ANÁLISE DE SOBREVIDA E FUNCIONALIDADE EM … · increase in the case-resolving capacity and / or...

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CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO SILVANA SALLA KRUSCH ANÁLISE DE SOBREVIDA E FUNCIONALIDADE EM IDOSOS SUBMETIDOS À FISIOTERAPIA DO SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR DE LONDRINA/PR Londrina 2014

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CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO

SILVANA SALLA KRUSCH

ANÁLISE DE SOBREVIDA E FUNCIONALIDADE EM IDOSOS SUBMETIDOS À FISIOTERAPIA DO SERVIÇO DE

ATENÇÃO DOMICILIAR DE LONDRINA/PR

Londrina 2014

SILVANA SALLA KRUSCH

ANÁLISE DE SOBREVIDA E FUNCIONALIDADE EM IDOSOS SUBMETIDOS À FISIOTERAPIA DO SERVIÇO DE

ATENÇÃO DOMICILIAR DE LONDRINA/PR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina - UEL e Universidade Norte do Paraná - UNOPAR), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação.

Orientador: Profª. Drª. Deise Aparecida A. Pires Oliveira

Londrina 2014

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central

Setor de Tratamento da Informação

Krusch, Silvana Salla

K95a Análise de sobrevida e funcionalidade em idosos submetidos à fisioterapia do

serviço de atenção domiciliar de Londrina/PR / Silvana Salla Krusch. Londrina:

[s.n], 2014.

92 f.

Dissertação (Mestrado). Ciências da Reabilitação. Universidade Norte do

Paraná e Universidade Estadual de Londrina.

Orientadora: Profª Drª. Deise Aparecida de Almeida Pires Oliveira.

1- Ciências da reabilitação - dissertação de mestrado – UNOPAR/UEL 2-

Fisioterapia 3- Idoso 4- Atenção domiciliar 5- Sobrevida 6- Capacidade funcional

I- Oliveira, Deise Aparecida de Almeida Pires; orient. II- Universidade Norte do

Paraná. III- Universidade Estadual de Londrina.

CDU 615.8

SILVANA SALLA KRUSCH

ANÁLISE DE SOBREVIDA E FUNCIONALIDADE EM IDOSOS SUBMETIDOS À FISIOTERAPIA DO SERVIÇO DE

ATENÇÃO DOMICILIAR DE LONDRINA/PR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina [UEL] e Universidade Norte do Paraná [UNOPAR]), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Profª. Drª. Deise Aparecida A. Pires Oliveira

(Orientadora) Universidade Norte do Paraná

____________________________________ Profª. Drª. Karen Barros Parron Fernandes

(Membro interno) Universidade Norte do Paraná

____________________________________ Profª. Drª. Inês Gimenes Rodrigues

(Membro externo) Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 22 de Setembro de 2014.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao Guilherme, meu filho e

companheiro, pelo amor, compreensão e

incentivo que sempre me proporciona. Sei que

estamos fazendo o possível nesta trajetória na

busca de crescimento pessoal e profissional.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, o que seria de mim sem a fé que

tenho nele.

É merecedora do meu mais sincero agradecimento a minha

orientadora Profª Drª Deise Aparecida de A. Pires Oliveira que contribuiu

efetivamente no desenvolvimento e conclusão do meu projeto, compartilhando suas

experiências e saberes. Pelo apoio, pelas incansáveis revisões, e por tratar com

cuidado e dedicação, as informações sobre meus pacientes.

Agradeço a Profª Drª Karen Parron Fernandes pelo incentivo e pela

grande ideia que tanto norteou meu objetivo.

À Profª Inês Gimenes Rodrigues, em quem me espelho na

construção do meu conhecimento em Cuidados Paliativos, na sua dedicação com o

desenvolvimento da ciência e na sua capacidade de simplificar e agregar amor e

compromisso aos cuidados com seus pacientes. Agradeço imensamente a sua

disponibilidade, carinho e respeito para comigo e com a minha profissão.

Ao meu colega e amigo João Paulo Manfré dos Santos pela

disponibilidade e grande colaboração.

Dedico esta, bem como todas as minhas conquistas, à minha

família, meu maior e melhor presente. Vocês me fazem tanta falta!

Ao meu cunhado Doutorando Francisco Morato Leite, que me

incentivou desde o início, sempre disponível com suas valiosas sugestões.

À minha irmã Raquel Salla Morato Leite, pelos conselhos “infalíveis”

e por aquele elogio que só vem de quem ama.

Aos meus amigos irmãos, por dispensarem igual amor mesmo na

ausência, pelo incentivo e pelo apoio constantes.

Ao gerente do SAD-Londrina/PR, Ricardo Oliveira, que através da

amizade, generosidade e compreensão, me proporcionou a chance de trabalhar e

realizar o meu sonho ao mesmo tempo.

Ao colega Técnico Administrativo do SAD, Silvio Júnior, incansável

como companheiro de coleta de dados.

À grande amiga e colega de profissão Valéria Zamataro Tessaro,

pelo carinho e generosidade.

E o que dizer a você minha amiga Raquel Lacerda! Obrigada por me

fazer acreditar que daria conta, pelas sugestões, disponibilidade e incentivo. Sem a

sua ajuda tudo teria sido bem mais difícil.

Ao meu filho Guilherme, do qual tenho imenso orgulho de ser mãe,

que ilumina de maneira especial os meus pensamentos e sempre me incentiva.

A busca pelo conhecimento me fez lembrar que para que eu possa

desempenhar o meu melhor papel nesta profissão que é tão digna de ser buscada e

vivida, a prática precisa da ciência sempre.

Valeu a pena esperar! Hoje colho os frutos do meu empenho.

Acabou mãe?

Acabei filho!

“O cuidado deve sempre ser prioritário sobre a cura, pela mais óbvia das razões: nunca há qualquer certeza de que nossas enfermidades possam ser curadas, ou nossa morte evitada. Eventualmente, elas poderão e devem triunfar. Nossas vitórias sobre nosso adoecimento e [sobre a] morte são sempre temporárias, mas nossa necessidade de suporte, de cuidados, diante deles, é permanente” (CALLAHAN, 1990).

KRUSCH, SILVANA SALLA. Análise de sobrevida e funcionalidade em idosos submetidos à fisioterapia do Serviço de Atenção Domiciliar de Londrina/PR: 2014. 92. Trabalho de Conclusão de Curso do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Programa associado entre a Universidade Estadual de Londrina [UEL] e a Universidade Norte do Paraná [UNOPAR]) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2014.

RESUMO

O envelhecimento é um processo, que traz como consequência a incapacidade física e alterações em vários sistemas funcionais. A prevalência de doenças e agravos crônicos não transmissíveis e agudização do quadro em idosos são bastante expressivas nesta população, o que gera diminuição da funcionalidade e, consequentemente, interfere na independência nas Atividades da Vida Diária, levando a um impacto muito grande na qualidade de vida do idoso. Este, em geral, apresenta maior número de comorbidades e diminuição do tempo de sobrevida. Neste contexto, o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) surge como estratégia para a desospitalização, humanização do tratamento e cuidados integrais e contínuos através de equipes multidisciplinares, das quais a fisioterapia faz parte. O presente estudo teve por objetivo analisar a sobrevida e a funcionalidade em idosos submetidos à fisioterapia do SAD-Londrina/PR. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, observacional, retrospectivo e quantitativo. Avaliou-se os dados de 121 pacientes idosos do SAD do município de Londrina/PR. As informações foram provenientes do banco de dados do Cadastro de Pacientes, de mapas mensais de atendimento da equipe de fisioterapia, Índice de Charlson como medida de multimorbidades para a análise de sobrevida e a Escala de Karnofsky para verificar os níveis de desempenho funcional no início e no final do período de internação. Considerou-se como desfecho os eventos morte/reinternação hospitalar. Foram realizados 1058 atendimentos de Fisioterapia Respiratória e 555 de Fisioterapia Motora. Dos pacientes, 46,3% (n = 56) apresentaram uma cronicidade no estado funcional, observando uma manutenção do quadro inicial na escala de Karnofsky. Porém no grupo que recebeu de 1 a 6 visitas de fisioterapia, 23,8% (n = 15) dos pacientes morreram e 21,6% (n = 13) reinternaram, enquanto que, no grupo que recebeu mais de 6 visitas houve melhora da taxa de sobrevida e apenas 13,8% (n = 8) morreram e 12,1% (n = 7) reinternaram, sendo a diferença entre os grupos estatisticamente significativa (P<0,001). Observou-se, também, que há maior índice de morte/reinternação até os primeiros 60 dias para o grupo que recebeu menos visitas (G1) se comparado com o grupo que recebeu mais que 6 visitas (G2). Com relação às comorbidades, observou-se que a quantidade de comorbidades não influenciou nos eventos morte/reinternação. O aumento da sobrevida esteve associado ao número de atendimentos, com prevalência de fisioterapia respiratória. De forma geral, observou-se a manutenção da funcionalidade inicial entre os pacientes. Portanto, observa-se a importância do fisioterapeuta, integrado nas equipes do SAD, que potencializa a resolutividade e/ou auxilia na cronicidade das doenças, na manutenção da funcionalidade e na sobrevida dos pacientes. Palavras-chave: Fisioterapia; idoso; serviço de assistência domiciliar; análise de sobrevida; Avaliação de Estado de Karnofsky.

KRUSCH, Silvana Salla. Analysis of survival and functionality in the elderly submitted to physical therapy of home care services in Londrina/PR: 2014. 92. Trabalho de Conclusão de Curso do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Programa associado entre a Universidade Estadual de Londrina [UEL] e a Universidade Norte do Paraná [UNOPAR]) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2014.

ABSTRACT

Aging is a process whose consequences are physical disability and alterations in several functional systems. The prevalence of non-communicable chronic diseases and the worsening of the clinical picture in elderly population are very significant, leading to decreased functionality and thus, they interfere with the independence in Activities of Daily Living, resulting in a very large impact in the quality of life of the elderly. This impact generally has a higher number of comorbidities and reduced survival time. In this context, the Home Care Services (HCS) come as a strategy for de-hospitalization, increased humanization of treatment and for establishing all-round and continuous care through multidisciplinary teams which includes physical therapy. This study aims to analyze the survival and functionality of the elderly undergoing physical therapy who are assisted by HCS-Londrina/PR. This work is a cross-sectional, descriptive, observational, retrospective and quantitative study. The data of 121 elderly patients from HCS in the city of Londrina/PR were evaluated. Data were obtained from the patient registration database and from the physical therapy team monthly consultation cards. Charlson index as multimorbidity measurement to analyze the survival time, and the Karnofsky scale to verify the level of performance in the beginning and at the end of hospital length of stay were used. The events death / re-hospitalization were considered clinical outcomes. 1058 respiratory physical therapy and 555 motor physical therapy consultations were carried out. 46.3% (n = 56) of patients had chronicity in functional status, maintaining their initial symptoms on the Karnofsky scale. However, among the patients of the group that received 1 to 6 physical therapy consultations, 23.8% (n = 15) of them died and 21.6% (n = 13) were re-hospitalized, whereas there was improvement in the survival rate for the group that received more than 6 consultations, only 13.8% (n = 8) of the patients died and 12.1% (n = 7) were he-hospitalized, being the difference between the groups statistically significant (P <0.001). It was also observed that there is a higher rate of death / re-hospitalization within the first 60 days for the group that received fewer consultations (G1) if compared with the group that received more than 6 consultations (G2). With respect to the comorbidities, it was observed that the amount of comorbidities did not influence the events death / re-hospitalization. The increased survival was associated with the number of consultations, with a prevalence of respiratory therapy. In general, the maintenance of the initial functionality among patients was observed. Therefore, the physical therapist plays a major role when he or she integrates with HCS teams; as a result there is an increase in the case-resolving capacity and / or the assistance in fighting the chronicity of the disease, keeping the functionality and survival of patients.

Key words: Physical Therapy Specialty; Aged; Home Care Services; Survival Analysis; Karnofsky Performance Status.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Análise de sobrevida de acordo com o total de visitas e o tempo de

permanência no serviço de fisioterapia (em dias), 2012. .......................................... 40

Figura 2 – Análise de sobrevida de acordo com as comorbidades através do índice

de Charlson, 2012. .................................................................................................... 41

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Panorama do serviço de fisioterapia no SAD-Londrina/PR, 2012......... 37

Tabela 2 – Características sociodemográficas dos pacientes no ano de 2012.......38

Tabela 3 – Análise de sobrevida de acordo com o número de visitas, 2012.......... 39

Tabela 4 – Análise de sobrevida de acordo com as comorbidades através do índice

de Charlson, 2012.................................................................................................... 41

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD1 Atenção Domiciliar tipo 1

AD2 Atenção Domiciliar tipo 2

AD3 Atenção Domiciliar tipo 3

ADL Activities of Daily Living

AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome

AVDs Atividades da Vida Diária

AVE Acidente Vascular Encefálico

CMS Conselho Municipal de Saúde

CNCD Non-communicable chronic diseases

DANT Doenças e Agravos Crônicos Não Transmissíveis

DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

ECPOD Equipe de Cuidados Paliativos Oncológicos Domiciliar

EMAD Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar

EMAP Equipe Multiprofissional de Apoio

ESF Estratégia Saúde da Família

G1 Grupo 1

G2 Grupo 2

GA Grupo A

GB Grupo B

HCS Home Care Service

ICC Índice de Comorbidades de Charlson

MIF Medida de Independência Funcional

NADI Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar

NASF Núcleo de Apoio à saúde da Família

OPAS Organização Pan-Americana de Saúde

PAD Programa de Atenção Domiciliar no SUS

PADI Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso

PAID Programa de Assistência e Internação Domiciliar

PID Programa de Internação Domiciliar

PNID Política Nacional de Internação Domiciliar

PNSPI Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

PROHDOM Programa Hospital Domiciliar de Atendimento e Internação Domiciliar

PROIID Programa Interdisciplinar de Internação Domiciliar

SAD Serviço de Assistência Domiciliar

SAD Serviço de Atenção Domiciliar

SID Sistema de Internação Domiciliar

SM Salário Mínimo

SPSS Statistical Package for Social Sciences

SUS Sistema Único de Saúde

UBS Unidade Básica de Saúde

UEL Universidade Estadual de Londrina

UNOPAR Universidade Norte do Paraná

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 16

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ........................................................................................... 16

3 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO........................................ 17

3.1 ENVELHECIMENTO .................................................................................................. 17

3.1.1 Doenças crônico-degenerativas ....................................................................... 18

3.2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E CAPACIDADE FUNCIONAL ............. 19

3.2.1 Escala de Karnofsky ......................................................................................... 20

3.3 ATENÇÃO DOMICILIAR ............................................................................................ 21

3.3.1 Atenção Domiciliar no Idoso ............................................................................. 23

3.3.2 Fisioterapia na Atenção Domiciliar ................................................................... 24

3.4 PROGRAMAS DE ATENÇÃO DOMICILIAR NO BRASIL .................................................... 25

3.4.1 Programa de Internação Domiciliar (PID) ......................................................... 26

3.4.2 Sistema de Internação Domiciliar (SID) ............................................................ 26

3.4.3 Serviço de Atenção Domiciliar – Melhor em Casa (SAD) ................................. 27

4 ARTIGO.................................................................................................................. 30

CONCLUSÃO GERAL .............................................................................................. 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51

ANEXOS ................................................................................................................... 56

ANEXO A. ESCALA DE KARNOFSKY UTILIZADA NO SAD ................................................. 57

ANEXO B. PORTARIA Nº 2.029, DE 24 DE AGOSTO DE 2011 ........................................... 58

ANEXO C. PORTARIA Nº 963, DE 27 DE MAIO DE 2013 ................................................. 67

ANEXO D. ESCOPO DA REVISTA .................................................................................. 80

ANEXO E. PARECER Nº 276.654/13 ............................................................................ 85

ANEXO F. AUTORIZAÇÃO DA AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE ..................................... 87

ANEXO G. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..................................... 88

ANEXO H. CADASTRO DE PACIENTE ............................................................................ 89

ANEXO I. MAPA MENSAL DE ATENDIMENTO FISIOTERÁPICO .......................................... 90

15

1 INTRODUÇÃO

Indivíduos com idade igual ou maior de 60 anos, quando

comparados aos demais grupos etários, apresentam índices mais elevados de

morbidade, necessidade de procedimentos clínicos mais complexos e, na maioria

das vezes, apresentam agravamento do quadro, sendo, em geral, de maior

cronicidade e por vezes agudizados, levando a um impacto muito grande na sua

qualidade de vida(1-4).

Tais alterações no processo de envelhecimento apresentam suas

características dependentes da cultura e das condições socioeconômicas e

sanitárias das comunidades. Portanto, são essenciais os serviços de saúde que

atendam às necessidades específicas dos idosos(1,3).

Dos serviços que atendem às necessidades do idoso, o Serviço de

Atenção Domiciliar (SAD) é uma modalidade de serviço especializado, que cuida de

pacientes clinicamente instáveis ou crônicos, que exigem monitorização constante,

medicação de uso contínuo e visitas frequentes da equipe clínica(5-7).

O SAD é um serviço que atende o paciente de forma integral,

realizando diferentes formas de cuidado, buscando a interdisciplinaridade e a

humanização no atendimento. Nas circunstâncias domiciliares, a família e o usuário

centralizam-se na produção do cuidado, transformando a atenção domiciliar em uma

solução promissora na área da saúde(2, 8, 9).

Dentre os profissionais que atuam na equipe multiprofissional do

SAD, está o fisioterapeuta. Este desempenha papel fundamental na integração e

habilitação do idoso com Doenças e Agravos Crônicos Não-Transmissíveis (DANT)

no contexto familiar, garantindo uma melhor qualidade de vida ou sobrevida(10, 11).

Nesse contexto, é fundamental que seja realizada uma reflexão

sobre as terapêuticas e a contribuição real da fisioterapia para a construção dos

serviços de atenção domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS). Para tanto, torna-

se importante a realização de estudos científicos, que busquem apreender essas

percepções. Assim sendo, o presente trabalho busca investigar se a fisioterapia

influencia na sobrevida e funcionalidade do idoso atendido pelo SAD.

16

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a sobrevida em idosos submetidos à fisioterapia do Serviço

de Atenção Domiciliar (SAD) na cidade de Londrina/PR.

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

1. Caracterizar o perfil dos idosos submetidos à fisioterapia do SAD

na cidade de Londrina/PR;

2. Verificar a funcionalidade e sobrevida (morte ou reinternação) dos

idosos de acordo com a escala de Karnofsky.

