rotatividade, logicamente os

mais próximos das docas de recepção/ expedição, continham nos slots de picking do piso

térreo os produtos de execução Stock de menor rotatividade/ saída para as lojas. Sempre com

o objectivo de diminuir congestionamentos e rentabilizar o espaço de operação.

Mesmo com todas as medidas para optimizar a operação no piso térreo, o crescimento

do volume de vendas da empresa, principalmente para fluxos como o JIT e Cross-Docking (que

necessitavam de piso térreo) tornavam a situação cada vez mais insustentável. A produtividade

das operações estava cada vez mais comprometida com a falta de condições.

Page 28: Análise de Processos e Produtividade das Operações

21

2.3.5 A sequência de operações

Focando os processos de armazém, temos 5 processos principais, que definem as

operações realizadas no armazém de Não Perecíveis da Azambuja. Estas operações têm

normalmente tempos associados, que se mostram comparados entre si na Figura 2.11 e onde

se observa nitidamente a operação de execução como a maior consumidora de tempo de

armazém, representando 50% do tempo total de operação. Os processos listam-se

seguidamente, por ordem de operações e continuidade de informação. Tentam fazer-se

pequenas descrições de pormenores, mas encontram-se esquematizados detalhadamente em

diagramas de workflow em capítulos posteriores (consultar 4.1.1).

- Recepção

- Arrumação e Abaixamento

- Execução Lojas

- Execução JIT

- Expedição

Figura 2.11 – Tempos médios percentuais gastos por operação

i) Recepção

A recepção é feita pelo recepcionista, dando ordem à portaria para entrar o fornecedor

anunciado previamente em determinada porta. Este, por sua vez, deve descarregar no seu

timetable estipulado e vir com uma Ordem de Compra prévia, com o risco de não poder deixar

a mercadoria. Se não tiver ordem de compra, o recepcionista terá de contactar a Supply Chain

que decide se a mercadoria será recebida e se tem as características pretendidas a nível de

produtos, quantidades e prazos de validade de acordo com a encomenda.

O recepcionista faz a recepção administrativa previamente, recebendo os documentos

por um sistema de vácuo enquanto o fornecedor entra e encosta no cais. Só depois se dá a

entrada da mercadoria no espaço físico do armazém. Um bom fornecedor terá o seu condutor

a ajudar à descarga das paletes, facilitando o trabalho do recepcionista que vai conferindo a

mercadoria. Parte das vezes o recepcionista tem de proceder à descarga de toda a mercadoria

e apenas depois começa a conferir quantidades e qualidade.

A singularidade da recepção consiste em ser tanto mais fácil e rápida quanto mais

paletes com o mesmo produto trouxer o fornecedor. Assim, num camião completo (Full Truck

Load) de Stock com o mesmo produto, podem ser identificadas 46 euro-paletes em 20 minutos

enquanto que a recepção de um fornecedor JIT que trás 46 produtos diferentes em uma palete

(exemplo do fornecedor de produtos naturais chás e ervas) pode levar ao recepcionista os

mesmos 20 minutos ou mais. O rigor dos dados na ordem de compra, indicados pelo

fornecedor, também é um factor decisivo para o sucesso da recepção, já que, em caso de

erros, os processos de ligar à Supply Chain e esperar resposta podem ser longos.

Recepção18%

Expedição18%

Execução Lojas/JIT

50%

Arrumação/Abaixamnto

14%

Page 29: Análise de Processos e Produtividade das Operações

22

ii) Arrumação/Abaixamento

No final da recepção, a mercadoria JIT e Stock é tratada de forma diferente. A JIT tem

prioridade para ser executada imediatamente nas lojas, enquanto o Stock pode ir abastecer os

espaços de picking, pode ser executado imediatamente em paletes completas para as lojas em

cais de expedição fictícios, ou serem arrumados nas racks em altura por indicação do sistema

WPMS do armazém, executado pelos chamados ‘letdowns’ em empilhadores. Estes mesmos

tiram a mercadoria das estantes em altura para os respectivos slots de picking quando o

produto com as mesmas características acaba no respectivo espaço do piso Zero.

iii) Execução Stock

A execução dos produtos stock é uma forma de combinar mercadoria para as lojas,

quando estas não têm rotação ou espaço para ter o produto no ponto de venda. Assim, o

armazém pode beneficiar de descontos de quantidade para produtos com prazos de validade

elevados, e manter os produtos em armazém até que cada loja faça o seu pedido ao armazém.

Se cada pedido for de pequenas quantidades, existe a necessidade de combinar produtos com

o mesmo destino (para a mesma loja) numa única palete. O operador começa então por aceitar

a loja indicada pelo terminal de WPMS como próximo trabalho, carrega as paletes e procura os

produtos pelo piso Zero do armazém seguindo a rota estipulada pelo sistema. Se existir a falta

de algum produto no slot de picking, ele avisa a operação de Abaixamento do produto em falta

e, se puder faz um backpicking e deixa aquele item para o fim, se não for possível terá de

esperar pelo letdown.

O caixeiro stock vai percorrendo o layout pela rota estabelecida, carregando o produto

especificado nas quantidades pedidas e construindo uma palete, no final do processo (ou

quando estiver completa) ele vitafilma a palete com película aderente e escreve em três vias

úteis à expedição (uma para o responsável dos transportes, uma para o motorista de camião e

uma para a loja), deixando a palete no cais de expedição indicado pelo sistema WPMS.

Durante o processo o caixeiro tem de ler com os infra-vermelhos do seu terminal de

radiofrequência os códigos de barras em cada slot de picking e cais de expedição físico, para o

sistema garantir que a pessoa está a seguir o processo correctamente.

iv) Execução JIT

O processo de execução JIT é um pouco diferente. Neste caso o fornecedor deixa no

armazém as necessidades calculadas em SAP com base nos pedidos das lojas para o dia. O

fornecedor entrega frequentemente (idealmente diariamente) e os pedidos têm prioridade a ser

executados, indo no próprio dia para a loja. Neste caso, não há qualquer criação de Stock pelo

que a mercadoria assim que é recebida, é logo distribuída pelas lojas dispostas num layout de

piso Zero em que cada euro-palete representa uma loja e a mercadoria recebida vai

percorrendo o layout e completando a palete, que no final é também embalada com película e

levada ao cais de expedição pelo caixeiro responsável pelo corredor. Também neste caso a

Page 30: Análise de Processos e Produtividade das Operações

23

distribuição da mercadoria do fornecedor segue uma determinada rota estipulada pelo sistema

WPMS, com base nos pedidos das lojas e na ordem do layout.

v) Expedição

A expedição vai sendo pré-preparada pelo sistema operacional do armazém WPMS,

que indica quando as lojas estão completas (quando já se fez o picking de todos os produtos

encomendados para essa loja nesse dia) e vai propondo distribuições. O responsável dos

transportes define as rotas dos camiões de acordo com as indicações do WPMS, as rotas,

caminhos e as ondas. O processo inicia-se com a recolha da primeira das três vias pelo

responsável de expedição, que planeia a rota que pretende confirmando esse volume de

paletes com as indicações do WPMS. Quando o motorista chega, retira o segundo dos

triplicados, representando cada uma destas vias uma palete, e entrega-os ao responsável para

confirmar a correspondência dos triplicados iniciais com o número de paletes que o motorista

tem a carregar. Se não estiver correcto procura-se o erro, sendo uma palete esquecida ou

mudada de lugar, se corresponder o responsável de expedição faz o protocolo, e imprime a

guia de remessa, com a lista dos itens disponibilizado pelo WPMS para confirmação dos

produtos na loja.

O motorista tem então permissão para carregar o camião, sela a viatura e preenche o

protocolo com o número de selo aleatório que permite a não violação da mercadoria. O

motorista sai com o protocolo indicando a rota de lojas em que vai passar, que paletes deixa

em cada uma e a guia de remessa descritiva dos produtos para cada loja. À saída é a portaria

que confirma a veracidade do selo e na primeira loja, onde lhes atribuem novo selo e assim

sucessivamente até regressar de novo ao armazém da empresa, que a portaria de entrada

volta a conferir o selo. É também o responsável de expedição, que se encarrega de emitir os

triplicados para paletes completas e meias paletes e de afectar as mercadorias a cais fictícios

que alguém irá distribuir.

2.3.6 A produtividade São vários os factores que contribuem para o aumento da produtividade de uma

empresa. Normalmente começa por estabelecer melhores condições para o operador

desenvolver o seu trabalho, com investimento de capital em máquinas, optimização de

armazém e inovação. Mas existe uma parte de sucesso da empresa que depende da

motivação e empenho dos seus operadores. Aborda-se então algumas características das

métricas de produtividade da empresa e definição dos sistemas de avaliação vigentes.

Rotatividade

No período anterior a 2006 a rotação da força de trabalho apresentava níveis elevados,

cerca de 70% do total de trabalhadores (como consequência do salário mínimo dos operadores

Page 31: Análise de Processos e Produtividade das Operações

24

de armazém ser cerca de 450 euros). Em 2006 fixou-se os 500 euros mensais de salário

mínimo, como medida para fixar o capital humano da empresa, já que a elevada rotação trás

sempre enormes custos de experiência, conhecimento e formação. São perdidas horas em

formação, horas dos caixeiros experientes a ensinar os novos alunos, tal como a falta de

prática e de conhecimento de pormenores da execução dos novos caixeiros constantemente

em rotação. Esta medida de aumento de salário teve consequências diminuindo a rotação (ver

Tabela 2.4).

Rotação Dez 2005 Dez 2006 Set 2007

Num. total empregados 896 845 1008

% do total em rotação 67,61% 59,22%

Tabela 2.4 – Rotação dos trabalhadores no armazém

Produtividade

A produtividade tem vindo a aumentar ao longo do tempo como se pode verificar na

Figura 2.12, no entanto com um mercado cada vez mais exigente é obrigatório manter o

desempenho dos empregados elevado e a margem de lucro da empresa suficiente.

80

97 104,3

116,7

170

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

2002 2003 2004 2005 2006

UMC/hora caixeiro

Figura 2.12 – Evolução da produtividade no armazém de não perecíveis

Sistema de prémios

Para além do salário fixo, os trabalhadores recebem um prémio adicional por serem

produtivos. Diariamente os operadores têm um objectivo fixo de caixas a distribuir. Se

conseguirem distribuir mais que esse valor ganham o prémio diário caso contrário não ganham

essa quantia de dinheiro extra. Este sistema serve para a Execução JIT e Stock da mesma

Page 32: Análise de Processos e Produtividade das Operações

25

forma, para a Recepção é calculado de forma diferente, dependente do volume recebido

diariamente. O valor estipulado é calculado com base na média histórica de caixas recebidas e

executadas no respectivo armazém.

Limitações do sistema actual

O sistema de prémio actual pressupõe que todas as caixas de mercadoria executadas

no armazém têm as mesmas características. Ora, isso não é verdade uma vez que os produtos

não perecíveis têm volume, forma e pesos variados. Seguidamente olhamos os principais

factores de medida e os determinantes da produtividade nos armazéns de retalho.

UMC diários - O presente sistema de prémio no armazém Stock atribui uma quantia adicional

de dinheiro se a pessoa chegou ao objectivo pretendido, não incita portanto a produzir mais

que o estipulado. Sendo uma medição diária absoluta e sabendo que alguns operadores

tendem a medir o trabalho que fazem, teremos casos de caixeiros que podem ser muito

produtivos numa determinada hora ou trabalho e que rapidamente tornar-se-ão não produtivos

assim que alcancem o patamar exigido.

UMC / hora - Para fazer um trabalho, leia-se executar determinada palete, o operador tem o

terminal de RF ligado e o sistema de WPMS regista o tempo e o número de UMC desse

trabalho. Com base neste pressuposto, podemos medir o nível médio de UMC por hora de

determinado caixeiro no seguimento dos vários trabalhos do caixeiro ao longo do dia. Este tipo

de medida está a ser aplicada recentemente pela empresa (prioritariamente no sistema JIT) e

poderá ser um importante passo na equidade da atribuição de prémios.

UMC / Acção - Cada acção representa uma leitura do código de barras pelo terminal RF, seja

para fazer o picking de um produto no Stock ou deixar um produto numa loja. Para fazer o

picking em slots de produtos diferentes e deixar produtos em lojas diferentes, o caixeiro terá de

se movimentar ao longo do layout. Os caixeiros podem deixar uma ou mais unidades por

acção, conseguindo executar toda a mercadoria com mais ou menos deslocações no layout. O

actual sistema de prémio não tem em conta que, por exemplo, um caixeiro que deixou todas as

suas duzentas unidades em duas lojas ganhe prémio, e um outro que teve de deixar uma

unidade em cada paragem de layout não ganha. Os operadores ganham sensibilidade para

esta característica e tendem a tentar escolher as paletes, fazendo tempo entre as racks até que

surja uma palete melhor. Quando não conseguem escolher, estas características são factores

não contabilizados, pelo que determinam a motivação do caixeiro em determinado dia ou

trabalho.

Page 33: Análise de Processos e Produtividade das Operações

26

Diversidade da mercadoria

Um armazém de produtos alimentares de grande consumo, é característico pela sua

diversidade. Assim, os sistemas de prémio estão a pressupor que toda a mercadoria que é

executada no armazém de não perecíveis tem as mesmas características, o que sabemos não

ser verdade, uma vez que os produtos divergem muito em peso, volume, fragilidade e forma.

Estas características de ergonomia no trabalho, a dificuldade em levantar ou a força que se

tem de aplicar a um determinado produto, de facto influenciam a produtividade dos operadores

no armazém.

2.4 Conclusões

Olhando a empresa e toda a sua estrutura, apercebemo-nos que esta se mantém no

mercado da distribuição alimentar com uma fórmula sustentada de crescimento. Esse

crescimento aliado às alterações no mercado, obrigam a empresa a rever estratégias logísticas

e a redimensionar a sua cadeia de distribuição.

O trabalho foca-se nos produtos não perecíveis da empresa, e pretende acompanhar

possibilidades no armazém 5401 de Stock e 5407 de JIT. Os processos da operação da

empresa em armazém encontram-se bem definidos em Recepção, Arrumação/Abaixamento,

Execução Stock, Execução JIT e Expedição.

O sistema de prémio começou por ser de UMC diários absolutos, com os novos

sistemas de quick response JIT optou-se por utilizar o rácio UMC por hora, mas existem ainda

limitações ao modelo, que não se encontra totalmente explicado.

Tendo acompanhado este crescimento e definição das características do novo

armazém JIT, existem enormes possibilidades na definição de layout que devem ser

exploradas. É isso que se pretende fazer no próximo capítulo de pesquisa de metodologias e

conceitos.

Por outro lado, numa tentativa de melhorar a motivação dos operadores, será

interessante investigar formas de definir melhor os mecanismos de compensação e a

motivação dos funcionários de armazém.

Page 34: Análise de Processos e Produtividade das Operações

27

Capítulo 3 – Metodologias e Conceitos Fundamentais

A Produtividade de um sistema é normalmente definida como o rácio entre o que sai

(Output) e o que entra (Input). Nesta perspectiva, se mantivermos a entrada de recursos

constante (que normalmente é dinheiro traduzido em mão-de-obra, máquinas, instalações) esta

será tanto maior quanto maior for o retorno. Por outro lado, numa empresa com uma carteira

de encomendas constante, a produtividade representa a relação entre o output e um, ou vários,

ou mesmo todos os inputs utilizados para atingir a meta estabelecida, ao longo de um

determinado período de tempo.

Se quisermos manter a produção, diremos que para aumentar a Produtividade temos

de diminuir os recursos, produzir o mesmo mais rapidamente, a menores custos, ou todos eles.

