Análise de risco baseado no cash flow at risk

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS ESCOLA DE NEGÓCIOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPAD MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO CLÁUDIO SÉRGIO MOREIRA ANÁLISE DE RISCO BASEADO NO CASH FLOW AT RISK: UM ESTUDO EMPÍRICO DO EDITAL 003/2007 DE CONCESSÃO DA RODOVIA BR-101 LOTE 7 – TRECHO CURITIBA A FLORIANÓPOLIS CURITIBA - PR 2009

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

ESCOLA DE NEGÓCIOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPAD

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

CLÁUDIO SÉRGIO MOREIRA

ANÁLISE DE RISCO BASEADO NO CASH FLOW AT RISK: UM ESTUDO EMPÍRICO DO EDITAL 003/2007 DE CONCESSÃO DA RODOVIA BR-101

LOTE 7 – TRECHO CURITIBA A FLORIANÓPOLIS

CURITIBA - PR 2009

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CLÁUDIO SÉRGIO MOREIRA

ANÁLISE DE RISCO BASEADO NO CASH FLOW AT RISK: UM ESTUDO EMPÍRICO DO EDITAL 003/2007 DE CONCESSÃO DA RODOVIA BR-101

LOTE 7 – TRECHO CURITIBA A FLORIANÓPOLIS

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração, área de concentração em Administração Estratégica. Orientador: Prof. Dr. Wesley Vieira da Silva Co-orientador: Prof. Dr. Alceu Souza

CURITIBA - PR 2009

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Dados da Catalogação na Publicação Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR Biblioteca Central

Moreira, Cláudio Sérgio M838a Análise de risco baseado no cash flow at risk : um estudo empírico do edital 2009 003/2007 de concessão da Rodovia BR-101 lote 7 – trecho Curitiba a Florianópolis / Cláudio Sérgio Moreira ; orientador, Wesley Vieira da Silva ; co-orientador, Alceu Souza. -- 2009. 168 f. : il. ; 30 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2009 Inclui bibliografia: p. 159-164 1. Administração financeira. 2. Fluxo de caixa. 3. Rodovia Translitorânea - Pedágio e tarifas. 4. Concessões administrativas. I. Silva, Wesley Vieira da. II. Souza, Alceu. III. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana. IV. Título. CDD 20. ed. – 658.15

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Dedico este trabalho à Rhona, minha

esposa amada, que soube me

compreender, apoiar e pacientemente

esperar, enquanto eu caminhava nesta

nova jornada da minha vida acadêmica.

A mente que se abre a uma nova idéia jamais

voltará ao seu tamanho original.

Albert Einsten

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AGRADECIMENTOS

Formalizo meus agradecimentos ao Prof. Dr. Wesley Vieira da Silva que com

sabedoria e profissionalismo conduziu magnificamente os trabalhos de orientação

desta dissertação. Sou imensamente grato pelo seu apoio e por acreditar na minha

capacidade.

Agradeço ao Prof. Dr. Alceu Souza, pelos seus préstimos na coorientação

desta pesquisa, pois com sua larga experiência em finanças e sabedoria teve

importante contribuição nos trabalhos desenvolvidos.

Aos demais professores do corpo docente do programa de mestrado em

administração que souberam conduzir com maestria as aulas e os trabalhos

propostos e que certamente foram os grandes responsáveis pela minha formação

como um pesquisador. Agradecimento especial aos professores: PhD. Luiz Carlos

Duclós, a quem sou grato, pela sua especial dedicação prestada nos trabalhos de

orientação na construção de artigos científicos; e Dr. Lauro Brito de Almeida, pelas

importantes contribuições realizadas ainda na oportunidade da defesa de banca de

qualificação deste trabalho.

Agradeço às secretárias do PPAD que, com presteza e simpatia, sempre

executaram os serviços de secretaria com qualidade, fazendo com que as

comunicações, materiais e toda logística funcionasse normalmente.

Agradeço à reitoria e ao corpo docente da UNERJ que me incentivaram e

apoiaram nesta jornada acadêmica. Agradeço também aos professores e amigos da

UNIVILLE, que me incentivaram a participar deste programa de Mestrado. As

secretárias do PQD da UNIVILLE que souberam conduzir muito bem a logística do

curso integrada à secretaria do PPAD da PUCPR.

Agradeço ainda a diretoria e funcionários e amigos das empresas INFRASUL

e FREITAS ASSESSORIA pelo apoio e incentivo que me deram nos momentos em

que precisei abdicar ao trabalho em função dos estudos.

Finalmente, agradeço a minha esposa Rhona, meus filhos, Thiago e Mayara,

aos meus pais, Valmor e Erondina e ao meu irmão, Paulo e família, pelo

incondicional e entusiasmado apoio que me ofertaram, impelindo-me à conclusão do

Mestrado, mesmo à custa da subtração de preciosas horas de nosso convívio

familiar.

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RESUMO

Esta pesquisa é um estudo empírico, dedicado à análise de risco baseado no Cash Flow at Risk, do Edital 003/2007, de concessão da Rodovia BR-101, Lote 7, Trecho Curitiba a Florianópolis. A gestão de riscos financeiros em empresas não financeiras tem-se apoiado em métodos como a Simulação de Monte Carlo e a técnica de Análise de Cenários, aliados às métricas financeiras: Cash Flow at Risk, Value at Risk, TIR, VPL, Pay-back, ROIA, ROI, ROA, EVA, IBC, entre outras, com a finalidade de mensurar a probabilidade de perda financeira em projetos. O edital de concessão rodoviária 003/2007 da ANTT apresenta os Estudos Indicativos para a formulação da Tarifa Básica de Pedágio Máxima, que pode ser aceita no leilão público, que aconteceu em outubro/2007. Assim, o objetivo desta pesquisa é mensurar a probabilidade de perdas financeiras, a partir do estudo das demonstrações de resultado e do fluxo de caixa propostos pelo edital 003/2007. Com o objetivo de mensurar os indicadores associados à rentabilidade, agregação de valor e de risco é proposto um modelo conceitual. O modelo conceitual, aplicado às projeções financeiras em planilha Excel, por meio da técnica de análise de cenários e do método da Simulação de Monte Carlo, resultou nos indicadores financeiros tabulados com nível de confiança de aproximadamente 95%. O horizonte de tempo da concessão da rodovia BR-101, Lote 7 é de 25 anos e apresenta os resultados originais para os seguintes indicadores: (a) TIR: 8,82% ao ano; (b) TMA: 6% ao ano; (c) ROIA: 2,91% ao ano; (d) VPL do fluxo de caixa: R$ 266.255 mil; (e) VPL do fluxo de lucro líquido: R$ 746.438 mil; (f) Pay-back: 19 anos. Os resultados obtidos para este negócio, com o nível de confiança de 95%, no pior cenário simulado, constituído pela redução do fluxo de tráfego em 15% e pelo aumento da TMA em 2%, são iguais ou maiores que: (a) TIR: 7,01% ao ano; (b) TMA: 8% ao ano; (c) ROIA: -1,37% ao ano; (d) VPL do fluxo de caixa: - R$ 76.603 mil; (e) VPL do fluxo de lucro líquido: R$ 468.109 mil; (f) Pay-back: maior que 25 anos; (g) EaR: - R$ 278.329 mil; e (h) CFaR: - R$ 342.858 mil. Palavras-chave: Cash Flow at Risk; Earning at Risk; ROIA; VPL; TIR; Concessão de Rodovias; Simulação de Monte Carlo; gestão de riscos.

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ABSTRACT

This current research is an empirical study, aiming the risk analysis based on the Cash Flow at Risk, Issuance 003/2007, concession of the Highway BR-101, Batch 7, route from Curitiba to Florianópolis. The financial risk management in non-financial companies, has been supported by methods such as the Monte Carlo Simulation and the Scenario Analysis technique, allied with the financial metrics: Cash Flow at Risk, Value at Risk, TIR, VPL, Pay-back, ROIA, ROI, ROA, EVA, IBC, among others, aiming to measure the probability of financial losses in projects. The highway concession issuance 03/2007 from ANTT, introduces the Indicative Studies, for the formulation of the Maximum Basic Toll Fare, which can be accepted on the public auction happened in October/2007. Therefore, the objective of this research is to measure the probability of financial losses, from the result demonstrations study and the cash flow proposed by the issuance 03/2007. Aiming to measure the indicators associated with the profitability, value and risk aggregation, a conceptual model is proposed. The conceptual model, applied to the financial projections in Excel sheet, making use of the scenario analysis technique and the Monte Carlo Simulation method, resulted the financial indicators established with a 95% trust level. The time line for the highway BR-101 concession, Batch 7 is 25 years and shows the original results for the following indicators: (a) TIR: 8,82% year; (b) TMA: 6% year; (c) ROIA: 2,91% year; (d) VPL from the cash flow: R$ 266,225 thousand; (e) VPL from the net profit flow: R$ 746,438 thousand; (f) Pay-back: 19 years. The results obtained for this business, with the trust level of 95%, at the worst simulated scenario, constituted by the traffic level reduction in 15% and by the raise of the TMA in 2%, are the same or greater than: (a) TIR: 7,01% year; (b) TMA: 8% year; (c) ROIA: -1,37% year; (d) VPL from the cash flow: -R$ 76,603 thousand; (e) VPL from the net profit flow: R$ 468,109 thousand; (f) Pay-back: greater than 25 years; (g) EaR: -R$ 278,329 thousand; and (h) CFaR: -R$ 343,858 thousand. Key-words: Cash Flow at Risk; Earning at Risk; ROIA; VPL; TIR; Highway Concession; Monte Carlo Simulation; risk management.

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 – Cálculo do Ganho Adicional..................................................................34

Equação 2 – Cálculo do VPL......................................................................................36

Equação 3 – Cálculo da TIR.......................................................................................38

Equação 4 – Cálculo do ROIA....................................................................................41

Equação 5 – Cálculo do ROI......................................................................................42

Equação 6 – Cálculo do RSPL...................................................................................43

Equação 7 – Cálculo do MAF.....................................................................................43

Equação 8 – Cálculo Alternativo do RSPL.................................................................43

Equação 9 – Cálculo do Pay-back Time....................................................................46

Equação 10 – Cálculo do Ponto de Fisher.................................................................49

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ilustração do Público Potencial Interessado na Pesquisa.........................24

Figura 2 – Localização dos Lotes Objeto do Leilão Público da ANTT.......................26

Figura 3 – Valor do VPL em Função da Taxa de Desconto e da TIR........................36

Figura 4 – Esquema para o cálculo do ROIA.............................................................41

Figura 5 – Relação TMA e TIR...................................................................................47

Figura 6 – Ponto de Fisher (11,98%) com Limite Para a Variabilidade da TMA........48 Figura 7 – Método Direto versus Indireto para Formulação da DFC..........................50

Figura 8 – Risco Específico versus Risco de Mercado..............................................58 Figura 9 – A Administração Financeira Moderna.......................................................61 Figura 10 – Distribuição de Probabilidade do Retorno...............................................62 Figura 11 – Fluxograma dos Cenários Alternativos...................................................97 Figura 12 - VPL em função da variação do fluxo de tráfego em -15%.....................110

Figura 13 – VPL em função da variação do fluxo de tráfego em +15%...................111

Figura 14 – VPL em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%......112

Figura 15 – VPL em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15%......112

Figura 16 – VPL em função da variação dos custos e desp. operac. em -15%.......113

Figura 17 – VPL em função da variação dos custos e desp. operac. em +15%......114

Figura 18 – VPL em função da variação dos investimentos em -15%.....................114

Figura 19 – VPL em função da variação dos investimentos em +15%....................115

Figura 20 – TIR em função da variação do fluxo de tráfego em -15%.....................117

Figura 21 – TIR em função da variação do fluxo de tráfego em +15%....................118

Figura 22 – TIR em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%........118

Figura 23 – TIR em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15%.......119

Figura 24 – TIR em função da variação dos custos e desp. operac. em -15%........120

Figura 25 – TIR em função da variação dos custos e desp. operac. em +15%.......120

Figura 26 – TIR em função da variação dos investimentos em -15%......................121

Figura 27 – TIR em função da variação dos investimentos em +15%.....................122

Figura 28 – ROIA em função da variação do fluxo de tráfego em -15%..................124

Figura 29 – ROIA em função da variação do fluxo de tráfego em +15%.................124

Figura 30 – ROIA em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%.....125

Figura 31 – ROIA em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15%....126

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Figura 32 – ROIA em função da variação dos custos e desp. operac. em +15%....127

Figura 33 – ROIA em função da variação dos custos e desp. operac. em -15%.....127

Figura 34 – ROIA em função da variação dos investimentos em +15%..................128

Figura 35 – ROIA em função da variação dos investimentos em -15%...................129

Figura 36 – Resultados dos Fluxos de Caixa Acumulados......................................131

Figura 37 – CFaR em função da variação da TMA..................................................134

Figura 38 – Resultados dos Lucros Acumulados.....................................................136

Figura 39 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação do Fluxo

de Tráfego em +15%................................................................................................137

Figura 40 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação do Fluxo

de Tráfego em -15%.................................................................................................137

Figura 41 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação da Tarifa Básica

de Pedágio em +15%...............................................................................................138

Figura 42 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação dos Custos e

Despesas Operacionais em +15%...........................................................................139

Figura 43 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação dos Custos e

Despesas Operacionais em -15%............................................................................140

Figura 44 – EaR em função da variação da TMA....................................................143

Figura 45 – Pay-back descontada a TMA................................................................144

Figura 46 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15%

com TMA de 4% ao ano...........................................................................................146

Figura 47 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15%

com TMA de 6% ao ano...........................................................................................146 Figura 48 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15%

com TMA de 8% ao ano...........................................................................................147 Figura 49 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15%

com TMA de 4% ao ano...........................................................................................148

Figura 50 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15%

com TMA de 6% ao ano...........................................................................................148 Figura 51 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15%

com TMA de 8% ao ano...........................................................................................149

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Resultado do Leilão Público ANTT – Lote 7............................................27

Quadro 2 – Resultado do Leilão Público ANTT..........................................................28 Quadro 3 – Demonstração do Cálculo do EVA..........................................................45 Quadro 4 – Modelo da DFC do Edital 3 ANTT (2007)................................................52

Quadro 5 – Modelo da DRE do Edital 3 ANTT (2007)...............................................52

Quadro 6 – Ajustes para obtenção do Fluxo de Caixa...............................................55

Quadro 7 – Paradigmas na Gestão de Riscos...........................................................73

Quadro 8 – Sumário Metodológico das Etapas da Pesquisa.....................................89 Quadro 9 – Lotes Objeto do Leilão Público da ANTT – 2ª. Etapa............................101 Quadro 10 – Modelo da DFC da ANTT....................................................................104

Quadro 11 – Modelo Proposto da DFC....................................................................105

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores estimados para o VPL...............................................................109

Tabela 2 – Valores estimados para a TIR................................................................116 Tabela 3 – Valores estimados para o ROIA.............................................................123 Tabela 4 – Valores estimados para o VPL dos Fluxos de Caixa.............................132

Tabela 5 – Valores estimados para o CFaR ...........................................................133

Tabela 6 – Valores estimados para o VPL dos Lucros Líquidos..............................140

Tabela 7 – Valores estimados para o EaR ..............................................................142 Tabela 8 – Valores estimados para o pay-back.......................................................145

Tabela 9 – Indicadores Associados à Rentabilidade, à Agregação de Valor

e de Risco.................................................................................................................152

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LISTA DE SIGLAS

ABCR - Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias

ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres

BACEN - Banco Central do Brasil

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BOVESPA – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo

BSC - Balanced Scorecard

CDI – Certificado de Depósito Interbancário

CFaR - Cash Flow at Risk

COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa

DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte

DRE – Demonstração do Resultado do Exercício

EaR - Earnings at Risk

EVA – Economic Value Added

FED - Federal Reserve Bank

IBC – Índice Benefício versus Custo

IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica

ISDA - International Swap and Derivatives Association

ISS – Imposto sobre Serviço

MAF – Multiplicador de Alavancagem Financeira

PER – Programa de Exploração da Rodovia

PIB – Produto Interno Bruto

PIS – Programa de Integração Social

PRF - Polícia Rodoviária Federal

RDT - Recursos de Desenvolvimento Tecnológico

ROA – Return on Active

ROE – Return on Equity

ROI – Return on Investiment

ROIA – Retorno Adicional sobre o Investimento

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RSA – Retorno sobre o Ativo

RSI – Retorno sobre o Investimento

RSPL – Retorno sobre o Patrimônio Líquido

SEC - Securities and Exchange Commission

SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia

SMC – Simulação de Monte Carlo

SPE – Sociedade de Propósitos Específicos

TR – Taxa Referencial

TBF – Taxa Básica Financeira

TBP – Tarifa Básica de Pedágio

TIR – Taxa Interna de Retorno

TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo

TMA – Taxa Mínima de Atratividade

VaR – Value at Risk

VEA – Valor Econômico Adicionado

VP – Valor Presente

VPL – Valor Presente Líquido

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................18 1.1 CONTEXTO..........................................................................................................18

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA................................................................................21

1.3 OBJETIVOS.........................................................................................................22

1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................23 1.3.2 Objetivos Específicos.....................................................................................23

1.4 JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA............................................................23

1.5 DELIMITAÇÃO DO TEMA....................................................................................26

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................28

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA...........................................................30

2.1 APRESENTAÇÃO................................................................................................30

2.2 MÉTRICAS DE RENTABILIDADE E RISCOS.....................................................32

2.2.1 Indicadores Associados à Rentabilidade.....................................................33

2.2.1.1 A Taxa Mínima de Atratividade......................................................................34

2.2.1.2 O Valor Presente Líquido...............................................................................35

2.2.1.3 A Taxa Interna de Retorno.............................................................................37

2.2.1.4 O Índice Benefício/Custo................................................................................40

2.2.1.5 O Índice ROIA................................................................................................40 2.2.2 Indicadores Associados à Criação de Valor.................................................41

2.2.2.1 O Retorno sobre o Investimento.....................................................................42

2.2.2.2 O Retorno sobre o Patrimônio Líquido...........................................................42

2.2.2.3 O Valor Econômico Adicionado......................................................................43

2.2.3 Indicadores Associados ao Risco.................................................................45

2.2.3.1 O Método do Pay-back Time..........................................................................45

2.2.3.2 A Taxa Interna de Retorno.............................................................................46

2.2.3.3 O Ponto de Fisher..........................................................................................48

2.3 OS COMPONENTES DO FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO.......................49

2.4 TIPOLOGIAS SOBRE OS RISCOS.....................................................................55

2.5 MÉTRICA Value at Risk.......................................................................................60

2.5.1 A Métrica VaR Regulatório………………………………………………………..62

2.5.2 Utilização do Value at Risk.............................................................................63

Page 17: Análise de risco baseado no cash flow at risk

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2.5.3 A Metodologia CorporateMetrics……………………………………………..…64

2.5.3.1 Earnings at Risk…………….…………………………………………………......66

2.6 MÉTRICA Cash Flow at Risk...............................................................................67

2.7 MÉTODOS PARA MENSURAÇÃO DO VaR, EaR e CFaR.................................69

2.8 AS LIMITAÇÕES DO VaR, EaR e CFaR.............................................................72

2.8.1 Riscos de Evento e de Estabilidade..............................................................73 2.8.2 Risco de Transição..........................................................................................73 2.8.3 Mudança de Posições.....................................................................................74 2.8.4 Posições Problemáticas.................................................................................74 2.8.5 Riscos de Modelo............................................................................................74 2.8.6 O Risco de Forma Funcional..........................................................................75 2.8.7 O Risco de Parâmetro.....................................................................................75 2.8.8 O Risco de Exploração de Dados..................................................................75 2.8.9 O Risco de Sobrevivência..............................................................................76 2.9 ANÁLISE DE CENÁRIOS COMO ARCABOUÇO DA FORMULAÇÃO DE

ESTRATÉGIA.............................................................................................................77

2.10 A TÉCNICA DE SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO...........................................79

2.11 CONTRATOS DE CONCESSÃO E PARCERIA PÚPLICO-PRIVADA – PPP...80

3 METODOLOGIA.....................................................................................................85

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA........................................................................85

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA...................................................................86

3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS...........................................................90

3.4 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS A SEREM ESTUDADAS.....................................91

3.5 PERGUNTAS DE PESQUISA..............................................................................98 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.....................................................100

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS...............................................................100 4.2 ANÁLISE CRÍTICA DO MODELO DFC DA ANTT.............................................103

4.3 CENÁRIOS ALTERNATIVOS CONSIDERADOS..............................................105

4.3.1 O Cenário mais provável..............................................................................106 4.3.2 O Cenário otimista.........................................................................................107 4.3.3 O Cenário pessimista....................................................................................107

4.4 ESTIMATIVA DOS INDICADORES ASSOCIADOS À RENTABILIDADE, À

CRIAÇÃO DE VALOR E DE RISCO........................................................................109

4.4.1 Mensuração do Valor Presente Líquido (VPL)............................................109

Page 18: Análise de risco baseado no cash flow at risk

18

4.4.2 Mensuração da Taxa Interna de Retorno (TIR)...........................................116

4.4.3 Mensuração do Retorno Adicional sobre o Investimento (ROIA).............122 4.4.4 Mensuração do Cash Flow at Risk (CFaR)..................................................130 4.4.5 Mensuração do Earning at Risk (EaR).........................................................135 4.4.6 Mensuração do Pay-back.............................................................................144

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO......................................................150

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS............153 REFERÊNCIAS........................................................................................................159 APÊNDICES.............................................................................................................165 APÊNDICE A – Fluxo de Tráfego Projetado no Cenário mais Provável APÊNDICE B – Demonstrativo de Resultado do Exercício Projetado no Cenário mais Provável APÊNDICE C – Demonstrativo do Fluxo de Caixa Projetado no Cenário mais Provável

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1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa é orientada à contribuição do conhecimento em análise de

risco financeiro em empresas não financeiras. Destina-se àqueles que têm se

dedicado ao estudo de concessão de rodovias no Brasil, sejam eles, investidores,

financiadores, analistas de mercado, órgãos reguladores ou pesquisadores. Nesse

sentido, o objetivo é contribuir por meio da aplicação da métrica Value at Risk ao

caso da concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR –

BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de

concessão 003/2007 da ANTT.

Neste capítulo, é apresentada uma visão geral do que foi desenvolvido ao

longo da pesquisa, sendo estruturado em seis tópicos que podem ser sumarizados

assim: 1.1 refere-se à apresentação do contexto; a seção 1.2 trata do problema de

pesquisa; a seção 1.3 refere-se à definição do objetivo geral e dos objetivos

específicos; na seção 1.4 busca-se apresentar as justificativas teórica e prática; a

seção 1.5 trata da delimitação do tema e a seção 1.6 conclui o capítulo 1 com a

apresentação da estrutura da dissertação.

1.1 CONTEXTO

Nos últimos anos o Brasil vem adotando de forma crescente o modelo de

concessão de serviços públicos já empregados na Europa, Estados Unidos, na Ásia,

na África e até mesmo na América Latina há muito tempo. Os serviços ofertados

pelo Governo à iniciativa privada vão desde a concessão de portos, aeroportos,

ferrovias, rodovias, tratamento de água, esgoto e lixo, fornecimento de energia e

serviço de telefonia dentre outros.

No que diz respeito aos contratos de concessões rodoviárias, o objetivo

principal geralmente faz referência à duplicação, melhoria, conservação e operação

de estradas, mediante a cobrança de pedágio.

O edital de concorrência proposto pelo órgão público há de apresentar a

viabilidade econômica e financeira do contrato, dada à necessidade de

Page 20: Análise de risco baseado no cash flow at risk

20

investimentos quase sempre imediatos, verificados também ao longo do contrato,

envolvendo ainda custos de operação, pagamento de impostos, despesas

operacionais, despesas financeiras entre outros gastos.

Para que haja viabilidade econômica e financeira, todos estes gastos devem

ser suportados pela receita de pedágio que tem por objetivo ainda remunerar os

recursos aportados pelos investidores. Do ponto de vista da gestão de caixa, há

implicação de financiamentos para fazer frente aos investimentos e necessidade de

capital de giro.

A equação econômica e financeira debruça-se, então, sobre o trinômio (1)

Receita de Pedágio, (2) Custos, Despesas e Impostos e (3) Investimentos. Alia-se a

essa equação econômica e financeira o fator risco, em que se procura trazer

respostas contundentes por meio da aplicação do Cash Flow at Risk - CFaR.

O CFaR vem cumprir papel importante, como ferramenta para gestão de

riscos se aplicado adequadamente a instituições não financeiras. Sua função é

apontar o menor nível de caixa esperado, para um determinado horizonte de tempo

sob uma condição de probabilidade de ocorrência. Jorion (2008), nesse sentido

afirma que é de suma importância para os gestores de empresas, que se tenha uma

visão completa dos riscos gerais da organização e que isso é possível por meio de

um sistema de gestão aplicada.

Esses riscos, quando identificados e mensurados, podem melhorar em muito

a performance da empresa. Ao mesmo tempo em que uma concessionária de

rodovias, assume a condição de cobrar pedágio e realizar as obras de melhorias,

ampliação e manutenção das rodovias passa também a assumir riscos não

percebidos anteriormente, que dizem respeito principalmente à operação da rodovia.

Assim, administrar o fluxo de caixa sob uma condição de investimento em grande

escala e a ser realizado num curto prazo de tempo, que certamente influenciará em

melhores condições de tráfego para os usuários da rodovia torna-se uma tarefa

árdua.

O dimensionamento do fluxo de tráfego e dos investimentos a serem

realizados nas rodovias definirá boa parte da espinha dorsal do contrato de

concessão rodoviária, pois deste dimensionamento agregado a mais alguns outros

fatores, não menos importantes, será ofertada a tarifa de pedágio a ser praticada

pela empresa concessionária. Todos esses fatores deverão ser cuidadosamente

estudados, pois exercem influência direta sobre a rentabilidade do contrato e

Page 21: Análise de risco baseado no cash flow at risk

21

principalmente sobre o ponto a ser estudado nesta pesquisa: o comportamento do

fluxo de caixa da empresa.

A variabilidade possível desses fatores influenciadores tornará a

compreensão dos resultados – lucro e caixa, esperados para o contrato de

concessão uma condição essencial para a tomada de decisão. Por meio do CFaR,

que é uma métrica derivada do VaR – Value at Risk, ou simplesmente valor em

risco, será possível colaborar na gestão de riscos da empresa concessionária de

rodovias.

O risco de forma geral pode ser entendido como os “perigos” que podem

causar perdas de forma direta ou indireta a algum empreendimento ou negócio.

Notadamente, que o risco é percebido de forma diferente por diferentes pessoas.

Assim, sua percepção deve ser mensurada, segundo uma metodologia e

interpretada, com a finalidade de minimizar os impactos negativos observados.

Enquanto já se percebe uma certa conscientização geral por parte dos

gestores de empresas sobre riscos como incêndio, explosão, inundação, acidentes,

saúde e outros dessa natureza, pouco ainda tem se implantado na administração de

empresas sobre riscos financeiros. É certo que os esforços no sentido de avaliar

projetos e negócios sob a ótica da rentabilidade evoluíram muito desde a era

industrial até os dias de hoje. Contudo, é notável o vácuo existente na atribuição de

estudos dedicados à gestão de riscos financeiros neste mesmo sentido.

Esta preocupação sob gestão de riscos financeiros é mais recente. Segundo

Jorion (2008):

O VaR entrou em cena em 1994, depois de uma série de desastres com derivativos, amplamente debatida na imprensa. Foi a partir de então, que a indústria financeira reconheceu a necessidade de utilizar um instrumento abrangente e de fácil aceitabilidade para mensurar risco de mercado.

No caso de concessões rodoviárias muitas empresas do ramo de construção

pesada, dedicadas quase que exclusivamente à atividade de construção de rodovias

licitadas por órgãos públicos, mostraram-se como sendo as primeiras interessadas a

tornarem-se concessionárias de rodovias. Naturalmente que com o know-how que

elas detêm tornam-se empresas muito mais capacitadas a avaliar projetos de

engenharia construtiva e os riscos inerentes a esta atividade do que qualquer outra

empresa que se mostre interessada a ingressar nesse ramo. A novidade para as

Page 22: Análise de risco baseado no cash flow at risk

22

empresas de engenharia está na questão: como avaliar negócios de longo prazo sob

ótica do retorno versus investimento, pois até então os contratos ofertados pelo

governo eram contratos de empreitada de obras e serviços.

Esses novos contratos de concessão rodoviária surgiram no Brasil

embrionariamente em meados da década de 90 e mais recentemente se alastraram

por vários estados brasileiros. Empresas de engenharia e outros braços financeiros

se uniram para aliar diferentes experiências e recursos para fazer frente a esta nova

realidade. O governo incapacitado de administrar a malha viária no campo nacional

resolveu por entregar à iniciativa privada essa tarefa. As experiências e recursos da

iniciativa privada uniram-se na busca da melhor composição para essa oportunidade

de negócio e muitos estudos de viabilidade econômica e financeira foram formatados

para os mais diversos trechos de rodovias.

Na maioria das vezes, esses estudos foram formatados sobre a base da

engenharia econômica tradicional, debruçados nos conceitos clássicos da Taxa

Interna de Retorno – TIR, do Valor Presente Líquido – VPL, do Pay-back Time –

prazo de retorno do investimento e outros indicadores dessa ordem.

No entanto, pouco se desenvolveu no sentido da avaliação de riscos, quando

muito foram aplicados aos estudos o coeficiente beta setorial, na mensuração do

risco do negócio para formulação da taxa de desconto na aplicação do VPL.

Assim, essa pesquisa dedica-se a experimentar a aplicação da métrica CFaR

a um contrato de concessão rodoviária, como demonstração de sua importância na

avaliação de riscos financeiros a empresas não financeiras, implicando

necessariamente a melhoria da gestão dos negócios, uma vez que seus resultados

deverão convergir para ações a serem apontadas no sentido de se minimizar os

riscos observados.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

O ambiente de gestão das instituições financeiras vem exigindo cada vez

mais ferramentas que tendem a apresentar condições mais eficientes na gestão de

risco. Esta afirmação é válida também para o setor público, quando se trata de

contratos de concessões de serviços públicos ofertados à iniciativa privada. Nesse

Page 23: Análise de risco baseado no cash flow at risk

23

sentido, afirmam Hill e Dinsdale (2003) que:

A gestão eficaz de riscos é crucial para o serviço público; a capacidade de tomar decisões corretas em relação a políticas, programas e serviços, em ambiente caracterizado por incertezas, é fundamental. Cada vez mais o setor público, tem sido forçado a tomar decisões difíceis sobre riscos de saúde, riscos ambientais, riscos ao bem-estar econômico, riscos tecnológicos e riscos envolvidos na prestação de serviços, entre vários outros. As responsabilidades e deveres do governo em relação ao bem público exigem a adoção de práticas e estratégias eficazes de gestão de riscos.

A concessão de serviços públicos à iniciativa privada foi uma decisão da

UNIÃO no Brasil, que tem por objetivo a recuperação, operação e conservação de

rodovias. A cobrança de pedágio vem proporcionar à iniciativa privada uma forma de

tornar atrativo o negócio concessão. Contudo, para que isso ocorra é necessário

garantir que as concessionárias sejam remuneradas adequadamente: uma

remuneração suficiente para gerar um retorno normal sobre o capital, acrescido de

uma compensação para o risco do investimento, segundo Oliveira (2001).

Não bastasse o problema rentabilidade em função do risco, há ainda de se

ponderar a questão liquidez. Dada a necessidade da concessionária fazer frente a

grandes investimentos na recuperação, conservação e operação das rodovias, a

administração do caixa torna a atividade financeira ainda mais árdua. Nesse

contexto, surge a pergunta de pesquisa, a qual esta pesquisa busca responder:

Qual a influência, calculada a partir do CFaR (Cash Flow at Risk) e provocada

pelas variações dos riscos de mercado, sobre os resultados esperados nos estudos

de viabilidade econômica e financeira no caso da concessão para exploração da

Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba –

Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de concessão 003/2007 da ANTT?

1.3 OBJETIVOS

São os objetivos que norteiam o pesquisador no processo de abordagem da

pesquisa. É por meio dos objetivos que pode seguir uma coerência no procedimento

do estudo e da análise dos resultados finais. Os objetivos desta pesquisa foram

divididos em geral e específicos a seguir:

Page 24: Análise de risco baseado no cash flow at risk

24

1.3.1 Objetivo Geral

Mensurar o impacto dos riscos de mercado no fluxo de caixa projetado nos

Estudos Indicativos do Edital 003/2007 da ANTT, objeto do Lote 7 de concessão

para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC

– Curitiba – Florianópolis, por meio da métrica Cash Flow at Risk.

1.3.2 Objetivos Específicos

Visando atingir ao objetivo geral, os objetivos específicos podem ser

sumarizados da seguinte forma:

a) Identificar as variáveis “riscos de mercado” relevantes para o

projeto de concessão de rodovias;

b) Identificar os parâmetros operacionais para projeção do fluxo

de caixa e da demonstração de resultados;

c) Mensurar os valores dos indicadores de rentabilidade e de

risco do projeto de concessão;

d) Analisar as variações dos indicadores de rentabilidade e de

risco em diferentes cenários.

1.4 JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA

O tema é de interesse principalmente da área financeira e está voltado à

gestão de riscos, servindo como ferramenta básica para tomada de decisão em

investimentos no setor de concessão rodoviária. Tem por objetivo alcançar os

profissionais envolvidos neste tema, bem como investidores e agentes financiadores.

Busca ainda ofertar aos profissionais do setor público responsáveis pela elaboração

de editais de concorrência pública rodoviária, uma ferramenta de análise de riscos

Page 25: Análise de risco baseado no cash flow at risk

25

estratégicos de mercado que implicam as condições previstas na proposta de

licitação por meio do CFaR.

A pesquisa é desenvolvida considerando-se a formulação de três cenários

alternativos para a empresa concessionária de rodovias: cenário otimista; cenário

mais provável e cenário pessimista. Os cenários são construídos utilizando-se a

variação das premissas adotadas no edital de concorrência pública.

A justificativa para realização deste trabalho de pesquisa é demonstrar como

a aplicação do CFaR nos editais de concorrência pública de concessão de serviços

rodoviários pode fornecer subsídios para a tomada de decisão. Além disso, busca-se

atender aos interesses potenciais de diversos elementos com diferentes

perspectivas, conforme ilustrado na Figura 1: da ANTT como órgão regulador,

promotor do leilão público e representante da UNIÃO como poder concedente; do

DNIT como órgão vinculado ao Ministério dos Transportes responsável pela

administração e desenvolvimento de estradas de rodagem; da empresa

concessionária; dos financiadores; dos investidores; da Bolsa de Valores; da CVM;

das associações de classe, aqui representada pela ABCR – Associação Brasileira de

Concessionárias de Rodovias; e ainda das Instituições de Ensino e Pesquisa como

fonte de contribuição para a área de gestão estratégica de riscos financeiros em

empresas não financeiras. Essa pesquisa torna isso possível por meio da análise de

risco financeiro, agregada às já consagradas ferramentas de análise de viabilidade

econômica e financeira.

Figura 1 – Ilustração do Público Potencial Interessado na Pesquisa

Page 26: Análise de risco baseado no cash flow at risk

26

É notável que os órgãos governamentais, no papel de “poder concedente”, no

que diz respeito aos contratos de concessão rodoviária, têm sua preocupação

centrada nas decisões do aspecto técnico. A engenharia é o berço da maioria dos

profissionais que atuam nos departamentos desses órgãos. A relação histórica

observada com a iniciativa privada se dá no âmbito da concorrência pública de

preços para realização de obras e serviços.

Neste contexto, geralmente, três pressupostos básicos constituem fatores de

sucesso para se vencer uma licitação: capacidade técnica (curriculum da empresa),

capacidade financeira (balanço patrimonial e índices financeiros) e oferta do menor

preço.

No caso da licitação pública para concessão de serviços rodoviários, não se

trata apenas de um contrato de prestação de serviços e obras. É, antes de tudo, um

negócio duradouro amparado em contratos com duração entre 20 e 50 anos.

Envolve investimentos para a operação, manutenção e conservação da rodovia.

Geralmente, implica a tomada de financiamentos. Ainda se faz necessária a

constituição de uma empresa com finalidade específica (SPE – Sociedade com

Propósito Específico) para realização do objeto licitado.

No Brasil, houve grande aprendizado nos últimos dez anos a esse respeito,

que já conta com contratos de concessão rodoviária numerosos em funcionamento.

No entanto, ainda há muito a ser desenvolvido neste campo, pois as relações de

diferentes interesses em torno desse negócio tornam as decisões estratégicas cada

vez mais difíceis e carentes de instrumentos que ajudem a minimizar os erros e a

maximizar os resultados. Assim, torna-se importante contribuir cientificamente com

um estudo que venha a consolidar a literatura já existente, com fulcro no

mapeamento empírico dos riscos que exercem impacto no negócio analisado, dentro

dos moldes estatisticamente reconhecidos. Nesse contexto, a pesquisa procura contribuir efetivamente tanto no meio

acadêmico, quanto no meio organizacional. Academicamente busca-se revisar a

literatura existente na área de finanças e agregar um modelo apropriado no âmbito

das concessões rodoviárias. No meio organizacional, procura-se proporcionar aos

gestores ou candidatos a se tornarem concessionários uma visão mais consistente

sobre as métricas que avaliam os riscos decorrentes dos fluxos de caixa gerados

pelos contratos de concessão rodoviária, de modo que possam tomar suas decisões

estratégicas de maneira mais consistente. Ainda, por extensão, ofertar ao órgão

Page 27: Análise de risco baseado no cash flow at risk

27

público candidato a se tornar “poder concedente” uma ferramenta consistente para

analisar previamente o edital de concorrência que se pretenda lançar ao mercado.

1.5 DELIMITAÇÃO DO TEMA

A pesquisa é desenvolvida considerando-se o edital 003/2007 de

concorrência pública de concessão de rodovias, Lote 7, datado de 16/08/2007,

lançado pela ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. O edital tem por

objetivo: (...) selecionar, por meio de Leilão Público, a pessoa jurídica ou Consórcio de empresas a qual será outorgada a Concessão para exploração da infra-estrutura e da prestação de serviços públicos e obras, abrangendo a execução dos serviços de recuperação, manutenção, monitoração, conservação, operação, ampliação, melhorias e exploração, conforme apresentado no Programa de Exploração da Rodovia – PER, do Lote Rodoviário abaixo discriminado: LOTE 7 RODOVIA: BR-116/376/PR – BR-101/SC TRECHO: Curitiba – Florianópolis EXTENSÃO: 382,30 km

Dentre os lotes leiloados na segunda etapa do Programa de Concessões

Rodoviárias da ANTT, foi escolhido para a realização desta pesquisa o Lote 7 que

compreende o trecho da BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba –

Florianópolis. Para melhor localização dos 7 lotes leiloados e do lote escolhido a

Figura 2 demonstra a situação geográfica no mapa de cada trecho citado.

Figura 2 – Localização dos lotes do Leilão Público da ANTT

Fonte: Editais da ANTT (2007)

Page 28: Análise de risco baseado no cash flow at risk

28

A empresa vencedora do leilão público do Lote 7 foi a OHL representada pela

corretora Ágora. A empresa espanhola OHL consagrou-se vencedora do leilão

público do Lote 7 com o lance de R$ 1,028, pois apresentou a menor tarifa de

pedágio ofertada para esse lote. Frente à tarifa de pedágio máxima – R$ 2,754,

permitida no edital da ANTT para Lote 7, o lance da OHL evidenciou um deságio de

62,67%. Vale ressaltar que dos 7 lotes leiloados o Lote 7 foi o que apresentou maior

procura dentre as empresas interessadas com 17 lances realizados. O resultado do

Leilão Público para o Lote 7 está apresentado no Quadro 1.