17

3 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO

3.1 ENVELHECIMENTO

Observa-se no mundo, inclusive no Brasil, um aumento da

longevidade da população. Este envelhecimento é entendido como uma resposta às

crescentes variações de alguns indicadores de saúde como a queda da fecundidade

e da mortalidade. De acordo com o censo demográfico no Brasil de 2010,

atualmente, quase 20 milhões de pessoas no país são idosos, sendo que o grupo de

pessoas idosas que mais cresce nos últimos tempos é o que compreende os idosos

com idade igual ou maior que 80 anos(12-15).

Schramm et al.(16) relatam que a transição epidemiológica é definida

como alterações que ocorrem nos padrões de morte, morbidade e invalidez em uma

determinada população, caracterizada pela substituição das doenças transmissíveis

pelas não transmissíveis. No Brasil, observa-se que houve um aumento das

doenças crônico-degenerativas, comuns no processo de envelhecimento, e de

sequelas e mortes por causas externas, tais como: violência e acidentes(13).

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define

envelhecimento como “Um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível,

universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos

os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer

frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de

morte(12)”.

A Política Nacional do Idoso no Artigo 2º e a Lei nº 10.741, de 1º de

outubro de 2003 consideram idoso a pessoa maior de sessenta anos de idade e

confere-lhe direitos assegurados, tais como: todos os direitos fundamentais

inerentes à pessoa humana que, em condições de liberdade e dignidade, lhes

proporcione oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e

mental bem como seu aperfeiçoamento social, moral, intelectual e espiritual (17, 18).

O envelhecimento frequentemente traz como consequência a

incapacidade física, bem como alterações e desgastes em vários sistemas

funcionais de forma progressiva e irreversível, muitas vezes necessitando de

tecnologias para manter a vida(12, 14).

18

O crescente desenvolvimento da tecnologia traz o aumento na

expectativa de vida e, consequentemente, a cronicidade e a concomitância de

doenças, bem como algum nível de incapacidade no desempenho de alguma tarefa

que requer mobilidade e locomoção nas atividades da vida diária, acarretando,

muitas vezes, a total incapacidade funcional(14).

Portanto, as novas necessidades decorrentes do envelhecimento

populacional e a crescente necessidade de assistência e tratamento, exigem

políticas adequadas, demandas por melhor qualidade da atenção e por cuidados

integrais e contínuos, os quais têm favorecido a formulação de novas estratégias e

práticas para o cuidado em saúde(12, 19, 20).

Diante deste cenário, faz-se necessário que o país esteja preparado

para atender as prováveis demandas sociais, sanitárias e econômicas, visto que são

demandas de magnitude, muitas vezes, desconhecidas(21).

3.1.1 Doenças crônico-degenerativas

A prevalência de DANTs, tais como: doenças cardíacas e

cerebrovasculares; respiratórias; cânceres; diabetes; hipertensão arterial; doenças

mentais; e traumatismos em geral, é expressiva entre os idosos, geralmente exigem

acompanhamento constante e medicação de uso contínuo. Os idosos portadores de

doença crônicas de base, como, por exemplo, a doença pulmonar obstrutiva crônica

(DPOC), são alvo de sérias complicações como pneumonia primária viral pelo vírus

da influenza, pneumonia bacteriana secundária, pneumonia mista, exacerbação de

doença pulmonar ou cardíaca e óbito(4, 12, 21).

Entre as consequências dos DANT e suas complicações destacam-

se: o maior tempo de permanência hospitalar, a recuperação mais lenta e uma maior

frequência de reinternações e de invalidez o que, na maioria das vezes, exige

equipe multidisciplinar, profissionais qualificados, equipamentos, exames e

procedimentos clínicos mais complexos e de alto custo(4, 12, 21).

Os idosos, quando comparados aos demais grupos etários,

apresentam índices mais elevados de multimorbidade com maior número de

diagnósticos secundários (comorbidades) e diminuição do tempo de sobrevida. Na

maioria das vezes, apresentam agravamento do quadro, sendo, em geral, de maior

19

cronicidade e por vezes agudizados, levando a um impacto muito grande na

qualidade de vida do idoso(1-4, 22, 23).

A funcionalidade e o desempenho das atividades cotidianas do idoso

são prejudicados de forma significativa pelas doenças crônicas que,

consequentemente, geram um processo incapacitante, comprometendo a qualidade

de vida dos idosos. Isto faz com que haja um aumento da demanda de políticas

públicas de saúde que beneficiem esta população(7).

Portanto, devido ao crescimento da população idosa, a preocupação

em relação à capacidade funcional aumenta surgindo assim, um novo paradigma de

saúde, proposto pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI)(7, 12).

Neste contexto, a avaliação funcional é capaz de estabelecer

diagnóstico e prognóstico, verificando o nível de agravo e possibilitando uma melhor

análise do estágio da doença, funcionalidade, autonomia e independência do

paciente. Além disso, a avaliação funcional possibilita averiguar a efetividade e a

eficiência das intervenções propostas(12, 24).

3.2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E CAPACIDADE FUNCIONAL

A avaliação é uma das etapas de um programa terapêutico, na qual

identifica os problemas específicos que devem ser abordados, sendo de grande

importância para os idosos. Tal avaliação auxilia a equipe a decidir se haverá ou não

benefícios ao paciente com um determinado tratamento, pois funciona como um

parâmetro útil na individualização da terapia, na quantificação do progresso do

tratamento, no estabelecimento de novas prioridades(25).

Existem várias escalas que analisam a funcionalidade dos pacientes,

entre as quais se destacam: o Índice de Barthel, o Índice de Katz, Medida de

Independência Funcional (MIF) e Escala de Karnofsky, sendo esta última, um dos

instrumentos utilizados neste estudo. A seguir será apresentada, resumidamente,

cada escala.

O Índice de Barthel avalia a independência funcional do idoso em

relação às Atividades da Vida Diária (AVDs) tais como: alimentação; banho;

vestuário; higiene pessoal; continência dupla; uso do vaso sanitário; transferência

cadeira-cama; deambulação; e escadas(7).

O Índice de Katz, desenvolvido por Sidney Katz, é uma das escalas

20

mais utilizadas para avaliar as AVDs. Foi desenvolvida para a avaliação dos

resultados de tratamentos em idosos e predizer o prognóstico nos doentes crônicos,

avaliando atividades como: banho; alimentação; controle de esfíncter; higiene

pessoal; e transferência, mensurando assim, o nível de dependência do indivíduo

idoso. Diferentes publicações têm mostrado, no entanto, versões modificadas do

referido instrumento, dificultando aos leitores sua correta utilização(4, 19, 26).

A MIF verifica o desempenho do indivíduo para a realização de

tarefas motoras e cognitivas, mensurando o grau de dependência que o paciente

portador de deficiência exige para realização de tarefas, incluindo, controle

esfincteriano, transferências cadeira-cama, locomoção, comunicação e cognição

social. Sua classificação vai de 7 a 0, sendo o valor 0 correspondente à dependência

total e o valor 7 correspondente à normalidade na realização de tarefas de forma

independente(27).

Por fim, a Escala de Karnofsky (Anexo A), é uma escala utilizada

para classificar os pacientes quanto à sua capacidade funcional(28-30) destacando-se

a seguir.

3.2.1 Escala de Karnofsky

A Escala de Karnofsky pode ser utilizada para comparar a eficácia

ou os efeitos de diferentes terapias avaliando inclusive o prognóstico de um

paciente. Foi elaborada por dois médicos pesquisadores americanos nos anos 40,

David Karnofsky e Joseph Burchenel. Um primeiro estudo que utilizou a Escala de

Karnofsky para avaliar as variáveis clínicas como fatores prognósticos de sobrevida

em câncer avançado foi o de Yates et al. (29, 31). Segundo Amaral et al.(30) não há

referência sobre sua adaptação e validação formais no Brasil.

Esta escala é composta por frases que retratam a capacidade

funcional de um indivíduo, classificando o paciente em três grupos conforme o seu

grau de aptidão física para trabalhar, o autocuidado, a capacidade para exercer

tarefas cotidianas e as necessidades de cuidados(31).

É dividida em 11 categorias percentuais que abrangem os níveis de

autonomia e capacidade funcional que são graduadas de 100 a 0, concluindo-se que

quanto menor a pontuação, pior é a sobrevivência para a maioria das doenças

graves e 0 representa um indivíduo morto. A sua pontuação é baseada em dados

21

objetivos e representa uma medida confiável e validada de estudo funcional(21, 28-30).

É um instrumento muito utilizado em estudos e em clínicas

oncológicas internacionais e nacionais; também vem sendo utilizada no

acompanhamento de pacientes com outras doenças, comparando a eficácia de

diferentes terapias, avaliando, assim, o prognóstico de sobrevida dos pacientes(28,

32).

Segundo Lisbôa(28) e Correia(30) atualmente, no Brasil, a Escala de

Karnofsky constitui um dos únicos parâmetros utilizados pelos profissionais de

saúde para quantificar a capacidade funcional de pessoas acometidas por diferentes

doenças, e pode auxiliar na formulação de prognóstico de pacientes com agravos

crônicos.

Comparando-se as medidas de avaliação funcional, observa-se que

o Índice de Barthel e Índice de Katz, abrangem apenas a avaliação do desempenho

do indivíduo quanto a atividades motoras. Por outro lado, a Escala de Karnofsky e a

MIF abrangem tanto a avaliação de desempenho do indivíduo em relação às

atividades motoras quanto avalia aspectos subjetivos, isto é, avaliam-se, também, a

capacidade de comunicação e aspectos cognitivos do paciente. Além disso, a escala

de Karnofsky considera o julgamento intra-avaliadores(27, 29).

3.3 ATENÇÃO DOMICILIAR

O envelhecimento da população, associada à transição

epidemiológica que vem ocorrendo no país, traz a necessidade de melhorias na

qualidade da atenção, visando a integralidade do cuidado na saúde. Neste contexto,

surgem práticas diferenciadas de cuidado próximas ao domicílio(33).

Dentre estas práticas de cuidado está a Atenção Domiciliar, que é

definida como uma estratégia dos serviços de saúde que representa o atendimento

domiciliar, a visita e a internação domiciliar e foi regulamentada pela Portaria nº

2.029/2011 e redefinida pela Portaria nº 963/2013(33, 34).

Engloba toda ação realizada no domicílio às pessoas clinicamente

estáveis que exijam intensidade de cuidados acima das modalidades ambulatoriais.

Realizando, assim, a continuidade de assistência com a possibilidade de posterior

regulação para outro serviço de saúde(1, 12, 35-37).

Ao longo das décadas, a atenção domiciliar à saúde vem

22

propagando-se, inserindo-se em serviços públicos e privados, na tentativa de

modificar o modelo hospitalocêntrico de cuidado. Assim, assumindo conotação

diferenciada dos tempos passados, pela forma de gestão, organização e

composição de equipes multidisciplinares(13, 23). Um importante aspecto que interfere

de forma positiva no processo saúde-doença é o fato de que o trabalho em equipe

multidisciplinar deve exercer a prática interdisciplinar possibilitando a reconstrução

do conhecimento(23, 33, 38).

O processo de Atenção Domiciliar abrange desde visitas domiciliares

aos pacientes crônicos até a instalação no domicílio de um aparato médico-

hospitalar de alta complexidade(39). Tal processo traz como vantagens a

desospitalização, a humanização no atendimento, a alteração mínima no modo de

vida do paciente, a prevenção de riscos, a possibilidade de uma adaptação e maior

autonomia do paciente e de seus familiares relativa às AVDs e, diminuição de custos

para o governo com relação à hospitalização(13, 19, 35, 40).

Feuerwerker e Merhy(41) reconhecem, ainda, como motivações para

o desenvolvimento da Atenção Domiciliar a ampliação da rotatividade dos leitos

hospitalares evitando, assim, os danos aos pacientes causados pela internação

prolongada. Outros aspectos motivacionais são a possibilidade de implantar

cuidados paliativos e evitar a recorrência das reinternações hospitalares.

Porém, faz-se necessário destacar que, apesar das vantagens

realçadas, há diversas alterações significativas após a transferência do paciente

para o domicílio, tais como: dificuldades financeiras e a introdução da tecnologia

para o domicílio, aumentando assim o desgaste psicológico dos familiares com o

tratamento e com a introdução de tarefas de maior complexidade. Portanto, a

reforma nas políticas públicas na saúde deve voltar-se a essas necessidades,

visando, assim, uma assistência mais humanizada, valorizando a dignidade e a

autonomia do ser humano(13, 35, 42).

Segundo Martins(13), as ações no domicílio são estruturadas pela

equipe de saúde, a partir de um exame da realidade em que o paciente vive,

levando-se em consideração sua história de vida, a estrutura da casa, organização

da família, além de identificar quais as necessidades e os recursos existentes,

verificando-se a possibilidade de admiti-lo para o tratamento no domicílio. Assim, um

dos objetivos da equipe é contribuir para a reestruturação familiar e ambiental a

partir do momento que o paciente é encaminhado ao tratamento domiciliar.

23

Considera-se como um dos pontos centrais em relação ao cuidado

na Atenção Domiciliar a adequação da rotinização das ações e treinamento da

prática dos cuidados aos cuidadores ou paciente. O cuidador trabalha em conjunto

com a equipe de saúde para uma efetiva implantação e atuação da atenção

domiciliar, sendo que um dos objetivos do serviço é capacitá-lo para que o paciente

fique em casa e não volte para o hospital(13, 23, 37, 42, 43).

Melo, Rodrigues e Schmidt(8) definem como cuidador a pessoa

capacitada para auxiliar o paciente, assumindo as tarefas do cuidado, tais como:

vesti-lo, alimentá-lo, higienizá-lo, administrar suas medicações, realizar mobilizações

e transferências e até mesmo a utilização de alguns procedimentos que necessitem

de tecnologias transferidas para ele através de treinamento das ações organizadas e

estruturadas pela equipe de saúde. A ausência de um cuidador contínuo identificado

é critério de exclusão para a Atenção Domiciliar, conforme a Portaria nº 2.529/2006.

Devido à convivência dos profissionais com os usuários e

cuidadores dentro do domicílio, normalmente os vínculos são estreitados, motivados

pela segurança e confiança características de um trabalho mais humanizado(23, 35).

Este modelo de atenção requer profissional centrado no paciente,

para construir um pensar e um fazer, criando estratégias possíveis de realizar. Para

tanto, se faz necessário um profissional qualificado e uma equipe multiprofissional

(médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, psicólogos e

fisioterapeutas) para que este tipo de assistência seja eficiente(8).

3.3.1 Atenção Domiciliar no Idoso

De acordo com Martins(13), o serviço de saúde atende a todas as

faixas etárias, embora, essa necessidade seja maior para os idosos, devido às

alterações funcionais da idade. Além disso, há também, a preocupação com a

adequação do sistema de saúde a essa realidade, no que tange a promoção da

saúde, acompanhamento, manutenção e reabilitação dessa população.

Na rede pública, um dos programas que atendem a esta população

é o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) que está inserido na Estratégia de

Saúde da Família (ESF), ambos subsidiados pelo Governo Federal. Os idosos

atendidos pela ESF são de baixa complexidade, e os que necessitam de

atendimento mais especializado, portadores de doenças mais complexas ou que

24

necessitem de recursos não disponíveis nas unidades de saúde são encaminhados

a outros serviços públicos que possam sanar tais necessidades(5).

A essa população, a atenção domiciliar parece ser uma opção

adequada, pois se alia a implantação de ações voltadas à humanização e

integralização dos serviços de saúde(13, 42, 30).

Com base nos princípios do SUS, os gestores implementaram

estratégias deste atendimento, como forma de suprimir os problemas identificados

na saúde da população. Assim, a atenção domiciliar torna-se primordial na

assistência, recuperação e desospitalização desses indivíduos. Neste contexto, faz-

se necessário a atuação de uma equipe interdisciplinar para atingir os objetivos

propostos, sendo um dos profissionais fundamentais na equipe de atenção domiciliar

o fisioterapeuta(13).

3.3.2 Fisioterapia na Atenção Domiciliar

Sabe-se que as práticas fisioterápicas podem ser desenvolvidas em

todos os níveis de atenção à saúde, fazendo parte da equipe multidisciplinar do

NASF e, também, do SAD. Segundo Colodetti et al.(7) o atendimento fisioterápico

domiciliar, tanto no setor privado quanto no público apresenta um enfoque

preventivo e de promoção à saúde. É conscientizador com relação à ambiência dos

pacientes, o que possibilita ao profissional conhecer a realidade na qual ele está

inserido.

O trabalho do fisioterapeuta na atenção domiciliar mostra-se

complexo, pois exige do profissional o desenvolvimento de novas competências,

agregando novos valores a sua prática o que incentiva a adoção de medidas

integradoras de saúde. É necessário que o trabalho dos profissionais da equipe de

atenção domiciliar seja interdependente, sendo que, cada um dos profissionais

utilize-se de seu escopo teórico e prático para a assistência. Assim, a prática

profissional é baseada em decisões coletivas, numa perspectiva interdisciplinar(44-46).

O fisioterapeuta como integrante da equipe multidisciplinar do NASF

pode realizar o atendimento em grupo ou individualizado, na Unidade Básica de

Saúde (UBS) ou domicílio. Contribui de forma específica na execução de ações às

famílias que são desenvolvidas dentro de cada realidade e possibilidade, através da

utilização de abordagens educativas ao paciente e aos seus familiares oferecendo,

25

assim, subsídios para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação,

promovendo, desta forma, a melhoria da qualidade de vida da população(44, 47, 48).

No SAD sua atuação contempla a abordagem da família, orientando

e capacitando os cuidadores de acordo com a necessidade e os recursos físicos,

humanos e/ou tecnológicos existentes, como a oxigenoterapia, cuidados com a

traqueostomia e a aspiração de secreções. Além disso, o fisioterapeuta realiza o

atendimento de fisioterapia respiratória e motora(5, 7, 23, 46, 49).

O fisioterapeuta deve adequar a sua conduta e visar à reabilitação

do paciente no aspecto funcional, procurando melhorar a sua incapacidade, tratando

suas restrições e afecções, mantendo ou ampliando sua autonomia com dignidade

no atendimento, incluindo, se necessária, a aplicação dos cuidados paliativos

visando não apenas a reabilitação, mas, também, a adequação do cuidado

individualizado, conforme a necessidade do paciente, participando efetivamente dos

cuidados no final da vida(6, 7, 46).

Devido a todas estas peculiaridades da atenção domiciliar, de

acordo com Rodrigues(46), o fisioterapeuta, para trabalhar neste serviço, deve ter um

perfil dinâmico, experiência profissional e boa percepção para uma avaliação

criteriosa para que haja integração e participação efetiva na equipe multiprofissional.