Num caminho para a optimização do processo, aumento a eficiência, sendo esta a relação

entre os resultados obtidos e os recursos empregues.

Um outro conceito que geralmente se confunde com produtividade é o de performance

ou desempenho, este não pretende ser uma relação saída/entrada, mas sim uma relação entre

o previsto e o que realmente se verificou no output. Para aplicar medidas de performance

teremos de estabelecer um conjunto de métricas de valores esperados que possam ser

comparados com a operação real, numa tentativa de avaliar o output de acordo com normas

preestabelecidas que determinam a eficácia do processo, avaliando então a qualidade e o

standard desejado (normalmente os requisitos exigentes do cliente). A eficácia refere-se à

medida que expressa até que ponto os objectivos ou metas são atingidos mediante

planeamento prévio.

Um produto tem então qualidade quando vai de encontro às necessidades do cliente,

em termos económicos, funcionais, de serviço prestado, expectativas e outros. Estes objectivos

quando pré-estabelecidos podem definir valores esperados e permitir a medição da

performance, como uma percentagem da correspondência entre o produto e o desejado para o

mesmo. A história de Qualidade é antiga, e ao longo da sua evolução foram sendo inventadas,

melhoradas e constantemente avaliadas ferramentas de análise que nos ajudam a desenvolver

melhorias.

3.1 A Qualidade e Ferramentas de Análise

As grandes linhas de pensamento do controlo de qualidade surgem com pessoas

exigentes em empresas estimulantes. Estão normalmente ligadas a siglas como TQM (Total

Quality Management), QFD (Quality Function Deployment), ISO, Six-Sigma ou Lean

Manufacturing. São linhas de pensamento globais, filosofias e sistemas que tentam sempre

promover a gestão e melhoria contínua da organização para se aproximar às exigências do

cliente. Concentram-se em diferentes aspectos da empresa, acabam por trazer consigo

inúmeras ferramentas para planeamento, identificação de problemas, criação de ideias, análise

de processos ou recolha e análise de dados (Tague, 2005).

Page 35: Análise de Processos e Produtividade das Operações

28

A gestão da qualidade total TQM (Total Quality Management) é um sistema que

normalmente se foca na melhoria da gestão de topo. Contribuindo para todas as áreas da

organização, dá ideias de contexto geral de Qualidade ao gestor sénior na liderança e

orientação para a qualidade, sendo mais uma filosofia que um sistema. Os meios que promove

para a acção são ferramentas simples de controlo e aumento de qualidade que incluem os

diagramas de causa-efeito de Ishikawa, diagramas de Pareto, histogramas e gráficos de

controlo, diagramas de fluxo de operações (flowcharts), entre outros (James, 1996). Destas

ferramentas simples e iniciais, foram desenvolvidos ao longo do tempo inúmeras metodologias

com problemas mais específicos:

Casa de Qualidade - principal ferramenta em QFD (Quality Function Deployment), é

um processo estruturado para planear o desenho de novos produtos, processos, ou

reengenharia de obsoletos. Centra-se nas necessidades e desejos do cliente, para atribuição

de características e detalhes que tragam mais valia à empresa, através do produto ou serviço

comercializado (Tague, 2005).

ISO 9000 - a necessidade de estabelecer um padrão de qualidade mínimo na produção

fez surgir um sistema de normas standard a nível internacional para a qualidade. Com as ISO

9000, as empresas são observadas e certificadas pelo modo como preenchem requisitos

mínimos de qualidade, que asseguram aos seus clientes os níveis de performance desejados

(Tague, 2005).

Benchmarking - surge na Xerox nos anos 80 para seguir o ‘best in class’, comparando

as práticas de trabalho da sua organização com outras semelhantes, e adoptando as melhores

práticas identificadas, incorpora as melhores ideias no seu próprio processo (Nancy, 2005).

Lean Manufacturing - sistema desenvolvido pela Toyota, permite identificar e eliminar

actividades, que ao longo da produção não trazem mais valias ao produto. Aplicado

correctamente, os processos tornam-se mais rápidos e económicos, normalmente resolve

problemas de desperdício na empresa e está ligado a sistemas pull, de just-in-time, sem

inventário e com fluxos contínuos que tornam a empresa flexível, eficiente e com rápida

resposta às necessidades do cliente (Tague, 2005).

3.1.1 Six – sigma

Six-Sigma - abordagem da qualidade com origem na organização Motorola, que ao

contrário do sistema TQM especifica exactamente como devem os gestores endereçar o seu

esforço de melhoria na empresa, tem técnicas importantes de estudo de dados e aplicação de

análises estatísticas, que permitem estimar resultados esperados e metas de redução de erros

de operação. O seu principal processo de melhoria é conhecido como DMAIC (Define,

Measure, Analyse, Improve, Control) e segue acções bem estruturadas, tais como:

- Definir as metas e objectivos pretendidos, de acordo com as necessidades dos

clientes (tornando-as necessidades da empresa);

Page 36: Análise de Processos e Produtividade das Operações

29

- Medir o processo presente e estabelecer métricas para monitorizar o progresso de

encontro às metas estabelecidas;

- Analisar o processo actual para compreender os problemas e as suas causas;

- Melhorar o processo identificando possíveis soluções e monitorizando as métricas;

- Controlar os melhoramentos através das ferramentas de controlo criadas.

3.1.2 Ferramentas de análise

O centro da metodologia Six-Sigma é o tratamento de dados, desenvolve uma

abordagem sistemática para a resolução de problemas, com ênfase em instrumentos

estatísticos e de análise que são frequentemente úteis à análise de processos. As técnicas são

muito diversificadas mas as mais utilizadas são (Pande and Holpp, 2002)

• 5 Porquês?

• ANOVA

• Diagramas de causa - efeito

• Testes qui - quadrado de independência

• Gráficos de controlo

• Correlações

• Análise de clusters

• Análise custo - benefício

• Modelos lineares gerais

• Histogramas

• Regressões

Tendo em conta esta lógica e esta importante ferramenta de qualidade, a metodologia

proposta será aplicada ao longo do presente trabalho onde as seguintes etapas serão

desenvolvidas:

1º - Definir a cadeia logística com o apoio de um modelo geral (SCOR, ver secção

seguinte) e tentar recolher métricas de operações e processos, pertinentes para as

necessidades da empresa através de variada pesquisa na literatura.

2º - Focar apenas um desses processos de importância relevante [A execução], e

estabelecer medidas que nos põem a par da evolução e melhorias na performance

[produtividade dos operadores].

3º - Analisar esse processo mais restrito para compreender quais os problemas

relevantes e as suas principais causas [Ferramentas de qualidade Ishikawa, Flowchart].

4º - Pesquisar possíveis melhorias, analisando e promovendo os seus benefícios,

implementar se possível essas melhorias [Técnicas de Layout, Definição de SKU’s].

5º - Controlar o sucesso dos melhoramentos introduzidos através das medidas de

produtividade, continuando o ciclo de definir melhores indicadores [Estatística].

Page 37: Análise de Processos e Produtividade das Operações

30

3.2 Modelo SCOR

Para melhor compreender as implicações dos processos na cadeia de distribuição de

uma empresa, vamos utilizar o Modelo Supply Chain Operations Reference [SCOR] como

referência. Este modelo tem vindo a impor a sua importância para definir as cadeias de

abastecimento e criar um standard comum de conceitos e operações logísticas.

Consiste na descrição dos processos de gestão, tanto no alinhamento vertical da

gestão, como na descrição e relação entre processos. Para cada processo definido, propõe-se

encontrar indicadores para medir a sua performance, e inovar de forma a criar melhores

práticas e resultados.

Este modelo reproduz os conceitos introduzidos nos capítulos anteriores, de uma forma

clara e definida. Encontrando equivalência dos níveis 1.Top Level, 2.Configuration Level e 3.

Process Element Level respectivamente ao nível Estratégico, Táctico e Operacional já

referidos. Reproduz também a horizontalidade das principais operações, com as etapas Plan,

Source, Make e Deliver.

Figura 3.1 – Método SCOR

Page 38: Análise de Processos e Produtividade das Operações

31

A pesquisa leva-nos de encontro a algumas medidas de auditoria logística. O modelo SCOR é

um sistema de referência, adequado posteriormente por cada empresa à sua realidade, na

Figura 3.1 tenta concentrar-se os indicadores do sector de distribuição alimentar encontrados

nas várias pesquisas (Donovan, 2007)

“If you can't measure it, you can't manage it.”

Roger Morton, Activity-Based Costing

Tarefa Nome do indicador Forma de cálculo Valores de

performance

Colocar

Encomenda Tempo de ciclo Fornecedor

Data entrega – Data real

do pedido 24h – 350 km

% Entregas no prazo Entregas no prazo / total

de entregas realizadas 95 a 98 %

Entrega em

Armazém % Entregas completas

Entregas perfeitas / total

de entregas realizadas

90 a 95 ,

geral 75%

Recepção

Custo / pedido Custo total de armazém /

total de pedidos expedidos

Rácio de utilização do

equipamento

Horas de operação/ horas

disponíveis

Custo de Movimentação

Custo total de armazém /

Venda total (UMC ou €)

euros implica a variação

de preços

Produtividade do pessoal Output / input = vendas/

custos com pessoal

Execução

Produtividade operacional Nº UMC / horas de RF

Expedição Pedidos / hora Pedidos expedidos/ total

de horas trabalhadas

Carregamento

Tabela 3.1 – Medidas de desempenho ao longo da cadeia logística (Parte 1)

Page 39: Análise de Processos e Produtividade das Operações

32

Tempo de Viagem

Tempo médio de carga Hora saída da doca – hora

de entrada

Tempo médio de

permanência

Hora saída da portaria –

hora de entrada

Rácio de utilização dos

camiões

Carga total / capacidade

teórica do camião 85

Custos de Transporte das

UMC

Custo transportes/ Venda

total UMC ou total de UMC

expedidas

Custo/

unidade

Transportes

Custos de Transportação Custo transportes/ Venda

total (em Euros)

Tempo de ciclo Gestiretalho

(Lead-time)

Data entrega – Data real do

pedido

% Entregas no prazo

Entregas no prazo / total de

entregas pedidas

(realizadas?)

% Entregas completas Entregas perfeitas / total de

entregas realizadas

% Quebras no tempo ciclo da

Gestiretalho

UMC deterioradas na

entrega/ total UMC

recebidas

Entrega na Loja

% Quebras na loja UMC deterioradas/ total de

UMC vendidas

Tabela 3.1 – Medidas de desempenho ao longo da cadeia logística (Parte 2)

Page 40: Análise de Processos e Produtividade das Operações

33

3.3 Técnicas de Layout

Para efectivamente olhar a operação e resolver problemas, a pesquisa realizada

concentrou-se no Planeamento do Armazém, uma vez que 20 a 50% de todos os custos de

produção estão relacionados com o movimento de materiais em armazém, e o planeamento

adequado da instalação pode reduzir esses custos até 30% (Tompkins and White, 2003). A

optimização do armazém continua a ser um campo promissor, podendo reduzir até 15% dos

custos de produção e aumentado a produtividade. Algumas das técnicas estudadas são já

aplicadas na empresa, contudo far-se-á uma revisão da a literatura, acentuada nos principais

temas desenvolvidos ao longo deste trabalho. O objectivo será optimizar a instalação ao

minimizar custos de deslocação de materiais, utilizar o espaço de forma eficiente e aumentar a

produtividade dos trabalhadores, eliminar congestionamentos, reduzir o ciclo de operação e

tempo de serviço ao cliente, actuando nos seguintes aspectos:

- Definição do layout

- Fluxos de material e execução

- Produtividade

3.3.1 Definição do layout

No planeamento do layout, utiliza-se uma metodologia de acções de planeamento

sequenciais SLP (Sistematic Layout Planning). Esta metodologia encontra-se representada na

Figura 3.2 e consiste em criar esquemas de relações com os dados e análise dos principais

processos ao identificar os principais fluxos de material e a relação entre as operações. Após

avaliar os volumes reais de movimentação do material, compara-se o espaço disponível com o

que seria necessário e cria-se a disposição dos materiais e principais fluxos, relações e

sequências. São posteriormente analisadas as limitações e efectuadas modificações para criar

a alternativa final, que deve ser avaliada, de modo a permitir pequenos ajustamentos contínuos

para atingir um nível de optimização crescente (Muther, 1978).

Page 41: Análise de Processos e Produtividade das Operações

34

Figura 3.2 – Método de Layout SLP

3.3.2 Recolha de dados fundamentais

A recolha de informação deve conter dados relevantes referentes a PQRST (Product,

Quantity, Routing, Support e Timing) (Kim, 2005). Assim, torna-se necessário saber quais os

Produtos e ordens de compra e ainda conhecer as suas características físicas como volume,

peso, forma, fragilidade, acondicionamento e valor. Esta informação deve ser utilizada para

agrupar items que devem ser armazenados juntos no layout. Esta metodologia será

desenvolvida no caso de estudo de Unidade Mantida em Armazém SKU. Aprofundando a

importância da unidade SKU (Stock Keeping Unit) para definir produtos em armazém,

definimo-la como um código ou referência de cada variante dos artigos mantidos em armazém

que actua como um identificador usado pelos armazenistas para permitir o seguimento

sistemático dos produtos oferecidos aos clientes. Cada SKU identifica uma variante de um

artigo, conforme a sua apresentação, tamanho, cor e outras características. Cada armazém

pode ter o seu método de atribuir os códigos com base em políticas regionais ou nacionais de

armazenagem de dados da empresa. O seguimento de um SKU é diferente dos outros

métodos de seguimento de produtos, que são controlados por um vasto conjunto de regras

estabelecidas pelos fabricantes.

Também de grande importância é a Quantidade necessária de cada produto, a

previsão, volume e rotatividade de vendas, para determinar a capacidade de armazenagem e

espaço de chão necessário. A sequência de processo (Routing) permite compreender os

fluxos dos produtos e ordens de encomenda, como passam por cada operação e que

Page 42: Análise de Processos e Produtividade das Operações

35

equipamentos necessitam, para estabelecer as Rotas e os diagramas de processo

(flowcharts).

Outros traçados a ter em conta no layout, e por vezes esquecidos são as operações de

Suporte, como o carregamento das baterias dos empilhadores, dos terminais de WPMS,

relógios, instalações balneares, salas de formação, escritórios e refeições. Não são actividades

no fluxo de operações, mas têm relações com o resto da operação e necessidades de espaço

que devem ser avaliadas.

Uma outra questão a ter em conta será o Tempo, de forma a planear horas de

operação, férias e gestão de picos globais, turnos e horas de pico por operações de recepção,

execução ou expedição, que podem variar diariamente se a operação não estiver bem definida

e devem ser tomados em conta (Hales, 2006).

3.3.3 Estrutura da operação

Deve numa fase inicial ser avaliado o tipo de estrutura praticada nas operações da

instalação, existem quatro tipos principais de estrutura e layout, que surgem na gestão das

operações e pretendem reduzir custos, aumentar a qualidade, a flexibilidade das operações e

manuseamento dos materiais, de acordo com as principais características, que se dividem em:

- Estrutura Processual (agrupados em processos, os recursos encontram-se à volta do

processo e os produtos partilham funções, funciona para produtos com baixo volume e grande

variedade);

- Estrutura de Produto (recursos à volta do processo linearmente, duplicação de

operações por linhas de produto independentes, adequada a empresas com elevado volumes

de produtos de pouca variabilidade);

- Estrutura de Projecto (para produtos muito complexos e de elevado valor, como

aviões, barcos e grandes estruturas mobilizadoras de recursos);

- Estrutura de Família de Produtos (tem processos específicos para linhas de produtos,

numa estrutura intermédia entre processo e produto).