Código Corretora / Participante Valor do Lance (R$) (%) Deságio

39 ÁGORA SENIOR CTVM S.A. OHL 1,028 62,67

78 SANTANDER BRASIL S.A. CTVM CONSÓRCIO BRVIAS 1,450 47,34

147 ATIVA S.A. CTCV CONSÓRCIO PR/SC 1,610 41,53

21 VOTORANTIM CTVM LTDA CONSÓRCIO BERTIN EQUIPAV 1,797 34,74

181 MUNDINVEST S.A. CCVM CONSÓRCIO COWAN CBM 1,948 29,26

23 CONCORDIA S.A. CVMCC COPEL 1,950 29,19

45 CREDIT SUISSE BRASIL S.A. CTVM TPI TRIUNFO PARTICIPAÇÕES 1,951 29,15

13 MERRILL LYNCH S.A. CTVM OIICNO 1,954 29,04

74 COINVALORES CCVM LTDA. GALVÃO-ALUSA 1,971 28,43

70 HSBC CTVM S.A. CONSÓRCIO ISOLUX 2,065 25,01

177 SOLIDUS S.A. CCVM BOLOGNESI 2,147 22,04

129 PLANNER CV S.A CONSÓRCIO COPARCO 2,150 21,93

57 BRASCAN S.A. CTV CONSÓRCIO RODOVIAS BRASILEIRAS 2,340 15,03

85 UBS PACTUAL CTVM S.A. CCR 2,367 14,05

228 UNIBANCO INVESTSHOP CVMC S.A. PRIMAV ECORODOVIAS 2,449 11,07

10 SPINELLI S.A. CVMC CONSÓRCIO ALPHA-FEDERAIS 2,534 7,98

76 FINABANK CCTVM LTDA CONSÓRCIO AB-VIAS 2,603 5,48

Quadro 1 – Resultado do Leilão Público ANTT – Lote 7

Fonte: ANTT (2007)

Page 29: Análise de risco baseado no cash flow at risk

29

O deságio de 62,67% foi um dos maiores deságios registrados dentre todos

os lotes ofertados em leilão pela ANTT e constitui entre outras razões, uma boa

razão para estudar a fundo a viabilidade do negócio Concessão Rodoviária,

especificamente para o trecho da BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba –

Florianópolis. Vale ainda ressaltar que a empresa OHL venceu 5 dos 7 lotes

leiloados pela ANTT nesta segunda etapa do programa de concessão de rodovias

federais, conforme é demonstrado no Quadro 2.

Lote Corretora Empresa Vencedora Quantidade de Lances

Valor do Lance (R$)

(%) Deságio

1 SANTANDER CONSÓRCIO BRVIAS 10 2,450 39,99 2 ÁGORA OHL 10 2,540 39,35 3 INDUSVAL CONSÓRCIO ACCIONA 3 2,940 27,17 4 ÁGORA OHL 8 2,258 40,95 5 ÁGORA OHL 15 0,997 65,42 6 ÁGORA OHL 13 1,364 49,19 7 ÁGORA OHL 17 1,028 62,67

Quadro 2 – Resultado do Leilão Público ANTT

Fonte: ANTT (2008)

Vale ainda ressaltar que os lotes 5 e 7 foram os mais concorridos

apresentando maior número de empresas participantes, computando 15 e 17 lances

respectivamente. Além disso, registrou os maiores deságios nas propostas

vencedoras, com 65,42% e 62,67%, respectivamente.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta pesquisa encontra-se estruturada em cinco capítulos que podem ser

sumarizados tais como se encontram descritos a seguir:

O capítulo 1 refere-se à Introdução e é composto por seis seções que tratam

das seguintes temáticas: A seção 1.1 refere-se à apresentação do contexto; a seção

1.2 trata do problema de pesquisa; a seção 1.3 refere-se à definição do objetivo

geral e dos objetivos específicos; na seção 1.4 busca-se apresentar as justificativas

teórica e prática; a seção 1.5 trata da delimitação do tema e a seção 1.6 conclui o

capítulo 1 com a apresentação da estrutura da dissertação.

Page 30: Análise de risco baseado no cash flow at risk

30

O capítulo 2 trata da Fundamentação Teórico-Empírica e é composto por sete

seções. A seção 2.1 faz a apresentação do capítulo; a seção 2.2 demonstra as

métricas de rentabilidade e riscos usuais em um projeto de viabilidade econômico-

financeira; a seção 2.3 enfoca alguns aspectos relacionados aos riscos de

investimentos; a seção 2.4 trata da métrica Value at Risk (VaR); a seção 2.5 refere-

se à métrica Cash Flow at Risk (CFaR); na seção 2.6 busca-se demonstrar os

métodos para mensuração do Var, Ear e CFaR; e a seção 2.7 conclui o capítulo 2

tratando das limitações do VaR, EaR e CFaR.

O capítulo 3 refere-se à Metodologia da pesquisa utilizada neste trabalho e

está dividido em cinco tópicos. A seção 3.1 trata do Delineamento de Pesquisa; A

seção 3.2 trata da Caracterização da Pesquisa; a seção 3.3 é reservada para a

Descrição da Coleta e Tratamento dos Dados; a seção 3.4 trata de Definição das

Variáveis a Serem Estudadas e a seção 3.5 conclui este capítulo com as Perguntas

de Pesquisa.

O capítulo 4 está reservado para a apresentação e análise dos dados

coletados para a realização deste trabalho de pesquisa.

O capítulo 5 conclui a dissertação com as considerações finais e as

recomendações para a elaboração de pesquisas futuras.

Page 31: Análise de risco baseado no cash flow at risk

31

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA

Este capítulo do trabalho trata da revisão teórico-empírica elaborada com o

objetivo de dar suporte científico aos conceitos adotados, sendo estruturado em oito

seções que podem ser sumarizadas assim: A seção 2.1. faz a apresentação do

capítulo; a seção 2.2. demonstra as métricas de rentabilidade e riscos usuais em um

projeto de viabilidade econômico-financeira; a seção 2.3. enfoca alguns aspectos

relacionados aos riscos de investimentos; a seção 2.4. trata da gestão de riscos; a

seção 2.5. refere-se às estratégias empresariais; a seção 2.6. trata da construção de

cenários; a seção 2.7. traz algumas considerações sobre a métrica Value at Risk -

Var; e a seção 2.8 conclui o capítulo 2 tratando da métrica Cash Flow at Risk -

CFaR.

2.1 APRESENTAÇÃO

O gerenciamento de riscos é um assunto que assume papel relevante no

ambiente das instituições não financeiras. A despeito da importância crescente do

assunto, o CFaR sugere um modelo capaz de informar a probabilidade de uma

empresa observar certo fluxo de caixa numa data futura “T” - Fluxo de Caixa em

Risco ou Cash Flow at Risk. Notadamente, os riscos podem ser gerenciados e,

assim, estimá-los pode se tornar uma tarefa muito difícil.

Uma vez que as empresas decidam qual caminho seguir, alguns riscos

podem ser determinados. Dessa maneira, parece sensato procurar trilhar por

caminhos que sugerem menor grau de risco. No entanto, esta opção não deve

comprometer a rentabilidade de um negócio a ponto de torná-lo inviável ou

desinteressante aos olhos do investidor.

Ao comparar os retornos proporcionados que diferentes graus de risco

evidenciam, o investidor pode optar por uma situação em que o retorno seja mais

interessante para se investir e não obrigatoriamente pela opção que oferece menor

grau de risco.

Comenta Jorion (2008) que o risco pode ser definido, de modo geral, como a

Page 32: Análise de risco baseado no cash flow at risk

32

incerteza em relação a resultados. Normalmente, sua compreensão está relacionada

ao conceito de probabilidade. As origens da palavra risco remontam ao latim

resecare, que significa cortar separando. Seu significado original, portanto, vinha da

noção de perigo que os navegantes tinham ao passar por rochas perigosas e

pontiagudas.

Para Levin e Fox (2004) a probabilidade é a pedra angular da tomada de

decisão – o processo de testar hipóteses por meio da análise de dados. O termo

probabilidade refere-se à possibilidade relativa da ocorrência de um resultado ou

evento arbitrário, isto é, a probabilidade associada a um evento é o número de vezes

que ele pode ocorrer em relação ao número total de vezes que qualquer evento

pode ocorrer.

De forma geral, a medição da probabilidade de um risco acontecer pode ser

considerada uma informação muito importante para a tomada de decisão do

investidor, que além de se preocupar com o retorno desse investimento, precisa

conhecer os riscos que implicam esta decisão. De muitas maneiras podem ser

avaliados os projetos de investimentos e as empresas não financeiras. Dentre as

formas clássicas de se avaliar uma empresa não financeira estão as seguintes

metodologias citadas por Martins (2001):

• Avaliação Patrimonial Contábil,

• Avaliação Patrimonial pelo Mercado;

• Avaliação pelo Valor Presente dos Dividendos;

• Avaliação dos múltiplos de faturamento;

• Avaliação dos múltiplos de fluxo de caixa;

• Avaliação baseada em índices bursáteis;

• Avaliação baseada no EVA;

• Avaliação pelo método do Fluxo de Caixa Descontado.

Essas metodologias procuram trazer à tona a resposta para uma pergunta

simples, porém, de resposta não tão simples de se obter. Quanto vale a empresa

analisada? Alguns desses métodos são resumidos em fórmulas com poucas

variáveis. Outros levam em consideração o passado para prever o futuro. E os mais

complexos são elaborados a partir de modelos, que são submetidos a cenários e

Page 33: Análise de risco baseado no cash flow at risk

33

testes de variação de mercado. Assim, os financistas buscam formas de valorizar

uma empresa cada qual com um conceito, que busca em suma, traduzir ao

investidor qual o sacrifício financeiro que deve ser realizado no presente, em troca

de benefícios futuros no negócio adquirido, cuja relação demonstre uma vantagem

por se fazer esta opção.

Nos contratos de concessão de rodovias, com prazos geralmente variando

entre 20 a 50 anos de concessão, a primeira tarefa para avaliação de lucratividade

da empresa concessionária consiste em comparar valores monetários diferidos no

tempo. Dado que as receitas e os gastos da concessão não são perfeitamente

conhecidos no momento da assinatura do contrato, isso faz com que o contrato seja

de risco. Usualmente, o risco é percebido como um custo adicional por parte dos

investidores, conforme comenta Oliveira (2001).

2.2 MÉTRICAS DE RENTABILIDADE E RISCOS

Na busca do entendimento da relação risco e retorno tem-se utilizado a Teoria

de Finanças. As métricas de rentabilidade e de riscos procuram responder à

seguinte questão: Quais benefícios futuros poderão ser obtidos a partir de um

sacrifício presente efetuado? Nesse sentido, Souza e Clemente (2008) afirmam que:

Um investimento, para a empresa, é um desembolso feito visando gerar um fluxo de benefícios futuros, usualmente superior a um ano. A lógica subjacente é a de que somente se justificam sacrifícios presentes se houver perspectiva de recebimentos futuros.

As principais técnicas de análise de investimento que vêm sendo comumente

utilizadas para isso, entre outras, são:

• A Taxa Interna de Retorno – TIR;

• O Valor Presente Líquido – VPL; e

• O Pay-back Time.

Page 34: Análise de risco baseado no cash flow at risk

34

Para Souza e Clemente (2008) e Samanez (2007), os indicadores de

avaliação de projetos podem ser assim divididos:

• Indicadores associados à rentabilidade: Taxa Mínima de

Atratividade – TMA; Valor Presente Líquido – VPL; Taxa

Interna de Retorno – TIR; o Índice Benefício / Custo – IBC;

e o ROIA – Retorno Adicional sobre o Investimento.

• Indicadores associados à criação de valor: Retorno sobre o

Investimento – RSI ou Return on Investiment - ROI; Retorno

sobre o Ativo – RSA ou Return on Active - ROA; Retorno

sobre o Patrimônio Líquido – RSPL ou Return on Equity

ROE; e o Valor Econômico Adicionado – VEA ou EVA –

Economic Value Added;

• Indicadores associados ao risco do projeto: Pay-back Time

– período de recuperação do capital investido; TIR – Taxa

Interna de Retorno; coeficiente Beta; e o Ponto de Fischer.

Os três grupos supracitados visam identificar, analisar e selecionar as

oportunidades de investimento de capital, sendo que se encontram intimamente

associados ao se escolher as diferentes alternativas de investimentos em função dos

recursos limitados disponíveis. Os indicadores desses três grupos são

subsequentemente detalhados.

2.2.1 Indicadores Associados à Rentabilidade

Os indicadores associados à rentabilidade buscam explicar qual é o benefício

que se espera ou que se terá frente ao investimento efetuado. De forma geral,

buscam explicar a rentabilidade de um projeto ou empreendimento confrontando o

lucro obtido num período determinado de tempo comparado com os capitais

investidos no negócio com a finalidade de gerar este lucro.

Page 35: Análise de risco baseado no cash flow at risk

35

Brigham e Houston (1999) afirmam que:

A rentabilidade é o resultado líquido de uma série de políticas e decisões... Os Índices de Rentabilidade é um grupo de índices que mostra os efeitos combinados da liquidez, da gestão de ativos e do endividamento sobre os resultados operacionais.

Nas subseções a seguir encontra-se um breve resumo sobre os indicadores

associados à rentabilidade de investimentos, mais comumente reportados na

literatura de análise de investimentos.

2.2.1.1 A Taxa Mínima de Atratividade

A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) na metodologia multi-índice proposta

por Souza e Clemente (2008) é representada pela remuneração dos títulos de baixo

risco. A TMA pode ser representada no Brasil por taxas como: a TBF – Taxa Básica

Financeira; a TR – Taxa Referencial; a TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo; o CDI

– Certificado de Depósito Interbancário; e a Taxa SELIC – Taxa do Sistema Especial

de Liquidação e Custódia.

A proposição de Souza e Clemente (2008) é que se use como TMA a melhor

taxa, com baixo grau de risco, disponível para aplicação do capital em análise.

Dessa forma, a rentabilidade obtida considerará como ganho apenas o excedente

sobre aquilo que já se tem, isto é, o que será obtido além da aplicação do capital à

TMA, conforme é demonstrado na Equação (1).

TMARGa −= (1)

Em que:

Ga: Ganho adicional

R: Rentabilidade obtida

TMA: Taxa Mínima de Atratividade

Esse conceito, desde há muito, tempo é defendido na literatura e denomina-

se lucro residual ou ganho adicional.

Page 36: Análise de risco baseado no cash flow at risk

36

2.2.1.2 O Valor Presente Líquido

Casarotto e Kopittke (2007) afirmam que o método do Valor Presente consiste

em descontar o fluxo de caixa do projeto de investimento utilizando a taxa da TMA.

O resultado obtido dessa operação deve ser somado ao investimento inicial.

Puccini (2001) definiu que o Valor Presente (VP) de um fluxo de caixa é o

Valor Monetário do ponto zero da escala de tempo, que é equivalente à soma de

suas parcelas futuras, descontadas para o ponto zero, com uma determinada taxa

de juros.

Para Bruni e Famá (2003) o VPL, em caso de projetos de investimento, em

que é feito um desembolso inicial com o objetivo do recebimento de uma série de

fluxos de caixa futuros, representa os recebimentos futuros trazidos e somados na

data zero, subtraído do investimento inicial. Quando o VPL é maior que zero, esse

fato indica que os fluxos futuros trazidos e somados a valor presente superam o

investimento inicial. Logo, o investimento deveria ser aceito, concluem Bruni e Famá

(2003). Assim, eles propuseram os seguintes critérios:

I. Se o VPL for maior que zero, o projeto deve ser aceito;

II. Se o VPL for igual a zero, torna-se indiferente aceitar ou não

o projeto;

III. Se o VPL for menor que zero, o projeto não deve ser aceito.

Pilão e Hummel (2006) comentam que em termos de análise serão

consideradas interessantes as alternativas de ação cujos Valores Atuais sejam

positivos ou nulos, sendo tanto mais interessante quanto maior for o VA positivo.

Nesse caso, o VA comentado pelos autores equivale ao conceito de VPL. O VA

positivo representará a quantidade de dinheiro que teremos ganho, em dinheiro de

hoje, além da expectativa. (PILÃO; HUMMEL, 2006).

Souza e Clemente (2008) consideram o método do VPL uma técnica robusta

e a mais conhecida e utilizada em análise de investimentos. Demonstram que se o

VPL for maior que zero, indica que o projeto merece continuar sendo analisado. Isso

porque para os referidos autores, essa condição não é suficiente para saber se um

projeto é atrativo ou não. Souza e Clemente (2008) afirmam que tudo que se sabe,

Page 37: Análise de risco baseado no cash flow at risk

37

nesse ponto, é que o fluxo esperado de benefícios deve superar os investimentos e

que para saber se esse valor é suficiente para atrair o investidor, é necessário

recorrer a outros indicadores. O cálculo do VPL pode ser obtido a partir da Equação

(2):

n

n

1n0

)i1(CFnCFVPL+

+−= ∑=

(2)

Em que:

CF0: Valor do Investimento inicial;

CFn: Valor esperado do fluxo de caixa para os n períodos;

i: Taxa de desconto - pode ser considerada a TMA.

Para Samanez (2007), o objetivo maior do VPL é encontrar alternativas de

investimentos que valham mais do que custam para os patrocinadores, ou seja,

alternativas que tenham um VPL positivo.

O VPL tende a zero à medida que a taxa de desconto se aproxima da Taxa

Interna de Retorno – TIR, como é demonstrado na Figura 3.

Figura 3 – Valor do VPL em função da Taxa de Desconto e da TIR

Fonte: Souza e Clemente (2008)

Assim, é correto afirmar que quanto maior a distância entre a taxa de

desconto e a TIR, maior também é o valor esperado para o VPL. Se a taxa de

desconto for menor que a TIR, o VPL será positivo. Se a taxa de desconto for maior

Page 38: Análise de risco baseado no cash flow at risk

38

que a TIR, o VPL será negativo. Se o VPL for positivo indica que o projeto analisado

terá retorno e poderá ser recomendado. Se o valor do VPL for negativo, o projeto

não deve ser recomendado, pois o retorno esperado pela taxa de desconto supera a

TIR. Essas afirmativas, todavia, são tão somente possíveis, quando se analisa um

projeto isoladamente pelo método do VPL.

2.2.1.3 A Taxa Interna de Retorno

Segundo Pilão e Hummel (2006), o método da Taxa Interna de Retorno (TIR)

é aquele que permite encontrar a remuneração do investimento em termos

percentuais. Os autores afirmam que encontrar a TIR de um investimento é o

mesmo que encontrar sua potência máxima, o percentual exato de remuneração que

o investimento oferece. A TIR representa o valor do custo de capital que torna o VPL

nulo. Corresponde, portanto, a uma taxa que remunera o valor investido no projeto.

Bruni e Fama (2003) comentam que quando a TIR for superior ao custo de capital do

projeto “k”, este deve ser aceito. Eles apresentam algumas conclusões sobre o

estudo da TIR:

I. durante o prazo de análise do projeto, todos os retornos gerados pelo projeto serão reinvestidos no valor da taxa interna de retorno; II. quando calculado com a taxa interna de retorno, o valor de todas as saídas é igual ao valor presente de todas as entradas do fluxo de caixa do projeto de investimento. III. a TIR mede a rentabilidade do projeto de investimento sobre a parte não amortizada do investimento, rentabilidade dos fundos que permanecem, ainda, internamente investidos no projeto.

A expressão algébrica para se encontrar a TIR é a mesma utilizada para se

encontrar o VPL. Todavia, a variável, neste caso, deixa de ser o VPL, que passa ser

um dado fornecido pelo problema como sendo o investimento inicial de um projeto e

a TIR representada pela variável taxa de desconto “i”. Bauer (1996) afirma a respeito

desta métrica que:

Page 39: Análise de risco baseado no cash flow at risk

39

Como não temos uma maneira de isolar a variável “i”, devemos substituir esta por uma taxa qualquer, fazendo o cálculo para sabermos se isto satisfaz a igualdade e, se não satisfez, atribuiremos outro valor à variável fazendo novamente o cálculo. Devemos fazer isto tantas vezes quantas forem necessárias para conseguir a igualdade. Para fazer este cálculo matematicamente, podemos recorrer ao processo da TENTATIVA e ERRO, ou, fazemos uma interpolação, normalmente a interpolação linear, a qual nos aproxima do resultado exato.

A expressão algébrica utilizada para o cálculo da TIR pode ser representada

conforme a Equação (3).

∑ ++−== n

n0

)TIR1(CFCF0VPL (3)

Em que:

CF0: Valor do Investimento;

CFn: Valor esperado do fluxo de caixa para os n períodos

TIR: Taxa Interna de Retorno.

Souza e Clemente (2008) afirmam que a TIR pode ser usada tanto para

analisar a dimensão retorno como também para analisar a dimensão risco. Para

eles, a TIR na análise da dimensão de retorno pode ser interpretada como um limite

superior para a rentabilidade de um projeto de investimento. Além disso, afirmam

ainda que essa informação só é relevante se, para o projeto em análise, não se

souber qual é o valor da Taxa Mínima de Atratividade (TMA).

Para os autores supracitados, um dos enganos mais comuns é referir-se a

TIR como a rentabilidade do projeto. Essa argumentação é feita, pois os autores

admitem que, por definição, a melhor alternativa de aplicação para os recursos

liberados pelo projeto é a TMA. Então, a TIR somente poderá ser considerada como

representativa da rentabilidade do projeto se houver uma coincidência de valores

entre as taxas, isto é, TIR igual à TMA.

Eder et al. (2004) faz uma demonstração de cálculos alternativos para a TIR

tradicional apresentando uma crítica sobre a superioridade dos métodos da TIRM

(Taxa Interna de Retorno Modificada). Os autores discutem a TIR do VPL, a TIRI

(TIR integrada), a TIRI’ (TIR integrada completa) e a TIRM (TIR modificada). Cada

Page 40: Análise de risco baseado no cash flow at risk

40

método de cálculo da TIR apresentou resultados diferentes, pois levam em

consideração premissas diferentes para a realização do cálculo. Nesse sentido, os

autores fazem uma ressalva:

Cada método tem uma lógica diferente de aplicação que se adapta melhor a uma realidade de empresa. Por exemplo, o método da TIR Integrada Completa serve a organizações que não possuem caixa próprio para custear seu projeto, utilizando financiamentos internos no momento em que o capital é necessário. Já os métodos da TIR Modificada e da TIR do VPL são voltados a empresas que fazem seu investimento a partir do capital próprio, o qual, usualmente, está disponível no orçamento desde o início do projeto. Os resultados numéricos são muito diferentes, motivo pelo qual os gestores devem utilizar apenas um deles para comparar todos os projetos de uma mesma carteira. Eder et al. (2004).

Balarine (2002) também traz uma contribuição no sentido de desvendar o

cálculo da TIR. Preocupado com evolução tecnológica aplicada de forma quase que

automática por analistas financeiros, ao se utilizarem de calculadoras financeiras e

planilhas eletrônicas, para análise de projetos de investimentos, o autor faz uma

revisão dos cálculos que estão por trás da TIR. O trabalho de Balarine (2002) revisa

a TIR a partir dos conceitos de matemática, levantando desde o teorema de

Pitágoras e o paradoxo de Zeno (490 a.C.), aos estudos de Isaac Newton (1643-

1727) e de Joseph Raphson (1648-1715). Desses estudos surgiu o método Newton-

Raphson, que emprega a chamada fórmula de recorrência, sendo utilizada para

calcular raízes reais de funções do tipo )(xfy = . O autor finaliza o trabalho

comentando que:

Julga-se, pois, que ao ser apresentada a solução para a TIR adotando o Método de Newton-Raphson seja obtido aprimoramento no cálculo, pelo rigorismo e pela exatidão que o método oferece em suas respostas. De outra parte, deve ser reconhecido que embora alcançada solução mais exata, a adoção do método não para superar uma séria restrição associada ao cálculo da TIR, representada pela geração de inúmeras taxas quando os fluxos de caixa apresentam inúmeras mudanças de sinais, dada a limitação matemática envolvida. (BALARINE,2002).

Page 41: Análise de risco baseado no cash flow at risk

41

2.2.1.4 O Índice Benefício/Custo

O Índice Benefício/Custo (IBC), segundo Souza e Clemente (2008), é

calculado a partir da divisão do Valor Presente do fluxo de benefícios pelo Valor

Presente do fluxo de Investimentos. A análise do IBC, para efeito de se aceitar ou

rejeitar um projeto de investimento, é análoga à do VPL. Se o VPL for maior que

zero, então, necessariamente, ter-se-á IBC maior que um. Se o IBC for maior que

um, indica que o projeto merece continuar sendo analisado.

O IBC visa, em parte, corrigir a deficiência do VPL que expressa o retorno em

valores absolutos. O IBC é um indicador relativo e mede a expectativa de retorno

para cada unidade de capital investida no projeto. O IBC representa a expectativa de

obter R$ X,00 em valores monetários de hoje, para cada R$ 1,00 investido no

projeto hoje. É importante observar que esse é um retorno além daquele que se

teria, se esse R$ 1,00 tivesse sido aplicado à TMA. O IBC igual a R$ X,00 também

pode ser interpretado como uma rentabilidade adicional de X% em “N” anos, além

daquela que o mercado financeiro pagaria. O IBC, assim como o VPL, não deve ser

usado para comparar projetos com horizontes de planejamento distintos, pois ele

mede a rentabilidade do projeto para todo o seu horizonte de planejamento.

2.2.1.5 O Índice ROIA

O ROIA – Retorno Adicional sobre o Investimento, segundo Souza e

Clemente (2008) é o indicador que melhor representa a estimativa de rentabilidade

para um projeto de investimento. É representado em forma percentual e traduz a

riqueza gerada pelo projeto para os investidores. A base de cálculo do ROIA é o

IBC. A Figura 4 demonstra o esquema para o cálculo do ROIA.

Page 42: Análise de risco baseado no cash flow at risk

42

IBC = 1,21089

anos0 1 2 3 … 9

-1 ROIA = i% = 2,15%ao ano

Figura 4 – Esquema para o cálculo do ROIA

Fonte: Souza e Clemente (2008)

O procedimento para o cálculo do ROIA se dá pela aplicação da Equação (4),

assim representada:

1PVFViROIA n −== (4)

Em que:

FV: Valor Futuro é representado pelo IBC;

PV: Valor Presente;

n: Período;

i: Taxa de Juros, representa o ROIA.

Para Souza e Clemente (2008), o ROIA representa a estimativa de ganho

num projeto adicional à TMA, por isso é a melhor estimativa de rentabilidade de um

projeto de investimento, pois proporciona ao investidor decidir se este ganho

adicional é suficiente ou não, como prêmio de risco que se pretende assumir ao se

decidir pelo investimento no projeto analisado.

2.2.2 Indicadores Associados à Criação de Valor

Os indicadores associados à criação de valor buscam indicar ao investidor

quanto o projeto ou negócio oferece de ganho sobre o capital investido.

Diferentemente dos indicadores de rentabilidade, os indicadores associados à

criação de valor evoluíram no sentido de melhor demonstrar os ganhos obtidos num

projeto, pois consideram algum parâmetro de comparação definido a priori. Tratam

Page 43: Análise de risco baseado no cash flow at risk

43

exclusivamente da remuneração do capital dos investidores e buscam medir quanto

de valor foi criado num determinado período de tempo em que o capital ficou

aplicado.

Nas subseções a seguir encontra-se um breve resumo sobre os indicadores

associados à Criação de Valor, mais comumente reportados na literatura de análise

de investimentos.

2.2.2.1 O Retorno sobre o Investimento

O Retorno sobre o Investimento (ROI) da expressão em inglês (Return on

Investiment) é considerado, por muitos financistas, como a melhor medida de

eficiência operacional. Segundo Hoji (2008), o ROI pode ser calculado a partir da

Equação (5).

ATLLROI = (5)

Em que:

ROI: Retorno sobre o investimento;

LL: Lucro líquido;

AT: Ativo total.

Hoji (2008) comenta ainda que:

Esse simples cálculo demonstra a importância de operar com valor mínimo de ativo, pois o aumento de margem líquida via aumento de receita líquida não é tarefa fácil em um mundo globalizado e competitivo.

Já para Brigham e Houston (1999), a mesma expressão algébrica utilizada

por Hoji (2008) é atribuída ao cálculo do RSA – Retorno sobre os Ativos.

Page 44: Análise de risco baseado no cash flow at risk

44

2.2.2.2 O Retorno sobre o Patrimônio Líquido

O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RSPL) mede o retorno obtido sobre o

investimento (ações preferenciais e ordinárias) dos proprietários da empresa,

conforme Brigham e Houston (1999). O RSPL é calculado por meio da Equação (6):

PLLLRSPL = (6)

Em que:

RSPL: Retorno sobre o patrimônio líquido;

LL: Lucro líquido;

PL: Patrimônio líquido.

A formação do RSPL pode ser explicada pela fórmula DuPont (BRIGHAM e

HOUSTON, 1999). O sistema Dupont permite à empresa decompor seu retorno em

dois componentes: Lucro sobre vendas e eficiência no uso dos ativos. A equação do

sistema DuPont relaciona a taxa de retorno sobre o ativo total – RSA à taxa de

retorno sobre o patrimônio líquido – RSPL. Esta relação se dá pela multiplicação do

RSA pelo MAF – Multiplicador de Alavancagem Financeira. O MAF, por sua vez,

pode ser calculado a partir da Equação (7):

PLATMAF = (7)

Em que:

MAF: Multiplicador de alavancagem financeira;

AT: Ativo total;

PL: Patrimônio líquido.

O MAF indica o quanto a empresa encontra-se alavancada financeiramente.

O menor índice calculado é 1 (um). Quanto maior for este índice, maior é o grau de

alavancagem financeira da empresa. Em outras palavras, maior é o endividamento.

Page 45: Análise de risco baseado no cash flow at risk

45

E, portanto, maior é o risco também. Essa afirmação se dá em função da fórmula

utilizada pelo sistema DuPont para cálculo do RSPL, obtida pela Equação (8):

MAFRSARSPL ×= (8)

Em que:

RSPL: Retorno sobre patrimônio líquido;

RSA: Retorno sobre ativo;

MAF: Multiplicador de alavancagem financeira.

Assim, a equação do sistema DuPont, sugere que: Quanto maior for o MAF,

maior será o RSPL. Todavia, maior também será o grau de alavancagem financeira

da empresa. E, assim, maior será o endividamento. Portanto, conclusivamente é

correto afirmar que maior também será o risco neste caso, conforme Brigham e

Houston (1999).

2.2.2.3 O Valor Econômico Adicionado

O Valor Econômico Adicionado (VEA) ou Economic Value Added (EVA),

refere-se ao lucro gerado, além do custo de capital. Para Young e O’Byrne (2003), a

principal diferença entre o EVA e as medidas de lucro convencionais é que o EVA é

um indicador de lucro “econômico”, ao contrário do lucro “contábil”.

Baseia-se na idéia de que um negócio, para gerar o que os economistas chamam de “renda” (rents – isto é, retorno anormal sobre um investimento), as receitas devem ser suficientes para cobrir não somente todos os custos operacionais, mas também os custos do capital (incluindo o custo de financiamento do capital próprio). Não há criação de riqueza para os investidores quando não há geração de lucro no sentido econômico. (YOUNG e O’BYRNE, 2003).

Segundo Young e O’Byrne (2003), o EVA é calculado conforme demonstrado

no Quadro 3:

Page 46: Análise de risco baseado no cash flow at risk

46

(+) Vendas Líquidas

(-) Despesas Operacionais

(=) Lucro Operacional

(-) Imposto de Renda

(=) Lucro Líquido

(-) Custo do Capital

(=) EVA Quadro 3 – Demonstração do Cálculo do EVA

Fonte: Young e O’Byrne (2003)

O custo de capital, mencionado no Quadro 3, diz respeito ao custo cobrado

pelos agentes financiadores representados por capital de terceiros (juros) e pelo

custo do capital empregado pelos sócios na empresa (custo de oportunidade). É

comum a contabilidade reconhecer os juros cobrados por terceiros para financiar a

empresa. Porém, na maioria das vezes, a contabilidade não reconhece

adequadamente o custo de oportunidade de aplicação do capital dos sócios

empregado na empresa, para financiamento das suas atividades. Por esse motivo, o

EVA tem sido reconhecido como um bom indicador de agregação de valor, pois

demonstra a qualidade do lucro gerado e não somente a quantidade.

Quando o EVA é positivo isso significa que a empresa gerou um lucro não

somente para cobrir suas despesas operacionais, mas também suficiente para a

remuneração adequada aos capitais que estão financiando a atividade, bem como

um excesso de lucro – agregação de valor.

Hoji (2008) acrescenta ainda que o EVA:

(...) é uma medida de desempenho operacional que indica a verdadeira lucratividade das operações, pois considera em seu cálculo o custo de capital próprio, evidenciando o valor efetivamente adicionado ao patrimônio líquido em determinados períodos de tempo.

2.2.3 Indicadores Associados ao Risco

Risco é definido no dicionário como “causalidade; perigo ou possibilidade de

perigo”. Para Brigham e Houston (1999), risco é a chance de ocorrer algum evento

Page 47: Análise de risco baseado no cash flow at risk

47

desfavorável. Eles afirmam ainda que:

A relação entre risco e retorno é tal que nenhum investimento será feito a menos que a taxa de retorno esperada seja suficientemente alta para compensar o investidor pelo risco percebido do investimento. Neste exemplo fica claro que poucos (se é que algum) investidores estariam dispostos a comprar ações da empresa de petróleo se o retorno delas fosse igual ao de títulos do governo.

Os indicadores de risco, neste sentido, buscam transmitir ao investidor as

condições que terá de assumir se quiser ter acesso aos benefícios futuros

identificados em determinado projeto ou empreendimento. Nas subseções a seguir

encontra-se um breve resumo sobre os indicadores associados ao Risco, mais

comumente reportados na literatura de análise de investimentos.

2.2.3.1 O Método do Pay-back Time

O pay-back time indica o tempo necessário que levará para recuperar o

investimento realizado. Para Souza e Clemente (2008), o pay-back time é

considerado um indicador de risco de projetos de investimentos. Essa afirmação é

possível em função da tendência de mudanças contínuas e acentuadas na

economia. Assim, afirmam os autores, não se pode esperar muito para recuperar o

capital investido sob pena de se alijar das próximas oportunidades de investimentos.

O cálculo do pay-back time pode ser obtido por meio da aplicação da

Equação (9):

∑= +

−+−=

t

1jj)I1()CjRj(I)t(FCC (9)

Em que:

FCC (t): valor presente do capital; ou seja, o fluxo de caixa descontado para o

valor presente cumulativo até o instante t;

I: investimento inicial (em módulo), ou seja, -I é o valor algébrico do

investimento, localizado no instante zero (início do primeiro período);

Rj: receita proveniente do ano j;

Page 48: Análise de risco baseado no cash flow at risk

48

Cj: custo proveniente do ano j;

i: taxa de juros empregada; e

j: índice genérico que representa os períodos j= 1 a t.

Souza e Clemente (2008) concluem que o risco do projeto aumenta à medida

que o pay-back se aproxima do final do horizonte de planejamento. Sob essa

afirmação, é correto dizer que quanto menor for o pay-back time, menor será o prazo

necessário para recuperar o capital investido e, portanto, menor será o risco do

projeto.

2.2.3.2 A Taxa Interna de Retorno

Para a maioria dos autores que referenciam principalmente a teoria da

matemática financeira e engenharia econômica, a Taxa Interna de Retorno (TIR) é

utilizada como um indicador de rentabilidade. No entanto, para Souza e Clemente

(2008), a TIR é mais relevante, como informação da dimensão risco. Essa

argumentação está baseada na variabilidade da TMA, que representa o limite inferior

de rentabilidade livre de risco, que também flutua ao longo do tempo. Na Figura 5 é

demonstrada, a partir de um exemplo hipotético a relação de risco (ou segurança)

obtida entre a diferença das taxas TMA e TIR.

-100

0

100

200

300

400

500

600

0 4 8 12 16 20 24

TIR

SEGURANÇA

TMAVPL

Figura 5 – Relação TMA e TIR

Fonte: Souza e Clemente (2008)

Page 49: Análise de risco baseado no cash flow at risk

49

Cabe salientar que a TIR representa o limite superior de rentabilidade

esperada para o projeto e a TMA diz respeito ao limite inferior. Nesse contexto, tem-

se que o diferencial entre a TIR e a TMA determinará a medida de risco. Os referidos

autores mostram que o risco do projeto aumenta segundo a proximidade dessas

taxas.

Banholzer et al. (2005) propõem a determinação da TIR por meio do cálculo

fuzzy. O autor procura interpretar a TIR a partir da ótica que não existe apenas uma

solução para a TIR, dado que existe incerteza sobre o investimento que está sendo

analisado. Assim, o método de cálculo fuzzy pode auxiliar na tomada de decisão,

dado que os resultados obtidos para a TIR evidenciam a incerteza como

componente descrito na forma fuzzy. Nesse sentido, os autores comentam:

A necessidade de se considerar a variabilidade dos parâmetros de entrada na análise de viabilidade econômica de investimentos é um fato, uma vez que não se conhecem, de antemão, os valores exatos que os fluxos de caixa assumirão no futuro, por vezes nem mesmo as taxas de desconto exatas a serem utilizadas ou a vida do investimento. Uma das análises mais comuns no caso determinístico, a análise da Taxa Interna de Retorno (TIR), até o presente momento não é definida no domínio fuzzy, pois os trabalhos sobre o assunto a descrevem como impossível, uma vez que no cálculo da TIR, o valor 0 (zero) do VPL é um valor exato ou, na terminologia fuzzy, um valor crisp. É necessário avaliar se a utilização de números triangulares fuzzy, para aproximação de resultados, não leva a distorções significativas, uma vez que o VPL fuzzy distorcido poderia levar a decisões equivocadas sobre uma oportunidade de investimentos.

O trabalho de Banholzer et al. (2005) corrobora com os estudos de Chiu e

Park (1994), que deram tratamento ao VPL fuzzy. Ambos procuram, por meio da TIR

e do VPL, apresentar uma forma alternativa, por meio do método de cálculo fuzzy,

que busque tratar as incertezas sobre os fluxos de caixa futuros em uma análise de

viabilidade econômica de projetos.

2.2.3.3 O Ponto de Fisher

O ponto de Fisher, como medida de risco, pode ser utilizado para tomada de

decisão em que projetos de diferentes valores a serem investidos precisam ser

comparados. Fisher preconiza a existência de um limite de variação para a TMA que

Page 50: Análise de risco baseado no cash flow at risk

50

implica um ponto de igualdade em termos de ganho para o investidor, o que torna

sua decisão indiferente na escolha de qualquer das duas alternativas. Nesse

sentido, Souza e Clemente (2008) afirmam que:

Ora, para o investidor ser indiferente é necessário que ambas as alternativas apresentem o mesmo VPL permitindo, matematicamente, que para uma taxa genérica, se igualem as expressões dos VPLs dos projetos. Ao se igualar as expressões dos VPLs resulta um fluxo de caixa igual à diferença dos fluxos de caixa originais que deve ser igualado a zero. A taxa que torna um fluxo de caixa qualquer igual a zero é, por definição, a Taxa Interna de Retorno – TIR desse projeto.

A Figura 6 ilustra o ponto de Fisher como limite para a variabilidade da TMA,

aceita para que o investidor seja indiferente na escolha entre duas alternativas.

Figura 6 – Ponto de Fisher (11,98%) com limite para a variabilidade da TMA

Fonte: Souza e Clemente (2008)

O ponto de Fisher é calculado a partir da equação definida em (10), ao

considerar a análise de dois projetos de viabilidade econômica e financeira.