A implantação desses serviços de atenção domiciliar foi normatizada pelas políticas

públicas de saúde.

3.4 PROGRAMAS DE ATENÇÃO DOMICILIAR NO BRASIL

Diversas são as nomenclaturas e siglas utilizadas nos programas de

atendimento domiciliar, por exemplo:

Programa de Internação Domiciliar (PID Santos/SP, Londrina/PR, Marília/SP);

Serviço de Assistência Domiciliar (SAD Ribeirão Preto/SP);

Programa Interdisciplinar de Internação Domiciliar (PROIID Marília/SP);

Programa de Assistência e Internação Domiciliar (PAID Cascavel/PR);

Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso (PADI São Paulo/SP);

Programa de Atenção Domiciliar no SUS/BH (PAD Belo Horizonte/BH);

Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (NADI São Paulo/SP);

Programa Hospital Domiciliar de Atendimento e Internação Domiciliar

(PROHDOM São Paulo/SP);

26

Sistema de Internação Domiciliar (SID Londrina/PR);

Sistema de Atenção Domiciliar Melhor em Casa (SAD Londrina/PR).

Os mesmos seguem a Política Nacional de Internação Domiciliar

(PNID) a partir de 2006, acompanhando as respectivas modificações acrescidas às

leis nos anos que seguem. A seguir serão apresentados os programas de atenção

domiciliar já realizados no município de Londrina/PR.

3.4.1 Programa de Internação Domiciliar (PID)

Na década de 1990 surgiram os primeiros programas de internação

domiciliar no Brasil. Teve início em Santos/SP em 1992, Londrina/PR em 1995 e

Marília/SP em 1999. Na cidade de Londrina, o PID foi criado pela autarquia

municipal de saúde, destinado a atender os usuários do SUS encaminhados por

médicos dos serviços de saúde da cidade. Neste serviço, o usuário e sua família

contavam com uma equipe interdisciplinar que oferecia cuidado integral e contínuo

durante o período do Programa de Internação Domiciliar (PID)(46).

A proposta da internação domiciliar era oferecer um serviço pautado

em uma atenção diferenciada e humanizada do cuidado e prestado por equipe de

médicos, profissionais de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogo, nutricionista e

serviço social em total conformidade com os princípios do SUS. Sua política era a de

promover a melhoria na qualidade de vida dos usuários e de seus familiares(50).

O PID representou uma estratégia para a desospitalização e

propiciou a construção de uma nova lógica de atenção, com enfoque na promoção e

prevenção à saúde e na humanização da atenção(50).

3.4.2 Sistema de Internação Domiciliar (SID)

O município de Londrina/PR possui, desde 1995, um Serviço de

Saúde voltado à atenção domiciliar, inicialmente chamado de PID (já citado no item

3.4.1). A Autarquia Municipal de Saúde, com a aprovação do Conselho Municipal de

Saúde (CMS) criou o SID, assim denominado desde 1996, com o objetivo de instituir

modalidades de cuidado que favorecessem a otimização de leitos hospitalares no

município(8, 13, 51).

27

Em 2004, houve readequações no Serviço e consequente

reorganização das equipes incluindo a criação da Equipe de Cuidados Paliativos

Oncológicos Domiciliar (ECPOD). Até julho de 2011, as equipes eram subdivididas

em equipe básica e equipe matricial adaptadas de acordo com a Portaria nº 2.529

que instituiu a Internação Domiciliar no SUS em Outubro de 2006. As equipes

básicas assistenciais eram formadas por médicos, enfermeiras e auxiliares de

enfermagem; e a equipe de apoio matricial era formada por psicóloga, nutricionista,

fisioterapeuta, assistente social e farmacêutico assistindo integralmente e

continuamente o paciente durante o período de internação domiciliar(8, 13, 46).

As equipes estiveram organizadas para realizar quatro modalidades

de atenção domiciliar: cuidados paliativos para usuários com câncer, cuidados aos

portadores de AIDS, internação domiciliar (definida pela utilização de medicação

endovenosa) e assistência domiciliar. Segundo Rodrigues(46), o SID foi o primeiro

serviço na modalidade de cuidados paliativos desvinculado do hospital.

A partir de agosto de 2011 o SID passou por mais uma fase de

reformulação e adequação do serviço passando a vigorar de acordo com a Portaria

nº 2029 de 24 de agosto de 2011 a qual institui a Atenção Domiciliar no âmbito no

SUS e estabelece as normas para cadastro e habilitação dos SAD.

3.4.3 Serviço de Atenção Domiciliar – Melhor em Casa (SAD)

O SAD foi instituído pela Portaria nº 2.029, de 24 de agosto de 2011,

substituída pela Portaria nº 2.527, de 27 de outubro de 2011 e redefinida pela

Portaria nº 963 de 27 de maio de 2013, com o objetivo de permitir que os municípios

com menor número populacional também pudessem ter implantados em seu

território serviços de atenção domiciliar com o apoio do Ministério da Saúde.

Com a implantação do SAD, os municípios deverão adequar-se ao

novo programa denominado “Melhor em Casa”. Atualmente estão em processo de

adaptação e reestruturação em todo o Brasil, inclusive em Londrina/PR.

Para sua criação foram consideradas as experiências concretas

realizadas no cotidiano do SUS e da política direcionada à internação domiciliar

vigente no país.

No SAD, os pacientes atendidos, na maioria das vezes, apresentam

comorbidades crônicas agudizadas, instáveis inicialmente, que devem ser tratadas

28

para não levar o mesmo à hospitalização. São geralmente incapacitantes, de média

e alta complexidade, muitas vezes, impossibilitando a reabilitação e a melhora da

funcionalidade(33).

O SAD conta com Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar

(EMAD), formada por médico, enfermeiro, fisioterapeuta e técnico de enfermagem; e

uma Equipe Multiprofissional de Apoio (EMAP), formada por assistente social,

psicólogo e nutricionista. Em 2012, o SAD-Londrina/PR contava com três EMADs e

uma EMAP. As EMADs eram fixas por região (Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste) e

cada uma composta por um enfermeiro (coordenador), um médico, um fisioterapeuta

e dois técnicos de enfermagem. A EMAP era composta por dois assistentes sociais,

dois psicólogos, um fisioterapeuta e um nutricionista, totalizando, assim, quatro

fisioterapeutas em 2012.

Os pacientes admitidos pelo SAD-Londrina/PR podem ser

encaminhados de todos os hospitais da cidade, de Unidades Básicas de Saúde ou

de consultórios particulares. Para inclusão do paciente no programa é imprescindível

que ele tenha um cuidador, o qual será preparado para realizar os cuidados na

ausência dos profissionais e que será o elo entre paciente, família e equipe.

Outros critérios para admissão no serviço são: avaliação médica

prévia do paciente, tratamento que não necessite do aparato hospitalar, condições

mínimas de higiene, saneamento básico, energia elétrica no domicílio, telefone para

contato, a participação da família ou acompanhante e termo de responsabilidade e

consentimento quanto à higiene e cuidado dos materiais utilizados com o paciente

(utensílios, equipamentos, etc.) assinado pelo cuidador. O desligamento do paciente

do serviço se dá por alta por melhora, reinternação hospitalar, alta administrativa ou

óbito(46).

A Portaria Nº 2.029/2011 art. 2º(33) e o Caderno de Atenção

Domiciliar(23), definem as modalidades de atendimento de acordo com as

características do paciente, necessidades específicas da atenção e procedimentos

utilizados, sendo:

I – Atenção Domiciliar tipo 1 (AD1): destina-se a usuários que possuem

problemas de saúde controlados/compensados e com dificuldade ou

impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde necessitando

de cuidados de menor complexidade, frequência das visitas de uma vez por

mês, dentro da capacidade de atendimento da UBS;

29

II – Atenção Domiciliar tipo 2 (AD2): destina-se aos usuários que possuem

problemas de saúde e dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até

uma unidade de saúde e que necessitem de maior frequência de cuidado,

recursos de saúde e acompanhamento contínuo até a estabilização do

quadro, necessidade de, pelo menos, uma visita por semana;

III – Atenção Domiciliar tipo 3 (AD3): semelhante ao da AD2, com

necessidade de maior frequência de cuidado, recursos de saúde,

acompanhamento contínuo e uso de equipamentos, podendo ser oriundos de

diferentes serviços da rede de atenção à saúde.

A organização da atenção domiciliar segundo a Portaria nº

2029/2011, (redefinidos na Portaria nº 963/2013) serão apresentados no Anexo B e

C, respectivamente.

30

4 ARTIGO

ANÁLISE DE SOBREVIDA E FUNCIONALIDADE EM IDOSOS SUBMETIDOS À

FISIOTERAPIA EM UM SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR1

Analysis of survival and functionality in the elderly submitted to physical therapy in a home

care services

(Periódico alvo para publicação: “Revista Saúde e Sociedade”)

Silvana Salla – Discente do Mestrado Associado Universidade Estadual de

Londrina/Universidade Norte do Paraná em Ciências da Reabilitação. E-mail:

[email protected]; Endereço: Rua Havana, nº 31, Londrina, CEP: 86.050-050,

Paraná, Brasil.

Karen Barros Parron Fernandes – Docente do Programa Mestrado/Doutorado Associado

Universidade Estadual de Londrina/Universidade Norte do Paraná em Ciências da

Reabilitação. E-mail: [email protected]

João Paulo Manfré dos Santos – Discente do Doutorado em Ciências da Reabilitação do

Programa Associado Universidade Estadual de Londrina/Universidade Norte do Paraná. E-

mail: [email protected]

Deise A. A. Pires-Oliveira – Docente do Programa Mestrado/Doutorado Associado

Universidade Estadual de Londrina/Universidade Norte do Paraná, em Ciências da

Reabilitação. E-mail: [email protected]

1 O artigo origina-se da Dissertação de Mestrado de Silvana Salla Krusch, intitulada “Análise

de sobrevida e funcionalidade em idosos submetidos à fisioterapia do serviço de atenção

domiciliar de Londrina/PR”.

31

RESUMO

O presente estudo teve por objetivo analisar e caracterizar a sobrevida e a funcionalidade em

idosos submetidos à fisioterapia do SAD-Londrina/PR. O estudo é do tipo transversal,

descritivo, observacional, retrospectivo e quantitativo. Foram analisados os dados de 121

pacientes idosos do SAD-Londrina/PR, provenientes do Cadastro de Pacientes, de mapas

mensais de atendimento da fisioterapia e os resultados do Índice de Charlson e da Escala de

Karnofsky. Foram realizados 1058 atendimentos de Fisioterapia Respiratória e 555 de

Fisioterapia Motora. Quanto à funcionalidade, 46,3% dos pacientes mantiveram o percentual

inicial na escala de Karnofsky. Os grupos foram divididos em G1 (1 a 6 visitas) e G2 (mais de

6 visitas). Em G1, 23,8% dos pacientes morreram e 21,6% reinternaram; em G2 houve

melhora da sobrevida e 13,8% morreram e 12,1% reinternaram (P<0,001). Observou-se que a

quantidade de comorbidades não influenciou na morte ou reinternação. O aumento da

sobrevida esteve associado ao número de atendimentos com prevalência de Fisioterapia

Respiratória, e, de forma geral, os pacientes apresentaram uma cronicidade no estado

funcional. Portanto, verifica-se que o fisioterapeuta, integrado nas equipes do SAD-

Londrina/PR, potencializa a resolutividade e/ou auxilia na cronicidade das doenças, na

manutenção da funcionalidade e na sobrevida dos pacientes.

Palavras-chave: Fisioterapia; idoso; serviço de assistência domiciliar; análise de sobrevida;

Avaliação de Estado de Karnofsky.

ABSTRACT

This paper aims to analyze the survival and the panorama of the physical therapy service,

characterizing the functionality and the profile of elderly submitted to physical therapy of

HCS in Londrina / PR. This work is a cross-sectional, descriptive, observational, retrospective

and quantitative study. The data of 121 elderly patients from HCS in the city of Londrina/PR

were evaluated. Data were obtained from the patients’ registration database and from the

physical therapy team monthly consultation cards. 1058 respiratory physical therapy and 555

motor physical therapy consultations were carried out. 46.3% of patients kept their initial

symptoms on the Karnofsky scale. The groups were divided into G1 (1 to 6 consultations) and

G2 (over 6 consultations). In G1, 23.8% of patients died and 21.6% were re-hospitalized,

while in G2 there was improvement in the survival rate, 13.8% of the patients died and

12.1% were re-hospitalized (P <0.001). It was observed that the number of comorbidities did

not influence the casualties or re-hospitalization. The increased survival was associated with

the number of consultations, with a prevalence of respiratory therapy. In general, the patients

32

presented chronicity in their functional status. Therefore, it is observed that when the physical

therapist integrates with HCS teams there is an increase in the case-resolving capacity and / or

assistance in fighting the chronicity of the disease, keeping the functionality and survival of

patients.

Key words: Physical Therapy Specialty; Aged; Home Care Services; Survival Analysis;

Karnofsky Performance Statu.

INTRODUÇÃO

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define envelhecimento

como “um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não

patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma

espécie” (Brasil, 2006). Frequentemente, traz como consequência a incapacidade física, bem

como alterações e desgastes em vários sistemas funcionais de forma progressiva e irreversível

(Brasil, 2006; Hayashi e col., 2012).

O aumento da longevidade da população, a queda nas taxas de fecundidade

e a melhoria nas condições de vida da população, acarretaram mudanças nas necessidades de

saúde, ampliando, consequentemente, os problemas sociais e os desafios no desenvolvimento

de políticas públicas de saúde adequadas, demandas por melhor qualidade da atenção e por

cuidados integrais e contínuos, os quais têm favorecido a formulação de novas estratégias e

práticas para o cuidado em saúde, sendo uma das propostas da Política Nacional de Saúde da

Pessoa Idosa (PNSPI) (Mendes, 2001; Brasil, 2006; Silva e col., 2010).

Os idosos, quando comparados aos demais grupos etários, apresentam

índices mais elevados de multimorbidade, com maior número de diagnósticos secundários

(comorbidades) e diminuição do tempo de sobrevida. A prevalência de doenças e agravos

crônicos não transmissíveis (DANT) (tais como: doenças cardiovasculares, câncer, doenças

respiratórias crônicas, diabetes, doenças mentais, obesidade, hipertensão arterial sistêmica e

doenças crônicas degenerativas) e agudização do quadro são bastante expressivas nesta faixa

etária, o que gera diminuição da funcionalidade e, consequentemente, interfere na

independência nas Atividades da Vida Diária (AVDs), levando a um impacto muito grande na

qualidade de vida do idoso (Sanchez, 2000; Lacerda, 2006; Victor e col., 2008; Loureiro,

2010; Ording e Sørensen, 2013).

Neste contexto, o idoso, na maioria das vezes, necessita de

acompanhamento constante de profissionais de saúde e medicação de uso contínuo. Assim, o

atendimento domiciliar parece ser uma opção adequada, pois se alia a implantação de ações

33

voltadas à humanização e integralização dos serviços de saúde. Esta modalidade de atenção

está presente na maior parte dos países ocidentais (Martins, 2006; Sakurada e Taquemori,

2008).

No Brasil, conta-se com o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), o qual foi

instituído pela Portaria nº 2.029, de 24 de agosto de 2011 e redefinido pela Portaria nº 963 de

27 de maio de 2013. Neste serviço, é previsto uma equipe multiprofissional, da qual a

fisioterapia faz parte, confirmando a definição de que a fisioterapia pode ser desenvolvida em

todos os níveis de atenção à saúde (Brasil, 2011; 2013).

Em Londrina/PR, no ano de 2012, o SAD contava com três Equipes

Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e uma Equipe Multiprofissional de Apoio

(EMAP). As EMADs eram fixas por região (Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste) e cada uma

composta por um enfermeiro (coordenador), um médico, um fisioterapeuta e dois técnicos de

enfermagem. A EMAP era composta por dois assistentes sociais, dois psicólogos, um

fisioterapeuta e um nutricionista, totalizando, assim, quatro fisioterapeutas neste ano.

O paciente é admitido no serviço após o recebimento do encaminhamento e

avaliação prévia hospitalar pela EMAD e serviço social, tendo preenchido os critérios de

admissão do SAD conforme Portaria nº 963 de 27 de maio de 2013. Após sua admissão as

equipes do SAD preparam o domicílio para o recebimento do paciente e treinam os

cuidadores para os cuidados gerais, conforme as demandas de cada paciente. A equipe

verifica a necessidade de fisioterapia e, caso necessário, encaminha os pacientes para a

avaliação e conduta (Brasil, 2012; Brasil, 2013).

Segundo Colodetti e col. (2010), Trelha e col. (2007), Gois e Veras (2006),

Rodrigues e Zago (2012) e Haas (2010) a atuação do fisioterapeuta no domicílio contempla a

abordagem da família, orientando e capacitando os cuidadores de acordo com a necessidade e

os recursos físicos, humanos e/ou tecnológicos existentes, como a oxigenoterapia, a

traqueostomia e a aspiração de secreções; realizando o atendimento de fisioterapia respiratória

e motora, bem como o atendimento em cuidados paliativos.

Nesse contexto, a avaliação funcional torna-se um instrumento importante

para estabelecer um diagnóstico e um prognóstico adequado, sendo um parâmetro

determinador da efetividade e eficiência das intervenções, possibilitando, assim, o

estabelecimento de novas prioridades (Brasil, 2006; Schneider e col., 2008).

Uma das escalas utilizadas para analisar a funcionalidade dos pacientes

idosos é a Escala de Karnofsky. Esta abrange a avaliação do desempenho do indivíduo em

relação à sua funcionalidade (Aguiar, 2007). É composta por frases que retratam a capacidade

34

funcional de um indivíduo, classificando o paciente em três grupos conforme o seu grau de

aptidão física para trabalhar, o autocuidado, exercer tarefas cotidianas e necessidades de

cuidados (Haas, 2010).

O percentual na Escala de Karnofsky pode ser associado à sobrevida do

paciente, é baseada em dados objetivos e representa uma medida confiável e validada de

estudo funcional (Aguiar, 2007; Lisbôa, 2008). Ao analisar a sobrevida do paciente, é

possível prognosticá-lo e, consequentemente, trabalhar com metas e tratamentos mais

específicos, como, por exemplo, cuidados paliativos evitando, assim, a possibilidade da

reinternação hospitalar (Lisbôa, 2008).