Assim, um determinado produto numa determinada quantidade seguindo uma certa

rota, determina o fluxo de material. A curva produto – quantidade, ordenada numa classificação

ABC, identifica os produtos de maior rotação e ajuda a decidir a agregação de produtos nas

áreas de armazém. A interacção das rotas de armazém com determinados produtos, ajuda a

identificar categorias e possibilidades de dedicar áreas a produtos com características

particulares semelhantes. A relação das rotas com quantidades identifica os movimentos mais

frequentes e permite tentar torná-los mais curtos para minimizar o trabalho e custos na

movimentação de material em armazém.

3.3.4 Tipos clássicos de layout

As disposições de armazém devem ser planeadas de acordo com o tipo de negócio e

devem ter em conta os fluxos principais. Existem duas formas mais frequentes, sendo elas o

Page 43: Análise de Processos e Produtividade das Operações

36

fluxo direccionado (straight-through) e o fluxo quebrado (U shape). Ambos apresentam

vantagens: o fluxo direccionado tem possibilidade de diminuir consideravelmente

congestionamentos nos fluxos de operação de armazém e nas operações de carga/descarga

de cais, é mais adequado ao cross-docking e ao tipo linha de produção; por sua vez o fluxo

quebrado permite reduzir a distância média da viagem e as viagens sem carga, permite

rentabilizar o espaço de recepção/expedição partilhado pelas duas operações em horários

diferentes, e melhorar a organização do espaço de armazenamento por volume movimentado.

Aliás, a centralização das operações de recepção e expedição conjugada com a armazenagem

dedicada por classes traz possibilidades de movimentar 85% dos artigos em 50% da área de

armazém (Tompkins and White, 2003), como se pode observar na Figura 3.3 na imagem da

direita onde os produtos do tipo I* representam os produtos de maior rotatividade e estão

colocados mais próximo do caís de recepção/expedição.

Figura 3.3 – Centralização da recepção/expedição e armazenagem por classes

Outras características que se comparam entre fluxos e estão sintetizadas na Tabela 3.2

são as distâncias percorridas, em fluxo direccionado todos os produtos percorrem todo o

armazém, enquanto no fluxo quebrado a maior parte dos produtos percorre uma pequena parte

da coordenada x (se o armazém estiver bem diferenciado por rotação de produtos). O

empilhador pode levar e trazer mercadoria para a doca, o ciclo duplo rentabiliza a utilização

das máquinas. A limitação de movimentos a apenas um lado do armazém também facilita o

controlo de movimentação de mercadorias e pessoas, aumentando o controle de segurança.

Tabela 3.2 – Características dos principais fluxos em armazém

Características Fluxo direccionado Fluxo quebrado

Distância média percorrida pelo empilhador (x+y) / 2 (0,33x + y) / 2

Ciclo Sempre simples Possível de duplo

Utilização máxima 50% 100%

Utilização histórica 25% 35%

Problemas de segurança Maiores Menores

Page 44: Análise de Processos e Produtividade das Operações

37

3.3.5 Fluxos de material e execução

Torna-se fundamental que o Fluxo de mercadorias seja tão rápido quanto possível e

com as menores distâncias de viagem, uma vez que é normalmente o responsável pelos

maiores custos num armazém. As novas tendências, são de consumidores exigentes, que

impõem entregas a tempo e sem deterioração da qualidade, a ferramenta que promove este

tipo de acção foi desenvolvida pelo método de operação lean, que incentiva os produtores e

armazenistas a produzir de acordo com a procura, podendo melhorar tempos de ciclo em 80%,

necessidades de espaço de armazém em 50%, produtividade, inventários e entregas. As

principais ferramentas operacionais que podem apoiar estes fluxos baseados na procura, serão

um bom sistema de informação de armazém, e as correctas medidas de performance,

orientadas para o tipo de evolução que a empresa pretende (Donovan, 2007).

O processo de misturar produtos de acordo com as encomendas, a que chamamos

execução, tem o nome de Order picking na literatura e pode ser feito ao produto, à caixa ou à

palete. Existem diversos factores que podem afectar a facilidade de transporte ou manuseio de

materiais como, por exemplo (Muther, 1978):

- Tamanho

- Densidade ou estado de agregação

- Forma do material

- Risco de danos no material, instalações e pessoas

- Condição do item

- Valor ou custo (raramente utilizado)

A escolha correcta para a empresa, por entre os vários métodos de organização tem

influência na produtividade, tempo de ciclo e na exactidão das encomendas (qualidade).

As possibilidades são a execução simples, a execução por lote, a execução por zona e

a execução por ondas. Na execução simples, o produto é armazenado em locais fixos e o

operador do empilhador constrói uma encomenda de cada vez, seguindo uma rota

determinada. Numa execução por lote, o operador pega em mais que uma encomenda (o que

faz mais sentido para a execução de produtos simples em caixas) e percorre os produtos

armazenados satisfazendo essas encomendas ao mesmo tempo de forma dedicada. A

execução por zona consiste em ter operadores a executar exclusivamente determinadas linhas

de produto enquanto as paletes vão passando para a próxima zona quando completas, pelo

que deve ser balançado muito bem o número de produtos executados por zona para existir um

fluxo contínuo sem estrangulamentos. Finalmente, a execução por ondas é menos exacta uma

vez que todos os produtos são retirados por zona ao mesmo tempo, para mais tarde serem

separados por lojas (Piasecki, 2007).

Page 45: Análise de Processos e Produtividade das Operações

38

Com todas as características recolhidas no planeamento de armazém, concluímos que

a forma típica de um layout de distribuição no retalho, é um armazém de fluxo quebrado (Figura

3.4), que tem junto à recepção uma parte de armazém com bastidores para armazenar em

altura artigos em inventário, necessários para fazer o picking à palete completa ou

simplesmente para reabastecer um outro layout, sem necessidade de bastidores, onde se

desmonta as paletes em caixas para combinar produtos de menor rotação. Pode chegar a um

extremo que faça sentido desmontar essas caixas para determinada categoria de produtos

(produtos de valor por exemplo) e se faça a execução ao produto (peça). Após combinação da

carga por algum dos métodos que se fala anteriormente (por lote, por zona, etc.) a palete

segue para ser embalada em película vitafilme e segue para expedição. Enquanto alguns

produtos que já chegam combinados por fornecedor podem ser encaminhados directamente da

recepção à expedição, sem tratamento intermédio (cross-docking).

Figura 3.4 – Layout típico de um armazém

Page 46: Análise de Processos e Produtividade das Operações

39

3.4 Medir a Produtividade dos operadores

Segundo a literatura pesquisada relativa aos Recursos Humanos nas empresas de

armazenagem, concluímos que o negócio de armazém, principalmente nos armazéns pouco

automatizados, é de trabalho laboral intensivo e que este representa uma boa fatia dos custos

logísticos de operação (Murphy and Poist, 1993), por necessidades de manuseamento e fluxos

de material em armazém.

O estudo foi efectuado em 1990 pelo Council of Logistics Management e publicado no

American Public Warehouse Register, participaram 400 empresas de armazenagem

distribuídas por todos os estados da América do Norte, sendo 40% dos inquiridos armazéns

(com ciclos de armazenagem longos) e 60% centros de distribuição (com ciclos de

armazenagem curtos). As principais formas de compensação, motivação e avaliação

encontradas, foram as que se mostram na Tabela 3.3:

Remuneração por:

- Hora

- Dia

- Caixas movimentadas

- Combinação de salário e caixas movimentadas

- Combinação de salário e bónus

Motivação por:

- Reconhecimento formal

- Reconhecimento por informação

- Oportunidade de bónus monetários

- Oportunidades de bónus não monetários (ex. bilhetes de cinema, formação escolar)

- Competição com os colegas de trabalho

- Disciplina (ex. ameaça de repreensão, suspensão)

- Ameaça de despedimento

Avaliação por:

- Absentismo

- Atrasos

- Caixas executadas por hora

- Quilos executados por hora

- % Mercadoria danificada

- % Perda de produtos executados

- Custo por caixa

- Custo por quilograma

- Numero de lesões

Tabela 3.3 – Remuneração, Motivação e Avaliação de operadores de armazém

Page 47: Análise de Processos e Produtividade das Operações

40

O estudo indicava que existiam, sem dúvida, relações positivas entre o treino,

motivação e avaliação dos empregados, quando feita da forma correcta. Os armazéns com

bónus monetários apresentavam menos problemas na operação, menores níveis de rotação de

empregados e maior satisfação para a gestão e os trabalhadores. Não se deve utilizar ameaça

de despedimento pois o efeito pode ser o aumento de comportamentos agressivos (que

aumentam os acidentes de trabalho) assim como sentimentos de injustiça e medo entre os

colegas (T. Andel, 1991).

3.5 Conclusões

A pesquisa em metodologias e considerações confirma que a principal forma de

aumentar a produtividade das operações de uma empresa, estará em melhorar a forma como

os produtos são movimentados em armazém, optimizando quantidades deslocadas, dando

atenção à rotação dos produtos e à qualidade do trabalho desempenhado. Com a possibilidade

de planear o novo armazém JIT de raiz, o estudo desenvolvido concentrou-se no centro de

distribuição JIT, acompanhando o planeamento do layout e sugerindo sucessivas optimizações

por observação das possibilidades de melhoramentos. A aquisição permitiu a redefinição de

processos e a separação dos principais fluxos de operação, como trata o capítulo anterior.

Finalmente, apesar de ser limitada a investigação desenvolvida quanto ao desempenho

de operadores industriais, principalmente em armazém, conseguimos encontrar alguns estudos

que nos despertam a atenção para a necessidade de definir bem os sistemas de prémios no

sentido de melhorar a produtividade, recorrendo à motivação e escolha das unidades de

avaliação adequadas, desenvolvendo trabalho de observação, tratamento de dados e proposta

de soluções.

Page 48: Análise de Processos e Produtividade das Operações

41

Capítulo 4 – Análise do Caso em Estudo

São analisadas neste capitulo diferentes possibilidades de aumentar a produtividade na

logística de um centro de operações de uma cadeia de distribuição alimentar. Esta análise será

desenvolvida sobre um caso real de um armazém central da empresa Jerónimo Martins. Para

tal, será necessário começar por definir os processos envolvidos, organizar as suas operações

propondo alterações e medir os impactos das alterações propostas.

4.1 Definir Processos

Para poder trazer alguma inovação a um sistema logístico, devemos primeiro estudar,

observar, fazer perguntas aos seus intervenientes e absorver o maior número de informação

relevante possível. Através dos nossos conhecimentos, esta será processada de forma a

mostrar-se lógica e sequencial, para que com a devida análise se consiga identificar os efeitos

negativos da cadeia e as suas possíveis causas, visando uma melhoria futura e contínua da

operação da cadeia de abastecimento.

4.1.1 Diagramas de fluxo de trabalho

Para perceber o fluxo de operações e etapas logísticas que o grupo desempenha,

desde o fornecedor até à prateleira das suas lojas para satisfazer o consumidor final, houve

necessidade de recolher em diagramas de fluxo de trabalho (Work Order Diagram) as

actividades de fluxo, fossem elas de informação ou material. Esses diagramas encontram-se

seguidamente, divididos pelas principais operações do armazém: Recepção, Arrumação e

Abaixamento, Execução Stock, Execução JIT e Expedição. Em cada uma destas

actividades existem vários intervenientes, pelo que em colunas na horizontal estão

representados os vários papéis fundamentais à actividade e na vertical o fluxo de tarefas.

Para desenhar os diagramas de fluxo, foram recolhidos os vários processos em

sequências ordenadas de acções e tarefas. Foram dados aos 5 processos nomes bem

explicativos e diferenciados, cada um deles começa com uma acção que desencadeia o

processo (por uma seta ou rectângulo verde) e vão sendo seguidas acções sucessivas

marcadas em rectângulos. Sempre que existirem alternativas numa parte do processo, serão

indicadas com uma caixa tipo diamante, na qual se faz uma pergunta que pode ter várias

respostas, em cada resposta desencadeia um conjunto de acções diferentes seguindo a ordem

das setas, até o processo terminar convenientemente com uma acção bem definida. Por vezes

aparecem post-it amarelos que não fazem parte do processo mas pretendem acrescentar

algum tipo de nota relevante.

Page 49: Análise de Processos e Produtividade das Operações

42

A Recepção física e administrativa consiste em conferir a mercadoria efectivamente

recebida (em quantidades, produtos e qualidade) e comparar com o documento do fornecedor

indicativo da entrega. Se tudo estiver em conformidade o documento é aceite para pagamento

pela Supply Chain e a mercadoria é disponibilizada para Execução.

Page 50: Análise de Processos e Produtividade das Operações

43

O letdown (operador de empilhador que retira paletes dos bastidores em altura) pode

ter três tipos de trabalho indicados pelo chefe de turno: Arrumação das paletes recebidas em

stock, Abaixamento de um buffer para um slot de picking e Execução de paletes completas

quando o stock precisa de ser deslocado para o caís de expedição.

Page 51: Análise de Processos e Produtividade das Operações

44

A execução do Stock é feita pelo caixeiro, com a deslocação de paletes inicialmente

vazias ao longo do layout, que vai enchendo de forma a construir uma encomenda de loja.

Acaba o trabalho quando esta estiver completa e deixar a palete no cais indicado pelo sistema.

Page 52: Análise de Processos e Produtividade das Operações

45

A execução JIT é também executada pelo caixeiro, mas em vez de colher produtos no

layout para encher uma palete, ele vai deixando produtos da palete que foi recebida ao longo

de uma disposição de lojas, até não ter mais produtos na sua palete. No final vitafilma a palete.

Page 53: Análise de Processos e Produtividade das Operações

46

A expedição é uma tarefa dividida entre os responsáveis de expedição, transportes e o

motorista. Consiste em confirmar os números da operação indicados no sistema WPMS com

as paletes reais. O motorista carrega a mercadoria e confirma todos os dados de rotas e selos.

Page 54: Análise de Processos e Produtividade das Operações

47

4.1.2 Aproximação ao modelo SCOR

De forma a sistematizar as actividades da empresa optamos por fazer uso do modelo

SCOR como foi anteriormente referido. Para tal houve necessidade de estabelecer as

seguintes equivalências (Tabela 4.1).

SCOR Actividade na Empresa

(Operação) Descrição da Actividade

Plan Planeamento Planear as operações logísticas de toda a cadeia

Alinhar planeamento logístico e financeiro

Reaprovisionamento

Source Recepção

Agendar entregas, receber, verificar e autorizar

pagamentos. Gerir inventário e performance dos

fornecedores.

Arrumação/Abaixamento

Execução JIT ou Stock Make

Paletização

Executar (deixar ou colher) produtos por encomendas.

Embalar e libertar o produto final para entregas.

Expedição Deliver

Transporte

Carregar encomendas no camião e distribuir, por rotas

determinadas, servir os clientes.

Return

Backhaulding

Retorno de produtos deteriorados do cliente. Possibilita

transporte de mercadoria dos fornecedores.

Tabela 4.1 – Associação das operações ao modelo SCOR

As operações em análise no armazém de distribuição do caso de estudo real focam-se

no ‘Make’ do Supply Chain Council (SCC), apesar de neste caso de distribuição ser apenas a

combinação de produtos. O que a empresa faz é reorganizar produtos de acordo com as

encomendas de cada loja. As operações Recepção e Expedição, tal como são explicadas pela

recolha de processos, aproximam-se muito deste conceito de ‘Make’ do Supply Chain Council.