( )2FcP1FcPTIRPF −= (10)

Em que:

PF: Pondo de Fisher

TIR: Taxa Interna de Retorno

FcP1: Fluxo de Caixa do Projeto 1

FcP2: Fluxo de Caixa do Projeto 2

Page 51: Análise de risco baseado no cash flow at risk

51

No gráfico evidenciado na Figura 4, a TIR resultante dos fluxos de caixa dos

projetos 1 e 2, respectivamente, foi igual a 11,98%. Esse é o ponto de Fisher o qual

significa que para uma TMA de 11,98%, tanto o projeto 1 como o projeto 2

apresentariam o mesmo VPL, tornando para o investidor a opção de escolha por um

ou por outro indiferente, em termos de ganho.

2.3 OS COMPONENTES DO FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO

A Demonstração do Fluxo de Caixa - DFC de um projeto, assim como a

Demonstração de Resultados do Exercício - DRE, é de fundamental importância

para fomentar a tomada de decisão de investimentos. É sobre a DFC que as

métricas de análise de investimentos são aplicadas e passam a nortear o processo

decisório. Assim, torna-se de suma importância conhecer os componentes do fluxo

de caixa de um projeto, para que haja um melhor entendimento do modelo adotado

nesta pesquisa e dos resultados obtidos a partir desta modelagem.

A DFC pode ser elaborada com a finalidade de prever falta ou sobra de

recursos financeiros ao longo do tempo. Assim, funciona como um instrumento de

planejamento. Mas, também, pode ser utilizada como instrumento de controle,

quando formulado diariamente, com o input das informações de recebimentos e

pagamentos realizados. A DFC realizada então tem finalidade de controlar os

recebimentos e pagamentos, bem como o saldo de caixa resultante, em função da

DFC planejada (ou prevista), demonstrando as divergências ocorridas entre

planejado e realizado.

Nesse sentido, Rosa e Silva (2002), dizem que:

(...) pode-se afirmar que o fluxo de caixa é um instrumento de controle e análise financeira que juntamente com as demais demonstrações contábeis torna-se efetivamente um instrumento de apoio à tomada de decisões de caráter financeiro.

A DFC pode ser elaborada por meio de dois métodos: direto e indireto. Diz-se

que a DFC é elaborada por meio do método direto, quando há o confronto direto dos

recebimentos e pagamentos e, desse confronto resulta o saldo de caixa. Já para que

Page 52: Análise de risco baseado no cash flow at risk

52

a DFC possa ser elaborada por meio do método indireto, é necessário utilizar como

fonte de informação o DRE. Dessa forma, a DFC tem como ponto de partida o lucro

líquido e dele são subtraídos ou adicionados valores que implicam o conceito de

regime de caixa. A Figura 7 ilustra os diferentes métodos: direto e indireto, para

formulação da DFC.

Figura 7 – Método Direto versus Indireto para Formulação da DFC

A DFC utilizada pela ANTT no processo licitatório da Concessão de Rodovias,

objeto desta pesquisa, tem por objetivo a previsibilidade da capacidade de

pagamento da empresa concessionária, frente aos compromissos assumidos junto

aos seus fornecedores, investidores, financiadores e governo. O método utilizado é o

indireto, que utiliza como base de formulação o DRE.

O modelo DFC proposto pela ANTT é parte integrante do Edital 003/2007,

Lote 7, Anexo III – Termo de Referência da Proposta Comercial e está ilustrado no

Quadro 4.

EntradasOperacionais

SaídasOperacionais

Lucro Líquido

Ajustes

Geração Interna de Caixa

Geração Operaci-onal de Caixa

Fluxo Operacional

Geração Não Ope-racional de Caixa

Variação do Disponível

MenosMais / Menos

Igual

Mais / Menos

Igual

Igual

Mais / Menos

Mét

odo

Dir

eto

Método Indireto

Page 53: Análise de risco baseado no cash flow at risk

53

(=) RESULTADO LÍQUIDO(+) DEPRECIAÇÃO(+) FINANCIAMENTOS1. FONTES

(-) INVESTIMENTOS(-) AMORTIZAÇÃO EMPRÉSTIMOS2. USOS

3. SALDO DE CAIXA (1 - 2)

4. SALDO DE CAIXA ACUMULADO

… ANO 25FLUXO DE CAIXA DO PROJETO ANO 1 ANO 2 ANO 3

Quadro 4 – Modelo da DFC do Edital 3 ANTT (2007)

Para que se tenha um melhor entendimento da formulação do DFC, torna-se

imperioso conhecer a formulação do DRE, dado que o método utilizado foi o método

indireto. Assim, o Quadro 5, ilustra o modelo DRE proposto pela ANTT, que é parte

integrante do Edital 003/2007, Lote7, Anexo III – Termo de Referência da Proposta

Comercial.

RECEITA DE PEDÁGIORECEITA FINANCEIRARECEITAS ACESSÓRIAS1. RECEITA BRUTAISSPISCOFINS2. TRIBUTOS3. RECEITA LÍQUIDA (1-2)ADMINISTRAÇÃO / OPERAÇÃO / CONSERVAÇÃOSEGUROS E GARANTIASPOLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERALFISCALIZAÇÃORDTDEPRECIAÇÃOJUROS4. CUSTOS E DESPESAS5. RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS (3-4)IMPOSTO DE RENDA ADICIONAL IMPOSTO DE RENDA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 6. IMPOSTOS7. RESULTADO LÍQUIDO (5-6)

ANO 3 … ANO 25DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ANO 1 ANO 2

Quadro 5 – Modelo da DRE

Fonte: Edital 003/2007 da ANTT (2007)

Page 54: Análise de risco baseado no cash flow at risk

54

É importante ressaltar que o modelo proposto pela ANTT é oportuno, dado

que, ao utilizá-lo como instrumento de previsão, torna-se mais fácil sua verificação

em data futura a partir das demonstrações contábeis publicadas. Além do mais, a

legislação brasileira, por meio da Lei 11.638/07, passou a exigir das empresas

sociedades anônimas a publicação do DFC, juntamente com os demais

demonstrativos contábeis.

Souza e Clemente (2008) sugerem que os ajustes efetuados sobre o DRE,

para obtenção do DFC, devem levar em consideração os itens:

• Depreciação: deve ser adicionada ao resultado líquido

apontado no DRE, dado que representa um custo contábil

que tem por finalidade contabilizar a perda ocorrida em

função do uso do bem, atribuída à perda de vida útil. Porém,

não implica desembolso de caixa, pois efetivamente esse

desembolso não ocorre no mesmo tempo – regime de caixa

– em que a depreciação é contabilizada – regime de

competência;

• Liberação e Amortização de Financiamentos: liberação de

recursos financeiros provenientes de contratação de

financiamentos deve ser adicionada ao resultado líquido,

pois esta rubrica não faz parte do plano de contas do DRE,

por se tratar de uma transação financeira que afeta apenas

o resultado de caixa e não o lucro/prejuízo de uma

empresa. Assim, também, se faz necessário subtrair do

resultado líquido apresentado pelo DRE, quando ocorre a

amortização do financiamento contratado, indicando que

haverá um desembolso por conta da devolução do capital

outrora contratado;

• Investimento inicial em ativo fixo: corresponde aos valores

de desembolso de caixa destinados à aquisição de

máquinas, equipamentos, móveis e utensílios, veículos,

terrenos, prédios, instalações e outros ativos que

Page 55: Análise de risco baseado no cash flow at risk

55

compreendem esta categoria, necessários à constituição do

conjunto de ativos fixos que proporcionará a operação da

organização;

• Despesas pré-operacionais: compreendem os desembolsos

realizados antes mesmo de o projeto iniciar as operações.

São gastos com projetos, estudos de mercado, registro de

patentes, instalações provisórias, entre outras;

• Capital de Giro: é a estimativa de recursos financeiros

necessários para suprir desembolsos que ocorrerão antes

dos ingressos, no período inicial das operações da

empresa, enquanto o volume de vendas alça um

crescimento em direção à autossustentação de caixa. O

capital de giro é estimado ainda em função do ciclo

operacional e financeiro da empresa, que pode ser

determinado principalmente por fatores como: política de

vendas – prazo médio de recebimento de clientes; política

de compras - prazo médio de pagamento a fornecedores; e

política de estoques – prazo médio dos estoques;

• Valor residual: adicionado ao resultado líquido apurado no

DRE, em função do valor de mercado estimado para a

venda dos ativos fixos ao final do projeto, que proporcionará

um ingresso de caixa por conta desta transação.

Nesse sentido, Souza e Clemente (2008) propõem que os ajustes realizados

sobre o DRE, para obtenção do Fluxo de Caixa, sejam realizados conforme ilustrado

no Quadro 6:

Page 56: Análise de risco baseado no cash flow at risk

56

(=) Fluxo de Lucro Contábil(+) Depreciação(-) Amortização do Financiamento(-) Investimento Inicial em Ativo Fixo(-) Despesas Pré-operacionais(-) Capital de Giro(+) Liberação do Financiamento(+) Valor Residual

(=) Fluxo de Caixa do Investidor

… ANO 25FLUXO DE CAIXA DO PROJETO ANO 0 ANO 1 ANO 2

Quadro 6 – Ajustes para obtenção do Fluxo de Caixa

Fonte: Souza e Clemente (2008)

Os cuidados na elaboração do modelo a ser adotado implicam a qualidade

dos resultados obtidos na avaliação do projeto, pois um modelo inadequado ou que

contenha simplificações exageradas acarretará em resultados alterados que

poderão influenciar as decisões que se pretendem obter.

Marion (2009) elenca em dois grupos as principais transações que afetam o

caixa. Os grupos estão divididos em: (a) Transações que aumentam o Caixa; e (b)

Transações que diminuem o Caixa.

São consideradas por Marion (2009) como principais as transações que

aumentam o Caixa:

• Integralização do Capital pelos Sócios ou Acionistas;

• Empréstimos Bancários e Financiamentos;

• Venda de Itens do Ativo Permanente;

• Vendas à Vista e Recebimento de Duplicatas a Receber;

• Outras Entradas – como juros recebidos, dividendos

recebidos de outras empresas, indenizações de seguros

recebidas, etc.

São consideradas por Marion (2009) como principais transações que

diminuem o Caixa:

• Pagamento de Dividendos aos Acionistas;

• Pagamento de Juros e Amortização da Dívida;

• Aquisição de Item do Ativo Permanente;

Page 57: Análise de risco baseado no cash flow at risk

57

• Compras à Vista e Pagamentos de Fornecedores;

• Pagamentos de Despesa/Custo, contas a Pagar e Outros.

Marion (2009) elenca também as transações que não afetam o Caixa, ou seja,

não implicam desembolso ou ingresso de recursos financeiros. Essas transações

são: (a) Depreciação, Amortização e Exaustão; (b) Provisão para Devedores

Duvidosos; e (c) Acréscimos (ou Diminuições) de itens de investimento pelo método

de equivalência patrimonial.

2.4 TIPOLOGIAS SOBRE OS RISCOS

A administração financeira há muito tempo dedicou-se aos estudos sobre

como maximizar a riqueza dos sócios. Nesse sentido, muitas ferramentas foram

desenvolvidas no sentido de melhorar continuamente o retorno esperado sobre o

capital investido. Essa busca evolutiva em torno da maximização do lucro propiciou

um ambiente cada vez mais competitivo, levando as organizações assumirem, cada

vez mais, posições mais arriscadas quando comparadas às assumidas

anteriormente, onde o ambiente competitivo era menos povoado.

Num ambiente altamente competitivo, as empresas tendem a assumir riscos

que anteriormente nem sequer eram percebidos. A mudança constante do ambiente

torna o cenário empresarial cheio de incertezas e agrava ainda mais a questão

maximização dos lucros e da riqueza dos sócios.

Jorion (2008), neste sentido, afirma que os negócios das empresas estão

relacionados à administração de riscos. Aquelas com maior competência têm êxito;

outras, não. O cenário de risco para alguns pode significar oportunidades de ganhos,

já para outros pode ser um sinal de perdas.

Reconhecer a existência do risco é, sobretudo, aceitar que sua presença é

um processo natural em um ambiente de mudanças. Não há possibilidade de

eliminá-lo, mas explorar a razão de sua existência é conhecer melhor o processo de

formação do risco. Assim, essa tarefa passa ser obrigatória para quem busca

minimizar riscos. A gestão de riscos é, neste sentido, a busca de informações que

permitem conhecer os “perigos” que podem inibir o sucesso das organizações.

Page 58: Análise de risco baseado no cash flow at risk

58

Busca-se, em última análise, precaver sobre as decisões a serem tomadas e suas

consequências sobre os resultados esperados.

Para Berk e Demarzo (2008):

O principal método de gerenciamento de riscos é a prevenção. Por exemplo, as organizações podem evitar ou pelo menos reduzir muito riscos elevando-se os padrões de segurança no trabalho, tomando decisões de investimento prudente e tendo a devida dedicação ao entrar em novos relacionamentos.

Jorion (2008) classifica três tipos de riscos que as empresas estão expostas:

a) riscos operacionais; b) riscos estratégicos e; c) riscos financeiros.

a) Riscos Operacionais (business risks): são os riscos

assumidos pela empresa voluntariamente, com o objetivo de

criar vantagem competitiva e criar valor para os acionistas. Os

riscos operacionais estão relacionados ao setor da economia

em que a organização atua. São riscos que envolvem variáveis

como: inovações tecnológicas, desenho de produtos e

marketing. A decisão sobre como a empresa fará a

alavancagem operacional também está relacionada com esse

tipo de risco que é considerado controlável pela organização;

b) Riscos Estratégicos: são riscos que advém de mudanças

nos cenários, econômico e político. Como os riscos

estratégicos têm sua origem externa às empresas, são riscos

considerados não controláveis pela organização. Esse tipo de

risco torna-se difícil de gerenciar e até mesmo de minimizar

seus impactos frente aos resultados esperados. Algumas ações

neste sentido são a diversificação dos negócios em atividades

e países distintos;

c) Riscos Financeiros: são riscos que se originam na

administração dos capitais que financiam a atividade da

empresa. Estão associados às possibilidades de perdas no

mercado financeiro. Variáveis como taxas de juros e taxas de

câmbio são as principais causas da existência desse tipo de

risco. Para empresas não financeiras, os riscos financeiros

Page 59: Análise de risco baseado no cash flow at risk

59

passam a ser uma tarefa a mais na grade gestão, pois

influencia na performance de sua atividade fim. Já para

empresas financeiras, este tipo de risco deve ser bem

conhecido e medido, para proporcionar uma valorização correta

na precificação de riscos. Do contrário, isso poderá tornar a

organização pouco competitiva frente àquelas que conseguem

fazê-lo com competência.

Para Ross, Westerfield e Jordan (2002), o risco é diferenciado em dois tipos:

O Risco Sistemático e o Risco Não Sistemático. Ao Risco Sistemático, são

atribuídas as surpresas que afetam grande número de ativos. Esse risco também é

chamado de risco de mercado. Como exemplos de Risco Sistemático estão o PIB –

Produto Interno Bruto, as Taxas de Juros e a Taxa de Inflação. Essas variáveis

afetam praticamente todo o mercado. O Risco Não Sistemático é mais pontual e

tende a afetar um único ativo ou um pequeno grupo de ativos. O Risco Não

Sistemático é também chamado de risco específico. Como exemplo de Risco Não

Sistemático está a descoberta de petróleo por uma empresa. Esse fato deve afetar

principalmente a empresa que fez a descoberta e talvez mais algumas outras, como

seus concorrentes e fornecedores. Porém, é bastante improvável que tenha um

efeito grande no mercado mundial de petróleo, ou que afete empresas que não

sejam do ramo de petróleo.

Damodaran (2005) ilustra essas definições de Risco Específico e Risco de

Mercado como é demonstrado na Figura 8. Projetos podem ter desempenho pior ou melhor que o

esperado

Concorrência pode ser mais forte que o

esperado

Medidas e eventos que afetam o setor

Risco Político e Taxa de Câmbio

Taxa de Juros, Inflação e Notícias sobre a Economia

Figura 8 – Risco Específico versus Risco de Mercado

Fonte: Damodaran (2005)

Riscos que afetam muitas empresas

Riscos que afetam apenas uma empresa

Page 60: Análise de risco baseado no cash flow at risk

60

Jorion (2008) classifica ainda os riscos financeiros em: riscos de mercado;

riscos de crédito; riscos de liquidez; riscos operacionais; e riscos legais. As

definições para cada uma dessas classes podem ser assim sumarizadas:

a) Riscos de Mercado: dizem respeito às mudanças nos preços

– ou volatilidades – de ativos e passivos financeiros. Existem

dois tipos de riscos de mercado: o risco absoluto e o risco

relativo. O risco absoluto é mensurado pela perda potencial em

moeda corrente e busca enfocar a volatilidade dos retornos

totais. Já o risco relativo está relacionado a um índice de

referência e mede o risco em termos do desvio em relação a

algum índice;

b) Riscos de Crédito: se fazem presentes quando as partes

contratantes, por alguma razão, não cumprem suas obrigações

contratuais. Esse fato pode acarretar perdas financeiras para o

credor contratante e a mensuração do risco pode então ser

realizada em função das perdas previamente calculadas. Já

para o devedor contratante o risco pode ser mensurado pelo

efeito que as perdas podem causar se ocorrer rebaixamento da

classificação do devedor pelas agências especializadas de

crédito. O risco de crédito leva em consideração o risco

soberano que, nesta modalidade de risco financeiro, pode ser

exemplificado pelas restrições que um país impõe a outros

países, que os impossibilitem de honrar com suas obrigações.

O risco soberano é uma relação direta entre países, já o risco

de inadimplência está relacionado especificamente com as

empresas;

c) Riscos de Liquidez: são divididos em risco de liquidez de

mercado/produto - negócio; e risco de liquidez de fluxo de

caixa/obtenção de recursos – refinanciamento. O risco de

negócio surge quando uma transação não pode ser conduzida

pelos preços de mercado prevalecentes, devido a uma

Page 61: Análise de risco baseado no cash flow at risk

61

atividade insuficiente de mercado. Já o risco de

refinanciamento advém da impossibilidade de cumprir as

obrigações impostas pelo fluxo de caixa, que podem fazer com

que contratos vençam antecipadamente, transformando perdas

escriturais em perdas reais;

d) Riscos Operacionais: referem-se às perdas potenciais

geradas por sistemas inadequados, gestão inadequada,

controles falhos ou falha humana, em que se inclui o risco de

execução, ou ainda em situações em que as operações deixam

de ser executadas, podendo acarretar atrasos onerosos ou em

penalidades. Inclui a fraude e o risco tecnológico, o qual se

refere à proteção dos sistemas contra violações e acesso não

autorizado. O risco de modelo também é atribuído a esta classe

em função do perigo de erro na avaliação de ativos ou

posições por imperfeição do modelo utilizado ou simplesmente

dos parâmetros adotados;

e) Riscos Legais: surgem quando uma das partes contratantes

não está revestida de autoridade legal ou regulatória para

contratar uma transação. Os riscos legais também incluem o

risco de conformidade e o risco de regulamentação, que dizem

respeito a atividades que podem violar regulamentações

governamentais, como manipulação de mercado e transações

realizadas por pessoas com acesso a informações

privilegiadas.

2.5 MÉTRICA Value at Risk

O valor no risco (VaR) teve sua origem na indústria financeira, que

reconheceu a necessidade de utilizar um instrumento que fosse ao mesmo tempo

abrangente e de fácil aceitabilidade na mensuração do risco de mercado. Foi em

Page 62: Análise de risco baseado no cash flow at risk

62

1994 que o VaR apareceu, num cenário de repetidos desastres com derivativos, que

foi amplamente debatido pela imprensa. Em 1995, a International Swap and

Derivatives Association ISDA - Associação Internacional de Swaps e Derivativos

declarou: A ISDA acredita que a mensuração de risco de mercado seja importante para os leitores de demonstrativos financeiros. A medida considerada apropriada pela maioria dos profissionais é alguma forma de Valor no Risco.

Jorion (2008) define o VaR como sendo a maior (ou pior) perda esperada

dentro de determinados períodos de tempo e do intervalo de confiança. Os modelos

de avaliação que antecedem ao VaR remontam aos sistemas de gerenciamento de

ativos/passivos implementados no começo da década de 1980. As instituições

mantinham as transações lançadas a custos históricos e faziam ajustes de tempos

em tempos.

Posteriormente, os balanços começaram a serem apresentados a valores de

mercado, inaugurando a tendência de marcação de mercado. Assim, foi possível

partir para avaliação de risco por meio da correlação. Um método simples que

consistia em acompanhar o valor de mercado de todos os ativos durante

determinado intervalo de tempo, para se ter uma ideia da volatilidade dos valores de

uma carteira. O conceito de risco, dessa forma, deriva naturalmente da combinação

entre posições, marcação a preço de mercado e variações nos valores de mercado.

O VaR procura otimizar a combinação das previsões de retorno com as medidas de

risco. Essa evolução da administração financeira moderna pode ser observada na

Figura 9. Medida Contábil

Medida Econômica

Controle de Riscos

Tomada de Posições

Posições Preços de Mercado Riscos e Correlações

Retornos Esperados

Ativos negociados Marcação a mercado Mensuração de Risco

Otimização

Dados de balanço

Valores econômicos Valor no Risco

Posição Ótima

Figura 9 – A Administração Financeira Moderna

Fonte: Jorion (2008)

Sentido da evolução da administração financeira moderna

Page 63: Análise de risco baseado no cash flow at risk

63

A última etapa baseia-se no uso do sistema de controle de risco como

mecanismo de feed-back para a avaliação das unidades de negócio. O VaR

possibilita comparar a rentabilidade de várias operações já ajustadas pelo risco

mensurado. Assim, o nível de decisão torna-se mais apurado, levando-se em

consideração não só a rentabilidade da unidade de negócio, mas sim a rentabilidade

ajustada ao risco mensurado pelo VaR.

O VaR, por definição, é um valor expresso em unidades monetárias que

depende do nível de confiabilidade e do horizonte de tempo. Essa afirmação pode

ser ilustrada na Figura 10, que representa o exemplo citado por Jorion (2008). O

autor pesquisa o retorno médio mensal dos títulos do tesouro americano de 5 anos,

compreendidos no espaço de tempo que varia entre os anos 1953 e 1999,

totalizando 552 observações e opta por um nível de confiança de 95%.

Figura 10 – Distribuição de Probabilidade dos Retornos

No exemplo ilustrado da Figura 10, é esperado que as perdas diárias

superem o VaR de um dia com nível de confiabilidade de 95% em aproximadamente

2,50% dos dias.

Page 64: Análise de risco baseado no cash flow at risk

64

2.5.1 A Métrica VaR Regulatório

O VaR, apesar de ser desenvolvido a partir da necessidade de controlar

riscos das operações financeiras efetuadas por instituições financeiras, tem sido

também utilizado por outros tipos de organizações não financeiras. Exemplo disso é

sua aplicação na administração pública. Baghdassarian (2003) demonstrou a

aplicação do VaR por meio dos indicadores estocásticos de risco: Cash Flow at Risk

(CFaR), Cost at Risk (CaR) e Budget at Risk (BaR), como forma de gerenciamento

do risco no processo de planejamento da Dívida Pública. O autor conclui no trabalho

que:

Apesar do evidente destaque aos indicadores estocásticos, foi discutida e apresentada a importância de uma análise sistêmica dos indicadores de risco da Dívida Pública, sem a qual, poder-se-ia escolher estratégias de refinanciamento que elevassem a exposição do passivo público a outros tipos de risco.

O VaR regulatório é facilmente exemplificado no Brasil, no caso da adoção da

métrica pelo Banco Central do Brasil (BACEN). Sain (2001) comenta em sua

pesquisa que:

Devido ao fato do modelo do Banco Central do Brasil (BACEN) estar mais voltado à questão de alocação de capital para fins de regulamentação do que a questão de implementação de controles internos de risco de mercado, a comparação do modelo instituído pelo BACEN será realizada em relação à alocação de capital regida pelo Comitê da Basiléia. Pelo Acordo de 1996, o capital para cobrir os riscos de mercado que os bancos dos países signatários devem alocar é o máximo entre o VaR do dia, calculado para o intervalo de confiança de 99% e holding period de 10 dias, e a média dos value-at- risk dos últimos 60 dias, calculados da mesma forma, multiplicada por um fator que varia entre 3 e 4.

O referido autor faz um teste com cinco carteiras de ativos, comparando o

modelo adotado pelo BACEN com modelos proprietários de VaR como: Simulação

Histórica e Riskmetrics®.

Page 65: Análise de risco baseado no cash flow at risk

65

2.5.2 Utilização do Value at Risk como Métrica de Gestão de Riscos

O VaR pode ser utilizado na gestão de riscos com diferentes funcionalidades.

As Instituições Financeiras foram as primeiras a utilizar-se do VaR, mas este

conceito passou a ser utilizado também por Instituições Não Financeiras. Algumas

das formas de utilização do VaR são:

a) Instituições Financeiras: detentores de grandes carteiras,

para administração de risco;

b) Órgãos Reguladores: Federal Reserve Bank (FED), que é o

banco central americano e a Securities and Exchange

Commission (SEC), que é a comissão de valores mobiliários

dos Estados Unidos;

c) Instituições Não Financeiras: para controlar a exposição de

risco de fluxo de caixa;

d) Administradores de Ativos: Fundos de Pensão.

O VaR aplicado em casos de Instituições não Financeiras pode ser verificado

já com alguma frequência no Brasil. Trabalhos de pesquisa científica aplicados às

áreas de Siderurgia (OZÓRIO, 2006), Petróleo (FONSECA, 2006), Distribuição de

Energia Elétrica (PEROBELLI; SECURATO, 2005), Geração de Energia Elétrica

(VARANDA NETO, 2005), Agroindústria (BIGNOTTO, 2000), Incorporação

Imobiliária (REZLER, 2007), Empresas Têxteis (PEROBELLI et al., 2007) e Varejo

(BERBERT; PEROBELLI, 2007) são alguns exemplos dentre os mais recentes casos

que podem ser citados.

Cardoso e Mendonça (2003) propuseram um estudo da aplicação do VaR

integrado ao processo de gestão de riscos nas empresas aplicado ao BSC

(Balanced Scorecard). Nesse sentido, os autores afirmam que:

Page 66: Análise de risco baseado no cash flow at risk

66

A metodologia do VaR alterou os conceitos de mensuração, controle e gestão de risco das instituições financeiras e das agências reguladoras. Atualmente ela também começa a ser utilizada em um sentido mais amplo, na gestão do risco global das corporações, no que vem sendo denominado gerenciamento integrado de risco.

Na tentativa de organizações não financeiras utilizarem o conceito do VaR

para gestão de riscos, nasceu uma variação desse conceito: o CFaR – Cash Flow at

Risk, ou simplesmente Fluxo de Caixa em Risco e o EaR – Earnings at Risk ou

Lucros em Risco.

2.5.3 A Metodologia CorporateMetrics

A Metodologia CorporateMetrics® foi elaborada com a finalidade de

estabelecer definições e procedimentos metodológicos para o cálculo de risco para

empresas não financeiras. Publicada em 1999, sob o título CorporateMetrics® –

Technical Document pelo RiskMetrics Group, do Banco J.P. Morgan, tornou-se

marco referencial para novos estudos na área de risco corporativo.

Essa metodologia tornou possível a obtenção de medidas de risco de

mercado a partir das inúmeras simulações geradas e submetidas aos diferentes

cenários econômicos, obtendo-se como resultado a probabilidade de acontecer um

determinado valor de lucro e (ou) saldo de caixa, para um período de tempo

avaliado. O CorporateMetrics® utiliza uma metodologia equivalente àquela usada no

VaR, que tem por finalidade apurar um valor monetário, possível de ocorrer sob a

condição do nível de um intervalo de confiança escolhido.

O procedimento do cálculo do risco de mercado, segundo a metodologia do

CorporateMetrics®, está dividido em 5 passos:

Passo 1- Medida de Risco: determinar qual será a medida de

resultado financeiro que representará o risco de mercado a ser

medido. Geralmente o resultado financeiro é representado pelo

lucro ou saldo de fluxo de caixa da organização. É necessário

ainda determinar qual o período de tempo que será avaliado o

resultado financeiro e ainda o nível de confiança desejado;

Page 67: Análise de risco baseado no cash flow at risk

67

Passo 2- Mapeamento de Exposições: identificar todos os

componentes que implicam a formação do lucro ou do saldo de

caixa, que estão sensíveis às flutuações de mercado. Definir as

funções matemáticas para cada componente e as variáveis de

mercado. Caracterizar exposições isoladas ou expressões pró-

forma. As variáveis de mercado são as variáveis aleatórias;

Passo 3- Geração de Cenários: gerar um grande número de

cenários que traduzam os possíveis valores da medida de risco

para o conjunto de variáveis de mercado estabelecidos no

Passo 2 durante o período de tempo estabelecido no Passo 1.

a) Para cada horizonte de tempo definido no Passo 1,

especificar a distribuição de probabilidade das variáveis de

mercado estabelecidas no Passo 2;

b) Gerar “N” cenários, coletando amostras aleatórias de cada

distribuição e plotar os valores em função do tempo.

Assim, cada cenário definirá a trajetória das variáveis de

mercado ao longo do horizonte de tempo estipulado;

Passo 4- Avaliação: calcular o futuro resultado financeiro –

lucro ou saldo de caixa – para cada cenário das variáveis de

mercado por meio dos mapeamentos de exposição e plotar um

histograma;

Passo 5- Cálculo do Risco: Calcular as estatísticas de risco de

mercado, a partir da distribuição de frequência dos resultados

financeiros – lucro ou saldo de caixa. Identificar o resultado

correspondente ao nível de confiança desejado e comparar ao

resultado previsto.

A metodologia CorporateMetrics® se concentra no estudo da avaliação dos

riscos dos lucros e dos fluxos de caixa. Isso porque tais medidas têm sido

largamente utilizadas por financistas para avaliar a performance financeira das

empresas, como indicadores de desempenho e de liquidez. O CorporateMetrics® se

Page 68: Análise de risco baseado no cash flow at risk

68

refere como medida de risco no ambiente corporativo definindo as medidas em: a)

Earnings at Risk – EaR; e b) Cash Flow at Risk – CFaR, conforme Riskmetrics

Group (1999).

2.5.3.1 Earnings at Risk

Os analistas de mercado procuram mensurar o desempenho financeiro das

organizações por meio de indicadores financeiros. Dentre os mais utilizados estão o

Índice lucro por ação, preço/lucro (P/L), Return on Equity (ROE) e o Fluxo de Caixa

Descontado. Tais indicadores têm sido utilizados por esses financistas no processo

de valoração das empresas.

A variação, para mais ou para menos dos fatores que influenciam na

formação desses indicadores, também influencia na decisão dos preços praticados

nas transações de compra e venda de ações por investidores, pois, quando o lucro

de uma empresa supera ou frustra uma expectativa de mercado, o preço de suas

ações também se altera. Daí torna-se imprescindível gerenciar a variabilidade

desses fatores, para que se possa maximizar a riqueza dos acionistas dessas

organizações.

Para o CorporateMetrics®, a metodologia que pode quantificar a sensibilidade

do lucro em função dos seus fatores de risco é o EaR. A vantagem dessa

metodologia, em relação aos processos tradicionais de planejamento e orçamento

empresarial, é que se pode determinar, por meio de simulações de cenários, não só

o resultado esperado, mas também o grau de confiança (de probabilidade) que este

evento ocorra. Nesse sentido, Fonseca (2006) afirma que:

Os processos de planejamento e orçamento que determinam níveis específicos de lucros para os próximos períodos (trimestres ou semestres) visando ao crescimento no longo prazo podem ser capazes de identificar possíveis perdas através de cenários pessimistas. Porém, estes processos não são capazes de levar em consideração as volatilidades e correlações de seus fatores de risco e ainda, não fornecem um nível de confiança (a probabilidade de ocorrer cada cenário) para as estimativas.

Page 69: Análise de risco baseado no cash flow at risk

69

O CorporateMetrics® definiu o EaR como sendo a queda máxima do lucro, em

relação a uma meta ou previsão específica, ocorrida devido ao impacto de variações

das taxas de mercado em um dado conjunto de exposições, para um dado período e

nível de confiança.

2.6 MÉTRICA Cash Flow at Risk

O CFaR – Cash Flow at Risk, ou simplesmente Fluxo de Caixa em Risco é

utilizado por empresas não financeiras ou na análise de um projeto, com o objetivo

de se determinar o valor em risco de um fluxo de caixa livre projetado para um

determinado período de tempo e com um determinado intervalo de confiança.

O VaR corporativo permite ao usuário do modelo mapear a exposição da

carteira de ativos e passivos da empresa, a cada fator de risco, evidenciando, dessa

forma, maior transparência quantitativa sobre os riscos que a empresa está sujeita.

La Rocque e Lowenkron (2004) definem o CFaR como:

Valor mínimo de um fluxo de caixa numa determinada data (T) no futuro, a um nível de significância de α% avaliado com as informações disponíveis hoje (t). Equivale ao α-ésimo percentil da distribuição de probabilidade do fluxo em questão numa determinada data no futuro. Tem-se um enfoque de médio/longo prazo e de fluxo de caixa ao invés de valor. Matematicamente, o CFaR da data T analisado em t a (1-α %) de confiança é definido como o número que faz com que P(Fluxo de Caixa ≤ CFaR) = α%.

O CFaR aplicado em um projeto ou, como neste caso, na análise de um

contrato de concessão rodoviária, que tem como horizonte de tempo 25 anos, visa

antever as prováveis insuficiências de recursos financeiros para cumprir com as

obrigações contratuais. Por se tratar de um contrato que envolve grande montante

de recursos financeiros a serem investidos na ampliação, melhoria e conservação da

rodovia, são necessários aportes de capital próprio e também de financiamentos.

A incerteza sobre o volume de tráfego da rodovia que dita a receita de

arrecadação de pedágio, frente aos compromissos assumidos com terceiros como

fornecedores, folha de pagamento e encargos, impostos, amortização de

financiamentos e pagamento de juros, bem como distribuição de dividendos para os

sócios, faz com que a mensuração do risco que paira sobre essas projeções sejam

Page 70: Análise de risco baseado no cash flow at risk

70

cuidadosamente avaliadas. Na busca dessas respostas, o CFaR procura indicar qual

é o pior valor de caixa esperado para o contrato de concessão durante o período

contratual.

Perobelli e Securato (2005) afirmam que:

Dentre os benefícios advindos da implantação de sistemas de medição e gerenciamento de riscos de mercado no âmbito das instituições não financeiras destacam-se como os mais diretos: o controle dos fluxos de caixa necessários ao cumprimento dos compromissos pela empresa, que incluem o pagamento de fornecedores, despesas operacionais e financeiras, amortização dos empréstimos e dos investimentos programados; a redução da volatilidade desses fluxos, e conseqüentemente, da probabilidade de a empresa deixar de honrar compromissos futuros. Benefícios adicionais incluem o aumento de transparência aos investidores, a rápida assimilação de novas fontes de riscos de mercado pelos gestores, e especificamente no mercado brasileiro, a adequação antecipada da empresa à regulação.

Nesse sentido, as variáveis utilizadas no estudo de viabilidade apresentado

para o contrato de concessão da RODOVIA: BR-116/376/PR – BR-101/SC – Lote 7,

que merecem ser testadas na avaliação do CFaR compreendem:

a) A variação do fluxo de tráfego da rodovia;

b) A variação da tarifa básica de pedágio;

c) A variação da taxa de juros dos financiamentos;

d) A variação dos custos e despesas orçados; e

e) A variação dos valores orçados para os investimentos.

Como resultado dessas avaliações, será apresentada uma tabela com os

valores apurados para cada uma das situações, com o objetivo de realizar a

aplicação da métrica CFaR. A aplicação dessa métrica, em última análise, permitirá

uma visão de risco de perda financeira sob uma condição probabilística,

diferenciando-se das medidas usuais de risco, que tendem a mensurá-lo

simplesmente sob a condição de medida de dispersão dos resultados, utilizando-se

para isso, o desvio padrão.

Page 71: Análise de risco baseado no cash flow at risk

71

2.7 MÉTODOS PARA MENSURAÇÃO DO VaR, EaR e CFaR

As estimativas dos valores em risco podem ser obtidas por diferentes

métricas. Segundo Jorion (2008), as abordagens sobre VaR podem ser classificadas

em dois grupos: a) Avaliação Local; e b) Avaliação Plena.

A Avaliação Local é representada pelo método delta-normal. Já a Avaliação

Plena é representada pelos métodos: a) O Método de Simulação Histórica; b) O

Método de Stress; e c) O Método de Monte Carlo Estruturado. Na sequência

encontram-se sumarizadas as explicações de Jorion (2008) acerca dos diferentes

métodos para mensuração do VaR.

• O Método Delta-Normal: utilizado para mensuração do VaR

em carteiras grandes e complexas, que se modificam com o

tempo. Pressupõe que os retornos de todos os ativos sejam

normalmente distribuídos. Como o retorno da carteira é uma

combinação linear de variáveis normais, o VaR também é

normalmente distribuído;

• O Método de Simulação Histórica: este método põe a

avaliação plena diretamente em prática. Consiste em recuar

no tempo e aplicar os pesos atuais a uma série temporal de

retornos históricos dos ativos. O retorno não apresenta uma

carteira real, mas reconstrói o histórico de uma carteira

hipotética por meio de sua posição atual. O VaR é obtido a

partir da distribuição inteira de retornos hipotéticos. Cabe

salientar que a eficiência computacional desta métrica recai

no processo de ordenação utilizado para a obtenção do

retorno limite dado um quantil definido a priori;

• O Método de Stress: essa métrica encerra uma abordagem

completamente oposta à do método de simulação histórica.

Às vezes denominada análise de cenário, ela examina o

efeito, sobre a carteira, de oscilações hipotéticas nas

Page 72: Análise de risco baseado no cash flow at risk

72

principais variáveis financeiras. O método consiste na

especificação, de forma subjetiva, de cenários de interesse,

com o objetivo de avaliar possíveis mudanças no valor da

carteira;

• O Método de Monte Carlo Estruturado: em oposição à

análise de cenário, as simulações de Monte Carlo

Estruturado cobrem grande quantidade de possíveis valores

das variáveis financeiras e dão conta por completo, das

correlações. É desenvolvido em duas fases:

Fase 1: o administrador de risco especifica um processo

estocástico para as variáveis financeiras, bem como os

parâmetros desse processo;

Fase 2: são simuladas trajetórias fictícias de preço para todas

as variáveis de interesse. Cada uma dessas

“pseudorrealizações” é, então, utilizada na geração de uma

distribuição de retornos, a partir da qual o VaR poderá ser lido.

Jorion (2008) explica ainda, sobre a abordagem dos métodos para obtenção

do VaR, que:

A escolha do método depende muito da composição da carteira. Para carteiras sem opções (nem opções embutidas), o método delta-normal pode ser a melhor escolha. O VaR é relativamente fácil de calcular, não estando tão propenso ao risco de modelo (devido a suposições ou cálculos imperfeitos)... Para carteiras com posições em opções, entretanto, o método não é apropriado. No lugar dele, os usuários devem utilizar as simulações históricas ou de Monte Carlo.

Jorion (2008) comenta ainda que o método de Simulação Histórica é

relativamente fácil para se implementar, se valendo da avaliação plena, real de todos

os títulos. No entanto, ele é incapaz de captar a variação do risco ao longo do tempo

e, como o modelo delta-normal, pode ser apanhado de surpresa em situações

extremas.

Maletta (2005) se refere às vantagens do método de Simulação Histórica

Page 73: Análise de risco baseado no cash flow at risk

73

atribuídas por ser um método simples e por não haver a necessidade de

embasamento em premissas, pois os dados são fornecidos pelo histórico dos

bancos de dados existentes. O autor comenta, ainda, que este método consegue

capturar o efeito de uma possível assimetria dos dados. Todavia como

desvantagens desse método, Maletta (2005) atribui ao fato de que é preciso admitir

que o passado se repetirá no futuro. E, ainda, que o método não permite uma

análise de sensibilidade.