Portanto, justificado pelas condições atuais do aumento da expectativa de

vida, a prevalência de cronificação das DANT e, consequentemente, a necessidade de um

serviço de atenção domiciliar mais especializado (Miyata e col., 2005; Victor e col., 2008;

Hayashi e col., 2012), o presente estudo teve por objetivos: a) Analisar a sobrevida em idosos

submetidos à fisioterapia do SAD-Londrina/PR; b) Caracterizar o perfil destes pacientes; c)

Verificar a funcionalidade e sobrevida (morte ou reinternação) dos idosos de acordo com a

escala de Karnofsky. Tais resultados podem subsidiar a adequação do serviço às necessidades

desses idosos e para aprimorar e construir novos caminhos para a atuação do fisioterapeuta no

SAD seja na prevenção, na recuperação ou no benefício da qualidade de vida no leito.

MATERIAIS E MÉTODOS

Delineamento e local do estudo

Trata-se de um estudo do tipo transversal, descritivo, observacional e

retrospectivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido no SAD-Londrina/PR. Os dados

coletados foram do período de janeiro a dezembro de 2012.

Amostragem

Do total de pacientes atendidos pelo SAD-Londrina/PR em 2012, foram

analisados apenas os dados de 121 pacientes idosos atendidos pelo serviço de fisioterapia, que

atendessem os seguintes critérios de elegibilidade:

a) Critérios de Inclusão – idosos com idade igual ou superior a 60 anos,

cadastrados e admitidos no SAD, conforme seus critérios de admissão, como: avaliação

médica prévia do paciente, tratamento necessário que não necessite do aparato hospitalar,

condições mínimas de higiene, saneamento básico, energia elétrica no domicílio, telefone para

contato, a participação da família ou acompanhante e termo de responsabilidade e

35

consentimento quanto à higiene e cuidado dos materiais utilizados com o paciente

(equipamentos como aspirador de secreção, inalador, ventilação mecânica não-invasiva, etc.)

assinado pelo cuidador.

b) Critérios de Exclusão – idosos que estavam sob tratamento fisioterápico

ambulatorial em outros serviços concomitante à internação no SAD e pacientes que não

tiveram encaminhamento médico à fisioterapia.

Coleta de dados

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição

(parecer nº 276.654/13 – Anexo E), teve autorização da Autarquia Municipal de Saúde

(Anexo F) e todos os participantes ou responsáveis assinaram um Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (Anexo G).

Foram verificados, do Cadastro de Pacientes e do Mapa Mensal de

Atendimento da Fisioterapia, os seguintes dados de cada paciente que atendeu aos critérios de

inclusão do estudo: sexo, idade, estado civil, escolaridade, nível sócioeconômico, ocupação,

número de atendimentos fisioterápicos, tipos de fisioterapia (respiratória ou motora), tempo

de permanência no serviço de fisioterapia, doenças associadas, Índice de Charlson como

medida de multimorbidades para a análise de sobrevida e resultado da Escala de Karnofsky

para verificar os níveis de desempenho funcional no início e no final do período de

internação. Considerou-se como desfecho os eventos morte/reinternação hospitalar.

Estas informações foram provenientes do banco de dados do Cadastro de

Pacientes (Anexo H) e em mapas mensais de atendimento da equipe de fisioterapia do SAD-

Londrina/PR (Anexo I).

Instrumentos

Cadastro de Paciente

O cadastro de paciente contém: identificação do paciente, informações

sócio-econômico-demográficos, dados do cuidador, situação de moradia e saneamento,

diagnósticos e percentagem inicial da Escala de Karnofsky. Estes dados são coletados pelas

equipes do SAD na admissão do paciente a partir do encaminhamento ao serviço.

Mapa de atendimento fisioterápico

Impresso padronizado pelo serviço de fisioterapia para controle dos

pacientes atendidos por equipe, registro de qual profissional o atendeu bem como o número

36

de atendimentos e tipos de terapias se respiratória e/ou motora. O mesmo é encaminhado

mensalmente ao setor administrativo.

Escala de Karnofsky

A Escala de Karnofsky (Aguiar, 2007) é uma escala utilizada para

classificar os pacientes com câncer e idosos quanto à sua funcionalidade. Pode ser utilizada

para comparar a eficácia ou os efeitos de diferentes terapias avaliando inclusive o prognóstico

de um paciente. Segundo Amaral e col. (2001) não há referência sobre sua adaptação e

validação formais no Brasil.

A Escala é dividida em 11 categorias percentuais que abrangem os níveis de

autonomia e capacidade funcional que são graduadas de 100 a 0, concluindo-se que quanto

menor a pontuação, pior é a sobrevivência para a maioria das doenças graves e 0 representa

um indivíduo morto (Yates e col., 1980; Aguiar, 2007; Lino e col., 2008; Lisbôa, 2008).

Esta escala é composta por frases, classificando o paciente em três grupos,

conforme o seu grau de aptidão física para trabalhar, exercer tarefas cotidianas e necessidades

de cuidados: 1) Capaz de realizar atividade normal, não precisa de cuidado especial (de 100 a

80); 2) Incapaz de trabalhar, capaz de viver em casa e cuidar da maioria das necessidades

pessoais, é necessária uma quantidade variável de assistência (de 70 a 50); 3) Incapaz de

cuidar de si mesmo, requer o equivalente de cuidado institucional ou hospitalar, a doença

pode estar progredindo rapidamente (de 40 a 0) (Yates e col., 1980; Lisbôa, 2008).

Índice de Comorbidades de Charlson (ICC)

O ICC é uma medida de multimorbidades para a análise de sobrevida,

frequentemente utilizada em estudos de epidemiologia clínica que considera a ocorrência, em

determinado tempo, de uma ou mais das seguintes doenças: 1) Infarto do miocárdio, 2)

Insuficiência cardíaca congestiva, 3) Doença vascular periférica, 4) Doença cerebrovascular,

5) Demência, 6) Doença pulmonar crônica, 7) Doença do tecido conjuntivo, 8) Ulcera, 9)

Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou Ataque Isquêmico Transitório, 10) Diabetes, 11)

Hemiplegia, 12) Doença renal moderada e severa, 13) Diabetes com falência de órgão, 14)

Algum tumor, 15) Leucemia, 16) Linfoma, 17) Doença moderada ou severa de fígado, 18)

Tumor metastático sólido e 19) AIDS (Fortin e col., 2005; Ording e Sørensen, 2013).

As doenças listadas de 1 a 10 recebem pontuação = 1 ponto; as doenças

listadas de 11 a 16 recebem pontuação = 2 pontos; a doença 17 recebe pontuação = 3 pontos;

e, por fim, as doenças 18 e 19 recebem pontuação = 6 pontos. O resultado final é a soma dos

pontos atribuídos para cada doença que o paciente possui (Fortin e col., 2005).

37

Análise dos dados

Realizou-se o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados.

Como a distribuição dos dados não apresentou normalidade (P < 0,05), os mesmos são

apresentados em mediana e intervalos interquartílicos. Em seguida, foi realizada análise de

sobrevivência de Kaplan-Meier (Log Rank Test) observando os desfechos morte e

reinternação hospitalar utilizando como fator o total de visitas e o Índice de Charlson, ambos

agrupados de acordo com a sua respectiva mediana.

Por fim, o teste de U de Mann-Whitney foi utilizado para verificar a diferença

entre os percentuais inicial e final da escala de Karnofsky. Para todos os testes utilizou-se

intervalo de confiança de 95% e nível de significância de 5% (P<0,05). O pacote estatístico

utilizado foi SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 20.0.

RESULTADOS

Participaram do estudo 121 indivíduos com média de idade de 75,17 anos (±

8,98 anos), dos quais 48,8% (n = 59) pertenciam ao sexo masculino e 51,2% (n = 62) ao sexo

feminino. Dos idosos avaliados, 58,7% (n = 71) faziam uso de oxigenoterapia contínua ou

intermitente e 41,3% (n = 50) não faziam uso de oxigenoterapia.

A descrição dos dados sobre o tempo de permanência no serviço de

fisioterapia, o total de visitas de fisioterapia e o tipo de fisioterapia realizada (respiratória e

motora) estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Panorama do serviço de fisioterapia no SAD-Londrina/PR, 2012.

Tempo de

Permanência

no Serviço

(dias)

Total de

Visitas da

Fisioterapia

Tipo de Fisioterapia

Fisioterapia

Respiratória

(Nº de Atendimentos)

Fisioterapia

Motora

(Nº de Atendimentos)

Total 364 1188 1058 555

Mediana 142,00

6,00

5,00

2,00

1º Quartil 35,50 3,00

2,00 0,00

3º Quartil 312,50 14,00 13,00 6,00

A visita consistia em atendimentos de fisioterapia respiratória ou motora,

sendo que, ocasionalmente, realizaram-se ambas as terapias na mesma visita. Os dados em

38

relação ao estado civil, a ocupação, a escolaridade e renda familiar dos pacientes estão

apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Características sociodemográficas dos pacientes no ano de 2012.b

Característica Total

N %

Est

ad

o C

ivil

Solteiro(a) 5 4,2

Casado(a) 53 43,8

Divorciado(a), separado(a) judicialmente 12 9,9

Viúvo(a) 51 42,1

Total 121 100

Ocu

paçã

o

Aposentado(a) 73 60,3

Formala 15 12,4

Informalb 10 8,3

Outros 23 19,0

Total 121 100

Esc

ola

rid

ad

e

Analfabeto/analfabeto funcionalc 48 39,7

Ens. Fundamental (8 anos de escolaridade) 68 56,1

Ens. Médio (3 anos de escolaridade acrescidos ao Ens. Fund.) 3 2,5

Ens. Superior 2 1,7

Total 121 100

Ren

da F

am

ilia

r

< 1 SMd 7 5,8

De 1 a 3 SM 95 78,5

De 4 a 6 SM 16 13,2

> 6 SM 3 2,5

NENHUM - -

Total 121 100

a O trabalho formal é, no Brasil, o trabalho com benefícios e carteira profissional assinada;

b O trabalho informal é, no Brasil, o trabalho sem vínculos registrados na carteira de trabalho

ou documentação equivalente, sendo geralmente desprovido de benefícios;

c É considerada analfabeta funcional a pessoa com 15 ou mais anos de idade e com menos de

quatro anos de estudo completo. Em geral, ela lê e escreve frases simples, mas não consegue,

por exemplo, interpretar textos (Amaral e col., 2001; Ibge, 2010);

d SM= salário mínimo (estipulado no Brasil em 2012).

39

Foi realizada uma classificação da Escala de Karnofsky comparando os

resultados iniciais e finais, categorizando-os em melhora, piora, óbito ou cronicidade.

Observou-se que 46,3% (n=56) dos pacientes apresentaram uma cronicidade no estado

funcional, mantendo mesmo resultado na escala, 14% dos pacientes (n=17) apresentaram

melhora, 15,7% dos pacientes (n=19) apresentaram piora e 24% dos pacientes (n=29) foram a

óbito.

Ao observar a mediana dos percentuais inicial e final na Escala de

Karnofsky verificou-se que ambos mantiveram mediana de 40, o que significa que os

pacientes mantiveram a mesma funcionalidade inicial. Entretanto, houve diferença

estatisticamente significativa entre as pontuações (P < 0.05, Teste U de Mann-Whitney).

Para a análise de sobrevida, foi observado o total de atendimentos

realizados, agrupados de acordo com a mediana. Para o Grupo 1 (G1) foram considerados os

pacientes que receberam de 1 a 6 visitas (n = 63), e para o Grupo 2 (G2) foram considerados

os pacientes que receberam acima de 6 visitas (n = 58).

A Tabela 3 apresenta o total de pacientes em cada grupo, o total e o

percentual de pacientes que tiveram o evento morte/reinternação, que não tiveram um dos

eventos e a média e o desvio padrão (em dias) que os pacientes permaneceram em

atendimento no serviço de fisioterapia.

Tabela 3. Análise de sobrevida de acordo com o número de visitas, 2012.

Total

Evento Dias de permanência no

serviço de Fisioterapia Sim

Não

Morte Reinternação

N % N % N % Média DP

G1 (1 a 6) 63 15

23,8 13 21,6 35 55,6 197,34 22,67

G2 ( > 6) 58 8

13,8 7 12,1 43 74,1 300,20 15,67

Total 121 23 19,0 20 16,5 78 64,5 246,53 14,69

Log Rank (Mantel-Cox) (Qui-Quadrado = 13,48 e P < 0,001)

Observou-se que 43 pacientes tiveram o desfecho morte ou reinternação,

sendo que destes 23 (19,0%) morreram e 20 (16,5%) foram reinternados. Comparando-se os

eventos ocorridos em G1 e G2, foi observado que no G1, 23,8% (n=15) dos pacientes

morreram e 21,6% (n=13) foram reinternados, enquanto que, no G2, 13,8% (n=8) morreram e

40

12,1% (n=7) foram reinternados. A diferença entre o G1 e o G2 foi estatisticamente

significativa (P<0,001) para presença ou ausência do evento.

A Figura 1 apresenta a análise de sobrevida de acordo com o total de visitas

e o tempo de permanência no serviço de fisioterapia.

Figura 1 – Análise de sobrevida de acordo com o total de visitas e o tempo de permanência

no serviço de fisioterapia (em dias), 2012.

C u rv a d e S o b r e v id a d e A c o r d o c o m o T o ta l d e V is ita s

T e m p o d e P e rm a n ê n c ia n o S e rv iç o d e F is io te ra p ia e m D ia s

% S

ob

re

vid

a

0 9 0 1 8 0 2 7 0 3 6 0

0

2 5

5 0

7 5

1 0 0 G ru p o 1 (1 -6 V is ita s )

G ru p o 2 (> 6 V is ita s )

Foi observado que a quantidade de visitas influenciou nos eventos e na taxa

de sobrevida. Estas visitas ocorreram de forma variável no decorrer do ano, dependendo da

necessidade ou da gravidade de cada paciente. Comparando-se o grupo cujos indivíduos

receberam até 6 visitas (G1) com o grupo cujos indivíduos que receberam a maior quantidade

de fisioterapia (G2), os pacientes de G2 apresentaram melhores índices de sobrevida

(P<0,001, Log-Rank test), menor número de eventos (n=8 – morte; n=7 – reinternação). Além

disso, observa-se que há maior índice de eventos até os primeiros 60 dias de acompanhamento

para o grupo que recebeu menos visitas (G1) se comparado com o grupo que recebeu mais

que 6 visitas (G2).

Para análise de sobrevida de acordo com as comorbidades (Índice de

Charlson), os resultados foram recategorizados de acordo com a mediana, com a finalidade de

ter dois grupos homogêneos, sendo que para o Grupo A (GA) a pontuação era entre 0 e 2

(n=77), e para o Grupo B (GB) acima de 2 (n=44).

A Tabela 4 apresenta o total de pacientes em GA ou GB, o total e a

porcentagem de pacientes que teve o evento morte/reinternação, que não ocorreu um dos

eventos, e a média e o desvio padrão (em dias) que os pacientes permaneceram em

atendimento no serviço de fisioterapia.

41

Tabela 4. Análise de sobrevida de acordo com as comorbidades através do índice de

Charlson, 2012.

Total

Evento Dias de permanência no

serviço de Fisioterapia Comorbidades Sim

Não

Morte Reinternação

N % N % N % Média DP

GA (0 a 2) 77 15

19,6 9 11,6 53 68,8 197,34 22,67

GB ( > 2) 44 8

18,2 11 25,0 25 56,8 300,20 15,67

Total 121 23 19,0 20 16,5 78 64,5 246,53 14,69

Log Rank (Mantel-Cox) (Qui-Quadrado = 2,45 e P = 0,118)

No GA, 19,6% dos pacientes morreram (n = 15) e 11,6% foram reinternados

(n = 9), isto é, 31,2% dos pacientes (n = 24) apresentaram evento morte ou reinternação. Por

outro lado, no GB, 18,2% dos pacientes morreram (n = 8) e 25,0% foram reinternados (n =

11), totalizando 43,2% (n = 19). Não foi observada diferença estatisticamente significativa na

curva de Kaplan-Meier (P = 0,118) entre os grupos.

A Figura 2 apresenta a curva de sobrevida de Kaplan-Meier de acordo com

as comorbidades.

Figura 2 – Análise de sobrevida de acordo com as comorbidades através do índice de

Charlson, 2012.

C u r v a d e S o b re v id a d e A c o r d o c o m o C h a r ls o n

T e m p o d e P e rm a n ê n c ia n o S e rv iç o d e F is io te ra p ia e m D ia s

% S

ob

re

vid

a

0 9 0 1 8 0 2 7 0 3 6 0

0

2 5

5 0

7 5

1 0 0 G ru p o A (0 -2 )

G ru p o B (> 2 )

As comorbidades mais prevalentes entre os pacientes do presente estudo

foram: Doenças do Sistema Circulatório (29,8%), Doenças do Sistema Respiratório (15,1%) e

Outros (32,6%), entre eles, diabetes melittus, a ulcera por pressão, o uso de sondas e cânulas,

42

tais como, sonda nasoenteral, gastrostomia, colostomia, cistostomia e cânula de

traqueostomia.

DISCUSSÃO

A população estudada corresponde aos idosos com idade média de 75,17

anos, que apresentavam uma situação potencialmente incapacitante. Este dado corrobora com

o encontrado por Ruiz e col. (2003) que apontaram que a idade igual ou superior a 70 anos

para ambos os sexos é um fator de risco para mortalidade, influenciado por fatores

demográficos, socioeconômicos, comorbidades pré-existentes, estilo de vida, entre outros.

Estes mesmos autores afirmam que o sexo masculino difere do feminino em

riscos de mortalidade dependendo do nível sócio econômico do indivíduo, sendo que há um

aumento de cerca de duas vezes no risco de mortalidade para indivíduos com renda menor que

1 Salário Mínimo e/ou por não dispor de outras rendas para ambos os sexos. Observou-se, no

presente estudo, que a maioria dos idosos atendidos pelo serviço de fisioterapia do SAD

tinham renda entre 1 e 3 Salários Mínimos (78,5%).

Observou-se que não houve diferença significativa na prevalência em

relação ao sexo (51,2% do sexo feminino e 48,8% do sexo masculino). Entretanto, houve uma

maior prevalência do sexo feminino, o que é corroborado em outros estudos. Victor e col.

(2008) observaram maior prevalência de pacientes idosos do sexo feminino atendidos pelas

Unidades Básicas de Saúde (UBS). Segundo este autor, a feminização da velhice é crescente

no Brasil, uma vez que estas possuem menor exposição a fatores de risco (como por exemplo,

o tabagismo e o etilismo) e, dentre outras causas, a atitude com relação à doença é diferente

do sexo masculino, uma vez que estas tem maior tendência para o autocuidado.