Após definição e análise de processos em que foi verificado que estes não estavam

duplicados nem comprometiam a Produtividade, era importante encontrar as principais causas

da baixa produtividade e de inúmeros problemas na operação. O levantamento das principais

razões, estão esquematizadas no diagrama de causa-efeito. Verificou-se que parte dessas

causas seriam o congestionamento, elevado número de quebras e baixo desempenho dos

operadores, pareciam surgir da falta de espaço no armazém para operar todo o volume

movimentado. Na Figura 4.1 mostra-se esse diagrama simplificado.

Page 55: Análise de Processos e Produtividade das Operações

48

Qualidade/Quebras Layout Má distribuição Congestionamento (Falta espaço) (Aumento volume) Falta cuidado. Elevados tempos de execução (Turnover) (sobreposição de métodos) Fraca Produtividade Baixo desempenho (Falta de incentivos) Escolha paletes (Fraca definição do sist. prémio) Pessoas

Figura 4.1 – Diagrama de Ishikawa para o problema em análise

Com a decisão de passar a operação JIT para o novo armazém, estando este sistema

em crescimento e representando mais de 50% da movimentação de produtos não perecíveis,

concentrou-se o estudo neste armazém, acompanhando o planeamento do layout de raiz, e

sugerindo sucessivos melhoramentos por observação das possibilidades de melhoramentos na

disposição do armazém e planeamento das operações. A aquisição do novo armazém permitiu

a redefinição de processos e a separação dos principais fluxos de operação, possibilitando ter

uma visão mais nítida das diferenças entre métodos e das possibilidades de aumentar a

produtividade de cada um deles.

Page 56: Análise de Processos e Produtividade das Operações

49

4.2 Organizar a Operação

Em Abril de 2007, a empresa alugou um Armazém sem bastidores, a dois quilómetros

do complexo da Azambuja, com uma área de 10 000 m2. Este tem como objectivo acomodar o

aumento do volume de vendas da empresa e a recente aquisição da responsabilidade pelas

linhas de bazar ligeiro e pesado. As condições (sem estantes de stock) e tamanho do novo

armazém são adequados ao fluxo JIT de operações, pelo que o fluxo Just-in-Time se separa

por completo do fluxo Stock, tomando lugar no novo armazém. A realidade do novo Armazém

permite optimizar e melhorar um enorme número de situações, no fluxo JIT e Stock:

• A separação dos fluxos em operação, dando mais espaço ao fluxo JIT, uma ordem de

lojas mais flexível e maior facilidade em percorrer o layout de execução (já que as

paletes se distribuem em corredores livres de estantes).

• O JIT tem agora cais exclusivos, que pode agrupar de acordo com necessidades e

características. Assim, estabelece portas dedicadas para categorias que não se podem

misturar em unidades de carga (como alimentar e não alimentar) e tem um número de

portas delimitado para expedição, recepção e mistas.

• A hora de recepção de mercadoria pode ser definida no melhor interesse do fluxo, já

que diminui a limitação das horas de entrega de acordo com os interesses do sistema

Stock e da expedição.

• A definição do layout é mais flexível, o que permite ter em conta caminhos percorridos,

volume das lojas, hora de expedição das lojas, simplificação das tarefas, categorias de

produtos, etc.

• O fluxo Stock tem a possibilidade de aumentar o volume de meias paletes tratadas em

armazém, o que pode diminuir o número de produtos combinados e executados à mão.

• Redefinir prioridades para a ordem de rotação dos buffers de stock nas estantes e das

slots de picking no rés-do-chão. Estabelecer armazenamento de stock dedicado para

produtos de maior rotação, entre outras possibilidades.

Apesar desta simples ampliação do espaço para as operações de armazém trazer

muitas vantagens e simplificação dos processos, tornando-os mais definidos e independentes,

existem ainda questões relevantes, que se vão estudar (concentram-se no armazém JIT) e

desenvolver nos próximos pontos em análise neste estudo:

• O layout das lojas na execução deve ter em conta os volumes históricos dessas lojas,

ou seja, as lojas com maior quantidade de paletes de mixing devem estar mais próxima

das portas para que mais produtos percorram menores distâncias.

• A ordem de execução (deixar ou colher) dos produtos no mixing deve ter em conta

características como o peso e fragilidade do material (facilita a montagem da palete).

• As operações principais devem ser medidas por factores de produtividade para

acompanhar o desempenho, e se possível utilizá-lo como ferramenta para motivação

dos operadores.

Page 57: Análise de Processos e Produtividade das Operações

50

4.2.1 Redefinir o layout

O sistema JIT, num armazém planeado de raiz, necessitava de estudos quanto aos

produtos e volumes movimentados todos os dias. Com esse objectivo efectuou-se um trabalho

de pesquisa junto da expedição, para proceder à contagem do número de paletes de mixing

que saem por loja. Os dados disponibilizados reportam aos meses representativos de

Novembro e Dezembro de 2006, o seu tratamento tem em conta apenas a mercadoria

combinada em sistema JIT, não fazendo parte da contagem as meias paletes (que são sempre

executadas completas), nem as paletes de Stock. As características verificadas são descritas

seguidamente.

• As principais linhas de produto são:

Produtos Alimentares – Por questões de higiene e perigo de contaminação, a empresa não

pode transportar produtos alimentares e não alimentares nas mesmas paletes, pelo que se faz

uma nítida separação entre estes dois fluxos de produtos.

Detergentes e produtos de higiene (DPH) – Dentro do não alimentar, são caracteristicamente

de pequenas dimensões (ex.: pasta dentífrica, champô).

Bazar ligeiro – Dentro do não alimentar, produtos maiores e mais irregulares de tipo drogaria

(ex.: ferramentas, utensílios de cozinha) e também artigos de promoção.

• Os principais processos, para cada linha de produto são:

Recepção – É feita a Recepção dos produtos nas docas, após a conferência de quantidades e

validades, o produto é libertado no sistema WPMS para execução.

Execução – Os supervisores de turno são informados da disponibilidade do produto no

sistema, e colocam-nos nas filas a executar consoante os seus critérios de escolha (será

desenvolvido adiante). Os caixeiros executam os produtos de acordo com as informações do

sistema, que os manda seguir as trajectórias indicadas no mapa da Figura 4.2, a seta

representa um corredor no meio de duas paletes.

Expedição – Os expedidores têm o trabalho específico de verificar paletes completas, envolvê-

las em película aderente (para evitar que as caixas caiam) e armazena-las num espaço

temporário, para que no fim da execução sejam encaminhadas para as respectivas portas

(cais).

• As características do sistema:

A logística da Zona Sul abastece cerca de 130 lojas Pingo Doce, 21 Feira Nova e 21 Recheio.

A expedição diária do armazém em sistema Just-in-Time é de mais de 1000 euro paletes, onde

predomina as lojas Pingo Doce e os produtos alimentares (com média de 2 paletes de produto

DPH por cada 8 paletes de produto Alimentar). Faz sentido que o sistema de quick

response/continuous replenishment abasteça as lojas Pingo Doce, pois estas são

estabelecimentos comerciais pequenos (em áreas habitacionais de elevado valor imobiliário

Page 58: Análise de Processos e Produtividade das Operações

51

por área de vendas), logo não têm capacidade para acumular stock de segurança, necessitam

de um sistema de reaprovisionamento rápido e eficiente, que lhes faça chegar um sortido

variado de pequenas quantidades em falta. Essas faltas por loja vão sendo colocadas numa

palete (encomenda) uma vez que cada unidade de carga do tipo palete representa uma loja,

quando a palete estiver completa é mudada de local e substituída por uma nova,

continuamente.

• A melhor forma de planear esta instalação será então uma separação por

Produto/Processo:

1º São atribuídos espaços para linhas de produtos separadas (Figura 4.2): Alimentar (a

cinzento), DPH (a branco na horizontal) e Bazar (a branco na vertical).

2º As pessoas são divididas por Processos: Recepção, Execução e Paletização/Expedição,

porque as tarefas acumulam experiência (aumentando a produtividade) e não se confundem.

3º Os movimentos dentro do armazém serão da forma representada na Figura 4.2 pelas setas,

que como mostra a legenda, segue as direcções das setas amarelas para Recepção, pretas

para Execução Alimentar, verdes para Execução de Detergentes e Produtos de Higiene (DPH),

azuis para Execução de Bazar e vermelhas para a operação de paletização e arrumação (put-

away temporário até ser puxada ao cais).

A executar A executar

Recepção Não - Alimentar

DPH

DPH

DPH

Baterias

Produtos de Valor

Bazar

Bazar

Recepção Alimentar Expedição [extra]

DPH

Expedição Norte

Fluxos: Espaços:Recepção / A executar

Execução AlimentarExecução DPH DPHExecução Bazar Bazar

Paletização / Expedição

Figura 4.2 – Atribuição de espaços ao armazém JIT e respectivos fluxos de produtos.

Page 59: Análise de Processos e Produtividade das Operações

52

Concentrando-nos na ordem do layout de produtos alimentares, o volume de produtos

alimentares em relação às outras linhas de produto, justificou a separação da disposição de

lojas e a existência de um layout curto de apenas uma palete por loja, que diminui os tempos

de viagem e número de paragens. O layout alimentar compreende principalmente as lojas

Pingo Doce e consiste numa disposição de paletes no chão ao longo de corredores,

representando cada palete uma loja. Os produtos alimentares que chegam na doca de

recepção alimentar são distribuídos pelas respectivas lojas, de acordo com as ordens de

compra que o terminal do sistema WPMS mostra. Devem existir corredores próprios para

deixar os produtos nas paletes e corredores próprios para o responsável pela embalagem e

put-away executar a sua operação, como se mostra na Figura 4.2 anterior. Esta é uma

inovação interessante que deve ser aplicada, já que se pode observar no diagrama de fluxo da

Execução JIT (capítulo anterior) que os caixeiros desempenham duas tarefas completamente

separadas entre si, é pois uma oportunidade de criar economia de experiência e separação de

processos independentes.

Sendo um layout em comprimento que se inicia junto à doca, será da maior importância

que se analise as lojas por volume e limitações de forma a que, como explicado na literatura, a

maior parte da mercadoria percorra menores distâncias, concentrando-se principalmente junto

ao cais de fluxo quebrado. Assim, optamos por:

1º Recolher as limitações de horário das Lojas, que a empresa chama de Ondas. Cada loja tem

limitações no horário para receber mercadoria, o que vai limitar a expedição dos produtos.

Assim, no armazém JIT a mercadoria das lojas pode sair das 16h-20h, 20h-24h, das 00h-06h

ou das 06h as 16h, respectivamente Onda I, II, III e IV. As lojas são agrupadas por estas quatro

ondas, sendo as primeiras a sair colocadas mais próximo do cais na distribuição de lojas ao

longo do layout.

2º Recolher dados respeitantes ao volume de paletes executadas por loja. Classificamos o

volume destas lojas em 3 categorias, de acordo com o volume expedido mensalmente

(utilizamos a unidade mensal, porque um intervalo maior acentua as diferenças de volume e

atenua as variações diárias). As categorias comportam volume médio mensal de paletes até

100 paletes para a categoria 1, entre 100 e 150 para a categoria 2 e maior que 150 paletes

mensais na categoria 3. Na Tabela 4.2 mostra-se o número de lojas por categoria e por onda,

na Tabela 4.3 as médias mensais de paletes por loja, de determinada categoria ou onda. A

coluna ‘número de linhas’ indica quantas linhas de armazém ocupa a onda, sabendo que cada

linha tem capacidade para 20 lojas.

Page 60: Análise de Processos e Produtividade das Operações

53

Nº Lojas Nº linhas Total Cat 3 Cat 2 Cat 1

Onda 1 1,0 19 6 4 9

Onda 2 1,0 19 3 10 6

Onda 3 2,6 52 11 30 11

Onda 4 2,4 48 23 15 10

Total 6,9 138 43 59 36

Tabela 4.2 – Número de lojas distribuído por horário e volume.

MM Paletes Média Total Cat 3 Cat 2 Cat 1

Onda 1 126 155 126 78

Onda 2 111 150 111 93

Onda 3 124 173 124 86

Onda 4 134 172 134 99

Média 125 163 125 89

Tabela 4.3 – Média Mensal de paletes/loja por horário e volume.

3º Supondo que a paletização leva um tempo fixo de 2 minutos, adiciona-se 1 minuto para

movimentar a loja A, 3.5 minutos para movimentar a loja B (no meio da linha) e 6 minutos para

movimentar a loja C. Valores obtidos por observação da operação no armazém.

Loja A Loja B Loja C

Loja C Loja B Loja A

DPH

DPH

Figura 4.3 – Pormenor do layout

De novo, para que a maior parte dos produtos percorram a menor distância possível

dentro do armazém, propomos a disposição das lojas, por ondas e volumes, num layout

‘Organizado’:

• Disposição das lojas agrupadas por Ondas, por ordem de necessidade das paletes

para os camiões, de acordo com o time-table das lojas.

• Lojas com maior volume mais perto das docas, sentido decrescente para o fundo do

armazém, já que este é de fluxo quebrado.

• Sistema de espelho no layout, como as paletes são executadas num espaço e

armazenadas em outro separados por um corredor, o sistema de espelho garante que

as lojas de maiores volumes (representado pela loja A) se encontram mais perto do

corredor de transição, e portanto mais paletes percorrem menores distâncias, a loja C

será de menores volumes, portanto a maior distância é percorrida menos vezes.

Page 61: Análise de Processos e Produtividade das Operações

54

Mostra-se na próxima figura, o pormenor da ordem das lojas (na zona verde da Figura

4.2 anterior) sem tomar em conta os corredores que as separam:

Onda Linha7 148 147 147 142 142 140 139 139 137 136 134 132 129 121 120 119 119 118 114 1136 201 196 196 193 187 185 185 177 174 173 173 172 170 168 167 167 158 154 150 148

3/4 5 105 101 97 95 95 90 86 83 79 79 69 66 111 109 106 98 97 95 92 754 135 134 133 133 129 124 123 121 120 118 118 115 114 114 113 112 112 112 110 1093 209 189 184 183 178 173 164 162 160 159 158 154 152 152 151 151 146 144 140 137

2 2 157 148 148 142 134 127 116 112 109 108 106 106 101 100 98 94 91 91 891 1 200 176 160 149 146 146 137 136 116 113 112 88 85 80 78 77 77 76 75

3,0 3,3 3,5 3,8 4,0 4,3 4,5 4,8 5,0 5,3 5,5 5,8 6,0 6,3 6,5 6,8 7,0 7,3 7,5 7,8

Corredor

Medias Mensais de Paletes por Loja no Layout

4

3

Tempo(min)Doca

Figura 4.4 – Pormenor das lojas e volume médio das lojas movimentado

Se considerarmos que o tempo médio a embalar e arrumar uma palete completa é de 5

minutos, podemos supor tempos ao longo da linha de arrumação de 3 a 8 minutos. Nestas

circunstâncias, ordenação em espelho pode poupar 59 horas mensais de operação, em cerca

de 2horas e 40 minutos diários, comparando a alternativa anterior de layout apenas distribuído

por Ondas e volume ‘Aleatório’ com a alternativa de layout ‘Organizado’ por volumes no efeito

de espelho do corredor (Tabela 4.4). Se no entanto reduzirmos o tempo médio para apenas 3

minutos, e diminuirmos a diferença ao longo da linha, variando de 2 a 4 minutos, o ganho já

será apenas de 1 hora diária (Figura 4.5), como observamos seguidamente.