O método de testes de stress limita-se pela sua subjetividade, pois o

resultado depende do input: cenário incorreto, valor no risco incorreto. Normalmente,

enfoca apenas uma variável e ignora as correlações.

Assim, Jorion (2008) conclui que:

Teoricamente, a abordagem de Monte Carlo pode aliviar todas essas dificuldades técnicas, pois pode incorporar posições não-lineares, distribuições não normais, parâmetros implícitos e, até mesmo, cenários definidos por usuários. O preço dessa flexibilidade, todavia, é elevado. As exigências computacionais e de dados superam as das outras duas abordagens: o risco de modelo parece ser grande e o valor no risco perde seu apelo intuitivo.

Também, nesse sentido, Conceição (2006) traz uma contribuição prática no

estudo realizado, por meio do método da SMC, contribuindo na área temática de

custos.

Este artigo pretendeu mostrar o quanto é válida a utilização da Simulação de Monte Carlo no estudo do custo futuro de um produto. Permitindo-se apresentar este custo não de forma determinística, como ocorre atualmente na maioria das empresas, mas sob a forma de distribuição de probabilidades. Através da utilização desta técnica verificaram-se quais os riscos de o custo do chicote elétrico, base do nosso estudo, atingir um valor maior que o máximo necessário para se obter a lucratividade desejada. Pôde-se averiguar, também, quais seriam os valores do custo do chicote elétrico se ocorresse o melhor ou pior dos cenários possíveis. E, além disso, mostrou-se que é possível a medição da probabilidade de ocorrência de qualquer valor entre esses dois extremos.

Lowenkron (2004) alerta para a mudança do enfoque do velho para o novo

paradigma na gestão de riscos em corporações, que está sumarizado no Quadro 7.

Page 74: Análise de risco baseado no cash flow at risk

74

Velho Paradigma Novo Paradigma (enterprise-wide)

• Fragmentação: cada departamento gerenciava o risco de forma independente.

• Integração: visão conjunta da empresa e este processo está sob coordenação.

• Ad-hoc: gestão de risco era feita só quando os gerentes acreditavam existir necessidade de fazê-lo.

• Contínuo: o processo de monitoramento e gerenciamento de risco é incessante.

• Foco Estreito: principalmente riscos cujo seguro era passível de contrato direto e riscos financeiros.

• Foco Amplo: todos os riscos do negócio e as oportunidades neles contidos são considerados.

• Métricas que resumem informação consolidada.

Quadro 7 – Paradigmas na Gestão de Riscos

Fonte: Lowenkron (2004)

Nessa pesquisa utiliza-se o método da Simulação de Monte Carlo

Estruturado. Por meio de inúmeras simulações elaboradas sobre as variações dos

componentes que estruturam o fluxo de caixa e lucro da empresa concessionária,

procurar-se-á verificar com o nível de confiança de 95%, qual é o menor saldo de

caixa - CFaR e o menor lucro - EaR estimados para o contrato de concessão da

Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba –

Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de concessão 003/2007 da ANTT.

2.8 AS LIMITAÇÕES DO VaR, EaR e CFaR

Segundo Jorion (2008), apesar da métrica VaR apresentar-se como uma

ferramenta potente para compreensão dos valores em risco, existem limitações das

medidas de VaR que devem ser, a priori, compreendidas. Essas limitações podem

ser assim sumarizadas:

2.8.1 Riscos de Evento e de Estabilidade

A principal desvantagem dos modelos baseados em dados históricos refere-

se ao pressuposto que o passado recente seja uma boa projeção de aleatoriedade

futura. Mesmo que os dados passados se encaixem perfeitamente no modelo, não

Page 75: Análise de risco baseado no cash flow at risk

75

há garantia de que o futuro não trará surpresas desagradáveis que não ocorreram

no passado.

Essas surpresas podem assumir duas formas: eventos isolados (como

desvalorização da taxa de câmbio ou inadimplência) e mudanças estruturais (como

mudança da taxa de juros de pré para pós-fixada).

O risco de estabilidade pode ser abordado por meio de testes de stress, cujo

objetivo é enfocar o efeito de mudanças drásticas sobre o risco da carteira.

2.8.2 Risco de Transição

Sempre que houver mudança profunda, haverá também grande potencial

para erros. Isso aplica-se, por exemplo, às mudanças organizacionais, à expansão

para novos mercados ou produtos, à implementação de novo sistema ou às novas

regulamentações. Como os controles existentes lidam com os riscos existentes, eles

podem ser menos eficazes durante as transições.

O risco de transição é de difícil trato, pois não pode ser explicitamente

modelado. A única salvaguarda é uma vigilância maior em tempos de transição.

2.8.3 Mudança de Posições

Problemas semelhantes de instabilidade ocorrem ao se tentar extrapolar o

risco diário para um horizonte maior, o que causa preocupação, especialmente, em

órgãos reguladores. O ajuste usual é feito a partir da raiz quadrada do prazo,

pressupondo-se posições constantes.

Contudo, esse ajuste ignora o fato de a posição tomada poder mudar com o

tempo, em reação às mudanças nas condições de mercado. Não há uma forma

simples de se avaliar seu impacto sobre o VaR da carteira, mas é provável que

sistemas de administração de risco prudentes diminuam a exposição conforme

aumente a volatilidade. A imposição de limites de perda, por exemplo, reduz a

exposição gradualmente, à medida que as perdas se acumulam.

Page 76: Análise de risco baseado no cash flow at risk

76

2.8.4 Posições Problemáticas

As posições problemáticas entram em categoria similar à do risco de

transição. Todos os métodos de VaR pressupõem a existência de dados disponíveis

para mensuração de riscos. Porém, pode não haver preços de mercado para alguns

ativos, como ações ilíquidas de mercados emergentes, colocações privadas ou

moedas exóticas. Sem informações adequadas sobre preços, o risco não pode ser

avaliado a partir de dados históricos (muito menos com dados implícitos). Uma

posição tomada nesses ativos criará um potencial de perdas que será de difícil

quantificação. Na falta de boas informações, os teste de stress parecem ser o único

método de avaliação de riscos.

2.8.5 Riscos de Modelo

A maior parte dos sistemas de administração de risco utiliza o passado como

guia para riscos futuros. Todavia, pode ser arriscada a extrapolação a partir de

dados passados. É essencial que se tome cuidado com as armadilhas dos riscos de

modelo.

2.8.6 O Risco de Forma Funcional

Outra limitação desta métrica refere-se ao risco de forma funcional. Essa é a

forma mais pura de risco de modelo. Podem ocorrer erros de avaliação, caso a

forma funcional escolhida para a avaliação de um ativo esteja incorreta.

Page 77: Análise de risco baseado no cash flow at risk

77

2.8.7 O Risco de Parâmetro

Também conhecido como risco de estimativa, o risco de parâmetro surge da

imprecisão na mensuração de parâmetros. Mesmo em ambiente perfeitamente

estável, não se observam os verdadeiros retornos e volatilidades esperados. Logo,

alguns erros aleatórios certamente ocorrerão, devido, simplesmente, à variação

amostral.

2.8.8 O Risco de Exploração de Dados

Esse tipo de risco é pouco aparente e muito perigoso. Ele ocorre quando

vários modelos são examinados, sendo divulgado apenas aquele que produz bons

resultados. Esse problema dá-se, em particular, com modelos não lineares (como o

de redes neurais ou o de caos), que envolvem a busca não apenas de valores

paramétricos, como também de diferentes formas funcionais.

2.8.9 O Risco de Sobrevivência

A questão da sobrevivência relaciona-se a processos de investimento que

consideram apenas séries, mercados, ações, títulos ou contratos existentes. O

problema reside no fato de que ativos que “não sobreviveram” não podem ser

observados.

Análises baseadas em dados correntes tendem a projetar imagem

demasiadamente otimista. Mais genericamente, eventos raros e com pouca

probabilidade de ocorrência, mas que podem exercer influência significativa sobre

preços, como guerras ou nacionalizações, podem não ser bem representados pelas

amostras, podendo estar totalmente ausentes de séries sobreviventes. Infelizmente,

é difícil capturar tais eventos excepcionais por meio de modelos de risco

convencionais.

Page 78: Análise de risco baseado no cash flow at risk

78

2.9 ANÁLISE DE CENÁRIOS COMO ARCABOUÇO DA FORMULAÇÃO DE

ESTRATÉGIA A análise de cenários vem se desenvolvendo no campo da estratégia, não

como atividade fim, mas como ferramenta preditiva. Por meio dela, gestores

procuram tomar ou rever decisões, em função dos resultados apontados nos

cenários projetados. A incerteza sobre o futuro e os riscos do negócio são as

principais matérias-primas para o desenvolvimento do planejamento de cenários. É

nesse contexto que a teoria de cenários, procura auxiliar na decisão do

administrador.

Godet (1993) define cenário como o conjunto formado pela descrição de uma

situação futura e do encaminhamento dos acontecimentos que permitam passar da

situação de origem à situação futura.

Todavia, pode-se encontrar na literatura diferentes linhas de pensamento em

teoria de cenários. Schwartz (2000) descreve a teoria de cenários a partir da lógica

intuitiva. Essa linha de pensamento busca o desenvolvimento de cenários para

propiciar aos gestores bases para a percepção dos futuros alternativos que

requerem tomadas de decisões. O autor descreve oito passos no sentido de

exercitar o gestor sobre a reflexão dos cenários, a aceitação da realidade e,

porquanto, a tomada de decisão. Os oito passos descritos pelo autor podem ser

assim sumarizados:

Passo 1: Identificar a decisão estratégica principal;

Passo 2: Especificar as principais forças do ambiente local;

Passo 3: Identificar e analisar as forças motoras;

Passo 4: Hierarquizar por importância e incerteza;

Passo 5: Selecionar e estabelecer a lógica dos cenários;

Passo 6: Detalhar os cenários;

Passo 7: Interpretar as implicações dos cenários; e

Passo 8: Selecionar os indicadores e sinais de aviso.

A construção de cenários não se torna importante apenas pelo fato de

fornecer ao gestor uma contribuição para a tomada de decisão. Além disso, ela

Page 79: Análise de risco baseado no cash flow at risk

79

proporciona à organização um processo de aprendizagem contínuo, à medida que

faz seus atores refletirem sobre a realidade, o futuro e as incertezas que cercam o

mundo dos negócios. Schwartz (2000) contribui, nesse sentido, afirmando:

(...) a unificação da linguagem da organização, o auxílio no desenvolvimento de sua criatividade e a criação de redes de informação. Em síntese, eles podem ser usados, também, como plataforma de conversação estratégica que levam à aprendizagem organizacional contínua a respeito de decisões-chave e prioridades de uma empresa.

A contribuição, nesse sentido, é fazer, além de um exercício contínuo de

reflexão sobre o futuro, por meio de uma técnica de projeção de cenários, também

um processo de gestão flexível e criativo, proporcionando à organização, meios de

alcançar as metas propostas ou mesmo de fixá-las de forma estratégica. Moritz e

Pereira (2005) afirmam que:

Falar sobre o futuro conduz o pensamento à técnica de prospectar cenário e, conseqüentemente, as suas duas correntes principais: uma formulando seus pressupostos de maneira mais qualitativa e criativa (técnicas de criatividade e de avaliação) e outra mais voltada para determinação de metas e objetivos de longo prazo, envolvendo alocação de recursos e quantificação das suas variáveis (orçamentos e técnicas de análise multicritérios). Contudo, todas, sem exceção, objetivam construir cenários para proporcionar um futuro mais imaginativo e flexível para as organizações.

Os autores afirmam, ainda, que Peter Schwartz (2000) é o principal cenarista

contemporâneo e, que por ser importante na construção da história dos cenários,

transcrevem suas palavras sobre este conceito numa outra abordagem da teoria dos

cenários: a análise prospectiva.

Os cenários prospectivos apareceram pela primeira vez logo após a II Guerra Mundial, como um método de planejamento militar. A Força Aérea dos EUA tentou imaginar o que o seu oponente tentaria fazer, e prepara estratégias alternativas. Nos anos 60, Herman Kahn, que fizera parte do grupo da Força Aérea, aprimorou os cenários como ferramenta para uso comercial. Porém os cenários atingiram uma nova dimensão no início da década de 70 com o trabalho de Pierre Wack, que era planejador estratégico nos escritórios de Londres da Royal Dutch/Shell, o grupo internacional de petróleo, num novo departamento chamado de grupo de planejamento prospectivo.

Wright e Pereira (2002) apresentam uma pesquisa realizada com o objetivo

de verificar se empresas utilizam o planejamento de cenários. Os autores afirmam

Page 80: Análise de risco baseado no cash flow at risk

80

que das 70 empresas pesquisadas, 73,47% responderam que utilizam cenários. Das

empresas respondentes, 57% são de capital internacional e 43% de capital nacional.

Sendo que 84% das empresas responderam que utilizam algum tipo de

planejamento com horizonte de 5 anos. Das empresas que responderam que

utilizam planejamento, 61,32% responderam que utilizam análise de cenários com

moda de 2,5 anos. E, ainda, comentam os autores que dos adeptos à ferramenta de

cenários, 95% avaliou sua utilidade no planejamento estratégico como “Útil” ou

“Muito Útil”.

Outra contribuição da pesquisa de Wright e Pereira (2002) obtida a partir da

verificação das respostas dadas nos questionários, foi que as empresas que tem

utilizado análise de cenários, têm avaliado seu posicionamento como superior ao da

concorrência em termos de inovação e tem mostrado grande satisfação com os resultados

da técnica.

2.10 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO

O método da Simulação de Monte Carlo – SMC teve origem durante a

Segunda Guerra Mundial. Sua contribuição ocorreu como uma ferramenta de

pesquisa do projeto Manhattam para a construção da bomba atômica, com o objetivo

de demonstrar as difusões desconexas de nêutrons do material nuclear. Segundo

Cardoso e Amaral (2000), a utilização desse método como ferramenta para

avaliação de investimentos de capital começou a ser empregada a partir dos estudos

de David Hertz, McKinsey & Co., com a publicação de um artigo em 1974, na

Revista Haward Business Review.

Correia Neto, Moura e Forte (2003) citam que a denominação Simulação de

Monte Carlo foi atribuída pelo matemático Stanislaw Ulam, considerado também um

dos seus criadores. A referência do nome está relacionada aos jogos dos cassinos

de Mônaco com suas famosas roletas, principado do qual Monte Carlo é um dos

bairros.

Para Samanez (2007), a Simulação de Monte Carlo pode ser utilizada em

situações nas quais não é possível dispor de equações algébricas e formulações

analíticas sobre as evoluções de certos acontecimentos. Assim, torna-se possível a

Page 81: Análise de risco baseado no cash flow at risk

81

utilização de um método estatístico conhecido como SMC, que tem por objetivo

prover simulações do comportamento das variáveis do “acontecimento”, de forma a

se ter uma explicação razoável do mesmo.

A SMC tem por característica buscar múltiplas respostas, dentro de um

universo de simulações definido, sempre a priori, e que estejam dispostas em

distribuições igualmente prováveis, para explicar o comportamento e a evolução do

acontecimento em estudo.

Lustosa, Ponte e Dominas (2004) citam alguns pontos que devem ser

observados para que se dê a correta execução da SMC, quais sejam eles:

a) Definição das variáveis envolvidas fundamentadas em

dados passados, ou em estimativas subjetivas dos gestores

da organização ou do processo em análise;

b) A identificação da distribuição das probabilidades geradas

pelas variáveis aleatórias;

c) Análise das distribuições de probabilidades acumuladas

para os resultados relativos às variáveis definidas;

d) Delimitação de intervalo dos números aleatórios do modelo;

e) Originar os números aleatórios;

f) Simular os testes do modelo formulado.

Samanez (2007) recomenda a utilização de planilhas eletrônicas e de

softwares estatísticos para a execução da SMC, pois a quantidade de testes deve

ser relevante para que se obtenha maior número de resultados, que possibilitem

demonstrar mais fielmente o comportamento da situação estudada.

2.11 CONTRATOS DE CONCESSÃO E PARCERIA PÚPLICO-PRIVADA - PPP

O modelo de concessão de serviços públicos, delegados à iniciativa privada

por meio de contratos de concessão por tempo determinado, é amplamente utilizado

no Brasil em modalidades como telefonia, energia elétrica, gás natural, tratamento

de água e esgoto, transporte ferroviário e rodoviário. Segundo é divulgado no site da

Page 82: Análise de risco baseado no cash flow at risk

82

ANTT (2009), o Programa de Concessão de Rodovias Federais abrange 13.780,8

quilômetros de rodovias, desdobrado em concessões promovidas pelo Ministério dos

Transportes, pelos governos estaduais, mediante delegações com base na Lei n.º

9.277/96, e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres.

Esse Programa de Concessão de Rodovias foi iniciado em 1995, com o

objetivo de delegar à iniciativa privada a gestão, manutenção e recuperação das

rodovias, mediante autorização para cobrança de pedágio. Segundo Oliveira (2001),

a capacidade limitada de investimento do governo para manter e ampliar o sistema

rodoviário brasileiro levou a uma degradação da qualidade das rodovias. A solução

para esse problema foi conceder à iniciativa privada o direito de cobrar pedágio,

mediante a obrigação de realizar as obras e serviços de recuperação, manutenção,

conservação e a operação das rodovias.

A persistência ao longo dos últimos anos da limitada capacidade de investimento dos diversos níveis de governo obrigou a União, os Estados e os Municípios a reduzir drasticamente os recursos destinados à manutenção e à ampliação do sistema de rodovias no Brasil. O resultado foi uma crescente degradação da qualidade das rodovias, acompanhada, no caso de algumas, de uma capacidade limitada perante a demanda crescente por seu uso. As limitações que Estados e União encontraram para fazer frente a esse problema devem-se não só à insuficiência de recursos orçamentários, mas também a dificuldades administrativas na gestão dos recursos e na operação técnica das rodovias. A solução adotada pela União e por diversos Estados para esse quadro foi a concessão à iniciativa privada dos serviços de recuperação, operação e conservação das rodovias. Em troca da arrecadação de pedágio, empresas concessionárias se comprometeram a prestar esses serviços e, na maioria dos casos, a ampliar a capacidade das rodovias. (OLIVEIRA, 2001).

Nesse sentido o embasamento legal utilizado pela ANTT, segundo o Edital

003/2007, para promover a delegação à iniciativa privada, por meio de contrato de

concessão de rodovias, é regido pela Lei no. 9.491, de 9 de setembro de 1997,

alterada pela Lei no. 9.635, de 15 de março de 1998, que modifica os procedimentos

relativos ao Programa de Desestatização; pela Lei no. 8.987, de 13 de fevereiro de

1995, com redação dada pela Lei no. 9.648, de 1998, que dispõe, de acordo com o

art. 175 da Constituição Federal, sobre as concessões e permissões de serviços

públicos, com as alterações introduzidas pela Lei no. 11.196, de 21 de novembro de

2005; pela Lei no. 9.074, de 7 de julho de 1995, que estabelece normas para outorga

e prorrogações das concessões; pela Lei no. 10.233, de 5 de junho de 2001, que cria

a ANTT e dá outras providências, e pelo Decreto no. 2.594, de 15 de maio de 1998,

Page 83: Análise de risco baseado no cash flow at risk

83

que regulamenta a Lei. no. 9.491.

Barella e Zeitlin (2004), afirmam que existem casos de rodovias com baixo

fluxo de tráfego a alta necessidade de investimentos, bem como, casos em que há

alto fluxo de tráfego e baixa necessidade de investimentos. Assim, há necessidade

de se estudar os riscos de contratos, com a finalidade de se buscar um equilíbrio

econômico-financeiro, que propicie a viabilidade da concessão.

Nesse sentido, Lee (1996) destaca três tipos diferentes de concessão, assim

definidas:

a) Concessões subsidiadas: aquelas financeiramente inviáveis,

cuja viabilização é feita através da introdução de subsídios

diretos ou indiretos, reduzindo a necessidade de capital privado

a ponto de tornar tais empreendimentos atrativos;

b) Concessões gratuitas: compreendem os projetos em que

não há necessidades de subsídios públicos, uma vez que as

receitas e os investimentos os tornam atraentes;

c) Concessões onerosas: inclui os casos de concessões de

empreendimentos cujas rentabilidades são grandes o bastante

para que o poder concedente possa promovê-los exigindo

pagamentos pela outorga e/ou auferindo parcelas das receitas,

sem que se abale a rentabilidade do projeto.

O modelo de contrato de concessão proposto por Engel et al. (2001), leva em

consideração para outorga do contrato de concessão, o menor valor presente das

receitas propostos pelos concorrentes nos processos licitatórios, obrigando-os a

cumprir com todas as cláusulas previstas contratualmente, durante o prazo de

concessão. Esse tipo de contrato, não tem prazo fixo e o término do contrato ocorre,

quando o valor presente das receitas de pedágio, alcançam o valor originalmente

proposto.

Barella e Zeitlin (2004) citam o modelo de contrato de concessão conhecido

por Shadow Toll, ou simplesmente, “pedágio sombra”, também conhecido por

“pedágio virtual”. Nesse modelo de contrato, a empresa concessionária recebe o

Page 84: Análise de risco baseado no cash flow at risk

84

pedágio diretamente do Poder Público e não dos usuários da rodovia. Nogueira e

Marinho (2002), afirmam que no Reino Unido nenhuma concessionária está

autorizada a cobrar pedágio e por isso, a Agência de Transportes criou o conceito

shadow toll, em que as concessionárias são remuneradas de acordo com o uso que

os motoristas fazem da rodovia.

No Brasil os contratos administrativos de concessão do tipo PPP, estão

embasados essencialmente na Lei no. 11.079/04, que institui normas gerais para

licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração

pública, na Lei no. 8.987/95 que trata da concessão e permissão de serviços e obras

públicas e na Lei no. 8.666/93 a respeito das normas para licitações e contratos da

administração pública.

Conforme previsto na Lei das PPPs os contratos de concessão podem ser de

dois tipos: (a) patrocinada; e (b) administrativa. A PPP patrocinada é aquela que a

remuneração e o ressarcimento do investimento realizado ocorre via o pagamento

de uma contraprestação pública, conjuntamente ou não, com a cobrança de tarifas

junto aos usuários. Já a PPP administrativa tem como característica a administração

pública como usuária direta ou indireta dos serviços. Assim, a remuneração do

parceiro privado ocorre exclusivamente com os pagamentos da prestação de

serviços à administração privada.

Silva (2006) apresenta um estudo na área de PPP voltada para o

investimento em estações de tratamento de esgotos no Brasil. Nesse trabalho, o

autor desenvolveu uma classificação para os fatores de risco no ambiente das

parcerias-público privadas para o tratamento de esgotos que podem ser assim

sumarizadas:

1 RISCOS INTERNOS

1.1 Risco na implantação

1.2 Riscos financeiros

1.3 Riscos Operacionais

1.4 Riscos Contratuais

2 RISCOS EXTERNOS

2.1 Riscos Comercial

2.2 Riscos Econômicos

2.3 Riscos Políticos

Page 85: Análise de risco baseado no cash flow at risk

85

3. RISCOS EXTERNOS IMPREVISÍVEIS

3.1 Riscos Político e Regulatório

3.2 Riscos Diversos

4. RISCOS LEGAIS

4.1 Riscos Contratuais

Desses riscos segundo Silva (2006), se destacam dois, com alta

probabilidade e alto impacto no contrato de PPP de esgotos, são eles: a) Riscos na

Implantação, no que diz respeito ao risco de gerenciamento dos custos; e b) Riscos

contratuais, no que se refere à inadimplência do poder público.

Ainda Silva (2006) conclui sobre os estudos efetuados que:

Sob o enfoque dos investidores, a análise das duas tipologias contratuais mostra um melhor desempenho dos contratos de PPP, quando comparados com as concessões, ou seja, estes contratos apresentam uma melhor capacidade de suporte para os desvios de comportamentos impostos nos cenário referencial do protótipo, justificada pela possibilidade de transferência dos riscos de demanda para o poder público, bem como pelo subsídio de um percentual das tarifas pela contraprestação pública. (SILVA, 2006).

O Edital 003/2007, Lote 7, da ANTT, objeto do estudo dessa pesquisa é uma

Concessão para exploração da infraestrutura e da prestação de serviços públicos e

obras, abrangendo a execução dos serviços de recuperação, manutenção,

monitoração, conservação, operação, ampliação, melhorias e exploração, conforme

apresentado no Programa de Exploração da Rodovia – PER. O prazo de concessão

é de 25 anos. O critério para outorga do contrato é o de menor valor de Tarifa Básica

de Pedágio, tomando-se por base a Tarifa Básica de Pedágio Máxima aceita de R$

2,754. E, o Regime de contratação é o de Concessão de Serviços Públicos

Precedida de Execução de Obra Pública.

Page 86: Análise de risco baseado no cash flow at risk

86

3 METODOLOGIA

Este capítulo é reservado à apresentação da metodologia aplicada ao

trabalho. Nele, encontra-se um conjunto de etapas ordenadamente dispostas a

serem executadas, visando à identificação do fenômeno e à resolução do problema

de pesquisa. O capítulo 3 está dividido em cinco seções: a seção 3.1 trata do

delineamento de pesquisa; a seção 3.2 trata da caracterização da pesquisa; a seção

3.3 é reservada para a descrição da coleta e tratamento dos dados; a seção 3.4 trata

de definição das variáveis a serem estudadas; e a seção 3.5 conclui esse capítulo

com as perguntas de pesquisa.

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Segundo Gil (2007), o delineamento da pesquisa refere-se ao planejamento

da mesma em sua dimensão mais ampla. É nesse momento que o pesquisador

estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo os instrumentos e

procedimentos necessários à coleta dos dados.

Nesta seção do trabalho, é descrita a metodologia utilizada para a construção

da pesquisa, a população ou amostra pesquisada, os instrumentos utilizados na

coleta de dados, os procedimentos utilizados na coleta de dados e os procedimentos

utilizados para análise e interpretação dos dados.

A pesquisa é classificada como um estudo empírico-teórica, pois dedica-se à

aplicação da métrica Cash Flow at Risk ao contrato de concessão objeto do edital de

concorrência pública 003/2007, Lote 7 da ANTT. Nesse sentido, a pesquisa procura

trazer à tona o conhecimento global das implicações financeiras do contrato de

concessão da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC –

Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do Edital 003/2007 da ANTT e, ao mesmo

tempo, aprofunda os conhecimentos no estudo exaustivo sobre as possibilidades de

variação do fluxo de caixa.

Os dados são obtidos por meio de pesquisa documental. O principal

documento responsável pelo fornecimento dos dados é o Estudo Indicativo da Tarifa

Page 87: Análise de risco baseado no cash flow at risk

87

Máxima de Pedágio, elaborado pela ANTT, objeto do Edital 003/2007 de Concessão

de Exploração de Rodovia Federal – Lote 7 – BR-116/376/PR – BR-101/SC – Trecho

Curitiba – Florianópolis. Especificamente o Anexo III, representado pelo arquivo de

planilhas eletrônicas com o nome: “Fluxo de Caixa da Proposta Comercial Lote

7.xls”, que contem os Quadros numerados de 1 ao 12.

Os dados coletados são submetidos à métrica CFaR. As variações de fluxo

de caixa são projetadas por meio da técnica de simulação de Monte Carlo, com o

objetivo de extrair as variações dos fluxos de caixa resultantes do projeto analisado,

em função dos cenários estabelecidos.

Como suporte instrumental no tratamento e análise dos dados, são utilizados

softwares específicos, tais como: planilha eletrônica Excel e Crystal Ball.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa utiliza-se do método hipotético dedutivo, proposto por Karl

Popper no século XX, que tem como base colocar os conhecimentos já existentes

em questionamento, com o objetivo de surgirem novos conhecimentos.

Para que um trabalho de pesquisa seja considerado científico é

imprescindível a utilização de um método. O método por sua vez, procura traduzir o

modelo utilizado de forma minuciosa ou pelo menos suficiente o bastante, para que

o trabalho tenha condições de ser reproduzido em outras circunstâncias ou sobre a

mesma condição proposta. Ao caracterizar esta pesquisa em função do método que

será aplicado, tal pesquisa utiliza-se do método estatístico, que se apoia em

informações quantitativas, buscando explicações de causa e efeito.

Quanto à natureza do trabalho, essa pesquisa pode ser caracterizada como

uma pesquisa aplicada, pois, tal como afirma Jung (2004), tem finalidades

imediatas, utilizando-se de conhecimentos advindos de pesquisa básica ou

tecnológica.

A pesquisa pode ser vista como um trabalho de cunho quantitativo, pois se

apoiará em métodos matemáticos para explicar os resultados pesquisados.

Os dados coletados serão submetidos à métrica CFaR, que deriva do modelo

Value at Risk (VaR). As variações de fluxo de caixa serão estudadas por meio da

Page 88: Análise de risco baseado no cash flow at risk

88

técnica de simulação de Monte Carlo, com o objetivo de extrair as variações dos

fluxos de caixa resultantes do projeto analisado, em função dos cenários

preestabelecidos.

O modelo proposto para realização deste trabalho está consubstanciado no

mesmo modelo definido por La Rocque e Lowenkron (2004), que definem o CFaR

como:

Valor mínimo de um fluxo de caixa numa determinada data (T) no futuro, a um nível de significância de α% avaliado com as informações disponíveis hoje (t). Equivale ao α-ésimo percentil da distribuição de probabilidade do fluxo em questão numa determinada data no futuro. Tem-se um enfoque de médio/longo prazo e de fluxo de caixa ao invés de valor. Matematicamente, o CFaR da data T analisado em t a (1-α %) de confiança é definido como o número que faz com que P(Fluxo de Caixa ≤ CFaR) = α%.

Os passos que nortearão a sequência lógica desta métrica podem ser

sumarizadas em seis fases:

Passo 1: identificar as variáveis de mercado que influenciam na

variabilidade do fluxo de caixa da empresa concessionária de

rodovias e que farão parte dos testes de simulação e do

modelo econométrico adotado;

Passo 2: estimar os valores futuros individuais esperados para

as variáveis de mercado identificadas no passo 1, para o

horizonte de tempo do estudo do fluxo de caixa da empresa

concessionária de rodovias;

Passo 3: estimar os modelos econométricos adotados para o

fluxo de caixa da concessionária de rodovias. Analisar as

propriedades estatísticas, observando a autocorrelação de

primeira ordem e o poder de explicação do modelo, em função

da coerência com a teoria econômica;

Passo 4: simular diferentes cenários para as variáveis de

mercado identificadas no passo 1, observando a matriz de

Page 89: Análise de risco baseado no cash flow at risk

89

variância-covariância da série histórica, por meio da técnica de

Simulação de Monte Carlo;

Passo 5: inserir no modelo os fatores de risco simulados, que

constituem as variáveis independentes adotadas no passo 1, e

obter a distribuição de probabilidade para a variável

dependente que é o fluxo de caixa; e

Passo 6: calcular o CFaR, com nível de confiança de 95%.

Assim, esta pesquisa ainda pode ser caracterizada, em função dos

procedimentos, como uma pesquisa operacional, dado que o objetivo final é

orientar a melhor opção para a tomada de decisão, a partir de uma investigação de

forma sistemática e racional dos processos envolvidos na realização de uma

atividade produtiva.

Essa pesquisa pode também ser caracterizada como uma pesquisa bibliográfica, pois se caracteriza por trazer consigo a aquisição de referências

bibliográficas e tem por finalidade conhecer algumas das contribuições científicas já

postadas nesse campo de estudo, como forma de orientar o pesquisador sobre

outros casos já estudados. Conforme Oliveira (2000) a pesquisa bibliográfica acaba

se transformando em rotina para os pesquisadores e profissionais que necessitam

de constante atualização.

No que diz respeito ao aspecto temporal, a pesquisa guarda característica de

um estudo de natureza transversal que, conforme Jung (2004) é aquela que se

realiza em um determinado instante de tempo (t), onde a observação que irá

caracterizar a situação ou mesmo qualidade do fenômeno estudado refere-se àquele

exato corte temporal.

Por fim, o conjunto de técnicas utilizado neste trabalho e a metodologia

adotada contribuem na construção da realidade, fazendo com que o estudo de caso

se torne a melhor estratégia de pesquisa a ser empregada.

O Quadro 8 demonstra, de forma sumarizada as etapas da metodologia a

serem empregadas nesse trabalho.

Page 90: Análise de risco baseado no cash flow at risk

90

Título da Dissertação Análise de Risco baseado no Cash Flow at Risk: Um Estudo Empírico do Edital 003/2007 de Concessão da Rodovia BR-101, Lote 7 – Trecho Curitiba a Florianópolis

Problema de Pesquisa Qual a influência, calculada a partir do CFaR (Cash Flow at Risk) e provocada pelas variações dos riscos de mercado, sobre os resultados esperados nos estudos de viabilidade econômica e financeira de um contrato de concessão rodoviária?

Objetivo Geral Mensurar o impacto dos riscos de mercado no fluxo de caixa de um projeto de concessão de rodovias por meio da métrica Cash Flow at Risk.

Objetivos Específicos a) Identificar as variáveis “riscos de mercado” relevantes para o projeto de concessão de rodovias; b) Identificar os parâmetros operacionais para projeção do fluxo de caixa e da demonstração de resultados; c) Mensurar os valores dos indicadores de rentabilidade e de risco do projeto de concessão; d) Analisar as variações dos indicadores de rentabilidade e de risco em diferentes cenários.

Suporte Teórico-Empírico

a) Métrica Value at Risk – VaR; b) Métrica Cash Flow at Risk – CfaR; c) Metodologia Simulação de Monte Carlo – SMC; e d) Metodologia de Análise de Viabilidade Econômica e Financeira de Projetos.

Suporte Instrumental a) Planilha Eletrônica Excel; b) SPSS – Statistical Package for Social Sciences c) Crystal Ball

Suporte Metodológico da Pesquisa Método Estatístico e Hipotético-Dedutivo Objetivo Explicativo Modelagem Matemática Coleta de dados Bibliográfica e Documental Controle das Variáveis Modelo Preditivo – Pós-facto Dimensão do Tempo Corte Transversal Procedimento Pesquisa Operacional Perguntas de Pesquisa vinculadas aos objetivos geral e específicos

Qual é o risco financeiro mensurável do caso estudado, a partir da Métrica Cash Flow at Risk – CFaR, utilizando a metodologia da Simulação de Monte Carlo – SMC, sob as diferentes condições de simulação de cenários para um nível de confiabilidade de 95%? a) Quais são as variáveis “riscos de mercado” relevantes para o projeto de concessão de rodovias em estudo? b) Quais são os parâmetros operacionais para a projeção do fluxo de caixa e da demonstração de resultados da empresa concessionária? c) Qual é a rentabilidade esperada e o risco do projeto em estudo, segundo as métricas de rentabilidade e risco normalmente aplicadas na teoria de finanças? d) Quais são as variações percebidas nos indicadores de rentabilidade e de risco, quando as projeções econômicas e financeiras são submetidas às simulações de diferentes cenários, segundo a metodologia dos testes de stress?

Quadro 8 – Sumário Metodológico das Etapas da Pesquisa

A pesquisa refere-se a um estudo dos riscos de mercado, que afetam o fluxo

de caixa da empresa concessionária de rodovias da BR-101, mensurado por meio

da métrica CFaR. Busca-se contribuir com a gestão de riscos financeiros, por meio

de um estudo de caso, com caráter explicativo, utilizando-se do método estatístico,

da modelagem matemática e da revisão bibliográfica.

Page 91: Análise de risco baseado no cash flow at risk

91

3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

Ao tratamento dos dados coletados serão utilizadas métricas quantitativas,

como é o caso do Cash Flow at Risk - CFaR, uma métrica derivada do modelo Value

at Risk - VaR. O trabalho de pesquisa tem como subproduto análises implícitas de

avaliação financeira, sob a ótica do binômio risco e retorno. Assim, métricas

quantitativas como fluxo de caixa descontado, taxa interna de retorno, retorno sobre

patrimônio líquido, índice benefício custo, pay-back time e outras dessa ordem

auxiliarão na tarefa da mensuração dos resultados.

A coleta de dados foi obtida basicamente de duas formas:

a) As projeções financeiras apresentadas pela ANTT na

oportunidade do leilão público, integrantes do Edital 003/2007,

do Lote 7, denominadas “Estudos Indicativos” utilizadas para a

determinação da Tarifa de Pedágio Máxima, constituem a base

de dados deste trabalho;

b) As variáveis de mercado que influenciam a formação do

fluxo de caixa da empresa concessionária serão obtidas por

meio de pesquisa bibliográfica, revisando os trabalhos

existentes nesta área.

Os dados coletados, identificados como variáveis de mercado, e tomados

como variáveis independentes serão submetidos à modelagem matemática por meio

da técnica de Simulação de Monte de Carlo. Essa técnica prevê o passeio aleatório

das variáveis de mercado, projetando as possíveis variabilidades do fluxo de caixa

resultante do modelo adotado pela empresa, em função dos cenários pretendidos,

segundo um nível de confiança e um determinado período de tempo.

Os dados coletados foram tratados em planilha eletrônica Excel visando à

estimação do modelo conceitual. Em software de estatística apropriado como Crystal

Ball, para cálculos, testes e tratamentos estatísticos necessários às validações de

modelo, plotagem de resultados e explicações de valores e índices.

Page 92: Análise de risco baseado no cash flow at risk

92

3.4 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS A SEREM ESTUDADAS

Nesta etapa da pesquisa, são apresentadas as variáveis a serem coletadas.

Jung (2004) define variável, como grandezas que podem variar ao longo do tempo

ou de caso a caso. Além disso, as variáveis a serem estudas neste trabalho estão

divididas em duas classes:

a) Variáveis Dependentes: são aquelas que dependem das

variações das variáveis independentes e, quando isso

acontece, apresentam alteração nos seus valores;

b) Variáveis Independentes: são aquelas que quando

submetidas a alterações influenciarão de alguma forma as

variáveis dependentes, como numa relação de causa e efeito.

Para melhor compreensão da definição das variáveis dependentes e

independentes utilizadas neste trabalho, a seguir é apresentado o elenco adotado

com suas respectivas definições constitutivas e operacionais devidamente

adaptadas.

Variável: Cash Flow at Risk (CFaR)

Definição Constitutiva: o valor mínimo do fluxo de caixa livre projetado nos Estudos

Indicativos elaborados pela ANTT, para o leilão público da concessão para

exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC –

Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de concessão 003/2007 da ANTT,

encontrado no período de tempo de 25 anos, submetido à condição de um intervalo

de confiança de 95%. La Rocque e Lowenkron (2004) definem o CFaR como:

Valor mínimo de um fluxo de caixa numa determinada data (T) no futuro, a um nível de significância de α% avaliado com as informações disponíveis hoje (t). Equivale ao α-ésimo percentil da distribuição de probabilidade do fluxo em questão numa determinada data no futuro. Tem-se um enfoque de médio/longo prazo e de fluxo de caixa ao invés de valor. Matematicamente, o CFaR da data T analisado em t a (1-α %) de confiança é definido como o número que faz com que P(Fluxo de Caixa ≤ CFaR) = α%.

Page 93: Análise de risco baseado no cash flow at risk

93

Definição Operacional: mensurado a partir da combinação das técnicas de cenários

e da Simulação de Monte Carlo, aplicadas no modelo de projeções de Fluxo de

Caixa proposto no edital de concessão 003/2007 da ANTT.

Variável: Earnings at Risk (EaR)

Definição Constitutiva: o valor mínimo do lucro projetado nos Estudos Indicativos

elaborados pela ANTT para o leilão público da concessão para exploração da

Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba –

Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de concessão 003/2007 da ANTT,

encontrado no período de tempo de 25 anos, submetido à condição de um intervalo

de confiança de 95%. O CorporateMetrics® (1999) definiu o EaR como sendo:

(...) a queda máxima do lucro, em relação a uma meta ou previsão específica, ocorrida devido ao impacto de variações das taxas de mercado em um dado conjunto de exposições, para um dado período e nível de confiança.