Observou-se que, dentre as comorbidades mais prevalentes no SAD-

Londrina/PR, estão as doenças do Sistema Respiratório (15,1%), destacando-se uma

predominância do uso de oxigenoterapia pelos pacientes (58,7%) no domicílio. Além disso,

foi verificado que o número de atendimentos de fisioterapia respiratória está associado ao

aumento da sobrevida.

Vale ressaltar que Maia e col. (2006) e Campolina e col. (2013), evidenciam

que as doenças do aparelho respiratório estão entre as principais causas de hospitalização e

óbito entre idosos no Brasil e nos Estados Unidos, com destaque para a doença pulmonar

obstrutiva crônica (DPOC), a pneumonia e a infecção pelo vírus da gripe para ambos os

sexos, o que salienta a necessidade e importância da fisioterapia respiratória neste grupo de

pacientes.

43

Apesar da fisioterapia respiratória ter maior incidência no presente estudo,

Gois e Veras (2006) observaram que a fisioterapia motora domiciliar foi prevalente entre os

idosos. Entretanto, os autores destacam a eficácia da relação entre a terapia respiratória e

motora atuando concomitantemente, uma vez que, em geral, os idosos apresentam interação

entre várias patologias.

Alguns autores (Trelha e col., 2006; Figueiredo e col., 2008; Caldas e col.,

2013) ressaltam que o envelhecimento da população brasileira, geralmente acompanhado de

complicações e/ou agudizações de doenças crônicas, implicam no aumento das internações

hospitalares e em alto custo para os sistemas de saúde. Em um estudo realizado por Pinto e

Neri (2013) a presença de três ou mais comorbidades, declínio funcional, depressão, uso de

medicamentos e piora da qualidade de vida relaciona-se com altos níveis de mortalidade.

Ao analisar a sobrevida dos idosos atendidos pelo SAD-Londrina/PR.

Observou-se que os resultados indicaram que o grupo que recebeu mais visitas de fisioterapia

(mais do que 6 visitas) obteve menor número de eventos (morte/reinternação) que ocorreram

de uma forma gradual ao longo do tempo.

Gois e Veras (2006), com objetivo de verificar a prevalência dos tipos de

fisioterapia realizada num grupo de pacientes em atendimento domiciliar no Estado do Rio de

Janeiro, sugeriram que, para ser mais efetiva, a terapia mais intensa deve ser iniciada

precocemente, o que é corroborado pelos resultados do presente estudo, no qual se observa

que há um maior índice de eventos (morte/reinternação) em torno dos primeiros 60 dias em

ambos os grupos necessitando de um maior número de atendimentos.

Maia e col. (2006) afirmam, ainda, que o ideal em idosos é que os eventos

fatais não sejam acompanhados de períodos longos de doenças, incapacidade e sofrimento,

portanto justifica-se a necessidade de tratamento precoce visando diminuir os danos da

doença.

Segundo Figueiredo e col. (2008) e Nagaoka e col. (2010) com o trabalho

realizado através de serviços de atenção domiciliar, é possível postergar as complicações das

doenças crônicas, desonerando os elevados custos para a saúde pública.

Neste contexto, destaca-se a importância do profissional fisioterapeuta no

serviço de atenção domiciliar como reintegrador e reabilitador do indivíduo ao convívio

familiar, trazendo, inclusive, a possibilidade da não reinternação hospitalar e favorecendo a

qualidade de vida no leito (Felício e col., 2005; Ragasson e col., 2006).

Além disso, o vínculo que é formado entre terapeuta-paciente-família

possibilita novas formas de abordagem permitindo a sinergia de habilidades a fim de dar

44

assistência mais humana baseada em respeito, confiança e afeto. No estudo de Feuerwerker e

Merhy (2008), com o objetivo de identificar e analisar o potencial de inovação no sentido da

integralidade e da humanização da atenção domiciliar no Brasil salientou-se a importância dos

profissionais da equipe multidisciplinar e o quanto trabalham além da sua responsabilidade

técnica e formal.

Outro aspecto que recebe atenção no presente estudo é a mensuração da

funcionalidade nos pacientes idosos em relação aos percentuais obtidos na Escala de

Karnofsky. De forma geral, observou-se que os pacientes, no fim do estudo, mantiveram a

mesma funcionalidade inicial, sendo que apresentaram uma situação potencialmente

incapacitante, requerendo cuidado e assistência especiais. Corroborando com estes dados

Lisbôa (2008) afirma que pacientes com pontuação abaixo de 40 na Escala de Karnofsky

podem sobreviver por longos períodos.

Segundo Jorge e Othero (2012) os pacientes com baixo índice na escala de

Karnofsky apresentam declínio generalizado lento (como AVE) ou rápido (como neoplasia),

pois não há expectativas quanto à melhora funcional.

Quanto à análise da relação entre as comorbidades e a sobrevida dos

pacientes idosos, foi observado no presente estudo que não houve diferença estatisticamente

significativa entre o número de comorbidades e os eventos morte ou reinternação. Resultados

diferentes foram encontrados por Sousa-Muñoz e col. (2013), utilizando-se o ICC para avaliar

a associação entre comorbidades e risco de morte e reinternação em idosos após alta

hospitalar, verificaram que a gravidade das comorbidades em idosos relacionou-se com o

maior risco de morte pós-hospitalização.

Como limitação desta investigação, não foi possível verificar a efetividade

de outras terapias clínicas e medicamentosas associadas à fisioterapia separadamente, pois o

delineamento do presente estudo é retrospectivo. Para tanto, seria necessário um estudo de

coorte ou ensaio clínico que pudesse investigar a associação dessas variáveis.

Além disso, registrou-se a dificuldade de encontrar estudos de intervenções

em idosos na atenção domiciliar e análise de sobrevida que avaliassem a efetividade do

serviço de fisioterapia. Este trabalho vem para instigar o desenvolvimento de novos estudos

na área, o que possibilitaria uma maior comparação entre os serviços e seus territórios,

permitindo a integralização dos serviços do SAD no Brasil.

O presente trabalho evidencia a realidade do serviço de fisioterapia em

pacientes idosos atendidos por um serviço público como o SAD, bem como, salienta a

potencialidade desta área de atuação dentro do serviço. Além disso, norteia a implantação da

45

fisioterapia nos SADs no Brasil, criando inovações para o processo de planejamento, gestão e

educação em saúde.

Pelo crescimento e eficácia desta modalidade de atendimento no país,

evidencia-se a importância do fisioterapeuta na manutenção do idoso em seu domicílio,

evitando a reinternação hospitalar, propiciando a liberação de leitos destinados à agravos

potencialmente agudos e, consequentemente, diminuindo os custos para o Sistema de Saúde

(Martins, 2006). O SAD promove o cuidado humanizado no qual o paciente permanece no

seu domicílio, favorecendo a manutenção dos vínculos familiares, impedindo o isolamento

social. Além disso, possibilita o recebimento de cuidados paliativos.

CONCLUSÃO

A partir do presente estudo, foi possível concluir que em relação à

funcionalidade, os idosos atendidos pelo SAD-Londrina/PR caracterizam-se como pacientes

que apresentam doenças potencialmente incapacitantes, de média e alta complexidade,

requerendo cuidado e assistência especiais.

Observou-se que um maior número de atendimentos de fisioterapia

respiratória aumenta a sobrevida dos pacientes, sendo que, de forma geral, os pacientes

mantiveram a mesma funcionalidade inicial, ou seja, eram incapazes de cuidar de si mesmos,

apresentando uma doença crônica e/ou progressiva. Portanto, verifica-se que o fisioterapeuta,

integrado nas equipes do SAD e associado ao tratamento clínico e medicamentoso,

potencializa a resolutividade e/ou auxilia na cronicidade das doenças, mantendo a

funcionalidade e melhorando a sobrevida dos pacientes.

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49

Colaboradores: Silvana Salla trabalhou na concepção, na análise do assunto, revisão da

literatura e redação; Karen Barros Parron Fernandes trabalhou na concepção, análise do

assunto, delineamento estatístico e revisão do texto; João Paulo Manfré dos Santos trabalhou

nas análises estatísticas e revisão do texto; Deise A. A. Pires-Oliveira trabalhou na concepção,

análise do assunto, orientação e revisão do texto.

50

CONCLUSÃO GERAL

Neste trabalho, verificou-se que o fisioterapeuta, integrado nas

equipes do SAD, auxilia na manutenção do quadro do paciente, mantendo a

funcionalidade e melhorando a sobrevida, evitando assim, a reinternação hospitalar.

Porém, o mesmo poderia obter melhores respostas e de forma mais rápida, caso o

número de atendimentos pudesse ser aumentado.

Sugere-se que a quantidade de profissionais desta área deve

abranger as necessidades de cada região, atendendo, de uma forma mais ampla, a

necessidade de fisioterapia motora com a intenção de evitar o encaminhamento do

paciente aos serviços ambulatoriais, favorecendo, assim, a diminuição do custo para

o município.

Devido à peculiaridade do serviço e a caracterização territorial dos

pacientes apontada no presente estudo, este trabalho é uma primeira tentativa de

sensibilizar os gestores sobre a importância e a necessidade de um maior número

de fisioterapeutas como integrante da equipe clínica do SAD.

Vale ressaltar que a fisioterapia respiratória foi predominante.

Considerando a demanda de pacientes que necessitam de cuidados específicos,

como, por exemplo: Ventilação Mecânica Não-Invasiva, uso de oxigenoterapia e

cuidados com traqueostomia. Aos fisioterapeutas do SAD sugere-se o

aperfeiçoamento em Fisioterapia Respiratória, bem como a educação permanente

sobre os processos de trabalho e atuação específica na Atenção Domiciliar.

Além disso, o fisioterapeuta do SAD deve, também, atuar com

Cuidados Paliativos, participando efetivamente dos cuidados no final da vida,

utilizando uma abordagem holística, proporcionando um tratamento não somente

específico ao problema diagnosticado, mas principalmente às limitações impostas

pela doença, evitando a reinternação hospitalar, assim, diminuindo o sofrimento do

paciente e da família.

Por fim, este trabalho demonstrou a importância, a complexidade e

subjetividade da atuação do fisioterapeuta nas equipes do SAD. Pretende-se,

através das percepções contidas neste trabalho, contribuir como estímulo para

futuras investigações e publicações referentes ao tema.

51

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33. Institui a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Portaria nº 2.029 (24 de Agosto de 2011).

34. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

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56

ANEXOS

57

ANEXO A ESCALA DE KARNOFSKY UTILIZADA NO SAD

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR

Estado de Desempenho (Escala de Karnofsky)

NOME: _________________________________________________________________________

Data admissão: ______/ ______/ _______ Data alta: ______/ ______/ ________

Escala na admissão (número): __________ Escala na alta (número): ___________

Critério do Estado de Desempenho

Capaz de realizar atividade normal; não precisa de cuidado especial.

100 Normal; sem queixas; sem evidências de doença.

90 Capaz de realizar atividade normal; mínimos sinais ou sintomas de doenças.

80 Atividade normal com esforço; alguns sinais ou sintomas de doenças.

Incapaz de trabalhar; capaz de viver em casa e cuidar da maioria das necessidades pessoais; é necessária uma quantidade variável de assistência.

70 Cuida de si próprio; incapaz de executar atividade normal ou fazer trabalho ativo

60 Requer assistência ocasional, mas é capaz de cuidar da maior parte de suas necessidades.

50 Requer considerável assistência e freqüente cuidado médico

Incapaz de cuidar de si mesmo; requer o equivalente de cuidado institucional ou hospitalar; a doença pode estar progredindo rapidamente.

40 Incapacitado; requer cuidado e assistência especiais.

30 Gravemente incapacitado; indicada a

hospitalização; entretanto morte não iminente.

20 Muito doente; hospitalização necessária; é necessário tratamento ativo de sustentação.

10 Moribundo, processos fatais progredindo rapidamente

0 Morto

58

ANEXO B

PORTARIA Nº 2.029, DE 24 DE AGOSTO DE 2011

Ministério da Saúde

Gabinete do Ministro

PORTARIA Nº 2.029, DE 24 DE AGOSTO DE 2011

Institui a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e

II do parágrafo único, do art. 87 da Constituição, e

Considerando o disposto no art.198 da Constituição de 1988, que estabelece as ações e serviços

públicos que integram uma rederegionalizada e hierarquizada que constitui o Sistema Único de Saúde (SUS);

Considerando o art. 7º da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que estabelece os princípios e

diretrizes do SUS, de universalidade do acesso, integralidade da atenção e descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de governo;

Considerando o art. 15, inciso IV, da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso;

Considerando a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) nº 11, de 26 de janeiro de 2006, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam Atenção Domiciliar;

Considerando a Portaria nº 399/GM/MS, de 22 de fevereiro de 2006, que divulga o Pacto pela Saúde 2006 -Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do referido Pacto;

Considerando a Portaria nº 699/GM/MS, de 30 de março de 2006, que regulamenta as Diretrizes

Operacionais dos Pactos pela Vida e de Gestão;

Considerando o Decreto nº 7.508, de 29 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de

1990;

Considerando a Portaria nº 1.600/GM/MS, de 7 de julho de 2011, que reformula a Política

Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências no SUS;

Considerando a Humanização como Política transversal na Rede de Atenção à Saúde do SUS,

expressa no documento: "HumanizaSUS: Documento base para gestores e trabalhadores do SUS" de 2008; e

Considerando a atenção domiciliar como incorporação tecnológica de caráter substitutivo ou complementar à intervenção hospitalar, resolve:

59

Art. 1º Esta Portaria institui a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS),

estabelecendo as normas para cadastro e habilitação dos Serviços de Atenção Domiciliar (SAD) e os valores do incentivo para o seu funcionamento.

Art. 2º Para efeitos desta Portaria considera-se:

I - o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) como um serviço substitutivo ou complementar à

internação hospitalar ou ao atendimento ambulatorial, responsável pelo gerenciamento e

operacionalização das Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP);

II - Atenção Domiciliar como nova modalidade de atenção à saúde substitutiva ou complementar

às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e

tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às redes de atenção à saúde; e

III -cuidador como a pessoa com ou sem vínculo familiar, capacitada para auxiliar o paciente em suas necessidades e atividades da vida cotidiana;

Art. 3º A Atenção Domiciliar tem como objetivo a reorganização do processo de trabalho das

equipes que prestam cuidado domiciliar na atenção básica, ambulatorial e hospitalar, com vistas à

redução da demanda por atendimento hospitalar e/ou redução do período de permanência de

pacientes internados, a humanização da atenção, a desinstitucionalização e a ampliação da

autonomia dos usuários.

Art. 4º A Atenção Domiciliar é um dos componentes da Rede de Atenção às Urgências e deverá

ser estruturada de forma articulada e integrada aos outros componentes e a Rede de Atenção à

Saúde, a partir do Plano de Ação Regional, conforme estabelecido na Portaria nº 1.600/GM/MS, de 7 de julho de 2011.

CAPÍTULO I

DAS DIRETRIZES DE ATENÇÃO DOMICILIAR

Art. 5º A Atenção Domiciliar deve seguir as seguintes diretrizes:

I - ser estruturado na perspectiva das redes de atenção à saúde, tendo a atenção básica como ordenadora do cuidado e da ação territorial;

II - articular com os outros níveis da atenção à saúde, com serviços de retaguarda e incorporado ao

sistema de regulação;

III -ser estruturado de acordo com os princípios de ampliação do acesso, acolhimento, equidade, humanização e integralidade da assistência;

IV - estar inserido nas linhas de cuidado por meio de práticas clínicas cuidadoras baseadas nas necessidades do usuário, reduzindo a fragmentação da assistência;

V - adotar modelo de atenção centrado no trabalho de equipes multiprofissionais e interdisciplinares; e

60

VI - estimular a participação ativa dos profissionais de saúde envolvidos, do usuário, da família e do cuidador.

CAPÍTULO II

DA ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO DOMICILIAR

Seção I

Do Serviço e Atenção Domiciliar (SAD)

Art. 6º O SAD deverá estar cadastrado no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).

Art. 7º A EMAD deverá atender a uma população adscrita de 100 (cem) mil habitantes, com base

no local de residência do usuário, e poderá estar alocada nos diversos tipos de serviços de atenção

à saúde tais como hospital, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), Unidades Básicas de Saúde (UBS), devendo estar vinculada administrativamente ao SAD.

Art. 8º Não serão admitidas superposições de EMAD em uma mesma base territorial ou

populacional de 100.000 habitantes.

Art. 9º Para dar suporte e complementar as ações de saúde da atenção domiciliar quando

clinicamente indicadas, será designada 1 (uma) EMAP para, no mínimo, 3 (três) EMAD.

Art. 10. Para admissão do usuário no SAD, deverá haver concordância do usuário e familiar, com

assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido.

Art. 11. O SAD se organizará em três modalidades, de acordo com os níveis de complexidade e

frequência de atendimento: Atenção Domiciliar tipo 1 (AD1), Atenção Domiciliar tipo 2 (AD2) e Atenção Domiciliar tipo 3 (AD3).

Seção II

Das Modalidades de Atenção Domiciliar

Art. 12. A modalidade AD1 destina-se aos usuários que possuam problemas de saúde

controlados/compensados e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma

unidade de saúde, que necessitam de cuidados com menor frequência e menor necessidade de recursos de saúde.

Art. 13. A prestação da assistência na modalidade AD1 é de responsabilidade das equipes de

atenção básica, incluindo equipes de Saúde da Família, por meio de visitas regulares em

domicílio, no mínimo, uma vez por mês.

Parágrafo único. As equipes de atenção básica, incluindo equipes de Saúde da Família que

executarão as ações na AD1 serão apoiadas pelos Núcleos de Apoio às Equipes de Saúde da Família e ambulatórios de especialidades e de reabilitação.

Art. 14. Os equipamentos, os materiais permanentes e de consumo e os prontuários dos pacientes

atendidos na modalidade AD1 deverão estar instalados na estrutura física das próprias Unidades Básicas de Saúde.

61

Art. 15. São critérios de inclusão para cuidados na modalidade AD1, a existência das seguintes situações:

I -apresentar problemas de saúde controlados/compensados e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde;

II - necessitar de cuidados de menor complexidade, incluídos os de recuperação nutricional, e de menor frequência, dentro da capacidade de atendimento das Unidades Básicas de Saúde (UBS); e

III - não se enquadrar nos critérios previstos para o AD2 e AD3 descritos nesta Portaria.