Tempo/Mês Layout

Min/Loja Total Min Total Horas Total Dias Horas/Dia

Organizado 3 - 7,8 93269,31 1554,49 194,31 70,66

Aleatório 5,38 96802,94 1613,38 201,67 73,34

Diferença 3533,63 58,89 7,36 2,68

Tabela 4.4 – Tempo de Paletização e Put-away para média 5 minutos

Tempo/Mês Layout

Min/Loja Total Min Total Horas Total Dias Horas/Dia

Organizado 2 – 4 51715,61 861,93 107,74 39,18

Aleatório 2,95 53129,06 885,48 110,69 40,25

Diferença 1413,45 23,56 2,94 1,07

Tabela 4.5 – Tempo de Paletização e Put-away para média 3 minutos

Page 62: Análise de Processos e Produtividade das Operações

55

4.2.2 Classes de SKU

A operação de mixing da empresa que combina produtos numa palete, a enorme

variabilidade de produtos característica do negócio de retalho, aliado aos pedidos de pequenas

quantidades de cada produto feito pelas lojas de pequena dimensão do tipo Pingo Doce,

exigem à empresa uma operação que combina na mesma palete um enorme número de

produtos alimentares, variados volumes, pesos, formas e aglomerados.

Para compreender a combinação e execução das paletes feita dentro do armazém,

optou-se por observar durante duas semanas a mercadoria que chegou ao cais de recepção da

empresa, vinda dos fornecedores. A metodologia utilizada foi avaliar a chegada de paletes por

fornecedor e classificá-las, atribuindo características em grupos. Os grupos que foram tidos em

consideração encontram-se na primeira coluna da próxima Tabela 4.6. Para cada um desses

grupos utilizou-se pesquisa e características dos produtos para determinar os subgrupos de

cada categoria, conforme se explica posteriormente.

Grupo Categoria

Principais marcas

representantes

Exemplos:

Parmalat, Compal, Calvê, Kellogs, Etc.

Tipo de Fluxo

- Alimentar

- DPH

- Bazar (não foi explorado)

SKU –

Classe de Consumo

- Vinhos, destilados e óleo

- Refrigerantes e cerveja

- Leite pasteurizado

- Enlatados

- Batatas fritas

- Bolos e Pão

- Massas, arroz e farinhas

- Pastilhas e chocolates

- Papel

- Plástico

- Artigos higiene pessoal

- Artigos de limpeza

Unidade de carga – Tipo

de Embalagem

Tamanho (número)

Densidade (número)

Forma (número)

Risco de danos (número)

Nº médio de UMC/palete (valor)

Tabela 4.6 – Grupos considerados nas observações de mercadoria

Page 63: Análise de Processos e Produtividade das Operações

56

As categorias recolhidas na caracterização do consumo por Alimentar, Detergentes e

Produtos de Higiene, Bazar Ligeiro e Bazar Pesado estão expressas na tabela 4.7. É

importante recordar que o estudo deste armazém cai apenas sobre os produtos não perecíveis

(encontra-se na frente de cada linha de produto Alimentar a sigla NP para identificar as

subclasses relevantes).

Alimentar (AL) Detergentes e Produtos de Higiene (DPH)

- Bebidas (NP)

- Leite (NP)

- Carnes e derivados

- Peixe e bacalhau

- Produtos congelados

- Grande consumo (NP)

- Produtos de pastelaria e confeitaria (NP)

- Detergentes de limpeza

- Detergentes de roupa

- Higiene pessoal diária (pastas dentífricas,

fraldas)

- Beleza (tintas de cabelo, maquilhagem)

Bazar Ligeiro (BL) Bazar Pesado (BP)

- Bricolage

- Brinquedos

- Decoração

- Material eléctrico e electrónico

- Livros e papelaria

- Utilidades (papel, plástico)

- Promoções

- Frigoríficos

- Arcas de congelação

- Máquinas de lavar

Tabela 4.7 – Classes de Consumo de supermercado em Portugal

Tendo os produtos alimentares de grande consumo características diferentes, houve a

necessidade de subdividir um pouco mais estas classes de consumo alimentar, pelo que com

recurso a um estudo da Alimentaria (salão internacional da alimentação), se conseguiu

segmentar um pouco mais os produtos alimentares não perecíveis (Alimentaria Lisboa, 2003)

para chegarmos à listagem final que apresentamos em contexto na Tabela anterior 4.6.

Outro factor diferenciador que resultou da pesquisa foram as características do tipo de

unidade de carga, que se divide em (Muther, 1978):

• Tamanho (Volume)

• Densidade ou estado de agregação (Peso)

• Forma do material (Regularidade)

• Risco de danos no material (Fragilidade)

Page 64: Análise de Processos e Produtividade das Operações

57

• Condição do item (Qualidade, não conta das observações)

• Valor ou custo (Raramente usado, não consta do estudo)

A característica valor ou custo não foi aplicada porque a empresa desenvolveu a

política de criar um pequeno layout dedicado aos materiais de valor de pequena dimensão, que

se encontra trancado por rede e com acesso restrito. Quanto à Qualidade do item, não se

procedeu a essa recolha porque regra geral o produto é entregue em perfeitas condições, e

teria de se passar muito tempo a observar recepções de encomendas para encontrar items

danificados. As outras características podem encontrar correspondência no tipo de embalagem

utilizada para acondicionamento, e estão representadas na Tabela 4.8 de pontuações (scores)

com a forma apresentada e que pretendeu servir de apoio à recolha de dados:

Sco

res Tamanho

Densidade ou

estado de

agregação

Forma do

material

Fragilidade

Risco de danos

no material

Condição do

item

(Qualidade)

1 Muito pequeno

(preservativos)

Muito Leve

(preservativos)

Muito irregular

(mesas, tábuas

engomar)

Embalagem

película

plástica ou

papel (arroz,

pão, cereais)

Perfeitas

condições

2

Pequeno

(pastilhas, tinta

de cabelo)

Leve

(caixas de chá,

fraldas)

Algo irregular

(saco cereais)

Vidro em

frascos

pequenos

(compotas,

molhos), cartão

Amolgadelas

desprezíveis

(de acordo

com a

formação)

3

Médio volume

( pack 6 leite,

sumo)

Médio peso

(<= 6kg - pack

de Leite,

Sumos, etc)

Regular

(Cilíndrico)

Vidro embalado

em cartão

(bebidas

destiladas,

óleos)

Digno de

reparo ao

fornecedor

4

Grande

(fraldas, caixas

bolos e bebidas

destiladas)

Pesado (> 6kg

- Bebidas de

vidro ou

detergentes)

Regular

(4Arestas)

Plástico duro,

Cartão tetra-

pack

Devolver ao

fornecedor

5

Muito Grande

(mercadoria de

promoções)

Muito pesado

(>10kg -

Mercadoria

inesperada)

(não se aplica)

Metal

(enlatados

salsicha, atum)

(não se

aplica)

Tabela 4.8 – Pontuações para agravamento nos factores de unidade de carga

Page 65: Análise de Processos e Produtividade das Operações

58

Esta pesquisa foi limitada aos produtos alimentares e simplificada para fornecedores do

mesmo tipo, pelo que os dados recolhidos não respeitam a todos os fornecedores mas aos

principais fornecedores representantes dos produtos distribuídos pela cadeia do grupo.

O objectivo final é encontrar uma correspondência das classes de consumo com as

suas características de carga, para que ao definir a ordem de carga de uma palete por

características como volume, peso e irregularidade decrescentes, possa ser associada uma

ordem de classes de consumo, que representam tipos de fornecedores a agrupar e ordenar por

interesses de montagem de carga numa palete.

Linha Categoria consumo Volu

me Peso

Regular

idade

Fragili

dade Soma Embalagem

Vinhos e destilados (óleo) 4 4 4 3 15 cartão(vidro)

Refrigerantes e cerveja 3 4 3 4 14

metal,

plástico,

tetrapack

Leite pasteurizado

3 3 4 4 14 tetrapack

Enlatados

3 3 3 5 14 metal

Batatas fritas

3 2 2 1 8 película

Bolos e Pão

4 3 4 2 13

cartão,

plástico

Massas e arroz e farinhas 3 3 2 1 9 película

Pastilhas e chocolates

1 2 4 1 8 cartão

Papel 3 3 4 3 13 papel

Alimentar

Plástico

0

Artigos higiene pessoal

2 2 4 2 10 cartão

Não -

alimentar Artigos de limpeza 4 4 4 4 16

cartão,

plástico duro

Bazar

ligeiro (grande diversidade)

Tabela 4.9 – Artigos de armazém JIT

Após análise das tabelas anteriores, verifica-se que, normalmente, as características

dos produtos encontram relações específicas com a forma como é embalado. Claro que o peso

e volume são importantes, mas dentro do tipo de produtos que passa pelo armazém, verificou-

Page 66: Análise de Processos e Produtividade das Operações

59

se ser muito importante a fragilidade do material (ex. garrafa de vidro, pão, etc.) e a

irregularidade do artigo (ex. qualquer artigo que não seja embalado com 4 arestas).

No fluxo alimentar, o volume das UMC não varia muito, assim como regra geral todos

os produtos têm quatro arestas ou são cilíndricos. O factor mais importante acaba por ser a

fragilidade dos produtos, peso e volume na combinação da carga, e a correcta embalagem em

película aderente, para que não haja deformação dos produtos que se encontram por baixo e

não se desmonte a unidade de carga com a movimentação da mercadoria.

Método proposto

Após análise dos scores por categoria, propomos que a palete de mixing alimentar seja

construída por pontuações decrescentes, seguindo a ordem de Vinhos e destilados (óleo),

Refrigerantes e cerveja, Leite pasteurizado, Enlatados, Massas, arroz e farinhas, Bolos e Pão,

Batatas fritas, Pastilhas e chocolates. Esta acaba por ser também uma ordem no tipo de

embalagens, que segue Vidro 0.75L dentro de cartão, enlatados (refrigerantes e salsichas),

plástico 5L, plástico 1.5L, Tetra-pack, cartão ou papel e película (batatas fritas por exemplo).

Esta ordem verificada pode ser útil ao planeamento da produção e redução das quebras, e não

é tida em conta até então.

Por outro lado, o fluxo bazar tem características mais irregulares no peso e volume,

assim como na forma (como grelhadores, chapéus de sol, ou cadeiras de praia) e sazonalidade

(sendo normalmente aplicadas muitas promoções). Devem ser planeados cuidadosamente.

Vantagens da aplicação do método

Neste sistema todos os produtos alimentares são combinados, a distribuição por

classes de consumo, vai facilitar a operação de mixing das paletes porque ao combinar

produtos variados em poucas quantidades, permite agrupar produtos do mesmo tipo e

estabelecer uma ordem para a construção das paletes, com base no peso, volume,

regularidade, etc. Esta ordem vai diminuir as quebras e deterioração dos produtos, aumentar a

qualidade do produto distribuído e tornar a produção mais eficiente.

Classes de produtos no sistema JIT

Esta ordem de construção das paletes será possível estabelecendo um horário de

chegada de fornecedores, de acordo com a sua classe, e posterior ordem de execução pelos

supervisores de acordo com os critérios analisados.

Classes de produtos no sistema Stock

Para este layout a forma de aplicar os critérios varia, já que o sistema faz a execução

fazendo o picking por loja, terá de ser revista a programação do sistema WPMS e estabelecer

uma nova organização, para que produtos da mesma classe se concentrem no mesmo

corredor de picking, e a rota do programa siga igualmente a lógica de construção de paletes

(lojas) por pesos, volumes e regularidade decrescentes.

Page 67: Análise de Processos e Produtividade das Operações

60

4.3 Medir a Produtividade

A preocupação com os sistemas de avaliação de desempenho só faz sentido para uma

operação optimizada e a funcionar sem problemas. O facto de ser a última forma de

optimização de uma empresa, não lhe retira no entanto valor. A motivação da força de trabalho

é cada vez mais um trunfo importante para uma organização empresarial e a definição das

variáveis a considerar nem sempre é empírica e directa. As preocupações e planeamento da

produção diária normalmente não deixam tempo disponível para interpretar dados e encontrar

novas soluções, pelo que este estudo se revela uma mais valia para a avaliação dos sistemas

de prémio vigentes.

4.3.1 Apresentação do problema A empresa, orientada há anos maioritariamente para o fluxo Stock, de tempos de ciclo

longos, utilizava como medida de produtividade, o output/input diário absoluto, ou seja,

estabelecia um valor mínimo de caixas a executar (output) por dia de trabalho (8 horas de input

por funcionário).

Este sistema de prémio no tempo de ciclo de mercadoria de um dia da execução JIT

tornava o sistema de prémio limitado e dependente do volume diário movimentado, uma vez

que em algumas circunstâncias as pessoas podiam atingir facilmente o objectivo e tornavam-se

não produtivas o resto do dia. Por essas razões, no sistema JIT foram diminuídos os tempos de

medição e passou-se a contabilizar o rácio caixas por hora (que a empresa dá o nome de

UMC/hora, sendo UMC sigla para Unidade de Medida de Compra) para cada trabalho

executado, mudando de trabalho sempre que o operador muda de fluxo (Execução Artigo,

Bazar Ligeiro ou Cross-Docking).

4.3.2 Recolha de dados

Neste contexto desenvolveu-se o trabalho referente à análise de produtividade e

procedeu-se à recolha da evolução na produtividade. Consideraram-se as médias diárias de

UMC/hora do mês de Março de 2007 a Julho de 2007 para avaliar a eficácia do novo layout no

aumento do desempenho dos operadores. Seguidamente, é visível no gráfico da Figura 4.5 a

variação na média diária de caixas por hora, dos dias úteis de segunda-feira a sábado (a azul),

e a média mensal de caixas por hora (a vermelho). É fácil de observar o aumento da

produtividade abrupto no mês de Abril aquando da aplicação do layout do novo armazém, bem

como os sucessivos pequenos aumentos posteriores da responsabilidade das pequenas

optimizações implementadas.

Page 68: Análise de Processos e Produtividade das Operações

61

Umc/hora

160170180190200210220230240250260270280290300310320330340350360

Março Abril Maio Junho Julho Agost

Figura 4.5 – Produtividades médias diárias e mensais de UMC/hora.

Na tabela 4.10 apresentamos valores médios de produtividade mensais e respectivos

aumentos absolutos por intervalo. É então visível que, começando com 188 caixas/hora no

novo armazém de Just-in-Time em Março, rapidamente teve um aumento médio de 64

caixas/hora para perfazer 253 caixas/hora em Abril. Os aumentos são sucessivamente

menores mas sempre positivos, como se observa na Tabela 4.10.