Definição Operacional: mensurado a partir da combinação das técnicas de cenários

e da Simulação de Monte Carlo, aplicadas no modelo de projeções de lucros

proposto no edital de concessão 003/2007 da ANTT.

Variável: Valor Presente Líquido (VPL)

Definição Constitutiva: o valor monetário (PV) do ponto zero da escala de tempo,

que é equivalente à soma de suas parcelas futuras, descontadas para o ponto zero,

com uma determinada taxa de juros (TMA- Taxa Mínima de Atratividade). Casarotto

e Kopittke (2007) afirmam que o método do Valor Presente consiste em descontar o

fluxo de caixa do projeto de investimento utilizando a taxa da TMA.

Page 94: Análise de risco baseado no cash flow at risk

94

Definição Operacional: mensurado a partir da aplicação da equação:

n

n

1n0

)i1(CFnCFVPL+

+−= ∑=

. O projeto analisado é viável quando o VPL for maior que

zero.

Variável: Taxa Interna de Retorno (TIR)

Definição Constitutiva: a taxa que anula o VPL de um fluxo de caixa. Segundo Pilão

e Hummel (2006), o método da Taxa Interna de Retorno (TIR) é aquele que permite

encontrar a remuneração do investimento em termos percentuais. A TIR representa

o valor do custo de capital que torna o VPL nulo. Corresponde, portanto, a uma taxa

que remunera o valor investido no projeto. Segundo o Edital 003/2007 da ANTT a

TIR determina, em pontos percentuais, a remuneração de um empreendimento.

Conforme estabelecido nos contratos de concessão, a TIR é o termômetro, a partir

da qual é avaliada a situação de equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Definição Operacional: mensurada a partir da aplicação da equação:

∑ ++−== n

n0

)TIR1(CFCF0VPL . O projeto é viável quando a TIR for maior que a

TMA.

Variável: Pay-back Time

Definição Constitutiva: indica o tempo necessário que levará para recuperar o

investimento realizado. Para Souza e Clemente (2008), o risco do projeto aumenta à

medida que o pay-back se aproxima do final do horizonte de planejamento. Sob esta

afirmação, é correto afirmar que quanto menor for o pay-back time, menor será o

prazo necessário para recuperar o capital investido e, portanto, menor será o risco

do projeto.

Page 95: Análise de risco baseado no cash flow at risk

95

Definição Operacional: mensurado a partir da equação:

jetoprazodoprociososdebenefíVPLdosFlux

cialCapitalIni×−=ePaybacktim . Quanto menor for o

pay-back time, menor também será o risco do projeto. Para obtenção do VPL dos

fluxos de benefícios, será utilizada a TMA.

Variável: Retorno Adicional sobre o Investimento (ROIA)

Definição Constitutiva: segundo Souza e Clemente (2008), é o indicador que melhor

representa a estimativa de rentabilidade para um projeto de investimento. É

representado em forma percentual e traduz a riqueza gerada pelo projeto para os

investidores.

Definição Operacional: mensurado a partir da equação: 1PVFViROIA n −==

representa a estimativa de ganho num projeto adicional à TMA e proporciona ao

investidor decidir se este ganho adicional é suficiente, ou não, como prêmio de risco

que se pretende assumir ao se decidir pelo investimento no projeto analisado.

Variável: Fluxo de Tráfego

Definição Constitutiva: indica a quantidade projetada de “veículos equivalentes” que

deverão trafegar nos trechos em que estão localizadas as praças de pedágio e que

estarão sujeitos à cobrança do pedágio. Segundo o Edital 003/2007 da ANTT, a

expressão “veículos equivalentes”, corresponde:

(...) ao número total de veículos pedagiados, considerando seus respectivos fatores multiplicadores de tarifa. Assim, o total de veículos equivalentes x a tarifa básica de pedágio, resulta no total de receita arrecadado em determinada praça de pedágio.

Definição Operacional: informado nos Estudos Indicativos elaborados pela ANTT,

por meio do “Quadro 1 – Tráfego em Veículos Equivalentes”, parte integrante do

Anexo III – Termo de Referência da Proposta Comercial, objeto do Edital 003/2007

da ANTT.

Page 96: Análise de risco baseado no cash flow at risk

96

Variável: Tarifa Básica de Pedágio

Definição Constitutiva: é o valor da tarifa de pedágio a ser cobrada correspondente à

categoria 1 do quadro de tarifas objeto do contrato de concessão. Segundo o Edital

003/2007 da ANTT Tarifa Básica de Pedágio é a tarifa de pedágio para o(s)

veículo(s) de categoria 1 da Classificação de Veículos para cobrança de pedágio e

cujo fator multiplicador de tarifa é igual a 1,0. É a tarifa correspondente aos veículos

de rodagem simples e dois eixos.

Definição Operacional: é mensurada no Edital 003/2007, Capítulo V, item 1.20,

conforme o texto na íntegra:

A Tarifa Básica de Pedágio Teto considerada nos estudos de viabilidade econômico-financeira, representando a tarifa relativa ao veículo de rodagem simples e de dois eixos, referenciado a julho de 2007, é de: R$ 2,754 (dois reais e setecentos e cinqüenta e quatro milésimos de real).

Variável: Taxa Mínima de Atratividade

Definição Constitutiva: são as taxas praticadas no mercado financeiro em operações

de aplicação de baixo risco. A proposição de Souza e Clemente (2008) é que se use

como TMA a melhor taxa, com baixo grau de risco, disponível para aplicação do

capital em análise.

Definição Operacional: a TMA é mensurada usando-se a Taxa Selic como proxy,

divulgada pelo Banco Central, descontada a inflação projetada para o mesmo

período.

Variável: Custos e Despesas Operacionais

Definição Constitutiva: são os valores previstos para o custeio da operação e

conservação e manutenção da rodovia e das despesas administrativas, conforme

definido no Edital 003/2007, Anexo III – Termos de Referência da Proposta

Page 97: Análise de risco baseado no cash flow at risk

97

Comercial, Quadro 7 – Custos Operacionais. São considerados no referido quadro a

seguintes rubricas: administração, controle das operações, serviços médicos,

serviços de guincho, inspeção de tráfego, pesagem de caminhões, atendimentos a

incidentes, arrecadação de pedágios, conservação de pista e faixa de domínio,

conservação de equipamentos e sistemas de operação, monitoração, seguros e

garantias, polícia federal e fiscalização da concessão.

Definição Operacional: é informado nos Estudos Indicativos do Edital 003/2007 do

Lote 7, por meio do “Quadro 7 – Custos Operacionais”.

Variável: Investimentos

Definição Constitutiva: são os valores previstos para a realização das obras de

ampliação e melhoramento da rodovia, bem como aquisição de bens integrantes do

imobilizado da empresa concessionária, conforme definido no Edital 003/2007,

Anexo III – Termos de Referência da Proposta Comercial, Quadro 5 – Investimentos.

São considerados no referido quadro a seguintes rubricas: Trabalhos iniciais,

restauração, manutenção dos elementos de pista, obras de melhorias e ampliações,

edificações, equipamentos/sistemas/veículos, projetos, cadastros e desapropriações.

Souza e Clemente (2008) definem investimento como:

Um investimento, para uma empresa, é um desembolso feito visando gerar um fluxo de benefícios futuros, usualmente superior a um ano. A lógica subjacente é a de que somente se justificam sacrifícios presentes se houver perspectiva de recebimentos de benefícios futuros. (SOUZA; CLEMENTE, 2008).

Definição Operacional: é informado nos Estudos Indicativos do Edital 003/2007, do

Lote 7, por meio do “Quadro 5 – Investimentos”.

O conjunto das variáveis dependentes e independentes definidas para o

estudo aprofundado neste trabalho tem por objetivo:

a) em primeiro plano dar resposta à pergunta de pesquisa

desse trabalho que, por meio do CFaR, dará embasamento a

essa questão; e

Page 98: Análise de risco baseado no cash flow at risk

98

b) em segundo plano, informar as variações encontradas para

os demais indicadores de risco e retorno normalmente

utilizados em avaliações de projetos por financistas, quando

submetidas aos cenários simulados a partir da técnica da

Simulação de Monte Carlo.

A integração das variáveis independentes ao modelo formulado

conceitualmente, que será submetido ao processo de simulação dos “N” cenários

acarretará em “N” resultados obtidos para cada variável dependente pré-definida. A

Figura 11 faz uma demonstração simplificada da metodologia sugerida neste

trabalho, buscando elucidar a modelagem adotada:

VARIÁVEL ALTERAÇÃO MODELO VARIÁVELINDEPENDENTE DE CENÁRIOS DEPENDENTE

Fluxo de Tráfego Acréscimo 15% Cash Flow at RiskFT CFaR

Mais provável

Redução 15%

Earnings at RiskTarifa Básica de Acréscimo 15% EaRPedágio - TBP

Mais provável

Redução 15%Valor PresenteLíquido - VPL

Taxa Mínima de Acréscimo 2%aaAtratividade - TMA

Mais provávelTaxa Interna de

Redução 2%aa Retorno - TIR

Custos e Despesas Acréscimo 15%Operacionais - CDO Retorno Adicional

Mais provável s/ Invest. - ROIA

Redução 15%

Investimentos Acréscimo 15% Pay-backINV PB

Mais provável

Redução 15%

Ambiente onde foi tratado oPROJETO

ANALISADO,apresentando os

resultadosconhecidos, a priori .

Ambiente onde será tratado

o PROJETO ANALISADO,

sob a ótica dos novos

cenários projetados.

0

5

10

15

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1 2 3 4 5 6 7 8 9

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7 8 9 Figura 11 – Fluxograma de Cenários Alternativos

Page 99: Análise de risco baseado no cash flow at risk

99

O modelo adotado para avaliação do projeto de viabilidade econômica e

financeira é o mesmo adotado pela ANTT no leilão público objeto do Edital

003/2007, referente ao Lote 7 objeto deste estudo. Os valores das variáveis

independentes foram simulados com base numa distribuição de probabilidade

triangular. Já os resultados esperados para as variáveis dependentes deverão

apresentar resultados de probabilidade distribuídos normalmente.

3.5 PERGUNTAS DE PESQUISA

Para responder ao objetivo geral desta pesquisa, a principal pergunta de

pesquisa que norteia os esforços na elaboração deste é:

Qual é o risco financeiro mensurável da concessão para

exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR –

BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do

Lote 7, do Edital de Concessão 003/2007 da ANTT, a partir da

Métrica Cash Flow at Risk – CFaR, utilizando a metodologia da

Simulação de Monte Carlo – SMC, sob as diferentes condições

de simulação de cenários para um nível de confiança de 95%?

Para responder à principal pergunta de pesquisa do trabalho foram definidos

os objetivos específicos traçados para essa pesquisa. As perguntas que servirão de

orientação para os objetivos específicos foram estruturadas da seguinte forma:

Para o primeiro objetivo específico: a) Mensurar os valores dos indicadores de

rentabilidade do contrato de concessão; procurar-se-á responder-se à pergunta de

pesquisa: Qual é a rentabilidade esperada para o contrato de concessão da rodovia

BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do

Edital de Concessão 003/2007 da ANTT, ofertado por meio de leilão público na

BOVESPA, segundo as métricas de rentabilidade normalmente aplicadas na teoria

de finanças?

Para o segundo objetivo específico: b) Mensurar os valores em risco,

inerentes ao contrato de concessão; o trabalho deverá responder à pergunta de

Page 100: Análise de risco baseado no cash flow at risk

100

pesquisa: Quais são os valores em risco que podem influenciar no retorno do

contrato de concessão da rodovia BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba –

Florianópolis, objeto do Lote 7, do Edital de Concessão 003/2007 da ANTT, segundo

as métricas de risco?

Para o terceiro objetivo específico: c) Analisar as variações nestes

indicadores em diferentes cenários; buscar-se-á a resposta para a pergunta de

pesquisa: Quais são as variações percebidas nos indicadores de rentabilidade e de

risco, quando as projeções econômicas e financeiras são submetidas às simulações

de diferentes cenários, segundo a metodologia dos testes de stress?

Para o quarto objetivo específico: d) Estimar as probabilidades de perdas

potenciais a partir do CFaR. Deverá ser respondida a pergunta de pesquisa: Qual a

menor previsão de saldo de caixa anual esperado no horizonte de 25 anos para o

contrato de concessão da rodovia BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba –

Florianópolis, objeto do Lote 7, do Edital de Concessão 003/2007 da ANTT, segundo

a metodologia da Simulação de Monte Carlo – SMC e da métrica CFaR, quando

submetidas às simulações de diferentes cenários?

Page 101: Análise de risco baseado no cash flow at risk

101

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Este capítulo tem por objetivo apresentar a aplicação da métrica Cash Flow at

Risk – CFaR ao edital 003/2007 da ANTT que trata da Concessão para exploração

da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba –

Florianópolis, objeto do Lote 7, pautado da Demonstração do Fluxo de Caixa

Projetada para um período de 25 anos, utilizando, para isso, a metodologia da

Simulação de Monte Carlo – SMC, sob as diferentes condições de simulação de

cenários para um nível de confiança de 95%.

Assim, o capítulo 4 está dividido em 5 seções: a seção 4.1 trata da Análise

Descritiva dos Dados, em que apresenta as principais premissas adotadas nos

“Estudos Indicativos” da ANTT para a formulação da Tarifa Básica de Pedágio

Máxima de R$ 2,754 para o Lote 7; a seção 4.2 refere-se à Análise Crítica do

Modelo DFC da ANTT, observando as vantagens e desvantagens do modelo DFC

adotado pela a ANTT e propõe um modelo adequado às necessidades das análises

complementares propostas nesta pesquisa; na seção 4.3 tem-se os Cenários

Alternativos Considerados, em que se encontram elencadas as variações estimadas

para os cenários: (a) mais provável; (b) otimista; e (c) pessimista, para cada uma das

variáveis independentes; a seção 4.4 traz a Estimativa dos Indicadores Associados à

Rentabilidade, Criação de Valor e Risco, em que apresenta os resultados obtidos

para os principais indicadores calculados, por meio da aplicação da metodologia

SMC nos três cenários propostos; e a seção 4.5 trata das Considerações Finais do

Capítulo, em que se apresentam as questões relevantes observadas a partir dos

estudos efetuados, com relação principalmente às implicâncias da métrica Cash

Flow at Risk no contexto do Contrato de Concessão.

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS

O objeto de estudo desta pesquisa é o Edital de Concessão 003/2007, Lote 7,

datado de 16/08/2007, lançado pela ANTT – Agência Nacional de Transportes

Terrestres. O edital tem por objetivo:

Page 102: Análise de risco baseado no cash flow at risk

102

(...) selecionar, por meio de Leilão Público, a pessoa jurídica ou Consórcio de empresas a qual será outorgada a Concessão para exploração da infra-estrutura e da prestação de serviços públicos e obras, abrangendo a execução dos serviços de recuperação, manutenção, monitoração, conservação, operação, ampliação, melhorias e exploração, conforme apresentado no Programa de Exploração da Rodovia – PER, do Lote Rodoviário abaixo discriminado: LOTE 7 RODOVIA: BR-116/376/PR – BR-101/SC TRECHO: Curitiba – Florianópolis EXTENSÃO: 382,30 km

O Lote 7 é um dos lotes que compõem a segunda parte do Programa de

Concessões de Rodovias Federais, promovidos pela ANTT. O pacote leiloado pela

ANTT envolve 7 lotes licitados, com 2.600,8 km de extensão de rodovias com

previsão de instalação de 36 praças de pedágio e tarifas de pedágio (máximas)

previstas que apresentaram média de R$ 3,49 por eixo, conforme demonstra o

Quadro 9.

LOTES DESCRIÇÃO DO TRECHO EXTENSÃO PRAÇAS TARIFA MÁXIMA

LOTE 1 BR153/SP Div. MG/SP - Div. SP/PR 321,60 KM 4 R$ 4,083

LOTE 2 BR116/PR/SC Curitiba - Div. SC/RS 412,70 KM 5 R$ 4,188

LOTE 3 BR393/RJ Div. MG/RJ Entronc. BR116 Via Dutra 200,40 KM 3 R$ 4,037

LOTE 4 BR101/RJ Div. RJ/ES Ponte Pres. Costa e Silva 320,10 KM 5 R$ 3,824

LOTE 5 BR381/MGSP Belo Horizonte - São Paulo 562,10 KM 8 R$ 2,884

LOTE 6 BR116/SP/PR São Paulo - Curitiba 401,60 KM 6 R$ 2,685

LOTE 7BR116PR - BR376PR - BR101/SC Curitiba - Florianópolis

382,30 KM 5 R$ 2,754

TOTAL 2.600,8 KM 36 R$ 3,494 Quadro 9 – Lotes Objeto do Leilão Público da ANTT – 2ª. Etapa

Fonte: Editais da ANTT (2007)

A empresa vencedora do leilão público do Lote 7 foi a OHL, representada pela

corretora Ágora. A empresa espanhola OHL consagrou-se vencedora do leilão do

Lote 7 com o lance de R$ 1,028, pois apresentou a menor tarifa de pedágio ofertada

para esse lote. Frente à tarifa de pedágio máxima de R$ 2,754, permitida no Edital

da ANTT para Lote 7, o lance da OHL evidenciou um deságio de 62,67%.

Page 103: Análise de risco baseado no cash flow at risk

103

A ANTT apresentou no Edital de Concessão os “Estudos Indicativos” dos

Lotes leiloados, por meio de planilhas eletrônicas. Esses estudos indicativos são

compostos por premissas básicas que deram origem à tarifa máxima de pedágio

objeto do Edital para cada Lote leiloado. Todo esse conjunto de elementos forma a

base de dados para a realização dos estudos desta pesquisa. Na sequência, são

apresentados estes elementos de forma descritiva, procurando elucidar as principais

premissas-alvo da análise realizada sobre o Edital 003/2007 – Lote 7:

a) Tarifa Básica de Pedágio Máxima: R$ 2,754;

b) Tarifa Básica de Pedágio Vencedora do Leilão: R$ 1,028;

c) Prazo do Contrato de Concessão: 25 anos;

d) Data do Início do Contrato de Concessão: 14/02/2008;

e) Data do Término do Contrato de Concessão: 14/02/2033;

f) Início da Cobrança de Pedágio Previsto no Edital: a partir do

sétimo mês do início do contrato. A Previsão de

Arrecadação para o primeiro ano é de 6 meses;

g) Quantidade de Praças de Pedágio: 5 Praças de Pedágio;

h) Estimativa do Fluxo de Tráfego no Edital: O Fluxo de

Tráfego é estimado para cada uma das cinco praças de

pedágio em 10 categorias diferentes;

i) Estimativa de Fluxo de Tráfego Equivalente no Edital para o

primeiro ano: 31.236.061,250 Veículos Equivalentes em

TBPs (para seis meses) nas cinco praças de pedágio;

j) Impostos incidentes sobre a receita bruta previstos no

Edital: PIS (0,65%); COFINS (3,00%) e ISS (5,00%);

k) Impostos incidentes sobre o lucro previstos no Edital: IRPJ

(15% + 10% adicional) e CSLL (9,00%);

l) Receita Financeira: O Edital estima uma receita financeira

de 0,50% sobre o valor total estimado para a receita bruta

de arrecadação de pedágio;

m) Custos Operacionais: O Edital divide os Custos

Operacionais em dois grandes grupos: Grupo 1 -

Administração Operação e Conservação; e Grupo 2 –

Seguros, Fiscalização, Polícia Rodoviária Federal - PRF e

Page 104: Análise de risco baseado no cash flow at risk

104

Recursos de Desenvolvimento Tecnológico – RDT;

n) Investimentos: O Edital divide os Investimentos em quatro

grandes grupos: Grupo 1 – Trabalhos Iniciais, Restauração

e Melhorias; Grupo 2 – Manutenção; Grupo 3 – Edificações;

e Grupo 4 – Equipamentos, Sistemas e Veículos;

o) Taxa Interna de Retorno: O Edital prevê uma TIR de

8,95%ao ano;

p) Pay-back Time: O Edital prevê o pay-back time (simples) de

14 anos;

q) Recursos de Terceiros: O Edital prevê apenas aporte de

capital próprio;

Os Estudos Indicativos apresentados pela ANTT, no Edital 003/2007 do Lote

7, são partes integrantes desta pesquisa e estão apresentados nos APÊNDICES.

4.2 ANÁLISE CRÍTICA DO MODELO DFC DA ANTT

Nos Estudos Indicativos apresentados pela ANTT, no Edital 003/2007 do Lote

7, o modelo DFC adotado não proporciona, por si só, uma forma que propicie uma

análise mais detalhada da sua composição. Isso ocorre, pois sua formulação se dá a

partir do resultado líquido apurado no DRE, admitindo, para tanto, que os ingressos

e desembolsos ocorrerão no fluxo de caixa, no mesmo tempo em que foram

apropriados como receita e despesas no DRE, quando contabilizados pelo regime

de competência. O Quadro 10 ilustra o fluxo de caixa adotado pela ANTT, no Edital

003/2007 do Lote 7.

Page 105: Análise de risco baseado no cash flow at risk

105

(=) RESULTADO LÍQUIDO(+) DEPRECIAÇÃO(+) FINANCIAMENTOS1. FONTES

(-) INVESTIMENTOS(-) AMORTIZAÇÃO EMPRÉSTIMOS2. USOS

3. SALDO DE CAIXA (1 - 2)

4. SALDO DE CAIXA ACUMULADO

… ANO 25FLUXO DE CAIXA DO PROJETO ANO 1 ANO 2 ANO 3

Quadro 10 – Modelo da DFC da ANTT

Fonte: Edital 003/2007 da ANTT (2007)

Assim, a proposição de um modelo de DFC completo e que proporcione uma

visão abrangente das transações que afetam o Fluxo de Caixa pode ser elaborada

com base nas técnicas de estruturação da demonstração dos fluxos de caixa

apresentadas por Marion (2009), que afirma:

Assim como o Balanço Patrimonial é dividido em grupos de contas e a DRE em operacional e não operacional, a DFC deverá ser dividida em: (a) atividades operacionais; (b) atividades de investimentos; e (c) atividades de financiamentos.

Nesse sentido, a crítica ao modelo do DFC adotado pela ANTT vem ao

encontro do pensamento lançado por Marion (2009) e notadamente adaptado para a

atividade de Concessão de Rodovias, buscando destaque para as rubricas que

expressam os valores mais significativos de ingressos e desembolsos no fluxo de

caixa.

O modelo proposto e ilustrado no Quadro 11 é composto por (a) atividades

operacionais; (b) atividades de investimentos; e (c) atividades de financiamentos. As

rubricas que compõem cada um desses três grupos foram extraídas dos estudos

indicativos apresentados pela ANTT no Edital 003/2007 do Lote 7. Assim, no novo

modelo proposto, é possível realizar análises detalhadas da formação dos saldos de

caixa, que possam contribuir para a compreensão dos fatores que influenciam nos

resultados periódicos do fluxo de caixa do projeto.

Page 106: Análise de risco baseado no cash flow at risk

106

1. INGRESSOS ATIVIDADES OPERACIONAIS(+) RECEITA DE PEDÁGIO(+) RECEITAS ACESSÓRIAS2. DESEMBOLSOS ATIVIDADES OPERACIONAIS2.1. TRIBUTOS(-) ISS(-) PIS(-) COFINS(-) IMPOSTO DE RENDA (-) CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 2.2. CUSTOS E DESPESAS(-) ADMINISTRAÇÃO / OPERAÇÃO / CONSERVAÇÃO(-) SEGUROS E GARANTIAS(-) POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL(-) FISCALIZAÇÃO(-) RECURSOS DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO3. SALDO OPERACIONAL (1-2)4. INGRESSOS ATIVIDADE DE INVESTIMENTOS(+) VENDA DE ATIVO IMOBILIZADO5. DESEMBOLSOS ATIVIDADE DE INVESTIMENTOS(-) TRABALHOS INICIAIS/RESTAURAÇÃO/MELHORIAS(-) MANUTENÇÃO(-) EDIFICAÇÕES(-) EQUIPAMENTOS / SISTEMAS / VEÍCULOS6. SALDO DAS ATIVIDADES INVESTIMENTOS (4-5)7. INGRESSOS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS(+) EMPRÉSTIMOS/FINANCIAMENTOS/DEBÊNTURES(+) RECEITA FINANCEIRA(+) RESGATE DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS(+) APORTE DE CAPITAL DOS SÓCIOS8. DESEMBOLSOS ATIVIDADES FINANCIAMENTOS(-) EMPRÉSTIMOS/FINANCIAMENTOS/DEBÊNTURES(-) JUROS SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS(-) APLICAÇÕES FINANCEIRAS(-) PAGAMENTO DE DIVIDENDOS9. SALDO DAS ATIVIDADES FINANCIAMENTOS (7-8)10. SALDO DE CAIXA DO PERÍODO (3+6+9)11. SALDO DE CAIXA ACUMULADO

OPERACI

ONAL

FI

NANCTO

INVESTI

M

ANO 3 … ANO 25FLUXO DE CAIXA DO PROJETO ANO 1 ANO 2

Quadro 11 – Modelo Proposto da DFC

O modelo apresentado no Quadro 11 é a base de análise de simulação desta

pesquisa, visando, assim, obter resultados mais detalhados sobre as implicâncias

dos saldos de caixa calculados para cada nível das três atividades do

empreendimento observado ao longo dos 25 anos do contrato de concessão. 4.3 CENÁRIOS ALTERNATIVOS CONSIDERADOS

Para avaliação do Fluxo de Caixa em Risco, foram considerados três cenários

alternativos: (a) O cenário mais provável; (b) o cenário otimista; e (c) o cenário

Page 107: Análise de risco baseado no cash flow at risk

107

pessimista. Esses cenários têm como objetivo estabelecer os limites a priori aceitos

para as variações das principais variáveis analisadas no projeto, para mais ou para

menos, a partir da proposta original da ANTT estabelecida no Edital 003/2007 para o

Lote 7. É a partir das simulações desses cenários que se torna possível a

mensuração efetiva do valor em risco e sua probabilidade de ocorrência, por meio da

geração de inúmeros e diferentes fluxos de caixa projetados.

4.3.1 O Cenário mais provável

O Edital 003/2007 da ANTT para o Lote 7 divulga os “Estudos Indicativos”

elaborados para o estabelecimento da tarifa básica de pedágio máxima que poderá

ser aceita no Leilão Público. Assim, este estudo reproduzido em planilhas eletrônicas

e adaptado para o modelo de DFC proposto nesta pesquisa, foi tomado como base

para o cenário mais provável. Esse complexo modelo de avaliação econômica e

financeira de projeto de investimento permite simular os resultados esperados

admitindo que sejam inseridas variações, tais como:

a) do fluxo de tráfego equivalente por praça de pedágio;

b) do valor da tarifa básica de pedágio;

c) da estimativa para receitas financeiras;

d) das taxas de juros na contratação de financiamentos;

e) dos prazos para pagamento dos financiamentos contratados;

f) dos valores de financiamento contratados;

g) das modalidades de sistemas de financiamentos

contratados;

h) dos valores estimados para os custos e as despesas

operacionais;

i) dos valores estimados para os investimentos;

j) das alíquotas estimadas para os impostos;

k) do cronograma para realização dos investimentos; e

l) da taxa mínima de atratividade do projeto.

Page 108: Análise de risco baseado no cash flow at risk

108

4.3.2 O Cenário otimista

A partir das premissas utilizadas pela ANTT para elaboração dos “Estudos

Indicativos” do Edital 003/2007 para o Lote 7, que constitui o cenário mais provável,

foi considerada a possibilidade de variação em 15% em cada uma das variáveis

independentes, com a finalidade de se obter os resultados para o cenário otimista:

a) fluxo de tráfego equivalente por praça de pedágio: +15%;

b) valor da tarifa básica de pedágio: +15%;

c) valores estimados para os custos e as despesas

operacionais: -15%;

d) valores estimados para os investimentos: -15%;

e) taxa mínima de atratividade do projeto: 4% ao ano.

4.3.3 O Cenário pessimista

A partir das premissas utilizadas pela ANTT para elaboração dos “Estudos

Indicativos” do Edital 003/2007 para o Lote 7, que constitui o cenário mais provável,

foi considerada a possibilidade de variação em 15% em cada uma das variáveis

independentes, para se obter os resultados para o cenário pessimista:

a) fluxo de tráfego equivalente por praça de pedágio: -15%;

b) valor da tarifa básica de pedágio: -15%;

c) valores estimados para os custos e as despesas

operacionais: +15%;

d) valores estimados para os investimentos: +15%;

e) taxa mínima de atratividade do projeto: 8% ao ano.

A variação de 15%, considerada para a simulação dos cenários, buscou

estabelecer os limites máximos e mínimos para cada variável independente admitida

neste trabalho, para fins de testar os efeitos produzidos nos indicadores de

rentabilidade, de risco e de agregação de valor. Esta condição é possível, dado que

o Edital 003/2007 prevê cláusulas de equilíbrio econômico-financeiro para o contrato

Page 109: Análise de risco baseado no cash flow at risk

109

de concessão, tomando para isto a Taxa Interna de Retorno não alavancada,

pactuada quando da assinatura do Contrato de Concessão, conforme texto do Título

V, Capítulo II na íntegra:

O equilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão é definido pelo fluxo de caixa descontado considerando-se o disposto no Título V, Capítulo I, Seção I, que assegure a Concessionária a Taxa Interna de Retorno não alavancada pactuada quando da assinatura do Contrato de Concessão. (...) O equilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão será mantido ao longo da sua vigência e considerado nos processos de reajuste e de revisão tarifária, de modo a assegurar a Taxa Interna de Retorno assumida no Leilão. (Edital 003/2007 da ANTT, 2007).

O Edital 003/2007 da ANTT prevê, ainda, no Título V, Capítulo I, Seção I, que:

Apenas as alterações nos encargos do PER (Programa de Exploração da Rodovia) da Proponente, durante a execução do Contrato de Concessão, decorrentes de antecipação ou postergações e de inclusões ou exclusões de obras e implantações de serviços obrigatórios, serão objeto de reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão. (Edital 003/2007 da ANTT, 2007).

Quanto ao risco de fluxo de tráfego da rodovia, o Edital 003/2007 da ANTT,

prevê no Capítulo VII, Seção II, que:

A Concessionária assume, integralmente, o risco de tráfego inerente à exploração da Rodovia, incluindo-se neste o risco de redução do volume de tráfego em decorrência da transferência de tráfego para outras rodovias. A assunção do risco de alteração do tráfego no Lote Rodoviário constitui condição inerente ao regime jurídico da Concessão a ser outorgada, não se admitindo revisão tarifária para fins de reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão, caso ocorra variação do volume de tráfego real em relação ao tráfego projetado pela Concessionária em sua Proposta Comercial. (Edital 003/2007 da ANTT, 2007).

Assim, espera-se que a variação de 15% sobre as variáveis independentes,

possa ser representativa da variação de mercado e que seus efeitos sejam testados

neste trabalho, limitados ainda à capacidade instalada da futura empresa

concessionária, considerada nos custos e investimentos a priori definidos nos

Estudos Indicativos da ANTT.

Já para a TMA buscou-se refletir uma mudança da política de taxa de juros no

mercado, estimada para fins dessa pesquisa numa variação de 2 pontos

percentuais, sobre a TMA do projeto original de 6% ao ano, já descontada a inflação

e a tributação do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido.

Page 110: Análise de risco baseado no cash flow at risk

110

4.4 ESTIMATIVA DOS INDICADORES ASSOCIADOS À RENTABILIDADE, À

CRIAÇÃO DE VALOR E DE RISCO

Nesta seção são apresentadas as estimativas dos indicadores associados à:

(a) Rentabilidade: Valor Presente Líquido (VPL); e Taxa Interna de Retorno (TIR); (b)

Criação de Valor: Retorno Adicional sobre o Investimento (ROIA); e (c) Risco: Cash

Flow at Risk (CFaR); Earning at Risk (EaR); e Pay-back time. Esses indicadores

estão apresentados para cada um dos cenários considerados, a saber: (a) Cenário

provável, (b) Cenário otimista e (c) Cenário pessimista. O objetivo é proporcionar

uma avaliação independente para cada cenário e para cada indicador estimado,

possibilitando a comparação entre os resultados obtidos ao final deste capítulo.

4.4.1 Mensuração do Valor Presente Líquido (VPL)

A estimativa do VPL obtida a partir da variação dos cenários proporciona uma

visão da flutuação da rentabilidade esperada para o projeto em análise, com nível de

confiança de 95%, por meio da aplicação da SMC, com 1.000 simulações do fluxo

de caixa, que são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Valores estimados para o VPL

Máximo Médio Mínimo D. PadrãoOtimista + 15% 463.917 408.950 343.716 16.922 94,6% 380.216

Pessimista - 15% 178.377 122.869 65.772 16.486 95,4% 92.305 Otimista + 15% 468.030 408.543 350.828 17.548 93,7% 384.442

Pessimista - 15% 183.265 123.168 69.735 17.058 95,0% 96.383 Otimista - 15% 327.779 309.882 291.567 5.318 95,9% 300.622

Pessimista + 15% 237.811 222.583 207.280 5.333 94,9% 213.098 Otimista - 15% 417.776 356.719 294.881 21.638 94,6% 322.671

Pessimista + 15% 230.889 176.347 122.421 21.047 95,9% 140.381 Taxa Mínima Atratividade Mais Provável 266.255 266.255 266.255 0 N/A 266.255

Nível de Confiança

VPL maior ou igual a

Fluxo de Tráfego

6%aa

Tarifa Básica de Pedágio

Custos/Desp Operacionais

Investimentos

Variável Independente TMA Cenários Valor Presente Líquido Cash Flow (R$ mil)

A partir da análise dos resultados apresentados na Tabela 1 para apuração

do VPL, é possível perceber que em nenhum dos cenários simulados e para

Page 111: Análise de risco baseado no cash flow at risk

111

nenhuma das variáveis independentes testadas submetidas aos testes de variação

foi encontrado VPL negativo. Assim, é possível afirmar que o projeto apresenta VPL

positivo em todos os casos simulados, obtendo um resultado superior em dinheiro ao

capital investido no projeto. Com base nessa afirmação, e ainda considerando uma

análise realizada exclusivamente pela ótica do VPL, o projeto é economicamente

viável e pode ser recomendado para investimento.

Na Figura 12 é possível observar o comportamento do VPL, considerando a

variação do fluxo de tráfego em -15%. Os resultados obtidos por meio da SMC a

partir de 1.000 simulações demonstrados na Figura 12 resultaram num histograma

que aparenta ser uma distribuição normal de probabilidade. Isso possibilita afirmar

que com um grau de confiança de 95,4% o VPL é igual ou maior que R$ 92.305 mil.

Bloco Freq Acum71.992 2 275.377 1 378.763 2 582.148 4 985.534 7 1688.919 9 2592.305 21 4695.690 19 6599.076 31 96

102.461 33 129105.847 43 172109.232 55 227112.618 54 281116.004 66 347119.389 77 424122.775 84 508126.160 69 577129.546 77 654132.931 69 723136.317 63 786139.702 51 837143.088 41 878146.473 27 905149.859 26 931153.244 24 955156.630 17 972160.016 12 984163.401 8 992166.787 2 994170.172 2 996173.558 3 999

Mais 1 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

71.

992

78.

763

85.

534

92.

305

99.

076

105

.847

112

.618

119

.389

126

.160

132

.931

139

.702

146

.473

153

.244

160

.016

166

.787

173

.558

Freq

uênc

ia

VPL em R$ mil

Figura 12 - VPL em função da variação do fluxo de tráfego em -15%

Já a Figura 13 demonstra o que ocorre com o VPL quando o fluxo de tráfego

é submetido à variação de +15%.

Page 112: Análise de risco baseado no cash flow at risk

112

Bloco Freq Acum354.048 0 0357.786 0 0361.524 0 0365.263 3 3369.001 5 8372.739 13 21376.478 13 34380.216 20 54383.954 31 85387.693 30 115391.431 35 150395.169 63 213398.907 61 274402.646 81 355406.384 86 441410.122 94 535413.861 93 628417.599 76 704421.337 68 772425.076 68 840428.814 52 892432.552 37 929436.291 26 955440.029 13 968443.767 13 981447.505 10 991451.244 5 996454.982 2 998458.720 1 999462.459 0 999466.197 1 1000

Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

354

.048

361

.524

369

.001

376

.478

383

.954

391

.431

398

.907

406

.384

413

.861

421

.337

428

.814

436

.291

443

.767

451

.244

458

.720

466

.197

Freq

uênc

ia

VPL em R$ mil

Figura 13 – VPL em função da variação do fluxo de tráfego em +15%

A Figura 13 possibilita afirmar que com um grau de 94,6% de confiança o VPL

é igual ou maior que R$ 380.216 mil. Notadamente que a variação do fluxo de

tráfego em 15% impacta na mensuração do VPL tornando-o 4,12 vezes maior no

cenário otimista em relação ao cenário pessimista, com um grau de confiança

próximo a 95%.

As simulações para as variações da tarifa básica de pedágio em -15% no

cálculo do VPL estão demonstradas na Figura 14, a qual possibilita afirmar que, para

um nível de confiança de 95%, o VPL é igual ou maior que R$ 96.383 mil, apontando

uma frequência acumulada de 50 casos em 1.000 simulações realizadas por meio

da SMC.

Page 113: Análise de risco baseado no cash flow at risk

113

Bloco Freq Acum65.408 0 068.850 0 072.292 0 075.733 1 179.175 1 282.617 2 486.058 3 789.500 5 1292.941 19 3196.383 19 5099.825 22 72

103.266 42 114106.708 45 159110.150 50 209113.591 79 288117.033 68 356120.475 79 435123.916 73 508127.358 83 591130.799 90 681134.241 63 744137.683 67 811141.124 45 856144.566 38 894148.008 36 930151.449 28 958154.891 18 976158.332 10 986161.774 6 992165.216 4 996168.657 3 999

Mais 1 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

65.

408

72.

292

79.

175

86.

058

92.

941

99.

825

106

.708

113

.591

120

.475

127

.358

134

.241

141

.124

148

.008

154

.891

161

.774

168

.657

Freq

uênc

ia

VPL em R$ mil

Figura 14 – VPL em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%

A Figura 15 evidencia que o VPL é maior ou igual a R$ 384.442 mil em 93,7%

dos casos simulados, entre 1.000 simulações realizadas, com a variação da tarifa

básica de pedágio em +15%. Bloco Freq Acum

353.865 1 1357.687 0 1361.509 0 1365.331 1 2369.153 1 3372.975 4 7376.797 13 20380.620 17 37384.442 26 63388.264 36 99392.086 46 145395.908 64 209399.730 76 285403.552 75 360407.374 86 446411.196 90 536415.018 81 617418.840 91 708422.662 78 786426.484 57 843430.307 48 891434.129 31 922437.951 23 945441.773 23 968445.595 15 983449.417 7 990453.239 4 994457.061 3 997460.883 2 999464.705 1 1000468.527 0 1000

Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

353

.865

361

.509

369

.153

376

.797

384

.442

392

.086

399

.730

407

.374

415

.018

422

.662

430

.307

437

.951

445

.595

453

.239

460

.883

468

.527

Freq

uênc

ia

VPL em R$ mil

Figura 15 – VPL em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15%

Page 114: Análise de risco baseado no cash flow at risk

114

Assim, é possível afirmar que a variação da tarifa básica de pedágio em 15%

acarreta numa variação para o VPL em aproximadamente 4 vezes o valor estimado

para o VPL no cenário otimista, quando comparado ao valor estimado para o VPL no

cenário pessimista, com um grau de confiança próximo a 95%.