Art. 16. A modalidade AD2 destina-se aos usuários que possuam problemas de saúde e

dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde e que necessitem de

maior frequência de cuidado, recursos de saúde e acompanhamento contínuos, podendo ser oriundos de diferentes serviços da rede de atenção.

Parágrafo único. Para admissão de usuários nesta modalidade é indispensável à presença de um cuidador identificado.

Art. 17. A prestação de assistência à saúde na modalidade AD2 é de responsabilidade da EMAD e

da EMAP, ambas designadas para esta finalidade.

§ 1º A EMAD realizará visitas regulares, no mínimo, uma vez por semana.

§ 2º A EMAP realizará visitas em domicílio a critério clínico, quando solicitado pela EMAD.

Art. 18. Na modalidade AD2 deverá ser garantido, se necessário, transporte sanitário e retaguarda

de unidades assistenciais de funcionamento 24 horas, definidas previamente como referência para

o usuário, nos casos de intercorrências.

Art. 19. São critérios de inclusão para cuidados na modalidade AD2, a existência de, pelo menos,

uma das seguintes situações:

I - demanda por procedimentos de maior complexidade, que podem ser realizados no domicílio,

tais como: curativos complexos e drenagem de abscesso, entre outros;

II - dependência de monitoramento frequente de sinais vitais;

III - necessidade frequente de exames de laboratório de me-nor complexidade;

IV - adaptação do paciente e /ou cuidador ao uso do dispositivo de traqueostomia;

V - adaptação do paciente ao uso de órteses/próteses;

VI - adaptação de pacientes ao uso de sondas e ostomias;

VII - acompanhamento domiciliar em pós-operatório;

VIII - reabilitação de pessoas com deficiência permanente ou transitória, que necessitem de atendimento contínuo, até apresentarem condições de frequentarem serviços de reabilitação;

62

IX - uso de aspirador de vias aéreas para higiene brônquica;

X - acompanhamento de ganho ponderal de recém-nascidos de baixo peso;

XI - Necessidade de atenção nutricional permanente ou transitória; XII- necessidade de cuidados

paliativos;

XIII - necessidade de medicação endovenosa ou subcutânea; ou

XIV- necessidade de fisioterapia semanal.

Art. 20. A modalidade AD3 destina-se aos usuários que possuam problemas de saúde e

dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde, com necessidade

de maior frequência de cuidado, recursos de saúde, acompanhamento contínuo e uso de equipamentos, podendo ser oriundos de diferentes serviços da rede de atenção à saúde.

Parágrafo único. Para admissão de usuários nesta modalidade é indispensável à presença de um cuidador identificado.

Art. 21. A prestação de assistência à saúde nesta modalidade é de responsabilidade da EMAD e da EMAP, ambas designadas para esta finalidade.

§ 1º A EMAD realizará visitas regulares em domicílio, no mínimo, uma vez por semana.

§ 2º A EMAP realizará visitas em domicílio a critério clínico, quando solicitado pela EMAD.

Art. 22. Na modalidade AD3 deverá ser garantido transporte sanitário e retaguarda para as

unidades assistenciais de funcionamento 24 horas, definidas previamente como referência para o usuário, nos casos de intercorrências.

Art. 23. São critérios de inclusão para cuidados na modalidade AD3, as seguintes situações:

I -existência de pelo menos uma das situações admitidas como critério de inclusão para a AD2; e

II - necessidade do uso de, no mínimo, um dos seguintes equipamentos/procedimentos:

a) oxigenoterapia e Suporte Ventilatório não invasivo (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas

(CPAP), Pressão Aérea Positiva por dois Níveis (BIPAP), Concentrador de O2);

b) diálise peritoneal; e

c) paracentese.

Art. 24. São critérios para não inclusão no SAD, em qualquer das três modalidades, a presença de pelo menos uma das seguintes situações:

I - necessidade de monitorização contínua;

II - necessidade de assistência contínua de enfermagem;

63

III - necessidade de propedêutica complementar, com demanda potencial para a realização de vários procedimentos diagnósticos, em sequência, com urgência;

IV -necessidade de tratamento cirúrgico em caráter de urgência; ou

V - necessidade de uso de ventilação mecânica invasiva continua.

Parágrafo único. O descumprimento dos acordos assistenciais entre a equipe multiprofissional

avaliadora e o usuário e familiares ou cuidadores poderão acarretar na exclusão do usuário do

SAD, com garantia de continuidade do atendimento ao usuário em outro tipo de serviço adequado ao seu caso.

Art. 25. Uma EMAD poderá prestar assistência, simultaneamente, a pacientes inseridos nas

modalidades de atenção domiciliar tipo 2 e tipo 3 e deverá ter a seguinte composição mínima:

I -2 médicos (as) com carga horária mínima de 20 horas semanais ou 1 médico (a) com carga horária de 40 horas semanais;

II - 2 enfermeiros (as) com carga horária mínima de 20 horas semanais ou 1 enfermeiro (a) com carga horária de 40 horas semanais;

III - 1 (um) fisioterapeuta com carga horária de mínima de 30 horas por semana ou 1 (um) ou assistente social com carga horária mínima de 30 horas por semana; e

IV - 4 (quatro) auxiliares/técnicos de enfermagem com carga horária de 40 horas por semana.

Art. 26. O SAD deverá organizar o trabalho da EMAD no formato de cuidado horizontal (diarista)

de segunda a sexta-feira, 12 horas/dia e garantir o cuidado nos finais de semana e feriados,

podendo utilizar, nesses casos, o regime de plantão, de forma a assegurar a continuidade da atenção.

Art. 27. Cada EMAD deve atender a uma população adscrita de 100 (cem) mil habitantes, utilizando como parâmetro de referência uma equipe de EMAD para 60 (sessenta) pacientes.

Art. 28. Uma EMAP poderá prestar assistência, simultaneamente, a pacientes inseridos nas

modalidades de atenção domiciliar tipo 2 e tipo 3 e será constituída por, no mínimo, 3 (três)

profissionais de saúde de nível superior, com carga horária semanal mínima de 30 horas, eleitos

entre as seguintes categorias: assistente social, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, odontólogo, psicólogo, farmacêutico e terapeuta ocupacional.

Parágrafo único. O SAD que não contar com EMAP e que optarem pelo Assistente Social na

Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar EMAD deverá garantir reabilitação aos usuários

por meio dos Núcleos de Apoio às Equipes de Saúde da Família e /ou ambulatórios de reabilitação.

Art. 29. As modalidades de AD2 e AD3 deverão contar com infraestrutura especificamente

destinada para o seu funcionamento, que contemple: equipamentos, material permanente e de consumo, aparelho telefônico e veículo(s) para garantia da locomoção das equipes.

Parágrafo único. Os equipamentos e os materiais citados no caput, bem como os prontuários dos

pacientes atendidos nas modalidades AD2 e AD3 deverão ser instalados na estrutura física de uma unidade de saúde municipal, estadual ou do Distrito Federal, a critério do gestor.

64

Art. 30. Nas três modalidades de Atenção Domiciliar, as equipes responsáveis pela assistência têm como atribuição:

I -trabalhar em equipe multiprofissional e integrada à rede de atenção à saúde;

II -identificar e treinar os familiares e/ou cuidador dos usuários, envolvendo-os na realização de cuidados, respeitando limites e potencialidades de cada um;

III - abordar o cuidador como sujeito do processo e executor das ações;

IV - acolher demanda de dúvidas e queixas dos usuários e familiares e/ou cuidador como parte do processo de Atenção Domiciliar;

V - elaborar reuniões para cuidadores e familiares;

VI - utilizar linguagem acessível a cada instância de relacionamento;

VII - promover treinamento pré e pós-desospitalização para os familiares e/ou cuidador dos

usuários;

VIII - participar da educação permanente promovida pelos gestores; e

IX - assegurar, em caso de óbito, que o médico da EMAD, nas modalidades AD2 e AD3, ou o

médico da Equipe de Atenção Básica, na modalidade AD1, emita o atestado de óbito.

CAPÍTULO III

DA HABILITAÇÃO DO SAD

Art. 31. Para a organização da Atenção Domiciliar como componente da Rede de Atenção às

Urgências serão obedecidas as fases para a sua constituição, previstas na Portaria nº 1.600/GM/MS, de 2011da Rede de Atenção às Urgências.

Art. 32. Para a Habilitação dos Serviços, criação de equipes e/ou ampliação de equipes de serviços

já habilitados nas modalidades AD2 e AD3, o gestor deverá enviar ao Ministério da Saúde o

detalhamento do Componente Atenção Domiciliar (AD) do Plano de Ação Regional da Rede de

Atenção às Urgências, aprovado pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB) ou Colegiado de

Gestão da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e pela Comissão Intergestores Regional (CIR),

de acordo com os seguintes requisitos:

I -especificar o número de serviços e/ou equipes EMAD e EMAP, que estão sendo criados ou

ampliados com o impacto financeiro, observando o critério populacional de 100.000 habitantes para cada EMAD e, no mínimo, 300.000 habitantes para cada EMAP;

II-descrever a inserção do SAD na Rede de Atenção à Saúde, incluindo a sua grade de referência,

de forma a assegurar a retaguarda de especialidades, métodos complementares de diagnóstico,

internação hospitalar e remoção do usuário dentro das especificidades locais (transporte sanitário, SAMU);

III - apresentar a proposta de infraestrutura para o SAD, incluindo área física, mobiliário, equipamentos e veículos para locomoção das equipes EMAD e EMAP;

65

IV - informar o estabelecimento de saúde inscrito no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (SCNES) em que cada EMAD deverá estar alocada;

V - descrever o funcionamento do SAD, com garantia de cobertura de 12 (doze) horas diárias, inclusive nos finais de semana e feriados;

VI - informar o programa de qualificação do cuidador;

VII - informar o programa de educação permanente para as equipes de EMAD e EMAP; e

VIII - descrever as estratégias de monitoramento e avaliação dos indicadores do serviço, tomando

como referencia indicadores da literatura nacional e internacional, incluindo aqueles estabelecidos

pela Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) -nº 11, de 26 de janeiro de 2006.

Parágrafo único. Caso o proponente seja a Secretaria Estadual de Saúde, o detalhamento do

Componente Atenção Domiciliar (AD) do Plano de Ação Regional da Rede de Atenção às

Urgências deverá ser pactuado com o gestor municipal de saúde do município no qual o SAD em

questão estará alocado.

CAPÍTULO IV

DOS ESTABELCIMENTOS COM HABILITAÇÃO EM INTERNAÇÃO DOMICILIAR

Art. 33 Os Estabelecimentos de Saúde credenciados no serviço 13.01-internação domiciliar até a

data da publicação desta Portaria permanecerão habilitados e continuarão recebendo por meio de Autorização de Internação Hospitalar (AIH).

Parágrafo único. Após a publicação desta Portaria, não poderão ser habilitados novos estabelecimentos de saúde na modalidade internação domiciliar (Código 13.01).

Art. 34 Somente os estabelecimentos públicos, atualmente habilitados em internação domiciliar

(Código 13.01), poderão optar pela adequação aos critérios previstos nesta Portaria, tornando-se um serviço de atenção domiciliar, habilitado pelo Código 13.02.

Parágrafo único. A adequação dos serviços de internação domiciliar para serviços de atenção

domiciliar, de acordo com o disposto no caput deste Artigo, deverá seguir o trâmite e requisitos

dispostos no capítulo III desta Portaria.

CAPÍTULO V

DO FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO DOMICILIAR

Art. 35. O SAD que preencher os requisitos constantes nesta Portaria estará apto a receber os

recursos financeiros de custeio para sua manutenção, por meio de transferência fundo a fundo.

§ 1 º O Ministério da Saúde repassará os recursos na forma de incentivo mensal no valor de R$

34.560,00 (trinta e quatro mil e quinhentos e sessenta reais) para cada EMAD que prestar

atendimento nas modalidades AD2 e AD3 e o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais) para cada

EMAP, após recebimento de documentação pelo Ministério da Saúde enviada pela CIB, que comprove a aprovação da habilitação do serviço e a criação de cada equipe.

66

§ 2º O valor de R$ 34.560,00 (trinta e quatro mil e quinhentos e sessenta reais) previsto no

parágrafo anterior corresponde a 80% (oitenta por cento) do valor de referência para custeio da EMAD.

CAPÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 36. Deverá ser incluída na Tabela de Habilitações do SCNES, a habilitação do Serviço de Atenção Domiciliar conforme a tabela 1 disposta no Anexo a esta Portaria.

Art. 37. Deverá ser incluído no Serviço Especializado, 113 -Serviço de Atenção Domiciliar, no

módulo de Serviço Especializado do SCNES, as classificações conforme tabela 2 disposta no Anexo a esta Portaria.

Parágrafo único. Os serviços de Atenção Domiciliar aos quais se refere esta portaria somente

serão cadastrados em unidades cujas mantenedoras sejam as secretarias municipais de saúde, ou secretarias estaduais de saúde, ou o Distrito Federal.

Art. 38. Os recursos orçamentários objeto desta Portaria correrão por conta do orçamento do

Ministério da Saúde, devendo onerar o Programa de Trabalho 10.301.1214.20AD - Piso de

Atenção Básica Variável, quando o proponente for uma Secretaria Municipal de Saúde ou a

Secretaria de Saúde do Distrito Federal, e onerar o Programa de Trabalho 10.302.1220.8585 -

Atenção à Saúde para procedimentos de Média e Alta Complexidade, quando o proponente for

uma Secretaria Estadual de Saúde.

Art. 39. As definições dessa Portaria não alteram as normas vigentes relativas às obrigações dos

serviços especializados e/ou centros de referência de atendimento ao usuário do SUS, previstas

em portarias especificas, tais como atenção a pacientes oncológicos e de Terapia Renal Substitutiva (Nefrologia - TRS).

Art. 40. Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 41. Fica revogada a Portaria nº 2.529/GM/MS, de 19 de outubro de 2006, publicada no Diário Oficial da União n° 202, de 20 de outubro de 2006, Seção 1, páginas 145-148.

ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA

67

ANEXO C

PORTARIA Nº 963, DE 27 DE MAIO DE 2013

Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da atribuição que lhe confere o inciso II do

parágrafo único do art. 87 da Constituição, e

Considerando o disposto no art. 198 da Constituição Federal, que estabelece que as

ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem o Sistema Único de Saúde (SUS);

Considerando o art. 7º da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que estabelece os

princípios e diretrizes do SUS, de universalidade do acesso, integralidade da atenção e

descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de governo;

Considerando o art. 15, inciso IV, da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que

institui o Estatuto do Idoso;

Considerando a Lei nº 10.424, de 15 de abril de 2002, que dispõe sobre as condições

para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento de

serviços correspondentes e dá outras providências, regulamentando a assistência

domiciliar no SUS;

Considerando o Decreto nº 7.508, de 29 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº

8.080, de 1990;

Considerando a Portaria nº 399/GM/MS, de 22 de fevereiro de 2006, que divulga o Pacto

pela Saúde 2006 - Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do referido

Pacto;

Considerando a Portaria nº 699/GM/MS, de 30 de março de 2006, que regulamenta as

Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Vida e de Gestão;

Considerando a Portaria nº 1.600/GM/MS, de 7 de julho de 2011, que reformula a

Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências no

SUS;

Considerando a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária(ANVISA) nº 11, de 26 de janeiro de 2006, que dispõe sobre o Regulamento

Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam Atenção Domiciliar;

Considerando a Portaria nº 672/SAS/MS, de 18 de outubro de 2011;

Considerando a Humanização como Política transversal na Rede de Atenção à Saúde do

SUS, expressa no documento: "HumanizaSUS: Documento base para gestores e

trabalhadores do SUS", de 2008;

Considerando a atenção domiciliar como incorporação tecnológica de caráter substitutivo

ou complementar à intervenção hospitalar de baixa e média complexidade, aos cuidados

68

iniciados nos Serviços de Atenção à Urgência e Emergência, e complementar à Atenção

Básica; e

Considerando a necessidade de reformulação da Portaria nº 2.527/GM/MS, de 27 de

outubro de 2011, resolve:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Fica redefinida a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Art. 2º Para efeitos desta Portaria, considera-se:

I - Atenção Domiciliar: nova modalidade de atenção à saúde, substitutiva ou

complementar às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de promoção à

saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com

garantia de continuidade de cuidados e integrada às redes de atenção à saúde;

II - Serviço de Atenção Domiciliar (SAD): serviço substitutivo ou complementar à

internação hospitalar ou ao atendimento ambulatorial, responsável pelo gerenciamento e

operacionalização das Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipes

Multiprofissionais de Apoio (EMAP); e

III - Cuidador: pessoa com ou sem vínculo familiar com o usuário, capacitada para

auxiliá-lo em suas necessidades e atividades da vida cotidiana.

Art. 3º A Atenção Domiciliar tem como objetivo a reorganização do processo de trabalho

das equipes que prestam cuidado domiciliar na atenção básica, ambulatorial, nos serviços

de urgência e emergência e hospitalar, com vistas à redução da demanda por

atendimento hospitalar e/ou redução do período de permanência de usuários internados,

a humanização da atenção, a desinstitucionalização e a ampliação da autonomia dos

usuários.

Art. 4º A Atenção Domiciliar é um dos componentes da Rede de Atenção às Urgências e

será estruturada de forma articulada e integrada aos outros componentes e à Rede de

Atenção à Saúde, a partir dos Planos de Ação, conforme estabelecido na Portaria nº

1.600/GM/MS, de 7 de julho de 2011.

Art. 5º A Atenção Domiciliar seguirá as seguintes diretrizes:

I - ser estruturada na perspectiva das Redes de Atenção à Saúde, tendo a atenção básica

como ordenadora do cuidado e da ação territorial;

II - estar incorporada ao sistema de regulação, articulando-se com os outros pontos de

atenção à saúde e com serviços de retaguarda;

[...] III - ser estruturada de acordo com os princípios de ampliação do acesso,

acolhimento, equidade, humanização e integralidade da assistência;

IV - estar inserida nas linhas de cuidado por meio de práticas clínicas cuidadoras

baseadas nas necessidades do usuário, reduzindo a fragmentação da assistência;

69

V - adotar modelo de atenção centrado no trabalho de equipes multiprofissionais e

interdisciplinares; e

VI - estimular a participação ativa dos profissionais de saúde envolvidos, do usuário,

dafamília e do cuidador.