Mês Média

(UMC/hora)

Dif. absoluta

entre intervalos

Dezembro 208 0

Janeiro 185 -23

Fevereiro 184 -1

Março 188 4

Abril 253 64

Maio 275 22

Junho 286 11

Julho 304 18

Agosto 306 3

Tabela 4.10 – Variação das médias mensais

Com o acesso aos meses de dados de produtividade no novo armazém de JIT,

escolheu-se o mês de Junho para tratar informação porque já foram implementadas as

melhorias (o armazém já funciona há três meses) e a operação prevê-se que esteja

estabilizada nas variações por adaptação ao novo armazém. Na Figura 4.6 está expresso um

Page 69: Análise de Processos e Produtividade das Operações

62

exemplo do output do sistema WPMS relativo à produtividade. A primeira coluna respeita à

data, a segunda ao tipo de armazém (que permanece constante), a terceira ‘Equipa’ respeita

aos turnos, a quarta respeita à identificação do operador por trabalho (cada linha é um

trabalho). A coluna ‘T. UdT’ respeita ao tipo de trabalho efectuado, como foi visto na definição

do armazém em caso de estudo anterior, os trabalhos do armazém JIT podem ser: Recepção,

Recepção Cross-Docking, Execução Artigo (que inclui Alimentar e DPH), Execução Bazar

Ligeiro, Execução Bazar Pesado e Execução Cross-Docking. A coluna ‘Dur.Ef.Ex.’ representa a

duração efectiva de execução e reporta o tempo (em segundos) que o terminal de rádio

frequência está ligado em cada trabalho, a coluna seguinte ‘Qt.’ respeita ao número de caixas

executadas nesse tempo. A seguinte ‘Qt2.’ respeita ao número de artigos dentro das caixas,

não é utilizada no nosso estudo tal como a última que indica o número de pausas que o

caixeiro fez no terminal durante a execução. O ‘Nº Cont’ significa número de contentores ou

paletes que apenas se aplica à Recepção e o penúltimo ‘Nº de Acções’ é a contagem do

número de vezes que o operador pára numa loja, identificado pela leitura das etiquetas no

layout. O sistema de gestão físico das operações em armazém WPMS devolve uma aplicação

em Excel do tipo tabela, como mostra a Figura 4.6 numa exemplificação de apenas três linhas.

Data Turno Equipa Operador T.UdT Dur.Ef.Ex. Qt. Qt2 NºCont.Nº.AcçõesN.Susp.20070601Armazém 24 H Equipa 01 407001 - Marta Duarte Recepção 6431Segundos4493 406845 221 906 120070601Armazém 24 H Equipa 01 407002 - Nelson Vieira Recepção 5449Segundos1131 5983 55 884 020070601Armazém 24 H Equipa 02 407004 - Sónia Sousa Recepção 6949Segundos5352 29774 169 1238 0

Figura 4.6 – Output de Produtividades em Excel

A informação foi filtrada de forma a retirar testes executados pelos responsáveis de

armazém, tendo-se retirado quaisquer linhas de execução que contivessem um rácio de

UMC/hora maior que 1000 por ser despropositado e normalmente consequência de acções

pontuais de inserção de mercadoria no sistema por um supervisor (que insere no sistema, por

exemplo 100 caixas em 2 segundos!), e também quaisquer linhas que executassem menos de

1 caixa por loja, porque representam execução por produto, dado que se pretende medir a

execução por caixa.

4.3.3 Análise estatística

Com tantos dados entre mãos, colocou-se a necessidade de tratar a informação de

forma sistemática, pelo que se recorreu ao tratamento estatístico de dados. Os conceitos

estatísticos são introduzidos excepcionalmente no desenvolvimento do caso, para facilitar a

compreensão do estudo.

Após recolher e preparar a informação, procedeu-se à sua análise. Como não existia

informação ou indicações relevantes, utilizamos a análise de clusters como técnica para

agrupar e classificar os dados em grupos relativamente homogéneos, que em cada grupo são

similares entre si e diferentes dos casos de outros clusters. Estes grupos são inteiramente

sugeridos pelo tratamento de dados (Malhotra, 2007).

Page 70: Análise de Processos e Produtividade das Operações

63

Ao identificar um grupo de tamanho sugestivo e com características semelhantes,

tentamos verificar se essas características estavam relacionadas entre si. Para tal, utilizou-se o

"coeficiente de correlação produto - momento" ou mais conhecido como “coeficiente de

correlação de Pearson”. Para um número de observações n, X e Y são as variáveis que se

pretendem relacionar, e o resultado do coeficiente é dado por:

• r = 1 significa uma correlação perfeita positiva entre as duas variáveis.

• r = -1 significa uma correlação negativa perfeita entre as duas variáveis (se uma

aumenta, a outra diminui).

• r = 0 significa que as duas variáveis não dependem linearmente uma da outra. No

entanto, pode existir uma outra dependência "não linear".

Nestas condições, quanto mais próximo de 1 for o resultado do coeficiente de Pearson ( r),

mais seguro é afirmar a dependência entre duas variáveis. Se r mede o grau em que a

variação de um parâmetro está relacionada com a variação do outro, o cálculo de r2 mede a

proporção de variância dos dados explicada pelo modelo, é o grau explicativo do modelo.

Quando a correlação é testada para toda a população, r assume o valor de ρ (rho). Para

testar a significância estatística do modelo de relação entre duas variáveis, utiliza-se o teste

estatístico t , que estuda as hipóteses Ho: ρ = 0 e H1: ρ ≠ 0. Se a significância do coeficiente

tiver valor inferior ao estipulado, pode ser rejeitada a hipótese de não existir correlação (Ho ).

4.3.4 Tratamento estatístico

No programa de estatística SPSS, foi feita uma análise para classificar a informação

mensal e avaliar o aglomerado de dados destas várias medidas de produtividade. Foram

analisados Clusters nas tarefas de Execução e verificou-se que o Cluster 1 de Execução de

artigo (Alimentar e DPH) representa cerca de 75% das actividades do armazém (ver Figura

4.7). Um cluster é um subconjunto ou segmento da população caracterizado por um ou mais

atributos em comum. As unidades de amostragem de um cluster situam-se num nível

hierárquico superior ao das unidades junto das quais se obtém a informação, são uma entidade

supra-ordenada (Operações) na qual se verificam agrupamentos de dados tendo em conta as

seis dimensões (UMC, Horas, Acções, UMC/Hora, Acções/Hora e UMC/Acção).

Page 71: Análise de Processos e Produtividade das Operações

64

Tamanho:

Cluster 1 (Azul) – Execução Artigo

Cluster 2 (Verde) – Execução BL, BP

e Cross-Docking

Figura 4.7 – Gráfico da distribuição dos clusters pelas operações de armazém

Conclui-se também que o primeiro cluster tem todas as ocorrências de Execução de

Artigo, enquanto o segundo cluster detém os outros três tipos de operação, sendo o mais

representativo o Bazar Ligeiro com 55% dentro do seu cluster, Bazar Pesado com 40% das

ocorrências e o Cross-Docking com 15% dentro do seu cluster, como mostra a Figura 4.8.

1

2

Overall

Percent within Cluster100806040200

Within Cluster Percentage of tipo_exec

Exec.X-DockingExec.Artigo BPExec.Artigo BLExec.Artigo

tipo_exec

Figura 4.8 – Gráfico de divisão de tipos de Execução em clusters

TwoStep Cluster

Page 72: Análise de Processos e Produtividade das Operações

65

Perante este tipo de informação, fará sentido simplificar este estudo apenas ao fluxo de

execução de artigo que é de longe o mais representativo. Mais uma vez foi filtrada a

informação para constarem apenas os dados de Execução de Artigo (Cluster 1), com 1220

observações válidas, efectuou-se uma análise de correlação de Pearson. Na tabela 4.11 é

visível a correspondência entre as mesmas variáveis na diagonal, e deve ser vista apenas um

lado da matriz, já que a outra metade é a duplicação dos resultados. Em cada linha da mesma

variável é dado o coeficiente de correlação de Pearson (sendo tanto mais significativa a relação

quanto mais próximo do valor absoluto 1 for o valor) na primeira linha, e o teste t (neste caso é

indicado Sig.(2-tailed)) para cada uma das relações.

As relações simples entre caixas absolutas, horas absolutas e acções em valor

absoluto seriam de prever. A análise torna-se mais interessante quando olhamos para a

relação de caixas/hora (a unidade de produtividade) com todas as outras unidades de medida.

É fácil de observar uma correlação entre caixas/hora e caixas/acção. O coeficiente de Pearson

de 0,728 é o mais interessante e o teste de significância devolve um valor inferior a 0,01 (o que

indica que o p-value é bom para rejeitar a hipótese Ho: ρ = 0).

UMC Acções horas Umc / hr Acções / hr Umc / acção

UMC Coef de Pearson 1 ,755(**) ,807(**) ,443(**) ,027 ,298(**)

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,349 ,000

Acções Coef de Pearson ,755(**) 1 ,861(**) ,022 ,367(**) -,238(**)

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,444 ,000 ,000

Horas Coef de Pearson ,807(**) ,861(**) 1 -,053 -,077(**) -,041

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,064 ,007 ,148

Umc / hr Coef de Pearson ,443(**) ,022 -,053 1 ,153(**) ,728(**)

Sig. (2-tailed) ,000 ,444 ,064 ,000 ,000

Acções /

hr

Coef de Pearson ,027 ,367(**) -,077(**) ,153(**) 1 -,473(**)

Sig. (2-tailed) ,349 ,000 ,007 ,000 ,000

Umc /

acção

Coef de Pearson ,298(**) -,238(**) -,041 ,728(**) -,473(**) 1

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,148 ,000 ,000

** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

Tabela 4.11 – Correlações entre variáveis

Page 73: Análise de Processos e Produtividade das Operações

66

Se esta consideração pode fazer sentido, vamos então tentar avaliar o tipo de relação

entre os dados, com recurso a uma regressão. Como não sabemos o tipo de relação, foi feita

uma representação gráfica da distribuição dos pontos, com se apresenta na Figura 4.9.

umc_accao8,007,006,005,004,003,002,001,00

800,00

700,00

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00

umc_hr

CubicQuadraticLogarithmicLinearObserved

Figura 4.9 – Distribuição de caixas/hora

E ao analisar-se a distribuição no gráfico, criamos uma hipótese empírica, que

tentamos testar aplicando um ajustamento à Curva (Curve Fit) para comparar os resultados

quanto às hipóteses de Regressão Linear, Quadrática ou Cúbica (que nos sugeria a

distribuição).

Equação Model Summary Parameter Estimates

R^2 F df1 df2 Sig. Constant b1 b2 b3

Linear ,530 1374,456 1 1218 ,000 128,910 67,378

Quadratic ,548 737,562 2 1217 ,000 83,467 99,120 -4,051

Cubic ,548 492,000 3 1216 ,000 71,933 110,126 -6,772 ,174

*Variável Dependente: Umc / hora. Variável independente: umc / acção

Tabela 4.12 – Sumário do Modelo e Estimativa dos Parâmetros

Se analisarmos a tabela e o coeficiente de determinação do modelo R2, parece ser a

equação cúbica a que mais se adapta à distribuição. No entanto, é de esperar que o r 2

aumente com o aumento do grau do polinómio, pelo que devemos então analisar o valor da

estatística F para medir a performance dos ajustamentos (quanto maior melhor).

Assim, a adaptação dos dados é explicada mais facilmente (observando o gráfico) e

com maior valor de F, pelo modelo de regressão linear. Este modelo simplifica a compreensão

por parte dos caixeiros e com r2 = 0, 530, é perfeitamente ajustável, tanto mais que toda a

população se concentra numa única nuvem.

A recta conseguida para a população completa é então:

y = 67,4 x + 128,9 (UMC/hora)

Page 74: Análise de Processos e Produtividade das Operações

67

e tem a distribuição que se mostra no gráfico anterior da figura 4.9, se o número de caixas

deixadas em cada loja aumentar, o número de caixas distribuídas por hora também tende a

aumentar. No entanto à medida que se caminha no sentido positivo do eixo dos xx vai existindo

sucessivamente menor número de ocorrências e a sua dispersão aumenta.

Como observamos na Figura 4.9 e podemos comprovar no histograma de distribuição

de ocorrências (Figura 4.10), fazendo variar as caixas/loja, verificamos que 82% dos casos se

verificam até 3 UMC/acção (linha rosa vertical da Figura 4.10) e 90% dos casos se verificaram

antes das 5 UMC/acção (linha roxa vertical).

nº ocorrências

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8Umc/Acção

Figura 4.10 – Número de observações nos intervalos de UMC/acção

Esta distribuição de ocorrências foi verificada em todos os meses de Abril a Julho de

2006. Como se pode comprovar pela tabela 4.13, que apresenta as distribuições de

ocorrências, número de ocorrências e estimação dos parâmetros da recta para o intervalo de 1

a 3 UMC/ acção.

Mês Número total

de casos % Ocorrências Estimação parâmetros

(entre 1 e 3) R2

1 a 3 1 a 5 maior que 5 bo b1 Abril 2225 0,84 0,90 0,10 64,26 90,50 0,32 Maio 1258 0,80 0,93 0,07 92,00 80,38 0,24

Junho 2397 0,90 0,98 0,02 83,12 93,07 0,33 Julho 2326 0,88 0,97 0,03 105,80 83,99 0,26

Tabela 4.13 – Distribuição de casos e estimação de parâmetros

Page 75: Análise de Processos e Produtividade das Operações

68

Sendo assim, vamos de novo filtrar a informação e estimar a recta de Regressão para

um intervalo de dados com 80% das ocorrências de ‘Execução de artigo’ do mês (que são

1000), a mesma regressão mas de 1 a 3 caixas por loja encontra-se na próxima figura. É nítida

a adaptação ao modelo, e neste caso a Regressão Linear parece adequada.

umc_acção3,002,502,001,501,00

800,00

700,00

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00

umc_hora

QuadraticLogarithmicLinearObserved

Figura 4.11 – Distribuição dos casos de 1 a 3 UMC/acção

A análise do novo modelo entre 3 e 5 UMC/acção não tem um grau explicativo do

modelo de regressão r2 tão elevado, mas para explicar a totalidade dos casos concentrados

num intervalo tão pequeno, consideramos adequada. Devolve a recta de regressão linear y =

93 x + 83, estimada para o domínio (Tabela 4.14).

Equation Model Summary Parameter Estimates

R ^2 F df1 df2 Sig. Constant b1 b2

Linear ,330 491,047 1 997 ,000 83,072 93,095

Quadratic ,334 249,660 2 996 ,000 13,311 171,092 -20,241

*Variável Dependente: Umc / hora. Variável independente: umc / acção

Tabela 4.14 – Sumário do Modelo e Estimativa dos Parâmetros

Page 76: Análise de Processos e Produtividade das Operações

69

4.3.5 Interpretação de resultados

Para compreender a viabilidade do modelo, colocou-se a questão sobre o que faria

variar os parâmetros da recta y = m x + b estimada, e adequando o modelo da recta ao

armazém, compreendemos que:

- A ordenada quando x=1, que corresponde ao movimento de deixar uma caixa em

cada loja, depende do tipo de layout que se percorre, sendo o valor de UMC/hora tanto maior

quanto mais curto o layout se tornar, esta pode ser uma medida da eficiência do layout e das

distâncias percorridas neste. Apesar da direcção da recta variar ao longo dos quatro meses

observados (ver tabela 4.13) verificamos que os valores estimados para x=1 são crescentes

(155, 172, 176 e 190 UMC/hora para 1UMC/loja) o que indica um layout cada vez mais

eficiente e têm uma média de 174 UMC/ hora. É este o valor mínimo que deve ser exigido a um

caixeiro, já que pressupõe que distribuiu a pior palete, aquela que deixa uma caixa em cada

paragem (loja) no layout.

- O declive m, por sua vez, depende do layout mas também do volume movimentado. A

aproximação ao modelo linear pode ser feita porque a maioria das ocorrências se restringe a

um intervalo muito pequeno do domínio. No entanto, se o volume de vendas da empresa

aumentar e o número de lojas se mantiver, os operadores vão passar a deixar mais caixas por

loja. Neste contexto, os pontos que agora se encontram em grande quantidade no intervalo de

1 a 3 caixas por loja, vão deslocar-se para a direita, passando a indicar mais caixas distribuídas

por loja. No entanto, não sabemos se os casos vão acompanhar a recta de regressão linear

para o aumento dos valores de yy (UMC/hora).