O VPL mensurado a partir da variação dos custos e despesas operacionais

em -15% está demonstrado na Figura 16, em que o VPL calculado é maior ou igual a

R$ 300.622 mil em 95,9% dos casos, entre 1.000 simulações realizadas.

Bloco Freq Acum

294.501 1 1295.725 1 2296.950 5 7298.174 4 11299.398 11 22300.622 19 41301.846 31 72303.071 28 100304.295 53 153305.519 63 216306.743 54 270307.967 68 338309.192 75 413310.416 83 496311.640 97 593312.864 96 689314.088 70 759315.313 63 822316.537 55 877317.761 49 926318.985 24 950320.209 22 972321.433 13 985322.658 6 991323.882 5 996325.106 1 997326.330 2 999327.554 1 1000328.779 0 1000330.003 0 1000331.227 0 1000

Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

294

.501

296

.950

299

.398

301

.846

304

.295

306

.743

309

.192

311

.640

314

.088

316

.537

318

.985

321

.433

323

.882

326

.330

328

.779

331

.227

Freq

uênc

ia

VPL em R$ mil

Figura 16 – VPL em função da variação dos custos e despesas operacionais em -15%

Já a Figura 17 ilustra o VPL obtido a partir das 1.000 simulações realizadas

com a variação dos custos e despesas em +15%, em que o VPL calculado é maior

ou igual a R$ 213.098 mil em 94,9% dos casos simulados.

Assim, é possível afirmar que a variação dos custos e despesas operacionais

em 15% implica a variação do VPL em aproximadamente 1,4 vezes o valor estimado

para o VPL no cenário otimista quando comparado ao valor estimado para o VPL no

cenário pessimista, com um grau de confiança próximo a 95%.

Page 115: Análise de risco baseado no cash flow at risk

115

Bloco Freq Acum206.064 2 2207.237 2 4208.409 1 5209.581 6 11210.754 5 16211.926 13 29213.098 22 51214.271 26 77215.443 25 102216.615 49 151217.788 57 208218.960 69 277220.132 66 343221.305 82 425222.477 71 496223.649 101 597224.822 74 671225.994 82 753227.166 65 818228.339 48 866229.511 46 912230.684 32 944231.856 11 955233.028 18 973234.201 15 988235.373 3 991236.545 1 992237.718 6 998238.890 2 1000240.062 0 1000241.235 0 1000

Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

206

.064

208

.409

210

.754

213

.098

215

.443

217

.788

220

.132

222

.477

224

.822

227

.166

229

.511

231

.856

234

.201

236

.545

238

.890

241

.235

Freq

uênc

ia

VPL em R$ mil

Figura 17 – VPL em função da variação dos custos e despesas operacionais em +15%

O VPL estimado em 1.000 simulações realizadas com a variação dos

investimentos em -15% está evidenciado na Figura 18. Bloco Freq Acum

296.510 1 1300.247 0 1303.984 2 3307.722 3 6311.459 8 14315.196 7 21318.933 8 29322.671 25 54326.408 26 80330.145 38 118333.883 37 155337.620 50 205341.357 61 266345.094 65 331348.832 62 393352.569 64 457356.306 76 533360.043 52 585363.781 58 643367.518 61 704371.255 53 757374.993 42 799378.730 48 847382.467 35 882386.204 33 915389.942 21 936393.679 24 960397.416 20 980401.153 6 986404.891 6 992408.628 6 998

Mais 2 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

296

.510

303

.984

311

.459

318

.933

326

.408

333

.883

341

.357

348

.832

356

.306

363

.781

371

.255

378

.730

386

.204

393

.679

401

.153

408

.628

Freq

uênc

ia

VPL em R$ mil

Figura 18 – VPL em função da variação dos investimentos em -15%

Page 116: Análise de risco baseado no cash flow at risk

116

A Figura 18 demonstra que o VPL será maior ou igual a R$ 322.671 mil em

94,6% dos casos simulados, entre 1.000 simulações realizadas, com a variação dos

investimentos em -15%.

Já a Figura 19 ilustra o VPL calculado a partir da variação dos investimentos

em +15%. Notadamente que, nesse caso, o VPL será maior ou igual a R$ 140.381

mil em 95,9% dos casos.

Bloco Freq Acum

122.370 2 2125.972 5 7129.574 4 11133.177 9 20136.779 7 27140.381 14 41143.983 30 71147.585 29 100151.187 39 139154.789 35 174158.391 42 216161.993 42 258165.595 56 314169.197 60 374172.799 60 434176.401 69 503180.003 56 559183.605 58 617187.207 68 685190.809 52 737194.411 46 783198.013 45 828201.615 44 872205.217 34 906208.819 32 938212.421 24 962216.023 16 978219.625 4 982223.227 10 992226.829 2 994230.432 3 997

Mais 3 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

122

.370

129

.574

136

.779

143

.983

151

.187

158

.391

165

.595

172

.799

180

.003

187

.207

194

.411

201

.615

208

.819

216

.023

223

.227

230

.432

Freq

uênc

ia

VPL em R$ mil

Figura 19 – VPL em função da variação dos investimentos em +15%

Assim, é possível afirmar que a variação dos investimentos em 15% implica a

variação do VPL em aproximadamente 2,3 vezes o valor estimado para o VPL no

cenário otimista quando comparado ao valor estimado para o VPL no cenário

pessimista, com um grau de confiança próximo a 95%.

Page 117: Análise de risco baseado no cash flow at risk

117

4.4.2 Mensuração da Taxa Interna de Retorno (TIR)

A estimativa da TIR obtida a partir da variação dos cenários proporciona uma

visão da flutuação da rentabilidade esperada para o projeto em análise, com nível de

confiança de 95%, por meio da aplicação da SMC, com 1.000 simulações no fluxo

de caixa, e que estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Valores estimados para a TIR

Máximo Médio Mínimo D. Padrão

Otimista + 15% 10,96% 10,28% 9,77% 0,19% 95,0% 9,96%

Pessimista - 15% 7,95% 7,32% 6,72% 0,18% 95,5% 7,01%

Otimista + 15% 10,85% 10,29% 9,75% 0,18% 95,1% 9,95%

Pessimista - 15% 8,00% 7,32% 6,75% 0,19% 94,4% 7,03%

Otimista - 15% 9,47% 9,28% 9,10% 0,06% 94,0% 9,19%

Pessimista + 15% 8,54% 8,35% 8,13% 0,06% 94,9% 8,24%

Otimista - 15% 10,92% 9,99% 9,17% 0,31% 95,4% 9,48%

Pessimista + 15% 8,53% 7,77% 7,13% 0,24% 95,5% 7,38%Taxa Mínima Atratividade Mais Provável 8,82% 8,82% 8,82% 0,00% N/A N/A

TMA

6%aa

Nível de Confiança

TIR maior ou igual a

Taxa Interna de Retorno (%ao ano)Variável Independente Cenários

Fluxo de Tráfego

Tarifa Básica de Pedágio

Custos/Desp Operacionais

Investimentos

A partir da análise dos resultados apresentados na Tabela 2 para apuração

da TIR, é possível perceber que em nenhum dos cenários simulados e para

nenhuma das variáveis independentes testadas, submetidas aos testes de variação,

foi encontrada TIR menor que a TMA.

Assim, é possível afirmar que o projeto apresenta TIR maior que a TMA em

todos os casos simulados, obtendo um resultado superior em taxa de rentabilidade

ao ano sobre o capital investido no projeto, quando comparado com a TMA. Com

base nessa afirmação e ainda considerando uma análise realizada exclusivamente

pela ótica da TIR, o projeto é viável e pode ser recomendado para investimento.

Na Figura 20 é possível observar o comportamento da TIR, considerando a

variação do fluxo de tráfego em -15%. Os resultados obtidos por meio da SMC a

partir de 1.000 simulações demonstrados na mesma Figura resultaram num

histograma, que aparenta ter uma distribuição normal. Isso possibilita afirmar que

com um grau de confiança de 95,5% a TIR é igual ou maior que 7,01%ao ano.

Page 118: Análise de risco baseado no cash flow at risk

118

Bloco Freq Acum6,79% 1 16,82% 2 36,86% 2 56,90% 3 86,93% 10 186,97% 7 257,01% 20 457,04% 25 707,08% 31 1017,12% 31 1327,15% 42 1747,19% 54 2287,23% 72 3007,26% 70 3707,30% 76 4467,34% 85 5317,37% 66 5977,41% 79 6767,44% 62 7387,48% 55 7937,52% 67 8607,55% 42 9027,59% 37 9397,63% 26 9657,66% 13 9787,70% 6 9847,74% 4 9887,77% 7 9957,81% 2 9977,85% 3 10007,88% 0 1000Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

6,79

%

6,86

%

6,93

%

7,01

%

7,08

%

7,15

%

7,23

%

7,30

%

7,37

%

7,44

%

7,52

%

7,59

%

7,66

%

7,74

%

7,81

%

7,88

%

Freq

uênc

ia

TIR %ao ano

Figura 20 – TIR em função da variação do fluxo de tráfego em -15%

Já a Figura 21 demonstra o que ocorre com a TIR quando o fluxo de tráfego é

submetido à variação de +15%. Notadamente que, nesse caso, a TIR é maior ou

igual a 9,96% ao ano em 95% dos casos.

Assim, é possível afirmar que a variação do fluxo de tráfego em 15%, implica

a variação da TIR em 95% dos casos no valor esperado para a TIR, igual ou maior a

9,96% ao ano e maior ou igual a 7,01% ao ano, que pode ser comparada com a

TMA de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, com grau de confiança de 95%.

Sendo a TIR positiva, nos casos testados diante da variação do fluxo de

tráfego, é correto afirmar que mesmo quando o volume de fluxo de tráfego sofre uma

redução de 15%, o projeto ainda apresenta-se rentável, correspondendo esta

rentabilidade à taxa maior ou igual a 7,01% ao ano em 95,5% dos casos. E, quando

o fluxo de tráfego é testado com um acréscimo de 15%, a TIR esperada com um

nível de confiança de 95% aumenta para a faixa maior ou igual a 9,96% ao ano.

Page 119: Análise de risco baseado no cash flow at risk

119

Bloco Freq Acum9,72% 0 09,76% 2 29,80% 1 39,84% 2 59,88% 6 119,92% 21 329,96% 18 50

10,00% 15 6510,04% 27 9210,08% 34 12610,12% 52 17810,16% 69 24710,20% 76 32310,24% 74 39710,28% 81 47810,32% 87 56510,37% 92 65710,41% 63 72010,45% 64 78410,49% 57 84110,53% 45 88610,57% 26 91210,61% 27 93910,65% 27 96610,69% 12 97810,73% 9 98710,77% 6 99310,81% 4 99710,85% 2 99910,89% 0 99910,93% 1 1000Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

9,72

%

9,80

%

9,88

%

9,96

%

10,0

4%

10,1

2%

10,2

0%

10,2

8%

10,3

7%

10,4

5%

10,5

3%

10,6

1%

10,6

9%

10,7

7%

10,8

5%

10,9

3%

Freq

uênc

ia

TIR %ao ano Figura 21 – TIR em função da variação do fluxo de tráfego em +15%

A Figura 22 demonstra a TIR calculada a partir da variação de -15% da tarifa

básica de pedágio.

Bloco Freq Acum6,73% 0 06,77% 0 06,81% 0 06,84% 2 26,88% 7 96,92% 4 136,95% 11 246,99% 15 397,03% 17 567,06% 28 847,10% 31 1157,14% 35 1507,18% 50 2007,21% 56 2567,25% 64 3207,29% 66 3867,32% 79 4657,36% 74 5397,40% 94 6337,43% 101 7347,47% 61 7957,51% 54 8497,54% 47 8967,58% 25 9217,62% 33 9547,65% 19 9737,69% 7 9807,73% 10 9907,77% 5 9957,80% 2 9977,84% 1 998Mais 2 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

6,73

%

6,81

%

6,88

%

6,95

%

7,03

%

7,10

%

7,18

%

7,25

%

7,32

%

7,40

%

7,47

%

7,54

%

7,62

%

7,69

%

7,77

%

7,84

%

Freq

uênc

ia

TIR %ao ano Figura 22 – TIR em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%

Page 120: Análise de risco baseado no cash flow at risk

120

Os resultados obtidos para a TIR, apurados a partir da variação da tarifa

básica de pedágio em -15%, demonstrados na Figura 22, possibilitam afirmar que

com um grau de confiança de 94,4% a TIR será igual ou maior que 7,03% ao ano.

Já os resultados obtidos para a TIR, apurados a partir da variação da tarifa

básica de pedágio em +15%, estão demonstrados na Figura 23. Notadamente que

os resultados demonstrados na Figura 23 possibilitam afirmar com grau de confiança

de 95,1% que a TIR será igual ou maior que 9,95% ao ano.

Bloco Freq Acum9,80% 5 59,84% 7 129,88% 7 199,91% 9 289,95% 21 499,99% 18 67

10,02% 25 9210,06% 31 12310,10% 36 15910,13% 36 19510,17% 56 25110,21% 68 31910,24% 89 40810,28% 77 48510,32% 82 56710,35% 81 64810,39% 72 72010,43% 61 78110,46% 52 83310,50% 43 87610,54% 43 91910,57% 28 94710,61% 21 96810,65% 15 98310,68% 6 98910,72% 4 99310,76% 3 99610,79% 0 99610,83% 0 99610,87% 2 99810,90% 0 998Mais 2 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

9,80

%

9,88

%

9,95

%

10,0

2%

10,1

0%

10,1

7%

10,2

4%

10,3

2%

10,3

9%

10,4

6%

10,5

4%

10,6

1%

10,6

8%

10,7

6%

10,8

3%

10,9

0%

Freq

uênc

ia

TIR %ao ano

Figura 23 – TIR em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15%

Assim, é possível afirmar que a variação da tarifa básica de pedágio em 15%

implica a variação da TIR, em 95% dos casos, sendo maior ou igual a 3,95% ao ano

e maior ou igual a 1,03% ao ano, que pode ser comparada com a TMA de 6,00% ao

ano, do cenário mais provável, com grau de confiança de 95%.

O impacto da variação dos custos e despesas operacionais em -15% na TIR é

demonstrado na Figura 24, calculados a partir de 1.000 simulações, em que se pode

constatar que em 94% dos casos a TIR é igual ou maior que 9,19% ao ano.

Page 121: Análise de risco baseado no cash flow at risk

121

Bloco Freq Acum9,06% 0 09,07% 0 09,09% 0 09,10% 0 09,11% 0 09,13% 3 39,14% 2 59,15% 7 129,16% 7 199,18% 14 339,19% 27 609,20% 22 829,22% 41 1239,23% 52 1759,24% 52 2279,25% 59 2869,27% 84 3709,28% 89 4599,29% 79 5389,30% 78 6169,32% 80 6969,33% 62 7589,34% 52 8109,36% 51 8619,37% 40 9019,38% 34 9359,39% 15 9509,41% 22 9729,42% 8 9809,43% 10 9909,44% 8 998Mais 2 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

9,06

%

9,09

%

9,11

%

9,14

%

9,16

%

9,19

%

9,22

%

9,24

%

9,27

%

9,29

%

9,32

%

9,34

%

9,37

%

9,39

%

9,42

%

9,44

%

Freq

uênc

ia

TIR %ao ano Figura 24 – TIR em função da variação dos custos e despesas operacionais em -15%

Já os cálculos para a TIR, a partir da variação dos custos e despesas

operacionais em +15%, resultaram em 94,9% dos casos para uma TIR igual ou

maior que 8,24% ao ano, conforme é demonstrado na Figura 25. Bloco Freq Acum8,16% 0 08,17% 0 08,18% 1 18,19% 4 58,21% 6 118,22% 10 218,23% 13 348,24% 17 518,25% 17 688,27% 33 1018,28% 39 1408,29% 38 1788,30% 43 2218,32% 72 2938,33% 64 3578,34% 75 4328,35% 68 5008,37% 83 5838,38% 83 6668,39% 76 7428,40% 45 7878,42% 62 8498,43% 44 8938,44% 42 9358,45% 20 9558,46% 11 9668,48% 17 9838,49% 5 9888,50% 5 9938,51% 4 9978,53% 3 1000Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

8,16

%

8,18

%

8,21

%

8,23

%

8,25

%

8,28

%

8,30

%

8,33

%

8,35

%

8,38

%

8,40

%

8,43

%

8,45

%

8,48

%

8,50

%

8,53

%

Freq

uênc

ia

TIR %ao ano Figura 25 – TIR em função da variação dos custos e despesas operacionais em +15%

Page 122: Análise de risco baseado no cash flow at risk

122

Assim, é possível afirmar que a variação dos custos e despesas operacionais

em 15% contribui para a variação da TIR em 95% dos casos, sendo igual ou maior

que 2,24% ao ano e maior ou igual a 3,19% ao ano, que pode ser comparado à TMA

de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, com grau de confiança de 95%.

O impacto da variação dos investimentos em -15% sobre a TIR foi calculado e

demonstrado na Figura 26. É possível afirmar, nesse caso, que a TIR é maior ou

igual a 9,48% ao ano com um grau de confiança de 95,4%.

Bloco Freq Acum9,26% 5 59,31% 5 109,37% 14 249,42% 10 349,48% 12 469,53% 24 709,58% 26 969,64% 44 1409,69% 47 1879,75% 53 2409,80% 45 2859,85% 72 3579,91% 52 4099,96% 67 476

10,01% 51 52710,07% 64 59110,12% 62 65310,18% 56 70910,23% 53 76210,28% 47 80910,34% 38 84710,39% 36 88310,44% 33 91610,50% 19 93510,55% 16 95110,61% 20 97110,66% 9 98010,71% 7 98710,77% 5 99210,82% 2 99410,88% 4 998Mais 2 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

9,26

%

9,37

%

9,48

%

9,58

%

9,69

%

9,80

%

9,91

%

10,0

1%

10,1

2%

10,2

3%

10,3

4%

10,4

4%

10,5

5%

10,6

6%

10,7

7%

10,8

8%

Freq

uênc

ia

TIR %ao ano

Figura 26 – TIR em função da variação dos investimentos em -15%

Já os cálculos para a TIR, a partir da variação dos investimentos em +15%,

resultaram em 95,5% dos casos para uma TIR igual ou maior que 7,38% ao ano,

conforme é demonstrado na Figura 27.

Page 123: Análise de risco baseado no cash flow at risk

123

Bloco Freq Acum7,13% 0 07,17% 2 27,21% 3 57,25% 4 97,30% 8 177,34% 13 307,38% 15 457,42% 29 747,47% 36 1107,51% 41 1517,55% 42 1937,59% 51 2447,64% 52 2967,68% 70 3667,72% 71 4377,76% 60 4977,81% 62 5597,85% 68 6277,89% 44 6717,94% 65 7367,98% 66 8028,02% 36 8388,06% 38 8768,11% 38 9148,15% 19 9338,19% 20 9538,23% 16 9698,28% 11 9808,32% 8 9888,36% 4 9928,40% 4 996Mais 4 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

7,13

%

7,21

%

7,30

%

7,38

%

7,47

%

7,55

%

7,64

%

7,72

%

7,81

%

7,89

%

7,98

%

8,06

%

8,15

%

8,23

%

8,32

%

8,40

%

Freq

uênc

ia

TIR %ao ano

Figura 27 – TIR em função da variação dos investimentos em +15%

Assim, é possível afirmar que a variação dos investimentos em 15% contribui

para a variação da TIR, em 95% dos casos, sendo maior ou igual a 2,38% ao ano e

maior ou igual a 3,48% ao ano, que pode ser comparada à TMA de 6,00% ao ano,

do cenário mais provável, com grau de confiança de 95%.

4.4.3 Mensuração do Retorno Adicional sobre o Investimento - ROIA

A estimativa do ROIA obtida a partir da variação dos cenários proporciona

uma visão da flutuação da rentabilidade agregada esperada para o projeto em

análise, ou seja, é o retorno adicional sobre o investimento, esperado além da TMA,

com nível de confiança de 95%, obtido por meio da aplicação da SMC, com 1.000

simulações do fluxo de caixa, cujos resultados estão apresentados na Tabela 3.

Page 124: Análise de risco baseado no cash flow at risk

124

Tabela 3 – Valores estimados para o ROIA

Máximo Médio Mínimo D. PadrãoOtimista + 15% 4,27% 3,95% 3,61% 0,11% 95,3% 3,76%

Pessimista - 15% 2,10% 1,58% 0,97% 0,18% 94,1% 1,30%Otimista + 15% 4,30% 3,95% 3,54% 0,12% 95,0% 3,77%

Pessimista - 15% 2,11% 1,57% 0,91% 0,19% 95,2% 1,26%Otimista - 15% 3,39% 3,25% 3,14% 0,04% 95,1% 3,19%

Pessimista + 15% 2,67% 2,53% 2,34% 0,05% 94,8% 2,46%Otimista - 15% 4,43% 3,78% 3,17% 0,25% 94,3% 3,40%

Pessimista + 15% 2,67% 2,00% 1,32% 0,24% 95,4% 1,59%Taxa Mínima Atratividade Mais Provável 2,91% 2,91% 2,91% 0,00% N/A 2,91%

Otimista FT + 15% 5,84% 5,60% 5,19% 0,10% 95,4% 5,44%Mais Provável 4,72% 4,72% 4,72% 0,00% N/A 4,72%

Pessimista FT - 15% 4,07% 3,64% 3,22% 0,14% 95,1% 3,42%Otimista FT + 15% 5,09% 4,78% 4,47% 0,10% 94,5% 4,61%

Mais Provável 3,83% 3,83% 3,83% 0,00% N/A 3,83%Pessimista FT - 15% 3,12% 2,64% 2,16% 0,16% 95,3% 2,35%Otimista FT + 15% 3,50% 3,09% 2,66% 0,12% 94,4% 2,89%

Mais Provável 1,94% 1,94% 1,94% 0,00% N/A 1,94%Pessimista FT - 15% 1,02% 0,39% -0,32% 0,22% 94,6% 0,06%Otimista FT + 15% 2,66% 2,21% 1,77% 0,15% 94,7% 1,99%

Mais Provável 0,91% 0,91% 0,91% 0,00% N/A 0,91%Pessimista FT - 15% -0,12% -0,94% -1,90% 0,28% 95,0% -1,37%

Taxa Mínima Atratividade

4%aa

5%aa

7%aa

8%aa

Nível de Confiança

ROIA maior ou igual a

Fluxo de Tráfego

6%aa

Tarifa Básica de Pedágio

Custos/Desp Operacionais

Investimentos

Variável Independente TMA Cenários Retorno Adicional s/ Investimento (%ao ano)

A partir da análise dos resultados apresentados na Tabela 3, é possível

perceber que nos cenários simulados, submetidos aos testes de variação das

variáveis independentes, o ROIA apresentou valores positivos. Assim, é possível

afirmar que o projeto apresenta ROIA maior que a TMA nos casos simulados,

obtendo um resultado superior em taxa de rentabilidade ao ano sobre o capital

investido no projeto, quando comparado com a TMA. Com base nessa afirmação e,

ainda considerando uma análise realizada exclusivamente pela ótica do ROIA, o

projeto é economicamente viável e pode ser recomendado para investimento.

Exceção se faz, nessa recomendação, quando é analisada a única situação

em que o ROIA apresentou-se negativo. No cenário formado pela combinação da

redução do fluxo de tráfego em 15% e o acréscimo de 2% na TMA, ou seja, 8% ao

ano, e com 95% de nível de confiança, o ROIA, é maior ou igual a -1,37% ao ano.

Na Figura 28 é possível observar o comportamento do ROIA, considerando a

variação do fluxo de tráfego em -15%. Os resultados obtidos, por meio da SMC a

partir de 1.000 simulações, demonstrados na Figura 28, resultaram num histograma

que aparenta ter uma distribuição normal. Isso possibilita afirmar que com um grau

de confiança de 94,1% o ROIA é igual ou maior que 1,30% ao ano.

Os resultados obtidos para o ROIA, apurados a partir da variação do fluxo de

tráfego em +15%, estão demonstrados na Figura 29.

Page 125: Análise de risco baseado no cash flow at risk

125

Bloco Freq Acum0,90% 0 00,94% 0 00,98% 0 01,02% 0 01,06% 3 31,10% 1 41,14% 4 81,18% 10 181,22% 8 261,26% 12 381,30% 21 591,34% 40 991,37% 38 1371,41% 47 1841,45% 68 2521,49% 77 3291,53% 73 4021,57% 86 4881,61% 84 5721,65% 92 6641,69% 64 7281,73% 73 8011,77% 60 8611,81% 40 9011,85% 45 9461,89% 18 9641,93% 12 9761,97% 9 9852,01% 9 9942,05% 3 9972,09% 1 998Mais 2 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,90

%

0,98

%

1,06

%

1,14

%

1,22

%

1,30

%

1,37

%

1,45

%

1,53

%

1,61

%

1,69

%

1,77

%

1,85

%

1,93

%

2,01

%

2,09

%

Freq

uênc

ia

ROIA %ao ano Figura 28 – ROIA em função da variação do fluxo de tráfego em -15%

Notadamente que, esses resultados, possibilitam afirmar com grau de

confiança de 95,3% que o ROIA é igual ou maior que 3,76% ao ano.

Bloco Freq Acum3,57% 0 03,60% 0 03,62% 0 03,65% 2 23,67% 4 63,69% 2 83,72% 5 133,74% 18 313,76% 16 473,79% 18 653,81% 37 1023,83% 41 1433,86% 53 1963,88% 65 2613,91% 72 3333,93% 77 4103,95% 76 4863,98% 93 5794,00% 83 6624,02% 83 7454,05% 62 8074,07% 49 8564,09% 35 8914,12% 39 9304,14% 30 9604,16% 15 9754,19% 8 9834,21% 6 9894,24% 4 9934,26% 3 9964,28% 4 1000Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

3,57

%

3,62

%

3,67

%

3,72

%

3,76

%

3,81

%

3,86

%

3,91

%

3,95

%

4,00

%

4,05

%

4,09

%

4,14

%

4,19

%

4,24

%

4,28

%

Freq

uênc

ia

ROIA %ao ano Figura 29 – ROIA em função da variação do fluxo de tráfego em +15%

Page 126: Análise de risco baseado no cash flow at risk

126

Assim, é possível afirmar que a variação do fluxo de tráfego em 15% implica

em ROIA, com grau de confiança de 95%, maior ou igual a 3,76% ao ano e maior ou

igual a 1,30% ao ano, além da TMA de 6,00% ao ano do cenário mais provável.

Sendo o ROIA positivo, nos casos testados diante da variação do fluxo de

tráfego, é correto afirmar que mesmo quando o volume de fluxo de tráfego sofre uma

redução de 15%, o projeto ainda apresenta uma rentabilidade acima da Taxa

Mínima de Atratividade, correspondendo ao ROIA maior ou igual a 1,30% ao ano. E,

quando o fluxo de tráfego é testado com um acréscimo de 15%, o ROIA esperado

com um nível de confiança de 95% é maior ou igual a 3,76% ao ano.

A Figura 30 demonstra o impacto no ROIA em função da variação da tarifa

básica de pedágio em -15%, em que se constata, com um grau de confiança de

95,2%, que o ROIA é igual ou maior que 1,26% ao ano.

Bloco Freq Acum0,94% 0 00,98% 0 01,01% 2 21,05% 1 31,08% 1 41,12% 5 91,15% 4 131,19% 10 231,22% 12 351,26% 13 481,29% 17 651,33% 30 951,36% 21 1161,40% 44 1601,43% 54 2141,47% 57 2711,50% 82 3531,54% 68 4211,57% 80 5011,61% 69 5701,64% 84 6541,68% 79 7331,71% 58 7911,75% 51 8421,78% 44 8861,82% 33 9191,85% 26 9451,89% 20 9651,92% 15 9801,96% 5 9851,99% 5 990Mais 10 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0,94

%

1,01

%

1,08

%

1,15

%

1,22

%

1,29

%

1,36

%

1,43

%

1,50

%

1,57

%

1,64

%

1,71

%

1,78

%

1,85

%

1,92

%

1,99

%

Freq

uênc

ia

ROIA %ao ano

Figura 30 – ROIA em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%

A partir de simulações com a variação da tarifa básica de pedágio em +15%,

é possível constatar que o ROIA será igual ou maior que 3,77% ao ano em 95% dos

casos, conforme é demonstrado na Figura 31.

Page 127: Análise de risco baseado no cash flow at risk

127

Assim, é possível afirmar que a variação da tarifa básica de pedágio em 15%

implica a obtenção de um ROIA, com grau de confiança de 95%, maior ou igual a

3,77% ao ano e maior ou igual a 1,26% ao ano, além da TMA de 6,00% ao ano.

Sendo o ROIA positivo, nos casos testados diante da variação da tarifa básica

de pedágio, é correto afirmar que mesmo quando a tarifa básica de pedágio sofre

uma redução de 15%, o projeto ainda apresenta uma rentabilidade acima da Taxa

Mínima de Atratividade, correspondendo ao ROIA maior ou igual a 1,26% ao ano. E,

quando a tarifa básica de pedágio é testada com um acréscimo de 15%, o ROIA

esperado com um nível de confiança de 95% é maior ou igual a 3,77% ao ano.

Bloco Freq Acum3,61% 2 23,63% 0 23,65% 1 33,68% 7 103,70% 5 153,72% 8 233,75% 17 403,77% 10 503,79% 16 663,82% 42 1083,84% 43 1513,86% 63 2143,89% 63 2773,91% 83 3603,93% 88 4483,96% 81 5293,98% 90 6194,00% 74 6934,03% 74 7674,05% 62 8294,07% 46 8754,10% 37 9124,12% 23 9354,14% 28 9634,17% 17 9804,19% 7 9874,21% 5 9924,24% 4 9964,26% 1 9974,28% 3 10004,31% 0 1000Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

3,61

%

3,65

%

3,70

%

3,75

%

3,79

%

3,84

%

3,89

%

3,93

%

3,98

%

4,03

%

4,07

%

4,12

%

4,17

%

4,21

%

4,26

%

4,31

%

Freq

uênc

ia

ROIA %ao ano Figura 31 – ROIA em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15%

O ROIA estimado para a variação dos custos e despesas operacionais em

+15% é demonstrado na Figura 32, em que é possível afirmar, com um grau de

confiança de 94,8%, que o ROIA será maior ou igual a 2,46% ao ano.

Page 128: Análise de risco baseado no cash flow at risk

128

Bloco Freq Acum2,37% 0 02,38% 1 12,39% 1 22,40% 2 42,42% 1 52,43% 5 102,44% 1 112,45% 21 322,46% 20 522,47% 31 832,48% 34 1172,49% 57 1742,50% 60 2342,51% 87 3212,52% 75 3962,53% 93 4892,55% 92 5812,56% 74 6552,57% 83 7382,58% 84 8222,59% 39 8612,60% 55 9162,61% 33 9492,62% 17 9662,63% 14 9802,64% 8 9882,65% 5 9932,67% 4 9972,68% 2 9992,69% 0 9992,70% 0 999Mais 1 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2,37

%

2,39

%

2,42

%

2,44

%

2,46

%

2,48

%

2,50

%

2,52

%

2,55

%

2,57

%

2,59

%

2,61

%

2,63

%

2,65

%

2,68

%

2,70

%

Freq

uênc

ia

ROIA %ao ano Figura 32 – ROIA em função da variação dos custos e despesas operacionais em +15%

Já na Figura 33 é demonstrado o ROIA obtido nas simulações realizadas com

a variação dos custos e despesas operacionais em -15%.

Bloco Freq Acum3,12% 3 33,13% 0 33,14% 2 53,15% 0 53,15% 7 123,16% 3 153,17% 9 243,18% 11 353,19% 14 493,19% 22 713,20% 33 1043,21% 35 1393,22% 54 1933,23% 50 2433,23% 48 2913,24% 64 3553,25% 72 4273,26% 83 5103,27% 90 6003,27% 90 6903,28% 60 7503,29% 56 8063,30% 40 8463,31% 39 8853,31% 32 9173,32% 31 9483,33% 24 9723,34% 6 9783,35% 6 9843,35% 7 9913,36% 3 994Mais 6 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

3,12

%

3,14

%

3,15

%

3,17

%

3,19

%

3,20

%

3,22

%

3,23

%

3,25

%

3,27

%

3,28

%

3,30

%

3,31

%

3,33

%

3,35

%

3,36

%

Freq

uênc

ia

ROIA %ao ano Figura 33 – ROIA em função da variação dos custos e despesas operacionais em -15%

Page 129: Análise de risco baseado no cash flow at risk

129

O ROIA ilustrado na Figura 33 possibilita afirmar que em 95,1% dos casos é

maior ou igual a 3,19% ao ano.

Assim, é possível afirmar que a variação dos custos e despesas operacionais

em 15% implica a obtenção de ROIA maior ou igual a 2,46% ao ano e maior ou igual

a 3,19 % ao ano, além da TMA de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, em 95%

dos casos.

Sendo o ROIA positivo, nos casos testados diante da variação dos custos e

despesas operacionais, é correto afirmar que quando os custos e despesas

operacionais sofrem uma redução de 15%, o projeto apresenta uma rentabilidade

acima da Taxa Mínima de Atratividade, correspondendo ao ROIA maior ou igual a

3,19% ao ano. E, quando os custos e despesas operacionais são testados com um

acréscimo de 15%, o ROIA esperado com um nível de confiança de 95% é maior ou

igual a 2,46% ao ano.

O ROIA estimado para a variação dos investimentos em +15% é demonstrado

na Figura 34, onde é possível afirmar que, com um grau de confiança de 95,4%, o

ROIA será maior ou igual a 1,59% ao ano.

Bloco Freq Acum1,35% 1 11,39% 0 11,43% 1 21,47% 10 121,51% 12 241,55% 12 361,59% 10 461,63% 30 761,67% 25 1011,71% 21 1221,75% 48 1701,79% 40 2101,83% 48 2581,87% 48 3061,91% 69 3751,95% 56 4311,99% 64 4952,03% 61 5562,07% 67 6232,11% 61 6842,15% 54 7382,19% 46 7842,23% 37 8212,27% 44 8652,31% 27 8922,36% 26 9182,40% 30 9482,44% 23 9712,48% 8 9792,52% 14 9932,56% 5 998Mais 2 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1,35

%

1,43

%

1,51

%

1,59

%

1,67

%

1,75

%

1,83

%

1,91

%

1,99

%

2,07

%

2,15

%

2,23

%

2,31

%

2,40

%

2,48

%

2,56

%

Freq

uênc

ia

ROIA %ao ano Figura 34 – ROIA em função da variação dos investimentos em +15%

Page 130: Análise de risco baseado no cash flow at risk

130

Na Figura 35 é demonstrado o ROIA obtido nas simulações realizadas com a

variação dos investimentos em -15%, por meio da qual possibilita afirmar que em

94,3% dos casos é maior ou igual a 3,40% ao ano.

Assim, é possível afirmar que a variação dos investimentos em 15% implica a

obtenção de ROIA maior ou igual a 1,59% ao ano e maior ou igual a 3,40% ao ano,

além da TMA de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, em 95% dos casos.

Bloco Freq Acum3,11% 0 03,15% 1 13,20% 2 33,24% 5 83,28% 3 113,32% 10 213,36% 16 373,40% 20 573,44% 26 833,48% 40 1233,52% 46 1693,56% 47 2163,60% 48 2643,64% 71 3353,68% 50 3853,72% 49 4343,76% 55 4893,80% 60 5493,84% 44 5933,88% 48 6413,92% 55 6963,96% 50 7464,00% 34 7804,05% 43 8234,09% 42 8654,13% 37 9024,17% 31 9334,21% 25 9584,25% 16 9744,29% 13 9874,33% 11 998Mais 2 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

3,11

%

3,20

%

3,28

%

3,36

%

3,44

%

3,52

%

3,60

%

3,68

%

3,76

%

3,84

%

3,92

%

4,00

%

4,09

%

4,17

%

4,25

%

4,33

%

Freq

uênc

ia

ROIA %ao ano

Figura 35 – ROIA em função da variação dos investimentos em -15%

Sendo o ROIA positivo, nos casos testados diante da variação dos

investimentos, é correto afirmar que mesmo quando os investimentos sofrem uma

redução de 15%, o projeto ainda apresenta uma rentabilidade acima da Taxa

Mínima de Atratividade, correspondendo ao ROIA o valor maior ou igual 3,40% ao

ano. E, quando os investimentos são testados com um acréscimo de 15%, o ROIA

esperado com um nível de confiança de 95% é maior ou igual a 1,59% ao ano.

Page 131: Análise de risco baseado no cash flow at risk

131

4.4.4 Mensuração do Cash Flow at Risk (CFaR)

A estimativa do Cash Flow at Risk, obtida a partir da variação dos cenários,

proporciona uma visão do fluxo de caixa em risco, refletida pela pior perda de caixa

estimada para o projeto em análise, com nível de confiança de 95%. Para obtenção

do CFaR, é calculado o Valor Presente Líquido dos fluxos de caixa, obtidos da

Demonstração do Fluxo de Caixa, que são submetidos à aplicação do método da

Simulação de Monte Carlo, em 1.000 simulações, a partir das variáveis

independentes, em três diferentes cenários.

Com a finalidade de ilustrar a trajetória dos possíveis fluxos de caixa

estimados para o contrato de concessão, foram elaboradas as demonstrações dos

fluxos de caixa acumulados para os cenários: (a) mais provável; (b) pessimista e (c)

otimista, considerando que:

a) Cenário mais Provável: aquele produzido pela ANTT nos

estudos indicativos do edital 003/2007, o qual serviu de base

de estudo desta pesquisa;

b) Cenário Pessimista: representado pela pior condição de

lucro esperado, gerando simulações que consideraram como

premissas a variação das variáveis independentes, assim

especificadas: Fluxo de tráfego -15%; Tarifa Básica de Pedágio

-15%; e Custos e Despesas Operacionais +15%;

c) Cenário Otimista: representado pela melhor condição de

lucro esperado, gerando simulações que consideraram como

premissas a variação das variáveis independentes, assim

especificadas: Fluxo de tráfego +15%; Tarifa Básica de

Pedágio +15%; e Custos e Despesas Operacionais -15%.

Os resultados dos fluxos de caixa acumulados, estimados nos cenários

propostos, foram obtidos a partir do DFC projetado e estão ilustrados na Figura 36.

Page 132: Análise de risco baseado no cash flow at risk

132

(1.000.000)

(750.000)

(500.000)

(250.000)

-

250.000

500.000

750.000

1.000.000

1.250.000

1.500.000

1.750.000

2.000.000

2.250.000

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25

C. + Provável FT -15% FT +15% TBP -15% TBP +15%CDO -15% CDO +15% INV -15% INV +15%

anos

R$

milh

ões

Figura 36 – Resultados dos Fluxos de Caixa Acumulados

No melhor cenário, o saldo final dos fluxos de caixa acumulados é estimado

em R$ 2.131.808 mil, o que ocorre com um acréscimo de 15% no fluxo de tráfego

originalmente previsto. No cenário mais provável, aquele que reflete a condição

original do Edital 003/2007, o saldo final dos fluxos de caixa acumulados projetado é

de R$ 1.549.191 mil. Já no pior cenário simulado, o saldo final dos fluxos de caixa

acumulados está estimado em R$ 967.109, obtidos a partir da redução de 15% no

fluxo de tráfego previsto originalmente no Edital 003/2007.

Notadamente que, no ano 4, é possível constatar a maior exposição de fluxo

de caixa negativo acumulado do projeto, registrando valores que variam entre - R$

560 milhões e - R$ 842 milhões.

Os fluxos de caixa apurados, em cada um dos cenários, foram submetidos ao

cálculo do Valor Presente Líquido. Para obtenção do VPL, foi utilizada a TMA de 6%

ao ano, e os resultados obtidos já foram demonstrados nesta seção, no tópico 4.4.1.,

na Tabela 1.