CAPÍTULO II

DA ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO DOMICILIAR

Seção I

Do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD)

Art. 6º São requisitos para que os Municípios tenham SAD:

I - apresentar, isoladamente ou por meio de agrupamento de Municípios, conforme

pactuação prévia na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e, se houver, na Comissão

Intergestores Regional (CIR), população igual ou superior a 20.000 (vinte mil)

habitantes, com base na população estimada pela Fundação Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE);

II - estar coberto por Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192); e

III - possuir hospital de referência no Município ou região a qual integra.

Parágrafo único. Nos Municípios com população superior a 40.000 (quarenta mil)

habitantes, a cobertura por serviço móvel local de atenção às urgências diferente do

SAMU 192 será, também, considerada requisito para a implantação de um SAD.

Art. 7º As equipes de atenção domiciliar que compõem o SAD são:

I - EMAD, que pode ser constituída como:

a) EMAD Tipo 1; e

b) EMAD Tipo 2; e

II - EMAP.

§ 1º As EMAD e EMAP devem ser cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de

Estabelecimentos de Saúde (SCNES), conforme regras operacionais de cadastramento

previstas em ato específico do Ministro de Estado da Saúde.

§ 2º Parágrafo único. A EMAD é pré-requisito para constituição de um SAD, não sendo

possível a implantação de uma EMAP sem a existência prévia de uma EMAD.

Art. 8º A EMAD terá a seguinte composição mínima:

I - EMAD Tipo 1:

a) profissionais médicos, com somatório de carga horária semanal (CHS) de, no mínimo,

40 (quarenta) horas de trabalho;

70

b) profissionais enfermeiros, com somatório de CHS de, no mínimo, 40 (quarenta) horas

de trabalho;

c) profissional fisioterapeuta e/ou assistente social, com somatório de CHS de, no

mínimo, 30 (trinta) horas de trabalho; e

d) - auxiliares/técnicos de enfermagem, com somatório de CHS de, no mínimo, 120

(cento e vinte) horas de trabalho; e

II - EMAD Tipo 2:

a) profissional médico, com CHS de, no mínimo, 20 (vinte) horas de trabalho;

b) profissional enfermeiro, com CHS de, no mínimo, 30 (trinta) horas de trabalho;

c) 1 (um) fisioterapeuta com CHS de, no mínimo, 30 (trinta) horas de trabalho ou 1 (um)

assistente social com CHS de, no mínimo, 30 horas de trabalho; e

d) auxiliares/técnicos de enfermagem, com somatório de CHS de, no mínimo, 120 (cento

e vinte) horas de trabalho.

Parágrafo único. Nenhum profissional componente de qualquer EMAD poderá ter CHS

inferior a 20 (vinte) horas de trabalho.

Art. 9º A EMAP terá composição mínima de 3 (três) profissionais de nível superior,

escolhidos dentre as ocupações listadas abaixo, cuja soma das CHS dos seus

componentes acumularão, no mínimo, 90 (noventa) horas de trabalho:

I - assistente social;

II - fisioterapeuta;

III - fonoaudiólogo;

IV - nutricionista;

V - odontólogo;

VI - psicólogo;

VII - farmacêutico; e

VIII - terapeuta ocupacional.

Parágrafo único. Nenhum profissional componente da EMAP poderá ter CHS inferior a 20

(vinte) horas de trabalho.

Art. 10. Para composição de um SAD:

I - em Municípios com população igual ou superior a 40.000 (quarenta mil) habitantes, o

SAD será composto por EMAD Tipo 1 e poderá, ainda, contar com EMAP; e

II - para Municípios com população inferior a 40.000 (quarenta mil) habitantes:

71

a) em Municípios com população entre 20.000 (vinte mil) e 40.000 (quarenta mil)

habitantes, o SAD será composto por EMAD Tipo 2 e poderá contar com EMAP; e

b) em Municípios que, agrupados, somem população igual ou superior a 20.000 (vinte

mil) habitantes, o SAD será composto por EMAD Tipo 2 e poderá contar com EMAP e/ou

apoio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família.

Art. 11. As EMAD serão organizadas a partir de uma base territorial, sendo referência em

atenção domiciliar para uma população definida, e se relacionarão com os demais

serviços de saúde que compõem a rede de atenção à saúde, em especial com a atenção

básica.

Parágrafo único. Considera-se quantidade de usuários de referência para o

funcionamento da EMAD o cuidado, concomitante, em média, de 60 (sessenta) usuários

para EMAD Tipo 1 e 30 (trinta) usuários para EMAD Tipo 2.

Art. 12. Cada EMAD atenderá uma população adstrita de 100.000 (cem mil) habitantes.

Parágrafo único. Em Municípios com população menor que 100.000 (cem mil) habitantes,

a EMAD atenderá população adstrita igual à população do Município.

Art. 13. Quando clinicamente indicado, será designada EMAP para dar suporte e

complementar as ações de saúde da atenção domiciliar.

Art. 14. Todos os Municípios com 1 (uma) EMAD implantada poderão implantar 1 (uma)

EMAP, sendo possível a implantação de mais 1 (uma) EMAP a cada 3 (três) EMAD a mais

implantadas.

§ 1º Ao atingir a população de 150.000 (cento e cinquenta mil) habitantes, o Município

poderá implantar 1 (uma) segunda EMAD.

§ 2º Após atingir a população de 150.000 (cento e cinquenta mil) habitantes, o Município

poderá constituir, sucessivamente, 1 (uma) nova EMAD a cada 100.000 (cem mil) novos

habitantes.

Art. 15. Em Municípios com porte populacional que permita a implantação de mais de 1

(uma) EMAD, fica facultada a organização do SAD a partir de arranjos diferenciados

compostos por EMAD responsáveis pelo cuidado de pacientes com características

específicas, podendo-se, nesses casos, adscrever usuários de uma base territorial mais

ampla que a sugerida nos termos do art. 14.

Art. 16. A admissão do usuário ao SAD exigirá a sua prévia concordância e de seu

familiar ou, na inexistência de familiar, de seu cuidador, com assinatura de termo de

consentimento livre e esclarecido.

Art. 17. O SAD organizará o trabalho da EMAD no formato de cuidado horizontal

(diarista) de segunda a sexta-feira, com jornada de 12 (doze) horas/dia de

funcionamento, e garantirá o cuidado à saúde nos finais de semana e feriados, podendo

utilizar nesses casos o regime de plantão, de forma a assegurar a continuidade da

atenção em saúde.

Seção II

72

Das Modalidades de Atenção Domiciliar

Art. 18. A Atenção Domiciliar será organizada em três modalidades:

I - Atenção Domiciliar tipo 1 (AD1);

II - Atenção Domiciliar tipo 2 (AD2); e

III - Atenção Domiciliar tipo 3 (AD3).

Parágrafo único. As modalidades previstas no "caput" observarão a complexidade e as

características do quadro de saúde do usuário, bem como a frequência de atendimento

necessário.

Art. 19. Nas três modalidades de Atenção Domiciliar, as equipes responsáveis pela

assistência têm como atribuição:

I - trabalhar em equipe multiprofissional e integrada à rede de atenção à saúde;

II - identificar e treinar os familiares e/ou cuidador dos usuários, envolvendo-os na

realização de cuidados, respeitando os seus limites e potencialidades;

III - abordar o cuidador como sujeito do processo e executor das ações;

IV - acolher demanda de dúvidas e queixas dos usuários e familiares e/ou cuidador como

parte do processo de Atenção Domiciliar;

V - elaborar reuniões para cuidadores e familiares;

VI - utilizar linguagem acessível a cada instância de relacionamento;

VII - promover treinamento pré e pós-desospitalização para os familiares e/ou cuidador

dos usuários;

VIII - participar da educação permanente promovida pelos gestores;

IX - assegurar, em caso de óbito, que o médico da EMAD, nas modalidades AD2 e AD3,

ou o médico da Equipe de Atenção Básica, na modalidade AD1, emita o atestado de

óbito; e

X - apoiar na alta programada de usuários internados em hospitais inseridos no Município

no qual atuam, através do estabelecimento de fluxos e protocolos com estes

estabelecimentos de saúde.

Art. 20. A modalidade AD1 destina-se aos usuários que:

I - possuam problemas de saúde controlados/compensados e com dificuldade ou

impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde;

II - necessitem de cuidados de menor complexidade, incluídos os de recuperação

nutricional, de menor frequência, com menor necessidade de recursos de saúde e dentro

da capacidade de atendimento das Unidades Básicas de Saúde (UBS); e

73

III - não se enquadrem nos critérios previstos para as modalidades AD2 e AD3 descritos

nesta Portaria.

Art. 21. A prestação da assistência à saúde na modalidade AD1 é de responsabilidade das

equipes de atenção básica, por meio de visitas regulares em domicílio, no mínimo, 1

(uma) vez por mês.

§ 1º As equipes de atenção básica que executarem as ações na modalidade AD1 serão

apoiadas pelos Núcleos de Apoio à Saúde da Família e ambulatórios de especialidades e

de reabilitação.

§ 2º Os equipamentos, os materiais permanentes e de consumo e os prontuários dos

usuários atendidos na modalidade AD1 ficarão instalados e armazenados na estrutura

física das próprias UBS.

Art. 22. A modalidade AD2 destina-se aos usuários que possuam problemas de saúde e

dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde e que

necessitem de maior frequência de cuidado, recursos de saúde e acompanhamento

contínuo, podendo ser oriundos de diferentes serviços da rede de atenção.

Art. 23. A inclusão para cuidados na modalidade AD2 será baseada na análise da

necessidade de saúde do usuário, tomando-se como base as situações abaixo listadas:

I - demanda por procedimentos de maior complexidade, que podem ser realizados no

domicílio, tais como: curativos complexos e drenagem de abscesso, entre outros;

II - dependência de monitoramento frequente de sinais vitais;

III - necessidade frequente de exames de laboratório de menor complexidade;

IV - adaptação do usuário e/ou cuidador ao uso do dispositivo de traqueostomia;

V - adaptação do usuário ao uso de órteses/próteses;

VI - adaptação de usuários ao uso de sondas e ostomias; VII - acompanhamento

domiciliar em pós-operatório;

VIII - reabilitação de pessoas com deficiência permanente ou transitória, que necessitem

de atendimento contínuo, até apresentarem condições de frequentarem outros serviços

de reabilitação;

IX - uso de aspirador de vias aéreas para higiene brônquica;

X - acompanhamento de ganho ponderal de recém-nascidos de baixo peso;

XI - necessidade de atenção nutricional permanente ou transitória;

XII- necessidade de cuidados paliativos; e

XIII - necessidade de medicação endovenosa, muscular ou subcutânea, por tempo pré-

estabelecido.

74

Parágrafo único. Na modalidade AD2 será garantido, se necessário, transporte sanitário e

retaguarda para as unidades assistenciais de funcionamento 24 (vinte e quatro)

horas/dia, definidas previamente como referência para o usuário, nos casos de

intercorrências.

Art. 24. A modalidade AD3 destina-se aos usuários que possuam problemas de saúde e

dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde, com

necessidade de maior frequência de cuidado, recursos de saúde, acompanhamento

contínuo e uso de equipamentos, podendo ser oriundos de diferentes serviços da rede de

atenção à saúde.

Art. 25. Para que o usuário seja incluído para cuidados na modalidade AD3, é necessário

que se verifique:

I - existência de pelo menos uma das situações admitidas como critério de inclusão para

cuidados na modalidade AD2; e

II - necessidade do uso de, no mínimo, um dos seguintes equipamentos/procedimentos:

a) Suporte Ventilatório não invasivo:

i. Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP);

ii. Pressão Aérea Positiva por dois Níveis (BIPAP);

b) diálise peritoneal; ou

c) paracentese.

Parágrafo único. Na modalidade AD3 será garantido transporte sanitário e retaguarda

para as unidades assistenciais de funcionamento 24 (vinte e quatro) horas/dia, definidas

previamente como referência para o usuário, nos casos de intercorrências.

Art. 26. O usuário não será incluído no SAD, em qualquer das três modalidades, na

presença de pelo menos uma das seguintes situações:

I - necessidade de monitorização contínua;

II - necessidade de assistência contínua de enfermagem;

III - necessidade de propedêutica complementar, com demanda potencial para a

realização de vários procedimentos diagnósticos, em sequência, com urgência;

IV - necessidade de tratamento cirúrgico em caráter de urgência; ou

V - necessidade de uso de ventilação mecânica invasiva contínua.

Art. 27. O descumprimento dos acordos assistenciais entre a equipe multiprofissional

avaliadora e o usuário e familiares ou cuidadores poderá acarretar na exclusão do

usuário do SAD, com garantia de continuidade do atendimento ao usuário em outro

serviço adequado ao seu caso.

75

Art. 28. Nas modalidades AD2 e AD3 a admissão de usuários dependentes

funcionalmente, assim considerados nos termos da Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), aprovada pela 54ª Assembleia Mundial da

Organização Mundial da Saúde em maio de 2001, por meio da Resolução WHA 54.21,

será condicionada à presença de um cuidador identificado.

Art. 29. As modalidades AD2 e AD3 contarão, no estabelecimento de saúde ao qual estão

vinculados, com infraestrutura especificamente destinada para o seu funcionamento que

contemple:

I - equipamentos;

II - material permanente e de consumo;

III - aparelho telefônico; e

IV - veículo(s) para garantia da locomoção das equipes.

§ 1º Os equipamentos e os materiais citados no "caput", bem como os prontuários dos

usuários atendidos nas modalidades AD2 e AD3, serão instalados na estrutura física de

uma unidade de saúde municipal, estadual ou do Distrito Federal, a critério do gestor de

saúde.

§ 2º Não é obrigatório que o SAD possua sede própria, podendo estar vinculado a um

estabelecimento de saúde.

Art. 30. A prestação de assistência à saúde nas modalidades AD2 e AD3 é de

responsabilidade da EMAD e da EMAP, ambas designadas para esta finalidade.

§ 1º A EMAD realizará visitas em domicílio regulares, no mínimo, 1 (uma) vez por

semana.

§ 2º A EMAP realizará visitas em domicílio, por meio de critério clínico, quando solicitado

pela EMAD.

§ 3º Nos casos em que o usuário esteja vinculado tanto a uma EMAD, nas modalidades

AD2 e AD3, quanto a uma equipe de atenção básica, esta última apoiará e acompanhará

seu cuidado.

§ 4º Cada EMAD e EMAP poderá prestar assistência, simultaneamente, a usuários

inseridos nas modalidades de atenção domiciliar AD2 e AD3.

[...] § 5º Fica facultado à EMAD Tipo 2 prestar assistência na modalidade AD3 caso

possua condições técnicas e operacionais para a sua execução, devendo descrevê-las no

Projeto de Implantação da Atenção Domiciliar e no Detalhamento do Componente

Atenção Domiciliar do Plano de Ação da Rede de Atenção às Urgências.

CAPÍTULO III

DA HABILITAÇÃO DO SAD

76

Art. 31. O gestor de saúde enviará ao Ministério da Saúde, por meio de Ofício ou, caso

existente, por meio de sistema de informação específico disponibilizado para este fim

pelo Ministério da Saúde, o Projeto de Implantação da Atenção Domiciliar e o

Detalhamento do Componente Atenção Domiciliar do Plano de Ação da Rede de Atenção

às Urgências para:

I - criação e/ou ampliação de serviços e equipes; e

II - habilitação dos estabelecimentos de saúde que alocarão os SAD.

§ 1º O Projeto de Implantação da Atenção Domiciliar e o Detalhamento do Componente

Atenção Domiciliar do Plano de Ação da Rede de Atenção às Urgências de que trata

o"caput" observarão os seguintes requisitos:

I - especificação do número de estabelecimentos e respectivas EMAD e EMAP que estão

sendo criadas ou ampliadas, com o respectivo impacto financeiro, observados os critérios

descritos nesta Portaria;

II - descrição da inserção do SAD na Rede de Atenção à Saúde, incluindo a sua grade de

referência, de forma a assegurar:

a) retaguarda de especialidades;

b) métodos complementares de diagnóstico;

c) internação hospitalar; e

d) remoção do usuário dentro das especificidades locais (transporte sanitário, SAMU 192,

serviço de atenção móvel às urgências local);

III - apresentação da proposta de infraestrutura para o SAD, incluindo-se área física,

mobiliário, equipamentos e veículos para locomoção das EMAD e EMAP;

IV - informação do estabelecimento de saúde inscrito no SCNES em que cada EMAD e

EMAP estará alocada;

V - descrever o funcionamento do SAD, com garantia de cobertura de 12 (doze) horas

diárias, inclusive nos finais de semana e feriados;

VI - informar o programa de qualificação do cuidador;

VII - informar o programa de educação permanente para as equipes de EMAD e EMAP; e

VIII - descrever as estratégias de monitoramento e avaliação dos indicadores do serviço,

tomando como referência indicadores da literatura nacional e internacional.

§ 2º Caso o proponente seja a Secretaria Estadual de Saúde, o Projeto de implantação

da Atenção Domiciliar e o Detalhamento do Componente Atenção Domiciliar do Plano de

Ação Regional da Rede de Atenção às Urgências serão pactuados com o gestor municipal

de saúde do Município que abriga o SAD e na CIR e na CIB.

77

§ 3º Além de observar o disposto nos §§ 1º e 2º, os Municípios que se agruparem para

atingir população de, pelo menos, 20.000 (vinte mil) habitantes para o cumprimento do

requisito de ter um SAD, nos termos inciso I do art. 6º, deverão celebrar convênio,

definir no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde (COAP) ou ainda estabelecer

outro formato jurídico interfederativo responsável por desempenhar as ações entre os

mesmos, aprová-lo na CIR e CIB e enviá-lo ao Ministério da Saúde.

Art. 32. Compete ao Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) fazer a análise

técnica do Projeto de Implantação da Atenção Domiciliar, considerando-se o

Detalhamento do Componente Atenção Domiciliar do Plano de Ação da Rede de Atenção

às Urgências, segundo diretrizes e critérios de adequação e disponibilidade financeira.

Art. 33. A Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS), de acordo com as diretrizes

estabelecidas nesta Portaria, publicará portarias específicas de habilitação dos entes

federativos beneficiários e respectivos estabelecimentos de saúde contemplados.

Art. 34. O Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) publicará Manual Instrutivo

da Atenção Domiciliar, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar da data de

publicação desta Portaria, com objetivo de orientar a elaboração do Projeto de

Implantação da Atenção Domiciliar pelos entes federativos interessados e publicizará

diretrizes e critérios utilizados para a análise técnica.

Art. 35. Os SAD serão cadastrados em unidades cujas mantenedoras, sejam as

Secretarias de Saúde estaduais, distrital ou municipais ou, ainda, unidades que façam

parte da rede conveniada ao SUS.