Será arriscado propor qualquer modelo diferente do linear, uma vez que o número de

observações que temos de domínio superior a 3 caixas/loja é tão pequeno e variável que

estaríamos a propor um modelo estatístico sem dados expressivos, com número de

ocorrências muito baixo e variâncias enormes.

Podemos adiantar que neste momento esses dados pouco expressivos sugerem um

aumento de UMC/hora por cada UMC/acção cada vez menor, para valores superiores a 3

UMC/acção. Esta característica pode ser resultado da falta de adaptação do sistema de prémio

vigente à realidade da situação, que induz ao operador um esforço menor para obter prémio.

Ou pode efectivamente ser uma característica do sistema, visto que:

Declive m = y/x = (umc/hora) / (umc/acção) = acção/ hora.

Empiricamente é fácil de compreender que se o número de caixas por loja aumenta, o

operador consegue passar por menos lojas na mesma hora, o declive diminui ao longo do

domínio, no entanto não podemos certificar-nos desta característica. O mais correcto seria a

empresa aplicar este modelo linear para poder melhorar o sistema de prémio e verificar se o

comportamento dos operadores para médias de umc/acção superiores varia, e depois desta

implementação reproduzir nova recta para verificar se o declive realmente diminui com o

aumento do volume de vendas (aumento de umc/acção).

Page 77: Análise de Processos e Produtividade das Operações

70

4.3.6 Possibilidades de aplicação do modelo

A verdade é que um modelo linear, além de ser o que melhor explica a correlação com

os dados disponíveis, é o mais fácil de compreender e apresentar, à empresa e aos

trabalhadores.

Relembrando que até há bem pouco tempo o sistema de prémio era um valor absoluto

diário, e que foi recentemente implementado o sistema ‘caixas / hora’ de trabalho, deveremos

lembrar-nos que para trabalhadores com instrução ao nível do 9º ano, não será fácil

compreender todas estas alterações sucessivas e muito menos estas rectas de dependência.

O sistema de prémio actual, é um valor somado ao ordenado base que é definido em

UMC/hora, como se verifica na Figura 4.12 representa-se na distribuição como uma recta

horizontal que tem vindo a evoluir de acordo com as médias históricas e se encontra no

presente ao nível das 250 UMC/hora. Todos os caixeiros que conseguirem ter um caso

observado acima da linha azul, recebem prémio enquanto um caso abaixo dessa linha não

recebe prémio adicional.

Não é difícil verificar que se este modelo de regressão estiver correcto, a produtividade

UMC/hora está dependente das características do trabalho a desempenhar (UMC/acção).

Assim, um operador que aleatoriamente teve a infelicidade de pegar numa palete que o obriga

a deixar uma caixa em cada loja, tem o seu resultado junto do extremo esquerdo da recta cor

de rosa da Figura 4.12 e não vai receber prémio, enquanto ao mesmo tempo um operador que

teve a felicidade de receber uma palete em que deixa mais que 3 caixas/loja, vai receber

prémio independentemente do seu esforço. Esta situação pode ser contornada com a

aplicação do modelo linear de acordo com o sistema que se propõe de seguida.

Figura 4.12 – Sistemas de prémio na distribuição

Page 78: Análise de Processos e Produtividade das Operações

71

Tendo em conta o mês de Junho em análise, que devolve uma recta de regressão de

y = 93 x + 83 e que o prémio actualmente é dado a performances de trabalhos com valores

superiores a 250 UMC/hora, testamos para os 1000 casos (logo podemos olhar para os valores

da tabela como valores por milhar) em análise entre 1 e 3 UMC/acção, fez-se corresponder a

figura 4.13 à tabela 4.15, para se ver que:

- Os casos acima das duas rectas são 367 e recebem justamente o prémio.

- Os casos abaixo das duas rectas são 389 e não recebem o prémio, de uma forma

justa de acordo com o novo sistema.

- Os casos na parte vermelha à direita do gráfico da figura 4.13 são 131 e recebem

injustamente o prémio de produtividade, enquanto os casos à direita na parte azul são 113 e

não recebem injustamente o prémio.

Verificamos portanto, que aplicando a recta estimada, se mantém a proporção 50/50

praticada pela empresa, e eliminam-se 240 casos de injustiça que poderiam frustrar os

funcionários.

Figura 4.13 – Sistemas de prémio no universo 1 a 3 umc/acção

Sistema Antigo Sistema Novo

Recebe Não recebe Recebe Não recebe

498 502 480 520

Justos Injustos

Recebe Não recebe Recebe Não recebe

367 389 131 113

Tabela 4.15 – Comparação entre sistemas de prémio

Page 79: Análise de Processos e Produtividade das Operações

72

Para definir a produtividade dos caixeiros que executam no layout JIT:

1ª Possibilidade – Aplicação da Recta

Se umc/acção > 6 e umc/ hora > 93 * 6 + 83 tem prémio

Se umc/acção > 3 e umc/ hora > 93 * 3 + 83 tem prémio

Se umc/acção < 3 e umc/ hora > 93 * umc/ acção + 83 tem prémio

Os intervalos superiores ficam caracterizados por patamares de produtividade em 3 e

em 6 umc/hora, porque o número de ocorrências é reduzido e a variância é elevada. Para

domínio inferior a 3 umc/acção, o número de ocorrências é tão elevado e a nuvem tão densa,

que deve ser aplicada a recta a cada caso, já que qualquer tipo de variação de prémios por

intervalo provocava situações de injustiça. A posição da recta (b = 83 – ordenada na origem)

pode subir ou descer para englobar respectivamente menos ou mais casos de sucesso

(prémio), o aumento do valor b da recta vai tornar mais difícil o acesso ao prémio e indica

aumento de produtividade (mais umc/hora por classe).

Figura 4.14 – Primeira possibilidade de prémio

2ª Possibilidade – Aplicação da recta por intervalos

Se o gestor preferir, poderão ser criados intervalos genéricos, que tornem mais

perceptível ao funcionário avaliado o seu desempenho. As vantagens estarão na percepção

dos limites, mas as desvantagens tornam-se a falta de distinção dentro do mesmo intervalo, o

que pode resultar no estagnar da produtividade junto aos patamares inferiores de prémio.

Page 80: Análise de Processos e Produtividade das Operações

73

Figura 4.15 – Segunda possibilidade de prémio

3ª Possibilidade – Aplicação de várias rectas

Outra possibilidade que a empresa pode ponderar é deixar de aplicar o binário ‘recebe /

não recebe’ e aplicar mais que uma recta para avaliar o desempenho dos seus funcionários.

Uma medida de motivação para os operadores que têm menor desempenho é aplicar várias

rectas paralelas e dividir as recompensas proporcionalmente por vários escalões. Assim, se

tiverem um dia mais difícil ou paletes mais pesada, por exemplo, não desistem logo do prémio

diário porque ainda podem atingir um dos patamares.

Figura 4.16 – Terceira possibilidade de prémio

Page 81: Análise de Processos e Produtividade das Operações

74

Limitações e Questões Práticas

Se em algum momento tornou-se menos claro o que este estudo devolve e a

interpretação dos gráficos (que parecem fazer tanto sentido), é fácil de perceber as questões

que outras pessoas não inteiradas da questão podem levantar. Se o modelo parece simples e

vantajoso a quem o propôs, terá de ser apresentado de forma mais simples, prática e sem

complicações aos decisores de implementação.

Assim, os operários devem perceber que vão ser medidos em caixas por período de

tempo, em função do número de caixas que deixam no layout de cada vez que param. O gestor

e responsável operacional terá de lhes fazer entender as questões de injustiça entre as várias

paletes que são executadas no layout (como falado anteriormente neste capitulo) e que o

sistema vai trazer vantagens e mais justiça na avaliação das pessoas, porque os que deixam

mais caixas em cada loja têm de deixar mais UMC numa hora mas os que têm de deixar uma

caixa em cada loja passam a ter mais possibilidades de ganhar o prémio (o limite desce de 250

para 176 UMC/hora).

A questão prática de cálculo do prémio: após decisão das melhores alternativas ou

combinação das discutidas anteriormente de acordo com o interesse da companhia, a gestão

deve decidir a melhor forma de calcular estas produtividades. Pode aplicar um filtro simples

numa nova coluna da aplicação Excel que foi exemplificada no início, ou negociar com o

fornecedor do sistema WPMS a programação automática de uma nova coluna de output que

devolve a aplicação da recta vigente e os casos que recebem prémio (seja binário 0 – 1 ou por

escalões de prémio 1-2-3, etc.).

Outra questão é manter o sistema actualizado, cronometrando as evoluções na

operação. Para isso o gestor operacional deve fazer o gráfico de dispersão de pontos no Excel,

analisar tendências e utilizar a opção ‘recta de tendência’ para avaliar alterações mensais

relevantes aos parâmetros estimados. Com conhecimento empírico dos melhores operários

(mais produtivos e justos), pode traçar a mesma dispersão limitada a apenas essas amostras

por ter maior confiança nesses resultados e utilizá-los para decisões.

Mas antes mesmo de surgirem os problemas de implementação do modelo, existe a

questão da decisão de utilizar o sistema novo em detrimento do antigo. A medida quando

aplicada deve mostrar-se inequivocamente vantajosa para o decisor, simples de aplicar e com

um modelo de implementação definido.

É nitidamente visível que o estudo desenvolvido e a relação encontrada explicam

melhor o trabalho desempenhado na operação do armazém, no entanto existem ainda muitas

etapas a superar até este ser efectivamente aplicado.

Page 82: Análise de Processos e Produtividade das Operações

75

4.4 Conclusões

O caso trata o tema da produtividade no armazém de várias formas. Inicialmente

desenvolve-se a recolha dos processos de armazém, de forma sistemática em flowcharts por

observação da operação e inquérito aos seus intervenientes.

Verificando a fluidez e boa definição dos processos, opta-se então por olhar para a

operação e aproveitando o planeamento de um centro de distribuição Just-In-Time, são

analisados dados históricos, observam-se características do sistema e são propostas

implementações de optimização no processo. Seja por minimização de distâncias e tempos de

movimentação de mercadoria no armazém de acordo com metodologias revistas

anteriormente, ou com a definição de Classes de Consumo com características semelhantes

de acondicionamento, são propostos modelos simples e fundamentadas as vantagens de

implementação dos mesmos.

Numa fase final são confirmados os sucessivos aumentos de produtividade por

aplicação dos melhoramentos contínuos e, estando a operação estabilizada e produtiva,

procede-se à análise dos sistemas de prémio vigentes para medida de desempenho.

Neste contexto são encontradas correlações significativas que ajudam a definir as

dependências para a produtividade. Verificou-se que o número de UMC/hora exigido a um

operário deve aumentar conforme a sua média de UMC distribuídas por loja aumenta.

Estimam-se parâmetros, interpreta-se o modelo e propõem-se alternativas de implementação.

Através das variadas ferramentas desenvolvidas neste capítulo, a empresa consegue

reinventar sempre novas possibilidades de optimizar o seu processo produtivo.

Page 83: Análise de Processos e Produtividade das Operações

76

Capítulo 5 – Conclusões ao Caso

O problema da produtividade é geralmente a última forma de optimização de uma

empresa. Ao longo desta dissertação foi estudada a avaliação da produtividade num armazém

de distribuição, tentando-se identificar alguns pontos que deveriam ser analisados em detalhe.

O caso real do armazém de distribuição de não perecíveis na Azambuja da empresa Jerónimo

Martins foi o objecto de estudo deste trabalho.

A verdade é que não se pode construir uma casa começando pelo telhado, e enquanto

a operação não tiver todas as condições para funcionar melhor e aumentar a produtividade,

não faz sentido despender meios para estabelecer melhores medidas.

Talvez por essa razão, o estudo deste trabalho comece com a necessidade de definir

os processo e compreender toda a rotina do armazém em estudo de forma a identificar

possíveis funções sobrepostas e redundantes, de grandes tempos de espera ou desajustadas.

Apesar dos processos estarem bem definidos, quando observamos o decorrer desses

processos no armazém o espaço estava sobreposto e o volume movimentado no espaço de

operação obrigava processos da operação a esperarem pela libertação de espaço. A crescente

metodologia de quick response tem como característica a necessidade de mais espaço de

execução térreo para a por em prática.

A empresa mostrando pró actividade e procurando sempre resolver as suas questões,

deu um passo na optimização das operações e do espaço de armazém, que é uma questão

fundamental na eficiência de todo o sistema produtivo. O presente estudo desenvolveu-se

durante esta fase de mudanças, pelo que estando a analisar produtividades e processos,

houve a possibilidade de propor ainda alguns ajustes com recurso ao planeamento de layout. A

questão de percorrer menores distâncias no menor tempo possível coloca-se principalmente

nos armazéns de stock, mas a organização de um layout JIT num armazém de fluxo quebrado

ajudou a utilizar esta ideia como uma forma de diminuir distâncias percorridas e tempos de

operação no armazém.

Como desenvolvido na secção 4.2.1, utilizando uma análise dos dados históricos de

volumes movimentados por loja por dia, conseguimos encontrar uma ordem média de volumes

movimentados mensalmente por loja. Essa ordem de volumes de execução de paletes das

lojas é relevante para definir a ordem estabelecida para a disposição das lojas no layout.

Naturalmente queremos que o maior número de produtos e paletes combinadas se mantenham

junto à doca, percorrendo distâncias curtas.

Outra possibilidade de optimização verificada, diz respeito não ao planeamento inicial

do layout mas ao próprio planeamento de produção. Foram feitas observações à mercadoria

Page 84: Análise de Processos e Produtividade das Operações

77

recebida, identificadas possibilidades que com a pesquisa correcta permitiu estabelecer uma

tabela de pontuações para características da mercadoria. Durante duas semanas foram dadas

pontuações aos principais produtos recebidos de acordo com a tabela criada, para se concluir

que as características comuns de peso, volume, densidade e fragilidade tinham normalmente

tipos de embalagens semelhantes, e dessa forma era possível ordenar a recepção (e

consequentemente a execução) por ordem de classe de produtos, que estabelecemos como

indicado na secção 4.2.2. Esta ordem facilita a colocação das caixas nas paletes aumentando

a produtividade e diminui as quebras aumentando a qualidade dos produtos.

Todas as alterações sucessivas na empresa provocaram valores crescentes na

produtividade dos operadores. Em seis meses, as médias mensais históricas quase

duplicaram, passando de 190 caixas por hora para 300 caixas por hora.

Com todos os recursos à disposição dos operadores, faria sentido continuar a medir a

sua produtividade da mesma forma? Assim que o processo estabiliza de alguma forma, a

empresa trabalha num sistema diário mais satisfatório e produtivo. A próxima questão será

definir as variáveis mais relevantes para que o incentivo aos funcionários seja justo e eficiente.

Ao mesmo tempo a sua aplicação deve ser simples e objectivamente melhor, para que haja

possibilidades de implementá-la. Já que um estudo matemático não faz sentido sem a sua

aplicação ao problema real e concreto.

Nem sempre foi directa a forma de tratar o problema, sem existirem estudos nem

muitas referências às formas de avaliar pessoas, o estudo dispersou durante algum tempo pela

pesquisa, leitura e filtragem de artigos, que tendo como tema a produtividade, referiam-se

quase sempre a melhoramentos de layout, análises ABC de volumes, a medidas de

desempenho da estratégia global da empresa e orientações muito gerais para reduzir os custos

na cadeia global por implementação de métodos cross-docking, centralização, níveis de serviço

entre outros. As referências a desempenhos pessoais eram escassas e como se verifica no

capítulo 3 apenas se encontrou material relevante num estudo muito antigo feito a armazéns

nos Estados Unidos.