Complementarmente, foram apurados os resultados do VPL para os três

cenários, sob a variação da TMA em 2%, buscando refletir os impactos no VPL dos

fluxos de caixa. Os resultados do VPL dos fluxos de caixa, apurados com a variação

da TMA em 2%, em relação à TMA do cenário mais provável, que é de 6% ao ano,

Page 133: Análise de risco baseado no cash flow at risk

133

foram calculados para cada uma das variáveis independentes e estão demonstrados

na Tabela 4, com os respectivos níveis de confiança.

Tabela 4 – Valores estimados para o VPL dos Fluxos de Caixa

Máximo Médio Mínimo D. PadrãoOtimista + 15% 463.917 408.950 343.716 16.922 94,6% 380.216

Pessimista - 15% 178.377 122.869 65.772 16.486 95,4% 92.305 Otimista + 15% 468.030 408.543 350.828 17.548 93,7% 384.442

Pessimista - 15% 183.265 123.168 69.735 17.058 95,0% 96.383 Otimista - 15% 327.779 309.882 291.567 5.318 95,9% 300.622

Pessimista + 15% 237.811 222.583 207.280 5.333 94,9% 213.098 Otimista - 15% 417.776 356.719 294.881 21.638 94,6% 322.671

Pessimista + 15% 230.889 176.347 122.421 21.047 95,9% 140.381 Taxa Mínima Atratividade Mais Provável 266.255 266.255 266.255 0 N/A 266.255

Otimista FT + 15% 791.468 728.375 663.911 20.417 95,4% 693.855 Mais Provável 550.647 550.647 550.647 0 N/A 550.647

Pessimista FT - 15% 432.756 372.119 302.318 20.586 95,7% 338.050 Otimista FT + 15% 617.723 555.393 495.027 18.239 94,4% 524.356

Mais Provável 395.991 395.991 395.991 0 N/A 395.991 Pessimista FT - 15% 300.384 236.577 167.598 18.973 95,8% 204.545 Otimista FT + 15% 340.847 286.910 245.740 15.479 94,7% 263.390

Mais Provável 157.053 157.053 157.053 0 N/A 157.053 Pessimista FT - 15% 70.875 26.744 (16.027) 15.594 94,6% 2.598 Otimista FT + 15% 225.670 182.639 139.181 14.491 94,3% 160.621

Mais Provável 64.831 64.831 64.831 0 N/A 64.831 Pessimista FT - 15% (12.354) (52.538) (97.345) 13.895 96,0% (76.603)

Taxa Mínima Atratividade

4%aa

5%aa

7%aa

8%aa

Nível de Confiança

VPL maior ou igual a

Fluxo de Tráfego

6%aa

Tarifa Básica de Pedágio

Custos/Desp Operacionais

Investimentos

Variável Independente TMA Cenários Valor Presente Líquido Cash Flow (R$ mil)

O CFaR , que representa a pior perda, do ponto de vista financeiro, esperada

para o projeto analisado, é obtido por meio da dedução do VPL dos fluxos de caixa

estimados nos diferentes cenários com grau de confiança de 95%, do VPL dos

fluxos de caixa calculados no cenário provável. Assim, é possível afirmar, com um

nível de confiança de 95%, qual é o fluxo de caixa em risco, estimado para o projeto,

sob a luz do pior cenário simulado.

Os diferentes valores encontrados para o VPL dos fluxos de caixa projetados,

descontada a taxa mínima de atratividade do cenário mais provável, que é de 6% ao

ano, apresentaram resultados que variam desde R$ 384.442 mil até R$ 92.305 mil

com um nível de confiança de 95%. Os resultados apurados mostraram ser mais

sensíveis às variações das variáveis independentes: Fluxo de Tráfego e Tarifa

Básica de Pedágio. As variáveis independentes, Investimentos e Custos e Despesas

Operacionais apresentam menor influência sobre a variação do VPL dos fluxos de

caixa.

Quando a variável independente TMA é testada, com taxas no intervalo de

4% ao ano até 8% ao ano, os resultados obtidos para o VPL dos fluxos de caixa

Page 134: Análise de risco baseado no cash flow at risk

134

ampliam para a faixa de R$ 693.855 mil até - R$ 76.603 mil, com o nível de

confiança de 95%.

Notadamente que os valores calculados para o VPL dos fluxos de caixa

apresentaram-se positivos, com exceção do cenário que é composto com a TMA de

8% ao ano, em que o VPL calculado, com nível de confiança de 96% é igual ou

maior que - R$ 76.603 mil, apresentando-se como o único registro negativo para o

VPL dos fluxos de caixa estimados.

Quando esses valores são confrontados com o VPL dos fluxos de caixa

estimados no cenário mais provável, é possível perceber os ganhos e as perdas

esperadas em função das simulações realizadas.

Dada a constatação de que as variáveis independentes, Fluxo de Tráfego e

Tarifa Básica de Pedágio, apresentaram-se como os fatores que mais influenciam o

VPL dos fluxos de caixa, os valores esperados para o CFaR, que representa a pior

perda de caixa, apontam para os cenários onde esses fatores se fizeram presentes.

Também é fato constatado que a variação da TMA é preponderante na

formação do CFaR, pois implica o cálculo do VPL dos fluxos de caixa, que são

descontados à base da TMA. Assim, a Tabela 5 demonstra o resumo dos valores

estimados para o CFaR com grau de confiança de 95%, nos diferentes cenários.

Tabela 5 – Valores estimados para o CFaR

Otimista + 15% 94,6% 380.216 113.961 Pessimista - 15% 95,4% 92.305 (173.950) Otimista + 15% 93,7% 384.442 118.187

Pessimista - 15% 95,0% 96.383 (169.872) Otimista - 15% 95,9% 300.622 34.367

Pessimista + 15% 94,9% 213.098 (53.157) Otimista - 15% 94,6% 322.671 56.416

Pessimista + 15% 95,9% 140.381 (125.874) Taxa Mínima Atratividade Mais Provável N/A 266.255 -

Otimista FT + 15% 95,4% 693.855 427.600 Mais Provável N/A 550.647 284.391

Pessimista FT - 15% 95,7% 338.050 71.795 Otimista FT + 15% 94,4% 524.356 258.101

Mais Provável N/A 395.991 129.736 Pessimista FT - 15% 95,8% 204.545 (61.710) Otimista FT + 15% 94,7% 263.390 (2.865)

Mais Provável N/A 157.053 (109.203) Pessimista FT - 15% 94,6% 2.598 (263.657) Otimista FT + 15% 94,3% 160.621 (105.634)

Mais Provável N/A 64.831 (201.425) Pessimista FT - 15% 96,0% (76.603) (342.858)

8%aa

5%aa

7%aa

TMA

4%aa

6%aa

CFaR maior ou igual a

VPL F.Cx. maior ou igual a

Taxa Mínima Atratividade

Nível de ConfiançaCenáriosVariável Independente

Investimentos

Fluxo de Tráfego

Tarifa Básica de Pedágio

Custos/Desp Operacionais

Page 135: Análise de risco baseado no cash flow at risk

135

É possível observar na Tabela 5 que o pior resultado do CFaR estimado para

o projeto é maior ou igual a - R$ 342.858 mil, com um nível de confiança de 96,0%,

obtido a partir do cenário pessimista, constituído pela simulação do Fluxo de Tráfego

reduzido em 15% e a Taxa Mínima de Atratividade ampliada em 2%,

correspondendo a uma TMA de 8% ao ano. Esse resultado representa para o

projeto a pior perda de fluxo de caixa, nas condições analisadas, em relação às

expectativas originalmente aceitas no cenário mais provável.

Ainda é possível afirmar, com nível de segurança de 95%, que o fluxo de

caixa em risco, medido em função do pior cenário em relação a TMA, é representado

por: para cada 1% na variação da TMA, é verificada uma perda de fluxo de caixa de

aproximadamente R$ 100 milhões, conforme demonstrado na Figura 37.

71.795

(61.710)

(173.950)

(263.657)

(342.858)

(400.000)

(350.000)

(300.000)

(250.000)

(200.000)

(150.000)

(100.000)

(50.000)

-

50.000

100.000

4,00% 5,00% 6,00% 7,00% 8,00%

R$

mil

TMA %ao ano

Figura 37 – CFaR em função da variação da TMA

A informação dos possíveis valores do CFaR, em função das variáveis de um

projeto e da técnica de análise de cenários, é uma importante ferramenta de gestão

de riscos de perdas financeiras, pois auxilia no processo decisório e minimiza os

erros. São evidenciadas, nesse caso, as perdas de fluxo de caixa, com nível de

confiança de 95%, para a redução do fluxo de tráfego em 15%, com CFaR maior ou

igual a R$ 173.950 mil, para uma TMA de 6% ao ano. Essa perda pode ser reduzida

Page 136: Análise de risco baseado no cash flow at risk

136

para - R$ 61.710 mil, caso a TMA varie -1%, ou seja, 5% ao ano, ou, se apresentar

como um ganho, caso a TMA varie -2%, ou seja, 4% ao ano, em que o CFaR é igual

ou maior que R$ 71.795 mil, com nível de confiança de 95,7%.

Contudo a pior perda registrada ocorre caso a TMA varie em +2%, ou seja,

8% ao ano, pois nesta situação o CFaR estimado é igual ou maior que - R$ 342.858

mil, para um grau de confiança de 96,0%.

4.4.5 Mensuração do Earning at Risk (EaR)

A estimativa do Earning at Risk, obtida a partir da variação dos cenários,

proporciona uma visão do lucro em risco esperado para o projeto em análise, com

nível de confiança de 95%. Para obtenção do EaR, é calculado o Valor Presente

Líquido dos lucros líquidos, obtidos do Demonstrativo de Resultado do Exercício,

que são submetidos à aplicação do método da Simulação de Monte Carlo, em 1.000

simulações, a partir das variáveis independentes, em três diferentes cenários.

Com a finalidade de ilustrar a trajetória dos possíveis lucros estimados para o

contrato de concessão, foram elaboradas as demonstrações dos lucros acumulados

para os cenários: (a) mais provável; (b) pessimista e (c) otimista, considerando que:

a) Cenário mais Provável: aquele produzido pela ANTT nos

estudos indicativos do edital 003/2007, o qual serviu de base

de estudo desta pesquisa;

b) Cenário Pessimista: representado pela pior condição de

lucro esperado, gerando simulações que consideraram como

premissas a variação das variáveis independentes, assim

especificadas: Fluxo de tráfego -15%; Tarifa Básica de Pedágio

-15%; e Custos e Despesas Operacionais +15%;

c) Cenário Otimista: representado pela melhor condição de

lucro esperado, gerando simulações que consideraram como

premissas a variação das variáveis independentes, assim

especificadas: Fluxo de tráfego +15%; Tarifa Básica de

Pedágio +15%; e Custos e Despesas Operacionais -15%.

Page 137: Análise de risco baseado no cash flow at risk

137

Os resultados dos lucros acumulados, estimados nos cenários propostos,

foram obtidos a partir do DRE projetado e estão ilustrados na Figura 38.

(250.000)

-

250.000

500.000

750.000

1.000.000

1.250.000

1.500.000

1.750.000

2.000.000

2.250.000

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25

C. + Provável FT -15% FT +15% TBP -15% TBP +15%CDO -15% CDO +15% INV -15% INV +15%

R$

milh

ões

anos

Figura 38 – Resultados dos Lucros Acumulados

No melhor cenário, o saldo final dos lucros líquidos acumulados é estimado

em R$ 2.131.580 mil, o que ocorre com um acréscimo de 15% no fluxo de tráfego

originalmente previsto. No cenário mais provável, aquele que reflete a condição

original do Edital 003/2007, o saldo final dos lucros acumulados projetado é de R$

1.549.191 mil. Já no pior cenário simulado, o saldo final dos lucros líquidos

acumulados está estimado em R$ 966.608, obtidos a partir da redução de 15% no

fluxo de tráfego previsto originalmente no Edital 003/2007.

Notadamente que, não é constatado em nenhum dos 25 anos do projeto, e

para nenhum dos cenários simulados, valores que correspondam a prejuízos.

Os lucros líquidos apurados, em cada um dos cenários, foram submetidos ao

cálculo do VPL, utilizando-se para isso a TMA de 6% ao ano.

Na Figura 39 é possível verificar o VPL dos lucros líquidos, estimados em

função do acréscimo de 15% no fluxo de tráfego original. Assim, é possível afirmar

que o VPL dos lucros líquidos esperado é igual ou maior a R$ 861.570 mil, com um

grau de confiança de 95,2%.

Page 138: Análise de risco baseado no cash flow at risk

138

Bloco Freq Acum837.805 2 2841.200 0 2844.595 3 5847.990 1 6851.385 5 11854.780 7 18858.175 13 31861.570 17 48864.965 21 69868.360 28 97871.755 55 152875.150 53 205878.545 60 265881.940 68 333885.335 78 411888.730 67 478892.125 80 558895.520 73 631898.915 69 700902.310 62 762905.705 68 830909.100 46 876912.495 43 919915.890 24 943919.285 22 965922.680 15 980926.075 10 990929.470 4 994932.865 3 997936.260 3 1000939.655 0 1000

Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

837

.805

844

.595

851

.385

858

.175

864

.965

871

.755

878

.545

885

.335

892

.125

898

.915

905

.705

912

.495

919

.285

926

.075

932

.865

939

.655

Freq

uênc

ia

VPL Earnings em R$ mil

Figura 39 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15%

Quando o fluxo de tráfego é submetido à redução de 15%, é possível afirmar

com um nível de confiança de 95,0% que o VPL dos lucros líquidos esperado é igual

ou maior a R$ 573.759 mil, conforme demonstrado na Figura 40. Bloco Freq Acum

548.630 0 0552.220 1 1555.810 2 3559.400 4 7562.989 4 11566.579 10 21570.169 8 29573.759 21 50577.349 27 77580.939 27 104584.528 45 149588.118 55 204591.708 67 271595.298 71 342598.888 76 418602.477 91 509606.067 82 591609.657 73 664613.247 56 720616.837 75 795620.427 58 853624.016 54 907627.606 34 941631.196 15 956634.786 15 971638.376 12 983641.966 7 990645.555 7 997649.145 2 999652.735 0 999656.325 1 1000

Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

548

.630

555

.810

562

.989

570

.169

577

.349

584

.528

591

.708

598

.888

606

.067

613

.247

620

.427

627

.606

634

.786

641

.966

649

.145

656

.325

Freq

uênc

ia

VPL Earnings em R$ mil

Figura 40 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15%

Page 139: Análise de risco baseado no cash flow at risk

139

Para a variável tarifa básica de pedágio, o VPL dos lucros líquidos, estimado

em função do acréscimo de 15% sobre a tarifa original, e um nível de confiança de

95,4%, é possível afirmar que o VPL esperado é igual ou maior que R$ 860.726 mil,

conforme ilustrado na Figura 41.

Bloco Freq Acum

845.947 5 5848.903 3 8851.859 8 16854.814 9 25857.770 6 31860.726 15 46863.682 29 75866.638 34 109869.594 29 138872.550 44 182875.506 52 234878.462 49 283881.418 50 333884.374 50 383887.330 85 468890.286 61 529893.242 67 596896.198 65 661899.154 63 724902.110 52 776905.066 47 823908.022 56 879910.978 27 906913.934 25 931916.890 19 950919.846 16 966922.802 12 978925.758 5 983928.714 11 994931.670 4 998934.626 1 999

Mais 1 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90 8

45.9

47

851

.859

857

.770

863

.682

869

.594

875

.506

881

.418

887

.330

893

.242

899

.154

905

.066

910

.978

916

.890

922

.802

928

.714

934

.626

Freq

uênc

ia

VPL Earnings em R$ mil

Figura 41 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação da Tarifa Básica de Pedágio em +15%

Quando a variável tarifa básica de pedágio é simulada com uma redução de

15%, o VPL estimado com um nível de confiança de 94,5% é igual ou maior que R$

575.876 mil.

Notadamente tanto as variações do Fluxo de Tráfego quanto às da Tarifa

Básica de Pedágio, que são variáveis formadoras da Receita, apresentaram

influência similares na formação do VPL.

Com o acréscimo de 15% nos custos e despesas operacionais, é possível

afirmar que o VPL dos lucros líquidos é maior ou igual a R$ 694.635 mil, com o nível

de confiança de 95,1%, conforme demonstrado na Figura 42.

Page 140: Análise de risco baseado no cash flow at risk

140

Bloco Freq Acum684.520 0 0685.644 0 0686.767 0 0687.891 2 2689.015 1 3690.139 3 6691.263 5 11692.387 13 24693.511 13 37694.635 12 49695.758 49 98696.882 41 139698.006 52 191699.130 64 255700.254 61 316701.378 75 391702.502 89 480703.625 60 540704.749 89 629705.873 78 707706.997 69 776708.121 52 828709.245 47 875710.369 43 918711.493 26 944712.616 18 962713.740 15 977714.864 3 980715.988 6 986717.112 5 991718.236 2 993

Mais 7 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

684

.520

686

.767

689

.015

691

.263

693

.511

695

.758

698

.006

700

.254

702

.502

704

.749

706

.997

709

.245

711

.493

713

.740

715

.988

718

.236

Freq

uênc

ia

VPL Earnings em R$ mil

Figura 42 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação dos Custos e Desp. Operac. em +15%

Com a redução de 15% nos custos e despesas operacionais, é possível

afirmar que o VPL dos lucros líquidos é maior ou igual a R$ 780.408 mil, com um

nível de confiança de 95,6%, conforme demonstrado na Figura 43.

Notadamente, nas simulações realizadas para a variável Custo e Despesas

Operacionais, o VPL estimado para os lucros líquidos são menores que os

calculados para a variável independente, Fluxo de Tráfego.

A variável Investimentos, para análise do lucro líquido, apresenta efeito nulo,

pois, por tratar-se de um fator que afeta apenas o fluxo de caixa, não há impacto na

formação do lucro líquido.

Com a finalidade de medir os impactos no VPL dos lucros líquidos, foram

realizadas, ainda, simulações com as variáveis: (a) Fluxo de Tráfego; (b) Tarifa

Básica de Pedágio; e (c) Custos e Despesas Operacionais, em função das variações

da variável independente TMA. Os resultados do VPL dos lucros líquidos, apurados

com a variação da TMA em 2%, em relação à TMA do cenário mais provável, que é

de 6% ao ano, foram calculados para cada uma das variáveis independentes e estão

demonstrados na Tabela 6, com os respectivos níveis de confiança.

Page 141: Análise de risco baseado no cash flow at risk

141

Bloco Freq Acum771.398 1 1772.525 2 3773.651 0 3774.777 1 4775.903 2 6777.029 7 13778.156 3 16779.282 7 23780.408 21 44781.534 16 60782.661 26 86783.787 32 118784.913 48 166786.039 60 226787.166 73 299788.292 81 380789.418 74 454790.544 78 532791.671 82 614792.797 67 681793.923 63 744795.049 65 809796.175 56 865797.302 39 904798.428 35 939799.554 20 959800.680 15 974801.807 10 984802.933 3 987804.059 6 993805.185 3 996

Mais 4 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

771

.398

773

.651

775

.903

778

.156

780

.408

782

.661

784

.913

787

.166

789

.418

791

.671

793

.923

796

.175

798

.428

800

.680

802

.933

805

.185

Freq

uênc

ia

VPL Earnings em R$ mil

Figura 43 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação dos Custos e Desp. Operac. em -15%

Os resultados do VPL dos lucros líquidos, obtidos por meio da aplicação da

SMC, com 1.000 simulações, a partir das variações estimadas para as variáveis

independentes, em diferentes cenários, são utilizados no cálculo do EAR.

Tabela 6 – Valores estimados para o VPL dos Lucros Líquidos

Máximo Médio Mínimo D. PadrãoOtimista + 15% 938.654 888.910 837.773 16.742 95,2% 861.570

Pessimista - 15% 652.767 603.938 553.034 16.386 95,0% 573.759 Otimista + 15% 951.142 890.564 837.884 16.725 95,4% 860.726

Pessimista - 15% 662.554 603.640 542.859 16.948 94,5% 575.876 Otimista - 15% 809.263 790.149 775.876 5.235 95,6% 780.408

Pessimista + 15% 719.814 702.640 686.810 5.317 95,1% 694.635 Otimista - 15% 746.438 746.438 746.438 0 N/A N/A

Pessimista + 15% 746.438 746.438 746.438 0 N/A N/ATaxa Mínima Atratividade Mais Provável 746.438 746.438 746.438 0 N/A N/A

Otimista FT + 15% 1.173.521 1.108.654 1.052.583 20.164 96,0% 1.073.931 Mais Provável 931.972 931.972 931.972 0 N/A N/A

Pessimista FT - 15% 817.076 753.955 691.265 20.538 95,3% 720.440 Otimista FT + 15% 1.042.692 991.392 930.733 18.080 94,3% 960.417

Mais Provável 831.924 831.924 831.924 0 N/A N/APessimista FT - 15% 734.082 673.200 610.032 19.005 94,2% 644.658 Otimista FT + 15% 846.050 802.819 751.545 15.587 94,8% 778.194

Mais Provável 673.079 673.079 673.079 0 N/A N/APessimista FT - 15% 598.559 543.843 497.346 15.504 95,4% 518.389 Otimista FT + 15% 775.167 727.105 680.279 15.010 95,8% 705.521

Mais Provável 609.857 609.857 609.857 0 N/A N/APessimista FT - 15% 537.918 492.355 449.039 13.685 94,5% 468.109

8%aa

5%aa

7%aa

TMA

4%aa

6%aa

VPL maior ou igual a

Taxa Mínima Atratividade

Valor Presente Líquido Earnings (em R$ mil) Nível de ConfiançaCenáriosVariável Independente

Investimentos

Fluxo de Tráfego

Tarifa Básica de Pedágio

Custos/Desp Operacionais

Page 142: Análise de risco baseado no cash flow at risk

142

O EaR , que representa a pior perda, do ponto de vista econômico, esperada

para o projeto analisado, é obtido por meio da dedução do VPL dos lucros líquidos

estimados nos diferentes cenários com grau de confiança de 95% do VPL dos lucros

líquidos calculados no cenário provável. Assim, é possível afirmar com um nível de

confiança de 95%, qual é o lucro em risco, estimado para o projeto, sob a luz do pior

cenário simulado.

Os diferentes valores encontrados para o VPL dos lucros líquidos projetados,

descontada a taxa mínima de atratividade do cenário mais provável, que é de 6% ao

ano, apresentaram resultados com um nível de confiança de 95%, que variam entre:

maior ou igual a R$ 861.560 mil; e maior ou igual a R$ 573.759 mil. Os resultados

apurados mostraram-se mais sensíveis as variações das variáveis independentes:

Fluxo de Tráfego e Tarifa Básica de Pedágio. A variável independente que

apresenta menor influência sobre a variação do VPL dos lucros líquidos é: Custos e

Despesas Operacionais. Já a variável independente, Investimentos, não tem

influência na formação desse indicador, por se tratar de um fator financeiro e não

econômico.

Quando a variável independente TMA é testada, com taxas no intervalo de

4% ao ano até 8% ao ano, os resultados obtidos para o VPL dos lucros líquidos,

com o nível de confiança de 95%, variam entre: maior ou igual a R$ 1.073.931 mil; e

maior ou igual a R$ 468.109 mil.

Notadamente, todos os valores calculados para o VPL dos lucros líquidos

apresentaram-se positivos. No entanto, quando esses valores são confrontados com

o VPL dos lucros líquidos estimados no cenário mais provável, é possível perceber

os ganhos e as perdas esperadas em função das simulações realizadas.

Dado ao fato constatado que as variáveis independentes, Fluxo de Tráfego e

Tarifa Básica de Pedágio, apresentaram-se como os fatores que mais influenciam o

VPL dos lucros líquidos, os valores esperados para o EaR, que representa a pior

perda de lucro, apontam para os cenários onde esses fatores se fizeram presentes.

Também é fato constatado que a variação da TMA é preponderante na

formação do EaR, pois implica o cálculo do VPL dos lucros líquidos, que foram

descontados à base da taxa da TMA.

Assim, a Tabela 7 demonstra o resumo dos valores estimados para o EaR

com grau de confiança de 95%, nos diferentes cenários.

Page 143: Análise de risco baseado no cash flow at risk

143

Tabela 7 – Valores estimados para o EaR

Otimista + 15% 95,2% 861.570 115.132 Pessimista - 15% 95,0% 573.759 (172.679) Otimista + 15% 95,4% 860.726 114.288

Pessimista - 15% 94,5% 575.876 (170.562) Otimista - 15% 95,6% 780.408 33.970

Pessimista + 15% 95,1% 694.635 (51.803) Otimista - 15% N/A N/A N/A

Pessimista + 15% N/A N/A N/ATaxa Mínima Atratividade Mais Provável N/A 746.438 -

Otimista FT + 15% 96,0% 1.073.931 327.493 Mais Provável N/A 931.972 185.533

Pessimista FT - 15% 95,3% 720.440 (25.998) Otimista FT + 15% 94,3% 960.417 213.979

Mais Provável N/A 831.924 85.486 Pessimista FT - 15% 94,2% 644.658 (101.780) Otimista FT + 15% 94,8% 778.194 31.756

Mais Provável N/A 673.079 (73.359) Pessimista FT - 15% 95,4% 518.389 (228.049) Otimista FT + 15% 95,8% 705.521 (40.917)

Mais Provável N/A 609.857 (136.581) Pessimista FT - 15% 94,5% 468.109 (278.329)

EaR maior ou igual a

VPL L.Liq. maior ou igual a

Taxa Mínima Atratividade

Nível de ConfiançaCenáriosVariável Independente

Investimentos

Fluxo de Tráfego

Tarifa Básica de Pedágio

Custos/Desp Operacionais

8%aa

5%aa

7%aa

TMA

4%aa

6%aa

Na Tabela 7 é possível observar que o pior resultado do EaR estimado para o

projeto é maior ou igual a - R$ 278.329 mil, com um nível de confiança de 94,5%,

obtido a partir do cenário pessimista, constituído pela simulação do Fluxo de Tráfego

reduzido em 15% e a Taxa Mínima de Atratividade ampliada em 2%,

correspondendo a uma TMA de 8% ao ano. Esse resultado representa para o

projeto a pior perda de lucro, nas condições analisadas, em relação às expectativas

originalmente aceitas no cenário mais provável.

Ainda é possível afirmar com nível de segurança de 95% que a variação da

TMA em 1%, representa um incremento médio de R$ 63 milhões em risco para os

lucros líquidos estimados, conforme demonstrado na Figura 44.

Page 144: Análise de risco baseado no cash flow at risk

144

(25.998)

(101.780)

(172.679)

(228.049)

(278.329)(300.000)

(250.000)

(200.000)

(150.000)

(100.000)

(50.000)

-

50.000

100.000

4,00% 5,00% 6,00% 7,00% 8,00%

R$

mil

TMA %ao ano

Figura 44 – EaR em função da variação da TMA

A informação dos possíveis valores do EaR, em função das variáveis de um

projeto e da técnica de análise de cenários, é uma importante ferramenta de gestão

de riscos de perdas financeiras, pois auxilia no processo decisório e minimiza os

erros. São evidenciadas, nesse caso, as perdas de lucro, com nível de confiança de

95%, para a redução do fluxo de tráfego em 15%, com EaR maior ou igual a R$

172.679 mil, para uma TMA de 6% ao ano. Essa perda pode ser reduzida para R$

25.998 mil, caso a TMA varie -2%, ou seja, 4% ao ano, ou se apresentar ainda mais

caótica a perda estimada, caso a TMA varie em +2%, ou seja, 8% ao ano, pois,

nessa situação, o EaR estimado é igual ou maior que R$ 278.329 mil.

Page 145: Análise de risco baseado no cash flow at risk

145

4.4.6 Mensuração do Pay-back

A estimativa do pay-back descontada a TMA, obtida a partir da variação dos

cenários, proporciona uma visão do prazo de recuperação do investimento em risco

esperado para o projeto em análise, com um nível de confiança de 95%. A TMA

utilizada para a análise deste projeto é de 6% ao ano. Os resultados obtidos para o

pay-back, por meio da aplicação da SMC, com 1.000 simulações, em diferentes

cenários, estão apresentados na Figura 45, pelos valores encontrados para os

limites máximos e mínimos.

(900.000)

(800.000)

(700.000)

(600.000)

(500.000)

(400.000)

(300.000)

(200.000)

(100.000)

-

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25

C. + Provável FT -15% FT +15% TBP -15% TBP +15%CDO -15% CDO +15% INV -15% INV +15%

anos

R$

milh

ões

Figura 45 – Pay-back descontada a TMA

O pay-back pode ser identificado na Figura 45, no momento em que a linha

da variável “plotada” cruza para cima o eixo do tempo (em anos). Assim, é possível

afirmar que o cenário mais provável, aquele considerado nesta pesquisa como os

Estudos Indicativos do Edital 003/2007 da ANTT, apresenta o pay-back de 19 anos.

Notadamente, os diversos cenários, demonstram o pay-back variando entre a melhor

ocorrência encontrada de 16 anos e a pior situação em que o pay-back não é

Page 146: Análise de risco baseado no cash flow at risk

146

possível de ocorrer dentro do prazo do contrato, evidenciando um prazo de

recuperação do investimento maior que 25 anos. Contudo, esses valores apontados

para o pay-back têm um nível de confiança menor que 5%. Assim, o pay-back foi

apurado para os cenários otimista e pessimista, com grau de confiança de 95%,

aproximadamente, utilizando o método da Simulação de Monte Carlo, com 1.000

simulações para cada uma das variáveis independentes. Os resultados encontrados

para o pay-back nesses diferentes cenários pode ser observado na Tabela 8.

Tabela 8 – Valores estimados para o pay-back

Máximo Médio Mínimo D. PadrãoOtimista + 15% 126.821 75.609 20.372 15.420 96,2% 48.540 18

Pessimista - 15% 101.200 44.043 (6.919) 16.573 94,5% 17.914 23Otimista + 15% 128.150 75.059 24.527 15.305 95,3% 50.035 18

Pessimista - 15% 104.573 44.560 (7.862) 16.477 94,4% 18.303 23Otimista - 15% 63.482 46.114 25.301 5.379 95,7% 37.404 19

Pessimista + 15% 26.710 12.649 (1.502) 4.970 95,8% 3.383 20Otimista - 15% 108.937 48.702 (7.753) 20.717 95,1% 14.454 18

Pessimista + 15% 101.859 47.372 (5.065) 20.774 94,6% 15.692 22Taxa Mínima Atratividade Mais Provável 8.182 8.182 8.182 - N/A 8.182 19

Otimista FT + 15% 128.434 78.229 25.727 17.087 94,6% 50.719 16Mais Provável 29.039 29.039 29.039 - N/A 29.039 17

Pessimista FT - 15% 143.770 79.711 8.459 19.364 95,9% 47.281 20Otimista FT + 15% 135.184 83.068 35.853 15.551 94,4% 55.764 17

Mais Provável 26.190 26.190 26.190 - N/A 26.190 18Pessimista FT - 15% 95.034 42.434 (16.318) 17.738 94,8% 12.588 21Otimista FT + 15% 100.702 54.851 10.608 14.454 95,8% 30.089 19

Mais Provável 16.168 16.168 16.168 - N/A 16.168 21Pessimista FT - 15% 78.873 27.508 (16.307) 15.600 95,8% 1.000 25Otimista FT + 15% 72.701 26.204 (17.777) 14.300 95,4% 2.781 20

Mais Provável 8.978 8.978 8.978 - N/A 8.978 23Pessimista FT - 15% (7.845) (52.899) (98.783) 14.643 94,2% (69.846) + de 25

Pay-back (em anos)Cenários

Taxa Mínima Atratividade

4%aa

5%aa

7%aa

8%aa

Fluxo de Caixa Acum. Descontado (R$ mil) Nível de Confiança

FC Ac.D. maior ou igual a

Fluxo de Tráfego

6%aa

Tarifa Básica de Pedágio

Custos/Desp Operacionais

Investimentos

Variável Independente TMA

No cenário otimista, o melhor resultado obtido para o pay-back é de 16 anos,

sendo que, o fluxo de caixa acumulado no ano 16, apresentou-se igual ou maior que

R$ 50.719 mil, com um nível de confiança de 94,6%. Esse cenário em que, o fluxo

de tráfego é acrescido em 15% e a TMA é reduzida em 2%, ou seja, 4% ao ano,

representa a melhor condição esperada para o pay-back e está demonstrada na

Figura 46.

Page 147: Análise de risco baseado no cash flow at risk

147

Bloco Freq Acum25.510 2 229.111 0 232.712 0 236.314 3 539.915 9 1443.516 11 2547.117 7 3250.719 22 5454.320 30 8457.921 41 12561.523 52 17765.124 64 24168.725 60 30172.326 92 39375.928 85 47879.529 90 56883.130 74 64286.731 86 72890.333 60 78893.934 50 83897.535 46 884

101.137 36 920104.738 27 947108.339 18 965111.940 10 975115.542 11 986119.143 6 992122.744 3 995126.346 2 997129.947 3 1000133.548 0 1000

Mais 0 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

25.

510

32.

712

39.

915

47.

117

54.

320

61.

523

68.

725

75.

928

83.

130

90.

333

97.

535

104

.738

111

.940

119

.143

126

.346

133

.548

Freq

uênc

ia

Pay-back em R$ mil

Figura 46 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% com TMA de 4% ao ano

Ainda no cenário otimista, mas com TMA de 6% ao ano, é possível afirmar,

com um grau de confiança de 96,2%, que o fluxo de caixa acumulado é igual ou

maior que R$ 48.540 mil, alterando assim, o pay-back para 18 anos, conforme

ilustrado na Figura 47. Bloco Freq Acum26.758 3 329.870 0 332.982 0 336.093 1 439.205 3 742.317 5 1245.428 10 2248.540 16 3851.652 17 5554.764 29 8457.875 28 11260.987 60 17264.099 49 22167.210 50 27170.322 81 35273.434 80 43276.546 85 51779.657 70 58782.769 83 67085.881 81 75188.992 50 80192.104 58 85995.216 38 89798.327 41 938

101.439 22 960104.551 17 977107.663 7 984110.774 5 989113.886 3 992116.998 2 994120.109 2 996

Mais 4 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

26.

758

32.

982

39.

205

45.

428

51.

652

57.

875

64.

099

70.

322

76.

546

82.

769

88.

992

95.

216

101

.439

107

.663

113

.886

120

.109

Freq

uênc

ia

Pay-back em R$ mil

Figura 47 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% com TMA de 6% ao ano

Page 148: Análise de risco baseado no cash flow at risk

148

Quando o fluxo de caixa é submetido à simulação da variação da TMA

acrescida em 2%, ou seja, 8% ao ano, as simulações realizadas resultaram em

fluxos de caixa acumulados no ano 20 iguais ou maiores que R$ 2.781 mil, com nível

de confiança de 95,4%, conforme demonstrado na Figura 48. Assim, é possível

afirmar que o pay-back para o cenário otimista, que prevê o acréscimo de fluxo de

tráfego em 15% e TMA de 8% ao ano, tem um pay-back esperado de 20 anos, com

nível de confiança de 95,4%.

Bloco Freq Acum(15.373) 1 1(12.780) 1 2(10.186) 1 3

(7.593) 1 4(5.000) 4 8(2.406) 7 15

187 15 302.781 16 465.374 18 647.968 25 89

10.561 38 12713.155 38 16515.748 45 21018.342 50 26020.935 73 33323.529 62 39526.122 89 48428.716 79 56331.309 66 62933.902 76 70536.496 54 75939.089 54 81341.683 43 85644.276 29 88546.870 31 91649.463 29 94552.057 16 96154.650 14 97557.244 10 98559.837 9 99462.431 1 995Mais 5 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

(15.

373)

(10.

186)

(5.0

00)

187

5.3

74

10.

561

15.

748

20.

935

26.

122

31.

309

36.

496

41.

683

46.

870

52.

057

57.

244

62.

431

Freq

uênc

ia

Pay-back em R$ mil

Figura 48 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% com TMA de 8% ao ano

Já para o cenário pessimista, representado pela redução do fluxo de tráfego

em 15% e testado sob a condição da variação da TMA em 2%, os resultados

encontrados para o pay-back, representam a pior condição esperada para o projeto

em análise, com nível de confiança aproximado a 95%.

A Figura 49 demonstra que o saldo do fluxo de caixa acumulado simulado sob

a condição do cenário pessimista, com a TMA de 4% ao ano, é igual ou maior que

R$ 47.281 mil com nível de confiança de 95,9%. Como isso, ocorre no ano 20, o

pay-back esperado com nível de confiança de 95,9% é de 20 anos.

Page 149: Análise de risco baseado no cash flow at risk

149

Bloco Freq Acum16.009 0 019.918 0 023.827 2 227.736 1 331.645 1 435.554 8 1239.463 5 1743.372 6 2347.281 18 4151.190 28 6955.099 26 9559.008 38 13362.917 55 18866.826 62 25070.735 76 32674.644 68 39478.554 89 48382.463 75 55886.372 76 63490.281 76 71094.190 61 77198.099 69 840

102.008 46 886105.917 42 928109.826 26 954113.735 19 973117.644 13 986121.553 6 992125.462 4 996129.371 2 998133.280 1 999

Mais 1 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

16.

009

23.

827

31.

645

39.

463

47.

281

55.

099

62.

917

70.

735

78.

554

86.

372

94.

190

102

.008

109

.826

117

.644

125

.462

133

.280

Freq

uênc

ia

Pay-back em R$ mil

Figura 49 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% com TMA de 4% ao ano

No entanto, quando este mesmo cenário é avaliado com a TMA de 6% ao

ano, é possível afirmar, com um grau de confiança de 94,5%, que o fluxo de caixa

acumulado no ano 23 é igual ou maior que R$ 17.914 mil, alterando assim, o pay-

back para 23 anos, conforme ilustrado na Figura 50. Bloco Freq Acum(13.942) 0 0(10.403) 0 0

(6.863) 0 0(3.323) 4 4

216 0 43.756 3 77.295 4 11

10.835 9 2014.374 15 3517.914 20 5521.453 30 8524.993 33 11828.533 46 16432.072 69 23335.612 69 30239.151 76 37842.691 71 44946.230 73 52249.770 77 59953.309 88 68756.849 77 76460.388 63 82763.928 55 88267.468 35 91771.007 30 94774.547 20 96778.086 16 98381.626 10 99385.165 3 99688.705 1 99792.244 1 998Mais 2 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

(13.

942)

(6.8

63)

216

7.2

95

14.

374

21.

453

28.

533

35.

612

42.

691

49.

770

56.

849

63.

928

71.

007

78.

086

85.

165

92.

244

Freq

uênc

ia

Pay-back em R$ mil

Figura 50 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% com TMA de 6% ao ano

Page 150: Análise de risco baseado no cash flow at risk

150

E finalmente, quando o fluxo de caixa é submetido à simulação da variação

da TMA acrescida em 2%, ou seja, 8% ao ano é possível verificar que o projeto não

apresenta condições de recuperação do capital investido, no prazo vigente do

contrato de concessão, que é de 25 anos. Nesse caso, as simulações realizadas

resultaram em fluxos de caixa acumulados no ano 25, iguais ou maiores que - R$

69.846 mil, com nível de confiança de 94,2%, conforme demonstrado na Figura 51.

Bloco Freq Acum(89.113) 1 1(86.360) 1 2(83.608) 2 4(80.856) 4 8(78.103) 9 17(75.351) 5 22(72.598) 15 37(69.846) 21 58(67.093) 31 89(64.341) 38 127(61.588) 61 188(58.836) 70 258(56.083) 74 332(53.331) 79 411(50.578) 73 484(47.826) 96 580(45.074) 73 653(42.321) 70 723(39.569) 53 776(36.816) 46 822(34.064) 44 866(31.311) 38 904(28.559) 38 942(25.806) 19 961(23.054) 20 981(20.301) 12 993(17.549) 4 997(14.796) 2 999(12.044) 1 1000

(9.291) 0 1000(6.539) 0 1000Mais 0 1000

0

20

40

60

80

100

120

(89.