Art. 36. Os estabelecimentos de saúde credenciados no código 13.01- Internação

Domiciliar até a data de publicação desta Portaria permanecerão habilitados e

continuarão recebendo os recursos financeiros devidos por meio de Autorização de

Internação Hospitalar (AIH).

Parágrafo único. Após a data de publicação desta Portaria, não poderão ser habilitados

novos estabelecimentos de saúde no código 13.01- Internação Domiciliar.

Art. 37. Somente os estabelecimentos públicos atualmente habilitados no código 13.01-

Internação Domiciliar poderão optar pela adequação aos critérios previstos nesta

Portaria, tornando-se um serviço de atenção domiciliar habilitado pelo código 13.02 -

Serviço de Atenção Domiciliar da Tabela de Habilitação do SCNES.

§ 1º Após análise e aprovação do projeto apresentado pelo estabelecimento de que trata

o "caput", a SAS/MS providenciará a publicação da portaria específica de habilitação.

§ 2º A adequação dos serviços de internação domiciliar para serviços de atenção

domiciliar, de acordo com o disposto no "caput", seguirá o trâmite e os requisitos

dispostos neste Capítulo.

CAPÍTULO IV

DO FINANCIAMENTO

Art. 38. Fica instituído incentivo financeiro de custeio mensal para manutenção do SAD.

78

Parágrafo único. Ato do Ministro de Estado da Saúde definirá o valor devido para o

custeio mensal do SAD.

Art. 39. O incentivo financeiro previsto neste Capítulo será repassado mensalmente do

Fundo Nacional de Saúde para o fundo de saúde do ente federativo beneficiário,

respeitando-se o disposto nos arts. 14 e 15, não sendo admitida sobreposição de EMAD.

Art. 40. O repasse do incentivo financeiro previsto neste Capítulo será condicionado ao

cumprimento dos requisitos constantes desta Portaria, especialmente:

I - recebimento, análise técnica e aprovação, pelo Ministério da Saúde, do Projeto de

Implantação da Atenção Domiciliar e do Detalhamento do Componente de Atenção

Domiciliar do Plano de Ação da Rede de Atenção às Urgências;

II - habilitação dos estabelecimentos no código 13.02 - Serviço de Atenção Domiciliar; e

III - inclusão pelo gestor local de saúde das EMAD e, se houver, das EMAP no SCNES.

Parágrafo único. O ato de que trata o parágrafo único do art. 38 poderá estabelecer

outros requisitos para recebimento do incentivo financeiro previsto neste Capítulo.

Art. 41. O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos incentivos financeiros

definidos nesta Portaria nas seguintes situações:

I - inexistência de estabelecimentos de saúde cadastrados para o trabalho das EMAD e

EMAP;

II - ausência, por um período superior a 60 (sessenta) dias, de qualquer um dos

profissionais que compõem as EMAD e EMAP, com exceção dos períodos em que a

contratação de profissionais esteja impedida por legislação específica;

III - descumprimento da carga horária mínima prevista para os profissionais das EMAD e

EMAP; ou

IV - falha na alimentação do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), por meio do

Sistema de Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde (RAAS), ou outro que o substitua,

por período superior a 60 (sessenta) dias.

Parágrafo único. As situações descritas neste artigo serão constatadas por meio do

monitoramento e/ou da supervisão direta do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde

do Estado ou do Distrito Federal ou por auditoria do Departamento Nacional de Auditoria

do SUS (DENASUS/SGEP/MS).

Art. 42. Além do disposto no art. 41, o ente federativo beneficiário estará sujeito:

I - à devolução imediata dos recursos financeiros repassados, acrescidos da correção

monetária prevista em lei, mas apenas em relação aos recursos que foram repassados

pelo Fundo Nacional de Saúde para o respectivo fundo de saúde e não executados no

âmbito do Programa; e

II - ao regramento disposto na Lei Complementar nº 141, de 3 de janeiro de 2012, e no

Decreto nº 7.827, de 16 de outubro de 2012, em relação aos recursos financeiros que

79

foram repassados pelo Fundo Nacional de Saúde para o respectivo fundo de saúde e

executados parcial ou totalmente em objeto diverso ao originalmente pactuado.

Art. 43. O monitoramento de que trata esta Portaria não dispensa o ente federativo

beneficiário de comprovação da aplicação dos recursos financeiros percebidos por meio

do Relatório Anual de Gestão (RAG).

Art. 44. Eventual complementação dos recursos financeiros repassados pelo Ministério da

Saúde para o custeio das ações do SAD é de responsabilidade conjunta dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, em conformidade com a pactuação estabelecida na

respectiva CIB e, se houver, CIR.

Art. 45. Os recursos financeiros para o custeio das atividades previstas nesta Portaria são

oriundos do orçamento do Ministério da Saúde, devendo onerar o Programa de Trabalho

10.301.2015.20AD.0003 - Piso de Atenção Básica Variável - Saúde da Família - Melhor

em Casa.

CAPÍTULO V

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 46. As definições dessa Portaria não alteram as normas vigentes relativas às

obrigações dos serviços especializados e/ou centros de referência de atendimento ao

usuário do SUS, previstas em portarias especificas, tais como atenção a usuários

oncológicos e de Terapia Renal Substitutiva (Nefrologia - TRS).

Art. 47. Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 48. Ficam revogadas:

I - a Portaria nº 2.527/GM/MS, de 27 de outubro de 2011, publicada no Diário Oficial da

União, Seção 1, do dia seguinte, p. 44; e

II - a Portaria nº 1.533/GM/MS, de 16 de julho de 2012, publicada no Diário Oficial da

União, Seção 1, do dia seguinte, p. 41.

ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA

80

ANEXO D ESCOPO DA REVISTA

Escopo e política

Política editorial: Veicular produção científica de caráter crítico e reflexivo em torno do campo da saúde pública/coletiva de modo a socializar novas formas de abordar o objeto. Igualmente, veicular produção de técnicos de diversos órgãos, tais como secretarias estaduais e municipais de saúde, que divulgam resultados de seus trabalhos, com contribuições importantes e que não devem ficar restritas a relatórios de circulação interna, contribuindo para o avanço do debate e da troca de ideias sobre temas desafiantes, cujas raízes encontram-se na própria natureza multidisciplinar da área.

São particularmente valorizados artigos que façam interface da saúde com as ciências sociais e humanas.

Áreas de interesse: Desde sua criação, em 1992, Saúde e Sociedade tem publicado trabalhos de diferentes áreas do saber que se relacionam ou tenham como objeto de preocupação a saúde pública/coletiva. Nesse sentido, abarca a produção de diferentes ramos das ciências humanas e sociais e da ciência ambiental, incorporando a produção científica, teórica e aquela mais especificamente relacionada às propostas de intervenção e prática institucional.

Tipos de artigos:

Publica matéria inédita de natureza reflexiva, de pesquisa e atualização do conhecimento, sob a forma de:

a) artigos de pesquisas originais;

b) análise de grandes temas de interesse da área;

c) ensaios de natureza teórica, metodológica ou técnica, que estimulem a polêmica ou o tratamento de temas específicos sob diferentes enfoques;

d) dossiês - textos ensaísticos ou analíticos resultantes de estudos ou pesquisas originais sobre tema indicado pelos editores e a convite deles.

e) relatos de experiências nas áreas de pesquisa, do ensino e da prestação de serviços de saúde;

f) cartas à redação com comentários sobre ideias expressas em matéria já publicada pela revista, tendo em vista fomentar uma reflexão crítica acerca de temas da área;

g) comentários curtos, notícias ou críticas de livros publicados e de interesse para a área, definidos pelo Conselho Editorial;

81

h) entrevistas / depoimentos de personalidades ou especialistas da área visando, quer a reconstrução da história da saúde pública/coletiva, quer a atualização em temas de interesse definidos pelo Conselho Editorial; e

i) anais dos congressos paulistas de saúde pública promovidos pela APSP, bem como de outros eventos científicos pertinentes à linha editorial da Revista.

A Revista veicula contribuições espontâneas que se enquadrem na política editorial da Revista bem como matéria encomendada a especialistas.

São particularmente valorizados artigos que façam interface da saúde com a área de humanas.

Procedimentos de avaliação por pares: O Conselho Editorial (CE) conta com a colaboração de pareceristas que são os co-participantes do processo de julgamento dos manuscritos submetidos. Os pareceristas são indicados ad-hoc, pelo CE, dentre os especialistas de confirmada competência técnica e científica, com a função de colaborar na apreciação dos manuscritos submetidos à publicação. Estes dispõem de autoridade para decidir sobre a conveniência de sua aceitação, podendo apresentar sugestões de modificações aos autores. Cada trabalho é apreciado por no mínimo dois relatores, cujos nomes são mantidos em sigilo, omitindo-se, também, o(s) nome(s) dos autores perante os relatores.

Público: Profissionais do campo da saúde em geral, docentes, pesquisadores e especialistas de saúde pública/coletiva e de áreas afins.

Do ineditismo do material

O conteúdo dos artigos enviados para publicação não pode ter sido publicado anteriormente ou encaminhado simultaneamente a outro periódico. Os artigos publicados na Saúde e Sociedade, para serem publicados em outros locais, ainda que parcialmente, necessitam de aprovação por escrito por parte dos Editores.

Da autoria

As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboração dos artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteúdo. A qualificação como autor deve pressupor: concepção e o delineamento ou a análise e interpretação dos dados; redação do artigo ou a sua revisão crítica; e aprovação da versão a ser publicada.

No final do texto devem ser especificadas as contribuições individuais de cada autor na elaboração do artigo.

Da seleção de artigos e revisão por pareceristas

Na seleção de artigos para publicação, avalia-se o mérito científico do trabalho e sua adequação às normas editoriais adotadas pela revista. Nos trabalhos de

82

investigação envolvendo seres humanos deve ser explicitada a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição onde foi realizada a pesquisa.

Saúde e Sociedade submete todos os originais à apreciação da Comissão Editorial apoiada por consultores ad hoc, que recomendam sua aceitação ou rejeição, podendo apresentar aos autores sugestões de alterações. Cada trabalho será apreciado por, no mínimo, dois relatores, cujos nomes serão mantidos em sigilo, omitindo-se também o(s) nome(s) do(s) autor(es) perante os relatores.

Forma e preparação de manuscritos

Formato

Papel tamanho A4, margens de 2,5 cm, espaço 1,5, letra Times New Roman 12. Número máximo de páginas: 20 (incluindo ilustrações e referências bibliográficas).

Estrutura

Título: Conciso e informativo. Na língua original e em inglês. Incluir como nota de rodapé a fonte de financiamento da pesquisa.

Nome(s) do(s) autor(es): todos devem informar a afiliação institucional (em ordem decrescente, por exemplo: Universidade, Faculdade e Departamento) e e-mail. O autor responsável pela correspondência também deve informar seu endereço completo (rua, cidade, CEP, estado, país).

Resumos: Devem refletir os aspectos fundamentais dos trabalhos, com no mínimo 150 palavras e no máximo 250, incluindo objetivos, procedimentos metodológicos e resultados. Devem preceder o texto e estar na língua do texto e em inglês (abstract).

Palavras-chave: De 3 a 6, na língua do texto e em inglês, apresentados após o resumo.

Gráficos e tabelas: Os gráficos e tabelas devem ser apresentados em seus programas originais (por exemplo, em Excel: arquivo.xls), devidamente identificados, em escala de cinza.

Imagens: As imagens (figuras e fotografias) devem ser fornecidas em alta resolução (300 dpi), em JPG ou TIF, com no mínimo 8 cm de largura.

Citações no texto: Devem ser feitas pelo sobrenome do autor (letra minúscula), ano de publicação e número de página quando a citação for literal, correspondendo às respectivas referências bibliográficas. Quando houver mais de dois autores, deve ser citado o primeiro, seguido de e “col.”. Exemplo: Martins e colaboradores (2014) ou (Martins e col., 2014).

Referências

Será aceito no máximo 40 referências por artigo com exceção dos artigos de revisão bibliográfica. Os autores são responsáveis pela exatidão das referências

83

bibliográficas citadas no texto. As referências deverão seguir as normas da ABNT NBR 6023, serem apresentadas ao final do trabalho e ordenadas alfabeticamente pelo sobrenome do primeiro autor. A seguir alguns exemplos:

Livro

FORTES, P. A. de C.; RIBEIRO, H. (Org.). Saúde global. São Paulo: Manole, 2014.

Capítulo de Livro

GOTLIEB, S. L. D.; LAURENTI, R.; MELLO JORGE, M. H. P. Crianças, adolescentes e jovens do Brasil no fim do século XX. In: WESTPHAL, M. F. Violência e criança. São Paulo: EDUSP, 2002. p. 45-72.

Artigo de Periódico

BASTOS, W. et al. Epidemia de fitness. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 485-496, 2013.

Tese

SANTOS, A. L. D. dos. Histórias de jovens que vivenciaram a maternidade na adolescência menor: uma reflexão sobre as condições de vulnerabilidade. 2006. Tese (Doutorado em Saúde Materno-Infantil)-Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

Documento on-line

WHO GLOBAL MALARIA PROGRAMME. World malaria report: 2010. Geneva: WHO, 2010. Disponível em: <http://www.who.int/malaria/world_malaria_report_2010/worldmalariareport2010.pdf >. Acesso em: 7 mar. 2011.

Legislação ( Lei, Portaria etc.)

- Versão impressa

BRASIL. Lei nº 9887, de 7 de dezembro de 1999. Altera a legislação tributária federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 dez. 1996. Seção 1, p. 13.

- Versão eletrônica

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova a Norma Regulamentadora nº 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 nov. 2005. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/2005/p_20051111_485.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2007.

84

Artigo ou matéria de jornal

CUPANI, G. População sedentária preocupa médicos reunidos em simpósio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 out. 2010. Equilíbrio e Saúde, p. 14.

Trabalho apresentado em evento (congresso, simpósio, seminário etc.)

- Versão impressa

COUTO, M. T.; SOTT, R. P. Ética, diversidade e saúde reprodutiva. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAS EM SAÚDE, 2., 1999, São Paulo. Livro de resumos... São Paulo: Abrasco: Unifesp, 1999, p. 100.

- Versão eletrônica

CARVALHO, C. A. Religião e aids: segredos e silêncios. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PREVENÇÃO EM DST/AIDS, 4., 2001, Cuiabá.Anais... Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001, p. 71-72. Disponível em: <http://www.portalsaudebrasil.com/artigospsb/public007.pdf>. Acesso em: 18 ago.2006.

Envio do material

http://submission.scielo.br/index.php/sausoc/login

85

ANEXO E PARECER Nº 276.654/13

86

87

ANEXO F

AUTORIZAÇÃO DA AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE

88

ANEXO G

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO SERVIÇO DE PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA ATENÇÃO

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DOMICILIAR CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE SECRETARIA MUNICIPAL

DE SAÚDE – LONDRINA

TERMO DE AUTORIZAÇÃO

Eu,........................................................................................................, portador da RG nº ....................................residente e domiciliado à Rua ou Av.......................................................... nº............... Bairro....................................... na qualidade de responsável pelos cuidados referentes ao estado de saúde do paciente, Sr(a)................................................................................................, que até a presente data vem recebendo assistência multidisciplinar dos profissionais de saúde do Serviço de Atenção Domiciliar, venho através deste termo, autorizar as informações de dados cadastrais recorrentes da pesquisa, desvinculados de qualquer identificação do paciente em questão, em eventos e estudos científicos promovidos por este serviço e instituições de ensino superior. E por estarem de acordo, firmam o presente termo de autorização.

Londrina, _____/_____/_____

Nome legível do responsável

(autorizador) Nome legível do profissional

do SAD

Assinatura Assinatura

Testemunhas

Nome

RG

Nome RG

89

ANEXO H

CADASTRO DE PACIENTE

S E RV IÇ O D E

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA AT E N Ç ÃO

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DOM IC I L I AR CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE SECRETARIA MUNICIPAL

DE SAÚDE – LONDRINA

CADASTRO DE PACIENTE EQUIPE: _________________________________________________________________ CATEGORIA ATENDIMENTO ( ) ODP ( ) MEP ( ) HIV-ADESÃO ( ) HIV-MEP ( ) CP ( ) CRÔNICOS EPI ______________ CNS_________________________________ ID SAUDEWEB___________________

I – IDENTIFICAÇÃO Nome do paciente Sexo Idade

Data do encaminhamento: _____/_____/_____ Hora: Data da admissão _____/_____/_____Hora:

Unidade Encaminhadora

RG N.º Órgão emissor _________ Data emissão ____/____/____ DN_____/_____/

Documento tipo: ___________n.º _______________________ Órgão emissor _____________Dt emissão ___/____/___

Escolaridade Certidão: ( ) Nascimento ( ) Casamento

Nome do Cartório

Livro Folha Termo Data do registro

______/_____/

Ocupação Estado Civil Cidade de nascimento –UF

Raça Religião

Endereço N.º Apto.

Bairro Setor Telefone 1) 2)

Nome do pai

Nome da mãe

II – DIAGNÓSTICO (Anotar o diagnóstico por extenso seguido do CID 10 - Código Internacional da Doença considerando a principal causa da

atual internação domiciliar)

1) _________________________________________________________________________________________________________ CID 10: ___________________________

2) ________________________________________________________________________________________________________ CID 10: ___________________________

3) ________________________________________________________________________________________________________ CID 10: ___________________________

III – ESCALA DE KARNOFSKY

ADMISSÃO_________

IV – CUIDADOR

Nome do responsável pelo paciente Sexo Idade

Grau de parentesco:

Profissão

Está trabalhando ( ) Sim ( ) Não

Recebe ajuda para cuidar do paciente: ( ) Não recebe ajuda ( ) Familiares ( ) Amigos/ vizinhos

( ) Outros: _________________________________________________

V – SITUAÇÃO DE MORADIA E SANEAMENTO

Tipo de casa ( ) Alvenaria ( ) Madeira ( ) Alvenaria e madeira ( ) Barraco

N.º de moradores _______________ N.º de cômodos _______________

Energia elétrica ( ) Sim ( ) Não

Água utilizada ( ) Rede pública ( ) Poço ( ) Mina

Banheiro interno ( ) Sim Quantos: ______ ( ) Não

Carro próprio ( ) Sim ( ) Não

VI – SITUAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA

Casa Própria? ( ) Sim ( ) Não

Renda familiar: ( ) <1 SM ( ) 1 a 3 SM ( ) 4 a 6 SM ( ) >6 SM ( ) Nenhuma

3.01.021.0099

90

ANEXO I

MAPA MENSAL DE ATENDIMENTO FISIOTERÁPICO