Talvez por isso se tenha passado algum tempo a tratar dados históricos em Excel, na

procura de relações entre empregados, entre dias da semana, entre linhas de produto, para só

depois de algum tempo, e com recurso a estudos estatísticos de comportamento dos

consumidores entre outros, ser encontrada uma ferramenta imprescindível para tratar os

dados. O programa de tratamento estatístico SPSS revelou-se uma ferramenta indispensável,

que viabilizou o trabalho e o tornou fluido e consistente. A resistência enorme que se colocava

ao desenvolvimento do trabalho de análise de comportamentos até então deu lugar à

identificação de características relevantes e desenvolvimento de uma relação super

interessante, fundamentada sempre pelos dados.

Page 85: Análise de Processos e Produtividade das Operações

78

Foi sempre nítido que existiam características importantes que contribuíam para a

produtividade como o peso ou o volume das caixas, também era preocupação do gestor

operacional o facto de existirem pessoas da sua confiança que quando distribuíam menos

caixas por loja não recebiam o prémio adicional. Mas não era clara a forma de corrigir estas

injustiças.

Quando finalmente foram agregadas as caixas por loja em intervalos e se estabeleceu

uma regressão linear, pareceu nítido que quanto mais caixas o operador deixasse numa palete

(loja) mais caixas deveria distribuir numa mesma hora.

Veio então todo o trabalho histórico de novo, deveria ser identificada a evolução desta

relação ao longo do tempo, para provar que era relevante e sustentada. A aplicação do modelo

revelou que o número mínimo de caixas distribuídas exigido a um operador que tinha deixado

uma caixa em cada palete do layout é de 176 caixas por hora e que por cada caixa a mais

deve ser exigida a distribuição de 93 caixas adicionais numa hora.

As preocupações de generalização e adaptabilidade a outros armazéns, levaram a

recolher alguns dados de outros armazéns, para concluir que o modelo iria variar consoante o

armazém. A ordenada para 1 caixa por loja dita a eficiência do layout, o declive da recta foi um

ponto que não se conseguiu solucionar por não existirem dados suficientes e os poucos casos

verificados poderem estar influenciados pela incorrecta medição de produtividade actual. Por

isso, neste ponto o trabalho não teceu considerações mas apenas deixou sugestões de

acompanhamento.

As possíveis implementações do trabalho por parte da empresa, estão identificadas e

desenvolvidas na secção 4.3.5. Dependem do interesse da empresa e devem ser combinadas

da melhor forma.

Como já foi falado, estes estudos de produtividade não são comuns nas operações, por

existirem um enorme número de prioridades na optimização de processos, no entanto a

crescente necessidade de realização por parte dos funcionários e a dependência da satisfação

para o sucesso das empresas, deve estimular estudos futuros nesta área relevante.

No caso real da Jerónimo Martins, a empresa deve passar a medir as suas operações

de acordo com as novas considerações, e monitorizar possíveis alterações. Uma pequena

observação do mesmo tipo de actividade no armazém stock, revelou a mesma regressão, mas

menos significativa. Se for do interesse da empresa, esta aplicação a outros armazéns pode

ser feita, mas deve ser seguida com cuidado, de forma a identificar características diferentes

que possam intervir no modelo.

Page 86: Análise de Processos e Produtividade das Operações

79

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Page 88: Análise de Processos e Produtividade das Operações

81

Anexos

1. Glossário

Para ajudar o leitor deste trabalho, a compreender desde as definições em uso

apresenta-se de seguida um glossário dividido em três áreas de actuação: armazém,

operações e produção, para além de conceitos mais transversais.

- Armazém

- buffer – espaço de armazenamento temporário

- layout – disposição física do espaço de trabalho.

- picking – carregar produtos

- rack (bastidor) – estante

- shelf – prateleira

- slot – espaço

- slot of picking – espaço de rés-de-chão que permite carregar produtos

- Operações (por ordem de fluxo)

- Receiving (Recepção) – receber o produto, verificar qualidade e despachar para a

arrumação.

- Storage (Arrumação) – arrumar o produto, normalmente num espaço da prateleira.

- Letdown (Abaixamento) – o inverso de arrumação, consiste em retirar de um

determinado espaço de prateleira e colocá-lo num espaço de execução ou numa

doca para expedição.

- Mixing (Execução) – consiste nas actividades de combinação de produtos em

paletes

- Shipping (Expedição) – colocar as ordens nas respectivas docas para serem

carregadas nos meios de transporte. Pode incluir o carregamento.

- Produção

- Just-in-Time (JIT) – Metodologia Pull, pressupõe a produção em função da procura,

por encomendas.

- Lead-time – tempo de entrega.

- MRP (Material Requirements Planning ) - Processo que determina as necessidades

de materiais e planeamento da operação.

- Stock – Metodologia Push, pressupõe produzir para inventário, de acordo com

previsões a longo prazo.

- CRM (Customer Relationship Management) - Uma combinação integrada de ferramentas que

permitem gerir todo o contacto com clientes.

Page 89: Análise de Processos e Produtividade das Operações

82

- DPH - Detergentes e Produtos de Higiene.

- GPS (Global Positioning System) - Sistema de navegação por satélites baseado em sinais de

rádio sincronizados emitidos por satélite.

- SCOR (Supply Chain Operations Reference) – Modelo internacional de referência que define a cadeia logística independentemente do tipo de negócio.

Page 90: Análise de Processos e Produtividade das Operações

83

2. Lojas PD e FN agrupadas por ondas e ordenadas por volumes (Parte 1)

Onda Código Insignia Nome da Loja Volume Vendas MM Paletes 1 412 PD PD-LINDA-A-VELHA II cat3 200 1 843 PD PD-OLIVAIS III cat3 176 1 1211 FN FN-VENDA NOVA cat3 160 1 428 PD PD-MASSAMA cat3 149 1 832 PD PD-DAMAIA cat3 146 1 834 PD PD-ODIVELAS cat2 146 1 1214 FN FN-LOURES cat2 137 1 475 PD PD-QUEIJAS cat3 136 1 1229 FN FN-ALVERCA cat1 116 1 1215 FN FN-POV S ADRIAO cat2 113 1 1110 FN FN-ODIVELAS cat1 112 1 417 PD PD-CARNAXIDE cat1 88 1 461 PD PD-BOBADELA cat1 85 1 408 PD PD-COLINA DO SOL cat1 80 1 1103 FN FN-BARREIRO cat1 78 1 806 PD PD-SASSOEIROS cat2 77 1 1106 FN FN-SINTRA cat1 77 1 1109 FN FN-BELA VISTA cat1 76 1 1105 FN FN-TELHEIRAS cat1 75 2 1201 FN FN-EVORA cat3 157 2 850 PD PD-ALBUFEIRA cat2 148 2 443 PD PD-BEJA II cat2 148 2 853 PD PD-LAGOS cat3 142 2 851 PD PD-TAVIRA cat3 134 2 837 PD PD-OLHAO cat2 127 2 844 PD PD-FARO 2 cat2 116 2 856 PD PD-PORTIMAO cat1 112 2 857 PD PD-PORTIMAO II cat2 109 2 858 PD PD-ARMAÇ PERA cat1 108 2 406 PD PD-EVORA II cat2 106 2 1213 FN FN-FARO cat1 106 2 827 PD PD-FARO 1 cat1 101 2 306 PD PD-CAST. BRANCO cat2 100 2 855 PD PD-LOULE cat2 98 2 433 PD PD-ESTREMOZ cat2 94 2 1226 FN FN-PENHA cat1 91 2 404 PD PD-PORTALEGRE cat2 91 2 405 PD PD-BEJA cat1 89 3 810 PD PD-SETUBAL cat3 209 3 411 PD PD-AGUALVA cat2 189 3 453 PD PD-GRACA cat3 184 3 427 PD PD-PAIVAS cat3 183 3 440 PD PD-TOMAS RIBEIRO cat3 178 3 446 PD PD-SETUBAL II cat2 173

Page 91: Análise de Processos e Produtividade das Operações

84

2. Lojas PD e FN agrupadas por ondas e ordenadas por volumes (Parte 2)

3 425 PD PD-QUELUZ cat2 164 3 415 PD PD-MARINHA GRDE cat2 162 3 469 PD PD-SANTARÉM cat2 160 3 430 PD PD-RINCHOA cat3 159 3 441 PD PD-DUQUE AVILA cat3 158 3 439 PD PD-ALFRAGIDE cat2 154 3 444 PD PD-MIRAFLORES cat3 152 3 458 PD PD-FONTE NOVA cat2 152 3 1208 FN FN-ABRANTES cat2 151 3 414 PD PD-ALMADA II cat3 151 3 835 PD PD-OEIRAS cat3 146 3 1202 FN FN-SANTAREM cat3 144 3 432 PD PD-RIO MAIOR cat3 140 3 822 PD PD-ALMIRAN REIS cat2 137 3 825 PD PD-BENFICA cat2 135 3 852 PD PD-FEIJO cat2 134 3 450 PD PD-PRAGAL cat2 133 3 420 PD PD-PINHAL NOVO cat2 133 3 845 PD PD- CORUCHE cat2 129 3 468 PD PD-ENTRONCAMEN cat2 124 3 438 PD PD-RESTELO cat2 123 3 836 PD PD-OLAIAS cat2 121 3 352 PD PD-COIMBRA I cat2 120 3 301 PD PD-POMBAL cat2 118 3 463 PD PD-SAMOR CORREIA cat1 118 3 326 PD PD-F DA FOZ I cat1 115 3 449 PD PD-BARREIRO cat2 114 3 854 PD PD-SACAVEM cat2 114 3 1212 FN FN-C. RAINHA cat2 113 3 464 PD PD-PENICHE cat2 112 3 626 PD PD-F DA FOZ II cat2 112 3 448 PD PD-FATIMA cat2 112 3 354 PD PD-LEIRIA cat2 110 3 409 PD PD-OBIDOS cat1 109 3 828 PD PD-FERREIRA BORGES cat2 105 3 419 PD PD-QUELUZ II cat1 101 3 323 PD PD-COIMBRA II cat1 97 3 312 PD PD-COIMBRA III cat1 95 3 401 PD PD-LAPA cat2 95 3 476 PD PD-REBOLEIRA cat1 90 3 407 PD PD-MASSAMA II cat1 86 3 1222 FN FN-PONTE DE SÔR cat1 83 3 319 PD PD-LEIRIA II cat1 79 3 318 PD PD-SERTÃ cat1 79 3 1232 FN FN-TORRES NOVAS cat2 69 3 859 PD PD-SESIMBRA cat2 66

Page 92: Análise de Processos e Produtividade das Operações

85

2. Lojas PD e FN agrupadas por Ondas e ordenadas por Volumes (Parte 3)

4 813 PD PD-CARCAVELOS II cat3 201 4 812 PD PD-SERRA DA MIRA cat3 196 4 820 PD PD-ALAPRAIA cat3 196 4 842 PD PD-TORR VEDRAS cat2 193 4 454 PD PD-CAMPOLIDE cat3 187 4 811 PD PD-CAMP SANTANA cat3 185 4 802 PD PD-5 OUTUBRO cat3 185 4 435 PD PD-SAO MARCOS cat3 177 4 455 PD PD-LUMIAR cat3 174 4 451 PD PD-1. DEZEMBRO cat2 173 4 447 PD PD-ALVIDE cat3 173 4 815 PD PD-OURIQUE cat3 172 4 821 PD PD-ALGES cat3 170 4 413 PD PD-CACEM cat3 168 4 814 PD PD-CARLOS MARDEL cat3 167 4 431 PD PD-V FRANCA XIRA cat3 167 4 801 PD PD-EST UN. AMERICA cat2 158 4 823 PD PD-MOURA cat2 154 4 436 PD PD-EST DA LUZ cat3 150 4 459 PD PD-ALCANTARA cat3 148 4 803 PD PD-CON SABUGOSA cat3 148 4 824 PD PD-AMADORA cat3 147 4 838 PD PD-OLIVAIS II cat2 147 4 480 PD PD-PARQ. EUROPA cat3 142 4 479 PD PD-PORTELA AZOIA cat2 142 4 416 PD PD-REBEL-CARCAV cat3 140 4 429 PD PD-ALVERCA cat2 139 4 478 PD PD-JOAO SARAIVA cat2 139 4 804 PD PD-PAREDE cat2 137 4 442 PD PD-FRANCIS METRASS cat3 136 4 422 PD PD-CASCAIS-VILA cat3 134 4 457 PD PD-SAO BENTO cat2 132 4 829 PD PD-GEMINI cat1 129 4 437 PD PD-AV PARIS cat1 121 4 841 PD PD-SINTRA cat1 120 4 481 PD PD-BOA HORA cat2 119 4 477 PD PD-MEM MARTINS cat1 119 4 424 PD PD-ALTO BARRA cat2 118 4 445 PD PD-SACAVEM 2 cat2 114 4 434 PD PD-CARCAVELOS cat1 113 4 826 PD PD-CASCAIS cat2 111 4 809 PD PD-COZ CENT OLIVAIS cat1 109 4 839 PD PD-PACO ARCOS cat3 106 4 402 PD PD-CALDAS RAINHA II cat1 98 4 465 PD PD-MAFRA cat1 97 4 462 PD PD-MEM MARTINS 2 cat1 95 4 460 PD PD-POVO STA IRIA cat2 92 4 840 PD PD-TÁGIDES PARK cat1 75

Page 93: Análise de Processos e Produtividade das Operações

86

3 – Aplicação da Regressão Linear ao Armazém Stock

3.1 – Definição de clusters

Abaixamento Exec.

Artigo

Exec.Artigo

BP

Exec.CC_St

ock_1/2pal

Exec.Cont.Co

mpleto

Exec.Loja

Pal

Exec.Pilha

BPesado C

lust

er

Freq % Frq % Frq % Frq % Freq % Freq %

Fre

q %

1 1241 99,4 0 , 0 ,0 0 ,0 0 ,0% 0 , 0 ,0

2 7 ,6 13 100, 1 100,0 136 100,0 0 ,0% 265 7,8 71 100,

3 0 ,0 0 , 0 ,0 0 ,0 1282 100,0 0 , 0 ,0

4 0 ,0 0 , 0 ,0 0 ,0 0 ,0 3144 92, 0 ,0

T 1248 100, 13 100, 1 100,0 136 100,0 1282 100,0 3409 100, 71 100,

Cluster:

1 – Azul (Abaixamento)

2 – Verde ( Todos)

3 – Cinza (Contentor Completo)

4 – Roxo ( Execução Loja)

3.2 – Distribuição de casos de 1 a 5 umc/acção

umc_accao5,004,003,002,001,000,00

300,00

200,00

100,00

0,00

65*(x-1) + 50

umc_hr

CubicQuadraticLogarithmicLinearObserved

Cluster Size

4321

TwoStep Cluster Number

Page 94: Análise de Processos e Produtividade das Operações

87

3.3 – Distribuição de casos de 1 a 3 umc/acção

umc_accao3,002,502,001,501,00

300,00

200,00

100,00

0,00

umc_hr

CubicQuadraticLogarithmicLinearObserved

3.4 – Sumário do Modelo e Estimação de Parâmetros para domínio de 1 a 3 umc/acção

Model Summary and Parameter Estimates Dependent Variable: umc_hr

Equation Model Summary Parameter Estimates

R^2 F df1 df2 Sig. Constant b1 b2 b3 Linear ,096 650,863 1 6152 ,000 72,828 19,840 Quadratic ,109 377,903 2 6151 ,000 30,379 58,571 -8,338 Cubic ,112 257,602 3 6150 ,000 -12,117 114,722 -31,646 3,012

The independent variable is umc_accao.