113)

(83.

608)

(78.

103)

(72.

598)

(67.

093)

(61.

588)

(56.

083)

(50.

578)

(45.

074)

(39.

569)

(34.

064)

(28.

559)

(23.

054)

(17.

549)

(12.

044)

(6.5

39)

Freq

uênc

ia

Pay-back em R$ mil

Figura 51 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% com TMA de 8% ao ano

O pior resultado esperado para o pay-back, com nível de confiança de 94,2%,

é maior que 25 anos, ou seja, o prazo do contrato de concessão proposto no Edital

003/2007 é insuficiente para garantir o retorno do capital investido, sob o cenário

pessimista analisado, em que o fluxo de tráfego é submetido à variação de -15% e a

TMA é acrescida em 2%, ou seja 8% ao ano, pois nesse caso, o saldo do fluxo de

caixa acumulado é igual ou maior que – R$ 69.846 mil em 94,2% dos casos

simulados.

Page 151: Análise de risco baseado no cash flow at risk

151

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Considerando os resultados obtidos, por meio da Simulação de Monte Carlo,

em 1.000 simulações realizadas, sob o teste de três diferentes cenários, na busca de

respostas para os indicadores de rentabilidade, de agregação de valor e de risco, é

possível afirmar que, tanto nas dimensões rentabilidade e agregação de valor,

quanto na dimensão risco, o projeto é viável, nas condições originalmente

analisadas.

Sob a ótica das dimensões, rentabilidade e agregação de valor, o projeto

pode ser recomendado para investimento, nas condições originalmente analisadas,

pois apresenta resultados positivos para os indicadores associados a essas

dimensões, que suportam essa afirmação, com um nível de confiança de 95%.

O Valor Presente Líquido dos fluxos de caixa, apurado na pior condição, é de

R$ 65.772 mil. Porém, somente é possível afirmar com grau de confiança de 95,4%

que o VPL é igual ou maior que R$ 92.305 mil, no cenário pessimista. O VPL

calculado para o cenário mais provável é de R$ 266.255 mil. E o melhor VPL

apurado para o cenário otimista é de R$ 468.029 mil. Todavia, só é possível afirmar

com grau de confiança de 95% que o melhor VPL é igual ou maior que R$ 384.442

mil.

A Taxa Interna de Retorno, apurada na pior condição, é de 6,72% ao ano.

Contudo, no cenário pessimista, a TIR com nível de confiança de 95% é maior ou

igual a 7,01% ao ano. No cenário mais provável, a TIR é estimada em 8,82% ao ano.

Já no cenário otimista, a melhor TIR encontrada é de 10,96% ao ano. No entanto, só

é possível afirmar com grau de confiança de 95% que a TIR é maior ou igual a

9,96% ao ano.

O Retorno Adicional sobre o Investimento, calculado na pior condição, é de

0,91% ao ano no cenário pessimista. Já o melhor ROIA estimado nesse cenário é de

2,11% ao ano. Entretanto, somente é possível afirmar com nível de confiança de

95% que o ROIA é maior ou igual a 1,26% ao ano no cenário pessimista. No cenário

mais provável, o ROIA é estimado em 2,91% ao ano. E no cenário otimista, o melhor

ROIA apurado é de 4,43% ao ano e o pior ROIA estimado é de 3,17% ao ano.

Porém, somente pode-se afirmar que com um grau de confiança de 95%, o ROIA é

de 3,77% ao ano no cenário otimista.

Page 152: Análise de risco baseado no cash flow at risk

152

Na dimensão risco, os resultados obtidos, a partir da TMA de 6,0% ao ano,

para os indicadores: Pay-back; Cash Flow at Risk (CFaR); e Earnings at Risk (EaR)

apresentaram-se em diferentes cenários com valores que indicam a recuperação do

capital investido com nível de confiança de 95%, como é o caso do pay-back. O pay-

back calculado para o cenário mais provável é de 19 anos, podendo ser, ainda de 16

anos para o cenário otimista ou maior que 25 anos para o cenário pessimista, com

um grau de confiança de aproximadamente 95%.

Para o indicador Cash Flow at Risk, pode-se concluir que a pior perda de

caixa estimada é de - R$ 173.950 mil com nível de confiança de 95,4%, para um

cenário que levou em consideração da TMA de 6,0% ao ano, quando comparado ao

cenário mais provável que estima um VPL dos fluxos de caixa em R$ 266.255 mil.

Contudo, ainda é possível afirmar que, quando a TMA é ampliada em 2%,

correspondendo a 8% ao ano, o pior resultado estimado para o CFaR é maior ou

igual a - R$ 342.858 mil, com um nível de confiança de 96,0%, obtido a partir do

cenário pessimista, constituído pela redução do Fluxo de Tráfego em 15%.

E, finalmente, para o indicador Earning at Risk, o pior valor encontrado é igual

ou maior que - R$ 172.679 mil, com um nível de confiança de 95%, obtido a partir do

cenário pessimista, que leva em consideração a redução do fluxo de tráfego em 15%

e a TMA de 6% ao ano. Entretanto, quando o EaR é calculado, a partir da TMA

ampliada em 2%, ou seja, 8% ao ano, a pior perda de lucro líquido esperada, com

nível de confiança de 94,5%, é igual ou maior que - R$ 278.329 mil. A Tabela 9

evidencia os valores apurados para cada um dos cenários e indicadores associados

à rentabilidade, à agregação de valor e de risco.

Assim, considerando que o Edital 003/2007, que trata da Concessão da

Rodovia Federal, do Lote 7, referente ao trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC

– Curitiba – Florianópolis foi submetido à: (a) variação de três diferentes cenários; (b)

1.000 simulações, por meio do método da Simulação de Monte Carlo; e (c)

mensuração dos indicadores associados à rentabilidade, à agregação de valor e de

risco, não é recomendado para investimento, nas condições analisadas, pois os

resultados calculados para os indicadores, com nível de confiança de 95%, suportam

essa afirmação. Quanto aos indicadores associados à rentabilidade e à agregação

de valor, os resultados obtidos mostraram-se insuficientes para suportar as

variações de mercado simuladas com grau de confiabilidade de 95%. Da mesma

forma, os indicadores associados ao risco demonstraram que em 95% dos casos, as

Page 153: Análise de risco baseado no cash flow at risk

153

chances de perda são eminentes no cenário onde o fluxo de tráfego é reduzido em

15%. Notadamente, os riscos financeiros subjacentes ao contrato de concessão, já

expostos nesta seção, suplantam as expectativas dos pequenos ganhos ofertados

no projeto.

Tabela 9 – Indicadores Associados à Rentabilidade, à Agregação de Valor e de Risco

VPL Cash Flow

R$ mil

VPL Earnings

R$ mil

TIR %ao ano

ROIA %ao ano

Pay-back anos

CFaR R$ mil

EaR R$ mil

Otimista + 15% 380.216 861.570 9,96% 3,76% 18 113.961 115.132

Pessimista - 15% 92.305 573.759 7,01% 1,30% 23 (173.950) (172.679)

Otimista + 15% 384.442 860.726 9,95% 3,77% 18 118.187 114.288

Pessimista - 15% 96.383 575.876 7,03% 1,26% 23 (169.872) (170.562)

Otimista - 15% 300.622 780.408 9,19% 3,19% 20 34.367 33.970

Pessimista + 15% 213.098 694.635 8,24% 2,46% 19 (53.157) (51.803)

Otimista - 15% 322.671 N/A 9,48% 3,40% 22 56.416 N/A

Pessimista + 15% 140.381 N/A 7,38% 1,59% 18 (125.874) N/ATaxa Mínima Atratividade Mais Provável 266.255 746.438 8,82% 2,91% 19 - -

Otimista FT + 15% 693.855 1.073.931 N/A 5,44% 16 427.600 327.493

Pessimista FT - 15% 338.050 720.440 N/A 3,42% 20 71.795 (25.998)

Otimista FT + 15% 524.356 960.417 N/A 4,61% 17 258.101 213.979

Pessimista FT - 15% 204.545 644.658 N/A 2,35% 21 (61.710) (101.780)

Otimista FT + 15% 263.390 778.194 N/A 2,89% 19 (2.865) 31.756

Pessimista FT - 15% 2.598 518.389 N/A 0,06% 25 (263.657) (228.049)

Otimista FT + 15% 160.621 705.521 N/A 1,99% 20 (105.634) (40.917)

Pessimista FT - 15% (76.603) 468.109 N/A -1,37% + 25 (342.858) (278.329)

Cenários

Taxa Mínima Atratividade

4%aa

5%aa

7%aa

8%aa

Indicadores, com nível de confiança próximo a 95% associados, à

Rentabilidade e Agregação de valor Risco

Fluxo de Tráfego

6%aa

Tarifa Básica de Pedágio

Custos/Desp Operacionais

Investimentos

Variável Independente TMA

É possível imaginar que a empresa OHL tenha admitido um fluxo de tráfego

superior ao projetado nos estudos da ANTT e também ao estimado nessa pesquisa,

pois só assim parece fazer sentido a oferta da tarifa de pedágio vencedora do leilão

no valor de R$ 1,028 com deságio de 62,67% ante a tarifa máxima permitida pelo

edital de R$ 2,754.

Mesmo que os riscos aqui verificados, por meio dos indicadores calculados,

sejam submetidos a um plano de gestão de riscos, que visem minimizar as perdas

previstas, em que as principais ocorrem, principalmente em função da redução no

fluxo de tráfego e do aumento da TMA, há de se levar em consideração que são

fatores externos à futura empresa concessionária. Nesse sentido, ainda, há de se

gerir as demais variáveis que, apesar de representarem menor impacto de riscos ao

projeto, também merecem ser tratadas no plano de gestão de riscos financeiros,

Page 154: Análise de risco baseado no cash flow at risk

154

objetivando a redução à exposição de riscos.

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS Este capítulo tem por objetivo finalizar a pesquisa e faz isso trazendo à tona

as principais conclusões aprendidas neste trabalho, encerrando com propostas de

questões a serem abordadas em pesquisas futuras.

Resgatando os objetivos propostos nessa pesquisa, em termos gerais e

específicos, tem-se a preposição inicial de: mensurar o impacto dos riscos de

mercado no fluxo de caixa projetado nos Estudos Indicativos do Edital 003/2007 da

ANTT, objeto do Lote 7 de concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho

BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, por meio da métrica

Cash Flow at Risk. Tal objetivo foi atendido, à medida que apresenta os resultados

obtidos para o CFaR, nos diversos cenários propostos, com nível de confiança

próximo de 95%.

Também os objetivos específicos propostos foram atendidos, sejam eles: a)

Identificar as variáveis “riscos de mercado” relevantes para o projeto de concessão

de rodovias; b) Identificar os parâmetros operacionais para projeção do fluxo de

caixa e da demonstração de resultados; c) Mensurar os valores dos indicadores de

rentabilidade e de risco do projeto de concessão; d) Analisar as variações dos

indicadores de rentabilidade e de risco em diferentes cenários.

Assim, o aprendizado subjacente a essa pesquisa, está na avaliação do risco

como subsídio para a gestão estratégica de negócios de longo prazo, como é o caso

desse contrato de concessão de rodovias que tem duração de 25 anos.

Os resultados dos indicadores, prospectados nos estudos indicativos da

ANTT, foram calculados a priori e apresentaram-se nas seguintes magnitudes: A TIR

é de 8,82% ao ano. O ROIA calculado é de 2,91% ao ano. As projeções do DFC

levam ao pay-back simples de 14 anos e que quando é descontada a TMA de 6% ao

ano passa para 19 anos. O VPL dos fluxos de caixa é de R$ 266.255 mil. A

exposição máxima de caixa acumulado no ano 4 é de R$ 701.368 mil. O saldo dos

lucros líquidos acumulados ao final de 25 anos é de R$ 1.549.191 mil. O fluxo dos

lucros líquidos, descontada a TMA de 6% ao ano resulta no VPL de R$ 746.438 mil.

Page 155: Análise de risco baseado no cash flow at risk

155

Esses indicadores são tradicionalmente aplicados nos estudos de viabilidade

econômico-financeira em projetos de investimentos. E, analisando os resultados

apresentados dessa forma, pode-se concluir pela recomendação do projeto para

investimento, pois existe amparo científico para essa afirmação.

No entanto, a técnica de análise de cenários que busca agregar elementos

visa auxiliar no processo decisório, trazendo à tona novos resultados para serem

comparados àqueles que já são conhecidos. Essa importante ferramenta já traduz

um avanço na qualidade dos estudos de viabilidade econômico-financeira de

projetos de investimentos. Ainda assim, os resultados apresentados nos diversos

cenários não levam em consideração a questão: Qual é a probabilidade de

ocorrência do indicador calculado. Pois geralmente são voltados a responder

preponderantemente sobre a ótica da gestão de lucros com menor importância

atribuída à gestão de riscos.

Assim, quando um projeto é submetido ao método da Simulação de Monte

Carlo, buscando respostas às métricas financeiras tradicionalmente aceitas,

agregadas ainda às métricas específicas de risco financeiro como o Cash Flow at

Risk e o Earning at Risk, é possível responder quais são as perdas e ganhos

esperados para o projeto, com um nível de confiança definido a priori.

Os resultados obtidos nessa pesquisa, por meio da técnica de Análise de

Cenários e do método da Simulação de Monte Carlo, para os indicadores

associados à rentabilidade, à agregação de valor e de risco, com nível de confiança

de aproximadamente 95%, são comparados com os indicadores, calculados nos

estudos do Edital 003/2007, para o Lote 7. A comparação desses resultados

proporciona clareza acerca da viabilidade econômico-financeira e de risco para do

projeto e contribui no processo decisório, além de servir como subsídio no processo

de gestão de riscos financeiros, na elaboração do plano de contingenciamento de

riscos, caso o investidor opte pela realização do investimento.

Os piores resultados encontrados, no cenário pessimista, com nível do

confiança de aproximadamente 95% são iguais ou maiores que: (a) TIR: 7,01% ao

ano; (b) TMA: 8% ao ano; (c) ROIA: -1,37% ao ano; (d) VPL do fluxo de caixa: - R$

76.603 mil; (e) VPL do fluxo de lucro líquido: R$ 468.109 mil; (f) Pay-back: maior que

25 anos; (g) EaR: - R$ 278.329 mil; e (h) CFaR: - R$ 342.858 mil.

Diante desses indicadores de perdas possíveis, não é recomendado indicar o

projeto para investimento, pois acarretaria em perdas, já quantificadas, com um nível

Page 156: Análise de risco baseado no cash flow at risk

156

de confiança de 95%.

Os melhores resultados encontrados, no cenário otimista, com nível de

confiança de aproximadamente 95% são iguais ou maiores que: (a) TIR: 9,96% ao

ano; (b) TMA: 4% ao ano; (c) ROIA: 5,44% ao ano; (d) VPL do fluxo de caixa: R$

693.855 mil; (e) VPL do fluxo de lucro líquido: R$ 1.073.931 mil; (f) Pay-back: 16

anos; (g) EaR: R$ 427.600 mil; e (h) CFaR: R$ 327.493 mil.

Diante desses indicadores de ganhos possíveis, o projeto pode ser

recomendado para investimento, pois os ganhos já estão quantificados, com um

nível de confiança de 95%.

Eis então uma questão que merece ser cuidadosamente analisada, visando

subsidiar a decisão sobre recomendar o projeto para investimento ou rejeitá-lo.

Assim, faz-se necessário analisar cada indicador calculado e ponderar sobre as

contribuições que cada um oferece para o processo decisório.

Os resultados obtidos para o pay-back, descontada a TMA, com nível de

confiança de 95%, para cada um dos três cenários são iguais ou maiores que: (a)

cenário pessimista: mais de 25 anos; (b) cenário mais provável: 19 anos; e (c)

cenário otimista: 16 anos. O pay-back traduz o risco de recuperação do capital

investido, na dimensão tempo. Assim, por se tratar de um contrato de concessão de

rodovias, com prazo limitado a 25 anos, a informação do pay-back torna-se relevante

para o processo decisório, pois, findado o prazo do contrato de concessão, cessam

as chances de recuperação do capital investido. Notadamente, no cenário

pessimista, o pay-back calculado, com nível de confiança de 95%, não pôde ser

apurado, pois os valores de fluxo de caixa acumulado não se apresentaram

suficientes para recuperar o capital investido, implicando em prazo maior que 25

anos, para isso ocorrer. Essa informação contribui no processo decisório, com a

recomendação para não investir no projeto.

Os resultados obtidos para a TIR, com nível de confiança de 95%, para cada

um dos três cenários são iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: 7,01% ao

ano; (b) cenário mais provável: 8,82% ao ano; e (c) cenário otimista: 9,96% ao ano.

Quando comparadas com a TMA do cenário provável, que é de 6% ao ano, todos os

resultados obtidos indicam para a recomendação do projeto para investimento.

Todavia, quando é estabelecida uma relação entre a TMA e a TIR, considerando

que a TMA é uma variável que está sujeita às alterações de mercado, o projeto

analisado pode se tornar melhor ou pior, à condição original. Assim, pode-se concluir

Page 157: Análise de risco baseado no cash flow at risk

157

que a TIR, como informação isolada, não é suficiente para orientar o processo

decisório, na dimensão financeira.

Já, o ROIA apresenta vantagem em relação à TIR, como indicador de

rentabilidade, pois leva em consideração a variação da TMA, dado que o ROIA

indica o ganho adicional a TMA, que um projeto de investimento pode obter.

Os resultados obtidos para o ROIA, com nível de confiança de 95%, para

cada um dos três cenários são iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: -1,37%

ao ano; (b) cenário mais provável: 2,91% ao ano; e (c) cenário otimista: 5,44% ao

ano. Contudo, por se tratar de uma medida relativa, o ROIA apresenta complexidade

na interpretação dos indicadores em diferentes cenários. A princípio, os indicadores

do ROIA apresentados podem ser interpretados para o projeto em questão,

afirmando que: a oportunidade de ganho no cenário otimista, onde o ROIA é maior

ou igual a 5,44% ao ano, é maior que a possibilidade de perda no cenário

pessimista, que é apenas de -1,37% ao ano, e, portanto, compensa apostar no

projeto, pois se tem mais a ganhar do que a perder. O cuidado que se deve tomar

nessa decisão diz respeito justamente ao tamanho da perda e do ganho absoluto

que a decisão acarreta, visto que o ROIA transmite apenas a magnitude do ganho e

da perda relativa. Notadamente, a perda de -1,37% ao ano é em relação, ao

percentual de perda adicional, além da TMA de 8% ao ano, e o ganho de 5,44% ao

ano refere-se ao percentual de ganho adicional, além da TMA de 4% ao ano. Assim,

o VPL busca suprir a informação da quantificação desse valor, trazendo à tona os

valores de benefícios futuros, para o presente, descontada no tempo, a taxa da

TMA.

Os resultados obtidos para o VPL do fluxo de lucros líquidos do projeto, com

nível de confiança de 95%, para cada um dos três cenários são iguais ou maiores

que: (a) cenário pessimista: R$ 468.109 mil; (b) cenário mais provável: R$ 746.438

mil; e (c) cenário otimista: R$ 1.073.931 mil. Dessa forma, é possível atribuir um

valor absoluto para a perda e o ganho esperado para o projeto, por meio do

desconto dos fluxos de benefícios futuros, no caso aqui os lucros líquidos,

descontada no tempo a taxa da TMA, obtendo-se assim, o valor equivalente no

momento presente. Assim, o pior lucro esperado para o projeto é igual ou maior que

R$ 468.109 mil, no cenário pessimista. Já para o cenário otimista, o pior lucro

esperado é igual ou maior que R$ 1.073.931 mil. No entanto, essa informação é

melhor, quando apresentada pelo EaR, que traduz a pior perda esperada para o

Page 158: Análise de risco baseado no cash flow at risk

158

projeto, com nível de confiança de 95% em relação à expectativa original.

Assim, os resultados obtidos para o EaR do projeto, com nível de confiança

de 95%, para os cenários simulados, são iguais ou maiores que: (a) cenário

pessimista: - R$ 278.329 mil; e (b) cenário otimista: R$ 327.493 mil. Todavia, o EaR

é limitado à tradução da pior perda de lucro projetado nos fluxos de benefícios

econômicos de um projeto, deixando de levar em consideração o sacrifício

financeiro, necessário para a realização dos investimentos que proporcionem a

geração desses lucros. Então, analogamente ao processo de cálculo do EaR, é

possível calcular o CFaR, que traduz a pior perda de caixa, esperada para o projeto

com nível de confiança de 95% em relação à expectativa original.

Para isso, foi calculado o VPL dos fluxos de caixa do projeto e os resultados

obtidos, com nível de confiança de 95%, para os cenários simulados, são iguais ou

maiores que: (a) cenário pessimista: - R$ 76.603 mil; (b) cenário mais provável: R$

266.255 mil; e (c) cenário otimista: R$ 693.855 mil.

Finalmente, os resultados obtidos para o CFaR, a partir do VPL dos fluxos de

caixa do projeto, com nível de confiança de 95%, para os cenários simulados, são

iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: - R$ 342.858 mil; e (b) cenário

otimista: R$ 427.600 mil. O CFaR, que traduz a pior perda de caixa estimada para

um projeto de investimento, com nível de confiança de aproximadamente 95% é

igual ou maior que - R$ 342.858 mil. Isso significa que a possibilidade de ocorrer

perda maior que - R$ 342.858 mil é de apenas 5%. Assim, resta saber se o

investidor está disposto a correr o risco deste contrato para lucrar o equivalente ao

VPL do cenário mais provável, que é de R$ 266.255 mil, sabendo, a priori, que a pior

perda esperada para o projeto, com 95% de nível de confiança, é igual ou maior que

- R$ 342.858 mil. Caso a opção seja de realizar o investimento, é importante

ressaltar que no cenário otimista, também o pior resultado encontrado para o CFaR,

com nível de confiança de 95%, é igual ou maior que R$ 427.600 mil. Assim,

também é possível afirmar que a possibilidade de ocorrer ganho menor que R$

427.600 mil é de apenas 5%.

Quanto às limitações da pesquisa, nota-se que o modelo de fluxo de caixa

adotado pela ANTT, nos Estudos Indicativos da Tarifa Básica de Pedágio Máxima,

não é apropriado para a modelagem neste trabalho, pois limita o poder de influência

das variáveis independentes, quanto aos impactos reais que estas podem causar ao

fluxo de caixa. Um exemplo disso é a diferença entre o regime de competência

Page 159: Análise de risco baseado no cash flow at risk

159

adotado pelo DRE e o regime de caixa atribuído ao DFC. Enquanto as receitas,

despesas e custos são registrados no DRE pelo regime de competência, o DFC

deve registrar o exato momento em que ocorrem os recebimento e pagamentos. Por

se tratar de um projeto de longo prazo, o modelo do DFC adotado pela ANTT não

leva em consideração esses fatores, informando apenas as verbas anuais estimadas

para cada uma das rubricas de receitas, custos e despesas. A pesquisa apresentou

as críticas ao modelo adotado pela ANTT e propõe um modelo de fluxo de caixa e

DRE adequado para comportar esses efeitos. Contudo, não foi possível conseguir

informações de mercado que possam refletir a realidade desses efeitos, no modelo

proposto na pesquisa.

Existem, ainda, limitações de ordem técnica, que dizem respeito ao plano de

engenharia rodoviária. A pesquisa tratou as informações de mercado, do ponto de

vista financeiro, mas não conseguiu mensurar os impactos dessas informações na

dimensão operacional. Exemplo disso se dá à atribuição do percentual de 15% para

a variação das variáveis independentes, a qual encontra apelo de mercado que

sustenta esse percentual, porém não foi dimensionado o impacto dessa variação na

capacidade da pista de rodagem e das praças de pedágio, admitindo-se que o PER

– Plano de Exploração da Rodovia - , apresentado pela ANTT, apresenta

capacidade instalada, e que não serão necessários investimentos adicionais àqueles

já previstos nos estudos originais.

Como sugestão de pesquisas futuras, acredito que o modelo de fluxo de caixa

proposto nessa pesquisa, possa ser utilizado comportando as variáveis de mercado,

não somente no seu valor absoluto estimado, mas também quanto à natureza das

políticas de crédito e pagamentos adotadas, mensurando, assim, o impacto do

capital de giro nos resultados pretendidos. Ainda, como sugestão, um estudo de

riscos operacionais, agregado ao modelo financeiro adotado nessa pesquisa,

poderia produzir informações mais ricas para o processo decisório. E, por fim, na

dimensão da estratégia dos negócios no setor de concessão rodoviária, uma

pesquisa dedicada ao estudo dos contratos de concessão vigentes no país, pode

elucidar sobre como anda a gestão de riscos financeiros neste setor e quais medidas

de contingenciamento a ANTT, como órgão regulador, pode implementar para

minimizar perdas aos usuários, agentes financeiros, investidores e demais

interessados nos negócios do setor rodoviário no Brasil.

Page 160: Análise de risco baseado no cash flow at risk

160

REFERÊNCIAS

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Page 166: Análise de risco baseado no cash flow at risk

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APÊNDICES

Page 167: Análise de risco baseado no cash flow at risk

APÊNDICE A – Fluxo de Tráfego Projetado no Cenário mais Provável PROGRAMA FEDERAL DE CONCESSÃO DE RODOVIAS BR116/PR - BR376/PR - BR101/SCQUADRO 1 - TRÁFEGO EM VEÍCULOS EQUIVALENTES EM TBP's Trecho 07 - Curitiba - Florianópolis

Praça 1 % Cresc Praça 2 % Cresc Praça 3 % Cresc Praça 4 Praça 5 TOTAL1 fev/2008 a fev/2009 5.879.785,0 6.086.466,3 6.915.290,0 7.504.947,5 4.849.572,5 31.236.061,32 fev/2009 a fev/2010 12.244.837,5 4,1% 12.676.815,0 4,1% 14.399.980,0 4,1% 15.628.935,0 4,1% 10.100.097,5 4,1% 65.050.665,0 4,1%3 fev/2010 a fev/2011 12.740.507,5 4,0% 13.187.632,5 4,0% 14.979.782,5 4,0% 16.257.647,5 4,0% 10.511.452,5 4,1% 67.677.022,5 4,0%4 fev/2011 a fev/2012 13.245.667,5 4,0% 13.711.225,0 4,0% 15.570.900,0 3,9% 16.896.945,0 3,9% 10.932.845,0 4,0% 70.357.582,5 4,0%5 fev/2012 a fev/2013 13.760.682,5 3,9% 14.244.307,5 3,9% 16.171.872,5 3,9% 17.553.215,0 3,9% 11.359.530,0 3,9% 73.089.607,5 3,9%6 fev/2013 a fev/2014 14.280.077,5 3,8% 14.779.215,0 3,8% 16.780.510,0 3,8% 18.214.230,0 3,8% 11.795.522,5 3,8% 75.849.555,0 3,8%7 fev/2014 a fev/2015 14.806.407,5 3,7% 15.323.612,5 3,7% 17.388.782,5 3,6% 18.874.515,0 3,6% 12.238.085,0 3,8% 78.631.402,5 3,7%8 fev/2015 a fev/2016 15.336.752,5 3,6% 15.871.660,0 3,6% 18.002.165,0 3,5% 19.539.727,5 3,5% 12.691.597,5 3,7% 81.441.902,5 3,6%9 fev/2016 a fev/2017 15.874.397,5 3,5% 16.422.627,5 3,5% 18.612.627,5 3,4% 20.208.407,5 3,4% 13.152.410,0 3,6% 84.270.470,0 3,5%

10 fev/2017 a fev/2018 16.409.487,5 3,4% 16.975.420,0 3,4% 19.221.995,0 3,3% 20.868.327,5 3,3% 13.620.522,5 3,6% 87.095.752,5 3,4%11 fev/2018 a fev/2019 16.944.577,5 3,3% 17.528.212,5 3,3% 19.826.982,5 3,1% 21.524.962,5 3,1% 14.104.147,5 3,6% 89.928.882,5 3,3%12 fev/2019 a fev/2020 17.484.047,5 3,2% 18.081.005,0 3,2% 20.418.100,0 3,0% 22.169.005,0 3,0% 14.601.825,0 3,5% 92.753.982,5 3,1%13 fev/2020 a fev/2021 18.025.707,5 3,1% 18.635.987,5 3,1% 20.997.902,5 2,8% 22.797.352,5 2,8% 15.125.600,0 3,6% 95.582.550,0 3,0%14 fev/2021 a fev/2022 18.572.660,0 3,0% 19.188.050,0 3,0% 21.569.492,5 2,7% 23.412.012,5 2,7% 15.670.727,5 3,6% 98.412.942,5 3,0%15 fev/2022 a fev/2023 19.115.232,5 2,9% 19.745.405,0 2,9% 22.122.832,5 2,6% 24.011.525,0 2,6% 16.245.420,0 3,7% 101.240.415,0 2,9%16 fev/2023 a fev/2024 19.661.455,0 2,9% 20.299.110,0 2,8% 22.652.630,0 2,4% 24.583.480,0 2,4% 16.852.597,5 3,7% 104.049.272,5 2,8%17 fev/2024 a fev/2025 20.206.217,5 2,8% 20.846.975,0 2,7% 23.158.702,5 2,2% 25.141.017,5 2,3% 17.486.420,0 3,8% 106.839.332,5 2,7%18 fev/2025 a fev/2026 20.747.695,0 2,7% 21.388.270,0 2,6% 23.644.882,5 2,1% 25.665.522,5 2,1% 18.133.017,5 3,7% 109.579.387,5 2,6%19 fev/2026 a fev/2027 21.264.170,0 2,5% 21.803.640,0 1,9% 24.106.972,5 2,0% 26.167.032,5 2,0% 18.787.645,0 3,6% 112.129.460,0 2,3%20 fev/2027 a fev/2028 21.648.880,0 1,8% 22.190.540,0 1,8% 24.539.680,0 1,8% 26.640.255,0 1,8% 19.428.585,0 3,4% 114.447.940,0 2,1%21 fev/2028 a fev/2029 22.009.135,0 1,7% 22.556.817,5 1,7% 24.945.560,0 1,7% 27.081.175,0 1,7% 20.014.957,5 3,0% 116.607.645,0 1,9%22 fev/2029 a fev/2030 22.344.570,0 1,5% 22.902.655,0 1,5% 25.331.000,0 1,5% 27.493.990,0 1,5% 20.552.785,0 2,7% 118.625.000,0 1,7%23 fev/2030 a fev/2031 22.661.207,5 1,4% 23.221.482,5 1,4% 25.680.487,5 1,4% 27.881.802,5 1,4% 21.042.980,0 2,4% 120.487.960,0 1,6%24 fev/2031 a fev/2032 22.951.930,0 1,3% 23.521.330,0 1,3% 26.010.082,5 1,3% 28.236.765,0 1,3% 21.401.410,0 1,7% 122.121.517,5 1,4%25 fev/2032 a fev/2033 23.216.737,5 1,2% 23.792.890,0 1,2% 26.317.412,5 1,2% 28.568.185,0 1,2% 21.653.442,5 1,2% 123.548.667,5 1,2%

441.432.825,0 2,9% 454.981.351,3 2,8% 509.366.625,0 2,7% 552.920.980,0 2,7% 382.353.195,0 3,4% 2.341.054.976,3 2,9%

Anos Praças de PedágioPeríodo

TOTAL

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APÊNDICE B – Demonstrativo de Resultado do Exercício Projetado no Cenário mais Provável

PROGRAMA FEDERAL DE CONCESSÃO DE RODOVIAS BR116/PR - BR376/PR - BR101/SCQUADRO 2 - DEMONSTRATIVO DE RESULTADO Trecho 07 - Curitiba - Florianópolis

Tarifa de Pedágio Máxima R$ 2,754 Valores em R$ mil

Anos PeríodoFluxo de Tráfego Cresc. do

Tráfego % Receita Bruta Impostos sobre Vendas

Receita Líquida

Adm / Oper / Conserva

Seguros / Garantias

PRF Fiscalização D. Tecnolog

Depreciação Resultado Antes IR/CS IR 15% IR adicional

10% CSLL 9% Resultado Líquido

1 fev/2008 a fev/2009 31.236.061 86.024 7.441 78.583 30.530 3.632 7.780 11.292 25.350 3.802 2.511 2.281 16.755 2 fev/2009 a fev/2010 65.050.665 4,13% 179.150 15.496 163.653 67.581 3.632 7.780 25.789 58.871 8.831 5.863 5.298 38.879 3 fev/2010 a fev/2011 67.677.023 4,04% 186.383 16.122 170.260 68.212 3.632 7.780 35.469 55.168 8.275 5.493 4.965 36.435 4 fev/2011 a fev/2012 70.357.583 3,96% 193.765 16.761 177.004 68.212 3.632 7.780 39.600 57.781 8.667 5.754 5.200 38.160 5 fev/2012 a fev/2013 73.089.608 3,88% 201.289 17.411 183.877 68.212 3.632 7.780 40.929 63.325 9.499 6.309 5.699 41.819 6 fev/2013 a fev/2014 75.849.555 3,78% 208.890 18.069 190.821 68.212 3.632 7.780 42.877 68.320 10.248 6.808 6.149 45.115 7 fev/2014 a fev/2015 78.631.403 3,67% 216.551 18.732 197.819 68.212 3.632 7.780 45.385 72.811 10.922 7.257 6.553 48.079 8 fev/2015 a fev/2016 81.441.903 3,57% 224.291 19.401 204.890 68.212 3.632 7.780 47.593 77.673 11.651 7.743 6.991 51.288 9 fev/2016 a fev/2017 84.270.470 3,47% 232.081 20.075 212.006 68.212 3.632 7.780 48.892 83.491 12.524 8.325 7.514 55.128 10 fev/2017 a fev/2018 87.095.753 3,35% 239.862 20.748 219.114 68.212 3.632 7.780 49.882 89.609 13.441 8.937 8.065 59.166 11 fev/2018 a fev/2019 89.928.883 3,25% 247.664 21.423 226.241 68.212 3.632 7.780 53.389 93.229 13.984 9.299 8.391 61.555 12 fev/2019 a fev/2020 92.753.983 3,14% 255.444 22.096 233.349 68.212 3.632 7.780 55.215 98.510 14.777 9.827 8.866 65.041 13 fev/2020 a fev/2021 95.582.550 3,05% 263.234 22.770 240.465 68.212 3.632 7.780 57.566 103.275 15.491 10.304 9.295 68.186 14 fev/2021 a fev/2022 98.412.943 2,96% 271.029 23.444 247.585 68.212 3.632 7.780 60.055 107.907 16.186 10.767 9.712 71.243 15 fev/2022 a fev/2023 101.240.415 2,87% 278.816 24.118 254.699 68.212 3.632 7.780 62.720 112.356 16.853 11.212 10.112 74.179 16 fev/2023 a fev/2024 104.049.273 2,77% 286.552 24.787 261.765 68.212 3.632 7.780 66.675 115.467 17.320 11.523 10.392 76.232 17 fev/2024 a fev/2025 106.839.333 2,68% 294.236 25.451 268.784 68.212 3.632 7.780 68.681 120.480 18.072 12.024 10.843 79.541 18 fev/2025 a fev/2026 109.579.388 2,56% 301.782 26.104 275.678 68.212 3.632 7.780 71.010 125.044 18.757 12.480 11.254 82.553 19 fev/2026 a fev/2027 112.129.460 2,33% 308.805 26.712 282.093 68.212 3.632 7.780 75.442 127.028 19.054 12.679 11.432 83.862 20 fev/2027 a fev/2028 114.447.940 2,07% 315.190 27.264 287.926 68.212 3.632 7.780 80.734 127.568 19.135 12.733 11.481 84.219 21 fev/2028 a fev/2029 116.607.645 1,89% 321.137 27.778 293.359 68.212 4.002 7.780 89.300 124.065 18.610 12.383 11.166 81.907 22 fev/2029 a fev/2030 118.625.000 1,73% 326.693 28.259 298.434 68.212 4.002 7.780 96.240 122.201 18.330 12.196 10.998 80.677 23 fev/2030 a fev/2031 120.487.960 1,57% 331.824 28.703 303.121 68.212 4.002 7.780 105.024 118.103 17.715 11.786 10.629 77.972 24 fev/2031 a fev/2032 122.121.518 1,36% 336.323 29.092 307.231 68.212 4.002 7.780 119.613 107.624 16.144 10.738 9.686 71.056 25 fev/2032 a fev/2033 123.548.668 1,17% 340.253 29.432 310.821 68.212 4.002 7.780 139.733 91.094 13.664 9.085 8.198 60.146

TOTAL 2.341.054.976 2,88% 6.447.265 557.688 5.889.577 1.666.977 92.647 194.496 1.589.107 2.346.350 351.953 234.035 211.172 1.549.191 1,000 100,00% 8,65% 91,35% 25,86% 1,44% 3,02% 24,65% 36,39% 5,46% 3,63% 3,28% 24,03%

Page 169: Análise de risco baseado no cash flow at risk

169

APÊNDICE C – Demonstrativo do Fluxo de Caixa Projetado no Cenário mais Provável

PROGRAMA FEDERAL DE CONCESSÃO DE RODOVIASQUADRO 3 - DEMONSTRATIVO DO FLUXO DE CAIXA

Valores em R$ mil

ANO PeríodoResultado

Líquido Depreciação Investimentos Saldo de Caixa Saldo Acumulado

1 fev/2008 a fev/2009 16.755 11.292 282.295 (254.248) (254.248) 2 fev/2009 a fev/2010 38.879 25.789 347.930 (283.262) (537.510) 3 fev/2010 a fev/2011 36.435 35.469 222.639 (150.735) (688.245) 4 fev/2011 a fev/2012 38.160 39.600 90.883 (13.123) (701.368) 5 fev/2012 a fev/2013 41.819 40.929 27.914 54.834 (646.534) 6 fev/2013 a fev/2014 45.115 42.877 38.962 49.030 (597.504) 7 fev/2014 a fev/2015 48.079 45.385 47.655 45.809 (551.695) 8 fev/2015 a fev/2016 51.288 47.593 39.746 59.136 (492.559) 9 fev/2016 a fev/2017 55.128 48.892 22.075 81.945 (410.614) 10 fev/2017 a fev/2018 59.166 49.882 15.835 93.212 (317.402) 11 fev/2018 a fev/2019 61.555 53.389 52.615 62.329 (255.073) 12 fev/2019 a fev/2020 65.041 55.215 25.562 94.694 (160.379) 13 fev/2020 a fev/2021 68.186 57.566 30.564 95.188 (65.191) 14 fev/2021 a fev/2022 71.243 60.055 29.862 101.435 36.244 15 fev/2022 a fev/2023 74.179 62.720 29.314 107.584 143.829 16 fev/2023 a fev/2024 76.232 66.675 39.553 103.354 247.183 17 fev/2024 a fev/2025 79.541 68.681 18.057 130.165 377.348 18 fev/2025 a fev/2026 82.553 71.010 18.631 134.932 512.280 19 fev/2026 a fev/2027 83.862 75.442 31.024 128.280 640.561 20 fev/2027 a fev/2028 84.219 80.734 31.753 133.200 773.761 21 fev/2028 a fev/2029 81.907 89.300 42.829 128.378 902.139 22 fev/2029 a fev/2030 80.677 96.240 27.758 149.159 1.051.298 23 fev/2030 a fev/2031 77.972 105.024 26.354 156.642 1.207.940 24 fev/2031 a fev/2032 71.056 119.613 29.176 161.492 1.369.432 25 fev/2032 a fev/2033 60.146 139.733 20.121 179.759 1.549.191

TOTAL 1.549.191 1.589.107 1.589.107 1.549.191 Taxa Interna de Retorno 8,82% aa